13
402 Artigo ISSN 0102-695X Revista Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 18(3): 402-414, Jul./Set. 2008 * E-mail: [email protected], Tel. +55-013-35699404, Fax +55-13-35699446 Recebido 3 Abril 2008; Aceito 13 Agosto 2008 Caracterização anatômica e química da folha e do sistema radicular de Hydrocotyle umbellata (Apiaceae) Maria Bernadete Gonçalves Martins,* ,1 Ana Paula Marconi, 1 Alberto J. Cavalheiro, 2 Selma D. Rodrigues 1 1 Universidade Estadual Paulista, Campus do Litoral Paulista - Unidade São Vicente, Praça Infante Dom Henrique s/n- Parque Bitaru, 11330-900 São Vicente-SP, Brasil, 2 Universidade Estadual Paulista, Instituto de Química, Departamento de Química Orgânica, Campus de Araraquara, Rua Francisco Degni, s/n, Bairro Quitandinha, 14800-900 Araraquara-SP, Brasil RESUMO: A família Apiaceae (Umbelliferae), também denominada de pioneira das praias, é capaz de habitar locais de alto teor de salinidade, além de suportar a ação dos ventos e das ondas. O presente trabalho teve como objetivo o estudo da anatomia foliar e radicular e analisar constituintes químicos das folhas e do sistema radicular, caracterizando grupos químicos biologicamente ativos presentes nesses órgãos que permitam aplicações farmacológicas. O material foi coletado na região de Proteção Ambiental Iguape, Cananéia, Peruíbe. As folhas são dorsiventrais, com epiderme unisseriada, bordo regular, parênquima paliçádico com duas a três camadas e parênquima lacunoso com oito e nove camadas de células. É anestomática, apresentando grandes câmaras subestomáticas com maior incidência de estômatos na epiderme abaxial. O feixe vascular é colateral apresentando células de esclerênquima em forma de meia lua ao redor do xilema e do oema. O pecíolo apresenta contorno irregular, está envolvido por colênquima em toda sua extensão e apresenta grande quantidade de canais secretores entre os feixes vasculares. O rizoma apresenta contorno irregular com variação de 10 a 15 camadas de células de parênquima constituindo o córtex. O cilindro central é constituído por feixes colaterais delimitados pela endoderme. O periciclo é sinuoso e envolve totalmente os feixes vasculares. Sob a epiderme há uma faixa contínua de colênquima. A medula é constituída de células de parênquima de parede na. H. umbellata apresentou triterpenos, saponinas, avonóides, compostos poliacetilênicos e leucoceramidas. Folhas e rizomas apresentaram constituintes químicos semelhantes, com diferenças apenas na intensidade dos picos, o que denota diferença quantitativa entre as substâncias presentes. O rendimento do extrato do rizoma é menor que o rendimento das folhas. Unitermos: Hydrocotyle umbellata, Apiaceae, anatomia vegetal, constituintes químicos, restinga. ABSTRACT: “Anatomical and chemical characterization of the leaf and root system of Hydrocotyle umbellata (Apiaceae)”. The Apiaceae family (Umbelliferae), also called pioneer of beaches, is capable to inhabit areas of high salinity levels. It supports the action of the winds as well as the waves. The objectives of the present work are the study of the foliar and root anatomy and its chemical constituents, in order to nd biological active agents that allow pharmacological applications. The plants were collected in an environmental protected region (Área de Proteção Ambiental de Iguape, Cananéia, Peruíbe, SP). The leaves are dorsiventral, with one cellular layer epidermis, palisade parenchyma having two or three layers and lacunary parenchyma presenting eight or nine layers of cells. The leaves are amphistomatical, presenting great substomatal chambers with bigger incidence of stomata in abaxial epidermis. The vascular bundles are collateral, presenting half moon sclerenchyma form around the xylem and the phloem. Petiole shows irregular contour, involved by collenchyma in all extension and presents great amount of secretory ducts between vascular bundles. Rhizome presents irregular contour with ten to fteen layers of cortical parenchyma cells. The central cylinder has collateral bundles delimited by the endodermis. Pericycle is sinuate and totally involves vascular bundles. Under the epidermis there is a continuous band of collenchyma. The medulla has thin wall parenchyma cells. H. umbellata presented triterpenoids, saponins, avonoids, poliacetylenes compounds and leucoceramides. Leaves and rhizomes presented similar chemical components, with slightly differences on spectral peaks. The yield of rhizome extract was smaller than the leaves extract. Keywords: Hydrocotyle umbellata, Apiaceae, plant anatomy, chemical constituents, restinga.

radicular de (Apiaceae) Artigo

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

402

Arti

go

ISSN 0102-695X

Revista Brasileira de FarmacognosiaBrazilian Journal of Pharmacognosy

18(3): 402-414, Jul./Set. 2008

* E-mail: [email protected], Tel. +55-013-35699404, Fax +55-13-35699446

Recebido 3 Abril 2008; Aceito 13 Agosto 2008

Caracterização anatômica e química da folha e do sistema radicular de Hydrocotyle umbellata (Apiaceae)

Maria Bernadete Gonçalves Martins,*,1 Ana Paula Marconi,1 Alberto J. Cavalheiro,2

Selma D. Rodrigues1

1Universidade Estadual Paulista, Campus do Litoral Paulista - Unidade São Vicente, Praça Infante Dom Henrique s/n- Parque Bitaru, 11330-900 São Vicente-SP, Brasil,

2Universidade Estadual Paulista, Instituto de Química, Departamento de Química Orgânica, Campus de Araraquara, Rua Francisco Degni, s/n, Bairro Quitandinha, 14800-900

Araraquara-SP, Brasil

RESUMO: A família Apiaceae (Umbelliferae), também denominada de pioneira das praias, é capaz de habitar locais de alto teor de salinidade, além de suportar a ação dos ventos e das ondas. O presente trabalho teve como objetivo o estudo da anatomia foliar e radicular e analisar constituintes químicos das folhas e do sistema radicular, caracterizando grupos químicos biologicamente ativos presentes nesses órgãos que permitam aplicações farmacológicas. O material foi coletado na região de Proteção Ambiental Iguape, Cananéia, Peruíbe. As folhas são dorsiventrais, com epiderme unisseriada, bordo regular, parênquima paliçádico com duas a três camadas e parênquima lacunoso com oito e nove camadas de células. É anfi estomática, apresentando grandes câmaras subestomáticas com maior incidência de estômatos na epiderme abaxial. O feixe vascular é colateral apresentando células de esclerênquima em forma de meia lua ao redor do xilema e do fl oema. O pecíolo apresenta contorno irregular, está envolvido por colênquima em toda sua extensão e apresenta grande quantidade de canais secretores entre os feixes vasculares. O rizoma apresenta contorno irregular com variação de 10 a 15 camadas de células de parênquima constituindo o córtex. O cilindro central é constituído por feixes colaterais delimitados pela endoderme. O periciclo é sinuoso e envolve totalmente os feixes vasculares. Sob a epiderme há uma faixa contínua de colênquima. A medula é constituída de células de parênquima de parede fi na. H. umbellata apresentou triterpenos, saponinas, fl avonóides, compostos poliacetilênicos e leucoceramidas. Folhas e rizomas apresentaram constituintes químicos semelhantes, com diferenças apenas na intensidade dos picos, o que denota diferença quantitativa entre as substâncias presentes. O rendimento do extrato do rizoma é menor que o rendimento das folhas.

Unitermos: Hydrocotyle umbellata, Apiaceae, anatomia vegetal, constituintes químicos, restinga.

ABSTRACT: “Anatomical and chemical characterization of the leaf and root system of Hydrocotyle umbellata (Apiaceae)”. The Apiaceae family (Umbelliferae), also called pioneer of beaches, is capable to inhabit areas of high salinity levels. It supports the action of the winds as well as the waves. The objectives of the present work are the study of the foliar and root anatomy and its chemical constituents, in order to fi nd biological active agents that allow pharmacological applications. The plants were collected in an environmental protected region (Área de Proteção Ambiental de Iguape, Cananéia, Peruíbe, SP). The leaves are dorsiventral, with one cellular layer epidermis, palisade parenchyma having two or three layers and lacunary parenchyma presenting eight or nine layers of cells. The leaves are amphistomatical, presenting great substomatal chambers with bigger incidence of stomata in abaxial epidermis. The vascular bundles are collateral, presenting half moon sclerenchyma form around the xylem and the phloem. Petiole shows irregular contour, involved by collenchyma in all extension and presents great amount of secretory ducts between vascular bundles. Rhizome presents irregular contour with ten to fi fteen layers of cortical parenchyma cells. The central cylinder has collateral bundles delimited by the endodermis. Pericycle is sinuate and totally involves vascular bundles. Under the epidermis there is a continuous band of collenchyma. The medulla has thin wall parenchyma cells. H. umbellata presented triterpenoids, saponins, fl avonoids, poliacetylenes compounds and leucoceramides. Leaves and rhizomes presented similar chemical components, with slightly differences on spectral peaks. The yield of rhizome extract was smaller than the leaves extract.

Keywords: Hydrocotyle umbellata, Apiaceae, plant anatomy, chemical constituents, restinga.

403

Maria Bernadete Gonçalves Martins, Ana Paula Marconi, Alberto J. Cavalheiro, Selma D. Rodrigues

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

INTRODUÇÃO

As Florestas de Restinga são caracterizadas por se distribuírem ao longo dos cordões litorâneos, formados por sedimentos marinhos de origem Quaternária em toda a planície costeira (Silva et al., 1994). A localização das fl orestas sobre ou nas depressões de tais cordões defi ne diferentes tipos fl orestais, infl uenciados, principalmente, pela profundidade do lençol freático e, conseqüentemente, pela possibilidade de inundação (Britez et al., 1997).

Dentre as formações vegetais existentes nas restingas estão as comunidades fl orestais, que podem ou não sofrer inundações durante o ano (Araújo & Henriques, 1984; Silva, 1998); apresentam fi sionomia, estrutura e composição fl orística diferenciadas, e recebem variadas denominações como mata seca, mata de Myrtaceae (Araújo & Henriques, 1984; Pereira, 1990; Bastos, 1996), mata arenosa (Waechter, 1985), fl oresta arenícola costeira (Trindade, 1991), fl oresta arenosa litorânea (Fabris, 1995) ou simplesmente mata ou fl oresta de restinga (Silva et al., 1994; Sugyiama & Mantovani, 1994; César & Monteiro, 1995; Lobão & Kurtz, 2000).

As dunas são locais onde a sobrevivência das espécies vegetais depende da existência de determinadas estruturas morfológicas, anatômicas e de mecanismos fi siológicos que permitam o seu desenvolvimento nessas condições adversas. Além disso, o solo é bastante pobre em nutrientes e muito permeável, já que é arenoso. O vento intenso também é um fator adicional de estresse para as plantas (Souza & Capellari, 2004).

A família Apiaceae é conhecida por apresentar alguns óleos essenciais (Dethier, 1941) na folha como limoneno e linalol (Hadaruga et al., 2005); monoterpenos e cumarinas (Ribeiro & Kaplan, 2002; Razavi et al., 2008). As cumarinas estão presentes em diferentes partes das plantas tanto nas raízes como nas fl ores e frutos e podem estar distribuídas em diferentes famílias de Angiospermas como Apiaceae, Rutaceae, Asteraceae nas quais são encontradas com ampla ocorrência (Ribeiro & Kaplan, 2002; Taleb-Contini et al., 2006).

Hydrocotyle umbellata, é uma espécie da família Apiaceae (Umbelliferae), característica de restinga, conhecida também como “acaricaba”, “acariroba”, “acariçoba”, “barbarosa”, “para-sol” e “erva-do-capitão” (Lorenzi, 2000). Apresenta como características: planta perene, herbácea, prostrada, acaule, rizomatosa, aquática, de solo pantanoso, arenoso ou restinga litorânea, encontrada em todo o território brasileiro, nativa do continente Americano. Propaga-se por sementes e através de rizomas. Apresenta fl ores discretas de cor verde amarelada, dispostas em panículas de umbelas no ápice, de longa haste fl oral que as dispõe acima da folhagem (Lorenzi, 2002; Coulter & Rose, 1887; Mathias, 1936).

Hydrocotyle umbellata é considerada uma planta daninha, que apresenta potencial medicinal na folha, no pecíolo e no rizoma, sendo que as folhas são também consideradas tóxicas (Lorenzi, 2002; Brandão et al., 2006; Brandão et al., 2008).

Adams et al. (1989), extraíram fl avonóides das partes aéreas de Hydrocotyle umbellata, dentre eles quercetina.

A planta toda é empregada na medicina caseira. O suco das folhas e do pecíolo é usado na remoção de sardas e manchas na pele. O suco do rizoma é de uso interno e é considerado: anticatártico, anti-hidrópico, anti-reumático, anti-sifi lítico, aperiente, desubstruente do fígado e do intestino, diurético, emético e tônico (Lorenzi, 2002; Martins et al., 1998; Balbach, 1983 e Alzugaray & Alzugaray, 1983).

A análise do óleo essencial desta planta revelou a presença de isotiocianatos, como um dos componentes principais (Lorenzi, 2002).

Os isotiocianatos voláteis são separados por cromatografi a gasosa e são obtidos do material vegetal triturado por destilação com vapor d’água ou por hidrólise ácida e enzimática dos glucosinolatos (Harboner, 1984). O isotiocianato de benzila apresenta atividade antibacteriana para gram-positivas e gram-negativas (Wagner, 1993). Os isotiocianatos são capazes de induzir a atividade de enzimas das fases de biotransformação, infl uenciando processos de carcinogênese química, atividade mutagênica e capacidade destes mutagênicos se ligarem ao DNA (Verhoeven et al., 1997).

MATERIAL E MÉTODOS

O material foi coletado, na região de Proteção Ambiental Iguape, Cananéia, Peruíbe (IBAMA/APA/CIP), em março de 2006, sob registro no herbário ESALQ-USP 99268. Vários procedimentos foram realizados para se estudar a anatomia e os constituintes químicos de Hydrocotyle umbellata, tais como:

Diafanização foliar

Os estudos do sistema vascular de folhas adultas foram executados usando-se não somente métodos anatômicos e citológicos, mas também técnicas de clarifi cação e coloração. O material foi colocado em NaOH 5%, trocando a solução até que a folha fi casse amarela, após lavagem em água, foi colocado em hipoclorito de sódio 20% por aproximadamente 20 minutos. Utilizou-se o corante azul de toluidina aquoso (O’Brien et al., 1964). O material foi desidratado em série alcoólica (etílica), passando-se pelo xilol e fi nalizou-se com a montagem das lâminas permanentes (Felipe & Alencastro, 1966).

Estudos de microscopia óptica

404

Caracterização anatômica e química da folha e do sistema radicular de Hydrocotyle umbellata (Apiaceae)

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

Foram utilizadas folhas adultas, provenientes do estrato mediano, para estudar a histologia foliar. O preparo do material para microscopia óptica utilizou processos usuais em microtomia, que incluem: fi xação em FAA 70% por 24 horas, desidratação em série alcoólica (etílica), infi ltração em resina GMA (glicolmetacrilato), emblocamento, seccionamento, coloração e montagem de lâminas permanentes. As peças incluídas em resina foram seccionadas em micrótomo rotativo, obtendo-se secções transversais da lâmina foliar nas regiões do bordo, mediana e da nervura principal com 5 m. Foi utilizado corante azul de toluidina 1% com borato de sódio 1% em 100 ml de água destilada (Gerrits, 1964).

Microscopia eletrônica de varredura

O material foi fi xado em uma solução de Karnovsky modifi cada, composta por paraformoldeído 4%, glutaraldeído 0,5%, em tampão cacodilato de sódio, pH 7,2, 0,1 M e água destilada por uma noite no vácuo. Em seguida foram feitas três lavagens com cacodilato 0,05 M, com duração de 10 minutos cada uma, pós-fi xação com tetróxido de ósmio (OsO4) por uma hora. O material foi desidratado com acetona, seguindo a série de concentrações 30%, 50%, 70%, 90% e 100%. O material foi levado à secagem até o ponto crítico e fi xado a um suporte através de um adesivo condutor e em seguida metalizado (Danilatos, 1998). A análise foi realizada no Microscópio Eletrônico de Varredura, localizado no NAP/MEPA, ESALQ-USP, Piracicaba (SP).

Preparação do extrato bruto foliar para as análises químicas

As folhas foram prensadas e desidratadas em estufa a 40 ºC, por três dias de secagem. Em seguida foram moídas e reservadas até a análise dos constituintes químicos.

Metodologia para a análise química dos compostos

Preparação da amostra: A cerca de 100 mg de material vegetal seco e moído, pesado em balança analítica foi adicionado 2 mL de metanol (J. T. Baker, grau HPLC). A extração foi realizada por sonicação, por cerca de 20 minutos, em banho de ultra-som da Elma Transsonic 700. Em seguida a amostra foi centrifugada em centrífuga de bancada Celm Combatea, a 500 g por 10 minutos para sedimentação do resíduo sólido. Uma alíquota de 1 mL do sobrenadante foi fi ltrada em membrana 0,22 m, sendo o fi ltrado acondicionado em frasco de vidro, próprios para amostrador automático.

Análise cromatográfi ca

As amostras devidamente preparadas foram

analisadas em CLAE-DAD (Cromatografi a Líquida de Alta Efi ciência Varian ProStar confi gurado com sistema de bombeamento mod. 230, amostrador automático mod.410 e detetor UV/VIS com arranjo de diodos mod 330), utilizando coluna Phenomenex Luna C18 250 x 4,6 mm, 5 m, volume de injeção de 20 L, utilizando como fase móvel acetonitrila (ACN) e água c/ 0,1% de ácido acético (Água). As condições de eluição estão indicadas na Tabela 1. Os espectros no UV foram adquiridos na faixa de 200 a 400 nm, sendo os comprimentos de onda para registro dos cromatogramas escolhidos após análise dos cromatogramas utilizando o software AURORA v. 5.52, da Varian. Os espectros no UV foram obtidos através do software PolyView 2000 5.5, também da Varian.

Tabela 1. Condições de eluição utilizadas no CLAE-DAD.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Anatomia foliar e radicular

As folhas de Hydrocotyle umbellata são simples, peltadas, espessas, brilhantes, glabras, apresentando nervuras radiadas, com traqueídeos evidentes entre as nervuras, bordo crenado-lobado e pecíolo longo. A planta é herbácea, perene, acaule, com rizomas enterrados na areia (Figura 1 A - D).

Segundo, Lorenzi (2002); Coulter & Rose (1887) e Mathias (1936), Hydrocotyle umbellataapresenta como características: planta perene, herbácea, prostrada, acaule, rizomatosa, aquática, de solo pantanoso, arenoso ou restinga litorânea, encontrada em todo o território brasileiro. Com folhas simples, coriáceas, peltadas, longo-pedunculadas de 30 a 90 cm de comprimento e 05 a 08 cm de diâmetro, glabras em ambas as faces, brilhantes, nativa do continente Americano. Propaga-se por sementes e através de rizomas. Apresenta fl ores discretas de cor verde amarelada, dispostas em panículas de umbelas no ápice, de longa haste fl oral que as dispõe acima da folhagem.

Planta rasteira (herbácea), com grandes folhas palmadas, grossas, com 15 a 20 nervuras radiadas. Suas fl ores são brancas, pequenas e numerosas, dispostas em umbelas irregulares sobre pedúnculos compridos. Os frutos são pequeninos, com duas sementes dentro, com formato de cápsula achatada. As folhas são muito venenosas e a raiz possui aroma e sabor idênticos aos da salsa (Alzugaray & Alzugaray, 1983).

Hydrocotyle umbellata é uma planta daninha,

Tempo (min) Água (%) ACN (%) Fluxo (mL/min) 0 95 5 1,0 40 100 0 1,0 41 100 0 2,0 60 100 0 2,0

405

Maria Bernadete Gonçalves Martins, Ana Paula Marconi, Alberto J. Cavalheiro, Selma D. Rodrigues

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

aquática ou de solos pantanosos com ocorrência em todo o país. Ocorre também em solos secos, areia de restingas nas praias da costa Atlântica, onde é mais freqüente. Infesta gramados, jardins e áreas desocupadas. É considerada tóxica e medicinal (Lorenzi, 2000). Foloni & Pitelli (2005), aplicaram herbicida ecotoxicológico (carfentrazone ethyl) em Hydrocotyle umbellata não obtendo resultados satisfatórios no controle desta planta daninha.

Suas folhas são dorsiventrais, com epiderme unisseriada apresentando contorno irregular. O parênquima paliçádico apresenta duas a três camadas e o parênquima lacunoso com oito a nove camadas de células (Figura 2 A - B). As folhas são anfi estomáticas, apresentando grandes câmaras subestomáticas com maior incidência de estômatos na epiderme abaxial (Figura 2 A - B), fato que expressa restrição a perda de água nesse ecossistema devido a escassez de nutrientes e a vários fatores que infl uem negativamente no balanço hídrico dessas plantas, como a baixa capacidade de retenção de água do solo, forte ação dos ventos marinhos, elevadas salinidades e insolação. Sousa et al. (2005), estudaram as características anatômicas das folhas de Foeniculum vulgare var. vulgare Mill. (Apiaceae) e observaram a epiderme pluriestratifi cada, sendo constituída por duas camadas de células retangulares, o que difere do resultado encontrado para H. umbellata. Em relação ao parênquima paliçádico ambas apresentaram 2 a 3 camadas de células.

Segundo Theobald (1967), folhas jovens de Uldinia ceratocarpa (Umbelliferae), não apresentam câmaras subestomáticas como em Hydrocotyle umbellata;porém, tanto Uldinia como Hydrocotyle apresentam ductos secretores próximos aos feixes vasculares tanto nas folhas, como no pecíolo, confi rmando o resultado observado (Figura 2, B, D, E).

Sousa et al. (2005), em folhas de Foeniculum vulgare var. vulgare Mill. (Apiaceae), observaram ductos secretores de óleos dispersos nas proximidades dos tecidos vasculares e ductos maiores na região entre o fl oema e nos feixes de fi bras esclerenquimáticas.

Liu et al. (2007a) observaram a dispersão de cristais e a presença de ductos na região da nervura; em frutos de três taxa da subfamília Saniculoideae (Apiaceae), com rigorosa comparação entre eles, observaram que há valor taxonômico segundo essa disposição.

O feixe vascular de Hydrocotyle umbellata é do tipo colateral apresentando células de esclerênquima em forma de meia lua ao redor do xilema e do fl oema (Figura 2C). O pecíolo apresenta contorno irregular sendo envolvido por colênquima em toda a sua extensão e apresentam maior quantidade de ductos secretores próximos aos feixes vasculares do que as folhas (Figura 2 D - E). Segundo Sousa et al. (2005), os ductos secretores também ocorrem em maior número no pecíolo foliar de Foeniculum vulgare.

Conforme, Carmello et al. (1995), os ductos secretores de Lithraea molleoides, estão restritos ao fl oema no caule. De acordo com Judd et al. (1999), os ductos secretores de óleo são utilizados para caracterizar a família Apiaceae e consequentemente, indicar apomorfi as com a família Pittosporaceae.

Liu et al. (2007b), realizando a revisão do gênero Marlothiella (Apiaceae), observaram várias características típicas da subfamília Apioideae com características da subfamília Saniculoideae, tais como largos ductos na nervura, tricomas unicelulares estrelados (não observados em nenhum outro gênero da família), e feixes vasculares ventrais desenvolvidos ou ausentes.

Theobald (1967) observou que plantas jovens de Uldinia ceratocarpa (Umbelliferae), também apresentavam células epidérmicas com contorno irregular e com estômatos em ambas as superfícies foliares, como apresentado em Hydrocotyle umbellata;porém, o arranjo dos estômatos de Uldinia são do tipo anomocítico, comum da família Apiaceae (Metcalf & Chalk, 1950). Em Hydrocotyle umbellata foi observado estômatos predominantemente paracíticos (Figura 3A). Prasad (1947), também descreveu estômatos paracíticos em Centella (Apiaceae).

Payne, (1970), também observou que Hydrocotyle umbellata apresenta predominância de estômatos paracíticos, ou seja, a divisão da célula guarda é paralela à célula subsidiária, o que corrobora com este trabalho.

O mesofi lo de Uldinia apresenta 1 a 2 camadas de células de parênquima paliçádico e de parênquima lacunoso, sendo que Hydrocotyle apresenta 2 a 3 camadas de paliçádico e 8 a 9 de parênquima lacunoso (Figura 2B).

Poucas informações são encontradas em relação a anatomia do gênero ou da subfamília. A folha de Uldinia difere da folha de Hydrocotyle na ausência de células de colênquima acima e abaixo da nervura (Nestel, 1905)

O rizoma apresenta contorno irregular com variação de 10 a 15 camadas de células de parênquima constituindo o córtex. O cilindro vascular possui feixes colaterais delimitados pela endoderme. O periciclo é sinuoso e envolve totalmente os feixes vasculares. A medula é constituída de células de parênquima de parede fi na (Figura 2 F).

Há depósitos de cera epicuticular sem padrão defi nido (Figura 3 A - B), que promove a impermeabilização e refl ete os raios solares e há também predominância de estômatos paracíticos (Figura 3 A). O pecíolo é contornado por colênquima com feixes vasculares colaterais entre eles (Figura 3 C) e o rizoma apresenta endoderme bem delimitada (Figura 3 D).

Constituintes químicos

406

Caracterização anatômica e química da folha e do sistema radicular de Hydrocotyle umbellata (Apiaceae)

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

Entre os metabólitos secundários descritos na literatura para espécies de Hydrocotyle, destacam-se triterpeno de esqueleto oleanano muito oxigenados, saponinas triterpenoidais, fl avonóides, compostos poliacetilênicos e leucoceramidas (Figura 4).

O perfi l cromatográfi co obtido para o extrato metanólico de folhas de H. umbellata (Figuras 5 a 10) indica a presença de fl avonóides (tR = 11,28; 12,00; 12,21 e 13,01 min) e provavelmente de substâncias acetilênicas (tR = 30,00 e 32,51 min.), entre outras. A comparação dos cromatogramas obtidos para os extratos metanólicos de folhas e rizomas de H. umbellata indica constituição parecida para esses dois órgãos do vegetal, apesar das diferenças de intensidade relativa entre os vários picos, denotando diferenças quantitativas entre eles. O rendimento de extrato de rizomas é também sensivelmente menor que o de folhas.

A família Apiaceae (Umbelliferae) é conhecida por apresentar alguns óleos essenciais (Dethier, 1941) na folha como limoneno e linalol (Hadaruga et al., 2005);

monoterpenos e cumarinas (Ribeiro & Kaplan, 2002). Akgul & Bayrak (1988), observaram que o principal componente do óleo de Foeniculum vulgarevar. vulgare, é o alfa-pineno, na folha, caule e na umbela.

O linalol é um composto fenólico que inibe o crescimento de bactérias e fungos, funcionando como anti-séptico (Simões & Spitzer, 2003). O limoneno desempenha o papel de proteção contra insetos nas plantas (Vieira et al., 2003).

As cumarinas estão presentes em diferentes partes das plantas tanto nas raízes como nas fl ores e frutos e podem estar distribuídas em diferentes famílias de Angiospermas como Apiaceae, Rutaceae, Asteraceae nas quais são encontradas com ampla ocorrência (Ribeiro & Kaplan, 2002; Kuster & Rocha, 2003).

Hydrocotyle leucocephala apresentou três compostos diacetilênicos, um monoterpeno e sete ceramidas em extrato metanólico (Ramos et al., 2006).

Em Hydrocotyle sibthorpioides detectou-se

Figura 1. Aspecto geral da planta e da folha de Hydrocotyle umbellata.A - Detalhe dos rizomas e dos longos pecíolos da folha. B - Folhas espessas, peltadas, glabras com cutícula brilhante e bordos crenado-lobados. C e D - Folha diafanizada (5x) mostrando as nervuras primárias radiadas bem distintas, com traqueídeos evidentes.

A B

C 200μm

D 200μm

407

Maria Bernadete Gonçalves Martins, Ana Paula Marconi, Alberto J. Cavalheiro, Selma D. Rodrigues

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

Figura 2. Microscopia Óptica de folhas, pecíolos e rizomas de Hydrocotyle umbellata.A - Bordo (20x); B - Mesofi lo (20x); C - Nervura (20x); D - Pecíolo (10x); E - Detalhe do ducto secretor entre os feixes vasculares do pecíolo (10x); F - Rizoma (10x).Ep.ad = epiderme adaxial; Ep.ab = epiderme abaxial; et = estômato; PP = parênquima paliçádico; PL = parênquima lacunoso; co = colênquima; esc = esclerênquima; X = xilema; F = fl oema; fv = feixe vascular; ds = ducto secretor; Ep = epiderme; C = córtex; CV = cilindro vascular; endo = endoderme.

F

co

50μm

E.ad

E.ab.

A

50μm

et

et

pp

pl

et

E.ad

B

100μm

co

fv

D

100μm

ds

d s

E

100μm

Ep C

CV

endo

F

co esc 50μm

X

C

F

co esc

ds

408

Caracterização anatômica e química da folha e do sistema radicular de Hydrocotyle umbellata (Apiaceae)

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

Et pa

20μm A

16μm B

2,5μm

Ep

co

Fv

C

135μm

D

M

E

Figura 3. Microscopia Eletrônica de Varredura de folhas, pecíolos e rizomas de Hydrocotyle umbellata.A - Estômatos na superfície adaxial (480x); B - Estômatos na superfície abaxial (480x); C -Pecíolo (86x); D - Rizoma (52x).Ep = epiderme; Fv = feixe vascular; co = colênquima; M = medula; E = endoderme; Et pa = estômato paracítico.

38 componentes dos quais 89,9% são óleos voláteis, com habilidade de inibir algumas bactérias (Mu et al., 1998).

Em Hydrocotyle vulgaris foi encontrada uma substância chamada saponina, a qual apresenta propriedades expectorantes, diuréticas e antiinfl amatórias. Hydrocotyle asiática, também apresenta propriedades farmacológicas em suas raízes, atribuídas as saponinas e aos triterpenos, destacando-se como componente principal o asiaticosídeo de uso tópico e interno, encontrado no medicamento Madecassol®. É usado no combate a queimaduras, quelóides e insufi ciência venosa, como cicatrizante e ainda em cosméticos, insufi ciência venosa crônica, ativo na microcirculação (Schenkel et al., 2003).

Muitas cumarinas possuem odores característicos, sendo utilizadas na indústria de produtos de limpeza e cosméticos, embora sejam classifi cadas como substâncias tóxicas (Kuster & Rocha, 2003). A substância ativa isolada em Apiaceae é a ostol 7 que apresenta resposta hipotensora de curta duração em cães, além de inibir a agregação plaquetária e relaxar a musculatura lisa e cardíaca (Hoult & Payá, 1996).

Na análise dos óleos essenciais de H. javanicae H. sibthorpioides encontrou-se monoterpenos, sesquiterpenos e fenólicos (Janardhanan & Thoppil, 2002).

Seis novos glicosídeos oleanos foram isolados de Hydrocotyle ranunculoides (Della Greca et al., 1994). Foram extraídos fl avonóides das partes aéreas

409

Maria Bernadete Gonçalves Martins, Ana Paula Marconi, Alberto J. Cavalheiro, Selma D. Rodrigues

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

Figura 4. Exemplos de metabólitos secundários obtidos de espécies de Hydrocotyle.

O

O

O

OHO

HO

OH

OH

OH

OH

HO

OH

SRRS R

MeMe

Me

Me

Me

Me Me

MeMe

Me Me

OH

O

OO

OHO

H

H

HH

H

H

RR

SS

SR

SR

RR

RS

OAc

AcOMe

MeMe

MeMe

MeMe

Me Me

OHO

OH

O

H

H

H H

H

SS

S

R

R

R

SR

RR

RSMe

MeMe

MeMe

Me Me

O

OHOH

OH

OH

O

O

OHHO

O

HO

OOH

OHOH

H

H

HH

RS

RR

RR S

S

S

R

R

R

SRR

RSS

S RSS

Hiperos ídeo (Hu) Triperpenos oleanânicos R anuncosídeo VII

O OH

O

OH

HO

OHOH

(CH 2)6Me

C CCCOH

H2C ZR

(CH 2)3(CH 2)17(CH 2)4

Me MeNHOH

HOOHO

OH

ESSR R

Quercetina F alcarinol Leucoceramida A

10 20 30 40 50

Minutes

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

AU c: \alunos\bernadete - alunos\alberto e cb\hu folha. run

0.0

0.5

1.0

1.5

AU c: \alunos\bernadete - alunos\alberto e cb\hu folha. run

0.0

0.5

1.0

1.5

AU c: \alunos\bernadete - alunos\alberto e cb\hu folha. run

Figura 5. Cromatograma obtido para o extrato metanólico de folhas de H. umbellata, em CLAE-DAD. De cima para baixo, cromatogramas registrados em 201, 254 e 320 nm.

de H. umbellata, entre eles a quercetina (Adams et al., 1989). A quercetina também foi isolada em H. vulgaris(Rzadkowska & Olechnowicz, 1974).

CONCLUSÕES

Hydrocotyle umbellata é considerada daninha, medicinal e tóxica. Apresenta características

morfo-anatômicas que permitem sua sobrevivência em condições adversas, como dunas e praias. Suas folhas e raízes possuem metabólitos secundários que possibilitam sua aplicação na indústria química e farmacêutica. Neste caso, é necessária uma análise química mais detalhada para avaliar qualitativa e quantitativamente seus grupos químicos. A partir dos resultados pode-se considerar:

Anatomia Foliar:

410

Caracterização anatômica e química da folha e do sistema radicular de Hydrocotyle umbellata (Apiaceae)

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

Figura 6. Expansão do cromatograma da Figura 5. De cima para baixo, cromatogramas registrados em 201, 254 e 320 nm.

5 10 15

Minutes

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

AU

5.76

3

6.41

9

6.70

1

7.10

1

7.68

3

8.03

5

8.71

2

8.98

7

9.79

2

10.1

23

10.4

5310

.685

11.3

25

11.5

7111

.773

12.0

2712

.243

12.9

28

13.7

23

14.4

77

14.9

73

15.2

88

16.0

16

18.3

81

c: \alunos\bernadete - alunos\alberto e cb\hu folha. run

0.0

0.5

1.0

1.5

AU

6.77

1

7.09

3

7.69

6

8.03

2

8.52

88.

757

8.99

2

9.26

9

9.78

9

10.1

07

10.6

9110

.888 11

.320

11.5

6311

.784

12.0

2712

.237

12.9

23

13.7

20

14.5

12

14.9

47

15.3

15

15.6

59

16.0

05

16.2

56

18.3

76

c: \alunos\bernadete - alunos\alberto e cb\hu folha. run

0.0

0.5

1.0

1.5

AU

5.98

4

7.50

9

8.54

1

8.99

7

9.78

7 10.1

04

10.7

01

11.3

2311

.501

11.8

2112

.027 12

.235

12.9

17

13.7

15

14.4

61

14.9

28

15.6

53

16.0

16

16.2

88

17.1

60

18.3

76

c: \alunos\bernadete - alunos\alberto e cb\hu folha. run

tR = 9,76 e 10,11 m in tR = 11,28; 12,00; 12 ,21 e 13,01 m in.

0%

25%

50%

75%

100%AU

200 250 300 350nm

196.44 400.26

0%

25%

50%

75%

100%AU

200 250 300 350nm

196.44 400.26

Figura 7. Espectros no UV obtidos para os picos eluídos entre 9 e 15 minutos no cromatograma indicado na Figura 6.

As folhas são simples, peltadas, espessas e glabras com nervuras radiadas, bordo crenado-lobado, pecíolo longo e presença de cera epicuticular;

Dorsiventrais, com epiderme unisseriada, parênquima paliçádico de duas a três camadas e parênquima lacunoso de oito a nove camadas de células;

Anfi estomáticas, com predominância de estômatos abaxiais do tipo paracítico;

Pecíolo de contorno irregular, com colênquima sob a epiderme, feixe vascular contornado por esclerênquima e presença de muitos ductos secretores entre os feixes.

Anatomia Radicular:Rizomas extensos e enterrados na areia, de

contorno irregular, com dez a 15 camadas de células constituindo o córtex e endoderme bem delimitada.

Constituintes Químicos Foliares e

411

Maria Bernadete Gonçalves Martins, Ana Paula Marconi, Alberto J. Cavalheiro, Selma D. Rodrigues

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

Figura 8. Expansão do cromatograma da Figura 5. De cima para baixo, cromatogramas registrados em 201, 254 e 320 nm.

30 35 40 45 50

Minutes

-500

-400

-300

-200

-100

0

mAU

26.5

57

27.8

67

28.4

27

28.7

55

29.7

33

30.0

2430

.291

31.2

83

32.4

99

32.9

49

35.4

83

36.3

28

36.8

48

37.2

45

39.4

37

40.0

56

41.5

52 44.3

0744

.483

45.9

47

46.3

33

47.6

08

48.7

49

c: \alunos\bernadete - alunos\alberto e cb\hu folha. run

-25

0

25

50

75

mAU

28.4

21

30.0

21

32.4

93

36.8

61

38.8

03

39.4

24

40.0

40

c: \alunos\bernadete - alunos\alberto e cb\hu folha. run

-25

0

25

50

75

100

125

mAU

28.4

21

29.7

31 35.4

85

38.8

05

39.4

11

41.9

79

c: \alunos\bernadete - alunos\alberto e cb\hu folha. run

tR = 28,40 e 29,73 min

0%

25%

50%

75%

100%AU

200 250 300 350nm

196.44 400.26

0%

25%

50%

75%

100%AU

200 250 300 350nm

196.44 400.26

tR = 32,96 e 35,47 min.

0%

25%

50%

75%

100%AU

200 250 300 350nm

196.44 400.26

Figura 9. Espectros no UV obtidos para os picos eluídos entre 25 e 36 minutos no cromatograma indicado na Figura 8.

412

Caracterização anatômica e química da folha e do sistema radicular de Hydrocotyle umbellata (Apiaceae)

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

10 20 30 40 50 60

Minutes

0

25

50

75

100

mAU

11.4

59

13.0

85

28.3

76

32.4

64

39.0

03

40.0

40

c: \alunos\bernadete - alunos\alberto e cb\hu rizoma. run

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0AU

6.77

17.

093

7.69

68.

032

8.52

88.

757

8.99

29.

269

9.78

9 10.1

0710

.691

10.8

8811

.320

11.5

6311

.784 12

.027

12.2

3712

.923

13.7

20

14.5

1214

.947

15.3

1515

.659

16.0

0516

.256 18

.376

28.4

21

30.0

21

32.4

93

36.8

61

38.8

0339

.424

40.0

40

c: \alunos\bernadete - alunos\alberto e cb\hu folha. run

Figura 10. Comparação dos perfi s cromatográfi cos dos extratos metanólicos de rizomas (acima) e folhas (abaixo) de H.Umbellata.

Radiculares:Presença de triterpenos, saponinas, fl avonóides,

compostos poliacetilênicos e leucoceramidas;Folhas e rizomas apresentam os mesmos

constituintes químicos, com diferenças apenas na intensidade entre os picos, o que denota diferença quantitativa entre as substâncias presentes;

O rendimento do extrato dos rizomas é menor que o rendimento das folhas.

AGRADECIMENTOS

À FUNDUNESP pelo apoio concedido. À Profa. Dra. Beatriz Apezzato da Glória (pela concessão do micrótomo no Laboratório de Anatomia Vegetal e ao Prof. Dr. Kitajima pela utilização do Centro de Microscopia Eletrônica ESALQ-USP - Piracicaba, SP).

REFERÊNCIAS

Adams AA, Norris JA, Mabry TJ 1989. A fl avonoid from Hydrocotyle umbellata L. (Umbelliferae). Rev Latinoamer Quim 20: 67-68.

Akgul A, Bayrak A 1988. Comparative volatile oil composition of various parts from Turkish bitter fennel (Foeniculum vulgare var. vulgare). Food Chem 30:319-323.

Alzugaray D, Alzugaray C 1983. Plantas que curam.São Paulo: Editora Três Livros e Fascículos.

Araujo DSD, Henriques RPB 1984. Análise fl orística das restingas do estado do Rio de Janeiro. In: Lacerda, L.D.; Araújo, D.S.D.; Cerqueira, R.; Turcq,B. (orgs)

Restingas: Origem, estrutura e processos. Niterói: Universidade Federal Fluminense / CEUFF, p.159-193.

Balbach A 1983. A Flora Nacional na medicina doméstica.São Paulo: Editora MVP.

Bastos MNC 1996. Caracterização das formações vegetais da restinga da Princesa, Ilha de Algodoal-Pará. Belém, 124p. Tese de Doutorado - Universidade Federal do Pará.

Brandão MGL, Cosenza GP, Moreira RA, Monte-Mor RLM 2006. Medicinal plants and other botanical products from the Brazilian Offi cial Pharmacopoeia. Rev Bras Farmacogn 16: 408-420.

Brandão MGL, Zanetti NNS, Oliveira GRR, Goulart LO, Monte-Mor RLM 2008. Other medicinal plants and botanical products from the fi rst edition of the Brazilian Offi cial Pharmacopoeia. Rev Bras Farmacogn 18: 127-134.

Britez RM, Santos-Filho A, Reissmann CB, Silva SM, Athayde SF, Lima RX, Quadros RMB 1997. Nutrientes do solo de duas fl orestas da Planície Litorânea da Ilha do Mel, Paranaguá, Pr. Rev Bras Sci Solo 21: 625-634.

Carmello SM, Machado SR, Gregório EA 1995. Ultrastructural aspects of the secretory duct development in Lithraea molleoides (Vell.) Engl.(Anacardiaceae). Rev Bras Bot 18: 95-103.

César O, Monteiro R 1995. Florística e fi tossociologia de uma fl oresta de restinga em Picinguaba (Parque Estadual da Serra do Mar), Município de Ubatuba - SP. Naturalia 20: 89-105.

Coulter JM, Rose JN 1887. Notes on Umbelliferae of E. United States IV. Bot Gaz 12: 102-104.

Danilatos GD 1998. Foundations of environmental scanning electron microscopy. Adv Eletron Electron Phys 71:

413

Maria Bernadete Gonçalves Martins, Ana Paula Marconi, Alberto J. Cavalheiro, Selma D. Rodrigues

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

109-250.Della Greca M, Fiorentino A, Monaco P, Previtera L

1994. Oleanane glycosides from Hydrocotyle ranunculoides. Phytochemistry 36: 1479-1483.

Dethier VG 1941. Chemical factors determing the choice of food plants by Papilo larvae. Am Nat 75: 61-73.

Fabris LC 1995. Composição fl orística e fi tossociológica de uma faixa de fl oresta arenosa litorânea do Parque Estadual de Setiba, Município de Guarapari, ES. Rio Claro, 97p. Dissertação de Mestrado - Universidade Estadual Paulista.

Felipe GM, Alencastro FMMR 1966. Contribuição ao estudo da nervação foliar das compostas do cerrados. I-Tribos Helinieae, Heliantheae, Inuleae, Mutisieae e Senecioneae. An Acad Bras Cienc 38: 125-158.

Foloni LL, Pitelli RA 2005. Avaliação da sensibilidade de diversas espécies de plantas daninhas aquáticas ao carfentrazone-ethyl, em ambiente controlado. Planta Daninha 23: 329-334.

Gerritts PO 1964. The aplication of glycol metacrylate in histotechnology: some fundamental principles.Germany: Leica GmbH.

Hadaruga NG, Hadaruga DI, Lupea AX, Paunescu V, Tatu C 2005. Bioactive nanoparticles - 7. Essential oil from Apiaceae and Pinaceae family plants/beta-cyclodextrin supramolecular system. Rev Chimie 56:876-882.

Harborne JB 1984. Phytochemical methods: a guide to modern techniques of plant analysis.Chapman and Hall. New York: New York.

Hoult JRS, Payá M 1996. Pharmacologial and biochemical actions of simple coumarins: natural products with therapeutic potential. Gen Pharmacol 27: 713-722.

Janardhanan M, Thoppil J 2002. Chemical composition of two species of Hydrocotyle (Apiaceae). Acta Pharm 52:67-69.

Judd WS, Campbell CS, Kellogg EA, Stevens PF 1999. Plant Systematics: A phylogenetic approach. Sunderland: Sinauer Associates, Inc.Publishers.

Kuster RM, Rocha LM 2003. Cumarinas, cromonas e xantonas. In: Simões, C.M.O.; Schenkel ,E.P.; Gosmann, G.; Mello, J.C.P.; Mentz, L.A.; Petrovick, P.R. Famacognosia: da planta ao medicamento. 5. Ed. Porto Alegre/Florianópolis: UFRGS, 1104p.

Liu M, Wyk BV, Tilney PM 2007a. Irregular vittae and druse crystals in Steganotaenia fruits support a taxonomic affi nity with the subfamily Saniculoideae (Apiaceae). South Afr J Bot 73: 252-255.

Liu M, Wyk, BV, Tilney PM. 2007b. A revision of the genus Marlothiella (Apiaceae). South Afr J Bot 73: 208-213.

Lobão AQ, Kurtz B 2000. Fitossociologia de um trecho de mata de restinga na Praia Gordas, município de Armação de Búzios, RJ. In: V Simpósio de Ecossistemas Brasileiros. São Paulo, Brasil.

Lorenzi H 2000. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas ,parasitas e tóxicas. Nova Odessa: Instituto Plantarum.

Lorenzi H 2002. Plantas medicinais do Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum.

Martins ER, Castro DM, Castellani DC, Dias JE 1998. Plantas medicinais. Viçosa.

Mathias ME 1936. The genus Hydrocotyle in Northern South America. Brittonia 2: 201-237.

Metcalf CR, Chalk L 1950. Anatomy of the Dicotyledons. 2 vols.Oxford: Clarendon Press, 1500 pp.

Mu S, Wang Y, Hao X 1998. Study on chemical constituents of volatile oil from Hydrocotyle sibthorpioides Lam. Guizhou Prov Chin Acad Sci 16: 215-217.

Nestel A 1905. Beitrage zur Kenntnis der Stengel- und Blattanatomie der Umbelliferen. Mitt Bot Mus Univ Zurich 24: 1-126.

O’Brien TP, Feder N, Mc Cully ME 1964. Polychromatic staining of plant cell walls by toluidine blue. Protoplasma 59: 368-373.

Payne WW 1970. Helicocytic and allelocytic stomata unrecognized patterns in the Dicotyledonae. Am J Bot 57: 140-147.

Pereira OJ 1990. Caracterização fi tofi sionômica da restinga de Setiba - Guarapari/ES. II Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira. São Paulo, Brasil.

Prasad S 1947. Pharmacological studies of Brahmi, stem and leaf characteristics of Herpestis monniera H.B. and K. and Hydrocotyle asiatica Linn. J Am Pharm Assoc Sci Ed 36: 393-401.

Ramos F, Takaishi Y, Kawazoe K, Osorio C, Duque C, Awna R, Fujimoto Y, Sato M, Okamoto M, Oshikawa T, Ahmed SU 2006. Immunosuppressive diacetylenes, ceramides and cerebrosides from Hydrocotyle leucocephala. Phytochemistry 67: 1143-1150.

Razavi SM, Nazemiyeh H, Hajiboland R, Kumarasamy Y, Delazar A, Nahar L, Sarker SD 2008. Coumarins from the aerial parts of Prangos uloptera (Apiaceae). Rev Bras Farmacogn 18: 1-5.

Ribeiro CVC, Kaplan MAC 2002. Tendências evolutivas de famílias produtoras de cumarinas em angiospermae.Quim Nova 25: 533-538.

Rzadkowska BH, Olechnowicz SW 1974. Flavonoid compouds in herb pennywort (Hydrocotyle vulgaris). Herba Pol20: 243-246.

Schenkel EP, Gosmann G, Athayde ML 2003. Saponinas. In: Simões, C.M.O.; Schenkel, E.P.; Gosmann, G; Mello, J.C.P.; Mentz, L.A. E Petrovick, P.R. Famacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre/Florianópolis: UFRGS

Silva SM 1998. As formações vegetais da planície litorânea da Ilha do Mel, Paraná, Brasil: Composição fl orística e principais características estruturais. Campinas, 354p. Tese de Doutorado - Universidade Estadual de Campinas.

Silva SM, Britez RM, Souza WS, Joly CA 1994. Fitossociologia do componente arbóreo da Floresta de Restinga da Ilha do Mel, Paranaguá, PR. III Simpósio sobre Ecossistemas da Costa Brasileira. São Paulo, Brasil.

Simões CMO, Spitzer V 2003. Óleos voláteis. In: Simões, C.M.O.; Schenkel, E.P.; Gosmann, G; Mello, J.C.P.; Mentz, L.A. E Petrovick, P.R. Famacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre/Florianópolis: UFRGS.

Sousa LA, Albuquerque MNL, Stefanini MB 2005. Sazonalidade dos ductos secretores e óleos essenciais de Foeniculum vulgare var. vulgare Mill. (Apiaceae). Rev Bras Farmacogn 15: 155-161.

414

Caracterização anatômica e química da folha e do sistema radicular de Hydrocotyle umbellata (Apiaceae)

Rev. Bras. Farmacogn.Braz J. Pharmacogn.18(3): Jul./Set. 2008

Souza VC, Capellari Jr L 2004. A vegetação das dunas e restingas da Estação Ecológica Juréia-Itatins. In: Marques, O.A.V.; Duleba,W. (eds), Estação Ecológica Juréia-Itatins. Ambiente físico, fl ora e fauna. Ribeirão Preto: Holos Editora, p. 103-114.

Sugyiama M, Mantovani W 1994. Fitossociologia de um trecho de mata de restinga na Ilha do Cardoso, SP. In:III Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira São Paulo, Brasil.

Taleb-Contini SH, Santos PA, Veneziani RCS, Pereira AMS, França SC, Lopes NP, Oliveira DCR 2006. Differences in secondary metabolites from leaf extracts of Mikania glomerata Sprengel obtained by micropropagation and cuttings. Rev Bras Farmacogn 16 (Supl.): 596-598.

Theobald WL 1967. Anatomy and systematic position of Uldinia (Umbelliferae). Britonia 19: 165-169.

Trindade A 1991. Estudo fl orístico e fi tossociológico do estrato arbustivo-arbóreo de um trecho de fl oresta arenícola costeira do Parque Estadual das Dunas - Natal - RN. Recife, 78p. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Verhoeven DT, Verhagen H, Goldbohm RA, van den Brandt PA, van Poppel G 1997. A review of mechanisms underlying anticarcinogenicity by brassica vegetables. Chem Biol Interact 103: 79-129.

Vieira PC, Fernandes JB, Andrei CC 2003. Plantas inseticidas. In: Simões, C.M.O.; Schenkel, E.P.; Gosmann, G; Mello, J.C.P.; Mentz, L.A. E Petrovick, P.R. Famacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre/Florianópolis: UFRGS.

Waechter JL 1985. Aspectos ecológicos da restinga do Rio Grande do Sul, Brasil. Comunicação Científi ca da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - Série Botânica 33: 49-68.

Wagner H 1993. Drogen und ihre Inhalstsstoffe. In: Wagner, H.Pharmazeutische Biologie. Gustav Fisher: Stuttgart, p. 522.