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QUAIS TÉCNICAS DE GESTÃO AS EMPRESAS NA REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS, ESTADO DO PARANÁ, UTILIZAM PARA MELHORAR SUA PRODUTIVIDADE? Jackson Luis Oshiro (UTFPR ) [email protected] Sergio Ditkun (UTFPR ) [email protected] Joao Luiz Kovaleski (UTFPR ) [email protected] Manter uma empresa produtiva requer muito mais do que competência técnica do seu quadro de colaboradores, necessita principalmente utilizar das técnicas de gestão industrial adequadas aos objetivos organizacionais. O presente artigo objetivvou conhecer a percepção dos alunos do curso de Administração de uma Faculdade do interior do Paraná, região dos Campos Gerais, matriculados nos primeiros, segundos, terceiros e quartos anos, por meio de suas manifestações que demonstrassem a realidade das organizações em que trabalham ou estagiam. O objetivo principal da pesquisa foi identificar a utilização ou não de técnicas de gestão como ferramenta para melhorar a produtividade, consequentemente competitividade organizacional. Através dessas informações e análise foi possível fazer um comparativo com as técnicas de gestão utilizadas por empresas do Estado do Paraná relatadas nas pesquisas de Sondagem Industrial realizadas anualmente pela FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná). A trajetória metodológica desta pesquisa caracteriza-se como exploratória descritiva realizada por meio de um estudo multicasos, com abordagem qualitativa dos dados. Os resultados da pesquisa indicaram que o cenário empresarial da região dos Campos Gerais, demonstra que as empresas analisadas na sua grande maioria não utilizam técnicas de gestão, porém ao considerar uma análise por setor, foi possível identificar que no setor industrial o ERP (Planejamento das Necessidades da Empresa) é a principal técnica utilizada, o nos demais setores a falta de uma técnica de gestão prevalece. Não é intenção dos autores esgotar o tema, mas acrescentar elementos que possibilitem novas reflexões sobre o assunto. Palavras-chave: técnicas de gestão industrial, transferência de tecnologia, sondagem industrial. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

QUAIS TÉCNICAS DE GESTÃO AS EMPRESAS NA REGIÃO … · Para buscar a competitividade é necessário que a empresa aprimore seus processos produtivos, otimizando o lucro (com a redução

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QUAIS TÉCNICAS DE GESTÃO AS

EMPRESAS NA REGIÃO DOS CAMPOS

GERAIS, ESTADO DO PARANÁ,

UTILIZAM PARA MELHORAR SUA

PRODUTIVIDADE?

Jackson Luis Oshiro (UTFPR )

[email protected]

Sergio Ditkun (UTFPR )

[email protected]

Joao Luiz Kovaleski (UTFPR )

[email protected]

Manter uma empresa produtiva requer muito mais do que competência

técnica do seu quadro de colaboradores, necessita principalmente

utilizar das técnicas de gestão industrial adequadas aos objetivos

organizacionais. O presente artigo objetivvou conhecer a percepção

dos alunos do curso de Administração de uma Faculdade do interior

do Paraná, região dos Campos Gerais, matriculados nos primeiros,

segundos, terceiros e quartos anos, por meio de suas manifestações

que demonstrassem a realidade das organizações em que trabalham ou

estagiam. O objetivo principal da pesquisa foi identificar a utilização

ou não de técnicas de gestão como ferramenta para melhorar a

produtividade, consequentemente competitividade organizacional.

Através dessas informações e análise foi possível fazer um comparativo

com as técnicas de gestão utilizadas por empresas do Estado do

Paraná relatadas nas pesquisas de Sondagem Industrial realizadas

anualmente pela FIEP (Federação das Indústrias do Estado do

Paraná). A trajetória metodológica desta pesquisa caracteriza-se como

exploratória descritiva realizada por meio de um estudo multicasos,

com abordagem qualitativa dos dados. Os resultados da pesquisa

indicaram que o cenário empresarial da região dos Campos Gerais,

demonstra que as empresas analisadas na sua grande maioria não

utilizam técnicas de gestão, porém ao considerar uma análise por

setor, foi possível identificar que no setor industrial o ERP

(Planejamento das Necessidades da Empresa) é a principal técnica

utilizada, o nos demais setores a falta de uma técnica de gestão

prevalece. Não é intenção dos autores esgotar o tema, mas acrescentar

elementos que possibilitem novas reflexões sobre o assunto.

Palavras-chave: técnicas de gestão industrial, transferência de

tecnologia, sondagem industrial.

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1. Introdução

Em tempos de crise econômica, marcada por aumento do desemprego e queda do PIB é de

suma importância fazer a análise de como os recursos são aproveitados a fim de melhorar a

produtividade como um todo. A análise constante e busca contínua da melhoria dos processos

produtivos é essencial para o crescimento da economia.

A utilização de técnicas de gestão industrial tem ganhado destaque naquelas empresas que

compreendem que sua utilização promove um ambiente de trabalho mais produtivo e eficaz

no uso de recursos, redução de desperdícios e no processo de melhoria contínua.

Linsingen (2007), cita que a importância da transferência de tecnologia e das ferramentas e

técnicas de gestão industrial estão nos resultados devidos a rede de relacionamento entre

pessoas e os aspectos organizacionais, técnicos, sociais e culturais, o que faz com que os

objetos se materializem e adquiram relevância e valor.

Uma abordagem de muita importância que vem ocorrendo desde o ano de 1995 no Estado do

Paraná são as pesquisas de Sondagem Industrial executadas anualmente pelo sistema FIEP

(Federação das Indústrias do Estado do Paraná), que conta com vários fatores que podem

servir como indicadores de aumento de produtividade dentro das empresas pesquisadas. Neste

contexto, quais seriam as principais técnicas de gestão industrial que as organizações da

região dos Campos Gerais (Paraná) utilizam para melhorar sua produtividade?

Neste artigo será apresentada a percepção de alunos do curso de Administração, enquanto

colaboradores nas diferentes organizações as quais trabalham. As informações foram colhidas

por meio de uma pesquisa cujo objetivo foi identificar se nas empresas nas quais estão

inseridos são utilizadas técnicas de gestão industrial como instrumento para melhorar a

produtividade no ambiente de trabalho. E ainda, o resultado desta pesquisa servirá como

contribuição às futuras pesquisas que venham a ser realizadas nas empresas da região dos

Campos Gerais no Estado do Paraná

2. Referencial teórico

2.1. Produtividade como fator de competitividade organizacional

Segundo Mendes (2009, p.159), o Brasil passou e continua passando por cinco processos que

incentivaram mudanças positivas na economia brasileira: a globalização, a abertura

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econômica, a estabilização de preços, a privatização e a crescente conscientização dos

consumidores brasileiros.

O Brasil sempre foi um país competitivo em âmbito mundial, devido ao fato de ser um país

emergente que visa crescer em números grandes a cada ano. Porém, em 2015, ele caiu 18

posições no ranking das economias mais competitivas do mundo, caindo para a 75ª colocação,

segundo o Relatório Global de Competitividade, realizada pelo Fórum Econômico Mundial

2015-2016.

Como um dos principais fatores de competitividade tem-se a produtividade do trabalho. Com

base nisso, é fundamental que seja feita a análise da produtividade para identificar o motivo

da queda de competitividade do Brasil em relação aos outros países, diante da atual crise

econômica nacional.

Para buscar a competitividade é necessário que a empresa aprimore seus processos

produtivos, otimizando o lucro (com a redução dos custos do processo) e criando uma

diferenciação na qualidade de seu produto e/ou serviço que o destaca no mercado.

Mendes (2009) visando explicar a importância de buscar constantemente a diferenciação no

mercado para alcançar a melhoria tanto da indústria em questão, quanto da economia como

um todo, elaborou o seguinte esquema:

Figura 1 - Ciclo vicioso da competitividade

Fonte:

Mendes (2009, P.160)

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Ao citar a produtividade restrita ao processo de produção, é correto alinhar sua referência com

a capacidade da empresa em gerar “produto” no processo produtivo. Vale lembrar que o

conceito de produtividade se refere também à relação entre output e input de uma atividade

econômica. Portanto, esse conceito vai além de aspectos restritos ao processo de produção,

haja vista que as etapas do processo produtivo (a compra de bens e serviços intermediários e a

venda dos bens e serviços que a empresa produz) criam a geração de valor. (MACEDO,

2012).

Analisando a produtividade no âmbito nacional, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada), lançou um livro em 2014 que tenta responder as principais questões atuais para

sanar os problemas de baixa produtividade.

Neste livro, no capitulo “O desafio da produtividade na visão das empresas”, a baixa

qualificação da mão-de-obra, a baixa escala de produção e o mau desempenho de

fornecedores são tidos como os principais fatores que prejudicaram as empresas

entrevistadas...”

A produtividade brasileira pode ser diretamente relacionada com o Produto Interno Bruto

(PIB) e sua distribuição de acordo com a população nacional (PIB per capita). A tabela

abaixo, adaptada das Contas Nacionais e do IBGE traz a evolução de ambos os fatores desde a

década de 1970.

Tabela 1 - Taxa de crescimento médio do PIB brasileiro

Taxa de Crescimento Médio

Década PIB PIB per capita

1970 8,6% 6,0%

1980 1,4% -0,7%

1990 2,8% 1,2%

2000

2010

2011

2012

2013

2014

2015

3,3%

7,6%

3,9%

1,9%

3,0%

0,1%

-3,8%

2,1%

6,5%

2,9%

0,8%

1,8%

-0,7%

-2,3%

Fonte: CPS-FGV (2015)

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos em um determinado período (mês,

semestre, ano) numa determinada região (cidade, estado, país, continente). Ele é influenciado

diretamente pelo consumo da sociedade. A constante crescente dos valores do PIB de uma

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determinada região reflete o aumento de empregos, a melhoria da infraestrutura e uma

consequente onda de investimentos que geram crescimento e desenvolvimento (MONTANI et

al.,2015, p. 2 apud VASCONCELLOS, 2000)

2.2. Transferência de tecnologia como fator chave para aumento de produtividade

A transferência de tecnologia, segundo Closs et al. (2012) representa fonte de recursos para a

pesquisa acadêmica, inovação para as empresas e desenvolvimento econômico para os

governos, fato este que a torna importante estratégia em muitos países. Negri (2006) reforça

essa afirmação ao citar que nos países em desenvolvimento, é possível observar um hiato

tecnológico em relação aos países desenvolvidos que estão na fronteira tecnológica. Desta

forma, as transferências de tecnologia seriam um mecanismo para redução deste hiato

tecnológico, mediante a aquisição e acumulação de capacitação tecnológica.

2.3. Sondagem Industrial realizada pela Confederação Nacional das Indústrias

A Sondagem Industrial Nacional é feita pelo Conselho Nacional da Indústria a cada três

meses e analisa fatores como evolução da produção, intenção do investimento e expectativas

dos empresários.

Segundo a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a Sondagem Industrial

foi iniciada no segundo trimestre de 1998, e é uma pesquisa qualitativa realizada

trimestralmente pela CNI e pelas Federações das Indústrias de 19 estados do Brasil (AC, AL,

AM, BA, CE, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP).

Ela tem como objetivo principal coletar informações sobre a evolução da indústria nacional a

partir do sentimento de empresários industriais. Essas pesquisas são reflexo do avanço no

processo da globalização, devido à necessidade de identificar os determinantes da

competitividade das empresas. Inclusive a Confederação Nacional da Indústria (CNI)

apresenta um relatório de Competitividade no Brasil, onde cita que “...a prioridade da agenda

da CNI é a elevação da competitividade da indústria, e consequentemente, da economia

brasileira. É esse foco que motiva a elaboração do relatório Competitividade Brasil:

comparação com países selecionados, publicado pela primeira vez em 2010”. (CNI, 2012). A

importância da competitividade sempre foi algo levada em consideração, por ser responsável

pela evolução das indústrias. Conforme Ribeiro (2011), a competitividade leva as empresas

cada vez mais a se estruturarem e investir em planejamentos estratégicos visando garantir sua

sobrevivência no mercado.

2.4. Sondagem Industrial realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná

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A Sondagem Industrial realizada pela FIEP em 2015/2016 foi realizada mediante a seleção

aleatória de 2.000 empresas cadastradas na FIEP, onde entrevistaram cerca de 371 indústrias

paranaenses englobando áreas de interesse como Assuntos Internacionais; Produtividade;

Competitividade; Estratégias de maior importância, de Venda e de Compra; Qualidade;

Infraestrutura e Meio Ambiente (FIEP, 2015).

Anualmente, a FIEP organiza e publica os resultados da Sondagem Industrial. A pesquisa

busca identificar a percepção do empresariado paranaense em relação a vários temas ligados à

indústria e que serve como um termômetro do desempenho futuro do parque fabril do Estado.

Entre os temas abordados, estão Assuntos Internacionais, Produtividade, Competitividade,

Estratégias de Venda e de Compra, Qualidade, Infraestrutura e Meio Ambiente (FIEP, 2015).

Desde 1995 a FIEP publica a Sondagem Industrial.

A pesquisa em questão identificou as técnicas de gestão utilizadas pelas empresas paranaenses

selecionadas. Sendo que as cinco mais citadas foram o ERP (Planejamento das Necessidades

da Empresa) com 29,87%, Programas de Qualidade Total com 24,50%, o Just-in-Time com

18,12%, o Kanban com 17,11% e o MRP (Programação das Necessidades de Materiais) com

15,77%.

É importante, para melhor compreensão explicar as cinco técnicas mais citadas. Portanto, o

ERP, segundo Chopra e Meindl (2003), possibilita decisões inteligentes mediante o

rastreamento e visibilidade global da cadeia de suprimento de uma empresa, envolvendo

qualquer parte dela. Chiavenato (2011) cita que o Programa de Qualidade Total ou

gerenciamento da qualidade total (Total Quality Management – TQM) foca sobretudo nas

pessoas, não somente nos gerentes e dirigentes, pois são os funcionários tem a obrigação de

alcançar a qualidade sobre o que produzem.

Para Ludwig et al (2010) Just-in-Time tem como uma das suas principais características a

solicitação dos componentes realizada conforme a necessidade. E os mesmos são entregues

diretamente na linha de produção, ocorrendo uma otimização nos processos produtivos,

garantindo qualidade e sobretudo redução de desperdício. Oliveira (2005) afirma que o

sistema Kanban, buscando melhorar o nivelamento e controle da produção e minimizar os

estoques intermediários e finais, coloca em prática conceitos inovadores do Sistema Toyota de

Produção, onde utiliza a técnica de controle visual para o balanceamento da produção. E o

sistema MRP busca a diminuição do ciclo de produção, diminuição dos custos de estoques e

aumento do nível de serviço ao cliente, e tem como principal objetivo o cumprimento de

prazos e a redução de estoques. Filho et al (2006).

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Na sequência é possível visualizar o resultado da pesquisa através de um gráfico elaborado

pela FIEP:

Figura 2 – Gráfico solução de gestão utilizadas nas empresas do Paraná

Fonte: XX Sondagem Industrial: A visão dos líderes industriais paranaenses

3. Metodologia

A pesquisa é definida como exploratória. Marconi e Lakatos (2007), afirma que este tipo de

pesquisa ocorre a partir de um problema ou questionamento, familiariza o pesquisador com

um ambiente, fato ou fenômeno. Também considerada descritiva. De acordo com Gil (1999),

a pesquisa descritiva objetiva descrever características de determinada população e as relações

entre as variáveis. Este estudo caracterizou-se também pelo estudo de múltiplos casos, uma

vez que o questionário foi aplicado a um grupo de vários estudantes que atuavam em

diferentes organizações na região dos Campos Gerais. Eisenhardt (1989) diz que nesse tipo de

pesquisa não há previsão de tamanho de amostra, a qual indica significância estatística, posto

que se deseja analisar as percepções de vários grupos.

Quanto ao meio de coleta de dados, optou-se por adotar um questionário com perguntas

fechadas. O questionário foi aplicado em sala de aula para os alunos do curso de

Administração e Contábeis dos primeiros, segundos, terceiros e quartos anos de uma

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Instituição de Ensino Superior na cidade de Ponta Grossa no Paraná. Estudam nesta

instituição alunos das cidades de Carambeí, Castro, Ipiranga, Ponta Grossa, Palmeira, Reserva

e Teixeira Soares.

A classificação conduziu ao quantitativo de cada segmento. De um total de 169 questionários

aplicados em salas de aula no período de 01/04/2016 e 29/04/2016, responderam 61 da área

comercial, 39 da indústria, 53 do setor de serviços, 04 do setor rural, 09 do setor público, 01

do setor ONG e 02 da área filantrópica. A amostra aconteceu por acessibilidade aos alunos,

bem como por aqueles que atuavam em empresas.

3.1. Limitação da pesquisa

Esta pesquisa em momento algum poderá ser afirmado, independente das respostas em

relação ao que se está buscando, que retrata a realidade das organizações da região

pesquisada. Para obter maior precisão de respostas se faz necessário direcionar a pesquisa

para as organizações de interesse e utilizar os métodos adequados. O objetivo era conhecer a

realidade sob a percepção por parte dos alunos/colaboradores que atuavam nas organizações

da região. As respostas aqui apresentadas mostram apenas um panorama geral das empresas

da região. Foram analisados apenas os itens considerados importantes para tentar responder ao

objetivo da pesquisa.

4. Resultados

4.1. Sondagem Industrial Paranaense

Analisando dados da sondagem industrial do Paraná, realizada pelo FIEP em 2015/2016,

percebeu-se que, na questão de qual seria a causa de aumento da produtividade nas empresas

pesquisadas, o melhor gerenciamento de pessoal e a modernização tecnológica foram os

fatores mais importantes segundo os empreendedores.

Figura 3 – Gráfico motivos do aumento de produtividade registrado nas empresas

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Fonte: XX Sondagem Industrial: A visão dos líderes industriais paranaenses

No gráfico da figura 3 foi possível identificar também o quanto o investimento em técnicas de

gestão na figura 2 influenciaram no melhor gerenciamento de pessoal e na modernização

tecnológica. Uma análise única e inovadora feita pelo FIEP, que poderia ser adotada por

outras federações, é a análise das soluções de gestão utilizadas nas empresas, nas quais se

destacaram nos últimos anos os programas de ERP, Programas de Qualidade Total, o Just-in-

Time, o Kanban e o MRP.

4.2. Análise dos resultados da pesquisa

Com base na análise realizada pela FIEP, e com os dados levantados, foi possível evidenciar

as técnicas utilizadas pelas empresas localizadas na região dos Campos Gerais, sendo que o

ERP ficou com 11,41%, Programas de Qualidade Total com 8,94%, o CEP (Controle

Estatístico de Processo) com 7,22%, MIS (Sistema de Informações Gerenciais) com 6,65% e

o DSS (Sistema de Apoio a Decisão) também com 6,65%. E com a utilização de nenhuma das

técnicas de gestão ficou um total de 10,84%, ocupando o segundo lugar na pesquisa.

Figura 4 – Gráfico solução de gestão utilizadas nas empresas dos Campos Gerais

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Após o levantamento de dados mediante o gráfico constante na figura 4, se fez necessário

abrir os dados por setor.

Figura 5 – Gráfico solução de gestão utilizadas nos comércios dos Campos Gerais

Mediante o gráfico da figura 5 foi possível identificar que 16,20% dos comércios não

possuem técnica alguma de gestão. E um total de 11,97% possuem o ERP.

Figura 6 – Gráfico solução de gestão utilizadas nas indústrias dos Campos Gerais

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O gráfico da figura 6 demonstrou que os Programas de Qualidade Total estão presentes em

10,70%, seguindo do ERP com 9,77%, o MRP e o Just-in-Time com 7,91% cada.

Figura 7 – Gráfico solução de gestão utilizadas nos serviços dos Campos Gerais

O gráfico da figura 7 demonstrou que 14,50% das empresas de serviço não utilizam técnicas

de gestão, 12,98% utilizam o ERP, 9,92% utilizam o DSS (Sistema de Apoio Decisão), 9,16%

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utilizam Programas de Qualidade Total e 8,40% utilizam o CEP (Controle Estatístico de

Processo).

Figura 8 – Gráfico solução de gestão utilizadas nos órgãos públicos dos Campos Gerais

Observando o gráfico 8 é identificado que nos órgãos públicos 17,39% não utilizam técnicas

de gestão, e 13,04% utilizam o MRP, o MIS (Sistema de Informações Gerenciais) e o DSS

(Sistema de Apoio Gerencial).

Figura 9 – Gráfico solução de gestão utilizadas nos demais setores dos Campos Gerais

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No gráfico da figura 9, foi possível identificar que 20% das empresas envolvendo setores de

Agronegócio, Filantropia e ONGs não utilizam técnicas de gestão, e quando utilizam trata-se

do MRP e o ERP, ambos também em 20% das empresas.

5. Considerações Finais

O presente estudo pôde identificar que em relação a técnica de gestão mais utilizada pelas

empresas da região dos Campos Gerais é a ERP. O que demonstra o alinhamento com a

sondagem realizada pela FIEP. Porém o que surpreendeu foi o total de 10,84% que não

utilizam nenhuma técnica de gestão, o que representa 57 empresas. Mediante um

aprofundamento foi constatado que do total das empresas apenas 23% são indústrias, o que

criou a necessidade de efetuar o levantamento das empresas por setor, com esta distribuição

ficou claro que as técnicas de gestão são mais utilizadas em indústrias, sendo que os demais

setores não dão prioridade para a utilização de tais técnicas. O que poderia ocasionar numa

lentidão no crescimento dos demais setores se tomar como referência o comparativo feito pela

FIEP que identifica a correlação entre a utilização das técnicas de gestão e o melhor

gerenciamento de pessoal e na modernização tecnológica.

Portanto foi possível, mediante ao levantamento realizado, demonstrar que as empresas

industriais nos Campos Gerais realmente utilizam na sua maioria as técnicas de gestão, em

especial o ERP, o que não ocorre com os demais setores, onde a maioria não utiliza técnica

alguma de gestão.

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