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Questão de Geografia Política A relação território e política é complexa porque remete à questão de interesses de diversos atores sociais, interesses que se materializam sobre uma base territorial em escalas diferenciadas. Sendo a “questão ambiental”(a relação sociedade x natureza) essencialmente multiescalar, disserte sobre tal fenômeno apresentando a problemática nas escalas local, regional, nacional e global, tomando como referência as forças instituintes e os atores instituidos. O desmatamento nos remete a alguns tópicos fundamentais para entendê-la como problemática ambiental, já que é o próprio homem interferindo no meio ambiente. A começar pela sobrevivência humana, pois, assim desde os tempos primórdios os seres humanos produziram meios de subsistência, desenvolvendo-se na caça, pesca e o extrativismo. Posteriormente, passou a utilizar a terra sem necessidade de deslocar-se, de modo que, surgiam os primeiros passos para agricultura e pecuária. Daí, se pode ter uma impressão do tratamento dado ao solo e, conseqüentemente, ao desmatamento da floresta. Os povos Astecas, Maias e os demais povos ameríndios eram bem mais desenvolvidos do que se imaginava, longe da imagem das trevas ou do atraso visto por muito tempo pela historiografia. Podemos citar em segundo lugar, o modelo de desenvolvimento econômico, isto é, a industrialização e a urbanização. A Revolução Industrial na Inglaterra lançou novos horizontes a economia vigente. O Capitalismo Industrial

Questão de Geografia Política na Amazônia

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A relação território e política é complexa porque remete à questão de interesses de diversos atores sociais, interesses que se materializam sobre uma base territorial em escalas diferenciadas. Sendo a “questão ambiental”(a relação sociedade x natureza) essencialmente multiescalar, disserte sobre tal fenômeno apresentando a problemática nas escalas local, regional, nacional e global, tomando como referência as forças instituintes e os atores instituidos.

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Questão de Geografia Política

A relação território e política é complexa porque remete à questão de interesses de

diversos atores sociais, interesses que se materializam sobre uma base territorial em

escalas diferenciadas. Sendo a “questão ambiental”(a relação sociedade x natureza)

essencialmente multiescalar, disserte sobre tal fenômeno apresentando a problemática

nas escalas local, regional, nacional e global, tomando como referência as forças

instituintes e os atores instituidos.

O desmatamento nos remete a alguns tópicos fundamentais para entendê-la como

problemática ambiental, já que é o próprio homem interferindo no meio ambiente. A

começar pela sobrevivência humana, pois, assim desde os tempos primórdios os seres

humanos produziram meios de subsistência, desenvolvendo-se na caça, pesca e o

extrativismo. Posteriormente, passou a utilizar a terra sem necessidade de deslocar-se, de

modo que, surgiam os primeiros passos para agricultura e pecuária. Daí, se pode ter uma

impressão do tratamento dado ao solo e, conseqüentemente, ao desmatamento da floresta.

Os povos Astecas, Maias e os demais povos ameríndios eram bem mais desenvolvidos do

que se imaginava, longe da imagem das trevas ou do atraso visto por muito tempo pela

historiografia.

Podemos citar em segundo lugar, o modelo de desenvolvimento econômico, isto é, a

industrialização e a urbanização. A Revolução Industrial na Inglaterra lançou novos

horizontes a economia vigente. O Capitalismo Industrial intensificou a exploração de

recursos naturais utilizados como matéria-prima. Então, o processo de industrialização

inicia uma nova modificação no meio ambiente e, infelizmente, trazendo mais pontos

negativos a positivos. Houve também uma necessidade de dar valor a terra, ou seja, a

geografia ganhou uma nova vertente com a geopolítica, principalmente no despertar de

sentimentos nacionalistas construído numa idéia de identidade nacional com a formação

dos Estados Nacionais. No final do século XIX, foi necessário incorporar no resgaste a

importância da geografia política. Desse modo, o espaço vivido “é sempre conflituoso, só

pode ser compreendido no contexto histórico das questões e das disputas de interesses pelos

agentes dos conflitos”, entra enfoque o Estado, território e sociedade (Castro, 2005).

Segundo a teoria de geografia política de Ratzel apresentada por Castro, tinha como

tarefa demonstrar que o Estado é fundamentalmente uma realidade que só se completa

sobre o solo do país. Este como instituições públicas, almeja por desenvolvimento,

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apoiando normas, leis e regulamentos que afetam amplamente a vida social. Assim, os

Estados permitem a instalação de Indústrias onde desmataram mais de mil km² e com as

fábricas próximas as zonas urbanas, o crescimento populacional aumentava cada vez mais,

havendo necessidade de urbanização. Isso significa que as estruturas políticas tornaram-se

cada vez mais organizadas e complexas para controlar e até mesmo conduzir o meio social

e político em que se realizava a acumulação do capital em escala mundial, justamente pela

expansão do capitalismo mundial. Entretanto, a relação entre capitalismo e terrotorialismo,

essas lógicas submetiam o Estado a todos os desígnios da economia de mercado,

principalmente à sua vontade. Porém, a nova ordem é o contrário, o Estado é que sbmete o

capitalismo à sua vontade. Na verdade, há sempre uma reflexão conflituosa entre

capitalismo e política, de acordo com Iná Elias de Castro. Visto, assim, o desmatamento

numa escala global como fator preponderante dos paises industrializados, que após

esgotarem seus recursos naturais, por conseguinte, as florestas primárias, procuram os

paises mais pobres para se beneficiarem de seus recursos disponíveis.

Como escala regional e local que levou ao desenvolvimento da região Norte e a

capital amazonense podemos apontar a Zona Franca de Manaus, na qual é um exemplo real

deste desenvolvimento econômico com Indústrias de Base e de montadoras de automóveis

onde o governo de Manaus usava a propaganda “Manaus, cidade sorriso”. O Estado como

força instituinte utilizou políticas que permitiram o acesso de multinacionais na região, se

beneficiando do território e da mão-de-obra barata. Como consequência desse ato, houve o

êxodo rural, na verdade, um inchaço populacional. Pessoas oriundas de diversos Estados e

regiões migraram para Manaus, no intuito de prosperidade econômica. Mas, a cidade não

possuía estrutura para suportar a quantidade de pessoas que estavam migrando para ela. Os

primeiros impactos ambientais ocorreram com o aumento geográfico da cidade com

criações de bairros ou invasões/ocupações de terras, isso significa devastação florestal para

urbanização. Verifica-se que “os Estados podem ainda aumentar ou diminuir o sofrimento

das pessoas, graças a locação de recursos, graças a sua capacidade de proteger seus direitos

e de intervir nas relações sociais entre diferentes grupos” (Castro, 2005, p. 84).

Outro principio ativo do desenvolvimento econômico é a exploração de recursos

naturais. No caso do Amazonas, o Gasoduto (gás natural), assinado pelo presidente Luis

Inácio Lula da Silva e o Governador Eduardo Braga, vem trazer um novo ciclo econômico

e sob licença prévia ambiental concedido pelo INPA, está também aos cuidados da UFAM

em relação ao meio ambiente e social. Entretanto, a paisagem natural pode modificar-se

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(Projeto iniciou em outubro de 2006) e a população rural/tradicional, ou forças instituídas –

“exercidas por atores sociais que se organizam para institucionalizar sua demandas nos

limites de um território legitimamente definido para estas decisões e ações, na escala local à

global (Castro, 2005) – sofreram com a construção do Gasoduto. Mas, a exploração de

recursos como água, petróleo, madeira e minerais provocam profundas mudanças no meio

ambiente. “O governo atual pretende ser um marco no rumo do desenvolvimento regional.

Elaborou um novo Plano Amazônia Sustentável (PAS), com o qual pretende superar a

polaridade conflitiva entre política ambiental e a de desenvolvimento” (Becker, 2005)

Como terceiro fator para o desmatamento são as queimadas que aceleram o

empobrecimento do solo. Pois, a agropecuária predatória que provocada pelas queimadas

impossibilitava o uso do solo por muito tempo, transformando-a, por fim, em campos de

pastagem. Entretanto, no caso do ribeirinho a técnica do corte-e-queima utilizado, acaba

fazendo parte do ciclo da natureza, ou seja, o caboclo/ribeirinho é realmente uma força

instituída como agente conservador da natureza. Pois, segundo Noda e Noda, “a agricultura

tradicional, na Amazônia, é praticada pela população rural denominada cabocla, resultante

da mescla entre população nordestina, descendentes de africanos e portugueses, que

migraram para esta região, e a população indígena” (1995, p.139). E a economia utilizada

por essa população tradicional caracterizava-se pela preservação dos recursos naturais para

sustentação do sistema. No entanto, existem vários conflitos agrários na Amazônia, que

tornam ou atribuem uma parte da população ribeirinha com “sem terra”, perante as políticas

governamentais e, assim, sugere ser um estado necessário da “sociedade democrática em

processo de modernização” (Oliveira e Guidotti, 2000).

E, finalmente, temos a construção de hidrelétricas que tem causado destruição de

matas e impactos ecológicos, sociais e econômicos, em qualquer aréa do país. A Usina

Hidrelétrica Balbina é um exemplo de fracasso cujas os atores sociais, as tribos indígenas,

foram desabitadas e grandes áreas florestais devastadas pela força das instituições públicas

existentes.

Atualmente, para solucionar o problema do desmatamento florestal é preciso

preservar e conservar o meio ambiente utilizando um modelo econômico capaz de propor

qualidade de vida sem afetar ou desequilibrar o meio ecológico. Uma política pública que

não afete desastrosamente a vida social como uma todo. Portanto, é possível amenizar o

desmatamento florestal, mas também existe dificuldade em não alterar a questão ambiental

com a economia vigente. A relação de sociedade e natureza possui, na verdade, um enorme

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conflito para obtenção de um equilibrio constante, já que os atores sociais possuem

interesses distintos e a busca pelo controle e poder do território nos remete a uma questão

política, e porque não geografia política. Pois, o conhecimento do espaço é obtido através

da geografia e o uso da mesma nos revela conflitos e confrontos entre forças instituintes e

os atores instituidos como podemos observar. A medida da escala é observável melhor os

fênomenos políticos. “Na realidade, os fenômenos políticos não se confinam a uma ou

outra escala, mas ao contrário podem ser globais, também nacionais, regionais ou locais”

(Castro, 2005).

Referências bibliográficas:

BECKER, Bertha, Geopolítica da Amazônia. Estudo Avançados 19(53), 2005.

BENTES, Dorinethe dos Santos/ ROLIM, Amarildo Rodrigues. O Amazonas no Brasil e no

Mundo; Manaus-Am: Mens’sana, 2005.

CASTRO, Iná Elias de. Geografia e política. Rio de Janeiro, Bertrano Brasil, 2005.

ELIAS, Solange & CIDADE, Tereza. Governo quer Gasoduto pronto em 2006. Amazonas

hoje. Manaus, edição 02, ano 1, abril/maio de 2004.

Informativo PORANTIM, publicação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), órgão

anexo a CNBB.

NODA, Hiroshi e NODA, Sandra (1995). Produção agropecuária. In: educação ambiental,

IBAMA, Manaus – AM.

OLIVEIRA, José Aldemir de. GUIDOTTI, Humberto (organizadores). A Igreja arma sua

tenda na Amazônia. Manaus: Editora da Universidade do Amazonas, 2000.

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ESPECIALIZAÇÃO EM GEOGRAFIA DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

GEOGRAFIA POLÍTICA

Manaus – Am

2006/2

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CARLA CRISTINA VASCONCELOS BATISTA

QUESTÃO: Geografia Política

Trabalho realizado para obtenção de nota parcial na disciplina Geografia Política ministrada pela Profº Dr Ricardo Nogueira, para a turma de Especialização em Geografia da Amazônia Brasileira.

Manaus – Am

2006/2