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Comissão Especial da Assembleia Legislativa para Acompanhar a Problemática da Seca e as Perspectivas de Chuvas no Estado do Ceará QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades Fortaleza-CE, 2013

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Comissão Especial da Assembleia Legislativa para Acompanhar a Problemática da Seca e as Perspectivas de Chuvas no Estado do Ceará

QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Fortaleza-CE, 2013

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Copyright - 2013 by INESP

INSTITUTO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DO CEARÁ – INESP

Coordenação Editorial José Ilário Gonçalves Marques

Assistente Editorial Andrea Melo

Projeto gráfico, Diagramação e Capa Valdemice Costa (Valdo)

Ilustrações Valdemice Costa (Valdo)

Revisão Vânia Soares

Impressão e acabamento Gráfica do INESP

Coordenação de Impressão Ernandes do Carmo

EQUIPE DA COMISSÃO ESPECIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA PARA ACOMPANHAR A PROBLEMÁTICA DA SECA E AS PERSPECTIVAS DE CHUVAS NO ESTADO DO CEARÁ

Apoio técnico Denise Gurgel do Amaram Sampaio Nícolas Arnoud Fabre Luciano Luque Débora Martins George Quental Eliana Medeiros Tavares Márcia Maria Nunes Câmara

Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento do Ceará - INESPAv. Desembargador Moreira, 2807 Ed. Senador César Cals – 1º andarCEP 60170-900 – Fortaleza, CE – BrasilTel.: (85) [email protected]

C387q Ceará. Assembleia Legislativa. Comissão Especial Para Acompanhar a Problemática da Seca e as Perspectivas de Chuvas no Estado do Ceará.

Que venham as providências! Relatório final de atividades/Comissão Especial da Assembleia Legislativa para Acompanhar a Problemática da Seca e as Perspectivas de Chuvas no Estado do Ceará; relator, Welington Landim. - Fortaleza: INESP, 2013. 128p.: il.

1. Seca, Ceará, relatório. I. Landim, Welington. II. Título.

CDD 551.5773

Bibliotecária responsável: Daniele Sousa do Nascimento CRB-3/1023

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MESA DIRETORADA ASSEMBLEIA LEGISLATIVADO ESTADO DO CEARÁ

COMISSÃO ESPECIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA PARA ACOMPANHAR A PROBLEMÁTICA DA SECA E AS PERSPECTIVAS DE CHUVAS NO ESTADO DO CEARÁ

PresidenteDep. José Albuquerque

1º Vice-PresidenteDep. Tin Gomes

2º Vice-PresidenteDep. Lucílvio Girão

1º SecretárioDep. Sérgio Aguiar

2º SecretárioDep. Manuel Duca

3º SecretárioDep. João Jaime

4º SecretárioDep. Dedé Teixeira

SUPLENTES

1º SuplenteDep. Ely Aguiar

2º SuplenteDep. Ferreira Aragão

3º SuplenteDep. Sineval Roque

PresidenteDep. João Jaime

Vice-PresidenteDep. Roberto Mesquita

RelatorDep. Welington Landim

Sub-relatorDep. Leonardo Pinheiro

ComponentesDep. Dedé TeixeiraDep. Miriam SobreiraDep. Lula MoraisDep. Neto NunesDep. Hermínio ResendeDep. Osmar BaquitDep. Danniel OliveiraDep. Nenen CoelhoDep. Antônio GranjaDep. Rogério AguiarDep. Fernanda PessoaDep. Manoel DucaDep. Sineval Roque

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Parecer cidadão

Este documento sintetiza o empenho da Comissão Especial da Seca da Assem-bleia Legislativa para acompanhar a problemática da estiagem e as perspectivas de chuvas no Estado do Ceará.

A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará vem se aproximando cada vez mais do cidadão. Cumpre sua missão institucional, que é o de ser palco das grandes discussões do povo.

Todos nós somos conscientes da importância da água na vida. Assim como somos conhecedores das restrições da região semiárida na qual está inserido o Nor-deste brasileiro. Nos últimos 33 anos, houve 13 secas no Ceará. Em 2013, a quadra invernosa ficou 37,7% abaixo da média histórica do Estado.

Os efeitos só não foram tão danosos graças ao empenho do governador Cid Gomes, que tem concentrado esforços para não apenas construir novos reservató-rios, mas, também, para levar água a todo cearense.

A capacidade de acumulação hídrica dos açudes estaduais tem aumentado, atin-gindo, em 2013, 7,488 bilhões de metros cúbicos. Ao fim de 2014, concluídas as obras dos reservatórios de Diamantino, Germinal, Amarelas, Melancia e Jucá, essa capacidade de armazenar água deve atingir o volume de 7,576 bilhões de metros cúbicos.

Está sendo implantado o Cinturão das Águas do Ceará. Quando esse projeto estiver finalizado, será possível alimentar com água todas as 12 bacias do Estado, o que significa água o ano inteiro.

Também é oportuno destacar que o Governo do Estado investiu R$ 1,18 bi-lhão em Segurança Hídrica, bem como R$ 384,5 milhões na construção de 143.866 cisternas em todo o Ceará. A Segurança Alimentar foi contemplada com recursos da ordem de R$ 122,7 milhões.

No que se refere ao projeto Leite Fome Zero, 3.785 agricultores foram atendi-dos, com 12,8 milhões de litros de leite, em um investimento de R$ 39 milhões. Em todo o Estado, as ações de transferência de renda envolveram um montante de R$ 3,6 bilhões. O custo total dos investimentos do Governo do Estado nesta área, no biênio 2012/2013, atingiu a cifra de R$ 5,6 bilhões, conforme levantamento realiza-do no fim do ano de 2013.

É importante ressaltar, no entanto, que o semiárido cearense tem particulari-dades que não podem ser desconsideradas na elaboração das políticas públicas. Sua condicionante natural e sua história, ao longo dos últimos quatro séculos, apontam

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para a adoção de cuidados ambientais específicos, estratégias de desenvolvimento econômico adequadas, serviços e políticas sociais acessíveis aos habitantes das áreas menos desenvolvidas, bem como a produção, difusão e apropriação de conhecimentos que favoreçam uma cultura de convivência sustentável com tais particularidades.

Com base nessa realidade, a Comissão Especial da Seca elaborou este docu-mento, com o objetivo de esclarecer à população cearense sobre os efeitos causados pela estiagem, no ano de 2013. São apresentados os conceitos, fundamentos, ob-jetivos, diretrizes e outras orientações escritos pelo deputado Welington Landim, tendo como autores do requerimento que deu origem à Comissão, os deputados Welington Landim e o deputado Danniel Oliveira.

Trata-se, portanto, de uma valiosa contribuição ao povo cearense prestada pela Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.

Deputado Estadual José AlbuquerquePresidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará

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Sumário

Lista de siglas e acrônimos ....................................................................................9

1 Introdução .....................................................................................12

2 Situação da seca 2012-2013 ..........................................................172.1 Decretação de situação de emergência .......................................................172.2 Quadra chuvosa 2012-2013 ......................................................................182.3 Produção agropecuária 2012-2013 ............................................................192.4 Instalação do Comitê Integrado de Combate à Seca-CICS ..........................23

3 Diagnóstico da situação da seca 2012-2013 ..................................253.1 Abastecimento humano de água ................................................................253.1.1 Operação Carro-pipa .................................................................................253.1.2 Programa de recuperação e instalação de poços profundos .........................263.1.3 Qualidade da água distribuída pelos programas emergenciais .....................283.1.4 Capacidade de armazenamento de água bruta ............................................303.2 Alimentação do rebanho ............................................................................333.2.1 Programa de venda de milho em balcão da Conab ......................................333.2.2 Fomento à produção agropecuária ..............................................................363.2.3 “Açude Inteligente” ...................................................................................393.3 Endividamento no meio rural e seguro agrícola ...........................................403.3.1 Medidas de renegociação de dívidas ...........................................................403.3.2 Medidas de suspensão de execução de dívidas ...........................................423.3.3 Providência sobre o endividamento rural e seguro agrícola .........................433.3.4 Programas Garantia-Safra e Bolsa Estiagem ................................................443.4 Demais ações .............................................................................................453.4.1 Kit de equipamentos do PAC2 ...................................................................453.4.2 Ações descentralizadas de proteção e defesa civil .......................................453.4.3 Ações de informação e sensibilização da população ...................................46

4 Conclusões/Proposições ...............................................................514.1 Estratégias diversificadas de estoques (água, sementes, forragens) para

convivência com o semiárido .....................................................................51

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4.2 Qualidade da água e garantia de potabilidade ............................................554.3 Estruturação e adequação do patrimônio do Estado ...................................564.4 Obras hídricas ...........................................................................................574.5 Endividamento público municipal ..............................................................634.6 Instalação de rede elétrica ..........................................................................63

5 Considerações finais ......................................................................655.1 Cumprimento da Constituição do Estado do Ceará ....................................655.2 Descentralização e desburocratização dos processos de execução e

monitoramento das ações emergenciais .....................................................675.3 Fortalecimento da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil – Cedec e

Estruturação das Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil – Compdec ...................................................................................................68

5.4 Programa de Educação do Campo e formação profissionalizante para a convivência com o Semiárido .....................................................................69

5.5 Mudança de padrão tecnológico voltado para a melhoria da qualidade da água distribuída e da eficiência dos sistemas de abastecimento e de irrigação ....................................................................................................69

5.6 Mobilização em prol de uma Política Regional de Convivência com a Seca .70

Referências bibliográficas .....................................................................73

Anexos ..................................................................................................75

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Lista de siglas e acrônimos

AMR – Adutora de Montagem Rápida ANA – Agência Nacional de ÁguasAprece – Associação dos Municípios do Estado do CearáBEC – Banco do Estado do CearáBIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento BNB – Banco do Nordeste do BrasilBNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e SocialCAE – Comissão de Assuntos Econômicos Cagece – Companhia de Água e Esgoto do Estado do CearáCCJR – Comissão de Constituição, Justiça e RedaçãoCeasa – Central de Abastecimento do Estado do CearáCedec – Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do CearáCICS – Comitê Integrado de Combate à SecaCoelce – Companhia Elétrica do Estado do CearáCogerf – Comitê de Gestão por Resultados e Gestão FiscalCogerh – Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Estado do CearáCompdec – Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa CivilConab – Companhia Nacional de AbastecimentoConpam – Conselho de Políticas e Gestão do Meio AmbienteDAU – Dívida Ativa da UniãoDIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos SocioeconômicosDNOCS – Departamento de Obras Contra as SecasEB – Exército BrasileiroEmaterce – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do CearáETA – Estação de Tratamento de ÁguaFAEC – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do CearáFetraece – Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do CearáFNE – Fundo de Financiamento do NordesteFPM – Fundo de Participação dos MunicípiosFunasa – Fundação Nacional de SaúdeFunceme – Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos HídricosINSS – Instituto Nacional do Seguro SocialIPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia do Estado do Ceará

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MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e AbastecimentoMAPP – Monitoramento de Ações e Projetos PrioritáriosMDA – Ministério do Desenvolvimento AgrárioMIN – Ministério da Integração NacionalMMA – Ministério do Meio AmbienteMP – Medida ProvisóriaPAA – Programa de Aquisição de AlimentosPAC – Programa de Aceleração do CrescimentoPEC – Projeto de Emenda ConstitucionalPESA – Plano Especial de Saneamento de AtivosPNAE – Programa Nacional de Alimentação EscolarPronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura FamiliarPSA – Pagamento por Serviços AmbientaisRDC – Regime Diferenciado de ContrataçãoSDA – Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Estado do CearáSedec – Secretaria Nacional de Defesa Civil Sesa – Secretaria da Saúde do Estado do CearáSiconv – Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse do Governo FederalSohidra – Superintendência de Obras Hidráulicas do Estado do CearáSudene – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo

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1 Introdução

Apresentamos relatório da Comissão Especial para Acompanhar a Problemáti-ca da Seca e as Perspectivas de Chuvas no Estado do Ceará, criada pela Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, em virtude da necessidade de esclarecer à população cearense sobre os efeitos causados pela seca, no ano de 2013, através de requeri-mentos dos deputados estaduais Welington Landim e Danniel Oliveira, em conso-nância com o § 3º do artigo 49 do Regimento Interno desta Casa.

Os trabalhos da Comissão basearam-se em números divulgados em fevereiro de 2013 pela Fundação Cearense de Meteorologia - Funceme, segundo a qual o Esta-do do Ceará deveria ter chuvas abaixo da média histórica em 2013. A probabilidade de quadra chuvosa ficar abaixo da média, em 2013, era de 45% contra 35% de per-manecer dentro da média e de, apenas, 20% de ser superior à média.

Para termos uma ideia, o prognóstico negativo era ainda pior que o realizado no ano passado (2012), quando as chances de chuvas, abaixo da média eram menos dez pontos percentuais do projetado para 2013. E foi o que aconteceu, realmente. No ano anterior, as chuvas ficaram 50,7% abaixo da média, representando a pior quadra chuvosa dos últimos cinquenta anos.

A Comissão Especial da Seca da Assembleia Legislativa foi instalada no dia 6 de março, de acordo com publicação no Diário Oficial do Estado do Ceará.

O § 3º do artigo 49 do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará disciplina que a apresentação final dos trabalhos realizados por uma Co-missão Especial será na forma de parecer. O referido relatório foi apresentado, discu-tido e votado pela própria Comissão Especial da Seca e encaminhado à Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR).

Dessa forma, seguindo a orientação do Regimento Interno desta Casa Parla-mentar, a Comissão Especial para Acompanhar a Problemática da Seca e as Perspec-tivas de Chuvas no Estado do Ceará, em 2013, apresenta este relatório sobre os tra-balhos efetuados para que o mesmo seja divulgado junto às autoridades dos poderes executivos federal, estadual e municipais, responsáveis diretos pela implantação das ações de combate aos efeitos da seca.

A intenção da Comissão Especial foi acompanhar, de forma mais presente, os municípios cearenses em situação difícil. Também, foram avaliadas ações feitas pelos municípios, governos do Estado do Ceará e Federal. Ressalte-se que nos últimos 33 anos houve treze secas no Ceará e que a atual estiagem é sequenciada, afetando, diretamente, 67% dos cearenses. Cerca de 400 mil cabeças de gado morreram esse

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ano no Ceará por causa da seca, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC).

A Comissão Especial foi composta pelos deputados João Jaime, presidente; Ro-berto Mesquita, vice-presidente; Welington Landim, relator; Leonardo Pinheiro, sub--relator; Dedé Teixeira, Miriam Sobreira, Lula Morais, Neto Nunes, Hermínio Resende, Osmar Baquit, Danniel Oliveira, Nenen Coelho, Antônio Granja, Rogério Aguiar, Fer-nanda Pessoa, Manoel Duca e Sineval Roque.

Durante as reuniões, sempre transmitidas pelas TV e pela FM Assembleia e aberta ao público, foram constatadas algumas graves deficiências nas ações de com-bate aos efeitos da seca no Estado do Ceará, tais como: número insuficiente de po-ços profundos perfurados, decorrente da falta de máquinas perfuratrizes; existência de poços tampados por falta de instalação de energia elétrica por parte da Coelce. Constatou-se, ainda, a iminência de faltar água até o final de 2013 em 42 municípios cearenses, o que levou a situações de conflitos pelo acesso à água entre municípios como, por exemplo, na região dos sertões de Crateús.

O Ceará tem, hoje, 29 municípios com risco de colapso no abastecimento de água. Desse total, dez foram classificados em situação de alta criticidade, oito de média criticidade e outros 11 de baixa criticidade. Todos demandam ações emer-genciais que, no geral, incluem perfuração de poços e construção de Adutoras de Montagem Rápida. Cinco municípios deverão, ainda, receber adutoras definitivas. É o caso de Irauçuba, Quiterianópolis, Tauá, Potiretama e Caridade.

Sobre a perfuração de poços, a maior dificuldade é a demora no atendimento decorrente da capacidade reduzida do governo, que possui poucas perfuratrizes para a demanda. As Adutoras de Montagem Rápida (AMR) são consideradas pelas gestões municipais como o sistema mais eficaz de atendimento emergencial. Entretanto, a oferta industrial ainda é limitada e o atendimento aos municípios tende a ser lento.

Fazem parte da lista dos municípios com alta criticidade de abastecimento d`água, segundo a Cogerh: Canindé, Caririaçu, Crateús, Ipaporanga, Irauçuba, Poti-rema, Perreiro, Meruoca, Maranguape, e Nova Russas. Com média criticidade: Ara-tuba, Guaramiranga, Itatira, Mulungu, Palmácia, Piquet Carneiro, Quiterianópolis e Tauá. Com baixa criticidade: Alcântara, Aquiraz, Baxio, Caridade, Catunda, Ipaumi-rim, Pacoti, São Gonçalo do Amarante, Trairi e Umari.

Constatou-se, ainda, a gravidade nos de níveis de capacidade dos açudes ce-arenses. Foram instaladas adutoras de engate rápido em algumas regiões do Esta-do, porém, o nível d’água dos açudes utilizados já é muito baixo. Como exemplos citamos os açudes Favelas, em Tauá; e o Carnaubal, em Crateús, que dispõem de

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apenas 12% e 17%, respectivamente, do manancial de água acumulada. No caso de Crateús, para suprir a demanda da água necessária pela população já se utiliza água do açude Flor do Campo, de Novo Oriente. Estes exemplos significam que se não chover o suficiente no início de 2014, essas são duas das regiões onde a situação da falta d’água vai se agravar para o consumo humano e animal.

É importante que os governos federal e estadual viabilizem a compra, atra-vés da Ceasa, de forragens e concentrados com vendas subsidiadas para criadores familiares, pequenos e médios e a criação de um seguro específico, com a formação de um Fundo, destinado ao ressarcimento de prejuízos dos criadores. Também é ne-cessário que se crie um programa de área irrigada para aumentar a oferta forrageira, principalmente, na região do Vale Jaguaribano.

A Comissão Especial convidou e ouviu, em seguidas reuniões no Complexo das Comissões Técnicas da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, representan-tes das seguintes instituições, responsáveis diretos pelas ações de combate à seca no semiárido cearense, alguns mais de uma vez:

Sr. Nelson Martins – Secretário da SDA.Sr. André Macedo Facó – Presidente da Cagece.Sr. Eduardo Martins – Presidente da Funceme.Sr. César Augusto Pinheiro – Secretário da SRH.Sr. Leão Montezuma Santiago Filho – Superintendente da Sohidra.Sr. Francisco Rennys Aguiar Frota – Diretor da Cogerh.Sr. José Maria Pimenta – Presidente da Ematerce.Sr. Ramon Rodrigues – Secretário-Adjunto da SRH.Sr. Cel. Claudemir Rangel dos Santos – Coord. da Operação Carro-pipa do EB.Sr. Nicolas Arnaud Fabre – Assessor de Desenvolvimento Rural da Aprece.Sr. Gianni Lima – Assessor da Diretoria de Operações da Cogerh.Sr. Major Wagner Maia – Chefe do Núcleo de Engenharia da Defesa Civil do Estado do Ceará.Sr. Francisco Agenor Pereira – Superintendente da Conab-CE.Sr. Flávio Saboya – Presidente da FAEC.Sr. Francisco Sombra – Delegado Federal do MDA no Ceará. Sr. Osvaldo Correia Férrer – Ouvidor Geral da Coelce.Sra. Silvana Acioly – Chefe da Área de Clientes Instituições da Coelce.Sr. Francisco Josineto – representando a Cagece.

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Sr. Lourival Nery dos Santos – Gerente da Agência do Banco do Nordeste Fortaleza/Aldeota.Sr. José Edgar Castelo Branco Júnior – Gerente-Executivo da Célula de Agri-cultura Familiar da Superintendência Estadual do Banco do Nordeste no Ceará.

Dentre as sugestões apresentadas neste parecer, salientamos a proposta de mobilização dos parlamentos dos estados integrantes do semiárido brasileiro, para promover uma maior integração regional em prol de uma verdadeira política pública, eficiente e permanente, de convivência com a seca.

A Comissão Especial da Seca constatou, durante o desenvolvimento dos seus trabalhos, que já existem na Constituição do Ceará obrigações legais relativas ao Poder Executivo do Governo do Estado no que se refere à implantação de ações permanentes de enfrentamento à seca, que não vêm sendo implantadas, como, por exemplo, a criação do Conselho Estadual de Ações Permanentes contra as Secas (art. 322), a elaboração de uma política especial para as áreas secas (art. 323) e a priori-zação das atividades produtivas no campo nos períodos de seca (art. 325).

No que se refere às ações estruturantes de armazenamento de recursos hí-dricos, é urgente agilizar a execução do Eixo Norte do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco, como, também, concluir o projeto do Eixão das Águas e o Projeto Cinturão das Águas.

O Nordeste é uma região sofrida, mas que sempre colocou à frente a determi-nação e a ousadia. Todas as conquistas que ocorreram no semiárido começaram nas grandes secas. Assim, foi a criação da Inspetoria de Obras Contra as Secas-IOCS, em 1909, atual DNOCS; do BNB, em 1952; e da Sudene, em 1960. Assim foi também, já em 1896, ainda no Brasil do Império, a construção da primeira estação meteoroló-gica do Estado do Ceará, no município de Quixeramobim, que faz com que o Ceará tenha a maior série histórica de medição de precipitações do Nordeste, com 118 anos de existência.

A análise desses dados históricos mostra que de 1896 para cá, os anos mais secos no Estado do Ceará foram 1915, com 208 milímetros; 1919, com 262 milíme-tros; 1983, com 281 milímetros; e 1993, com 190 milímetros. A seca de 1915 foi considerada muito rigorosa, mesmo porque só existia na época um açude público no Estado do Ceará, que era o Açude do Cedro, no município de Quixadá. Mais do que analisar a quadra chuvosa do ano, é importante destacar o comportamento das chuvas nos anos que antecedem e seguem os anos considerados de seca, para me-lhor entender o impacto do clima na população.

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O ano de 1914 foi um ano com um inverno generoso, com 912 milímetros, que é considerado chuvoso, e 1916 também foi um inverno chuvoso. A seca de 1919 foi muito mais severa do que a seca de 1915 porque 1918 choveu pouco e em 1920 a precipitação foi considerada na média. Em relação à seca de 1983, o inverno de 1982 foi bom, e o de 1984 foi muito chuvoso. Em 1993 ocorreu o menor índice pluviométrico do Estado. Com 582 milímetros, o ano de 1992 já tinha sido relativa-mente seco, mas em 1994 o inverno foi de boas chuvas.

Por outro lado, os anos mais chuvosos no Ceará foram: 1917, com 1.452 milímetros; 1973, com 1.503 milímetros; 1985, com 1.422; e 1986 com 1.315 mi-límetros. Sempre ouvimos dizer que as chuvas estão diminuindo, que há cem anos chovia mais, mas isso não é uma verdade. Então, ao verificar os dados, constatou--se que há 100 anos choveu apenas na década, 4.495 milímetros. À medida que o tempo foi avançando, praticamente igual. Desde então, nunca teve uma década que chovesse tão pouco, como choveu igual à primeira década do século XX. E essa última década agora foi uma das mais chuvosas, de 2000 a 2009, 7.778 milímetros.

Resumindo, nesses 118 anos de dados históricos, nós tivemos 40 anos de seca, 39 anos na média e 39 anos chuvosos. Isso significa o seguinte: que a cada três anos a seca é presente no Estado do Ceará. Estes números foram revelados durante depoimento à Comissão do presidente da Ematerce, José Maria Pimenta.

Este parecer precisa ser enfrentado como sugestões estruturantes e colocado em prática por cada um de nós, a começar pelas autoridades constituídas dos exe-cutivos federal, estaduais e municipais e ser lido e discutido nas escolas de ensino fundamental e médio e nas universidades. Trata-se de um documento histórico que agrega paciência de ouvir e de escrever; esforços de criar as sugestões, o que conso-lida o conceito de cadeia e pluralidade, beneficiando a todos os seus elos envolvidos, diretamente, nas questões maiores do povo do semiárido brasileiro.

Entre as sugestões do relatório parcial, apresentado no dia 3 de julho de 2013, houve avanços em ações tomadas pelos poderes executivos federal, estadual e mu-nicipais, porém, muito ainda precisa ser feito, daí a insistência desta Comissão Espe-cial para que as sugestões aqui expressas sejam colocadas em prática a curto, médio e longo prazo. ___________________________

Deputado Welington LandimRelator da Comissão Especial

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2 Situação da seca 2012-2013

2.1 Decretação de situação de emergência

Foi decretada pelo governo do Estado do Ceará, em 28 de maio de 2012, si-tuação de emergência em 168 dos 184 municípios, sendo o decreto prorrogado por mais 90 dias, em 23 de agosto de 2012. Com a continuidade e até agravamento da estiagem, foi decretada, novamente, pelo governo do Estado, em 19 de novembro de 2012, situação de emergência por outros 90 dias, desta vez em 174 municípios, sendo esse decreto prorrogado por mais três meses, em 20 de fevereiro de 2013. Novamente, no último dia 22 de maio de 2013, o governo do Estado decretou, pela terceira vez, a situação de emergência em 175 municípios do Estado do Ceará, desta vez por 180 dias.

Considerando o fim da vigência do terceiro decreto, o qual ocorreu no dia 13 de novembro de 2013, e a necessidade de continuidade das ações de resposta ao

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desastre, o Governo do Estado do Ceará, por meio da Coordenadoria Estadual de De-fesa Civil (Cedec) do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), após levantamento e análise de danos e prejuízos resultantes da seca em comparação com a Receita Corrente Líquida dos municípios afetados, publicou um novo decreto de situação de emergência por seca no Ceará, o Decreto Estadual nº 31.338, em 31 de outubro de 2013, no qual constam 175 municípios por outros 180 dias.

O governo federal, por meio de portarias da Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional – Sedec/MIN, reconheceu o decreto de situação de emergência do Governo do Estado do Ceará, bem como os eventuais decretos de situação de emergência de municípios não incluídos no decreto do governo do Estado, de forma que dos 184 municípios cearenses, apenas os municípios de Barbalha, Eusé-bio, Fortaleza, Guaramiranga, Horizonte, Itaitinga, Juazeiro do Norte, Pacatuba e Uru-buretama não tiveram a situação de emergência, por estiagem, reconhecida. A partir desse reconhecimento, os municípios poderão dar continuidade e/ou pedir nova ajuda financeira ao governo federal para enfrentar os prejuízos decorrentes da estiagem.

No caso do terceiro e penúltimo decreto estadual, de 22 de maio de 2013, o reconhecimento pela Secretaria Nacional de Defesa Civil da situação de emergência em 175 municípios cearenses atingidos pela seca foi confirmado pela Portaria nº 68, publicada na terça-feira, 4 de junho, no Diário Oficial da União.

2.2 Quadra chuvosa 2012-2013

Em 2012, as precipitações pluviométricas no Ceará, que ocorreram entre feve-reiro e maio, ficaram 51% abaixo da média para o período, que é de 790mm. Naquele ano, todos os meses da quadra invernosa registraram precipitações abaixo da média histórica do Estado. No período, a média estadual foi de 390mm. Maio foi o mês em que choveu mais em 2012, mesmo assim, terminou com precipitações 8,5% abaixo da média. O momento mais crítico foi em março, que ficou com desvio negativo de 60%, seguido de fevereiro, que registrou menos 53% da média. Em abril, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos - Funceme registrou 28% de chuva abaixo da média.

Em 2013, a quadra invernosa ficou 37,7% abaixo da média histórica do Estado. A Funceme, ainda em janeiro, já havia divulgado previsão de chuva para o período de fevereiro, março e abril de 2013. O prognóstico anunciado foi de 45% de proba-bilidade para a categoria abaixo da normal, 35% para a categoria normal e 20% para

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a categoria acima da normal. Infelizmente, as chuvas ficaram 45% abaixo da média prevista. No Anexo 1 deste relatório, apresenta-se o resumo das quadras chuvosas do Estado do Ceará de 2009 a 2013.

Segundo a avaliação da quadra chuvosa de 2013, apresentada em 17 de junho pela Funceme, as regiões do Sertão Central e dos Inhamuns foram as macrorregiões mais afetadas com a escassez de chuvas, ficando com 45,8% abaixo da média. Já a região do Litoral Norte foi a macrorregião menos atingida, porém, com 27,8% abaixo do normal. O mês mais crítico foi o de março, com o percentual negativo de 61,8%. Já o mês de maio apresentou desvio positivo de 13,1%. Ao atingir 37,7% abaixo do normal, o Ceará, em 2013, registra o nono ano mais seco do Estado, desde 1951.

Não podemos continuar a viver numa realidade em que não tenhamos solu-ções e alternativas viáveis, principalmente quando enfrentamos secas seguidas e as previsões mostram que teremos, no futuro, uma sequência de secas ainda piores.

2.3 Produção agropecuária 2012-2013

Além de comprometer a recarga das reservas hídricas do Estado do Ceará e, conse-quentemente, o abastecimento d’água potável da população residente nas zonas rurais remotas, ou seja, a que menos dispõe de infraestrutura de armazenamento e abasteci-mento de água potável ou de acesso à água através de poços profundos, o fenômeno da seca prejudicou, também, a safra agrícola do Estado do Ceará. A produção de sequeiro registrou cerca de 70% de perdas no período de janeiro a julho de 2012, o que corres-ponde a um prejuízo de cerca de R$ 1,43 milhão, segundo levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Ceará – Ematerce.

Ainda segundo a Ematerce, a perduração da situação calamitosa da seca, neste ano de 2013, levou a uma significativa perda de safra em quase todos os municípios do Estado do Ceará. Computamos uma redução da área plantada em 43%, inicialmente, preparada para plantio e uma redução nos rendimentos das culturas, resultando em perdas médias de 75%. No Anexo 2, apresentamos um quadro resumo dos dados sobre a safra de sequeiro no período de 1º de janeiro a 31 de maio de 2013.

Com as atualizações dos dados referentes ao período acima citado, verificamos que, da segunda quinzena de abril até 31 de maio de 2013, quando consideramos o fim da quadra chuvosa, não houve acréscimo de novas áreas plantadas ou replantio, permanecendo a variação negativa de 39,97% das áreas colhidas e/ou a colher, sobre a estimativa inicial. Os replantios limitaram-se a 25,48% das áreas plantadas, e muitas

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foram replantadas mais de uma vez. As chuvas registradas, em maio, não modificaram a situação de perdas da safra porque ocorreram de modo irregular no tempo e no espaço.

Verificamos, também, que a área colhida e/ou a colher das culturas de sequeiro analisadas em 2013 é inferior em 38,22%, comparando-se à área colhida em 2012 e 39,97% inferior à expectativa inicial. Considerando as altas perdas da cultura da mandioca, a produção total das culturas de sequeiro é inferior em 36,66% à safra obtida em 2012. Considerando o total da produção projetada no início dessa qua-dra chuvosa, verificamos que, com a redução expressiva da área e as altas perdas nos rendimentos das culturas, teremos, no balanço geral de 2013, uma redução de 82,29% na safra de grãos e 70,51% na safra de mandioca, resultando numa perda de 78,12% no total da safra de sequeiro.

No último mês de novembro, a décima estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para a safra total do Estado, em 2013, aponta que a produção agrícola do ano de 2013 deverá ser de 256.930 toneladas, representando uma redução de 79,39% em relação à previsão feita no início do ano (1.246.856 toneladas). O levan-tamento, penúltimo do ano, demonstra, também, que a colheita de 2013 deve ser a segunda pior dos últimos 18 anos. Mesmo assim, a previsão é de que, em 2013, a safra de milho seja 11% maior do que a de 2012.

O feijão de corda, segundo produto com maior participação da safra de grãos, tam-bém teve um declínio em relação ao início de 2013 por conta da estiagem. A redução do item chegou a 80,81% em relação a janeiro, passando de 241.054 toneladas para 46.270 toneladas em outubro.

A produção de arroz também sofreu redução no Ceará. Na primeira estimativa de 2013 o ano para o arroz de sequeiro foi de 38.587 toneladas, caindo para 5.243 toneladas. Já o arroz irrigado, segundo o estudo, teve uma alta de 1,3% em relação à primeira estimativa (janeiro), saltando de 48.899 toneladas para 49.536 toneladas neste mês de novembro. O número é, também, 14,39% maior que o apresentando em 2012 (43.305 toneladas).

Para as frutas frescas, no início de 2013, o estudo indicava uma produção de 1.260 toneladas, valor que foi reduzido para 1.150 toneladas em outubro, represen-tando uma diminuição de 8,7%. Com relação a 2012, a colheita da fruta do Estado teve alta de 6,59%. Outros produtos também declinaram, como o algodão, o amen-doim, o girassol e a mamona.

Em relação à atividade de pecuária e à produção de leite e derivados, os dados disponíveis sobre a mortalidade dos rebanhos não são consolidados. Dessa forma, apa-receram divergências entre os dados de perdas de animais, assim como de redução de

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produção pecuária, entre as diversas entidades envolvidas, seja a Ematerce, a FAEC ou outras. Segundo levantamento da FAEC, o Estado do Ceará conta com um rebanho de mais de 4,8 milhões de cabeças, entre espécies bovina, caprina e ovina. Cerca de qua-trocentas mil cabeças de gado morreram este ano no Ceará, por causa da seca, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará - FAEC. A Ematerce, porém, relativiza a informação ao lembrar que a mortalidade normal na atividade é em torno de 5%/ano, enfatizando, assim, que só poderia imputar à seca a responsabilidade pela morte de 200 mil cabeças de gado.

Oficialmente, segundo dados publicados pela SDA e Adagri, houve elevação de 217% na mortalidade do rebanho bovino entre janeiro e maio de 2013, em comparação com o mesmo período no ano anterior. De acordo com o levantamento dos técnicos da Adagri, foram 79.929 cabeças de gado mortas nesse período do ano de 2013 contra 25.205 registrados no intervalo de comparação anterior (2012). Isso significa um au-mento da mortalidade, em números absolutos, 54.724 animais. Essa diferença de um ano para o outro é, inclusive, maior do que todo o gado (51.266), que foi declarado oficialmente morto para o governo estadual entre 2009 e 2012, no Ceará.

Conforme salientou a SDA, em números absolutos, isso é preocupante. Mas se considerarmos o total do rebanho no Estado, esse percentual de mortalidade é de apenas 3%. Apesar do índice está compreendido entre 2% e 5% do total de cabeças no Estado, nível considerado como “aceitável” para os técnicos da Adagri, o percentual também cresceu nos últimos cinco anos, chegando ao mais alto patamar desde 2009 (primeiro ano considerado pelo estudo apresentado pela SDA). Conforme o levantamento, há cin-co anos, o índice de mortalidade do rebanho bovino no Ceará foi de 0,02%. Em 2010, alterou para 0,33%. No ano seguinte, atingiu 0,67%. Em 2012, aumentou levemente para 0,90%. E, neste ano, pela primeira vez, ultrapassou um ponto percentual de morta-lidade, com o índice de 3,05%.

Nossa conclusão é de que houve, de fato, a perda de mais de 50% dos rebanhos, ou seja, cerca de 400 mil cabeças de gado. Em relação às perdas das espécies ovino e caprino, as entidades ouvidas não têm levantamento concreto de perdas, mesmo com a imprensa noticiando essas perdas, mas com número inexatos.

Constata-se que aumentou a dificuldade de acesso a alimentos básicos por causa da diminuição da oferta e, ainda mais, pela alta nos preços dos bens alimentícios pro-vocada pela seca. Segundo levantamento do DIEESE, em 12 meses (entre julho de 2012 e junho de 2013), o aumento do custo da cesta básica, embora continue em desacele-ração, foi de 24,25% em Fortaleza. Entre janeiro e agosto de 2013 houve aumento do custo da cesta básica de 4,59%.

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A situação já impõe para cerca de 40 mil famílias cearenses o prejuízo de não rece-berem mais o litro de leite diário do programa “Leite Fome Zero”. Antes desse momento crítico, um total aproximado de 80 mil famílias, cadastradas no Programa de Aquisição de Alimentos – PAA Leite - recebiam, a cada dia, um litro do produto, como ajuda alimentar para suas crianças. A falta de alimentos para o rebanho bovino reduziu, pela metade, a produção da bacia leiteira cearense e a Secretaria do Desenvolvimento Agrário – SDA, executora do programa, estava impossibilitada de comprar o produto de outras fontes.

O problema foi, aparentemente, resolvido, quando o Ministério da Agricultura, Pecu-ária e Abastecimento – MAPA - autorizou a produção do leite “longa vida” e pasteurizado, a partir da reconstituição do leite em pó no Nordeste, acima do limite permitido. Embora as informações obtidas é que continuam irregular a entrega diária de leite às 40 mil famílias beneficiadas por discordância no preço do litro de leite entre produtores e o governo.

Essa autorização tem caráter provisório de três anos e é válida para os estados do Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Paraíba e Bahia. Dessa forma, espera-se evitar prejuízos às economias locais e afastar a possibilida-de de ocorrerem desabastecimentos à população. A autorização foi publicada no Diário Oficial da União, de 23 de abril de 2013.

O cultivo da tilápia no Ceará, em 2013, deve cair cerca de 17% em relação a 2012. A expectativa para este ano é que a produção feche em 25 mil toneladas - cinco mil toneladas a menos em comparação com 2012, quando a produção chegou a 30 mil to-neladas. Em 2011, o setor contabilizou 20 mil toneladas. A redução de água nos açudes cearenses, provocada pela falta de chuva, contribuiu fortemente para que o segmento fosse atingido. Além da seca, o aumento dos insumos é outro fator que impacta, direta-mente, na queda da produção de tilápia.

A queda na produção cearense de tilápia fez com que o Ceará perdesse a posição de líder nacional. Até 2011, o Ceará liderava a produção da tilápia no Brasil. Hoje, o estado ocupa o 4º lugar, atrás de São Paulo, Paraná e da região do rio São Francisco, no Nordeste brasileiro. Nesse mesmo período, São Paulo aumentou sua produção de 15 mil toneladas para 60 mil toneladas de tilápia/ano. O Ceará, hoje, responde por apenas 10% da produção de tilápia em cativeiro, muito pouco diante do grande potencial que o estado possui. A atividade no Ceará tem um perfil familiar e empresarial, formada por micros, pequenos e médios produtores.

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2.4 Instalação do Comitê Integrado de Combate à Seca-CICS

As ações de combate à estiagem e convivência com o semiárido, oriundas tanto do governo federal como do governo do Estado do Ceará, são coordenadas pelo Comitê Integrado de Combate à Seca – CICS, criado em maio de 2012 e que reúne cerca de vinte entidades públicas e da sociedade civil organizada, tais como: a Delegacia Federal do MDA, Conab, Exército Brasileiro e a Funasa (representantes do governo federal), a SDA, Ematerce, Cogerh, Cagece, Sesa, Cedec, Sohidra (re-presentantes do governo do Estado) e Aprece, Fetraece e FAEC (representantes de entidades de classe).

O CICS discute tanto as ações emergenciais (Operação Carro-pipa, recupera-ção de poços profundos, distribuição de milho para alimentar o rebanho); quanto às ações estruturantes (investimentos em infraestrutura hídrica, tais como cisternas; adutoras; açudes, sistemas de abastecimento de água, sistemas de tratamento de água e projetos de irrigação).

Entretanto, o CICS, ainda, se limita a discutir a ampliação de programas e pro-jetos já existentes, sem realmente enfrentar alguns empecilhos de ordem qualitativa, tais como a descentralização das ações federais e estaduais junto aos municípios, objetivando envolvê-los, desde as fases de planejamento dos programas e projetos até a sua execução. Tudo isso provoca maior eficiência das ações ou, ainda, a mu-dança de padrão tecnológico voltado para a qualidade dos serviços prestados, tais como melhoria da qualidade da água distribuída; melhoria da eficiência dos sistemas de abastecimento e de irrigação.

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3 Diagnóstico da situação da seca 2012-2013

Apresentamos, a seguir, o diagnóstico da situação da seca desde maio de 2012 (primeiro decreto estadual) até hoje, com foco nas ações do governo federal (Ministério da Integração Nacional, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Exército Brasileiro, Conab) e das entidades do governo do Estado, através do Comitê Integra-do de Combate à Seca (SDA, Cagece, Cogerh e Defesa Civil), resultado da sistemati-zação das reuniões realizadas por esta Comissão Especial.

3.1 Abastecimento humano de água

3.1.1 Operação Carro-pipa

Em relação à Operação Carro-Pipa, constatou-se a dificuldade de garantia de verba para o aumento na oferta de carros-pipa para assegurar o abastecimento d’água nos municípios mais atingidos pela seca em todo o Nordeste. O número de veículos à disposição para o Nordeste, em maio de 2013, era de 4.746. Houve um acréscimo de 30%, passando para 6.170. No início de abril de 2013, no Ceará, eram 756 carros-pipa sob a responsabilidade do Exército Brasileiro e outros 102 sob a orientação da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. Com as novas medidas anun-ciadas pela presidenta Dilma Rousseff, seriam mais 226 carros-pipa para o Estado do Ceará, a cargo do Exército Brasileiro (EB).

No início de junho de 2013, o EB estava atendendo 105 municípios com 869 carros-pipa, ou seja, dos 226 carros-pipa anunciados pela presidenta Dilma, em 2 de abril, chegaram apenas 113, o que ainda é insuficiente para atender a demanda. O coordenador da Operação, Coronel Rangel, esclareceu na reunião que a dispo-nibilidade de recursos financeiros para ampliação da Operação Carro-Pipa não era uma dificuldade, mas que o entrave principal era a disponibilidade de carros-pipa no Estado. No início de novembro, o EB já atendia 110 municípios com 970 carros-pipa. Mesmo com o aumento de 214 carros-pipa entre abril e novembro, a oferta ainda é insuficiente, haja vista que a exaustão dos reservatórios levam os carros-pipa a percorrer maiores distâncias para se abastecer e assim o atendimento à população demora cada vez mais.

No início do ano, a Cedec era responsável pelo atendimento de outros 73 municípios. Até maio de 2013, atendia 52 municípios com 105 carros-pipa (oferta

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insuficiente). Outros 21 municípios estavam aguardando a aprovação do Plano de Trabalho Municipal. No início de novembro, a Cedec atendia 55 municípios, dos quais 10 estão em funcionamento, 31 com seus Planos de Trabalho aprovados e aguardando início de execução e ainda outros 14 com seus Planos de Trabalho em processo de análise. Com a renovação do contrato relativo à Operação Carro-pipa sob responsabilidade da Cedec, foi exigida que seja incluído um sistema de monito-ramento em tempo real (através de chip GPS instalado no carro-pipa). Essa exigên-cia, que já tinha sido solicitada no primeiro contrato, ainda em 2012, mas acabou não sendo cumprida pela empresa que venceu a licitação, foi desta vez fiscalizada pela Cedec, o que fez com que o processo seja mais lento (em decorrência da neces-sidade de adequação dos carros-pipa), o que explica que o atendimento em termos de municípios e carros-pipa esteja, atualmente, baixo em relação à demanda global (30 municípios funcionando num total de 52).

3.1.2 Programa de recuperação e instalação de poços profundos

No que se refere ao programa de recuperação e instalação de poços profundos já existentes, constatamos que na atribuição de gestão dos contratos para execução de serviços de limpeza e bombeamento de poços, a Cedec gerenciou, desde agosto de 2012, dois contratos para serviços de recuperação em 291 poços profundos em 17 municípios, sendo o serviço, totalmente concluído em dezembro do mesmo ano. Em 2013, somente 45% dos contratos para execução de serviços de instalação e equipamento desses poços profundos foram realizados. No caso dos serviços de ins-talação, são 346 poços profundos em 18 municípios. A instalação de todos os 346 poços desta primeira fase foi concluída em todos os municípios, menos em Salitre, onde a prefeitura ainda aguarda a instalação da rede elétrica pela Coelce, o que deve acontecer até o final de 2013.

A Cedec realizou a recuperação (limpeza e bombeamento) de 346 poços pro-fundos em 18 municípios prioritários na primeira fase. Numa segunda fase, foram já recuperados 249 num total de 416. A Cedec informou que a demora no processo de recuperação/instalação é decorrente da necessidade de verificar em campo a situação real de cada solicitação, haja vista que algumas demandas dos municípios não se en-quadram nas atribuições da Cedec (troca de peças da bomba por exemplo). Para não prejudicar o município em relação à cota de poços profundos a serem recuperados, a Cedec remaneja seu trabalho para outro poço que precise de recuperação, dentro do mesmo município, mesmo que isso alongue o prazo de execução. Dos 416 poços

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da segunda fase, 136 foram reprovados em 19 municípios, necessitando realocação. A Cedec fecha uma terceira fase para entregar ao Ministério da Integração Nacional uma nova demanda para recuperar e instalar cerca de 650 poços profundos (dos quais 120 também terão dessalinizador) em outros 61 municípios.

Existe, também, uma demanda de escavação de cerca de 1.500 novos poços profundos junto à Sohidra, porém, a mesma só tem condição de perfurar 40 po-ços/mês porque só possui sete máquinas perfuratrizes e existem outras duas pela Funasa. Após o anúncio da presidenta Dilma, a Sohidra espera quatro máquinas perfuratrizes em 2014. A presidência da Sohidra informou, também, que o governo do Ceará está comprando mais uma máquina perfuratriz, mas até agora nenhuma dessas cinco perfuratrizes chegou. Os responsáveis, tanto do governo federal como estadual, alegam que o entrave não é o recurso financeiro, mas sim a dificuldade de encontrar máquina perfuratriz no mercado. A Sohidra ainda aguarda autorização do Conselho de Gestão por Resultados e Gestão Fiscal – Cogerf – para contratar a mão de obra qualificada necessária à operação da máquina perfuratriz, assim como aguarda a aprovação dos recursos financeiros cadastrados no sistema de Monitora-mento de Ações e Projetos Prioritários – MAPP – para comprar o material que vai dar suporte às perfurações.

Até o momento, 300 poços foram perfurados no Ceará pela Sohidra e a pre-visão é que sejam 400 até o início de 2014, aos quais devem ser acrescentados os 65 poços perfurados pela Cagece (meta de perfurar outros 60 até final de fevereiro de 2014). Através do Programa Água para Todos, a SDA já iníciou um processo de licitação para perfuração de 395 poços profundos, processo ao qual já foi aditivado para 493 poços.

São perfurados por mês, pelo DNOCS e pela Superintendência de Obras Hi-dráulicas, cerca de 40 poços, mas o ideal é que o número suba para 150/mês. A Companhia de Pesquisas de Recursos Hídricos – CPRM – está executando, no Ceará, a escavação de quatro poços de grande profundidade (superior a 1.000m) na região do Cariri, como, por exemplo, no município de Salitre, onde o poço irá garantir não somente o abastecimento da sede municipal, como poderá, também, realizar abas-tecimentos complementares em municípios vizinhos com dificuldade, tais como Campos Sales ou Potengi. Já o Exército Brasileiro perfurou 22 poços.

Em 2013, o BNB começou a financiar, através de recursos emergenciais, a recu-peração de poços profundos, mas com foco na produção agrícola e pecuária. Desde o ano passado (2012), o BNB já financiou a recuperação de 3.288 poços privados, o que representa um investimento de, aproximadamente, R$ 27 milhões.

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O DNOCS informou que está no processo de aquisição de três máquinas per-furatrizes, mas não deu maiores detalhes sobre a previsão de chegada desses equi-pamentos no Estado do Ceará. Também informou que está destinando, ainda em 2013, a importância de R$ 22,8 milhões para sistemas simplificados de abasteci-mento de água, perfuração de poços profundos e construção de pequenos barreiros e barragens. Finalmente, o DNOCS lembrou que, também, é parceiro do Programa Água para Todos e ficaram sob sua responsabilidade dois convênios do Ministério da Integração; um para implantação de 26.900 cisternas de polietileno e outro para implantação de 136 sistemas simplificados de abastecimento de água em 34 muni-cípios prioritários.

Ainda em 2013, o Ministério da Integração Nacional disponibilizou para o Estado do Ceará aportes para intensificar as ações de enfrentamento dos efeitos da seca. Foram destinados R$ 58,5 milhões para a instalação de 19 mil cisternas de polietileno, em comunidades rurais, com acesso precário à água e outros R$ 20 mi-lhões para dar continuidade à Operação Carro-pipa e à recuperação e instalação de poços profundos, sob a responsabilidade da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil.

3.1.3 Qualidade da água distribuída pelos programas emergenciais

O Ceará registrou, em 2013, um número elevado de casos de doenças diarrei-cas agudas. Municípios tiveram surtos do problema que está relacionado à qualidade da água que chega à população. Segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a estiagem é “relevante” na ocorrência de doenças diarreicas agudas (DDAs). No Cea-rá, foram confirmados cerca de 200 mil casos. Não há informação de óbitos, mas 14 municípios somaram 77 surtos. Ressalva-se que esses são os casos que chegaram à rede de assistência e foram oficialmente notificados. Em 2012, tinham sido 115 mil confirmações de DDA no Ceará.

Durante a reunião da Comissão da Seca do dia 4 de setembro, Rennys Frota, presidente da Cogerh, informou que em algumas sedes municipais, como, por exem-plo, nos municípios de Milhã e Canindé, as ligações emergenciais realizadas na rede de distribuição de água eram feitas diretamente a partir da rede de captação de água bruta, sem processo de tratamento qualquer, num contexto de urgência que buscava evitar o risco de colapso.

A água distribuída pela Operação Carro-pipa está, em muitos casos, conta-minada com E. Coli, coliformes fecais, metais pesados, conforme estudo realizado pela SESA. Em 13 de 20 municípios monitorados, foi confirmada a contaminação da

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água e, para agravar mais a situação, não existem resultados disponíveis de análise de água nos demais 130 municípios atendidos pela Operação Carro-pipa.

Segundo o relatório elaborado pela Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde da SESA, dos municípios que utilizam carros-pipa no Ceará, apenas 28 con-tratam veículos cadastrados no Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – Sisagua -, órgão responsável por monitorar a qualidade da água para o uso humano. O documento investigou 381 amostras de água colhidas para análise microbiológica nestes 28 municípios. Das 70 amostras, em 18% foi detectada a presença da bactéria Escherichia coli, o que caracteriza con-taminação fecal na água que está sendo transportada pelos carros-pipa. O estudo ainda aponta a presença de Giárdia, parasita que provoca infecções intestinais.

Em outro estudo, quando a SESA analisou 381 amostras de água de 28 muni-cípios (os únicos que possuem carros-pipas cadastrados no sistema de informação e coletaram amostras), concluiu-se que 60% das amostras estavam contaminadas: 18% (70) com a bactéria Escherichia coli e 42% (160) com coliformes fecais.

A contaminação da água distribuída pela Operação Carro-pipa preocupa a As-sociação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), que, desde julho de 2012, apresentou solução alternativa de tratamento através de Estações Móveis de Trata-mento de Água (ETAs). Trata-se de uma tecnologia exclusiva de origem israelense, capaz de tratar águas salobras e/ou contaminadas para garantir a potabilidade da água distribuída à população, através da Operação Carro-pipa e da recuperação de poços profundos. Conforme informado na reunião do dia 18 de abril de 2013 pelo assessor de Desenvolvimento Rural da Aprece, Nicolas Fabre, está tramitando, des-de dezembro de 2012, no Ministério da Integração Nacional (MIN), uma proposta inicial, cadastrada no Siconv pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário – SDA, sob o n° 054200/2012, para aquisição de 12 ETAs móveis. No Anexo 3 deste re-latório, apresentamos, com maiores detalhes, essa tecnologia de ETA móvel, assim como o extrato da proposta, conforme foi cadastrada no Siconv. Junto ao processo e aquisição dessas ETAs móveis, também consta da proposta da SDA junto ao MIN a demanda de 900 cloradores/fluoretadores para os sistemas simplificados de abaste-cimento de água. Em novembro de 2013, a proposta da SDA foi aprovada pelo MIN e seguiu para o processo de empenho dos recursos. Em 12 de novembro de 2013, o governador Cid Ferreira Gomes aprovou o MAPP 460, referente a este projeto.

Ainda no que se refere ao tratamento da água bruta, o presidente da Sohidra, Leão Montezuma Santiago Filho, informou durante a reunião do dia 11 de abril, de 2013 que instalará, até o final deste ano, 222 dessalinizadores através do Programa

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Água Doce, do Ministério do Meio Ambiente - MMA. A SRH realiza, desde o início do ano, o diagnóstico de 32 municípios prioritários para implantação dos dessalinizado-res. O investimento total é de R$ 36 milhões. Ele prometeu que, até o final deste ano, serão perfurados mais 250 poços profundos, sendo que já foram perfurados 186 po-ços, instalados 17 dessalinizadores e recuperados outros 19 e, também, foram instala-dos 88 chafarizes. O Secretário dos Recursos Hídricos do Ceará – SRH, César Pinheiro, acrescentou que o Ministério da Integração Nacional repassaria, ainda, duas máquinas perfuratrizes para o DNOCS recuperar 235 poços profundos, porém, ficou para 2014.

3.1.4 Capacidade de armazenamento de água bruta

Segundo relatório da Cogerh, que monitora 143 açudes no Estado do Ceará, o nível de armazenamento de água bruta, em 24 junho de 2013, era de somente 44% da capacidade total. Em 26 de novembro de 2013, esse mesmo nível de armazena-mento já tinha baixado para 33,5%. Os últimos levantamentos do órgão (disponí-veis com maiores detalhes no Anexo 4 deste relatório) apontam que 106 açudes cea-renses, ou seja, cerca de 74%, estão com menos de 30% de água acumulada. Apenas um açude está com mais de 90% de sua capacidade: o Gavião, em Pacatuba, com 92%. No entanto, o baixo nível de água de açudes grandes é preocupante, a exem-plo do Pentecoste, que está com apenas 6,5% de sua capacidade (360 milhões de metros cúbicos) e o General Sampaio, também, na bacia do Curu, com apenas 11%.

O açude Taquara, em Cariré, na bacia do Acaraú, tem capacidade para acumular 320m³ de água, mas está com apenas 22%. Já o Pacajus, que abastece o complexo que envia água para Fortaleza, está com 24%. O Caxitoré, em Umirim está com 14%; o Pompeu Sobrinho, em Choró, com 13%. Cedro, em Quixadá, com 7%; o Jaburu Dois, em Independência, com 1%; e o Flor do Campo, de Novo Oriente, com 5%.

Somente nove açudes no estado, das bacias dos rios Trussu, Salgado e Jagua-ribe, nas regiões do Centro Sul e do Vale do Jaguaribe; e dos rios Acaraú e Coreaú, nas regiões de Sobral e do litoral extremo Oeste, apresentam volume superior a 50% da capacidade de armazenamento, enquanto outros 50 açudes já estão com menos de 10% da sua capacidade de armazenamento.

A situação era muito diferente no dia 13 de dezembro de 2013, de acordo com o relatório da Cogerh. Dos 143 açudes cearenses monitorados pela Companhia, 109 estavam com menos de 30% da capacidade. Destes, 39 com menos de 10% e quatro deles estavam secos: Forquilha (Tauá), Quincoé (Acopiara), Desterro (Caridade) e São Domingos (Caridade).

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Na reunião do dia 18 de abril de 2013, o secretário estadual do Desenvolvi-mento Agrário, Nelson Martins, apresentou dados relativos à conservação de água e solo, visando a amenizar os impactos da seca. No que se refere à capacidade de ar-mazenamento de água nos pequenos e médios reservatórios, a SDA estimou em R$ 63 milhões o custo de desassoreamento de cerca de 3.500 pequenos açudes. Outros 153 milhões de reais seriam necessários para realizar intervenções de recuperação e conservação de solos.

Ainda em relação às ações de abastecimento de água, a SDA apresentou um quadro resumo das obras por ela coordenadas, incluindo o Sistema Simplificado de Abastecimento de Água - SSAA (1.350 sistemas), cisternas, tanto de placas (83.608 cisternas), como de polietileno (30.129 cisternas), ou de produção (13.545 unidades) e 1.500 barragens subterrâneas, representando um investimento total de mais de R$ 613 milhões. Ao ser indagado sobre a concreta execução dessas obras, o Secretário reconheceu, porém, que, fora o programa das cisternas de placa, as de-mais ações estão, ainda, no estágio inicial de execução ou, ainda, não executadas, ao exemplo dos sistemas de abastecimento do Programa Água para Todos. No Anexo 5 desse relatório, apresentamos o referido quadro resumo das ações da SDA.

Entre os meses de junho e novembro de 2013, a SDA realizou dois processos licitatórios em relação à implantação dos primeiros 255 sistemas simplificados de abastecimento de água do Programa Água para Todos. Em novembro passado, a SDA lançou um terceiro processo licitatório para outros 160 sistemas simplificados de abastecimento de água e está em fase de elaboração uma quarta fase com cerca de 300 deles.

No tocante às cisternas, sejam de placa ou de polietileno, a DAS informou, na reunião do dia 4 de setembro, que foram construídas no Estado do Ceará cerca de 135 mil cisternas, sendo a meta do governo do Estado terminar o ano de 2014 com a 243 mil cisternas construídas. Para isso, a SDA informou que estão em processo de construção 33.400 cisternas de placas e de implantação outras 14.300 cisternas de polietileno; e que ainda está sendo conveniado com o Ministério da Integração outra remessa de cerca de 16 mil cisternas de polietileno. Além da SDA, o BNB, o DNOCS e a Articulação do Semiárido (ASA) executam também no Ceará programas de cisternas.

Segundo levantamento do Grupo de Trabalho Interinstitucional Cogerh/Sohi-dra/Cagece no que se refere à situação de abastecimento das sedes municipais do Estado do Ceará, atualizado em 8 de novembro de 2013 e disponível com maiores detalhes no Anexo 6 deste relatório, 20 municípios do Estado do Ceará encontra-

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vam-se em situação de “criticidade alta” em relação ao risco de colapso no tocante ao abastecimento nas sedes municipais (contra 10 no mês de junho). São eles: Aco-piara, Aratuba, Baixio, Fortim, Graça, Guaramiranga, Irauçuba, Ipaumirim, Itatira, Mucambo, Mulungu, Nova Russa, Pacoti, Pacujá, Palmácia, Parambu, Pindoretama, Potengi, Quiterianópolis, Salitre e Umari.

Outros 20 municípios que se encontravam em situação semelhante no mês de agosto tiveram a situação temporamente resolvida com a implantação do siste-ma provisório de abastecimento conhecido como “Adutora de Montagem Rápida – AMR”. Tratam-se dos municípios de Acopiara (AMR), Alcântaras (poços), Antonina do Norte (AMR), Beberibe (AMR), Canindé (AMR), Caridade (AMR), Catunda (recar-ga natural), Coreaú (AMR), Crateús (AMR), Itapajé (açude), Madalena (AMR), Milhã (AMR), Moraújo (AMR), Paracuru (poços), Pecém (AMR), Pereiro (recarga natural), Senador Sá (rio perenizado), Tauá (AMR), Trairi (poços) e Uruoca (rio perenizado).

A Cogerh elaborou uma proposta de atendimento desses municípios com as referidas adutoras de montagem rápida em maio de 2013. Dos 500km necessários, o governo do Estado do Ceará garantiu 100km em junho de 2013, atendendo a nove municípios e negocia junto ao governo federal os recursos da ordem de R$ 100 mi-lhões, segundo a Cogerh, para os demais municípios. No Anexo 7 deste relatório, apresentamos o quadro resumo dos sistemas adutores provisórios emergenciais e quais recursos já foram garantidos pelo governo do Estado do Ceará. Enquanto os recursos estaduais e federais não chegam, 14 municípios já estão em regime de ra-cionamento na distribuição de água como, por exemplo, Irauçuba, Mucambo, Qui-terianópolis, Salitre, Crateús e Pereiro.

Para que as ações de transporte de água potável continuem, quatro municí-pios em situação de “criticidade alta” de abastecimento deverão buscar água em For-taleza. Um dos entraves de abastecimento está nas Estações de Tratamento de Água (ETAs), que estão atuando no limite. Aracoiaba, Baturité, Guaiúba e Caucaia são as cidades que precisam compartilhar o abastecimento de água. O diretor de operações da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Josineto Araújo, explicou que algumas ETAs já não têm manancial para coletar água.

Através do Projeto São José 3, a SDA aprovou 140 projetos de sistemas sim-plificados de abastecimento de água no valor de cerca de R$ 53 milhões. Destes 140 projetos, 50 já foram concluídos, conforme informação repassada pela SDA durante a reunião do dia 20 de novembro. O Banco Mundial (Bird), porém, como financiador do Projeto São José, exigiu que fossem incluídos no programa o banheiro e a fossa séptica e o valor total desembolsado para esses 140 projetos chegou aos R$ 100 milhões.

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Com a grande demanda, a DAS aconselha que os municípios apresentem pro-jetos ao Programa Água para Todos. Na audiência do dia 20 de novembro, o se-cretário Nelson Martins confirmou que o governador Cid Ferreira Gomes negociara junto ao Banco Mundial um recurso complementar de R$ 100 milhões para atender em 2014 novas demandas de sistemas de abastecimento de água através do Projeto São José 3.

Em julho, foi liberada uma segunda remessa de 151 projetos e, finalmente, em outubro uma terceira remessa de 160 projetos, totalizando, até agora, 415 pro-jetos. A SDA informou que está concluindo a elaboração de outros 300 projetos. Considerando as duas primeiras remessas, 10.000 famílias serão beneficiadas em 93 municípios, o que corresponde a um investimento de cerca de R$ 50 milhões. Os recursos são do Ministério da Integração Nacional e Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop). Lamentavelmente, o Programa Água para Todos encontra-se muito burocratizado na sua execução, não atendendo no tempo e na hora a necessidade do povo cearense, apesar dele ter sido anunciado há cerca de 18 meses para atender 1.350 projetos.

3.2 Alimentação do rebanho

3.2.1 Programa de venda de milho em balcão da Conab

A principal ação voltada para a alimentação emergencial do rebanho neste período de seca é o programa de venda de milho em balcão, realizado pela Conab, que repassa, a preços subsidiados, do milho para os produtores rurais. No dia 23 de fevereiro de 2013 foi criado o Conselho Interministerial de Estoques Públicos, que delibera a quantidade de grãos que atenderão a cada estado. O Conselho é for-mado por representantes dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da Fazenda, do Planejamento e da Casa Civil. A Conab solicitou e ficou acordado que, para o estado do Ceará, seriam 30 mil toneladas/mês de milho, a partir de fevereiro passado. Assim, já era para ter chegado este ano no Ceará 150 mil toneladas de milho de 2013, porém, só chegaram 45 mil. Ou seja, havia um déficit de 105 mil toneladas a serem recebidas pela Conab do Ceará.

No balanço realizado pela Conab em reunião do CICS no final do mês de no-vembro, foi informado que o Estado do Ceará recebeu cerca de 115.000 toneladas (Programa Venda Balcão) às quais se somam outras 30 mil toneladas (doação do

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governo federal ao governo do estado). Comparando com a demanda de 30 mil tone-ladas/mês, isso representa um déficit de 155 mil toneladas desde o início do ano. A Conab informou que existe uma previsão de entrega de outras 50 mil toneladas para o início de 2014, tendo uma licitação para a remessa de 28 mil toneladas marcada para dezembro. No último dia 6 de novembro foram concluídos dois editais para remoção de estoques (do Mato Grosso para o Ceará) de 6.570 e 2.800 toneladas.

Das 30 mil toneladas de milho doadas pelo governo federal ao estado, que foram distribuídas de junho a outubro de 2013, os agricultores cearenses da região do Cariri foram os que mais adquiriram o incentivo, com a compra de mais de 3 mil toneladas de milho. Ao todo, 3.547 produtores foram atendidos em 28 municípios da região. Em todo o Estado, cerca de 32 mil produtores, a maioria familiares, em 176 municípios receberam parte das 30 mil toneladas de milho. Somente no município de Tauá, a 320 quilômetros de Fortaleza, 1.453 produtores compraram mais de uma tonelada e meia de milho. Segundo a SDA, o Estado do Ceará foi o primeiro do Nor-deste a finalizar a distribuição, que corresponde a 47% da demanda de cada cidade.

Segundo dados repassados à Comissão Especial pelo superintendente da Conab no Ceará, Francisco Agenor Pereira, chegaram no Ceará, entre janeiro e maio de 2013, 24.800 toneladas de milho, quando a demanda é de trinta mil toneladas/mês. Além da chegada de 30 mil toneladas, por navio, a Conab informou que está previsto um novo leilão para aquisição de outras 26.000 toneladas. No ano de 2012, a partir do mês de abril, foram 81.000 toneladas que chegaram no Estado do Ceará, bem abaixo da demanda do Estado.

A venda do milho ficou a cargo dos estados e os recursos arrecadados deverão ser investidos em projetos de produção de voluminosos (forragens). No início de novembro, durante balanço realizado pela SDA e Conab/CE, foi informado que foram apurados cerca de R$ 10 milhões com a venda subsidiada destas 30 mil toneladas, dos quais 50% serviram para pagar o frete para distribuição aos municípios, enquan-to os outros 50% foram destinados para produção de forragens, especificamente para aquisição de kits de irrigação (para produção no âmbito da agricultura familiar) e de pivôs centrais (para as áreas dos perímetros irrigados do DNOCS).

A burocracia, também, emperrou a chegada do milho ao Ceará. Houve a ten-tativa de um leilão no dia 15 de abril de 2013 para o transporte das primeiras 30 mil toneladas de milho para o Ceará, já no mês de maio, mas deu “deserto”, isto é, ninguém se interessou. Um novo leilão foi lançado e concluído no dia 29 de abril. A chegada dessa remessa de milho no porto do Pecém ocorreu no último dia 8 de ju-nho. A primeira remessa do milho doado pelo governo federal ao governo do estado

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chegou aos municípios em 24 de junho, mas só no final do mês de setembro toda a remessa foi finalmente entregue. A Transnordestina, por medidas de segurança, não faz composições grandes de vagões. Mas a Transnordestina não cumpriu seu com-promisso contratual, haja vista que só tem composições de 18 a 21 vagões, enquan-to o contrato previa composições de 60 vagões. A linha sul só anda na velocidade de 10 km/hora em decorrência da falta de segurança nos trilhos (sem manutenção) e do estado precário dos vagões.

Os escritórios regionais da Ematerce e as secretarias municipais de agricultura têm recebido, diariamente, cobranças dos produtores rurais que já tinham se cadas-trado e efetuado o pagamento referente às suas quotas, mas que não tinha recebido o milho em tempo hábil e nem em quantidade suficiente. Em 20 de julho de 2013, só nove das 30 mil toneladas do milho que chegaram de navio em 8 de junho foram dis-tribuídas nos municípios através da Transnordestina. O prazo para entrega das 30 mil toneladas era 21 de julho. Isso prejudicou a possível entrega de uma segunda remessa de 30 mil toneladas no porto do Pécem, prevista para fim de julho, início de agosto.

A carga de 123 toneladas de milho foi entregue ao município de Canindé, no Sertão Central, a fim de atender, também, os produtores das localidades de Paramo-ti, Itatira e Caridade. A saca de 60 quilos foi vendida ao preço de R$ 18,20 para os agricultores familiares e a R$ 21 para os demais produtores rurais já cadastrados na Conab. A distribuição para os municípios obedeceu a demanda dos produtores, e só podia comprar o milho o produtor que estivesse em dia com a vacinação do rebanho contra a febre aftosa.

Na reunião realizada no dia 16 de maio, no Complexo das Comissões Técnicas da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, o presidente da FAEC, Flávio Saboya, denunciou que o milho da Conab não atende às necessidades dos produtores, devi-do à baixa oferta e pela sua descontinuidade na entrega, levando parte do rebanho a morrer de fome pela falta de forragens oriundas dos pastos.

Segundo o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, a distribuição de milho em todo o país foi prejudicada pelo escoamento da safra de soja. Ele explica que a exportação de soja demanda parte da infraestrutura de transporte usada pelo milho, dificultando a distribuição. Para o MAPA, é necessário modernizar o sistema logísti-co da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que não permite o transpor-te de milho a granel em caminhões, sendo necessário que a carga seja ensacada na origem, dificultando a descarga.

Através da imprensa, a FAEC reclamou no dia 11 de dezembro, da falta de milho prometido para chegar entre outubro a dezembro deste ano, cujo déficit para

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o período já é de 69 mil toneladas. De acordo com o presidente da FAEC, Flávio Sa-boya, a previsão de chegada por meio da Companhia Nacional de Abastecimento no Ceará (Conab/CE) era de aproximadamente 60 mil toneladas de milho no decorrer de outubro a dezembro deste ano, mas aproximadamente 21 mil toneladas chegaram ao Estado, faltando ainda 39 mil toneladas.

No que se refere às condições de armazenamento e de escoamento da pro-dução, a presidenta Dilma Rousseff anunciou, no último dia 4 de junho, ao lançar o Plano Safra 2013/2014, um programa de incentivo aos armazéns privados. O go-verno federal vai, assim, disponibilizar R$ 25 bilhões em cinco anos para financiar a construção de silos, com o objetivo de melhorar as condições de armazenamento e de escoamento da produção. Na safra 2013/2014, serão R$ 5 bilhões para este fim. O produtor rural terá prazo de até 15 anos para o pagamento, segundo informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. O governo federal pretende, ainda, dobrar a capacidade de armazenagem da Companhia Nacional de Abastecimento, que receberá R$ 500 milhões na próxima safra.

Até a presente data, não foi ainda repassado nenhuma informação em relação a esse programa de incentivo aos armazéns privados. Porém, em reunião do CICS no início de novembro, o superintendente da Conab no Ceará, Francisco Agenor Pereira, informou que existe um projeto de implantação de 50 armazéns públicos no Estado do Ceará (nos municípios de mais de 30 mil habitantes). Para cada projeto, a Conab investirá R$ 700 mil e a prefeitura municipal beneficiada teria que assumir, como contrapartida, os recursos humanos e a manutenção do armazém.

3.2.2 Fomento à produção agropecuária

No decorrer das reuniões da Comissão Especial da Seca da Assembleia Legis-lativa, os debates relativos aos recursos hídricos não se limitaram ao abastecimento humano de água potável, mesmo sendo considerada a ação prioritária, mas se esten-deu, também, ao uso de parte desses recursos hídricos para a produção agropecuária.

A FAEC solicitou o apoio desta Comissão Especial para garantir no Estado do Ceará a implantação de um Programa Emergencial de Segurança Alimentar e Hídrica Animal. Nesse sentido, o ex-presidente da FAEC, José Ramos Torres de Melo Filho, reforçou que tal programa de produção emergencial de forragens com elevada tecnologia nas áreas irriga-das pode evitar a dizimação do rebanho do Ceará, lembrando que a venda, em balcão, de milho subsidiado pela Conab é insuficiente, tanto na quantidade quanto na frequência.

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Na reunião do dia 18 de abril de 2013, a DAS, informou que, segundo levanta-mento da própria SDA, existem quatro perímetros irrigados estaduais (Jaburu II, Re-alejo, Inharé e Xique-Xique) com potencial para implantação de projetos de irrigação de forragens (pastejo rotacionado), representando uma área total de 750 hectares.

Por sua vez, a Fetraece, que defende a construção e a implementação coletiva do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, com base na Agricultura Familiar, na Agroecologia e numa ampla e massiva Reforma Agrária, lembrou que já existem vários programas e projetos no âmbito, tanto do gover-no federal como do governo do Estado do Ceará, que poderiam estar a serviço da promoção da convivência com o semiárido, se os mesmos fossem articulados, uni-versalizados e integrados numa verdadeira política pública de convivência com o semiárido, e não executados, como, infelizmente ainda é o caso, de forma setorial e não regular. Foram citados como exemplos o PAA e o PNAE (governo federal) ou o Programa de Desenvolvimento da Cotonicultura Orgânica e o Programa de Práticas Agrícolas Conservacionistas (governo do Estado do Ceará).

Lucimar Gomes Loiola, diretor de Produção do DNOCS, completou as colo-cações dos representantes da FAEC e Fetraece ao apresentar as principais ações de combate à seca e convivência com o semiárido realizadas pelo DNOCS. Em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, o DNOCS pretende implantar no Estado do Ceará projeto de suporte hídrico e produtivo, por meio de tecnologias sociais eficientes, no valor total de R$ 26 milhões. Isso repre-senta projetos produtivos (kits de irrigação) para 95 municípios e barragens subter-râneas para 79 municípios.

Na reunião do dia 18 de abril, Nelson Martins apresentou os projetos da SDA, ainda em fase de negociação de recursos junto ao governador do Estado do Ceará, para desenvolvimento de atividades produtivas. As principais propostas, detalhadas no Anexo 5 deste relatório, são:

• a implantação de 363 projetos de produção agroecológica integrada e sus-tentável (mais conhecido como “Mandalla”), beneficiando 1.089 famílias de municípios, num valor total de R$ 3,4 milhões. A título de comparação, em 2012, a SDA só implantou 42 Mandallas, beneficiando 126 famílias em 16 municípios;

• a implantação de 677 projetos produtivos de fruticultura, horticultura e for-ragicultura irrigadas em 88 municípios, junto as 632 barragens subterrâneas em 56 municípios, num valor total de R$ 23,6 milhões (recursos do BNDES);

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• a implantação de 60ha de pastejo rotacionado e de 50ha de palma forragei-ra irrigada, com distribuição de equipamentos de transformação e armaze-namento de forragens (ensiladeira, enfardadeira, segadeira, fatiadeira), num valor total de novecentos mil reais.

Ainda em relação aos projetos produtivos, informamos que o BNB, o gover-no do Estado do Ceará e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetraece) assinaram, no dia 17 de junho de 2013, acordos de cooperação, visando aos financiamentos de empreendimentos rurais no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O objetivo é financiar projetos pro-dutivos, contemplados pelo Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – PDRS (Projeto São José III), criado pelo governo do Ceará, em parceria com o Banco Inter-nacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). No total, serão destinados recursos da ordem de R$ 24 milhões para implantação dos projetos, bem como sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário, com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento sustentável desses empreendimentos cearenses.

A deputada estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da As-sembleia Legislativa, Eliane Novais, entregou à Comissão Especial da Seca a carta dos “Povos do Semiárido Cearense”, representados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB –, Pastorais Sociais, Federação de Trabalhadores e Trabalha-doras na Agricultura do Estado do Ceará – Fetraece –, Fórum Cearense pela Vida no Semiárido - FCVSA, Movimento dos Atingidos por Barragem – MAB e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST. Nesse documento, os movimentos sociais e as pastorais cearenses reafirmam seu compromisso e a importância de tais movimentos sociais na continuidade da construção de ações estruturantes de convivência com o semiárido, convocando os poderes públicos a reconhecerem suas responsabilidades intransferíveis na inversão de valores, que priorizam a convivência com o semiárido em detrimento de arcaicas e fracassadas práticas de combate à seca.

O presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, anunciou o lançamento de um projeto piloto chamado de “açude inteligente” no município de Itatira. Inovação para a melhor convivência com o semiárido, este projeto pioneiro no Estado do Ceará consiste na construção de reservatórios em área de boqueirão, destinados a dessedentação animal e/ou irrigação de culturas. Neste caso, se-gundo o presidente da Ematerce, a perda de água por evaporação é mínima por-que o sol aparece mais tarde e se esconde mais cedo. O município de Itatira será

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a região da fase experimental, já que é detentora de muitas serras, que ao longo de seu percurso formam diversos pontos do porte que a Ematerce escolheu para o açude inteligente.

Esse projeto de construção de reservatórios em área de boqueirão nasceu após a Ematerce realizar um estudo da série histórica das quadras chuvosas no Estado do Ceará, de 1896 até hoje, a partir das informações da estação meteorológica do município de Quixeramobim. O estudo demonstra que o armazenamento de água decorrente da construção de reservatórios superficiais (açudes) aumenta as precipi-tações pluviométricas na região.

O estudo revela, por exemplo, que durante os 50 anos antes da construção do açude Banabuiú, a média de precipitações foi de 720 milímetros, enquanto nos 50 anos depois essa média foi de 799,26, o que representa um aumento de 10%. Em re-lação ao açude Orós, essa mesma comparação ao longo de 50 anos (antes/depois da construção do reservatório) revela um aumento de 20% nas precipitações pluviomé-tricas. No caso do açude Castanhão, utlizando uma escala temporal de comparação de 10 anos, constatou-se que a média das precipitações passou de 621,91mm para 720 mm, representando um aumento de 14%.

A partir desta constatação, a Ematerce desenvolveu o projeto “açude inteli-gente”, pensando na construção de açudes em lugares estratégicos, onde os mes-mos possam encher rapidamente e secar lentamente. Os boqueirões de serra foram escolhidos por atender ambos os requisitos, haja vista que mesmo em anos de seca, eles captam muita água pluvial devido a uma ampla bacia de captação e, ao mesmo tempo, sofrem pouco da evaporação decorrente dos raios solares.

3.2.3 “Açude Inteligente”

Uma experiência foi desenvolvida há quatro anos na comunidade Barra do Bento no município de Canindé, e o açude ali construído ainda está com água no fim deste ano de 2013. O custo de construção foi de R$ 70 mil. Segundo o presidente da Ematerce, hoje já são 45 açudes de boqueirões construídos no Ceará, com um inves-timento total de R$ 600 mil. Mas o mesmo reconhece que isso é insuficiente diante da demanda, ao afirmar que existem no Estado do Ceará boqueirões para construir cerca de 5.000 açudes desse tipo.

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3.3 Endividamento no meio rural e seguro agrícola

3.3.1 Medidas de renegociação de dívidas

O endividamento dos produtores rurais afetados pela seca e pelas dificuldades encontradas para renegociar junto ao sistema financeiro essa dívida foi um dos prin-cipais temas debatidos ao longo das reuniões promovidas pela Comissão Especial da Assembleia Legislativa. No dia 16 de maio de 2013, as entidades de classe ligadas ao setor agropecuário (FAEC e Fetraece) apresentaram suas dificuldades e solicitaram o apoio desta Comissão Especial, no sentido de aliviar a pressão do endividamento em cima dos produtores rurais que não têm, na maioria dos casos, a mínima condição de honrar com seus credores, já que perderam boa parte da sua produção agrícola e/ou pecuária.

Durante a reunião do Conselho Deliberativo da Sudene realizada em Fortaleza, no dia 3 de abril de 2013, foi anunciada pela presidenta Dilma Rousseff a ampliação do prazo para renegociação das dívidas dos agricultores familiares e empresariais atingidos pela seca, garantindo-lhes dez anos para quitação, inclusive oferecendo carência de dois e três anos, respectivamente, à agricultura empresarial e familiar para pagamento da primeira parcela, assim como a manutenção dos descontos e bônus para refinanciar ou mesmo liquidar as operações em condições muito vanta-josas (até 85% de desconto).

No lançamento do Plano Safra 2013, em 4 de junho de 2013, o governo federal anunciou as seguintes medidas em relação ao processo de renegociação das dívidas dos produtores rurais: a) desconto de até 85% para liquidação de operações de crédito rural contratadas até 2006, com valor original de até R$ 35 mil por mutuário; b) linha para composição de dívidas contratadas até 2006, cujo valor original era de até R$ 200 mil em até dez anos; e, c) renegociação das operações contratadas, a partir de 2007, e que estavam inadimplentes em dezembro de 2011 em até dez anos, com três anos de carência. No Anexo 8 deste relatório, apresentamos, com maiores detalhes, os instrumentos legais aprovados pelo governo federal e já em execução pelo Banco do Nordeste do Brasil, em relação ao processo de regularização das dívidas rurais.

Com débitos que somam R$ 800 milhões, cerca de 77.460 produtores rurais cearenses de todos os portes, com dívidas de até R$ 100 mil contraídas com o Banco do Nordeste (BNB), poderão se beneficiar da Lei nº 12.844, do governo federal, que prevê descontos que vão até 85%, para poderem quitar as dívidas. O benefício atinge contratos celebrados até dezembro de 2006.

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A Lei mantém o abatimento de 85% para operações de até R$ 15 mil a agricul-tores residentes no semiárido, inclusive, no norte de Minas Gerais e Espírito Santo. Já os contratos com valor entre R$ 15 mil e R$ 35 mil terão descontos de até 75%.

Outra novidade são os benefícios a agricultores cujas operações variam entre R$ 35 mil e R$ 100 mil. Para esses casos, o desconto será de 50%. Ao todo, o BNB possui mais de 530 mil operações passíveis de quitação nessas condições, conside-rando toda a sua área de atuação.

Além desses descontos, válidos para quem deseja quitar dívidas até R$ 100 mil, a Lei de nº 12.844 possibilita, também, a realização de novo financiamento para liquidação de operações até R$ 200 mil, sem exigência de amortização prévia.

Ainda de acordo com o BNB, aderindo às condições supracitadas, as execu-ções judiciais serão suspensas, mas é importante que todos os mutuários formali-zem o interesse em liquidar a dívida, por meio de assinatura de termo de adesão.

Já os produtores rurais, que possuem empreendimentos localizados em mu-nicípios com situação de emergência ou calamidade pública decretada após 1º de dezembro de 2011, em decorrência da seca, contam ainda com outro benefício. Se-gundo as resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN) nº 4.211 e nº 4.212, eles terão suas prestações vencidas ou a vencer, nos anos de 2012, 2013 e 2014, prorrogadas para 2016 (enquadrados no Pronaf) e 2015 (demais produtores). Agri-cultores familiares terão, ainda, 80% de desconto sobre juros e principal em cada uma das parcelas.

Já as resoluções CMN nº 4.250 e nº 4.251 beneficiam clientes com dívidas vencidas, contratadas entre janeiro de 2007 e dezembro de 2011, reescalonando-as em dez parcelas anuais. Também nesse caso, a primeira prestação pode ser paga em 2016 (Pronaf) e em 2015 (demais produtores).

No Ceará, existem cerca de 200 mil operações com possibilidade de enquadra-mento em uma das resoluções, de um total de 900 mil em toda a área de atuação do Banco. Apesar da promulgação da Lei nº 12.844 e das resoluções 4.211 e 4.212 do Conselho Monetário Nacional (CMN), muitos agricultores reclamam da dificuldade de concretizar suas renegociações de dívidas junto ao BNB. Além da falta de infor-mações (baixa adesão) e da demora no atendimento na agência, muitos agricultores familiares informam que, mesmo com desconto de até 85%, eles não têm dinheiro para quitar os 15% restantes, haja vista que há 2 anos quase não têm produção em decorrência da seca.

Em agosto de 2013, um reforço de R$ 300 milhões na linha especial de crédito para atender produtores afetados pela seca no Nordeste foi aprovado pelo Con-

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selho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Condel/Sudene) e já integra o crédito do Fundo Constitucional de Financiamento da Região (FNE). Este foi o sétimo aporte em um ano e três meses de funcionamento da linha, que agora oferece um total de R$ 3,45 bilhões para socorrer municípios da área de abrangência da Sudene e que estejam em situação de emergência. O Fundo Consti-tucional de Financiamento do Nordeste (FNE), operado pelo Banco do Nordeste, já desembolsou R$ 2,7 bilhões dos R$ 3 bilhões previstos para concessão de crédito de investimento, capital de giro e custeio agrícola e pecuário para produtores rurais, comerciantes, prestadores de serviços, empresas agroindustriais e industriais preju-dicados pela estiagem do final de 2011 para cá.

O Ceará é o segundo estado brasileiro com maior volume de créditos desti-nados, principalmente, a produtores rurais. Foram 69,4 mil operações financeiras destinando a liberação de R$ 537 milhões. A maior tomada de crédito foi para quem aderiu ao Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf), com 74% dos contra-tos; seguindo o setor de comércio e serviços (16%), rural (6%) e indústria (2%). A maior parte (82%) é voltada para custeio e investimento.

3.3.2 Medidas de suspensão de execução de dívidas

No último dia 4 de junho, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Se-nado aprovou o Projeto de Lei Suplementar nº 688, que autoriza o perdão de dívidas de crédito rural de até 35 mil reais (no valor original), contratadas por agricultores familiares na área de atuação da Sudene.

Com a medida, ficam suspensas as execuções judiciais e os beneficiados não podem ser inscritos em quaisquer sistemas de registro de inadimplência. O perdão é válido para empréstimos contraídos até 31 de dezembro de 2001. Aqueles que contrataram empréstimo entre 1º de janeiro de 2002 até a data de publicação da lei, poderão liquidar sua dívida mediante a contratação de nova operação com juros de 3% ao ano, com redução de 65% do valor da operação original e prazo para sua amortização de até dez anos.

Questionadas desde o início do ano de 2013 pelas entidades de classe ligadas à agropecuária (FAEC e Fetraece), as execuções das dívidas dos produtores rurais (através dos leilões das suas terras) por parte do BNB estenderam-se até início de junho, quando a presidenta Dilma Rousseff, finalmente, suspendeu até dezembro de 2014 essas execuções para os produtores rurais do semiárido nordestino, prejudica-dos pela seca. Segundo a FAEC, de cerca de 55 mil agricultores do Estado do Ceará

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que têm dívidas executadas pelo BNB. A medida, exclusiva para o semiárido, faz parte do Plano Safra “Semiárido”, que foi lançado pela presidenta Dilma Rousseff, no último dia 4 de julho de 2013, em Salvador/BA.

3.3.3 Providência sobre o endividamento rural e seguro agrícola

Como já se sabe, muitas providências tomadas pelos executivos, principalmen-te federal e do estado do Ceará, para minimizar o sofrimento do homem do campo.

Em busca de uma solução para o problema das dívidas dos produtores rurais do semiárido do Nordeste, o governo federal publicou a MP nº 610/13, que trata de ações emergenciais para socorrer municípios atingidos pela seca no Nordeste e para acelerar a suspensão das execuções e a renegociação dos débitos rurais. Entre as medidas está a autorização da suspensão das execuções das dívidas dos agricultores juntos aos bancos, além da garantia da renegociação dos valores, com descontos de até 85%.

A presidenta Dilma Rousseff sancionou a MP nº 610/13 e a Lei nº 12.844/13 entrou em vigor em de julho de 2013, com o objetivo de beneficiar mais de 500 mil produtores rurais, que trabalham em municípios castigados pela seca no Nordeste e na área de abrangência da Sudene.

Apesar de avanços, o texto legal sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, sofreu vários vetos. Os vetos envolvem metodologia para cálculo e forma de paga-mento do saldo devedor dos financiamentos do setor agropecuário, transferência de crédito da Dívida Ativa da União, novos contratos, amortização, pagamentos de honorários advocatícios, liquidação com desconto de até 85% para financiamentos mais elevados e ainda de anistia de dívidas de até R$ 10 mil para inadimplente e de até R$ 15 mil para os adimplentes.

Com a nova Lei, fica autorizada a concessão de rebate para liquidação, até 31 de dezembro de 2014, das operações de crédito rural de valor originalmente con-tratado até R$ 100 mil. Dívidas originais de até R$ 15 mil terão descontos de 85%. Entre R$ 15 mil e R$ 35 mil, o desconto será de 75%; já para dívidas entre R$ 75 mil e R$ 100 mil, o abate será de 50%.

A medida provisória também autoriza o pagamento de um adicional de até R$ 560 no benefício a ser recebido pelos agricultores que aderiram ao Garantia-Safra referente ao período 2011/2012 e que foram atingidos pela estiagem do último ano. O pagamento será feito em até quatro parcelas mensais de R$ 140 subsequentes ao pagamento das parcelas adicionais autorizadas na Medida Provisória nº 587. Entretanto, o pagamento fica suspen-so se coincidir com o pagamento do Fundo Garantia-Safra referente ao período 2012/2013.

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A MP, também, autoriza a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a comprar até 550 mil toneladas de milho em grão para venda direta aos peque-nos agricultores de aves, suínos, caprinos, bovinos e ovinos que estejam na região da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

Outras decisões também beneficiam os produtores nordestinos, como a taxa de juros e a renegociação das dívidas e dos prazos de carência dos médios e grandes produtores. Os produtores rurais não tinham condições de arcar com as dívidas, já que o indexador utilizado foi a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que gera uma distorção brutal. A proposta é estender a todos os agricultores o mesmo auxílio, e não apenas aos que estão inseridos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

3.3.4 Programas Garantia-Safra e Bolsa Estiagem

As secas verificadas num passado recente, nas décadas de 1970, 1980 e 1990, eram acompanhadas de perda da lavoura, crise de falta de água, êxodo rural, morte de animais, fome de agricultores, invasão e saques de depósitos de merenda escolar e do comércio nas cidades do Interior. Havia os alistamentos de milhares de sertane-jos nas frentes de serviço e a distribuição de cestas de alimento.

Após a implantação dos programas sociais de transferência de renda, ainda no fim dos anos 1990, e ampliado na década passada, esse quadro social e econômico se modificou. A estiagem continua, causando estrago no campo, perda da lavoura, morte de rebanho e escassez de água, entretanto, não se registra mais invasões de levas de flagelados aos centros urbanos. Em um ponto, autoridades governamentais e integrantes de movimentos sindicais e sociais concordam: os efeitos da seca foram mitigados graças à rede social de proteção e transferência de renda, que incluem Bolsa Família, Bolsa Estiagem e Garantia Safra.

Em relação ao seguro agrícola, no ano de 2012, o Programa Garantia-Safra aten-deu em torno de 240 mil agricultores familiares no Estado do Ceará, em 176 mu-nicípios, enquanto o Bolsa Estiagem atendeu cerca de outros 102.000 agricultores familiares, a partir do levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia do Estado do Ceará – IPECE, considerando os critérios do Ministério da Integração Nacional. Com a definição da prorrogação, por tempo indeterminado, dos Programas Garantia-Safra e Bolsa Estiagem pelo governo federal, o repasse dos recursos para os pequenos produtores rurais deverá vigorar durante todo o período de seca.

Atualmente, o Garantia-Safra atende, no Ceará, cerca de 304 mil agricultores

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familiares e o Bolsa Estiagem outros 264 mil. O Bolsa-Família, fortalecido pelo Pro-grama Brasil Carinhoso, atende 1,2 milhão de famílias no Estado do Ceará, aos quais se somam cerca de 741 mil aposentadorias na zona rural, representando uma se-gurança social e econômica importante em períodos de dificuldade como esta seca.

3.4 Demais ações

3.4.1 Kit de equipamentos do PAC2

Iniciado em 2012, através do Segundo Programa de Aceleração do Crescimen-to – PAC2, o governo federal garantiu o apoio aos 1.415 municípios do Nordeste, atingidos pela estiagem, no sentido de que cada um disponha de um “kit equipa-mentos” para atendimento emergencial de suas populações. Cada município está recebendo uma retroescavadeira, uma motoniveladora, um caminhão caçamba, um carro-pipa e uma pá carregadeira. Cada kit custará R$ 1,46 milhões.

Durante a reunião do Conselho Deliberativo da Sudene, no dia 2 de abril de 2013, em Fortaleza, foram entregues pela presidenta Dilma Rousseff 31 retroesca-vadeiras e trinta motoniveladoras a 59 municípios cearenses. No dia 24 de maio, a ministra Ideli Salvatti (SRI/PR) e o ministro Pepe Vargas (MDA) entregaram outras 38 retroescavadeiras e 34 motoniveladoras para 72 municípios cearenses. Em 5 de julho de 2013, foi realizada a entrega de outras 115 motoniveladoras.

Em novembro passado, foram entregues 40 caminhões caçamba e outros 28 carros-pipa para 28 municípios. Durante a reunião da Comissão da Seca do dia 20 de novembro, o delegado do MDA, no Ceará, Francisco Sombra, havia declarado para o Estado do Ceará, um comboio de novos carros-pipa, caminhões-caçamba e pás-carregadeiras, e equipamentos a serem utilizados na construção/recuperação de estradas vicinais, para facilitar o escoamento da produção agrícola e o deslocamento dos carros-pipa.

3.4.2 Ações descentralizadas de proteção e defesa civil

A Cedec, através do seu Núcleo de Minimização de Desastres, responsável pelo planejamento, coordenação e execução de atividades para a redução de desas-tres, desenvolveu atividades de assessoramento para a estruturação, capacitação e funcionamento das Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil – Comp-

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dec. Em 2012, foram realizadas nove capacitações voltadas ao treinamento de pes-soal para atuar em situação de estiagem, resultando em 171 pessoas treinadas. O Núcleo coordenou, ainda, a confecção dos Planos de Trabalho para a situação de estiagem, planejando as ações de abastecimento emergencial de água potável por meio de carros-pipa, assim como os serviços de limpeza, bombeamento, instalação e equipamento de poços profundos.

Por sua vez, o Núcleo de Ação Social da Cedec desenvolveu atividades que tive-ram como principal objetivo a minimização das vulnerabilidades e riscos de desastres e a mobilização social para doações às vítimas da seca. No ano de 2012, foram reali-zadas 26 atividades de mobilização social e campanhas de arrecadação de donativos. Entre maio de 2012 e março de 2013, foram arrecadados 146.669 quilos de alimentos e 175.948 litros de água mineral. Os donativos arrecadados compuseram 6.330 ces-tas de alimentos que foram entregues às famílias de 47 municípios cearenses.

O Núcleo de Homologação de Desastre da Cedec atuou no recebimento de notificações de desastres e confecção, assessoramento e acompanhamento dos pro-cessos de declaração, homologação e reconhecimento de situação de emergência, por estiagem nos municípios cearenses, desde o primeiro decreto estadual (28 de maio de 2012) até o mais recente decreto (31 de Outubro de 2013).

Responsável pelo planejamento, coordenação, controle, fiscalização e execu-ção das atividades administrativas e operacionais de resposta aos desastres, o Nú-cleo de Resposta aos Desastres desenvolveu atividades que incluem a logística de materiais de assistência humanitária e apoio técnico para organização das atividades de socorro aos municípios, principalmente, através da Operação Carro-Pipa e da recuperação e instalação de poços profundos, como já informado no item 3.1.1.

3.4.3 Ações de informação e sensibilização da população

Salientamos, também, o importante papel de informação e sensibilização para a população, que a imprensa realizou desde o ano passado na cobertura de todas as ações de enfrentamento dos efeitos da seca. O trabalho da imprensa tem permiti-do, inclusive, esta Comissão Especial orientar suas atividades nas reuniões, levando para a pauta de discussões denúncias e cobranças relativas ao não funcionamento de parte das ações de atendimento à população afetada, conforme podemos conferir através da seleção de alguns artigos no Anexo 9 deste relatório.

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Quadro-resumo das principais ações de mitigação dos impactos da Seca no Ceará

AçãoSituação em junho/2013

(parecer parcial)

Situação em dezembro/2013 (parecer final)

Observações

Operação Carro-Pipa

EB: 756 carros em 102 municípios.

Cedec: 105 carros em 52 municípios.

EB: 970 carros em 109 municípios.

Cedec: Operação em processo de reativa-ção após a exigência de colocação de GPS nos carros-pipa. Dez municípios já em funcionamento e ou-tros 31 com Plano de Trabalho já aprovado.

Apesar do aumento da frota de carros-pipa, a Operação ainda não atende à demanda, já que além de seu crescimento na zona rural, a Operação atende algumas sedes municipais, para evitar a situação de colapso no abastecimento.

Recuperação de poços profundos

Cedec: 346 poços recuperados em 18 municípios, mas somente 35% insta-lados. Aguardando repasse federal para recuperar e instalar outros 650 poços em 61 municípios.

Cedec: 346 poços recuperados e ins-talados em 18 mu-nicípios na 1ª fase.

249 dos 415 poços da 2ª fase recuperados.

Fechando o Plano de trabalho da 3ª fase para recuperar e instalar outros 650 poços em 61 muni-cípios, incluindo 120 dessalinizadores.

Grande demora na execução das ações em decorrência principal-mente de 3 fatores:

- demora no repasse dos recursos federais;

- informações repas-sadas pelos municí-pios não conferem com a realidade;

- demora da Coelce na instalação dos poços já recuperados.

(continua)

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AçãoSituação em junho/2013

(parecer parcial)

Situação em dezembro/2013 (parecer final)

Observações

Perfuração de poços profundos

Sohidra: 186 poços perfurados desde o início de 2013, mas a demanda é de 150/mês. Meta: perfurar outros 250 poços até o fim de 2013. Aguardo de repasse federal para aquisição de 4 perfuratrizes.

EB: aguarda repasse federal para aquisição de 7 perfuratrizes.

DNOCS: aguar-da repasse federal para aquisição de 3 perfuratrizes.

SDA: aguarda processo licitatório para perfurar 395 poços (Programa Água para Todos)

Sohidra: 290 poços perfurados desde o início do ano, mas a demanda é de 150/mês. Meta: perfurar outros 110 poços até fim de 2013. As perfuratrizes ainda não foram adquiridas.

EB: As perfuratri-zes ainda não fo-ram adquiridas.

DNOCS: As perfu-ratrizes ainda não foram adquiridas.

SDA: licitação em andamento, adi-tivada já para 493 poços (Programa Água para Todos)

Grande demora na execução das ações em decorrência principal-mente de 2 fatores:

- alta demanda e oferta limitada (dificul-dade de aquisição de novas perfuratrizes);

- demora da Coelce na instalação dos poços já perfurados.

Equipamentos de tratamen-to de água

SDA: Aguarda aprovação do MIN / SDR (SICONV) para aquisição de 12 ETAs móveis e 900 cloradores.

SRH: Instalação de 222 dessalinizadores em 32 municípios até o final do ano (Pro-grama Água Doce)

SDA: Proposta apro-vada pelo MIN / SDR e recursos empenhados.

SRH: Diagnóstico de viabilidade realizado em 666 comunida-des. Testes de vazão em andamento em 444 comunidades para futura escolha dos 222 sistemas a serem implantados.

Demora excessiva no processo de análise e aprovação por par-te do Ministério da Integração Nacional.

(continua)

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AçãoSituação em junho/2013

(parecer parcial)

Situação em dezembro/2013 (parecer final)

Observações

Instalação de adutoras de montagem rápida – AMR

Cogerh: R$ 20 milhões aprova-dos (MAPP) para instalação de AMR em 7 municípios prioritários.

Cogerh: AMR con-cluídas (em operação em 9 municípios. Recursos repassa-dos pelo MIN, para instalação de AMR em outros 7 municípios (em andamento).

As sedes municipais com maior critici-dade em relação ao risco de colapso já foram atendidas.

Distribuição de milho

Conab: De janeiro a junho, chegaram 45 mil toneladas de milho quando a demanda é de 30 mil toneladas por mês.

Conab: De janeiro a novembro, chegaram 120 mil toneladas. Previsão de che-gada de 50 mil até fevereiro de 2014.

Considerando a de-manda mensal de 30 mil ton/mês, aprovada pelo Conselho Inter-ministerial de Esto-ques Públicos, o déficit acumulado em 2013 é de 180 mil toneladas. O problema, segundo o governo, é a logís-tica para o transporte e a distribuição.

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4 Conclusões/Proposições

Apresentamos, a seguir, as conclusões e proposições finais desta Comissão Especial da Seca, com diferenciação entre ações emergenciais e ações estruturantes preventivas para os próximos anos, com foco nas políticas públicas de convivência com a seca.

A Comissão Especial chega à conclusão de que as providências tomadas pelos governos federal e estadual e pelos municípios ainda são incipientes e que as ações deveriam ser mais efetivas, porque a tendência é a de que a situação se agrave até o final de 2013, caso não chova o suficiente. Todos têm consciência de que a seca no semiárido é um fenômeno cíclico. Então, para evitar que toda essa situação de flagelo e humilhação se repita nos próximos anos, a partir de 2014, temos que tomar as seguintes providências, urgentemente.

4.1 Estratégias diversificadas de estoques (água, sementes, forragens) para convivência com o semiárido

Faz-se necessário instituir, através de lei, a Política Nacional de Convivência com o Semiárido, e o Fundo Nacional de Financiamento para a Convivência com o Semiárido, visando a promover uma política permanente e emancipadora, e não só projetos e programas pontuais ou emergenciais, que tendem a aumentar a depen-dência dos produtores rurais e fortalecer a já conhecida “indústria da seca”.

Esta Comissão Especial entende que uma das dificuldades iniciais à implanta-ção de tal Política é o reconhecimento da fragilidade do nosso bioma, a Caatinga, para a qual ainda não existem políticas públicas específicas. Nesse sentido, solicita-mos que o governo federal agilize a tramitação do Projeto de Emenda Constitucional (PEC 504/2010), que inclui a Caatinga e o Cerrado como patrimônio nacional. Essa PEC, se aprovada, vai modificar o parágrafo 4º do artigo 225 da Constituição Fede-ral, que hoje define como patrimônio nacional apenas a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira.

Nesse mesmo sentido, esta Comissão solicita que os governos federal e do Estado do Ceará coloquem em prática o projeto de reflorestamento da Chapada do Araripe, aprovado, por unanimidade, pela Assembleia Legislativa, em 17 de abril de 2012, tendo como autor o deputado Welington Landim.

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A reunião do Conselho Deliberativo da Sudene, ocorrido em Fortaleza, no dia 2 de abril de 2013, ilustra, perfeitamente, essa situação de falta de uma verdadeira política pública de convivência com o semiárido e a manutenção de programas e projetos “reativos” por parte do governo federal. Do pacote de R$ 9 bilhões anuncia-dos naquela reunião pela presidenta Dilma Rousseff, menos de R$ 4 bilhões, eram, especificamente, voltados para o enfrentamento à seca, já que R$ 5,2 bilhões eram oriundos do PAC2 equipamentos (R$ 2,1 bilhões) e da renegociação da dívida (R$ 3,2 bilhões).

E dos R$ 4 bilhões voltados para o enfrentamento à seca, menos de R$ 1 bi-lhão pode ser realmente considerado como recursos de convivência com o semiárido (R$ 640 milhões para cisternas e R$ 278 milhões para recuperação de poços pro-fundos). Os demais recursos são voltados para o atendimento emergencial, sendo necessário no contexto atual, mas que não resolvem os problemas a longo prazo por serem programas paliativos e não estruturantes (Operação Carro-pipa, Garantia Safra e Bolsa Estiagem, venda de milho...).

Esta Comissão Especial sugere a ampliação das ações de convivência com o semiárido, priorizando investimentos para ações de conservação de solo, água e for-ragens. Os investimentos atuais do governo do Estado, em programas e projetos de convivência com o semiárido foram considerados insuficientes, a exemplo do Progra-ma de Práticas Agrícolas de Convivência com o Semiárido Cearense da SDA/Ematerce, que, em 2012, realizou tais práticas em somente 3.663 hectares de 23 municípios e que, para este ano de 2013, tem um orçamento de somente R$ 1,2 milhão.

Paradoxalmente, é na mesma SDA que, em janeiro de 2013, foi elaborada uma Proposta Técnica de Distribuição de Atividades Emergenciais, segundo o espaço fisio-gráfico do Estado, integrando tecnologias e práticas alternativas de convivência ao manejo e conservação dos recursos naturais. Considerando a microbacia hidrográfica como a unidade básica de planejamento, essa proposta sugere intervenções diferen-ciadas, tais como terraços de retenção, bacias de captação, cordões de pedras, prote-ção de nascentes e recomposição de mata ciliar. Esta proposta, para atender todo o Estado do Ceará, requereria um investimento de cerca de R$ 152 milhões, a comparar com o orçamento de 2013 do Programa de Práticas Agrícolas, de R$ 1,2 milhão.

Garantir a implantação de um Programa Emergencial de Segurança Alimentar e Hídrica Animal para o Estado do Ceará, incorporando ações tais como: a instituição de uma linha de crédito específica, destinada à produção e aquisição de forragens para o rebanho; bem como cessão, pelo Ministério da Integração Nacional, de áreas

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irrigadas do DNOCS, hoje ociosas, para a produção de forragens. Em parceria com a FAEC e a SDA, garantir do governo federal a aquisição de dez pivôs centrais de 50 hectares, cedidos em comodato, às entidades representativas de produtores/criado-res nesses perímetros públicos de irrigação estaduais e/ou federais.

Nesse sentido, o governador Cid Ferreira Gomes anunciou no lançamento da Pecnordeste 2013, que atenderá aos apelos da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), no sentido de criar o “Seguro Forragem”, nos moldes do Seguro Safra. Viabilizar, também, a compra, através da Central de Abastecimento do Estado do Ceará – Ceasa, de forragens e concentrados com vendas subsidiadas para criadores familiares, pequenos e médios e a criação de um seguro específico, com a formação de um Fundo, destinado ao ressarcimento de prejuízos dos criadores. É imprescindível que se crie um programa de área irrigada para aumentar a oferta for-rageira, principalmente, na região do Vale Jaguaribano.

No que se refere à segurança hídrica dos rebanhos, esta Comissão Especial propõe que o governo do Estado do Ceará execute a construção imediata de 200 barreiros nos 50 municípios em piores condições devido à seca; cada barreiro deve atender em torno de 40 cabeças de animais. São obras baratas e rápidas, como exi-ge o momento. Esses barreiros poderiam ser escavados com o apoio das máquinas retroescavadeiras fornecidas aos municípios pelo MDA, e que o governo estadual solicite e seja iniciado, imediatamente, o projeto de irrigação do riacho dos Porcos e da bacia do Salgado.

A construção de pequenos açudes capazes de abastecer, cada um, 40 cabeças de gado e possibilitar água potável para beber e para irrigar. Segundo a Ematerce, cada um custa em torno de R$ 13.500,00, um preço muito baixo pelo benefício que traz. Este sistema já funciona nos municípios de Piquet Carneiro, Quixeramobim, Canindé e Madalena.

Sugere-se, inclusive, que tal Programa Emergencial de Segurança Alimentar e Hídrica Animal do Estado do Ceará, então emergencial, passasse a ser permanente, sendo desenvolvido em bases empresariais, exigindo dos governos (federal e es-tadual) as políticas públicas destinadas à estruturação e à sustentabilidade de tal iniciativa, que agregaria esforços públicos e privados, consolidando o conceito de cadeia produtiva.

Indicamos, também: a implantação de um programa estadual de “Reserva Estra-tégica de Forragens”, fomentando técnicas e tecnologias de manejo de plantas forragei-ras nativas e exóticas para reduzir a dependência do milho da Conab, senão vejamos:

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• manejo agroflorestal de plantas nativas forrageiras (raleamento, rebaixa-mento, enriquecimento...) do bioma Caatinga;

• produção irrigada de plantas forrageiras em sistemas consorciados, promo-vendo a biodiversidade funcional dos agroecossistemas (usando os traba-lhos da Embrapa Semiárido com moringa, melancia forrageira, mandacaru sem espinho...);

• difusão e financiamento de tecnologias de conservação de forragens; • disponibilização de recursos financeiros (crédito rural) para a produção de

forragens, considerando essa atividade uma cadeia produtiva e não uma subunidade de cadeia de pecuária.

A implantação, também, de um programa emergencial de segurança alimentar animal no Estado do Ceará que permitiria garantir a produção e a provisão de forra-gens, principalmente, para atender os criadores nos períodos de seca e salvar, pelo menos, as matrizes, evitando, dessa forma, a dizimação do rebanho. Tal programa estaria voltado para proporcionar maior segurança econômica aos produtores rurais existente na produção agrícola, através da experiência exitosa de proteção social di-rigida aos agricultores familiares – o programa Garantia Safra. Projeto similar poderia, então, ser formulado para atender à segurança alimentar animal.

Na prática, e pelo pouco hábito dos criadores cearenses em produzir forragem, como reserva estratégica para o fornecimento no período seco e, pela necessidade imperativa de se fazer o provisionamento dessa reserva de alimento, recomenda-se a implantação e o monitoramento de um programa de segurança alimentar animal para os rebanhos, com atuação de, pelo menos, 10 anos. Cabe aos governos federal e estadual, responsáveis por fomentar o desenvolvimento agropecuário, proporcio-narem os meios adequados para que os produtores possam produzir e provisionar tal forragem.

Visando a atender à demanda emergencial de forragem, ainda para 2013, e considerando apenas a demanda das fêmeas dos rebanhos bovinos (1,5 milhões de animais), ovinos (750 mil animais) e caprinos (400 mil animais) do Ceará, objetivan-do evitar que as matrizes morram, é necessária a produção de 7,5 milhões de tonela-das de forragem, com base de consumo para manutenção em sete meses, de 20Kg/dia para bovino e de 5Kg/dia para ovino ou caprino. Que esta ação seja colocada em prática, também, logo no primeiro trimestre de 2014.

Assim, esta Comissão, também, sugere que sejam viabilizadas as seguin-tes ações:

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• Aquisição de feno pelo governo do Estado do Ceará a ser comercializado para os agricultores familiares com DAP a um valor de referência de R$ 0,10/kg de feno.

• Disponibilização das áreas molhadas dos açudes gerenciados pelo DNOCS e pela Cogerh para a produção agroecológica de suporte forrageiro e de alimentos (milho, feijão) pela Agricultura Familiar.

Em relação ao atendimento emergencial é, ainda necessária, a ampliação do Programa de Venda, a preço subsidiado do milho da Conab, para os demais gêneros alimentícios (feijão, arroz, farinha...) para prevenir problemas de desnutrição, decor-rentes das altas perdas de safra de sequeiro e da consequente inflação dos preços desses alimentos no mercado local.

4.2 Qualidade da água e garantia de potabilidade

Agilizar o processo de aquisição das estações móveis de tratamento de água, proposta apresentada pela Aprece, em julho de 2012, e atualizada em 2013. Trata-se de uma tecnologia exclusiva de origem israelense, capaz de tratar águas salobras e/ou contaminadas para garantir a potabilidade da água distribuída à população atra-vés da Operação Carro-pipa e da recuperação de poços profundos. Está tramitando, desde dezembro de 2012 no Ministério da Integração Nacional (MIN), uma proposta (cadastrada no Siconv pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário – SDA sob o n° 054200/2012) para aquisição de 12 ETAs móveis. O projeto foi aprovado e os recur-sos empenhados, no início de novembro 2013, pelo Ministério da Integração Nacio-nal e em seguida os recursos foram aprovados pelo governador Cid Ferreira Gomes, através do MAPP 460.

Diante do agravamento da estiagem, foi elaborada, em maio de 2013, uma proposta atualizada de demanda de 132 estações de tratamento móveis compactas (ETAs móveis) para atender todos os 175 municípios cearenses afetados pela seca. Essa proposta atualizada se baseou na previsão de esvaziamento de alguns açudes utilizados como fonte hídrica para o abastecimento de importantes sedes urbanas, conforme levantamento da Cagece e Cogerh. Também, foram consideradas as cida-des abastecidas através de água subterrânea, cujos poços explorados para abasteci-mento já estão apresentando forte redução de vazão nos próximos meses, com risco de colapso dessas localidades.

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Esse quadro de escassez tem um impacto direto na Operação Carro-pipa em-preendida pelo Exército Brasileiro, em 109 municípios, e pela Defesa Civil Estadual, em outros 52 municípios do Estado do Ceará, pois há a exigência legal de que a água distribuída através dos carros-pipa seja potável. Sabemos que as únicas fontes de água potável disponíveis para essa operação são as estações de tratamento das concessionárias de água tratada, sobretudo, Cagece, SISAR (saneamento rural) e as autarquias municipais (SAAE). Com a exaustão das fontes hídricas, as ETAs já estão reduzindo suas disponibilidades para a Operação-pipa, chegando, em alguns casos, a suspender o fornecimento, ou pior, a distribuir água bruta, ou seja, contaminada (conforme análises realizadas pela Secretaria da Saúde do Estado – SESA).

Ainda com relação à questão de melhoria da qualidade da água bruta, esta Comissão Especial sugere a implantação de um Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais – PSA / modalidade “produtor de água” (conforme ações desenvolvidas pela ANA), em parceria com a Cogerh e o Conpam: apoio técnico e fi-nanceiro à execução de ações de conservação da água e do solo, como, por exemplo, a construção de terraços e bacias de infiltração, a readequação de estradas vicinais, a recuperação e proteção de nascentes, o reflorestamento de áreas de proteção per-manente e reserva legal, o saneamento ambiental.

4.3 Estruturação e adequação do patrimônio do Estado

Aquisição de máquinas perfuratrizes pelo governo do Estado (Defesa Civil, Sohidra, Cagece) em quantidade suficiente para atender a demanda de poços profun-dos, assim como a liberação das máquinas perfuratrizes já prometidas pelo governo federal ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Aquisição, também, de máquinas perfuratrizes pelas prefeituras municipais, com apoio do BN-DES (financiador) e governo do Estado do Ceará (fiador).

Além de contar com poucas perfuratrizes, a Sohidra ainda é limitada na sua capacidade de atuação, pelo fato da sua equipe técnica só dispor de 18 diárias por mês para realizar trabalhos em campo. Isso faz com que as perfuratrizes fiquem pa-radas quando acaba a disponibilidade de diárias, até que inicie o mês seguinte. Em tais situações emergenciais, sugere-se ampliar para 25 diárias/mês para que as ações de perfuração de poços não sejam paralisadas.

Enquanto isso, o trabalho deveria ser feito em parceria com a iniciativa privada, visto que as máquinas perfuratrizes prometidas pelo governo federal só chegarão em

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2014. Independentemente da aquisição de máquinas perfuratrizes pelas prefeituras municipais, também recomendamos a aquisição de uma máquina perfuratriz para cada uma das vinte regiões administrativas do Estado do Ceará, a exemplo do que acontece com as retroescavadeiras e motoniveladoras doadas pelo governo federal aos municípios atingidos pela estiagem, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Essas perfuratrizes seriam gerenciadas por consórcios municipais.

Readequar a logística de armazenamento e distribuição do milho pela Conab, para ajudar na alimentação dos rebanhos. Enquanto falta espaço para armazenar milho no Centro-Oeste, os armazéns do Ceará estão quase vazios e o milho rece-bido, até agora, não atende à demanda do Estado do Ceará. Sugere-se envolver as prefeituras municipais no armazenamento, e o Exército Brasileiro na distribuição e fiscalização do milho da Conab.

Ampliação das unidades da Conab/CE com a implantação de mais 30 postos de venda de milho e outros grãos, para permitir a oferta mensal, suficiente para ga-rantir a manutenção mínima dos rebanhos do Estado do Ceará, tanto em quantidade quanto em regularidade. A Conab/CE deverá, também, desenvolver os mecanismos financeiros necessários para garantir a manutenção dos atuais preços subsidiados da venda do milho para os produtores rurais afetados pela seca. Essa recomendação coincide com a proposta recente da Conab/CE de implantar 50 armazéns nos mu-nicípios com população acima de 30 mil habitantes, cujo valor unitário é de R$ 700 mil e os custos de manutenção e funcionamento considerados como contrapartida das prefeituras municipais beneficiadas.

4.4 Obras hídricas

A estiagem dos últimos dois anos demonstra o quanto estamos distantes da cultura de convivência com a seca e da consolidação da infraestrutura hídrica para a sobrevivência da população regional. O desmantelamento do DNOCS como prin-cipal agência de combate aos efeitos da ausência de chuvas, a pulverização de seus recursos hídricos – seu maior patrimônio – e a partilha de suas tarefas com os esta-dos representam retrocesso. Assim, recomenda-se o refortalecimento do DNOCS e da Sudene.

A Agência Nacional de Águas (ANA) realizou um amplo trabalho de diag-nóstico e planejamento nas áreas de recursos hídricos e saneamento no Brasil, com foco na garantia da oferta de água para o abastecimento das sedes urbanas em todo

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o país. No diagnóstico, nomeado de Atlas de Abastecimento Urbano de Água, foi verificada a situação dos mananciais e dos sistemas produtores de água quanto ao atendimento das demandas hídricas futuras no Ceará. Dos 184 municípios cearen-ses, 134 necessitam de investimentos, seja para ampliação de sistemas de abaste-cimento ou novos mananciais. Também, sobre a situação de oferta da água, tendo como referência os pontos de captação de água bruta, o diagnóstico apontou que a maior parte dos mananciais isolados (superficial/misto ou subterrâneo) estão em localidades com população inferior a 50 mil habitantes.

Dos 184 municípios cearenses, o diagnóstico apontou que 133 requerem in-vestimentos em abastecimento de água, resultado do saldo negativo (déficit) entre a oferta e demanda de água. Nos próximos dois anos, o Castanhão ainda garante a demanda de água para a Grande Fortaleza.

Completar a atuação da Sohidra, DNOCS, Cagece e demais instituições pú-blicas, que atuam no processo de perfuração de poços profundos com a iniciativa privada, para darem continuidade e agilizarem o trabalho. Propõe-se a aquisição de verba necessária, seguindo a mesma metodologia aplicada para a implantação das cisternas (de placa e de polietileno), ou seja, a de registro de preço, baseando-se no custo médio de escavação de um poço, tendo o cuidado de diferenciar o poço perfu-rado no solo cristalino, do poço perfurado no solo sedimentar.

Na reunião do dia 20 de novembro de 2013, o deputado e presidente desta Comissão Especial, João Jaime, sugeriu que as entidades governamentais que atuam na perfuração de poços profundos (Sohidra, DNOCS, Cagece, SDA...) realizassem um estudo geofísico preventivo do conjunto do Estado, para levantamento do potencial e das prioridades relativas à perfuração de poços profundos para as próximas secas.

No que se refere ao processo de implantação de cisternas, esta Comissão Especial reconhece o papel fundamental das cisternas para o abastecimento humano, mas, ao mesmo tempo, questiona a atuação dos governos federal e estadual no que tange à per-tinência de implantação de cisternas de produção, chamadas de cisternas de “enxurrada”.

Sabe-se que a relação custo/benefício de tal obra e mais sua utilidade neste período emergencial, não trará benefício nenhum ao produtor rural no período atual, pois este depende de recarga da água de chuva. Dessa forma, a Comissão Especial da Seca solicita o remanejamento, urgente, dos recursos financeiros destinados à implantação das referidas cisternas de enxurrada (R$ 162 milhões para 13.545 cis-ternas de somente 50 mil litros) para ações emergenciais, tais como recuperação e/ou perfuração de poços profundos e aquisição de adutoras de engate rápido, para atender às sedes municipais em situação de colapso no abastecimento.

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Dos R$ 785 milhões para obras hídricas no Estado do Ceará anunciados pela presidenta Dilma, em 2 de abril de 2013, na reunião do Conselho Deliberativo da Sudene, R$ 498 milhões enquadram-se no Regime Diferenciado de Contratação – RDC. Do valor total de R$ 785 milhões, só foram aprovados e liberados, até o presente momento, R$ 200 milhões. Em 17 de junho de 2013, foi anunciada pela Cagece a aprovação de outros R$ 120 milhões para obras de adução, ampliação ou implantação de rede de abastecimento de água no Estado do Ceará. Os recursos são provenientes da Funasa, do Ministério das Cidades e do Ministério da Integração Nacional, no valor de R$ 120.531.784,09 como parte do PAC Estiagem.

Os recursos serão aplicados nos municípios de Tauá, Caucaia, Russas, Juazeiro do Norte, Quixadá, Itapipoca, Aracati, Sobral, Hidrolândia, Campos Sales, Umirim, Tabuleiro do Norte, Quiterianópolis, Ibaretama, Pedra Branca, Morada Nova, Itaiçaba e Jaguaribara. Obras de implantação como a das Estações de Tratamento de Água (ETAs) de Quixadá e Itapipoca serão realizadas. Sistemas de abastecimento de água serão implantados em Ibaretama, Pedra Branca, Tabuleiro do Norte, Russas, Itaiçaba, Jaguaribara e Morada Nova. Já em Hidrolândia, é recuperada a adutora de água bruta. São ampliados, ainda, os sistemas de água de algumas localidades de Caucaia, Jua-zeiro do Norte, Aracati, Sobral e Morada Nova. A comissão identificou como urgente e emergencial a construção da adutora do distrito de Campos Belos, no município de Caridade. Essa seria a solução definitiva para a captação d`água do açude Pereira de Miranda, em Pentecoste.

A demora no repasse desses recursos explica-se pelo fato de que a verba pro-vém do PAC, que não é um programa emergencial. Propõe-se, diante da situação de calamidade do Estado do Ceará com a prolongação da seca, que os referidos recursos sejam incorporados ao PAC-Estiagem, visando a agilizar o processo de liberação dos recursos e que sejam garantidos instrumentos de contração (dispensa de licitação, leilão reverso) que garantem a celeridade dos processos administrativos.

Liberação, através da parceria entre o governo do Estado e do Ministério da In-tegração Nacional de recursos no valor de R$ 100 milhões para garantir a aquisição imediata de 500km de tubos de aço corten (chamadas de adutoras de montagem rápida) necessários ao atendimento das 35 sedes municipais em situação de colapso, ou de risco de colapso antes do final deste ano de 2013. Segundo o deputado Roberto Mesquita, vice-presidente desta Comissão, os recursos que seriam aplicados em cis-ternas de enxurradas dariam para instalar adutoras, sistema mais eficiente. Segundo o deputado Welington Landim, esse sistema sai 80% mais barato do que o tradicional.

No que se refere às ações estruturantes de armazenamento de recursos hí-

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dricos, é urgente agilizar a execução do Eixo Norte do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco, como, também, concluir os projetos do Eixão das Águas e do Cinturão das Águas. No tocante à execução do Projeto de Transposição, esta Comissão Especial lembra que se trata de uma luta de 195 anos. As obras daquele projeto que seria a redenção hídrica do Nordeste estão muito atrasadas. Lembra-se, ainda, que a Transposição de Águas vai beneficiar 12 milhões de nordestinos de 390 municípios; que o Nordeste possui 28% da população brasileira e apenas 3% tem disponibilidade de água e que, no Ceará, o projeto vai favorecer, diretamente, as re-giões do Cariri, Vale do Salgado, Vale do Jaguaribe e a Grande Fortaleza.

O município de Mauriti está incluído na chamada Meta 3N do projeto, no Eixo Norte da Transposição. É nesta Meta, que percorre 81 quilômetros, onde se encontra a maior parte das obras no Estado do Ceará. Esse trecho teve nova ordem de serviço emitida em setembro de 2013, após a declarada falência da Construtora Delta.

As obras da Transposição, que é o maior projeto de infraestrutura hídrica do país, foram iniciadas há cinco anos. O orçamento inicial, em 2007, era de R$ 4,5 bilhões, e hoje alcança R$ 8,2 bilhões, valor que deverá ser alterado com a conclusão das contratações dos saldos remanescentes de obras.

Inicialmente, previa-se que, ainda em 2012, o empreendimento já estivesse concluído. Em fevereiro passado, ao realizar visita no Eixo Norte, o então ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, afirmou que a inauguração prevista agora é para 2015. A Transposição está com 49% das obras concluídas e com 113 frentes de serviço em andamento, sete mil trabalhadores e duas mil máquinas, um acrésci-mo de 32,5% sobre o número do ano passado. A previsão é de que até o primeiro trimestre de 2014 mais mil trabalhadores devem integrar as atividades no empreen-dimento. O governo federal garante que está investindo R$ 32 bilhões em barragens adutoras e açudes no Nordeste.

A água chegará no reservatório em Jati, a 575 quilômetros de Fortaleza, onde se encontra o trecho mais atrasado da transposição, a Meta 2N, que percorre 150 quilômetros de Cabrobó, em Pernambuco, passando ainda por Salgueiro (PE), Brejo Santo e Penaforte, ambos no Ceará. No mês de fevereiro, estava com 10,7% conclu-ídos; agora, são 19% totalizados. O último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2) aponta que o Eixo Norte apresenta 45% de conclusão e o Eixo Leste 55%. Atualmente, são 5,3 mil trabalhadores empregados,

O governo federal, através do Ministério da Integração Nacional, precisa, ur-gentemente, agilizar e concluir esta obra para que se junte ao Projeto Cinturão das Águas do Ceará, desenvolvido pelo governo do Estado. A partir daí, o Ceará marcha

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para ter abastecimento em 95% do seu território em 2014, contanto, que cheguem as águas trazidas do rio São Francisco.

Em relação à implantação do Cinturão das Águas, é importante acrescentar que a ordem de serviço para a tomada das obras foi assinada pelo governador Cid Ferreira Gomes, no último dia 18 de outubro, na região do Cariri. O governador anunciou, naquele dia, que pretende concluir a obra em 360 dias, haja vista que o Estado está com o dinheiro em caixa e com a licença ambiental já liberada. A previsão inicial de entrega da obra é de 720 dias, mas segundo o governador, a ideia é de que a obra tenha várias frentes de trabalho para executar o serviço em tempo recorde.

Um sistema adutor, distribuído por cerca de 1.300km, está destinado a dar água, inicialmente, a um milhão de pessoas somente na região sul do Estado. As vazões captadas em Jati alcançarão Jamacaru e de lá as bacias de rios como o Sal-gado, Jaguaribe, Banabuiú, Curu, Acaraú e Coreaú, pelo processo de interligação. A primeira etapa está orçada em R$ 1,6 bilhão, sendo um R$ 1 bilhão provenientes do PAC II e os R$ 600 milhões restantes do Tesouro do Estado do Ceará.

Ainda em relação às ações estruturantes de armazenamento de água, a Comissão Especial da Seca recomenda que sejam implementadas as adutoras previstas no Atlas de Águas do Nordeste, conforme estudo da Agência Nacional de Águas - ANA, dando prioridade àqueles considerados emergenciais, definidos em consulta à sociedade civil.

Pensando na potencialização de projetos de irrigação para o Estado do Ceará, esta Comissão Especial apresenta, ainda, as seguintes propostas, voltadas para dar suporte a projetos de produção irrigada:

• liberação dos canais públicos (Trabalhador e Eixão das Águas) para produ-ção de alimentos e de forragens, mediante irrigação;

• perenização dos rios que cortam o canal entre o açude Orós e Feiticeiro (Jaguaribe);

• perenização do rio Coreaú entre os açudes Angicos e Gangorra;• subvenção à energia elétrica rural para irrigação durante os períodos de

estiagem;• ampliação dos projetos de piscicultura intensiva nos espelhos d´água cearenses;• a duplicação do número de famílias atendidas pelo Programa Hora Verde.

Hoje são sete mil beneficiadas.

Em relação ao milho, a Medida Provisória autoriza a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a doar o alimento, em 2013, aos governos estaduais que

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tenham municípios localizados na área da Sudene e que estejam em situação de emergência ou estado de calamidade pública. As 30 mil toneladas que chegaram de navio no porto do Pecém, no dia 08 de junho, já se enquadram nesta medida.

Mesmo com o anúncio recente do governo federal em relação às novas medi-das de renegociação de dívidas dos produtores rurais, esta Comissão Especial enten-de que se precisa, ainda, conseguir a aprovação das seguintes propostas, voltadas aos pequenos e médios produtores rurais:

• suspensão de pagamentos dos financiamentos rurais, contraídos até de-zembro de 2012, incluindo encargos financeiros, congelando-os até 2016;

• remissão das operações de crédito rural financiadas para mini, pequenos e médios produtores rurais, cujo valor financiado seja de até cem mil reais, in-clusive, as inscritas no Plano Especial de Saneamento de Ativos – PESA, na Dívida Ativa da União – DAU e no então Banco do Estado do Ceará – BEC;

• reclassificação dos municípios na área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – Sudene, eliminando a dicotomia dentro ou fora do semiárido, através da Política Nacional de Desenvolvimento Regional;

• redução da dívida dos médios produtores rurais do semiárido nos mesmos moldes feitos com os Pronafianos;

• abertura de uma linha de crédito especial para os agropecuaristas, a partir de dezembro de 2013, como forma de recuperar o rebanho que morreu ou que foi vendido, a preço muito baixo, para outros estados da federação;

• autorização de renegociação das dívidas das agroindústrias;• isenção dos encargos fiscais incidentes sobre a comercialização de ração animal.

A deputada Fernanda Pessoa sugeriu que metade do que é apurado pelo Es-tado do Ceará na venda do milho fosse repassado para a construção de açudes de Boqueirão, como é sugerido por esta Comissão Especial. E que o milho seja desem-barcado no Porto do Mucuripe (tem mais estrutura) ao invés do Porto do Pecém.

Em relação ao programa de seguro agrícola Garantia Safra, sugere-se que o governo federal subsidie a elevação do valor da parcela mensal (cota) de R$ 155 para R$ 300 reais, assim como o reajuste de R$ 80 para R$ 175 do valor do Bolsa Estiagem. Segundo levantamento da própria Fetraece, o custo mensal será elevado de R$ 85 milhões para R$ 170 milhões para o Garantia-Safra e de R$ 87,7 milhões para R$ 175,4 milhões para o Programa Bolsa Estiagem. Sugere-se, ainda, que o valor suplementar da parcela dos programas Garantia-Safra e Bolsa Estiagem seja

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suplementado, exclusivamente, através de dotação orçamentária pelo governo fede-ral. Finalmente, sugere-se a negociação junto ao governo federal para ampliação do Pronaf, de R$ 12 para R$ 18 mil, e do Fundo de Financiamento do Nordeste (FNE), de R$ 100 para R$ 150 mil.

4.5 Endividamento público municipal

Sugere-se a prorrogação do processo de suspensão provisória do pagamento dos débitos previdenciários (INSS), enquanto o município continuar em situação de emer-gência decorrente da estiagem, para que o valor das parcelas seja investido em atividades e ações em benefício direto da população afetada pela seca ou estiagem prolongada.

Garantir uma compensação financeira aos municípios nordestinos em decorrên-cia da prorrogação do abatimento do IPI e seu impacto negativo no montante do va-lor repassado aos municípios, através do Fundo de Participação dos Municípios – FPM. Como proposta, sugere-se o repasse de uma cota extra do FPM aos municípios que se encontram em situação de emergência decorrente da estiagem, e que os recursos sejam aplicados em ações de combate à estiagem, tais como: recuperação; instalação e/ou perfuração de poços profundos; contratação de carros-pipa; aquisição de forragens para os rebanhos, com a devida prestação de contas. Da mesma forma seriam investidos os recursos das cotas do refinanciamento da dívida com o INSS, como foi a sugestão do deputado Welington Landim.

4.6 Instalação de rede elétrica

No interior do Estado do Ceará é crescente a demanda por projetos de abasteci-mento de água, como de irrigação, ou, ainda, de beneficiamento (agroindústria). Um dos entraves para instalação é o atraso na substituição de rede de energia elétrica monofásica para trifásica. Os produtores rurais reclamam da demora no atendimento às solicitações por parte da Companhia Energética do Ceará (Coelce). O Governo do Estado já solicitou da empresa prioridade para os sistemas de abastecimento humano na zona rural. Sugere-se, assim, a agilidade do processo.

Vários municípios cearenses atingidos pela seca reclamam que a Coelce está atra-palhando projetos de infraestrutura destinados ao combate dos efeitos da seca. Em Qui-terianópolis, onde a demanda de consumo local de água é de 90 mil litros/dia, apenas 30

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mil são captados pelo abastecimento, em parte feita por poços profundos, cuja capacidade é prejudicada pela falta de energia adequada. A fonte do problema é o cabeamento elétrico monofásico, que tem menor capacidade de distribuição de energia. Em muitos municípios, tais como Quiterianópolis, Ipueiras e Cascavel, foram feitos miniprojetos para a substitui-ção da rede elétrica, para instalação de cabeamento trifásico, em alguns há vários anos, mas os municípios reclamam que a Coelce não dá retorno. O Governo do Ceará tenta dotação orçamentária da União no valor de R$ 36 milhões para implantação de 1.000km de rede trifásica, em substituição à monofásica. O objetivo é atender áreas de projetos produtivos.

Os programas de implantação de rede de energia elétrica nas áreas rurais, Luz no Campo, e depois Luz para Todos, priorizaram a instalação de rede monofásica (MRT), por questão orçamentária e para atender um maior número de famílias. Decorridos alguns anos, por necessidade de empreender e para ampliar o abastecimento de água, a maioria do sistema elétrico atual não suporta a carga de demanda. O Programa São José III, com mais de 180 projetos de abastecimento, e o programa Água para Todos, com mais de 1.300 pla-nos para execução exigem urgência na melhoria da infraestrutura elétrica das áreas rurais.

Em decorrência dos problemas enfrentados pela Cagece, Cogerh e Cedec em relação à demora da Coelce em instalar a rede elétrica nas fontes de captação de água, suscitamos aumentar, tanto o prazo quanto os recursos do contrato chamado de “Contrato Emer-gencial de Instalações Elétricas” que a Cagece tem com uma construtora especializada em instalações elétricas.

Sugere-se diversificar os contratos de instalações elétricas do Governo do Estado com empresas privadas para não depender unicamente da Coelce, uma vez que ela re-conheceu, durante a reunião do dia 24 de abril, que não tem estoque de equipamentos (poste, cabos, transformador), nem mão de obra suficiente para atender uma demanda crescente como a do período atual de seca. Essa diversificação é ainda mais importante, quando levamos em consideração que, perante a regulamentação, a Coelce tem 30 dias para apresentar um projeto ao cliente (por exemplo, para instalação de um poço profundo) e outros 75 dias para executar tal projeto, somando 105 dias, ou seja, três meses e meio, o que não é compatível com uma situação de emergência como a seca.

Para agilizar, ou até reduzir o prazo de atendimento da Coelce às demandas de ins-talação de obras emergenciais (poços profundos), sugere-se a formação de uma comissão integrada por representes do Município, do Governo do Estado e do Ministério Público para planejar com a Coelce um cronograma de atendimento às obras emergenciais para que a Companhia possa prever, tanto a necessidade de equipamentos quanto de mão de obra suplementar. Esse planejamento permitirá, também, ao gestor municipal prever no seu orçamento o eventual custo de contrapartida para instalação da energia elétrica.

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5 Considerações finais

5.1 Cumprimento da Constituição do Estado do Ceará

A Comissão Especial da Seca da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, diante do contexto atual de seca prolongada e das dificuldades enfrentadas pela popu-lação cearense, gostaria, ainda, de lembrar ao Poder Executivo do Estado do Ceará suas obrigações legais no que se refere à implantação de ações permanentes de enfrenta-mento aos efeitos da seca, cumprindo aquilo que já consta na Constituição do Estado do Ceará, através da criação do Conselho Estadual de Ações Permanentes contra as Secas (art. 322); da elaboração de uma política especial para as áreas secas (art. 323); e da priorização das atividades produtivas no campo nos períodos de seca (art. 325).

Nesse sentido, esta Comissão lembra, a seguir, o conteúdo dos referidos ar-tigos da Constituição do Estado do Ceará, recomendando ao Poder Executivo que viabilize, imediatamente, a aplicação dos mesmos.

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CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁCapítulo XI - DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA

Art. 322 - Fica criado o Conselho Estadual de Ações Permanen-tes contra as Secas.§1º - O referido Conselho terá como objetivo compatibilizar as ações de órgãos federais, estaduais e municipais, tornando-as permanentes e evitando parale lismo de programas afins. §2º - O Conselho Estadual de Ações Permanentes contra as Secas será constitu ído por membros indicados pelas comunidades ru-rais, sindicatos de trabalhado res, defesa civil, Secretaria de Estado da Agricultura e Meio Ambiente, DNOCS, Sudene e órgãos afins, cujas normas serão definidas em lei complementar.

Art. 323 - O Estado deverá elaborar política especial para as áreas secas, con templando, dentre outras medidas, a aquisição de áreas para perfuração de po ços profundos, açudes, barragens, cisternas e outros pontos de água e projetos de produção com pequena irrigação.

Art. 325 - As áreas de vazantes dos açudes públicos estaduais deverão ser ce didas em comodato pelo Estado para plantio por parte dos trabalhadores rurais sem terra da região.*§1º - A gestão dos recursos hídricos deve privilegiar a produção de alimentos para consumo interno, especialmente de pequenos produtores familiares e as sentamentos rurais;*§2º - Os proprietários de terras contíguas aos espelhos d’água de açudes e canais hídricos construídos com participação do Es-tado, ou totalmente públicos, ficarão obrigados a estabelecer ser-vidões com a finalidade de coletivizar o uso da água.*Acrescido pela Emenda Constitucional nº 65, de 16 de setembro de 2009.

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5.2 Descentralização e desburocratização dos processos de execução e monitoramento das ações emergenciais

Apesar da implantação do Comitê Integrado de Combate à Seca – CICS -, que tem como principal objetivo coordenar, de forma organizada e articulada, as ações de atendimento emergencial e, também, planejar as ações preventivas e definitivas voltadas para obras hídricas estruturantes, o atendimento à população afetada pela seca sofreu e continua sofrendo com o atraso decorrente da desarticulação dos ór-gãos responsáveis do Estado.

Por exemplo, a Operação Carro-pipa, sob a responsabilidade da Coordena-doria Estadual de Defesa Civil – Cedec, ficou encarregada de atender 73 municípios do Estado, mas só atende a 52 municípios. A centralização do processo na Cedec e a contratação de uma única empresa privada para executar essa ação dificultam o atendimento emergencial requerido em tal situação.

Da mesma forma, na operação de recuperação e instalação de poços profun-dos, inúmeros casos testemunham a falta de coordenação e articulação dos órgãos do Estado. Em alguns municípios, onde a limpeza e o bombeamento dos referidos poços foram realizados e ainda não energizados e muitos nem instalados, geram frustrações e reclamações na população.

Essa situação foi denunciada pelo jornalista Édison Silva, na edição do Diário do Nordeste, de 28 de abril de 2013, no ensaio titulado “40 mil famílias sem leite e poços tapados” (Anexo 9). Édison disse que 1.254 poços profundos perfurados no Ceará foram tampados por falta de instalação elétrica e hidráulica. A denúncia foi confirmada por esta Comissão Especial. Sugerimos, ainda, um mutirão envolvendo governo do Estado do Ceará, prefeituras e órgãos executores.

Sobre o questionamento segundo o qual o Programa Leite Fome Zero não mais atende às famílias carentes do Ceará, como foi proposta pelo governo federal, o deputado Welington Landim sugere que ao invés de diminuir, como aconteceu, o Programa deveria atender, no Ceará, 85 mil pessoas. Hoje, nem as 40 mil previa-mente cadastradas são mais atendidas.

O deputado João Jaime, presidente da Comissão, ressaltou que em Tejuçuoca a co-munidade tem clamado por carros-pipas, mas que havia sido dito pelo representante do Exército durante as reuniões da Comissão, coronel Rangel, que todos os municípios es-tavam sendo atendidos. A denúncia, segundo João Jaime, é a de que há carros-pipas dis-poníveis para aumentar a oferta de água, no entanto, não são contratados pelo Exército.

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O deputado Roberto Mesquita chamou a atenção para um detalhe: o Detran exige que os carros-pipa sejam registrados como “pipa”, o que não acontece em muitos casos. Ele pede a compreensão dos dirigentes estaduais de trânsito para fa-cilitarem a distribuição da água neste momento de dificuldade. Já a deputada Mirian Sobreira denunciou que há empresas que não estão pagando em dia os proprietários de carros-pipa, o que, também, é um grande problema.

Com o agravamento da seca, o problema ganhou maior dimensão e os confli-tos pelo acesso à água foram deflagrados, como no sertão de Crateús, onde houve disputa pela água do açude Flor do Campo, em Novo Oriente. As águas do açude Flor do Campo abastecem, através de carros-pipa, localidades de Crateús, Quite-rianópolis, Tauá e Independência. Dos quatro municípios, incluindo Novo Oriente, Quiterianópolis entrou em colapso, em maio de 2012, e desde então vem sendo abastecido, totalmente, pelo açude Flor do Campo. Algumas localidades das zonas rurais de Tauá e Independência, também, estão recebendo água do Flor do Campo, mas em menor quantidade. Para evitar o colapso, o governo do Estado decidiu pela transferência de águas do Flor do Campo para o Carnaubal com a instalação de uma Adutora de Montagem Rápida – AMR.

5.3 Fortalecimento da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil – Cedec e Estruturação das Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil – Compdec

Propõe-se descentralizar a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil – Cedec, criando e/ou reestruturando as coordenadorias regionais/territoriais, dotando as mesmas das competências técnicas hoje deficientes no Ceará (geólogo e hidrólogo) e de um parque mínimo de equipamentos de atendimento emergencial (carro-pipa, perfuratriz de poço profundo, estação móvel de tratamento de água...).

Sugere-se, ainda, criar e/ou reestruturar as Coordenadorias Municipais de Pro-teção e Defesa Civil – Compdec - para garantir uma maior integração Sedec (Federal) – Cedec (Estadual) - e município para a execução das ações emergenciais, assim como para facilitar a descentralização das ações e o repasse dos recursos federais, diretamente, para o município, através do Cartão de Pagamento da Defesa Civil.

É importante que, em parceria com a Compdec, mantenha-se em dia a docu-mentação legal referente à decretação de situação de emergência e sua prorrogação,

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assim como a elaboração da documentação exigida para garantir a execução dos programas emergenciais (Plano de Trabalho da Operação Carro-Pipa, diagnóstico dos poços profundos).

5.4 Programa de Educação do Campo e formação profissionalizante para a convivência com o Semiárido

É imprescindível adequar-se à grade curricular das escolas profissionalizantes do Estado do Ceará para que as mesmas passem a oferecer disciplinas voltadas à re-alidade do semiárido nordestino, como, por exemplo: manejo sustentável da Caatin-ga; implantação e manejo de essências florestais de interesse econômico e ambien-tal; implantação de viveiros com essências florestais para recomposição das reservas ambientais e reflorestamento; cultivo de palma forrageira; técnicas para formação de reserva estratégica de alimentos (feno, silagem); técnicas para a cultura de mandioca adensada; uso de produtos alternativos na alimentação animal (caju/pedúnculo, parte aérea da mandioca, restolhos de culturas); manejo conservacionista do solo; transição agroecológica e sistemas produtivos integrados (agrofloresta, agrossilvopastoril).

Adotar a metodologia e o conteúdo programático da educação do campo para todas as escolas rurais, evitando a nucleação, que tem gerado efeitos negativos na vida e educação de crianças, adolescentes e jovens, além de subsidiar experiências de educação do campo, com base na pedagogia da alternância aplicada pela Escola Família Agrícola e atuar com celeridade, na criação de novas unidades no Estado.

5.5 Mudança de padrão tecnológico voltado para a melhoria da qualidade da água distribuída e da eficiência dos sistemas de abastecimento e de irrigação

Esta Comissão Especial recomenda ao governo do Estado do Ceará que, atra-vés da Secretaria das Cidades e Cagece, sejam realizados os investimentos necessá-rios, voltados para tecnologias de redução de desperdícios e de reúso de água, para promover a mudança do padrão tecnológico, visando a melhorar a eficiência hídrica, tanto dos sistemas de abastecimento humano como os de irrigação. A Cagece ainda

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desperdiça 25% da água na sua rede de distribuição, entre a ETA e a torneira do con-sumidor final. Da mesma forma, a maioria da área irrigada do Estado ainda está com a tecnologia ultrapassada e pouco eficiente, gerando desperdício de água (irrigação por inundação, por aspersão com pivô...). Também propomos o desenvolvimento de tecnologias de redução de perdas de água e de reuso de águas cinzas em sistemas de abastecimento e irrigação.

Na reunião realizada no dia 25 de setembro, o diretor-presidente da Cagece, André Faco, anunciou a assinatura de um contrato de cooperação técnica com a Companhia Nacional de Água de Israel, a Mekorot, voltado, entre outros assuntos, para o reúso de água e esgoto para irrigação. Já existe um projeto piloto para o reúso de água e aproveitamento de resíduos gerados no esgoto em andamento em Caucaia e Aquiraz. Na primeira cidade, os canteiros já são aguados com água tratada de es-goto, enquanto a segunda conta com a água oriunda da rede de esgoto para a cria-ção de peixes. Já em Jaguaribara, Iracema e Catarina a produção de frutas irrigadas pela mesma água conta com recursos de R$ 1,5 milhão, captados junto à Agência Nacional de Águas – ANA.

5.6 Mobilização em prol de uma Política Regional de Convivência com a Seca

Os problemas de seca prolongada registrados no semiárido brasileiro devem agravar-se ainda mais nos próximos anos por causa das mudanças climáticas globais. Por isso, é urgente a execução de ações de adaptação e mitigação desses impactos e repensar os tipos de atividades econômicas que podem ser desenvolvidas na região.

De acordo com dados do Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres), só nos últimos dois anos foram registrados 1.466 alertas de municí-pios no semiárido, que entraram em estado de emergência ou de calamidade pública em razão de seca e estiagem. Esses são os desastres naturais mais recorrentes no Brasil, segundo o órgão.

O primeiro Relatório de Avaliação Nacional do PBMC (Painel Brasileiro de Mudan-ças Climáticas) estima que esses eventos extremos aumentem principalmente nos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga, e que as mudanças devem se acentuar a partir da metade e até o fim do século XXI. Dessa forma, o semiárido sofrerá ainda mais no futuro com o problema da escassez de água que enfrenta hoje, como alertaram os pesquisadores.

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Um estudo da ANA, com base em dados de vazão de bacias hidrológicas da região, apontou que a duração média dos períodos de seca no semiárido é de 4,5 anos. Estados como o Ceará, no entanto, já enfrentaram secas com duração de quase nove anos, seguidos por longos períodos nos quais choveu abaixo da média estimada.

A Comissão Especial da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, por ideia deste relator, propõe um grande movimento regional envolvendo as demais casas legislativas dos estados do semiárido. Inicialmente, sugerimos que a Assembleia Legislativa do Ceará realize uma sessão especial para apresentação deste relatório, no Plenário 13 de Maio, com a presença de representantes dos órgãos envolvidos no combate aos efeitos da seca no Ceará e das demais casas legislativas dos estados inseridos no semiárido nordestino. Para essa audiência, propomos a elaboração de uma Carta de Fortaleza, com o objetivo de sensibilizar os demais parlamentos a re-plicarem a iniciativa de vanguarda dos deputados cearenses e, assim, cobram-se dos poderes executivos federal e estaduais políticas públicas eficientes e de longo prazo para a convivência com a seca.

Há, ainda, a necessidade de envolvermos neste momento de mobilização em prol de uma Política Regional de Convivência com a Seca as lideranças políticas, empresariais, eclesiásticas, comunitárias e entidades de classe do Nordeste para, juntos, formamos uma frente de combate aos efeitos da seca.

Defendemos, durante as reuniões realizadas pela Comissão Especial, que não adiantam medidas paliativas. Temos que resolver, efetivamente, o problema do povo e, pelo visto, não há nenhuma ação imediata que resolva. Tudo é para longo prazo. De acordo com o que foi constatado, há uma grande preocupação com um possível colapso de abastecimento de água em alguns municípios do interior do Ceará. In-teressam, urgentemente, medidas que amenizem o sofrimento de quem mora nas regiões afetadas pela estiagem.

É preciso, ainda, haver uma coordenação de atividades entre os órgãos estadu-ais responsáveis, diretamente, pelo combate aos efeitos da seca para que não surjam “gargalos” que prejudiquem o atendimento imediato aos municípios necessitados. Durante as reuniões desta Comissão, houve denúncias de que, em alguns muni-cípios, existem poços para a retirada da água, a água é boa, mas falta a instalação elétrica pela Coelce, o que é inadmissível.

Durante a reunião de apresentação do relatório parcial desta Comissão, reali-zada no dia 3 de julho de 2013, no Complexo das Comissões Técnicas da Assem-bleia Legislativa, a deputada Fernanda Pessoa, membro da Comissão, sugeriu que a taxa cartorial do empréstimo rural seja única e de valor simbólico.

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Ainda não se sabe se, em 2014, o inverno será novamente irregular, ou seja, abaixo da média, daí nossa responsabilidade em acompanhar, para que as ações se-jam colocadas em prática, imediatamente, e evite mais uma catástrofe na pecuária e na agricultura, com reflexos no homem de classe média e na economia.

Pelo exposto, concluímos que a criação e os trabalhos desenvolvidos pela Co-missão Especial para Acompanhar a Problemática da Estiagem e as Perspectivas de Chuvas no Estado do Ceará, em 2013, estão em plena consonância com o artigo 55 da Constituição do Estado do Ceará e com o artigo 49 do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, não padecendo, portanto, de nenhum vício de inconstitucionalidade.

São essas as análises, considerações e encaminhamentos para o momento.

Fortaleza, 17 de dezembro de 2013.

___________________________Deputado Welington LandimRelator da Comissão Especial

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Referências bibliográficas

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Cogerh. Volume armazenado dos reservatórios. [S.l], 2013. Disponível em: http://www.hidro.ce.gov.br/. Acesso em: 09/11/2013

DNOCS. Monitoramento dos reservatórios. [S.l], 2013. Disponível em http://www.DNOCS.gov.br/~DNOCS/php/comunicacao/monitoramento_de_reservato-rios.php. Acesso em:

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Funceme. Estação chuvosa de 2012 no Ceará é marcada pela irregularidade. Documento disponível em: http://www.Funceme.br/index.php/listanoticias/252-es-tacao-chuvosa-de-2012-no-ceara-e-marcada-pela-irregularidade. Acesso em:

Funceme. Fevereiro, março e abril: chuvas ficam 46,4% abaixo da normal. [S.l], 2013. Documento disponível em: http://www.Funceme.br/index.php/listanoticias/300-fevereiro-marco-e-abril-chuvas-ficam-464-abaixo-da-normal.

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ANEXOS

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Anexo 1 – Resumo das Quadras Chuvosas do Estado do Ceará de 2009 até 2013.

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Anexo 2 – Quadro Resumo da Produção Agrícola de Sequeiro no Estado do Ceará em 2013.

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Anexo 3 – Projeto de Aquisição de ETA móveis para garantir a Potabilidade da Água distribuída pela Operação Carro-Pipa.

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Anexo 3 – Projeto de Aquisição de ETA móveis para garantir a Potabilidade da Água distribuída pela Operação Carro-Pipa (continuação).

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Anexo 3 – Projeto de Aquisição de ETA móveis para garantir a Potabilidade da Água distribuída pela Operação Carro-Pipa (continuação).

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Anexo 4 – Volume de Água Bruta armazenada nos principais Açudes do Estado do Ceará.

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Anexo 5 – Principais Ações (em negociação) da Secretaria do Desenvolvimento Agrário–SDA para a Convivência com a Seca.

Fonte: SDA, 18 de abril de 2013.

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Anexo 5 – Principais Ações (em negociação) da Secretaria do Desenvolvimento Agrário–SDA para a Convivência com a Seca (continuação).

Fonte: SDA, 18 de abril de 2013.

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85QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 5 – Principais Ações (em negociação) da Secretaria do Desenvolvimento Agrário–SDA para a Convivência com a Seca (continuação).

Fonte: SDA, 18 de abril de 2013.

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Anexo 5 – Principais Ações (em negociação) da Secretaria do Desenvolvimento Agrário–SDA para a Convivência com a Seca (continuação).

Fonte: SDA, 18 de abril de 2013.

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Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará.

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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88 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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89QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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90 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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91QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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92 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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93QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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94 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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95QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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96 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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97QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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98 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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99QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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100 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

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Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

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106 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

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107QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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108 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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109QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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110 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 6 – Situação de Abastecimento das Sedes Municipais do Estado do Ceará (continuação).

Fonte: GT Interinstitucional Cogerh/Sohidra/ Cagece, 08 de novembro de 2013.

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111QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 7 – Sistemas Adutores provisórios emergenciais no Estado do Ceará.

TABE

LA 1

– A

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43Ca

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25.8

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86Co

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L

98.0

04

3.47

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09.0

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.287

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112 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 7 – Sistemas Adutores provisórios emergenciais no Estado do Ceará (continuação).

TABE

LA 2

– A

DU

TORA

S EM

ERG

ENCI

AIS

SO

LICI

TADA

S A

O M

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O D

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113QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 7 – Sistemas Adutores provisórios emergenciais no Estado do Ceará (continuação).

AMR de 300 mm – município de Crateús

AMR de 200 mm – município de Beberibe

Fonte: Cogerh, 08 de novembro de 2013

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114 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 8 – Instrumentos Legais para Regularização das Dívidas Rurais.

Fonte: Banco do Nordeste do Brasil.

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115QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 8 – Instrumentos Legais para Regularização das Dívidas Rurais (continuação).

Fonte: Banco do Nordeste do Brasil.

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116 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 8 – Instrumentos Legais para Regularização das Dívidas Rurais (continuação).

Fonte: Banco do Nordeste do Brasil.

Page 117: QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! - Página Principal · de quadra chuvosa ficar abaixo da média, em 2013, era de 45% contra 35% de per- manecer dentro da média e de, apenas, 20% de

117QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 8 – Instrumentos Legais para Regularização das Dívidas Rurais (continuação).

Fonte: Banco do Nordeste do Brasil.

Page 118: QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! - Página Principal · de quadra chuvosa ficar abaixo da média, em 2013, era de 45% contra 35% de per- manecer dentro da média e de, apenas, 20% de

118 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 8 – Instrumentos Legais para Regularização das Dívidas Rurais (continuação).

Fonte: Banco do Nordeste do Brasil.

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119QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 9 – Matérias sobre a seca no Estado do Ceará veiculadas pela imprensa local

Fonte: Sítio do jornal Diário do Nordeste, 6 de junho de 2013.

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120 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 9 – Matérias sobre a seca no Estado do Ceará veiculadas pela imprensa local (continuação).

Fonte: Sítio do jornal Diário do Nordeste, 6 de junho de 2013.

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121QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 9 – Matérias sobre a seca no Estado do Ceará veiculadas pela imprensa local (continuação).

Fonte: Sítio do jornal Diário do Nordeste, 6 de junho de 2013.

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122 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 9 – Matérias sobre a seca no Estado do Ceará veiculadas pela imprensa local (continuação).

Fonte: Sítio do jornal O Povo, 11 de março de 2013.

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123QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 9 – Matérias sobre a seca no Estado do Ceará veiculadas pela imprensa local (continuação).

Fonte: Sítio do jornal O Povo, 26 de julho de 2013.

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124 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 9 – Matérias sobre a seca no Estado do Ceará veiculadas pela imprensa local (continuação).

Fonte: Sítio do jornal O Povo, 03 de setembro de 2013.

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125QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 9 – Matérias sobre a seca no Estado do Ceará veiculadas pela imprensa local (continuação).

Fonte: Sítio do jornal O Povo, 12 de agosto de 2013.

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126 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 9 – Matérias sobre a seca no Estado do Ceará veiculadas pela imprensa local (continuação).

Fonte: Sítio do jornal O Povo, 14 de agosto de 2013.

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127QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 9 – Matérias sobre a seca no Estado do Ceará veiculadas pela imprensa local (continuação).

Fonte: Sítio do jornal O Povo, 13 de agosto de 2013.

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128 QUE VENHAM AS PROVIDÊNCIAS! Relatório Final de Atividades

Anexo 9 – Matérias sobre a seca no Estado do Ceará veiculadas pela imprensa local (continuação).

Fonte: Sítio do jornal Diário do Nordeste, 14 de novembro de 2013.

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Esta publicação foi composta com a família tipográfica GoudySans 8/16 e impressa na gráfica do INESP.