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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA PRODUTIVIDADE DAS ORGANIZAÇÕES Por: Carla Paes Martins de Albuquerque Orientadora Profª. Ana Paula Ribeiro Rio de Janeiro 2009

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

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Page 1: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA

NA PRODUTIVIDADE DAS ORGANIZAÇÕES

Por: Carla Paes Martins de Albuquerque

Orientadora

Profª. Ana Paula Ribeiro

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA

NA PRODUTIVIDADE DAS ORGANIZAÇÕES

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão de Recursos Humanos.

Por: Carla Paes Martins de Albuquerque

PROJETO A VEZ DO MESTRE

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Ana Paula, aos

professores, aos meus colegas e a todos os

funcionários da Secretaria do Curso.

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DEDICATÓRIA

Dedico à minha família, ao meu pai

Antonio Fernando, à minha mãe Circe, ao

meu marido Paulo e aos meus filhos

Gustavo, Pedro e Lucas.

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RESUMO

O objetivo deste estudo é demonstrar de que forma a qualidade de vida no trabalho influencia na produtividade das organizações. A importância da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) reside no fato de que os trabalhadores passam a maior parte de suas vidas no ambiente de trabalho. Sendo assim, a presente pesquisa parte da premissa de que o mundo do trabalho se organiza levando em consideração a racionalização produtiva. Diante disso, as organizações têm-se preocupado com as condições de trabalho, as quais englobam tudo que influencia o trabalhador dentro de uma organização. Assim, este estudo está estruturado em três capítulos. O primeiro capítulo foi destinado à abordagem acerca da origem e evolução da QVT. No segundo capítulo apresentam-se os principais fatores que influenciam na produtividade. O terceiro capítulo propõe uma análise reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se que a melhoria da qualidade de vida no trabalho surge como uma preocupação no meio organizacional, não só pelo aspecto material enfatizado pela saúde e pela segurança, mas, de uma forma mais abrangente, por meio da humanização do trabalho.

Palavras-chaves: QVT; produtividade; recursos humanos.

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METODOLOGIA

A pesquisa será de caráter documental, sendo descritiva e

bibliográfica. O método de abordagem será dedutivo, partindo-se da premissa de

que estratégias desenvolvidas pelo Gestor de Recursos Humanos, tais como,

programas de qualidade de vida no trabalho podem influenciar diretamente na

produtividade das organizações.

Os autores utilizados como aporte para o marco teórico foram: Bom

Sucesso (1999); Rodrigues (1999) e Vieira (1996).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO 9

CAPÍTULO II

GESTÃO DA PRODUTIVIDADE 22

CAPITULO III

O PAPEL DOS GESTORES DE RECURSOS HUMANOS PARA EQUILIBRAR A

PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE VIDA 38

CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 49

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é demonstrar de que forma a qualidade

de vida no trabalho influencia na produtividade das organizações.

O tema escolhido se justificativa, uma vez que, mediante o

advento da globalização, as organizações se encontram em constante

processo de interação com seus ambientes externos e internos, e em

permanente dinâmica organizacional.

Dessa forma, as organizações necessitam assumir diferentes

posturas diante dessas mudanças, adaptando-se à elas, ou antecipando-se

para interagir com elas de forma a garantir sua competitividade.

Sendo assim, cada vez mais as organizações têm percebido a

necessidade de investir no bem-estar e saúde dos seus colaboradores, pois,

assim, muitos males seriam evitados e mais benefícios adquiridos. Os

principais prejuízos para as organizações são as ações trabalhistas e os altos

índices de absenteísmo e turn-over (rotatividade) que acabam refletindo na

produtividade e no lucro das organizações.

Portanto, a grande maioria das organizações, que visam manter-

se competitivas, já observaram que a qualidade de vida no trabalho é uma

questão que interfere diretamente nos índices de produtividade.

A presente pesquisa apresentou como problemática de estudo a

seguinte indagação: de que modo a qualidade de vida dos colaboradores

influencia na produtividade das organizações?

Nesse sentido, a hipótese de estudo consiste no fato de que a

qualidade de vida no trabalho influencia diretamente na produtividade das

organizações, uma vez que, o colaborador terá mais motivação, satisfação no

trabalho, menos fadiga e maior disposição para realizar suas tarefas laborais.

Em contrapartida, a organização terá redução do índice de absenteísmo, de

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8turn-over (rotatividade) e das doenças ocupacionais e, por sua vez, a

sociedade terá serviços e produtos de melhor qualidade. Portanto, pode-se

dizer que o colaborador com qualidade de vida no trabalho resultará no

aumento da produtividade pessoal e, conseqüentemente, da organização.

A título de fazer-se cumprir o objetivo geral deste estudo

estabeleceram-se objetivos intermediários, os quais foram: apresentar a origem

e a evolução da qualidade de vida no trabalho; demonstrar o funcionamento da

gestão da produtividade organizacional caracterizando o histórico, o conceito; e

os fatores que influenciam na produtividade, seus aspectos e aplicações e

apontar as estratégias que podem ser desenvolvidas pelo Gestor de Recursos

Humanos para equilibrar a produtividade e a qualidade de vida dos

colaboradores.

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CAPÍTULO I

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO

TRABALHO

1.1 – Origem do conceito de trabalho

Em sua etimologia, o termo trabalho tem origem no latim tripaliare

(martirizar com o tripaliu, instrumento antigo utilizado na prática de torturas).

Tem como significado ocupar-se em algum mister, esforçar-se em alcançar

alguma coisa ou fazer algo (SANTOS, 1999).

Para Sandroni (1999), o trabalho:

É toda atividade humana voltada para a transformação da

natureza, com o objetivo de satisfazer uma necessidade. O

desenvolvimento dos instrumentos de trabalho (grau de

aperfeiçoamento das forças produtivas) e da divisão da

atividade produtiva entre os diversos membros de um

agrupamento social (SANDRONI, 1999, p. 609).

Bom Sucesso (1999) considera o trabalho como sendo “qualquer

atividade humana exercida com certa regularidade e em troca de remuneração,

capaz de prover benefícios a pessoas e organizações”.

Robbins (1990, p. 24) define trabalho como “todo comportamento

adquirido por aprendizagem e tendo de se adaptar às exigências de uma

tarefa”. Para Moller (1999, p. 65) o objetivo do trabalho é “a máxima realização

como ser humano”.

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10Para Bom Sucesso (1999), o trabalho é a forma como o homem

interage e transforma seu meio ambiente assegurando a sobrevivência e

estabelecendo relações interpessoais que teoricamente serviriam para reforçar

sua identidade e o senso de contribuição.

Pode-se entender trabalho humano como “uma atividade

originalmente social, fundada sobre a cooperação de indivíduos, a qual supõe

uma divisão técnica”, como afirma Minicucci (2000, p. 8).

1.2 – O trabalho e sua história

Tentando fazer uma retrospectiva histórica, podemos observar

que desde o início a civilização tem se estruturado, em grande parte, em

função do conceito de trabalho. Por exemplo, o Australopithecus se alimentava

de carne o que constituía num problema, pois havia a necessidade de esmagar

ossos, cortar pele e carne. Como não contavam com dentes e garras afiadas,

precisavam de alguma ajuda para solucionar esta dificuldade. Escavações

arqueológicas revelaram que os Australopithecus fabricavam ferramentas que

os auxiliavam na caça e alimentação (BOM SUCESSO, 2002).

Muitas fases se sucederam desde o caçador da pré-história ao

operário da linha de montagem deste século. O trabalho tem sido parte

integrante da existência diária do homem.

O sentido do trabalho, como forma de atividade humana, já sofreu

variações significativas no decorrer dos séculos. O valor atribuído pelo homem

ao trabalho varia de acordo com sua cultura, civilização e referências de cada

sociedade (MOLLER, 1999).

É importante ressaltar que por centenas de anos, até o advento

da revolução industrial, os que ocupavam o alto da pirâmide social, na verdade,

não trabalhavam. Não era do trabalho que obtinham as riquezas e o prestígio

social, mas do nome da família e das rendas.

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11Podemos concluir que antigamente, quanto mais rica uma

pessoa, menos ela trabalhava.

Lá pelo final do século XVIII, chegou a indústria: muitos

camponeses abandonaram o campo para se transformarem em trabalhadores

das indústrias. Passaram a não depender mais da natureza, mas de regras

empresariais e do ritmo das máquinas.

No século XIX, os homens chegavam a trabalhar cerca de dezoito

horas diárias, o relacionamento entre patrões e empregados deixava

transparecer que o capital humano era deixado de lado, os operários eram

considerados como uma extensão da máquina. Com o advento da

administração científica foi introduzida a organização racional do trabalho.

Robbins (2000), sugeriu que o máximo de prosperidade só pode

existir com o máximo resultado de produção. Assim, se uma organização

racional do trabalho em que cada operação fosse analisada sob a ótica

científica, a tarefa seria realizada da melhor maneira com menor esforço do

trabalhador. Disto resultaria uma melhor produtividade dos elementos do

sistema de produção.

Bom Sucesso (1999, p. 34) defendia que o “trabalho pode ser

executado melhor e mais economicamente através das subdivisões de

funções”. Assim, o taylorismo surge dentro das fábricas, pela observação

empírica do trabalho envolvendo um conjunto de fatores como o estudo dos

tempos e movimentos, seleção científica do trabalhador, aplicação do método

planejado racionalmente, estabelecimento de padrões de produção, supervisão

cerrada, incentivo monetário e adoção de uma estrutura organizacional rígida.

Propiciou resultados positivos em termos de aumento da produtividade, da

eficiência e ganhos reais tanto para as empresas como para o trabalhador.

O grande mérito de Taylor, segundo Friedman et al. (2000, p. 27)

está no fato de ter contribuído “para que se encare sistematicamente o estudo

da organização, o que não só revolucionou completamente a indústria, como

também teve grande impacto sobre a administração”. Analisados

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12individualmente, os elementos que compõe sua teoria (princípio, método e

técnicas) sofrem restrições e contestações.

Taylor condiciona a baixa produtividade à vadiagem no trabalho

(entende-se por vadiagem trabalhar deliberadamente devagar), chegando a

apontar a supervisão cerrada como uma possível solução para o problema,

uma vez que a vadiagem constitui uma característica dos níveis hierárquicos

mais baixos, sendo denunciada como perda de tempo, de produção e de

dinheiro.

A vadiagem no local de trabalho, conforme descreve Rodrigues

(1999, p. 33) “não eram tanto os momentos de repouso que se intercalavam no

trabalho, mas as fases durante as quais os operários trabalhavam num ritmo

menor do que aquele que poderiam ou deveriam adotar”, o que constitui,

segundo este autor, uma etapa do trabalho durante a qual agem operações de

regulagem do binômio homem-trabalho, destinadas a assegurar a continuidade

da tarefa e a proteção da saúde mental do trabalhador.

O conjunto de “tarefas científicas”, que Minicucci (2000) denomina

de modo operatório cientificamente estabelecido, é imposto aos operários.

Nele, o trabalho individual é totalmente substituído pelo coletivo, sendo o

conhecimento desse trabalho, em sua totalidade, desmembrado entre vários

operários. Dá-se a desapropriação do individual em prol do coletivo.

Assim, com a tarefa científica, Rodrigues (1999, p. 33), não

somente estabelece um método de trabalho mas retira “o conhecimento que

individualmente o trabalhador pudesse ter” e continua, dizendo que

“desapropriado” do “saber-fazer” o trabalhador pode ser desqualificado

transformando-se em executor de tarefas simples, facilmente treinável e

substituível. Nesse contexto, a identidade da tarefa é do coletivo, não do

indivíduo.

As diferenças cedem lugar ao anonimato. Sujeito às exigências do

tempo, aos ambientes de trabalho, controle, a repetitividade de gestos, à

monotonia, dentre outras exigências, o trabalhador participa de um sistema

uniformizado que como observa Bom Sucesso (1999), privilegia o que há de

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13comum e de coletivo na vivência, ao invés de se ater ao que separa os

indivíduos. Como partícipe desse sistema, o trabalhador é individualizado

somente frente ao “sofrimento”.

O sistema taylorista gerou mais divisões entre os indivíduos do

que pontos-de-união. Mesmo partilhando da disciplina do barulho da fábrica, do

ritmo de trabalho, da vivência local de trabalho, os operários, pela própria

estrutura de organização são confrontados um por um, individualmente e na

solidão, às violências da produtividade (BOM SUCESSO, 2002).

É o isolamento do operário que, dentre todos os aspectos

negativos do sistema taylorista, parece ter efeito mais significativos. Dele

resultam o enfraquecimento do interesse do trabalhador pelo produto acabado,

a perda de orgulho do trabalhador pelo trabalho, o declínio da qualidade, altos

níveis de rotatividade, absenteísmo e alienação. O conflito surge à medida que

os trabalhadores se esforçam para melhorar as condições de trabalho,

enquanto a supervisão reage através de controles mais rígidos.

As mudanças sociais ocorridas paulatinamente contribuíram para

agravar cada vez mais o conflito empregado-empregador. Em decorrência, os

trabalhadores mais instruídos tendem a não aceitar pacificamente a autoridade,

a questionar cada vez mais suas condições de trabalho e a tentar satisfazer

suas aspirações e necessidades.

Adotando uma postura oposta, surge a Escola de Relações

Humanas, disposta a democratizar e humanizar a administração nas empresas.

Trata-se de uma abordagem mais democrática e liberalizante que, mesmo na

busca de maior produtividade, procura enfatizar as pessoas dentro das

empresas, deixando a tarefa e a estrutura para o segundo plano.

Constitui a fase em que o administrar é, sobretudo, lidar com

pessoas (FERNANDES, 1990). Suas principais contribuições se concentram na

importância dos fatores humanos e sociais, nos relacionamentos

organizacionais, bem como na evidência de que a motivação envolve mais

fatores do que unicamente a satisfação das necessidades econômicas.

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14A segunda abordagem humanística surge com os cientistas do

comportamento. Pesquisadores foram treinados com mais rigor no campo das

ciências sociais (Psicologia, Sociologia e Antropologia) e, empregando

métodos de pesquisa mais sofisticados, deixam de lado aspectos estruturais da

organização para concentrar sua atenção nos aspectos comportamentais

(MINICUCCI, 2000).

As principais contribuições dessa abordagem estão no

entendimento da motivação individual, do comportamento de grupos, das

relações interpessoais no trabalho e da importância do trabalho para as

pessoas.

Apesar de serem considerados abstratos, além das restrições

pelo uso de terminologia própria na divulgação de seus trabalhos, os cientistas

sociais continuam com idéias esclarecedoras em áreas tais como liderança,

motivação, solução de conflitos, obtenção e uso do poder, mudança

organizacional e comunicação. Surgiu a necessidade de reestruturar o

trabalho, conferindo-lhe novos atributos, bem como de reestruturar as

organizações, tendo em vista propiciar aos empregados um ambiente mais

adequado, o que significa melhorar a qualidade de vida no trabalho – QVT.

Dentre os cientistas do comportamento, maior ênfase é dada a Herzberg com

sua teoria “Higiene-Motivação” e o “Enriquecimento da Tarefa” (FERNANDES,

1990).

Mas os responsáveis pela organização do trabalho, levando em

conta uma euforia comercial, optaram por desfrutar das

inovações tecnológicas para produzir mais bens no mesmo

tempo de trabalho, ao invés de produzir os mesmos bens em

menor tempo. Com isso, alimentaram o progresso e também

uma aspiral de consumo, destinada a saturação do mercado. O

problema da duração do trabalho sempre foi difícil de

equacionar, e mais ainda agora, quando é impossível dar uma

definição de quantas horas por dia alguém deve trabalhar. Por

exemplo, quanto tempo deve trabalhar um mineiro? E um

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15professor? E um cirurgião especializado em transplante? Com

base em várias pesquisas um ser humano de 20 anos tem a

expectativa de vida de 60 anos; ou seja, mais 525 mil horas.

Esta pessoa vai dispensar, aproximadamente, 10 horas diárias

de sono, cuidados pessoais e afazeres domésticos. Tudo isto

vai perfazer um total de 219 mil horas. E passará dos 20 aos

60 trabalhando duas mil horas por ano, ou 80 mil horas, o que

podemos dizer que o trabalho representa a sétima parte da

vida que lhe resta (FERNANDES, 1990, p. 18)

Esta pode ser uma das razões pelas quais as condições de vida e

do trabalho, ao longo do tempo, vêm sofrendo reivindicações por parte dos

trabalhadores. Desta forma, cresce a preocupação com as soluções para o

problema da produtividade e da competitividade, sem perda de qualidade de

vida do trabalhador.

Modernamente, os postos de trabalho com um maior grau de

complexidade, exigiu dos especialistas estudos para que as máquinas

pudessem ser operadas eficientemente, com um mínimo de riscos (SANTOS,

1999). Para isto, foi necessário analisar as principais fontes de insatisfação dos

trabalhadores e atuar sobre as mesmas, até se poder conseguir a satisfação

dos trabalhadores, ou seja, a percepção de uma qualidade de vida no trabalho.

1.3 – Conceituando qualidade de vida

O conceito de qualidade de vida sofre algumas variações de

acordo com a abordagem dada por cada estudioso do assunto. Vieira (1996),

fornece uma definição de qualidade de vida, focalizando o impacto do trabalho

sobre a vida das pessoas, a efetividade organizacional, bem como, a idéia de

participação segundo uma definição operacional que identifica quatro tipos de

atividades representativas do esforço de qualidade de vida no trabalho, tais

como a participação na resolução dos problemas, reestruturação do trabalho,

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16inovação no sistema de recompensas e aperfeiçoamento no ambiente de

trabalho. Para Fernandes (1990), QVT:

Consiste na aplicação concreta de uma filosofia humanista,

pela introdução de métodos participativos, visando modificar

um ou vários aspectos do meio ambiente de trabalho, a fim de

criar uma nova situação, mais favorável à satisfação dos

empregados da empresa. (FERNANDES, 1990, p. 47)

Rodrigues (1999, p. 90) diz que QVT engloba dois fatores: “a

preocupação com o bem-estar do trabalhador e com a eficácia organizacional;

e a participação dos trabalhadores nas decisões e problemas de trabalho.”

Bom Sucesso (1999), defende que a QVT, baseia-se em certos

fatores que promovem o bem-estar e a mobilização do pessoal, incluindo,

elementos organizacionais, ambientais e comportamentais. Em relação aos

fatores comportamentais, pode-se citar os ligados à autonomia,

responsabilidade, variedade, consideração, relacionamento e participação,

sendo este último fator considerado o de maior importância para que o

indivíduo se sinta envolvido com a instituição, refletindo isto no seu

desempenho e na sua produtividade.

Para Vieira (1996), a QVT tem como objetivo central gerar uma

organização mais humanizada para, através dela, resultar uma relação entre

capital e trabalho não conflitante, mas sim cooperativa.

Friedman et al (2000), afirmam que:

A ênfase da qualidade de vida no trabalho é na substituição do

sedentarismo e do stress por um maior equilíbrio entre o

trabalho e o lazer que resulte em melhor qualidade de vida.

Numa visão institucional, a QVT deve monitorar todas as

variáveis que determinam o ambiente tecnológico, político e

econômico do trabalho (FRIEDMAN, 2000, p. 37).

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17Rodrigues (1999) conceitua a QVT como melhorias nas condições

de trabalho, envolvendo as variáveis comportamentais, ambientais e

organizacionais, além das práticas de recursos humanos, de forma a

humanizar o trabalho, satisfazendo, assim, não só a organização, como

também os trabalhadores.

No que se refere às atividades de QVT, a participação na

resolução de problemas, reestruturação do trabalho, sistemas de compensação

inovadores e a melhoria no ambiente de trabalho, buscam criar um

envolvimento ótimo entre os empregados e a organização, o que se traduz em

um nível maior de satisfação e motivação, onde seja atingida a efetividade

organizacional e preservada a saúde do sistema (RODRIGUES, 1999).

Por qualidade de vida no trabalho queremos dizer os pontos

favoráveis e desfavoráveis de um ambiente de trabalho para as pessoas, a

proposta básica é desenvolver um ambiente de trabalho que seja bom para as

pessoas como para a saúde e economia da organização. Os elementos da

QVT incluem: “comunicações abertas, sistema de recompensa justo,

preocupação com a saúde e segurança do trabalhador, participação e

planejamento de trabalho, entre outros” (VIEIRA, 1996, p. 28).

1.3.1 – Evolução da qualidade de vida nas organizações

Foi a partir da década de 50 que a qualidade de vida começa a

aparecer na literatura como uma nova abordagem do mundo do trabalho.

Nesse período, o Travistock Institute em Londres desenvolveu uma série de

estudos, tendo por base a satisfação do trabalhador no seu ambiente de

trabalho. Paralelamente, nos Estados Unidos realizavam-se pesquisas para

modificar as “linhas de montagens”, objetivando tornar o trabalho mais

agradável e satisfatório.

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18Numa análise da evolução da QVT nos Estados Unidos, Friedman

et al. (2000) destacam duas fases: a primeira, considerada como a fase original

que vai de 1974 a 1979, foi marcada:

Por um grupo de pesquisadores que estudou os efeitos do

emprego sobre a saúde e o bem-estar do empregado e sobre a

satisfação com o emprego; pela investigação, sob o patrocínio

do governo americano, das questões “qualidade do emprego”

ou a “soma total dos efeitos da experiências do emprego sobre

o indivíduo”, que resultou na publicação do livro “work in

América”; pela formação da Comissão Federal de

Produtividade, que promoveu uma série de experiências de

administração do QWL – Quality of Work Life, as quais foram

juntamente aplicadas ao Programa de Qualidade do Trabalho e

do Centro Nacional de Qualidade do Trabalho dos Estados

Unidos da América. (FRIEDMAN, 2000, p. 43)

A segunda fase que teve início em 1979:

a) impulsionava através da competição internacional, com o

reconhecimento de outros Países, principalmente o Japão,

estivessem fazendo alguma coisa diferente: tornamo-nos

fascinados com a noção de estilo de gerenciamento

alternativos e a perspectiva de que outros países têm

desenvolvido para um nível mais elevado;

b) através dos resultados positivos do projeto de QVT,

implantados na primeira fase. (FRIEDMAN, 2000, p. 43)

Porém, foi na década de 60, que a conscientização dos

trabalhadores e o aumento das responsabilidades sociais contribuíram, de

forma decisiva, para que os cientistas e dirigentes organizacionais

pesquisassem melhores formas de realizar o trabalho, que os movimentos cujo

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19objetivo era o de melhorar a qualidade de vida, tomaram impulso, segundo

Robbins (2000).

Apesar desses autores, juntamente com Friedman (2000),

estabelecerem a década de 70 como um marco do movimento de QVT, no

início desta década os estudos sobre a qualidade de vida no trabalho passaram

por um período de estagnação. Um dos principais fatores responsáveis por

esta estagnação foi a crise energética e a alta da inflação que assolou os

Estados Unidos e outros países do ocidente. A ascensão do Japão como

potência, também, fez com que as organizações ocidentais não focalizassem

apenas as técnicas de gestão, desviando suas atenções do estudo de

qualidade de vida no trabalho.

Em torno dos anos 80, a QVT adquire, segundo alguns autores

(RODRIGUES, 1999), conotação ideológica.

Para Bom sucesso (2002) “na década de 90 o termo qualidade de

vida invadiu todos os espaços, passou a integrar o discurso acadêmico, a

literatura relativa ao comportamento nas organizações, os programas de

qualidade total, as conversas informais e a mídia em geral”.

Atualmente, a qualidade de vida no trabalho vem sendo

extensivamente pesquisada em diversos países, como Inglaterra, Hungria,

Canadá, México e na Índia (RODRIGUES, 1999).

1.3.2 – Efeitos da QVT no ambiente de trabalho

O termo ambiente pode ser utilizado de forma a incluir

equipamentos, ferramentas, materiais, métodos de trabalho e a própria

organização do trabalho. É pois, o envolvimento do ambiente físico e dos

aspectos organizacionais em todas as situações em que ocorre o

relacionamento entre o homem e seu ambiente de trabalho.

A QVT pode produzir um ambiente de trabalho mais humanizado.

Seu objetivo é servir tanto às aspirações mais altas dos trabalhadores quanto

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20mais suas necessidades mais básicas. Ela procura aproveitar as habilidades

mais refinadas dos trabalhadores e proporcionar um ambiente que os

encorajem a desenvolver suas atividades.

A idéia é que os trabalhadores são capital humano que tem de ser

desenvolvido e não simplesmente usado. Além disso, o trabalho não deve ter

condições excessivamente negativas, nem submeter o trabalhador a tensões

indevidas, tão pouco subjugar ou degradar sua humanidade e nem ser

arriscado ou indevidamente perigoso. O trabalho deve construir, ou pelo

menos, não prejudicar a capacidade dos trabalhadores de desempenharem

outros papéis, como o de cidadão, marido, esposa, pai, mãe, estudante, ou

seja, é preciso que o trabalho contribua para o desenvolvimento social do

indivíduo.

Um local de trabalho, seja um escritório, uma oficina ou uma

escola, deve ser sadio e agradável. O homem precisa encontrar aí condições

capazes de lhe proporcionar um máximo de proteção e, ao mesmo tempo,

satisfação no trabalho. Mais ainda, o ambiente deve poder cumprir uma

finalidade social de educar, criando no homem hábitos de higiene e de ordem

que venha a estender ao seu lar. Um ambiente de trabalho é o resultado de um

complexo de fatores, materiais ou subjetivos, todos importante e que, tantas

vezes, são mais fáceis de serem atendidos. (VIEIRA, 1996, p. 49)

Pode-se distinguir, no ambiente de trabalho, vários fatores

atuantes na sua constituição. Estes fatores podem ser classificados como

principais e secundários.

Moller (1999, p.35), relaciona como fatores principais:

temperatura, ruídos, odores e cores. Os secundários encontram-se na

arquitetura, relações humanas, remuneração, estabilidade e apoio social.

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21

CAPÍTULO II

GESTÃO DA PRODUTIVIDADE

2.1 – Histórico da produtividade

Até a II Guerra Mundial, o conceito de produtividade limitava-se à

razão entre o produto e a hora trabalhada.

Os primeiros estudos sobre produtividade datam do século

passado, preparados pelo Bureau of Labor, agência do governo norte-

americano. Com a II Grande Guerra, esses estudos passam por uma evolução

significativa, mas é a partir da década de 60 que o mundo empresarial começa

a tratar a produtividade como uma questão estratégica e até mesmo de auto-

sobrevivência. Os países industrializados, particularmente os Estados Unidos,

o Japão e a ex-Alemanha Ocidental, desenvolveram importante papel na

popularização dos estudos de produtividade, bem como na criação de centros

especializados para tratar do assunto (SEVERIANO FILHO, 2000).

De acordo com Ogata (2009), em 1950, surgiram as primeiras

definições de produtividade no seu mais amplo sentido econômico e social.

Alguns autores definiram a produtividade como “a relação entre os bens e

serviços produzidos e o valor dos recursos utilizados no processo de

produção”.

A Organização Européia de Cooperação Econômica, em 1950,

estabelece a seguinte definição: “a produtividade é a relação entre a produção

e um dos fatores de produção. A produtividade do trabalho humano é o

quociente da produção pelo tempo empregado na produção”.

Historicamente, as primeiras análises e interpretações do conceito

de produtividade, estiveram associadas à avaliação do trabalho exclusivamente

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22manual, como forma de individualizar mecanismos de remuneração do

operariado, em função de seu rendimento (SEVERIANO FILHO, 2000).

Segundo Miyake (2003), o termo produtividade foi provavelmente

introduzido por Quesnay em 1766 e, desde então, inúmeras versões para sua

definição foram propostas, sempre com a preocupação básica de retratar uma

relação entre entradas e saídas de um processo ou sistema.

Mediante diferentes abordagens estudadas no intuito de adotar

uma única vertente para este estudo, optou-se por Ogata, que cita:

A produtividade é considerada como a principal fonte de

crescimento e do aumento do nível de vida, ela é igualmente

um dos fatores determinantes nos processos de queda dos

preços relativos, de rentabilidade das empresas e de

competitividade das economias (OGATA, 2009).

Nesse sentido acredita-se que o quociente entre as entradas e as

saídas, reflete o desempenho de um processo ou atividade, sendo que toda

organização visa maximizar a sua produtividade, obtendo resultados que

garantam sua sobrevivência e crescimento no mercado.

2.2 – Conceito de produtividade

Uma estrutura própria de gestão da produtividade, além da

integração das dimensões técnica e econômica, pode permitir a elaboração de

diagnósticos de problemas de produtividade em toda a sua extensão e o

conseqüente planejamento e controle das ações corretivas pertinentes

(MIYAKE, 2003).

O conceito de produção designa a transformação de entradas

escolhidas, em saídas desejadas. Com o desenvolvimento das atividades de

Page 24: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

23processamento e a organização do setor terciário, o termo “produção” foi

estendido ao de “operação”, para designar também as atividades de realização

de serviços. Para avaliar e medir os benefícios ou resultados de um sistema

produtivo, de uma organização ou mesmo de uma nação, conhece-se o

conceito e as medidas de produtividade.

O desenvolvimento industrial ampliou as dimensões conceituais

de produtividade, inserindo novas variáveis de definição. Essas variáveis

reproduzem a interação dos fatores de produção, com o sistema produtivo

propriamente dito, sugerindo assim um horizonte de acepções mais amplo

sobre o significado do rendimento da manufatura (SEVERIANO FILHO, 2000).

Fontes, Gottschalk e Borba (2002) estabelecem um conceito de

produtividade bem mais abrangente, que alia a produtividade ao

desenvolvimento sustentável e à melhoria do padrão de vida da sociedade.

Assim, produtividade tem, acima de tudo, uma função social e um conceito de

produtividade sistêmica fundamentada nessa função.

As práticas gerenciais da empresa, que são diferentes entre os

países, funcionam como um determinante significante para o desempenho em

produtividade. Produtividade, em um sentido geral, está associada à relação

entre o que é produzido, sejam bens ou serviços, e o que é necessário para

produzi-lo, fatores ou insumos produtivos. Essa definição de produtividade

como relação entre resultados e recursos aplicados decorre de uma visão

genérica que coloca a empresa como um sistema, cujos processos internos

não são explicitados (FONTES, GOTTSCHALK e BORBA, 2002).

As organizações produtivas passaram, assim, a assimilar novos

métodos de fabricação, exigindo, por conseguinte, a reestruturação de seus

sistemas de valores. O conceito de produtividade assume segundo Miyake

(2003, p.18), uma referência de desempenho, onde o “resultado do sistema

operacional é expresso em termos de um valor de atributos, cujos critérios de

avaliação devem refletir os novos paradigmas de produção adotados pela

organização”.

Page 25: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

24Dessa forma, a produtividade passa a ser representada pela

relação entre o lucro e o investimento total. Na verdade, esse índice de

produtividade é um índice de rentabilidade global da empresa. Uma elevada

rentabilidade decorre, portanto, da capacidade da alta administração em buscar

e integrar as eficiências dos diversos setores da organização. Assim, a

produtividade global da empresa é a resultante da integração de diversas

eficiências, tais como: eficiência das contratações, ou seja, financeira,

eficiência da produção, eficiência das vendas, etc. (OGATA, 2009).

A produtividade é acima de tudo uma medida da eficiência do

processo de produção. Assim definida, de acordo com Severiano Filho:

A produtividade aparece no centro do problema econômico,

estimulando a pesquisa sobre a melhor utilização possível dos

recursos escassos: seja para maximizar o resultado para um

dado volume de recursos, seja para minimizar o volume de

recursos de modo a alcançar um dado resultado (SEVERIANO

FILHO, 2000, p.23).

Poucas palavras têm provocado tanta diversidade de conceito

como “produtividade”. É provável que, na maior parte das vezes, os gestores

tenham pouco mais que noções vagas e imperfeitas do que seja a

produtividade. Isso acontece não exatamente porque a produtividade seja uma

temática nova, mas sim porque seu conceito encerra complexidades que não é

distinguível numa abordagem muito superficial (SEVERIANO FILHO, 2000).

Sampaio (2009) define a produtividade:

Como a utilização mais eficaz dos fatores da produção para

obtenção de maior quantidade de bens e serviços no menor

tempo possível e com esforços humanos mínimos. A partir

dessa relação, percebe-se que o aumento da produtividade é

resultante da utilização eficaz da mão-de-obra, sendo ela uma

Page 26: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

25das principais variáveis dentro do processo de produção

(SAMPAIO, 2005).

Conforme Fontes, Gottschalk e Borba (2002, p.24), pode-se dizer

ainda que produtividade seja “o resultado de todo esforço pessoal e

organizacional associado à produção, ao uso e/ou à expedição de produtos e

prestação de serviços”. Nesse caso, a atenção deve estar voltada para a

produtividade no seu sentido mais amplo, envolvendo o uso mais eficaz de

todos os meios de produção empregados e não somente na produtividade do

trabalho.

Dado um sistema de produção, onde insumos são combinados

para fornecer uma saída, a produtividade refere-se ao maior ou menor

aproveitamento dos recursos nesse processo de produção, ou seja, diz

respeito a quanto se pode produzir partindo de certa quantidade de recursos.

Para Ogata (2005), procurar descobrir qual o significado exato

dos termos eficiência e produtividade, tendo como ponto de partida os usos

que se fazem dessas palavras em textos provenientes de diferentes autores e

tendências, é verificar que são raros os termos que se presta a uma variedade

tão grande de interpretações diferentes e mesmo antagônicas.

De acordo com Severiano Filho (2000, p.26), tradicionalmente a

produtividade é definida como “sendo a relação entre as saídas geradas por

um sistema e os insumos necessários à produção dessas saídas, ou seja, a

comparação entre as saídas e as entradas de um sistema de fabricação”.

Miyake (2003, p.19) sugere uma definição de produtividade,

estreitamente associada à noção de eficácia. Segundo este autor,

produtividade “é a economia dos meios de produção na busca de um

determinado objetivo, é uma combinação da eficácia e da eficiência, ou seja, o

alcance de resultados com a melhor utilização possível dos recursos”.

Segundo esses autores, a acepção geral da produtividade pode

ser resumida como sendo a eficiência com que os recursos de produção são

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26usados para produzir os produtos. Esse mesmo entendimento sugere uma

particularização do conceito de produtividade, sustentado pelo princípio de que

os recursos de produção agem e participam de modo diferente no sistema

produtivo.

De acordo com Ogata:

Quando se considera que a relação output-input1 pode se

estender a todos os recursos, a uma parte deles ou apenas a

um de cada vez, chega-se ao famoso conceito de

produtividade como “família de relações”, ligando produção e

insumos (OGATA, 2005).

Severiano Filho (2000) relata que as acepções em torno do

conceito de produtividade, mesmo partindo de visões e perspectivas diferentes,

parecem convergir para a mesma idéia de rendimento associada à eficiência.

2.3 – Fatores que influenciam na produtividade

Quando se fala em produtividade não se pode esquecer que o

fator trabalho envolve uma questão mais ampla, ou seja, os recursos humanos.

Dentro deste enfoque, não se pode ignorar que o fator recursos

humanos tem um componente comportamental, e acima de tudo motivacional

diretamente ligado aos aspectos culturais (crença e valores), que é decisivo no

desempenho dos indivíduos dentro de uma organização.

Segundo Miyake (2003, p.20), “os recursos humanos influenciam

a produtividade; modificam a produtividade; a produtividade depende da

performance dos recursos humanos”.

Severiano Filho considera que:

1 Saída-Entrada.

Page 28: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

27Um crescimento da produtividade implica um melhor

aproveitamento de funcionários, máquinas, da energia e dos

combustíveis consumidos, da matéria-prima, e assim por

diante. Pensando em uma empresa isolada, o senso comum

acaba por ligar a produtividade a uma melhoria de

competitividade e aumento nos lucros (SEVERIANO FILHO,

200, p.27).

Ainda este mesmo autor coloca que:

Aumentando a produtividade, diminuem-se os custos de

produção ou dos serviços prestados. Isso acontece exatamente

porque cada unidade de produto ou de serviço terá sido

conseguida com menor quantidade de insumos, o que afeta

diretamente o custo. Com esse aumento de lucros, a empresa

terá mais condições de investir no seu próprio crescimento,

melhorando ainda mais sua competitividade e assim por diante,

a não ser que ocorrências externas quebrem essa cadeia,

como uma grande recessão (SEVERIANO FILHO, 200, p.28)

As empresas estão cada vez mais envolvidas com programas de

gestão em saúde e qualidade de vida, buscando principalmente contar com

colaboradores mais saudáveis e produtivos. Cada vez mais os gestores estão

conscientes de que a saúde, o bem-estar e a motivação dos colaboradores

estão relacionados com a produtividade corporativa. A questão que se coloca é

se as empresas estão preparadas ou não para esta ação (OGATA, 2005).

Dentro dos prováveis gargalos e pontos falhos na produção,

Fontes, Gottschalk e Borba (2002) salientam que os fatores que mais influem

no trabalho são:

Page 29: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

28Ambiente psicossocial; desenho do produto; matéria-prima;

processo e a seqüência do trabalho; instalações e os

equipamentos; instrumentos e as ferramentas; disposição da

área de trabalho; ações dos trabalhadores e ambiente físico

geral (Gottschalk e Borba, 2002, p.29).

Segundo Miyake (2003), a melhoria dos métodos de trabalho

inicia-se com a análise dos fatores que estiverem atuando sobre o trabalho,

dentre eles o fator motivacional, e a qualificação das pessoas que o executam.

Portanto, tudo que eliminar as falhas que ocasionam perdas, torna o trabalho e

o processo de produção mais eficaz, aumentando assim a produtividade.

Visando, assim, ainda segundo este mesmo autor, os seguintes

princípios básicos:

Simplificação do trabalho, com a eliminação das operações e

tarefas desnecessárias; combinação das diversas operações

ou elementos das mesmas; simplificação das operações

necessárias; ordenação das operações necessárias;

verificação dos resultados (MIYAKE, 2003, p.15).

De acordo com Deming apud Miyake, identificaram-se os

seguintes fatores que inibem a busca da melhoria da qualidade e da

produtividade:

Treinamento inadequado; atrasos e falta de componentes;

instrumentação e documentação escrita inadequadas; serviços

de última hora (planejamento inadequado); desenhos

ultrapassados; projeto inadequado (desenhos alterados após a

conclusão do serviço, exigindo retrabalhos e reparos); chefes

sem conhecimentos suficientes para liderar; ferramentas e

instrumentos errados e inadequados; ausência de linhas de

Page 30: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

29comunicação entre operários e administração; ambiente de

trabalho insatisfatório (frio no inverno, quente no verão,

dispersão insuficiente de gases) e esforço para conseguir ajuda

técnica dos engenheiros (DEMING apud MIYAKE, 2003,p.14).

Segundo Fontes, Gottschalk e Borba (2002), acreditam que é

preciso quebrar o paradigma de que produtividade significa mais produção com

menos recursos, redução de custos, perda de empregos, menos inputs, etc.

melhorar constantemente a relação entre outputs2 e inputs3 é bom e importante

e as conseqüências disso devem ser boas.

O entendimento dos fatores que influenciam a produtividade é de

suma importância na realização de sua medição, pois fornece indícios para a

identificação de problemas no processo produtivo. Nem sempre variações de

produtividade significam aumento ou redução da eficiência, podendo ser

resultado da interferência de fatores diversos.

O aumento continuado da produtividade acaba por gerar uma

série de benefícios, que atingem a empresa, os trabalhadores e a sociedade

como um todo. Fontes, Gottschalk e Borba (2002) classificam as duas

estratégias de aumento da produtividade, consideradas a nível econômico,

como: “melhoria da qualidade do trabalho, e mais capital tangível por homem-

hora”.

Uma terceira fonte de aumento da produtividade, segundo estes

mesmos autores, é a chamada “melhor eficiência no uso do capital e trabalho”,

que também tem sido chamada de “tecnologia”, ou seja, seria responsável pela

explicação do aumento da produtividade, abstraindo-se a melhoria da mão-de-

obra e a intensificação do capital, subdividindo-a em tecnologia de produto, de

processo e de gestão (FONTES, GOTTSCHALK e BORBA, 2002).

Um programa integrado e estruturado de avaliação e melhoria da

produtividade, em todas as suas vertentes, pode ser o ponto de partida para

2 Saída. 3 Entrada.

Page 31: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

30uma rápida identificação e ação corretiva das causas da baixa eficiência,

contribuindo para atingir as metas estratégicas de rentabilidade e participação

no mercado. Esse programa também pode servir de base para um critério de

avaliação do desempenho da administração (FONTES, GOTTSCHALK e

BORBA, 2002).

2.4 – Produtividade da mão-de-obra X QVT

Aumentar a produção com menos esforço humano tem sido por

longo tempo um objetivo da indústria. O interesse no projeto dos sistemas de

trabalho para converter práticas de trabalho humano às máquinas foi um fator

contribuinte para a Revolução Industrial.

Desde então, o desenvolvimento não tem sido constante, mas

confia-se fortemente na mecanização e automação para elevar a produtividade

e desenvolver a força humana efetivamente (FROST, 2003).

Segundo Limongi-França (2004), o melhor caminho para alcançar

a produtividade é planejar áreas de trabalho de forma que os trabalhadores não

tenham que alcançar objetos e se deslocar além de certos limites, pois se as

limitações e capacidades do homem forem respeitadas na sua atividade de

trabalho, isso proporcionará um desempenho mais criativo, mais inteligente e,

portanto, mais eficiente.

Sampaio (2005) evidencia a importância do homem na

produtividade e na produção, porque a automação, know–how, instalações e

programações representam investimentos fáceis de obter por processos

comerciais; o homem, todavia, precisa ser tratado como na verdade é, na

condição de igualdade, possuindo predicados próprios e condições intrínsecas

para sua vivência. Será, portanto, muito difícil modificá-las, e bem mais fácil,

conduzi-las.

Frost (2003, p.12) classifica os fatores que influenciam a

produtividade em dois grandes grupos: o dos relacionados ao “conteúdo do

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31trabalho” e o dos relacionados ao “contexto do trabalho”. Frost ainda afirma

que:

A qualificação da mão-de-obra não influencia de modo direto à

produtividade, a despeito do menor nível de instrução dos

trabalhadores brasileiros, sugerindo que produtividade advém

mais dos métodos utilizados, do que da execução do trabalho

em si. Ao mesmo tempo, afirma que algumas empresas

nacionais têm atingido melhorias expressivas de produtividade,

utilizando a mão-de-obra hoje disponível, a partir de

treinamento e avanços organizacionais (FROST, 2003, p.18).

As duas afirmações, ainda que um pouco contraditórias,

demonstram a importância da qualificação do trabalhador, afinal, o que seriam

os métodos utilizados senão o modus operandi4 pelo qual o trabalho é

desenvolvido, ou sua execução por parte do trabalhador?

De acordo com Sampaio (2005), o aumento da produtividade

pode ser considerado através do capital e, ou do trabalho. Pelo capital, o

aumento da produtividade ocorre graças à aquisição de máquinas e

equipamentos mais produtivos. Por meio do trabalho, o aumento da

produtividade é alcançado por meio de técnicas de estudo de métodos de

trabalho, que conseguem fazer com que o operário produza mais, trabalhando

e fatigando-se menos.

Segundo Limongi-França:

A produtividade da força de trabalho terá de ser considerada

em simultaneidade com o equacionamento de uma série de

variáveis, tais como mercado, novas aplicações tecnológicas,

matéria-prima, mudanças organizacionais, mudanças nos

conteúdos dos cargos, novas abordagens de mercado,

4 Modo de Operação.

Page 33: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

32facilidades e dificuldades de mão-de-obra, competitividade,

escassez de recursos diversos, que impõem iniciativas criativas

e inovadoras (LIMONGI-FRANÇA, 2004,p.17).

Um ambiente de trabalho agradável pode melhorar o

relacionamento interpessoal e a produtividade, assim como reduzir acidentes,

doenças, absenteísmo e rotatividade do pessoal, e por conseqüência elevar a

qualidade de vida no trabalho. Fazer do ambiente um local agradável para se

trabalhar tornou-se uma verdadeira obsessão para as empresas bem-

sucedidas (CHIAVENATO, 2005).

Assim, afirma Sampaio (2005) que, com o aumento da

competitividade, a busca da satisfação dos clientes e a necessidade de

melhorar os processos internos fazem com que as organizações realizem uma

análise de seus procedimentos. Cada vez mais se destacam as preocupações

dos governos, empresários e sindicatos em melhorar a segurança, a saúde e

as condições do meio ambiente de trabalho.

Para realizar essas melhorias, é necessário um planejamento que

permita a participação da alta administração e dos colaboradores para

encontrar as soluções práticas e economicamente viáveis.

Drucker (2003) defende que organizações dediquem muita

atenção à saúde e ao bem-estar de todos os seus trabalhadores. Isso é

fundamental, particularmente nas organizações baseadas no conhecimento,

pois é a produtividade individual que torna produtivo o sistema.

Frost (2003) observa que os administradores brasileiros

raramente pensam em saúde e bem-estar. Destaca que uma saúde emocional

precária prejudica a vitalidade das relações e afeta diretamente o desempenho

das pessoas.

E, ainda este mesmo autor coloca que:

Page 34: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

33Como é possível obter desempenho no trabalho quando não

existe um sentimento de bem-estar consigo ou com a

empresa? Conclui que ambientes de trabalho tóxicos

inevitavelmente reduzem o desempenho e afetam a

produtividade. Uma organização que se preocupa com a saúde

de sua força de trabalho descobrirá que isso tem implicação

direta nos funcionários, que servem seus clientes com

entusiasmo e lidam com problemas e oportunidades com

confiança e criatividade (FROST, 2003, p.22).

Frost (2003) afirmam que a qualidade, de um modo geral, é um

importante fator de competitividade nas organizações. O planejamento para a

qualidade torna-se problemático, principalmente em função dos altos níveis de

rotatividade e absenteísmo da mão-de-obra.

Conforme Chiavenato (2005), a qualidade de vida no trabalho

(QVT) tem sido utilizada como indicador das experiências humanas no local de

trabalho e do grau de satisfação das pessoas que desempenham o trabalho, e

isso implica um profundo respeito pelas pessoas.

Todavia, para alcançar níveis elevados de qualidade e

produtividade, as organizações precisam de pessoas motivadas, que

participem ativamente nos trabalhos que executam e que sejam

adequadamente recompensadas pelas suas organizações. Dessa forma, a

competitividade organizacional e, obviamente, a qualidade e produtividade,

passam obrigatoriamente pela QVT.

A iniciativa de promover projetos visando à satisfação pessoal dos

colaboradores cresce cada vez mais no mercado de trabalho, de

microempresas a grandes corporações multinacionais. Num futuro próximo, o

que diferenciará uma empresa da outra, será a qualidade de vida de seus

colaboradores, bem como o clima que predomina no local de trabalho,

diminuindo a importância do tamanho da empresa e ressaltando a

produtividade e a qualidade, resultantes do bem-estar organizacional

(LIMONGI-FRANÇA, 2004).

Page 35: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

34As doenças crônicas têm um impacto significativo na

produtividade e aumentam os custos de assistência médica. Antigamente,

acreditava-se que a perda na produtividade estava associada somente às faltas

ao trabalho. Sabe-se, atualmente, que isso também acontece quando se

comparece ao trabalho com algum problema de saúde. Todos já sentiram

pessoalmente as dificuldades de se manter o ritmo normal de trabalho quando

se está com algum problema de saúde. (OGATA, 2005).

De acordo com Ogata, podem-se aceitar basicamente dois

conceitos de presenteísmo:

O primeiro que envolve uma visão em saúde ocupacional,

utilizado particularmente na Europa, que reflete a propensão do

trabalhador em permanecer trabalhando, mesmo doente,

havendo uma relação com a organização e as condições de

trabalho. O segundo mais utilizado nos Estados Unidos, é

resumido por Larry Chapman como a extensão (mensurável)

em que os sintomas, condições e doenças afetam

negativamente a produtividade no trabalho de pessoas que

decidem permanecer no trabalho. Desse modo, essa visão tem

caráter individual, e visa abordar cada situação visando à

melhoria da produtividade, analisando as condições de saúde

relacionadas ao presenteísmo, mas não se devem deixar de

avaliar as questões básicas relacionadas à estrutura, à

organização do trabalho e às relações interpessoais (OGATA,

2005).

Severiano Filho (2000) coloca que há uma década, os autores

Kaplan e Norton, definiram o Balanced Scorecard5 como uma ferramenta para

avaliar o desempenho da empresa em consonância com a missão, visão e 5 É uma técnica que visa a integração e balanceamento de todos os principais indicadores de desempenho existentes em uma empresa, desde os financeiros/administrativos até os relativos aos processos internos, estabelecendo objetivos da qualidade (indicadores) para funções e níveis relevantes dentro da organização, ou seja, desdobramento dos indicadores corporativos em setores, com metas claramente definidas.

Page 36: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

35valores. Os autores propuseram quatro perspectivas: financeira, cliente,

processos internos e pessoas. Nesse quarto critério, que efetivamente é por

onde se deve começar, consta algo como qualidade de vida no trabalho.

É muito provável que funcionários motivados, capacitados e bem

remunerados, passem a ter um desempenho acima da média, reduzindo custo,

apresentando melhores soluções aos clientes e gerando como desdobramento

maior vitalidade financeira, que, mais do que nunca, pode significar a

sobrevivência da empresa (SEVERIANO FILHO, 2000).

A duração da jornada de trabalho, a carga horária semanal de

trabalho, as pausas e os intervalos têm relação direta com a segurança e a

saúde do trabalhador. Uma jornada excessiva de trabalho provoca um

desgaste físico muito maior, o que por si só é um fator de predisposição a uma

série de doenças.

As fadigas física e psíquica levam, ainda, a um aumento da

ocorrência de acidentes de trabalho.

Por outro lado, quanto mais longa a jornada de trabalho, tanto

maior será a exposição do trabalhador aos agentes agressivos que podem

estar presentes no ambiente de trabalho, aumentando, assim, a probabilidade

do aparecimento de doenças profissionais.

De acordo com a Secretaria de Educação Física e Desportos:

As pausas e intervalos durante a jornada de trabalho, o

intervalo entre uma jornada e outra e o repouso semanal

remunerado, são muito importantes para todas as ocupações,

mas são particularmente necessários nas atividades e

operações que se faz, muitas vezes, pelo estabelecimento de

pausas programadas durante a jornada de trabalho e também

através da adoção de um ritmo de trabalho compatível com a

capacidade humana (BRASIL, 2001).

Page 37: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

36Todavia, para se alcançar melhoria e aumento da produtividade

pessoal e da organização, devem-se investir no potencial humano, por meio de

programas que visem à melhoria da qualidade de vida no trabalho (QVT),

incluindo os benefícios tanto para os colaboradores quanto para a empresa.

Page 38: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

37

CAPÍTULO III

O PAPEL DOS GESTORES DE RECURSOS HUMANOS

PARA EQUILIBRAR A PRODUTIVIDADE E QUALIDADE

DE VIDA

3.1 – O papel do gestor de recursos humanos

Conforme Honório (2002) é muito importante que neste momento,

as empresas reflitam sobre a importância da sua participação na organização

das sociedades humanas, quanto aos aspectos econômicos e sociais.

Além disso, avaliar de uma forma crítica a percepção do elemento

sócio-psicológico embutido no estilo gerencial, no clima e na cultura de suas

empresas, suas formas de organizar o trabalho, desenvolvendo métodos

gerenciais mais participativos e descentralizados, para que haja uma maior

harmonia entre os processos administrativos e os produtivos.

E, principalmente, romper as barreiras entre a chamada “classe

pensante” da empresa,a administração que planeja e controla as tarefas, e a

“classe não pensante”, o operário, que apenas executa as tarefas,

desenvolvendo-lhes a possibilidade de pensar, ou seja, de planejar, executar,

controlar e aperfeiçoar o próprio trabalho.

Na visão da moderna administração, um conceito vem

sobressaindo-se cada vez mais nos últimos anos, a humanização nos

ambientes de trabalho, no qual o homem é o centro das atenções. É mister que

os homens têm que ser vistos como homem, ser humano, com todas suas

limitações, embora diuturnamente ele próprio procura superar suas marcas em

busca da perfeição. A mudança não se restringe apenas na estrutura física,

mas, sobretudo, no tipo de atendimento que os funcionários começam a

receber (OLIVEIRA, 2004).

Page 39: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

38Segundo Evans (1996), as organizações podem ajudar,

desenvolvendo políticas de recursos humanos adequados e voltados para os

valores básicos da vida, resgatando novamente o prazer de aprender e

produzir.

As políticas de administração de recursos humanos situam o

código de valores éticos da organização. São regras estabelecidas para

governar funções e assegurar que elas sejam desempenhadas de acordo com

os objetivos desejados (OLIVEIRA, 2004).

As políticas de recursos humanos variam de acordo com a

filosofia e as necessidades das organizações, mas, a rigor devem abranger os

seguintes aspectos: provisão, aplicação, manutenção, desenvolvimento e

controle de recursos humanos (CAÑETE, 2001).

Segundo Deming (1990), Garvin (1992) e Arantes (1994), a

equipe de liderança estabelece os valores e as diretrizes da organização,

pratica e vivencia os fundamentos, impulsionando, com seu exemplo, a

disseminação da cultura da excelência na organização. Os líderes, principais

responsáveis pela obtenção de resultados que assegurem a satisfação de

todas as partes interessadas e a perpetuidade da organização, analisam

criticamente o desempenho global e tomam, sempre que necessário, as ações

requeridas, consolidando assim o controle e o aprendizado organizacional.

Na década de 1970, o gerente atuava nitidamente voltado

unicamente para o ambiente interno da organização, ocupando-se de rotinas,

com total desconsideração às necessidades dos clientes internos e externos.

Apoiado no poder que o cargo lhe conferia, era altamente centralizador.

Os programas de desenvolvimento gerencial insistiam na

necessidade da participação como forma de liberar o gerente das funções que

poderiam ser feitas por outros membros da equipe, desenvolvendo talentos e

preparando substitutos. Tudo indica que estresse, pressão decorrentes da

redução dos níveis gerenciais, enxugamento de quadros, ameaça de

desemprego, certamente ainda vão perdurar. Não há como esperar que a

empresa alivie o homem do sofrimento inerente ao processo de

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39desenvolvimento tecnológico. Tecnologia reduz empregos que não retornarão.

Criam outros, sem dúvida, mas em número muito menor que os eliminados

(SUCESSO, 2003).

O gestor de recursos humanos deve ser um grande agente de

mudanças dentro das organizações. Ele promove a mudança de mentalidade,

cultura, processos, atividades, produtos / serviços etc. É ele que torna as

empresas mais eficazes e competitivas e as orientam para o sucesso em um

complicado mundo repleto de mudanças e competição (OLIVEIRA, 2003).

De acordo com Gil (2001), a atuação do gestor de pessoas no

setor de qualidade tem sido vista como auxiliar em relação aos programas de

qualidade de vida no trabalho desenvolvidos e que envolvem resolução de

problemas, reestruturação do trabalho, inovações no sistema de recompensas,

melhoria do ambiente de trabalho etc.

Normalmente, esses programas apresentam dificuldades para

serem implantados, pois envolvem custos e têm como alvo principal os

empregados e não a organização, tornando-se penoso conseguir a adesão da

alta administração. No entanto, esses também se orientam em direção às

melhorias na eficácia organizacional, pois têm como pré-requisito a satisfação

do indivíduo.

Oliveira (2005) propõe que uma das ações básicas da empresa

que está adotando um sistema de melhoria da qualidade é incentivar o

desenvolvimento dos recursos humanos, ou seja, a qualificação do pessoal,

visando ao aprimoramento dos conhecimentos, habilidades e atitudes.

Gerar desenvolvimento humano, potencializar capacidades,

garantir equilíbrio entre vida profissional e pessoal e dentro de condições

favoráveis de bem-estar, segurança e saúde, é a meta da Gestão de Pessoas,

superando a visão estreita de Recursos Humanos. O Bem-estar Biológico,

Psicológico, Social e Organizacional (BPSO) das pessoas é o foco e não

restritamente atendimento às doenças e outras sintomas de estresse que

emergem ou se potencializam no trabalho.

Page 41: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

40Bem-estar, no sentido de manter-se íntegro como pessoa,

cidadão e profissional. A produtividade virá como já se comprova em vários

estudos científicos, como os da NIOSH - maior centro mundial de estudos de

segurança e saúde do trabalho. A produtividade virá com "tecnologia limpa"

que catalisa experiências e visões avançadas desta poderosa relação

Produtividade e Qualidade de Vida no Trabalho (LIMONGI-FRANÇA, 2004).

Os recursos humanos têm uma relação direta com a

produtividade, sendo possível ao administrador influenciar na produtividade do

empregado. O primeiro passo nesse processo é contratar um trabalhador que

possa ser bem sucedido em seu trabalho. Isso requer que o administrador

encontre o “tipo” certo de trabalhador e o treine para desempenhar

eficientemente, efetivamente e produtivamente, tendo em vista que o processo

de contratação de pessoal inclui recrutamento, orientação e treinamento. As

descrições e especificações do trabalho são importantes ferramentas desse

processo, pois é necessário um claro entendimento das técnicas e habilidades

necessárias para desempenhar o trabalho (MASSUCATO et al., 2000).

3.2 – A Gestão da QVT na empresa

Ao se observar quaisquer ambientes de trabalho, rapidamente

percebem-se vários aspectos relacionados à qualidade de vida no trabalho.

Notam-se pequenos conflitos pessoais, pressões, inquietudes, sinais de

estresse, hábitos alimentares errôneos, cuidados físicos precários, impactos

tecnológicos, e mais alguns aspectos que certamente se fazem presentes.

Para Limongi-França (2004), esses fatos provocam novas atitudes

das empresas e acarretam mudanças no estilo de vida e de trabalho das

pessoas, abrindo espaço para a discussão e a busca de qualidade de vida

dentro e fora do ambiente de trabalho.

Page 42: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

41Essas mudanças exigem novas competências de um pessoal

interno ou de terceiros que tem como função gerenciar todas essas mudanças,

surgindo assim a gestão da Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho (GQVT).

Segundo Limongi-França (2004), as competências para a GQVT

podem ser identificadas nas interfaces originadas nas áreas de saúde,

benefícios, gestão de pessoas, engenharia de produção, ergonomia, sistemas

de gestão da qualidade, pesquisa, inovação tecnológica, balanço social,

marketing e atividades de responsabilidade social. A autora afirma, no entanto,

que essa grande diversidade de atividades forma um conjunto difuso, com

lacunas e sobreposições que dificultam a localização precisa do “locus” de

decisão sobre quais ações e programas de qualidade de vida devem ser

adotados.

Todos esses aspectos mostram como é complexo esse processo

de administrar o bem-estar, exigindo do gestor habilidades complexas e que

tenha a capacidade de perceber evidências e sinais na organização que lhe

indiquem a origem da falta de bem-estar e de qualidade de vida no trabalho.

Limongi-França (2004) afirma que a função da GQVT é

justamente tentar unir todos esses aspectos de modo a consolidar atividades e

interfaces organizacionais relativas à qualidade de vida.

A complexidade desse processo pode ser explicada pela

burocracia originada pela hierarquização das empresas. Na pirâmide da

hierarquia, para Gutierrez (2004), quem está mais próximo ao topo acabam

tendo poder sobre todos os demais que se encontram abaixo, gerando nesses,

muitas vezes, insegurança quanto a sua sobrevivência e a de seus

dependentes.

Com base na visão Taylorista, quanto mais perto da base da

pirâmide o indivíduo se encontrar, mais ele é considerado um indivíduo

substituível dentro da engrenagem de funcionamento da organização,

principalmente dentro de organizações burocráticas. Uma característica da

burocracia é dada por Gutierrez (2004):

Page 43: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA ...reflexiva acerca do papel dos gestores de recursos humanos para equilibrar a produtividade e qualidade de vida. Dessa forma, conclui-se

42A burocracia caracteriza-se por uma separação entre, de um

lado, os que executam as tarefas, e do outro lado, os que

planejam, organizam, dirigem e controlam. É o espaço do

segredo, do controle e da vigilância, em que se exerce um

processo generalizado de dominação em função da

capacidade de impor punições e distribuir recompensas.

(GUTIERREZ, 2004, p.20).

A criação de uma política organizacional voltada a QVT tem sido

vista como uma vantagem competitiva das empresas no disputadíssimo

mercado atual. A falta de uma política ou mesmo de um plano de ação voltados

para a QVT dos colaboradores pode arruinar qualquer objetivo da organização.

Walton (1973), diz que o investimento necessário para a

implantação de um programa de QVT certamente será menor que os custos

gerados pela falta desse programa.

Machado (2002) usa o termo “teoria comportamental da

administração” para explicar a GQVT nas organizações. Para a autora, a teoria

surgiu para dar uma nova direção e um novo enfoque dentro da teoria

administrativa, a abordagem da ciência do comportamento, que estuda a

motivação humana, definindo assim o estilo de administração, caracterizando a

organização como sistema de decisões e principalmente como sistemas sociais

cooperativos.

Ainda seguindo a idéia de Machado (2002), o conhecimento do

administrador sobre as necessidades humanas e sobre o comportamento

humano, é um poderoso meio de melhorar a Qualidade de Vida (QV) nas

empresas.

Pilatti e Bejarano (2005) sugerem que a QVT seja vista pelas

organizações como área de intervenção, porque se trata de um poderoso

indicador de qualidade nas empresas. Porém os autores, um grande desafio

para as empresas é criar um plano de intervenção em QV. O desafio começa

com a falta de infra-estrutura com apoio e habilidades específicas.

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43Outro problema citado por Pilatti e Bejarano (2005) é a falta de

percepção das empresas quanto ao trabalho, que deve ser visto como uma

totalidade de variáveis, pois a eficiência de um colaborador não depende

apenas das suas competências e de suas habilidades técnicas, mas também

do desenvolvimento como pessoa, desenvolvendo o seu espírito de equipe e

seu companheirismo.

Segundo Walton (1973), a grande maioria dos trabalhadores vai

sofrer algum tipo de descontentamento, de desgaste emocional ou sentimento

de injustiça no trabalho, isso se já não o sofreu. Essa frustração e a

insatisfação podem levar a um alto custo financeiro, tanto para o trabalhador

como para a empresa.

Em 2002, Limongi-França e Zaima, baseados nos critérios de

Walton e nos índices de desenvolvimento humano e nos índices de

desenvolvimento social, elaboraram um quadro com indicadores para avaliação

do esforço gerencial em relação à satisfação dos clientes e aos programas de

QVT.

O programa proposto foi dividido em dois grupos, os indicadores

independentes e os indicadores dependentes, apresentados nos quadros a

seguir:

Quadro 1 – Indicadores independentes Área de esforço

gerencial Descrição Indicadores BPSO (biopsicosociais)

Setores que desenvolvem

Organizacional

Ações que valorizam imagem, estrutura, produto e relacionamento da empresa com os colaboradores.

-Endomarketing; -Comitês executivos e decisórios; -Comunicação interna

-Imagem externa; -Diretorias executivas; -Marketing; -Gestão de pessoas e/ou recursos humanos

Social

Ações que oferecem benefícios sociais obrigatórios e espontâneos e criam oportunidades de lazer e cultura.

-Direitos legais -Atividades associativas e esportivas; -Eventos de turismo e cultura; -Atendimento à família.

-Serviço social; -Grêmio esportivo; -Fundações específicas -Gestão de pessoas e/ou recursos humanos

Psicológica Ações que promovem a -Processo de seleção -Recrutamento e

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44autoestima e o desenvolvimento de capacidades pessoais e profissionais.

e avaliação de desempenho; -Carreira; -Remuneração; -Programas participativos

seleção; -Treinamento de pessoal -Cargos e salários; -Relações industriais

Biológica

Ações que promovem a saúde, que controlam os riscos ambientais e atendem as necessidades físicas.

-Mapas de riscos; -Sipat; -Refeições; -Serviço médico interno contratado; -Melhorias ergonômicas; -Treinamentos específicos

-Higiene, segurança e saúde do trabalho; -Ambulatório; -Nutrição; -Relações industriais e/ou recursos humanos.

Fonte: Limongi-França e Zaima (2002, p. 409).

Os indicadores independentes apresentados se referem

diretamente as regras impostas pela gerência. Por sua vez, os indicadores

dependentes, apresentados no quadro 2 se referem à satisfação dos

empregados.

Quadro 2 – Indicadores dependentes Fator de satisfação pessoal

Descrição Indicador Quem utiliza

Organizacional

Satisfação percebida com relação à política organizacional: o que a empresa faz e se reflete no funcionário.

-imagem da empresa; -Valorização do produto; -Qualidade das informações geradas para a comunicação interna;

-Níveis Direção Gerência operação

Social Satisfação percebida quanto ao suporte social de benefícios legais e espontâneos.

-Envolvimento da família; -Assistência à educação formal; -realização de esportes.

-Níveis Direção Gerência operação

Psicológica

Satisfação percebida quanto ao atendimento das necessidades individuais de reconhecimento, auto-estima e desenvolvimento.

-Critérios de recrutamento/seleção; -Avaliação de desempenho/carreira; -Camaradagem; -Vida pessoal preservada.

-Níveis Direção Gerência operação

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45Fator de satisfação pessoal

Descrição Indicador Quem utiliza

Biológica

Satisfação percebida quanto aos programas e serviços que garantem o bem-estar físico ou recuperação de doenças e promoção de saúde.

-Índices de acidentes de trabalho; -Conscientização, saúde e segurança; -Conforto físico, insalubridade; -Alimentação; -Hábitos saudáveis.

-Níveis Direção Gerência operação

Fonte: Limongi-França e Zaima (2002, p. 409).

Muitos gerentes tentam administrar o descontentamento dos

colaboradores, mas deve-se sempre lembrar que o próprio gerente não está

imune a este problema. Isso torna o assunto extremamente complexo por

causa da dificuldade de se isolar e de identificar todos os fatores que o

acarretam.

O objetivo da gestão da QVT nas organizações deve sempre visar

promover e melhorar as condições de trabalho, mas visando não só a

estrutura, mas principalmente o ser humano.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema qualidade de vida no trabalho é pertinente. E esta

pesquisa teve como um dos objetivos avaliar sua utilização no contexto

organizacional, contribuindo para o enriquecimento dos estudos sobre

qualidade de vida no trabalho.

Procurou-se, também, mostrar que o modelo proposto por Walton,

entre os demais citados nesse trabalho, é o que melhor enfatiza questões

elementares à realização do trabalho.

Verificou-se que, mediante os teóricos estudados, que quando há

um programa de QVT nas organizações, mesmo insatisfeitos com os salários,

benefícios e oportunidades de promoção, os funcionários gostam do trabalho

que realizam. Têm respeito e orgulho pela organização e as relações

interpessoais são muito boas. Com tudo isto, conclui-se que, mesmo a

organização aparentemente não atendendo satisfatoriamente aos fatores

higiênicos, os funcionários se sentem realizados no trabalho. É uma questão

paradoxal que pode ser melhor estudada em trabalhos futuros.

De um modo geral, pode-se ressaltar que muitos autores

apontaram a necessidade de treinamento, bem como, a melhoria na

comunicação para a melhoria do fluxo de informações, ocasionando assim em

uma boa qualidade de vida no trabalho.

Segundo os autores estudados, a sobrecarga de trabalho pode

causar efeitos colaterais nocivos aos funcionários. Pode provocar um estresse

psicológico que pode se transmitir à vida pessoal, ou à reação emocional

negativa experimentada pelo funcionário transfere-se ao ambiente de trabalho,

contaminando a qualidade dos serviços.

Com isto, esta pesquisa contribui para os estudos sobre QVT e

estabelece que é possível investigar a influência na satisfação no trabalho

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47sobre a percepção que os funcionários têm a respeito da qualidade dos

serviços prestados.

Considerando as constatações extraídas da revisão de literatura,

algumas recomendações podem ser feitas as organizações que buscam a

QVT, dentre elas pode-se enfatizar as seguintes: buscar junto ao gestor

melhorar as questões salariais e os benefícios; desenvolver projetos que

contemplem atividades físicas para os funcionários; disponibilizar treinamento

pertinente às atividades profissionais dos funcionários e às normas de

segurança no trabalho e melhorar os processos de difusão da informação

dentro da organização.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BOM SUCESSO, Edna de Paula. Trabalho e qualidade de vida. Rio de Janeiro:

Dunya, 1999.

___________. Relações interpessoais e qualidade de vida no trabalho. Rio de

Janeiro: Qualitymark, 2002.

FRIEDMAN, B.; HATCH, J.; WALKER, D. M. Capital humano: como atrair,

gerenciar e manter funcionários. São Paulo: Futura, 2000.

MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: Psicologia das relações

interpessoais. São Paulo: Atlas, 2000.

MOLLER, Claus. O lado humano da qualidade: maximizando a qualidade de

produtos e serviços através do desenvolvimento das pessoas. São Paulo:

Pioneira, 1999.

ROBBINS, S. P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva,

2000.

RODRIGUES, M. V. C. Qualidade de vida no trabalho: evolução e análise no

nível gerencial. Petrópolis: Vozes, 1999.

SANDRONI, P. Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999.

SANTOS, M. S. dos. Um mundo sem emprego ou desemprego: relações

possíveis entre homem e trabalho para o século XXI.: UFSC, 1999.

VIEIRA, Adriane. A qualidade de vida e o controle de qualidade total.

Florianópolis: Insular, 1996.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ............................................................................................ 1

AGRADECIMENTO ............................................................................................ 2

DEDICATÓRIA ................................................................................................... 3

RESUMO ............................................................................................................ 4

METODOLOGIA ................................................................................................. 5

SUMÁRIO ........................................................................................................... 6

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7

CAPÍTULO I

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ............... 9

1.1 – Origem do conceito de trabalho ................................................................ 9

1.2 – O trabalho e sua história ......................................................................... 10

1.3 – Conceituando qualidade de vida ............................................................. 15

1.3.1 – Evolução da qualidade de vida nas organizações .......................... 17

1.3.2 Efeitos da QVT no ambiente de trabalho ........................................... 19

CAPÍTULO II

GESTÃO DA PRODUTIVIDADE ...................................................................... 21

2.1 – Histórico da produtividade ....................................................................... 21

2.2 – Conceito de produtividade ....................................................................... 22

2.3 – Fatores que influenciam na produtividade ............................................... 26

2.4 – Produtividade da mão-de-obra X QVT .................................................... 30

CAPÍTULO III

O PAPEL DOS GESTORES DE RECURSOS HUMANOS PARA

EQUILIBRAR A PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE VIDA .......................... 37

3.1 – O papel do gestor de recursos humanos ................................................. 37

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503.2 – A Gestão da QVT na empresa ................................................................ 40

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 48

ÍNDICE ............................................................................................................. 49

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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