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QUALIDADE AMBIENTAL EM EDIFÍCIOS HOSPITALARES AUT221 - ARQUITETURA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EZA RENATTINI | IVY MARTINS MORAIS OBJETIVOS A discussão em torno das instalações de saúde deixou de se basear somente no pressuposto de que deveriam ser ambientes assépticos e seguros, para a necessidade de flexibilidade e humanização dos projetos. A intenção deste trabalho é mostrar o que vem sendo feito a respeito da qualidade ambiental em ambientes hospitalares, quais tipos de estratégias estão sendo adotadas pelos arquitetos para minimizar a sensação de desconforto nestes ambientes, auxiliando na recuperação dos pacientes e proporcionando conforto também aos funcionários. O PROBLEMA O caráter dinâmico dos ambientes hospitalares requer um projeto arquitetônico planejado para atualizações constantes. Para tanto, a arquitetura hospitalar deve prever ampliações e adaptações devido aos avanços da medicina, evitando que as instalações se tornem obsoletas. Além disso, o ambiente hospitalar deve propiciar conforto para todos os seus usuários, incluindo pacientes, acompanhantes e funcionários. O problema está no fato de que, por vezes, as necessidades dos diferentes grupos de usuários são antagônicas. O CONFORTO TÉRMICO O conforto térmico é aquele cuja sensação de bem-estar está relacionada com a temperatura, umidade relativa, movimento do ar, radiação solar e radiação infravermelha. A regulagem térmica do edifício se dá através do controle da incidência solar e dos fluxos de ar. A localização, a forma e a orientação do edifício; o tipo, o tamanho e o posicionamento dos sistemas de aberturas; as cores dos ambientes; os materiais; as vestimentas dos usuários e as atividades realizadas interferem no condicionamento das edificações. No caso dos hospitais, todas as escolhas de projeto, além de se basear na eficiência do edifício, devem atender as exigências de cada ambiente hospitalar. Existem locais onde a projeção de aberturas não é apropriada como, por exemplo, em espaços onde se deve evitar o contato do meio externo devido ao risco de infecção do paciente. Nesses casos, o uso do condicionamento artificial dos ambientes se faz necessário. CONFORTO ACÚSTICO O conforto acústico é aquele cuja sensação de bem-estar está relacionada com a qualidade do som produzido no ambiente sem que haja interferência de ruído provenientes do meio externo ou do próprio ambiente. O sistema de aberturas também influencia na acústica das edificações. Sendo assim, deve ser feito um estudo do entorno para localizar fontes de ruídos, bem como espaços onde ocorreram atividades ruidosas dentro do próprio edifício. Dessa forma é possível que seja feito um planejamento dos espaços para agrupar os ambientes ruidosos, separando-os dos ambientes silenciosos, através da utilização de ambientes de permanência rápida, como corredores, como “amortecedores” de ruídos. requisitos que uma instalação hospitalar deve atender em consequência das exigências bastante específicas destes ambientes. E a complexidade do projeto faz com que, na maioria das vezes, a questão do conforto seja relegada. A maioria dos hospitais utiliza indiscriminadamente sistemas ativos de iluminação e ventilação, enquanto estratégias passivas poderiam ser implantadas para melhoria do desempenho e da eficiência dos edifícios hospitalares. Segundo João Filgueira Lima, o Lelé, os hospitais construídos nos anos de 1940 baseavam-se principalmente em equipamentos artificiais, devido aos recursos tecnológicos do pós-guerra. O uso exacerbado da tecnologia nos ambientes hospitalares tornou-os ineficientes e inadequados, ao deixarem em segundo plano o desempenho dos edifícios e ao dificultarem a cura psicológica dos pacientes com a restrição ao contato com o meio externo. Sendo assim, o grande desafio da arquitetura hospitalar é atender as exigências das instalações hospitalares, considerando os problemas urbanos, sem deixar de lado a humanização do ambiente hospitalar e a satisfação dos usuários. JUSTIFICATIVA O arquiteto Roger S. Ulrich, diretor do Center for Health Systems and Design da Texas A&M University, nos Estados Unidos, desenvolveu uma pesquisa sobre a relação entre o ambiente hospitalar e a melhora dos pacientes. Esse estudo concluiu que quanto mais agradáveis os ambientes, melhor e mais rápida se torna a cura dos pacientes, devido à diminuição da ansiedade e da dor. De acordo com Lelé, um dos pioneiros quando se trata de humanização hospitalar, a recuperação integral dos pacientes depende de seu tratamento psicológico. Ambientes acolhedores, que interagem e usufruem dos elementos naturais, além de proporcionarem uma sensação maior de conforto, auxiliam na cura dos pacientes e melhoram a produtividade dos funcionários. ESTRATÉGIAS conforto térmico conforto visual conforto acústico vegetação e água ESTUDOS DE CASO Pretende-se evidenciar as estratégias adotadas para proporcionar qualidade ambiental em ambientes hospitalares na cidade de São Paulo, a partir da análise dos seguintes projetos: Hospital Municipal Cidade Tiradentes Hospital e Maternidade São Luiz – Tatuapé Hospital Israelita Albert Einstein – Unidade Perdizes CONFORTO VISUAL O conforto visual é aquele cuja sensação de bem-estar está relacionada com a quantidade satisfatória de luz para realização de uma tarefa, sem que ocorra ofuscamento ou contraste excessivo. Todos os itens citados no conforto térmico, exceto os fatores pessoais, influenciam também no conforto visual devido ao controle que exercem sobre a incidência solar. No caso das cores, além da incidência solar, elas interferem no estado emocional, na produtividade e na qualidade das atividades desenvolvidas de acordo com vários estudos realizados. O uso de iluminação artificial se faz necessário em ambientes hospitalares devido às atividades específicas realizadas nestes locais. Para que o desempenho do edifício não seja reduzido, o projeto de iluminação artificial deve prever o uso racional e eficiente das luminárias e lâmpadas, apenas complementando o projeto de iluminação natural. VEGETAÇÃO E ÁGUA As plantas podem ser utilizadas para promover o conforto térmico do ambiente através do resfriamento evaporativo com o florescimento da vegetação no verão e a absorção de calor com a queda das folhas no inverno. Além disso, elas fornecem sombreamento nos períodos de verão, evitando o excesso de luz indesejado, e reduzem o nível de ruídos e poluentes, ao funcionarem como “filtros”. O contato com a natureza também é desejado do ponto de vista do bem-estar dos usuários, tanto a vegetação, quanto a água criam efeitos psicológicos positivos, minimizam o estresse e diminuem a ansiedade. CONCLUSÃO Todo projeto arquitetônico para ambiente hospitalar deve ser concebido para auxiliar na recuperação dos pacientes, bem como propiciar conforto a todos os seus usuários. A busca por qualidade ambiental é cada vez maior nas instalações hospitalares, numa tentativa de minimizar a atmosfera estressante destes ambientes. Além do conforto gerado pelo uso dos elementos naturais, o projeto ecológico se preocupa com a criação de edifícios que impactem menos sobre o meio ambiente através de projetos flexíveis e adaptáveis. O ambiente hospitalar necessita de interação com o meio externo para a criação de um espaço mais humano e para proporcionar conforto aos usuários. Para tanto, o estudo das condições climáticas e do entorno do local de inserção é de extrema importância para a definição das estratégias de projeto cabíveis de acordo com os problemas urbanos locais. O conforto ambiental em geral deveria ser um requisito do projeto hospitalar pelos benefícios psicológicos que proporciona a seus usuários, mas por vezes é deixado em segundo pela facilidades tecnológicas e pela complexidades das normas e exigências hospitalares. CIDADE TIRADENTES SÃO LUIS ALBERT EINSTEIN LOCAL: Tatuapé, São Paulo. ESCRITÓRIO RESPONSÁVEL: ZANETTINI – ARQUITETURA PLANEJAMENTO CONSULTORIA LTDA DATAS: Data do projeto: julho a dezembro de 2003 Data de obra: julho de 2003 a 2007 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS: Área do terreno: 7.950 m² Área total construída: 43.816,55 m² Número de pavimentos: 7 + Térreo + Mezanino Número de subsolos: 3 Número de leitos: 279 PROJETO: volumetria e fachada: iluminação e ventilação natural, principalmente na internação. escalonamento da prumada: entrada de luz natural no hall, que funciona como uma praça central, ligando todo o térreo. escadarias com frestas verticais de 25 cm de largura: iluminação natural em local normalmente fechado. venezianas metálicas contínuas na fachada: iluminação e ventilação naturais no pavimento técnico e nas UTIs adulta e pediátrica. ambientes de internação voltados para pátio ajardinado com espelho d'água no quarto piso, local de transição entre os setores de internação e a base do edifício. claraboias: iluminação das áreas de descanso das equipes médicas localizadas no terceiro andar. elementos arquitetônicos com função de brises: heliponto metálico e as varandas dos quartos. caixilharia de alumínio com desenho curvo no restaurante: entrada plena de luz no espaço. cores brancas com destaque em materiais na cor tijolo e no tratamento de painéis de madeira: valorização da iluminação natural. LOCAL: Cidade Tiradentes, São Paulo. ESCRITÓRIO RESPONSÁVEL: BORELLI & MERIGO ARQUITETURA e WALTER MAKOHL ARQUITETURA DATAS: Data do projeto: 2002 Data de obra: entregue em julho de 2007 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS: Área do terreno: 32.000 m² Número de pavimentos: 3 + Térreo Número de subsolos: 1 (a meio nível abaixo do térreo) Número de leitos: 270 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BITENCOURT, F. Hospitais Sustentáveis: componentes de utopia ou de sobrevivência. Revista Ambiente Hospitalar, São o Paulo, n 1, p. 22-24, dezembro de 2006. o FIGUEROLA, V. N. Linear, flexível e humano. Revista AU, São Paulo, n 157, p. 42-49, abril de 2007. o FIGUEROLA, V. N. Luz por todos os lados. Revista AU, São Paulo, n 168, p. 30-37, março de 2008. o GRUNOW, E. Volumetria assimétrica faz interlocução com o entorno. Revista PROJETODESIGN, São Paulo, n 369, novembro de 2010. o NAKAMURA, J. Espaços que curam. Revista AU, São Paulo, n 219, p.72-75, junho de 2012. SHMIDT, S. de O. Arquitetura Hospitalar: forma, programa e condicionantes de projeto. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2003. PROJETO: jardins internos e circulações mais aberta, misturadas com áreas de espera, postos de enfermagem e grandes vazios. UTIs e centros cirúrgicos com iluminação e ventilação natural. luz natural no miolo da construção através de jardins distribuídos ao longo do edifício. fachadas leste e oeste protegidas por quebra-sóis pré-moldados de concreto para reduzir a carga térmica nos ambientes. aquecedores solares instalados sobre o bloco de suprimentos, para pré- aquecimento da água que abastece a lavanderia e os banheiros dos leitos. quase não há cores no exterior do hospital, somente o amarelo no térreo e nas extremidades da construção. no interior impera o cinza do concreto, mas com ritmo, movimento e textura conferidos pelos elementos de proteção solar. LOCAL: Perdizes, São Paulo. ESCRITÓRIO RESPONSÁVEL: LEVISKY ARQUITETOS ASSOCIADOS e KAHN DO BRASIL DATAS: Data do projeto: 2008 a 2009 Data de obra: conclusão em 2010 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS: Área do terreno: 2.503,90 m² Área total construída: 20.000 m² Número de pavimentos: 5 + Térreo Número de subsolos: 5 Número de leitos: 10 PROJETO: materiais escolhidos para gerar o menor impacto ambiental possível. luminárias com menor consumo de energia, bem como bacias sanitárias com menor consumo de água. reaproveitamento das águas pluviais para irrigação dos jardins, refrigeração e limpeza externa. implantação compacta, em monobloco, mas que parece se desmembrar em altura, acompanhando as faces de alinhamento do terreno. horizontalidade do projeto, facilitando o fluxo de pacientes e da equipe médica. vidro insulado e serigrafado para ventilação natural e sombreamento da fachada pela redução da incidência dos raios solares nas áreas internas. pisos drenantes nos acessos de pedestres e ambulâncias, no acesso de serviços e nas calçadas, para prevenção contra alagamentos.

QUALIDADE AMBIENTAL EM EDIFÍCIOS … finais... · desafio da arquitetura hospitalar é atender as exigências das instalações hospitalares, considerando os problemas urbanos,

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Page 1: QUALIDADE AMBIENTAL EM EDIFÍCIOS … finais... · desafio da arquitetura hospitalar é atender as exigências das instalações hospitalares, considerando os problemas urbanos,

QUALIDADE AMBIENTAL EM EDIFÍCIOS HOSPITALARES

AUT221 - ARQUITETURA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELEZA RENATTINI | IVY MARTINS MORAIS

OBJETIVOS

A discussão em torno das instalações de saúde deixou de se basear somente no pressuposto de que deveriam ser ambientes assépticos e seguros, para a n e c e s s i d a d e d e fl e x i b i l i d a d e e humanização dos projetos. A intenção deste trabalho é mostrar o que vem sendo feito a respeito da qualidade ambiental em ambientes hospitalares, quais tipos de estratégias estão sendo adotadas pelos arquitetos para minimizar a sensação de desconforto nestes ambientes, auxiliando na recuperação dos pac ientes e proporcionando conforto também aos funcionários.

O PROBLEMA

O caráter dinâmico dos ambientes h o s p i t a l a r e s r e q u e r u m p r o j e t o arquitetônico planejado para atualizações constantes. Para tanto, a arquitetura hospitalar deve prever ampliações e adaptações devido aos avanços da medicina, evitando que as instalações se tornem obsoletas. Além disso, o ambiente hospitalar deve propiciar conforto para todos os seus usuários, incluindo p a c i e n t e s , a c o m p a n h a n t e s e funcionários. O problema está no fato de que, por vezes, as necessidades dos diferentes grupos de usuários são antagônicas. O

CONFORTO TÉRMICO

O conforto térmico é aquele cuja sensação de bem-estar está relacionada com a temperatura, umidade relativa, movimento do ar, radiação solar e radiação infravermelha. A regulagem térmica do edifício se dá através do controle da incidência solar e dos fluxos de ar. A localização, a forma e a orientação do edifício; o tipo, o tamanho e o posicionamento dos sistemas de aberturas; as cores dos ambientes; os materiais; as vestimentas dos usuários e as atividades realizadas interferem no condicionamento das edificações.

No caso dos hospitais, todas as escolhas de projeto, além de se basear na eficiência do edifício, devem atender as exigências de cada ambiente hospitalar. Existem locais onde a projeção de aberturas não é apropriada como, por exemplo, em espaços onde se deve evitar o contato do meio externo devido ao risco de infecção do paciente. Nesses casos, o uso do condicionamento artificial dos ambientes se faz necessário.

CONFORTO ACÚSTICO

O conforto acústico é aquele cuja sensação de bem-estar está relacionada com a qualidade do som produzido no ambiente sem que haja interferência de ruído provenientes do meio externo ou do próprio ambiente. O sistema de aberturas também influencia na acústica das edificações. Sendo assim, deve ser feito um estudo do entorno para localizar fontes de ruídos, bem como espaços onde ocorreram atividades ruidosas dentro do próprio edifício. Dessa forma é possível que seja feito um planejamento dos espaços para agrupar os ambientes ruidosos, separando-os dos ambientes silenciosos, através da utilização de ambientes de permanência rápida, como corredores, como “amortecedores” de ruídos.

requisitos que uma instalação hospitalar deve atender em consequência das exigências bastante específicas destes ambientes. E a complexidade do projeto faz com que, na maioria das vezes, a questão do conforto seja relegada. A maior ia dos hospi ta is ut i l iza indiscriminadamente sistemas ativos de i luminação e vent i lação, enquanto estratégias passivas poderiam ser implantadas para melhoria do desempenho e da eficiência dos edifícios hospitalares. Segundo João Filgueira Lima, o Lelé, os hospitais construídos nos anos de 1940 b a s e a v a m - s e p r i n c i p a l m e n t e e m equipamentos artificiais, devido aos recursos tecnológicos do pós-guerra.

O uso exacerbado da tecnologia nos ambientes hospitalares tornou-os ineficientes e inadequados, ao deixarem em segundo plano o desempenho dos edifícios e ao dificultarem a cura psicológica dos pacientes com a restrição ao contato com o meio externo. Sendo assim, o grande desafio da arquitetura hospitalar é atender as exigências das instalações hospitalares, considerando os problemas urbanos, sem deixar de lado a humanização do ambiente hospitalar e a satisfação dos usuários.

JUSTIFICATIVA

O arquiteto Roger S. Ulrich, diretor do Center for Health Systems and Design da Texas A&M University, nos Estados Unidos, desenvolveu uma pesquisa sobre a relação entre o ambiente hospitalar e a melhora dos pacientes. Esse estudo concluiu que quanto mais agradáveis os ambientes, melhor e mais rápida se torna a cura dos pacientes, devido à diminuição da

ansiedade e da dor. De acordo com Lelé, um dos pioneiros quando se trata de humanização hospitalar, a recuperação integral dos pacientes depende de seu tratamento psicológico. Ambientes acolhedores, que interagem e usufruem dos elementos naturais, além de proporcionarem uma sensação maior de conforto, auxiliam na cura dos pacientes e m e l h o r a m a p r o d u t i v i d a d e d o s funcionários.

ESTRATÉGIAS

conforto térmico conforto visual conforto acústico vegetação e água

ESTUDOS DE CASO

Pretende-se evidenciar as estratégias adotadas para proporcionar qualidade ambiental em ambientes hospitalares na cidade de São Paulo, a partir da análise dos seguintes projetos: Hospital Municipal Cidade Tiradentes Hospital e Maternidade São Luiz –

Tatuapé Hospital Israelita Albert Einstein –

Unidade Perdizes

CONFORTO VISUAL

O conforto visual é aquele cuja sensação de bem-estar está relacionada com a quantidade satisfatória de luz para realização de uma tarefa, sem que ocorra ofuscamento ou contraste excessivo. Todos os itens citados no conforto térmico, exceto os fatores pessoais, influenciam também no conforto visual devido ao controle que exercem sobre a incidência solar. No caso das cores, além da incidência solar, elas interferem no estado emocional, na produtividade e na qualidade das atividades desenvolvidas de acordo com vários estudos realizados. O uso de iluminação artificial se faz necessário em ambientes hospitalares devido às atividades específicas realizadas nestes locais. Para que o desempenho do edifício não seja reduzido, o projeto de iluminação artificial deve prever o uso racional e eficiente das luminárias e lâmpadas, apenas complementando o projeto de iluminação natural.

VEGETAÇÃO E ÁGUA

As plantas podem ser utilizadas para promover o conforto térmico do ambiente através do resfriamento evaporativo com o florescimento da vegetação no verão e a absorção de calor com a queda das folhas no inverno. Além disso, elas fornecem sombreamento nos períodos de verão, evitando o excesso de luz indesejado, e reduzem o nível de ruídos e poluentes, ao funcionarem como “filtros”. O contato com a natureza também é desejado do ponto de vista do bem-estar dos usuários, tanto a vegetação, quanto a água criam efeitos psicológicos positivos, minimizam o estresse e diminuem a ansiedade.

CONCLUSÃO

Todo projeto arquitetônico para ambiente hospitalar deve ser concebido para auxiliar na recuperação dos pacientes, bem como propiciar conforto a todos os seus usuários. A busca por qualidade ambiental é cada vez maior nas instalações hospitalares, numa tentativa de minimizar a atmosfera estressante destes ambientes. Além do conforto gerado pelo uso dos elementos naturais, o projeto ecológico se preocupa com a criação de edifícios que impactem menos sobre o meio ambiente através de projetos flexíveis e adaptáveis.

O ambiente hospitalar necessita de interação com o meio externo para a criação de um espaço mais humano e para proporcionar conforto aos usuários. Para tanto, o estudo das condições climáticas e do entorno do local de inserção é de extrema importância para a definição das estratégias de projeto cabíveis de acordo com os problemas urbanos locais. O conforto ambiental em geral deveria ser um requisito do projeto hospitalar pelos benefícios psicológicos que proporciona a seus usuários, mas por vezes é deixado em segundo pela facilidades tecnológicas e pela complexidades das normas e exigências hospitalares.

CIDADE TIRADENTES SÃO LUIS ALBERT EINSTEINLOCAL: Tatuapé, São Paulo.

ESCRITÓRIO RESPONSÁVEL:Z A N E T T I N I – A R Q U I T E T U R A PLANEJAMENTO CONSULTORIA LTDA

DATAS:Data do projeto: julho a dezembro de 2003Data de obra: julho de 2003 a 2007

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS:Área do terreno: 7.950 m²Área total construída: 43.816,55 m²Número de pavimentos: 7 + Térreo + MezaninoNúmero de subsolos: 3Número de leitos: 279

PROJETO:

volumetria e fachada: iluminação e ventilação natural, principalmente na internação.

escalonamento da prumada: entrada de luz natural no hall, que funciona como uma praça central, ligando todo o térreo.

escadarias com frestas verticais de 25 cm de largura: iluminação natural em local normalmente fechado.

venezianas metálicas contínuas na fachada: iluminação e ventilação naturais no pavimento técnico e nas UTIs adulta e pediátrica.

ambientes de internação voltados para pátio ajardinado com espelho d'água no quarto piso, local de transição entre os setores de internação e a base do edifício.

claraboias: iluminação das áreas de descanso das equ ipes méd icas localizadas no terceiro andar.

elementos arquitetônicos com função de brises: heliponto metálico e as varandas dos quartos.

caixilharia de alumínio com desenho curvo no restaurante: entrada plena de luz no espaço.

cores brancas com destaque em materiais na cor tijolo e no tratamento de painéis de madeira: valorização da iluminação natural.

LOCAL: Cidade Tiradentes, São Paulo.

ESCRITÓRIO RESPONSÁVEL:BORELLI & MERIGO ARQUITETURA e WALTER MAKOHL ARQUITETURA

DATAS:Data do projeto: 2002Data de obra: entregue em julho de 2007

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS:Área do terreno: 32.000 m²Número de pavimentos: 3 + TérreoNúmero de subsolos: 1 (a meio nível abaixo do térreo)Número de leitos: 270

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITENCOURT, F. Hospitais Sustentáveis: componentes de utopia ou de sobrevivência. Revista Ambiente Hospitalar, São oPaulo, n 1, p. 22-24, dezembro de 2006.

oFIGUEROLA, V. N. Linear, flexível e humano. Revista AU, São Paulo, n 157, p. 42-49, abril de 2007.oFIGUEROLA, V. N. Luz por todos os lados. Revista AU, São Paulo, n 168, p. 30-37, março de 2008.

oGRUNOW, E. Volumetria assimétrica faz interlocução com o entorno. Revista PROJETODESIGN, São Paulo, n 369, novembro de 2010.

oNAKAMURA, J. Espaços que curam. Revista AU, São Paulo, n 219, p.72-75, junho de 2012.SHMIDT, S. de O. Arquitetura Hospitalar: forma, programa e condicionantes de projeto. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2003.

PROJETO:

jardins internos e circulações mais aberta, misturadas com áreas de espera, postos de enfermagem e grandes vazios.

UTIs e cent ros c i rúrg icos com iluminação e ventilação natural.

luz natural no miolo da construção através de jardins distribuídos ao longo do edifício.

fachadas leste e oeste protegidas por quebra-sóis pré-moldados de concreto para reduzir a carga térmica nos ambientes.

aquecedores solares instalados sobre o bloco de suprimentos, para pré-aquecimento da água que abastece a lavanderia e os banheiros dos leitos.

quase não há cores no exterior do hospital, somente o amarelo no térreo e nas extremidades da construção.

no interior impera o cinza do concreto, mas com ritmo, movimento e textura conferidos pelos elementos de proteção solar.

LOCAL: Perdizes, São Paulo.

ESCRITÓRIO RESPONSÁVEL:LEVISKY ARQUITETOS ASSOCIADOS e KAHN DO BRASIL

DATAS:Data do projeto: 2008 a 2009Data de obra: conclusão em 2010

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS:Área do terreno: 2.503,90 m²Área total construída: 20.000 m²Número de pavimentos: 5 + TérreoNúmero de subsolos: 5Número de leitos: 10

PROJETO:

materiais escolhidos para gerar o menor impacto ambiental possível.

luminárias com menor consumo de energia, bem como bacias sanitárias com menor consumo de água.

reaproveitamento das águas pluviais para irrigação dos jardins, refrigeração e limpeza externa.

i m p l a n t a ç ã o c o m p a c t a , e m monobloco, mas que parece se desmembrar em altura, acompanhando as faces de alinhamento do terreno.

horizontalidade do projeto, facilitando o fluxo de pacientes e da equipe médica.

vidro insulado e serigrafado para ventilação natural e sombreamento da fachada pela redução da incidência dos raios solares nas áreas internas.

pisos drenantes nos acessos de pedestres e ambulâncias, no acesso de serv iços e nas ca lçadas , para prevenção contra alagamentos.