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Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Director Fernando de Sousa Director-adjunto JosØ Manuel Viegas N”1100 15 MAR˙O 2001 SEMANAL 100$ - 0,5 Quem disse ? Governo PS em Movimento «Assalariados pagam 30 vezes mais IRS do que empresÆrios» Título de «O Pœblico» 9 de Março de 2000 Guterres reeleito em Abril Congresso adiado para Maio O Partido Socialista formalizou, no passado dia 13, a decisªo de adiar o XII Congresso Nacional para os dias 4, 5 e 6 de Maio, realizando- se a eleiçªo dos delegados e do secretÆrio-geral António Guterres entre 20 e 22 de Abril. Em conferŒncia de Imprensa, o presidente da Comissªo Organizadora do Congresso (COC), Fausto Correia, justificou o adiamento da reuniªo magna dos socialistas com a tragØdia ocorrida em Entre-os-Rios e as posteriores dificuldades em resgatar as vítimas. «A tragØdia causou um ambiente de luto e de pesar entre os portugueses que condiciona tambØm a necessÆria discussªo política democrÆtica e plural a fazer antes das eleiçıes do secretÆrio- geral e dos delegados», acrescentou. De acordo com Fausto Correia, o plenÆrio da COC tomou por unanimidade a decisªo de adiar o congresso. Antes da COC tomar a decisªo foram ouvidos o secretÆrio-geral, António Guterres, o presidente do Partido, Almeida Santos, e os dois subscritores de moçıes globais alternativas às do líder socialista, Henrique Neto e António Brotas. Neste contexto, tendo presente que a eleiçªo dos Delegados, a eleiçªo do SecretÆrio-Geral, e a realizaçªo do Congresso Nacional sªo momentos de trabalho, de mobilizaçªo e de festa da família socialista; a Comissªo Orga- nizadora do XII Congresso Nacional deliberou adiar a eleiçªo dos Delegados e do SecretÆrio- Geral e agendar o Congresso Nacional para os dias 4, 5 e 6 de Maio de 2001, no Pavilhªo Atlântico, em Lisboa, de acordo com o seguinte calendÆrio: 20, 21 e 22 de Abril Eleiçªo dos Delegados e do secretÆrio-Geral. 28 de Abril Eventual repetiçªo de actos eleitorais. AtØ 4 Maio Publicaçªo da lista completa de delegados ao Congresso. 4, 5 e 6 de Maio - XII CONGRESSO NACIONAL . Jorge Sampaio iniciou no dia 9 o seu segundo mandato como Presidente da Repœblica, numa cerimónia discreta de tomada de posse na Assembleia da Repœblica, onde fez um discurso em que elencou desafios e prometeu uma acçªo ainda mais próxima dos portugueses, dos seus problemas e das suas expectativas, salientando que mantØm intacto e actualizado o sonho da sua juventude num mundo de maior dignidade para todos os seres humanos e num Portugal mais solidÆrio, com menos discriminaçıes. TragØdia do Douro Estado indemniza familiares das vítimas O Executivo socialista estÆ solidÆrio com as famílias afectadas pelo trÆgico sinistro que vitimou, recentemente, 70 pessoas. Reunido na passada quinta-feira, dia 8, em Lisboa, o Conselho de Ministros exprimiu as suas sentidas condolŒncias aos familiares das vítimas da queda da ponte sobre o rio Douro, tomando conhecimento da evoluçªo das acçıes de resgate em curso e aprovando medidas legislativas que pretendem agilizar e desburocratizar a resoluçªo da dramÆtica situaçªo que resultou no drama vivido em Entre-os-Rios e Castelo de Paiva. Ferro Rodrigues defende em entrevista Candidatura de Guterres às presidenciais de 2005 Ferro Rodrigues, recØm- empossado ministro do Equipamento Social, defende a candidatura de António Guterres nas presidenciais de 2005, numa entrevista publicada, no dia 11, no «Pœblico».

Quem disse · 2018. 2. 26. · Geral e agendar o Congresso Nacional para os dias 4, 5 e 6 de Maio de 2001, no Pavilhªo Atlântico, em Lisboa, de acordo com o seguinte calendÆrio:

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Page 1: Quem disse · 2018. 2. 26. · Geral e agendar o Congresso Nacional para os dias 4, 5 e 6 de Maio de 2001, no Pavilhªo Atlântico, em Lisboa, de acordo com o seguinte calendÆrio:

Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Fernando de Sousa � Director-adjunto José Manuel Viegas

Nº1100 � 15 MARÇO 2001 � SEMANAL � 100$ - 0,5

Quem disse ?

Governo PS em Movimento

«Assalariadospagam 30 vezesmais IRSdo que empresários»

Título de «O Público»9 de Março de 2000

Guterresreeleito em Abril

Congressoadiadopara MaioO Partido Socialista formalizou, nopassado dia 13, a decisão de adiaro XII Congresso Nacional para osdias 4, 5 e 6 de Maio, realizando-se a eleição dos delegados e dosecretário-geral António Guterresentre 20 e 22 de Abril.Em conferência de Imprensa, opresidente da ComissãoOrganizadora do Congresso(COC), Fausto Correia, justificou oadiamento da reunião magna dossocialistas com a tragédia ocorridaem Entre-os-Rios e as posterioresdificuldades em resgatar as vítimas.«A tragédia causou um ambientede luto e de pesar entre osportugueses que condicionatambém a necessária discussãopolítica democrática e plural a fazerantes das eleições do secretário-geral e dos delegados»,acrescentou.De acordo com Fausto Correia, oplenário da COC tomou porunanimidade a decisão de adiar ocongresso.Antes da COC tomar a decisãoforam ouvidos o secretário-geral,António Guterres, o presidente doPartido, Almeida Santos, e os doissubscritores de moções globaisalternativas às do líder socialista,Henrique Neto e António Brotas.Neste contexto, tendo presenteque a eleição dos Delegados, aeleição do Secretário-Geral, e arealização do Congresso Nacionalsão momentos de trabalho, demobilização e de festa da famíliasocialista; a Comissão Orga-nizadora do XII CongressoNacional deliberou adiar a eleiçãodos Delegados e do Secretário-Geral e agendar o CongressoNacional para os dias 4, 5 e 6 deMaio de 2001, no PavilhãoAtlântico, em Lisboa, de acordocom o seguinte calendário:20, 21 e 22 de Abril � Eleição dosDelegados e do secretário-Geral.28 de Abril � Eventual repetição deactos eleitorais.Até 4 Maio � Publicação da listacompleta de delegados aoCongresso.4, 5 e 6 de Maio - XII CONGRESSONACIONAL .

Jorge Sampaio iniciou nodia 9 o seu segundomandato como Presidenteda República, numacerimónia discreta detomada de posse naAssembleia da República,onde fez um discurso emque elencou desafios eprometeu uma acção aindamais próxima dosportugueses, dos seusproblemas e das suasexpectativas, salientandoque mantém intacto eactualizado o sonho dasua juventude num mundode maior dignidade paratodos os seres humanose num Portugal maissolidário, com menosdiscriminações.

Tragédia do Douro

Estado indemnizafamiliares das vítimas

O Executivo socialista está solidário com as famílias afectadas pelotrágico sinistro que vitimou, recentemente, 70 pessoas. Reunido na

passada quinta-feira, dia 8, em Lisboa, o Conselho de Ministrosexprimiu as suas sentidas condolências aos familiares das vítimas da

queda da ponte sobre o rio Douro, tomando conhecimento daevolução das acções de resgate em curso e aprovando medidas

legislativas que pretendem agilizar e desburocratizar a resolução dadramática situação que resultou no drama vivido em Entre-os-Rios e

Castelo de Paiva.

Ferro Rodrigues defende em entrevista

Candidatura de Guterresàs presidenciais de 2005

Ferro Rodrigues, recém-empossado ministro doEquipamento Social,defende a candidatura deAntónio Guterres naspresidenciais de 2005,numa entrevistapublicada, no dia 11, no«Público».

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ACÇÃO SOCIALISTA 2 15 MARÇO 2001

A SEMANA

SEMANA

MEMÓRIAS ACÇÃO SOCIALISTA EM 1983

EDITORIAL A Direcção

Executivo socialistaSampaio empossa novos governantes

O Presidente da República, Jorge Sampaio,empossou, no dia 10, os novos ministros doEquipamento Social e do Trabalho eSolidariedade, numa cerimónia realizada noPalácio de Belém e que durou cerca de umahora.Jorge Sampaio, que depois de saudar osnovos governantes foi abraçar o ex-ministrodo Equipamento Social Jorge Coelho,investiu também oito secretários de Estadonaquele que foi o primeiro acto oficial do seusegundo mandato presidencial.Também o primeiro-ministro, AntónioGuterres, teve o mesmo gesto, atravessandoa sala onde decorreu a cerimónia paraabraçar o camarada Jorge Coelho, que sedemitiu domingo do cargo ministerial, horasdepois da tragédia em Castelo de Paiva.Teresa Moura, secretária de Estado dosAssuntos Europeus, José Manuel Simões deAlmeida e António Dornelas, secretários deEstado da Segurança Social e do Trabalho,respectivamente, são as três caras novas doExecutivo.

Rui Cunha e Vieira da Silva, secretários deEstado adjunto e dos Transportes e dasObras Públicas, respectivamente, LeonorCoutinho e José Junqueiro, secretários deEstado da Habitação e da AdministraçãoPortuária, Fausto Correia, secretário deEstado adjunto do primeiro-ministro, foramigualmente empossados.

Certidões via InternetMais de seis mil pedidos no primeiro mês

O Serviço Público Directo, utilização daInternet pela Administração Pública,recebeu mais de seis mil pedidos duranteo primeiro mês de actividade.Segundo uma nota do Ministério daReforma do Estado e da AdministraçãoPública, divulgada no passado dia 8, o sitewww.spdirecto.infocid.gov.pt, através doqual se poderá solicitar certidões nosRegistos Civil, Comercial e Predial, registou6.681 pedidos desde a sua inauguração,a 5 de Fevereiro.Durante o primeiro mês de funcionamentoforam pedidas 3.685 certidões do registocivil, 1.695 certidões do registo comercial,e ainda 1.301 certidões do registo predial.O site dá início a uma nova característicado Infocid, que permite igualmente que se

façam pagamentos, tendo-se registado,segundo a mesma nota, 4.365 pormultibanco e 2.316 à cobrança.O Infocid, como sistema integrado deinformação ao cidadão, aos agenteseconómicos e à sociedade civil, assentano carácter cooperativo da produção dainformação, o que pressupõe aparticipação de cerca de 40 serviçospúblicos.Este novo sistema visa não só osutilizadores residentes em territórionacional, como os que se encontram noestrangeiro, tendo-se registado a utilizaçãopor 6.234 portugueses, e 447 estrangeiros,dos quais 161 brasileiros, 58 helvéticos, 56norte-americanos e os restantes dediversas nacionalidades.

AmbienteInspecção-Geral apresenta plano para 2001

A Inspecção-Geral do Ambiente (IGA), quese propõe fiscalizar este ano 800indústrias, apresentou, sexta-feira, dia 9,em Lisboa, no Ministério da tutela, o seurelatório de actividades de 2000 e o planopara 2001.Entre as 800 unidades industriais, a IGAvai fiscalizar cimenteiras, petroquímicas,centrais térmicas, empresas de siderurgiae celulose, além de inspeccionar otratamento de águas residuais urbanas.Segundo o Ministério do Ambiente e doOrdenamento do Território, que tutela a IGA,o plano de actividades para este ano prevê,também, a fiscalização das embalagens

utilizadas nas superfícies comerciais ereutilizáveis em estabelecimentos derestauração, assim como dos aviários e dautilização de óleos usados.Nos próximos meses vão ser aindadesenvolvidas acções na área daprevenção e controlo integrado de poluiçãoe de observância do cumprimento dasdisposições relativas ao regime jurídico daavaliação de impacto ambiental deprojectos apreciados em 2000.O plano de actividades da IGA para 2001inclui, ainda, inspecções às condições defuncionamento de aterros para resíduosindustriais banais.

PS FAZ DIAGNÓSTICOE APRESENTA SOLUÇÕES

A apresentação no Porto, pelo camaradaMário Soares, do documento «A respostado PS ao Portugal em crise» era a notíciaque fazia manchete na edição de 17 deMarço de 1983 do «Acção Socialista».Era um documento onde o PS depois deum exaustivo diagnóstico propunhasoluções para salvar o País que seencontrava mergulhado numa profundacrise económica e social.A luta contra a corrupção, o ataque à criseeconómica e financeira e ao crónicoproblema do endividamento externo, asolidariedade na saúde, na segurança sociale na habitação, a defesa dos direitos dostrabalhadores e assegurar segurança edignidade aos jovens eram os grandesobjectivos traçados pelo PS.O «Acção Socialista», como habitualmente,dedicava particular atenção nas suaspáginas às actividades das Secções eNúcleos de Empresas, dos deputados doGP/PS e dos nossos autarcas esindicalistas. J. C. C. B.

17 de Março

Quem disse?

«Altos quadros da administração e gestorespúblicos terão que ser responsabilizados deforma mais efectiva pelas suas funções»Mário Soares

Sampaio incentiva portuguesesJorge Sampaio iniciou oficialmente o seu segundo mandato como Presidente da República napassada sexta-feira, prestando juramento na Assembleia da República, numa cerimónia simples,mas carregada de simbolismo, a que assistiram as mais altas figuras da nação.Recorde-se que o Presidente restringiu ao mínimo as cerimónias da sua posse devido à tragédia deEntre-os-Rios.Num longo discurso em que elencou desafios e prometeu cooperação institucional para resolverproblemas, Sampaio afirmou que vai exercer uma magistratura com isenção e equilíbrio,comprometendo-se a ser um presidente «mais atento, mais responsável».Ao iniciar os seus últimos cinco anos no Palácio de Belém, Jorge Sampaio apontou vários desafiosao Governo � ultrapassar as dificuldades no crescimento económico, acentuar a convergência comos países mais desenvolvidos da União Europeia (UE), reforçar a posição de Portugal numa UEalargada, resolver os problemas ao nível da segurança interna e dar maior eficácia à administraçãopública.Com um discurso «optimista» e destinado «a combater o desencanto» dos portugueses após atragédia de Entre-os-Rios, o Presidente de República quis «transmitir ao Estado e à sociedade osimpulsos transformadores e modernizadores que no âmbito da minha magistratura consideroprioritários» e que respeitam às áreas da formação, do ensino, cultura e ciência, das vidas empresariale política, justiça, saúde, Forças Armadas e segurança pública.«A renovação da confiança do eleitorado significa, antes de mais, que devo prosseguir o caminhotraçado (no primeiro mandato), dando à função presidencial o carácter de vértice estabilizador dosistema político, prevenindo bloqueios artificiais e apoiando as reformas necessárias», referiu Sampaio.Num momento em que há um ambiente de tristeza e de pessimismo entre os portugueses, o chefede Estado deixou palavras fortes, optimistas e voltadas para o futuro para combater o desencanto,tendo instado à necessidade de prosseguir e intensificar reformas estruturais em áreas como a daequidade fiscal, a racionalização das despesas públicas ou o aumento da eficiência dos serviçospúblicos.No domínio da reforma do sistema político, o Presidente salientou a necessidade de as instituiçõesrepresentativas demonstrarem «mais eficácia e prestarem contas da sua acção em defesa do interessepúblico».Durante a sessão solene, discursou ainda o presidente da Assembleia da República, Almeida Santos,que focou a necessidade de haver mais debate político e «presidências abertas de auscultação dofuturo».Começando por elogiar os primeiros cinco anos de Jorge Sampaio como Presidente, Almeida Santosmanifestou «esperança reforçada» na jornada presidencial que agora se inicia, fazendo apelo a umpacto de variados sectores para «a gestão das mudanças que são ou se revelem necessárias».«Temos de fazer essa gestão de forma integrada, nomeadamente estimulando e institucionalizandomodelos de participação dos cidadãos que substituam os modelos sociais espontâneos que cadavez mais irrompem pelas frinchas de proibições desactualizadas e inúteis», defendeu Almeida Santos,acrescentando que «o debate político não pode continuar a ser, ou quase, um monopólio dos media».

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15 MARÇO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA3

POLÍTICA

TOMADA DE POSSE Sampaio afirma

TEMOS O DEVER DE ESTAR À ALTURADA ESPERANÇA DOS PORTUGUESES

Jorge Sampaio iniciou no dia 9o seu segundo mandato comoPresidente da República, numacerimónia discreta de tomada deposse na Assembleia da República,onde fez um discurso em queelencou desafios e prometeu umaacção ainda mais próxima dosportugueses, dos seus problemase das suas expectativas, salientandoque mantém intacto e actualizadoo sonho da sua juventude nummundo de maior dignidade paratodos os seres humanos e numPortugal mais solidário, com menosdiscriminações.

o seu discurso, o Chefe deEstado anunciou que enviaráem breve uma mensagem àAssembleia da República sobre

a nova lei de financiamento dos partidospolíticos e das campanhas eleitorais.Jorge Sampaio, no seu discurso de posse,indicou que essa mensagem se baseia naexperiência por si colhida quando à novalei do financiamento das campanhaseleitorais.Num longo discurso em que elencoudesafios e prometeu cooperaçãoinstitucional para resolver problemas,Sampaio frisou que «não terá nuncacontemplação com a desatenção, com afalta de empenhamento na solução dosproblemas, com o arrastamento dasdecisões» a tomar.«Não podemos ficar surdos perante ascríticas, quando justas, e inertes peranteas exigências, quando legítimas. Pior doque uma resposta, mesmo incompleta, éa indiferença, o deixa andar», sustentouJorge Sampaio.«Quero transmitir ao Estado e à sociedadeos impulsos transformadores emodernizadores que no âmbito da minhamagistratura considero prioritários» e querespeitam às áreas da formação, doensino, cultura e ciência, das vidasempresarial e política, justiça, saúde,Forças Armadas e segurança pública.«A renovação da confiança do eleitoradosignifica, antes de mais, que devoprosseguir o caminho traçado, dando àfunção presidencial o carácter de vérticeestabilizador do sistema político»,prevenindo bloqueios artificiais e apoiandoas reformas necessárias, referiu JorgeSampaio.No domínio da reforma do sistema político,o Presidente da República salientou anecessidade de as instituiçõesrepresentativas demonstrarem «maiseficácia e prestarem contas da sua acçãoem defesa do interesse público».O aperfeiçoamento do sistema derecenseamento eleitoral foi um dos pontosindicados por Jorge Sampaio nesse

campo.Quanto à reforma do Estado, queconsiderou não dever «ser aprisionada naluta político-partidária», impõe-se umamaior igualdade regional na oferta e nautilização dos serviços públicos e dosrecursos, apontou Jorge Sampaio.

Maior oferta regionalde serviços públicos

«Precisamos de serviços públicos quesejam verdadeiramente o que são: serviçose públicos», sublinhou Jorge Sampaio.O Presidente da República destacoutambém a necessidade de adequar ascapacidades do Estado para enfrentar osfactores de insegurança e risco quecondicionam a sociedade portuguesa.«A segurança e a tranquilidade dosportugueses dependem muito dacredibilidade do Estado e da eficácia daAdministração Pública. Só com rigor e atransparência asseguraremos essacredibilidade, só com qualificaçãomodernização, racionalização de meios,garantiremos esta eficácia», explicou JorgeSampaio.No que respeita à Europa, o Presidente daRepública disse colocarem-se duasreflexões: «Como garantir condições paraque Portugal continue no caminho daconvergência com os países maisdesenvolvidos da União» e «como defenderos interesses e a posição do Estado nomodelo institucional reformado».«Temos, desde já, de evitar dois riscos: ailusão de que outros, melhor do que nóspróprios, defenderão os nossos interesses,e o engano de que, isolados, estaremosmelhor defendidos», insistiu.

No campo da competitividade daeconomia nacional há que «reinventar opacto social» e contribuir assim para seremfixados objectivos de médio prazo àsociedade portuguesa, disse o Chefe deEstado.Admitindo que «uma divergênciatemporária não deva ser tomada como umdesfasamento duradouro», Sampaio instouà tomada de medidas - «sem demora» -que garantam uma mudança de orientaçãocaso seja ameaçada a tendência decrescimento económico do país.Se importa corrigir factores ligados àdespesa pública e à taxa de poupança dasfamílias, mais importante é encontrarrespostas que garantam o crescimentosustentado do país no médio e longoprazos, frisou Jorge Sampaio.«Uma viragem impõe-se neste aspecto deforma absolutamente decisiva» e quepassa por libertar recursos para os sectoresprodutivos, privilegiar o investimento emvez do consumo, fomentar odesenvolvimento industrial, difundir asnovas tecnologias ou melhorar a gestãoempresarial, observou.Sampaio instou ainda à necessidade deprosseguir e intensificar reformasestruturais em áreas como a da equidadefiscal, a racionalização das despesaspúblicas ou o aumento da eficiência dosserviços públicos.

Vencer a abstenção comodista

Durante a sessão solene, discursou aindao presidente da Assembleia da República,Almeida Santos, que começou a suaesclarecida intervenção, cheia de reflexõespertinentes, por tecer rasgados elogios aos

N

primeiros cinco anos de Jorge Sampaio naPresidência da República.Almeida santos sustentou que «umacidadania participativa é a base dademocracia. E que, se os cidadãos sedesinteressarem pela vida pública, ademocracia perde o seu fundamento, a sualegitimidade».No entanto, frisou, nem por isso defende ovoto obrigatório. «O interesse pelo bemcomum e pela democracia não se decreta»,disse.«Isto não significa que devamos cruzar osbraços», continuou, adiantando que sãocada vez mais visíveis e identificados osverdadeiros inimigos da democracia, «sãoos que realçam os seus defeitos eapoucam as suas virtudes; os que atacamos partidos, esquecendo o seufundamentalíssimo papel, os que apoucamos políticos, culpando-os de tudo, até dassua s próprias culpas. No fundo, saudososda sua redução à unidade, ou seja de umditador».«Combatamo-los com armas de opinião epedagogia cívica. Rentabilizemos asuperioridade das forças do bem sobre asdo mal. Da liberdade sobre as da opressão.Começando por corrigir a nossapassividade para logramos vencer aabstenção comodista, abúlica, mas nãoinimiga da democracia», exortou.Numa outra parte do seu discurso em quereflectiu sobre alguns novos problemas quese colocam ao País e a nível global, AlmeidaSantos falou de flagelos, tais como asempresa universais do crime organizado,que lavam dinheiro sujo nos «off-shores» enas bolsas sem fiscalização, e em certosbancos sem alma, do hino à violência quenos entra em casa via televisão. J. C. C. B.

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ACÇÃO SOCIALISTA 4 15 MARÇO 2001

GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta

ADMINISTRAÇÃO INTERNA

Novas esquadras e divisões da PSPem Lisboa

O ministro da Administração Interna, Nuno Severiano Teixeira,reafirmou, no dia 13, a aposta do Executivo socialista na segurançados cidadãos, com a criação de mais duas esquadras e três novasdivisões em Lisboa.As novas esquadras da Ajuda e da Ameixoeira são, segundo Severiano Teixeira, umaprova da «prioridade que o Governo tem dado à segurança nas grandes cidades».Outra das preocupações do ministério é descentralizar. Assim, em Lisboa, «das actuaisquatro divisões, passar-se-á a sete, estando a criação da primeira destas novas divisões,a quinta, para muito breve no Alto do Pina».Seguem-se, segundo o ministro, as divisões do Arco do Cego e do Alto do Lumiar, nopróximo ano.Para o governante, «este incremento do número de divisões e de esquadras em Lisboa,a que se alia a presença evidente das forças de segurança na via pública, é um factorque contribui para um aumento do sentimento de protecção dos cidadãos e um importantefactor de dissuasão da criminalidade».«Policiamento de proximidade significa também corresponder às necessidades e àsexpectativas dos cidadãos, olhando em especial os grupos mais vulneráveis», acrescentouSeveriano Teixeira, que apontou como exemplo o programa «Escola Segura».

ADMINISTRAÇÃO MARÍTIMA E PORTUÁRIA

Ferry-boats chegam dentro de duas semanasa Entre-os-Rios

O secretário de Estado da Administração Marítima e Portuária, JoséJunqueiro, reiterou, no dia 12, que os dois ferry-boat para oatravessamento do Douro em Entre-os-Rios, chegam dentro de duassemanas.No entanto, o governante alertou para o facto dos actuais caudal e corrente do riocolocarem grandes dificuldades ao atravessamento fluvial por barco, em substituição daponte de Castelo de Paiva.As embarcações, que já se encontram contratadas, têm capacidade para o transportede 24 veículos e de 120 pessoas e permitem uma travessia em cerca de cinco minutos.As declarações de José Junqueiro foram proferidas perante a Comissão de EquipamentoSocial da Assembleia da República, a qual, recentemente, tinha decidido ouvirresponsáveis políticos e técnicos sobre as formas de atravessamento do rio, na sequênciada tragédia de Castelo de Paiva.Junqueiro acabou, no entanto, por ser o único elemento a ser ouvido pela comissão,dado que o presidente do Instituto de Navegabilidade do Douro foi convocado pelacomissão de inquérito à queda da ponte.Ao inquérito foi dada prioridade sobre a audição parlamentar.Os deputados da comissão de Equipamento Social deslocam-se no dia 20 a Castelo dePaiva para contactos com os autarcas dos municípios afectados.Durante a sua intervenção, José Junqueiro revelou ainda que, além da decisão de serconstruída uma nova ponte, «surgiu uma ideia de atravessamento com duaspossibilidades», que passam pela construção de uma ponte no local com uma grandeestrutura metálica ou o aproveitamento da existente através de um arco invertido.

AGRICULTURA

Ovibeja 2001 sem mostra de gado

O ministro da Agricultura confirmou, no dia 8, que a edição 2001 daOvibeja não vai incluir exposições e concursos de gado comomedida de prevenção contra a propagação do surto de febre aftosa.Capoulas Santos falava aos jornalistas no concelho de Montemor-o-Novo, Évora, após a apresentação do projecto de execução dasredes de rega, viária e de drenagem do projecto de aproveitamento hidroagrícola dabarragem dos Minutos.Instado sobre aquela que é uma das principais componentes da Ovibeja � que decorreem Beja de 17 a 25 de Março �, o ministro reconheceu que o gado bovino, ovino, ecaprino não vai, desta vez, marcar presença no certame agrícola.«Não vai haver exposição de gado porque as feiras de gado estão proibidas e há grandesrestrições à circulação de animais como medida preventiva da febre aftosa», afirmou.Classificada como uma das maiores feiras do sul do País, a Ovibeja é, todos os anos, olocal por excelência para os criadores e comerciantes de gado mostrarem a adquiriremanimais mas, dado o aparecimento do surto de febre aftosa no Reino Unido, o Executivomostra-se empenhado em impedir a entrada da doença em território nacional.

DEFESA

«Grande empenhamento» dos militares

O «grande empenhamento» e a «disponibilidade permanente»de todos os elementos, militares e da Protecção Civil, envolvidosnos trabalhos de localização e resgate das vítimas e dosveículos do acidente de Entre-os-Rios foram destacados, nodia 12, em Lisboa, pelo secretário de Estado da Defesa.Miranda Calha acompanhou durante alguns dias a coordenação dos trabalhos emEntre-os-Rios, regressando no domingo à noite a Lisboa, mas mantendo-se emcontacto permanente com as equipas que continuam no local à procura dos veículose dos corpos das vítimas do acidente.«Há um grande empenhamento de todos, mas quero manifestar o meu apreço, eserá de toda a justiça faze-lo, pelo trabalho desenvolvido pelos militares dos trêsramos das forças armadas», disse.«Há um grande empenhamento, por vezes em situações de altíssimo risco»,acrescentou o secretário de Estado, salientando a acção dos fuzileiros e dosmergulhadores da Marinha, mas também a meia centena de militares do Exércitoque colaboram nas buscas, e no apoio da Força Aérea Portuguesa.

EDUCAÇÃO

Semana dos Media na Escola

A secretária de Estado da Educação, Ana Benavente, presidiu,no dia 12, à sessão de abertura da «Semana dos Media naEscola», que decorre na Fundação Serralves, no Porto.Participaram ainda nesta sessão Maria Emília Brederote deSantos, presidente do Instituto de Inovação Educacional, JorgeMartins, director Regional de Educação do Norte, e Odete Patrício, directora do Museude Serralves.A «Semana dos Media na Escola» decorre até hoje, envolvendo cerca de 360 escolas,dispersas pelo País, pertencentes à Rede de Projectos de Educação e Media. NaFundação de Serralves estiveram presentes apenas escolas da região do Porto.A «Semana dos Media na Escola» é uma iniciativa, de âmbito nacional, co-organizada,este ano, pelo Instituto de Inovação Educacional e pela Fundação de Serralves. Comoé já habitual, a Semana dos Media na Escola, ocorre todos os anos, em Março, tendocomo grande objectivo a apresentação e partilha de experiências desenvolvidas emescolas e por escolas nos domínio da compreensão e produção de mensagensmediatizadas.Específica deste ano é a temática «Comunicar em Português», à qual a «Semana dosMedia na Escola» se subordina, associando-se às comemorações do Ano Europeudas Línguas 2001.

ENSINO SUPERIOR

Críticas pouco informadas

O secretário de Estado do Ensino Superior considerou poucoinformadas e movidas por interesses profissionais as críticasda Ordem dos Farmacêuticos à criação de um novo curso deCiências Farmacêuticas na Universidade Fernando Pessoa, doPorto.José Reis falava, no dia 8, em Lisboa, a propósito da demissão da Ordem dosFarmacêuticos do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior por nãoquerer pactuar com a criação de mais um curso de ciências farmacêuticas queconsidera não interessar ao País nem aos estudantes.«São críticas injustas e pouco informadas que surgem a partir de um único critérioque é o dos interesses profissionais que a Ordem representa. O ensino superior ea política de criação e aprovação de cursos não se baliza por isso», disse JoséReis.«A política de educação não pode ser feita ao sabor dos interesses profissionais.As ordens tem um papel importante, mas ao nível da regulação da profissão», frisou.O secretário de Estado explicou que a política de criação e aprovação de cursos,tem a ver com uma posição reguladora clara por parte do Ministério da Educaçãotendo em conta o que está estabelecido na lei.Defende José Reis que ao Ministério da Educação não cabe decretar umproteccionismo de determinadas áreas profissionais, não permitindo a criaçãode mais cursos quando ex is te um d i re i to de in ic ia t iva consagradoconstitucionalmente.

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15 MARÇO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA5

GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta

EQUIPAMENTO SOCIAL

Pontes e viadutos serão inspeccionados

O ministro Ferro Rodrigues anunciou, no dia 10, para breve umagrande operação à escala nacional para verificar o estado daspontes, viadutos e outras infra-estruturas públicas.A operação vai ser realizada em conjunto pelo Instituto de Estradasde Portugal e pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC),adiantou Ferro Rodrigues no final da sua posse como ministro do Equipamento Social edas Obras Públicas.A decisão segue-se à derrocada da ponte de Entre-os-Rios que vitimou, domingo, maisde 50 pessoas e colocou em causa a política de fiscalização e conservação daquelasestruturas rodoviárias.«A minha primeira grande preocupação» no cargo é consolidar a «ideia de segurança»das pessoas naquele género de infra-estruturas públicas, frisou Ferro Rodrigues.O estado de conservação de pontes e viadutos «não pode estar sob suspeita» doscidadãos, acrescentou o ministro.Outra grande preocupação de Ferro Rodrigues está no elevado grau de exigência amostrar pelos responsáveis políticos e da Administração Pública.Há «a obrigação» de ter consciência que a Administração Pública «está ao serviço» doscidadãos e não o contrário, declarou.«A escolha do novo presidente do Instituto de Estradas de Portugal, Pedro Cunha Serra,já obedeceu a essa preocupação», disse.

PRESIDÊNCIA

Ministro apela a rigor informativo

O ministro da Presidência apelou aos três presidentes dos conselhosde administração dos canais televisivos � RTP, SIC e TVI � no sentidode acordarem um modelo de jornalismo não sensacionalista nacobertura da tragédia em Entre-os-Rios.Em contactos que manteve, no dia 9, com Pais do Amaral (TVI),João Carlos Silva (RTP) e Pinto Balsemão (SIC), o governante fez questão de sublinharque a sua iniciativa visou travar «o desrespeito ao direito à reserva» das famílias dasvítimas do desastre de Entre-os-Rios «e não de limitar o acesso à informação» por partedos jornalistas.Guilherme d�Oliveira Martins mostrou-se «seriamente preocupado» com o tipo de coberturatelevisiva que está a ser feita em Entre-os-Rios, acompanhando assim as queixas demuitos cidadãos que têm protestado por idênticas razões.No passado sábado, o presidente do Conselho de Administração da RTP, João CarlosSilva fez saber que o canal público não transmitirá em directo os funerais das vítimas,que respeitará o direito à reserva das famílias dos mortos e que procurará asseguraruma informação «extremamente rigorosa».

SAÚDE

Telemedicina já está no terreno

A ministra da Saúde, Manuela Arcanjo, reiterou, no dia 12, em Évora,o empenho do Governo em dinamizar e desenvolver a telemedicinano País, onde já existem mais de uma centena de projectos.Manuela Arcanjo falava aos jornalistas após uma visita ao HospitalDistrital de Évora (HDE), onde assistiu a demonstrações detelemedicina e inaugurou a Urgência Pediátrica.«O Ministério da Saúde pretende dar coerência e dinamizar ainda mais os projectos detelemecidina», afirmou Manuela Arcanjo, salientando que se trata de «uma das grandesapostas do Governo para a actual legislatura».«Um pouco por todo o País, por iniciativa de hospitais ou centros de saúde, estão já noterreno mais de cem projectos de telemedicina», disse.A ministra ressalvou a importância desta nova tecnologia na área da saúde para o Alentejo,atendendo às características de isolamento e grandes distâncias na região.A grande vantagem da telemedicina consiste, segundo a governante, em «tornar maisacessível os cuidados de saúde diferenciados e pôr os profissionais em contacto».O HDE passa a estar ligado a hospitais centrais em Lisboa e a seis centros de saúde dodistrito, prevendo estender o projecto a todos os 14 concelhos, referiu o director daunidade, Caldas de Almeida.Durante a deslocação da ministra, foram estabelecidas ligações em directo com o HospitalEgas Moniz, em Lisboa, e com o centro de saúde de Vendas Novas, cuja unidade deapoio integrado também recebeu a visita de Manuela Arcanjo.A ministra procedeu também à inauguração da Urgência Pediátrica do HDE, que passoua funcionar num espaço próprio separado das urgências dos adultos.

TRABALHO

Continuidade na eficiência

O novo ministro do Trabalho e da Solidariedade Social disse sentir«uma grande responsabilidade» em continuar o trabalhodesenvolvido pelo seu antecessor desde 1995.Paulo Pedroso, que sucedeu no cargo a Ferro Rodrigues (novoministro do Equipamento Social), falava, no dia 10, no final da suaposse, que ocorreu no Palácio de Belém.O novo ministro, que fazia parte da equipa de Ferro Rodrigues, disse também sentir«um peso acrescido» em função dos seus 35 anos e que o obriga a continuar a «prestarprovas de capacidade».

TURISMO

Economia de «boa saúde»

A economia portuguesa e o sector do turismo «estão de boasaúde», garantiu, no dia 10, no Funchal, o secretário de Estado doTurismo, Vítor Cabrita Neto.O governante deslocou-se à Madeira para estar presente na sessãode encerramento do VII Congresso Nacional da FERECA(Federação da Restauração, Cafés, Pastelarias e Similares de Portugal).Este encontro reuniu no Funchal, durante dois dias, cerca de 400 pessoas, entreparticipantes e acompanhantes.Vítor Cabrita Neto destacou que os investimentos «extraordinários» efectuados nosúltimos tempos do sector turístico, bem como o «entusiasmo e maturidade dosempresários», evidenciam o seu crescimento.Admitiu estar «optimista» quanto ao futuro, apontando a «transformação registada notecido empresarial nos diferentes sectores de actividade», sustentando que 2001 seráo «ano da consolidação».Cabrita Neto enunciou exaustivamente os vários mecanismos disponibilizados peloEstado português e pela União Europeia para a modernização do sector da restauraçãoe turismo, o que passa pela formação profissional, uma área da primordial importânciapara a qualificação destes serviços.Defendeu a necessidade da valorização social, modernização e qualificação do sector,efectuou um balanço às actividades do último ano, apontando aspectos relacionadoscom as situações de ilegalidade dos estabelecimentos, produto de erros acumulados,propondo o envolvimento dos municípios no processo de instalação e a definição demedidas uniformizadoras.Vítor Cabrita Neto quer também efectuar um registo para saber quantosestabelecimentos de restauração e bebidas existem no País, um dado ainda nãoapurado oficialmente.

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ACÇÃO SOCIALISTA 6 15 MARÇO 2001

GOVERNO

CONSELHO DE MINISTROS Reunião de 8 de Março

ESTADO INDEMNIZA FAMILIARES DAS VÍTIMAS

DESTAQUE � CM Tragédia do Douro

O Conselho de Ministros aprovou:

� Uma proposta de lei que simplifica os mecanismos de adjudicação e de fiscalizaçãoprévia dos contratos relativos às obras de reparação, construção e reconstrução da redeviária, pontes, viadutos e aquedutos nacionais e municipais dos concelhos de Castelo dePaiva e de Penafiel e exclui dos limites do endividamento municipal os empréstimos acelebrar ao abrigo da linha de crédito bonificado para a realização das respectivas obras;� Um decreto-lei que cria um regime excepcional para a execução, em regime deempreitada, das obras necessárias à construção, reparação e reconstrução de infra-estruturas e equipamentos públicos, quer da Administração Central, quer da AdministraçãoLocal, destinadas a resolver problemas prementes de melhoria das acessibilidades no epara os concelhos de Castelo de Paiva e de Penafiel, designadamente em consequênciadas condições climatéricas desfavoráveis ocorridas desde Novembro de 2000;� Uma resolução que estabelece o procedimento para a determinação e o pagamento dasindemnizações aos herdeiros das vítimas da queda da ponte sobre o rio Douro, em Entre-os-Rios e Castelo de Paiva;� Apreciar o processo de elaboração do II Plano Nacional para a Igualdade deOportunidades entre Mulheres e Homens (2001-2006) que ficará na directa dependênciado Ministro da Presidência, em estreita articulação com o Ministro do Trabalho e daSolidariedade, e envolvendo os departamentos do Governo e da Administração relevantespara a concretização da igualdade entre mulheres e homens;� Um decreto-lei que estabelece a obrigatoriedade de dupla indicação de preços em eurose em escudos;� Um decreto-lei que regulamenta, em sede monetária, o período de dupla circulaçãofiduciária a decorrer entre 1 de Janeiro de 2002 e 28 de Fevereiro de 2002;� Um decreto-lei que altera a lei orgânica do Banco de Portugal;� Um decreto-lei que aprova a regulamentação da base de dados da Direcção-Geral dosServiços Prisionais;� Um decreto-lei que aprova as bases da concessão intermunicipal do serviço público degestão urbana de uma área compreendida nos limites da Zona de Intervenção da Expo�98;� Um decreto-lei que estabelece as normas de execução do orçamento da segurançasocial para 2001;� Um decreto-lei que aprova a Lei Orgânica da Inspecção-Geral da Administração Pública(IGAP);� Um decreto-lei que transpõe para a ordem jurídica interna a directiva comunitária relativaà responsabilidade decorrente de produtos defeituosos;� Um decreto regulamentar que reestrutura as carreiras de inspecção da Inspecção-Gerale Auditoria de Gestão, estabelecendo regras sobre o regime geral e estruturação de carreirasda Administração Pública;� Uma proposta de resolução que aprova, para ratificação, a convenção entre a RepúblicaPortuguesa e a República de Cuba para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscalem matéria do imposto sobre o rendimento e respectivo protocolo, assinada em Havana,em 30 de Outubro de 2000;� Uma resolução que ratifica uma alteração ao Plano Director Municipal de Vila Nova deGaia;� Uma resolução que ratifica uma alteração ao Plano Director Municipal de Setúbal;� Uma resolução que ratifica parcialmente o Plano Director Municipal de Ourique;� Uma resolução que ratifica a suspensão do Plano de Pormenor da Zona Industrial deFelgueiras/Sobrado, no município de Castelo de Paiva, e o estabelecimento de normasprovisórias para a mesma área, ampliada;� Uma resolução procede à exoneração de José Realinho de Matos do cargo do vogal doConselho Directivo do Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu (IGFSE) e define o seuestatuto remuneratório enquanto gestor e coordenador, respectivamente, do ProgramaOperacional do Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS) e da MedidaDesconcentrada, com a mesma designação, de Lisboa e Vale do Tejo;� Uma resolução que ratifica a suspensão parcial dos Planos Directores Municipais deFaro e de Loulé, pelo prazo de um ano, na área delimitada na planta anexa e as medidaspreventivas estabelecidas para a mesma área.

O Executivo socialista está solidáriocom as famílias afectadas pelotrágico sinistro que vitimou,recentemente, 70 pessoas. Reunidona passada quinta-feira, dia 8, emLisboa, o Conselho de Ministrosexprimiu as suas sentidascondolências aos familiares dasvítimas da queda da ponte sobre o rioDouro, tomando conhecimento daevolução das acções de resgate emcurso e aprovando medidaslegislativas que pretendem agilizare desburocratizar a resolução dadramática situação que resultou nodrama vivido em Entre-os-Riose Castelo de Paiva.

e entre as medidas aprovadasdestaca-se uma proposta de leique simplifica os mecanismos deadjudicação e de fiscalização

prévia dos contratos relativos às obras dereparação, construção e reconstrução darede viária, pontes, viadutos e aquedutosnacionais e municipais dos concelhos deCastelo de Paiva e de Penafiel.As condições climatéricas especialmenteadversas que têm ocorrido no presente Invernoprovocaram danos graves num númerosignificativo de infra-estruturas e equipamentosmunicipais, tendo contribuído decisivamentepara a tragédia que resultou do colapso daponte de Hintze Ribeiro que liga Entre-os-Riosa Castelo de Paiva, no passado dia 4 de Março.Esta situação faz com que os concelhos deCastelo de Paiva e de Penafiel enfrentem ummomento de especial dificuldade, de que sedestaca a questão da significativa degradaçãoe destruição total ou parcial das infra-estruturase equipamentos públicos, nomeadamentepontes, aquedutos e rede viária municipal.Justifica-se assim, no entender do Governo,criar um regime excepcional quedesburocratize procedimentos e possibilite arealização, no mais curto espaço de tempo,das obras necessárias à reposição daoperacionalidade dos equipamentos e infra-estruturas afectados.Pretende-se, pois, dotar os municípios deCastelo de Paiva e de Penafiel, afectados pelobrutal acidente e pelas referidas condiçõesclimatéricas desfavoráveis, de mecanismosque simplifiquem os procedimentos relativosà realização das obras necessárias àreparação, construção e reconstrução dos,equipamentos e infra-estruturas municipais,total ou parcialmente danificados.Neste sentido, será feita a dispensa de vistoprévio do Tribunal de Contas, sem prejuízo dafiscalização sucessiva e concomitante darespectiva despesa, os contratos a celebrarpelos municípios para a reparação, construçãoou reconstrução de equipamentos e infra-estruturas municipais, total ou parcialmenteafectados.Estabeleceu-se que os empréstimoscelebrados com vista à reparação de danoscausados por estas intempéries não contempara os limites do endividamento dasautarquias locais que a eles recorram.A equipa governativa chefiada pelo camaradaAntónio Guterres decidiu ainda criar um regime

excepcional para a execução, em regime deempreitada, das obras necessárias àconstrução, reparação e reconstrução de infra-estruturas e equipamentos públicos, quer daAdministração Central, quer da AdministraçãoLocal, destinadas a resolver problemasprementes de melhoria das acessibilidades noe para os concelhos de Castelo de Paiva e dePenafiel, designadamente em consequênciadas condições climatéricas desfavoráveisocorridas desde Novembro de 2000.Este diploma, que é complementar do anterior,vem agilizar de forma significativa arecuperação dos equipamentos danificadospelos intempéries no mais curto espaço detempo.

A culpa não morreu solteira

Os ministros definiram igualmente oprocedimento para a determinação e opagamento das indemnizações aos herdeirosdas vítimas da queda da ponte sobre o rioDouro.Na sequência da trágica queda da ponte deque resultou um elevado número de vítimas, oEstado entendeu dever chamar a si aresponsabilidade da indemnização dosrespectivos familiares.Para o efeito, foi elaborado um plano de acçãoque permitirá ao Estado facultar aosparticulares atingidos um procedimentoextrajudicial célere e alternativo, para quepossam obter indemnização pelas perdas edanos, morais e materiais, verificados,assumindo o Estado o apuramento daresponsabilidade civil e criminal eventualmenteexistente e o correspondente exercício dedireito de regresso.Manifestaram disponibilidade de cooperarcom o Governo nesse intuito, entre outrasentidades, o provedor de Justiça e obastonário da Ordem dos Advogados.Em termos objectivos o diploma estipula:� Assunção, em nome do Estado, dadeterminação e do pagamento dasindemnizações aos herdeiros das vítimas daqueda da ponte sobre o rio Douro, em Entre-os-Rios e Castelo de Paiva, ao abrigo dodisposto no artigo 22º da Constituição e semprejuízo do apuramento de eventuaisresponsabilidades e do exercício do direito deregresso a que haja lugar, nos termos da lei;� Aprovação de um plano de acção paraviabilização de acordos extrajudiciaisrespeitantes à determinação e pagamento deindemnizações por perdas e danos, morais emateriais, aos herdeiros das vítimas, comnatureza alternativa;� Aceitação da disponibilidade manifestadapelo Provedor de Justiça para colaborar nareparação, solicitando-lhe a fixação doscritérios a utilizar no cálculo das indemnizaçõesa pagar pelo Estado aos herdeiros das vítimas,de acordo com o princípio da equidade;� Cometimento à delegação da Ordem dosAdvogados em Castelo de Paiva daresponsabilidade de receber, informar e, casolhe seja solicitado, instruir e apresentar osrequerimentos de indemnização dos herdeirosdas vítimas;� Constituição de uma Comissão à qualcompetirá determinar, de acordo com oscritérios fixados no n.º 3, o montante da

indemnização a pagar em cada caso concreto,a qual será constituída por um magistradojudicial designado pelo Conselho Superior daMagistratura, que presidirá, e por umrepresentante do Provedor de Justiça, umrepresentante da Ordem dos Advogados, umrepresentante do Instituto de Seguros dePortugal e um representante do Governo;

� Disponibilização de apoio técnico � àdelegação da Ordem dos Advogados emCastelo de Paiva e à Comissão � no exercíciodas competências que lhe são conferidasmediante este diploma, designadamenteatravés dos serviços de Segurança Social nadeterminação das situações de carênciaeconómica.

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15 MARÇO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA7

UNIÃO EUROPEIA

CRIAÇÃO DE CENTRO DE INFORMAÇÃO MUNDIALSOBRE BIODIVERSIDADE

CANÇÕES E POESIA PARA O SECRETÁRIO DE ESTADO

EM ESTUDO MEDIDAS CONCRETAS PARA ELIMINARDISCRIMINAÇÕES ENTRE SEXOS

BRUXELAS Comissão Europeia apoia

Comissão Europeia apoia acriação do Centro de Informa-ção Mundial sobre a Biodiversi-dade (CIMB), cujo objectivo é

facilitar o acesso a dados sobre fauna eflora mundial aos investigadores e públicoem geral.Segundo a Comissão, trata-se de umprojecto ambicioso que deverá «fomentara protecção, a gestão e a utilizaçãosustentável de recursos biológicosmundiais e oferecer livre acesso a umamplo banco de dados».O comissário europeu para a Investigação,Philippe Busquin, reconheceu que o CIMB«não resolverá o problema das espéciesameaçadas mas vai permitir o livre acessoàs informações disponíveis através dadigitalização das bases de dados».O CIMB foi criado em Dezembro de 2000em Copenhaga (Dinamarca) por 32 países,numa iniciativa do Fórum da Megaciência

da Organização para a Cooperação eDesenvolvimento Económicos (OCDE).O centro poderá começar a funcionar emOutubro, uma vez decidida a localizaçãoda sua sede, entre os quatro países queapresentaram candidaturas: Espanha,

Dinamarca, Holanda e Austrália.Existem actualmente 10 milhões deespécies na Terra mas só se conhecemdados de aproximadamente 1,75 milhões,75 por cento dos quais se encontram nospaíses desenvolvidos.Um investigador da Universidade deAmesterdão, Wouter Los, assegurou que,como consequência de séculos decolonialismo, «a Europa possui a maiorparte da informação sobre biodiversidade».Segundo a Comissão Europeia, oproblema é que o acesso a esta massa dedados está «mal organizado, sobretudopara os cientistas originários dos paísesmenos desenvolvidos», sendo o objectivodo CIMB eliminar estes obstáculos.Serão os centros e museus de ciênciasnaturais que vão decidir que dados queremdar a conhecer ao público e quais aquelesque querem conservar em exclusivo.Actualmente, a Europa tem cerca de 40

centros a trabalhar na área dabiodiversidade com 250 cientistas e maisde 1200 peritos.A Comissão Europeia acredita que o CIMBvai ser «uma ferramenta importante» paraa educação e investigação científica nasáreas da biologia, agricultura ebiomedicina.Até agora, são membros de pleno direitodo CIMB a Alemanha, Argentina, Austrália,Bélgica, Dinamarca, Equador, Espanha,Estados Unidos, Japão, Holanda,Eslovénia e Suécia.A Comissão Europeia, a Suíça, Taiwan e aUcrânia são considerados membrosassociados mas não têm direito de voto jáque não apoiam financeiramente oprojecto.O executivo comunitário anunciou hoje queestá disposto a co-financiar a criação deuma rede europeia de informação sobre adiversidade.

COMUNIDADES Suíça

oi com canções e poesia queas crianças portuguesas dojardim-de-infância de Frauen-feld receberam o secretário de

Estado das Comunidades Portuguesas,João Rui de Almeida, no ultimo dia de visitaà comunidade portuguesa na Suíça.Cerca de vinte crianças do jardim deinfância português de Frauenfeldcantaram e recitaram no dia 10 pequenaspoesias perante o olhar atento daeducadora, embevecido dos pais eenternecido de João Rui de Almeida ecomitiva.Esta visita acontece quando o únicojardim-de-infância português na Suíça

corre o risco de fechar por dificuldadesno financiamento.«Não devo prometer nada», afirmou osecretário de Estado diante das crianças,responsáveis e mais de cinquenta paispresentes, ao referir-se às dificuldadesfinanceiras, «mas contactem a Direcção-Geral dos Assuntos Consulares eComunidades (DGACC) que apreciará ovosso projecto e segundo aspossibilidades será apoiado».«Conheço este jardim-de-infância pelopapel desde a sua criação», afirmou asubdirectora dos Assuntos Consulares eComunidades, Mafalda Durão Ferreira,que acompanhou o secretário de Estado

durante a visita.«Durante vários anos a DGACC apoioueste jardim-de-infância com uma verbaanual de cerca de 700 contos», disse.Uma verba que, segundo Mafalda DurãoFerreira, aquele jardim-de-infância nãoterá recebido nos últimos dois anos dadoque recebeu um subsídio do Ministério daEducação.O jardim-de-infância de Frauenfeld éfinanciado principalmente pelasmensalidades dos pais das crianças, umapoio simbólico das autoridades docantão e da comuna e os apoios pontuaisdo Estado português.A nota de esperança foi também dada

pelo cônsul de Portugal em Zurique,Joaquim de Almeida, «a lei do ensinoparticular e cooperativo no estrangeiro jáfoi aprovada e agora só falta a suaregulamentação que determinará em quetermos um apoio poderá ser dado».O jardim-de-infância, criado em 1987,funciona em instalações amplas eequipadas, no mesmo edifício daAssociação Cultural e RecreativaPortuguesa de Frauenfeld.A instituição trabalha com 38 criançasentre os três meses e os oito anos eoferece serviços de creche, jardim infantile ocupação dos tempos livres para os quejá frequentam a escola suíça.

SUÉCIA Conselho Europeu informal

a sequência do ConselhoEuropeu informal que reuniu emNorrköping (Suécia) os minis-tros europeus da igualdade de

oportunidades e da segurança social,estão a ser objecto de estudo medidasconcretas para eliminar as discriminaçõesentre homens e mulheres na Europa, que

poderão passar pela criação de um«instituto de igualdade de oportunidades».Esta proposta está contida nas conclusõesdaquela reunião informal, que teve comofinalidade a discussão a nível ministerialsobre a forma como poderão ser postos emprática os objectivos fixados na Cimeira deLisboa � a criação de uma economia mais

competitiva e o pleno emprego, tendo emconta a importância do papel da igualdadede oportunidades no actual processo decooperação para a modernização dosregimes de protecção social.As conclusões desta reunião, que serãoabordadas na Cimeira de Estocolmo emMarço, apontam assim no sentido de que

este instituto terá como funções, entreoutras, melhorar as estatísticas referentesaos salários entre homens e mulheres, afim de avaliar a situação em matéria deremuneração ao nível europeu e de cadanacionalidade e elaborar os indicadoresque permitam avaliar a evolução daigualdade de oportunidades na Europa.

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ACÇÃO SOCIALISTA 8 15 MARÇO 2001

UNIÃO EUROPEIA

PINA MOURA RECUSA FALTA DE AMBIÇÃONA CONSOLIDAÇÃO ORÇAMENTAL

EURODEPUTADOS SOCIALISTAS PORTUGUESESSOLIDÁRIOS COM FAMÍLIAS DAS VÍTIMAS

BRUXELAS Finanças

ministro das Finanças afirmouno dia 12 que discorda dasacusações de falta de ambiçãona consolidação orçamental

feitas pela Comissão Europeia, emborapartilhe algumas preocupações dainstituição.«Não estamos de acordo que o nossoprograma de consolidação seja poucoambicioso», defendeu Joaquim PinaMoura, à entrada da reunião dos ministrosdas Finanças dos Quinze.O responsável governamental explicouque, bem «pelo contrário», tendo em contaa previsão de um crescimento menor paraos próximos três anos, o caminho quelevará a um saldo orçamental equilibradoem 2004 é, segundo Pina Moura, «maisambicioso que há um ano».O ministro das Finanças já fez, domingo ànoite, uma apresentação «rápida e con-creta» do Programa de Estabilidade eCrescimento português (2001-2004) nareunião do Eurogrupo (países da ZonaEuro), embora o «parecer» dos Quinze sobreo mesmo só fosse aprovado no dia 12.«Ninguém me bateu», ironizou Pina Moura,desvalorizando as críticas feitas pelaComissão Europeia quando apresentou,em 28 de Fevereiro, a proposta deparecer.

«Exprimi a nossa visão de que há partessubstanciais da análise da Comissão queparti lhamos, tanto em termos daspreocupações como em termos das

viragens que são necessárias», sublinhouo ministro.Pina Moura teve ainda «oportunidade dediscutir e informar» os seus homólogos

PE Entre-os-Rios

delegação dos eurodeputadossocialistas portugueses noParlamento Europeu, numcomunicado do dia 5, «lamenta

profundamente o trágico acidente queocorreu em Castelo de Paiva e Entre-os-Rios» e «expressa as mais sentidascondolências e solidariedade às famíliasdas vítimas».Para os eurodeputados socialistas, «omomento é de exigência do apuramentorápido das responsabilidades aos diferentesníveis (técnicos e políticos), sem que hajalugar a quaisquer aproveitamentos políticos».No comunicado, a delegação «expressa asua solidariedade e admiração pela atitudeexemplar de dignidade política do ministroJorge Coelho».

Libertação imediatados portugueses em Cabinda

Os eurodeputados socialistasportugueses vão apresentar na próximasessão plenária do PE, em Estrasburgo,

uma proposta de resolução sobre o raptode três cidadãos portugueses no enclavede Cabinda, em Angola.Nesta resolução, da iniciativa doseurodeputados Mário Soares, AntónioJosé Seguro e Maria Carrilho, condena-se a tomada de reféns como «instrumentode acção política» por parte da FLEC eapela-se a esta organização para queliberte incondicionalmente e sem demoraos cidadãos portugueses, cujo «cativeirose prolonga há já nove meses, com gravesconsequências para o seu estado desaúde física e mental».

Apoio aos países em viasde desenvolvimento

«O notável peso da acção europeia noapoio aos países em vias dedesenvolvimento» foi realçado pelaeurodeputada socialista Maria Carrilho, noplenário de Bruxelas do PE.Intervindo durante o debate de umrelatório sobre a polít ica de

desenvolvimento, objecto, recorde-se, deum parecer seu, a camarada MariaCarri lho chamou à atenção para anecessidade de essa dimensão da acçãoexterna da UE ser mais valorizada, umavez que a UE é, actualmente, o maiordador mundial de ajudas aos países emvias de desenvolvimento.Para a eurodeputada socialista, esteaspecto é importante, «tanto pelo queimplica no plano financeiro em termos decompromissos e expectativas criadas,como pela responsabilidade que envolvequanto à influência política nos processosde desenvolvimento dos países emcausa».

Reestruturações e fusõesna indústria da UE

A eurodeputada socialista Elisa Damiãoestá preocupada com algumas dasrecentes fusões e reestruturações no sectorda indústria europeia.Numa intervenção no plenário de

Estrasburgo do PE, a camarada ElisaDamião salientou «não se saber aindaquanto e como contribuem asreestruturações industriais para o aumentoda despesa social e para a crescentedependência dos sistemas de protecçãosocial na UE».Elisa Damião quer por isso saber quempaga de facto as reestruturações: «Omercado, ou os trabalhadores e oscontribuintes?»É que, segundo referiu, as consequênciassociais das reestruturações maistraumáticas da UE, ditadas porcomportamentos de mercadoconcentracionais e agressivos e pelodesajustamento tecnológico e tendênciasde mercado, nunca são medidas.Ficam assim por esclarecer, adiantou,alguns aspectos como, por exemplo, aforma e medida em que contribuíram parao empobrecimento de pessoas e regiões,a sua contribuição para o desemprego delonga duração dos cidadãos com mais de40 anos. J. C. CASTELO BRANCO

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«de um conjunto de decisões em matériade consolidação das finanças públicas»que está a preparar em Portugal e queprometeu divulgar após a reunião dosministros das Finanças dos Quinze.O Programa de Estabil idade eCrescimento português aponta para umataxa média de crescimento do produto de3,25 por cento ao ano, ao longo doperíodo 2001-2004, o qual a ComissãoEuropeia considera viável.O programa prevê, também, uma melhoriado saldo do sector público administrativo,passando de um défice de 1,5 por centodo Produto Interno Bruto (PIB) em 2000para uma situação de equilíbrio em 2004.A Comissão conclui, na sua proposta deparecer, que os objectivos orçamentais demédio prazo do Programa Actualizado são«globalmente compatíveis com o Pacto deEstabilidade e Crescimento».Não obstante, uma vez que se prevê queo saldo orçamental apenas venha a atingira situação mínima exigida em 2002, «seriadesejável, no intuito de aumentar amargem de segurança necessária, umaredução mais rápida do défice».Os ministros das Finanças vão, ainda,aprovar pareceres para os programas deEstabilidade da Espanha, Bélgica eLuxemburgo.

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15 MARÇO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA9

SOCIEDADE & PAÍS

CO-INCINERAÇÃO NÃO REPRESENTA QUALQUERPERIGO PARA A SAÚDE

O MAIS AMBICIOSO PLANO DE REGADIOSESTÁ EM MARCHA

SETÚBAL Protecção Civil afirma

A co-incineração é um dosmétodos mais seguros, usadoaliás na maioria dos paíseseuropeus; os estudos efectuadospor comissões científicasindependentes confirmam-no.

ó uma postura bairrista elocalista pode ser contrária a umprocesso seguro e semqualquer perigo, e que pretende

acabar com as lixeiras a céu abertoterceiro-mundistas.Agora foi a vez do delegado distrital daProtecção Civil em Setúbal, SilvérioFerreira, vir afirmar que a co-incineraçãode resíduos industriais não representaqualquer perigo porque não vão serqueimados produtos com grandeconcentração de dioxinas.Silvério Ferreira falava num encontro sobreProtecção Civil, promovido pelaAssociação de Municípios do Distrito deSetúbal no âmbito do Plano Estratégicopara o Desenvolvimento da Península deSetúbal (PEDEPES).«A EDP já não utiliza os transformadores

objecto do processo de co-incineraçãonão representam qualquer perigo porquetêm uma concentração mínima dedioxinas», defendeu Silvério Ferreira, quereferiu o exemplo de paísesdesenvolvidos como o Japão, «que temmais de 400 incineradoras, sem ruídos,sem fumos e sem cheiros».A afirmação do delgado distrital daProtecção Civil � que respondia a umapergunta do Presidente da Lasa (Liga dosAmigos de Setúbal e Azeitão), MaurícioCosta �, surpreendeu os participantes noencontro, onde se encontravam algunscontestatários da co-incineração deresíduos industr iais perigosos nacimenteira do Outão, na serra daArrábida.Silvério Ferreira esclareceu que a suaposição resultava do conhecimentoadquir ido sobre a incineração deresíduos industriais perigosos em paísesestrangeiros como o Japão e que nãodeveria ser objecto de qualquer leiturapolítica.«Não sou político, sou oficial da Marinha»,concluiu Silvério.

AGRICULTURA Redes de rega

ministro da Agricultura, Desen-volvimento Rural e Pescasreiterou, no dia 8, em Montemor-o-Novo, que o Governo tem em

execução «o mais ambicioso plano deregadios que alguma vez existiu emPortugal».Capoulas Santos falava aos jornalistasapós a apresentação do projecto deexecução das redes de rega, viária e dedrenagem do aproveitamento hidroagrícolados Minutos, uma cerimónia realizada juntoaos estaleiros da obra, na freguesia de S.Sofia.Salientando o «esforço» que está a serdesenvolvido pelo Executivo, o ministroexplicou que o plano nacional de regadiospermitirá até ao final do terceiro QuadroComunitário de Apoio (III QCA) irrigar cercade 72500 hectares, 26 mil dos quais nazona de influência do empreendimento deAlqueva.«O ritmo de execução anual é dez vezessuperior àquele que ocorria entre 1991 e1995», referiu Capoulas Santos, quejustificou a aposta do Governo afirmandoque «não há agricultura competitiva semágua e regadio», sobretudo num país como

empreendimento dos Minutos, em quetambém participou o secretário de Estadodo Desenvolvimento Rural, Vítor Barros,coincidiu com o lançamento do concurso

público internacional para a execução daobra, com uma base de licitação de 3,248milhões de contos, mais IVA.Trata-se de uma obra, antiga reivindicaçãoda população local, que irá permitir 1500hectares de novos regadios na zona deMontemor-o-Novo.Capoulas Santos esclareceu ainda que,embora se trate de uma barragemconstruída para fins agrícolas, oempreendimento poderá funcionar,«sempre que necessário», como reforço deabastecimento público de água aMontemor-o-Novo.O projecto apresentado quinta-feira prevêrega sobre pressão, a pedido, com águadisponível 24 horas por dia, a beneficiaçãode 22 quilómetros de caminhos existentese, quanto à rede de drenagem, a correcçãodas linhas de água já existentes numaextensão de 15 quilómetros.As obras da Barragem dos Minutos,adjudicadas por 2,8 milhões de contos,arrancaram em Janeiro do ano passado edeverão terminar dentro de um ano.O começo das obras da rede de rega estáprevisto para o final deste ano e aconclusão para Novembro de 2003.

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de alta e média tensão com óleosvegetais, que eram os principaisprodutores de dioxinas», defendeu SilvérioFerreira.

Adiantou que os transformadores jáforam desmantelados e enviados paraEspanha e França, onde serão destruídos.«Por outro lado, os produtos que vão ser

Portugal, caracterizado por uma grandeirregularidade climatérica.A apresentação do projecto das redes derega, viária e de drenagem do

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ACÇÃO SOCIALISTA 10 15 MARÇO 2001

SOCIEDADE & PAÍS

DIREITOS NO FEMININO

URGENTE REFLECTIR SOBRE FUTURO DA ÉTICAE DEONTOLOGIA JORNALÍSTICA

DIA DA MULHER Comemorações

Os direitos das mulheres e a suaactual situação social e laboralforam o principal tema das diversasiniciativas promovidas pelas maisvariadas entidades paracomemorar o Dia Internacional daMulher, 8 de Março.

UGT distribuiu um documentosobre a protecção damaternidade e paternidade edeverá aprovar uma moção, na

reunião do Secretariado Nacional, sobre aigualdade de oportunidades.O Dia da Mulher também foi comemoradopelas reclusas, e reclusos, de Tires, deOdemira, Silves, Castelo Branco, Leiria, VilaReal e Guarda, que puderam assistir aespectáculos de teatro musical, dança epoesia.O Conselho de Ministros deverá aprovou,quinta-feira, o II Plano para a Igualdade deOportunidades Mulheres e Homens (2001-2006), enquanto na livraria da Assembleiada República eram lançados livros editadospela Comissão para a Igualdade e para osDireitos das Mulheres (CIDM).O Executivo socialista debruçou-se sobreo processo de elaboração do plano queficará na directa dependência do ministroda Presidência, em estreita articulação como ministro do Trabalho e da Solidariedade,e envolvendo os departamentos doGoverno e da Administração relevantespara a concretização da igualdade entremulheres e homens.A coordenação dos trabalhos de

preparação deste II Plano fica a cargo daCIDM, em colaboração com a Comissãopara a Igualdade no Trabalho e no Emprego(CITE) e com representantes (Auditorespara a Igualdade) das diversas áreassectoriais em que o plano tem incidência.O plano, a elaborar no prazo máximo deseis meses, deverá reflectir uma política dedesenvolvimento integrado orientada paraa construção da igualdade deoportunidades entre mulheres e homens,que se traduza nos contributos ecompromissos dos vários ministériosenvolvidos.São áreas de intervenção prioritárias a

educação; cultura; conciliação entre a vidapessoal, cívica, profissional e familiar;poder e tomada de decisão; vidaeconómica e emprego; saúde; combate àviolência; políticas fiscais e de protecçãosocial; condições de vida e ambiente;pobreza e exclusão social; cooperação emeios de comunicação social; prevendo-se um mecanismo de acompanhamentoda sua execução.Recorde-se que, segundo dadosdivulgados a propósito do Dia da Mulherpelo Instituto Nacional de Estatística, asmulheres portuguesas continuam a auferirsalários mais baixos que os homens e a

COMUNICAÇÃO SOCIAL Radiodifusão

ser mais afectadas pelo desemprego epela pobreza, constituindo ainda mais demetade da população portuguesa.No Dia Internacional da Mulher, oConselho da Europa apelou aos governospara fazerem um esforço real e tomaremmedidas anti-sexistas concretasdestinadas a efectivar uma verdadeiraigualdade entre mulheres e homens.«Se, na Europa, os direitos das mulheressão reconhecidos nos textos, a realidadefica muito aquém», declarou Hans-Christian Kruger, secretário-geral adjuntodo Conselho da Europa.«Em numerosos casos, a realidade da vidaquotidiana das mulheres fica muito longedo espírito da lei», prosseguiu.Kruger acentuou ainda que uma mulherque queira fazer uma carreira profissionaltem de trabalhar duas vezes mais que umhomem para ser promovida, obrigando-as a desdobrarem-se entre a carreira e avida familiar.Adiantou ainda que este desequilíbrioreflecte-se na própria composição dosgovernos, não havendo um único comnúmero igual de homens e mulheres.O secretário-geral adjunto pediu ainda aosgovernos para respeitarem as disposiçõesda Carta Social Europeia, como base paraa igualdade no local de trabalho e foradele, e convida-os a ratif icarem oprotocolo n.º 12 da convenção europeiados direitos humanos, que reconhece acompetência do Tribunal Europeu dosDireitos do Homem em matéria dediscriminação.

secretário de Estado daComunicação Social, Arons deCarvalho, defendeu, no dia 10,em Évora, a necessidade de

uma reflexão em torno da evolução dasituação actual na Comunicação Social emPortugal.«A luta pelas audiências e pelas tiragenslevou a uma ultrapassagem, em algumassituações grave, de ética jornalística»,considerou Arons de Carvalho.O governante falava na sessão deabertura VIII Congresso Nacional deRadiodifusão, que decorreu naUniversidade de Évora, e que começoupor observar um minuto de silêncio e aaprovação de uma moção emsolidariedade para com os familiares dasvitimas da tragédia da ponte de Entre-os-Rios.«Importa reflectir atentamente em relação

à evolução da situação actual naComunicação Social», af i rmou osecretário de Estado, ressalvando,contudo, que o sector da radiodifusão,incluindo as estações de âmbito nacional,se tem «mantido fiel aos valores queestão contidos no Código Deontológicodos Jornalistas».Nesta matéria, Arons de Carvalhoconsiderou que «o papel fundamental doEstado é incentivar a auto-regulação».«Em Portugal, há mecanismos de auto-regulação e de regulação suficientes paraque não seja necessária uma intervençãodo Estado», sublinhou.O secretário de Estado aproveitoutambém para enaltecer a recenteiniciativa da Rádio Renascença relativa àcobertura jornal íst ica de casos desequestro e considerou que os jornalistase a Alta Autoridade para a Comunicação

Social terão também uma palavra a dizer.Perante os representantes do sector daradiodifusão, em particular das rádioslocais, Arons de Carvalho chamou aatenção para dois novos incentivos quevão entrar brevemente em vigor. Trata-sedo incentivo à inovação e desenvolvimentoempresarial e incentivo aos conteúdos on-line, que se destinam a modernizar asempresas e a permitir que, quer as rádios,quer os jornais, possam ter conteúdos naInternet.Arons de Carvalho disse que acomparticipação do Estado «é muitoelevada», atingindo, no caso da Internet,os 75 por cento.Reiterando uma opinião «muito favoráveldo desempenho e do papel das rádioslocais», classificando-as como «rádios deproximidade», o governante lembrou osapoios disponibil izados pelo actual

Governo para o sector, incluindo umserviço da Agência Lusa.Antecipando um dos temas do congresso,sobre a definição da radiodifusão comode interesse público ou uma actividadeeconómica, Arons de Carvalho esclareceua sua opinião, afirmando que o sector «éas duas coisas».Considerou que o sector da radiodifusão«é uma actividade comercial, mas quedeve ser reconhecida como de interessepúblico».«As rádios são privadas e empresas ecomo tal tem uma actividade comercial,mas desempenham uma função deinteresse público, que obriga o Estado anão assistir indiferente às suas situaçõesde maior ou menor saúde financeira eeconómica», disse, acrescentando que«importa que o Estado não vire costas aessas estações e as apoie».

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15 MARÇO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA11

AUTARQUIAS INICIATIVAS & EVENTOS

AUTARQUIAS

Albufeira

Câmara apoia OrquestraRegional do Algarve

A Câmara Municipal de Albufeira é umadas primeiras autarquias da regiãoalgarvia a envolver-se na criação da tãodesejada Orquestra do Algarve.

Nesse sentido, o município de Albufeiradeliberou atribuir uma verba anual de 7500contos.Albufeira integra-se desta forma no núcleopioneiro de autarquias responsável peloarranque desta Orquestra.Segundo o projecto apresentado pelomaestro Álvaro Cassuto, serãonecessários 150 mil contos por ano paraa manutenção da Orquestra Regional doAlgarve.

Festival Internacionalde Cinema (FICA)

A organização do Festival Internacional deCinema do Algarve (FICA) volta a contarcom o apoio da Câmara de Albufeira paraa realização de mais um certame.O valor disponibilizado por esta autarquiapara o evento de 2001 é de 700 contos.A 29ª edição do FICA decorre em Albufeirade 22 a 25 de Maio.

Reconstruçãoda Casa do Ermitão

Atenta ao património local, o Executivo daCâmara de Albufeira vai contribuir commais de seis mil contos para areconstrução da Casa do Ermitão, junto àCapela da Orada.

Amarante

Inauguração do ComplexoDesportivo da Costa Grande

Com a presença do ministro do Desporto,José Lello, vai ser inaugurado no próximodia 17 o Complexo Desportivo da CostaGrande, que registará animação desportivacom múltiplas modalidades ao longo dodia.Com uma localização privilegiada nocontexto do perímetro urbano da cidade deAmarante, aquele complexo estáimplantado numa área de 14 mil metrosquadrados, confinando com o rio Tâmega

ao longo da sua margem esquerda e coma EN 312 e dista menos de um quilómetrodo centro da cidade.

Coimbra

Câmara aprova monumentodo 25 de Abril

A Câmara de Coimbra aprovou umaproposta para a construção de ummonumento evocativo do 25 de Abril, com aabstenção de um dos quatro vereadores doPSD.

Os restantes membros do Executivo, seis doPS e um da CDU, votaram a favor daproposta da escultora Ana Rosmaninho.O monumento, à base de aço inox polido ebronze, será implantado na Rua Antero deQuental, junto ao edifício onde funcionou apolícia política PIDE até ao derrube do regimefascista, em 25 de Abril de 1974.A camarada Teresa Portugal, vereadora daCultura, disse que Ana Rosmaninhocompromete-se a concluir o seu trabalho atempo de inaugurar o conjunto escultóricono dia 25 de Abril, no âmbito dascomemorações locais da Revolução dosCravos.A obra (escultura e arranjos exteriores)custará cerca de 33 mil contos e deverá serentregue à autarquia no dia 23 de Abril.Um grupo de munícipes entregou aopresidente da Câmara, Manuel Machado, noperíodo aberto ao público, um documentosubscrito por cerca de 5000 residentes eautomobilistas que protestam contra osestrangulamentos no acesso a Coimbraatravés da estrada da Beira (EN 17).Um membro do Movimento de Utentes daEstrada da Beira (MUEB), Álvaro LuísSantos, disse a Manuel Machado que asassinaturas foram recolhidas na zona deCeira (Coimbra), Miranda do Corvo e Lousã.

Manuel Machado manifestou o empenho doexecutivo com vista aencontrar soluções, mas confessou que éum período difícil para encaminhar oprocesso, na sequência da demissão doministro do Equipamento Social, JorgeCoelho.Acrescentou que o Instituto de Estradas dePortugal é a entidade responsável, emprimeiro lugar, pelo estado da EN 17 elamentou que «várias intervenções avulsas»de que foi alvo a via rodoviária nos últimosanos não tenham, «todas somadas»,garantido um melhor itinerário.Manuel Machado comunicou que ademissão de Jorge Coelho implicou,igualmente, o cancelamento de uma reuniãosobre a situação do ramal ferroviário daLousã, convocada pelo próprio ministro eem que deveriam participar a administraçãoda Metro Mondego, representantes da CP,REFER e Metro de Lisboa, além de autarcasda Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra.

Fafe

Autarquia adere à Associaçãodas Terras Camilianas

O município de Fafe aprovou os estatutos eaderiu à Associação das Terras Camilianas,que terá a sua sede em Vila Nova deFamalicão.

Trata-se de uma instituição cultural sem finslucrativos, que está em formação,constituída pelas câmaras municipais que,de alguma forma, estão ligadas à vida e obrade Camilo Castelo Branco e ainda porpessoas ou instituições que possuampatrimónio camiliano.

Vida e obra de Camilo CasteloBranco

A Associação propõe-se desenvolveractividades no âmbito da conservação epreservação do património camiliano,promover e apoiar iniciativas visando omelhor conhecimento e divulgação da vidae obra de Camilo Castelo Branco, entreoutras finalidades.

Loulé

Inauguração do lar de idososde Querença

O lar de idosos da Associação de Bem-

Estar dos Amigos de Querença foiinaugurado, numa cerimónia que contoucom a presença do secretário de EstadoRui Cunha.Esta obra teve um custo total de 70 milcontos, comparticipados em cerca de 35por cento pela Câmara Municipal deLoulé e em 65 por cento pelo CentroRegional de Segurança Social doAlgarve.O novo equipamento é composto por umespaço amplo, com capacidade para 21camas, distr ibuídas em quartosindividuais e duplos, todos eles com casade banho, e equipados com telefoneligado à recepção.

De salientar que a vista panorâmica paraa serra constitui um dos atractivos desteespaço.

Ovar

Mais fogos no ConjuntoHabitacional do Matadouro

A aposta na habitação é uma dasprioridades da Câmara de Ovar.Neste contexto, o Executivo camaráriodel iberou aprovar o projecto deconstrução de 20 fogos do ConjuntoHabitacional do Matadouro, recuperandoe qualificando aquela área da cidade ereforçando o parque habitacional domunicípio ao dispor dos maiscarenciados. Esta grande obra vai serlançada a concurso.

Por outro lado, o Executivo municipalaprovou por unanimidade a delegaçãode competências com a respectivatransferência de meios financeiros paraas juntas de freguesia de Cortegaça,Maceda e São João de Ovar efectuarema manutenção e conservação de jardinse espaços verdes.

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ACÇÃO SOCIALISTA 12 15 MARÇO 2001

PS EM MOVIMENTO

NOVO CALENDÁRIO ELEITORALXII Congresso Nacional do PS � 4, 5 e 6 de Maio de 2001

Envio das convocatórias da assembleia geral eleitoral Até 10,11 e 12 Abril (Até 10 dias antes da data da eleição)

Apresentação das listas de candidatos a Delegados 16,17 e 18 Abril(Até 4 dias antes da data da eleição)

Exposição das listas de candidatos apresentados, na Secção (Após entrega na Secção)

Realização da assembleia geral eleitoral 20,21 e 22 Abril(15 dias antes da data do Congresso

Recurso das deliberações da assembleia geral eleitoral para a COC (48 horas após assembleia)

Repetição de assembleias gerais eleitorais na sequência dos recursos 28 Abril (Até 6 dias antes do Congresso Nacional)

Data limite entrega de Moções Sectoriais à COC subscritas por Delegados 24 de Abril (Até 10 dias antes)

Apresentação das candidaturas a Presidente do Partido 29 Abril (Até 5 dias antes do Congresso)

Publicação da lista completa dos Delegados ao Congresso(Acção Socialista anterior ao Congresso) 4 Maio (Até ao início do Congresso)Realização do CONGRESSO NACIONAL 4,5 e 6 de Maio de 2001

CARTA DO PRESIDENTE DA COC

CONGRESSO Adiamento do Congresso

O presidente da COC, camaradaFausto Correia, enviou no dia 13uma missiva sobre o adiamento doXII Congresso Nacional do PS aosmembros do membros daComissão Nacional, presidentesdas Federações, presidentes dasComissões Políticas Concelhias, edas Secções de Residência e deAcção Sectorial do PS, que o«Acção Socialista» publica naíntegra.

tragédia de Entre-os-Rios e asdificuldades surgidas pararesgatar as vítimas criaram umambiente de luto e pesar nacio-

nal que condicionou fortemente as iniciativasde preparação do XII Congresso Nacionalprevisto para os dias 30 e 31 de Março e 1de Abril, em especial o debate das moçõesglobais antes da eleição dos Delegados edo Secretário-Geral .Neste contexto, tendo presente que aeleição dos Delegados, a eleição doSecretário-Geral, e a realização doCongresso Nacional são momentos detrabalho, de mobilização e de festa da famíliasocialista; ouvidos o Secretário-Geral, oPresidente do Partido e os proponentes dasmoções políticas de orientação global, aComissão Organizadora do XII CongressoNacional deliberou adiar a eleição dosDelegados e do Secretário-Geral eagendar o Congresso Nacional para osdias 4, 5 e 6 de Maio de 2001, no PavilhãoAtlântico, em Lisboa, de acordo com oseguinte calendário:

Até 10, 11 e 12 Abril � Envio dasconvocatórias aos militantes.16, 17 e 18 de Abril � Entrega das listas decandidatos a delegados.20, 21 e 22 de Abril � Eleição dosDelegados e do secretário-Geral.28 de Abril � Eventual repetição de actoseleitorais.Até 24 de Abril � Entrega das moçõessectoriais, subscritas por 20 delegados.Até 4 Maio � Publicação da lista completade delegados ao Congresso.4, 5 e 6 de Maio - XII CONGRESSONACIONAL .

De igual modo, a COC , observando oprincípio de consolidação do processoeleitoral, em especial das regras de

participação divulgadas, deliberou:1- considerar que a capacidade eleitoralactiva e passiva fixadas, respectivamente,a 12 de Setembro de 2000 e a 12 deSetembro de 1999, continuem a serreferência para efeitos dos cadernoseleitorais;2- endereçar oportunamente a todas assecções uma actualização dos documentosdo processo eleitoral, mantendo-se firmes oscadernos eleitorais já enviados, devendo serexpedidas, pelas secções, novasconvocatórias para os respectivos militantes;3- entender como válidas as listas decandidatos a delegados que tenham sidoentregues nos prazos anteriormenteestabelecidos , na perspectiva da realizaçãode eleições nos dias 16, 17 e 18 de Março,

agora adiadas, sem prejuízo dos novosprazos agora estabelecidos que viabilizama apresentação de novas listas.

Na expectativa de poder contar com a vossacompreensão para o enquadramentopolítico e para os motivos que conduziramà presente deliberação da COC,formulamos votos para que fiquem criadasas condições externas e internasviabilizadoras de um amplo debate em tornodas três moções globais apresentadas:Moção A � « Socialismo em Democracia» �António Brotas;Moção B � «Portugal Primeiro» � HenriqueNeto; eMoção C � «PS � Uma Aposta de Futuro» �António Guterres.

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No âmbito de um vasto conjunto de actividades que têm vindo a ser promovidas pelaComissão Política Concelhia de Lisboa, realizou-se no dia 13, na Secção de AlmiranteReis, um debate subordinado ao tema «Política educativa e política para o ensinosecundário», que contou com a presença do camarada Augusto Santos Silva, ministroda Educação.Nesta reunião procedeu-se ainda à votação das moções sectoriais propostas peloSecretariado da Concelhia de Lisboa.

LISBOA Actividades da Concelhia

A Comissão Política da Federação do PS/Benelux, reunida em Bruxelas, decidiu que marcarápresença no Congresso do Partido Socialista com uma moção de acção sectorial sobre aspolíticas para as comunidades portuguesas.Para além das propostas dos membros do Secretariado e da Comissão Política, foi feito umapelo para que todos os militantes da Federação dêem o seu contributo para a redacção damoção, que abordará os aspectos relevantes das políticas para as comunidades.No seguimento da moção vencedora no último Congresso da Federação do PS/Benelux, foidecidido realizar no Luxemburgo, na primeira quinzena de Maio, um colóquio sobre adiscriminação, que abordará esta temática relativamente às relações dos portugueses coma administração dos países de acolhimento, no ensino, a nível social e noutros domínios.Neste contexto, ganha particular relevo a discriminação de que são alvo os clubes de origemportuguesa que há vários anos querem aderir à Federação Luxemburguesa de Futebol semo conseguirem, não obstante preencherem os requisitos exigidos.Foi também anunciado que estão já criadas as condições para a formação de uma estruturada JS na área da Federação, porquanto existe já um núcleo na Bélgica e outro na Holanda,

Chama-se «Clube do Debate» a iniciativa que a Secção do PS/Ajuda tem vindo a implementar,nas suas instalações, com regularidade, e que consiste em sessões de esclarecimento edebate com diversos dirigentes do PS sobre temas da actualidade política, social, económicae laboral.No dia 13, o camarada Francisco Assis, líder da bancada do PS na AR, foi o convidado do«Clube do Debate».

AJUDA «Clube do Debate»

BENELUX Moção sectorial

faltando apenas a aprovação pela direcção nacional da JS. Este trabalho tem sido desenvolvidopelos jovens Olga Bataglia (Amsterdão), Paulo Almeida (Haia) e Tomé de Sousa (Bruxelas).Está previsto para Abril uma ida ao Benelux da secretária-geral da JS, Jamila Madeira, paraformar a comissão administrativa que procederá à eleição dos órgãos da JS/Benelux.Por outro lado, estão igualmente criadas as condições para constituir o DepartamentoFederativo das Mulheres do Benelux, prevendo-se que a eleição da presidente se realize nassecções da Federação em simultâneo com a eleição para os delegados ao CongressoNacional do Partido Socialista.A camarada Teresa Himans, de Amesterdão, tem sido a impulsionadora daquela estrutura.

Vitória esmagadora de Sampaio na emigração

A Comissão Política fez também uma análise dos resultados das eleições presidenciais,tendo-se congratulado com a vitória esmagadora de Jorge Sampaio nos círculos da emigraçãoe em Portugal.No entanto, manifestou-se preocupação pela elevada abstenção e criticou-se a falta deinformação para um acto eleitoral em que pela primeira vez participaram as comunidadesportuguesas e em que se exerceu pela primeira vez o voto presencial.

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15 MARÇO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA13

PS EM MOVIMENTO

CANDIDATURA DE GUTERRESÀS PRESIDENCIAIS DE 2005

ENTREVISTA Ferro Rodrigues defende

Ferro Rodrigues, recém-empossadoministro do Equipamento Social,defende a candidatura de AntónioGuterres nas presidenciais de 2005,numa entrevista publicada, no dia11, no «Público».

aqui a quatro ou cinco anoso candidato natural do PartidoSocialista à Presidência daRepública será o eng. António

Guterres», declara Ferro Rodrigues naentrevista, parte da qual foi feita antes dacrise aberta pela tragédia de Castelo dePaiva.Eduardo Ferro Rodrigues ressalva que asua escolha é feita projectando para 2005a «situação de hoje» e, assim, é AntónioGuterres o socialista que reúne «asmelhores condições de ganhar aspresidenciais».Quanto à hipótese de suceder a Guterresà frente dos socialistas, Ferro Rodrigues,que Jorge Coelho já disse dar umexcelente candidato à liderança do PS,não a rejeita, mas indica que eladependerá das circunstâncias.

«Isso (uma candidatura à liderança do PS)não se pode pré- programar a quatro oucinco anos de distância», diz o ministro.«Para uma questão desse género poderser respondida é necessário conjugar avontade do partido, a situação, a vontadeprópria», explica Ferro Rodrigues, queconsidera não ser este o momento paralançar nomes à sucessão de Guterres. «Não vejo o Governo a ser derrotado naspróximas eleições», afirma o ministro, querecusa a ideia de um «esgotamento» doExecutivo socialista.Ao «Público», Ferro Rodrigues explica aaceitação da pasta do EquipamentoSocial pela «necessidade de dar umcontributo para ultrapassar uma situaçãoinesperada, muito complicada e difícil,para o País, para o governo e para AntónioGuterres».Dadas as circunstâncias, «eu só podiadizer que sim», resume.A mini-remodelação resultante, com aentrega da pasta do Trabalho e daSolidariedade a Paulo Pedroso, adjunto deFerro Rodrigues no Ministério da Praça deLondres, não resulta para o novo titular doEquipamento num reforço da ala

sampaísta.Taxativo, diz: «O chamado sampaísmo,enquanto tendência do Partido Socialista,não existe.».

Um verdadeiro homem de Estado

Sobre o seu antecessor, considera que elese portou como «um verdadeiro homemde Estado».Mas face à hipótese de Jorge Coelhosubstituir Francisco Assis à frente dabancada do PS, Ferro Rodrigues diz que«essa questão não se coloca»,reconhecendo, embora, no ex-ministro umexcelente líder parlamentar.Ferro Rodrigues adianta ainda que não sóno Governo não vai ter o mesmo papel deJorge Coelho, como sugere que a suagestão do Ministério do EquipamentoSocial será diferente.«Sob muitos pontos de vista, o ministroJorge Coelho não é substituível noGoverno», considera.Às críticas já surgidas à equipa por elelevada do Ministério do Trabalho para oEquipamento, Ferro Rodrigues torna claroque o importante não é tanto o perfil

técnico, mas a «capacidade política» e«confiança» de que os seus secretários deEstado deram provas.«É fundamental assegurar a direcçãopolítica dessas estruturas de acordo comos objectivos expressos no programa doGoverno», sublinha Ferro Rodrigues,explicando a sua opção.Porque de uma questão de direcçãopolítica se trata, o novo ministro tambémnão vai mexer na orgânica da área sob asua tutela, nem na legislação que aenquadra, nomeadamente de obraspúblicas.

Optimizar as leis existentes

«Na minha opinião o que há a fazer é pôr afuncionar, optimizar as leis que existem.Não se vai mexer outra vez na orgânica doMinistério do Equipamento Social», garante.Onde as orientações do seu antecessorse manterão será no «dossier» TAP. Aquestão «vai ter de continuar serconduzida como o ministro Jorge Coelhoa estava a conduzir. Na obediência dosprazos e dos planos a cumprir durante opróximo mês».

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A Secção do PS/Oeiras, num comunicado do dia 6 de Março, manifestou «o seu maisprofundo pesar pelas vítimas do trágico acidente de Entre-os-Rios» e expressou às famíliasenlutadas as suas condolências.Os socialistas da Secção de Oeiras saudaram o camarada Jorge Coelho, militante destaestrutura, pela decisão que tomou ao pedir de imediato a sua demissão, «demonstrandoassim ser um homem de grande dignidade e de grande carácter. Exemplo a ser seguidopor muitos de nós».«Os valores e os princípios porque se regem os verdadeiros socialistas não os esqueceuJorge Coelho. É por isso que todos nós, militantes da Secção de Oeiras, queremosexpressar a nossa solidariedade para com este nosso camarada», refere o comunicado.

Moção da Concelhia

Também a Comissão Política Concelhia do PS/Oeiras manifestou a sua solidariedade aocamarada Jorge Coelho, tendo sido aprovada por unanimidade e aclamação uma moção.Na moção, a Concelhia do PS/Oeiras refere que «o gesto de elevada dignidade de JorgeCoelho honra o próprio, o Governo a que pertencia, e todos aqueles que se entregam ácausa pública, merece a nossa exaltação, mas sobretudo a nossa imensa solidariedadepor sabermos que este facto imola quem menos responsabilidade objectiva tem sobre oproblema», refere a Concelhia, acrescentando que «neste momento de infortúnio resta-nos após os lamentos, a honra de termos entre nós, nesta estrutura concelhia, um homeme um militante desta dimensão humana e verticalidade».Na moção, a Concelhia do PS/Oeiras manifesta «a sua profunda tristeza e consternação»pelo trágico acidente da ponte de Entre-os-Rios, apresentando a sua solidariedade «nestemomento de dor às famílias das vítimas».

OEIRAS Estruturas solidárias com Jorge Coelho

O Secretariado da Secção da Penha de França, num comunicado emitido dia 7de Março, manifesta «o seu mais profundo pesar pelas vítimas do trágico acidente

PENHA DE FRANÇA Solidariedade com Jorge Coelho

PORTALEGRE III Convenção Distrital da JS

de Entre-os-Rios» e expressa às respectivas famíl ias «as mais sent idascondolências».Os socialistas da Penha de França, no documento, saúdam ainda o camaradaJorge Coelho pela decisão que tomou ao pedir de imediato a sua demissão, «umaatitude que revela ser um homem de grande dignidade e carácter. Um exemplode ética republicana de um político com um longo percurso ao serviço do partidoe da causa pública».

A secretária-geral da Juventude Socialista (JS), camarada Jamila Madeira, afirmouno dia 10, em Campo Maior, que é preciso «diminuir a desmobilização geral» emrelação aos temas colectivos da sociedade.Jamila Madeira, que falava na sessão de encerramento da III Convenção Distritalde Portalegre da JS, acrescentou que «há pessoas que precisam do nosso apoio,há estruturas que têm de ser feitas e há um futuro que tem de ser planeado».«Queremos que haja igualdade de oportunidades e temos que conseguir mobilizaros portugueses para esta luta», salientou.Jamila Madeira apontou para uma maior participação dos jovens nas eleiçõesautárquicas deste ano e defendeu a reforma curricular no ensino.O presidente da Federação de Portalegre do PS, Ceia da Silva, disse que os jovensparticipantes na convenção devem «pedir ao próximo congresso do PS para haveruma maior representação juvenil nas listas para as eleições autárquicas desteano e também nas listas para os órgãos do partido».Ceia da Silva afirmou ainda que «o Estado deve dar o exemplo de descentralizaçãoe trazer para o interior do país mais serviços que permitam a fixação dos jovens».

Pela descentralização

Na sessão de encerramento falaram ainda João Galinha Barreto da FederaçãoDistrital do PS, que é também o governador civil de Portalegre e o reeleito hojepresidente da federação de Portalegre da JS, Luís Testa.Participaram na Convenção cerca de uma centena de delegados, representantesdas 15 concelhias da JS no distrito.

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ACÇÃO SOCIALISTA 14 15 MARÇO 2001

PROSSEGUIR A MODERNIZAÇÃO DO PAÍSCOM COESÃO SOCIAL*

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

PR - TOMADA DE POSSE Jorge Sampaio

s minhas primeiras palavrasdirijo-as aos portugueses, comquem quero partilhar estemomento. Deles recebi legitimi-

dade e confiança; a eles se destina a minhaacção. Peço, neste dia, a todos osportugueses que reafirmemos juntos o amorque temos a Portugal, que reiteremos avontade de reforçar os vínculos que nosunem e nos tornam uma comunidadenacional viva, solidária e voltada para ofuturo. Dessa comunidade sou símboloactivo e da sua unidade continuarei a ser ogarante.É na certeza de interpretar o sentimento detoda a comunidade que exprimo o meuprofundo pesar pela tragédia de Castelo dePaiva, renovando as minhas sentidascondolências às famílias dos que morreram.Devemos à memória dos mortos e aosofrimento dos vivos o apuramento rigorosoda verdade daquilo que aconteceu.Agradeço-lhe muito, Senhor Presidente daAssembleia da República, a sua saudação.Moldada como é por uma larga experiênciapolítica, por um elevado sentido de serviçoà República e por um laço de estimapessoal, recebo-a como estímulo que mehonra e responsabiliza.Nos termos da Constituição, o Presidenteda República dirige-se à Assembleia pordireito próprio. Permita-me, contudo, SenhorPresidente, que, em vez desse direito,invoque a praxe parlamentar, por mim tantasvezes aqui usada num passado cujarecordação me é tão grata, e lhe peçalicença para falar a esta Câmara, sede darepresentação plural da Nação, saudandotodos os senhores deputados com respeitoe apreço.Quero também manifestar, como é de inteirajustiça, reconhecimento a todos os queapresentaram e defenderam as suascandidaturas às eleições presidenciais, numespírito de serviço ao País e à democracia.Essa expressão de reconhecimento alarga-se àqueles que deram o seu contributocívico à campanha eleitoral.No momento em que inicio um novomandato, reitero os meus compromissosessenciais: prosseguirei uma magistraturade moderação e de equilíbrio, noescrupuloso respeito pela separação depoderes e empenhado na cooperaçãoinstitucional com os restantes órgãos desoberania; defenderei o interesse nacionale darei atenção permanente às questões dapresença portuguesa na Europa e noMundo; terei uma preocupação redobradacom os desafios da modernidade, dacidadania, da solidariedade e da coesãonacional; desenvolverei uma acção próximados portugueses, dos seus problemas e dassuas expectativas.Estes são compromissos fundamentais, quedecorrem da Constituição e da experiênciahistórica da função presidencial naDemocracia Portuguesa. A eles tenho

emprestado, naturalmente, a minhainterpretação, de acordo com a análise quefaço da situação do País e com aantecipação, que também me cabe fazer,das questões decisivas para o futuro dosportugueses.O eleitorado sufragou, de forma inequívoca,o exercício do meu primeiro mandato,nomeadamente o entendimento consistentedas funções presidenciais e o métodoutilizado para lhes dar corpo; sufragou asmetas enunciadas e as áreas de intervençãoprioritárias; sufragou, finalmente, o meupropósito de congregar os portugueses ede dinamizar o Estado e a Sociedade.A renovação da confiança do eleitoradosignifica, antes de mais, que devoprosseguir o caminho traçado, dando àfunção presidencial o carácter de vérticeestabilizador do sistema político. Interpretei-

a sempre no sentido de prevenir bloqueiosartificiais e inúteis, de estimular e apoiar asreformas necessárias. Assim continuarei afazer, pois esse é o interesse do País.Por isso, a renovação da confiança impõe,igualmente, o exercício de uma magistraturaactiva, atenta e vigilante que dê voz àsnecessidades de mudança, que aponteorientações nacionais de modo a garantiraos portugueses desenvolvimento, justiça,segurança e igualdade de oportunidades.E que tenha como causa a dignificaçãopermanente da República, entendida tantonos seus valores éticos de sempre, comonos valores modernos da promoção daliberdade e da tolerância, da integraçãosocial e da abertura cultural.Cidadão escolhido pelos cidadãos para osrepresentar todos, devo ser o cidadão maisatento, mais exigente, mais responsável,

mais solidário. Que fique claro: o sufrágiouniversal confere ao Presidente daRepública capacidade moderadora emagistério de iniciativa. Intérprete dasexpectativas dos cidadãos e da vontadecolectiva, sem deixar de ser o garante doregular funcionamento das instituições,cabe-lhe exprimir um impulso transformadore reformista, pois só ele permite manter vivaa ambição de um Portugal dinâmico,competitivo e solidário.Esse impulso é hoje indispensável, todos oreconhecem. Estou atento às preocupaçõesque perpassam na sociedade portuguesae tenho o dever de ajudar a vencer osdesafios nelas contidos. Quero garantir aosportugueses que mobilizarei as vontadesnecessárias e estimularei todas ascompetências e todas as capacidades deque dispomos para lhes dar respostas.Sendo certo que todos, mas todos, temosresponsabilidades, que cada um assumaintegralmente as suas, sem transferêncianem desculpa! Os portugueses sabem queeu assumirei as minhas. Por isso mereelegeram. Considero que a primeiradessas responsabilidades é contribuir paraque se ganhe consciência clara dosproblemas e dos desafios, pois esse é oprimeiro passo para os enfrentar, assumir eresolver. É disso que vos falo, agora.Um primeiro conjunto de desafios a quetemos de fazer face respeita ao crescimentoeconómico.Têm-se multiplicado, nos últimos tempos,os avisos sobre a situação económicaportuguesa. Lembrando traumas antigos,algumas realidades, como o déficecomercial e a subida das taxas de juro,geraram pessimismo.A economia portuguesa conheceu, nasultimas décadas, transformações profundase logrou uma integração europeia bemsucedida. Encurtou-se substancialmente adistância entre o nível de vida dosportugueses e a média da União Europeia.Portugal integrou o pelotão da frente damoeda única e o Euro defendeu-nos já desobressaltos que foram correntes nopassado. Esses factos não devem, todavia,servir para ocultar os problemas quepersistem.No curto prazo, Portugal terá de corrigiralguns factores que afectam o equilíbrio dasua economia, nomeadamente no querespeita ao rápido crescimento doendividamento externo, à inflação e àssubidas de custos superiores à média dazona euro e, por conseguinte, à despesanacional, com particular destaque para asdespesas públicas e para a taxa depoupança das famílias.Mas é no médio e no longo prazo que sejoga o crescimento sustentado. Aqui, todoo esforço tem de ser dirigido para aumentara competitividade e a capacidade produtivada economia nacional.Uma viragem impõe-se neste aspecto de

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forma absolutamente decisiva. Há quelibertar recursos para os sectoresprodutivos, privilegiar o investimento em vezdo consumo, fomentar o desenvolvimentoindustrial, difundir as novas tecnologias emelhorar a gestão empresarial, reabilitar �com sentido ecológico � a agricultura,renovar o tecido urbano, corrigir assimetriasregionais.

Reformas estruturais

Embora as dificuldades a vencer sejamgrandes, há que prosseguir e intensificarreformas estruturais em áreas como a daequidade fiscal, da racionalização dasdespesas públicas, a do aumento daeficiência dos serviços públicos de saúde,justiça e outros, a da melhoria da qualidadedo ensino e da formação profissional, a dasubida da produtividade na maior parte dasactividades produtivas, a dodesenvolvimento de uma política mais eficazde defesa da concorrência no mercadointerno e a da atracção do investimentoestrangeiro produtivo.Os sectores produtivos da nossa economia,a indústria sobretudo, não desempenhamo papel que deviam desempenhar. Oinvestimento industrial tem de ser maisencorajado, através de uma política selectivade apoios financeiros e da criação deestímulos à inovação científica emodernização tecnológica.É igualmente crucial obter uma articulaçãomais exigente entre os sistemas de ensino,os centros de investigação e as empresas.A nossa sociedade tem de ser mais abertaà inovação e ao risco, mais apta a valorizara qualidade e a aceitar a mudança.A competitividade da economia portuguesa,em concorrência global, coloca também umdesafio à nossa capacidade de reinventaro pacto social. A renovação do pacto socialsignifica que a sociedade é capaz de se fixarobjectivos de médio prazo para criar maisvalor acrescentado e gerar emprego dequalidade através de uma relaçãocontratualizada entre os diversos sectorese interesses sociais. É um imperativo a quepatrões e sindicatos dinâmicos não devemfurtar-se, pois só ele garantesustentabilidade económica e coesãosocial.Outros avisos têm surgido alertando-nossobre a possibilidade de crescermos menosdo que a média europeia. Não podemosser precipitados nesta matéria e admito queuma divergência temporária não deva sertomada como um desfasamento duradouro.Mas quero expressar a minha profundaconvicção de que Portugal e os portuguesesnão se resignariam se, a prazo, aconvergência real em relação à Europa nãoprosseguisse a ritmo sustentado esignificativo.Se a tendência de crescimento que animoua esperança dos portugueses estiverameaçada, é necessário, sem demora,tomar as medidas que garantam umamudança de orientação.Trata-se de um desafio para o Governo, semdúvida, mas também para todos osparceiros sociais, para todos osresponsáveis políticos, para os técnicos,para o mundo das empresas, para osistema de ensino, e � convém nãoesquecermos � para os cidadãos em geral.

Esta é uma meta que só pode ser atingidacom trabalho, disciplina e rigor, mas tambémcom imaginação, criatividade, visão eousadia.A integração europeia e o crescimentoeconómico coincidem num grande desígnionacional que é precisamente o de atingirmosos padrões da Europa mais desenvolvida.Em nome desse desígnio demos vigor a umnotável esforço colectivo que não pode serdesperdiçado.A recuperação do atraso tem de continuar,a bom ritmo, em nome de umasolidariedade entre gerações que é ocimento mais forte de uma comunidade quepartilha valores históricos e projecta o seufuturo.Um segundo desafio que quero assinalarrespeita ao lugar de Portugal na Europadepois de Nice.O alargamento da União Europeia às novasdemocracias da Europa Central e Orientalé indispensável e justo. No entanto, é umprocesso que exige de nós especialatenção, para prevenirmos os riscos eaproveitarmos as oportunidades quecontem.A negociação do Tratado de Nice mostrouque a perspectiva do alargamento da Uniãotende a agravar as tensões entre osinteresses próprios de cada Estado Membroe o interesse comum de todos eles.Ninguém põe em causa, todavia, que ointeresse nacional tem de ser hojeconcebido também no quadro de umdestino comum, do qual a União Europeiaé o mais ambicioso intérprete.Participar nesse projecto implicacompromissos, por vezes mesmosacrifícios, que são a contrapartida dasegurança, prosperidade e união dasdemocracias europeias, num mundo cadavez mais globalizado.Feito o balanço, a União Europeia tem sidoum insubstituível factor de prestígio,credibilidade e projecção internacional dePortugal, e tem representado umaoportunidade única de desenvolvimento,que é nossa obrigação, face às geraçõesfuturas, consolidar e aproveitar plenamente.Para conseguirmos percorrer este caminho,beneficiámos, até agora, de um amploacordo nacional sobre o sentido e o alcanceda nossa participação na construçãoeuropeia. É indispensável que ele possa sersempre assumido e invocado.O Tratado de Nice não pôs em causa osfundamentos desse acordo, mas,reconheçamos, também não os solidificou.Suscitou mesmo algumas dúvidas eapreensões. Importa, pois, reflectir emconjunto sobre a marcha do projectoeuropeu, de modo a renovar o consensoem torno de uma estratégia nacional queconstitua suporte e orientação para a nossaacção política e diplomática no âmbito daUnião. Não tenho dúvidas de que esseconsenso é do interesse nacional. Darei omeu empenhado contributo no sentido deo confirmar e consolidar.Duas questões fundamentais avultam nessareflexão. A primeira: como garantircondições para que Portugal continue nocaminho da convergência com os paísesmais desenvolvidos da União? A segunda:como defender os interesses e a posiçãodo Estado no modelo institucional reformadoque a Europa do alargamento adoptará?

Temos uma contribuição própria a dar paraa definição do futuro comum. Seja qual fora direcção que o debate venha a tomar entreos Estados-membros, temos, desde já, deevitar dois riscos: por um lado, a ilusão deque outros, melhor do que nós próprios,defenderão os nossos interesses; e, poroutro, o engano de que, isolados, estaremosmelhor defendidos.Projecto que assumimos e que queremosaprofundar, a União Europeia não esgota,porém, o âmbito da nossa afirmaçãointernacional. Assim, a nossa posição naUnião será sempre valorizada pelo reforçodas alianças e da cooperação externa doPaís com o resto do Mundo. Devemostambém continuar o esforço de projectarmelhor a nossa cultura e a nossa língua.Portugal será tanto mais respeitado naEuropa quanto souber cumprir a suavocação histórica universalista.A nossa afirmação na Europa e no Mundopassa igualmente pela capacidade decontribuirmos para a defesa comum e paraa segurança colectiva, para o queprecisamos de Forças Armadas modernase adaptadas às necessidades do nossotempo.Também aqui o impulso reformista não podeabrandar. À democracia compete actualizaros objectivos estratégicos da defesanacional e os meios para os realizar.Como Comandante Supremo, quero saudartodos os militares portugueses,manifestando-lhes o reconhecimento doPaís pelas missões que têm desempenhadocom tanta eficácia e dedicação,prestigiando a Nação e reforçando a suaposição internacional.

Segurança

Um terceiro desafio que temos de terpresente é o que resulta da disseminaçãode factores de insegurança e risco na nossasociedade.Nas sociedades modernas, a segurançatem de ser encarada como uma dimensãoda cidadania. Ao cidadão, o Estado tem degarantir tanto o acesso a patamares dedignidade e bem estar, como a segurançapessoal e patrimonial.Sabemos que as causas da insegurançasão diversificadas, múltiplas, poucocontroláveis e que simplificar os dados doproblema não ajuda a resolvê-lo. A violênciaque existe nas nossas sociedades é, emparte, resultado de uma sociedade que édesumana, agressiva e em que os factoresde exclusão social se acentuaram,provocando rupturas e antagonismosgraves.Mas reconhecer que a violência tem causascomplexas não significa desculpá-la nemimpede que o programa de combate sejaclaro, actuando-se sobre as causasprofundas e sobre os efeitos imediatos.É preciso, nesta matéria, adequar ascapacidades do Estado, tornar maiseficazes as acções de prevenção edissuasão, prestigiar o papel social dasforças de segurança, assegurar acooperação entre o Estado central e asautarquias, obter a colaboração dasorganizações de solidariedade social,incluindo o voluntariado. É aindafundamental ser firme na repressão dasnovas formas de criminalidade, pois, como

sabemos, também o crime hoje estáglobalizado.Mas, para além da violência, existem nanossa sociedade novos factores de risco,ligados a mudanças de tipo civilizacional,que geram também inseguranças de outrotipo.Alguns deles vêm de trás, como os queresultam das assimetrias regionais e dasdificuldades do mundo rural em modernizar-se. Outros são consequência dos impactes,por vezes brutais, de uma competiçãoeconómica e social sem regras, queprecariza o emprego, enfraquece asestruturas sociais, a começar pela família,ou ainda do individualismo exacerbado quemina a responsabilidade colectiva. Por isso,tenho apelado incessantemente ao reforçoda cidadania e da coesão social. Continuareia fazê-lo.O papel das famílias é essencial para esteobjectivo da coesão e da integração, nãopodendo ser transferido. Deve, por isso,promover-se uma articulação maisconsistente entre a escola e as famílias,desde o pré-escolar. A escola não pode servista como uma oportunidade de transferirresponsabilidades que cabem à família, mascomo um assumir dessasresponsabilidades num quadro mais amplo.O apoio à família implica igualmente políticasnovas em domínios como o da fiscalidade,da diversidade de horários de trabalho dohomem e da mulher e da partilha deresponsabilidades familiares entre os seusmembros.Por outro lado, o sentimento de insegurançaacentua-se ainda porque se rompemequilíbrios ecológicos e biológicos e seutilizam processos e materiais querepresentam perigos sérios para a vida epara a saúde humana. As mutações e asinovações surpreendem, abrem horizontes,mas também provocam inquietação etemor.Precisamos de estar mais atentos a estestemas dos quais depende o futuro. Portugaltem de dispor de um aparelho técnico-científico sempre muito apto, queproporcione informação, conhecimentorigoroso e pontual em áreas estratégicas,como a agro-alimentar, a saúde pública, oambiente e o clima. O país não podeprescindir de dispositivos de fiscalização econtrolo devidamente creditados dosecossistemas e das intervenções que nelessão operados pelas obras públicas eimplantação de equipamentos sociais.Essa é uma exigência do nosso tempo. Sepodemos e devemos aceder à investigaçãoeuropeia e mundial, isso não pode, em casoalgum, servir de pretexto para descurarmosos nossos próprios meios materiais,sobretudo, as nossas qualificaçõeshumanas nesses campos.As Universidades e os Politécnicos têm aíum contributo fundamental a dar. Só assim,aliás, se pode cumprir cabalmente aresponsabilidade que o Estado e os seusserviços têm perante os cidadãos.Sabemos que, actualmente, a segurança ea tranquilidade dos portugueses dependemmuito da credibilidade do Estado e daeficácia da Administração Pública. Só comrigor e a transparência asseguraremos essacredibilidade; só com qualificação,modernização, racionalização de meios,garantiremos esta eficácia. Esta é uma

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ACÇÃO SOCIALISTA 16 15 MARÇO 2001

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batalha que não podemos perder.Por isso, o quarto desafio que importa referirdiz precisamente respeito à reforma doEstado.Como tenho repetidamente afirmado, há,em muitos domínios, uma descrença nascapacidades do Estado em servir osportugueses. Essa desconfiança é, aliás,crónica entre nós.De facto, é frequente apontar-se situaçõesem que o Estado falhou por inoperância oufalta de meios aptos. Mas ainda há casosem que cedeu a grupos de pressão ouassumiu ele próprio uma lógica corporativa,onde devia ter assumido uma ética deserviço público. Quando age assim, oEstado torna-se parte, e parte do problema,em vez de árbitro, e parte da solução.Este é um tema fundamental de cidadania.Penso que não deve ser aprisionado na lutapolítico-partidária. É um imperativo dademocracia, pois a democracia exige umEstado democrático forte, justo, eficaz,imparcial e prestigiado.Para isso, precisamos de restaurar aconfiança na relação entre o Estado e oscidadãos. Precisamos de uma nova atitude,que vença suspeitas e rotinas que se vêmarrastando. Necessitamos de um Estadodemocrático moderno e reformista.Como tenho dito, precisamos de serviçospúblicos que sejam verdadeiramente o quesão: serviços e públicos. Serviços, porqueestão ao serviço dos cidadãos; públicos,porque não estão ao serviço de interessesou conveniências privadas, em detrimentodo interesse geral e do bem comum.Necessitamos de maior igualdade regionalna oferta e na utilização dos serviços e dosrecursos. Necessitamos de assegurar oacesso e a utilização efectiva dos serviços, eserviços descentralizados, por parte daspessoas a quem se destinam. Só assimgarantiremos a educação, a saúde, a justiçaa que os portugueses têm direito. Só assimo Estado será um instrumento de progressoe de desenvolvimento da sociedade e daeconomia - e não um peso, uma inércia, umfactor de asfixia e de opacidade dasdecisões.Refiro, por fim, como quinto desafio, que seprende com este, o da reforma do sistemapolítico.É hoje patente, no comportamento doscidadãos face à política, aquilo que váriosobservadores vinham diagnosticando: o riscode um divórcio entre os cidadãos e a política.De facto, sinto desencanto e por vezes atédesinteresse dos meus concidadãos pelavida política. Há sinais de desmotivação ede despolitização que me preocupam, quepreocupam todos os que querem umademocracia viva e dinâmica, uma Repúblicamoderna e solidária.Não esqueçamos que a liberdade e ademocracia nunca estão adquiridasdefinitivamente. Temos de cultivar os seusvalores, o seu espírito, os seus ideais, os seusprincípios: a autoridade democrática, aigualdade dos cidadãos perante a lei, opluralismo, a participação, a tolerância e afraternidade.Temos de fortalecer as associações cívicase políticas, a começar pelos partidos políticos,tornando-os mais abertos e mobilizadores.Temos de prestigiar as instituiçõesrepresentativas que devem demonstrar maiseficácia e prestar contas da sua acção em

defesa do interesse público. Temos de imporuma ética da responsabilidade na vidademocrática e na acção política,subordinando os interesses pessoais aointeresse colectivo.A vida parece correr à margem do sistemapolítico. Por isso temos também quefortalecer todas as formas de associativismosocial, o voluntariado, as organizaçõesdinâmicas da comunidade.Uma das causas do afastamento doscidadãos está provavelmente na convicçãode que o poder político está longe dosproblemas e é pouco eficaz na sua solução.Esta questão põe às instituições da vidademocrática, designadamente aos partidos,os mais sérios reptos.Temos que criar organizações menosfechadas e mais abertas à cidadania. Esta éa razão porque, em democracia, não éadequado falar-se em «classe política». Ospolíticos não podem nem devem constituiruma classe assente numa qualquersolidariedade corporativa de interesses ouprivilégios. O exercício de funções políticas,sempre transitório, é um serviço prestado àcomunidade, de quem se recebelegitimidade e a quem se tem de prestarcontas.Temos de ser capazes de quebrar o ciclovicioso que leva os cidadãos a distanciarem-se da política porque a acham poucoinfluente, contribuindo, com esse mesmoafastamento, para a perda de influência dapolítica. Quebrar o circulo vicioso implicagarantir que o cidadão tem a palavra, que oseu voto conta, que a sua participação équerida e respeitada.Temos também de aperfeiçoar orecenseamento eleitoral, realizando comdeterminação uma mudança profunda noactual sistema.Durante o meu primeiro mandato, chamei aatenção do País e dos responsáveis políticospara a necessidade de uma reforma domodo de fazer política. Num mundo quemudou tanto, só a política parece ter mudadopouco, ficando agarrada a formas deintervenção pouco motivadoras.Algumas alterações foram, no entanto,experimentadas. A campanha eleitoral daspresidenciais decorreu já sob uma nova leide financiamento das campanhas eleitoraisque contem aspectos positivos. Com aexperiência entretanto adquirida, julgo estarem condições de sobre ela me pronunciar, oque farei proximamente em mensagem aesta Assembleia.A desconfiança que, por vezes, se manifestaem relação à política e aos políticos tem deser contrariada, não apenas com palavras,mas com actos, com rigor noscomportamentos e com exemplos dededicação à causa pública. Falo à vontade,pois penso � e tenho-o dito � que osportugueses devem muito aos eleitos que osrepresentam e servem nas mais diversasinstâncias, desde as Juntas de Freguesia eCâmaras Municipais, até às RegiõesAutónomas e à Assembleia da República.Esse reconhecimento é devido e não seráregateado, se mostrarmos capacidade devivificar o poder local, de aprofundar asautonomias, de aproximar os representantesdos representados.Os desafios que enumerei decorrem, comodisse, de preocupações que sinto presentesna sociedade portuguesa. Decorrem

também das ambições e expectativas dosportugueses. Ambições e expectativasnaturais. A sociedade portuguesa é hojemenos resignada e mais crítica. Ainda bemque o é.Não podemos, por isso, ficar surdos peranteas críticas, quando justas, e inertes peranteas exigências, quando legítimas. Pior do queuma resposta, mesmo incompleta, é aindiferença, o deixa andar. Os portuguesessabem que não terei nunca contemplaçãocom a desatenção, com a falta deempenhamento na solução dos problemas,com o arrastamento das decisões. A minhaúnica ambição é Portugal - e quero quePortugal seja digno da ambição dosportugueses. Os desafios de que vos faleidevem ser tomados como metas:

Um Portugal coesoe solidário

A meta do crescimento económico, daconvergência real com os padrões europeuse da competitividade da economia nacional.A meta de um Portugal forte numa UniãoEuropeia alargada e num Mundo globalizado.A meta de um Portugal seguro, coeso esolidário.A meta de um Estado responsável eresponsabilizado.A meta de uma República moderna eparticipada.Pela minha parte, quero transmitir ao Estadoe à sociedade os impulsos transformadorese modernizadores que no âmbito da minhamagistratura considero prioritários: � naformação, no ensino, na cultura e na ciência;� na vida empresarial; � na justiça; � nasaúde; � nas Forças Armadas e desegurança pública; � na vida política.Trabalharei com todos os órgãos, instituiçõese partidos, no apreço e respeito peladiversidade plural de opiniões de que se faza democracia. Agora como no mandatoanterior serei fiel aos princípios que regem oexercício da função em que fui investido:isenção, imparcialidade, cooperaçãoinstitucional.Sei que há capacidades e vontades que sepodem congregar, mobilizando osportugueses residentes no Continente e nasRegiões Autónomas, e em ligação com osportugueses que se encontram emigradosem vários países do Mundo. A todos saúdoafectuosamente neste dia.Saúdo também os imigrantes que vivem entrenós, acatando as nossas leis e contribuindocom o seu trabalho para o nossodesenvolvimento. Dirijo-lhes uma palavra desolidariedade nas suas dificuldades deintegração.Considero meu primeiro dever impulsionar eunir os portugueses para mudarmos o queestá mal, consolidarmos e ampliarmos o queconseguimos, prosseguirmos amodernização e o desenvolvimento do País.Não podemos realizar este objectivo sem umclara visão global. Os problemas que temosde enfrentar têm uma natureza e umadinâmica que não é estritamente nacional. Omesmo se pode dizer das respostas a essesproblemas.Chegámos ao século XXI com algunsproblemas velhos, mas tendo como fundoum Mundo que é novo. Nele, os velhosproblemas mudam a sua dimensão e aesses juntam-se novos problemas. Não há

mais lugar para receitas gastas ou soluçõesde facilidade. A chave que nos abriu a portado novo milénio não é a das certezas, é adas interrogações.A história ensina-nos, contudo, que, se estassão épocas de riscos, são também deexaltante invenção de novas possibilidadesde viver e de construir um Mundo melhor.Nos tempos de grandes mudanças,apareceram algumas das obras maisadmiráveis criadas pelo génio humano. Aobra de Camões, por exemplo, é de umtempo de mudança, incerteza eglobalização. É disso que nos fala.Não devemos, pois, ficar paralisados pelomedo ou pela descrença. Nem assustadospela grandeza da obra a fazer. Ousemos,norteados por valores que, sobretudo nasépocas de crise, nos devem dar ânimo.Esses valores traduzem-se naresponsabilidade de sermos mais humanose na convicção de que só a liberdade écriadora e apenas a justiça funda o que éduradouro.Foi em nome dessa responsabilidade edessa convicção que, desde a Universidade,me empenhei no combate político. Continuofiel a esse mandamento interior.Diferentemente de alguns a quem apassagem dos anos ou a vida desiludiu,afundando-os num cepticismo cínico ouresignado, a que às vezes chamampragmatismo, eu mantenho intacto eactualizado o sonho da minha juventude. Aocontrário deles, a experiência dos homense das situações confirmou-me no essencialdas minhas convicções.Acredito com a mesma força de então queé possível, necessário e urgente lutar porum Mundo de maior dignidade para todosos seres humanos, por um Portugal maissolidário e mais equânime, com menosdiscriminações entre homens e mulheres,entre filhos de ricos e filhos de pobres, entrehabitantes do interior e do litoral, entre jovense mais velhos.A possibilidade de concretização dessesonho de um país livre e justo, abriu-se paranós em 25 de Abril de 1974. Quero evocarcom emoção essa data fundadora do novoPortugal democrático. Lembro todos os que,durante décadas de coragem e de dádivapessoal, lutaram pela liberdade. Prestohomenagem aos capitães de Abril que,nesse dia em que «a poesia estava na rua»,nos fizeram reencontrar o futuro.Para sermos fiéis ao inicial, grande egeneroso impulso transformador do 25 deAbril, temos o dever de estar à altura daesperança dos portugueses.É chegada a hora de vencermos adesconfiança secular por nós próprios, desacudirmos o pessimismo, a resignação, «omeu remorso de todos nós», de que falava,com tanta inteligência crítica, AlexandreO�Neill. É chegada a hora de ultrapassarmosaquela atitude mental que nos faz apontaros males, arranjando logo alibis, desculpase explicações para a sua continuação. O meuapelo é este: Sejamos exigentes connosco,sejamos ambiciosos com Portugal.Viva a República!Viva Portugal!

* Intervenção de Jorge Sampaio na sessão solene da sua tomadade posse como Presidente da República, realizada no dia 9 deMarço na Assembleia da República.

Subtítulos da responsabilidade da Redacção

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PEDAGOGIA CÍVICAPARA VENCER INIMIGOS DA DEMOCRACIA*

Há cinco anos, em cerimóniaparalela à de agora, afirmei queVossa Excelência «estavacondenado a fazer-se amar

pelos Portugueses».Afirmo hoje que Vossa Excelência cumpriugalhardamente a «pena» decretada.Bem consciente de que a nossaConstituição exige a fundamentação dassentenças condenatórias, invoquei afundamentar a minha o percursoacadémico, profissional e político docidadão Jorge Sampaio.Não repetirei a fundamentação � por demaissabida � até porque, na perspectiva dacerimónia de hoje, faltou naturalmente nelao mais expressivo «quod eratdemonstrandum». Este consistente najustificação que o segundo mandato, quehoje se inicia, vai buscar ao primeiro.Foi na gestão do seu primeiro mandato queVossa Excelência mais mereceu novacondenação na mesmíssima pena.Foram cinco anos em que o Presidente daRepública justificou o afecto e o sufrágioquotidiano dos Portugueses. Raras vezespolémico, (apenas o «quantum satis») antesconsensual, respeitado e amado, eis o«plebiscito» diário registado pelo mandatoque finda.Semelhante resultado não se consegue seminteligência, generosidade, determinação,solicitude e sobretudo amor à República. Amagistratura presidencial, no seu desenhoconstitucional, explícito e implícito, é umamagistratura complexa e delicada. Exigesabedoria e virtude na conhecida acepçãoda filosofia grega.Nem todos os desempenhos presidenciaisdecorrem com igual soma de dificuldadese sobressaltos. Digamos que o mandatoque finda coincidiu com um período em queo nosso País se afirmou internacionalmente,cresceu e se desenvolveu com razoáveisnormalidade e sustentabilidade.Mas nem por isso logrou fugir ao embatedas marés internacionais, em época deglobalização de fenómenos e dificuldadesa que nenhum País escapa.Para além disso, tivemos de gerir «dossiers»próprios particularmente delicados, como odo adeus a Macau, o da emancipação deTimor, o da presidência portuguesa daUnião Europeia, e o do envio de missõesmilitares portuguesas de defesa emanutenção da paz, no quadro deresponsabilidades internacionais. Eninguém discutirá o alto sentido de Estadocom que o Presidente da República � comoaliás o Governo � assumiram as inerentesresponsabilidades. Digamos, em resumo,que não foi um mandato particularmenteisento de dificuldades. Basta qualificá-lo,com verdade, como o da plena eclosão daera planetária, em todas as suas grandezase misérias.Os Portugueses não podem queixar-se:arredondaram o Mundo, aí o têm, redondo;

quiseram que o próprio Homem seuniversalizasse, aí o têm, universal; abriramao Mundo novos mercados, aí os têm,abertos. Estamos no ponto de chegadadessa revolução coperniciana; um Mundoglobalizado e um cidadãocontraditoriamente autárquico.Em plena florescência da democracia deopinião, seria sempre impensável que agestão presidencial fosse totalmente imunea disparidades de apreciação. Uns a terãoquerido mais interventora, outros menos.Uns mais invasora da esfera governativa,outros nem tanto. Uns a querendolegitimada pelo voto popular, outros apreferindo derivada de uma escolha nãodirecta. Todos, afinal, a desejando maischegada à sua própria visão das coisas. Emúltima análise subsistiria sempre osaudosismo monárquico, convicto dasuperioridade de um Presidente-Rei.É esta diversidade de opiniões que faz afinalo encanto da pluralidade, e o mérito dademocracia e da sua racionalidadesimplificadora.O Presidente da República, enquanto órgão,é o vértice desse arranjo arquitectural. Porrecurso à ficção e ao mito, é plural, sendoúnico. Retomando um velho conceito queresiste à banalização, é � digamo-lo semhesitações � a personificaçãodessacralizada da Pátria. Umapersonalidade sem coroa, sem trono, quese disfarça sob chapéus inacreditáveis, batea sua bola de golfe, faz questão em ser igualàqueles que representa, para maisgenuinamente os representar.Nestes tempos de radicalismo extremado,não faltou sequer a tentativa de apoucar osignificado da votação por Vossa Excelênciarecebida, fazendo apelo à mais estranhaaritmética. Vossa Excelência, apesar de terrecebido, logo na primeira volta, mais de 50por cento dos votos expressos, só teria, naprática, recebido o apoio de cerca de umquarto dos cidadãos eleitores, tendo emconta a abstenção de quase metade destescidadãos.Com esta ligeireza (ou este sectarismo?)esqueciam-se duas evidências: a de que éabsurdo contar como votos contra os votosde todos os abstencionistas; e a de que amais generalizada explicação do alto nívelde abstenção consistiu exactamente nodesinteresse provocado pelo antecipadoconhecimento do vencedor. Uma eleição éem certo sentido um jogo; da atracção dojogo faz parte a álea inerente ao seudesfecho; e desta vez, para muitos, nãohavendo álea, não havia jogo. Estaconvicção, na medida em que existiu, deveser levada a crédito do presuntivo vencedor,não ao invés.2. Mas a teorização do volume da abstençãodeu, apesar disso, azo à exteriorização depreocupações nem sempre destituídas defundamento! Os níveis de abstençãoeleitoral, entre nós e lá fora, têm mostrado

tendência para subir.E mesmo quando não atingem os níveis deoutras democracias � incluindo as maisantigas e consolidadas � é grande atentação de ver nisso um recuo da atracçãodos sistemas democráticos em geral e doexercício do voto em especial. Há os quese convencem disso com apreensão, e osque constatam isso com gáudio. Mas a ideiade uma crise do sistema representativoparece querer instalar-se nos melhoresespíritos. A tal ponto que renasce em algunsa tentação do recurso ao voto obrigatório.Há países que o praticam, e grandesespíritos que o reclamam.Não sem alguma lógica. A nossa própriaConstituição define o voto como um direitoe um dever cívico. Este sem sanção, comose impunha. Os cidadãos devem, no seupróprio interesse, contribuir � participando� para que se organize e funcione acomunidade política em que se integram.Participar nas despesas gerais, através doimposto. Participar na formação dos órgãosde decisão, através do voto. E participar nasdecisões destes órgãos através dospartidos, dos sindicatos, das associações,das universidades, dos movimentos sociais,do exercício do direito de opinião.Também eu considero que uma cidadaniaparticipativa é a base da democracia. E que,se os cidadãos se desinteressam pela vidapública, a democracia perde o seufundamento, a sua legitimidade.Mas nem por isso defendo o votoobrigatório. O interesse pelo bem comum epela democracia não se decreta!Isto não significa que devamos cruzar osbraços. São cada vez mais visíveis eidentificados os verdadeiros inimigos dademocracia: são os que realçam os seusdefeitos e apoucam as suas virtudes; os queatacam os partidos, esquecendo o seufundamentalissimo papel; os que apoucamos políticos, culpando-os de tudo, até dassuas próprias culpas. No fundo, saudososda sua redução à unidade, ou seja de umditador.Combatamo-los com armas de opinião epedagogia cívica. Rentabilizemos asuperioridade das forças do bem sobre asdo mal. Da liberdade sobre as da opressão.Começando por corrigir a nossapassividade para lograrmos vencer aabstenção comodista, abúlica, mas nãoinimiga da democracia.O Presidente da República é titular daopinião que mais pesa. Eis um campoaberto ao choque de opiniões que nãodispensa esse peso-pesado. O seuconselho, neste domínio, deve continuar aser seguido. O seu exemplo multiplicado.Jean Jaurés, num discurso célebre dosprimórdios da racionalização do poder,disse que a soberania nacional «fez de todosos cidadãos ... pelo sufrágio universal, umaassembleia de reis». Como explicar quetantos deles se recusem a reinar, depondo

a arma do voto? «A história � advertiuMaquiavel � ri-se dos profetasdesarmados»!É claro que o voto não tem de ser, nem é, aarma única dos que desejam participar noexercício do poder. Nas democraciasmodernas já não enche a alma doscidadãos o exclusivo direito a poderem votarde tempos a tempos, e a poderem dizer,em dia de eleições, «hoje o poder sou eu».O grande Vítor Hugo, autor desta afirmação,expressava assim o seu espanto:«Pois quê? Não sabeis o que fazer dosufrágio universal? Santo Deus! Ele é oponto de apoio, o inabalável ponto de apoio,que bastaria a um Arquimedes político paralevantar o Mundo»!Desprezaremos esse ponto de apoio? Comele e a alavanca da nossa vontade,levantemos o Mundo!Tudo depende de como organizaremosessa vontade. A este respeito há receitasconhecidas e experimentadas, receitasconhecidas e pouco experimentadas, ereceitas a descobrir. Figuram entre asprimeiras a participação através dospartidos, dos sindicatos, das associaçõesempresariais, das universidades, dasorganizações não governamentais e outrasformas de aglutinação de vontades. Entreas segundas podem incluir-se apossibilidade de iniciativas populares dereferendos e leis, a abertura a listas decandidatura subscritas por grupos decidadãos, a iniciativa da acção popular, eos chamados movimentos � sem: dos semterra, sem pão, sem tecto, sem emprego,sem instrução, sem papeis.Além destes, fazem a sua aparição notablado social outros tipos de movimentossó aparentemente espontâneos, como asmúltiplas formas de indignação e deprotesto, de exploração das contradiçõesdo sistema dominante, ou mesmo dereivindicação de reformas políticas: osmovimentos dos ecologistas, dasfeministas, dos homossexuais, doscamionistas, contra a violência, contra oracismo e a xenofobia, contra os tráficosilícitos (de drogas, de armas, de mulheres,de trabalhadores) contra a desumanidadedas prisões, pela libertação do corpo, pelaredução do tempo de trabalho. A lista não éde fácil menção exaustiva.Tudo isto são, queira-se ou não, revelaçõesde um fenómeno político-social novo: aemergência de movimentos sociais, denovas formas de participação política nãoinstitucionalizada, de partilha e tendencialpulverização do poder. O corte de estradas,o fecho de edifícios a cadeado e osbuzinões, sob os pretextos mais fúteis, nãopunidos, se é que puníveis, são já ofenómeno reduzido à sua própria caricatura.É toda uma nova sociologia, mais própriada ficção do que da realidade. E no entantoreal.Por agora, todos estes movimentos,

PR - TOMADA DE POSSE Almeida Santos

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

1.

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ACÇÃO SOCIALISTA 18 15 MARÇO 2001

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

geradores de uma certa convivência incívica,actuam desgarrados. Mas nada nos garanteque no futuro se não federem. Sociólogoscom alta cotação no esforço de antecipaçãodo futuro, como o consagrado AlainTouraine, acham mesmo que «a formaçãode novos movimentos sociais, susceptívelde desencadear reformas políticas, énecessária». Está implícita nesta afirmaçãoa descrença na capacidade dosresponsáveis políticos para fazerem essasreformas. Ou as fazemos, e enquadramosos que protestam, ou convocamos oextremismo.Também eu venho receando que o Mundomoderno se encontre tão prisioneiro dassuas próprias contradições, e dos seusinarredáveis jogos de interesses, que asinovações indispensáveis comecem a nãoser possíveis através de reformas de cimapara baixo. Até porque, em muitos casos,já não bastam reformas, sendoindispensáveis rupturas. Daí que Touraine,entenda que «a salvação chegará dosdominados e sem protecção».Serei só eu a identificar nesta visão dascoisas um insuspeitado perfume a Hegel ea Marx?Em pleno triunfo da ciência e dastecnologias, e do correspondenteprogresso, como não lembrar também aadvertência do «vidente» Tocqueville,quando nos lembrou que «é o progressoque gera as revoltas»?3. Senhor Presidente da República:Acabo de invocar uma pequena amostra decomo o Mundo deste seu segundo mandatonão é nem vai ser necessariamente omesmo do primeiro. As mudanças querevolvem o «status» social e político de ummomento dado, ocorrem tãovertiginosamente, que mal temos tempopara consciencializarmos o fosso quesepara o que foi do que é. Pior do que isso:para anteciparmos o que vai ser amanhã. Aeste ritmo de vertigem, os cinco anos deum mandato podem ser uma eternidade.Esta constatação, que tenho por irrecusável,exige de Vossa Excelência o redobrado afãde um contínuo «aggiornamento». Os juízosde certeza só em estrita medida podemcontinuar a ser instrumento de trabalho deum alto responsável político. O que foi válidoe recomendável para ontem, pode não oser para hoje, ou deixar de sê-lo paraamanhã.Tenho, a esse respeito, defendido anecessidade de uma reflexão reforçada eprospectiva do que vai ocorrendo no Mundonosso de cada dia. Reforçada, porquetemos vivido e agido em défice dela.Prospectiva para que, na medida dopossível, nos não deixemos colherdesnorteados e surpresos.Daí que eu venha defendendo, contra opendor para a mesmice de todas as rotinas,a necessidade de que procuremos definiras tendências materiais, sociais e políticasque devamos ter por irreversíveis ou apenasprováveis. Quanto às irreversíveis, para queas retardemos, se indesejáveis, ou emqualquer caso nos acomodemos a elas.Quanto às prováveis, para lutarmos por elasou contra elas, consoante for o caso. Temosde acreditar na probabilidade do improvável,ou na improbabilidade do provável,conforme o juízo que fizermos sobre ascausas que os determinam.

Dou um exemplo: é ou não previsível que aviolência continue a ser cada vez mais fácil,mais acessível, mais individualmenteexercitável, mais generalizada, maisorganizada e mais impune? Que tem sidofeito a nível global para, com eficácia, sertravada essa tendência, certamente nãoirreversível, mas até agora não revertida?

Bancos sem almae «off-shores»

A resposta é pouco ou nada. A novasformas de violência e criminalidade, osresponsáveis políticos de não importa quepaís, têm oposto, e continuam a opor,remendos, nem sempre novos, no panovelho das clássicas respostas penais,policiais, judiciais e prisionais de raio curto.Válidas, quando muito, no espaçocircunscrito das legislações e jurisdiçõesnacionais. Leis que só valem o que valematé ao lado de cá de fronteiras, que nalgunscasos, e para outros efeitos, até já nemexistem; polícias pouco menos do queartesanais, tribunais de competênciacomarcã; prisões que em muitos casossaem mal do confronto com as masmorrasdos romances de Charles Dickens. Istoquando as grandes empresas universaisdo crime organizado operam a nível global;dispõem dos meios tecnológicos maissofisticados; auferem lucros fabulosos porausência de medidas políticas que dissoas impeçam; lavam esse dinheiro sujo nos«off-shores» e nas bolsas sem fiscalização,e em certos bancos sem alma; investemessa «roupa lavada» na economia legal;dominam sectores cada vez mais vastos erelevantes do mercado; e começam a verluzir no horizonte o dia em que o seu podereconómico lhes garanta o controlo desuculentas fatias de poder político. O «BigBrother» de Orwell não está assimcondenado a permanecer apenas comoum sucesso televisivo. Sobretudo se ocomum dos mortais continuar«acorrentado» à escola de violência que atelevisão é, e que muito mais será no diaem que o tal dinheiro sujo tiver acesso aoseu domínio.Sabemos isto ou estamos a dormir?Sabemos ou não que debaldecombateremos com êxito a violência semcombatermos o modelo económico, sociale particularmente televisivo que adetermina? Sabemos ou não que não é adiscretear doutamente sobre modelospoliciais e prisionais, ou com argúciasjurídicas e judiciárias que vencemos oinimigo de dentro em que a modernacriminalidade se transformou? Sabemos ounão que a TV, o cinema, a música moderna,e sobretudo a rua, são um hino à violência,e eficacíssimas escolas da suaaprendizagem?Sabemos ou não que, como já alguémafirmou, «após 24 imagens de cenasviolentas, a 25ª. será real»? Sabemos ou nãoque a liberdade de ter fome não é liberdade?Que competir sem regras não é igualdade?E que o amor do próximo perdeu a chavedo inferno em que as cidades modernas setransformaram? Sabemos ou não que aviolência não é uma fatalidade, e que assuas causas próximas e remotas podem sercombatidas?Se sabemos, como explicar a quase

resignação dos responsáveis políticos detodo o Mundo? Acaso se deixaramconquistar pela resposta única dos EUA,com a sua «tolerância zero», os seus quasedois milhões de encarcerados, e os seuscerca três mil mortos adiados do «açougue»que dá pelo nome de «corredor da morte»?Creio não exagerar. Mesmo agora, face aessa primeira tentativa de criação de umajurisdição supranacional de «combate aoscrimes mais graves que afectam a huma-nidade», que é o Tribunal Penal Internacional,países que se reclamam da liderança doMundo globalizado de hoje, e da Defesa dosDireitos do Homem, empenharam-se em queficassem de fora da sua jurisdição os crimescontra os tráficos ilícitos: de drogas, dearmas, de empregos, etc.Pergunto-me porquê. E só encontro umaexplicação revoltante: apesar de ilícitos,esses tráficos são «negócio». E acontemplação do espírito de lucro que a elespreside, e os jogos de interesses a elesligados, são mais fortes do que o imperativoda sua eficaz repressão.Por outra ordem de razões �aliás inversa!� não faltam na opinião pública dos paísesque assinaram o tratado que cria aqueleTribunal, e cuidam agora da sua ratificação,responsáveis políticos que, concordandoembora com a necessidade dele, lheopõem a reserva principológica de queprevê, entre as penas a aplicar por ele, apena de prisão perpétua. Pena essa quetodos os países da União Europeiaactualmente admitem, menos Portugal eEspanha, sendo que esta admite cúmulosde penas que não raro ultrapassam os cemanos! Estas penas, é claro, não sãoperpétuas! Os limites da esperança de vidaencarregam-se de aliviar a consciência dosque as defendem.De algum modo inversamente, o tratado queinstitui o Tribunal Penal Internacional obrigaà revisão da pena perpétua, quandoaplicada, decorridos que sejam vinte e cincoanos. Não, decerto, para aumentar a suaduração efectiva! Ainda se não inventou umtribunal que tenha jurisdição penal para ládo fim da vida!Por vezes temos de optar entre valores quenão conseguimos conciliar. Eu tambémabomino a prisão perpétua. Quase tantocomo a pena de morte! Acho-a desumanae inútil. Mas, colocado entre aprovar otratado com ela � já que não admitereservas � e aceitar que o meu País fiquede fora do tratado, a beneficiar do combatede outros a crimes que também nosafectam, não sou capaz de resistir aoimpulso de privilegiar esse combate. Trata-se de travar um inimigo que, se pudercompletar o processo em marcha do seutriunfo, saltará, não apenas sobre aproibição da pena perpétua, como sobretodos os princípios e valores da minhacivilização. Assim sendo, porque opouparei em nome deles?Creio, Senhor Presidente, que este tópicoilustra bem a justificação da esperançareforçada que depositamos na jornadapresidencial que hoje começa.A prática das presidências abertas, em visitaao nosso País, que se revelou um êxitopolítico e democrático, pode agora ter emalguma medida de ceder a vez à prática daspresidências abertas à auscultação do futuro.Faço questão em que Vossa Excelência

aceite estas observações comohomenagem de quem o considera à alturade todos os desafios. Temos todos �Presidente, Assembleia, Governo, Tribunaise Sociedade Civil � de nos empenhar, maisdo que nunca, na gestão das mudançasque são ou se revelem necessárias. Temosde fazer essa gestão de forma integrada,nomeadamente estimulando einstitucionalizando modelos departicipação dos cidadãos que substituamos movimentos sociais espontâneos quecada vez mais irrompem pelas frinchas deproibições desactualizadas e inúteis. Édifícil � todos o sabemos � governar emregime de livre opinião. Mas é ainda maisdifícil governar tentando reprimir essaliberdade. Por agora, os governosenfrentam apenas as exigências da suaprópria sociedade civil. Mas não demoraque tenham de enfrentar as exigências dasociedade civil global que desponta. Odebate político não pode continuar a ser,ou quase, um monopólio dos «media».Devem nela participar, nomeadamente, oscríticos da classe política. Os quepresumem uma autoridade que talvez nãotenham. Criticar é fácil. Maldizer facílimo.Decidir não tanto. Devem também serconvocados os cientistas, para ajudarema resolver os problemas económicos,sociais e políticos que involuntariamentecriam. Não basta que descubram como sedivide o átomo ou se decifra o códigogenético. Têm de nos ajudar também aalimentar a população, a combater ainsegurança e o desemprego, e a controlara agressividade. Não basta inventar atelevisão, a Internet, a telemática, a micro-electrónica, a robótica e outras maravilhasfatais da nossa idade. Têm de nos leccionarsobre as transformações e adaptaçõeseconómicas, sociais, culturais e políticasque essa «revolução» exige, para que aterra continue rodando, connosco àsuperfície dela. Sem isso, a opinião públicacontinuará a ser injusta, quando não cruel,para os responsáveis políticos. Escolhe-ose depois abandona-os. Põe-os no pedestale depois derruba-os. Quer participar, influir,até onde possível decidir? Os políticosconscientes e não desatentos não desejamoutra coisa! Faça-se então esse pacto!Ainda vamos a tempo. O pior � já se disse� também não é seguro.Exmas. Autoridades e SenhoresConvidados: os meus agradecimentos porterdes aceitado testemunhar e abrilhantaresta cerimónia tão rica de significado.Senhor Cardeal-Patriarca, Eminência: é umahonra muito especial para a Assembleia daRepública podermos ter Vossa Eminênciaconnosco no acto solene da posse de SuaExcelência o Presidente da República.Senhor Presidente da República,Excelência: hoje é para esta Assembleia, epara o universo dos eleitores querepresenta, um dia jubiloso. E no entantoensombrado pela tragédia que enlutou oPaís. Desejamos-lhe, e o Povo Portuguêsconnosco, os melhores augúrios para o seunovo mandato. Que continue a fazer-seamar pelos Portugueses.

* Intervenção do presidente da Assembleia da República nasessão solene de posse do Presidente da República, realizadano dia 9 de Março de 2001.

Subtítulos da responsabilidade da Redacção

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15 MARÇO 2001 ACÇÃO SOCIALISTA19

CULTURA & DESPORTO

SUGESTÃO

POEMA DA SEMANASelecção de Carlos Carranca

QUE SE PASSA Mary Rodrigues

Coros em Albufeira

A cidade volta a acolher, no sábado, dia17, mais um encontro de grupos corais.Pela terceira vez, o palco do AuditórioMunicipal receberá diversos agrupamentosvocais do concelho e um de fora da região,que desta forma demonstrarão a arte defazer da voz um instrumento sonoro. O IIIEncontro de Coros de Albufeira realiza-sea partir das 21 e 30.A exposição fotográfica sobre Timor,intitulada «12 Dias com os mártires dosilêncio», de Inácio Ludgero, encontra-sepatente ao público, no Museu Municipal deArqueologia, diariamente, até 31 de Março,entre as 10 e 30 e as 17 horas, exceptuandoàs segundas-feiras e feriados.

Palestras em Amarante

A autarquia local organiza, a partir do dia19 e até ao dia 23, a «Semana da Floresta».Entre as iniciativas programadas contam-se a distribuição de livros, t-shirts eautocolantes, palestras sobre a «Árvore ea Floresta» e mostras de animaisautóctones.

Livro em Coimbra

«O Jornalismo na Imprensa» é o tema daconferência, a cargo de Carlos Magno eHenrique Monteiro, que decorrerá, na terça-feira, dia 20, às 15 horas, na Casa Municipalda Cultura.Na quarta-feira, dia 21, assista, no mesmoespaço cultural, pelas 17 e 30, àapresentação do livro de Dionísio Vila Maior,«Literatura em discurso(s) � Saramago,Pessoa, cinema e identidade».Manuel Cardoso expõe, até ao dia 22, nasgalerias do átrio e jardim da Casa daCultura, os seus trabalhos de pintura.

Concerto em Fafe

O consagrado pianista Jorge Moyanorecriará obras de Schumann («Carnaval op.9»), Liszt («Valsa Mefisto») e Gerswhin

(«Rapsody in Blue»), no âmbito do musical«Raízes Ibéricas � Festival de Regiões», arealizar-se amanhã, no estúdio Fénix, pelas21 e 30.Na Casa da Cultura, estão em exibição aspinturas de António Pessoas, até ao dia 24,entre as 9 horas e as 12 e 30 e das 14 horasàs 17 e 30, de segunda a sexta-feira. Assábados, a mostra poderá ser visitada nohorário vespertino.

Dança em Guimarães

A Companhia Portuguesa de BailadoContemporâneo actuará no Auditório daUniversidade do Minho, amanhã, pelas 21e 30.No mesmo local e à mesma hora desábado, dia 17, apresentam-se a duplaMaria João e Mário Laginha, num projectomusical c conjunto intitulado «Mumadgi».«A Fidelidade», um filme assinado porAndrzej Zulawski, estreia domingo, dia 18,no auditório da Universidade, às 21 e 45.Dois dias depois, na mesma sala deespectáculos, será exibido, às 21 e 30, omais recente êxito de bilheteiras emPortugal. Trata-se de «Hannibal», realizadopor Ridley Scott, com Anthony Hopkins nopapel principal.

Ópera em Lisboa

«Chocolat», de Lasse Halstrom; e «QuaseFamosos», de Cameron Crowe, são as fitasdebutantes, amanhã, nas salas de cinemalisboetas.Hoje, sábado, dia 17 e segunda-feira, dia19, não perca a representação da óperade Gioachino Rossini, «O Barbeiro deSevilha», no Teatro Nacional S. Carlos, comdirecção musical de Paolo Arrivabeni eencenação de Tito Celestino da Costa.

Filme na Lousã

A partir de amanhã e até ao dia 8 de Abrilestará patente ao público, na sala deexposições temporárias do MuseuMunicipal, a mostra «Metamorfoses», daautoria da pintora Ana Cabral.

Também amanhã, sexta-feira 16, às 21 e30, assista à exibição da película «OProtegido», com Bruce Willis e Samuel L.Jackson.

Guitarra em Montemor-o-Velho

Este sábado, dia 17, às 21 horas, haverámúsica em na Academia MusicalArazedense. Trata-se de um concerto deguitarra acústica a cargo do quarteto decordas Zyryab.

Pintura no Montijo

«Aberta ao Mundo» é a designaçãogenérica da mostra de pintura assinada porMargarida Pó que poderá apreciar, até aodia 8 de Abril, no Museu Municipal.

Colóquioem Paredes de Coura

O Centro Cultural será palco, amanhã, às21 e 30, do colóquio de abertura da décimaedição dos Jogos Desportivos � «OEuro�2004: vantagens e inconvenientes».

Teatro em Santo Tirso

Até quarta-feira, dia 21, poderá assistir àrepresentação de «Duas, Quatro, oitorodas». Esta peça, cuja temática principalé a educação e prevenção rodoviária, estáa ser levada à cena pelo Novo TeatroConstrução, destinando-se a todos osalunos que frequentam as escolas doensino pré-primário e do 1º ciclo do ensinobásico.

Capoeira em Sintra

Às 15 horas de sábado, dia 17, teráoportunidade de (re)ver o filme «MalcomX», de Spike Lee, na Casa da Juventude.Uma hora e meia depois, no mesmo local,poderá apreciar a demonstração de«Maculêlê», por parte da Escola deCapoeira Raízes D�África.

«A Tempestade»Expulso do seu ducado, Prósperoreina numa ilha encantada. Os seuspoderes mágicos dominamtempestades e criaturas como ArieleCaliban, mas não tem poder sobre ocoração humano, nem o seu próprio.Estamos a falar de «A Tempestade»,uma peça mística e metafísica, pormuitos considerada a obra final deWilliam Shakespeare e uma das maisprofundas meditações sobre opoderio da arte.É de «A Tempestade» o famoso verso«oh brave new world» sobre o qualAldous Huxley haveria de escreveruma das mais aterradoras alegoriasdo século XX («Admirável MundoNovo»).O espectáculo, que estará em cenahoje e amanhã, às 21 e 30, noPequeno Auditório do Centro Culturalde Belém, está a cargo da RoyalShakespeare Company, sendoencenado por James Macdonald.A não perder!

Festival Super Bock Super Rock

SISTERSOF MERCY

17 de Março - 21 horasColiseu do Porto

SISTERSOF MERCY MARÇO

Dia 21Coliseu dos RecreiosLisboaDia 22Coliseu do Porto

MARÇODia 21Coliseu dos RecreiosLisboaDia 22Coliseu do Porto

Carta a SophiaOuO quinto poema doportuguês errante

Querida Sophia: como os índios do seupoema

também eu procurei o país sem mal.Em dez anos de exílio o imagineicomo os índios utópicos também eu

queriaum outro Portugal em Portugal.Mas quando regressei eu não o vicomo eles me perdi e nunca acheio país sem mal.

Talvez a própria vida seja istopassar montanha e mar sem se dar contade que o único sentido é procurar.Como os índios do seu poema eu não

desistosou um português errante a caminharem busca do país que não se encontra.

Manuel AlegreIn «Livro do português errante»Publicações D. Quixote, Lisboa 2001

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ACÇÃO SOCIALISTA 20 15 MARÇO 2001

OPINIÃO DIXIT

Ficha Técnica

Acção SocialistaÓrgão Oficial do Partido SocialistaPropriedade do Partido SocialistaDirectorFernando de SousaDirector-adjuntoJosé Manuel ViegasRedacçãoJ.C. Castelo BrancoMary RodriguesColaboraçãoRui PerdigãoSecretariadoSandra AnjosPaginação electrónicaFrancisco SandovalEdição electrónicaJoaquim SoaresJosé RaimundoFrancisco Sandoval

RedacçãoAvenida das Descobertas 17Restelo - 1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Administração e ExpediçãoAvenida das Descobertas 17Restelo - 1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Toda a colaboração deve ser enviada para oendereço referidoDepósito legal Nº 21339/88; ISSN: 0871-102XImpressão Mirandela, Artes Gráficas SARua Rodrigues Faria 103, 1300-501 LisboaDistribuição Vasp, Sociedade de Transportes eDistribuições, Lda., Complexo CREL, Bela Vista,Rua Táscoa 4º, Massamá, 2745 Queluz

6ª FILA Manuel do SantosQuero insurgir-me contra aqueles quenão foram capazes de ver nademissão de Jorge Coelho um dosgestos mais dignos e politicamentemais substantivos que aconteceramna vida portuguesa (...) queroenaltecer a honestidade e a grandezado cidadão que dá à política adimensão da seriedade quejulgávamos perdida»Emídio RangelDiário de Notícias, 10 de Março

«Havia os exemplos de Walter Rosa ede Francisco Sousa Tavares. Com asua atitude, Jorge Coelho contribuiupara ressuscitar o conceito deresponsabilidade política no exercíciodo poder»Manuel AlegreExpresso, 10 de Março

«O mundo está realmente perigoso,até para a UE e mesmo para estenosso canto à beira-mar plantado»Mário SoaresIbidem

«Os deuses em fúria parece nãoestarem com Tony Blair, tão sorridentee simpático, tão bem comportado epróximo dos presidentes americanos,quer se chamem Clinton ou Bush,qual a diferença que faz, para aelástica �terceira via�, um modelo deflexibilidade»Idem, ibidem

«Quem estraga tudo é o �mayor� deLondres, o trabalhista Ken Livingstone,que ainda não mostrou abertura paraaceitar a privatização do metro.Grande desaforo!»Idem, ibidem

O POLÍTICO E O TÉCNICOO grave acidente que ocorreu na pontesobre o rio Douro, próximo de Castelo dePaiva, do qual resultaram mais de 70mortos e elevados prejuízos materiais, é umdaqueles infelizes acontecimentos queficam a marcar a história dos povos e aevolução das sociedades.Estamos integrados num mundoglobalizado onde as notícias correm àvelocidade de luz e usufruímos de umregime político interno democrático eaberto, que impede veleidades deocultação ou de manipulação dosacontecimentos que nos são maisdesfavoráveis.Está aí, portanto, em toda a sua crueza ebrutalidade, perante toda a opinião pública,a tragédia que se abateu sobre Portugal esobre os portugueses.Naturalmente que este acontecimento jáprovocou e continuará a provocar, aindade forma mais intensa, consequênciaspolíticas.A primeira consequência foi, obviamente,a demissão do ministro do EquipamentoSocial.Com o seu gesto tranquilo o ministro JorgeCoelho sinalizou, de forma incontornável,a forma como deve ser vivida a actividadepolítica em Portugal.Depois disto nada poderá ficar comodantes.Não é seguramente o último contributo queJorge Coelho dá ao reforço da democracia

portuguesa e à governabilidade, mas éseguramente o mais significativo eenvolvente.O Jorge Coelho não tem nenhumaresponsabilidade directa nosacontecimentos de Entre-os-Rios; a suaresponsabilidade é exclusivamente política,mas nem por isso o ex-ministro deixou dea assumir, de forma generosa, rápida edescomprometida.O Jorge Coelho foi um excelentegovernante em todas as áreas sobre asquais teve responsabilidades; ser-lhe-iaassim muito fácil passar por esteacontecimento sem demasiadosincómodos pessoais.A honrada e genuína atitude que tomou tempois um grande e profundo significadopolítico.Praticamente na mesma altura o presidentedos três institutos, que herdaram aactividade da extinta Junta Autónoma deEstradas, limitou-se a colocar o seu lugarà disposição do Governo.Há obviamente uma enormeresponsabilidade técnica (e tambémpolítica) dos institutos a que compete apolítica de construção e conservação dasrodovias em Portugal.Tal não significa que essa responsabilidadedeva ser atribuída liminarmente ao seuactual presidente que, aliás, leva apenascerca de seis meses de actividade.Contudo, o mais elementar bom senso e

uma boa noção do serviço públicodeveriam motivar o novo presidente dosinstitutos a seguir o bom exemplo doministro e tutela.Dos dois gestos decorrem duas diferenteconsequências.O Jorge Coelho regressa ao Partido e aoParlamento, onde aliás faz falta, e onderapidamente será destacado.O presidente dos institutos (se forentretanto demitido como já anunciou onovo ministro do Equipamento) regressa àsua actividade profissional.O ex-misnistro assumirá o mandato dedeputado.O ex-presidente receberá uma principescaindemnização e partirá para outra aventurase ainda tiver força anímica e ambição.Seria excelente que a opinião pública, quetão cruel é, muitas vezes no julgamento dospolíticos, atentasse nesta pequena massignificativa história e, sobretudo, percebesseque ainda há homens (e mulheres) que põemo serviço público acima dos seus interessespessoais e materiais.Também por isto, o gesto de renúncia deJorge Coelho ao cargo de ministro doEquipamento é marcante e significativo.Este acidente acabou ainda por permitiraproveitamentos verdadeiramenteinacreditáveis noutra área de apreciação.Refiro-me à nomeação dos gestorespúblicos e, em especial, à sua proclamadafidelidade partidária.São conhecidas as limitações do actualGoverno, nesta área, que decorrem dacélebre frase «no jobs for the boys» usadapelo actual primeiro-ministro.Esta limitação não impede, contudo, queo PS seja acusado de enxamear o aparelhode Estado com os seus militantes.De forma injusta na generalidade doscasos e, muito particularmente, no casodos institutos herdeiros da ex-JuntaAutónoma das Estradas.Sem curar de detalhes, claramentedispensáveis neste contexto, a situaçãodestes institutos é, inequivocamente, a damanutenção de estruturas de gestão dopassado que tudo fazem para contrariar eobstaculizar os objectivos do actualGoverno.Ora, para que as lamentáveis mortes e acomoção nacional delas decorrente nãocaiam em saco roto, é preciso que delassejam extraídas todas as conclusões.Não apenas no plano das obras públicas,mas igualmente no domínio daindispensável necessidade de reformar aAdministração Pública e relançar asprioridades da descentralização eregionalização das políticas públicas quemais directamente afectam os cidadãos.Estes sim podem ser os verdadeiroscondimentos da abertura de um real everdadeiro novo ciclo político que volta aser prometido pelo primeiro-ministro.

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