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Perfil do escritório Lima & Lima Arquitetura, de Jaraguá do Sul
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QUEM
FAZ
A quatro mãos
Edson e Ronaldo Lima, do Lima & Lima Arqui-tetos Associados, reproduzem em seus projetos a afinidade familiar que os une. Criando juntos há mais de duas décadas, os irmãos tornaram-se referência em Jaraguá do Sul.
Croqui a mão livre, foi feito para um concurso em Porto Alegre (RS).
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Do prazer comum de desenhar e pintar, Edson e Ronaldo foram trilhando sua
trajetória profissional desde a infância. Um sonhava em ser ilustrador de gibis
e o outro até personagem de histórias em quadrinhos já tinha criado. Esco-
lheram Arquitetura como por instinto e uniram seus talentos. A cumplicidade
é evidente.
“Dizem que irmãos dificilmente são sócios de uma empresa”. “Temos a
felicidade de sermos sócios. Primeiro vem a afinidade pessoal e, depois, a
possibilidade de projetar a quatro mãos”, avalia Edson. Para ele, o processo
de criação é muito mais rico, com ideias mais maduras. “E os resultados me-
lhoram, especialmente quando um ‘detona’ o projeto do outro”, complementa,
entre risos. “Essa é a melhor parte”, apressa-se em acrescentar o irmão. Na-
turais de Florianópolis, Edson e Ronaldo formara-se na Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC). Há 20 anos escolheram Jaraguá do Sul para morar
e trabalhar – juntos, num escritório de Arquitetura.
Em 1997 fundaram a sua própria empresa, a Lima & Lima Arquitetos
Associados e passaram a desenvolver projetos nas áreas comercial, indus-
trial, corporativa e residencial. Recentemente, passaram a projetar produtos,
desenvolvendo uma linha de luminárias para uma indústria catarinense. “Por
estarmos numa cidade ainda considerada pequena, precisamos criar uma es-
trutura que atenda a diferentes demandas, ao invés de ter uma única área
de atuação”, argumenta Edson, levando em conta a população de 130 mil
habitantes. Apesar do elevado poder aquisitivo de boa parte da sua popula-
ção, Jaraguá do Sul é uma cidade de hábitos comuns. “O que remete a uma
pequena cidade, no quesito consumo. Mas está crescendo. O mercado vai se
diversificando, inclusive o de fornecedores para o nosso ramo”, afirma Edson,
que ainda precisa recorrer a outros municípios para encontrar os materiais e
produtos que especifica. “Acredito que, em pouco tempo, essa realidade vai
mudar”, frisa, esperançoso.
Jaraguá do Sul detém um dos principais parques fabris do Estado e é
berço de grandes indústrias como WEG, Marisol, Malwee, Duas Rodas, só para
citar algumas. A natureza exuberante e a qualidade de vida construída desde
a chegada dos colonizadores alemães, italianos, poloneses e húngaros, faz
com que a cidade tenha um dos Índices de Desenvolvimento Humano mais
altos do País (IDH-M 0,85). Emancipada de Joinville em 1934, sua urbanização
inicial provocou alguns problemas de planejamento. “Os dois rios que cortam
a cidade acabaram se tornando empecilhos ao crescimento, e não aliados”,
exemplifica Edson. Os rios Jaraguá e Itapocu correm nos fundos dos terrenos
das casas e das indústrias. “Não se pode contemplá-los como mereceriam.
Alguém com mais sensibilidade poderia ter pensado em avenidas beira-rio.
Seria fantástico”, avalia. Ronaldo aponta a possibilidade de um melhor apro-
veitamento da ciclovia, na área de abrangência da ferrovia, “numa cidade com
tanta carência de áreas públicas de lazer”. Para Edson, pouquíssimas pessoas
preocupam-se, de verdade, com a ordenação do crescimento da cidade. “Qua-
se tivemos, há bem pouco tempo, a aprovação de edifícios de 16 andares no
centro da cidade, o que aceleraria o caos”, conta. Para ele, mais um motivo
para os arquitetos terem cuidado com o que projetam. “Zelamos por uma ar-
quitetura responsável, não comercial, cujo produto final agrade tanto a quem
nos contrata, quanto a quem vê a obra. A responsabilidade na Arquitetura
transcende a técnica - ela tem a ver com o legado que se deixa impresso na
paisagem urbana. É um privilégio ajudar a desenhar a paisagem e a cidade”,
considera Edson.
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QUEM
FAZ
O desenho é um talento natural dos irmãos e um
hobby cultivado desde a infância. Na imagem ao
lado, croqui de um edifício projetado pelo escritório
e construído há alguns anos em Jaraguá do Sul.
Foto da Arena Jaraguá, projeto
desenvolvido em 2005 pela
dupla em parceria com os
arquitetos Giorgio Bayer, Raphael
Cavalcanti da Silva, Renato
Escobar, Ruth Borgmann e
Valério Tadeu dos Santos
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Nestes treze anos, os irmãos acompanharam a evolução do mercado e da
profissão, até dentro do próprio escritório. “Muita coisa mudou. A internet, os
hardwares, softwares e outras tecnologias são ferramentas que revolucionam
a cada dia a forma de desenvolver um projeto e de apresentá-lo, de vendê-lo,
ao cliente”, destaca Ronaldo. Apesar da resistência, as maquetes eletrônicas
tornaram-se uma realidade no Lima & Lima. “Sempre gostamos de desenhar
a lápis, à mão livre mesmo. São traços diferentes, mas a mesma paixão pela
arte”, explica Edson. Essa preferência faz da dupla um referencial para es-
tudantes de Arquitetura do Centro Universitário de Jaraguá do Sul (UNERJ).
“Outro dia, um de meus funcionários disse que muitos de seus colegas espera-
vam fazer estágio aqui, principalmente em função desta nossa característica.
Confesso que fiquei feliz e lisonjeado”, completa.
Apesar da transformação evidente do mercado, os irmãos avaliam que
muito ainda têm de mudar em relação aos sistemas construtivos no País. “Ain-
da são empilhados muitos tijolos pra se obter uma parede e, infelizmente, o
desperdício ainda é assustador no saldo final de uma obra”, lamenta Ronal-
do. E a dupla pretende participar dessa evolução. O Lima & Lima Arquitetos
Associados acaba de se tornar o primeiro escritório de Arquitetura de Santa
Catarina membro do Green Building Council Brasil, participando ativamente do
processo de consolidação da construção sustentável.
Transformações
Arquitetura industrialEntre os mais recentes trabalhos do escritório está o projeto da nova sede da Gráfica e Editora Avenida, em Jaraguá do Sul, inaugurada em maio do ano
passado. O novo prédio é a menina dos olhos de seu diretor, Udo Wagner, de acordo com Edson Lima. “Isso nos abriu espaço para inovar nas formas do
prédio administrativo, que fica em frente ao galpão da fábrica”, argumenta o arquiteto. E explica: “as curvas de concreto lembram o papel passando
nas máquinas de impressão - numa clara alusão à matéria-prima do segmento da empresa, quebrando a rigidez dos tradicionais parques fabris”. A
opção pelo uso do concreto armado atende à intenção de obter resultados estéticos na arquitetura. “Moldado in loco, resgata a força e a maleabilidade
desse material tão importante na construção civil, abrindo mão dos já comuns revestimentos metálicos”, alega. A indústria, com 5.052m2 de área
construída, está implantada num terreno de 70.542,53m2 às margens da BR 290.