31
O discurso dominante da mídia esportiva nas copas mundiais Carlos Alberto Figueiredo da Silva, UNISUAM, UNIVERSO Sebastião Josué Votre, UGF, UNISUAM Palavras-chave: linguagem, racismo, representações sociais, humilhação

Racismo no futebol 03 maio 2007

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Racismo no futebol 03 maio 2007

O discurso dominante da mídia esportiva nas copas mundiais

 

 Carlos Alberto Figueiredo da Silva, UNISUAM, UNIVERSO

Sebastião Josué Votre, UGF, UNISUAM

 

Palavras-chave: linguagem, racismo, representações

sociais, humilhação

 

Page 2: Racismo no futebol 03 maio 2007

Referências básicas:

Bourdieu e Passeron (1970), Coulon (1995), Fairclough (1995), Hargreaves (1996), Knoppers (2004), Murad (1999), Pfister (2006, 2007), Soares (1998), Sterkenburg & Knoppers (2004), Van Dijk, (1993), Whitehead (2004),

Page 3: Racismo no futebol 03 maio 2007

ObjetivoObjetivo

Neste estudo, interessa-nos verificar como o racismo se manifesta, a partir da análise das reportagens sobre as Copas do Mundo, em que a seleção brasileira sofre derrotas.

Page 4: Racismo no futebol 03 maio 2007

A maior ofensaA maior ofensa

Ronaldo foi criticado após o jogo final de 1998. A metáfora foi estampada na primeira página do jornal O Dia, na manchete: “Ronaldinho amarela antes do jogo e abala a seleção”. Tomemos a declaração do jornal como um dado empírico de análise. O conteúdo da mensagem é ofensivo, em termos morais, a ponto de Ronaldo se defender. “Não admito que digam que eu amarelei”.

Page 5: Racismo no futebol 03 maio 2007

Comprovamos que tal manifestação não é um fato isolado nem singular. Pois em outros eventos semelhantes, nas derrotas brasileiras de 1950, 1982, 1986 e 1990, a mídia apresentou interpretações polêmicas sobre as atuações dos jogadores, da comissão técnica, dos dirigentes, com críticas polarizadas em termos raciais.

A tese que defendemos

Page 6: Racismo no futebol 03 maio 2007

DadosDados

Correio da Manhã, 1924, Correio da Manhã, 1950, Diário do Rio 1950, A manhã 1950, Jornal do Brasil 1986, Jornal dos Sports 1986, O Dia 1988, O Dia 1990, O Globo 1988, O Globo 1999, O Globo 2000. TV Globo 2002.

Jornalistas: Luís Mendes, Sérgio Noronha, Tino Marcos, José Ilan, Carlos Gil, Jair da Rosa Pinto.

Page 7: Racismo no futebol 03 maio 2007

19501950

Page 8: Racismo no futebol 03 maio 2007

Copa de 50, contra UruguaiCopa de 50, contra Uruguai

“Faltou fibra aos jogadores nacionais que não corresponderam à expectativa de 200 mil torcedores representando 50 milhões de brasileiros”.

Page 9: Racismo no futebol 03 maio 2007

19501950

“(...) deixaram-se levar pelo nervosismo e jogaram abaixo da crítica, inclusive Jair, acovardado com a marcação severa do velho Obdulio Varela”.

O DIÁRIO DO POVO. Rio de Janeiro, 18 de julho de 1950, p.6.

Page 10: Racismo no futebol 03 maio 2007

19501950

“Faltou fibra aos jogadores nacionais que não corresponderam à expectativa de 200 mil torcedores representando 50 milhões de brasileiros”.

DIÁRIO DO RIO. Rio de Janeiro, 18 de julho de 1950, p.1.

Page 11: Racismo no futebol 03 maio 2007

19501950

“Deve-lhes uma derrota pujante, gerada dos flancos sombrios da covardia. Por medo a contusões e a socos perdemos o campeonato mundial de foot-ball”

DIÁRIO DO POVO. Rio de Janeiro, 18 de julho de 1950, p.2, 2º caderno.

Page 12: Racismo no futebol 03 maio 2007

19821982

Page 13: Racismo no futebol 03 maio 2007

Sérgio Noronha:Sérgio Noronha:

“O que houve, é que depois da Copa de 50, dizem, eu não tenho como provar isso, que havia um documento aconselhando a não convocação de goleiros negros porque eles se acovardariam na hora da decisão. Não sei se esse documento existe, se existe já foi destruído”.

Page 14: Racismo no futebol 03 maio 2007

1982 – A Itália derrota o Brasil1982 – A Itália derrota o Brasil

O goleiro, branco, é Valdir Peres

“O goleiro começou culpado e saiu sem culpa, pois na falha de Valdir Peres, nesta copa, havia tempo, ânimo e futebol para a recuperação”.

Page 15: Racismo no futebol 03 maio 2007

19861986

Page 16: Racismo no futebol 03 maio 2007

1986 – A França leva o 1986 – A França leva o canecocaneco

“Galera bota culpa em Zico e Sócrates”.

“Em tarde de muito calor e jogo quente, Zico estava frio quando chutou o pênalti para a defesa de Bats”.

Page 17: Racismo no futebol 03 maio 2007

19861986

“ Devemos respeitar o seu drama de uma pungência de tragédia grega. Ninguém fez mais, lutou mais para ser tetracampeão e o craque da Copa. Mas o destino foi inexorável na punição inexplicável. Zico despediu-se da Copa como o anti-herói na melancolia de uma classificação para a semifinal atirada pela janela por um erro que não costuma cometer”.

Page 18: Racismo no futebol 03 maio 2007

19901990

Page 19: Racismo no futebol 03 maio 2007

1990 – É vez da Alemanha1990 – É vez da Alemanha

A derrota é personificada pelo jogador Dunga, que representava o futebol-força. As críticas questionam o seu estilo de jogar, focalizam a técnica, mas poupam o jogador enquanto ser humano:

“Não deu certo a tentativa de esquematizar o futebol brasileiro, abrindo mão do talento natural e do improviso, (...) A Era Dunga não chegou (...) O proveito da derrota passa pela necessidade do reexame desses conceitos de futebol-força”.

Page 20: Racismo no futebol 03 maio 2007

Tese defendida:Tese defendida:

As metáforas da mídia esportiva são enviesadas: no jogador branco, focalizam a performance; no negro, o acovardamento.

Page 21: Racismo no futebol 03 maio 2007

LIVROSLIVROS

Page 22: Racismo no futebol 03 maio 2007

                   

                   

                   

                   

                                          

O NEGRO NO FUTEBOL BRASILEIRO

Mario Filho - 1947

NEGRO, MACUMBA E FUTEBOL

Anatol Rosenfeld - 1993

Page 23: Racismo no futebol 03 maio 2007

                   

                  

                                          FOOTBALLMANIA: UMA HISTÓRIA SOCIAL DO FUTEBOL NO RIO DE JANEIRO

Leonardo Affonso de Miranda Pereira - 2000

DOS PÉS À CABEÇA: ELEMENTOS BÁSICOS DE SOCIOLOGIA DO FUTEBOL

Maurício Murad - 1996

Page 24: Racismo no futebol 03 maio 2007

                   

                  

                      

A INVENÇÃO DO PAÍS DO FUTEBOL: MÍDIA, RAÇA E IDOLATRIA

Antonio Jorge Soares Hugo Lovisolo Ronaldo Helal - 2001              

COMO O FUTEBOL EXPLICA O MUNDO

Franklin Foer - 2005

Page 25: Racismo no futebol 03 maio 2007

                   

        

           

                   

                   

                                                              

      

Page 26: Racismo no futebol 03 maio 2007

TesesTeses

Page 27: Racismo no futebol 03 maio 2007

Banco de Teses da CAPESBanco de Teses da CAPES

Antonio Jorge Gonçalves Soares. Futebol, Raça e Nacionalidade no Brasil: releitura da história oficial. 01/03/1998.1v. 296p. Doutorado. UNIVERSIDADE GAMA FILHO - EDUCAÇÃO FÍSICA

Carlos Alberto Figueiredo da Silva. Futebol, linguagem e mídia: entrada, ascensão e consolidação dos negros e mestiços no futebol brasileiro. 01/10/2002.1v. 198p. Doutorado. UNIVERSIDADE GAMA FILHO - EDUCAÇÃO FÍSICA

Page 28: Racismo no futebol 03 maio 2007

ArtigosArtigos Sociologia, história e romance na construção da identidade nacional através

do futebolRonaldo Helal e Cesar Gordon Jr.

Considerações possíveis de uma resposta necessáriaMauricio Murad

O racismo no futebol do Rio de Janeiro nos anos 20: uma história de identidadeAntonio Jorge Soares

Racismo para dentro e para fora: o caso grafite-desábato Carlos Alberto Figueiredo da Silva

  The racist language: metaphors, soccer and media

 Carlos Alberto Figueiredo da Silva

A linguagem racista: metáforas, futebol e mídiaCarlos Alberto Figueiredo da Silva

  Futebol, linguagem e mídia: metáforas da discriminação no futebol brasileiro

Carlos Alberto Figueiredo da Silva e Sebastião Josué Votre  A linguagem racista no futebol brasileiro

Carlos Alberto Figueiredo da Silva

Page 29: Racismo no futebol 03 maio 2007
Page 30: Racismo no futebol 03 maio 2007

“De que valeria a obstinação do saberse ele assegurasse apenas a aquisição dos

conhecimentose não, de certa maneira, e tanto quanto possível,

o descaminho daquele que conhece?Existem momentos na vida onde a questão de saberse se pode pensar diferentemente do que se pensa,

e perceber diferentemente do que se vê,é indispensável para continuar a olhar ou a

refletir”. 

Michel Foucault