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ÉRICA LUCENA PALMEIRA SILVA || TECNOLOGIAS DE RÁDIO, TV E INTERNET 2015.2 Érica Lucena Palmeira Silva FICHAMENTO RAMONET, I. A explosão do jornalismo: das mídias de massa à massa de mídias. São Paulo: Publisher Brasil, 2012. 144 p. APRESENTAÇÃO - A digitalização do mundo está transformando rapidamente o “biótipo informacional”. Consequência: dezenas de jornais diários ameaçados de ruína ou já falidos. Seu modelo econômico antigo desintegrou-se. p. 15-16 - Mídia da era industrial, a imprensa certamente não vai desaparecer. Mas a informação não circula mais como antes, em unidades controladas, bem corrigidas e formatadas [...] ela se apresenta agora sobre a forma de um fluido, que circula em segmentos abertos da internet quase à velocidade da luz. A banda larga e a web 2.0 permitem aos “web-atores” completar cada informação. p. 17 - A internet e totalizadora. p. 17 - A internet não é uma mídia. [...] É uma sociedade, um espaço onde nós podemos nos conectar com os outros. p.18 - Na “sociedade de redes” os internautas continuam buscando acesso às mídias tradicionais, principalmente às publicações consideradas as mais sérias da imprensa escrita. p. 19 - O fato novo é que as pessoas que acessam os conteúdos dos jornais por essa via desejam, de sua parte, ser lidas e escutadas. A informação não circula mais em um sentido único. A lógica “vertical” que caracterizava a relação mídia-leitor torna-se de agora em diante, cada vez mais “horizontal” ou “circular”. p. 19

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Principais pontos abordados no livro de Ignacio Ramonet, "A explosão do jornalismo".

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Érica Lucena Palmeira Silva

FICHAMENTO RAMONET, I. A explosão do jornalismo: das mídias de massa à massa de mídias. São Paulo: Publisher Brasil, 2012. 144 p. APRESENTAÇÃO - A digitalização do mundo está transformando rapidamente o “biótipo informacional”. Consequência: dezenas de jornais diários ameaçados de ruína ou já falidos. Seu modelo econômico antigo desintegrou-se. p. 15-16 - Mídia da era industrial, a imprensa certamente não vai desaparecer. Mas a informação não circula mais como antes, em unidades controladas, bem corrigidas e formatadas [...] ela se apresenta agora sobre a forma de um fluido, que circula em segmentos abertos da internet quase à velocidade da luz. A banda larga e a web 2.0 permitem aos “web-atores” completar cada informação. p. 17 - A internet e totalizadora. p. 17 - A internet não é uma mídia. [...] É uma sociedade, um espaço onde nós podemos nos conectar com os outros. p.18 - Na “sociedade de redes” os internautas continuam buscando acesso às mídias tradicionais, principalmente às publicações consideradas as mais sérias da imprensa escrita. p. 19 - O fato novo é que as pessoas que acessam os conteúdos dos jornais por essa via desejam, de sua parte, ser lidas e escutadas. A informação não circula mais em um sentido único. A lógica “vertical” que caracterizava a relação mídia-leitor torna-se de agora em diante, cada vez mais “horizontal” ou “circular”. p. 19

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1. UMA CRISE DE IDENTIDADE - Muitos jornalistas profissionais se viam como uma elite, pensando deter o poder exclusivo de impor e de controlar os debates. [...] A internet despojou-os de sua identidade de “padres seculares”. p. 21 - Na nova sociedade de redes, cada cidadão torna-se um ”jornalista” em potencial. [...] o internauta que domina os recursos da Web 2.0 não se julga inferior ao jornalista profissional. Ele disputa com ele seu status privilegiado. p. 22 - as mídias dominantes não cessam de encorajar os internautas a se tornarem “jornalistas”. Eles lhe pedem constantemente para que coloquem em seu site fotos, vídeos ou comentários sobre os assuntos que tenham testemunhado. [...] surge então a grande interrogação a propósito da identidade do jornalismo e da validade da informação. p. 22 - “Queremos informar rápido em vez de informar bem. A verdade não ganha”. - a proliferação de mentiras e imprecisões nas mídias dominantes mostra que os imperativos do jornalismo de qualidade são muito frequentemente negligenciados. [...] Os imensos resursos da internet e das redes sociais representam, desse ponto de vista, uma esperanã considerável: a de uma democratização da informação. p. 23

A CONSAGRAÇÃO DO AMADOR - Os utilizadores de redes não são mais somente leitores-ouvintes-telespectadores inertes. Eles escrevem, falam, fotografam, filmam, comentam e analisam. [...] o consumidor de informação deixou de ser passivo. [...] ele quer também produzir conteúdos. Orientamo-nos em direção a uma sociedade de prosumers, quer dizer, de “prodsumidores” (produtores-consumidores”. p. 24 - Dinâmicas inéditas surgem das quais ninguém tinha ideia. Elas podem permitir a elaboração de uma sabedoria coletiva ou também uma imbecialização generalizada. p. 25

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COMPREENDER O QUE SE PASSA - As novas leis de comunicação e de informação na internet ainda estão à espera de definição. Mas uma coisa parece certa no momento da Web 2.0 (em breve, da Web 3.0): não são mais os jornalistas que vão determina-las, mas os internautas. [...] Do mesmo modo que a democracia política dá o poder a cidadãos amplamente igno-rantes sobre a coisa pública, a nova democratização se apoia em indivíduos que, graças a seu nível de educação e às novas ferramentas da informática, podem adquirir competências fundamentais. p. 26

DAS “MÍDIAS-SOL” ÀS “MÍDIAS-POEIRA” - Nós passamos da era das mídias de massa para a era da massa de mídias. [...] A lógica do predador solitário é sucedida pela estratégia do enxame. p. 27 - A relação com a informação escrita, antes linear e plana, torna-se esférica e estre-lar, em razão da riqueza de links de hipertexto. Estes links oferecem uma possibili-dade infinita de extensões, de prolongamentos, de ilustrações, de discussões. p. 27 - Nós saímos de um sistema mídia-cêntrico e entramos num sistema eu-cêntrico. p. 28

O FIM DO BLU-RAY... JÁ? - É a hora da desmaterialização dos suportes. p. 29

UMA PAISAGEM “CHERNOBYLIZADA” - O mundo do jornalismo impresso se encontra em uma total aflição. Entre 2003 e 2008, a circulação mundial de jornais diários pagos desabou 7,9% na Europa e 10,6% na América do Norte. [...] Quanto às receitas publicitárias, principal fonte da maioria dos jornais dominantes, elas diminuíram, em 2009, 17%. p. 31

NEWSWEEK VENDIDA POR 1 DÓLAR

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- em dezembro de 2010, a New York times Company foi excluída da lista das 500 principais empresas dos Estados Unidos (índice S&P). ela foi substituída pela em-presa de tecnologia Netflix. p. 34

OS NOVOS GALERIANOS DA INFORMAÇÃO

- Nos sites de informação online, os “jornalistas de papel” são substituídos por uma nova geração de “jornalistas free-lancer de abate”, não menos superexplorados que os da imprensa escrita. Xavier Ternisien descreve assim estes novos “galerianos da informação”: “Idade média: 30 anos. A feição lívida dos geeks, esses apaixonados por computadores que passam o tempo na frente de uma tela”. p. 40 2. EROSÃO DA CREDIBILIDADE DAS MÍDIAS - Além da “revolução internet” há outros fatores que contribuíram para agravar a ve-lha degradação da imprensa escrita diária. No início, um elemento conjuntural: a cri-se econômica global, que se traduz por uma baixa dos recursos publicitários, já as-sinalada. [...] Outra mutação pé que as pessoas não são mais tão fiéis a um titulo. Antes, a leitura de um jornal conferia ao leitor sua própria identidade política. Isso não ocorre mais, pois a maior parte das publicações, na esperança de “ter um largo alcance” e de “seduzir leitores de todos os horizontes” tornaram ilegível sua linha editorial e turvaram sua imagem. p. 43-44 - Existe também uma confusão permanente entre comunicação e informação. O mundo da comunicação, cuja profissão consiste em difundir mensagens complacen-tes e louváveis em favor de empresas que as encomendam, tende a imbricar-se no da informação. [...] Novas especializações híbridas surgem: “jornalismo institucio-nal”, “jornalismo de empresa”, “jornalismo de relações públicas” [..] Uma tal mistura de gêneros degrada a confiança do público e provoca um sério golpe na credibilida-de do conjunto da informação. p. 44 - Os cidadãos desconfiam de uma imprensa que pertence a um punhado de oligar-cas, que já controlam amplamente o poder econômico e que, frequentemente, são coniventes com os poderes políticos. p. 45

CONCENTRAÇÃO EXCESSIVA

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- Na França, depois de uma sucessão de manobras capitalísticas, várias sociedades editoriais de jornais, em grande dificuldade foram compradas – pelo prestígio ou co-mo vetor de influência – por homens de negócios. [...] Balzac jpa notava, em 1843, que “o homem de negócios vê em um jornal um investimento de capitais cujos juros serão pagos em influência, prazeres e algumas vezes, dinheiro”. p. 45-46 - A imprensa francesa encontra-se, assim, concentrada nas mãos de um punhado de oligarcas. p. 46

IDEIAS SANAS - Esse movimento de concentração representa um ataque ao pluralismo. p. 47 - Na imprensa regional, os conflitos de interesse e a confusão entre comunicação e informação são às vezes gigantes [...] Como outros proprietários de mídias, esse banco julga que pode determinar o conteúdo por elas veiculado. [...] Isso provocou protestos dos sindicatos que denunciaram as “pressões” do banco, a “mutualização e a uniformização dos jornais” e “uma forma de retorno sobre os investimentos”. Eles também deploraram uma atitude que “vai somente prejudicar a imparcialidade e a credibilidade dos jornais envolvidos”. p. 48-49 - essa confusão de gêneros pode ir muito longe. Um exemplo disso são os grandes grupos midiáticos cotados na bolsa. Isso tem influencia sobre os conteúdos? Sim, as mídias que pertencem a eles frequentemente seguram informações suscetíveis de prejudicar esses grupos. [...] Conforme relatório do Pew Research 35% dos jor-nalistas entrevistados consideravam que as informações passíveis de causar um “conflito de interesses” no interior de suas empresas não eram difundidas. p. 49 - Walter Welles, antigo diretor do Herald Tribune [...] adverte principalmente contra as consequências da entrada na Bolsa das empresas da imprensa, pois seu objetivo prioritário não será mais fornecer uma informação independente, mas facilitar o lu-cro dos seus acionários. p. 49

ENDOGAMIA POLÍTICO-PARTIDÁRIA - Na maior parte das democracias de opinião, or jornalistas dominantes formam um espécie de “comparsaria” feita de conivência e de cumplicidades. [...] Em segredo

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com os políticos, eles constituem uma espécie de corte frívola, mundana, na qual cada um adula o outro, mostrando uma solucitude comovedora na esperança de obter, em retorno, um pedido particular. p. 51 - A esse respeito, os famosos “Jantares do Século” constituem o exemplo mais cé-lebre dessas conivências. [...] O Jantar do Século é considerado um dos instrumen-tos mais eficazes do “soft power” na França. p. 52 - as verdadeiras elites sempre apreciaram a sombra e a discrição. Elas têm, por de-finição, horror da transparência. [...] Por isso o poder financeiro (invisível, indecifrá-vel e oculto) e o das mídias (que não consentem nenhuma critica) nunca foram tão intimidadores. p. 53

A CENSURA DEMOCRÁTICA - os cidadãos tomam consciência desses novos perigos. Tudo mostra que eles dão provas de uma extrema desconfiança paradoxalmente, eles temem viver, em nos-sas sociedade supermidiatizadas, em estado de insegurança informacional, uma vez que a confiança nas mídias diminui à medida que proliferam as informações. Essa proliferação favorece um fenômeno novo: “a censura democrática”. [...] Eles instalam, entre a informação livre e os cidadãos, obstáculos para a livre circulação da informação [...] as informações tornam-se tão abundantes, tão saturadas de pa-rasitas (soft news, infotainment, trash news) que elas nos asfixiam e nos impedem de saber quais “outras informações” nos são ocultadas. p. 53-54 - Em outros termos: é o “muro da informação” que nos impede de ter acesso à in-formação. Esse excesso bloqueia o caminho para o conhecimento. O homem com-temporâneo corre assim, o risco de se tornar um ignorante saturado de informações. p. 54 - O jornalismo de especulação, de divertimento e de espetáculo triunfa em detri-mento da exigência de qualidade. A encenação da informação sobrepõe-se à verificação dos fatos. p. 54 - Tornamo-nos mais hábeis a tratar massas de informações muito diversas, mas menos aptos a aprofundá-las. Com seu hipertexto multicolorido e seu infinito abismo de informações fragmentadas, a internet nos incitaria a sobrevoar textos curtos so-

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bre múltiplos temas e nos faria perder a capacidade de ler textos longos e comple-xos. p. 54-55

A MORTE DO “QUARTO PODER” - Desde a segunda metade do século XIX, a imprensa e as mídias constituíram, no seio das democracias, o recurso dos cidadãos contra os abusos dos três poderes tradicionais. p. 55 -Tratava-se, na realidade, de um contrapoder, porque fazia contrapeso aos outros três. Foi ele que permitiu, nas democracias modernas, a aparição de um novo ator decisivo: a opinião pública. p. 56

UMA SÓ ESFERA - Nos últimos anos, à medida que se acelerava a globalização neoliberal, o conteú-do deste “quarto poder” foi pouco a pouco esvaziado de seu significado. [...] O ver-dadeiro poder, é a partir de agora, mantido por um feixe de grupos econômicos e financeiros planetários de empresas globais, cujo peso nos negócios do mundo é, às vezes, mais importante que o dos Estados. p. 57 - As empresas midiáticas procuram agrupar em seu interior todas as mídias (edição, fotografia, imprensa, rádio, cinema, televisão, internet), mas também todas as atividades das três grandes esferas: a cultura de massa, a comunicação e a informação. p. 57 - Essas três esferas, antes tão diferentes, imbricaram-se pouco a pouco para cons-truir uma única esfera ciclópica, non interior da qual se torna cada vez mais difícil distinguir as atividades provenientes da cultura de massa, da comunicação, da infor-mação ou da internet. A internet absorve tudo, ela é totalizadora. p. 57-58

UMA MATÉRIA-PRIMA ESTRATÉGICA

- A globalização é então – também – a globalização das “mídias de massa”, da co-municação, da informação, da web. De um ponto a outro do planeta, os senhores das redes são os mesmos que dominam as indústrias de entretenimento. p. 59

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GUERRAS MIDIÁTICAS -Como resistir à ofensiva deste novo poder que, de alguma maneira, traiu os cida-dãos e passou com armas e equipamentos para o lado “opressor”? Nós propuse-mos a criação de um quinto poder, cuja função seria denunciar o superpoder de alguns grandes grupos midiáticos. p. 60 - Na Venezuela, no equador, na Bolívia, na Argentina e em outros estados onde a oposição conservadora foi derrotada em eleições democráticas, os principais grupos de imprensa, de rádio e de televisão iniciaram uma verdadeira guerra midiática contra a legitimidade dos novos presidentes. p. 60-61

APARELHOS IDEOLÓGICOS DA GLOBALIZAÇÃO - Na nova guerra ideológica imposta pela globalização, as mídias são utilizadas co-mo uma arma de combate. Elas abandonaram a função de um “quarto poder” qual-quer e procuram defender seus privilégios de casta. p. 62 - Eles não se comportam mais como mídia, mas como verdadeiros partidos políti-cos. Não reivindicam o direito da critica, mas se constituem uma oposição ideoló-gica. Sua verdadeira missão é conter as reivindicações populares. p. 62

A INFORMAÇÃO CONTAMINADA - Em razão de sua explosão, de sua multiplicação, de sua superabundância, a infor-mação encontra-se literalmente contaminada, envenenada por toda espécie de mentira, poluída pelos rumores, pelas deformações, pelas distorções e manipula-ções. p. 64 - Na era digital, a informação tornou-se tão abundante que ela constitui o quinto elemento de nosso mundo globalizado. p. 64 - É preciso descontaminar a informação e pedir um decréscimo de seu volume. Menos informação, mas melhor. [...] necessitamos obter uma espécie de “infor-mação orgânica”. p. 65

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3. “MENTIROSOS EM SÉRIE” - Conhecemos o dito “os fatos são sagrados, a opinião é livre”. [...] Numerosos jornalistas consideram que suas opiniões – nems empre demonstradas – é que são sagradas. Eles não hesitam em deformar os fatos para obriga-los a se adaptarem às suas opiniões. p. 67 - A posição assumida, a falta de objetividade, as mentiras, as manipulações, as informações ocultadas, minimizadas ou até mesmo as simples falsificações não cessaram de aumentar. p. 67

À BEIRA DO PRECIPÍCIO - a imprensa diária paga encontra-se à beira do precipício e procura a qualquer pre-ço ideias para sobreviver. p. 75 - os “darwinistas” britânicos Hugo Dixon, fundador do Breakingnews.com, e Roberet Shrimsley, responsável pelo editorial do FT.com, consideram que a crise atual é sa-lutar. [...] As forças do mercado varrem os fracos e feridos, e só os melhores sobre-vivem. p. 75 4. INOVAÇÕES E ÊXITOS

JORNALISMO SEM FINS LUCRATIVOS - Nos nichos da web, novos sites de informação desenvolvem-se e especializam-se sobre assuntos bem precisos. Distinguem-se várias tendências. Em primeiro lugar, o “jornalismo sem fins lucrativos” (nonprofit news), financiado por mecenas, fundações ou doações feitas por cidadãos (crowdfundind) que não desejam ver o desapareci-mento da informação independente, um dos pilares da democracia. p. 77

THE HUFFINGTON POST - Uma outra tendência do jornalismo do futuro pé a que mistura, num mesmo site, o trabalho de jornalistas profissionais, experts, e as contribuições de blogueiros e de internautas participativos. Um exemplo desse gênero de jornalismo plural é forneci-

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do, na França, por Rue89, que “propõe uma informação a três vozes: jornalistas, experts e internautas”. p. 79 - Em escala internacional, o êxito mais espetacular dessa escola é o Huffington Post. [...] esse site agregador de conteúdos organiza, como centenas de outros, informações, alertas, notas, artigos tomados de diversas fontes. p. 79 - Ele deve parte de seu sucesso “à sua perspicaz estratégia de referenciamento, uma técnica que permite aparecer em uma boa posição em todos os sites de busca, principalmente no Google, publicando conteúdos com palavras-chave muito procu-radas pelos internautas”. p. 80

POLITICO.COM - Lançado em janeiro de 2007 [...] o site de imprensa on-line Político.com, se impôs rapidamente – sobretudo entre os republicanos – como uma referencia de informa-ção politica americana, especializando-se na cobertura do Congresso e da Casa Branca, em Washington. p. 81 - Segundo um especialista em mídia, o Politico.com transformou o Capitólio em uma pequena Hollywood da política. As manobras, os golpes baixos, as promoções espetaculares, as mentiras... [...] Multiplicando os furtos e as revelações, esse site elevou-se, em três anos, ao posto de ator maior da vida política americana. p. 83 - O modelo econômico de Político.com fundou-se sobre o “tudo gratuito”, mas o jornal on-line lançou, no início de 2011, um site pago, o Politico Pro, destinado a internautas dispostos a comprar informações privilegiadas. [...] A internet definitiva-mente naõ muda a desigualdade dos cidadãos quanto à informação. p. 83

JORNALISMO DE BANCO DE DADOS - Outro gênero que prospera é o “jornalismo de banco de dados” (database journalism), visto como uma grande conquista da democracia moderna, porque permite a pesquisa e o acesso instantâneo a estoques de informação constituídos por instituições publicas ou privadas. Ele repousa sobre um princípio fundamental do jornalismo de todos os tempos: “Os fatos são sagrados”. p. 83

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- Coletar dados sobre um assunto preciso, classifica-los (por meio de poderosos programas) para revelar a sua eloquência, coloca-los em seguida on-line, à dispo-sição dos leitores, é um trabalho que cativa um número crescente de jornalistas. p. 84 - Esse gênero jornalístico se desenvolveu sobretudo nos Estados Unidos, onde as mídias podem ligar-se sem muitas dificuldades aos bancos de dados da administra-ção e dos serviços públicos [...] Mas esse não é o caso, no momento, na maioria dos países europeus, onde sob acusação de “desrespeito ao sigilo”, os funcionários podem ser punidos. [...] Todavia, a demanda de transparência se faz, em todos os lugares, cada vez mais forte, apesar das dinâmicas de regulação que os Estados procuram impor. p. 84-85 5. WIKILEAKS - Violentos debates são desencadeados no mundo para determinar se o Wikileaks fez avançar ou não a causa da imprensa livre. [...] Uma coisa é certa: todos os jor-naistas sabem que seu papel, principalmente na difusão de muilhares de relatórios secretos [...] constitui “um momento maior na história do jornalismo”. Existiria a partir de agora, um “antes” e um “depois” desse instante. p. 87-88 - É interessante saber quais as três razões que, segundo Julian Assange, motiva-ram sua criação. “A primeira é a morte da sociedade civil em escala mundial. [...] fluxos financeiros movimentam fundos por meio de transferências mais rápidas que qualquer sanção politica ou moral. Eles destroem, assim, a sociedade civil no con-junto do planeta. [...] A segunda é a existência de um gigantesco Estado Securitário oculto que não para de se desenvolver. [...] A terceira é o desastre das mídias inter-nacionais [...] Elas são tão más e nos manipulam tanto que nós nos comportaríamos melhor se nenhuma mídia existisse. Nenhuma.” p. 88 - A filosofia do Wikileaks repousa sobre um principio central: os segredos são feitos para serem desvendados. [...] As democracias não devem ocultar nada. Os dirigen-tes políticos, também não. Se as ações públicas destes últimos estão em contradi-ção com suas maquinações privadas ou secretas, as democracias não tem razão para temer a difusão de informações “vazadas”. p. 89

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OBRIGADO, TWITTER - Desde o dia 12 de outubro, em seu site (www.guardian.co.uk), que recebe 30 mi-lhões de visitantes únicos por mês, o The Guardian informa a seus leitores, que pela primeira vez desde sua fundação em 1821, a Justiça impede-o de escrever sobre um caso sob o pretexto de que ele está em debate no Parlamento. [...] Logo um militante de direitos humanos inicia uma mobilização. Ele lança imediatamente um alerta com a hashtag pelo Twitter. E rapidamente, levanta-se “um exercito de jorna-listas, blogueiros, tuiteiros, membros de redes sociais, todos colocando-se em busca do que o escritório Carter-Ruck queria sufocar. [...] No dia seguinte, às 12h19, Carter-Ruck cedia e enviava um e-mail ao The Guardian dizendo que ele podia pu-blicar. p. 92-93 - Reconhecendo a potência, a rapidez e a eficácia da internet, em geral, e das no-vas redes de comunicação [...] o diretor do jornal, enviou à comunidade de inter-nautas, pelo microblogue, esta mensagem de gratidão: “Obrigado, Twitter e todos os ‘tuiteiros’, por seu fantástico apoio nessas ultimas 16 horas! Grande vitória para a li-berdade de expressão” [...] “nossos leitores são, a partir de agora, protagonistas do que nós fazemos”. p. 93

A SERVIÇO DO INTERESSE PÚBLICO - “O direito do público de ser informado é tão fundamental na democracia que pode preceder outros direitos se é reconhecido que as informações tornadas públicas são de interesse geral, e é justamente o que ocorre com as revelações do Wikileaks [...] Para lutar contra a corrupção, o nepotismo e os abusos dos governantes, “a trans-parência é o melhor dos desinfetantes”. p. 96-97

DEMOCRACIAS QUE MENTEM - “A verdadeira infâmia não é que o Wikileaks divulgue “documentos roubados” co-mo afirmam aqueles que querem assassinar o mensageiro para melhor censurar a mensagem”. O que é importante é que o Wikileaks faz o mundo conhecer informa-ções que concernem ao cidadãos e que os poderes não querem difundir. p. 102-103

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- “O interesse despertado pelos documentos do Wikileaks explica-se principalmente por uma razão muito simples: eles revelam de maneira exaustiva, como nunca havia sido feito antes, até que ponto as classes políticas das democracias ocidentais a-vançadas enganaram constantemente seus cidadãos”. p. 103 - essas cibermanifestações constituem um indispensável avanço da cidadania para a defesa de nossos direitos na internet: “As ações do Anonymous são uma forma de manifestação digital semelhante às do mundo real, onde multidões saem às ruas para manifestar sua oposição a certas medidas”. p. 104

PROTEGER AS FONTES - Enquanto alguns estados tentam sufocar esse novo jornalismo com ameaças e processos, outros, mais democráticos, começam a adotar leis para garantir-lhes o direito, proteger as fontes e evitar o filtro da internet. É o caso, principalmente, da Islândia, onde o parlamento adotou, em 16 de junho de 2010, uma lei – Icelandic Moden Media Initiative (Immi) – que garante aos jornalistas e editores uma das pro-teções mais importantes do mundo em matéria de liberdade de expressão, de jorna-lismo investigativo e de mídias on-line. p. 108 - É claro que o acesso generalizado à internet vai se tornar uma exigência democrá-tica fundamental, assim como o acesso à educação ou à eletricidade. A superação do abismo digital, que continua abissal – dois terços da humanidade, ou seja, mais de quatro bilhões de habitantes, nunca utilizaram a internet -, torna-se uma reinvin-dicação universal. E as leis para proteger a liberdade de expressão, na internet, se-rão cada vez mais indispensáveis. p. 108

6. RUMO A QUAL MODELO DE RENTABILIDADE: - Antes, as mídias e as empresas das indústrias culturais vendiam informação ou entretenimento aos cidadãos. Agora, elas preferem vender consumidores (leitores, auditores, telespectadores, web-atores, bogueiros, tuiteiros...) aos anunciantes. Quanto maios o número de consumidores da mídia, mais cara será a tarifa das publicidades. p. 116

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- A informação on-line é, portanto, dependente da economia do clique e do link. É o número de cliques efetuados pelos internautas nas barras publicitárias que determi-na a rentabilidade de uma informação (não sua fiabilidade, nem sua credibilidade). p. 116 - Como suporte publicitário, a internet continua a ganhar partes do mercado perante as outras mídias. p. 117 - O fenômeno de concentração da informação na internet não é menos importante do que o que ocorre na imprensa tradicional. Mas ele é de uma natureza diferente [...] Nos dias de hoje, se uma informação não é difundida no google, yahoo! Ou YouTube, isso significa para muitos internautas, que ela não é importante ou que ela não existe. p. 117

O MURO PAGO - No início, a maior parte dos grupos midiáticos haviam escolhido não cobrar por seus conteúdos on-line. Eles apostavam nos rendimentos publicitários da web. Hoje [...] pedem micropagamentos a seus leitores, para lhes permitir acesso com exclu-sividade às informações on-line. p. 119 - Muitas pessoas consideram eu o futuro da informação on-line repousará em audiências menores, mas em leitores sobre os quais teremos informações muito detalhadas: quem são eles, o que consultam no site, seus gostos, etc. É exatamente disso que os anunciadores têm necessidade. p. 119 - Uma pesquisa do Pew Research Center revela que, no momento, somente 19% dos internautas estão dispostos a superar o “muro pago” para acessar informações on-line. Apesar disto, a tendência generalizada entre os diretores das mídias parece orientar-se para as formas pagantes. Eles estão convencidos que cada vez mais pessoas pagarão por conteúdos. Não por todos, não pelas informações genéricas disponíveis em abundância, mas por informações únicas, raras, ou análises que trazem um importante valor agregado. p. 122

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A INFORMAÇÃO AUTOMÁTICA - menos de 15% do que os jornais publicam interessa verdadeiramente à maioria das pessoas [...] duas questões colocam-se, então: Qual o gênero de informação fornecer e quando fazê-lo, exatamente? p. 123 - o Google Trends [...] oferece a possibilidade de “conhecer a frequência com a qual um termo foi digitado no site de busca Google, com a possibilidade de visualizar es-tes dados por região e por língua” [...] o Google Actualités (News) desenvolveu um serviço agregador de informações on-line gratuito que apresenta, de maneira auto-matizada, artigos recolhidos continuamente em inúmeras fontes na web, e em par-ticular, nas outras mídias. [...] Cada uma das fontes é selecionada por um robô, o Googleboot, que indexa os novos artigos. [...] Tudo isso, note-se, se faz automati-camente, “sem nenhum jornalista”. p. 123-124

INFORMAÇÕES “LOW COST” - Grande pioneiro de uma nova formula de “artigos por demanda” é o site americano Demand Media. [...] seu objetivo muito ambicioso é criar conteúdos que resolvam os problemas, respondam às interrogações, permitam economizar dinheiro e tempo e tornem as pessoas felizes. [...] Demand Media leva em conta os termos mais procu-rados da internet, as palavras-chave mais procuradas pelos publicitários e a existên-cia ou não de artigos relativos a esse assunto na web. p. 125 - O Demand Media inventou, assim, com a industrialização maciça da produção de comteúdos on-line, a informação low cost. p. 125

FAZENDAS DE CONTEÚDOS - Em maio de 2010, o Yahoo! Comprou um grupo americano especializado na pro-dução de conteúdos low cost pr demanda, Associated Content [...] Essa plataforma digital funciona da seguinte maneira: “Seus assalariados revuisam mais de 50 mil artigos, imagens, sons, e vídeos propostos a cada mês, por cerca de 380 mil cola-boradores independentes. p. 126 - internautas que desejam escrever e serem publicados [..] podem além disso ga-nhar um poucom de dinheiro, já que ele foi criado “com a ideia de que toda pessoa

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que transmite informações instrutivas, críticas, guias, entrevistas editoriais entre ou-tras, deve ser paga e remunerada por suas habilidades” [...] Trata-se, de uma certa maneira, de uma “massificação planetária” do trabalho free-lancer. Essas platafor-mas são chamadas “fazendas de conteúdos” ou “usinas de informações”. p. 126-127

AUDIÊNCIA OU CONFIABILIDADE? - Essas “usinas de informações” podem concorrer com as mídias de informação clássicas ou com os sites de jornalistas profissionais? A maior parte dos diretores dessas fazendas acha que não, por duas razões: primeiro, eles consideram que os sites de notícias está saturado; em segundo lugar, eles afirmam não ter nenhum in-teresse. [...] Esses sites de conteúdos low cost procuram, sobretudo, grandes volu-mes de audiência para vender publicidade a baixo custo e apostar em uma “econo-mia do clique”. p. 130 - A busca de audiência, como objetivo principal, tem sempre um custo para a mídia séria. Ela produz graves efeitos indesejáveis e geralmente conduz ao sacrifício do rigor deontológico, da exigência profissional e, portanto, de sua credibilidade. p. 131

INSEGURANÇA INFORMACIONAL - As mídias em geral, incluída a imprensa escrita, perderam a confiança da opinião pública. Segundo um estudo realizado [...] pelo instituto independente Pew Research Center, “somente 29% das pessoas interrogadas consideram que a imprensa relata os fatos corretamente”. Por outro lado “71% dos entrevistados não confiam nas fontes de informação colocadas à sua disposição”. p. 131-132 - é o excesso de frivolidade de tantas mídias que criam um verdadeiro sentimento de “insegurança informacional”. [...] Para sair da insegurança e ter a garantia de uma informação segura, o cidadão está, sem dúvida, disposto – por quanto tempo ainda – a pagar o preço justo e a voltar a apreciar os jornalistas profissionais? p. 133

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7. OS JORNAIS VÃO SOBREVIVER? - como lembra Bill Keller [...] A internet não substituirá os jornais impressos. Da mes-ma maneira que a televisão não superou o rádio ou o cinema, nem este o teatro e a ópera [...] a história das mídias é o relato de um empilhamento. p. 135 - A imprensa escrita está à procura de meios de refundar-se, mas os jornalistas bão vão desaparecer, porque talvez nunca tenha havido momento mais favorável para ser jornalista. O acesso à informação é maior [...] E graças às novas ferramentas da web, a audiência é igualmente colossal, potencialmente infinita. p. 135 - O advento de cada nova invenção provoca uma reviravolta na economia geral do campo e desencadeia uma espécie de “darwinismo”, de seleção pela maior ou me-nor adaptação ao novo contexto. p. 136 - os jornalistas deverão aprender a elaborar de outra maneira as informações para difundi-las sob diversas plataformas: posts, alertas, breves resumos antecipativos (para Twitter, Facebook ou outras redes sociais). p. 137 - jornalistas devem ter presente no espírito a percepção de que, neste momento das novas mídias, a informação é superabundante. A oferta de conteúdos satura a de-manda. [...] o problema principal das pessoas não é encontrar a informação, mas obter a boa, a melhor informação. p. 137

O SUCESSO DO DIE ZEIT - “as pessoas não compram mais os jornais para se informar. Elas compram para compreender, para comparar, para analisar, para revisar o outro lado da moeda da realidade” O futuro do jornalismo [...] será “um jornalismo de orientação e de apro-fundamento. [...] As pessoas têm necessidade de referências, de sentido. Elas pre-ferem as mídias que não destruíram as suas convicções. p. 138-139