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Flavia Faria Bueno
QUALIDADE DO AR E INTERNAÇÕES POR DOENÇAS
RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS, NO MUNICÍPIO DE
DIVINÓPOLIS, MG, BRASIL
Divinópolis
2008
Flavia Faria Bueno
QUALIDADE DO AR E INTERNAÇÕES POR DOENÇAS
RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS, NO MUNICÍPIO DE
DIVINÓPOLIS, MG, BRASIL
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Fundação Educacional de Divinópolis da Universidade Estadual de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais. Área de concentração: Estudos Contemporâneos Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva Orientador: Prof. Dr. Alysson Rodrigo Fonseca
Divinópolis
Fundação Educacional de Divinópolis – FUNEDI/UEMG
2008
Bueno, Flavia Faria B928q Qualidade do ar e internações por doenças respiratórias em crianças, no município de Divinópolis, MG, Brasil. [manuscrito] / Flavia Faria Bueno. – 2008. 71 f., enc. Orientador : Alysson Rodrigo Fonseca Dissertação (mestrado) - Universidade do Estado de Minas Gerais, Fundação Educacional de Divinópolis. Bibliografia : f. 67 - 71
1. Doenças respiratórias. 2 Poluição - Atmosférica.. 3. Qualidade do ar. 4. Saúde Pública. l. Fonseca, Alysson Rodrigo. II. Universidade do Estadual de Minas Gerais. Fundação Educacional de Divinópolis. III. Título. CDD: 614
Dissertação defendida e APROVADA pela Banca Examinadora constituída pelos
Professores:
__________________________________________________
Prof. Dr. Alysson Rodrigo Fonseca
FUNEDI/UEMG
__________________________________________________
Prof. Dr. Francisco de Assis Braga
FUNEDI/UEMG
__________________________________________________
Prof. Dr. Paulo Sérgio Carneiro Miranda
UFMG
Mestrado em Educação, Cultura e Organizações Sociais
Fundação Educacional de Divinópolis
Universidade do Estado de Minas Gerais
Divinópolis, 4 de Abril de 2008.
AUTORIZAÇÃO PARA A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DA
DISSERTAÇÃO :
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total
ou parcial desta dissertação por processos de fotocopiadoras e eletrônicos. Igualmente,
autorizo sua exposição integral nas bibliotecas e no banco virtual de dissertações da
FUNEDI/UEMG.
Flávia Faria Bueno
Divinópolis, 04 de abril de 2008
DEDICATÓRIA
À Deus, minha fonte de luz e coragem, onde busco força para seguir em frente.
À minha mãe Dircéia, sem palavras para falar da pessoa ímpar na minha vida, só meu
muito obrigado por tudo.
Ao meu companheiro, porto seguro e grande incentivador, José Arnaldo, pela
compreensão, paciência, carinho e apoio que recebo diariamente, o meu imenso amor.
Ao meu filho Gabriel, que está para chegar, o anjo que compartilhou comigo das
inúmeras madrugadas, minhas desculpas e meu amor incondicional.
AGRADECIMENTO
Ao Prof. Dr Alysson Rodrigo Fonseca, orientador desta pesquisa, pela valiosa
orientação, sugestões e críticas construtivas, essenciais para realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr Francisco de Assis Braga e Prof. Dr Paulo Sérgio C. Miranda pelos
esclarecimentos e sugestões apresentados no exame de qualificação e enquanto membros da
banca examinadora.
Ao Prof Marcelo Medeiros pela sua valiosa colaboração na análise estatística dos
dados.
Ao vereador Edson de Souza, pelo desempenho e disponibilidade para fornecer
informações utilizadas neste trabalho.
À diretoria e funcionários do Hospital Santa Lúcia pela compreensão da minha
ausência durante o decorrer deste trabalho.
E a todos aqueles que direta ou indiretamente participaram e colaboraram para a
realização deste trabalho
RESUMO
Bueno, F.F. Qualidade do ar e internações por doenças respiratórias em crianças, no município de Divinópolis, MG Brasil. 2008. 73p. Dissertação de Mestrado - Fundação Educacional de Divinópolis, Universidade do Estado de Minas Gerais. Os problemas respiratórios representam uma das principais causas de morbidades em crianças em praticamente todo Brasil, tendo como uma das principais causas a poluição do ar. Os efeitos na saúde devido a este tipo de poluição têm sido um tema intensamente estudado nos últimos anos, mostrando que a exposição a poluentes atmosféricos e a baixa qualidade do ar vem causando um aumento na morbi-mortalidade e nas internações hospitalares devido principalmente a problemas respiratórios. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a associação entre o número de internações hospitalares por problemas respiratórios em crianças e a concentração de material particulado na atmosfera nesse município, no período de 2000 a 2006. A metodologia fundamenta-se na pesquisa epidemiológica não-experimental, descritiva exploratória, caracterizando-se em um estudo retrospectivo. As variáveis independentes consideradas foram a concentração de poluentes, qualidade e umidade relativa do ar e temperatura. As internações hospitalares na rede pública do município por problemas respiratórios constituíram a variável dependente. Os sujeitos da pesquisa foram formados por crianças de 0 a 14 anos residentes no município de Divinópolis, internadas nos hospitais da rede pública em decorrência de distúrbios respiratórios. Observou-se que durante o período estudado os distúrbios respiratórios ocuparam uma posição de destaque dentre as hospitalizações na rede pública, correspondendo à principal causa de internação e representando um terço do número total de internações no período. A análise dos dados evidenciou uma relação inversamente proporcional entre concentrações de partículas e as variáveis meteorológicas. Os dados mostraram uma relação entre concentração de partículas na atmosfera, qualidade do ar e o quadro epidemiológico retratado pelas internações hospitalares por problemas respiratórios em crianças. Palavras-chaves: Doenças respiratórias, poluição atmosférica, qualidade do ar.
ABSTRACT
Bueno, F. F. Air quality and admisson by breathing disease in children in Divinópolis, MG, Brazil. 2008. 73p.. Máster Degree Abstract – Fundação Educacional de Divinópolis, Universidade Estadual de Divinópolis. The breathing problems represent one for the main morbidity causes in children in almost all Brazil, having as the main cause the air pollution. The effects in the health by this kind of pollution have been an intensive subject studied in the last years. The atmosphere pollutant exposure and the bad air quality have a caused a raised in morbid-mortality and hospital admissions because the breathing problems. This research objective was to evaluate the association between the number of hospital admissions by breathing problems in children from 0 to 14 years old and the concentration of a specific material in this city atmosphere in the period form 2000 to 2006. The methodology is based on the epidemiologic non-experimental research, exploratory descriptive, characterized in a retrospective study. The independent variable considered were the pollutants concentration, the air quality and humid and temperature. The public hospital admissions by the breathing problems form the dependent variable. The research subjects were formed by children from 0 to 14 years old resident in Divinópolis at the time of the research, admitted in the public hospitals because the breathing disturbs. We observed that during the period of studying the breathing disturbs was at the top position in the hospitalizations in the public hospitals. It correspond the main cause of admission and represent one third of all admissions in that period. The analysis of the data evidenced a proportional inversed relation between the particles concentration and meteorological change. The data show that there is a relation between the particles concentration in the atmosphere, air quality and the epidemiologic table showed by the hospital admissions by the children’s breathing problems. Key words: Air quality, atmosphere pollution, breathing disease.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Localização de Divinópolis.............................................................................. 46
Figura 2 - Localização das estações de monitoramento da qualidade do ar..................... 50
Figura 3 - Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para.
o ano de 2000................................................................................................... 59
Figura 4 - Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para
o ano de 2001................................................................................................... 59
Figura 5 - Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para
o ano de 2002................................................................................................... 60
Figura 6 -- Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para
o ano de 2003................................................................................................... 60
Figura 7 - Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para
o ano de 2004................................................................................................... 61
Figura 8 - Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para
o ano de 2005................................................................................................... 61
Figura 9 - Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para
o ano de 2006................................................................................................... 62
LISTA DE TABELAS
1 - Principais fontes de poluição do ar e seus poluentes....................................... 20
2 - Padrões de qualidade do ar adotados pela USEPA............................................. 27
3 - Padrões Nacionais de qualidade do ar................................................................. 28
4 - Critérios para episódios críticos de poluição do ar no Brasil............................... 29
5 - Classificação da qualidade do ar.......................................................................... 31
6 - Distribuição percentual das internações hospitalares na rede pública, por
doenças do aparelho respiratório, segundo a ocorrência no município de
Divinópolis, de 2000 a 2006................................................................................. 52
7 - Estatística descritiva dos poluentes atmosféricos, temperatura mínima e máxima,
umidade e número de Internações, Divinópolis, MG, 2000-
2006.................................................................................................................................. 53
8 - Matriz de Correlação de Pearson entre os poluentes atmosféricos, variáveis climáticas
e doenças respiratórias..................................................................................................... 56
9 - Comparação entre as médias obtidas para os poluentes atmosféricos nas estações
meteorológicas................................................................................................................. 63
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAIC - Centro de Apoio Integral à Criança e Adolescente
CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CID - Código Internacional de Doenças
CO – Monóxido de Carbono
CO2 – Dióxido de Carbono
CONAMA – Conselho nacional do Meio Ambiente
DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente
FEV1 - Volume Expiratório no Primeiro Segundo
FMC - Fumaça
FVC – Capacidade Vital Forçada
GCFAI – Grupo Coordenado de Fiscalização Ambiental Integrado
HC – Hidrocarbonetos Totais
H2SO4 -Acido Sulfúrico
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
IQA – Índice de Qualidade do Ar
LPAE – Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental
MMA – Maior Média Anual
MP – Material Particulado
N2 - Nitrogênio
NO – Óxido Nítrico
NO2– Dióxido de Nitrogênio
O2 - Oxigênio
O3 - Ozônio
ONU - Organização das Nações Unidas
PI – Partículas Inaláveis
PQA – Padrão Nacional Anual Secundário de Qualidade do Ar
PSI – Pollutant Standart Index
PRONAR – Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar
PRONACOP – Programa Nacional de Controle de Poluição Industrial
PRONCOVE – Programa Nacional de Controle de Poluição por Veículos
SEMMED – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SERSAM – Serviço de Referência à Saúde Mental
SO2 – Dióxido de Enxofre
SUS – Sistema Único de Saúde
USEPA – Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
SUMÁRIO
131
2 17
2.1
INTRODUÇÃO......................................................................................................
OBJETIVOS .........................................................................................................
Objetivo geral......................................................................................................... 17
2.2 Objetivos específicos............................................................................................... 17
3 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................. 18
3.1 Componentes e poluentes do ar............................................................................... 18
3.1.1 A composição do ar................................................................................................. 18
3.1.2 Fontes de poluição atmosférica e principais poluentes............................................ 19
3.2 Legislação ambiental no Brasil e qualidade do ar................................................... 24
3.2.1 Padrões de qualidade do ar no Brasil....................................................................... 26
3.2.2 Critérios de determinação do índice local de qualidade do ar................................. 30
3.2.3 Controle e fiscalização da qualidade do ar.............................................................. 31
3.2.4 Padrões de qualidade do ar em Divinópolis............................................................ 34
3.3 Qualidade do ar e doenças respiratórias.................................................................. 34
3.3.1 Problemas respiratórios na saúde humana relacionados à poluição do ar .............. 34
4 METODOLOGIA.................................................................................................. 43
4.1 Operacionalização da pesquisa................................................................................ 44
4.1.1 Local do estudo........................................................................................................ 44
4.1.2 Fonte de dados......................................................................................................... 46
4.1.3 Tratamento dos dados.............................................................................................. 49
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 51
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 56
7 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 67
13
1. INTRODUÇÃO
Desde que surgiram os primeiros ancestrais do homem, há aproximadamente um
milhão de anos, estes têm atuado de forma transformadora e, muitas vezes predatória sobre o
meio e os seres que nele habitam. Principalmente a partir da descoberta do fogo, o homem
passou a contribuir de forma atuante para a deterioração dos recursos naturais, culminando no
conflito da sustentabilidade dos recursos naturais e econômicos. Neste contexto, a relação
homem-ambiente vem se desintegrando, especialmente com o advento da Revolução
Industrial e o do capitalismo e ganhando impulso e dimensão com a “globalização”, tornando
o tema “meio ambiente” um assunto literalmente estratégico e urgente. A preocupação com os
efeitos na saúde provocados pelas condições ambientais existe desde a Antiguidade,
envolvendo problemas tais como os efeitos do clima no balanço dos humores do corpo, os
miasmas, as sujeiras e os odores. Assim, sempre esteve presente nos diferentes discursos e
práticas sanitárias que se constituíram como respostas sociais às necessidades e aos problemas
de saúde. Essa preocupação parece se acentuar particularmente entre meados do século XVIII
e meados do século XIX, quando os problemas ambientais sobre a saúde estiveram associados
aos efeitos do rápido e intenso processo de industrialização e urbanização que passaram a
incidir nas condições de vida e trabalho.
Neste contexto, no último século, tem-se assistido ao apogeu da intervenção do
homem sobre o planeta, com o surgimento dos motores a combustão, com a queima de
combustíveis fósseis, com o surgimento das indústrias siderúrgicas e de produtos químicos.
Estes processos não foram acompanhados de análises que pudessem avaliar seu impacto sobre
o meio ambiente, e devido a isso, nos últimos 70 anos temos nos deparado com os resultados
desastrosos.
14
Apesar da maior consciência global sobre assuntos ambientais neste século, o meio
ambiente continua a ser deteriorado e a sua degradação aparece como um grande desafio
transnacional. Problemas ambientais como escassez da água e alimento, desmatamento,
poluição ambiental, além do aquecimento global, dentre outros, parecem estar se agravando.
Nessa primeira década do século XXI, mais de 900 milhões de pessoas no mundo tem sido
afetadas pela desertificação do solo e da falta de água, podendo esse número dobrar até o ano
de 2025.
Aliado a esses problemas, os efeitos danosos ao meio gerados pelos dejetos de
resíduos do processo industrial atingem vários bens ambientais, entre ele o ar, ou mais
precisamente, a atmosfera.
Assim, os efeitos dessa exposição sobre o meio ambiente, e em especial, ao homem,
têm sido marcantes e plurais quanto à abrangência. Em países desenvolvidos e em
desenvolvimento, crianças, adultos e idosos sofreram e sofrem os malefícios de respirarem
um ar poluído. As principais fontes poluidoras, que são os veículos automotivos e as
industriais, estão presentes em todos os centros urbanos.
Nas últimas décadas, o melhor conhecimento das origens, comportamentos, interações e os
mecanismos de ação desses poluentes têm mobilizado esforços e recursos tecnológicos e
financeiros diversos. Estudos observacionais têm procurado mostrar, com resultados cada vez
mais significativos, efeitos da morbidade e mortalidade associados aos poluentes atmosféricos
como os realizados no Brasil por Sih (1997), Nishioka, (2000), Bakonyi (2002), Martins,
(2002), Freitas (2004) e Nascimento (2006).
A cada ano, no mundo, 15 milhões de crianças com idade inferior a 5 anos morrem de
doença respiratória, principalmente de pneumonia, no sentido mais amplo, e de bronquiolite.
Isso representa uma morte para cada dez crianças dessa faixa etária. Em 96% dos casos, trata-
se de crianças do terceiro mundo, onde um terço das mortes deve-se à pneumonia, seguido,
15
em ordem de importância da diarréia e da desnutrição. Nem mesmo os países industrializados
têm, portanto, sido poupados: por exemplo, 700 mortes de crianças de menos de 5 anos foram
recenseadas na Inglaterra em 1983. Nos Estados Unidos, 91 mil crianças são hospitalizadas a
cada ano devido à infecção das vias respiratórias (ANONYMOUS, 1985).
No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que 5.945.833 crianças de 0 a 14
anos foram internadas em hospitais da rede pública brasileira no ano de 2000 a 2006, por
problemas pulmonares, sendo 1.895.190 (31,87%) na região sudeste, 567.977 (9,55%) no
estado de Minas Gerais e 375 (0,06%) na cidade de Divinópolis (DATASUS, 2006).
Divinópolis, cidade situada no centro-oeste mineiro, apresenta-se com 8024 indústrias
variadas, destacando-se o pólo siderúrgico, que utiliza como fonte geradora de energia o
carvão vegetal (SEPLAN, 2007). Durante a produção e a queima desse combustível são
liberados na atmosfera material particulado e uma infinidade de gases, sendo estes agentes
prejudiciais ao meio ambiente.
É consenso que a saúde e o bem estar do homem estão diretamente relacionados com a
qualidade do meio ambiente, isto é, com suas condições físico-químico e biológicas. Portanto,
é evidente que a expressividade dos números envolvidos na produção e consumo do carvão,
aliado a outras fontes poluidoras, podem refletir por sua vez em problemas de saúde à
população, especialmente aquela periférica às fontes poluidoras.
Na cidade de Divinópolis foram registradas, de 2000 a 2006, internações de 12.128
crianças de 0 a 14 anos na rede pública hospitalar, sendo que os problemas respiratórios
representaram um total de 3.750 internações (31%), as afecções no período neonatal 1.491
(12%) e doenças infecciosas 1.380 (11%) (DATASUS, 2006).
Diante dessa realidade, destacando-se as evidências que vêm sendo
demonstradas em diversas pesquisas acadêmicas, muitas delas realizadas pelo Laboratório de
Poluição Atmosférica Experimental (LPAE) da Faculdade de Medicina da Universidade de
16
São Paulo, sobre a influência da qualidade do ar no comportamento epidemiológico de
problemas respiratórios no meio urbano e, baseados em nossa vivência profissional cotidiana
no atendimento a significativo número de pacientes hospitalizados com quadro de morbidade
respiratória em Divinópolis, essa pesquisa teve como objetivo estimar a associação entre o
número de internações hospitalares por problemas respiratórios em crianças de 0 a 14 anos e a
concentração de poluentes atmosféricos no município de Divinópolis, MG, e dessa forma
contribuir para a aquisição de conhecimentos nessa área, segundo indicadores relacionados à
qualidade do ar e internação hospitalar, referentes ao período de 2000 a 2006.
Espera-se que os resultados encontrados sejam úteis e que possibilitem mensurar os
riscos a que a população está exposta, fornecendo subsídios para a elaboração de medidas que
visem minimiza-los, contribuindo ainda com o planejamento de ações de saúde ambiental e
aperfeiçoamento de políticas públicas.
17
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar a associação entre o número de internações hospitalares por problemas
respiratórios em crianças de 0 a 14 anos e a concentração de material particulado na
atmosfera, no município de Divinópolis, Minas Gerais.
2.2 Objetivos específicos
• Avaliar os índices mensais de qualidade do ar, correlacionando com a precipitação,
umidade e temperatura e internações hospitalares.
• Descrever a distribuição do número de problemas respiratórios em crianças a partir do
referencial epidemiológico das internações hospitalares por morbidades respiratórias.
18
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Componentes e poluentes do ar
3.1.1 A composição do ar
Biosfera compreende uma camada que se estende por toda superfície terrestre até
cerca de 16 Km acima do nível do mar e 6 Km abaixo, sendo a camada passível de se
encontrar vida. Subdivide-se em litosfera, hidrosfera e atmosfera, sendo a litosfera a camada
superficial do solo e rochas. Rios, lagos e oceanos constituem a hidrosfera, recobrindo
aproximadamente 2/3 da superfície terrestre. A camada de ar acima do solo forma o que
chamamos de atmosfera. O ar que envolve toda a superfície da terra influencia a vida na
hidrosfera e na litosfera. A atmosfera é ainda dividida em quatro regiões: troposfera,
Estratosfera, Ionosfera e Espaço Exterior (BAINES,1993; WHO,2006; FEAM, 2006).
A camada de ar entre o nível do mar até 10 a 16 Km de altitude, conhecida como
Troposfera, é uma fina camada de relativa densidade, sendo a única região que tem contato
direto com seres vivos. As principais substância químicas nela encontrada são o nitrogênio
(N2), oxigênio (O2), dióxido de carbono (CO2) e vapor d’água. A Estratosfera atinge cerca de
120 Km de altitude e sua espécies químicas são N2, O2, o Ozônio (O3) e algum vapor d’água.
Acima desta camada, situa-se a Ionosfera, estendendo-se por 3.000 Km, sendo o N2 e O2, as
principais espécies químicas, ocorrendo reações de ionização de espécies moleculares e
iônicas, presentes nesta região. O Espaço Exterior encontra-se acima da Estratosfera (WHO,
2006; FEAM, 2006).
Com a exceção das concentrações de CO2 e vapor d’água, que sofrem grandes
variações de uma região para outra, a composição do ar é variável, podendo ocorrer variações
de concentrações de substâncias relacionadas às atividades humanas, ou seja, ozônio, dióxido
19
de Enxofre, óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono ( BAINES,1993; WHO,1999; FEAM,
2006).
3.1.2 Fontes de poluição atmosférica e principais poluentes
A poluição atmosférica é causada por processos físicos, químicos e dinâmicos que
conduzem à emissão de gases e partículas por certas fontes de combustão e sua acumulação
na atmosfera (BRAGA, 2001, GOMES, 2002; CASTRO, 2003; NASCIMENTO, 2006).
As fontes naturais de poluição do ar são a queima acidental de biomassa, tempestade
de pó; e erupções vulcânicas, as quais podem ser consideradas as mais antigas fontes de
contaminação do ar. A queima da biomassa, em ambientes externos e internos, utilizada desde
a pré-história para a produção de energia, tem sido uma das importantes fontes antropogênicas
de poluição atmosférica. A partir da Revolução Industrial, surgiram novas fontes de poluição
do ar devido à queima de combustíveis fósseis nos motores a combustão e nas indústrias
siderúrgicas e, mais recentemente nos veículos automotivos (CARVALHO, 2000;
NISHIOKA, 2000; BRAGA, 2001; CANÇADO, 2006).
São considerados poluentes aéreos, os contaminantes do ar do exterior e do interior
que incluem partículas e gases, potencialmente tóxicos quando inalados por pessoas ou
animais, e podem afetar a vida das plantas e o ambiente em geral, ao modificarem a atmosfera
do planeta Terra. A Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais, FEAM, lista
como poluentes do ar as seguintes substâncias: compostos de Enxofre, como dióxido de
Enxofre (SO2) e sulfatos; compostos de nitrogênio, como óxido de nitrogênio (NO), dióxido
de nitrogênio (NO2), nitratos; compostos orgânicos, como hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos,
cetonas e ácidos orgânicos; compostos halogenados, cloretos e floretos; material particulado
(MP) do tipo poeira e aerossóis em suspensão e CO e CO2 (DUCHIADE 1992; GOMES,
2002; FEAM, 2006).
20
Um termo comumente usado para expressar a poluição do ar é smog e pode ser
definido como o nível de oxidantes fotoquímicos formados pela interação de compostos
orgânicos voláteis, óxido de nitrogênio (NOx) e luz solar, ou seja:
Smog(O3)= VOC’s+NOx+ Luz solar
Os poluentes do ar são provenientes de diferentes fontes, as quais são classificadas
pela FEAM, em estacionárias, móveis, naturais ou secundárias, conforme a TAB. 1. Os
processos industriais se enquadram nas fontes estacionárias, assim como os processos de
combustão e eliminação de resíduos sólidos. Os diversos tipos de veículos movidos a álcool, à
gasolina ou a diesel, locomotivas, barcos e demais meios de transporte, constituem as fontes
móveis (FEAM, 2006).
TABELA 1
Principais fontes de poluição do ar e seus poluentes
FONTES POLUIDORAS POLUENTES Estacionárias Combustão
Material particulado; SO2 e SO3; CO; NOx; hidrocarbonetos
Processos Industriais Material particulado (fumos, poeiras e névoas); SO2 e SO3; HCL e HF; NOx; hidrocarbonetos; mercaptanas
Incineração de resíduos sólidos Material particulado; SO2 e SO3; HCL; NOx Móveis Veículos a gasolina, diesel, álcool, trem, aviões, motocicletas, barcos, etc.
Material particulado; CO; SO2 e SO3; hidrocarbonetos; aldeídos; ácidos orgânicos.
Naturais Material particulado; SO2 e H2S; NO e NO2; hidrocarbonetos.
Poluentes secundários O3; aldeídos; ácidos orgânicos; nitratos; aerossol fotoquímico.
Fonte: FEAM, 2006.
Os produtos emitidos diretamente pelas fontes designam-se por poluentes primários
enquanto que os que resultam da sua transformação, se designam por poluentes secundários
(DUCHIADE, 1992; BRAGA, 2001; GOMES; 2002).
21
São parâmetros relevantes no processo de contaminação atmosférica as fontes de
emissão, a concentração dos poluentes e suas interações do ponto de vista físico (diluição, que
depende do clima e condições meteorológicas) e químico (reações químicas atmosféricas e
radiação solar) e ainda o grau de exposição dos receptores, ou seja, o ser humano, animais,
plantas e microorganismos (GOMES, 2002; ARBEX, 2004).
É importante salientar, que mesmo mantidas as emissões, a qualidade do ar pode
mudar em função das condições meteorológicas, que determinam maior ou menor diluição
dos poluentes. Assim, verifica-se geralmente uma piora da qualidade do ar piora durante o
inverno, quando as condições meteorológicas são mais desfavoráveis à dispersão dos
poluentes (COMMITTEE, 1996; GOMES, 2002).
De acordo com BRAGA (2001) e MURASSAWA (2006), durante os meses de
inverno pode ocorrer o fenômeno atmosférico conhecido por “inversão térmica”. Trata-se da
conjunção de alguns fatores meteorológicos e climáticos que favorecem a estagnação
atmosférica, dificultando a diluição dos poluentes. A intensiva redução das correntes
convectivas verticais é devida à ocorrência de um determinado perfil vertical de distribuição
de temperaturas, que induz a permanência das camadas mais frias em níveis próximos à
superfície, especialmente nas manhãs de dias frios e ensolarados. A ausência de correntes
horizontais contribui para o agravamento do problema.
A interação entre as fontes de poluição e a atmosfera definirá o nível de qualidade do
ar, que determina, por sua vez, o surgimento de efeitos adversos da poluição do ar sobre os
receptores (CANÇADO, 2006; FEAM, 2006). Assim, a determinação sistemática da
qualidade do ar deve ser, por problemas de ordem prática, limitada a restrito número de
poluentes, definidos em função de sua importância e dos recursos materiais e humanos
disponíveis (C0MMITTEE, 1996; FEAM, 2006).
22
Neste sentido, e de forma geral, a escolha recai sempre sobre um grupo de poluentes
consagrados universalmente, que servem como indicadores de qualidade do ar: dióxido de
enxofre (SO2), poeira em suspensão ou material particulado, monóxido de carbono (CO),
oxidantes fotoquímicos como ozônio (O3), hidrocarbonetos totais (HC) e óxidos de nitrogênio
(NO e NO2). A razão da seleção destes parâmetros como indicadores de qualidade do ar está
ligada à sua maior freqüência de ocorrência e aos efeitos adversos que causam ao meio
ambiente (SCHWARTZ, 1994; COMMITTEE, 1996; CROCE, 1998; CASTRO, 2003).
Principais poluentes atmosféricos
Os principais poluentes atmosféricos são o óxido nítrico (NO), dióxido de nitrogênio
(NO2), monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), Ozônio (O3) e o material
particulado (DUCHIADE, 1992; COMMITTEE, 1996; BRAGA, 2001; CASTRO, 2003;
CANÇADO, 2006; FEAM, 2006; WHO, 2006).
Material Particulado
O material particulado é uma mistura de partículas líquidas e sólidas em suspensão no
ar. Sua composição e tamanho dependem das fontes de emissão. O tamanho das partículas é
expresso em relação ao seu tamanho aerodinâmico, definido como o diâmetro de uma esfera
densa que tema mesma velocidade de sedimentação que a partícula em questão (DUCHIADE,
1992; CARVALHO, 2000; GOMES, 2002).
Em geral, as partículas podem ser divididas em dois grupos: o grupo representado
pelas partículas grandes, com diâmetro entre 2,5 e 30 µm de diâmetro, também chamadas
“tipo grosseiro” (coarse mode), de combustões descontroladas, dispersão mecânica do solo ou
outros materiais da crosta terrestre, que apresentam características básicas, contendo silício,
titânio, alumínio, ferro, sódio e cloro. Pólens e esporos, materiais biológicos, também se
23
encontram nesta faixa; e o grupo de partículas menores que correspondem às partículas de
diâmetro inferior a 2,5 µm, essas partículas são derivadas da combustão de fontes móveis e
estacionárias, como automóveis, incineradores, siderurgias e termoelétricas, elas possuem
maior acidez, podendo atingir as porções mais inferiores do trato respiratório, prejudicando as
trocas gasosas. Entre seus principais componentes temos carbono, chumbo, vanádio, bromo e
os óxidos de enxofre e nitrogênio, que na forma de aerossóis são a maior fração das partículas
finas (DUCHIADE, 1992; CARVALHO, 2000; BRAGA, 2001; GOMES, 2002; CANÇADO,
2006).
Atualmente consideram-se as partículas finas (inferior a 2,5 µm de diâmetro) e as
partículas grosseiras (superior a 2,5 µm), tendo origem, mecanismos e composição química
diferentes. As partículas inaláveis podem ter dimensões entre 100 e 0,01µm. Uma vez
inaladas depositam-se nas vias aéreas superiores e inferiores a vários níveis. As dimensões
superiores a 100µm não atingem o pulmão, mas as inferiores a 10µm podem atingi-lo por
inalação. As partículas mais finas podem no ar exterior reduzir a visibilidade e aumentar a
acidez do ar (DUCHIADE, 1992; BRAGA, 2001; GOMES, 2002).
Vale ressaltar que a determinação da EPA (Agência de Proteção Ambiental Norte-
Americana) para controle de partículas menores ou iguais a 10µm (PM10), também chamadas
de partículas inaláveis, se baseou no fato de que estas são as partículas que podem atingir as
vias respiratórias inferiores. Este material particulado inalável apresenta uma característica
importante que é a de transportar gases adsorvidos em sua superfície até as porções mais
distais das vias aéreas, onde ocorrem as trocas de gases no pulmão (DUCHIADE, 1992;
BRAGA, 2001; GOMES, 2002).
À medida que vão se depositando no trato respiratório, estas partículas passam a ser
removidas por alguns mecanismos de defesa. O primeiro deles é o espirro, desencadeado por
grandes partículas que, devido ao seu tamanho, não conseguem ir além das narinas, onde
24
acabam se depositando. Outro importante mecanismo de defesa é a tosse, que ocorre quando
há a invasão do trato respiratório inferior por partículas e o aparelho muco-ciliar. Já as
partículas que atingem as porções mais distais das vias aéreas são fagocitadas pelos
macrófagos alveolares, sendo então removidas via aparelho muco-ciliar ou sistema linfático
(BRAGA 2000; CASTRO, 2003; CANÇADO, 2006) .
3.2 Legislação ambiental no Brasil e qualidade do ar
A Organização Mundial de Saúde, em 1958, já reconhecia que a poluição atmosférica
é uma ameaça à saúde e ao bem-estar da população. Por isso naquele mesmo ano passou a
sugerir procedimentos preventivos e ações a serem desenvolvidas por seus países membros,
visando a prevenção de danos à saúde.
Nesse sentido, foram elaborados relatórios técnicos sobre padrões de qualidade do ar e
regulamentadas normas de concentrações fixas de poluentes e tempo de exposição que estão
associados aos efeitos no homem, animais, na vegetação e no ambiente como um todo
(CROCE, 1998; WHO, 2006; FEAM, 2006).
Nesses relatórios constam importantes informações sobre poluentes, teoricamente, os
valores apresentados nas diretrizes representam concentrações de componentes químicos do
ar que não causariam nenhum dano à população humana. As diretrizes para os poluentes
clássicos foram baseadas em estudos controlados de exposição ou em estudos
epidemiológicos que demonstram os seus efeitos na saúde. São declarações de níveis de
exposição, ou abaixo deles, onde nenhum efeito adverso pode ser esperado. Significa que os
efeitos adversos aparecem gradativamente à medida que os níveis propostos são excedidos.
Esses padrões de qualidade do ar são regulamentados para seres humanos, animais, vegetais e
materiais e são baseados em uma combinação de relação causa-efeito considerando aspectos
econômicos, técnicos, sociais e políticos (GOMES, 2002; FREITAS, 2003; WHO, 2006).
25
A proteção da qualidade do ar é uma das preocupações maiores das sociedades
contemporâneas. Nas metrópoles do mundo todo a cada dia deteriora-se a qualidade do ar e
conseqüentemente a qualidade de vida. É incontestável que nos anos sessenta falava-se apenas
da poluição local, a curta distância. Hoje, esta problemática é mundial com o problema das
chuvas ácidas, por exemplo, e, alcança até mesmo uma dimensão planetária com a questão da
camada de ozônio e do reaquecimento da atmosfera (PASSET, 1994; GOMES, 2002;
ARBEX, 2004; SILVA, 2007).
No decorrer dos anos, as fontes de emissão de poluentes variaram em sua importância.
Se antes as fontes fixas, principalmente as indústrias, respondiam por grande parte da
poluição, atualmente as fontes móveis, representadas pelos automóveis, correspondem a
aproximadamente 90% das emissões das grandes metrópoles (COMMITTEE, 1996;
CANÇADO, 2006; SILVA, 2007).
A fixação de padrões de qualidade do ar, bem como o controle das emissões de fontes
fixas e móveis é essencial para reduzir a poluição atmosférica. Cada entidade federativa deve
desempenhar suas atividades no limite das respectivas competências para garantirem o direito
a um meio ambiente ecologicamente equilibrado (RUSSO, 2006; SILVA, 2007).
É importante frisar que segundo dados da Organização Mundial da Saúde, mais de
50% das cidades do mundo possuem um nível de monóxido de carbono superior ao limite
considerado saudável devido às emissões lançadas na atmosfera pelos automóveis. Várias
cidades vêm adotando medidas restritivas de circulação de veículos, como é o caso de Atenas,
México, Chile, Milão, São Paulo e Paris. A questão da saúde muda inevitavelmente a natureza
do debate e as limitações ao direito de propriedade são necessárias para garantir a todos o
direito a respirar um ar adequado (COMMITTEE, 1996; CROCE, 1998; SILVA,2007).
26
3.2.1 Padrões de qualidade do ar no Brasil
Padrões de qualidade do ar definem legalmente os limites máximos da concentração
de um poluente atmosférico que garantem a proteção à saúde e bem-estar das pessoas
(CETESB, 2006; FEAM, 2006).
Os padrões ambientais de qualidade do ar são estabelecidos com base em informações
científicas sobre riscos e efeitos à saúde humana. Um padrão de qualidade do ar define,
legalmente, as concentrações máximas de um componente atmosférico para garantir a
proteção da saúde e do bem estar das pessoas (CONAMA, 2006).
O monitoramento da qualidade do ar possui objetivos, como o fornecimento de dados
para as autoridades tomarem as medidas emergenciais durante períodos de estagnação
atmosférica, quando níveis de poluentes no ar possam representar risco à saúde pública;
também visa a avaliação da qualidade do ar de acordo com os limites estabelecidos para a
proteção à saúde e ao bem estar das pessoas, além de permitir o monitoramento das
tendências e mudanças da qualidade do ar devido às alterações nas emissões de poluentes
(CETESB, 2006; CONAMA, 2006).
Os padrões de qualidade do ar relacionados ao material Particulado podem ser
observados na TAB. 2, a seguir:
27
TABELA 2
Padrões de qualidade do ar relacionados ao material particulado
Poluente Tempo de Amostragem
Padrão Primário µg/m3
Método de Medição
Partículas Inaláveis (MP10) (MP2,5)
24 horas* Média Aritmética Anual 24 horas* Média Aritmética Anual
150 50
65 15
Separação Inercial/Filtro Gravimétrico Separação Inercial/Filtro Gravimétrico
FONTE: CETESB (2006) – Relatório de Qualidade do ar no Estado de São Paulo 1999. (*) a partir de 1999 o novo critério é o percentil 99 (PM10) e percentil 98 (PM 2,5)
A primeira tentativa a nível nacional de estabelecer o controle sobre as emissões de
poluentes aéreos deu-se a partir da Portaria no. 0231 de 27/04/1976 do Ministério do Interior.
Foram estabelecidos níveis de concentração máximos permitidos através de padrões de
emissão, com o objetivo de proteger a população e criar metas que deveriam nortear os planos
regionais de controle da poluição do ar. Tais padrões foram trazidos da legislação americana
(até então a mais desenvolvida a nível mundial), e, fracamente adaptadas à realidade
brasileira, pois não previam um sistema de acompanhamento contínuo dos padrões de
qualidade do ar com vistas a estabelecer um caráter dinâmico de controle ambiental exercido
(DUCHIADE, 1992; FEAM, 2006).
No Brasil o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais renováveis
(IBAMA) estabeleceu, através da Portaria Normativa no 348 de 14/03/90, os padrões de
qualidade do ar, promovendo uma ampliação do número de parâmetros regulamentados
através da Portaria 0231 de 1976. Esses novos padrões foram submetidos ao Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) em 28/06/1990, resultando na Resolução
CONAMA no 03/90 (CONAMA, 2006).
28
Nesta resolução, o CONAMA estabeleceu dois tipos de padrão de qualidade do ar:
primário e secundário. Considerou-se padrão primário de qualidade do ar as concentrações de
poluentes que poderão afetar a saúde humana, caso sejam ultrapassados os limites. São níveis
de concentração de poluentes do ar toleráveis, consideradas como metas de curto prazo. Os
padrões secundários de qualidade do ar são as concentrações de poluentes atmosféricos
abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar da população, assim
como o mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. Esses foram
considerados pela Companhia de tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), como
níveis desejáveis de concentrações de poluentes para uma meta a longo prazo, cujo objetivo é
criar uma política de prevenção da degradação da qualidade do ar (CARVALHO, 2000;
CETESB, 2006; CONAMA, 2006). Os parâmetros regulamentados abrangem partículas totais
em suspensão, fumaça, partículas inaláveis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio
e dióxido de nitrogênio, como demonstrados na TAB. 3.
TABELA 3
Padrões nacionais de qualidade do ar
Poluente Tempo de Amostragem
Padrão Primário µ/m3
Padrão Secundário µ/m3
Método de medição
Partículas Totais
em Suspensão
PTS
24 horas(1)
MGA(2)
240
80
150
60
Amostrador de
grandes volumes
Partículas
Inaláveis /PM10
24 horas(1)
MAA(3)
150
50
150
50
Separação
Inercial/Filtração
Fonte: CETESB, 2006 1-não deve ser excedido mais do que uma vez ao ano 2-média geométrica anual 3-média aritmética anual
O monitoramento da qualidade do ar é atribuição do Estado, ficando estabelecidos os
níveis de qualidade do ar para uma eventual necessidade de elaboração de Planos de
29
Emergência para episódios críticos de poluição do ar. Considera-se episódio crítico de
poluição do ar a presença de altas concentrações de poluentes na atmosfera em curto período
de tempo, resultante da ocorrência de condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos
mesmos (DUCHIADE, 1992; SIH, 1997; ANDRÉ, 2000; CONAMA, 2006)
Existem três níveis de classificação para determinar se um episódio de poluição do ar é
ou não crítico, sendo: Atenção, Alerta, Emergência. Na definição desses níveis poderão ser
consideradas concentrações de dióxido de enxofre, partículas totais em suspensão, produto
entre partículas totais em suspensão e dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio,
partículas inaláveis, fumaça, dióxido de nitrogênio, bem como a previsão meteorológica e os
fatos e fatores intervenientes previstos e esperados (CONAMA, 2006). A TAB. 4 mostra os
critérios adotados pelo CONAMA para episódios críticos de poluição do ar.
TABELA 4
Critérios para episódios críticos de poluição do ar no Brasil Parâmetros Atenção Alerta Emergência
Partículas totais em
Suspensão (µg/m3) - 24 h/
PTS
Partículas Inaláveis
(µg/m3) - 24 h/ PM10
375
250
625
420
875
500
Fonte: Adaptada da Resolução do CONAMA no 03 de 28/06/90 (CONAMA, 2006)
Além dos critérios de classificação para episódios agudos de poluição do ar, índices de
qualidade do ar são utilizados com a finalidade de simplificar o processo de divulgação desses
dados. Os parâmetros contemplados nesses índices, conforme Resolução do CONAMA no 03
de 28/06/90, são o dióxido de enxofre, partículas totais em suspensão, partículas inaláveis,
fumaça, monóxido de carbono, ozônio e dióxido de nitrogênio (CONAMA, 2006).
30
O Índice de Qualidade do Ar constitui uma forma amplamente utilizada para
simplificar o processo de divulgação e facilitar a compreensão da população quanto aos
resultados do monitoramento de determinado poluente. Este índice foi estabelecido com base
no PSI - Pollutant Standart Index, da EPA/USA. O Índice de Qualidade do Ar é uma
ferramenta matemática utilizada para transformar as concentrações medidas dos diversos
poluentes em um único valor adimensional que possibilita a comparação com os limites
legais.
O IQA é obtido através de uma função linear segmentada, na qual os pontos de
inflexão representam os Padrões Nacionais de Qualidade do Ar e os critérios para episódios
agudos da poluição do ar estabelecidos conforme a Resolução CONAMA nº 03 de
28/06/1990.
3.2.2 Critério de determinação do índice local de qualidade do ar.
Para fins da comparação entre os níveis de comprometimento da qualidade do ar em
diferentes municípios, as médias anuais das concentrações de partículas inaláveis - MP10 e/ou
fumaça (FMC) correspondentes aos locais onde é realizado o monitoramento, devem ser
transformadas em índices locais de qualidade do ar - IQA, mediante o seguinte critério:
1. Selecionar a Maior Média Anual - MMA dos últimos três anos de monitoramento para
MP10 [MMA (MP10)] e FMC [MMA (FMC)];
2. Calcular o índice de qualidade do ar para MP10 - [IQA (MP10)], obtido da relação:
IQA (MP10) = [MMA (MP10) / PQA (MP10)] x 100, onde PQA (MP10) é o padrão nacional
anual secundário de qualidade do ar para partículas inaláveis, conforme Resolução CONAMA
n0 03, de 1990.
3. Calcular o índice de qualidade do ar para FMC - [IQA (FMC)], obtido da relação:
31
IQA (FMC) = [MMA (FMC) / PQA (FMC)] x 100, onde PQA (FMC) é o padrão nacional
anual secundário de qualidade do ar para fumaça, conforme Resolução CONAMA no 003, de
1990.
4. O índice local de qualidade do ar - IQA será o maior valor entre os obtidos nos itens 2 e 3
acima (CONAMA, 2006).
O valor desse índice relaciona-se, diretamente, com a concentração medida do
poluente (EPA, 2006). Em função desse valor, o ar, recebe uma qualificação conforme a
TAB. 5.
TABELA 5
Classificação da Qualidade do ar
Faixas do Índice de Qualidade do Ar IQA
Classificação da Qualidade do Ar
0-50 Boa
51-100 Regular
101-199 Inadequada
200-299 Má
300-399 Péssima
>400 Crítica
Fonte: Adaptada da Resolução do CONAMA no 03 de 28/06/90 (CONAMA, 2006).
3.2.3 Controle e fiscalização da qualidade do ar
No Brasil, a preocupação relativa à poluição atmosférica intensificou-se no início da
década de 70, período de forte crescimento econômico e industrial (DUCHIADE, 1992;
PORTO, 1998). Em nível federal, a primeira legislação efetiva de controle de poluição
atmosférica foi a portaria do Ministério do Interior de no 231, de 27 de abril de 1976, que
visava estabelecer os padrões nacionais de qualidade do ar (IBAMA, 2006).
32
Nos anos 80, com o crescimento da frota automobilística no Brasil, o governo federal
propôs o estabelecimento de um programa de controle de poluição veicular, o que foi feito por
meio da resolução CONAMA n0 18, de 06 de maio de 1986. No entanto, percebeu-se ser de
igual importância a criação de um programa nacional que contemplasse as fontes fixas de
poluição atmosférica. Tendo em vista que a maioria dos estados não dispunha de padrões
locais de emissão de fontes, observou-se a necessidade da fixação de dispositivos de caráter
normativo e do estabelecimento de ações de monitoramento atmosférico (PORTO, 1998;
FREITAS, 2003; IBAMA, 2006).
Assim, no ano de 1989 é instituído o PRONAR - Programa Nacional de Controle da
Qualidade do Ar, a partir da Resolução do CONAMA (Resolução 05/89). O objetivo deste
programa foi a limitação dos níveis de emissão de poluentes para controlar, preservar e
recuperar a qualidade do ar em todo o território (DERISIO, 1992; SILVA, 2007).
O PRONAR prevê que as áreas do território nacional deverão ser enquadradas em
classes de acordo com os usos pretendidos: a) áreas de classe I, onde deverá ser mantida a
qualidade do ar em nível mais próximo possível do verificado sem a intervenção
antropogênica; b) áreas de classe II, onde o nível de deterioração da qualidade do ar seja
limitado pelo padrão secundário de qualidade; c) áreas de classe III, concebidas como áreas de
desenvolvimento, onde o nível de deterioração da qualidade do ar seja limitado pelo padrão
primário da qualidade do ar (DERISIO, 1992; SILVA, 2007).
Este programa prevê igualmente a criação de uma rede nacional de monitoramento da
qualidade do ar; o gerenciamento do licenciamento de fontes de poluição atmosférica
estabelecendo um sistema de disciplinamento do uso do solo baseado no licenciamento prévio
de fontes de poluição; a criação de um inventário nacional de fontes e poluentes do ar através
do cadastramento e estimativa das emissões e processamento de dados referentes as fontes de
poluição; gestões políticas com articulações intersetoriais e outras esferas da administração
33
pública e privada; o desenvolvimento nacional na área de poluição do ar com a estruturação
de recursos humanos e laboratoriais para o desenvolvimento de programas regionais e a
fixação de ações de curto, médio e longo prazo (MURASSAWA, 2006; SILVA, 2007).
Como instrumento de apoio e operacionalização, o PRONAR adota e regulamenta os
limites máximos de emissão de poluentes; estabelece padrões de qualidade do ar; além de
estabelecer programas de controle da poluição, como a poluição dos veículos (Programa de
Controle da Poluição por Veículos - PROCONVE); das indústrias (Programa Nacional de
Controle da Poluição Industrial - PRONACOP); e programas de avaliação da qualidade do ar
e fontes poluidoras (CONAMA, 2006; SILVA, 2007).
A Resolução do CONAMA n°3 de 28.6.90, supra mencionada, estabelece os padrões
de qualidade do ar, como previsto no PRONAR, atribuindo aos Estados o monitoramento da
qualidade do ar. Segundo o PRONAR, aos Estados compete o estabelecimento e a
implementação dos Programas Estaduais de Controle da Poluição do Ar, sendo possível a
adoção pelos Estados de valores mais rígidos em relação aos níveis máximos de emissão. Em
matéria de meio ambiente e, sobretudo de poluição atmosférica, a adoção de uma política
preventiva é fundamental. O PRONAR representou, sem dúvidas, uma grande disparada em
termos de instrumentos, objetivos e níveis necessários a obtenção de uma qualidade ambiental
(SILVA, 2007).
Em se tratando das ações de fiscalização da poluição atmosférica, elas visam ao
cumprimento da legislação e ao atendimento de controle e qualidade ambiental, coibindo as
ações de poluição do ar e estabelecendo medidas de saúde pública.
A fiscalização realizada pela FEAM – Fundação do Meio Ambiente, tem as seguintes
finalidades, em consoância com as diretrizes do Grupo Coordenados de Fiscalização
Ambiental Integrada (GCFAI): subsidiar análise do licenciamento ambiental; atender à
34
denúncia; acompanhar condicionantes e pós licenciamento; atender à emergência ambiental;
aplicar penalidades necessárias (FEAM, 2006).
3.2.4 Padrões de Qualidade do ar em Divinópolis
Na cidade de Divinópolis, são monitorizadas as Partículas Totais em Suspensão (PTS)
e as Partículas Inaláveis (PI). O município dispõe de quatro estações de amostragem que
monitoram as PTS, e uma estação que monitora as PI, que são distribuídas em locais
escolhidos devido à proximidade de fontes poluidoras. As estações são as seguintes: DV-01
localizada no Centro de Apoio Integral à Criança e Adolescente (CAIC), bairro Serra Verde;
DV-02, até o ano de 2007 localizado no bairro Esplanada no Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI) e transferido para o distrito de Santo Antônio dos Campos;
DV-03 localizado no Colégio Roberto Carneiro, bairro Sidil; DV-04 localizada no Serviço de
Referência em Saúde Mental (SERSAM); DV-05 situado na Escola Estadual Melo Viana no
bairro Porto Velho.
A avaliação dos resultados do monitoramento da qualidade do ar é feita comparando-
se os resultados da concentração média diária, da concentração média geométrica anual e da
concentração média aritmética anual com valores limites (Padrões de Qualidade do Ar),
estabelecidos pela Resolução do CONAMA no 03 de 28/06/90. Os resultados são
apresentados em tabelas e repassados para o arquivo da Secretaria Municipal do Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura de Divinópolis (SEMMED, 2006).
3.3 Qualidade do ar e doenças respiratórias
3.3.1 Problemas respiratórios na saúde humana relacionados à poluição do ar
As primeiras preocupações com a qualidade do ar aparecem desde a Antiguidade, na
era pré-cristã, onde já existiam as preocupações envolvendo problemas como os efeitos do
35
clima nos humores do corpo, os miasmas, as sujeiras e os odores (FREITAS, 2003). Devido
ao uso do carvão como combustível, as cidades dessa época já ostentavam ares de qualidade
aquém do desejável. Esta situação veio se agravando durante os primeiros séculos da história
pós-cristã, quando os primeiros atos de controle de emissão de fumaça foram baixados na
Inglaterra do final do século XIII, sendo que os problemas ambientais sobre a saúde estiveram
associados aos efeitos do rápido e intenso processo de industrialização e urbanização que
passaram a incidir nas condições de vida e trabalho (BRAGA, 2001; FREITAS, 2003;
CANÇADO, 2006).
Em meados do século XIX os impactos da Revolução Industrial se tornam intensos no
que se relaciona à saúde das populações e as condições de vida, o que pode ser notado
principalmente nos países europeus, onde houve maior desenvolvimento das relações
industriais de produção. A classe trabalhadora se torna mais organizada e passa exigir
melhores condições de trabalho (PAIM e ALMEIDA FILHO, 1998).
A partir do século XX as preocupações com os problemas ambientais tornam-se
proeminentes em muitos países, resultando várias conferências sobre o tema, organizadas pela
Organização das Nações Unidas (ONU), como por exemplo a de Estocolmo em 1972, a do
Rio em 1992, Nova York em 1997, também chamada de Rio +5, onde foi então criado o
Protocolo de Kyoto, com a intenção de reduzir, em escala global, 15% da quantidade de
poluentes responsáveis pelo efeito estufa (PORTO, 1998; FREITAS, 2003)
A intervenção do homem sobre os recursos naturais não foram acompanhados de
análises que pudessem avaliar seu impacto sobre o meio ambiente e os prováveis danos à
saúde (BRAGA, 2001; FREITAS, 2003). Nesse contexto, a poluição do ar tornou-se um grave
problema nos centros urbanos industrializados, com a presença cada vez maior dos
automóveis, que vieram a somar com as indústrias, como fontes poluidoras. Ela é causada por
processos físicos, químicos e dinâmicos que conduzem à emissão de gases e partículas por
36
certas fontes de combustão e sua acumulação na atmosfera. A poluição resulta da ação do
homem, nomeadamente dos transportes, das cozinhas, da atividade agrícola, indústria e
aquecimento (DUCHIADE, 1992; ANDRE, 2000; BARQUERA, 2002; ARBEX, 2004).
Sabe-se que a poluição atmosférica pode trazer danos à saúde, podendo esses serem
manifestados de diferentes formas. A exposição total diária de um indivíduo aos poluentes
atmosféricos é a soma dos contatos com poluentes ao longo de diversas fontes durante todo o
dia, em domicílio, na comunidade, nas ruas, dentre outros locais (LEVY, 1977; BOBAK,
1992; SCHWARTZ, 1992; COMMITTEE, 1996; CANÇADO, 2006).
Vários são os fatores que contribuem, interferem ou guardam uma relação direta com a
concentração de poluentes na atmosfera. Sabe-se que os fatores meteorológicos como
temperatura, umidade relativa do ar, precipitação; aspectos demográficos, índices de
desenvolvimento humano, urbanização, padrões de industrialização, dentre outros, afetam a
qualidade do ar (CARVALHO, 2000; ARBEX, 2004).
As condições meteorológicas são particularmente importantes; na medida em que os
ventos turbulentos ajudam a dispersar os poluentes. A combinação da estabilidade atmosférica
com a ausência de chuvas torna-se assim, profundamente desfavorável à dispersão dos
poluentes (DUCHIADE,1992; PASSET, 1994).
Ainda quanto às condições meteorológicas, um fenômeno importante é a chamada
inversão térmica, caracterizada pela formação de uma camada de ar frio na atmosfera o que
impede a passagem do ar quente e a dispersão dos poluentes. Nos meses de inverno, meses
mais secos, ocorre perda de calor por radiação durante a noite, o que faz com que o ar em
contato com o solo se resfrie e se torne mais denso do que a camada imediatamente acima.
Com o aumento da camada fria, os gases e fumaças ficam aprisionados na interface de uma
camada quente e outra fria, gerando o fenômeno da inversão térmica acompanhada de
camadas de denso nevoeiro a baixa altitude (MURASSAWA, 2006).
37
Os comprometimentos biológicos relacionados à poluição do ar são relatados pelo
Commitee of Environmental and Occupational Health Assembly of the American Thoracic
Society (1996), sendo: mortalidade cardiorrespiratória excessiva; aumento da utilização de
cuidados médicos; exacerbação da asma; aumento das doenças respiratórias; aumento dos
sintomas pulmonares; diminuição da função pulmonar; aumento da reatividade das vias
aéreas; inflamação pulmonar; alteração da defesa do organismo.
A American Lung Association elaborou um documento denominado “State of the Air:
2001”, referindo-se que em cada ano, por cada 75 mortes causadas pela poluição, há 265
internações por asma, 240 internações por outras doenças, 3500 idas aos serviços de urgência,
180.000 exacerbações de asma, 930.000 dias de restrições de atividades e 2.000.000 dias com
sintomas respiratórios agudos (AMERICAN LUNG ASSOCIATION, 2001).
Estudos realizados no Japão e na Alemanha têm demonstrado que quanto maior for a
emissão de poluentes por veículos e indústrias, maior é a incidência de rinoconjuntivite e
bronquite (ISHIZAKI, 1987; MUTIUS, 1992).
No Brasil estudos realizados pelo Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, mostram que, em São Paulo, nos
dias de maior poluição, o número de internações por problemas respiratórios aumenta 65%,
em crianças de até 13 anos (SALDIVA, 1994).
Os efeitos dos poluentes atmosféricos e as populações de risco também foram
analisados pelo Committee, relacionando os seguintes elementos que desencadeiam danos à
saúde humana: ozônio, óxido de nitrogênio, dióxido de enxofre, material particulado,
monóxido de carbono. (COMMITTEE, 1996).
As partículas sólidas podem acometer os pulmões, ocasionando pneumoconiose, que é
a doença pulmonar causada pela inalação de poeiras. Este material particulado inalável
apresenta uma característica importante; a de transportar gases adsorvidos em sua superfície
38
até as porções mais distais das vias aéreas, onde ocorrem as trocas gasosas nos pulmões
(BRAGA, 2001; FEAM, 2006).
O material particulado pode levar a irritação das vias aéreas, inflamação e aumento de
reatividade brônquica. Além disso, pode reduzir o transporte muco ciliar, com exacerbação de
crises de asma brônquica, aumento das infecções respiratórias e piora da sibilância (BOBAK,
1992; ARBEX, 2004).
Em relação ao material particulado, Schwartz et al. (1993), ao correlacionarem as
consultas por crises de asma em pacientes menores de 65 anos, nas emergências, encontraram
uma clara correlação entre o número de consultas e a exposição a PM10. O melhor dado
preditivo foi a média de exposição dos quatro dias prévios à consulta. Observou-se que as
médias nunca excederam 70% da concentração mínima recomendada por organismos norte
americanos. Devido a isso, os autores sugeriram uma revisão dos níveis mínimos.
Segundo Schwartz (1994), a exposição crônica ao material particulado tem sido
associada ao aumento nos índices de bronquite e doenças respiratórias em crianças, com
redução da função pulmonar, aumento dos sintomas respiratórios em crianças asmáticas,
aumento da necessidade de medicações em crises de asma e acréscimo de visitas hospitalares
por exacerbações asmáticas ou outras doenças respiratórias.
Em um trabalho realizado por Dockery e Pope (1994), observou-se que um aumento
na concentração de PM10 de 10µg/m3 foi associado a um aumento de 3,4% na mortalidade
respiratória e 1,8% de aumento na mortalidade cardiovascular.
Para Dickey (2000), morar em áreas onde a concentração do material particulado é
elevada está associado a altas taxas de mortalidade e, embora sem significado estatístico, ao
aumento de câncer de pulmão. Os sinais e sintomas agudos incluem a restrição das atividades,
perda de dias de trabalho e letivos, doenças respiratórias, exacerbação da asma e de DPOC.
Observações clínicas mostraram diminuição da função pulmonar, aumento do uso de
39
medicação para a asma, aumento de visitas à emergências hospitalares, aumento das
internações, elevadas taxas de mortalidade por problemas respiratórios. O autor sugeriu
também a relação entre material particulado e crianças de baixo peso, retardo de crescimento
intrauterino e morte de recém-nascidos. Os efeitos na saúde humana podem ser observados
muitos dias após o pico de exposição ao material particulado, podendo ser detectados muitas
semanas após o episódio de poluição atmosférica. Em elevadas concentrações de MP, a
mortalidade pode ocorrer mesmo que o tempo de exposição seja pequeno.
Episódios de poluição atmosférica causaram aumento do número de mortes em
algumas cidades da Europa e Estados Unidos. O primeiro episódio ocorreu em 1930, em
Meuse Valley na Bélgica, quando o aumento da concentração de resíduos emitidos pelas
indústrias siderúrgicas da região provocou a morte de 60 pessoas. Alguns anos após em
outubro de 1948, em Donora, Pensilvânia, EUA, também houve um episódio de
conseqüências graves causadas pela poluição atmosférica oriundas das indústrias de zinco,
quando mais de 40% da sua população foi hospitalizada e 20 pessoas morreram por asfixia
(GLASG, 1953; SCHWARTZ, 1992).
Segundo Logan (1952), o mais clássico, e mais grave, dos episódios de poluição
atmosférica ocorreu em dezembro de 1952, na cidade de Londres, onde uma forte inversão
térmica dificultou a dispersão dos poluentes do ar. No acidente, durante quatro dias as
concentrações atmosféricas de material particulado oscilaram entre 1,98 e 2,65 mg/m3 e de
SO2 entre 0,94 e 1,26 ppm. Na ocasião foi notado um aumento significativo da mortalidade da
população, 4000 pessoas em quatro dias, tendo como causa de morte bronquite e pneumonia.
Indiscutivelmente, estes trágicos episódios mostraram a real necessidade de se buscar o
controle da emissão de poluentes do ar e estimularam a realização de diversos estudos
epidemiológicos e experimentais, que identificaram os principais poluentes atmosféricos e
suas repercussões sobre a saúde. Baseados nos achados decorrentes, vários países
40
estabeleceram padrões de qualidade, ou seja, os limites máximos tolerados, a partir dos quais,
a população exposta sofreria danos à saúde (GOMES, 2002; CANÇADO, 2006).
Lebowitz (1996) publicou uma revisão de trabalhos sobre os efeitos provocados pela
exposição a estes diversos poluentes do ar e seus comprometimentos respiratórios,
evidenciando que a exposição à poluição ambiental é uma das grandes causas de doenças
respiratórias crônicas, sendo a maior causa de exacerbação de asma e de doenças obstrutivas
crônicas (DPOC), influenciando o aparecimento de doenças respiratórias que incluem o
aumento da insuficiência respiratória aguda, inflamação e irritação dos brônquios e
diminuição da função pulmonar.
No Brasil, o problema não é diferente, sendo que na década de 80, a taxa de
urbanização brasileira atingiu a marca de 68,9%, contribuindo com elevados índices de
poluição ambiental (FREITAS, 2004).
De acordo com Duchiade (1992), Peiter (1998) e Sih (1997), a poluição atmosférica
tem afetado a saúde da população brasileira mesmo quando seus níveis encontram-se abaixo
do que é determinado pela legislação vigente Além disso, os poluentes do ar afetam de forma
significativa a vida dos seres vivos e embora o mecanismo biológico específico ainda esteja
em estudo.
Segundo Martins (2002) e Bakony (2004) as crianças e os idosos são os dois grupos
etários que têm mostrado mais susceptíveis aos efeitos da poluição atmosférica, sendo que
esta tem sido associada a decréscimo da função pulmonar, faltas às escolas, decréscimo nas
taxas de peak flow em crianças normais e aumento no uso de medicamentos, além disso,
podem-se observar alterações do sistema imunológico de pessoas normais, com redução do
“clearance” mucociliar.
41
Estudos mostram uma associação positiva entre mortalidade e morbidade por
problemas respiratórios em crianças e a relação com a poluição atmosférica (PEREIRA, 1998;
NISHIOKA, 2000).
Rocha et al. (1988), realizando uma análise de dados de morbidade hospitalar no
município de Cubatão-SP, um dos maiores pólos industriais brasileiros observou-se que no
período de julho de 1983 à junho de 1984, as principais causas de internação na faixa etária de
0 a 9 anos estavam relacionadas à doenças respiratórias.
Em estudo epidemiológico realizado por Sih (1997) no estado de São Paulo, 3000
crianças foram avaliadas em três localidades do Estado de São Paulo com diferentes níveis de
qualidade do ar: Piracicaba, Tupã e Batatais. A investigação epidemiológica revelou que as
doenças alérgicas e infecciosas das vias aéreas inferiores foram mais prevalentes nas regiões
da Grande São Paulo e Piracicaba, onde existe uma alteração mais evidente do meio
ambiente, em particular de poluentes atmosféricos.
Bakonyi et al. (2004) em um estudo realizado na cidade de Curitiba, investigou os
efeitos causados pela poluição atmosférica na morbidade por doenças respiratórias em
crianças entre 1999 e 2000, atendidas em Unidades de Saúde no Sistema Único de Saúde
(SUS). Os resultados sugerem que a poluição atmosférica promove efeitos adversos para
saúde das crianças, mesmo quando os níveis dos poluentes estão aquém do que determina a
legislação.
Realizando um estudo ecológico na cidade de São Paulo - SP no período de 1993 à
1997, Freitas et al. (2004), analisaram as contagens diárias de admissões hospitalar de
pacientes menores de 15 anos de idade e de idoso maiores de 64 anos em relação às variações
diárias de poluentes atmosféricos. Os autores observaram que níveis de poluentes são danosos
à saúde da população, sendo que foram detectadas associações significativas entre níveis de
poluentes atmosféricos e internações por doenças respiratórias.
42
Portanto, estudos epidemiológicos mais abrangentes vão se desenvolvendo em
diferentes capitais e cidades do mundo, no sentido de entender e quantificar os diversos danos
à saúde e estabelecer padrões de qualidade do ar. Assim, a estreita relação entre problemas
respiratórios e a concentração de poluentes atmosféricos vem significando uma preocupação
cada vez maior para os setores responsáveis pelas políticas públicas, não apenas na área de
saúde humana, mas também, do ambiente e planejamento.
43
4. METODOLOGIA
Esta investigação fundamentou-se na pesquisa epidemiológica não-experimental,
ecológica, descritiva, analítica, exploratória observacional do tipo transversal (cross-
sectional). Estudos epidemiológicos, como os de Saldiva et al (1994) e Nishioka et al (2000),
têm sido utilizados com o objetivo de se examinar a associação entre exposição à poluição do
ar e seus efeitos na saúde da população.
Para Castro et al. (2003), medidas de exposição individual à poluição do ar são
possíveis, mas os custos são altos, conseqüentemente, estas limitações têm influenciado a
escolha do desenho dos estudos epidemiológicos. Mais freqüentemente, estudos ecológicos
têm sido utilizados, pois são estudos em que a unidade de análise não é o indivíduo, mas sim
um grupo de indivíduos, ou seja, as informações, tanto sobre a exposição à poluição do ar
quanto sobre os indicadores de doença ou evento de interesse, não estão disponíveis
individualmente, mas ao contrário, para um agregado de indivíduos. Neste tipo de estudo é
analisado geralmente registro secundário, como número de mortes, admissões hospitalares,
visitas à emergências médicas, sintomas relacionados as doenças e uso de medicações.
Estudos dessa natureza podem também analisar a exposição de um grupo de população a um
determinado fator, investigando a possível correlação entre o efeito exposição e morbidades,
caracterizando, portanto um estudo analítico (ANDRÉ, 2000).
Para Sobral (1989), os estudos observacionais do tipo transversal, avaliam a relação
exposição-doença em uma determinada população e em um dado momento, fornecendo um
retrato de como as variáveis estão relacionadas naquele momento. É ainda considerado um
método propício para avaliar a freqüência de doenças e de fatores de risco, colaborando,
portanto no estudo dos efeitos adversos à saúde relacionados com a poluição do ar.
44
Segundo Minayo (2004), o estudo das representações sociais de saúde/doença abrange
aspectos universalmente observáveis e outros que são peculiares a cada população estudada.
Esses aspectos, tratados no presente trabalho dizem respeito à relação indivíduo, nesse caso
crianças, a sociedade e seu ecossistema.
A pesquisa teve como propósito básico estimar a associação do número de internações
hospitalares por problemas respiratórios em crianças de 0 a 14 anos, entre os anos de 2000 e
2006, e a concentração de particulados, qualidade do ar, temperatura e umidade,
caracterizando-se ainda em uma pesquisa de cunho retrospectivo. Dessa forma, serão
considerados como variáveis independentes fatores que possam interferir direta ou
indiretamente no quadro de doenças respiratórias no município de Divinópolis, sendo: a
concentração de particulados, qualidade e umidade relativa do ar e temperatura. Como
variável dependente foi estudado retrospectivamente o número de internações hospitalares por
problemas respiratórios na rede pública de saúde.
A opção por se trabalhar com o número total de doenças respiratórias e não por
patologia específica recaiu sobre a probabilidade de se diminuir a diversidade de diagnósticos
entre os serviços que forneceram os dados originais
Vale lembrar que a estatística hospitalar é uma das principais fontes de dados de
morbidade reconhecida pela OMS por conter um registro sistemático da doença, não
representando a morbidade global de uma comunidade, visto que ela é seletiva, por abranger
somente doenças que exigem hospitalização; além disso, também representa a morbidade
parcial, posto que é possível que um indivíduo mesmo necessitando, pode não ser
hospitalizado (LAURENTI, 1987)
4.1 Operacionalização da pesquisa
4.1.1 Local do estudo:
45
O estudo foi realizado no município de Divinópolis, estado de Minas Gerais. A
principal atividade econômica é o ramo siderúrgico, destacando-se também como importante
pólo de indústrias do vestuário (SEPLAN, 2007) (FIG. 1).
O município possui uma área de 716 Km2 , equivalente a 0,12 % da área do Estado,
situa-se na interseção das coordenadas geográficas 20o 8`21” de latitude sul e 44o 53`17” de
longitude oeste, distante 120 Km da capital Belo Horizonte, sendo a população estimada é de
250.000 habitantes, com 54.801 crianças de 0 a 14 anos (DATASUS, 2006).
A vegetação predominante é a do cerrado, caracterizada pela existência de um estrato
arbustivo com árvores espaçadas, retorcidas, em geral dotadas de cascas grossas e suberosas e
de raízes profundas, e pela existência de um estrato herbáceo graminoso (SEPLAN, 2005).
O clima do município está classificado como Cwa mesotérmico, caracterizado por
invernos secos e verões chuvosos. A temperatura média de inverno é de 16oC
aproximadamente. A média do mês mais quente fica em torno de 25oC. A microrregião de
Divinópolis está contida entre as isoietas 1100mm e 1700mm, sendo os meses mais chuvosos
compreendidos entre novembro e março, e os mais secos os de outono e inverno
respectivamente. Divinópolis é banhada pelos rios Pará e Itapecerica, tendo sua sede cortada
por este último e seus afluentes. (SEPLAN, 2005).
46
FIGURA 1. Localização de Divinópolis FONTE; SEPLAN, 2007.
4.1.2 Fonte de dados:
Para a realização deste estudo foram levantados dados sobre concentração de partículas
atmosféricos, qualidade do ar, temperatura e umidade, além de dados sobre internações
hospitalares, correspondentes ao período delimitado na pesquisa.
Dados sobre internação hospitalar - Para esta investigação foram coletados, via Internet,
dados junto ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - DATASUS do
Ministério da Saúde, referentes ao número de internações hospitalares por problemas
respiratórios relacionados no Código Internacional de doenças (CID 10), em crianças de 0 a
14 anos, ocorridas entre janeiro de 2000 e 31 de dezembro de 2006.
Dados sobre a qualidade do ar - Os dados diários dos poluentes, partículas totais em
suspensão e partículas inaláveis, e os da temperatura, precipitação e umidade relativa do ar
foram obtidos na Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
que conta com cinco estações de monitoramento da qualidade do ar distribuídas na cidade de
Divinópolis. Temos dois modelos de aparelhos um é o amostrador de grande volume, do tipo
Hi Vol e o aparelho PM-10 (conforme a norma da ABNT-NBR 9547/86), que coletam
amostragem de partículas totais em suspensão (PTS) e partículas inaláveis (PM10)
respectivamente.
47
O equipamento Hi-Vol é composto por um motor aspirador de ar, um porta filtro, um
registrador de vazão, um programados de amostragens, um variador de vazão e um marcados
de tempo de amostragem. O PM10 possui os mesmos componentes do Hi-Vol, acrescido de
uma cabeça de separação de partículas com diâmetro aerodinâmico inferior a 10 µm. A
concentração das partículas é obtida determinando-se a massa do material coletado e
relacionando com o volume de ar amostrado (CETESB, 2006; CONAMA, 2006; SEMMED,
2006).
A Estação DV - 01 está localiza-se no CAIC, o local é órgão Público Municipal, com
posto de saúde, creche e escola primária, situa-se na região noroeste em área de uso
residencial, na Av. das Garças Nº 311, bairro Serra Verde (FIG. 2). O acesso é totalmente
pavimentado, sendo o seu entorno dotado de áreas verdes e existindo próximo à estação,
residências e também ruas sem pavimentação. O aparelho instalado é um amostrador de
grande volume, do tipo Hi Vol e a partícula analisada é a partícula total em suspensão. De
acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável -
SEMMED (2006), as principais fontes poluidoras vizinhas a esta estação são: (1) Siderúrgica
Divigusa, com capacidade de produção superior a 120 t/dia; (2) Siderúrgica Mat-Prima II com
capacidade de produção superior a 120 t/dia; (3) Siderúrgica Sisam com capacidade de
produção superior a 120T/dia.
A Estação DV - 02, desde o segundo semestre de 2007, localiza-se no distrito de Santo
Antonio dos Campos, localizado a 10 Km da cidade de Divinópolis (LEITE, 2007). É
importante ressaltar que até o primeiro semestre de 2007 estava instalado em área central, de
uso residencial, no bairro Esplanada, na rua Benjamin de Oliveira nº 144 (FIG. 2). Segundo a
SEMMED (2006), a principal fontes poluidora vizinhas a esta estação era a Siderúrgica
GERDAU, com capacidade de produção superior a 300 t/dia. O aparelho é o amostrador de
grande volume o Hi Vol e o material amostrado é a partícula total em suspensão.
48
A Estação DV - 03 está localizada na Escola Educare - Roberto Carneiro. O local é
propriedade privada, destinada a Ensino Fundamental e 2º grau. A estação situa-se na região
noroeste, em área de uso residencial, na rua Paraná nº 1181, bairro Jardim Capitão Silva (FIG.
2). O acesso ao local é totalmente pavimentado, sendo o seu entorno dotado de residências. O
aparelho instalado é o amostrador de grande volume, e o material amostrado é a partícula total
em suspensão. As principais fontes poluidoras vizinhas a estação são: (1)Siderúrgica Sideral,
com capacidade de produção aproximadamente de 120 t/dia; (2) Siderúrgica São Luiz com
capacidade de produção aproximadamente de 250 t/dia (SEMMED, 2006).
A Estação DV - 04 está localizada no SERSAM o local é órgão público municipal,
destinado a tratamento de doentes mentais. A estação situa-se na região nordeste em área de
uso residencial / comercial, na Av. Governador Magalhães Pinto nº1.215, no bairro Espírito
Santo (FIG. 2). O acesso ao local é totalmente pavimentado, sendo o seu entorno dotado de
áreas verdes e existindo próximo a estação um pequeno córrego. O aparelho instalado é o
amostrador de grande volume e o material amostrado é a partícula total em suspensão. As
principais fontes poluidoras vizinhas a esta estação são: (1) Siderúrgica TMG, com
capacidade de produção aproximadamente de 120 t/dia; (2) Siderúrgica Ferroeste Ltda, com
capacidade de produção aproximadamente de 120t/dia de gusa (SEMMED, 2006).
A Estação DV - 05 está localizada na Escola Estadual Luis Melo Viana Sobrinho. O
local é órgão Público Estadual, destinado ao ensino fundamental. A estação situa-se na região
sudeste, em área de uso Residencial, na rua Campos Sales Nº 270, bairro Porto Velho (FIG 2).
O acesso ao local é totalmente pavimentado, sendo o seu entorno dotado de residências. O
tipo de aparelho instalado é o PM10, e o material coletado é a partícula inalável. De acordo
com a SEMMED (2006), as principais fontes poluidoras vizinhas a estação são: (1) GERDAU
S.A, Usina Integrada, com produção de ferro gusa e aciaria, com uma produção superior a 300
t/dia.
49
4.1.3 Tratamento dos dados
Os dados de internação hospitalar, dados da qualidade do ar, índices de precipitação,
temperatura e umidade relativa do ar foram dispostos em um banco de dados (Excel). Os
dados disponibilizados foram reduzidos às principais medidas estatísticas e organizados em
tabelas e gráficos para melhor análise e visualização dos resultados. As variáveis de maior
interesse foram correlacionadas pela correlação de Pearson e sua significância estatística
avaliada pelo teste t. Foi realizado o teste Tukey (após a ANOVA) para verificar a existência
de diferenças significativas entre as médias para as variáveis nas cinco estações
meteorológicas. Utilizou-se um nível de 5% e 1% de significância para todos os testes. Todas
as análises foram realizadas no software SPSS versão 11.0.1.
50
DDv1D
FIGURA 2 - Localização das estações de monitoramento da qualidade do ar FONTE: SEPLAN, 2007
51
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as diversas causas de hospitalizações, aquelas decorrentes de distúrbios
respiratórios englobam um contingente representativo da população de todo o mundo.
Os valores referentes à busca da rede pública visando cuidados respiratórios, durante o
período em estudo, totalizaram 5.945.833 pacientes no Brasil, 567.977 no estado de Minas
Gerais e 3.750 em Divinópolis (DATASUS, 2006).
Durante o período estudado, os distúrbios respiratórios ocuparam uma posição de
destaque dentre as hospitalizações na rede pública em Divinópolis, correspondendo à uma
média de 31% do número total de internações (TAB. 6). Ainda de acordo com a Tabela 6,
observa-se tendência de diminuição das internações hospitalares e das internações por
doenças respiratórias.
Hoje com as modificações na rede pública de saúde, só são internados doentes que são
cadastrados na rede, ou seja no programa SUS Fácil do Ministério da Saúde, para isso os
pacientes, neste caso as crianças devem vir encaminhadas para internação dos postos de
saúde ou do pronto socorro, dependendo ainda da liberação da vaga na rede pública
hospitalar (SEMUSA, 2007).
É sabido também que nem todas as crianças doentes são conduzidas aos hospitais para
internações, grande parcela da população de crianças de 0 à14 anos doentes e principalmente
com problemas respiratórios,são atendidas nos postos de saúde e/ou pronto socorro,
medicadas e liberadas para casa, acrescenta-se também aqui aquelas crianças doentes que não
são encaminhadas para atendimento médico (SEMUSA, 2007) .
52
TABELA 6
Distribuição percentual das internações hospitalares na rede pública, por doenças do aparelho
respiratório, segundo a ocorrência no município de Divinópolis - MG, de 2000 a 2006.
Ano Internações hospitalares (SUS)
Internações por doenças do aparelho
respiratório
%
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
1809
1868
1726
1820
1803
1734
1368
662
609
503
581
547
503
345
36,59
32,60
29,14
31,92
30,33
29,00
25,21
FONTE: DATASUS, 2006.
A Tabela 7 apresenta a estatística descritiva do material particulado, temperatura
mínima e máxima, umidade e número de internações por doenças respiratórias. Pode-se
observar que a média dos níveis de concentrações de partículas para o período em estudo foi
de 73,80 e 77,82 µg/m3 (média geométrica e aritmética), com pico de concentração máxima
de 227,36, valor superior aos padrões aceitáveis de qualidade do ar, que é de 150 µg/m3.
A média do índice de qualidade do ar em Divinópolis manteve-se dentro da faixa
considerada boa, sendo está classificação estabelecida pelo CONAMA (2006) e que pode
variar de 0 a 50 (TAB. 7). Foi também observado um valor máximo de 105,78, o que seria
classificado como qualidade do ar inadequada (101-199) pelos padrões estabelecidos pelo
CONAMA (2006)..
A temperatura no município de Divinópolis variou de 15,7 oC à 28,8 oC de média
mensal durante o período em estudo, atingindo valores de 9,3 oC e 32,8 oC de mínima e
53
máxima respectivamente. A umidade relativa do ar manteve-se uma média de 67% e a
precipitação variou de 0 mm à 459,9 mm nos meses mais frios, mantendo uma média de
119,7 mm de precipitação mensal (TAB. 7).
A média do número de crianças internadas foi de 144 crianças/mês, com média de 45
internações por problemas respiratórios. Verifica-se também um número máximo de 106
internações/mês por problemas respiratórios, isso equivale a 76% do número total de
internações e provavelmente ocorreu em um período de altas concentrações de partículas e em
meses mais frios do ano, conforme também observado por Gross et al (1984) em hospitais de
|Utah Valley –Israel.
TABELA 7
Estatística descritiva dos poluentes atmosféricos, temperatura mínima e máxima, umidade
relativa do ar e número de internações em Divinópolis - MG, no período de2000-2006
Variável N Média Desvio Padrão Mediana Mínimo Máximo Concentração Partículas (microgramas/m3)-Média
Geométrica 375 73,80 38,38 64,37 19,71 227,36
Concentração Partículas (microgramas/m3)-Média
aritmética 375 77,82 39,68 68,14 20,05 233,37
Índice de Qualidade do Ar 375 46,96 17,48 45,60 16,20 105,78
Temperatura Máxima (oC) 420 28,8 1,7 28,8 24,3 32,8
Temperatura Mínima (oC) 420 15,7 3,2 16,8 9,3 19,8
Umidade Relativa do Ar (%) 420 67 8 68 46 80
Precipitação (mm) 420 119,7 118,1 78,5 0,0 459,9 Número de Internações
Hospitalares (SUS) 420 144 25 149 97 205
Números de Internações Doenças Respiratórias 420 45 17 43 10 106
A Tabela 8 apresenta a matriz de correlação entre as variáveis em estudo. Observou-se
que a correlação mais acentuada se deu entre a concentração de partículas e índice de
qualidade do ar, indicando uma associação linear entre eles, ou seja, a qualidade do ar é
diretamente influenciada pela concentração de partículas em suspensão no ar. Observou-se
também uma relação inversamente proporcional entre concentração de partículas e variáveis
54
meteorológicas (temperatura, umidade e precipitação), ou seja, nos dias com maiores índices
pluviométricos, com umidade relativa do ar e temperaturas mais elevadas, tem-se uma maior
dispersão das partículas com diminuição da concentração de poluentes. Nota-se, portanto uma
correlação negativa entre as variáveis meteorológicas e a concentração de partículas. Carvalho
et al (2000) em estudo realizado em municípios de Porto Alegre, relacionou as amostras de
concentração de partículas com o conjunto de dados meteorológicos e pode verificar também
a mesma relação inversa, ou seja, verificou-se que nos períodos de chuva nula ou baixa
ocorreu, provavelmente, a resuspensão do material particulado, ocasionando concentrações
elevadas de partículas.
Quando analisado a variável qualidade do ar e variáveis meteorológicas, a mesma
relação inversa observada em relação à concentração de partículas pode ser observada (TAB.
8). Assim, em dias mais secos, com menores índices de precipitação e temperaturas mais
baixas, tem-se um aumento em números absolutos do índice de classificação da qualidade do
ar, com piora do mesmo e elevação da concentração de partículas. O índice de qualidade do ar
é medido baseado na concentração de partículas, portanto quando está elevada devido à baixa
umidade relativa do ar e/ou precipitação, a tendência é uma piora na qualidade do ar da região
Quando se analisa as doenças respiratórias verifica-se uma correlação positiva e
estatisticamente significativa entre a concentração de partículas e índice de qualidade do ar no
período estudado (TAB. 8), indicando que o aumento da concentração de partículas no ar,
associado com a piora da qualidade do ar estaria intimamente relacionado com o aumento de
internações por causas respiratórias. Resultados semelhantes foram obtidos por Schwartz et
al. (1994), que investigou as causas de internações em crianças em seis cidades dos EUA,
verificando altas taxas de internações em dias com elevadas concentrações de poluentes
atmosféricos.
55
Em Sidney, na Austrália, Morgan et al. (1998), ao analisarem as internações
hospitalares ocorridas na cidade entre 1990 e 1994, também observaram um significativo
aumento na admissão das crianças com asma, e em menor proporção de adultos, nos dias em
que os níveis de concentração de poluentes se encontravam elevados.
Ainda de acordo com a Tabela 8, a correlação entre concentração de partículas e
internações por doenças respiratórias (0,29) foi positiva e significativa. Martins et al (2002),
estudando o número de atendimentos por pneumonia e gripe na cidade de São Paulo – SP,
entre os anos de 1996 e 1998, observaram uma correlação positiva e significativa com o
material particulado (0,12). De forma semelhante, Freitas et al. (2004) e Nascimento et al
(2006), em São Paulo e São José dos Campos, respectivamente, confirmam a associação
positiva entre concentração de poluentes atmosféricos e incremento na morbidade por
problemas respiratórias em crianças, com correlações positivas. Bakony et al. (2004),
analisando a relação entre poluição atmosférica e doenças respiratórias em crianças na cidade
de Curitiba - PR, também sugeriram uma associação positiva entre material particulado e
doenças respiratórias, com a correlação de 0,29, semelhante a observada em Divinópolis.
Ao analisar as variáveis meteorológicas (TAB. 8), observou-se uma correlação
negativa destas com a concentração de partículas e número de internações por problemas
respiratórios. O aumento dos índices de precipitação, temperatura e umidade do ar estariam
influenciando na dispersão das partículas no ar, acarretando uma diminuição da concentração
de partículas, melhora da qualidade do ar e diminuição no número de internações relacionadas
com problemas respiratórios. Resultado semelhante foi observado por Nascimento et al
(2006), em estudo realizado em São Paulo, analisando os efeitos da poluição atmosférica na
saúde infantil de crianças residentes em São José dos Campos - SP.
A variável precipitação apresentou correlação negativa com a concentração de
partículas, o que também foi observado por Carvalho et al (2000), em seu estudo com
56
partículas totais em suspensão em municípios próximos a Porto Alegre - RS. Os autores
sugerem que, em períodos de baixa precipitação, ocorre provavelmente, a resuspensão do
material particulado, ocasionando concentrações elevadas de partículas na atmosfera.
TABELA 8
Matriz de Correlação de Pearson entre os poluentes atmosféricos, variáveis climáticas e
doenças respiratórias no município de Divinópolis – MG, 2000-2006..
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Núm
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ões D
oenç
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Res
pira
tóri
as
Concentração de Partículas -MGA (microgramas/m3)
1
(N) (375) Concentração de Partículas -MAA (microgramas/m3)
0,994** 1
(N) (375) (375) Índice de Qualidade do
Ar 0,910** 0,913** 1
(N) (375) (375) (375) Temperatura Máxima
(oC) -0,223** -0,209** -0,211** 1
(N) (375) (375) (375) Temperatura Mínima
(oC) -0,745** -0,732** -0,763** 0,655** 1
(N) (375) (375) (375) (420) Umidade Relativa
do Ar (%) -0,667** -0,679** -0,711** -0,205** 0,514** 1
(N) (375) (375) (375) (420)
Precipitação (mm) -0,615** -0,608** -0,667** 0,221** 0,690** 0,606** 1 (N) (375) (375) (375) (420) (420) (420) (420)
Número de Internações Hospitalares (SUS) 0,233** 0,241** 0,260** -0,049** -0,239** -0,228** -0,317** 1
(N) (375) (375) (375) (420) (420) (420) (420) (420) Números de Internações
por Doenças Respiratórias
0,291** 0,290** 0,321** -0,269** -0,394** -0,141** -0,401** 0,765** 1
(N) (375) (375) (375) (420) (420) (420) (420) (420) (420) ** Significativo a 1% de Probabilidade.
57
Nas Fig. 3 a 9, quando se analisa o comportamento da concentração de partículas ao
longo do período, observa-se uma relação direta com a sazonalidade, apresentando os maiores
picos de concentração nos meses mais frios e secos dos anos. Resultados semelhantes foram
observados por Carvalho et al. (2000), em estudo realizado em Porto Alegre-RS
Nota-se ainda que, no ano 2000, as maiores médias de concentrações de partículas
foram registradas no mês de junho, ultrapassando os valores estipulados pelo
CONAMA(2006), de 150µg/m3 (FIG 3). A mesma característica é observada para o índice de
qualidade do ar, que segue o mesmo padrão do gráfico de concentração de partículas em todos
os anos do estudo. Nota-se ainda índices de qualidade do ar considerados regulares nos anos
de 2000 a 2006, referentes aos meses mais secos e frios, ou seja, de abril a agosto. Observa-
se, portanto, uma associação estatisticamente significativa entre estas duas variáveis (FIG. 3 a
FIG 9).
Ao analisar o número de internações no período de 2000 a 2006 (FIG 3 a FIG 9),
observa-se uma distribuição mais homogênea durante os meses do ano, pois relacionou-se
todas as crianças doentes que necessitaram de internação no referido período. No entanto, ao
observarmos os traçados dos gráficos de internações por doenças respiratórias, podemos dizer
que sua distribuição é mais sazonal, com maior concentração do número de internações nos
meses mais frios do ano, de março a agosto, o que também foi verificado por Gross et al
(1984), em estudo realizado em Israel. No entanto ao analisarmos os gráficos referentes aos
anos de 2000 à 2006, verifica-se que nem sempre os maiores índices de internações estão
associados à maiores concentrações de partículas no ar. De forma similar, estudos realizados
por Martins et al (2002) e Freitas et al. (2004), ambos na cidade de São Paulo-SP e por
Bakony et al (2004), em Curitiba-PR, verificaram que mesmo os poluentes atmosféricos
estando dentro dos padrões permitidos de qualidade do ar, continuam afetando a morbidade e
mortalidade por problemas respiratórios em crianças.
58
Petroeschevsky et al (2001) ao pesquisarem as associações entre poluentes
atmosféricos e internações hospitalares em Bribane, na Austrália, uma cidade com níveis
baixos de concentrações de poluentes do ar, constataram que houve um agravamento das
doenças pré-existentes, com exacerbação principalmente de sintomas respiratórios. De acordo
com Chor et al (2000), torna-se importante ressaltar que o risco de adoecer aumenta
continuamente à medida que aumenta o nível de exposição, além disso, um número
expressivo de casos pode ser desencadeado por muitos indivíduos expostos a um baixo risco
do que por poucas pessoas expostas a um risco elevado.
Nos anos de 2002 e 2006 (FIG. 5 e 9) uma relação negativa entre concentração de
partículas e internações por doenças respiratórias é verificada, fato este que poderia estar
associado ao período de férias escolares, onde a procura pelo atendimento médico diminui.
Observa-se também nas FIGURAS 3 a 9 um decréscimo no número de internações por
doenças respiratórias em crianças, o que fica evidente no ano de 2006, fato este observado
também por Freitas et al (2004). Umas das hipóteses atribuída a este fato poderia ser a
utilização de novos medicamentos para prevenção e tratamento ambulatorial de doenças
respiratórias. Os mesmos foram padronizados a partir de março/06 pela Secretária de Saúde e
disponibilizados para a população de 0 à 14 anos nas farmácias dos centros de saúde de
Divinópolis - MG. Além disso sabemos que nem todas as crianças doentes são internadas
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Número de Internações Hospitalares (SUS)Índice de Qualidade do ArConcentração Partículas (microgramas/m3)
Ano: 2000
FIGURA 3. Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para o ano de 2000, no município de Divinópolis, MG.
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Números de Internações Doenças RespiratóriasNúmero de Internações Hospitalares (SUS)Índice de Qualidade do ArConcentração Partículas (microgramas/m3)
Ano: 2001
FIGURA 4. Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para o ano de 2001, no município de Divinópolis, MG..
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Números de Internações DoençasRespiratórias
Número de Internações Hospitalares (SUS)Índice de Qualidade do ArConcentração Partículas (microgramas/m3)
Ano: 2002
FIGURA 5. Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para o ano
de 2002, no município de Divinópolis, MG.
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Números de Internações Doenças RespiratóriasNúmero de Internações Hospitalares (SUS)Índice de Qualidade do ArConcentração Partículas (microgramas/m3)
Ano: 2003
FIGURA 6. Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para o ano
de 2003 , no município de Divinópolis, MG.
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Números de Internações Doenças RespiratóriasNúmero de Internações Hospitalares (SUS)Índice de Qualidade do ArConcentração Partículas (microgramas/m3)
Ano: 2004
FIGURA 7. Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para o ano
de 2004, no município de Divinópolis, MG.
DezembroNovembroOutubroSetembroAgostoJulhoJunhoMaioAbrilMarçoFevereiroJaneiro
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Números de Internações Doenças RespiratóriasNúmero de Internações Hospitalares (SUS)Índice de Qualidade do ArConcentração Partículas (microgramas/m3)
Ano: 2005 FIGURA 8. Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para o ano
de 2005, no município de Divinópolis, MG.
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DezembroNovembroOutubroSetembroAgostoJulhoJunhoMaioAbrilMarçoFevereiroJaneiro
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Números de Internações Doenças RespiratóriasNúmero de Internações Hospitalares (SUS)Índice de Qualidade do ArConcentração Partículas (microgramas/m3)
Ano: 2006
FIGURA 9. Valores médios mensais obtidos para as principais variáveis do estudo para o ano
de 2006, no município de Divinópolis, MG.
Ao analisarmos a Tabela 9 de comparação entre as médias obtidas para os poluentes
atmosféricos nas cinco estações meteorológicas de monitoramento da qualidade do ar
observa-se diferença estatística (comprovadas pelo teste de Tukey) entre as estações, sendo
utilizadas para análise a média das concentrações das referidas estações durante o período de
2000 a 2006.
As médias de concentração de partículas (MAA) nas cinco estações de monitoramento
mostra que as estações DV-01, DV-03 e DV-04 não diferem estatisticamente entre si,
possuindo os maiores valores numéricos em médias obtidas para concentrações de poluentes.
A estação DV-01 possui como fonte poluidora a siderúrgica Divigusa e Mat Prima, a DV-03 a
siderúrgica São Luiz e Sideral e a DV-04 a TMG e Ferroeste, podendo ser grandes
contribuintes para os valores mais altos obtidos para as concentração de partículas nestas
localidades (TAB. 9).
63
TABELA 9
Comparação entre as médias obtidas para os poluentes atmosféricos nas estações
meteorológicas no município de Divinópolis – MG.
Valores Médios (2000-2006) Estação
Metereológica * Concentração Partículas (MGA) (microgramas/m3)
Concentração Partículas(MAA) (microgramas/m3)
Índice de Qualidade do Ar
DV05 - MELO VIANA 55,1 c 58,3 b 51,1 a
DV02 - SENAI 64,6 cb 67,1 b 39,8 b
DV01 - CAIC 80,5 ba 85,5 a 46,5 ba
DV04 - SERSAM 81,2 a 85,9 a 47,3 ba
DV03 - EDUCARE 85,8 a 90,2 a 49,1 a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Tukey a 5% de
Probabilidade.
Entretanto observou-se uma diferença estatística destas três estações com as estações
DV-02 e DV-05 que se encontram em um mesmo nível de significância estatística, sendo que
a ambas possuíam até 2007 a mesma fonte poluidora, a siderúrgica Gerdau. No entanto, ao
verificar as médias obtidas em relação à qualidade do ar medidas nestas estações, observa-se
que as estações DV-03 e DV-05 não diferem estatisticamente entre si, sendo levemente
superior em significância estatística que as estações DV-01 e DV-04, que também não
apresentam diferenças estatísticas entre si (TAB. 9).
Ainda de acordo com a Tabela 9, a estação DV-02 apresentou a diferença estatística
mais significativa quando comparados os valores médios de índice de qualidade do ar no
período de 2000 a 2006, obtendo o menor valor no índice de qualidade do ar, o que significa
uma melhor qualidade do ar na região. Esta estação, a partir de março de 2007 foi transferida
64
para o distrito de Santo Antônio dos Campos, motivo este que poderia ser explicado pelos
baixos valores obtidos de média de concentração de partículas e índice de qualidade do ar.
Ao analisarmos as estações DV-01 e DV-04 podemos constatar que as duas não
apresentam diferenças estatisticamente significativas quando comparados valores médios de
concentrações de partículas e IQA. No entanto ao verificarmos os valores médios de
concentração de partículas (MAA) e IQA das estações DV-02 e DV-05, observamos que as
duas estações não diferem entre si pelo Teste de Tukey na variável concentração de partículas,
porém a variável IQA mostrou diferenças estatísticas entre elas (TAB. 9).
65
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados evidenciaram uma relação direta entre internações hospitalares por
problemas respiratórios em crianças e a concentração de poluentes atmosféricos, ou seja,
períodos com maior índice de poluentes no ar tendem estar relacionados ao adoecimento da
população infantil.
Períodos de maior precipitação, temperatura e umidade do ar mostraram estar
relacionados com uma melhora na qualidade do ar e redução da concentração de partículas em
suspensão, o que poderia estar associado com a dispersão dos poluentes no ar. De um modo
geral, quando avaliou-se as internações hospitalares nos meses mais frios do ano, verificou-se
a elevação das mesmas, o que provavelmente poderia estar relacionado com a piora da
qualidade do ar e com um aumento das concentrações de partículas.
Durante o período em estudo, foi verificada uma porcentagem elevada no número de
internações por problemas respiratórios em relação ao número total de internações, sendo que
nos últimos anos do estudo as taxas de internações por morbidades respiratórias vêem
demonstrando uma tendência à diminuição. Este fato pode ser explicado pela padronização de
novos medicamentos para a prevenção e tratamento de doenças respiratórias em crianças nos
centros de saúde de Divinópolis-MG. Cabe ressaltar que essas informações referem-se
somente ao SUS, não tendo sido incluída nesta investigação uma considerável parcela da
população que fez uso das redes conveniadas e particulares de assistência hospitalar no
mesmo período do estudo.
Em função dos resultados encontrados, pode-se inferir que os níveis de poluição do ar
em Divinópolis, apesar de não estarem fora dos padrões de qualidade do ar preconizados no
Brasil (com exceção de dados extremos observados no ano de 2000), apresenta tendência de
aumento da morbidade respiratória da população infantil da cidade, evidenciando a relação
entre concentração de partículas e o agravamento de doenças pré-existentes.
66
Devido à associação entre a concentração de partículas e danos à saúde tem-se
defendido que as atenções a qualidade do ar devem ser colocadas em primeiro plano enquanto
estratégia de controle ambiental. Nesse sentido, espera-se que os resultados encontrados
possam alertar a população e as autoridades governamentais para o problema, assim como
estimular outros estudos que possam melhor conhecer a consistência e a reprodutibilidade da
associação entre doenças respiratórias em crianças e qualidade do ar. Nesse sentido, torna-se
importante ainda apontar a necessidade de ampliação dos pontos de coleta e monitoramento
da qualidade do ar, assim como o número de elementos químicos avaliados pelos
equipamentos de medição.
Apesar dessa investigação colaborar na complementação dos estudos voltados para a
situação da saúde pública do município, no que se refere à morbidade por problemas
respiratórios, julgamos ser necessário ainda, novos estudos epidemiológicos nessa área, para
melhor compreensão da questão que envolve esse quadro de morbidade relacionado à situação
da qualidade do ar no município, visando melhor instrumentalizar as instâncias político-
administrativas na área de ambiente e saúde.
67
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