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FACULDADE CEARENSE CURSO DE DIREITO RAFAELA FERREIRA CHAGAS RDD: UM EXAME DE SUA CONSTITUCIONALIDADE FortalezaCE 2015

RAFAELA FERREIRA CHAGAS RDD: UM EXAME DE SUA ... UM EXAME DE... · geral à luz da Lei de Execução Penal (LEP) e da doutrina,verifica-seno quarto capítulo uma análise voltada

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FACULDADE CEARENSE

CURSO DE DIREITO

RAFAELA FERREIRA CHAGAS

RDD: UM EXAME DE SUA CONSTITUCIONALIDADE

Fortaleza–CE

2015

RAFAELA FERREIRA CHAGAS

RDD: UM EXAME DE SUA CONSTITUCIONALIDADE

Monografia apresentada como exigência parcial

para a obtenção do grau de bacharel em Direito,

sob a orientação de conteúdo do Professor José

Hugo de Alencar Linard Filho.

Fortaleza – Ceará

2015

RAFAELA FERREIRA CHAGAS

RDD: UM EXAME DE SUA CONSTITUCIONALIDADE

Monografia apresentada à banca examinadora

e à Coordenação do Curso de Direito da

Faculdade Cearense, adequada e aprovada para

suprir exigência parcial inerente à obtenção do

grau de bacharel em Direito.

Fortaleza (CE), 15 de janeiro de 2015

______________________________

José Hugo de Alencar Linard Filho,

Professor Orientador da Faculdade Cearense

________________________________

Marina Lima Maia

Professor(a) Examinador(a) da Faculdade Cearense

__________________________________

Teresa Cristina Pinto Moreira

Professor(a) Examinador(a) da Faculdade Cearense

_____________________________________

José Júlio da Ponte Neto,

Coordenação do Curso de Direitoda Faculdade Cearense

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, por estar sempre me guiando e me dando

força e coragempara conquistar meus ideais, principalmente nos momentos mais

difíceis.

Aosmeus pais, Francisco José Cardoso Chagas e Erineide Alves Ferreira

Chagas, que nunca mediram esforços para me ajudar a realizar meus sonhos,

principalmente aqueles relacionados á minha vida acadêmica.

Aos meus amigos mais próximos, em especial a Cláudia Albuquerque da Silva,

que esteve sempreao meu lado tornando os meus dias mais fáceis, incentivando-me nos

momentos de desânimo.

Aos mestres que me ensinaram e me ajudaram não só na escola ou na

faculdade,mas também na vida profissional e pessoal, que me fizeram enriquecer como

pessoa.

Ao meu professor e orientador, José Hugo de Alencar Linard Filho, por abraçar a

minha monografia, por toda a ajuda dada e pelas horas dedicadas a correção do meu

trabalho tornando possível a minha apresentação.

E por último, mas não menos importante, ao meu namorado,Harisson Rafael

Saraiva Maia, que acompanhou toda a trajetória da minha vida acadêmica me ajudando

nas horas que eu mais precisei e fazendo sempre com que eu acreditasse em mim

mesma.

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a

desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver

agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega

a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de

ser honesto.”

Rui Barbosa

RESUMO

O presente trabalho consiste em estudo sobre o Regime Disciplinar Diferenciado

(RDD), abordando sua origem, conceito, características e aplicabilidade. O RDD está

previsto na lei n° 7.219/84 - Lei de Execuções Penais introduzido pela Lei 10.792/2003,

e surgiu com a finalidade de levar maior segurança aos estabelecimentos penais bem

como, defender a ordem pública contra criminosos.Procura-se analisar a

constitucionalidade do referido regime, tendo em vista que ele oferece um tratamento

diferenciado em razão da periculosidade mais acentuada àqueles ao qual se submetem.

Trata-se de pesquisa bibliográfica sobre o instituto em alusão e aspectos relevantes e

controversos do ponto de vista constitucional.

Palavras-Chave:Lei de execuções Penais. Preservação da ordem pública.

Características do RDD. Constitucionalidade do RDD.

ABSTRACT

The present work is to study the Differentiated Disciplinary Regime (RDD), addressing

their origin, concept, characteristics and applicability. The RDD is required by law n °

7219/84 - Criminal Enforcement Act introduced by Law 10,792 / 2003, and came up

with the purpose of bringing greater security to prisons and, to protect public order

against criminals. Wanted analyze the constitutionality of the scheme, given that it

offers a differentiated treatment based on stronger danger to those which undergo. This

is literature about the institute in allusion and relevant and controversial aspects of the

constitutional point of view.

Keywords:Law of Criminal executions. Preservation of public order.Characteristics of

RDD.Constitutionalityofthe RDD.

SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08

2ORIGEM, CONCEITO E PREVISÃO LEGAL DO RDD. .................................... 09

2.1 Origem e contexto histórico do RDD ..................................................................... 09

2.2 Previsão legal do RDD ............................................................................................. 11

2.3 Conceito e finalidade do RDD ................................................................................ 12

3DA APLICABILIDADE DO RDD ............................................................................. 15

3.1 Competência para aplicação do RDD e recurso cabível ...................................... 15

3.2 Procedimento para a aplicação do RDD................................................................ 18

3.3 As penitenciárias Federais do Brasil e o RDD ...................................................... 20

4CARACTERÍSTICAS GERAIS DO RDD .............................................................. 20

4.1 - Características trazidas pelo artigo 52 da LEP .................................................. 20

4.2 - Das recompensas ................................................................................................... 21

4.3 - Da possibilidade de progressão de regime prisional no RDD ........................... 23

5DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO RDD .......................... 27

5.1 – Crítica a constitucionalidade do RDD com fundamento na teoria do direito

penal do inimigo e na doutrina .................................................................................... 27

5.2 - A inconstitucionalidade do RDD na jurisprudência ......................................... 31

5.3 - Constitucionalidade do RDD fundamentada em argumentos doutrinários e na

jurisprudência ............................................................................................................... 33

6 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 38

REFERÊNCIA .............................................................................................................. 40

8

1INTRODUÇÃO

O presente estudo busca analisar o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD),

abordando seus principais aspectos, bem como as críticas e discussões doutrinarias que

o envolvem no que tange a sua constitucionalidade. Ressalta-se a relevância social do

tema desenvolvido, pois trata-se de uma das providências mais rigorosas para se evitar o

crime organizado dentro dos estabelecimentos penais, além de instigar a uma análise

acerca dos efeitos práticos do regime em questão.

É certo que muitos autores já se debruçaram sobre esse tema. Entretanto, o

presente trabalho tem como finalidade a exposição e diferenciação das opiniões a

respeito da utilização do regime disciplinar diferenciado como forma de sanção a ser

imposta aos detentos, sejam eles provisórios ou definitivos. Com esse intuito, foi

utilizada uma pesquisa bibliográfica diversificada, cujo material de pesquisa foi obtido,

em sua maioria, em artigos publicados em revistas especializadas no estudo do tema.

No primeiro capítulo serão abordados sua origem e o contexto histórico que

propiciou a entrada do RDD no ordenamento jurídico pátrio, seu conceito e finalidade e

a sua previsão legal. No segundo capítulo, busca-se o estudo do RDD mais voltado para

a prática, isto é, como ocorre a sua aplicação, qual o seu procedimento, qual o juízo

competente para a sua aplicação e quais os locais em que ocorre a execução do RDD no

Brasil. O capítulo terceiro vai trazer as características do RDD, características estas

voltadas para a previsão legal, artigo 52 da Lei de Execuções Penais, que traz um rol

com as características do regime, bem como outras características e peculiaridades do

RDD não trazidos pelo artigo 52, tais como o direito de defesa do preso e as

recompensas previstas no artigo 55 da Lei de Execuções Penais.

Depois de compreendido o Regime Disciplinar Diferenciado demaneira

geral à luz da Lei de Execução Penal (LEP) e da doutrina,verifica-seno quarto capítulo

uma análise voltada à constitucionalidade, justificada pela lei e pelos Tribunais

Superiores,assim como os argumentos com base nos quais essa constitucionalidade é

questionada, com fundamento no direito penal do inimigo. Tal dicotomia doutrinária

envereda por diversos ramos do ordenamento jurídico, tais como Direito Penal, Direito

Constitucional, Direitos Humanos, Lei de execução Penal e acaba deparando princípios

relevantes, como os da proporcionalidade elegalidade.

9

2 ORIGEM, CONCEITO, FINALIDADE E PREVIÃO LEGAL DO RDD

2.1 Origem, liame com o direito penale contexto histórico do RDD

A sociedade brasileira espera uma resposta satisfatória à atuação

desenfreada do crime organizado, principalmente daqueles provenientes de dentro dos

estabelecimentos prisionais, e foi nesse contexto que o Regime Disciplinar Diferenciado

surgiu, como uma resposta a sociedade.

As origens mais remotas de um regime mais rigoroso para os presos que

apresentam maior grau de periculosidade são apontadas ainda na Antiguidade, porém

com denominações diversas. No Brasil, há referências ao instituto no período imperial,

com nomenclatura de “cárcere duro” para os criminosos que desobedeciam o imperador.

(MAGALHÃES, 2007, online).

Portanto, a origem do regime disciplinar diferenciado nos remete a Grécia

Antiga e ao Império no Brasil, onde as penas possuíam poucos princípios e regras de

estabelecimento. (MAGALHÃES, 2007, online).

Tem-se como fonte de inspiração para o encarceramento com características

diferenciadas,o instituto encontrado modelo nas chamadas “solitárias”,

consubstanciadas em celas individuais, com nenhuma acomodação, em que o apenado

ou preso provisório permanecia isolado do restante da população carcerária, lhe sendo

sonegados direitos fundamentais, tais quais aexposição ao sol, à luz, ou o acesso a

condições minimamente higiênicas de satisfazer necessidades fisiológicas. (PEDRI,

online, 2014).

O Regime Disciplinar Diferenciado não surgiu do acaso, tampouco é fruto

da imaginação criativa do “iluminismo” do legislador pátrio, estando fundado

indiscutivelmente nos modelos de tortura psicológicas já conhecidas e ilimitadamente

adotadas em todo o mundo. (PEDRI, online, 2014).

O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) está diretamente relacionado ao

poder punitivo do estado e consequentemente ao Direito Penal, quedeve evoluir

buscando acompanhar as mudanças sociais.Considerando que o ser humanovive

organizado em grupos ou sociedade, bem como o fato de que tais grupos nem sempre

convivem de modoharmonioso,se torna evidente a importância do Direito Penal como o

10

ramo do ordenamento jurídico responsável em disciplinar a conduta humana.(RIBEIRO

JÚNIOR; JESUS, 2013, online.)

O Direito penal é o conjunto de normasque visam tanto a definição dos

crimes, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça de sanção para os imputáveis e

medida de segurança para os inimputáveis, como também a criação de normas de

aplicação geral, dirigidas não só aos tipos incriminadores nele previstos, como a toda

legislação penal extravagante, desde que esta não disponha expressamente de modo

contrário. E sua finalidade é a proteção dos bens essenciais ao convívio em sociedade.

(RIBEIRO JÚNIOR; JESUS, 2013, online.)

Ainda se tratando de Direito Penal com enfoque ao poder punitivo do

Estado Luiz Regis Prado ensina que o Direito Penal é o setor ou parcela do

ordenamento jurídico público que estabelece as ações ou omissões delitivas,

cominando-lhes determinadas consequências jurídicas, tais como penas ou medidas de

segurança (conceito formal). Refere-se, também, a comportamentos considerados

altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, que afetam gravemente bens

jurídicos indispensáveis à sua própria conservação e progresso (conceito material).

(PRADO, 2007, P.53)

Diante dos conceitos expostos, torna-se clara a identificação do RDD com

Direito Penal, mais especificamente em seu conceito formal. O RDD é uma

consequência jurídica manifestada em forma de sanção, sendo, pois, fruto do poder

punitivo do estado manifestado pelo monopólio da força. Destacou-se o Direito Penal

na intenção de relacionar o RDD com o poder punitivo do estado, mas também é

possível identificar o instituto em outros ramos do ordenamento jurídico como, por

exemplo, no plano do Processo Penal onde se verifica o contexto da execução da

penaem forma cautelar.

Com o passar dos tempos, alguns fatos históricosocorridos no Brasil

resultantes da ação de criminosos, contribuíram para a inserção do RDD no

ordenamento jurídico brasileiro de forma definitiva. Em 18 de fevereiro de 2001, no

Estado de São Paulo, uma megarrebelião toma conta de 29 unidades prisionais da

Capital, Região Metropolitana e Interior do Estado, atingindo cerca de 28 mil presos.

Foi a maior rebelião até então registrada na história do Brasil. A ação foi coordenada

pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que protestava contra a

transferência de alguns de seus líderes da Casa de Detenção do Carandiru para o Anexo

11

da Casa de Custódia de Taubaté, considerada uma espécie de prisão de segurança

máxima. (COSATE, 2007, online).

No ano de 2002, no estado do Rio de Janeiro,o presídio de segurança

máxima Bangu 1 foi palco de uma briga entre as facções rivais Amigo dos Amigos -

ADA, Comando Vermelho e Terceiro Comando, que comandavam o tráfico de drogas

na cidade, resultando na morte dos traficantes Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê;

Wanderley Soares, o Orelha, e Carlos Roberto da Silva, o Robertinho do Adeus, todos

líderes da ADA. Além dessas mortes, os líderes das mencionadas facções comandaram

várias ações criminosas por toda a cidade. Nove bairros foram atingidos, 800 mil

passageiros ficaram sem ônibus e parte do comércio fechou as portas. Indubitavelmente,

esses fatos colocaram em debate o poder estatal de controlar ações criminosas

comandadas de dentro do cárcere. (COSATE, 2007, online).

Em 15 de março de 2003, a sociedade foi surpreendida com o trágico

homicídio que vitimou o então Juiz-Corregedor da Vara de Execuções Penais de

Presidente Prudente/SP, Antônio José Machado Dias, vindo posteriormente a se

descobrir ter sido esta mais uma obra de uma facção criminosa insatisfeita com a

atuação honesta e exemplar do referido magistrado no trato de presos de reconhecida

periculosidade. O referido juiz era conhecido também no seu Estado pelo tratamento

severo dispensado aos presos no que se refere à concessão de

benefícios.(MAGALHÃES, 2007, online).

A partir de então, não se mediram esforços na tentativa de endurecer as

regras prisionais em face de indivíduos cujo comportamento no cárcere punha em risco

a sociedade e as próprias autoridades estatais que atuavam na repressão criminal.Diante

de todo esse contexto o Governo Federal estudou uma medida provisória para criar um

sistema de “cárcere duro” no país, aplicado aos condenados por delitos ligados ao crime

organizado. Esta era a ideia originária, tendo como objetivo principal, dar amparo ao

Regulamento Disciplinar Diferenciado (RDD), existente como norma administrativa em

prisões de segurança máxima de São Paulo e do Rio de Janeiro.(MAGALHÃES, 2007,

online).

2.2 Previsão legal do RDD

A regulamentação do RDD se deu inicialmente por meio da Resolução

Estadual do Estado de São Paulo, da Secretaria de Administração Penitenciária, SAP nº

12

26 de 04/05/2001, publicada no DOE, v. 111, nº 84, de 05 de maio de 2001, que relata a

seguinte ementa: “Regulamenta a inclusão, permanência e exclusão dos presos no

Regime Disciplinar Diferenciado”. A referida norma foi dada como válida pelo TJSP

(HC 400.000.3/8, 6ª Câmara, 21/06/2002). Em um primeiro momento houve a tentativa

de que a aplicação do regime fosse prevista somente como sanção disciplinar na

hipótese de prática, pelo preso ou condenado, de fato previsto como crime doloso,

sendo rejeitada pelo Congresso Nacional. (MIRABETE, p.149, 2004).

O presidente Fernando Henrique Cardoso, como tentativa de universalizar o

regime diferenciado via lei federal, enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei nº

5.073, que alterava dispositivos da Lei de Execução Penal (LEP – nº. 7.210/84) e do

Código de Processo Penal (CPP) para, entre outras mudanças, permitir que presos de

alta periculosidade, que cometessem falta grave, cumprissem pena no regime

diferenciado a ser aplicado pelo conselho disciplinar. Assim sendo, no dia 1º de

dezembro de 2003, a Câmara dos Deputados transforma o projeto 5.073/01 na Lei

10.792, instituindo o Regime Disciplinar Diferenciado. (COSATE, 2007, online).

O RDD pode ser perfeitamente identificado tanto na Lei 10.792/2003 que

introduziu o referido regime como na Lei no 7.210, de 11 de junho de 1984 - Lei de

Execução Penal que foi alterada por aquela lei.A Lei de Execução Penal – LEP (Lei

no 7.210/84) apresenta inicialmente o RDD em seu artigo 52, nos seguintes moldes:

Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e,

quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso

provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime

disciplinar diferenciado, com as seguintes características:[...]

(BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de junho de 1984)

2.3Conceito e finalidade do RDD

O RDD consiste no tratamento diferenciado dado aos presos que praticarem

fato previsto como crime doloso, subvertendo a ordem e a disciplina interna do presidio

onde se encontrem, e representando alto risco para a ordem e a segurança do

estabelecimento penal ou da sociedade, bem como àqueles que estiverem envolvidos ou

participarem, com fundadas suspeitas, a qualquer titulo, de organização criminosa,

quadrilha ou bando. ativa de

liberdade, mas sanção disciplinar. Os destinatários deste regime podem ser presos

condenados ou provisórios em caráter cautelar. (ANDREUCCI, 2009, p.30)

13

Ressalte-se que em regra o RDD consiste em uma sanção disciplinar, isto é,

uma correção à falta cometida. Tem-se, porém, a exceção de que será possível como

medida cautelar, isto é, preventivamente, com o intuito de evitar rebeliões, motins,

formação de quadrilhas ou bandos no estabelecimento penitenciário ou ainda quando

houver fundada suspeita de que presos provisórios ou condenados estejam se

organizando a fim de se envolverem em ações criminosas que tragam riscos para a

segurança do estabelecimento penal ou da própria sociedade. (MIRABETE,2004, p.

149).

O RDD como sanção disciplinar é perfeitamente identificado no artigo 53

da LEP da seguinte forma:

Art. 53. Constituem sanções disciplinares:

I - advertência verbal;

II - repreensão;

III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único);

IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos

que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta

Lei.

V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.

(BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de junho de 1984)

O RDD como medida de caráter cautelar é identificado também na LEP,

porém nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 52, a saber:

Art. 52.

[...]

§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos

provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto

risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade.

§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso

provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de

envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas,

quadrilha ou bando.

(BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de junho de 1984)

Em observância a contribuição trazida por Júlio Fabbrini Mirabete,conclui-

se que o Regime Disciplinar Diferenciado – RDD apresenta-se, em regra, como um

regime corretivo com a função de sancionar o seu destinatário pelo cometimento de uma

falta grave. Porém, há exceção a esta regra, consubstanciada nos parágrafos primeiro e

segundo do artigo 52 da LEP, que traz o RDD como medida cautelar, isto é, de maneira

preventiva.

Nestor Távora e Rosmar Alencarlecionam acerca do instituto, dizendo que

ele é responsável por um tratamento carcerário mais áspero a determinados indivíduos

14

estereotipados com o rótulo de perigosos, tendo caráter eminentemente neutralizador.

(TÁVORA; ALENCAR, 2011,p.528).

No mesmo sentido,Vlamir Costa Magalhães, traz a definição de que o RDD

consubstancia-se em um conjunto de regras rígidas que orienta o cumprimento da pena

privativa de liberdade, quando se tratar de réu já condenado, ou a custódia de preso

provisório. (MAGALHÃES, 2007, online).

Têm-se, portanto, duas espécies de RDD: o punitivo previsto no artigo

52 caput e incisos, e o cautelar previsto no artigo 52 parágrafos 1º e 2º. O primeiro

depende de procedimento disciplinar que assegure o direito de defesa; já o segundo

está embasado no poder de cautela do órgão judicial, com finalidade de eliminar uma

situação de perigo evidente à sociedade, tendo como fundamento legal o artigo 798 do

Código de Processo Civil c/c artigo 3º do Código de Processo Penal, in verbis:

Art. 798 do CPC- Além dos procedimentos cautelares específicos, que este

Código regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as

medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de

que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão

grave e de difícil reparação.

(BRASIL, Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973).

Art. 3º do CPP - A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e

aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

(BRASIL, Decreto-Lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941).

A finalidade do RDD é oferecer uma maior segurança aos

estabelecimentos penais, bem como defender a ordem pública contra criminosos,

evitando assim rebeliões e fugas organizadas, na maioria das vezes, por líderes ou

integrantes de facções criminosas que mesmo encarcerados continuam atuando no

interior do sistema prisional e no meio social. O desenvolvimento da sociedade no que

tange o avanço das tecnologias, sobretudo com o uso da internet, contribuiu para a

propagação dos meios de comunicação e isso trouxe não só consequências positivas,

mas possibilitou aos criminosos o aperfeiçoamento de artifícios que favorecem a

execução do crime organizado. Daí a necessidade de implantação de um regime mais

rígido. (MIRABETE, p. 149, 2004).

15

3 DA APLICABILIDADE DO RDD

3.1 Competência para aplicação do RDD e recurso cabível.

A competência para aplicação do RDD é apenas do juiz competente. O

artigo 54 da LEP traz essa previsão, ensinando que as sanções de advertência verbal,

repreensão, suspensão ou restrição de direitos, bem como isolamento na própria cela, ou

em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado

o disposto no artigo 88 da LEP, serão aplicadas por ato motivado do diretor do

estabelecimento, mas em se tratando de aplicação de sanção mais grave, consistente na

inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado que, como já estudado, é aplicado

ao preso que pratica fato previsto como crime doloso e que ocasione a subversão da

ordem ou disciplina interna,só poderá ser feita mediante prévio efundamentado

despacho do juiz competente. Para a aplicação de sanção a presos condenados que

estejamcumprindo penas privativas de liberdade, será competente o Juízo da execução,

conforme regra geral prevista no artigo 194 da LEP. Em se tratando de presos que

estejam em curso de prisão cautelar, a competência será do juiz do processo.

(MIRABETE, 2004, p.156).

Considerando o papel da defesa na inserção do preso no RDD, tem-se que

contra a decisão do juiz da execução que aplica a sanção no curso do cumprimento da

pena privativa de liberdade será cabível o recurso de agravo, previsto no artigo 197 da

LEP. A lei não prevê recurso específico contra a decisão proferida por outro juiz que

imponha a sanção por falta cometida durante a prisão cautelar. Porém, é possível contra

a aplicação da sanção em desrespeito às normas legais, a impetração de habeas corpus

porque a inclusão no regime disciplinar diferenciadoagrava o cerceamento da liberdade

de locomoção a que já se encontrava sujeito o preso no regime comum. (MIRABETE,

2004, p.156).

3.2 Procedimento para a aplicação do RDD

Sendo praticada a falta grave prevista no artigo 52 da LEP a lei autoriza a

inclusão preventiva no regime disciplinar diferenciado, sendo tal inclusão disciplinada

pelo artigo 60da Lei de Execução Penal (LEP), segundo o qual:

16

A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento preventivo do

faltoso pelo prazo de até dez dias. A inclusão do preso no regime disciplinar

diferenciado, no interesse da disciplina e da averiguação do fato, dependerá

de despacho do juiz competente. (Grifou-se).

Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão preventiva no regime

disciplinar diferenciado será computado no período de cumprimento da

sanção disciplinar.

(BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de junho de 1984)

Observa-se que o dispositivo em análise prevê duas medidas extremas que

são o isolamento preventivo, que será decretado pela autoridade administrativa, isto é, o

diretor do estabelecimento carcerário e a inclusão preventiva no regime disciplinar

diferenciado, o que depende de despacho do juiz competente, conforme já

estudado.Essas medidas extremas deverão observar o prazo de até 10 (dez) dias, que

será improrrogável, não sendo admitida nova decretação pelo mesmo fato.

A inclusão preventiva no RDD é medida cautelar a ser aplicada no interesse

da disciplina e da averiguação do fato, não se constituindo em uma quarta hipótese de

inclusão. Sua decretação exige a constatação e demonstração, em despacho judicial

fundamentado, de dois requisitos básicos: fumus boni juris e periculum in mora.A

inclusão preventiva, como pode parecer à primeira vista, não é cabível apenas na

hipótese regulada no caput do art. 52. Poderá ser decretada para qualquer das três

hipóteses autorizadas (caput, §§ 1° e 2° do art. 52 da LEP).O tempo de isolamento

preventivo ou de inclusão preventiva no regime disciplinar diferenciado será computado

no período de cumprimento da sanção disciplinar, conforme estabelece o parágrafo

único do art. 60 da Lei de Execução Penal. (RIBEIRO, 2009, online).

Se o preso for submetido preventivamente ao RDD e depois ocorra a

inclusão definitiva, tem que haver a detração, isto é, esse tempo de isolamento

preventivo ou inclusão preventiva será computado no período de cumprimento da

sanção disciplinar (LEP. art. 60).De modo mais claro, se for decretado o isolamento

preventivo por 10 (dez) dias e depois de cumprido esse prazo, haja a inclusão definitiva

do preso no RDD para ser cumprido no seu prazo máximo, ou seja, 360 (trezentos e

sessenta) dias, serão descontados desse tempo o período de isolamento preventivo.

Sendo assim, o preso terá que cumprir 350 (trezentos e cinquenta) dias nesse tipo de

regime.(RIBEIRO, 2009, online).

Para que haja a inclusão preventiva no RDD não é preciso a prévia

manifestação do Ministério Público e nem da Defesa. No caso da inclusão definitiva no

entanto, é indispensável a prévia manifestação de ambos, sob pena de nulidade

17

absoluta.Nos termos do art. 196, da LEP, o Ministério Público e a Defesa terão o prazo

de 3 (três) dias para se manifestarem. Por fim, nos termos do art. 54, §§ 1° e 2°, da LEP,

somente o diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa (Secretário da

Segurança Pública ou o da Administração Penitenciária), através da elaboração de um

requerimento circunstanciado, é que poderá postular a inclusão no RDD. Sendo assim,

após a manifestação obrigatória do Ministério Público e da Defesa sobre o

requerimento, o juiz competente, repita-se, o da execução penal, terá o prazo de 15

(quinze) dias para prolatar a sua decisão. (RIBEIRO, 2009, online)

Com relação a aplicabilidade do RDD em caráter definitivo, se faz

importante destacar a íntegra do artigo 54, §§ 1° e 2°, da LEP:

Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato

motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por prévio e

fundamentado despacho do juiz competente.

§ 1o A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá

de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento

ou outra autoridade administrativa.

§ 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será

precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no

prazo máximo de quinze dias.

(BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de junho de 1984)

Ainda com relação a aplicabilidade do RDD, Mirabete aduz a noção

segundo a qual a final aplicação da sanção é condicionada ao procedimento disciplinado

nos §§ 1° e 2° do artigo 54 da LEP. Sem prejuízo da instauração de inquérito ou do

processo instaurado para a aplicação da sanção penal aplicável ao fato, pode este ser

apurado em procedimento previsto para apuração das faltas disciplinares, conforme

disciplina o artigo 59 da LEP. Ao seu término, porém, o diretor do estabelecimento deve

requerer ao juiz ao juiz competente a inclusão do preso no regime disciplinar

diferenciado (artigo 54, § 1°). Ensina ainda que a lei assegura a prévia oportunidade de

manifestação do Ministério Público e da defesa, devendo a decisão ser prolatada no

prazo máximo de 15 dias (artigo 54, § 2°). O autor manifesta que é claro o intuito do

legislador de estabelecer esse prazo para todo o procedimento judicial, sendo para

manifestação do Ministério e para a defesa o prazo de 3 dias, conforme disciplina o

artigo 196 da LEP. (MIRABETE, p. 156, 2004).

Mirabete leciona ainda que embora prevista no caput do artigo 54 a

necessidade de despacho do juiz competente, o ato judicial que aplica a sanção de

inclusão no regime disciplinar diferenciado tem natureza de decisão, conforme

18

mencionado no § 2°, porque não se limitam os seus efeitos, no curso do processo

condenatório ou na execução da pena privativa de liberdade, à mera ordenação do

procedimento, finalidade para a qual exige a lei processual mero despacho de

expediente. Prevê-se que o ato seja fundamentado, o que se exige de qualquer decisão

judicial (art. 93, IX da Constituição Federal). Aliás, a decisão do diretor do

estabelecimento que soluciona procedimento disciplinar e impõe outra espécie de

sanção também deve ser motivado, nos termos do artigo 59, parágrafo único da LEP.

(MIRABETE, p. 156, 2004).

3.3 As penitenciárias Federais do Brasil e o RDD

Inicialmente, impende entender o Sistema Penitenciário Federal previsto

na LEP e implementado em 2006, depois da reestruturação doDepartamento

Penitenciário Nacional (Depen). Consiste na construção de unidades penitenciárias de

segurança máxima no Brasil, com o objetivo de abrigar os presos de alta periculosidade

que possam comprometer a ordem e a segurança nos seus estados de origem. OSistema

Penitenciário Federaltem por finalidade gerir e fiscalizar as Penitenciárias Federais e é

constituído pelos estabelecimentos penais federais, subordinados ao Depen, do

Ministério da Justiça.A Diretoria do Sistema Penitenciário Federal é a responsável pela

gestão do Sistema Penitenciário Federal e tem na sua estrutura a Coordenação-Geral de

Inclusão, Classificação e Remoção, Coordenação-Geral de Tratamento Penitenciário,

Coordenação-Geral de Informação e Inteligência Penitenciária, Corregedoria-Geral e as

Penitenciárias Federais.(ESTABELECIMENTOS..., 2014, online).

No que tange as penitenciárias federais do Brasil, cada uma tem capacidade

para 208 presos e apresentam o que há de mais moderno no sistema de vigilância em

presídios, como, por exemplo, equipamentos que identificam drogas e explosivos nas

roupas dos visitantes, detectores de metais, câmeras escondidas e sensores de presença.

Cada preso é confinado em celas individuais, sendo monitorado 24 horas por dia, por

um circuito de câmeras em tempo real.O regime adotado nas penitenciárias federais de

acordo é o de total confinamento por 24 horas diárias, o que somado ao fato de que

essas unidades devam servir para abrigar presos que supostamente representam risco

para a segurança e a ordem, ou no interesse do próprio condenado, permite classificar

tais unidades como Supermaxes. (ESTABELECIMENTOS..., 2014, online).

19

competência da Uniãoestabelecer os padrõesmínimos do presidio

, quando da

construção de presídios federais, os estabelecimentos que se destinem a abrigar presos

provisórios ou condenados sujeitos a regime disciplinar diferenciado. Serão recolhidos

em estabelecimentos penais federais de segurança máxima aqueles cuja medida se

justifique no interesse da segurançapública ou do próprio preso, condenado ou

provisório. (MARCÃO, 2012, p. 81)

Inicialmente foram previstas as construções de cinco estabelecimentos

prisionais no Brasil em que se aplica o RDD, a saber: Penitenciária Federal de

Catanduvas - Paraná (inaugurada em 23 de junho 2006); Penitenciária Federal de

Campo Grande - Mato Grosso do Sul (inaugurada em 21 de dezembro de 2006);

Penitenciária Federal de Porto Velho - Rondônia (inaugurada em 19 de junho de 2009);

Penitenciária Federal de Mossoró - Rio Grande do Norte (inaugurada dia 3 de julho de

2009), sendo a única do tipo construída na região nordeste.Tem-se um projeto para a

Penitenciária Federal de Brasília (ESTABELECIMENTOS..., 2014, online).

Portanto, poucos são os estabelecimentos prisionais brasileiros capazes de

acolher detentos em regime disciplinar diferenciado. Falta estrutura física e material em

quase sua totalidade. Parece que a construção e funcionamento dos presídios

, são os únicos que podem efetivar a

medida excepcional. (NUNES, 2013, p. 104).

Em verdade, todos os quatro presídios federais atualmente em

funcionamento têmcondiçõesfísicas para receber quem eventualmente seja incluído no

RDD. De conformidade com a Lei Federal n. 11.671, de 2008, que regulamentou a

transferência de presos dos estados para esses presídios federais, exige-se um

procedimento especial capaz de instruir a transferência, envolvendo a autoridade

administrativa que pretende realizar a transferência

transferência pode acontecer. (NUNES, 2013, p. 104).

20

4 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO RDD

4.1 Características trazidas pelo artigo 52 da LEP

As características do RDD são trazidas pela Lei de Execução Penal – LEP,

conforme já visto. O artigo 52 do referido instituto em seus quatro incisos traz as

principais características do Regime Disciplinar Diferenciado:

Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e,

quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso

provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime

disciplinar diferenciado, com as seguintes características:

I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da

sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da

pena aplicada;

II - recolhimento em cela individual; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração

de duas horas;

IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol.

[...]

(BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de junho de 1984).

Importante observar o inciso I do art. 52, da LEP, para não incorrer no erro

de afirmar que o prazo máximo de tempo em que o preso pode ser submetido ao RDD é

de 1(um) ano. Essa afirmação é errôneauma vez que a lei se refere a 360 (trezentos e

sessenta) dias e não a 1(um) ano, podendo ser aplicado outras vezes, desde que haja o

cometimento de nova falta grave de mesma espécie, não podendo exceder o limite de

um sexto da pena aplicada.(RIBEIRO, 2009, online).

Portanto, conclui-se que há um limite temporal cuja observância é de

extrema importância na aplicação do RDD, não havendo o mencionado limite de tempo

o RDD deixaria de ser previsto como uma sanção disciplinar e passaria a ser previsto

como um regime de cumprimento de pena, uma vez que assim haveria a possibilidade

de o preso cumprir sua pena integralmente submetido ao regime em comento.

(RIBEIRO, 2009, online).

Com relação ao inciso II, do artigo 52 da LEP, o preso submetido ao RDD

deverá ser recolhido em uma cela individual, conhecida como "solitária". Ressalte-se

queem nenhuma hipótese será permitido o emprego de cela escura, conforme prevê o

artigo 45, § 2° da LEP. (RIBEIRO, 2009, online).

De acordo com o inciso III, do art. 52, da LEP, o preso submetido ao RDD

terá direito a visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de

21

duas horas. A redação desse dispositivo legal é ambígua quando menciona "sem contar

as crianças". A dúvida reside em saber se elas não poderiam visitar ou se não seria

computado o número de crianças na visita ao preso incluído nesse regime disciplinar.

Entende-se que não será computado o número de crianças na visita ao preso submetido

ao RDD, posto que uma das maneiras de se garantir um dos objetivos da execução

penal, que é oferecer ao condenado a harmônica integração social, é permitindo que o

preso, mesmo estando submetido ao RDD, seja visitado pelos seus filhos. (RIBEIRO,

2009, online).

Em se tratando do inciso IV, do art. 52, da LEP, tem-se inúmeras críticas

por tratar-se de nítida violação ao art. 5º, incisos III e XLVII, alínea "e", da Constituição

Federal, que asseguram aos presos o respeito a sua integridade física e psíquica, de

modo que não serão submetidos à tortura nem a tratamento desumano ou degradante,

assim como vedam a aplicação de penas cruéis. Alega-se que é desumano, consistindo

em uma verdadeira tortura psicológica, deixar o preso trancafiado 22 (vinte e duas)

horas por dia sendo-lhe permitido apenas 2 (duas) horas diárias para banho de sol.

(RIBEIRO, 2009, online). Tal discussão doutrinária será tratada mais adiante.

4.2Das recompensas

As recompensas, embora não sejam características particulares do Regime

Disciplinar Diferenciado, podem ser perfeitamente identificadas no curso da aplicação

desde. Da mesma forma que se pune o detento por eventual falt -

-lo quando ele apresenta bom comportamento carcerário, demonstra

dedicação

administração prisional, por ato motivado, elogiar o recluso -lhe regalias.

também deve constar dos registros carcerários do preso,

da mesma forma que a punição administrativa. (NUNES, 2013, P.106).

Por meio da Resolução n. 14, de 11.11.1994, art. 55, o Conselho Nacional

de Politica Criminal e Penitenciariarecomendou que em cada estabelecimento prisional

fosse instituído um sistema de recompensas, conforme os diferentes grupos de presos e

os diferentes métodos de tratamento, com a finalidade de motivar a boa conduta,

desenvolver o sentido de responsabilidade, promover o interesse e a cooperação de

pessoas. As regras mínimas da ONU preconizam que em cada estabelecimento deve ser

instituído um sistema de privilégios adaptados aos diferentes grupos de presos e aos

22

diferentes métodos de tratamento a fim de incentivar a boa conduta, desenvolver o

sentido de responsabilidade e promover o interesse e a cooperação do condenado no que

e refere a seu tratamento. (NUNES, 2013, p.107).

Nesse mesmo sentido a Lei de Execução Penal prevê que as recompensas

têm em vista o reconhecimento do bom comportamento em favor do condenado, sendo

reconhecida a sua colaboração com a disciplina e dedicação ao trabalho. Assim os atos

do condenado que ponham em relevo sua boa conduta, seu espirito de trabalho e sentido

de responsabilidade no comportamento pessoal e nas atividades organizadas do

estabelecimento e o cumprimento integral de seus deveres são estimulados mediante um

sistema de recompensas. (MIRABETE, 2004, p.157).

Os fatos meritórios não são previstos especificamente na lei, mas resultam

de reiterada, correta e especial posição do sentenciado frente à disciplina e ao trabalho,

assim como de ótimo aprendizado na escola ou na oficina, da colaboração com os

funcionários, do excelente asseio na cela, entre outros comportamentos, levando-se em

conta as realidades próprias de cada estabelecimento penitenciário. É importante que

fique claro que a recompensa outorgada não constitui nenhum favor pessoal, mas que

seja um ato de justiça, isto, é que num consenso geral a recompensa seja tida como um

ato de reconhecimento e justiça, como de fato é. (MIRABETE, 2004, p. 157-158).

A concessão de recompensa constitui-se também em processo destinado a

individualizar a execução penal, um dos princípios básicos do regime de cumprimento

das penas privativas de liberdade. A natureza, concessão e gozo das recompensas devem

ser objeto de regulamentação, de modo que fique garantida sua participação finalista no

regime de execução penal individualizada e, ao mesmo tempo, previna possíveis

concessões ou denegações segundo o arbitro desta ou daquela autoridade. Por esse

motivo é que o artigo 56 da LEP prevê quais as espécies de recompensas que são os

elogios e a concessão de regalias sendo, no caso destas últimas, necessário que a

legislação local e os regulamentos estabeleçam a natureza e a forma de suas concessões.

(MIRABETE,2004, p. 157-158).

O artigo 56 da Lei de Execução Penal dispõe sobre as recompensas nos

seguintes termos:

Art. 56. São recompensas:

I - o elogio;

II - a concessão de regalias.

23

Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos estabelecerão a

natureza e a forma de concessão de regalias.(BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de

junho de 1984)

O elogio é uma espécie de distinção, é o reconhecimento direto da boa

conduta do sentenciado nos vários setores de atividades, marcando o mérito do

condenado e servindo de estímulo para que persevere na reta intenção de uma

readaptação a vida social. (MIRABETE, 2004, p.157).

A recompensa constará no prontuário do carcerário e pesará na aferição de

seu comportamento carcerário. A concessão de regalias, que conforme já visto, deverá

ser prevista na legislação local e nos regulamentos, trata-se de privilégios,

evidentemente não podem ser elas o exercício de direito já garantido ao preso pela

legislação, mas de um plus com referência aos demais que não o fizeram por merecer.

(NUNES, 2013, P.106).

Pode-se citar como exemplos de regalias o recebimento de bens de

consumo, patrimoniais, de qualidade, quantidade e embalagem permitidas pela

administração, trazidos por visitantes; visitas conjugais ou intimas; assistir a sessões de

cinema, teatro, shows e outras atividades socioculturais, fora do horário normal, em

épocas especiais; participar de atividades coletivas, além da escola e do trabalho, em

horár

es; concorrer a festivais e outros eventos; praticar esportes em

áreas especificas, entre outras. (NUNES, 2013,p. 107).

4.3Da possibilidade de progressão de regime prisional no RDD

Muitos são os questionamentos acerca da possibilidade ou não da

progressão de regime a presos sentenciados que se encontram sob o Regime Disciplinar

Diferenciado. Embora a primeira impressão seja no sentido da negação, ou seja, da

impossibilidade de se conceder o beneficio em razão do sentenciado cumprir pena em

um regime restrito ao extremo e que, inclusive, decorre de uma sanção disciplinar, uma

análise mais cuidadosa do tema impõe afirmar que, em tese, é possível a concessão de

progressão. A questão deverá ser analisada de modo bastante cuidadoso, caso a caso. A

afirmação genérica no sentido da negativa é temerária e precipitada, pois o que parece

óbvio ao que conclui apressadamente, não o é àquele que deita reflexões jurídicas e

aprofundadas sobre o tema. (NUNES, 2013,p. 103).

24

Diante disso, observa-se que são requisitos para a concessão da progressão

de regime o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena no regime em que se encontrar o

preso, bem como, a apresentação de atestado de boa conduta carcerária, firmado pelo

diretor do estabelecimento carcerário. Supridos tais requisitos, o preso estará em

condições de obter o benefício da progressão para o regime mais brando, observada a

ordem: regime fechado; regime semiaberto e regime aberto, sendo vedada a progressão

por salto. A questão crucial é saber se estando o preso submetido ao RDD, e tendo

cumprido 1/6 (um sexto) da pena, bem como apresentado pedido de progressão de

regime aparelhado com atestado de boa conduta carcerária, estará ou não em condições

de conseguir a progressão pleiteada. (MARCÃO, 2012, p. 188).

Em se tratando de requisito objetivo, isto é, cumprimento de 1/6 (um sexto)

da pena não se desperta preocupação. O problema surge ao avaliar o requisito subjetivo

que está restrito ao teor do atestado firmado pelo diretor do estabelecimento prisional.

Inicialmente, com base numa visão menos aprofundada, pode-se dizer de pronto que

não há possibilidade de progressão de regime àqueles submetidos ao RDD, haja vista

que se estão submetidos ao regime em estudo é porque não apresentou-se um bom

comportamento carcerário, daí a infidelidade de eventual atestado de boa conduta

carcerária, a desautorizar da progressão pretendida. Porém, não é bem assim.

(MARCÃO, 2012, p.188).

Uma das causas que ensejam a inclusão no RDD é a prática de fato prevista

como crime doloso de modo que ocasione a subversão da ordem ou disciplina interna,

conforme preceitua o já estudado artigo 52, caput da LEP. De tal forma, é bem possível

que o preso pratique a conduta ensejadora de sua inclusão no RDD, e após vários meses

venha atingir a fração percentual de 1/6 da pena no regime fechado, por exemplo, e sob

regime disciplinar diferenciado apresente boa conduta carcerária. (BORGES, 2007, p.

21).

Pois bem, sabendo que as faltas não podem ser eternizadas; que seus efeitos

não podem se alongar indefinidamente, não se pode negar que diante de determinadas

hipóteses será possível a progressão de regime prisional, estando o preso sob RDD,

desde que atendidos os requisitos do artigo 112 da LEP, a saber:

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva

com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz,

quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime

anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor

do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

25

§ 1o A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do

Ministério Público e do defensor.

§ 2o Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento

condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos

nas normas vigentes.

(BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de junho de 1984)

Ocorre que a Lei de Execução Penal não estabelece prazo para os efeitos as

faltas disciplinares que regula, e na ausência de regulamentação geral é de se levar em

conta o estabelecido nas regras previstas nos estatutos e regulamentos penitenciários, e

sabendo que em relação ao tema em questão tais normas particulares não são uniformes;

não há um prazo único, tornando-se urgente a necessidade de se regulamentar por lei a

matéria.(BORGES, 2007,p. 21).

Mesmo em relação ás hipóteses de inclusão no RDD previstas nos §§ 1º e 2º

do artigo 52 da LEP, é possível pensar genericamente em progressão de regime. Não é o

fato de ter sido submetido em certa data ao RDD em razão de apresentar, naquele

tempo, alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade,

que estará afastada de plano a hipótese de progressão. Poderá, também aqui, tempos

depois e ainda sob RDD, atender aos requisitos do artigo 112 da LEP e fazer jus à

passagem para regime mais brando. (BORGES, 2007, p. 21-22).

Pode-se dizer o mesmo em relação ao preso provisório ou condenado sobre

o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título,

em organizações criminosas, quadrilha ou bando, e que sob tal fundamento tenha sido

submetido ao regime disciplinar diferenciado. Embora diante da reconhecida ausência

de especificidade das duas últimas hipóteses de inclusão aventadas, previstas nos§§ 1º e

2º do artigo 52e admitida a gravidade genérica das situações reguladas, ainda assim

permanece possível a progressão de regime, pelas mesmas razões acima aventadas

quando da análise da primeira hipótese (artigo 52, LEP). (BORGES, 2007, p. 21-22).

Além do já explanado é preciso reconhecer o limite temporal de ambas as

causas indicadas, pois admitir que seus efeitos não sofram limitações temporais

corresponde dizer que a progressão sempre estará proibida durante o tempo de punição

disciplinar quando o preso sofrer sanção consistente em inclusão no RDD sob tais

fundamentos, o que afronta o sistema progressivo determinado na Constituição Federal

e leva ao raciocínio autofágico que deságua na própria inconstitucionalidade do regime

disciplinar diferenciado, sob tal aspecto. (MARCÃO, 2012, p.189).

26

A discussão doutrinária e jurisprudencial sobre a possibilidade ou não da

progressão de regimes na execução das condenações penais governadas pelos que

praticam delitos tidos como hediondos ou a eles equiparados, seja em face da

Constituição Federal de 88, da Lei dos Crimes Hediondos ou da Lei de Prevenção e

Repressão à Prática de Tortura, existiu por vários anos, sempre com a vitória da corrente

jurisprudencial contrária á progressão, em desacordo com a melhor doutrina e métodos

interpretativos, resultado esse com base nos precedentes do STF, apesar da validade

científica dos argumentos dos defensores do caráter normativo relativamente aos

princípios constitucionais fundamentais, atingindo o ápice com a súmula nº 698 pelo

Pretório Excelso, acompanhada da vigência da Lei nº 10.792/2003, diploma legal este

merecedor de críticas diante da reforma do artigo 112 da Lei de Execução Penal e da

legalização do chamado Regime Disciplinar Diferenciado.(MARCÃO, 2012, p. 158).

Não há, portanto, vedação expressa à progressão de regime prisional durante

o tempo de cumprimento da sanção disciplinar denominada regime disciplinar

diferenciado (RDD). Não é possível alcançar tal vedação por qualquer forma de

interpretação, notadamente a ampliativa, já que a conclusão seria sempre em prejuízo do

preso, e bem por isso não autorizada.

Seria ilógico admitir que em razão do crime pelo qual foi condenado o preso

poderia obter progressão, mas que em razão de ter sido submetido a regime disciplinar

diferenciado num determinado tempo, estaria proibida a progressão de regime por todo

o período de duração da sanção disciplinar. É de se admitir, portanto, a possibilidade de

progressão de regime prisional estando o preso submetido a regime disciplinar

diferenciado, devendo cada caso ser apreciado com especial atenção, ficando afastada,

portanto, a genérica e superficial conclusão no sentido da impossibilidade do benefício

por incompatibilidade. (MARCÃO, 2012, p. 190).

Deve-se observar, por fim, que mesmo recebendo a progressão, por

exemplo, para o regime semi-aberto, o preso deverá cumprir a sanção disciplinar

integralmente, antes de ir, de fato, para o novo regime. Vale dizer: deverá cumprir todo

o tempo restante de regime disciplinar diferenciado antes de ver efetivada sua

transferência para o novo regime. No que tange ao livramento condicional o mesmo

raciocínio se impõe, no que for compatível, para admiti-lo como viável àqueles que se

encontrem sob regime disciplinar diferenciado, observados os requisitos específicos do

livramento. (MARCÃO, 2012, p. 190).

27

5 DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO RDD

5.1 Crítica a constitucionalidade do RDD com fundamento na teoria do direito

penal do inimigo e na doutrina

O Direito penal do inimigo é uma teoria, dita Feindstrafrecht, na língua

original, trazida por GüntherJakobs, doutrinador alemão que a sustenta desde 1985. A

tese de Jakobs está assentada em três pilares: antecipação da punição;

desproporcionalidade das penas e relativização e/ou supressão de certas garantias

processuais e criação de leis severas direcionadas à clientela (terroristas, delinquentes

organizados, traficantes, criminosos econômicos, dentre outros) dessa específica

engenharia de controle social. (BONHO, 2006, online)

Conforme Jakobs, fiel discipulo de Welzel, em sua tese afirmativa,

legitimadora e justificadora da doutrina objeto de estudo, tem-seque o inimigo é aquele

que se afasta de modo permanente do Direito, não oferecendo garantias cognitivas de

que vai continuar fiel ao que prevê o ordenamento jurídico. Os inimigos são aqueles que

devem ser tratados com não cidadão, não seriam pessoas e, consequentemente, não

sujeitos de direitos, não tendo direitos processuais.Caso o Estado não consiga enxergar

o inimigo e o trate como pessoa está colocando em situação de vulnerabilidade o direito

e a segurança da coletividade.(GOUVÊA, 2011, online)

Ao analisar as características do Direito Penal do Inimigo, percebe-se que

aqueles que defendem tal teoria admite a medida de segurança e não a pena, se sabe que

a primeira pode adquirir um caráter perpétuo,visto que, realizam a análise da

periculosidade e não da culpabilidade, contrariando o Direito Penal vigente, veem o

futuro do inimigo e não o que ele de fato fez, absurdos inadmissíveis em pleno século

XXI. (GOUVÊA, 2011, online).

Na visão de Jakobs existe uma bipartição do Direito Penal, um para os

deliquentes não inimigos e outro para os inimigos que são considerados pessoas que

representam perigo para o Estado. Aos primeiros que são considerados cidadãos, o

acesso aos direitos e garantias penais e processuais é mantido e aos segundos, uma

verdadeira operação de guerra é iniciada, um vale tudo, já que o inimigo do Estado

perdeu o status de cidadão. O inimigo como ameaça ao Estado deve ficar confinado a

maior parte de tempo possível.(GOUVÊA, 2011, online).

28

As principais bandeiras do Direito Penal do Inimigo são a flexibilização

do princípio da legalidade, a inobservância de princípios básicos, aumento

desproporcional da pena e outras mais. Com base nessas características do direito penal

do inimigo, os defensores da inconstitucionalidade do RDD sustentam que o referido

regime é fruto da teoria em comento, pois se assemelham em diversos pontos.

Os que repudiam o RDD trazem inúmeros comentários a respeito

do princípio da humanidade das penas, que prega que o condenado ou o

provisoriamente preso como violador da ordem jurídica deve ter direitos restringidos,

mas não deixa de carregar consigo sua ínsita dignidade humana, devendo-se evitar um

sofrimento desnecessário ao preso. Para eles, a inconstitucionalidade do RDD é gritante,

de um barulho ensurdecedor, já que é de conhecimento geral que o aprisionamento e a

exclusão social não são soluções para a violência ou criminalidade.

Imagine-se o isolamento, daquele que já se encontra segregado da sociedade

extra e intramuros, de forma que tal segregação tornou-se uma maneira de criar um

território e personalizar o mal.Em consequência, todos que estão do lado de fora desse

território são considerados cidadãos de bem, que precisam ser protegidos do mal que se

esconde intramuros, analisando o aprisionamento como algo normal. Desta forma, o que

acontece ao condenado submetido ao RDD, que é considerado um malintra-muros e

precisa de um tratamento mais severo é a segregação mais intensa, caracterizada pelo

isolamento total. Para os que criticam o RDD é possível observar, sem muito esforço,

que o regime em comento como modelo disciplinador é tão falho quanto o regime de

segregação “normal” pior do que o segundo, que não reeduca, não recupera, promove

exclusão social com consequências inimagináveis. (GOUVÊA, 2011, online)

As críticas ao RDD são intensas, ao ponto de se afirmar que o sistema penal

é moldado, delineado através da improvisação,sofrendo poderosas pressões da opinião

pública. Têm-se, portanto, o entendimentosegundo o qualo falido sistema carcerário e a

sua vertente denominada RDD só leva à compreensão de que o cativeiro não pode

ensinar a ser livre e incita reações contrárias que oprimem, segregam e deixam marcas

indeléveis da perversidade do sistema. O RDD não é um laboratório de construção da

cidadania, da transformação e da inclusão social, muito pelo contrário é o espaço da

humilhação, da segregação na forma de isolamento e da exclusão social.(GOUVÊA,

2011, online).

Observa-se a seguinteopinião doutrinária no que tange a relação entre RDD

e a teoria do direito penal do inimigo:

29

[...]Diante da análise dos temas objeto de estudo, tornou possível traçar um

paralelo entre o Direito Penal do Inimigo e o Regime Disciplinar

Diferenciado, ambos são de ensurdecedora inconstitucionalidade, de negação

do Direito constituído, das garantias adquiridas a custa de muita luta e de

muito sangue derramado, um verdadeiro retrocesso na Ciência do Direito que

se permite ser manipulada de acordo com situações insurgentes no território

nacional e que nos transforma em bobos da corte. É inadmissível que o Poder

Legislativo alheio ao clamor da comunidade jurídica promulgue leis em

função do clamor social, transparecendo a sua incompetência e opta por um

Direito Penal Simbólico que acalma os ânimos dos desavisados que não

percebem que leis promulgadas em função de clamor social se transformam

em letra morta para o verdadeiros delinquentes, pois vivemos o Direito Penal

da seletividade, onde os eleitos para abarrotar os cárceres são os menos

favorecidos e nós operadores do direito muitas vezes quedamos inerte diante

da injustiça que mata as esperanças , que exclui e cria regimes de

desesperança como o aclamado pelo povo e conhecido pela alcunha de RDD. (GOUVÊA, 2011, online)

A discussão acerca da inconstitucionalidade do RDD se dá em razão das

peculiaridades do referido instituto, que são, por sua natureza, mais severas. Com

relação a duração do RDD, como já se viu, pode atingir o patamar máximo de trezentos

e sessenta dias, os quais podem ser repetidos por igual período. A Lei das Execuções

Penais, em seu artigo 58, estipula tal período sendo o mesmo uma ressalva ao Regime

Disciplinar Diferenciado. O que se pode concluir é que o isolamento, por si, não pode

ser considerado inconstitucional. Entretanto, teria sido mais razoável, por parte do

legislador, se o prazo tivesse guardado compatibilidade com aquele já estabelecido na

Lei, qual seja, o de trinta dias.A ressalva feita pelo legislador, mormente o fato de este

prazo poder ser dobrado, torna, no entendimento de parte da doutrina, a medida

desumana, torturante e cruel. (SILVA, 2009, online)

Com relação ao cometimento de falta grave, entende-se que deve o

transgressor ser passível de punição. Esta, no entanto, se resguardar de

proporcionalidade e respeito à dignidade da pessoa humana, isto é, deve haver uma

ponderação entre a privação ou restrição do direito e a finalidade perseguida com a

incriminação prevista. A sanção prevista deve estar compatível com o grau de

ofensividade a fim de que não se cometam excessos. No que tange as hipóteses de

cabimento, tem-se como cabível o RDD aos presos provisórios ou condenados,

nacionais ou estrangeiros que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do

estabelecimento penal/sociedade ou quando recair, sobre o preso provisório ou

30

condenado, fundadas suspeitas de envolvimento ou participação em organizações

criminosas, quadrilha ou bando.(SILVA, 2009, online).

Diferentemente da hipótese acerca docometimento de falta grave, essas duas

condições, ora expostas, não são hipóteses as quais relatam algo que o agente

efetivamente praticou.Baseiam-se, portanto, em suposições e suspeitas, afastando-se,

dessa forma, do Direito Penal do fato e aproximando-se do Direito Penal de autor, ou

seja, o agente recebe uma sanção pelo que supostamente é e não pelo que fez.Os críticos

reagem e defendem que essas condições, apesar de amplamente aplaudidas pela mídia e

pelo legislador, revelam uma violação ao princípio da presunção de inocência e ao

princípio da dignidade da pessoa humana.(SILVA, 2009, online)

É preciso destacar, ainda, que muitos autores que defendem a

inconstitucionalidade do RDD também proclamam que ele fere a individualização da

pena, já que extrapola o regime de cumprimento de pena imposto na sentença e faz com

que o condenado sofra duas vezes pelo mesmo fato, incorrendo em bis in idem. Sendo,

portanto, um instituto de gravidade extrema que provoca, de forma inequívoca,

constrangimento ao condenado e ao seu direito de liberdade, não se trata de uma

simples sanção, mas de uma repressão séria que pode causar prejuízos à integridade

física e psíquica no condenado por uma coisa que supostamente participa.(SILVA,

2009, online).

Com esses argumentos, alguns doutrinadores defendem a

inconstitucionalidade do Regime Disciplinar Diferenciado frente à Constituição e a

legislação infraconstitucional, onde, segundo eles, os direitos e garantias dos presos

estão sendo violentamente espancados com a imposição do regime em análise, que na

verdade seria, em suas concepções, uma fábrica de futuros psicóticos em

potencial.(SILVA, 2009, online).

Têm-se o entendimento doutrinário segundo o qual a criação do RDD, foi na

verdade, uma manobra política frente as incessantes reivindicações da sociedade, diante

de tanta violência e da inércia legislativa. O RDD seria, portanto, uma espécie de “tapa

buraco”, que tenta conter um vazamento de nível alarmante sem recursos suficientes

para isso, tendo, portanto, resultados previsíveis. O legislador se esquece de que o preso

não é um eterno condenado e que ele voltará às ruas, só que agora com os malefícios

psicológicos, morais e até físicos que o RDD acarretou, fazendo com que o preso volte

às ruas ainda mais violento do que já foi um dia e a promessa de ressocialização acaba

sendo frustrada em razão da ineficácia do regime, levando consigo toda a esperança da

31

sociedade em ter mais segurança e do próprio preso que agora virou um eterno

condenado pois esta sendo tratado assim pelo Estado. (ABREU, 2008, online).

O Conselho Nacional de Política Criminal de Penitenciária (CNPCP)

fundamentou conclusão defendendo a inconstitucionalidade do RDD, mais

especificamente sobre a duração do regime, o conselho manifestou-se com o

entendimento de que o isolamento de 360 dias é cruel, desumano e degradante, que vai

contra os princípios da dignidade e da humanidade da pena estabelecidos

naConstituição Federal,devendo o prazo ter guardado coerência com o que já constava

em lei: trinta dias.

O texto constitucional traz que:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel

dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado

Democrático de Direito e tem como fundamentos:

[...]

III - a dignidade da pessoa humana;

[...] (BRASIL. Constituição, 1988).

O artigo 5º do mesmo dispositivo ensina:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes: [...]

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou

degradante;

XLVII - não haverá penas: [...]

e) cruéis;[...]

(BRASIL. Constituição, 1988.)

Analisando os textos constitucionais acima, em conjunto com as

características do RDD resta clara a total inconstitucionalidade do regime. O isolamento

do preso em até 360 dias, com apenas duas horas diárias para banho de sol caracteriza-

se como uma penalidade degradante, cruel e atentatória a dignidade da pessoa humana.

Defende-se uma profunda e isenta análise em sede de princípios, tanto

morais quanto éticos, porque ao se condenar alguém a um regime diferente dos demais,

que, aliás, cruento ao extremo, seria o mesmo que riscar da Carta Magna as garantias

fundamentais do indivíduo, haja vista que para a correntedefensora da

inconstitucionalidade do regime o RDD é uma afronta gritante a princípios trazidos pela

Constituição, tais como o princípio da dignidade da pessoa humana, princípio da

legalidade, principio da individualização da pena, entre outros, bem como uma violação

ao Pacto de São José da Costa Rica, a Convenção contra a tortura e a Declaração dos

Direitos do Homem. (SILVA, 2009, online)

5.2 A inconstitucionalidade do RDD na jurisprudência

32

É importante salientar que o RDD é considerado perfeitamente válido e,

portanto, constitucional no entendimento dos Tribunais Superiores. A prova disso é a

sua aplicação nos estabelecimentos penais de segurança máxima. Ocorre que, mesmo

sendo o RDD aplicado e amparado na maioria dos julgados, desperta inúmeras críticas

na doutrina, conforme já visto, em razão da severidade do regime perfeitamente

identificada em suas características.

Embora o RDD tenha sido considerado constitucional no entendimento dos

Tribunais Superiores, no ano de 2006 a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de

São Paulo, por votação unânime, determinou a remoção de Marcos Willians Herbas

Camacho, o Marcola, do RDD. Marcola foi apontado, na época, como o mandante da

série de 251 ataques a forças de segurança e de 80 rebeliões de presos que atingiu

diversos pontos de São Paulo.O defensor da tese foi o desembargador Borges Pereira e a

fundamentação da decisão foi sustentada na inconstitucionalidade do regime em

análise.(PORFÍRIO, 2006, online)

A 1ª. Câmara Criminal do TJ paulista já havia defendido a

inconstitucionalidade do RDD, ao julgar pedido de Habeas Corpus de uma detenta

transferida para o regime diferenciado depois de uma rebelião na Penitenciária

Feminina do Butantã, em São Paulo. O entendimento consubstanciado pela 1ª Câmara,

naquele período, foi o de que o RDD ofende “mortalmente” a Constituição Federal. Os

desembargadores afirmaram que a Resolução 026/2001 da Secretaria da Administração

Penitenciária, que criou o regime, foi ato de secretário de Estado, a quem não cabe

legislar sobre matéria penal, nem penitenciária. (PORFÍRIO, 2006, online)

Segue o voto do relator Borges Pereira no Habeas Corpus - processo nº

978.305.3/0-00:

“HABEAS CORPUS” - Processo nº 978.305.3/0-00

Impetrante: MARIA CRISTINA DE SOUZA RACHADO

Paciente: MARCOS WILLIANS HERBAS CAMACHO

Voto nº 5714

[...]

Com efeito, toda afronta aos Direitos Individuais dos cidadãos brasileiros,

independentemente de raça, credo, condição financeira etc, desde que cause

constrangimento ilegal, é, e sempre deverá ser passível de "habeas corpus". É

de se observar, inclusive, que a impetrante questiona não só a ilegalidade

RDD, como também pleiteia a transferência do detento para outro presídio da

rede Estatal. 2. No que pertine ao mérito do pedido, razão assiste à

33

impetrante. É de se observar inicialmente não se poder deixar de considerar o

grave momento vivido pelas instituições públicas, fruto de dezenas de anos

de descaso para com as causas sociais, originando o nascimento de

verdadeiro Estado Paralelo, que a medida ora questionada visa enfrentar.

[...]

Trata-se, no entanto, de medida inconstitucional, como se sustenta a seguir:

O chamado RDD (Regime disciplinar diferenciado), é uma aberração jurídica

que demonstra à saciedade como o legislador ordinário, no afã de tentar

equacionar o problema do crime organizado, deixou de contemplar os mais

simples princípios constitucionais em vigor. Já no seu nascimento, a medida

ofende mortalmente a Constituição Federal, desde que a resolução SAP nº

026/01, que cria o regime disciplinar diferenciado, é ato de secretário de

Estado, membro do Poder Executivo, a quem não cabe legislar sobre matéria

penal, nem tampouco penitenciária, segundo a Constituição Federal (arts. 22,

I e 24, I). Assim, a inexistência de procedimento legislativo e da necessária

edição de lei federal, é que deveria bastar para demonstrar a inviabilidade de

sua efetivação, configurando evidente constrangimento ilegal. Destarte, não

cabe a ninguém, nem mesmo ao juiz da execução, determinar ou legitimar

regressão (ou transferência) a regime penitenciário inexistente em lei.

[...](PORFÍRIO, 2006, online)

No mesmo sentido, tem-se o voto do relator Marco Nahum, Habeas

Corpus nº 893.915-3/5-00:

“HABEAS CORPUS” - 893.915-3/5-00 – São Paulo

Impetrante: BEL. LUÍS HENRIQUE MARQUES

Paciente: PRISCILA RODRIGUES DE SOUZA

Voto nº 9048 [...]

Independentemente de se tratar de uma política criminológica voltada apenas

para o castigo, e que abandona os conceitos de ressocialização ou correção do

detento, para adotar “medidas estigmatizantes e inocuizadoras”próprias

do “Direito Penal do Inimigo”, o referido “regime disciplinar diferenciado”

ofende inúmeros preceitos constitucionais.

Trata-se de uma determinação desumana e degradante (art. 5º, III, da CF),

cruel (art. 5º, XLVII, da CF), o que faz ofender a dignidade humana (art. 1º,

III, da CF).

[...]

O desequilíbrio em favor do excesso de segurança com a conseqüente

limitação excessiva da liberdade das pessoas implica, assim, em ofensa ao

Estado Democrático.

Neste sentido, o próprio Conselho Nacional de Política Criminal e

Penitenciária, ao entender como inconstitucional o citado regime disciplinar,

ainda deixou evidente que a medida “é desnecessária para a garantia da

segurança dos estabelecimentos penitenciários nacionais e dos que ali

trabalham, circulam e estão custodiados, a teor do que já prevê a Lei

7.210/84”.

[...](PORFÍRIO, 2006, online)

Entretanto, a decisão da 1ª Câmara Criminal de São Paulo não foi aceita

pacificamente. O Ministério Público de São Paulo ingressou com recurso especial no

STJ (Superior Tribunal de Justiça) e com recurso extraordinário no STF (Supremo

Tribunal Federal) para que fosse anulado acórdãoque considerou inconstitucional o

RDD, tendo fundamento o pedido na tese de que o RDD é previsto como modalidade de

34

sanção disciplinar e como medida cautelar pela Lei de Execuções Penais. O MP

entendeu que, no caso em questão, não houve violação ao princípio da dignidade

humana, à proibição da submissão à tortura, a tratamento desumano e degradante e ao

princípio da humanidade das penas. (SILVA, 2009, online)

5.3 Constitucionalidade do RDD fundamentada em argumentos doutrinários e na

jurisprudência.

Com relação ao posicionamento daqueles que defendem a

constitucionalidade do RDD, é possível identificar o entendimento de que o regime é

uma ferramenta constitucionalmente legítima e por se tratar de medida restritiva de

direitos, as autoridades competentes devem logicamente empregá-la com cuidado,

porém, sem qualquer receio, quando tal instrumento mostrar-se útil para não permitir

que ações de desmoralização institucional venham a se instalar no corpo

estatal.(MAGALHÃES, 2007, online)

No que tange a aplicação do RDD como medida cautelar, que, como já

vimos, é alvo de inúmeras críticas,tem-se o entendimento de queo poder geral de

cautela, utilizado no Processo Penal, deriva dos princípios gerais do direito e tem

afinalidade de tutelar o processo principal com medidas que possibilitem o

desenvolvimento regular e a prestação jurisdicional útil e efetiva na ação principal.

Portanto, se uma determinada medida é insuficiente para a solução de um caso concreto

o Juiz tem o dever de adotar outra medida mais eficaz, adequada e

proporcional.(MAGALHÃES, 2007, online)

Quanto á adoção do RDD como medida cautelar, conclui-se que a

prevenção de uma ação criminosa evitará a ocorrência de um dano irreparável, como,

por exemplo, o caso recente dos transportes públicos que foram queimados, no Rio de

Janeiro, fruto de organizações criminosas que atuavam dentro dos próprios presídios. As

ações em comento comprometeram a integridade física e até mesmo a vida de inúmeros

cidadãos.

Para os defensores da constitucionalidade do RDD, o regime é

extremamente eficaz devendo ser aplicado, pois observa o princípio da

proporcionalidade, ou seja, aqueles que ameaçam a ordem social de modo mais

ostensivo devem ser tratados com medidas proporcionais ao risco que representam, não

havendo que se falar em inconstitucionalidade. Ainda com relação à defesa da

35

constitucionalidade do RDD cita-se o princípio da isonomia, devendo haver

tratamentoaos iguais de forma igualitária, mas também impõe que aos desiguais seja

destinado um tratamento diferenciado, na exata medida em que essa desigualdade

exigir.

O desenvolvimento da sociedade, da tecnologia e também da criminalidade

impõem a aceitação de que o Estado possa fazer uso de artifícios aptos a inibir

imediatamente a reiteração de práticas que afrontam, sobremodo, a ordem pública.

Quanto ao argumento de que o regime constitui um sofrimento desnecessário e inócuo,

os que são a favor do regime relembram as declarações em um depoimento obtido pelo

„Fantástico‟, da TV Globo, levado ao ar no dia 09/11/2003, em que o traficante Beira-

Mar revela como é a vida sob o Regime Disciplinar Diferenciado. Segundo ele, o RDD

oferece assistência psicológica, social e o tratamento dos funcionários é perfeito, não

havendo do que reclamar nesse sentido. (MAGALHÃES, 2007, online).

Nessa linha vai à reflexão de Fernando Capez, afirmando a

constitucionalidade do RDD:

Entendemos não existir nenhuma inconstitucionalidade em implementar

regime penitenciário mais rigoroso para membros de organizações criminosas

ou de alta periculosidade, os quais, de dentro dos presídios, arquitetam ações

delituosas e até terroristas. É dever constitucional do Estado proteger a

sociedade e tutelar com um mínimo de eficiência o bem jurídico, pelo qual os

interesses relevantes devem ser protegidos de modo eficiente. O cidadão tem

o direito constitucional a uma administração eficiente (CF, art. 37, caput).

Diante da situação de instabilidade institucional provocada pelo crescimento

do crime de organizado, fortemente infiltrado no sistema carcerário

brasileiro, de onde provém grande parte de crimes contra a vida, a liberdade e

o patrimônio de uma sociedade cada vez mais acuada, o Poder Público tem a

obrigação de tomar medidas, no âmbito legislativo e estrutural, capazes de

garantir a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito. Prova da

importância que nossa CF confere a tais valores encontra-se o art. 5º, caput,

garantindo a todos o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, bem como no inciso XLIV desse mesmo artigo, o qual

considera imprescritíveis as ações de grupos armados, civis ou militares,

contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Assim, cediço de que

não existem garantias absolutas, e que essas devem harmonizar-se formando

um sistema equilibrado. (CAPEZ, 2012, p. 411)

Cléber Masson,também corroborando com a constitucionalidade do RDD,

traz o seguinte posicionamento:

Entretanto, não nos parece o caminho correto. O regime é severo, rígido,

eficaz ao combate do crime organizado, mas nunca desumano. Muito ao

contrário, a determinação de isolamento em cela individual, antes de ofender,

assegura a integridade física e moral do preso, evitando contra ele violências,

ameaças, promiscuidade sexual e outros males que assolam o sistema

penitenciário.

36

O tratamento legal mais rigoroso está em sintonia com a maior

periculosidade social do seu destinatário. Quem busca destruir o Estado,

criando governos paralelos tendentes ao controle da sociedade, deve ser

enfrentado de modo mais contundente. Não se pode tratar de igual maneira

um preso comum e um preso ligado às organizações criminosas. Além disso,

o interesse público exige a proteção das pessoas de bem, mediante a efetiva

segregação de indivíduos destemidos e incrédulos com a força dos poderes

constituídos pelo Estado. ( MASSON, 2012, p.596)

A jurisprudência também fundamenta o entendimento favorável à

constitucionalidade do RDD. No Habeas Corpus nº 257899 RJ 2012/0225785-6, a

defesa sustentou, dentre outras coisas, o constrangimento ilegal e a restrição de direitos

básicos. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça, entendeu pela constitucionalidade

do RDD relatando:

Ementa: HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO

ESPECIAL. DESCABIMENTO. EXECUÇÃO DA PENA. REGIME

DISCIPLINAR DIFERENCIADO. PRORROGAÇÃO.

FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. GARANTIA DA SEGURANÇA

PÚBLICA.

1. Os Tribunais Superiores restringiram o uso do habeas corpus e não mais o

admitem como substitutivo de recursos outros, nem sequer para as revisões

criminais. 2. Muito embora a Lei de Execução Penal assegure ao preso o

direito de cumprir sua reprimenda em local que lhe permita contato com

familiares e amigos, tal garantia não é absoluta, podendo o Juízo das

Execuções, de maneira fundamentada, indeferir o pleito se constatar ausência

de condições no novo acolhimento. 3. Na hipótese dos autos, a prorrogação

da permanência do condenado em regime disciplinar diferenciado foi

justificada por sua alta periculosidade e influência em organizações

criminosas, motivos suficientes para justificar a medida excepcional e

descaracterizar o constrangimento ilegal aduzido. 4. Habeas corpus não

conhecido.(STJ - HC: 257899 RJ 2012/0225785-6, Relator: Ministro

MOURA RIBEIRO, Data de Julgamento: 18/02/2014, T5 - QUINTA

TURMA, Data de Publicação: DJE 21/02/2014)

Nesse sentido, no HC 40.300- RJ decidiu a 5ª turma do Superior Tribunal de

Justiça:

[...]

O Regime Disciplinar Diferenciado é previsto, portanto, como modalidade de

sanção disciplinar (hipótese disciplinada no caput do art. 52, da LEP) e,

também, como medida cautelar (hipóteses dos §§ 1º e 2º da LEP),

caracterizando-se pelas seguintes restrições: permanência do preso em cela

individual, limitação do direito de visita e redução do direito de saída da cela,

prevista apenas por 2 (duas) horas. Assim, não há falar em violação ao

princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), à proibição da

submissão à tortura, a tratamento desumano e degradante (art. 5º, III, da CF)

e ao princípio da humanidade das penas (art. 5º, XLVII, da CF), na medida

em que é certo que a inclusão no RDD agrava o cerceamento à liberdade de

locomoção, já restrita pelas próprias circunstâncias em que se encontra o

custodiado, contudo não representa, per si, a submissão do encarcerado a

padecimentos físicos e psíquicos, impostos de modo vexatório, o que

somente restaria caracterizado nas hipóteses em que houvesse, por exemplo,

o isolamento em celas insalubres, escuras ou sem ventilação. Ademais, o

sistema penitenciário, em nome da ordem e da disciplina, bem como da

37

regular execução das penas, há que se valer de medidas disciplinadoras, e o

regime em questão atende ao primado da proporcionalidade entre a gravidade

da falta e a severidade da sanção. Outrossim, a inclusão no RDD não traz

qualquer mácula à coisa julgada ou ao princípio da segurança jurídica, como

quer fazer crer o impetrante, uma vez que, transitada em julgado a sentença

condenatória, surge entre o condenado e o Estado, na execução da pena, uma

nova relação jurídica e, consoante consignado, o regime instituído pela Lei

n.º 10.792/2003 visa propiciar a manutenção da ordem interna dos presídios,

não representando, portanto, uma quarta modalidade de regime de

cumprimento de pena, em acréscimo àqueles previstos pelo Código Penal

(art. 33, CP). Pelo mesmo fundamento, a possibilidade de inclusão do preso

provisório no RDD não representa qualquer ofensa ao princípio da presunção

de inocência, tendo em vista que, nos termos do que estabelece o parágrafo

único do art. 44 da Lei de Execução Penal, "estão sujeitos à disciplina o

condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso

provisório". (...) Por fim, considerando-se que os princípios fundamentais

consagrados na Carta Magna não são ilimitados (princípio da relatividade ou

convivência das liberdades públicas), vislumbra-se que o legislador, ao

instituir o ora combatido Regime Disciplinar Diferenciado, atendeu ao

princípio da proporcionalidade. Alexandre de Moraes, em sua obra

"Constituição do Brasil Interpretada", consigna que "a simples existência de

lei não se afigura suficiente para legitimar a intervenção no âmbito dos

direitos e liberdades individuais. É mister, ainda, que as restrições sejam

proporcionais, isto é, que sejam adequadas e justificadas pelo interesse

público e atendam ao critério da razoabilidade. Em outros termos, tendo em

vista a observância dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, cabe

analisar não só a legitimidade dos objetivos perseguidos pelo legislador, mas

também a necessidade de sua utilização, isto é a ponderação entre a restrição

a ser imposta aos cidadãos e os objetivos pretendidos"(in Constituição do

Brasil Interpretada e Legislação Constitucional , 4ª edição, Editora Atlas

S.A., 2004, p. 170). Dessa forma, tenho como legítima a atuação estatal ao

instituir o Regime Disciplinar Diferenciado, tendo em vista que a Lei n.º

10.792/2003 busca dar efetividade à crescente necessidade de segurança nos

estabelecimentos penais, bem como resguardar a ordem pública, que vem

sendo ameaçada por criminosos que, mesmo encarcerados, continuam

comandando ou integrando facções criminosas as quais atuam tanto no

interior do sistema prisional – liderando rebeliões que não raro culminam

com fugas e mortes de reféns, agentes penitenciários e/ou outros detentos –

quanto fora, ou seja, em meio à sociedade civil. Mais uma vez utilizando os

percucientes ensinamentos do já citado Alexandre de Moraes (obra

mencionada, p. 169), vale registrar que "os direitos fundamentais não podem

ser utilizados como um verdadeiro escudo protetivo da prática de atividades

ilícitas, nem tampouco como argumento para afastamento ou diminuição da

responsabilidade civil ou penal por atos criminosos, sob pena de total

consagração ao desrespeito a um verdadeiro Estado de Direito.”

[...](STJ - HC: 40300 RJ 2004/0176564-4, Relator: Ministro ARNALDO

ESTEVES LIMA, Data de Julgamento: 07/06/2005, T5 - QUINTA TURMA,

Data de Publicação: DJ 22/08/2005 p. 312 RT vol. 843 p. 549)

A jurisprudênciado Superior Tribunal de Justiça observada consubstancia

seu entendimento no sentido de não existir direito absoluto. O posicionamento é,

portanto, a favor da aplicação do RDD, sendo uma medida excepcional válida à luz da

legislação vigente, devendo os direitos dos presos serrelativizados diante da falta grave

cometida, ou mesmo, da necessidade de defesa da ordem pública. O Tribunal Superior

em comento entende que o RDD está embasado pelos princípios constitucionais da

38

proporcionalidade e da legalidade, sendo a inclusão do paciente realizada através de

fundamentadas provas produzida pelo próprio procedimento disciplinar.

39

6 CONCLUSÃO

Assim, tendo em vista a análise feita ao Regime Disciplinar Diferenciado,

instituído pela Lei 10.792/03,fica claro que tal instituto surgiu como uma reação às

diversas ondas de ataques fruto das ações de organizações criminosas que, embora

com integrantes seus presos, continuavam comandando o crime de dentro dos

presídios.

O RDD, para alguns, representa um forte instrumento de combate a

insegurança gerada pelo comportamento reprovável do preso, sendo cabível para o

preso, provisório ou definitivo, de modo repressivo ou cautelar. Para os defensores do

RDD, não é justo conceder o mesmo tratamento ao preso que tem bom comportamento

e aquele que continua a ameaçar o bom funcionamento do ordenamento jurídico. Isto,

pois, ferir os fundamentos do principio constitucional da igualdade, assegurando

direitos iguais à situações distintas. O tratamento mais rigoroso ao apenado estaria,

pois, em consonância com a periculosidade do seu comportamento. O RDD,portanto,

seria um garantidor da ordem e da disciplina, sendo fundamental para a proteçãoda

sociedade e do próprio condenado e fornecedor de uma administração efetiva,

resguardando, assim, a ordem pública.

Para outra corrente de pensamento, no entanto, o regime em comento é

uma afronta às garantias asseguradas pela Constituição Federal, pois sua natureza

implica em medidas drásticas que comprometem severamente o psicológico do

apenado, submetendo-o a um tratamento cruel e desumano e sendo completamente

ineficaz para a sua ressocialização.

Os críticos do RDD entendem que a divisão dos presos no sistema

penitenciário normal e no regime de segurança máximagera um constrangimento

àqueles que foram submetidos ao RDD, pois tal enquadramento seria uma forma de

rotulá-los como pessoas nocivas à sociedade e assemelha-se à teoria do direito penal

do inimigo, que dividia os presos de acordo com o grau de periculosidade. De acordo

com a referida teoria, aqueles presos menos ofensivos eram apenados, mas mantinham

seus direitos e eram considerados cidadãos; já os presos mais perigosos eram

considerados inimigos do Estado e da sociedade, perdiam seus direitos e a condição de

cidadão, sendo submetidos a tratamentos severos e desumanos. Está, o RDD, pois,

afinado com o Direito Penal do Inimigo, no qual encontra fundamento.

40

No desenvolver do trabalho foi possível analisar a jurisprudência havendo

decisões contra e a favor do RDD. Em meio a tantas discussões doutrinárias no que

tange à constitucionalidade do RDD, os Tribunais Superiores ora trabalham o regime

em estudo sob um enfoque bastante positivo,ressaltando, contudo, a necessidade de

observância às condições mínimas necessárias de infraestrutura para que o apenado

possa cumprir a sanção imposta em condições dignas.

O Superior Tribunal de Justiça entende não existir direito absoluto, devendo

os direitos dos presosserrelativizados diante da falta grave cometida, ou mesmo, da

necessidade de defesa da ordem pública, diante dos lideres e integrantes das facções

criminosas, responsáveis por fugas e rebeliões, que mesmo encarcerados, comandam

as quadrilhas ou organizações criminosas.

Tem-se a conclusão de que, sem dúvida, os presos que apresentam um

comportamento mais ostensivo, pondo em risco a ordem social, devem ser tratados de

modo diferenciado, isto é, deve haver políticas preventivas que sejam eficazes no

combate ao crime organizado. Entretanto, entende-se que o RDD, da forma como se

aplica, não constitui uma medida eficaz no que tange ao objetivo de ressocializar e

extravasa os limites impostos pela Constituição Federal. É certo que a extinção do

RDD, sem se pensar em outro sistema mais eficaz, representaria um verdadeiro

colapso á ordem social, pois, em termos ostensivos, o regime cumpre sua função.

Entretanto, a eficácia ostensiva não o torna constitucional e no que tange ao objetivo

de ressocialização o RDD é completamente falho.

41

REFERÊNCIAS

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Brasília, DF, Senado, 1941

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