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~A~P~~~O~V~A;rD~o'-;~e;llco~E~x;.~m~o;-:\Sr. procuradQr-Grt d~ ;;I~
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Ex.mo Sr. Go;ernad,or doOFem __
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Governo do Distrito Federal
Procuradoria-Geral do Distrito Federal
Procuradoria Fiscal
PARECER N° "2,4 .:2.-12011/PROFlS/PGDFPROCESSO N' 040-00196312005INTERESSADA: MARIA NATIVIDADE FERNANDEZASSUNTO: REVERSÃO CRÉDITO
(DIREITO ADMINISTRATIVO. REVERSÃO DE CRÉDITONÃO TRIBUTÁRIO. DÍVIDA ATIVA.1. - O quadro fático tratado nos autos apresenta herdeiro de falecidaservidora pública, que não comunicou a morte ao Distrito Federal,tendo, ao que consta, sacado os vencimentos da conta bancária da decujus, por um período de quase três anos.2. - Convocado a se pronunciar sobre os fatos, o único herdeiro nãoapresentou qualquer justificativa, tampouco quitou o débito.3. - Pelo teor do art. 568, lI, do CPC, "são sujeitos passivos naexecução o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor. " OsTribunais pátrios, interpretando esse dispositivo, entendem que opleito executivo pode ser direcionado contra os sucessores do de cujusdevedor, caso o inventário não tenha sido aberto, o que não ocorreu nahipótese.4. - Parecer pela inscrição do montante em dívida ativa, tendo comodevedor o único sucessor da falecida, e pelo ajuizamento imediato deexecução fiscal.l
r,~:·;··~:i.i~=-.'.~~.:.=.~:·IExcelentíssimo Senhor Procurador-Chefe da PROFISIPGDF, I ".:.r •••• 'filD-OD19iJ/na15i1 - RELATÓRIO ! """""" .. !...:,__ ',""i"Ui3S~I
L"v_.+_.,...,,~ ~___ •..J
Trata-se de processo iniciado com a carta n'' 0612005-
DIGEP/SUAOP/SEF, de 14 de março de 2005, na qual se solicita o comparecimento da
interessada ao Núcleo de Cadastro de Aposentadorias e
Pensões/GEAPEIDIGEP/SUAOP/SEF, para atualização de seus dados.
,
À fi. 4, por meto do Memorando n" 2112005-
NUCAP/GEAPIDIGEP/SUAOP/SEF, o Chefe do Núcleo de Cadastro de
Aposentadorias e Pensões informou que a interessada faleceu em novembro de 2002,
mas que o Distrito Federal só foi cientificado de seu falecimento em março de 2005,
sendo a ex-servidora sido retirada da folha de pagamento no mês seguinte.
À fi. 5, juntou-se a certidão de óbito, a qual atesta que MARIA
NATIVIDADE FERNANDEZ faleceu no dia 05-11-2002, deixando apenas um
descendente, de nome VIDAL MARTINEZ FERNANDEZ.
c Em 28 de setembro de 2005, por intermédio da Carta n"
127/2005-NUFAP/GEAPEIDIGEP/SUAOP/SEF, solicitou-se o comparecimento do
representante legal ou familiar da ex-servidora MARIA NATIVIDADE FERNANDEZ,
no prazo de cinco dias, para tratar sobre a reversão de crédito (fI. 37).
Em resposta a esta solicitação, em 10 de novembro de 2005,
compareceu o filho da interessada, VIDAL MARTINEZ FERNANDEZ, para tratar da
quitação do débito no valor de R$ 83.196, 78 (oitenta e três mil e cento e noventa e seis
reais e setenta e oito centavos). Ainda na ocasião, este se comprometeu a retomar, no
prazo máximo de dez dias, para tratar do r. débito, pois dependia do contato côm outros
familiares da ex-servidora (fi. 38).
( Tendo em vista o não comparecimento de VIDAL MARTINEZ
FERNANDEZ, no prazo fixado, ele foi convocado novamente por meio da Carta n"
132/2007 (fi. 50), não havendo, nos autos, notícia de seu atendimento a esta solicitação.
o valor devido, após a devida correção pelo Índice Nacional de
Preço ao Consumidor, até o ano de 2011, é de R$ 108.730,06 (cento e oito mil e
setecentos e trinta reais e seis centavos) (fi. 103/114).
2
Por meio da manifestação de fls. 118/121, a Assessoria Jurídico-
Legislativa da Secretaria de Estado de Fazenda sugeriu o encaminhamento dos autos a
esta Casa para análise e emissão de parecer.
É o relatório.
2-FUNDAMENTAÇÃO
c
De acordo com a Lei na 6.830, de 22 de setembro de 1980, que
dispõe sobre a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública, qualquer valor,
cuja cobrança seja atribuída por lei a entidades de direito público será considerado
Dívida Ativa da Fazenda Pública.
Art. 1° - A execuçãojudicial para cobrança da Dívida Ativa da União,dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivasautarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Códigode Processo Civil.
Art. 2° - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definidacomo tributária ou não tributária na Lei n" 4.320, de 17 de março de1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais dedireito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos ebalanços da União, dos Estados, dos Municípios e do DistritoFederal.
(.§ 1" - Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuida por lei àsentidades de que trata o artigo 1~será considerado Divida Ativa daFazenda Pública.
§ )O - A Dívida Ativa da Fazenda Pública, compreendendo atributária e a não tributária, abrange atualização monetária,juros emulta de mora e demais encargosprevistos em lei ou contrato.
§3° - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativoda legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar aliquidez e certeza do crédito e suspenderá aprescrição, para todos osefeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execuçãofiscal, se esta ocorrer antes defindo aqueleprazo.
A mesma lei, em seu art. 4°, prevê a legitimidade passiva para a
cobrança, nos seguintes termos:
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Art. 4° - A execução fiscal poderá ser promovida contra:[ ..]III - o espólio;W -amassa;V - o responsável; nos lermos da lei, por dívidas, tributários ou não.de pessoas jlsicas ou pessoas jurldicas de direito privado; eVI - os sucessores a qualquer título.
Por sua vez, a Lei n" 4.320, de 17 de março de 1964, classifica
como "Despesas Correntes" no item "Transferências Correntes" as previstas com
"Pensionista"; e como "Receitas Correntes", em "Receitas Diversas", as provenientes de
(
"Cobrança da Dívida Ativa", respectivamente nos art. 13 e 11, § 4°. Ainda a Lei n",
4.320/64, no art. 39, § 1°, estatui:
Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ounão tributária, serão escriturados como receita do exercício em queforem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. (Redaçãodada pelo Decreto Lei n" 1.735, de 20.12.1979)
§ ]0 _ Os créditos de que trata este artigo, exiglveis pelo transcursodo prazo para pagamento, serão inscritos, na forma da legislaçãoprópria, como Divida Ativa, em registro próprio, após apurada a sualiquide" e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse título.
(
Assim sendo, os valores depositados na conta da falecida, não
devidos em decorrência do óbito, apropriados ou não por terceiros, sem necessidade de
se perquirir a destinação que recebeu, seja qual for a situação da sucessão, constituem
dívida ativa do Distrito Federal.
Faz-se mister, no entanto, identificar o sujeito passivo para a
efetivação da cobrança administrativa e eventual inscrição no cadastro de dívida ativa e
posterior cobrança judicial, caso não seja quitada.
Pelo teor da certidão de óbito de fi. 5, o Sr. VIDAL MARTINEZ
FERNANDEZ é o único herdeiro da falecida. Nota-se que ele é o único descendente da
de cujus e esta era viúva de TEODORO MARTINEZ FERNANDEZ. Além disso, não
4
há notícia de que o inventário tenha sido aberto, visto que a falecida não deixou bens a
inventariar, tampouco testamento conhecido.
Dessa forma, por força do que consta no art. 1.829, I, do Código
Civil, conclui-se ser o sucessor da falecida:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes. em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo secasado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no daseparação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, noregime da comunhão parcial, o autor da herança 000 houver deixado bensparticulares;
( Pelo teor do art. 568, Il, do CPC, "são sujeitos passivos na
execução o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor. "
o STJ, examinando o que contido no dispositivo legal, assentou
o seguinte:
(
"{.]- O art. 568. inc. lI. do CPC. elenca entre os sujeitos passivosda execução os sucessores do devedor. qualidade que ostentamos recorridos, devendo ser reconhecida a sua legitimidadepassiva, porque adquirentes da coisa litigiosa, sobre os quais seestendem os efeitos da sentença do processo divisório (art. 42, §[.]Recurso especial parcialmente conhecido e nessa parte provido.(REsp 72006I/GO, Rei. Ministra NANCY ANDRIGHI,TERCEIRA TURMA, julgado em 14/II /2006, DJ 18/12/2006, p.371)
Da mesma maneira, o TJDFT entende que o pleito executivo
pode ser direcionado contra os sucessores do de cujus devedor, caso o inventário não
tenha sido aberto:
APELAÇÃO CÍVEL - PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO -EXECUÇÃO FISCAL PROPOSTA POSTERIORMENTE AOFALECIMENTO DO DEVEDOR - ILEGITIMIDADE PASSIVA- ALTERAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO DA EXECUÇÃO -IMPOSSIBILIDADE - SÚMULA 392 DO STJ - SENTENÇAMANTIDA rtr- --- -l
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1. Tendo em vista o falecimento do devedor antes doajuizamento da ação, o pleito executivo deveria ter sidodirecionado, desde o início, ao espólio, caso já tivesse sidoaberto inventário, ou diretamente contra os sucessores dodevedor. Precedentes.2. Impossibilidade de alteração do pólo passivo da CDA, umavez que o enunciado n" 392 da Súmula do STJ diz que "aFazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa(eDA) até a prolação da sentença de embargos, quando setratar de correção de erro material ou formal, vedada amodificação do sujeito passivo da execução. "3.Recurso conhecido e não provido. Sentençamantida.(19980110805628APC, Relator HUMBERTO ADJUTOULH6A, 3" Turma Cível, julgado em 15/06/2011, DJ21/06/2011p. 127)
Vale destacar que com a morte da servidora pública, o valor
depositado pertence ao DF e, segundo o que consta, era indevidamente transferido e
ilegalmente sacado da conta bancária
Desta feita, ao que parece, foi perpetrado verdadeiro ato ilícito,
já que o sucessor não comunicou o GDF da morte da servidora e passou a utilizar os
seus vencimentos.
cConvém notar que ° Sr. VIDAL MARTINEZ FERNANDEZ foi
notificado por duas oportunidades para se pronunciar sobre os fatos ora tratados (fls. 38
e 50). Contudo, jamais prestou esclarecimentos.
Assim, entendo que os próximos passos a serem seguidos sejam
a inscrição do seu nome em dívida ativa, para que pague o valor devido devidamente
atualizado e o imediato ajuizamento da ação de execução fiscal (fls. 52/68).
Lembro que, a teor da jurisprudência do STJ, a pretensão de
ressarcimento de danos ao erário não se submete a qualquer prazo prescricional, sendo,
portanto, imprescritível. Nesse sentido: STJ, REsp 810785/SP, ReL Min. FRANCISCO
FALCÃO, DJ 25.05.2006 p. 184).
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3 - CONCLUSÃO
Ante o exposto, considerando o que dos autos consta, com
fundamento no art. 568, Il, do CPC, opina-se pela inscrição do montante irregularmente
depositado na em dívida ativa, tendo corno devedor o Sr. VIDAL MARTINEZ
FERNANDEZ e pelo imediato ajuizamento de execução fiscal.
É esse o parecer, sempre sob censura.
Brasília-DF, 21 de dezembro de 2011.
c~~
FLÁVIO JAIME DE MORAES JARDIMProcurador do Distrito Federal
o
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Governo do Distrito FederalProcuradoria Geral do Distrito Federal
Procuradoria Fiscal~
GDF
PROCESSOn.: 040-001.963/2005INTERESSADO: MARIA NATIVIDADE FERNANDESASSUNTO: REVERSÃO CRÉDITO
Folha n.: 131Processo n.: 040-001963/2005 .Matrícula: 176584-1 --Rubrica: ~
Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral,
('.
Apresento à consideração de Vossa Excelência o Parecer nº 342/2011-PROFIS/PGDF, emitido pelo ilustre Procurador Dr. Flávio Jaime de Moraes jardim,
encartado às fls. 124/130, no qual se manifesta sobre a sujeição passiva para
inscrição em dívida ativa de débito decorrente de proventos depositados após o
falecimento de servidora aposentada da Secretaria de Estado de Fazenda do DF.
Aduz o nobre parecerista que os depósitos em favor da falecida são
devidos em decorrência do seu falecimento e constituem dívida ativa do DF,
independentemente de terem sido apropriados ou de qual tenha sido a destinação;
Quanto à sujeição passiva, entende pela responsabilização de Vidal
Martinez Fernandes. declarado na Certidão de Óbito como único herdeiro de falecidaviúva que não deixou bens a inventariar ou testamento conhecido. Tal assertiva
parte dos elementos dos autos. analisados à luz do que dispõe o artigo 1.829, incisoI. do CC, o artigo 568. inciso 11,do CPC,e a jurisprudência do TJDFT,que indicam os
sucessores do de cujus como sujeitos da execução.
Ressalta. ainda, que a transferência e o saque dos valores significamverdadeiro ato ilícito, já que o sucessor não comunicou o GDFsobre a morte {Iaservidora e passou a utilizar seus vencimentos, sem prestar esclarecimentos. mesmo
tendo sido notificado duas vezes.
Conclui, assim. pela inscrição da dívida em nome do herderio e imediato
ajuizamento da execução fiscal, ressalvando que a pretensão de ressarcimento ao
erário não se submete a qualquer prazo prescricional, conforme entendimento ·~do
Superior Tribunal de justiça.
Tenho por correta a orientação jurídica contida no opinativo e, dessa
maneira, APROVO o parecer em referência. submetendo-o à análise de Vossa
Excelência.Brasflia, Z-=tde janeiro de 2012.
tE.......- ----'- ~EDUARDO MUNIZ MACHADO CAVALCANTIProcurador-Chefe da Procuradoria Fiscal
MS 27.01.12
5AM Bloco I Edifício 5ede da Procuradoria-Geral do Distrito FederalBrasília/DF CEP:70.620-000 Telefones: (61) 3325-3320 Fax: (61) 3325-3409
"Brasília - Patrimônio Cultural da Humonidode"
:.0
, ,..,
DISTRITO FEDERALPROCURADORIA-GERAL
GABINETE DO PROCURADOR-GERAL GDFPROCESSO N°:INTERESSADO:ASSUNTO:
040.001.963/2005Maria Natividade FernandesReversão de crédito.
APROVO O PARECER N° 0342/2011
PROFIS/PGDF, exarado pelo ilustre Procurador do Distrito Federal
FLÁVIO JAIME DE MORAES JARDIM, bem como a cota de fi. 131,
subscrita pelo eminente Procurador-Chefe da Procuradoria Fiscal -
PROFIS, EDUARDO MUNIZ MACHADO CAVALCANTI.
Encaminhem-se os autos à Secretaria de Estado de
Fazenda do Distrito Federal para conhecimento e adoção das
providências pertinentes, em especial no que se refere à inscrição do
débito em divida ativa.
Após, restituam-se os autos a esta Procuradoria-
Geral, com vistas à Procuradoria Fiscal - PROFIS, para ajuizamento da
execução fiscal.
~1~LEA~O ZANNONI OLlNÁRIO DE ALENCAR
Procurador-Geral Adj to do Distrito Federal
"Brasília Patrimônio Cultural da Humanidade"