Qualidade

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Histria da gesto da Qualidade O arteso era um especialista que tinha o domnio completo de todo o ciclo de produo, desde a concepo do produto at o ps-venda. O cliente estava prximo do arteso, explicando suas necessidades, as quais o arteso procurava atender. Neste sentido, o arteso tinha em sua abordagem de qualidade alguns elementos bastante modernos. Por outro lado, conceitos importantes para a rea de qualidade moderna, como o de confiabilidade, conformidade, metrologia, tolerncia e especificao, inda eram embrionrios. Alm disso, o foco do controle da qualidade era o produto, no o processo, feito via inspeo de todos os produtos pelo arteso (final do sculo XIX). Veio ento a Revoluo Industrial, em que a customizao foi substituda pela padronizao e a produo em larga escala. Nesta poca surgiu a funo do inspetor, responsvel pela qualidade dos produtos. Embora nesta poca o foco do controle da qualidade ainda fosse a inspeo, j se encontravam elementos importantes do que viria a ser o conceito da qualidade que priorizava uma abordagem voltada produo e conformidade. A Ford teve um papel importante nesta evoluo (1908-1927 somente fabricao do Ford T). Para fabricar grande nmero de veculos a For adotou a linha de montagem. Um problema era encaixar as peas na linha de montagem, sem que os conceitos de especificao, tolerncia e conformidade estivessem desenvolvidos. Dar exemplo do susto dimensional. Para viabilizar a linha de montagem, a Ford investiu muito na intercambialidade das peas e na facilidade de ajustes, adotando um sistema de padronizado de medida para todas as peas. Esse modelo de linha de montagem foi expandido para outros setores de indstria. Contudo, neste perodo, deixaram de ser priorizados alguns aspectos importantes da gesto da Qualidade moderna, como o conhecimento das necessidades do cliente e a participao do trabalhador, que eram bastante enfatizadas no perodo artesanal. Em 1924, o conceito de controle da qualidade deu um grande salto, quando Walter A. Shewhart criou os grficos de controle, ao fundir conceitos de estatstica realidade produtiva da empresa de telefonia Bell Telephone Laboratories. Shewhart tambm props o ciclo PDCA, que direcionava as atividades de anlise e soluo de problemas. Na dcada de 1930 surgiram as tcnicas de amostragem e normas especficas para as reas. Foi tambm nessa poca qie os experimentos de Elton Mayo e a Escola das Relaes Humanas comearam a questionar a alienao no trabalho e a importncia da participao do trabalhador. Aliado aos estudos de Maslow, Mcgregor e Herzberg, nas dcadas seguintes, sobre motivao humana, teve grande influncia nos programas de qualidade no perodo psguerra, em especial na composio do modelo japons. Nos EUA, a rea da qualidade se consolidou. Foi na dcada de 1950 que as primeiras associaes da rea de qualidade e seu impacto nos custos foram tecidas e foi proposta a primeira abordagem sistmica. Em 1951, Juran lanou um modelo que envolvia planejamento e apurao dos custos da qualidade. J Armand Feigenbaum foi o primeiro a tratar a qualidade de forma sistmica, formulando o sistema de Controle da Qualidade Total (TQC), que influenciaria fortemente o modelo proposto pela srie ISSO 9000. No final desta dcada, em 957, Philip B. Crosby lanou os elementos que criaram o programa Zero Defeito.

Enquanto isso, o Japo lutava pela reconstruo. Dois importantes tericos da rea da qualidade estiveram no Japo, Deming e Juran, que influenciaram a criao do modelo japons de qualidade, mas tambm foram influenciados por esse mesmo modelo. Em 1951, em homenagem a Deming no Japo, o Prmio Deming, que seria tribuido empresa que mais se destacasse na rea da qualidade a cada ano. No final da dcada de 1980 surgiu um prmio similar no EUA, o Prmio Malcom Baldrige (1987), e posteriormente, na Europa, o Prmio Europeu da Qualidade (1991), e tambm no Brasil, Prmio Nacional da Qualidade PNQ (1992). O modelo japons, que foi traduzido como Controle da Qualidade, traria novos elementos Gesto da Qualidade j presente no ocidente (TCQ). Taiichi Ohno, um dos grandes idealizadores do modelo Toyota de produo, influenciou a qualidade na averso ao desperdcio. O conceito de melhoria contnua e responsabilidade dos funcionrios eram fundamentais no modelo japons, na busca da perfeio (Kaizen). Outro elemento importante neste modelo era o sistema de parcerias e alianas com fornecedores. A seleo e o desenvolvimento de fornecedores j eram um fator crtico para o sucesso das empresas japonesas, em que as redes de fornecimentos, conhecidas como Keiretsu, apresentavam padres de colaborao e parceria muito diferenciados, como o conceito de qualidade assegurada. Shigeo Shingo tambm colaborou para a eliminao de desperdcios da qualidade com a proposio de dispositivos prova de erros (poka yoke). Kaoru Ishikawa contribui com as 7 ferramentas da qualidade, que viriam a ser amplamente utilizadas pelos Crculos de Controles de Qualidade (CCQs). No final de dcada de 1960, Mizuno e Akao colaboraram para resgatrar a proximidade com o cliente, propondo o mtodo Desdobramento da Funo Qualidade (QFD). Em 1987 surgiu o modelo normativo da ISO. Vale destacar que a norma de Gesto Ambiental ISSO 14000, publicada em 1996, tem forte relacionamento com a srie ISO 9000. O programa de Gesto da Qualidade mais recente surgiu no final da dcada de 1980, na Motorola, chamado Seis Sigmas (Six Sigma). Essa ferramenta s se popularizou no final do sculo passado e incio do sculo XXI. Neste modelo existe uma preocupao com o uso sistemtico das ferramentas estatsticas.

Fonte: Marly Monteiro de Carvalho- Edson Paladini (coords.) Gesto da Qualidade- Teoria e Casos. Rio de Janeiro: Elseviers, 2005. 12 reimpresso.