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Questões sobre Filosofia da Arte. Profª Imaculada Kangussu - UFOP. Disciplina: Filosofia da Arte. Por: Juliano Gustavo Ozga. Filosofia UFSM-UFOP. 1- Como Platão se posiciona em relação a Arte, no Livro X da República, e em que sua posição diverge da adotada por Aristóteles na obra Poética. Sobre as posições de Platão (Livro X, A República) e Aristóteles (A Poética) sobre a Arte. a) Tópicos sobre Platão e a Arte: O posicionamento de Platão é negativo em relação a poesia e a música, porém ambas são benéficas quando tratam do espírito heróico ou patriótica. No entanto a música serve para organizar e educar o cidadão de forma rígida e comprometida com o Estado, quando usados os “modos” musicais adequados. b) Na República ideal Platão refuta a entrada de poetas com base em questões referentes a oposição entre Poesia (Mitos-Mythos) e Filosofia (Razão- Lógos), aquela baseada na imaginação e fantasia (o que difere e se distancia da épistemé ou realidade; sendo a poesia uma imitação de segunda ordem perante a realidade e de terceira ordem perante a ideia original, Platão infere que a Poesia não é digna da República ideal por se tratar de uma imitação e se distanciar da realidade. A Filosofia é baseada no Lógos racional

Questões sobre Filosofia da Arte

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Questões sobre Filosofia da Arte.

Profª Imaculada Kangussu - UFOP.

Disciplina: Filosofia da Arte.

Por: Juliano Gustavo Ozga.

Filosofia UFSM-UFOP.

1- Como Platão se posiciona em relação a Arte, no Livro X da República, e em que sua posição diverge da adotada por Aristóteles na obra Poética.

Sobre as posições de Platão (Livro X, A República) e Aristóteles (A Poética) sobre a Arte.

a) Tópicos sobre Platão e a Arte: O posicionamento de Platão é negativo em relação a poesia e a música, porém ambas são benéficas quando tratam do espírito heróico ou patriótica. No entanto a música serve para organizar e educar o cidadão de forma rígida e comprometida com o Estado, quando usados os “modos” musicais adequados.

b) Na República ideal Platão refuta a entrada de poetas com base em questões referentes a oposição entre Poesia (Mitos-Mythos) e Filosofia (Razão-Lógos), aquela baseada na imaginação e fantasia (o que difere e se distancia da épistemé ou realidade; sendo a poesia uma imitação de segunda ordem perante a realidade e de terceira ordem perante a ideia original, Platão infere que a Poesia não é digna da República ideal por se tratar de uma imitação e se distanciar da realidade. A Filosofia é baseada no Lógos racional que possui por objeto a análise e discurso sobre a realidade, sendo assim uma verdade.

Platão sustenta que a Poesia homérica não é digna de homens comprometidos com a verdade ou com o Lógos, como se intitulam os filósofos, ou seja, portadores da verdade. Para Platão isso fica evidente no fato de Homero não ter contribuído para a educação de sua terra natal, ao contrário de Sólon que em Atenas elaborou a Legislação e por isso para Platão ele era mais digno.

c) Tópicos sobre Aristóteles e a Arte: O posicionamento de Aristóteles sobre a Arte é positivo comparado com Platão. Aristóteles defende uma

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Arte que envolve a música (para apaziguar os ânimos) e o teatro e a dança (para equilibrar os temperamentos).

d) Aristóteles adota uma posição diferente de Platão quando aborda a Arte como técnica (Techné), ao passo que Platão defende o aspecto ideal da Arte.

Ao abordar a Arte como técnica (Techné) Aristóteles afirma que a Arte imita a realidade com um aspecto positivo acrescentado, ou seja, a Arte realiza o que a Natureza não acabou.

e) Aristóteles aborda a tragédia na obra A Poética com uma dupla utilidade: 1- purgação (homeopática) fisiológica através da tragédia e 2- purgação (ou cátharsis) através da arte do drama e da tragédia.

O aspecto positivo da tragédia para Aistóteles refere-se ao efeito eficiente da fábula (que usa o mito-mythos) perante o espectador. Aristóteles ao abordar a fábula como essencial para a tragédia pretende esclarecer o aspecto mitológico e heróico das tragédias (uma de suas grandes influências trágicas foi Sófocles), sendo o recurso do “pensamento” e os “caracteres” os itens que execrem sobre o público um influência ao passo que o mesmo elabora uma situação psicológica análoga ao desdobramento da tragédia, e isso torna positivo a tragédia.

2- Em que se assemelham e em que se divergem as reflexões de David Hume e de Immanuel Kant relativas ao juízo de gosto.

a) Tópicos sobre David Hume e o juízo de gosto: D. Hume aborda a concepção de juízo de gosto com um foco utilitarista (o que foi recorrente nas escolas filosóficas britânicas da sua época).

b) A concepção estética de D. Hume que envolve o juízo de gosto pretende abordar a Arte como um aspecto essencial para o indivíduo, onde as concepções próprias e subjetivas irão influenciar no juízo “racional” de gosto usado na Arte.

c) David Hume aborda a questão do juízo de gosto com uma forte crítica ao subjetivismo do gosto, chegando ao ponto de expor a questão do gosto individual não ser possível de discussão, como no caso do apreciador de vinho que infere um determinado valor para o vinho, sendo que o que muda

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não é o vinho objetivo (ou objeto) e sim o indivíduo subjetivo (ou sujeito) que aprecia o vinho e assim determina um valor para o vinho.

Porém sua reflexão continua até o ponto de ser possível pretender um juízo de gosto objetivo quando se determina-limita um padrão ou elemento de base crítica e racional para haver a possibilidade de delimitar os problemas referentes ao juízo de gosto e seus objetos de análise e raciocínio.

d) Sobre a abordagem do juízo de gosto em Immanuel Kant, sua análise define a influência da imaginação e do entendimento na harmonização entre os aspectos sensorial-subjetivos e mos aspectos mecânico-racionais ou objetivos, permitindo assim uma posterior elaboração do juízo de gosto.

e) A implicação de abordar o empirismo (sensorial) e o racionalismo (racional) com uma relação harmônica permite Kant elaborar seu juízo de gosto com base em ambas as qualidades e faculdades do pensamento, ou seja, imaginação e entendimento, o que torna o conceito de juízo de gosto inclusivo.

f) Immanuel Kant expõe quatro análises sobre o juízo de gosto, onde as categorias qualidade, quantidade, relação e modalidade irão definir os conceitos de agradável (subjetivo), bom (público e o seu objeto é o “conceito”), o belo (subjetivo e objetivo).

Sobre o belo Kant expõe a diferença entre realidade universal subjetiva e o aspecto universal da subjetivação do belo; quando o belo é privado e subjetivo não podemos inferir para o belo uma realidade universal pelo fato dessa ser uma necessidade objetiva, mas o aspecto subjetivo universal do belo é positivo e válido quando o sujeito que infere sobre um “objeto” o define como belo não em relação ao objeto e sim em relação ao fato de agradar-lhe ou não agradar-lhe a sua apreciação.

O belo é universal quando partimos da experiência sensorial e estética subjetiva perante um objeto, porém não pretendemos que nossa experiência estética privada seja igual ou semelhante para todos os indivíduos; o que é universal e subjetivo é a capacidade de ser possível algo nos agradar (prazer) ou desagradar (desprazer).

Assim, através do juízo de gosto pretende-se expor o conceito que o sujeito é capaz de elaborar sobre os objetos, ao passo que não é o objeto que é

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“belo” e sim a sensação que o mesmo pode causar em qualquer ser humano cognoscível, tornando-se assim belo e universal.

David Hume e Immanuel Kant definem o que é “bom” é do domínio publico e objetivo (moral) e o que é “bem” é do domínio cósmico. Kant expõe três aspectos para a beleza: 1- aspecto cósmico; 2- aspecto mopral e 3- aspecto ideal.

Tanto Hume como Kant pretendem uma abordagem do belo que se distancia do aspecto cartesiano e do aspecto teológico (ambos recorrentes em suas respectivas épocas).

Portanto, Hume trata o belo com um aspecto empirista “utilitarista” (se é possível essa abordagem), ao passo que Kant expõe seu conceito de belo sob um aspecto racional transcendental, e que em ambos os autores (implícito ou explícito) a estética e o juízo de gosto (se referem ao aspecto sensorial do ser humano) irão influenciar as concepções éticas e de caráter prático, sendo que o juízo ou a faculdade de juízo (estético ou de gosto) é um dos elementos fundamentais para nossas escolhas e ações práticas.

Referência Bibliográfica:

1- PLATÃO, A República. Tradução Enrico Corvisieri, Coleção Os Pensadores, Nova Cultural, 1987.

2- ARISTÓTELES, Poética. In: Os Pensadores. Trad. Eudoro de Souza. T. IV, São Paulo: Abril Cultural, 1973.

3- DUARTE, Rodrigo (Organizador). O belo autônomo. Textos clássicos de estética. Belo Horizonte, Editora UFMG, 1997.

Bibliografia:

1- BAYER, Raymond, História da Estética. Lisboa: Ed. Estampa. 1979.

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