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A.J. CardiaisAglaure MartinsAndré AnlubAteu Poeta

Charlie SchalkCristhina Rangel

DhenovaDhenovaGladis DebleJoão Neto

Larissa Vaz FadelLena Ferreira

Márcia Poesia de SáMarielle Sant'AnaMarisa SchmidtMarisa SchmidtNillo SergioRogério GermaniTeka RogelTim SoaresV.Rocha

Valdeci AlmeidaValéria BrasilValéria BrasilWasil Sacharuk

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QQQuuueeemmm sssooouuu???

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Direitos reservados aos autores

Textos compilados do grupo de literatura

Balcão de Poemas no Facebook https://www.facebook.com/groups/balcaodepoemas

Layout, revisão e edição:

Wasil Sacharuk para Inspiraturas – Escrita Criativa

www.inspiraturas.com

1ª Edição

Inspiraturasbooks 2015

DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial da

obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a prévia

autorização por escrito dos autores. A violação dos direitos autorais

é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal Brasileiro.

Produzido no Brasil

2015

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A.J. Cardiais

Aglaure Martins

André Anlub

Ateu Poeta

Charlie Schalk

Cristhina Rangel

Dhenova

Gladis Deble

João Neto

Larissa Vaz Fadel

Lena Ferreira

Márcia Poesia de Sá

Marielle Sant'Ana

Marisa Schmidt

Nillo Sergio

Rogério Germani

Teka Rogel

Tim Soares

V.Rocha

Valdeci Almeida

Valéria Brasil

Wasil Sacharuk

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QQQuuueeemmm sssooouuu???

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Gosto muito das coisas plenas, gosto mesmo! acho até que gosto

demais delas sabem? Provavelmente eu deveria ter estudado algo

que lidasse com história, ou com arqueologia, biblioteconomia ou

sei lá o que, quem sabe entender de múmias, arte rupestre enfim,

qualquer coisa que se mantivesse intacta pelo tempo. A pressa de

nosso mundo me faz mal, sinto-me muitas vezes deslocada, como

se sentisse profundamente ter nascido na época errada.

Gosto de coisas antigas, margeadas pelos anos, repletas de

cicatrizes, gosto das roupas de antigamente, das rendas e dos

chapéus, gosto muito de carruagem, de estradas de barro

emolduradas por capins que balançam ao vento que sopra também

com calma, gosto de praia deserta, de músicas que nos elevam e

não que nos sacodem, gosto de suco feito da fruta e não esses

abomináveis saquinhos ou caixas cheios de conservantes, gosto de

fazer o café da manhã em casa, com carinho e tranquilidade e não

de correr e engolir um café numa padaria qualquer, gosto que meus

filhos peçam a benção e adoro abençoá-los, eu realmente sou lenta,

não a letargia dos inúteis pois penso que minha lentidão é criativa,

mas gosto de conversas com tempo para divagações, com

respiração profunda antes de cada resposta, gosto de sentir um

pensamento caindo na mente, se aconchegando a meus princípios e

depois voando de volta aos ouvidos da boca que o gerou. Não

consigo compreender as pessoas que amam viver neste insano

terremoto que é uma cidade cheia de fumaças e buzinas, de gente

agoniada que acabam ficando surdos e mudos a vida real, não gosto

de coisas rasas, sem alma, sem cor.

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Sinto que preciso de mar, de verde e de azul, caso contrario fico

cinza! E ai me pego assim bem agarradinha a uma palavra que

adoro! a palavra tempo! Nossa! quanto significado tem esta

palavra, que profundidade e gigantescas verdades ela carrega.

Acabo de lembrar-me do tempo em que uma empada e um

refrigerante eram meu almoço entre uma aula e outra, e quando

ouvir alguém era só o tempo de uma escadaria para o andar

superior do Brunel onde teríamos aula de fonética. E eu ouvia! não

duvidem disto, mas minhas respostas eram tão objetivas quanto

uma flecha liberada por Robin Wood na floresta de Sherwood. Nem

imagino como minhas amigas e amigos naquela época me pediam

conselhos seja lá para o que fosse. Mas recordo-me que desde

sempre pessoas gostam de me ouvir, não sei exatamente o motivo

mas sempre gostaram, acho que eu gosto de falar de coisas que não

são muito comuns. Me aflige observar alguns de nossos jovens

abarrotados de tantos deveres, de tantas pressas agoniadas que os

levam irremediavelmente a uma sensação de angústia e

insatisfação, falta de tempo, falta de tempo para serem felizes, falta

de tempo de serem apenas jovens, alguns entram na faculdade a

em poucos meses se mostram descontentes, duvidosos do que

querem, dou a isto o nome desta pressa também como se a vida

pudesse ser como um jogo de vídeo game, mata um aqui, ganha

outra vida ali e recomeça, não é assim, ha de se dar tempo para que

o tempo trabalhe e nos faça completos, penso eu...

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E assim vou indo pela vida, tentando arduamente manter um olhar

mais atento a tudo e a todos, as coisas que passam por de baixo das

pontes de nós mesmos e de mim, especificamente. Uso o silêncio a

meu favor e ele me é um grande colaborador. Admiro muito

pessoas que se permitem abrir, que não são conchas travadas pelos

dias mas antes disso que são como barcos a velejarem a vida, que

olham o horizonte, que tem suas âncoras sim, e isso todos nós

temos, mas que também tem suas velas e espaços claros,

iluminados pelo sol.

Bem, esta plenitude de que gosto levo para quase tudo em minha

vida e acredito que é este gosto pelo que foi, é e sempre será que

me faz gostar de escrever, de manchar e lambuzar telas, telas estas

que demoram a secar, que precisam de um tempo para ficarem

prontas, assim como as frutas que precisam amadurecer, que me

faz ser meiga até com quem aparentemente nem mereceria, que

me da um sorriso nos olhos e lábios mesmo quando não me sinto

assim, tão feliz, que me traz tranquilidade, que me ensina a amar

devagarzinho, assim, um pouco mais a cada dia, que me da um

abraço que sempre é apertado e verdadeiro. É esta plenitude que

me faz pensar nos amanhãs, nos próximos livros, nas noites de lua

que nascerão daqui ha uns anos e que me leva assim facilmente

como se em um balanço amarrado numa árvores, para frente e para

trás da minha vida com este olhar de que na verdade, está tudo

certo e exatamente como deveria estar, sem grandes sobressaltos,

sem grandes dramas, e com algo bem morno dentro do peito que a

cada dia fica mais gostoso e calmo de sentir.

Márcia Poesia de Sá

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Paradoxo

Há um preço a pagar por ser quem sou

Paradoxo para sempre reinará

Quem quiser desesperar daqui se vá

Poesia não dará sentido algum

Deixa estar que meu barco naufragou

O nobre capitão lançado ao mar

Velejar só na próxima estação

À deriva um coração jogado

O que será de quem nunca navegou?

Eu não devo oferenda pra ninguém

Nem vintém na vitela ao Boi-Bumbá

Ou prece sem pressa ao deus-dará

Um verso no seio do universo

É inverso à razão do meu cantar

Ateu Poeta

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duelo

um olho vê

o outro veda

um ouvido ouve

o outro é mouco

um lábio beija

morde o outro

um ombro acolhe

o outro sacode

um peito pulsa

o outro insulta

um braço abraça

o outro dá gravata

um mão afaga

a outra apunhala

um pé anda

o outro chuta

nessa luta

ingênita

na qual

meu ser se pegou

o troféu é saber

quem sou

Valdeci Almeida

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Quem sou

Sou água mansa do rio que corre,

sigo tranquila, vou indo e passo...

Mesmo que vias difíceis encontre

as ultrapasso nas pedras, nos vales, no espaço!

Sou galho débil de arvores frondosas,

me envergo, encolho nas rijas tormentas!

Me curvo humilde, me julgam medrosa...

Mas de tal fúria, só eu!...Renasço garbosa!

No firmamento estrelas refulgem!

E entre elas sou a pequenina

Sou a sem brilho que mal apareço...

Mas não careço, eu sou brilhantina!!!

Sou andarilha na vida, sem porte...

Vou caminhando com fé e com norte!

Mesmo que encontre os deuses da morte,

os cumprimento sem medos, sou forte !

V. rocha

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Sou arte

Uma parte de mim cria arte

A outra devora

Não sei o que fui outrora

Mas, doravante sem ela não sou nada

Talvez a vida seja uma piada amarga

Quem sabe?

Daí, preciso de remédio para amargura

De onde brote candura entre as durezas do andar

Algo que me distraia da dor

Até permita esquecê-la

Musa com sabor céu e frenesi

Pelo qual vala a pena sorrir

Um motivo nesse sideral sem sentido

Onde espaço não há

Ateu Poeta

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Poesia crônica

Vamos nos perseguir até que a noite mágica faça desaparecer

nossas sombras. Você já deve imaginar quem eu sou... Em cada

linha eu vou dobrando meu próprio destino para cruzar com o seu.

Escrevendo incessantemente para que a ficção se torne realidade.

Isto faz ser quem eu realmente sou. Não quero fama vã. Não quero

pomposos títulos. Não quero ser eu-lírico. Ou sou Eu em verdade

mais cortante ou não sou nada além de formas estilosamente

mortas. Se você é vento, então voe. Se você é homem, então

penetre o vazio. Se você é pedra, espere ser furado. Se você for uma

das tantas faces da poesia, deixe-me encontrá-lo. Você já deve

imaginar quem eu sou... Por isso, só nos resta perseguir quem

somos até que a noite mágica faça desaparecer nossas sombras.

Marielle Sant'Ana

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Quem sou eu? Sou enredada

Sou na renda do teclado o som imortal de Chopin, cada nota

entrelaçada criando alvoradas.

Sou as rendas das ondas, nos mares agitados, o golpe cortante na

encosta e na trama da rosa sou gameta que a faz fecunda...

Sou a renda protegendo o inocente dando-lhe a noite calma

A renda que enternece as paixões antigas que adormecem n'alma,

uma canção serena que em um momento se desfia e parte...

Sou renda de profana brancura que no altar se enfeita em flores e

jura amores perpétuos, escondendo em véu outras rendas que não

se sabem castas, e derramam desejos, suspiros afrodisíacos e

inenarráveis..

Sou a renda que se parte no cordão umbilical tramando uma nova

vida e dança enredada dos cateteres no último leito

Sou a renda tecida em rede que pesca e mata

Sou a renda na pele da serpente que se despreza enquanto a vida

passa

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Sou no céu; a renda das nuvens causando tempestades

E a renda escassa do trabalhador em um drama covarde sem haver

estrelas...

Sou por certo, ou por sorte, linhas imaginárias que me dão o norte,e

mote sanguinária quando me maquio me pondo outros traços ...e

neles as fronteiras que não ultrapasso seguindo só meus mapas.

Sou a renda da tênue linha entre vida e morte.

Sou a renda tecida da linha que prende corpo e alma e ora me faz

vagabunda, ora me faz ser uma mulher nobre...

Sou na renda do DNA imagem e semelhança de tudo que há no ar

do qual me alimento...

Cristhina Rangel

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Eu sou o rei

Não é preciso voar para chegar ao infinito

Nem saber nadar para ter o mar no peito

A imaginação leva além do conflito

Do Japão à Belém

Surfando na crista do escorpião

No ferrão da onda aonde for

Na flor da miragem

À margem do céu

Sobre o quartel da razão

Não é o grilhão quem te faz preso

Mas a falta de visão

E de repente vou montado no dragão

Para o mundo que criei

Lá eu o sou rei

Ateu Poeta

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De quem nada sabe

Sou como toda essa gente

gado apartado em travessia

procissão de eus enfileirados

e fracos espíritos domados

Minha vida quer ser revelia

e precisa ser mais insurgente

ter os brios na linha de frente

para desbravar outras vias

Sempre os mesmos resultados

de repetidos atos malfadados

a acasalar nossas almas vazias

com tudo o que é existente

Quero tanto ver noutra lente

achar na luta cor e poesia

abrir meu lume encarcerado

e deixar todo medo de lado

E quando acender outro dia

quero despertar diferente

e dar um beijo bem quente

nos lábios gélidos de Sofia.

Wasil Sacharuk

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Fora de Órbita

Perambulando nos sótãos e porões,

nas vielas e vias 'expressas'...

Perambulando em todas as esquinas,

entre chãos e céus,

entre paredes e paredões .

Perambulando nos quintais e jardins

[d'inverno a verão]

Outonando em comunhão co'a primavera.

Perambulando em arranha-céus íntimos,

ínfimos momentos, sentires cadentes,

candentes, cadenciados...

Perambulando em espaços esparsos,

entre ventos e vendavais,

girando em globos lunares,

em órbitas oculares de sois ocultos.

Perambulando entre mundos e mundos,

entre palavras e palavras,

silêncios e silêncios,

em todos os sons, tons e cores.

Perambulando dentro e fora do próprio tempo,

a termo parido entre rimas, verbos e versos,

entre o encantamento e o descontentamento.

Perambulando... Apenas.

Assim sou ...

Aglaure Martins

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Quem sou?

Há dias que eu sou nublada,

como as cidades em brumas

como cinza mescla das plumas

da pomba no beiral pousada

Às vezes sou resplandecente

como as tardes belas de verão

meus braços, um lar envolvente,

tão cheio de calor o meu coração

Há dias que choro rios e mares

na tristeza maior de ver o mundo

qual cão vadio rondando bares

Em dias encantados, de asa aberta,

sou gaivota em mergulho profundo

pescando rimas na rua deserta...

Marisa Schmidt

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Menestrel

E nem o sol poderá derreter as plumas matutinas

Tão pouco as pétalas reluzentes dos meus versos

Sou todo coração de rimas contundentes e precisas

Mas também algoz da poesia que não preza pelo nexo

Sou menestrel das letras que se formam em jazidas

E também xamã regendo indrisos com meu cetro

Enquanto a minha arte despeja-se em cascata

Onde as humanas superam as exatas

Tim Soares

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Gota d'Água

Gota d’água que namora com uma brisa

Flerto com vórtices e volúveis ventanias

Onde as rimas retas ricas não se atrevem

E as palavras mais macias não tem cela

Nasci sorrindo na beirada de um abismo

De onde os verbos lisos arredam dois passos

Alimentei a sede em vão do vinho verde

E na textura à tinta extinta, pinço nuvens

Pressinto longe tempestade, céu vermelho

Apronto os pés que, em ponta, aponta o precipício

Lançando-me num seco, solto e cego salto

Redimo o peso de uma improvável pena

E nos segundos que sucedem essa queda

-mero respingo, evaporando, evaporando -

Em tudo penso e do que penso nada sei

E antes mesmo de tocar o solo, nada sou

Lena Ferreira

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Verde de Limo

Tenho sido titubeio

entre vontade e destino

não sou florbelo

também não sou feio

Hades com flores no meio

ou apenas poeta menino

Sou pedra verde de limo

inerte seguro no freio

desorientado

e com receio

Tenho sido o vacilo

precipício e desatino

poeta preso no estilo

tal cavalo no arreio

hoje acabou o passeio

mas ainda sou peregrino

Procuro o talento divino

acertar sempre em cheio

descomplicado

e sem rodeio.

Wasil Sacharuk

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22

Quem sou eu?

Nao falo

Nem digo

O que penso

Incômoda,

Propensa

Transgrido

O que digo

E penso

Divergentes

Tangentes

Mas adoro

Um laço

Um abraço

Aconchego que chega

E ganha espaço

Calor que emana

da pele

Abriga

meu cansaço

Sobre o que sou

Eu não sei

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23

Mas sinto

Que sou do bem!

Propensa a pensar

meu limite

e meu lugar

Esmiuçando os sentidos

Ouvidos colados

ao umbigo.

Valéria Brasil

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24

Quem sou?

Sou o que restou só,

semente sobre o solo,

regado a relva e orvalho.

Não sei o quanto valho

ou desvalho na permuta

do alho com bugalho.

Sendo alho, valho o olho

da cara, um molho

da alface mais cara.

Mas, sendo um bugalho,

sou bug, vírus, avacalho

namoros virtuais ou reais.

Aí, me torno espantalho.

Charlie Schalk

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25

Quem sou ?

Não sou aquilo que pensas,

nem sou assim desmedida,

tenho os meus dias de sonhos

e às vezes fico perdida ...

Nem tudo que vejo quero,

escolho só os que amo !

De ti eu nada espero...

Ficas aqui...Nem reclamo !

E o que sou, nem eu sei...

Atenta estou no sentir !

Só sei que sempre amei,

é o que dou sem pedir...

E de repente eu estanco!

Quem sabe eu sou o amor ,

pois nos meus olhos há pranto

se vejo em ti tanta dor ?

V. rocha

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26

Biografia

Sou como a árvore que os galhos o vento balança

Sou o riacho que anseia por pedrinhas de criança

Sou o algodão que tece a colcha de retalhos

Sou estação que planta na terra os atalhos

Sou o brilho da estrela que reflete em teus olhos

Sou o ventre maduro que brota esperanças

Sou as folhas secas de passados outonos

Sou o sol que arde nos pés das andanças

Sou como a lua nova e crescente

Sou uma conspiração de esperança latente

Sou a alma que inspira a saudade

Sou o teu beijo que derrama a vontade

Sou a poesia com espinhos de flor de campo

Sou o verso nú que emudece o encanto

Sou o verbo errante do amor de agora

Sou aquela menina que o tempo jogou fora

Sou lentos leves balanços de primavera

Sou a conjugação de palavras eternas

Sou o futuro a espreita de quem ora

Sou teu receio e desejo da mulher de agora

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27

Eu sou tudo o que flui na saudade

Hoje sou mais do que sua metade

Sou dança livre dispersa de mundo

Sou pensamento que ecoa em teu tudo

Sou gaita, flauta, acorde e poder

Sou tua vida pra sempre em você!

Larissa Vaz Fadel

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28

Nada Além

Eu não sou nada

Além de poeira

Nessa cidade leprosa

Entre devaneios e veraneios

Movidos à benzedrina

Além do alforje

Do caçador de totens

Do garimpeiro

De topázio e acácias

De um coração orgânico

Fora do ritmo

Apertado e dolorido

Pelas ranhuras acumuladas

Tim Soares

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29

Quem sou...

Sou passos do grafiteiro

que encontra a sala vazia

olhar que cobre os cantos

possíveis cores, traços vários

inexplicável alquimia

sou lixa que alisa a parede

harmoniza marcas do tempo

que emparelha a massa

vai deixando um desenho

novas rachaduras emolduradas

cicatrizes que dão ao nada

Sou fundo transparente

cobertura insípida

mantenho a essência

das paredes nuas

tortas, marcadas por ais

viventes que ali vão passando

sou tinta preta

baforadas nítidas

faço parte do cotidiano alheio

rostos, cheiros

singrados sem piedade na sala vazia

nas paredes cruas. Sou clareza... melancolia.

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30

Sou o piso falhado

varrido com vassoura tosca

transpiro por entre os riscos

umidade que cobre boa parte

daquela sala roxa

sou piso coberto

com mantas azuis e vermelhas

almofadas coloridas jogadas

esparramadas em V. Sou pureza... nostalgia.

Sou o teto sem forro

calor ou frio que emana

transpassa

sou lâmpadas brancas

céus ensolarados

Fogo fátuo sem batalhas

Sou a lua que mergulha

invade a sala vazia

sou retrato do dia. Sou certeza... poesia!

Dhenova

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31

Sou?

Sou?

Não sei se sou

Quem sou, se estou

Não sei de mim

Do meu verso, do meu universo

Não sei meu nicho, não sei minha espécie

Não sei planeta, não sei satélite

Não sei da tinta, não sei da pena

Não sei do palco e nem da cena

Só sei do tempo e dessa estranha saudade

Que eu sinto de eu não sei o quê.

Tim Soares

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32

Quem sou?

Eu sou o medo de ser eu

quando nem sei quem sou eu.

Me procuro naquilo que quero

e me desespero se não sou eu!

Vi e logo esqueci

o que eu achei ter visto ali.

Porém quando me perguntam

eu digo que não sei e ai!

Não me envolvo e nem quero

viver sabendo que estou correndo

perigo na beira de uma estrada

deserta onde o vento passa correndo.

Que loucura, eu sou o medo

com medo de ser eu quando sou eu.

Eu que estou aqui escrevendo sobre

um alguém que na verdade sou eu!..

Há medo no meu olhar se eu olhar

nos olhos da cobra e correr com medo.

Mas, se eu cortar caminho não encontrarei

a cobra que me espera também com medo!..

Nillo Sergio

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33

No Estado de Poesia

Sou água que o vento embala

sou nascente, sou maré

sou verso de quarto e sala

sou jurada, juíza e ré

Sou da arma o tiro e a bala

sou cabeça, ombro e pé

sou silêncio, o grito e a fala

sou madeira, o ferro e a fé

Sou sereno e sou ventania

sou tristeza e sou alegria

sou homem e sou mulher

- que a realidade recria

e, no estado de poesia,

posso ser o que quiser -

Lena Ferreira

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Sou?

Sou o epitáfio

tu, o mar vermelho!

sou a loucura descabida

enraizada, deglutida !

concebida e gestante

és o racional

o frio e o distante

sou o maremoto

o inquietante

a ríspida folha pontiaguda

que rasga o vento

um instante !

tu, a placidez

a calma, mesmo errante

sou o caleidoscópio

a manta que aquece

a noite...

sou o grito da madrugada

a assinatura do açoite

és o passante invisível

a mão que segura o tempo

o louco que se curou

o improvável

que tateia o nada

até encontrar...

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sou assim, como um sopro

de cansaço...

um toque no inefável

a total insensatez

e enquanto eu lambo

e mordo estrelas...

tu segura os ventos

uma outra vez.

Sou Poesia !

sou poeta...

sou poeta...

sou poeta...

e chorando repito!

sou poeta!

sou poeta

sou...

sou a palavra

que define os meus estreitos

a vagueza de saber olhar

os vagões que enfileirados

sequem ao mundo

das folhas

por favor!

deixe-me continuar sendo

não segure meus voos

não abra a gaiola

e fundamentalmente

não a feche!

eu morro

sem vento

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...

És a razão

eu, a ilusão

árvore em combustão

loucura!

eu teço nuvens

tu segura o dia

eu bordo a chuva

tu te molhas

eu rego o mar

tu só mergulhas

eu como estrelas

tu as olha

eu brinco com o invisível

enquanto ele,

tu te tornas.

Sou poeta...

sou poeta...

sou poeta...

sou?!

Márcia Poesia de Sá

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Brain Damage

quem sou?

a pergunta retine no meu cérebro

e o célebre conselho a mim se abre

com sua proverbial profundidade

"conhece-te a ti mesmo",

rezava o pregador

e o inconsciente aceitando sua cruz

dá início ao meu calvário

instado assim de chofre,

como revolver os fundos desse cofre,

se não há chave à mão,

oráculo nenhum?

existe mesmo esse cofre?

reviro os aposentos

levanto quadros

sherlocko evidências invisíveis

nada

quem sabe eu nem exista

e toda essa coleção de fatos

palavras poemas amigos

não seja mais que uma peça

pregada em uma tela virtual?

em vão, no abandono, apelo ao crucifixo

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quem sou? quem pergunta?

meus castelos de sonetos se desfazem,

haicais aluminam pelo ar,

minha verve, meu estro, tudo que compunha o mundo que eu

criava

- como um deus -

reluta

não sei quem sou

a tarde vai sumindo numa sexta-feira,

debalde perscruto no espelho

um rosto carcomido pelo tempo

Charlie Schalk

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Sou feita de detalhes.

Detalhes dos olhos, boca e sorriso.

Detalhes da vida

Do amor sem aviso

Eu preciso de detalhes

Detalhes do seu dia entrelaçado ao meu

Detalhes das manhãs e do orvalho que se escorreu

Detalhes do sonho que ainda não aconteceu

Detalhes da lua que faz prata no mar

Detalhes da saudade que quase nunca quer contar

Detalhes de um tempo que eu sentia o sussurrar

Eu preciso de detalhes, eu sou feita de detalhes.

Detalhes tantos que preciso encontrar.

Larissa Vaz Fadel

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Cantador de Arrelia

Sou cantador de arrelia,

anarquista do sistema.

Dentro de mim o poema

faz amor com a poesia.

Sou procissão, sou romaria...

Sou uma fé invernada.

Dentro de mim a enxada

capina o chão todo dia.

Sou choro de Ave Maria.

Meu coração é o momento.

Sou o agouro, o lamento

que deságua na poesia.

Dentro da democracia,

mora uma pá de ideias.

Fora vivem as alcateias

morando na mordomia.

Aqui paro a romaria

pois se deixar, varo o mundo.

Eu sou só um vagabundo

que mora na filosofia.

A.J. Cardiais

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Lírica metamorfose

A folha que cai na tarde, despe-me por inteiro

revela minh'alma verde

minha fala de nômade pássaro

pulverizando flores nas entrelinhas que movem

os mares

talvez eu seja a lágrima por detrás da burca

o sol em alarde contando vítimas tristes no deserto

cortejo de pinguins sobre as geleiras que caem em silêncio

quem sabe eu seja mais um menino rejeitado na China

anjo com Aids e sem amigos por perto

ou uma estrela que jamais brilhou na mãe África

decerto eu pertença ao clã dos cactos

quase uma gota de esperança nos copos vazios

uma tela em branco aguardando o brotar dos sonhos

milagre contido numa semente

espécie de peixe invisível regando palavras livres

entre os homens à deriva

nos aquários do tempo imprevisível.

Rogério Germani

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Alguns Eus:

Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa.

Meu Deus está muito mais para hippie do que para administrador

de empresas.

Minha consciência é extremamente leve, mas não há maleficência

que leve.

Meu corpo pode até viver melhor com doutrina e rotina, mas minha

imaginação não.

Sou como rolimã: quanto mais pressão em cima, quanto mais

pressão embaixo... vou desenvolvendo melhor.

André Anlub

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43

Eterna Questão...

Sou uma ostra na janela

e sem que deem por ela

uma pérola talvez exista

Sou a estrela luzindo tardia

que se ofusca na luz dia

embora meu brilho persista

Sou a louca na madrugada

a procurar na calçada

as joias da infância perdida

Sou o erro no jogo de azar

uma lousa sem se apagar

no hiato entre o sim e o não...

Marisa Schmidt

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Quem sou...?

Penso que sou fácil de lidar

como luz e sombra no desenho

ou um verbo bom de rimar.

Escancaro as portas

para renovar o ar...

Penduro coisas no teto

junto livros pelos cantos

tenho mania de amar...

Um bloco e uma caneta

habitam o labirinto da mochila

Minha gata sabe quem sou

e quando vou sair.

O cão acorda quando vou chegar

nosso mundinho é bonito.

Só que as vezes se complica

As coisas saem do trilho,

meu eu lírico quer voar

e essa fome de infinito

faz a alma derramar.

Gladis Deble

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Quem sou eu?

Sobre o meu curriculum

Descrevi-me fleumática,

Patética e distraída.

Resolvi nesta resposta

Dizer mais sobre o que sinto,

E como eu sinto...

Dispo-me de rótulos

Meu sentir é profundo e intenso

Tem picos que penso poder tocar

o aconcágua!

Outros calmos que posso flutuar

E quando vem o abatimento

É uma grande devassidão

Quando escutei a tradução de Imagine

de John Lennon, pensei que alguém houvesse plagiado meus

sonhos.

Sempre imaginei um mundo perfeito

Onde todas as pessoas se gostassem,

Se entendessem e se ajudassem

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Um mundo cheio de beleza e gentilezas,

de respeito e cordialidade.

Onde ninguém tivesse que morrer para ter seu espaço, seu teto, seu

pão.

Que a fonte básica das relações fossem trocas de conhecimentos,

de afeto...

Alegro-me com a felicidade alheia

como se minha fosse

Fico feliz quando sou percebida.

E meus sonhos são assim. Grandes, harmônicos e belos!

Isso que eu sinto.

Fico triste e me deprimo quando não consigo realizar esse sonho,

dentro do meu mundo.

Quando me pego agressiva dirigindo, não dando lugar ao

outro...culpo a pressa.

Quando perco a paciência com a morosidade dos meus queridos e

amados pais idosos, culpo a pressa.

Me deprimo quando me pego decepcionada com a conduta dos

meus pais,

Porque não são mais como pareciam, na minha infância! Impecáveis

e sem defeitos.

Me deprimo com minha falta de paciência com a vida...

E percebo que aquele grande sonho que imaginava e desejava,

está distante, em primeiro lugar dentro de mim!

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Mas apaixono-me por gestos de delicadeza,

demonstrações de afeto me emocionam

E meu coração vive a suspirar com a simplicidade dos corações

puros.

Sinto repulsa por violência.Seja na palavra ou atitude.

Sinto repulsa pelo mal. Em nada me agrada.

E quando num ímpeto de raiva.

Sentimento natural que demonstra uma reação diante de uma ação.

Sinto-me profundamente deprimida se me entregar a ela.

É assim que sou, nao faço tipo.

Nem consigo vestir máscaras.

Essa pessoa, sou eu.

Valéria Brasil

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O Autoclisma da Retrete

A escrita que de mim lês

trata de coisas inexistentes

se é que me entendes...

revelo nuanças holográficas

empreendo reações anormais

escapulidas multidimensionais

entre saídas acrobáticas

Sou broto de vida na internete

que nunca floresce e não rende

meus emblemas são lanças fálicas

acertam alvos desiguais

em poemas gritam versos abissais

escarros acesos sem temática

ao tocar o autoclisma da retrete

dos meus versos só resta o aceno

é tão bruto ter verve carente

minhas estrofes são cenas trágicas

milhões de ideias e os mesmos finais

de enredos utópicos virtuais

onde línguas declamam peças mágicas.

Wasil Sacharuk

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Quem sou

Meus passos são côvados

De uma estrada

Perdida...

Meus braços são laços

Atados

Em nós

Cegos de solidão,

Ramos de rosas

Decepadas...

Minhas mãos

São pássaros

De asas

Quebradas...

Meus olhos

Cemitérios de estrelas...

Tecelões de uma chuva

Incontível...

Meus lábios

Cova de versos infecundos,

Voragem cardíaca...

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Boca,

Braços,

Mãos,

Pés...

Estátua

De areia desabando

Num abandono desolador...

Nada sou sem amor.

Valdeci Almeida

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Filho de Odin

No meio da noite

sou a flecha acesa no cortejo viking

o vento luminoso que entrega o corpo do guerreiro

ao canto das Valquírias

meu brasão é gelo e fogo aos olhos do inimigo

sou o efeito da lira nas tempestades

o pelo animal retirado no grito do bumbass

a invocação dos raios nos portões de Asgard

o peso de meu punho é minha assinatura:

machado que decepa o barqueiro

e toma de volta o ouro que cintila vivo na aurora boreal.

Rogério Germani

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O Que Sou

Não me perguntem o que sou,

porque não sei se sou,

ou se procuro parecer.

Eu digo que sou...

Mas como você me vê?

Eu tenho que ser

para mim ou pra você?

O que importa

nesta ideia torta

é o prazer...

O prazer é uma porta

de dar e receber.

O resto, deixa acontecer.

Mas na verdade eu sou isto:

sou a loucura,

tentando plantar a cultura

do imprevisto.

A.J. Cardiais

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Quem me dera saber realmente quem sou. De que fina filigrana sou

tecida, cuja textura já se rasgou tantas vezes durante uma vida, cujo

sorriso já se escondeu e retornou mais vezes que os rodopios da lua

em nosso estático planeta que finge girar. Quem sou eu na

mansidão da parte interna da minha pele, onde os rios são quentes

e borbulham segredos abissais, confessam redemoinhos e jogam-se

em tantas cascatas invisíveis. Arrebentando-se quase como o mar

em rochedos pontiagudos. Adoraria saber de que planeta vim, o

que arrastei como bagagem de lá, afora as velas e os lampiões de

gaz que distribuo pelos caminhos incertos. Quem sou eu, d'onde

vim, que sinais demonstro quando a ira me faz refém e esbravejo

baixinho palavras que saem sangrando no papel.

Não sei! jamais poderei saber, talvez apenas quando tudo apagar,

quando os festejos no centro do peito fecharem suas portas

definitivamente, quem sabe exista um barqueiro em meio a

escuridão que saiba então o meu real destino. Quem sou eu quando

me rasgam? apenas rio...

quem sou eu quando me amam? um maremoto,

quem sou eu quando respiro, sou só ar,

quem sou eu quando acordo? um sonhador.

Quem sou quando durmo?

Um viajante...

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na verdade sou tudo e tantos que minhas transparências se

mesclam, dissolvem-se em aquarelas e jamais soube o que a obra

tenta desesperadamente decifrar. Elas apenas se acumulam pelos

caminhos, deixando-se assim, serem colecionadas em prateleiras

gordas de fumaça e fuligem. E o tempo, este louco tempo que

apenas anda para trás !

Márcia Poesia de Sá

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Sou feita de instantes

Instantes de pensamentos, instantes de saudade, instantes de

histórias , memórias e canção .

Da areia sou apenas o grão .

Na ampulheta do tempo , sou o passado de estrelas. Poeira... Que

nas mãos de Deus me faz gigante!

Larissa Vaz Fadel

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quem sou?

Eu sou o cara da luz

Do sistema o operador

Trapezista de postes quebrados

Palhaço que sonha o amor

Ela é a menina da água

Da fonte e do azul da piscina

Sereia do sonho sem mágoa

A água que banha a menina

Somos totais diferenças

Dos janeiros à intensidade

Sou breve facho de lua

Ela é a luz da cidade!

João Neto

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Quem sou?

Não tenho certeza de nada

Pois o que me era ontem

como um porto seguro,

hoje oscila como batel

na imensidão das águas.

Minh'alma está ébria de ócio

e minhas crenças vacilam.

Não posso compara-me a nada

pois que ao fazê-lo me descaracterizo

e passo a ver-me como o nada

a que me comparo.

Fragmento meus sentimentos.

O que não vejo como um todo

não sinto como um todo.

Quão divergentes, diversificadas

são as angústias de minh'alma.

diariamente vem ter comigo

as conveniências humanas,

minhas próprias conveniências.

Assustam-me, assusto-me.

Quão difícil é viver porque vivo

das incertezas humanas,

das minhas próprias incertezas.

Teka Rogel

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Quem sou?

Um sem face nesse face,

Que se fez um rimador,

Criador das ilusões,

um desmistificador.

Esfinge que decifrada,

Não se lança pelo mar,

Lanço mais um desafio

A quem quer me decifrar.

Sem falsa mansão na praia,

Carro do ano pra mostrar,

Tenho só a minha rima,

Que apesar da autoestima,

Segue só nesse caminho,

Sou o livro no escaninho,

Que ninguém vai publicar.

Charlie Schalk

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Prisma

Dependendo do ângulo,

sou a virgem refletida na vidraça

aos olhos dos cegos,

a fumaça que traz risos e luzes

para os neurônios famintos por horizontes

amplos

sou a peste que iguala a sorte dos filhos

consoante que falta no exercício das palavras-cruzadas

maná oferecido na espada dos anjos

abismo imperceptível entre irmãos de sangue

conforme gira o prisma, sou lua

sou dia

chuva que brota da terra

cor nua de preconceitos pintando letras

na vida

sou coração em brasas,

dragão que expele relâmpagos nas nuvens.

Rogério Germani

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Queremos o fim da página em branco. No projeto Inspiraturas, exploramos estímulos muito diversificados que têm no grupo a base fundamental. Daí, podemos treinar e desenvolver uma escrita mais sensível, espontânea e livre. Uma forma lúdica de derramar as palavras ainda não escritas.

O Projeto INSPIRATURAS - OFICINAS DE CRIAÇÃO LITERÁRIA oferece a oportunidade, ao público em geral, de desenvolver a prática da produção de textos literários e de conhecer os aspectos técnicos que compõem o estilo, o tipo e garantem a eficácia do texto. As oficinas Inspiraturas são fundamentadas na premissa de que escrever se aprende no exercício da leitura e da escrita.

INSPIRATURAS é voltada para desafiar o desenvolvimento humano através das ferramentas da comunicação textual e literária, ou seja, como meios do desenvolvimento dos hábitos de ler, escrever, falar e ouvir o mundo na forma de arte e, sobretudo, o despertar de um senso crítico capaz de promover transformações mais efetivas no ser e no seu ambiente.

INSPIRATURAS foi planejada com foco naquela pequena parcela que reconhece a literatura como um caminho para a busca do sentido da existência, e que não encontra espaço social disponível e em sintonia com essa busca.

www.inspiraturas.com