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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxílium Curso de Enfermagem Juliana Sanches Ravagnani Patrícia Maria da Silva Crivelaro QUALIDADE DE SONO E PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA LINS SP 2010

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxílium

Curso de Enfermagem

Juliana Sanches Ravagnani

Patrícia Maria da Silva Crivelaro

QUALIDADE DE SONO E PERCEPÇÃO DA

QUALIDADE DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DE

ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE DE

TERAPIA INTENSIVA

LINS – SP

2010

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JULIANA SANCHES RAVAGNANI

PATRÍCIA MARIA DA SILVA CRIVELARO

QUALIDADE DE SONO E PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE DE TERAPIA

INTENSIVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Enfermagem, sob orientação da Profª Esp. Carmen Lucia Budóia e Prof ª M.Sc Jovira Maria Sarracene.

LINS – SP

2010

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Ravagnani, Juliana Sanches; Crivelaro, Patrícia Maria da Silva

Qualidade de sono e percepção da qualidade de vida dos profissionais de enfermagem de uma Unidade de Terapia Intensiva / Juliana Sanches Ravagnani; Patrícia Maria da Silva Crivelaro. – – Lins, 2010.

85p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico

Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Enfermagem, 2010.

Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Carmen Lúcia Budóia

1. Sono. 2. Qualidade de vida. 3. Unidade de terapia intensiva. 4. Enfermagem. 5. Trabalho diurno e noturno. I Título.

CDU 616-083

R194q

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JULIANA SANCHES RAVAGNANI

PATRÍCIA MARIA DA SILVA CRIVELARO

QUALIDADE DE SONO E PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE DE TERAPIA

INTENSIVA

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Aprovada em:______/______/______

Banca Examinadora:

Profª Orientadora: Carmen Lúcia Budóia

Titulação: Enfermeira Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica. Pela

Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP.

Assinatura:____________________________

1º Prof(a): _______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura:___________________________

2º Prof(a): _______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura:___________________________

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“Senhor! quão pequenos somos diante de vossa imensidão, apenas cuidamos de sua maior obra... A vida! Certamente será o senhor que guiará nossas mãos, nossos olhos e nossas decisões a cada paciente. Continuará sendo difícil de entender quando nosso conhecimento não for suficiente para salvar uma vida... Restará apenas, o consolo de que foi um chamado Seu...”

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A Deus... Por me dar força, sabedoria e decisão para vencer os obstáculos.

Por me dar amor, humildade e compreensão para alcançar meu ideal. Agradeço a Ti por me mostrar o caminho e guiar os meus passos.

FÉ... que me fez persistir mostrando minha capacidade e meu valor, pois somente Deus pode realmente saber quem sou...

À Ti oferto minha vida e profissão... “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados

e eu vos aliviarei”(Mateus 11-28)

A minha família... Pela confiança e incentivo que me proporcionaram para concluir mais

esta etapa da minha vida. Obrigado por acreditarem em mim e torcerem pela minha vitória.

A vocês dedico a minha carreira e meu sucesso!!!

A amiga... Patrícia, mais do que uma parceira, uma amiga, uma companheira. Agradeço a Deus por ter colocado-a em meu caminho, ajudando a fortalecer a minha fé e acalentar meu coração nos momentos de

angústia e ainda por me aguentar... rsrsrsrsrs... Você ficará no meu coração para sempre...

Aos amigos, colegas e professores...

E todos aqueles que cruzaram a minha vida, participando de alguma forma na construção e realização deste tão desejado sonho...

Alguém especial...

Fernando, obrigado por acreditar e incentivar cada momento dos meus sonhos. Frequentemente meu cansaço e preocupações foram sentidos e

compartilhados por você. Perdoe-me as falhas e ausências... Tudo foi em prol de um futuro melhor!!!

“Se não podemos voltar atrás e consertar o começo, podemos, a partir de

agora dar um novo fim...” Juliana!!!

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A Deus... Em primeiro lugar Que me deu força de vontade, ânimo, sabedoria e muita humildade para

chegar até aqui me guiando e me consolando com Seu Amor... Abrindo todas as portas necessárias para essa conquista!!!

“No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu Venci o mundo” (Jo. 16-33)

Aos meus pais... Que estão a todo o momento me aconselhando e me

incentivando a não desistir jamais...

Ao meu esposo... Que em todos os momentos esteve ao meu lado, que me ajudou a

concretizar cada sonho no decorrer deste ano e deste trabalho e que nunca reclamou da luz acesa nas madrugadas enquanto eu estudava!

A amiga Juliana...

Que esteve ao meu lado nas horas que sorri e nas horas que chorei, nas horas que me lamentei e nas horas que demonstrei total alegria...

Às orientadoras Carmen e Jovira...

As quais nos mostraram o caminho e nos ajudaram a plantar essa sementinha, que certamente irá frutificar!

Aos professores e todas as pessoas...

Que direta ou indiretamente me ajudaram, as quais ficarão no meu coração para sempre!

Dedicar é oferecer o que de mais precioso se tem e se pode fazer para as

pessoas mais especiais!

Patrícia!!!

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AGRADECIMENTOS

A Deus acima de tudo... nossa Rocha, Fortaleza, Socorro bem presente... Abriu todas as portas necessárias, nos deu força, paciência, tranquilidade,

sabedoria e humildade nos momentos mais difíceis que encontramos durante essa fase de nossas vidas...

Sem Ele, o que seríamos?

A nossa família pelo amor incondicional e pela paciência, acreditando e respeitando as nossas decisões e nunca deixando que as dificuldades acabassem

com os nossos sonhos.

A concretização de um sonho vem sempre acompanhada de pessoas marcantes... nossas orientadoras Carmen e Jovira... Pelo empenho, paciência, credibilidade e

direcionamento na elaboração deste trabalho. Aos demais professores que também nos acolheram em momentos difíceis, nos

ajudando com muito carinho e humildade... “Antes de convidar-nos a entrar na mansão de vosso saber, nos conduziu ao

limiar de nossa própria mente...”

Aos colegas e amigos de sala que compartilharam conosco tantas emoções e ajudaram a tornar a vida acadêmica mais divertida.

Maior que a dor da separação é a certeza de permanecermos unidos no mesmo propósito... a enfermagem!!!

A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a construção

desse trabalho!

Eu (Patrícia) agradeço a Jú... Eu (Juliana) agradeço a Paty... Pela confiança, paciência e compreensão, por termos sentido juntas, todas as

angústias e felicidades, pelo afeto, amizade, e apoio depositados uma na outra, além da companhia em todos os momentos!!!

Nada teria sentido se não tivéssemos o presente mais valioso,

mais nobre e mais sagrado que Deus pode nos dar... A oportunidade de conhecer todos vocês e

realizar este grande sonho! Juliana e Patrícia!

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RESUMO O sono é um estado comportamental importante na vida de um indivíduo e sua restrição é cada vez mais comum. Os processos neurobiológicos que ocorrem durante o sono são necessários para manter a saúde física, cognitiva e evitar impactos na qualidade de vida. A enfermagem é uma profissão sujeita ao regime de trabalho em turnos, prejudicando a saúde e bem-estar dos trabalhadores à medida que ocorre um conflito entre o ritmo normal do organismo e os ritmos circadianos. Exaustivas jornadas de trabalho típicas da profissão alteram a qualidade do sono e causam desajustes na vida dos profissionais de enfermagem, comprometendo a satisfação em relação à qualidade de vida. A atividade laboral em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um fator que contribui para o aumento do cansaço e desgaste do trabalhador, pois se trata de um ambiente crítico, tenso e traumatizante, repleto de procedimentos complexos que exigem grande responsabilidade, qualificação, dedicação e satisfação. A motivação para pesquisar sobre qualidade de sono e percepção da qualidade de vida deu-se por meio de revisão bibliográfica e observação da presença de cansaço e necessidades de sono em profissionais de enfermagem, além da clara demonstração de insatisfação em relação à qualidade de vida devido a exaustivas jornadas de trabalho. Os objetivos foram: avaliar a qualidade de sono dos profissionais de enfermagem, identificar a percepção da qualidade de vida, comparar a qualidade de sono dos profissionais dos períodos diurno e noturno, verificar a correlação qualidade de sono e qualidade de vida. Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória com abordagem quantitativa, desenvolvida na UTI da Associação Hospitalar Santa Casa de Lins, envolvendo os profissionais de enfermagem dos períodos diurno e noturno, cujos resultados foram obtidos mediante questionário com perguntas fechadas e pelo Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI). A pesquisa evidenciou que os profissionais de enfermagem dos períodos diurno e noturno estão com má qualidade de sono e insatisfeitos com a qualidade de vida, sem diferenças significativas entre os dois turnos. A maioria dos profissionais possuem outro vínculo empregatício e, diante da percepção dos pesquisados de ambos os turnos, constatou-se que a qualidade de sono é um fator que interfere na qualidade de vida. Palavras-chave: Sono. Qualidade de vida. Unidade de terapia intensiva. Enfermagem. Trabalho diurno e noturno.

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ABSTRACT

Sleep is a fundamental behavioral state in the life of an individual and its restriction is more and more common. The neurobiological processes which occur in the course of sleep are needed to keep the physical health, cognitive and prevent impacts on the life quality. Nursing is a profession subject to the system of work shift that contributes to prejudice the health and wellness of workers insofar to occur a conflict between the body's normal rhythm and circadian rhythms. Exhaustive days work typical of the profession affect sleep quality and bring about imbalances in the life of nursing professionals, compromising satisfaction as regards life quality. The job in Intensive Treatment Unit (ITU) is a factor that contributes to aggravation of fatigue and wears down of the worker, because it is about critical environment, stressful and traumatic, replete with complex procedures that require great responsibility, qualification, dedication and satisfaction. The motivation for research on sleep quality and perception life quality was through literature review and observation of the presence of fatigue and sleep necessity of nursing professionals, as well as clear demonstration of dissatisfaction with the life quality due to exhaustive days work. The goal of this study was to assay the sleep quality of nursing professionals to identify the perception of life quality, to compare the sleep quality of professionals that work in the daytime and nighttime periods, to verify the correlation between sleep quality and life quality. It is about of a descriptive research, exploratory with approach qualitative, which was developed in the ITU of Hospital Association Santa Casa of Lins, involving nursing professionals daytime and nighttime periods, which results were obtained through a survey with closed questions and Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI). This research showed evidences that nursing professionals of daytime and nighttime periods have a poor quality sleep and they are dissatisfied with their life quality, without significant differences between the two shifts, most professionals have other employment, in the face of the perception of interviewees of both shifts, sleep quality is a factor that interferes in the life quality. Keywords: Sleep. Life quality. Intensive Treatment Unit. Nursing team. Daytime and nighttime work.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Qualidade subjetiva do sono........................................................

Gráfico 2: Percepção da qualidade do sono.................................................

Gráfico 3: Percepção da qualidade de vida..................................................

Gráfico 4: Relação entre qualidade de sono e qualidade de vida.................

53

55

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57

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Qualidade subjetiva do sono.........................................................

Tabela 2: Percepção da qualidade de sono..................................................

Tabela 3: Percepção da qualidade de vida...................................................

Tabela 4: Relação entre qualidade de sono e qualidade de vida.................

74

74

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74

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEP: Comitê de Ética e Pesquisa

COFEN: Conselho Federal de Enfermagem

EUA: Estados Unidos da América

GH: Growth Hormone (Hormônio do Crescimento – Somatotrofina)

IAMSP: Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público

MS: Ministério da Saúde

NREM: Non Rapid Eye Movement (Movimento Não Rápido dos Olhos)

NK: Natural Killer (exterminadoras naturais)

OMS: Organização Mundial da Saúde

PSQI: Pittsburgh Sleep Quality Index (Índice de Qualidade de Sono de

Pittisburg)

QV: Qualidade de Vida

REM: Rapid Eye Movement (Movimento Rápido dos Olhos)

SNC: Sistema Nervoso Central

SUS: Sistema Único de Saúde

TSH: Thyroid-stimulating hormone (Hormônio Estimulante da Tireóide)

UTI: Unidade de Terapia Intensiva

UTI - A: Unidade de Terapia Intensiva - Adulto

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................... 12

CAPÍTULO I – O SONO..................................................................................... 14

1 A IMPORTÂNCIA DO SONO.................................................................. 14

1.1 Fisiologia do sono.................................................................................... 16

1.2 Regulação do sono.................................................................................. 18

1.3 Ciclo vigília-sono..................................................................................... 19

1.4 Privação do sono..................................................................................... 21

1.5 Aspectos imunológicos da privação do sono.......................................... 23

1.6 Sonolência............................................................................................... 24

1.7 Principais distúrbios do sono................................................................... 26

CAPÍTULO II – QUALIDADE DE VIDA............................................................. 28

2 CONCEITUAÇÃO: MÚLTIPLAS IDENTIDADES................................... 28

2.1 Indicadores de qualidade de vida............................................................ 30

2.2 Qualidade de vida no trabalho................................................................. 30

2.3 Qualidade de vida e o profissional de enfermagem................................ 33

2.3.1 Trabalho em turnos na enfermagem........................................................ 35

CAPÍTULO III – A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.................................. 38

3 HITÓRICO............................................................................................... 38

3.1 O cuidado intensivo................................................................................. 38

3.2 Considerações sobre UTI........................................................................ 40

3.3 Organização da unidade......................................................................... 41

3.4 Estrutura física e tecnológica.................................................................. 42

3.5 Dimensionamento da equipe de enfermagem......................................... 45

3.6 O profissional de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva............. 47

CAPÍTULO IV – PESQUISA.............................................................................. 49

4 INTRODUÇÃO........................................................................................ 49

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4.1 Métodos................................................................................................... 49

4.1.1 Estudo de caso........................................................................................ 49

4.1.2 Observação sistemática.......................................................................... 50

4.2 Técnicas.................................................................................................. 51

4.3 Instrumentos da pesquisa....................................................................... 51

4.4 A instituição............................................................................................. 52

4.5 A Unidade de Terapia Intensiva.............................................................. 52

4.6 Resultados e discussão........................................................................... 53

4.6.1 Características da população.................................................................. 53

4.6.2 Apresentação dos dados......................................................................... 54

4.7 Parecer final............................................................................................ 59

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO...................................................................... 60

CONCLUSÃO.................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS.................................................................................................. 62

APÊNDICES...................................................................................................... 70

ANEXOS............................................................................................................ 75

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INTRODUÇÃO

O sono é um estado comportamental fundamental na vida de um

indivíduo, e sua restrição é cada vez mais comum na atualidade, devido à

extensão do trabalho ao longo das 24 horas do dia.

Os processos neurobiológicos que ocorrem durante o sono são

necessários para a manutenção da saúde física e cognitiva, visto que

indivíduos com transtornos de sono sofrem impactos na qualidade de vida

(BERTOLAZZI, 2008).

A enfermagem é uma profissão sujeita ao regime de trabalho em turnos,

constituindo uma prática frequente e necessária às organizações,

principalmente as hospitalares. O trabalho em turnos é prejudicial para a saúde

e bem-estar dos trabalhadores, à medida que ocorre um conflito entre o ritmo

normal do organismo e os ritmos circadianos.

Assim, exaustivas jornadas de trabalho típicas da profissão acabam

alterando a qualidade do sono e ocasionando desajustes na vida dos

profissionais de enfermagem, comprometendo os níveis de satisfação em

relação à qualidade de vida.

A atividade laboral em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um

fator que também contribui para o aumento do cansaço e desgaste do

trabalhador de enfermagem, pois se trata de um ambiente crítico, tenso e

traumatizante, repleto de procedimentos complexos que exigem grande

responsabilidade, qualificação, dedicação e satisfação do profissional em

realizar suas funções.

A motivação para elaboração do estudo sobre qualidade de sono e

percepção da qualidade de vida foi notada através de revisão bibliográfica e da

observação de cansaço e necessidades de sono em profissionais de

enfermagem, além da clara demonstração de insatisfação em relação à

qualidade de vida devido exaustivas jornadas de trabalho.

O presente estudo tem por objetivos: avaliar a qualidade de sono dos

profissionais de enfermagem, identificar a percepção da qualidade de vida,

comparar a qualidade de sono dos profissionais dos períodos diurno e noturno,

verificar a correlação entre qualidade do sono e qualidade de vida.

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A elaboração desta pesquisa surge a partir do seguinte questionamento:

Existe diferença na qualidade de sono e na percepção da qualidade de vida de

profissionais de enfermagem que atuam nos períodos diurno e noturno?

A hipótese sugerida é que a partir da avaliação da qualidade do sono e

da percepção da qualidade de vida, o profissional de enfermagem que trabalha

no período noturno apresenta maior comprometimento na qualidade do sono e

assim apresenta-se insatisfeito com sua qualidade de vida em relação ao

profissional que trabalha no período diurno, o qual possui melhor qualidade de

sono, estando mais satisfeito com sua qualidade de vida. Corroborado pela

assertiva de Barros (2007) e Siqueira et al. (2009), o sono regular proporciona

qualidade de vida.

A pesquisa foi realizada em uma instituição filantrópica denominada

Associação Hospitalar Santa Casa de Lins, na Unidade de Terapia Intensiva,

envolvendo somente os profissionais de enfermagem, compreendendo o

período de junho a setembro de 2010.

O presente estudo está estruturado em quatro partes:

Capítulo I: O sono.

Capítulo II: Qualidade de Vida.

Capítulo III: A Unidade de Terapia Intensiva.

Capítulo IV: Pesquisa.

Encerrando o trabalho, segue a proposta de intervenção e a conclusão.

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CAPÍTULO I

O SONO

1 A IMPORTÂNCIA DO SONO

Embora o sono seja um estado comportamental fundamental na

manutenção fisiológica do organismo, a restrição de sono é cada vez mais

comum nas sociedades industrializadas, devido à extensão do trabalho ao

longo das 24 horas do dia.

As causas para essa privação de sono são geralmente atribuídas à exposição excessiva à luz artificial, às novidades da sociedade moderna, às pressões socioeconômicas e aos distúrbios do sono (TUFIK, 2008, p. XV).

O sono é um assunto que fascina médicos e leigos desde a Antiguidade.

A procura por um centro específico do sono no cérebro demonstra a

complexidade e as interações necessárias para início e manutenção deste

processo (WEINER; GOETZ, 2003).

A imobilidade e a cessação de contato consciente com o mundo durante

o sono geraram incontáveis mitos, um deles é que a alma deixa o corpo e que

os sonhos são mensagens pressagiando o futuro. No entanto, Aristóteles

concluiu que o sono e os sonhos não são místicos nem míticos, mas

fenômenos naturais em estreita relação com os acontecimentos diários (TIMO-

LARIA, 2008).

Por muito tempo acreditou-se que o sono era um período passivo com

reposição da energia mental e do vigor físico, porém, sabe-se que dormir é um

estado ativo em que o cérebro continua em funcionamento, com áreas mais

ativas durante o sono do que enquanto no estado de vigília (TAVARES, 2002).

Segundo Cronfli (2002), dormir não é somente uma necessidade de

descanso físico e mental, mas também um momento para ocorrência de vários

processos metabólicos que, se alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o

organismo a curto, médio e a longo prazo.

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Estudos comprovam que indivíduos que dormem menos do que o

necessário demonstram diminuição no vigor físico, envelhecimento precoce,

vulnerabilidade a infecções, obesidade, hipertensão e diabetes (CRONFLI,

2002).

Tomografias computadorizadas do cérebro de jovens privados de sono

mostram redução do metabolismo nas regiões frontais, responsáveis pela

capacidade de planejar e executar tarefas, e na região do cerebelo,

responsável pela coordenação motora. Tais processos levam à dificuldade na

capacidade de acumular conhecimento e alterações do humor, comprometendo

a criatividade, a atenção, a memória e o equilíbrio (CRONFLI, 2002).

Embora a necessidade de sono seja uma característica individual, a

literatura mostra alguns parâmetros sobre a quantidade ideal de horas de sono.

A duração do sono reduz progressivamente ao longo da vida: o recém-

nascido dorme de 16 a 18 horas/dia, a criança de 9 a 10 horas/dia, o adulto de

7 a 8 horas/dia, e o idoso dorme 6h30 podendo chegar até 5 horas/dia.

Considerando a duração do sono e a variabilidade entre indivíduos normais, a

média está entre 7h30 a 8 horas de sono por dia (REIMÃO, 2000).

O sono varia com a idade, à medida que a pessoa envelhece ocorrem

alterações na qualidade do sono, tornando-o menos profundo, mais leve e

menos reparador, a ocorrência de distúrbios contribui para diminuição da

qualidade do sono (TAVARES, 2002).

Quando um indivíduo dorme mal pode apresentar fadiga, cansaço,

tensão, diminuição no rendimento intelectual, sintomas de depressão,

ansiedade, sonolência diurna, dores musculares e irritabilidade, efeitos que se

intensificam com a quantidade de noites mal dormidas, podendo se amenizar

ou desaparecer após noites bem dormidas(TAVARES, 2002)

Os processos neurobiológicos que ocorrem durante o sono são

necessários para a manutenção da saúde física e cognitiva, visto que

indivíduos com transtornos de sono sofrem impactos na qualidade de vida

(BERTOLAZZI, 2008).

Assim, o sono constitui um fator determinante nas condições de saúde e

bem-estar de um indivíduo, proporcionando descanso e recuperação das

energias, já que dormir bem após um dia cheio de atividades, é muito

recompensador.

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1.1 Fisiologia do sono

Durante o sono, o Sistema Nervoso Central (SNC) é sede de intensa

atividade, a qual é responsável pela quietude e pelas alterações fisiológicas,

quer seja por inibição ou por ativação de determinadas funções (ANDERSEN;

BITTENCOURT, 2008).

As manifestações motoras que chamam atenção durante o sono são a

quietude e a perda do equilíbrio postural. Em algumas espécies animais, o

equilíbrio postural é mantido até atingir a maior profundidade do sono,

prevalecendo a presença de quietude (ANDERSEN; BITTENCOURT, 2008).

As estruturas que favorecem o sono compreendem a base do

prosencéfalo, ou seja, área pré-óptica do hipotálamo, região do trato solitário

no tronco cerebral, núcleos da sutura mediana dorsal e a porção do tálamo na

linha mediana (RISTANOVIC, 2003).

O estado de vigília é formado pelo sistema ativador reticular ascendente

da ponte, o mesencéfalo e a parte posterior do hipotálamo. As funções dessas

estruturas são moduladas por neurotransmissores como serotonina,

catecolaminas e acetilcolina (RISTANOVIC, 2003).

Existem dois tipos de sono, um é o sono com movimentos oculares

rápidos, também chamado REM (Rapid Eye Movement), e outro é o sono sem

movimentos oculares rápidos, conhecido como NREM (Non Rapid Eye

Movement), este divide-se em quatro estágios, com base na profundidade e

nas alterações fisiológicas (ADAMS; VICTOR; ROPPER, 2000). Alternando

com o estado de vigília, o sono desenrola-se em fases consecutivas que se

repetem ciclicamente.

Na fase REM, a movimentação é limitada e se vincula aos sonhos,

podendo haver movimentação da face, das mãos, dos pés, dos membros

inferiores e superiores e, sobretudo, dos olhos (ANDERSEN; BITTENCOURT,

2008).

O sono REM, também denominado de sono paradoxal, é semelhante ao

estado de vigília, onde a atividade onírica é intensa com sonhos coloridos

envolvendo situações emocionalmente fortes. É nesta fase que ocorre a

integração da atividade cotidiana, essencial para o bem-estar físico e

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psicológico do indivíduo (PHIPPS apud BARROS, 2007).

Na fase NREM não ocorre movimentos oculares rápidos devido ao

relaxamento da musculatura ocular; apesar do bloqueio motor, o corpo se

movimenta dezenas de vezes, impedindo que a compressão da pele devido ao

peso do corpo cause isquemias e possíveis lesões (ANDERSEN;

BITTENCOURT, 2008).

A fase NREM ocupa maior parte do sono com quatro estágios distintos,

sendo que o 1º segue imediatamente ao estado de vigília, o 2º caracterizado

pelo fuso do sono e os 3º e 4º estágios manifestados por sono profundo

(WEINER; GOETZ, 2003).

O 1º estágio é iniciado com sonolência e dura de 1 a 2 minutos,

predominando as sensações de vazio, pensamentos incertos, mioclonias das

mãos e pés, lenta contração e dilatação pupilar e a atividade da visão fica

relacionada com acontecimentos vividos recentemente (PHIPPS apud

BARROS, 2007).

No 2º estágio, o sono é mais profundo durando de 5 a 15 minutos, os

despertares por estimulação tátil, fala ou movimentos corporais estão mais

dificultados, a atividade da visão forma sonhos com uma história integrada

(PHIPPS apud BARROS, 2007).

O 3º e 4º estágios possuem semelhanças entre si, respectivamente

duram em torno de 15 a 20 minutos e 40 minutos de sono profundo,

necessitando de estímulos maiores para despertar. O 4º estágio caracteriza-se

por secreção do hormônio de crescimento somatotrofina (GH) e síntese

protéica, reparação tecidual e inibição do catabolismo. O sono NREM

desempenha um papel anabólico, sendo essencial para conservação e

recuperação da energia física (PHIPPS apud BARROS, 2007).

Conforme Bertolazzi (2008), o sono de um adulto jovem consiste de

quatro a seis ciclos de sono REM e NREM, variando conforme o período total

de sono. O primeiro ciclo, geralmente, é mais curto durando aproximadamente

90 minutos. O indivíduo passa da vigília para o estado de sonolência seguindo

para o estágio 1, depois para o estágio 2, gradualmente com o aprofundamento

do sono surgem os estágios 3 e 4, também chamados de ondas lentas. Após

90 minutos de sono, surge o primeiro período de sono REM, tipicamente curto,

com duração de 2 a 10 minutos, delimitando o final do primeiro ciclo.

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O segundo ciclo é caracterizado pelo reaparecimento do estágio 2 e os

demais, com características específicas no decorrer da noite, sendo que os

estágios 3 e 4 possuem maior duração nos primeiros ciclos e que o sono REM

pode atingir duração de 30 a 45 minutos nos últimos ciclos (BERTOLAZZI,

2008).

“A distribuição dos estágios do sono pode ser modificada por fatores

como, por exemplo, a idade, o ritmo circadiano, a temperatura corporal, o uso

de medicamentos e alguns transtornos do sono” (BERTOLAZZI, 2008, p.16).

Segundo Andersen e Bittencourt (2008), durante o sono, ocorrem

múltiplas manifestações fisiológicas nos sistemas: cardiovascular, com pressão

arterial, frequência e débito cardíaco diminuídos, perda líquida e redução do

volume intravascular; sistema respiratório, perda do controle voluntário e

diminuição da resposta ventilatória metabólica, hipotonia dos músculos

respiratórios e consequente hipoventilação fisiológica; no digestório, redução

do fluxo de saliva, da deglutição, das contrações primárias e da mobilidade

estomacal, devido à diminuição do estímulo nervoso o tônus muscular

praticamente desaparece.

De acordo com Bertolazzi (2008), importantes funções fisiológicas estão

relacionadas ao sono, como a secreção de GH e da prolactina, e inibição do

cortisol e tireotropina (TSH). Assim, despertares interrompendo o sono podem

inibir a secreção noturna do GH e da prolactina que estão associados a

concentrações aumentadas de cortisol e TSH. O eixo gonadotrófico também é

influenciado pelo sono e, de forma recíproca, os esteróides gonodais também

afetam a qualidade do sono.

1.2 Regulação do sono

O sono é regulado por dois mecanismos: o ritmo circadiano e a

homeostasia.

O processo circadiano envolve um relógio interno de aproximadamente

24 horas, localizado no núcleo supraquiasmático do hipotálamo, tendo como

função, regular o tempo de sono e consolidar o ciclo vigília-sono. A luz, a

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atividade física e a melatonina produzida pela glândula pineal são os principais

agentes sincronizadores deste marcapasso circadiano (TOGEIRO, 2005).

O processo homeostático depende da duração da vigília e da qualidade

e duração dos episódios de sono, controlando o débito de sono e sua

recuperação (GUYTON; HALL, 2002), ou seja, a propensão ao sono aumenta

quando ele está reduzido ou ausente e diminui em resposta ao excesso de

sono.

Embora o mais evidente ritmo circadiano em humanos seja o ciclo

vigília-sono, outros parâmetros comportamentais e fisiológicos, como

temperatura corporal, secreção de hormônios, função cardiopulmonar,

desempenho cognitivo e humor, também exibem ritmicidade circadiana

(BERTOLAZI, 2008).

1.3 Ciclo vigília-sono

O ciclo vigília-sono é considerado uma adaptação do organismo ao ciclo

dia-noite, persistindo mesmo na ausência de pistas temporais. Tal ritmicidade

biológica em ambientes naturais ou artificiais é uma demonstração do caráter

endógeno dos ritmos biológicos (ROTENBERG et al., 2003).

O período endógeno de um ritmo é diferente do período do ciclo

ambiental a que está sincronizado, sendo ligeiramente maior ou menor.

Portanto, o termo circadiano, ou seja, cerca de um dia, caracteriza ritmos com

períodos endógenos em torno de 24horas (BENEDITO-SILVA, 2008).

Em condições normais, o sincronizador circadiano é arrastado às

oscilações rítmicas do ambiente, tais como horários de trabalho, de lazer e o

ciclo claro-escuro que é o mais potente para espécie humana (MARQUES,

2003).

Em condições de sincronização, a temperatura do corpo está em ritmo

com o ciclo vigília-sono decrescendo por volta das 4 horas da manhã e

aumentando antes do início da vigília (HIPÓLIDE, 2008).

São vários os fatores que contribuem para alteração do sono, sendo eles

fatores físicos, sócio-culturais, psicológicos e ambientais (BARROS, 2007).

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Nos finais de semana, é comum o atraso para iniciar o sono, visto que o

indivíduo não tem compromisso, correspondendo à ausência de

sincronizadores (TUFIK, 2008).

Existem diferenças individuais na preferência pelos horários de vigília e

de sono, assim, a população humana pode ser dividida em três tipos: os

matutinos, os vespertinos e os indiferentes.

Os matutinos que adormecem cedo por volta das 22h ou menos e

despertam cedo em torno das 6h; os vespertinos com tendência a

adormecerem tarde às 24h ou mais e despertarem tarde por volta das 8h, e os

indiferentes que são mais adaptáveis às mudanças de horário (REIMÃO,

2000).

As fases dos ritmos endógenos dos matutinos costumam ser adiantadas

e a dos vespertinos atrasadas em relação à população geral, já os ritmos

endógenos dos indiferentes ocupam fases intermediárias às dos matutinos e

vespertinos (BENEDITO-SILVA, 2008).

Além da matutinidade e vespertinidade, consideram-se as diferenças

individuais quanto às horas de sono consideradas necessárias para cada

indivíduo.

Considerando dois grupos distintos, encontram-se os indivíduos com

sono de curta duração, que são os dormidores curtos, e indivíduos com sono

de longa duração, os dormidores longos. Essas características são

manifestadas a partir da adolescência e permanecem ao longo da vida,

dificultando a adaptação aos horários sociais (REIMÃO, 2000).

Os dormidores curtos, também chamados de pequenos dormidores,

precisam de no máximo 6h30 de sono, enquanto os dormidores longos ou

grandes dormidores necessitam de no mínimo 8h30 de sono (BENEDITO-

SILVA, 2008).

Além de diferirem quanto ao número de horas de sono necessárias, os

indivíduos se diferenciam na distribuição das fases do sono ao longo da noite.

Os pequenos e grandes dormidores podem combinar-se de diversas

maneiras com o caráter de matutinidade e vespertinidade, havendo pequenos

dormidores matutinos ou vespertinos e grandes dormidores matutinos ou

vespertinos (BENEDITO-SILVA, 2008).

O ciclo vigília-sono é sensível às mudanças temporais do ambiente,

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podendo apresentar alterações no horário de iniciar o sono, na expressão

circadiana dos fins de semana, vôos transmeridianos, horários irregulares de

trabalho e experimentos em unidades de isolamento temporal (BENEDITO-

SILVA, 2008).

A ampliação dos processos contínuos de produção tem desrespeitado

os horários tradicionais da sociedade e criado situações em que o horário de

trabalho entra em contradição com o horário socialmente estabelecido. Quando

o trabalhador é submetido ao trabalho noturno, ele passa a dormir de dia, mas

seus ritmos circadianos não se invertem.

Apesar do sincronizador representado pelo horário de trabalho ter

invertido, o mesmo não ocorre com os horários da família e da sociedade, é

como se houvesse um conflito de sincronizadores, deixando o organismo do

trabalhador em turnos, em desordem temporal (TUFIK, 2008).

Segundo Moreno, Fisher e Rotenberg (2003), o sono diurno é

prejudicado por condições ambientais não favoráveis como a iluminação, os

ruídos e acontecimentos domésticos, modificando a distribuição das fases do

sono e interferindo em sua propriedade restauradora.

1.4 Privação do sono

Nas últimas décadas, houve uma diminuição progressiva na duração do

sono, além do aumento de trabalhos em turnos na população em geral. Dessa

forma, a redução do tempo de sono bem como sua privação, têm sido

considerados fatores de risco à população (MELLO; SANTOS; PIRES, 2008).

Trabalhadores do período noturno ou de turnos alternados lutam contra

o sono e forçam um estado de vigília para executar suas funções, afetando a

concentração, a memória e causando um baixo rendimento profissional

(INOCENTE et al., 2006).

Atualmente grupos de trabalhadores incluindo médicos, enfermeiros,

soldados, mães e motoristas são parcialmente ou totalmente privados de

dormir devido a suas rotinas de trabalho (BARROS, 2007).

A cada dia que passa, a sociedade dorme menos, seja em consequência

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do trabalho, de algum distúrbio do sono ou pelo lazer, e esse débito de sono

acarreta em estresse e outros prejuízos à saúde.

Uma condição bastante comum nos dias de hoje, e que não representa uma patologia, é a redução voluntária do período de sono. Apesar de todas as facilidades tecnológicas, a população dorme em média, 90 minutos a menos do que dormia no início do século XX (SUCHECKI; D´ALMEIDA, 2008, p.78).

Nos dias atuais, tanto a privação do sono como a sonolência excessiva

observada na sociedade, são destaques em tópicos de saúde pública,

associando-se à redução da qualidade de vida, da produtividade, bem como o

aumento na incidência de acidentes (MELLO; SANTOS; PIRES, 2008).

A privação de sono tem sido uma das ferramentas mais utilizadas por

muitos pesquisadores no estudo sobre o sono, um fenômeno complexo e

extremamente importante para o bom funcionamento do corpo e da mente

(BARROS, 2007).

Os primeiros estudos experimentais sobre a privação do sono, utilizou

filhotes de cães privados de dormir durante 4 a 6 dias, tempo suficiente para

levá-los à morte, pois, ao final do experimento, os cães apresentavam profunda

hipotermia, redução do número de hemácias e hemorragias capilares na

substância cinzenta do cérebro. Ao comparar os resultados deste experimento

com outro em que os cães ficaram privados de alimento de 20 a 25 dias,

concluiu-se que a ausência total de sono é mais fatal para os animais do que a

ausência total de alimentos (SUCHECKI; D´ALMEIDA, 2008).

Em seres humanos, o primeiro estudo de privação seletiva do sono, ou

seja, privação apenas do sono REM, foi realizado com indivíduos que eram

acordados no início de cada episódio de sono REM, durante cinco noites

consecutivas. Ao final desse período, os sujeitos reclamavam de irritabilidade,

ansiedade e dificuldade de concentração, tais desconfortos eram revertidos

com apenas uma noite de sono (DEMENTE; FISHER apud SUCHECKI;

D´ALMEIDA, 2008).

A privação do sono pode ser total, quando todos os seus estágios são

bloqueados, ou parcial, quando apenas alguns estágios são interrompidos. A

privação parcial do sono é o método mais utilizado para estudos em seres

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humanos (BARROS, 2007).

A privação total, parcial ou a diminuição do período de sono leva a

alterações cognitivas, metabólicas e hormonais importantes. Baseados em

estudos com animais e com seres humanos, é possível sugerir que a privação

do sono por si só, é estressante (SUCHECKI; D´ALMEIDA, 2008).

Condições patológicas também levam à privação parcial de sono,

acarretando consequências ao metabolismo e outros distúrbios do sono

(SUCHECKI; D´ALMEIDA, 2008).

Barros (2007) relata que, após uma noite sem sono, os olhos ardem, o

estômago dói, aumenta a produção de suco gástrico e consequente azia, além

da presença de mal-estar generalizado com dores nas articulações e

diminuição da resistência imunológica.

1.5 Aspectos imunológicos da privação do sono

Durante muitos anos a interação entre o sono e o sistema imunológico

tem sido alvo de importantes investigações. Aristóteles foi o primeiro a relatar

que, em seres humanos, o sono se modificava em decorrência de uma doença,

como por exemplo, presença de sonolência durante um período febril (PALMA,

2008).

Segundo Hipólide (2008), em algumas infecções e estados inflamatórios,

observa-se letargia e um desejo intenso de dormir. Em situações de privação

de sono, também ocorre aumento da suscetibilidade a uma infecção,

demonstrando uma comunicação entre o sono e o sistema imunológico.

O sono é extremamente importante para o sistema imunológico, através

dos efeitos de sua privação é possível estudar e compreender a função de

imunorreguladores que trabalham durante o sono, para manutenção e

preservação da função imunitária (BERTOLAZI, 2008).

Segundo Siqueira et al. (2009), o sono regular proporciona qualidade de

vida e sua privação pode afetar a regeneração celular e a função imunitária.

Acredita-se que o sono seja um componente importante no processo de

cicatrização, uma vez que a síntese protéica, a divisão celular e a secreção de

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GH estão aumentadas nesse estado. Dessa forma, o sono cronicamente

prejudicado, favorece o retardo de alguns processos de recuperação

(BENEDITO-SILVA, 2008).

A privação do sono parece afetar as células Natural Killer (NK), que são

importantes no combate a infecções virais, diminuindo suas atividades no

sistema imunológico e tornando o organismo mais suscetível a infecções

oportunistas (PALMA, 2008).

Vários estudos epidemiológicos têm sido conduzidos para avaliar a influência do sono na qualidade de vida, mortalidade e morbidade. Um estudo retrospectivo realizado na Dinamarca mostrou que mulheres que realizavam trabalhos noturnos apresentavam maior risco relativo de desenvolver câncer de mama (HANSEN apud PALMA, 2008).

A privação parcial de sono, logo após a imunização contra Hepatite A,

reduz significativamente o número de anticorpos produzidos. Indivíduos

vacinados contra Influenza, parcialmente privados de sono, apresentam

prejuízos na formação de anticorpos quando comparados aos que dormiam

regularmente (ANDERSEN; BITTENCOURT, 2008).

Um aspecto que demonstra a relação entre a privação do sono e o

sistema imunológico é a observação de que distúrbios de sono são

frequentemente relatados em algumas desordens imunológicas e auto-imunes,

tais como a fibromialgia, síndrome da fadiga crônica, artrite reumatóide e lúpus

eritematoso sistêmico, sendo que a maioria dos portadores dessas doenças

queixam-se de má qualidade de sono (PALMA, 2008).

O sono é um componente significativamente importante do sistema

imunológico, sendo considerado um modulador dos eventos que garantem uma

resposta imunológica de qualidade (GUYTON; HALL, 2002).

1.6 Sonolência

O sono é resultado do sistema circadiano e do processo homeostático, o

primeiro promove e mantém vigília durante o dia, gerando um sinal de alerta

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com variações de intensidade. Já o processo homeostático ocorre devido ao

acúmulo de sono, resultante da duração da vigília e da quantidade e qualidade

do sono (MELLO; SANTOS; PIRES, 2008).

Dessa forma, a magnitude da sonolência será determinada pela

combinação do sistema circadiano e do processo homeostático.

A sonolência é uma função fisiológica caracterizada pela redução da

habilidade de manter a vigília, aumento da propensão ao sono e probabilidade

de adormecer (MELLO; SANTOS; PIRES, 2008). Já a sonolência excessiva,

refere-se a uma propensão aumentada ao sono com compulsão para dormir,

tirar cochilos involuntários e ataques de sono em horários e locais

inapropriados (BASSETTI; GUGGER, apud ANDERSEN; BITTENCOURT,

2008).

A sonolência excessiva pode originar de vários fatores como o sono

inadequado, insuficiente, fragmentado e pouco restaurador. Outro fator

observado é o regime de trabalho noturno, comprometendo o sistema

circadiano devido à necessidade de inverter o padrão de vigília-sono para

cumprir o horário de trabalho (INOCENTE, 2006).

O sintoma de sonolência excessiva por muito tempo foi atribuído à

depressão, apatia, fadiga ou característica de uma personalidade negativa

(KRUPP apud ANDERSEN; BITTENCOURT, 2008), dessa forma é importante

distinguir a fadiga da sonolência.

A fadiga é referida como cansaço, falta de energia e exaustão, sendo

geralmente induzida por excesso de atividade e aliviada através de repouso. Já

a sonolência excessiva é referida como uma diminuição da capacidade de

trabalho físico e/ou mental e apresenta alívio incompleto com o repouso ou

sono, estando geralmente associada a distúrbios do sono (BAKSHI apud

ANDERSEN; BITTENCOURT, 2008).

Conforme Mello, Santos e Pires (2008), quanto maior o tempo de vigília,

maior a probabilidade de ocorrer episódios de sonolência e mais rapidamente

um indivíduo pode adormecer. Antes disso, a sonolência produz alterações na

capacidade de concentração e no desempenho de atividades.

O desempenho cognitivo e psicomotor é significativamente diminuído

durante a noite, atingindo o mínimo durante a madrugada, dificultando o nível

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de alerta e desempenho na segunda metade da noite. Tal dificuldade é

frequentemente enfrentada pelos trabalhadores noturnos (SIQUEIRA, 2009).

A restrição aguda e crônica de sono, a desorganização circadiana e os distúrbios do sono podem agir de maneira sinérgica para aumentar o risco de sonolência grave, com consequências danosas para a saúde e a segurança, tanto individual quanto pública (MELLO; SANTOS; PIRES, 2008, p. 419).

Esforços na implementação de estratégias para promoção da qualidade

de sono e combate à sonolência devem ser vistas como ações prioritárias.

Entre elas, destacam-se as medidas de higiene de sono, os cochilos

programados, uso racional de cafeína, adequação das escalas de trabalho e a

avaliação criteriosa da qualidade do sono por meio de medidas subjetivas

como questionários e escalas específicas (MELLO; SANTOS; PIRES, 2008).

1.7 Principais distúrbios do sono

De acordo com Souza (2000), são listados 84 distúrbios do sono, cada

qual com seus detalhes descritivos, diagnósticos específicos, critérios de

duração e severidade. Quatro categorias são mais conhecidas, sendo elas:

a) as dissônias que são distúrbios de iniciar e manter o sono e

sonolência excessiva;

b) as parassônias;

c) as associações com distúrbios médicos e psiquiátricos;

d) os distúrbios de sono propostos.

Os dados populacionais de prevalência de insônia em adultos variam de

30 a 40%; nos centros de distúrbios do sono cerca de 15 a 25% dos indivíduos

com insônia crônica recebem o diagnóstico de insônia primária (REIMÃO,

2000).

Há ocorrências de narcolepsia, que são ataques repetidos e irresistíveis

de sono reparador a qualquer momento e local, e apneia do sono, transtorno

relacionado a interrupções ou diminuição da respiração durante o sono

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(SOUZA, 2000).

Os transtornos do ritmo circadiano prevalecem na fase de sono atrasado

em adolescentes e nas mudanças frequentes de turno de trabalho para

profissionais que trabalham à noite (SIQUEIRA, 2009).

As parassônias causam pesadelos e sonambulismo em crianças e terror

noturno em adultos. Já a insônia é a mais comum, prejudicando a qualidade de

vida das pessoas e causando sérias consequências à sociedade, mais comum

em mulheres, descasados, desempregados, pobres e idosos, sendo um

problema de saúde pública que afeta de 30 a 35% dos brasileiros (PINTO;

MORAES, 2008).

Conforme Souza (2000), a prevenção é o melhor procedimento,

adquirindo hábitos saudáveis e rotineiros que garantam a chamada higiene do

sono, que pode ser adaptada a qualquer pessoa, visto que nos dias atuais é

um privilégio dormir bem.

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CAPÍTULO II

QUALIDADE DE VIDA

2 CONCEITUAÇÃO: MÚLTIPLAS IDENTIDADES

De acordo com Kimura e Silva (2009), a qualidade de vida (QV) é um

conceito que tem sido alvo de crescente interesse público e científico, ainda

assim, mesmo com sua frequente utilização não existe uma definição

consensualmente aceita.

Segundo Correa (2004), o conceito de QV é adotado por numerosas

organizações internacionais, sendo um paradigma para diferentes disciplinas e

áreas do conhecimento humano, em especial aquelas voltadas à saúde.

O conceito de QV é um termo utilizado em duas vertentes: na linguagem

cotidiana pela população, jornalistas, políticos, profissionais de diversas áreas;

e no contexto da pesquisa científica, em diferentes campos do saber, como

Economia, Sociologia, Educação, Medicina, Enfermagem, Psicologia e outras

especialidades da saúde (SEIDL; ZANNON, 2004).

Minayo et al. (2000) afirmam que QV se trata de uma representação

social criada a partir de parâmetros subjetivos de bem-estar, felicidade, amor,

prazer e realização pessoal, e parâmetros objetivos, cujas referências são a

satisfação das necessidades criadas pelo grau de desenvolvimento econômico

e social de determinada sociedade.

Conforme Pinto-Neto e Conde (2008), o conceito de QV é subjetivo e

multidimensional, influenciado por fatores relacionados à educação, economia

e aspectos socioculturais, não havendo um consenso quanto à sua definição.

Apesar de não haver consenso quanto à definição de QV,

a maioria dos autores concorda que em sua avaliação devem ser contemplados os domínios físico, social, psicológico e espiritual, buscando captar a experiência pessoal de cada indivíduo (PINTO-NETO; CONDE, 2008, p. 1).

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O consenso quanto à multidimensionalidade refere-se ao

reconhecimento de que o construto é composto por diferentes dimensões

(SEIDL; ZANNON, 2004).

Estudiosos enfatizam que a QV só pode ser avaliada pela própria

pessoa, ao contrário das tendências iniciais, onde a avaliação era feita por um

observador, usualmente um profissional de saúde (SEIDL; ZANNON, 2004).

O conceito de QV depende de indivíduo para indivíduo e tende a mudar

ao longo da vida de cada um, sendo múltiplos os fatores que determinam a

qualidade de vida de pessoas e comunidades (NAHAS, 2003), podendo variar

conforme os objetivos, as perspectivas e os projetos de vida de cada pessoa.

Minayo et al. (2000) identificaram a expressão QV como uma figura do

discurso que implica em muitos sentidos, podendo indicar bem-estar pessoal,

posse de bens materiais, participação em decisões coletivas e muito mais.

A QV diz respeito a como as pessoas vivem, sentem e compreendem

seu cotidiano, envolvendo saúde, educação, transporte, moradia, trabalho e

participação nas decisões que determinam como vive o mundo (VILARTA;

GONÇALVES, 2004), incluindo tranquilidade, satisfação, sentimento, emoções

e criatividade (MARQUES, 2004).

Dentre os fatores associados à expressão QV destaca-se o estado de

saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações familiares,

disposição, prazer e até espiritualidade (NAHAS, 2003).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define QV como “a percepção

do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos

sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos,

expectativas, padrões e preocupações” (The WHOQOL Group apud SEIDL;

ZANNON, 2004, p. 583).

Para formulação do conceito de qualidade de vida deve-se analisar os

aspectos históricos, onde o bem-estar de uma sociedade relaciona-se ao

momento no qual ela se encontra inserida.

Assim, a preocupação com o conceito de QV refere-se a um movimento

das ciências humanas e biológicas no sentido de valorizar parâmetros mais

amplos que o controle de doenças, a diminuição da mortalidade e o aumento

da expectativa de vida, reportando uma preocupação mundial (MIRANDA,

2006).

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Para Lacaz (2000), a terminologia qualidade de vida está sendo bastante

difundida em todo o mundo, incorporando uma imprecisão conceitual por se

tratar de uma expressão muito abrangente e dotada de subjetividade.

Kimura e Silva (2009) também revelam que se trata de um conceito

amplo e complexo que admite uma diversidade de significados, com várias

abordagens teóricas e inúmeros métodos para medida do tema.

Diante deste contexto, a transformação de informações subjetivas que

envolvem conceitos individuais, em dados objetivos e mensuráveis, é realizada

através de indicadores de qualidade de vida.

2.1 Indicadores de qualidade de vida

Através de revisão de literatura, Kimura e Silva (2009) identificaram

núcleos intrínsecos para o conceito de QV, sendo eles: capacidade de viver

uma vida normal, capacidade para viver uma vida socialmente útil, capacidade

natural física e mental, alcance de objetivos pessoais, felicidade/afeto e

satisfação com a vida.

Quando se trata de QV no trabalho devem ser levados em consideração

os indicadores econômicos (equidade salarial), políticos (segurança no

emprego), psicológicos (auto-realização) e sociológicos (participação nas

decisões do trabalho) (CAMPOS et al., 2008).

Segundo Guimarães (2000), os domínios que avaliam a QV são: físico

(dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso), psicológico (ansiedade,

depressão e medo), relações sociais, ambiente e espiritualidade (religião e

crenças).

2.2 Qualidade de vida no trabalho

O trabalho vem se tornando cada vez mais central na vida das pessoas,

trazendo consequências para a integridade física, psíquica e social dos

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trabalhadores (FRANÇA; RODRIGUES, 2002).

Os trabalhadores aplicam conhecimento e força na produção de bens e

serviços, deixando a saúde e a QV relegada a segundo plano, isso por

sobrevivência e interesse corporativo voltado à produção e ao lucro. Tanto a

sociedade, como a empresa e o próprio trabalhador pouco se questionam

acerca das responsabilidades sobre a saúde dos envolvidos no processo de

produção (VILARTA; GONÇALVES, 2004).

Lacaz (2000) diz que a qualidade de vida do trabalhador passa por

noções de motivação, satisfação, saúde e segurança no trabalho, envolvendo

recentes discussões sobre as formas de organização e novas tecnologias no

ambiente de trabalho.

Segundo Miranda (2006), o local de trabalho sofre modificações para

acompanhar o avanço tecnológico, com mais velocidade do que a capacidade

de adaptação dos trabalhadores, que vivem sob contínua tensão no

desempenho de suas tarefas e na vida geral.

Especialmente nos países em desenvolvimento, os trabalhadores

encontram-se divididos entre desempregados ou subempregados, estando

submetidos a uma carga de trabalho física e psicológica acima de suas

capacidades, proporcionada por uma cobrança de alto desempenho e pelo

medo de perder o emprego (MIRANDA, 2006).

Recentemente a sociedade tem visto a expansão dos setores geradores

de serviço, mas poucos esforços são dirigidos à promoção da saúde e da

qualidade de vida no local de trabalho, o que depende da mobilização e atitude

de empregadores para elaborar, financiar e encorajar a implantação de

programas para este fim (VILARTA; GONÇALVES, 2004).

No entanto, a responsabilidade social das corporações sobre a QV do

trabalhador, da família e da comunidade está ganhando espaço nas empresas

brasileiras, onde o local de trabalho passa a ser um meio para mobilização de

idéias e práticas sociais.

Nesse novo contexto, a integração entre fornecedores, empregados e

consumidores, valoriza a conduta ética e de bem-estar dos funcionários e da

sociedade, preocupando-se com os processos industriais, com a saúde do

trabalhador e com o meio ambiente.

Porém, essa visão integradora é pouco difundida, sendo mais comum o

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estabelecimento de convênios com prestadores de serviços, quase sempre

financiados pelo próprio usuário. Esporadicamente, ocorrem ações voltadas

para ergonomia, adequações de imobiliário e instalações de equipamentos no

posto de trabalho, além de programas de atividade física preventiva (VILARTA;

GONÇALVES, 2004).

Segundo Haddad et al. (2000), para que a QV no trabalho seja

alcançada, é necessário que o trabalhador tenha salário adequado e justo,

condições de segurança e saúde, desenvolvimento de habilidades e

capacidades, oportunidade de crescimento e estabilidade, integração social,

constitucionalismo na organização do trabalho e relevância social perante a

instituição.

Para que os trabalhadores possam usar e desenvolver suas habilidades

e capacidades, é necessário autonomia no trabalho, utilização de múltiplas

habilidades, informação e perspectiva de crescimento profissional, realização

de tarefas completas e planejamento de atividades (HADDAD, 2000).

O constitucionalismo na organização do trabalho refere-e às normas

estabelecidas sobre direitos e deveres dos trabalhadores; os aspectos mais

significativos versam sobre a privacidade, a liberdade de expressão e a

abordagem justa em todos os assuntos (HADDAD, 2000).

Existem vários aspectos que influenciam na qualidade de vida do

profissional, dentre eles destacam-se a vertente sociocultural e os problemas

na instituição.

De acordo com Vilarta e Gonçalves (2004), os aspectos socioculturais,

como localização e conforto residencial, acesso a transporte, horários da

jornada de trabalho e a indisponibilidade de tempo para realização de

atividades físicas, podem influenciar na qualidade de vida.

Os problemas institucionais de estrutura física inadequada, falta de

recursos materiais e programas específicos para os trabalhadores, acarretam

riscos à saúde, como estresse, hipertensão, tabagismo, distúrbios da coluna

vertebral, sobrepeso e obesidade, abuso de álcool e drogas, depressão e

problemas de saúde mental (VILARTA; GONÇALVES, 2004).

A qualidade de vida assegurada no trabalho é o primeiro passo para

manter a integridade física e mental do profissional e consequente melhoria em

vários aspectos da vida deste trabalhador (MIRANDA, 2006).

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Portanto, o estado físico e emocional do trabalhador afeta significativamente a

capacidade para o trabalho e a realização de atividades sociais.

São muitos os benefícios da QV no trabalho como: a redução do

absenteísmo, a baixa rotatividade, a atividade favorável ao trabalho, a

redução/eliminação da fadiga, a promoção da saúde e segurança, a integração

social, o desenvolvimento da capacidade humana e o aumento da

produtividade (MIRANDA, 2006).

Assim, Vilarta e Gonçalves (2004) destacam a necessidade de ações de

promoção da saúde voltadas às condições de risco dos trabalhadores, através

de prevenção e controle de doenças, estímulo, motivação, formação de

ambiente organizacional adequado e de estilos de vida mais saudáveis.

“Nascemos e morremos dentro das organizações de trabalho. As

sociedades se organizam em função do trabalho. Toda a nossa vida é baseada

no trabalho, portanto, devemos torná-lo o mais prazeroso possível” (ZANELLI

apud SOTO; SPEGIORIN; TEIXEIRA, 2007, p. 12). Por isso, é de suma

importância que o trabalho seja desenvolvido em um ambiente que permita a

convivência tranquila e motivante, mesmo porque não se desvincula a

qualidade de vida da satisfação no trabalho.

2.3 Qualidade de vida e o profissional de enfermagem

A enfermagem é uma profissão que atua no sentido de proporcionar

condições para melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, famílias e da

comunidade em geral.

A situação de assistir ao doente coloca o profissional de enfermagem em

uma posição de total doação, muitas vezes levando-o a abdicar de sua própria

vida em benefício de seu paciente (FORTUNA, 2003).

O profissional de enfermagem é um colaborador que sofre profundas

modificações em decorrência de treinamento especializado, conhecimento e

experiência; são pessoas que estão diariamente expostas à dor, à doença e à

morte (SOTO; SPEGIORIN; TEIXEIRA, 2007).

No que se refere ao profissional em atividade, o estresse pode afetar o

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desempenho negativamente, ocasionando a redução da produtividade,

comprometimento dos níveis de satisfação e de qualidade de vida (MIRANDA,

2006).

A baixa remuneração aliada à pressão da responsabilidade, capacidade

de trabalho aparentemente inesgotável e relutância em reconhecer que nem

sempre é possível salvar vidas, torna os profissionais da área de saúde

vulneráveis ao estresse típico da profissão (POLES, 2005).

Outro problema enfrentado pelos profissionais de enfermagem em

hospitais é a quantidade de funcionários, onde a redução do quadro de pessoal

favorece o estresse para os trabalhadores, aumentando a carga física, psíquica

e emocional, diante da impossibilidade de prestação de assistência adequada

(LOPES, 2001).

Em se tratando do ambiente hospitalar, muito se tem discutido e

publicado a respeito das condições inadequadas de trabalho nessas

instituições, expondo seus trabalhadores a riscos de todos os níveis,

proporcionando condições menos favoráveis em relação a outros serviços

(SILVA; MARZIALE apud OLIVEIRA; ARAÚJO; MORI, 2007).

Os profissionais de enfermagem deparam-se com a falta de estímulo e

reconhecimento de chefias e ressentem a falta de participação na tomada de

decisões, provocando um forte sentimento de desvalorização, desânimo,

desinteresse, fadiga e relação desumanizada com o paciente (LOPES, 2001).

De acordo com Barros et al. (2003), a demanda de trabalho foi apontada

como um dos aspectos que mais afeta a enfermagem no seu contexto de

trabalho, associando o déficit de pessoal como um causador da deterioração

da qualidade da assistência, compreendendo um desequilíbrio entre as

exigências do trabalho e o atendimento da enfermagem diante de tanto

desgaste profissional.

Por isso, deve-se observar a qualidade de vida do trabalhador de

enfermagem em seu meio laboral, identificando fatores que possam contribuir

para possíveis desgastes do profissional.

Se por um lado as dificuldades encontradas no trabalho de enfermagem

constituem fatores desgastantes, por outro, a satisfação em cuidar é

potencializadora da qualidade de vida no trabalho (ROCHA, 2004).

Isso se deve ao fato de que para prestar uma assistência de saúde é preciso

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que se tenha qualidade de vida no trabalho, tendo como marco as condições

de trabalho, a identificação com a profissão e o relacionamento interpessoal

(SOTO; SPEGIORIN; TEIXEIRA, 2007).

A QV e a satisfação profissional do trabalhador estão diretamente

relacionadas com indicadores de status profissional, interação, remuneração,

requisitos do trabalho e normas organizacionais, significando a valorização que

o indivíduo faz diante de vários aspectos da vida atual e em termos globais

(MARQUES, 2004).

Conforme Soto, Spegiorin e Teixeira (2007), é importante definir o que é

qualidade de vida para que se possa compreender sua importância nos termos

gerais e no contexto específico dos profissionais de enfermagem.

Na pesquisa realizada por Haddad et al. (2000) sugere-se que seja

construída uma equipe interdisciplinar de apoio ao trabalhador, com a

finalidade de desenvolver programas voltados aos profissionais de

enfermagem, visando ao trabalho em harmonia, através do desenvolvimento de

atividades, da identificação de problemas, do planejamento e da avaliação

constante dos resultados, em conjunto com a administração e os

trabalhadores.

2.3.1 Trabalho em turnos na enfermagem

A Enfermagem é uma das profissões que se encontra sujeita ao regime

de trabalho em turnos, constituindo uma prática frequente e necessária às

organizações, principalmente as hospitalares, sendo uma forma de

organização temporal em consequência da extensão do trabalho ao longo das

24 horas do dia (LOURENÇO; RAMOS; CRUZ, 2008).

A atividade laboral hospitalar possui características especiais como o

trabalho noturno, a alternância, as horas extras e os plantões, ocasionando

desgaste físico, alteração no ritmo circadiano, sono insuficiente, diminuição da

capacidade cognitiva e de execução de tarefas, favorecendo a ocorrência de

acidentes e doenças relacionadas ao trabalho (SÊCCO et al., 2005).

Em pesquisa realizada por Lourenço, Ramos e Cruz (2008), desvela-se

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que a enfermagem não tem qualidade de vida devido à falta de reconhecimento

profissional e ao salário incompatível, acarretando em dupla jornada de

trabalho, exaustão, sono e alimentação inadequados e dificuldades na vida

social.

Conforme Lourenço, Ramos e Cruz (2008), o trabalho em turnos é

prejudicial para a saúde e bem-estar dos trabalhadores, à medida que ocorre

um conflito entre o ritmo normal do organismo e os ritmos circadianos.

Segundo Beck (2000), duplas ou triplas jornadas de trabalho

remunerado e formal relacionam-se diretamente a horários irregulares de

atividade de vida diária, constituindo mediadores potenciais no desequilíbrio da

saúde física e mental, além de desajustes na vida social e familiar.

No estudo sobre turnos fixos de 12 horas, Metzner e Fisher (2001)

afirmam que nesses formatos existe um aumento da quantidade de trabalho,

fadiga e queda no desempenho, mesmo quando se favorece um melhor ajuste

de folgas.

O trabalho em turnos constitui um problema para a maioria dos

trabalhadores e um enorme desafio para a comunidade, instituições e

estudiosos, constituindo um problema de saúde pública (LOURENÇO; RAMOS;

CRUZ, 2008).

A organização temporal do trabalho em turnos traz inegáveis prejuízos

para a saúde do trabalhador nos aspectos físico, psíquico, emocional e social,

podendo ser causa de uma série de distúrbios fisiológicos e psicossociais

devido às mudanças dos ritmos biológicos, e dessincronização familiar e social

na vida do trabalhador (LOURENÇO; RAMOS; CRUZ, 2008).

Segundo Lourenço, Ramos e Cruz (2008), as principais consequências

do trabalho em turnos são perturbações do sono, distúrbios gastrointestinais e

cardiovasculares e alterações psicológicas, sociais e familiares.

O trabalho em turnos pode alterar negativamente a vida social e familiar

dos trabalhadores, os indivíduos mais afetados são os que praticam o sistema

de turnos rotativos e nem sempre os dias de descanso coincidem com o de

seus familiares e amigos, nem com o restante da sociedade (LOURENÇO;

RAMOS; CRUZ, 2008).

Essa dessincronização entre os horários impede que o indivíduo

acompanhe a vida de seus familiares, podendo surgir problemas de

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relacionamento familiar e perturbação das atividades sociais, levando a um

isolamento social (LOURENÇO; RAMOS; CRUZ, 2008).

O trabalho noturno, o trabalho alternado e os plantões são

especificidades do trabalho da enfermagem, são jornadas que começam muito

cedo e terminam muito tarde, interferindo no sono e dificultando a conciliação

entre a vida familiar e social (LOPES, 2001).

Segundo Lopes (2001), as atividades de enfermagem exigem muita

atenção, como o preparo de medicamentos e a observação de pacientes em

estado grave. Assim, o atendimento noturno torna-se mais penoso do que o

diurno, já que o déficit de sono reduz a capacidade cognitiva, interferindo na

execução de tarefas, expondo trabalhador e paciente a acidentes e falhas.

Na área de enfermagem, o trabalho ocupa uma boa parte do tempo

destes profissionais que, em geral, possuem dois vínculos empregatícios e por

vezes, estudam para suprir as exigências do mercado de trabalho e manterem-

se economicamente.

Dada a polêmica, a atualidade e a relevância do assunto, é

recomendável a continuação das pesquisas e que os profissionais que

trabalham nessas circunstâncias sejam periodicamente avaliados quanto as

suas condições de trabalho, saúde e capacidade, e que estas sejam

continuamente melhoradas (METZNER; FISHER, 2001).

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CAPÍTULO III

A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

3 HISTÓRICO

As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) surgiram na década de 1950,

durante a epidemia de poliomielite na Europa e EUA. Nesse período, havia a

necessidade de ventilação mecânica para esses pacientes, agrupando-os em

locais onde se concentravam equipamentos e pessoal habilitado em suporte

avançado de vida (MOURA, 2005).

Na esteira dos acontecimentos, foram implantadas as primeiras UTIs

respiratórias, permitindo o tratamento da insuficiência respiratória associada

aos quadros bulbares (ORLANDO, 2008).

Portanto, para suprir a necessidade de oferta de suporte avançado de

vida a pacientes agudos com chances de sobrevivência, foram criadas as UTIs

(BARROS; ROSADAS; MIRANDA, 2008). Sendo locais destinados à prestação

de assistência especializada ao paciente gravemente enfermo, interando

recursos tecnológicos, estrutura organizacional e qualificação dos profissionais

(GOLDWASSER; GUIMARÃES, 2008).

Entretanto, entre 1853 a 1856, na guerra da Criméia, Florence

Nightingale já providenciava um método de observação contínua para grande

quantidade de pacientes, que os dispunham nas enfermarias de tal forma que

os mais graves ficassem junto à área de trabalho das enfermeiras,

estabelecendo observação e atendimento contínuos (GOMES, 2008).

3.1 O cuidado intensivo

Durante o desenvolvimento de métodos especiais no atendimento ao

paciente hospitalizado, procurou-se o melhor meio de cuidado a ser

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dispensado ao paciente crítico, não só para sua sobrevida, mas para

reintegração a uma existência normal, com o mínimo de desconforto possível

(NASCIMENTO; TRENTINI, 2004).

Por muito tempo, os hospitais criaram áreas com vários leitos, ocupados

por pacientes com diferentes níveis de atenção e assistência, os equipamentos

ficavam alocados por toda parte reduzindo o espaço físico e dificultando a

locomoção da equipe (GOMES, 2008).

Gradativamente foram introduzidas algumas modificações com o

objetivo de melhorar a observação dos pacientes críticos, ocorrendo uma

diminuição do número de leitos e a criação de espaço físico adequado para

abrigar equipamentos mínimos, permitindo livre circulação da equipe

multiprofissional (GOMES, 2008).

Com a implantação dessas áreas e a vigilância constante sobre o

paciente em estado crítico, iniciou-se um período de caracterização dos

cuidados dispensados.

A forma de atendimento aos pacientes nessas áreas, ainda não muito

específicas, tornava-se altamente onerosa para a instituição; o trabalho da

enfermagem ficou dificultado pela falta de especialização e disponibilidade de

pessoal dedicando tempo significativo para cuidar desses pacientes (MUÑOZ

et al., 2005).

O meio encontrado para atender o paciente crítico foi a criação de um

serviço dentro do hospital que proporcionasse recursos para o cuidado

intensivo, aliando conhecimento sobre doenças, precisão de equipamentos,

métodos assistenciais e vigilância contínua, com predominância do fator

dedicação (ORLANDO, 2008).

Segundo Gomes (2008), são essenciais para o cuidado intensivo, a

enfermagem permanente com treinamento específico e completo

desenvolvendo um serviço contínuo, pronta avaliação médica e

complementação científica, padronização técnica de investigação e tratamento,

definição de área e facilidades e atitudes novas para o cuidado intensivo.

O sucesso no atendimento ao paciente crítico está relacionado com a

rápida avaliação de mudanças nas condições clínicas e o envolvimento da

equipe com práticas terapêuticas sistematizadas, reduzindo ao mínimo as

frustrações experimentadas nas ações (NASCIMENTO; TRENTINI, 2004).

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O cuidado intensivo pode ser dispensado a três tipos de pacientes: aqueles que especificamente necessitam de cuidados de enfermagem rigorosos, aqueles que requerem contínua e frequente observação ou investigação e aqueles que dependem de tratamentos complexos e de equipamentos de apoio (respiradores, monitores, etc.) (GOMES, 2008,p. 4-5).

O cuidado intensivo é voltado para pacientes em condições

potencialmente recuperáveis que podem se beneficiar de uma monitorização

mais rigorosa ou que necessitam de um tratamento mais agressivo (SILVA et

al., 2005).

Em pacientes críticos com iminente risco de morte, é de fundamental

importância o precoce reconhecimento da severidade da doença, além da

rápida e eficiente implantação de medidas de diagnóstico e administração da

doença (MOURA, 2005).

3.2 Considerações sobre UTI

De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde (MS) nº 3.432/98, a

UTI é uma unidade hospitalar com infraestrutura especializada, que

disponibiliza assistência médica e de enfermagem ininterruptas, equipamentos

específicos, recursos humanos extremamente qualificados e acesso a

tecnologias diagnósticas e terapêuticas sofisticadas.

Gomes (2008, p.17) define as UTIs como “áreas hospitalares destinadas

a pacientes em estado crítico, que necessitam de cuidados altamente

complexos e controles estritos”. É uma área de atuação multiprofissional

direcionada a pacientes com comprometimento das funções vitais (SILVA et al,

2005).

Portanto, constituem um avanço no cuidado de pacientes graves,

criticamente enfermos e com chances de recuperação, baseando-se o

tratamento intensivo na proposição de que o mecanismo de morte encontra-se

limitado a pequeno número de eventos que podem ser manipulados,

controlados e revertidos (RATTON; SERUFO, 2005).

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Tais eventos fundamentam-se no tripé: paciente grave, equipamentos de

alta tecnologia e equipe multiprofissional especializada com conhecimento e

experiência para operacionalizar equipamentos e tratar pacientes (RATTON;

SERUFO, 2005).

O grande avanço tecnológico permitiu equipamentos cada vez mais

sofisticados para a manutenção da vida, surgindo a necessidade de

profissionais cada vez mais especializados.

Segundo o Ministério da Saúde (apud INOUE; MATSUDA, 2009), a UTI

é um local de grande especialização e tecnologia, identificado como um espaço

laboral destinado a profissionais da saúde, principalmente médicos e

enfermeiros, possuidores de grande aporte de conhecimento, habilidades e

destreza para a realização de procedimentos.

Dessa forma, os profissionais que atuam nessas unidades, necessitam

de muito preparo, pois constantemente podem se deparar com situações cujas

decisões definem o limite entre a vida e a morte.

Nessa empreitada, o aspecto psicológico de convivência com estresse

de uma rotina muitas vezes estafante e a carga horária cumprida em regime de

plantões, faz com que os profissionais da saúde fiquem expostos aos

denominados riscos ocupacionais (BARROS; ROSADAS; MIRANDA, 2008).

3.3 Organização da unidade

O planejamento da unidade é tarefa da equipe multiprofissional, com

visão ampla e coletiva, dotada de coerência de propósitos, estreitamente unida

e motivada para um objetivo comum.

A experiência coletiva e a planificação das atividades levam a equipe ao

estabelecimento de funções, normas, condutas, padrões de avaliação e

execução de atividades numa estrutura física definida (GOMES, 2008).

De acordo com Gomes (2008), é indispensável para a organização da

unidade que toda equipe esteja apta a cooperar no desenvolvimento das

atividades, dentro de uma filosofia delineada com o espírito de terapia

intensiva.

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A manutenção do alto padrão no cuidado médico e de enfermagem fica

vinculada a um número de pacientes críticos por unidade, sendo de

fundamental importância o estabelecimento de uma administração de

enfermagem única e práticas médicas combinadas (INOUE; MATSUDA, 2009).

O investimento em uma UTI, dentro de uma moderna tecnologia

hospitalar, com aquisição de equipamentos e treinamento de pessoal, constitui

um objeto de particular importância para posterior avaliação do papel

desempenhado na instituição (MEIRELES, 2008).

Dado suas características, as UTIs podem operar com uma equipe

básica, composta por um responsável técnico especialista em medicina

intensiva, um médico intensivista diarista, um médico plantonista, um

enfermeiro coordenador, um enfermeiro assistencialista, um fisioterapeuta, um

auxiliar ou técnico de enfermagem para cada dois leitos, um funcionário

exclusivo da limpeza, acesso a cirurgião geral, pediátrico, torácico,

cardiovascular, neurocirurgião e ortopedista (PORTARIA MS 3.432/1998).

E, através de uma infraestrutura auxiliar, composta por banco de

sangue, centro cirúrgico, laboratório clínico, serviço de nutrição e dietética e

serviço de radiologia, os quais desenvolvem atividades correlatas (RATTON;

SERUFO, 2005).

3.4 Estrutura física e tecnológica

A estrutura de uma UTI requer recursos humanos suficientes,

treinamentos periódicos, planta física elaborada com equipamentos especiais,

manutenção constante e organização administrativa preocupada em manter

padrões de assistência e programas de educação continuada (SILVA, 2000).

A planta física da unidade deve proporcionar observação individual e em

conjunto, espaço suficiente para mobilização do paciente e locomoção do

pessoal, tranquilidade e ambiente agradável, meios para intercomunicação,

fácil acesso, boa iluminação e aeração, rápido atendimento, facilitando os

cuidados de enfermagem (GOMES, 2008).

O número de leitos de uma UTI depende do tipo de hospital em que está

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localizada, da função da unidade e de sua especialidade.

Em relação a um hospital de nível terciário, com capacidade instalada

igual ou superior a 100 leitos, deve dispor de leitos de tratamento intensivo

correspondente a no mínimo 6% dos leitos totais (PORTARIA MS 3.432/1998).

Na construção da unidade, deve-se considerar a área reservada para

cada leito, relativa privacidade e proximidade do paciente com o posto de

enfermagem. O material de construção e os imóveis devem ser selecionados e

instalados de maneira que permita a limpeza rigorosa e manutenção de

ambiente em boas condições sanitárias (GOMES, 2008).

A localização da UTI deve ser próxima ao centro cirúrgico e à unidade

de recuperação pós-anestésica, com facilidade de acesso aos serviços

auxiliares de radiologia e laboratórios. É importante que esteja bem afastada

das áreas de intensa movimentação, porém, com fácil acesso aos elevadores

(GOMES, 2008).

Se mais que uma UTI é planejada, é desejável que estejam situadas na

mesma área lado a lado, para que não haja multiplicidade de recursos

auxiliares (VIEIRA; FERNANDES; CROSSETTI, 2001). Para normatizar a

instalação da unidade, é fixado um máximo de 12 leitos, sendo impraticável e

extremamente onerosa uma unidade com menos de 5 leitos (GOMES, 2008).

Segundo Inoue e Matsuda (2009), a eficiência do atendimento da equipe

multiprofissional diminui quando o número de pacientes internados for superior

a 8, preconizando-se a organização de várias unidades, quando houver

necessidade de maior número de leitos para o atendimento de pacientes

graves.

Para melhor assistência ao paciente, a área de observação contínua

deve ser comum para disposição dos leitos que são separados por divisões

leves e laváveis, propiciando relativa privacidade aos pacientes. Recomenda-

se a criação de pelo menos duas áreas fechadas para leitos de isolamento,

providas de instalação de água (VIEIRA; FERNANDES; CROSSETTI, 2001).

Os leitos podem ser dispostos em quartos separados, com vantagens

como isolamento dos pacientes infectados, redução do nível de ruídos,

diminuição do risco de infecção cruzada e confinamento do paciente agitado. A

desvantagem de uma unidade com leitos em quartos separados é a maior

demanda da equipe de enfermagem. Usualmente, a combinação das duas

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formas é adotada com bons resultados (GOMES, 2008).

Segundo Gomes (2008), os elementos que compõem uma UTI são:

a) área para estocagem de material e equipamentos;

b) sala de utilidades;

c) posto de enfermagem;

d) área para preparo de medicação;

e) sala de reuniões;

f) sala para visitas;

g) sanitário para pacientes;

h) vestiários;

i) secretaria;

j) laboratório;

k) copa;

l) quarto para conforto médico;

m) quarto para conforto de enfermagem;

n) área para recepção do paciente;

o) sala para serviço de nutrição e dietética;

p) área de cada leito;

De acordo com a Portaria MS 3.432/98, os materiais e equipamentos

especializados e necessários devem ser compreendidos por:

a) cama de Fawler;

b) um monitor cardíaco por leito;

c) carro de reanimação com monitor, desfibrilador, cardioversor e

material para intubação endotraqueal, dois para cada dez leitos;

d) ventilador mecânico, um para cada dois leitos;

e) oxímetro de pulso para cada dois leitos;

f) bomba de infusão duas por leito;

g) conjunto de nebulização, um para cada leito;

h) monitor de pressão invasiva;

i) marcapasso cardíaco externo e eletrodos;

j) eletrocardiógrafo portátil, dois de uso exclusivo da unidade;

k) máscaras com venturi;

l) aspirador;

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m) negatoscópio;

n) otoscópio;

o) pontos de oxigênio, ar comprimido e vácuo, para cada leito;

p) cilindro de oxigênio e ar comprimido;

q) conjunto CPAP nasal, um para cada quatro leitos;

r) maca com suporte de cilindro de oxigênio;

s) ventilador mecânico para transporte;

t) conjunto padronizado beira leito (termômetro, esfigmomanômetro,

estetoscópio, ambú com máscara);

u) bandejas para procedimentos (diálise peritoneal, drenagem torácica,

toracotomia, punção pericárdica, curativos, flebotomia, acesso

venoso profundo, punção lombar, sondagem vesical e

traqueostomia).

Segundo Meireles (2008), a incorporação das tecnologias ao cuidado de

enfermagem se dá de maneira tão acelerada, que não permite oportunidades

para reflexão acerca do processo de desenvolvimento.

A tecnologia refere-se não só aos equipamentos eletro-eletrônicos como

máquinas e equipamentos, mas também ao processo de exercer a técnica,

envolvendo aparelhos, materiais e métodos com conhecimento técnico

científico (MEIRELES, 2008).

Embora a tecnologia não seja tudo em terapia intensiva, reconhece-se

sua parcela significativa na contribuição para o cuidado de enfermagem,

considerando que os clientes assistidos exigem um esforço cada vez maior em

função do seu quadro clínico.

Segundo Zusman (apud MEIRELES, 2008), as tecnologias são as almas

da terapia intensiva, mas sozinhas, não garantem um bom desempenho, já que

o mais importante é o potencial humano.

Assim, o significado do cuidado em unidades tecnológicas constitui um

mito de humanização em Unidades de Terapia Intensiva.

3.5 Dimensionamento da equipe de enfermagem

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Para garantir a qualidade do cuidado de enfermagem em UTI, é

necessário ater-se a qualidade e quantidade dos profissionais para o

desenvolvimento das atividades legalmente previstas (INOUE; MATSUDA,

2009).

A Resolução COFEN nº 293/2004 dispõe sobre o dimensionamento e a

adequação quantiqualitativa do quadro de profissionais de enfermagem,

fundamentando-se em características relativas à instituição, ao serviço de

enfermagem e à clientela.

A dotação de pessoal visa alcançar a adequada atenção ao paciente e a

dinâmica da equipe profissional, com base nos quesitos de planta física,

número de leitos, características do hospital, grau de dependência dos

pacientes, capacitação do pessoal, quantidade e qualidade dos equipamentos

(GOMES, 2008).

A quantidade adequada de profissionais em uma equipe de enfermagem

é indispensável para um cuidado de qualidade, contribuindo para obtenção e

manutenção de condições favoráveis no ambiente de trabalho, possibilitando

menor incidência de agravos à saúde dos trabalhadores, devido à redução da

sobrecarga de trabalho e menores riscos à clientela (INOUE; MATSUDA,

2009).

A gestão de pessoas, na área de enfermagem em hospitais, é

imprescindível para garantir recursos humanos suficientes e competentes para

o alcance e manutenção da qualidade da assistência e desenvolvimento das

atividades cotidianas.

As unidades administrativas dos serviços de saúde devem considerar a

chefia de enfermagem como parceira no processo de provimento de pessoal

(INOUE; MATSUDA, 2009). Assim, cabe ao enfermeiro a previsão de

quantidade suficiente de profissionais para desenvolvimento do processo de

trabalho, através do dimensionamento da equipe de enfermagem.

O recrutamento de pessoal baseia-se em aspectos e características

individuais e, fundamentalmente, deve haver na unidade uma enfermeira

responsável em tempo integral (GOMES, 2008).

Em relação aos profissionais de enfermagem, a UTI implica em elevada

carga de trabalho, pois os pacientes estão sujeitos a constantes alterações

hemodinâmicas e iminente risco de morte, exigindo cuidados complexos,

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atenção ininterrupta e tomada de decisões imediatas (INOUE; MATSUDA,

2009).

A equipe multiprofissional da UTI convive com fatores desencadeadores

de estresse, como a dificuldade de aceitação da morte, escassez de recursos

humanos e materiais, e tomada de decisões por vezes conflitantes. “Essas

situações criam tensão entre os profissionais e em geral, influenciam

negativamente a qualidade da assistência prestada aos clientes” (LEITE; VILA,

2005, p. 146)

Portanto, a dotação de pessoal é uma consequência do padrão da

unidade que visa alcançar uma adequada atenção ao paciente e harmonia na

dinâmica de grupo.

3.6 O profissional de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva

A preocupação com o sofrimento e o prazer no trabalho dos profissionais

de enfermagem surgiu com questionamentos relativos à forma como esses

profissionais conseguem suportar um trabalho tão desgastante, principalmente

por conviverem com o sofrimento, a dor e a morte de modo tão freqüente.

A enfermagem é uma profissão altamente estressante, devido à

responsabilidade pela vida de pessoas e a proximidade com clientes em que o

sofrimento é inevitável, exigindo grande dedicação no desempenho das

funções, aumentando a probabilidade de ocorrência de desgastes físicos e

psicológicos (HOGA, 2002).

Segundo Ferrareze, Ferreira e Carvalho (2006), as UTIs são ambientes

críticos, onde o estresse tem constituído fator de risco à qualidade de vida dos

trabalhadores de enfermagem e, embora seja o local ideal para o atendimento

de pacientes agudos graves, oferece um dos ambientes mais agressivos,

tensos e traumatizantes do hospital.

Conforme Shimizu e Ciampone (2002), a maioria dos profissionais de

enfermagem sentem prazer em cuidar de pacientes graves, porém, vivenciam

intensas angústias por realizarem tantos procedimentos complexos, manipular

inúmeros equipamentos e realizar todas as atividades com iniciativa, rapidez e

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livre de qualquer erro que possa implicar a morte do paciente.

Possivelmente, outro fator que contribui para o desgaste dos

profissionais de enfermagem é o clima das unidades de terapia intensiva, com

ritmo intenso de trabalho e a possibilidade de ocorrência de agravos e de

morte.

Em pesquisa realizada por Ferrareze, Ferreira e Carvalho (2002)

constatou-se que o ambiente de trabalho em UTIs é consideravelmente

estressante, as atividades desenvolvidas exigem alto grau de responsabilidade

e qualificação, com intenso desgaste emocional.

A complexidade existente nas UTIs releva a importância das questões

que permeiam o relacionamento interpessoal da equipe de enfermagem, tendo

em vista problemas peculiares do ambiente, evidenciando níveis de ansiedade

e tensão, sobretudo, pela elevada responsabilidade que a enfermagem

enfrenta em seu cotidiano profissional (HOGA, 2002).

De acordo com Pereira e Bueno (2007), os problemas emergentes

encontrados em unidades críticas são o ambiente extremamente seco,

refrigerado e fechado, iluminação artificial, ruído contínuo e intermitente,

exigência de segurança, respeito e responsabilidade para com o paciente em

sofrimento, dor e morte iminente, além de garantia da qualidade da assistência.

A UTI possui algumas características próprias, como a convivência diária

do profissional com o cliente e as situações de risco; a ênfase no conhecimento

técnico-científico e na tecnologia para o atendimento adequado, na tentativa de

promover a recuperação do ser doente; a constante presença da morte, a

ansiedade dos sujeitos hospitalizados, familiares e dos trabalhadores da saúde,

a rotina rígida e inflexível e a rapidez de ação no atendimento (NASCIMENTO;

TRENTINI, 2004).

Assim, há constante necessidade de treinamento desses profissionais

para estarem aptos ao manuseio de aparelhos, realização de procedimentos

complexos e para um preparo físico e emocional, visando a melhoria na

qualidade do atendimento e a satisfação do profissional em realizar suas

funções. Em meio a esse ambiente conturbado se dá o trabalho da

enfermagem, que precisa aprender a lidar com dificuldades e desafios, sem

transparecer o cansaço físico e psicológico evidenciado pelas características

da unidade.

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CAPÍTULO IV

PESQUISA

4 INTRODUÇÃO

Considerando que a enfermagem é uma profissão sujeita ao regime de

trabalho em turnos, optou-se em avaliar a qualidade do sono e a percepção da

qualidade de vida dos profissionais de enfermagem que atuam nos períodos

diurno e noturno em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A escolha do local da pesquisa deve-se ao fato de que uma UTI

apresenta rotinas semelhantes nos períodos diurno e noturno, com

manutenção de vigília contínua, nível máximo de alerta e prestação de

assistência pelos profissionais de enfermagem aos pacientes críticos em tempo

integral.

Para demonstrar na prática a qualidade do sono e a percepção da

qualidade de vida dos profissionais de enfermagem, após encaminhamento ao

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do UNISALESIANO, protocolo 360/2010,

foi realizada uma pesquisa de campo na Associação Hospitalar Santa Casa de

Lins, localizada na Rua Pedro de Toledo, n°486, no período de junho a

setembro de 2010.

4.1 Métodos

4.1.1 Estudo de caso

Através de investigação e pesquisa, realizou-se um estudo descritivo, de

caráter exploratório com abordagem quantitativa.

Os procedimentos na coleta de dados foram a solicitação de autorização

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para a pesquisa junto à instituição na qual foi realizado o estudo e

encaminhamento da documentação ao CEP do UNISALESIANO. Em seguida,

os profissionais de enfermagem da UTI foram convidados a participar da

pesquisa, diante da explicação sobre o assunto e confirmada à participação,

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo C) e

responderam os questionários aplicados.

Os resultados foram obtidos através da coleta de dados por meio de

questionário e teste padronizado, envolvendo enfermeiros e técnicos de

enfermagem que compõem a equipe de enfermagem da UTI.

Os participantes foram receptivos e demonstraram grande interesse

quanto à relevância do assunto e aos resultados da pesquisa.

4.1.2 Observação sistemática

Como suporte para desenvolvimento do estudo de caso foram

observados, analisados e acompanhados aspectos relevantes à pesquisa em

relação à organização do trabalho da equipe de enfermagem, envolvendo

recursos humanos, distribuição da escala de folgas e atividades diárias, tempo

e local destinados ao descanso e a presença de entusiasmo para o trabalho.

Os recursos humanos apresentam quantidade adequada de

profissionais de nível técnico conforme portaria que regulamenta o atendimento

em UTI, porém, o quantitativo de profissionais de nível superior (enfermeiros)

encontra-se deficitário.

Quanto às folgas, são duas mensais sendo uma escolhida pelo

profissional e a outra determinada por suas respectivas chefias, no entanto,

observa-se que a distribuição no decorrer do mês está incoerente, devido as

duas folgas ficarem em dias próximos ocorrendo um prolongamento de

plantões contínuos.

As atividades diárias são determinadas pela enfermeira do plantão em

forma de escala, cada técnico de enfermagem fica responsável por dois leitos

que são revezados a cada plantão, respectivamente a cada leito estão as

atividades de rotina. Por exemplo, funcionário que está responsável pelo leito

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um e dois deverá lavar materiais do expurgo; leito três e quatro deverá repor

almotolias; leito cinco deverá repor e conferir medicação, entre outros, podendo

ser determinado mais de uma atividade conforme a necessidade, pois o

resultado do trabalho depende da equipe como um todo.

O tempo destinado ao descanso compreende cerca de uma hora para

cada profissional em regime de revezamento a combinar, podendo ser

realizado dentro ou fora da unidade e/ou instituição. O local do repouso está

situado dentro da unidade, compreendido por uma cama, mesa de cabeceira,

uma poltrona, uma mesa com duas cadeiras, ar condicionado e persianas.

Quanto a presença de entusiasmo, a maioria dos profissionais

pesquisados apresentam expressão de cansaço, porém, demonstram muito

interesse de atuação em terapia intensiva.

4.2 Técnicas

a) Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A);

b) Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice B);

c) Questionário para Profissionais de Enfermagem (Apêndice C);

d) Tabelas (Apêndice D)

e) Teste – Índice de Qualidade de Sono de Pittisburg (PSQI) (Anexo A);

f) Instruções para Pontuação do PSQI (Anexo B);

g) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo C).

4.3 Instrumentos da pesquisa

Os instrumentos utilizados na pesquisa foram o teste - PSQI e o

questionário para profissionais de enfermagem.

O Índice de Qualidade de Sono de Pittsburg (PSQI) – é um teste

padronizado, traduzido e validado para a cultura brasileira, utilizado para

mensurar a qualidade de sono. O instrumento é integrado por sete

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componentes que revelam qualidade subjetiva, latência, duração, eficiência e

distúrbios do sono, uso de medicação para dormir e disfunção diurna, que

resultam em um escore correspondente à qualidade subjetiva global do sono. A

pontuação global é determinada pela soma dos sete componentes, cada qual

recebe uma pontuação estabelecida entre 0 e 3 pontos em que o 3 reflete o

extremo negativo. A soma das pontuações varia de 0 a 21 pontos, no qual

escores até 5, inclusive, indicam boa qualidade de sono e escores superiores a

5 indicam má qualidade de sono.

O questionário para profissionais de enfermagem foi elaborado pelas

autoras, sendo composto pela identificação, buscando caracterizar o voluntário

e por duas perguntas fechadas relacionadas à percepção do indivíduo quanto a

sua qualidade de vida e a correlação entre qualidade do sono e qualidade de

vida.

4.4 A instituição

A instituição denominada Associação Hospitalar Santa Casa de Lins é

uma empresa filantrópica, do ramo hospitalar, localizada no centro da cidade,

composta pelos setores de clínica médica e cirúrgica, centro cirúrgico,

pediatria, maternidade, UTI - Neonatal, UTI - Adulto, pronto socorro, banco de

sangue e ambulatório.

Munida de materiais e equipamentos específicos ao suporte hospitalar

básico e avançado, urgência / emergência e tratamento intensivo. Conta com a

presença contínua da equipe de saúde composta por enfermeiros, médicos,

técnicos de enfermagem e suporte multiprofissional.

Atende aos convênios, Sistema Único de Saúde (SUS), Instituto de

Assistência Médica ao Servidor Público (IAMSP) e particulares, abrangendo

Lins e região através de central de vagas e atendimento emergencial, com

grande demanda de pacientes.

4.5 A Unidade de Terapia Intensiva - Adulto (UTI - A)

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A unidade está situada no 1º andar do prédio hospitalar, acesso por

escadas e elevadores, sendo local provisório por motivos de reforma. No

momento, composta por 05 leitos mistos separados por biombos, cada leito

devidamente equipados para o suporte intensivo, banheiro para pacientes,

lavatórios, sala para preparo de materiais, expurgo, depósito de materiais de

limpeza, sala para preparo de medicação, sala de reuniões, quarto para

repouso médico e quarto para repouso da enfermagem com copa acoplada,

copa para pacientes, posto de enfermagem e recepção.

A equipe é composta por 01 enfermeira 08 horas diárias e 02

enfermeiras alternadas 12 horas noturnas, 04 técnicos de enfermagem a cada

plantão de 12 horas, totalizando 16 técnicos de enfermagem em escala fixa nos

períodos diurno e noturno; frequentemente 01 está de folga e 03 no plantão, 01

médico plantonista e eventualmente o médico intensivista responsável pelo

unidade. Multidisciplinarmente, encontram-se os estagiários de fisioterapia e

terapia ocupacional e seus respectivos supervisores, além dos profissionais de

suporte como técnico em radiologia, farmacêutico, nutricionista, assistente

social, administrativo e serviços gerais.

O número de internações varia mensalmente, mas a unidade encontra-

se sempre em lotação devido à grande demanda de pacientes em estado

crítico.

4.6 Resultados e discussão

A seguir, apresenta-se a análise dos dados obtidos durante a pesquisa.

4.6.1 Características da população

A caracterização dos pesquisados revela que a equipe da UTI - A é

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composta por 18 profissionais de enfermagem, estando um técnico de

enfermagem de licença saúde e um se negou a participar. O grupo estudado

consta um total de 16 profissionais sendo 3 enfermeiras e 13 técnicos de

enfermagem. A faixa de idade varia entre 24 a 66 anos, sendo a maioria entre

30 a 39 anos (37,50%), do sexo feminino (68,75%) e solteiros (56,25%).

Quanto à escolaridade, possuem nível profissionalizante de técnico de

enfermagem (75%), nível superior (18,75%) e superior em andamento (6,25%).

Em relação ao perfil profissional, o tempo de serviço varia entre 2 a 30 anos

(média 14,37), o horário de trabalho corresponde a 50% dos profissionais

trabalhando no período noturno das 19 às 7 horas e 50% no período diurno das

7 às 19 horas. Quanto ao vínculo empregatício, 87,5% dos profissionais do

período noturno e 75 % dos profissionais do diurno possuem outro emprego.

4.6.2 Apresentação dos dados

Os resultados obtidos através da aplicação do teste PSQI (Anexo A)

estão expressos no gráfico 1, enquanto a percepção que cada indivíduo tem

sobre a qualidade do seu sono está demonstrada no gráfico 2. Os gráficos 3 e

4 referem-se respectivamente, a percepção sobre a qualidade de vida e a

correlação entre qualidade de vida e qualidade de sono, por meio de

questionário para profissionais de enfermagem (Apêndice C).

Qualidade subjetiva do sono -

Noturno

25%

75%

Boa qualidade Má qualidade

Qualidade subjetiva do sono -

Diurno

38%

62%

Boa qualidade Má qualidade

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Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010

Gráfico 1: Qualidade subjetiva do sono

Através do teste PSQI, avaliou-se a qualidade do sono dos profissionais

de enfermagem dos períodos diurno e noturno, constatando que os

profissionais do noturno estão mais comprometidos com a má qualidade de

sono do que os profissionais do diurno, no entanto, as diferenças não foram

significativas entre os dois turnos.

Tal resultado deve-se ao fato de que 87,5% dos profissionais do período

noturno e 75 % do diurno possuem outro vínculo empregatício, apresentando

uma elevada carga horária de trabalho, não disponibilizando tempo para

descansar e dormir adequadamente.

Um fator que contribui para a existência de mais de um vínculo

empregatício por parte dos profissionais de enfermagem é o piso salarial da

categoria, que varia conforme a instituição, estando entre R$ 960,00 a R$

1.477,00 (COFEN, 2009).

Segundo Beck (2000), duplas ou triplas jornadas de trabalho

remunerado e formal relacionam-se diretamente a horários irregulares de

atividades diárias, constituindo mediadores potenciais no desequilíbrio da

saúde física e mental, além de desajustes na vida social e familiar.

O trabalho da enfermagem se caracteriza no regime de trabalho em

turnos, prejudicando a saúde e bem-estar dos trabalhadores, à medida que

ocorre um conflito entre o ritmo normal do organismo e o ritmo circadiano

(LOURENÇO; RAMOS; CRUZ, 2008).

Outro fator que pode ter influenciado no resultado é o trabalho na UTI,

por se tratar de uma unidade com frequentes situações de urgência, ritmo de

trabalho intenso, desgastante e presença constante de patologias graves, onde

a dor e o sofrimento do paciente podem sobrecarregar emocional e

afetivamente o profissional que atua nessa unidade (FERRAREZE;

FERREIRA; CARVALHO, 2006).

Assim, trabalhar em terapia intensiva e cuidar constantemente do cliente

grave exige grande responsabilidade e dedicação dos profissionais de

enfermagem tanto do período diurno como do noturno. A rotina dessa unidade

é semelhante nos dois turnos, sendo altamente exaustiva e estressante,

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levando o profissional a abdicar de sua própria vida e saúde em benefício de

seu paciente, aumentando a probabilidade de ocorrência de desgastes físicos,

psicológicos e sociais.

Percepção da qualidade do sono -

Noturno

0%

50%

25%

25%

Muito boa Boa Ruim Muito ruim

Percepção da qualidade de sono -

Diurno

13%

37%

25%

25%

Muito boa Boa Ruim Muito ruim

Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010.

Gráfico 2: Percepção da qualidade do sono

Ao serem questionados quanto à percepção da qualidade do sono, os

profissionais de enfermagem dos períodos diurno e noturno também tiveram

respostas semelhantes, pois 50% dos profissionais do diurno e 50% do

noturno, tiveram respostas variando entre ruim e muito ruim, somente os

profissionais do diurno apresentaram percepção positiva variando entre boa e

muito boa, enquanto nenhum profissional do noturno refere qualidade de sono

muito boa.

As respostas obtidas pela percepção da qualidade de sono são

diferentes dos resultados constatados através do teste PSQI que avalia a

qualidade subjetiva do sono. Verificou-se que 50% dos profissionais do noturno

percebem que sua qualidade de sono é boa, enquanto o PSQI revela que

apenas 25% dos profissionais estão com boa qualidade de sono. Os

profissionais do diurno também responderam que a qualidade de sono está

entre boa 37% e muito boa 13%, contradizendo o PSQI que demonstra que

62% dos profissionais do dia também estão com má qualidade de sono.

De acordo com a pesquisa realizada por Barros (2007) com profissionais

de enfermagem do município de Quixadá, 45% dos entrevistados responderam

possuir uma qualidade de sono regular.

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No entanto, embora os resultados da presente pesquisa coincidam com

os da pesquisa de Barros (2007), é importante destacar que ambos são bem

diferentes dos apresentados por Barboza (2008), onde se constatou com o

PSQI que 92% dos profissionais de enfermagem apresentam má qualidade de

sono, demonstrando que a qualidade do sono dos profissionais de enfermagem

é um tema polêmico que deve ser mais pesquisado.

Percepção da qualidade de vida -

Noturno

50%50%

Satisfeito Insatisfeito

Percepção da qualidade de vida -

Diurno

38%

62%

Satisfeito Insatisfeito

Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010

Gráfico 3: Percepção da qualidade de vida

Diante da percepção sobre a qualidade de vida, os profissionais do

diurno estão mais insatisfeitos do que os profissionais do noturno,

prevalecendo o quesito de insatisfação entre os dois turnos.

De acordo com a OMS, a QV foi definida como “a percepção do

indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas

de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas,

padrões e preocupações” (The WHOQOL Group apud SEIDL; ZANNON, 2004,

p. 583).

Os resultados da pesquisa de Soto, Spegiorin e Teixeira (2009), revelam

que os profissionais de enfermagem encontram-se insastifeitos com sua QV,

sendo necessário o desenvolvimento de ações que visem à melhoria da

qualidade de vida desses colaboradores.

Conforme pesquisa realizada por Kimura e Silva (2009), a satisfação

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com a vida foi considerada como o núcleo mais congruente, uma vez que

outros aspectos não requerem uma avaliação pessoal, podendo ser avaliados

por outrem.

Estudiosos enfatizam que a QV só pode ser avaliada pela própria

pessoa, ao contrário das tendências iniciais, onde a avaliação era feita por um

observador, usualmente um profissional de saúde (SEIDL; ZANNON, 2004).

A QV é um conceito amplo e complexo, porém só pode ser definido de

acordo com as expectativas de cada indivíduo, destacando que o ser humano é

por essência um ser insatisfeito e, por meio de sua insatisfação, é que se

consegue modificar o meio em que vive (SIQUEIRA et al., 2009).

Portanto, os resultados da questão anterior não podem ser considerados

negativos, já que de certa forma é a insatisfação que impulsiona o homem a

evoluir.

Relação entre qualidade de sono e

qualidade de vida - Noturno

100%

0%

Sim Não

Relação entre qualidade de sono e

qualidade de vida - Diurno

75%

25%

Sim Não

Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010

Gráfico 4: Relação entre qualidade de sono e qualidade de vida

Sobre a relação entre a qualidade do sono e a qualidade de vida a

maioria dos profissionais entrevistados, sendo 100% do noturno e 75% do

diurno, consideram que a qualidade do sono é um fator que interfere na

qualidade de vida.

Segundo Barros (2007), o sono regular proporciona qualidade de vida e

sua privação pode afetar a função imunitária e a regeneração celular.

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Durante o sono ocorrem processos neurobiológicos necessários para a

manutenção da saúde física e cognitiva, visto que indivíduos com transtornos

de sono sofrem impactos na qualidade de vida (BERTOLAZZI, 2008).

Na pesquisa realizada por Siqueira et al. (2009), 68,9% dos

entrevistados consideram que a qualidade do sono interfere na qualidade de

vida. Relataram ainda que trabalham muito, não sobrando tempo para outras

atividades, sentem-se cansados e indispostos, dormem mal e não possuem

ânimo para realizar outras atividades, evidenciando que dormir bem é um fator

positivo para obter qualidade de vida.

Devido às necessidades de trabalho, os profissionais de enfermagem

aplicam conhecimento e força na promoção de bens e serviços a sua clientela,

deixando suas necessidades relegadas a segundo plano, prejudicando sua

vida pessoal, social e consequentemente, sua qualidade de vida.

4.7 Parecer final

Diante dos resultados, os profissionais de enfermagem da Unidade de

Terapia Intensiva, tanto dos períodos diurno como do noturno, estão em sua

maioria com má qualidade de sono, estando também insatisfeitos com sua

qualidade de vida. Portanto, não houve diferenças significativas ao comparar

os resultados dos dois turnos, mesmo porque a maioria destes profissionais

possuem outro vínculo empregatício e apresentam-se exaustos independente

de qualquer horário em que estejam trabalhando. Diante da percepção dos

pesquisados de ambos os turnos, a qualidade de sono é um fator que interfere

na qualidade de vida.

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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Mediante os resultados apresentados, seria necessário que os dirigentes

das instituições da área da saúde observassem a importância dos profissionais

estarem mais descansados, motivados e satisfeitos com suas condições de

vida, refletindo melhor qualidade de cuidados aos clientes, levando-os a

projetar tais considerações a todo âmbito institucional.

Algumas intervenções tornam-se necessárias, como a implementação

de um local com uma sala de conforto, televisão, rádio e camas adequadas,

proporcionando repouso adequado; rodízio de horário por funcionário para

descanso e alimentação; aumento da pausa de 15 minutos a cada 6 horas,

para 15 minutos a cada 3 horas de trabalho, além do planejamento de ações

que visem ao treinamento desses profissionais em relação às dificuldades

vivenciadas no ambiente de trabalho.

As instituições poderiam melhorar o quantitativo de folgas, bem como a

distribuição harmônica ao longo do mês, proporcionando ao profissional de

enfermagem mais dias de descanso, visando à recuperação de energias e

déficit de sono, favorecendo tempo e momentos para realização de suas

necessidades pessoais e sociais.

Enfim, propõe-se que seja dado continuidade à pesquisa e ao tema

abordado, por se tratar de um assunto complexo e pouco explorado, o que

contribuirá para o aprimoramento dos conhecimentos na área da saúde do

trabalhador e especificamente à enfermagem.

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CONCLUSÃO

O presente estudo atingiu os objetivos propostos através da avaliação

da qualidade do sono, percepção da qualidade de vida e a correlação entre

qualidade do sono e qualidade de vida dos profissionais de enfermagem da

UTI-A que atuam nos períodos diurno e noturno.

Os resultados obtidos na pesquisa respondem ao questionamento,

demonstrando que a hipótese testada foi parcialmente comprovada, pois

profissionais de enfermagem do período noturno apresentam em maior

proporção má qualidade de sono em relação aos profissionais do diurno,

porém, a diferença não é muito significativa.

Em relação à percepção da qualidade de vida, os profissionais do diurno

encontram-se mais insatisfeitos que os do noturno, entretanto, prevalece o

quesito de insatisfação entre os dois períodos.

Por meio de levantamento bibliográfico e da percepção dos

entrevistados diante da presente pesquisa, pôde-se constatar que a qualidade

do sono é um fator que interfere na qualidade de vida.

Espera-se que este trabalho desperte interesse e incentive a realização

de novas pesquisas, explorando o tema qualidade de sono e a relação

existente com a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem, podendo

levar esses profissionais a refletirem sobre sua qualidade de vida, a fim de

consolidar uma harmonia entre cada um e com tudo aquilo que está a sua

volta.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso

1 INTRODUÇÃO

Será realizada uma pesquisa na Associação Hospitalar Santa Casa de

Lins, com os profissionais de enfermagem que atuam na Unidade de Terapia

Intensiva - Adulto, nos períodos diurno e noturno, avaliando a qualidade do

sono e a percepção do profissional acerca de sua qualidade de vida. Trata-se

de uma pesquisa descritiva, através de estudo de caso e observação

sistemática, de caráter exploratório com abordagem quantitativa.

1.1 RELATO DO TRABALHO REALIZADO REFERENTE AO ASSUNTO

ESTUDADO

a) Será realizado um estudo que se caracteriza como descritivo,

utilizando método de estudo de caso, observação sistemática, teste

para avaliação da qualidade do sono – PSQI e um breve questionário

para os profissionais de enfermagem.

b) Os resultados serão obtidos através do teste PSQI e do questionário

aplicado, envolvendo os seguintes profissionais: enfermeiros,

técnicos e auxiliares de enfermagem.

1.2 DISCUSSÃO

Será confrontada a teoria do estudo exploratório (artigos, livros e

monografias) e a prática pesquisada na Associação Hospitalar Santa Casa de

Lins.

1.3 PARECER FINAL E SUGESTÕES

Será apresentado o parecer final e sugerida à proposta de intervenção.

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APÊNDICE B – Roteiro de Observação Sistemática

1 IDENTIFICAÇÃO

Local: Associação Hospitalar Santa Casa de Lins-SP

Setor: Unidade de Terapia Intensiva – Adulto

2 ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Como suporte para desenvolvimento do estudo de caso serão

observados, analisados e acompanhados aspectos relevantes à pesquisa

como:

a) Organização do trabalho da equipe de enfermagem;

b) Recursos humanos;

c) Distribuição da escala de folgas e de atividades diárias;

d) Tempo e local destinados ao descanso;

e) Presença de entusiasmo para o trabalho.

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APÊNDICE C – Questionário para Profissionais de Enfermagem

1 IDENTIFICAÇÃO

Nome (apenas iniciais):

Idade:

Sexo: F ( ) M ( )

Estado civil:

Escolaridade:

Função exercida nesta instituição:

Horário de trabalho:

Trabalha em outro local: Sim ( ) Não ( )

2 QUESTÕES – Responda as seguintes questões assinalando com um

“X” na alternativa que melhor corresponde com a sua opinião.

2.1 Você está satisfeito com a sua Qualidade de Vida?

Sim ( ) Não ( )

2.2 Você acredita que a qualidade do seu sono é um fator que interfere na

sua qualidade de vida?

Sim ( ) Não ( )

Muito Obrigada!

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APÊNDICE D – Tabelas

Tabela 1: Qualidade subjetiva do sono

Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010

Tabela 2: Percepção da qualidade do sono

Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010

Tabela 3: Percepção da qualidade de vida

Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010

Tabela 4: Relação entre qualidade de sono e qualidade de vida

Fonte: Ravagnani; Crivelaro, 2010

Sono Noturno Diurno Nº de Participantes

Boa qualidade 02 03 05

Má qualidade 06 05 11

Total 08 08 16

Qualidade Noturno Diurno Nº de Participantes

Muito boa 00 01 01

Boa 04 03 07

Ruim 02 02 04

Muito ruim 02 02 04

Total 08 08 16

Satisfação Noturno Diurno Nº de Participantes

Satisfeito 04 03 07

Insatisfeito 04 05 09

Total 08 08 16

Frequência Noturno Diurno Nº de Participantes

Sim 08 06 14

Não 00 02 02

Total 08 08 16

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ANEXOS

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ANEXO A – Índice de Qualidade de Sono de Pittisburg (PSQI)

As seguintes perguntas são relativas ao seu hábito de sono durante o

último mês. Sua resposta deve indicar a lembrança mais exata da maioria dos dias e noites do ultimo mês. Por favor, responda a todas as perguntas.

1. Durante o último mês, a que horas você foi deitar na cama?

Horário de deitar:________________________________________

2. Durante o último mês, quanto tempo (em minutos) você levou para pegar no sono? Quantos minutos:_______________________________________

3. Durante o último mês, a que horas você acordou? Horário de acordar:______________________________________

4. Durante o último mês, quantas horas de sono você dormiu? (Pode ser diferente do número de horas que você ficou na cama) Horas de sono por noite:__________________________________

5. Durante o último mês, quantas vezes você teve dificuldade para dormir

por causa de:

A) não conseguiu adormecer em até 30 minutos

( ) nenhuma no último mês

( ) menos de uma vez por semana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

B) acordou no meio da noite ou de manhã muito cedo

( ) nenhuma no último mês

( ) menos de uma vez por semana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

C) precisou levantar para ir ao banheiro

( ) nenhuma no último mês

( ) menos de uma vez por semana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

D) não conseguiu respirar confortavelmente

( ) nenhuma no último mês

( ) menos de uma vez porsemana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

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E) tossiu ou roncou forte

( ) nenhuma no último mês

( ) menos de uma vez por semana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

F) Sentiu muito frio

( ) nenhuma no último mês

( ) menos de uma vez por semana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

G) sentiu muito calor

( ) nenhuma no último mês

( ) menos de uma vez por semana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

H) teve sonhos e pesadelos ruins

( ) nenhuma no último mês

( ) menos de uma vez por semana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

I) sentiu dores

( ) nenhuma no último mês

( ) menos de uma vez por semana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

J) por outras razões:

( ) nenhuma no último mês

( ) menos de uma vez por semana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

6. Durante o último mês, como você classificaria a qualidade do seu sono?

( ) Muito boa

( ) Boa

( ) Ruim

( ) Muito ruim

7. Durante o último mês, você tomou algum medicamento para dormir?

( ) nenhuma no último mês

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( ) menos de uma vez por semana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

8. No último mês, você teve dificuldade para ficar acordado enquanto

dirigia, comia ou participava de alguma atividade social (festa, reunião de

amigos)?

( ) nenhuma no último mês

( ) menos de uma vez por semana

( ) uma ou duas vezes por semana

( ) três ou mais vezes na semana

9. Durante o último mês, você sentiu indisposição ou falta de entusiasmo

para realizar suas atividades habituais?

( ) Nenhuma indisposição ou falta de entusiasmo

( ) Pequena indisposição ou falta de entusiasmo

( ) Moderada indisposição ou falta de entusiasmo

( ) Muita indisposição ou falta de entusiasmo _______________________________________________________________ Fonte: Bertolazzi, 2008

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ANEXO B - Instruções para Pontuação do PSQI

Componente 1: Qualidade subjetiva do sono

1. Examine a questão 6 e atribua a pontuação da seguinte maneira:

Resposta Pontuação

Muito Boa 0

Boa 1

Ruim 2

Muito Ruim 3

Pontuação do componente__________

Componente 2: Latência do Sono

1. Examine a questão 2 e atribua a pontuação da seguinte maneira:

Resposta Pontuação

< ou = 15 minutos 0

16 – 30 minutos 1

31 – 60 minutos 2

> 60 minutos 3

2. Examine a questão 5-a e atribua a pontuação da seguinte maneira:

Resposta Pontuação

Nenhuma vez 0

Menos de 1 vez/semana 1

1 a 2 vezes/semana 2

3 vezes ou mais/semana 3

3. Some a pontuação da questão 2 e 5-a ______

4. Atribua a pontuação do componente 2 da seguinte maneira:

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Soma Pontuação

0 0

1 – 2 1

3 – 4 2

5 – 6 3

Pontuação do componente 2_________

Componente 3: Duração do Sono

1. Examine a questão 4 e atribua a pontuação da seguinte maneira:

Resposta Pontuação

> 7 horas 0

6 – 7 horas 1

5 – 6 horas 2

< 5 horas 3

Pontuação do componente 3__________

Componente 4: Eficiência habitual do sono

1. Examine a questão 2 e atribua a pontuação da seguinte maneira:

Escreva o número de horas dormidas (questão 4)

Calcule o número de horas no leito:

{horário de levantar (questão 3) – horário de deitar (questão 1)}

Calcule a eficiência:

{n° de horas dormidas/ n° de horas no leito} x 100 = eficiência do sono (%)

Atribua a pontuação do componente 4 da seguinte maneira: Eficiência do sono (%) Pontuação

> 85% 0

75 – 84% 1

65 – 74% 2

< 65% 3

Pontuação do componente 4_________

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Componente 5: Distúrbios do sono

1. Examine as questões de 5-b a 5-j e atribua a pontuação para cada questão

da seguinte maneira:

Resposta Pontuação

Nenhuma vez 0

Menos de 1 vez/sem. 1

1 a 2 vezes/semana 2

3 vezes/sem ou mais 3

2. Some a pontuação de 5-b a 5-j

3. Atribua a pontuação do componente 5 da seguinte forma

Soma de 5-b a 5-j Pontuação

0 0

1 – 9 1

10 – 18 2

19 – 27 3

Pontuação do Componente 5_________

Componente 6: Uso de medicação para dormir

1. Examine a questão 7 e atribua a pontuação da seguinte maneira:

Resposta Pontuação

Nenhuma vez 0

Menos de 1 vez/sem. 1

1 a 2 vezes/semana 2

3 vezes/sem ou mais 3

Pontuação do componente 6________

Componente 7: Disfunção durante o dia

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1. Examine a questão 8 e atribua a pontuação da seguinte maneira:

Resposta Pontuação

Nenhuma vez 0

Menos de 1 vez/sem. 1

1 a 2 vezes/semana 2

3 vezes/sem ou mais 3

2. Examine a questão 9 e atribua a pontuação da seguinte maneira:

Resposta Pontuação

Nenhuma 0

Pequena 1

Moderada 2

Muita 3

3. Some a pontuação das questões 8 e 9

4. Atribua a pontuação do componente 7 da seguinte maneira:

Soma Pontuação

1 0

1 – 2 1

3 – 4 2

5 – 7 3

Pontuação do componente 7________

- A pontuação global é determinada pela soma dos sete componentes, cada

qual recebe uma pontuação estabelecida entre 0 e 3 pontos com o mesmo

peso, em que o 3 reflete o extremo negativo. A soma das pontuações varia

entre 0 a 21 pontos, no qual escores até 5, inclusive, indicam boa qualidade

de sono e escores superiores a 5 indicam má qualidade de sono.

_______________________________________________________________ Fonte: Ferro, 2005

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ANEXO C - Comitê de Ética em Pesquisa

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO (Resolução nº 01 de 13/06/98 – CNS)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PARTICIPANTE OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. Nome do Participante:

Documento de Identidade nº

Sexo:

Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Telefone:

CEP:

1. Responsável Legal:

Documento de Identidade nº

Sexo: Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):

II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. Título do protocolo de pesquisa:

2. Pesquisador responsável:

Cargo/função: Inscr.Cons.Regional: Unidade ou Departamento do Solicitante:

3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo). SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR

4. Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar):

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5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais: (explicitar)

6. Desconfortos e riscos esperados: (explicitar)

7. Benefícios que poderão ser obtidos: (explicitar)

8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: (explicitar)

9. Duração da pesquisa:

10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em / /

III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU

REPRESENTANTE LEGAL

1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo.

2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento.

3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade.

4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas durante o estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando da pesquisa.

5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos decorrentes da pesquisa.

Observações complementares.

IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

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Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) pelo pesquisador, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de participante, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II. ________________________________ Local, / / . Assinatura

____________________________________ Testemunha Nome .....: Endereço.: Telefone .: R.G. .......: ____________________________________ Testemunha Nome .....: Endereço.: Telefone .: R.G. .......: