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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA RAFAELA MENEZES ALMEIDA DESENHO INFANTIL: O RECORTE DE UMA EXPERIÊNCIA COM CRIANÇAS DO GRUPO DOIS DA ESCOLA A CHAVE DO TAMANHO. Salvador 2009

RAFAELA MENEZES ALMEIDA DESENHO INFANTIL: O … · 2.4 O Desenho como Linguagem Segundo Moreira e Derdyk ... Apresentam-se concepções do desenho na visão de Piaget, ... especificidades

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

RAFAELA MENEZES ALMEIDA

DESENHO INFANTIL: O RECORTE DE UMA EXPERIÊNCIA COM CRIANÇAS DO GRUPO DOIS DA ESCOLA A CHAVE DO TAMANHO.

Salvador 2009

RAFAELA MENEZES ALMEIDA

DESENHO INFANTIL: O RECORTE DE UMA EXPERIÊNCIA COM CRIANÇAS DO GRUPO DOIS DA ESCOLA A CHAVE DO TAMANHO.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, Campus I, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia, sob orientação dos Professores Walter Von Czékus Garrido e o Prof.Drº. Antônio Amorim.

Salvador 2009

RAFAELA MENEZES ALMEIDA

DESENHO INFANTIL: O RECORTE DE UMA EXPERIÊNCIA COM CRIANÇAS DO GRUPO DOIS DA ESCOLA A CHAVE DO TAMANHO.

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Pedagogia - Licenciatura em Educação Infantil, do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, Campus I, para avaliação, em ____ de ____________ de 2009 pela seguinte banca examinadora.

Orientador: Professor Walter Von Czékus Garrido e o Prof .Dr.Antônio Amorim.

Departamento de Educação - UNEB/Campus I

Banca:

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Salvador

2009

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me manter forte e iluminado os meus caminhos.

Aos meus pais, Arnaldo e Fátima, pelos exemplos de determinação e força para superar os obstáculos e pelas palavras de incentivo, além de demonstrarem a todo tempo, o orgulho e confiança depositado em mim.

As minhas irmãs, Renata e Gabriela, por estarem ao meu lado durante as madrugadas para me ajudarem na finalização deste trabalho.

As crianças, por serem fontes de inspiração, ternura e respeito.

As amigas, Pricila Carvalho e Tatiana Rodrigues pela disponibilidade em colaborar intensamente na realização deste trabalho e pela amizade, tem coisas que nunca vão deixar de ser. A Daniela Bitencourt, obrigada por me fazer sorrir, em todos os momentos. A Éden pela preocupação e pelas palavras de incentivo e apoio. A tia Jailma e vó Ieda pela colaboração e disponibilidade.

Ao professor Garrido, palas palavras de motivação e pela atenção, compreensão e paciência durante a realização deste trabalho, a sua orientação foi imprescindível para obter êxito na minha Monografia.

A Escola A chave do Tamanho, por me proporcionar a oportunidade de trabalho com as crianças e por tornar possível a realização da minha pesquisa.

Enfim, a todos que mesmo distante me apoiaram e torceram por mim.

Dedico este trabalho ao meu querido avô, poeta e autodidata Arnaldo de Almeida (in memorian), pelo exemplo de vida.

"Mais vale a angústia da busca, do que a paz da acomodação".

Fernando Pessoa

RESUMO

Este trabalho tenta compreender o desenho de crianças entre dois e três anos de idade, compreendidos como garatujas. Tem como objetivo analisar a livre expressão através das garatujas produzidas pelas crianças dessa faixa etária e observar questões relacionadas ao papel do professor no processo do desenho infantil. Para melhor contextualizar, apresenta-se um breve histórico sobre parte da história da infância e o surgimento da educação infantil. Depois são destacadas algumas considerações sobre o desenvolvimento infantil. Essa discussão também levanta questões relevantes sobre o desenho, como o papel do professor, concepção do desenho como linguagem e a livre expressão. Os principais teóricos deste estudo foram: Piaget, Luquet, Moreira, Derdyk, Lowenfeld, entre outros. A pesquisa aborda as garatujas das crianças, apresentando imagens e relatos das observações de uma experiência no grupo dois da escola A Chave do Tamanho. Palavras-Chave: Desenho infantil-Garatuja. Educação Infantil. Livre expressão nos desenhos. Artes Visuais.

RESUMEN

Este trabajo intenta comprender el diseño de niños entre dos y três años de edad, entendidas como garatujas. Tiene como objeto analizar la libre expresión a través de las garatujas hechos por niños de este grupo de edad y observar cuestiones relacionadas con el papel del profesor en el proceso de diseño para niños. Para un mejor contexto, presentase um recojido de la historia de la infancia y la aparición de la educación de la primera infancia. Después destacanse algunas consideraciones sobre el desarrollo infantil. Esta discusión también plantea algunas preguntas interesantes sobre el diseño, el papel del profesor, concepción del dibujo como lenguaje y la libre expresión. El marco principal de este estudio fueron : Piaget, Luquet, Moreira, Derdyk, Lowernfeld, entre otros. La investigación aborda los garabatos de los niños , con fotos y informes de las observaciones de un experimento en el grupo 02 de la escuela A Chave do Tamanho. Palabras-clave : Dibujo de niños-Garatuja. Educación de La primera infancia. Libre expresión en los dibujos. Artes Visuales.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................9 CAPÍTULO 1- CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO.......................12 CAPÍTULO 2- COMPREENDENDO ACRIANÇA E SEUS RABISCOS.............21 2.1 Desenvolvimento Infantil..............................................................................21 2.2 Desenho Infantil: Aspectos Históricos..........................................................23 2.3 O Ensino das Artes Visuais – O Papel do Professor...................................27 2.4 O Desenho como Linguagem Segundo Moreira e Derdyk..........................29 CAPÍTULO 3- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................32 3.1 Opção por um Caminho..............................................................................32 3.2 Caracterização da Escola............................................................................33 3.3 Caracterização das Crianças.......................................................................35 CAPÍTULO 4- ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................37 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................50

INTRODUÇÃO Partindo de um breve histórico da história social da infância, em que se mostra a

condição da criança entre os séculos XVII e XVIII, até os dias atuais, o presente

trabalho apresenta tópicos relevantes que destacam a importância do papel criança

na sociedade. As preocupações com a criança começaram a surgir no século XVII.

Essas preocupações foram resultado de idéias oriundas de teóricos como Froebel,

Rousseau, entre outros, que se inquietavam com fato da criança ser tratada como

um adulto em miniatura.

A partir dessas idéias houve mudanças significativas em relação à valorização da

educação das crianças que até então não correspondia à fase em que a mesma se

encontrava. A partir desta perspectiva à educação de crianças começa a obter

espaços a fim de colaborar com o desenvolvimento saudável da criança,

oportunizando-a a viver de acordo com a sua faixa etária. Devido a essas

observações, surgem discussões a fim de reconhecer a infância com um período

diferente, que tem suas características próprias, as quais precisam ser respeitadas

de acordo com suas especificidades.

Para compreender a evolução no grafismo de crianças de dois e três anos, faz-se

necessário destacar aspectos históricos da infância nos diferentes contextos

históricos, sociais e culturais. A partir do interesse em compreender o desenho como

uma atividade, através da qual é possível expressar sentimentos, pensamentos,

emoção, frustrações, surgiu à necessidade de observar as produções gráficas de

crianças entre dois e três anos de idade com o intuito de compreender de que

maneira a livre expressão nos desenhos possivelmente influência no

desenvolvimento gráfico destes.

Segundo Derdyk, (1994, p.51) o desenho manifesta o desejo da representação, mas

também o desenho, antes de mais nada, é medo, é opressão, é alegria, é

curiosidade, é afirmação, é negação. Ao desenhar a criança passa por um intenso

processo vivencial e existencial. Assim, o desenho não é apenas uma aparição

gráfica realizada com lápis e papel, estes materiais possibilitam revelar as

sensações e emoções da criança com o mundo que a cerca.

Por esse motivo, é importante ressaltar a inserção da criança no ambiente

educativo. Visto que depois da instituição familiar, é no espaço escolar, que a

criança é inserida. Dessa forma, a escola tem o papel de conduzí-la dentro desse

novo contexto sócio-cultural, considerando sempre as especificidades da infância.

Faz-se necessário também, destacar os documentos nacionais que asseguram o

direito à educação de crianças de zero a seis anos, com o objetivo de garantir a

criança uma educação que contemple os aspectos cognitivos, físicos, emocionais.

Esse estudo analisa o desenho infantil de crianças do grupo dois, enfatizando a fase

compreendida como Garatujas, na escola A Chave do Tamanho. A questão principal

é mostrar como através do grafismo dessas crianças, que estão no período sensório

– motor o seu desenvolvimento e as suas variadas formas de expressão. Dessa

forma, vale considerar o papel do desenho espontâneo para a livre expressão das

crianças. Assim como verificar a postura da professora desse grupo, nos momentos

das atividades gráficas.

De acordo com as observações e questões expostas no trabalho, o processo

metodológico escolhido para conseguir compreender os objetivos e questões

propostas, foi a pesquisa-ação participante. Foram realizadas revisões de literaturas

a respeito do tema abordado, a fim de entender como a liberdade de expressão é

utilizada através do desenho espontâneo.

A intenção desse estudo é saber através das interações e observações do

pesquisador com os sujeitos, as maneiras como as crianças se expressam através

do desenho, principalmente no desenho livre e como essas atividades artísticas

(gráficas) são desenvolvidas e mediadas pelo professor.

A fim de proporcionar maiores informações sobre o tema em questão, a pesquisa

tem objetivo descritivo e exploratório. Com o enfoque da pesquisa aplicada, objetiva

gerar conhecimentos para a aplicação prática dirigida a soluções de problemas

específicos. Quanto aos procedimentos técnicos, com a intenção de coletar

informações e conhecimentos prévios a cerca do tema, foram realizados no decorrer

do estudo revisões de livros, artigos e documentos relacionados à história social da

infância, desenho infantil, entre outros.

Esta monografia consta de quatro capítulos. O primeiro capítulo traz um breve

panorama da história social da infância durante os séculos XII até os dias atuais e

destaca o surgimento da Educação Infantil. No segundo capítulo, discute-se sobre o

desenvolvimento infantil, enfatizando o período sensório-motor, correspondente aos

sujeitos estudados. Logo depois, é destacado sobre o interesse a cerca do desenho

infantil desde o século XIX até os dias atuais. Apresentam-se concepções do

desenho na visão de Piaget, Luquet, Gardner, entre outros. Destaca-se ainda, o

papel do professor durante o processo de desenvolvimento do desenho das

crianças.

O terceiro capítulo tem como finalidade caracterizar o espaço escolar e os sujeitos

pesquisados, além de levantar algumas questões relevantes sobre o grafismo das

crianças. O quarto capítulo destina-se a relatar e analisar as questões levantadas no

capítulo anterior. Apresentando imagens e descrevendo alguns desenhos produzidos

pelas crianças do grupo dois da escola A Chave do Tamanho.

CAPÍTULO 1- CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

“Quando vejo uma criança ela me inspira; ternura pelo que ela é respeito pelo que ela poderá ser” Piaget.

Para compreender o objetivo deste estudo, faz-se necessário destacar parte da

história social da infância. Ou seja, abordar como a criança foi considerada nos

séculos anteriores e como ela é atualmente. Vale ressaltar que a depender do

contexto social e histórico que a criança está inserida ela será vista de maneiras

diferentes.

De início, é importante conceituar o que é infância. Do latim infanta, fase da vida

humana que vai do nascimento à puberdade; fase que é caracterizada pela falta de

eloqüência e dificuldade em explicar-se. É tida como uma fase da vida humana na

qual a criança não é capaz de falar de si própria e o discernimento encontra-se de

acordo com o nível de desenvolvimento desta. A criança é totalmente dependente

dos adultos.

Porém, o termo infância varia de acordo com o contexto social, histórico e cultural

considerado. Pois, essa fase é além de tudo uma construção que envolve o

histórico-cultural e social. A infância torna-se a fase mais importante na vida do ser

humano, pois é nesse período que ela constituirá o alicerce para sua vida adulta.

Esse alicerce, diz respeito aos aspectos sociais, afetivos, intelectuais, cognitivos e

psicomotores.

Daí a relevância de tratar a criança como tal, considerando suas individualidades e

especificidades nas fases do seu desenvolvimento. Algo que não ocorria nos

séculos anteriores, nos quais a criança era considerada como um adulto em

miniatura.

Segundo Heywood (2004, p.13), “a fascinação pelos anos da infância é um

fenômeno relativamente recente”, ou seja, durante muitos séculos a infância não era

considerada como uma fase importante e demorou algum tempo para que as

ciências sociais e humanas se interessassem por pesquisar sobre a infância e

consequentemente a criança.

Por isso é necessário destacar a importância da criança no espaço educativo. Pois,

depois da família, é nesse contexto social que a criança é inserida. Essa instituição

tem então o papel de direcioná-las dentro do contexto sócio-cultural, considerando

sempre as especificidades da infância.

Sendo um dos pioneiros a defender os propósitos da Educação Infantil, Froebel

(1895) considera o início da infância como uma fase importante e decisiva na

formação do ser humano. Assim ele cria uma instituição com o intuito de proteger a

criança, o que não era possível ver anteriormente, devido ao pensamento que existia

até final do século XVII, onde a criança era vista como um adulto e inclusive

realizava atividades e trabalhos iguais aos mesmos.

É importante destacar que essas mudanças ocorreram logo após da idéia trazida por

Rousseau (2004), para ele a infância era a fase em que o individuo desenvolve-se

fisicamente, fase esta em que a criança não deveria mais ser tratada como um

adulto mirim. Segundo ele, era necessário amar a infância, favorecer as

brincadeiras, seus prazeres, seu amável instinto (ROUSSEAU, 2004,p.98). Sendo

assim, a criança precisava de uma educação na qual deveria ter liberdade para viver

e aproveitar o que esse período de descoberta lhe proporcionava.

A valorização para com a educação de crianças aparece quando Froebel cria o

conceito de jardim de infância e destaca a importância da espontaneidade na

educação infantil, dando ênfase às atividades lúdicas principalmente as atividades

de livre expressão, onde a criança tem a oportunidade de ter contato com diversos

tipos de materiais .

Para Conrad (2000, p. 55):

Froebel considerou o jardim-de-infância como primeira etapa de um ensino educacional unificado direcionado a todos. (...) com isso fica evidente que seu jardim-de-infância não se reduzia ao atendimento de crianças, cujas mães trabalhavam, mas como instituição para todos e longe do modelo vigente de uma infância apenas cuidada para proteger [...].

A partir das considerações dos autores citados acima, percebe-se que a infância é

uma fase importante na vida do indivíduo, portanto deve ser aproveitada com

liberdade respeitando o desenvolvimento natural da criança.

Após a exposição das idéias de Froebel e Rousseau, são criadas no final do século

XVII na Europa as primeiras instituições escolares, que atendiam crianças de zero

aos seis anos. Nesse contexto, a criança começa a ter um tratamento diferenciado.

Segundo Pinto (1997 p.44): a infância constitui uma realidade que começa a ganhar contornos a partir dos séculos XVI e XVII. (...) As mudanças de sensibilidade que se começa a verificar a partir do Renascimento tendem a deferir a integração no mundo adulto cada vez mais tarde e, a marcar, com fronteiras bem definidas, o tempo da infância, progressivamente ligado ao conceito da aprendizagem e de escolarização. Importa, no entanto, sublinhar que se tratou de um movimento extremamente lento, inicialmente bastante circunscrito às classes mais abastadas [...].

De acordo com a situação histórica social e cultural, a Educação Infantil tomou no

decorrer dos séculos rumos diferentes. No Brasil, essas instituições foram

chamadas de Creches Populares e se referiam as questões de higiene, alimentação

e segurança para os filhos daquelas que com a Revolução Industrial começam a

trabalhar e precisavam de um lugar para deixar seus filhos. Em meados do século

XVIII e ao longo do século XIX, a criança passou a ser o centro de interesse

educativo dos adultos.

Oliveira (2005, p.62), analisa essa questão afirmando que:

a criança começou a ser vista como sujeito de necessidades e objeto de expectativas e cuidados situados em um período de preparação para o ingresso no mundo dos adultos, o que tornava a escola um instrumento fundamental [...].

Assim, no ano de 1919 cria-se o Departamento da Criança no Brasil que era mantido

através de doações, quando deveria ser obrigação do Estado. As instituições

voltadas para o atendimento de crianças em idade até os seis anos surgem no final

do século XIX.

Essas instituições tinham o caráter assistencialista cujo objetivo era afastar a criança

do trabalho que o sistema capitalista impunha naquele momento. Assim a primeira

função dessas instituições era a de abrigar as crianças, sem nenhuma intenção

educativa. Esses estabelecimentos tinham caráter filantrópico até a década de 1920,

quando deu-se inicio o movimento da Escola Nova, o qual busca a democratização

do ensino.

Esse é o momento histórico que a criança começa a ser vista com mais atenção e

preocupação no que diz respeito às fases do seu desenvolvimento, ou seja, nesse

momento, a criança é considerada como um ser que tem particularidades e as

mesmas precisam ser respeitadas.

Porém, é a partir da Constituição Federal de 1988 que a pré-escola e as creches são

consideradas extremamente fundamentais e de direito de todas as crianças,

contando com a colaboração e incentivo da família e da sociedade como é citado no

artigo 205:

"A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho".

A Educação Infantil foi conceituada, no art. 29 da L.D.B Nº 9394/96, como sendo

destinada às crianças de zero até seis anos de idade, com a finalidade de

complementar a ação da família e da comunidade, objetivando o desenvolvimento

integral da criança nos aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais. É

importante destacar que a Educação Infantil passou a ser dividida da seguinte

maneira: creche para crianças até três anos e pré-escola de quatro a seis anos.

Com a criação do Referencial Curricular Nacional (RCNEI), documento que se

constitui a partir das concepções de criança, infância e educação, propondo-se a

guiar e fundamentar a prática pedagógica em nível nacional, a educação escolar

definirá um novo rumo para o desenvolvimento infantil na escola. Pois, o mesmo traz

conceitos inerentes ao desenvolvimento integral das crianças:

Compreender, conhecer, e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da educação infantil e de seus profissionais. Embora os conhecimentos derivados da psicologia, da antropologia, sociologia, medicina, etc. Possam ser de grande valia para desvelar o universo infantil apontando algumas características de ser das crianças, elas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças [...] (RCN, 1998, p.22).

De acordo com o RCNEI, a criança deverá ser atendida como um ser completo que

observa, sente e pensa o mundo que a cerca. Isso deverá ser compreendido e

executado pelos profissionais da Educação Infantil.

Diante dessas considerações, torna-se relevante trabalhar conceitos na sala de aula

que reconheçam e dêem valor a cada etapa do processo de desenvolvimento da

criança. Assim, os professores da Educação Infantil devem utilizar de acordo com o

RCN um conjunto de procedimentos didáticos metodológicos que deverão estar

adequados a cada faixa etária, para que os objetivos propostos sejam alcançados.

Sabe-se que desde seu nascimento a criança necessita de cuidados, atenção e

carinho para que tenha um desenvolvimento saudável, assim faz-se necessário levar

em conta a existência dos meios pelos quais é possível atingir o objetivo de

liberdade de expressão das crianças. Desta forma, é necessário que a criança possa

expressar-se livremente para que haja um melhor desempenho no seu

desenvolvimento.

Uma dessas expressões pode ser o desenho, que permite o desenvolvimento da

capacidade criadora e expressiva da criança, que além de ser fruto de uma ação

motora, manifesta um ritmo biopsiquico de cada indivíduo, encadeado com uma

repetição proveniente de uma ordem imperiosa que vem lá de dentro (Derdyk, 1994,

p.59).

Freneit (1973), com o “Método natural” optou pela livre expressão, permitindo que a

criança desenhe de forma livre e que avance por meio dessas experiências e tenha

o adulto como mediador. Desta forma o educador tem um papel fundamental no

processo educativo, a fim de colaborar e incentivar a liberdade e espontaneidade no

ato de desenhar, pois através do grafismo o professor pode perceber como se

encontra a criança emocionalmente e intelectualmente.

A atividade do desenho é utilizada pela criança para registrar percepções,

conhecimentos, emoções, vontades e imaginação. Assim, através do desenho é

possível que a criança desenvolva emoções, habilidades e a imaginação criativa

Ferreira (1996). Assim através do desenho a criança pode expressar seus desejos,

emoções, angústias e frustrações, principalmente aquelas que ainda não possuem

oralidade, ou seja, para as crianças que se encontram no estágio sensório-motor,

período que vai desde o nascimento até os dois anos de idade.

O desenho é um excelente instrumento de possível identificação do estado

emocional e intelectual das crianças. Uma criança que ao rabiscar demonstra traços

fortes, ou não querem fazer, esses são sinais notórios que estas crianças estão

certamente passando por algum desequilíbrio emocional ou intelectual.

Durante o período sensório motor a criança compreende o mundo através das mãos.

Nesse estágio a criança aprimora a sua coordenação visual e motora. Ao perceber o

mundo através das mãos, a criança demonstra prazer ao manusear um instrumento

gráfico, que produz efeito no papel ou em outra superfície através dos movimentos

motores.

É exatamente nessa fase que se configura o objeto do estudo, ou seja, crianças de

dois e três anos que ainda não expressam através da oralidade o que pensam e o

que sentem. Elas podem através dos seus rabiscos demonstrarem seus sentimentos

e pensamentos. No momento em que ela rabisca o papel, ela imprime tudo aquilo

que falaria através de palavras.

É válido ressaltar que os sujeitos da pesquisa estão em fase de transição para o

estágio pré-operatório, quando passa a desenvolver os esquemas simbólicos,ou

seja, quando envolvem uma idéia existente a respeito de algo (DAVIS & OLIVEIRA,

1990). E estas se encontram na fase das garatujas em seus desenhos, que é uma

fase do desenho infantil que é compreendida por traços, rabiscos aleatórios que

podem ser fortes, leves e são produzidos sem intencionalidade por parte das

crianças nesta fase, de representar algo através deles.

Por se tratar de crianças entre dois e três anos de idade, é necessário que a escola

disponha de um espaço adequado, onde as crianças tenham mais liberdade para

aprimorar suas experiências sensoriais, possibilitando o contato com os diversos

materiais artísticos para que as crianças descubram texturas formas e sensações.

Esse espaço na sala de aula deve possibilitar o fácil acesso destes materiais a fim

de iniciar as crianças na produção artística.

Contudo a criança nem sempre tem a intenção de transmitir algo através dos seus

grafismos. As artes visuais, compreendidas como uma linguagem que possui

características próprias, aqui especificamente o desenho, assim como o teatro, a

dança e a música se constituem como linguagem, portanto é uma das formas

importantes de expressão e comunicação humana. Além de expressar experiências

sensíveis e interiores e pensamentos afetivos, intuitivos e cognitivos.

Desta forma, é válido oferecer diferentes materiais para as crianças, a fim de instigar

e ampliar a capacidade de expressão e o conhecimento que tem de mundo, por isso

quanto maior for à variedade de experiências apresentadas às crianças, maior será

a possibilidade de qualidade no desenvolvimento do grupo.

Conforme já foi destacado, é fundamental que a criança se expresse livremente.

Mesmo rabiscando sem a intenção de representar algo no papel, o momento no qual

ela segura o lápis é algo apenas gestual que provoca prazer ao traçar sem

representar o real, apenas o imaginário e suas emoções naquele instante.

É nesse momento que o professor da Educação Infantil precisa ter sensibilidade

para perceber as diferentes formas de expressão da criança a fim de respeitar,

valorizar e compreender as fases do seu desenvolvimento, pois a criança não pode

ser obrigada a realizar algo que não é da sua vontade no momento. Ela também não

deve ser interrompida no instante em que esta desenhando.

É preciso que a espontaneidade do desenho seja valorizada na sala de aula da

Educação Infantil, principalmente na fase em que as crianças colaboradoras da

pesquisa se encontram, já que nessa idade a mesma não é capaz de desenhar com

a finalidade de representar algo real.

Meridieu (2006) denomina essa fase inicial, da evolução do grafismo de fase da pré-

história do desenho infantil ou fase do desenvolvimento informal. Nela a criança

rabisca instigada pelo prazer tátil-cinestésico e só depois percebe que produziu um

traço. No plano gráfico a evolução inicia com esses rabiscos (movimentos oscilantes

e giratórios), que em seguida ganham precisão, acompanhando o progresso motor.

A falta de linguagem e de função simbólica, tais construções se efetuam exclusivamente apoiadas em percepções e movimentos, ou seja, através de uma coordenação sensório motora das ações, sem que intervenha a representação o pensamento [...] (PIAGET & INHELDER,1980,p.12).

Para isso, é fundamental abordar temas relacionados à educação infantil,

principalmente, no que se refere às contribuições do desenho para o

desenvolvimento infantil no âmbito escolar.

Dessa forma, a arte gráfica pode contribuir para o desenvolvimento da criança, pois,

conforme Lowenfeld e Brittain, os desenhos das crianças são sempre observados

com entusiasmo e prazer:

Os desenhos contem uma originalidade e um frescor de concepção que é a própria essência da infância. Em particular, as crianças menores expressão suas idéias, seus pensamentos e suas emoções com tanta honestidade e franqueza que podem ser quase perturbadoras para os adultos [...] (LOWENFELD & BRITTAIN, 1970, p.128).

Esse resultado se dá devido à espontaneidade no desenho o que causa certa inveja

por parte dos adultos que não conseguem se expressar com a facilidade das

crianças. Por isso é importante que o professor da educação infantil sempre estimule

a capacidade criadora da criança. Desta forma, o objetivo será alcançado no

momento que o educador torne-se sensível ao universo do grafismo infantil como

cita Derdyk (1994):

Para o educador da pré-escola é essencial absorver a noção da possível inter-relação e interdependência de todas as instâncias físicas, psíquicas, emocionais, culturais, biológicas, simbólicas,

enfim, de tudo o que concorre para o pleno desenvolvimento da criança [...] (DERDYK, 1994, p.15).

Em síntese é importante que os professores da Educação Infantil, tenham

consciência do seu papel no processo de desenvolvimento das crianças, por isso

eles devem considerar cada criança como ser individual e especial, que devem ser

tratadas de acordo com as suas necessidades e especificidades. Portanto o

educador deve ter sensibilidade para lhe dar com as situações no que diz respeito a

criança e o seu desenho.,

CAPÍTULO 2 - COMPREENDENDO A CRIANÇA E OS SEUS RABISCOS

As crianças através dos seus rabiscos podem expressar pensamentos e

sentimentos. Para compreender, de que forma ocorre o desenvolvimento do

grafismo infantil de crianças de dois e três anos, faz-se necessário destacar alguns

aspectos relevantes nesse processo: o desenvolvimento infantil, breve histórico do

interesse pelo desenho infantil e a função mediadora do professor da educação

infantil. Destacando algumas considerações sobre o desenho como linguagem

segundo Moreira e Derdyk.

2.1-DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Para Piaget (1980), o desenvolvimento humano é influenciado por diversos fatores

que são: a hereditariedade (questão genética); o crescimento orgânico (aspecto

físico); a maturação neurofisiológica (implica nos padrões de comportamento) e o

meio (social - altera os padrões de comportamento). Além desses fatores, o

desenvolvimento humano é abordado por quatro aspectos: o aspecto físico-motor; o

intelectual; o afetivo-emocional e o social. Esses aspectos se relacionam, ou seja,

não se pode encontrar um exemplo de um só deles. Porém pode-se estudar o

desenvolvimento global a partir do destaque de um desses aspectos.

Piaget dá ênfase ao desenvolvimento intelectual e divide o desenvolvimento

humano por períodos e destaca a questão de que cada período é caracterizado por

aquilo que de melhor o individuo consegue fazer nas diferentes faixas etárias. São

eles: 1º período: Sensório-Motor (0 a 2 anos); 2º período: Pré- Operatório (2 a 7

anos); 3º período: Operações Concretas (7 a 11 ou 12 anos); 4º período: Operações

Formais (11 ou 12 anos em diante).

A fim de explicar as características dos sujeitos analisados no trabalho em questão,

faz-se necessário destacar a fase em que a criança encontra-se. As crianças

estudadas têm entre dois e três anos e estão na fase sensório-motora em transição

para o período pré-operatório. Neste período, a criança encontra-se no

desenvolvimento de traços, os rabiscos.

Durante o período Sensório-Motor, a criança conhece o mundo pela manipulação.

Ela conquista através da percepção e dos movimentos, todo o universo ao seu

redor. Com o nascimento, a vida mental da criança está restrita ao exercício dos

aparelhos reflexos a exemplo disso, a sucção do leite materno. Aos poucos a

criança desenvolve a sua coordenação motora e visual.

Nesse período a criança ainda não tem habilidades e percebe o meio social com

simplicidade e subjetividade, imitação crescente, pesquisa de movimentos,

curiosidade e exploração de materiais diversos. Todos esses aspectos são de

grande importância no ambiente educativo. Pois conhecendo o educando, sabe-se

como e o que “ensinar”. Como já foi destacado anteriormente, para uma criança de

quatro anos é utilizada uma linguagem que não pode ser utilizada para uma criança

de dois anos, por exemplo.

Ao analisar o desenvolvimento infantil, faz-se necessário tomar conhecimento de

certas individualidades das crianças, referente a fase em que a mesma se encontra.

Isso implica no entendimento dos comportamentos das crianças, durante os

diferentes estágios de seu desenvolvimento. Assim é importante que a criança não

seja tratada como um adulto, pois ela tem características inerentes á sua idade e

existem maneiras de perceber, compreender e se comportar diante do mundo,

próprias de cada faixa etária (PIAGET, 1980).

A criança com dois anos evolui de um comportamento de passividade para uma

atitude mais ativa participando tanto com as pessoas que esta convive quanto com o

ambiente, no qual a mesma está inserida. Ela faz uma integração com o meio

através da imitação de regras. Principalmente, quanto a sua oralidade, que mesmo

pronunciando poucas palavras, a sua fala tem característica imitativa.

Assim como nos fala Piaget, que a interação e a comunicação entre os indivíduos

são as consequências mais evidentes da linguagem. Conclui-se, então, que a

linguagem gráfica ou oral, será consequência da interação, no caso da criança com

o meio social que esta estiver inserida. Logo, é importante considerar o espaço

escolar e os professores sujeitos decisivos no processo de desenvolvimento da

criança.

Assim, o ambiente escolar e o professor tornam-se relevantes nesta pesquisa, pois

configuram-se como mediadores do mundo das artes visuais pela criança. O

professor deve oferecer informações no decorrer do processo de conhecimento da

criança sobre a arte, principalmente o desenho. De acordo com Dutra (1996, p.36),

isso envolve aspectos estéticos que estão relacionados à educação da visão, ao “saboreo” das imagens, à leitura do mundo em termos de cores e espaço; e propiciam ao sujeito a construir a sua interpretação do mundo, pensar sobre as artes e por meio das artes., já que este faz parte do meio social da criança [...]

Ou seja, para ela já que o professor faz parte do meio social que a criança está

inserida ele tem o papel fundamental de apresentar e estimular proporcionando o

interesse pelo mundo das artes pela criança.

2.2- DESENHO INFANTIL: ASPECTOS HISTÓRICOS

Para abordar o interesse sobre o desenho infantil, é necessário considerar alguns

aspectos históricos no que diz respeito à arte. Explicitando fatos ocorridos desde

metade do século XIX até o início do interesse sobre o universo do grafismo infantil.

No final do século XIX surge o interesse científico sobre o desenho infantil. Os

primeiros estudos relacionavam ao ramo da Psicologia Experimental. Com o passar

do tempo esses estudos se intensificaram e houve um interesse maior deles para

outras áreas como na Pedagogia, Sociologia e Psicologia.

Esse interesse aparece logo depois das idéias pedagógicas de Rousseau, quando

considera que a criança não deve ser tratada como um adulto em miniatura. A arte

até segunda metade do século XIX tinha como uma de suas funções a de

representar o real. Ou seja, a representação era sinônimo de imitação, cópia da

natureza. Vai ser a partir do Renascimento que a arte vai ter uma nova concepção

de representação, agora com o intuito de criar a ilusão de um espaço real.

Com o século XX, as pesquisas sobre o desenho infantil aumentaram e contribuíram

para a Psicologia Infantil e até os dias atuais esses estudos são utilizados nas áreas

da Psicologia e da Educação.

Dubuffet (apud Meredieu, 2006, p.5) tenta mudar a visão sobre o desenho de

crianças, com ele o desenho infantil adquire um valor exemplar, pois a criança

realmente pinta e desenha pela primeira vez, usando a sua imaginação e livre

expressão “... ainda se produzem inícios primitivos na arte, como os que são

encontrados nas coleções etnográficas ou simplesmente no quarto das crianças”.

Foram então essas modificações do ato de criação que permitiu a descoberta do

universo gráfico e plástico infantil.

A representação gráfica infantil ou desenho infantil é uma das técnicas do conteúdo

de Artes Visuais, além de ser um instrumento de fundamental importância para o

desenvolvimento de conhecimentos. Desde a Antiguidade os seres humanos

demonstram o conhecimento do mundo através do desenho como força criativa e

representação de aspectos culturais. Existem diversos autores e estudiosos que

trazem concepções sobre o desenho, a exemplo de Luquet (1913 e 1969) que

considera o desenho como construção de conhecimentos, para ele, a representação

gráfica é uma refração, ou seja, uma interpretação do objeto pela criança.

Já Gardner (1982) considera o desenho como simbolização e faz uma junção dos

aspectos cognitivos e afetivos na interpretação dos desenhos das crianças. Esta

pesquisa não irá levantar quaisquer questionamentos sobre as concepções dos

autores citados.

De acordo com os estudos realizados, percebe-se que os rabiscos fazem parte das

primeiras manifestações da arte na criança. Entre dois e três anos de idade, a

criança ainda não faz desenhos com significado representativo. Aos poucos ela vai

realizando traços mais significativos, mas nessa faixa etária o que pode ser

observado são apenas traços leves ou fortes, pequenos rabiscos.

A criança aos poucos consegue construir hipóteses originais da realidade no seu

encontro com o mundo, através dessa ação criadora. É a partir dos primeiros traços

também que a criança inicia o seu poder de expressão de idéias, sentimentos,

emoções, angústias, pois percebe que pode produzir movimentos e traços. Esses

traços são chamados de garatuja.

As garatujas podem ser desordenadas e controladas. As garatujas desordenadas

“são traços fortuitos e a criança parece não se aperceber de que poderia fazer deles

o que quisesse. Variam em comprimento e direção, embora possam repetir-se

algumas vezes, à medida que a criança movimenta o braço para trás para frente

(Lowenfeld & Brittain, 1970, p.120). Já as garatujas controladas começam a ser

desenvolvidas, após seis meses a criança começar fazer rabiscos desordenados”.

Vale ressaltar que garatujar não é só uma atividade sensório-motora sem

comprometimento, inteligível, atrás desta aparente inutilidade contida no ato de

rabiscar, estão latentes segredos existenciais, confidências emotivas, necessidades

de comunicação (DERDYK, 1994, p.64).

Ao observarmos as produções de crianças entre dois e três anos compreendem-se

as habilidades que as mesmas possuem. Elas se expressam através de desenhos,

seja com o lápis, tintas, pedaço de carvão em qualquer superfície seja no papel, no

chão, na areia, na argila, massa de modelar, parede entre outros.

O desenho das crianças evolui gradativamente, acontece de acordo com a sua faixa

etária. E na maioria das crianças essa evolução é parecida, porém com certas

particularidades de temperamento e sensibilidade própria de cada criança. Assim

como a estimulação fornecida pelos adultos que convivem com elas,

A criança após um ano de idade já consegue fazer rabiscos, sendo que isso vai

depender se esta possuir o domínio da sua coordenação motora e visual e de sua

motricidade. Ela já é capaz de segurar o lápis, por exemplo, e exercer pressão

sobre certas superfícies. Nessa idade, o desenho é apenas uma ação sobre a

superfície, mas a criança sente entusiasmo ao ver o efeito visual que produz seus

rabiscos.

Com relação às cores, nessa idade tem papel meramente secundário, sem grande

importância. Só irá desempenhar papel mais relevante quando a criança estiver com

três e quatro anos.

Através do desenho, a criança pode perceber como o movimento gráfico produz

formas de registros e representação de pensamentos. Por isso é importante o

desenho livre na vida da criança, pois pode favorecer um desenvolvimento mais

saudável para ela.

O desenho livre pode ser chamado também de desenho espontâneo. Esse tipo de

desenho é caracterizado por não ser uma atividade dirigida, pré-determinada. A

criança é quem irá expressar em seus rabiscos o que ela própria desejar no

momento, ou seja, de acordo com os seus interesses e sentimentos próprios.

Na área da Psicologia esse tipo de desenho é bastante utilizado, pois através deste

pode-se conhecer a vida afetiva, a psicomotricidade, a inteligência, a personalidade

da criança.

Já para arte-educação, de acordo com Pillar o desenho espontâneo surge com o

advento da modernidade estética e com a educação através da arte. “A finalidade

desta atividade espontânea é de que a criança se expresse sem a intervenção do

adulto”. (Pillar, 1996, p.58)

Atualmente, já percebe-se o valor dado ao desenho, nas escolas o mesmo está aos

poucos deixando de ser uma atividade só de artes e mecânicas. Começando a

aparecer diversas maneiras mais espontâneas e interessantes de realizar atividades

mais prazerosas e livres nos desenhos. Ou seja, é notório que a livre expressão nos

desenhos tem aumentado consideravelmente com o passar dos anos.

Dessa forma, é importante destacar o papel do adulto nos desenhos das crianças. E

de que maneira deve ser a postura do professor da educação infantil em relação ao

grafismo das crianças.

2.3- O ENSINO DAS ARTES VISUAIS - “O PAPEL DO PROFESSOR” O convívio com objetos artísticos pelos alunos é um aspecto importante na ação do

professor, como sujeito oriundo de um processo cultural.

Através de visitas a museus, mostras de arte e exposições estaremos aprendendo a

reconhecer algo, que nós não entendemos através dos livros.

Por isso, torna-se essencial que os professores da educação infantil, principalmente,

tenham uma cultura de “criar” estratégias didáticas que favoreçam as crianças a

desenvolverem nelas o gosto de apreciar a arte, dentro e fora da escola. Isso deve

ser feito desde o início com crianças que chegam à escola com dois, três anos de

idade.

É importante ressaltar que nessa faixa etária as crianças interagem com o

conhecimento social, devemos então levar em consideração seu interesse diante

dos objetos da cultura artística.

O professor de certo modo, tem o papel de mediar para criar um processo de

aproximação das crianças com a cultura da arte. “Enquanto desenham ou criam

objetos também brincam de” faz-de-conta “e verbalizam narrativas que exprimem

suas capacidades imaginativas, ampliando sua forma de sentir e pensar sobre o

mundo no qual estão inseridas”. (RCNEI, 1998, p.93).

Através do desenho a criança tem a capacidade de criar e recriar individualmente

maneiras expressivas unindo a imaginação, a reflexão, à percepção e a

sensibilidade, que poderão ser percebidas através das leituras simbólicas de outras

crianças e dos adultos.

O RCNEI destaca a importância do professor em oferecer variados suportes, com

diferentes tamanhos e espessuras para as crianças utilizarem. Seja para utilização

individual ou em pequenos grupos. Esses materiais devem proporcionar a liberdade

dos gestos soltos, dos movimentos amplos e que permitam também um trabalho de

exploração da dimensão espacial, tão essencial para as crianças de zero á três

anos.

As marcas gráficas realizadas nos diversas superfícies, até mesmo no próprio

corpo, tornam possível a distinção das variadas possibilidades de impressão. E isso

deve ser proporcionado na educação infantil, a fim de estabelecer a possibilidade de

diversos meios através dos quais é possível se expressar, não limitar-se ao papel

É importante que os professores trabalhem com as crianças, os cuidados essenciais

com o corpo e com o corpo das outras crianças. As partes do corpo como os olhos,

nariz, a boca e o ouvido, têm que ter muita atenção, pois as crianças irão utilizar

materiais, instrumentos, e objetos que podem causar acidentes às mesmas.

Por isso, a importância dos professores oferecerem as crianças materiais seguros,

não tóxicos, nem pontiagudos para não machucar e nem provocar danos á saúde

delas. Existem por exemplo tintas e massas de modelar feitas com ingredientes

comestíveis, já que nessa fase a criança leva muita coisa a boca, é preciso que o

professor esteja atento as possibilidades que evitam certos acidentes com os

pequenos.

O professor deve ter certas atitudes durante os trabalhos de arte como criar

situações que se expressem o desenho livre, para que os alunos se expressem

graficamente; oferecer material diversificado, adequado e em quantidade suficiente.

Alem de utilizar o papel, aproveitar um cantinho da sala, transformando em cantinho

da arte, pintar a parede, um azulejo é uma boa possibilidade.

Assim, como colar um papel metro grande na parede e deixar que as crianças

utilizem esse espaço da maneira que quiser se expressar e com o material desejado

por ela. Não se preocupando em sujar as roupas, faz-se necessário que o professor

então tire a camisa dos alunos, assim eles sentiram mais liberdade, conforto e

prazer ao realizar as atividades artísticas.

É necessário, também, que o professor respeite as limitações do aluno,

encorajando-o a se arriscar e não oferecer modelos prontos. Além de conversar com

a criança, ouvindo com atenção suas explicações sobre os desenhos produzidos.

Outra questão importante a ser considerada pelo professor é a interpretação feita

nos desenhos das crianças. Pois para interpretar o desenho de uma criança, é

necessário que o professor tenha conhecimento sobre a mesma, sobre sua

percepção e sua realidade social e cultural.

Ou seja, o desenvolvimento infantil está relacionado com o que já foi destacado

anteriormente, é preciso levar em consideração todos esses aspectos levantados,

de acordo coma faixa etária que a criança se encontra, pois como já foi destacado,

cada fase do desenvolvimento infantil tem características próprias e estas devem

ser respeitadas.

2.4- O DESENHO COMO LINGUAGEM SEGUNDO MOREIRA E DERDYK

“O desenho como linguagem para arte, para ciência e para técnica, é

um instrumento de conhecimento, possuindo grande capacidade de

abrangência como meio de comunicação e de expressão”.

(DERDYK, 1994, p.20)

O desenho da criança é um traço no papel ou em qualquer superfície, mas também

pode ser a maneira como esta compreende o seu espaço de jogo com materiais que

possui. Ou seja, a criança desenha o seu espaço, como pode ser notado durante as

brincadeiras livres destas, onde as mesmas têm diferentes maneiras e que são

individuais de distribuir e colocar seus brinquedos.

Isso faz parte de uma linguagem do desenho do seu espaço lúdico. Segundo

Moreira:

“O que deve ser observado diante de uma criança que desenha é

perceber o que ela quer nos contar, pode ser uma história ou nos

mostrar sentimentos, de desejos, conflitos e receios. Por que o

desenho para ela é uma forma de comunicação, é uma linguagem

como o gesto ou a fala” (MOREIRA, 1990, p.17).

O desenho é a sua primeira escrita, ou seja, antes da criança saber escrever, ela

utiliza o desenho, para tal, como nos falava Mario Andrade “o desenho fala, chega,

mesmo a ser uma espécie de escritura, uma caligrafia”. (DERDYK apud ANDRADE,

1994, p.23)

Durante o ato de desenhar a criança conta a sua história, porém existem crianças

que não desenham para não contar a sua historia, não exprimem seus receios,

angustias, conquistas, enfim suas emoções. Essas crianças possivelmente estão

com dificuldades no nível emocional.

Assim nota-se que dificuldades a nível intelectual, são aquelas que apresentam

elevado comprometimento no desenho. Isso porque durante o ato de desenhar os

sentimentos e o pensamento estão juntos.

Moreira (1990, p.26) destaca ainda que “o desenho marca o desenvolvimento da

infância, contudo existem as variações, ou seja, para cada faixa etária ou estagio

existem características próprias. No primeiro estágio compõem-se as garatujas que

correspondem às crianças até três anos que de rabiscos longitudinais vão se

modificando e vão se arredondando, de formas circulares, se espiralando”. Depois

esta espiral começa a se destacar e surgem então os círculos soltos, as “bolinhas”.

Ao chegar à etapa dos círculos, a criança conquista o esboço de uma

representação, pois é considerado que esse movimento circular possa ser acidental.

É nessa etapa da garatuja que se inicia a nomeação dos desenhos. Vale ressaltar

que a evolução dos desenhos não ocorrem igualmente para todas as crianças, o

desenvolvimento das etapas do desenho infantil é relativo, não significa que uma

criança que já nomeia o seu desenho já é considerada em estar numa fase posterior

a da garatuja, ela continua nessa fase.

Depois dessa etapa, a garatuja assume um aspecto novo. A criança vai começar a

desenhar para dizer algo e assume todas as características trazidas no inicio do

texto. Quando atinge esse aspecto, ainda sim é considerado como a fase da

garatuja, porém já começa a ganhar nomes e a se diferenciar na superfície

desenhada. Lembrando que nem todas as crianças têm a característica de nomear

os seus desenhos.

Mesmo porque, esses nomes sempre se modificam, por exemplo, quando a criança

diz que desenhou uma bola, logo depois se interpelada pelo adulto ou por vontade

própria, já fala que é um barco. Isso confirma que o desenho na fase da garatuja é

algo não intencional da criança representar o real através dele, porém as crianças

podem exprimir algo que não diz com as palavras, por medo ou algum motivo

parecido. Por isso que a técnica do desenho é muito utilizada pelos psicólogos e

psicopedagogos, com a finalidade de descobrir o estado emocional da criança. Se

uma criança, por exemplo, for violentada, ela pode retratar nos seus traços algo que

confirme esse fato.

Dessa forma, Moreira (1990) confirma que a característica de dizer algo nos

desenhos é de fato constante, está sempre presente. É nesse momento que

podemos considerar o desenho como linguagem. Como concorda a autora Derdyk (

Os traços, os rabiscos, as garatujas estão ali, à mostra, escondendo os índices de uma realidade psíquica não imediatamente acessível, exibindo uma atividade profunda do inconsciente. Existe uma vontade de representação como também existe uma necessidade de trazer à tona desejos interiores, comunicados, impulsos, emoções e sentimentos” (DERDYK,1994,p.51)

Ou seja, o ato de desenhar tanto para Derdyk quanto para Moreira é uma

linguagem, assim a criança representa graficamente tudo aquilo que pensa e sente,

mas por algum motivo não o faz através da fala, que é o caso desta pesquisa,

crianças que ainda se encontram em fase de desenvolvimento oral. Porém, mesmo

que o sujeito já tenha a oralidade é possível que este não expresse através das

palavras o que expressaria através dos desenhos.

CAPÍTULO 3. - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta seção tem como objetivo, apresentar o caminho escolhido, ou seja, qual o

procedimento metodológico, qual o tipo de pesquisa que foi utilizada durante o

estudo. Assim como destacar e caracterizar o ambiente e os sujeitos que foram

estudados.

3.1- OPÇÃO POR UM CAMINHO.

O objetivo deste capítulo é relatar a experiência do trabalho desenvolvido com

crianças do grupo 02. Será apresentada aqui a descrição de como o desenho

espontâneo é importante no desenvolvimento e na liberdade de expressão da

criança. A partir da experiência com crianças de dois e três anos, surgiu o interesse

de saber como o desenho espontâneo pode ser trabalhado durante as aulas.

Para isso foi realizada uma pesquisa participante, que surgiu na Psicologia Social de

Kurt Lewin e tem como característica a interação do pesquisador com os sujeitos a

serem estudados, sendo que o objetivo deste tipo de pesquisa é o de encontrar

soluções para possíveis problemas detectados durante o estudo.

Para Demo (1999, p.129), este tipo de pesquisa está direciona à adesão entre

conhecimento e ação, ele diz que a ação “ é um componente essencial também do

processo de conhecimento e de intervenção na realidade. Dessa forma, esse tipo de

pesquisa é importante, pois através desta é possível que o pesquisador envolva-se

com os sujeitos estudados. Por ter essa característica, a pesquisa é de extrema

relevância neste trabalho, pois o contato direto com os sujeitos e com o objeto, aqui

em questão, os desenhos são fundamentais para dar significado ao caminho

percorrido.

Conforme Madeira (1985, p.16), a pesquisa participante “(...) procura ver o homem

em sua totalidade, acreditando em sua potencialidade e em sua capacidade, para

criar e transformar sua própria história”. Ou seja, ele considera essa pesquisa

baseada na filosofia da práxis, destacando a importância de conhecer os membros

estudados e acreditar nas suas potencialidades, no caso da pesquisa da ação

criadora através da livre expressão.

Essa monografia permitiu-me observar e investigar aspectos relevantes no que diz

respeito aos desenhos produzidos pelas crianças e possivelmente encontrar

soluções para eventuais problemas que ocorram no decorrer do percurso do

trabalho. Sendo assim, a pesquisa possibilitou a participação do pesquisador com os

sujeitos (as crianças) e o objeto (o desenho) envolvendo um processo de

investigação, educação e ação com o objetivo de resolver ou identificar prováveis

problemas.

3.2- CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA

O estudo foi realizado na escola A Chave do Tamanho, localizada em um bairro

nobre do município de Salvador, no Imbui. Atuo nesta escola há três anos com o

grupo 02, que corresponde a crianças de dois e três. A instituição faz parte da rede

privada de ensino. Atende a classe média e trabalha desde a educação infantil até o

ensino fundamental dois, que se refere ao nono ano, antiga oitava série

fundamental.

O nome da instituição é uma homenagem ao livro homônimo do escritor Monteiro

Lobato, sua prática pedagógica é baseada no sócio-interacionismo, onde é dado

destaque às possibilidades que o indivíduo dispõe a partir do ambiente em que vive

e que diz respeito ao acesso que o ser humano tem “instrumentos” físicos e

simbólicos desenvolvidos em gerações precedentes (Vigotsky, 1987).

Assim, a escola objetiva que o educando seja orientado para desenvolver sua

criatividade, ser independente e capaz de encontrar respostas para indagações,

tendo sempre o educador como mediador e facilitador desse processo.

Essa escola estudada foi a qual eu estudei toda a minha vida escolar. Ingressei

nessa escola com três anos de idade, na época a escola seguia a linha pedagógica

tradicional. Lembro-me de alguns fatos em que a arte era considerada importante,

porém com traços tradicionais, logo a criança não tinha tanta liberdade para

expressar-se através das artes visuais. Visto que era por se tratar de uma linha

tradicional, que tem um aspecto mecânico, onde era propostas as crianças em

algumas atividades cobrir pontinhos, pintar figuras já prontas (modelos) e desenhar

com intencionalidade prévia do professor.

Com o passar dos anos, hoje, já com 26 anos, a escola estudada direciona o seu

pedagógico para o sócio-construtivismo, ou seja, a criança aprende com a interação

social. A escola possui uma visão positiva das possibilidades dos alunos e aposta na

construção das competências de referência básica para o exercício da cidadania.

Por isso o trabalho pedagógico deverá desenvolver-se de maneira flexível, mas sem

desviar do seu objetivo, através de um padrão metodológico que se sustente em

princípios norteadores claros e bem definidos.

Segundo a direção da escola, faz-se necessário mobilizar interesses, instalar o

entusiasmo e a confiança, desafiar o pensamento, estimular o senso crítico, valorizar

aos avanços, passam a ser diretrizes da atuação do professor, numa busca de tornar

significativo o processo de ensino-aprendizagem. O processo de ensino-

aprendizagem só se torna significativo quando se compreende o conhecimento

como algo dinâmico, vivo, construído a partir de interações entre o sujeito que

conhece e o objeto a ser conhecido.

Sua estrutura física contém um prédio de dois andares e contempla a educação

infantil e o ensino fundamental um e dois. Ou seja, crianças de dois anos até os

quatorze anos de idade. Durante o tempo que estudei na A Chave do Tamanho, ou

seja, exatamente há seis anos, a escola funcionava da educação infantil ao terceiro

ano do ensino médio.

A escolha por pesquisar nessa instituição se deu, pois me sinto lisonjeada em ter

estudado toda a minha vida escolar na mesma e depois ter voltado atuando como

estagiária. Há três anos fui convidada pelas diretoras para participar da equipe de

estagiárias da escola. As diretoras demonstraram orgulho em ter tido uma aluna, que

passou em uma universidade pública e conceituada, e agora volta para fazer parte

da instituição como colaboradora do trabalho muito bem desenvolvido por elas. Por

gostar e me identificar com crianças, principalmente com faixa etária de dois e três

anos, escolhi desenvolver o meu trabalho como estagiária no grupo dois e

permaneço nesse grupo a três anos consecutivos.

É importante que a criança se expresse livremente, foi durante o primeiro ano que

comecei na escola, que esse tema me instigou, já que se trata de uma sala com

crianças de dois e três anos, de que maneira eu deveria atuar para proporcionar e

estimular às crianças a livre expressão e o prazer durante o ato de desenhar. Foi

então que no meu terceiro ano na escola, decidi investigar o papel do grafismo

infantil com crianças de faixa etária correspondente ao meu grupo de atuação.

A partir das revisões bibliográficas feitas durante a pesquisa, percebe-se que o papel

do educador é fundamental no que diz respeito a facilitar e estimular a criança ao

universo do grafismo infantil. Mas para que esse objeto seja atingido é importante

que o educador seja sensível e reconheça nele mesmo a capacidade de ser criativo

naturalmente,

De acordo com Derdyk, (1994, p.7), “é fundamental que o educador de artes

reconheça a si mesmo a capacidade de exercer o ato criativo de uma forma tão

natural quanto comer, dormir e sonhar. A vivência fornece o instrumento para o

educador tornar-se sensível ao universo gráfico infantil”. Desse modo, a autora

considera que o professor, através do cotidiano, conseguirá possivelmente

instrumentos necessários que proporcionam essa sensibilidade nele.

3.3-CARACTERIZAÇÃO DAS CRIANÇAS

Por se tratar de crianças, que de acordo com Piaget (1980) estão no estágio

sensório-motor, é relevante destacar como já foi citado nos capítulos anteriores que

estas apresentam prazer ao rabiscar na superfície do papel, fazendo ainda de forma

aleatória, sem intenção representativa.

Por isso, quando são oferecidos papel e giz cera, por exemplo, na maioria das vezes

as crianças demonstram entusiasmo, pois elas produzem traços leves, fortes,

grandes, ultrapassam o papel, rabiscam nas mesas, viram as folhas e rabiscam no

verso. Isso apenas por prazer ao traçar e poder observar o resultado dos seus traços

no papel.

O grupo dois é composto por doze crianças, sendo sete do sexo masculino e cinco

do sexo feminino. As crianças desta turma demonstram prazer e entusiasmo nos

momentos que o professor-pesquisador oferece os materiais artísticos, tais como:

giz cera, pilot, tintas, cola – colorida, carvão, papel metro, oficio duplo e oficio 3x4.

Depois da rodinha de conversa na qual as crianças relatam (nem todas falam,

devido a sua oralidade ainda em construção) fatos ocorridos durante o final de

semana; o conto de uma história infantil, ou outros motivos, o professor então

convida as crianças para expressarem tudo que foi dito na rodinha, agora no papel.

Existem momentos em que o professor dispõe giz cera e papel para as crianças sem

uma conversa prévia como foi citado acima. Isso com o intuito de que o adulto não

interfira no desenho da criança, para que a mesma expresse o que quiser e como

quiser, pois como já foi destacado nos capítulos anteriores, durante essa fase a

criança não tem intenção de representar algo em seus desenhos. Deixando assim,

que as crianças determinem o que desejam traçar, de acordo com as suas vontades,

seus sentimentos, ou seja, conforme seu estado emocional no momento do ato

gráfico.

Foram observadas durante o estudo, algumas questões relacionadas ao desenho,

se o professor permite que as crianças desenhem espontaneamente, se o professor

comenta os traços delas, ou seja se este demonstra interesse e atenção com os

desenhos, se o professor deixa as crianças finalizarem os seus desenhos(cada uma

no seu tempo) e se o professor disponibiliza materiais artísticos variados.Essas

questões são importantes serem destacadas, pois ambas, interferem na maneira da

criança lhe dar com o ato de desenhar. Ou seja, esses são aspectos que se tornam

fundamentais na maneira como a criança futuramente vai encarar o desenho. Pois é

possível, que com o avanço da idade a criança vá perdendo o interesse pelo

desenho.

CAPÍTULO 4- ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo será feita uma análise descritiva das situações vivenciadas durante o

estudo, com a finalidade de descrever e analisar as situações

Foram observadas algumas questões consideradas relevantes para a monografia

correspondendo aos desenhos realizados pelas das crianças. Uma delas é se

professor proporciona que a criança desenhe espontaneamente, como já foi

destacado é importante o desenho livre na Educação Infantil, principalmente quando

se trata de crianças que ainda não são capazes de representar o real através dos

seus traços, ou seja, crianças de dois e três anos de idade.

Visto que o desenho é uma linguagem que possibilita registrar as emoções dos

sujeitos, é necessário que a livre expressão se configure nas salas de aula. Assim, o

professor tem esse papel de facilitar e estimular essa liberdade de expressão.

Durante as aulas percebe-se que as crianças são estimuladas a desenhar, pois o

professor, muitas vezes traz objetos artísticos para apresentar aos alunos durante as

rodinhas de conversa que ocorrem diariamente, como obras de arte, telas de

pintores famosos, histórias com figuras que chamam atenção pelas cores e pelos

temas escolhidos como de bichinhos, que se configuram como preferência entre os

pequenos.

Nas segundas-feiras é solicitado ao grupo que relatem durante a rodinha como foi o

seu final de semana, se saíram com os pais pra passear no shopping, se foram ao

teatro, praia, casa de algum parente, entre outros. Todas as crianças têm a

possibilidade de contar sobre o final de semana.

Depois da rodinha sobre o final de semana, o professor oferece às crianças papel,

no entanto elas é que escolhem as cores e o tipo de instrumento artístico que vai

utilizar em seu desenho. Porém é válido ressaltar que como já foi visto nos capítulos

anteriores as crianças dessa faixa etária ainda não representam algo em seus

desenhos, por isso dificilmente uma criança com dois anos exprima através do

desenho fatos que ocorreram no seu final de semana.

No entanto, nota-se que uma das crianças utilizou a oralidade e descreveu o seu

final de semana relatando que brincou com a mãe e o pai de carrinho. R.S. (figura 3)

que tem três anos de idade, disse: “brinquei com mamãe e papai de carrinho de

corrida” e assim desenhou diversos carros, com riqueza de detalhes. Enquanto o

aluno desenhava o professor perguntou a ele “o que você está desenhando?” E ele

respondeu “carrinho” e a professora completou “seu carrinho está muito bonito!”.

Depois de algum tempo a professora voltou à mesa de R.S. e viu que ele tinha

desenhado realmente a mamãe, o papai e vários carros, nesse momento ela

percebeu dois carros juntos de frente, com um traço no meio e perguntou “quantos

carros tem aqui?”, apontando. Ele respondeu “dois” pó “e o carrinho bateu”.

No início do ano, ao desenhar, R.S. produzia traços longitudinais, fortes e leves

(figura 1), em maio já apresentava seus desenhos em forma de círculos (figura 2) e

em julho (figura 3) esta criança demonstrou uma evolução no seu grafismo. Pois ele

desenhou com detalhes carrinhos, carrinhos de corrida (maiores) e a figura humana

representada pelo pai pela mãe com olhos e boca, ainda sem o restante do corpo.

Depois de desenhar por toda a folha R.S. entregou seu desenho para a professora,

dizendo: ”acabei meu final de semana pó!”.

Figura 1. Desenho sobre as Férias.

Figura 2. Reconto sobre o Final de Semana.

Figura 3. Reconto sobre o Final de Semana

A partir do relato da experiência com R.S., enquanto ao papel do professor,

observou-se que a professora oferece materiais diferentes para que as crianças

escolham, interpela o aluno sobre o que está desenhando, demonstrando atenção e

interesse, deixa que o aluno desenhe aquilo que ele deseja, mesmo que não seja

sobre o tema da atividade proposta, no caso sobre o final de semana. E ainda é

notório com esse relato que a professora deixa que os alunos terminem a atividade

respeitando o tempo de cada um.

Durante essa mesma atividade Y.S, com idade de dois e dois meses, apresentou

seu desenho ainda na fase dos traços aleatórios (figura 4), esta criança participou da

rodinha sobre o final de semana, mas como ainda está em fase de desenvolvimento

a sua oralidade, esta não relatou o que ocorreu em seu final de semana. Logo, ao

receber o papel ela de inicio quis amassá-lo, depois olhou o papel e sentou-se na

cadeira e começou a rabiscar de forma desordenada, ou seja, só rabiscou pelo mero

prazer que esse ato proporciona. Com alguns minutos depois Y.S. colocou pilot na

boca, quando foi interrompida pela professora, ela deixou o lápis e o papel na mesa

e saiu correndo.

Figura 4. Reconto sobre o Final de Semana.

Outra atividade proposta através do desenho é o Reconto da História, a qual é

dividida em três momentos o primeiro a professora na rodinha conta para as

crianças uma história infantil, ora escolhida por ela mesma, ora escolhida pelas

crianças. No segundo momento depois de ouvirem a história, a professora pergunta

quem gostou e quem quer recontar para o grupo, feito isso o terceiro momento

refere-se ao reconto da mesma história através do desenho. As crianças ainda na

rodinha, no chão, recebem da professora o material que varia em papel A3, A4,

metro, cartolina, giz cera, pilot, giz molhado e tintas.

No dia que a professora contou a história da Dona Baratinha (figura 5) Ana Maria

Machado (2006) e pediu que as crianças desenhassem o reconto da história da

mesma no papel, ocorreu um fato interessante, a criança R.S. desenhou a dona

baratinha com riqueza de detalhes e muito próxima da capa da história apresentada

para o grupo (figura 6). Ela interpelada pela professora respondeu que tinha

desenhado a baratinha e o ratinho (outro personagem da história) e depois falou

“acabei pó, guada”, a professora olhou o desenho e complementou dizendo a

criança “seu desenho está lindo! A Dona baratinha está muito bonita! Vou guardar o

seu desenho com muito cuidado, viu!”

.

Figura 5. Capa do livro Dona Baratinha de Ana Maria Machado.

Figura 6. Reconto da História “Dona Baratinha”.

Na mesma atividade, outra criança Y.R. F que tem dois anos e nove meses também

desenhou a dona baratinha com olhos, boca e até antena muito próxima da capa da

história contada (figura 7) como fez R.S, porém continuou a rabiscar depois por cima

do que estava desenhado, com traços fortes e longitudinais. Depois deixou o papel

em cima da mesa e foi brincar.

Figura 7. Reconto da História ”Dona Baratinha”.

Durante as atividades dirigidas, como o desenho sobre o final de semana e o

reconto da história, percebe-se que em ambos as crianças na maioria do grupo

ainda não tem a capacidade de representar esses temas através do desenho.

Contudo, percebe-se um destaque de duas crianças do grupo com idades entre dois

anos nove meses e três anos, no que s refere à evolução do grafismo destas, pois já

estão nomeando os seus desenhos e conseguindo representar com detalhes

imagens tanto interiores (internas), quanto imagens apresentadas para os mesmos.

Isso não é o que ocorre com a maioria das crianças deste grupo o que natural já que

estas crianças se encontram na fase compreendida de garatuja que pode ser

desordenada e controlada, com traços longitudinais, fortes e leves, rabiscos não

intencionais, ou seja, a criança como já foi destacado, não tem intenção de

representar algo real no seu desenho, durante essa fase.

O desenho dito livre também é realizado com a turma. Durante a rotina diária da

escola, as crianças pelo menos uma vez ao dia recebem do professor diversos

materiais artísticos para que os mesmos desenhem livremente. O que é desenhar

livremente? É quando a criança dispõe de recursos necessários para desenhar sem

a interferência do adulto no que se refere a temas.

Durante as observações feitas percebe-se que existem momentos durante a rotina

dária, que as próprias crianças pedem a professora para desenhar. Como ocorreu

num certo dia, que duas crianças pediram a professora assim “Pó quelo desenha,

me dá papel” e a outra completou “Pó cadê o lápis? quelo desenha”. Essas crianças

citadas são irmãs gêmeas e sempre são elas que solicitam durante a rotina material

para desenhar. A idade delas é de dois anos e onze meses, ambas mostraram desde

o inicio da pesquisa em seus desenhos traços leves e fortes, rabiscavam todo o

papel e sempre tinham a necessidade de nomear os seus desenhos, mesmo quando

a professora não interpelava, elas chamam a pró e comentam suas produções.

As crianças dessa turma demonstram entusiasmo ao desenhar, pude notar isso nos

momentos em que a professora solicitava a elas: ”Vamos desenhar? Quem quer

desenhar? E assim a maioria gritava” eu pó “, “eu quelo”, as crianças se dirigem as

mesas e sentam nas cadeiras, com alegria, esperando o papel e o lápis para

começarem a desenhar, essa característica é sempre notada. Depois que a

professora entrega para cada um o papel, esta dispõe de giz cera e giz molhado,

tinta, cola colorida e pilot. Esses são os materiais artísticos que a professora escolhe

qual tipo as crianças irão utilizar naquela atividade, porém as cores e a quantidade

de material elas que escolhem. A seguir, algumas produções de desenho

espontâneo, “livres”, realizados durante o estudo(figuras de 8 a 13). Nessas

atividades, são expostos giz de cera, pilot e as crianças desenham livremente.

Figura 8. Desenho Livre Figura 9. Desenho Livre

Figura 10. Desenho Livre Figura 11. Desenho Livre

Figura 12. Desenho Livre Figura 13. Desenho Livre

O momento das crianças terminarem a atividade também é livre, ou seja, o professor

disponibiliza os materiais e as crianças rabiscam a vontade é uma atividade

espontânea. E quando não o querem mais, algumas deixam sobre a mesa e outras

entregam a professora. E esta sempre faz questão de comentar sobre os desenhos

das crianças, perguntando o que desenhou, dizendo que está bonito, mas isso sem

demonstrar ironia ou falsidade por que é importante que durante a fala do professor

este não demonstre desinteresse, ou fale de maneira “falsa”, dizendo que está

bonito só para agradar o aluno, isso não deve acontecer sobre o desenho dos

alunos. Pois pode causar traumas em relação ao ato de desenhar por parte da

criança.

A turma no geral demonstrou prazer e alegria nos momentos das atividades gráficas.

Tanto nas atividades dirigidas: o reconto da história e final de semana, quanto às de

desenhos livre. As maiorias das crianças, por estarem na fase das garatujas,

apresentam em seus desenhos rabiscos, traços leves, fortes que por vezes

ultrapassam a superfície do papel. Apenas duas crianças com idade entre dois anos

e nove meses e três anos de idade, que demonstram uma evolução no seu

grafismo, pois os seus rabiscos apresentam-se em forma de círculos e estas já

representam a figura humana, com cabeça, olhos e boca, ainda sem corpo. E a

maioria também já nomeia os seus desenhos.

Pode-se que o papel do professor foi de extrema importância para o

desenvolvimento dos rabiscos das crianças. Ele oferece materiais diversos,

possibilita o diálogo criança-adulto e demonstra interesse nas produções das

crianças ao interpelar e elogiar as mesmas. E ainda estimula os educandos no que

se refere ao universo do grafismo infantil.

.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o surgimento da necessidade de tratar a criança de acordo com as suas

necessidades individuais e particulares de cada faixa etária que esta estiver, passa a

existir uma preocupação conseqüentemente da necessidade de criar um espaço

escolar com profissionais, a fim de considerar importante às especificidades da

criança durante o seu desenvolvimento. Daí, Froebel, depois das idéias de

Rousseau, que a criança não deve ser tratada como um adulto mirim, traz os Jardins

de infância, lugar onde a criança deve se sentir como tal e fazer tudo de acordo com

a sua idade,

O Jardim de infância hoje é nomeado de Educação Infantil, que com o passar dos

anos foi aprimorando-se cada vez mais em relação à criança. Inclusive, surge a

liberdade de expressão, algo importante durante o desenvolvimento da infância.

Através do desenho, é possível que a criança desenvolva sua liberdade de

expressão, pois este é um dos meios na Educação Infantil que é possível expressar

sentimentos e emoções, angústias, prazer, insatisfação, frustração, entre outros.

Neste trabalho, procurou-se observar os desenhos de crianças de dois e três anos, a

fim de conhecer de que maneira a livre expressão é realizada durante os desenhos

espontâneos das mesmas. E destacar o papel do professor, de que maneira ele

proporciona essa livre expressão. Pois, proporcionar a liberdade de expressão nas

salas da Educação Infantil através do desenho, é algo que deve ser realizado

durante a rotina diária dos pequenos, com compromisso do professor de estimular o

grafismo e oferecer aos mesmos diversos materiais artísticos. No entanto, para

atingir esse objetivo, faz-se necessário que o educador seja sensível ao universo do

desenho infantil.

Pillar (1996) destaca que essa atividade que pode ser chamada de desenho livre ou

desenho espontâneo surgiu com a Pedagogia da Escola Nova e com o

aparecimento da educação através da arte. E fala ainda que esta atividade gráfica

tem duas finalidades a primeira que a criança experimente sua linguagem

expressiva de maneira criativa, sem a interferência dos adultos. A segunda para que

o professor através das suas observações acompanhe e estimule o desenvolvimento

gráfico de seus alunos. Porém, ela ressalta que a partir do momento que o professor

realiza essa atividade espontânea, a atividade deixa de ser espontânea.

Nota-se através dos estudos realizados, que muitas escolas da Educação Infantil

ainda não fazem das Artes Visuais, principalmente o desenho baseado nas

propostas do RCNEI de Artes Visuais. Utilizando-o como uma atividade para passar

o tempo e de maneira mecânica, onde as crianças cobrem pontinhos, traçados,

pintam modelos prontos e produzem desenhos com intenção do professor.

Dificilmente essas atividades artísticas proporcionam e estimulam a livre expressão

e a ação criadora das crianças, contudo deve seguir o referencial, pois o mesmo traz

aspectos relevantes no ensino das Artes Visuais. Segundo o RCNEI (1998, p.91) no

processo de aprendizagem em Artes Visuais, a criança traça um percurso de criação

e construção individual que envolve escolhas, experiências pessoais,

aprendizagens, relação com a natureza, motivação interna e/ou externa.

Neste estudo, foram levantadas questões, principalmente no que se refere ao papel

do professor, que servem como sugestão para ampliar as perspectivas dos mesmos

em relação a livre expressão no desenho das crianças menores. Salientando que é

necessário ter atenção aos desenhos definidos como Garatujas, pois é essa fase do

desenho que pode proporcionar a criança o gosto de continuar se expressando com

prazer.

Em síntese, o desenho livre ou espontâneo na Educação Infantil, depende do olhar

do professor e da escola para com a realização de atividades que estimulem a

expressão das crianças e isso deve começar desde o ingresso da criança no

ambiente escolar, consideravelmente crianças de dois e três anos de idade. Bem

como, no que diz respeito a disponibilizar materiais de arte para as mesmas.

Evidencia-se que a livre expressão é favorável ao processo evolutivo do grafismo

infantil, dessa forma, é necessário incorporar de maneira criativa e dinâmica ao levar

em consideração os benefícios do desenho livre. Vale ressaltar a confirmação da

possibilidade do uso do desenho livre no processo de aprendizagem, de

conhecimentos e também na criatividade dos educandos pesquisados.

Para isso faz-se necessário utilizar esse meio de expressão e comunicação,

respeitando as especificidades e individualidades da faixa etária dos sujeitos

estudados. Contudo, é fundamental que os professores dos mesmos estejam

atentos e sensíveis no que diz respeito à utilização do desenho na expressão e

comunicação da criança, explorando e oferecendo todos os recursos materiais

possíveis em benefício da ação e da liberdade de expressão das crianças.

Assim, pode-se notar neste trabalho, que o professor possibilita a criança a

desenvolver-se de maneira criativa a sua livre expressão, este disponibiliza diversos

materiais artísticos e não interfere diretamente nos desenhos dos alunos. Este

contribui no processo de desenvolvimento do grafismo das crianças, pois deixa-os

livres para desenharem o que desejam no momento da atividade nomeada de

desenho livre. Bem como, demonstra as crianças interesse e atenção com os seus

rabiscos, elogiando e perguntando, durante o tempo que as crianças estão

rabiscando no papel.

Esse comportamento do professor contribui para o futuro gráfico destes alunos, pois

é necessário a sensibilidade do educador durante esse processo gráfico das

crianças, como já foi citado anteriormente, segundo Derdyk(1994) que o educador

deve estar sensível ao universo gráfico das crianças, ele deve conhecer essas

crianças para agir de maneira sensível nos desenhos dos seus alunos.

É importante salientar que durante o estudo, o professor aplica atividades também

de recontos sobre o final de semana e sobre histórias infantis e como já foi visto,

durante a fase da Garatujas essas crianças de dois e três anos, ainda rabiscam por

prazer e não por representar algo na superfície do papel, ou seja, essas atividades

de reconto, não vão atingir a todas as crianças da sala estudada, só as que já estão

na fase final da garatuja, quando já nomeia e já começa a representar, que é o caso

do aluno R.S., como já foi destacado no capítulo quatro.

Para o ensino das Artes Visuais, esta pesquisa, por abordar o processo do desenho

caracterizado por Garatujas, de crianças de dois e três anos, traz alguns subsídios

para compreender melhor como inicia o processo gráfico destas. Enfim, pensa-se

propiciar uma compreensão mais ampla do desenho infantil na fase das Garatujas, e

a livre expressão durante as atividades. Bem como, o papel do professor como

facilitador da livre expressão das crianças.

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