QUEM É O MELHOR DEVOTO?

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    Hari-katha de Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Maharaja

    QUEM O MELHOR DEVOTO?7- ( Tridandi Gosvami Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Maharaj )Marwillumbah, Austrlia:5 de dezembro de 2002

    Temos estado discutindo os degraus de bhakti. De acordo com o estgio de bhakti do

    devoto, ele classificado como superior ou inferior. Todos os devotos so bons, mas ns os honramos de acordo com o tipo de sua prtica de bhakti. O tipo de bhakti que eles praticam determina se eles so kanistha-adhikari, madhyama-adhikari ou uttama-adhikari. Se ns no honrarmos os devotos de acordo com o seu grau de bhakti, podemos no desenvolver nossa prpria bhakti. Primeiro devemos saber a definio de bhaktie, ento, devemos fazer uso desta definio como um barmetro para facilmente determinaras vrias etapas e os diferentes tipos de bhaktas. Bhakti foi definida no Kapila-Devahuti-samvada (discusso) no 3o. Canto do Srimad-Bhagavatam, no qual Kapiladevainstruu sua me. L ele declara:

    mad-guna-sruti- matrena mayi sarva-guhasaye mano-gatir avicchinna yatha gangambhaso 'mbudhau

    laksanam bhakti-yogasya nirgunasya hy udahrtam ahaituky avyavahita ya bhaktih purusottame

    "A manifestao inadulterada do servio devocional ocorre quando a mente sente-se atrada por ouvir o nome e as qualidades transcendentais da Suprema Personalidade de Deus, que reside no corao de todos. Assim como a gua do Ganges flui naturalmente rumo ao oceano, esse xtase devocional, ininterrupto por qualquer condio material, fluiem direo ao Senhor Supremo." (Srimad Bhagavatam 3.29.12)

    No Srimad Bhagavatam no h "casca" e nenhuma "semente". H somente rasa (nctar) do comeo ao fim, em toda parte. Kapiladeva era o filho de Kardama Rsi, o qual era a prpria manifestao de Krsna como Rshabadeva um saktyavesa-avatara. Kardama Rsi

    retirou-se da vida material, deixando todas as posses materiais, consideraes e pensando serem falsas as relaes materiais.

    Ele foi para a floresta e realizou adorao ao seu Senhor. Ele no precisava deixar sua casa, mas fez isto para ensinar outros atravs do seu exemplo. Em seu laukika-lila, passatempos na forma humana, ele agiu como um pai, assim como Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, agiu como um filho com seu pai. Em Vrndavana, Krsna adorou o Radha-kunda, ao passo que em Dvaraka Ele adorou Sankara para receber as bnosde um filho e no houve mal nisto. Similarmente, embora ele fosse um saktyavesa-avatara, Kardama Rsi deixou o lar para tomar ordem renunciada e viver na floresta. Antes de ir, contudo, ele disse para Kapiladeva ajudar sua me.

    Srimati Devahuti inquiriu de Kapiladeva sobre o propsito e objetivo de todas as almas. Kapiladeva respondeu para sua me que a meta da vida alcanar puro bhakti, e suas instrues esto contidas em muitos captulos do Srimad-Bhagavatam. Ele ensinou queno se deve ter um proeminente grhasta-dharma, no qual os chefes de famlia esto sempre engajados na proteo, nutrio e apoio de seus familiares. Um dia a pessoa ter que deixar a famlia, seno por si prprio, ento, forosamente. imperativo, portanto, que segaje em bhakti como definido acima pelo Senhor Kapiladeva. H uma outra definio de bhakti dada anteriormente no Srimad-Bhagavatam: sa vai pumsam paro dharmo yato bhaktir adhoksaje ahaituky apratihata yayatma suprasidati

    ["A Suprema ocupao (dharma) para toda a humanidade quela mediante a qual os homenspodem alcanar servio devocional amoroso ao Senhor transcendental. Tal servio devocional deve ser imotivado e ininterrupto para satisfazer o Eu completamente." (Sri

    mad- Bhagavatam 5.7.11)

    Srila Rupa Goswamipada havia includo nestas, suas prprias definies de bhakti anterio

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    rmente, a mais completa definio:

    anyabhilasita sunyam jana karma anavrtam anukulyena krsnanu silanam bhaktir uttama

    [(sinnimo de palavra por palavra) anya-abhilasita-sunyam sem desejar nenhuma outra coisa que seja o servio ao Senhor Krsna, ou sem desejos materiais (tal

    como comer carne, sexo ilcito, jogos e hbitos de intoxicao), jana por conhecimento da filosofia dos monistas mayavadis; karma- por atividades fruitivas; adi-por praticar artificialmente o desapego, pela prtica mecnica de yoga, pelo estudoda filosofia sankhya, e assim por diante; anavrtam- no coberto, anukulyena- favorvel; krsna-anusilanam- cultivo de servio devocional de primeira classe]. "Uttama-bhakti, servio devocional puro, o cultivo de atividades que so exclusivamente paraa satisfao de Sri Krsna, ou em outras palavras, o ininterrupto fluxo de servio para Sri Krsna realizado atravs de todos os esforos do corpo, mente e fala, e atravs da expresso de vrios sentimentos espirituais (bhavas). No coberto por jana (conhecimento que visa a liberao impessoal) e karma (empenho em atividades fruitivas) e ele destitudo de todos os desejos exceto a aspirao de trazer felicidade para Sri Krsna." (Sri Bhakti-rasamrta-sindhu 1.1.11 )

    Externamente visto que as palavras anukulyena (favorvel) e anusilanam (empenho para satisfazer Krsna) tem o mesmo significado, mas no. Uma rvore pode ser anukula para Krsna, mas ela no anusilanam. Ela no est conscientemente engajada em qualquer atividade para Krsna, nem tem qualquer relacionamento com Ele. A rvore de bhakti,ento, no uttama, ela nem at mesmo bhakti. O curso disto no se aplica para as rvore Vraja. Elas so todas transcendentais e realizam uttama-bhakti. por esta razo quea palavra anusilanam (engajamento contnuo em atividades realizadas sobre a guiada sucesso discipular com o propsito exclusivo de beneficiar Krsna e faz-lo feliz)foi empregada por Srila Rupa Goswami. Ambas palavras so necessrias e includas em sua definio completa. Se esta definio aplicada para Dhruva Maharaja, visto que ele talgum defeito. Seu defeito era sua anyabilasita (desejos outros que o de fazerKrsna feliz) e alm disso, ele no tinha anukulyena Krsna anusilanam. Ele era um bha

    kta sakama (devoto com desejos materiais) e de alguma maneira ele era como um karmi. H dois tipos de bhakti: pradani-bhuta e guni-bhuta. Guni-bhuta bhakti tambm chamado de karma-misra-bhakti ou jnana- misra-bhakti. Quando karma e jana esto em proeminncia de bhakti, aquele bhakti ser pradhani-bhuta, e portanto, o bhakti de Dhruva Maharaja era guni-bhuta. Ele desejava ganhos fruitivos (um reino maior do que o de seu pai e o de seu av, Brahma) e deste modo suas atividades no podem ser tocadas pela definio de Srila Rupa Gosvami. Os Vaisnavas no desejam ser como DhruvaMaharaja, mas eles podem aprender algo do exemplo do resultado de sua prtica.

    Agora vamos discutir Devahuti. Kapiladeva ensinou a ela muitas verdades sobre bhakti, mas no final ela alcanou somente nirvana-prapti. Quem era o aradhadeva dela? Quem ela adorou? No era Krsna, Rama ou Nrisimhadeva. Ela adorou Brahma. Vocs devem ler o Srimad-Bhagavatam completamente, de outra maneira vocs no iro entender estas verdades. Foi ensinado a Devahuti o significado de bhakti. O fruto de bhaktino Brahma- nirvana, mas Devahuti no tinha especial aradhadeva (deidade adorvel), como Nrisimha, Vamana, Kalki, Rama ou Balarama. Ela simplesmente alcanou Brahma-nirvana; que dizer que ela viu que Brahma est em todas as entidades vivas. Brahma nirakara (sem forma), nirguna (sem qualidades), niranjana, e por conseguinte ela noalcanou a apropriada definio de uttama-bhakti. Um verdadeiro bhakta ir se recusar aaceitar qualquer tipo de nirvana de Krsna. H muitos tipos de nirvana, mas os devotos puros iro recusar todos eles. Algumas lies devem ser tomadas dos ensinamentosde Kapiladeva a Devahuti, mas nenhuma dessas lies so Brahma-nirvana.

    Que tipo de bhakta era Bharata Rsi? Qual era o seu estgio de bhakti? Em sua vidafutura como Jada Bharata, quando o rei Rahugana sarcasticamente o repreendeu, am

    eaou castig-lo e aoit-lo, ele replicou com o que segue:

    [O grande brahmana Jada Bharata disse: "Meu querido rei e heri, seja l o que for q

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    ue voc tenha falado sarcasticamente certamente verdade. De fato, estas no so simples palavras de repreenso, pois o corpo o transportador. A carga levada pelo corpono me pertence, pois eu sou a alma espiritual. No h contradio em suas afirmaes porqou diferente do corpo. Eu no sou o carregador do palanquim, mas o corpo o . De certo como voc props eu no me empenhei em carregar o palanquim, pois estou desapegadodo corpo. Voc tem dito que no sou forte e vigoroso e estas palavras caem muito bemem algum que desconhece a distino entre o corpo e a alma. Talvez o corpo seja gord

    o ou magro, mas nenhum homem erudito usaria estes termos ao referir-se a alma espiritual. Enquanto alma espiritual, no sou nem gordo, nem macilento; portanto estcorreto ao dizer que no sou muito robusto. Tambm se o objetivo desta viagem que leva a ele fossem meus, haveria muitos problemas para mim, porm como eles no se relacionam comigo, mas com o meu corpo, no h absolutamente problema algum." (Srimad Bhagavatam 5.10.9)

    [ "Meu querido rei, voc tem desnecessariamente, acusado-me de ser um morto vivo,a isto eu posso somente dizer que verifica-se este fenmeno em toda parte, porquetodas as coisas materiais tem seu comeo e seu fim. Quanto ao fato de julgar-se orei e amo e assim tentar me dar ordens, isto tambm incorreto porque estas posies sotemporrias. Hoje voc o rei e eu lhe presto servio, mas amanh esta posio pode mudar

    voc pode vir a ser meu servo e eu, seu mestre. Estas so circunstncias temporrias, criadas pela providncia." (Srimad Bhagavatam 5.10.11 )

    [Meu querido rei, se ainda pensa que o soberano e que sou seu servo, deve dar-meordens e eu deverei segu-las. Posso, ento, dizer, que essa diferenciao temporria eue, persiste apenas, graas ao uso da conveno. No vejo nenhuma outra causa. Sendo assim, quem o amo e quem o servo? Todos esto forados pelas leis da natureza material,portanto, ningum o amo e ningum o servo. Entretanto, se pensa que o amo e que souseu servo, aceitarei isto. Por favor, ordene-me. Que posso fazer por voc?" ( Srimad Bhagavatam 5.10.12 )

    "Num nascimento anterior, eu era conhecido como Maharaja Bharata. Alcancei a perfeio desapegando-me por completo das atividades materiais atravs da experincia diret

    a e, atravs da experincia indireta, passei a compreender os Vedas. Ocupei-me em pleno servio, porm, devido ao meu infortnio, fiquei sentindo muita afeio por um veadinho, chegando ao ponto de negligenciar meus deveres espirituais. Devido minha profunda afeio pelo veado, na minha vida seguinte tive que aceitar um corpo de veado."(Srimad- Bhagavatam 5.12.14)

    Em sua vida anterior Maharaja Bharata no foi um siddha-bhakta, ele foi um sadhakae tinha alcanado o estgio de bhava. Contudo, embora ele no fosse um prema-bhakta,ele era um bhava-bhakta. Havia somente uma escapatria em sua bhakti, e que aquelasem interrupo (o prefixo "anu" na palavra anusilanam significa ininterrupto). Elenunca perdeu sua bhakti. Bhakti pode ser somente perdida se cometemos aparadha,ofensas, e Maharaja Bharata no tinha feito isto. Foi escrito no Srimad Bhagavatam que se o karmi segue seu varnasrama-dharma, suas obrigaes com a famlia e sociedade, no ir ter realizao plena. Antes, ter que ir ao inferno. Ento, qual o problema dgum deixar seu varnasrama-dharma, aceitar o caminho de cantar e lembrar-se do Supremo Senhor, e ento, deixar o caminho num estado imaturo?

    tyaktva sva-dharmam caranambujam harer bhajann apakvo 'tha patet tato yadi yatrakva vabhadram abhud amusya kim ko vartha apto 'bhajatam sva-dharmatah

    "Uma pessoa que abandona suas atividades materiais para ocupar-se no servio devocional ao Senhor pode s vezes cair, enquanto est num estgio imaturo, mas no h perigo de que seja mal-sucedida. Por outro lado, um no-devoto, mesmo que se dedique plenamente a seus deveres ocupacionais, no ganha nada." (Srimad Bhagavam 1.5.17)]

    Se o praticante morre antes de realizar seu bhakti, ou se algum obstculo vem e prasua prtica por algum tempo, no h grande perda a menos que ele tenha cometido ofensas. Maharaja Bharata no tinha cometido qualquer aparadha, e portanto, sua bhakti

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    no foi reduzida. Isto visto como atravs da perda de seu bhakti, mas este no era o caso. Seu bhakti simplesmente estagnou ou conteve-se por algum tempo. Por que quesua bhakti foi interrompida? Srila Visvanatha Cakravarti Thakura explicou que esta era simplesmente uma lio para os outros. Nesta vida, quando ele tomou nascimento como um veado, seu bhakti estava ainda no estgio de rati, bhava, e ele realizou seu erro. Ento, em seu terceiro nascimento ele sempre se engajou no servio do Senhor e ele alcanou prema-bhakti.

    Anukulyena krsna-anusilanam. Anu significa sem interrupo como o fluir do mel de um jarro. O bhakti de Maharaja Bharata ficou contido porque ele deu seu corao para um veado. Isto no era uma aparadha; antes, isto era um obstculo. Seu bhaktiparou por algum tempo porque ele fez alguma coisa errada. De fato, este era o desejo de Krsna para que ns aprendssemos alguma coisa de Bharata Maharaja. De fato,ele prprio no caiu. Quando o estgio de ruci manifesta-se no corao de algum, ele nooportunidade para cometer aparadha, o que falar de algum que tem rati. Ele estava somente nos ensinando que devemos ser cuidadosos. No prximo nascimento ele tornou-se um veado, ele lembrou-se do seu erro e se arrependeu; no terceiro nascimento ele tornou-se um brahmana puro. Naquele tempo ele iniciou de rati, onde tinhapreviamente parado, e ento, alcanou Vaikuntha-prema. Ainda, seu bhakti no era utta

    ma-bhakti no sentido estrito do termo. Ele estava adorando Narayana e no, Krsna.Na definio de uttama-bhakti, Srila Rupa Gosvami usou as palavras krsna anu-silanam. Uttama-bhakti especialmente significa adorar o prprio Krsna. Bhakti puro. Uttama-bhakti so realizado em relao a Krsna Brajendra-nandana. Ele no se refere igualmente a Krsna-Dvarakadisa ou Krsna-Vasudeva. No terceiro nascimento, Maharaja Bharata tornou-se um puro bhakta. Seu bhakti estava misturado com algum jana (conhecimento da opulncia do Senhor), e isto entendido pelo que ele ensinou para o rei Rahugana. Ele enfatizou a importncia de tattva-jana, no nirvisesa-jana. Contudo, at um devoto cruzar o nvel de aisvarya-jana e esquecer que Krsna o Senhor Supremo, uttama-bhakti no pode manifestar-se na realidade.

    Gaura Premanande.

    Superviso da edio: Pujyapada Madhava Maharaja e Sripad Brajanatha dasa Editora: Syamarani dasi; Assistente de edio: Vasanti dasi; Digitao: Anita dasi; Superviso geral ,digitao ,traduo e Organizao: Govinda dasi ; Reviso : Ramanatha dasa