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Raquel da Silva Felgueiras | 200806506
Farmácia Jotânia
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
2013/2014
Raquel Felgueiras |i
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Farmácia Jotânia
Fevereiro de 2014 a Julho de 2014
Raquel da Silva Felgueiras
Orientador: Dr.ª Maria Pedro Arriscado
________________________________
Tutor FFUP: Prof. Doutor Paulo Lobão
________________________________
Setembro de 2014
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
2013/2014
Raquel Felgueiras |ii
Declaração de Integridade
Eu, Raquel da Silva Felgueiras, abaixo assinado, nº 200806506, aluno do Mestrado
Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto,
declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.
Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo
por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele).
Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros
autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado
a citação da fonte bibliográfica.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de
______
Assinatura: ______________________________________
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
2013/2014
Raquel Felgueiras |iii
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, à Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto, que tratou os estágios de forma irrepreensível, o meu sincero
obrigado.
O meu estágio na Farmácia Jotânia foi uma experiência enriquecedora e uma mais
valia para perceber concretamente o funcionamento de uma farmácia. Em seis meses tive
a oportunidade de observar e trabalhar em equipa, aplicar os conhecimentos adquiridos na
faculdade e lidar com os utentes nas mais variadas situações. Integrei uma equipa que não
poupou esforços para me fazer sentir bem ambientada.
Quero aqui deixar o meu profundo agradecimento à Dr.ª Maria Pedro que na
qualidade de Diretora Técnica me aceitou como sua estagiária nestes seis meses e pelo
voto de confiança que depositou em mim ao permitir que trabalhasse de forma autónoma.
Aos restantes colaboradores, Dr.ª Sandra, Dr. José e Sr. Carvalhosa também agradeço
vivamente por todos os conhecimentos transmitidos, pela ajuda no desempenho das
tarefas do dia-a-dia ao longo deste percurso e também pela sua boa disposição. A toda a
equipa um ‘sentido’ obrigado por toda a paciência, disponibilidade e simpatia com que me
acolheram, pois contribuíram para o meu crescimento enquanto futura farmacêutica.
Agradeço aos meus pais sem os quais não teria a oportunidade de frequentar a
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e que sempre me apoiaram em todas as
decisões importantes da minha vida. E, por fim, mas não menos importante, ao Miguel
Benedito, meu amigo, companheiro e namorado que sempre me acompanhou com toda a
paciência e carinho ao longo deste percurso.
A todos um “Muito Obrigada”.
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
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RESUMO
O presente relatório, redigido por Raquel da Silva Felgueiras, aluna do 5º ano do
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto, tem como objetivo apresentar o trabalho desenvolvido ao longo de
Estágio Curricular, no âmbito da atividade farmacêutica, em Farmácia Comunitária.
O estágio curricular pressupõe um período de seis meses, o qual decorre sob a
supervisão de um Farmacêutico Diretor Técnico, sendo o primeiro contacto com a realidade
após vários semestres de aprendizagem. É uma fase que permite colocar em prática os
conhecimentos adquiridos ao longo dos 5 anos de curso, bem como adquirir novos
saberes. Pretende-se alcançar metas tais como a formação de um profissional competente
e responsável tanto a nível técnico como deontológico.
O estágio realizou-se na Farmácia Jotânia, pertencente ao concelho de Viana do
Castelo, na Freguesia de Santa Marta de Portuzelo, Av. Comendador Parente Ribeiro.
Teve início a 1 de Fevereiro de 2014 e terminou a 31 de Julho de 2014, sob a orientação
e supervisão da Diretora Técnica Dr.ª Maria Pedro Arriscado.
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
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ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................................... viii
PARTE I ............................................................................................................................................ 1
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1
1. FARMÁCIA JOTÂNIA – ESPAÇO FÍSICO E FUNCIONAL ............................................ 1
1.1. Localização e espaço físico exterior ........................................................................ 1
1.2. Espaço interior ............................................................................................................... 2
1.3. Recursos humanos e perfil dos utentes ................................................................. 2
1.4. Horário de funcionamento .......................................................................................... 3
1.5. Sistema informático ...................................................................................................... 3
2. BIBLIOTECA E FONTES DE INFORMAÇÃO ................................................................... 3
3. GESTÃO FARMACÊUTICA – SELEÇÃO, AQUISIÇÃO E ARMAZENAMENTO ....... 4
3.1. Gestão e rotação de stocks ........................................................................................ 4
3.2. Fornecedores ................................................................................................................. 4
3.3. Receção e conferência de encomendas ................................................................. 5
3.4. Marcação de preços ..................................................................................................... 5
3.5. Armazenamento ............................................................................................................. 6
3.6. Controlo dos prazos de validade .............................................................................. 7
3.7. Devoluções ..................................................................................................................... 7
3.8. Fecho do dia ................................................................................................................... 8
4. CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS PRESENTES NA FARMÁCIA JOTÂNIA ........ 8
4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ................................................................ 8
4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica ........................................................ 8
4.3. Medicamentos de uso veterinário ............................................................................. 9
4.4. Medicamentos homeopáticos .................................................................................... 9
4.5. Produtos de protocolo ................................................................................................. 9
4.6. Produtos cosméticos e dermofarmácia ................................................................ 10
4.7. Produtos fitoterapêuticos ......................................................................................... 10
4.8. Produtos dietéticos ..................................................................................................... 11
4.9. Dispositivos médicos ................................................................................................. 12
4.10. Artigos de puericultura .......................................................................................... 12
5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS ..................................................................................... 12
5.1. Prescrição médica e sua validação ........................................................................ 13
5.1.1. Receita médica renovável ................................................................................. 15
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
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5.1.2. Receita médica não renovável ......................................................................... 15
5.1.3. Interpretação e avaliação farmacêutica da prescrição médica ............... 15
5.1.4. Processamento das receitas ............................................................................ 16
5.2. Medicamentos genéricos .......................................................................................... 16
5.3. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ................................................ 16
5.4. Medicamentos manipulados .................................................................................... 17
5.5. Comparticipações ....................................................................................................... 19
6. ACONSELHAMENTO FARMACÊUTICO E AUTOMEDICAÇÃO ................................ 20
7. SERVIÇOS PRESTADOS NA FARMÁCIA ...................................................................... 22
7.1. Determinação dos parâmetros fisiológicos e bioquímicos ............................. 22
7.2. Administração de vacinas e injetáveis .................................................................. 23
7.3. Outros serviços associados ..................................................................................... 23
7.4. VALORMED ................................................................................................................... 23
7.5. Farmacovigilância ....................................................................................................... 24
8. CONTABILIDADE E GESTÃO NA FARMÁCIA – RECEITUÁRIO E FATURAÇÃO 24
9. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 25
PARTE II ......................................................................................................................................... 26
TRABALHO 1 – Uso da mirtazapina em cães e gatos ....................................................... 26
1. Introdução ............................................................................................................................. 26
2. Mirtazapina em cães e gatos ............................................................................................ 27
2.1. Estimulante do apetite e antiemético ..................................................................... 27
2.2. Uso na dor crónica ...................................................................................................... 28
2.3. Farmacocinética .......................................................................................................... 28
2.4. Dose ................................................................................................................................ 29
2.5. Efeitos adversos .......................................................................................................... 29
3. Aconselhamento farmacêutico ........................................................................................ 29
4. Conclusão ............................................................................................................................. 30
TRABALHO 2 – Domperidona para a prevenção da Leishmaniose canina ................. 31
1. Introdução ............................................................................................................................. 31
2. Epidemiologia ...................................................................................................................... 32
3. Eficácia da domperidona ................................................................................................... 32
3.1. Eficácia em cães saudáveis ..................................................................................... 32
3.2. Eficácia em cães infetados ....................................................................................... 33
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3.3. Efeito em cachorros previamente vacinados contra outras doenças .......... 33
4. Leisguard® (Lab. Esteve) .................................................................................................. 34
5. Outras medidas preventivas ............................................................................................ 34
6. Conclusão ............................................................................................................................. 35
TRABALHO 3 – Constipação: sintomas, tratar, prevenir ................................................. 35
1. Introdução ............................................................................................................................. 36
2. Sintomas ................................................................................................................................ 36
3. Tratamento ............................................................................................................................ 37
3.1. Tratamento farmacológico ........................................................................................ 37
3.2. Tratamento não farmacológico................................................................................ 39
4. Prevenção .............................................................................................................................. 39
5. Verdades e Mitos ................................................................................................................. 40
6. Conclusão ................................................................................................................................. 40
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 41
ANEXOS ......................................................................................................................................... 48
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
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LISTA DE ABREVIATURAS
5-HT – Serotonina
ADSE - Direção Geral de Proteção Social aos Trabalhadores em Funções Públicas
AIM – Autorização de Introdução no Mercado
AINE – Anti-inflamatório Não Esteróide
ANF – Associação Nacional de Farmácias
BPF – Boas Práticas Farmacêuticas
CCF – Centro de Conferência de Faturas
CNP – Código Nacional Português
CTM – Centro Tecnológico do Medicamento
DCI – Denominação Comum Internacional
DCR – Doença Crónica Renal
FEFO – First Expired, First Out
FGP – Formulário Galénico Português
FIFO – Fist In, First Out
INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde
LVC – Leishmaniose Visceral Canina
MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica
MRZ – Mirtazapina
MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica
NA - Noradrenalina
PV – Prazo de Validade
PVP – Preço de Venda ao Público
SI – Sistema Informático
SNS – Serviço Nacional de Saúde
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PARTE I
INTRODUÇÃO
Ao longo dos nove semestres que frequentei a FFUP adquiri conhecimentos
teóricos indispensáveis para um bom desempenho da atividade farmacêutica. Após este
período segue-se o estágio, que permite um contacto com a realidade para colocar em
prática o que se aprendeu até então. Para mim esta etapa foi crucial para adquirir
competências técnicas, assim como confiança nos meus atos ao prestar um serviço de
saúde.
Com o presente relatório pretendo descrever, de forma sucinta as atividades
realizadas diariamente ao longo do estágio na farmácia Jotânia, bem como os aspetos que
envolvem a organização e gestão de uma farmácia e o papel do farmacêutico na farmácia
comunitária, expondo os conhecimentos e competências por mim adquiridas ao longo do
estágio.
O meu horário de trabalho era das 9:30 às 13:00 e das 15:00 às 19:30, de Segunda
a Sexta-feira, cumprindo assim as 8h horas diárias.
1. FARMÁCIA JOTÂNIA – ESPAÇO FÍSICO E FUNCIONAL
1.1. Localização e espaço físico exterior
A farmácia Jotânia situa-se na Avenida Comendador Parente Ribeiro, nº1, na freguesia
de Santa Marta de Portuzelo, pertencente ao concelho de Viana do Castelo.
Pode-se considerar bem localizada, dado que a cerca de 350m de distância existe uma
unidade de cuidados de saúde personalizados (CS de Viana do Castelo), assim como duas
clínicas médicas dentárias nas proximidades. Para além disso, fica numa zona com uma
vasta área residencial e alguns estabelecimentos comerciais. O facto de ficar à face da
estrada nacional, com paragens de autocarro e locais para estacionamento facilita o seu
acesso por parte dos utentes quer sejam habituais ou esporádicos.
Exteriormente, identifica-se com facilidade pelo seu aspeto característico, conforme o
manual das Boas Práticas Farmacêuticas (BPF).1 Com uma cruz verde, bem visível, com
informação rotativa da data, hora e temperatura ambiente. Tem o horário de funcionamento
afixado à entrada. As montras envidraçadas permitem uma boa visibilidade para o interior.
A entrada fica ao nível da rua, o que garante uma boa “acessibilidade à farmácia de todos
os potenciais utentes, incluindo crianças, idosos e cidadãos portadores de deficiência”.1
(Anexo I)
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
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1.2. Espaço interior
Segundo a legislação em vigor, uma farmácia deve ter um mínimo de divisões próprias
obrigatórias: sala de atendimento ao público; laboratório; armazém; gabinete de
atendimento personalizado e instalações sanitárias.2 Na Farmácia Jotânia os espaços
mencionados estão presentes e de acordo com o exigido pela lei.
O espaço interior da farmácia deve, de acordo com o manual das Boas Práticas
Farmacêuticas, corresponder às necessidades da equipa de trabalho e dos utentes,
apresentando-se com um ambiente profissional e calmo.1 Desta forma, na sala de
atendimento ao público existem 3 postos de atendimento adequadamente separados entre
si, permitindo a privacidade do doente (Figura 1 – Anexo II). Estão disponibilizadas cadeiras
para os utentes que se encontram a aguardar a sua vez (Figura 2 – Anexo II). Nesta divisão,
também de dispõe de vários expositores com diferentes produtos: de cosmética e
dermocosmética; de puericultura; de uso veterinário; produtos sazonais, assim como, os
medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM). À entrada está um contentor da
VALORMED e, ainda, se dispõe de uma balança que dá o valor do peso, altura e índice de
massa corporal.
O gabinete de atendimento personalizado oferece uma maior privacidade, sendo útil
para a medição dos parâmetros bioquímicos, administração de injetáveis, bem como, para
outros serviços associados a esta farmácia (consultas de podologia, optometria, etc)
(Figura 3 – Anexo II).
O laboratório encontra-se equipado com todo o material necessário exigido por lei
(Deliberação n.º 1500/2004, de 7 de Dezembro), estando, portanto, apto para a preparação
de manipulados (Figura 4 – Anexo II).
1.3. Recursos humanos e perfil dos utentes
A equipa de trabalho da farmácia Jotânia é integrada por 3 farmacêuticos e um técnico
de farmácia: Dr.ª Maria Pedro Arriscado (diretora técnica), Dr.ª Sandra Lima, Dr. José
Coutinho e o Sr. António Carvalhosa. Durante o exercício da sua atividade todos os
elementos se encontram devidamente identificados.
O perfil dos utentes é diversificado, incluindo praticamente todas as faixas etárias.
Contudo, verifica-se que é a população mais envelhecida a que mais frequenta a farmácia
Jotânia, dado que em regra são pessoas polimedicadas. Além disso, os utentes
designados habituais são normalmente os residentes na área, permitindo o
estabelecimento de uma relação de confiança mútua e, portanto, um acompanhamento e
aconselhamento mais adequados.
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A proximidade com um centro de saúde, uma clínica dentária e, ainda, uma clínica
veterinária também permitem uma boa afluência de utentes esporádicos.
1.4. Horário de funcionamento
Segundo a legislação, o limite mínimo de funcionamento das farmácias comunitárias
deve ser de 44 horas semanais.4 De acordo com o anteriormente descrito, a farmácia
Jotânia encontra-se aberta nos dias úteis das 9h às 20h30 e aos sábados das 9h às 19h.
1.5. Sistema informático
O sistema informático (SI) é uma ferramenta de elevada utilidade para uma farmácia,
pelo que cada uma opta por aquele que se adapta melhor às suas necessidades,
contribuindo para uma maior rapidez e funcionalidade dos colaboradores da farmácia. O
SI informático utilizado na farmácia Jotânia é o Sifama 2000®.
O Sifarma 2000® permite seguir o percurso de todos os medicamentos e produtos
farmacêuticos desde a sua a sua entrada até à sua saída/venda na farmácia. Com este SI
é possível executar vendas ao público; fazer a gestão de utentes, de stocks, de
encomendas; controlo dos prazos de validade (PV); efetuar devoluções e fazer a sua
regularização; processamento de receituário, entre outras tarefas.
Conclui-se, assim, que este SI é de elevada importância no exercício da atividade
farmacêutica, não só pela sua versatilidade mas também pelas indicações mais relevantes
que fornece dos medicamentos aquando da sua venda, permitindo um melhor
aconselhamento ao utente. Portanto, aprender a manuseá-lo foi uma das primeiras
atividades a ser introduzida no estágio.
2. BIBLIOTECA E FONTES DE INFORMAÇÃO
De acordo com o manual das BPF, o farmacêutico deve ter sempre ao seu dispor fontes
de informação atualizadas e organizadas sobre o medicamento para solucionar eventuais
dúvidas que possam surgir no exercício da sua atividade. Posto isto, a farmácia Jotânia
dispõe de algumas fontes, tais como: Farmacopeia Portuguesa IX, Prontuário Terapêutico
2013, Índice Nacional Terapêutico 2014 e o Formulário Galénico Português (FGP). O
acesso à internet é outra ferramenta importante que permite aceder rapidamente a
documentação e informação atualizada como por exemplo, a base de dados Infomed, o
prontuário terapêutico online, etc.
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
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3. GESTÃO FARMACÊUTICA – SELEÇÃO, AQUISIÇÃO E ARMAZENAMENTO
3.1. Gestão e rotação de stocks
A gestão de stocks é fundamental para o bom funcionamento de uma farmácia. É uma
tarefa difícil de ser exata dada a enorme quantidade de referências existentes no mercado.
No exercício desta gestão deve tentar manter-se um equilíbrio entre mínimo e máximo. Ou
seja, é importante adquirir quantidades suficientes para que não haja uma eventual rutura
de stock, mas também deve ter-se o cuidado para que estas não sejam excessivas, dado
que implica uma grande disponibilidade para imobilizar capitais, espaço físico para o seu
armazenamento, assim como, se acresce o risco de devoluções devido a produtos que
apresentem PV expirados. Um outro aspeto a ter em conta são as condições de compra
que a farmácia consegue com o armazenista ou diretamente com o laboratório.
O primeiro passo é a seleção dos produtos a adquirir através das encomendas, sendo
que há uma distinção entre encomendas diárias – continuamente monitorizada no que
respeita aos stocks mínimos e máximos – e encomendas manuais ou específicas para os
utentes que as solicitam.5 Na farmácia Jotânia as encomendas diárias são feitas recorrendo
ao SI, o qual tem a capacidade de gerar uma pré-encomenda, sendo que a partir desta
pode-se aceitar os produtos inseridos, anular, aumentar quantidades ou acrescentar outras
referências. Por outro lado, no início do mês é feita uma encomenda maior que visa
contemplar os medicamentos com maior rotatividade na farmácia.
Todos os produtos que chegam à farmácia devem ser inseridos no SI para que se saiba
sempre o que há disponível em armazém. No entanto, existem vários fatores que
contribuem para que haja diferenças entre o stock físico e informático. Alguns exemplos
são: erros ao dar entrada da encomenda, erros na marcação, enganos nas vendas, trocas
entre farmácias, devoluções, entre outros.5
Ao longo, do estágio pude verificar que esta é uma tarefa que carece de um elevado
conhecimento dos produtos que têm maior rotatividade na farmácia e que, para além disso
está em constante mudança dada a constante introdução de novas referências no mercado
e com grande variação de preços.
3.2. Fornecedores
A seleção dos fornecedores é de extrema relevância para uma boa gestão da farmácia.
Portanto, é essencial ter em atenção alguns fatores aquando da sua escolha: rapidez nas
entregas dos produtos e nas quantidades corretas, número de entregas diárias, capacidade
de stocks, flexibilidade e capacidade de aceitar alterações, reação rápida em caso de
dificuldade, cumprimento das datas/horas, condições financeiras.
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Na farmácia Jotânia os fornecedores são a Cooprofar (principal), a Cofanor e a Alliance
Healthcare. Contudo, as compras também podem ser efetuadas diretamente ao laboratório
por intermédio de um delegado e igualmente com boas condições de aquisição (descontos
e bonificações). No entanto, os prazos de entrega são normalmente mais alargados,
tornando-se necessário avaliar a urgência com que se pretende obter os produtos.
3.3. Receção e conferência de encomendas
Os produtos encomendados são enviados à farmácia em contentores devidamente
identificados com o nome da farmácia e o código da encomenda. Junto com estes vem a
respetiva fatura (original e duplicado) ou em casos aplicáveis, uma guia de transporte (a
fatura é enviada posteriormente à farmácia). Nestas vem a identificação dos produtos pelo
código nacional português (CNP), acrescido do nome comercial ou denominação comum
internacional (DCI), forma farmacêutica, dosagem e número de unidades; o preço de venda
à farmácia, a taxa de IVA e o preço de venda ao público (PVP), se aplicável
A receção propriamente dita é feita, mais uma vez, com recurso ao SI, no qual são
inseridos todos os produtos que chegaram, ao mesmo tempo que se verifica se
corresponde ao mesmo que consta da fatura, quer a nível de quantidades, quer de preços.
Durante este processo, também há o cuidado de confirmar os PV e atualizá-los quando
necessário.
Em caso de se detetar alguma inconformidade, como por exemplo, produto em falta
mas que está faturado, embalagem danificada, entre outras, o fornecedor é imediatamente
contactado para se fazer uma reclamação e resolver a situação. Quando há produtos em
falta, por se encontrarem esgotados, é feito um novo pedido a um fornecedor diferente.
A receção e conferência de encomendas foi uma das etapas pela qual iniciei o estágio,
o que me permitiu ambientar tanto ao SI como aos medicamentos e outros produtos
adquiridos habitualmente pela farmácia. Ou seja, tive a oportunidade para me familiarizar
com os nomes comerciais, os princípios ativos e as formas farmacêuticas disponíveis.
3.4. Marcação de preços
A marcação de preços foi uma atividade pela qual também fiquei responsável várias
vezes. Existe uma enorme variedade de produtos para os quais é necessário fazer a
marcação de preços, dado que são de venda livre. Alguns exemplos são os MNSRM,
produtos de higiene, de puericultura, de dermocosmética e cosmética, dispositivos
médicos, suplementos alimentares, entre outros.
Na fatura vem apenas indicado o preço de custo para a farmácia. Assim, aquando da
sua receção além dos cuidados de conferência acima referidos também se deve definir o
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PVP, tendo em conta a taxa de IVA aplicável e margem de lucro praticada pela farmácia.
Após introduzidos todos os dados no Sifarma 2000® e terminada a receção são impressas
etiquetas autocolantes para estes produtos de venda livre, onde é visível o preço, a taxa
de IVA associada, nome e código do produto.
3.5. Armazenamento
Após a receção dos produtos tem que se proceder ao seu armazenamento em sítio
adequado (Figura 5 – Anexo II). Além disso, deve haver uma correta organização do
espaço e dos produtos de forma que o atendimento seja rápido, eficaz e com qualidade.
Assim, os locais de armazenamento têm de estar de acordo com determinadas normas,
como sendo temperatura e humidade adequadas (controlo feito por um termo-higrómetro),
proteção da exposição solar para não haver alteração na sua eficácia e/ou segurança, mas
ao mesmo tempo devem estar em locais de fácil acesso e com boa visibilidade.
Um outro aspeto a ter em conta é a separação dos psicotrópicos e estupefacientes,
dos demais produtos, dadas as suas características especiais. O mesmo acontece para os
produtos do protocolo diabetes e para os medicamentos de uso veterinário, possuindo cada
qual gavetas próprias. Existe, também, um frigorífico para o armazenamento dos produtos
termossensíveis (Figura 6 – Anexo II), os quais necessitam de estar a uma temperatura
compreendida entre os 2 – 8ºC.6 Os restantes produtos, além de organizados por ordem
alfabética e com uma separação física entre as diferentes doses de um mesmo
medicamento, são armazenados segundo o princípio First Expired, First Out (FEFO), ou
seja, os produtos com o menor PV são os primeiros a ser escoados. Quanto aos produtos
desprovidos de PV, obedece-se à regra First In, First Out (FIFO), isto é, os primeiros que
foram rececionados são os primeiros a ser vendidos. Assim sendo, e tendo em conta estas
regras as gavetas estão organizadas de tal modo, que na hora do atendimento se pegue
no produto correto. De referir, neste sistema de gavetas, duas colunas são reservadas para
formar o stock passivo, destinado a armazenar os produtos de alta rotatividade e que, por
isso, exigem que estejam presentes em maiores quantidades.
As formas farmacêuticas também são tidas em conta na altura de arrumar. Ou seja, na
farmácia Jotânia existem gavetas somente destinadas ao armazenamento de ampolas,
outras para os pós/granulados e, ainda, para os xaropes e suspensões orais. São zonas
mais próximas do chão, dado que normalmente são produtos pesados e/ou em recipientes
de vidro, havendo risco de quebra.
Relativamente aos produtos de dermofarmácia e cosmética, veterinária e puericultura
encontram-se organizados e expostos em montras na zona de atendimento ao público,
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sendo também uma forma de publicitar e dar a conhecer às pessoas o que existe na
farmácia.
Tal como referido anteriormente, o meu estágio iniciou-se por estas atividades de
receção, conferência e armazenamento de encomendas, o que me permitiu ter um maior
contacto com a grande variedade de produtos farmacêuticos. O armazenamento, em
particular, permitiu-me familiarizar com os locais destinados aos produtos, o que mais tarde
se revelou útil quando me iniciei no atendimento ao público.
3.6. Controlo dos prazos de validade
O controlo dos PV deve ser feito periodicamente, garantindo a eficácia e segurança dos
produtos e evitando prejuízos para a farmácia, a qual pode ficar com a sua imagem
prejudicada. Esta foi também uma das tarefas por mim realizada no estágio. Assim,
recorrendo ao SI, no início do mês, na farmácia Jotânia, é emitida uma listagem dos
produtos cujo PV termina nos três meses seguintes. Depois a minha função era localizar
estes produtos e confrontar um a um a validade que consta no SI com a que está inscrita
na caixa. Se a validade correspondesse, então, procedia à separação do(s) produto(s) das
existências utilizáveis para posterior devolução, mas se estivesse errada, a mesma era
depois corrigida e atualizada no Sifarma 2000®.6
3.7. Devoluções
Além dos PV, existem outras situações que justificam a devolução de um produto,
designadamente, embalagem danificada ou incompleta, troca de produto, produtos
retirados do mercado. Para se efetuar a devolução é necessário criar, no SI, uma nota de
devolução que é impressa em triplicado – duas acompanham o produto e a terceira é
arquivada na farmácia.
Na nota de devolução devem constar os produtos a ser devolvidos, a quantidade, o
motivo, o fornecedor e a identificação da fatura de cada produto. Após isto, o fornecedor
avalia a situação, aceitando ou não a devolução. Ou seja, no caso de não ser aceite o
produto retorna à farmácia juntamente com a justificação. Contudo, no caso de uma
devolução válida o fornecedor pode emitir uma nota de crédito à farmácia ou pode trocar o
produto por outro igual, sendo posteriormente regularizada no SI.
Ao longo do estágio tive a oportunidade de emitir notas de devolução, bem como,
proceder à sua regularização no Sifarma®.
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
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3.8. Fecho do dia
Chegada a hora de encerramento ao público, ainda restam algumas tarefas por realizar,
nomeadamente, soma dos pagamentos efetuados por multibanco, recolha e contagem do
dinheiro das caixas. O valor total deve corresponder ao valor emitido pelo SI. A partir deste
imprime-se diariamente o Talão Recapitulativo que resume os movimentos realizados na
farmácia durante aquele dia, sendo este documento arquivado para depois entregar à
contabilidade.
Por fim, fazem-se as seguranças que permitem registar os dados referentes ao dia que
terminou numa unidade de estado sólido.
4. CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS PRESENTES NA FARMÁCIA JOTÂNIA
4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica
Os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) são todos aqueles que só podem
ser dispensados mediante a apresentação de uma prescrição médica válida. Tal cuidado
prende-se com o facto de estes poderem constituir um risco para saúde se utilizados sem
vigilância médica, ou para fins diferentes daquele a que se destinam; podem ter na sua
constituição substâncias cuja atividade ou efeitos adversos necessitem de informação mais
aprofundada; ou para administração por via parentérica (preparações injetáveis).7
Num dia de trabalho da farmácia, pude verificar que os MSRM correspondem ao maior
volume de vendas, sendo que para proceder à sua cedência, eu ou qualquer um dos
restantes elementos da equipa, tínhamos de analisar e validar a receita médica e depois
fornecer toda a informação necessária ao utente para uma correta utilização dos
medicamentos.
4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica
Este grupo de medicamentos corresponde a todos aqueles que não se enquadram no
artigo 114º do Estatuto do Medicamento e, regra geral, não são comparticipados, salvo em
casos previstos na legislação.7
Os MNSRM obedecem aos mesmos critérios de qualidade, segurança e eficácia dos
MSRM e, como tal, também não devem ser usados por períodos de tempo prolongados.
Podem ser prescritos por um médico, aconselhados pelo farmacêutico ou solicitados pelo
próprio utente. Ou seja, podem ser cedidos sem necessidade de receita médica, sendo
muitas vezes usados em regimes de automedicação ou por indicação farmacêutica.
Ao longo do estágio, verifiquei que os MNSRM são cada vez mais solicitados pelas
mais variadas razões e, portanto, cabe a nós farmacêuticos alertar as pessoas para o uso
racional destes, dado que várias vezes o seu uso é desnecessário ou desaconselhado.
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4.3. Medicamentos de uso veterinário
Um medicamento veterinário é “toda a substância, ou associação de substâncias,
apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em
animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com
vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma acção
farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções
fisiológicas”.8
Hoje em dia observa-se uma maior preocupação por parte das pessoas para com a
saúde e bem-estar dos animais, sendo que muitas vezes vão à farmácia aconselhar-se
acerca deste assunto sem ter consultado um médico-veterinário. Portanto, torna-se
necessário que o farmacêutico tenha conhecimento deste tipo de produtos para que possa
proceder adequadamente e esclarecer dúvidas, ou quando aplicável encaminhar para uma
consulta com um médico-veterinário. De referir a existência de medicamentos de uso
humano para animais, os quais só se podem ceder quando é feita a prescrição por um
especialista.
Na farmácia Jotânia os medicamentos de uso veterinário são essencialmente
destinados a animais de companhia e de exploração, sendo para os primeiros os mais
procurados os antiparasitários e os anticoncecionais e para os segundos vacinas,
antibióticos e também os antiparasitários. Esta era uma área onde tinha menos à vontade,
principalmente no que respeita a animais de exploração, pelo que no estágio fiquei a
conhecer um pouco mais acerca deste mercado.
4.4. Medicamentos homeopáticos
Este é um grupo de medicamentos com reduzida expressão na farmácia Jotânia pelo
que normalmente o seu stock é mínimo ou somente por encomenda.
Os medicamentos homeopáticos são classificados como MNSRM, salvo se
preencherem algum dos requisitos presentes no artigo 114º, do Estatuto do Medicamento.7
São medicamentos em que se usa quantidades mínimas de substâncias ativas obtidas
através de diluições sucessivas.9
4.5. Produtos de protocolo
A diabetes é uma doença crónica que abrange cada vez mais pessoas, pelo que existe
um Programa Nacional de Controlo da Diabetes, sendo estabelecidos protocolos de
colaboração envolvendo o Ministério da Saúde, as pessoas com a doença e outros
subsistemas do setor – indústria farmacêutica, distribuidores, farmácias, etc – com o
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objetivo de melhorar a qualidade de vida, facilitando o acesso das pessoas com diabetes
aos dispositivos indispensáveis à sua autovigilância.10, 11
Os produtos de protocolo podem ser adquiridos na farmácia, sendo que o Estado
comparticipa o preço dos reagentes (85% nas tiras-teste) e dispositivos médicos (100%
para as agulhas, seringas e lancetas) que são destinados aos utentes do Serviço Nacional
de Saúde (SNS) e dos subsistemas públicos de saúde, desde que devidamente
identificados e mediante apresentação de prescrição médica.12
4.6. Produtos cosméticos e dermofarmácia
Produto cosmético é “qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em
contacto com as partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas piloso e capilar,
unhas, lábios e órgãos genitais externos) ou com os dentes e as mucosas bucais, tendo
em vista, exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto,
protegê-los, mantê-los em bom estado ou de corrigir os odores corporais.”13
Estes produtos têm uma legislação própria, sendo o seu fabrico, controlo e segurança
da inteira responsabilidade da pessoa responsável. O INFARMED é a entidade que regula
e supervisiona o mercado dos produtos cosméticos.13, 14
A farmácia Jotânia tem ao seu dispor várias marcas comerciais para as mais variadas
situações, sejam elas afeções da pele (acne, despigmentação, eritema da fralda nos
bebés…), problemas capilares (caspa, alopecia, seborreia, …), produtos
antienvelhecimento, proteção solar, higiene, produtos direcionados à podologia, entre
outros.
Atualmente verifica-se que as pessoas se preocupam cada vez mais em cuidar de si
próprias recorrendo a este tipo de produtos e a farmácia é muitas vezes o sítio onde
procuram o que necessitam, pedindo aconselhamento farmacêutico. Logo no início do
estágio tive a oportunidade de aceder a sites como a “Pierre Fabre Portugal” e “Cosmética
Activa” com informação detalhada e direcionada para profissionais acerca das suas gamas
de produtos. Desta forma, pude conhecer melhor os produtos quanto à sua eficácia,
propriedades, forma de aplicação e precauções de uso, o que mais tarde se revelou útil
quando necessário aconselhar um utente para uma situação específica e explicar o porquê
de um produto ser mais vantajoso em detrimento de outros.
4.7. Produtos fitoterapêuticos
Produtos fitoterapêuticos são medicamentos à base de plantas utilizados sem vigilância
médica para fins de diagnóstico, prescrição ou monitorização do tratamento.7, 15 São
caracterizados por se ter conhecimento da eficácia e dos riscos do seu uso, bem como
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pela reprodutibilidade e manutenção da qualidade. Na sua preparação podem ser usados
adjuvantes farmacêuticos.16
A meu ver os produtos deste grupo têm sido bastante procurados, muitas vezes pela
ideia errada que por serem de origem natural não apresentam reações adversas. Assim,
cabe ao farmacêutico explicar a forma correta de tomar, bem como informar que uma
utilização incorreta pode causar problemas de saúde.17
Na farmácia Jotânia a procura destes produtos verifica-se para finalidades diferentes,
como por exemplo, insuficiência venosa, infeções do trato urinário, equimoses e
hematomas, vertigens e zumbidos, problemas de trânsito intestinal, entre outros.
4.8. Produtos dietéticos
Os produtos dietéticos são géneros alimentícios destinados a uma alimentação
especial e distinguem-se dos alimentos de consumo corrente devido à sua composição
especial ou a processos de fabrico especiais. São comercializados com a indicação do
objetivo nutricional ao qual se destinam, sendo indicados para um conjunto específico de
pessoas: com perturbações do sistema digestivo ou metabolismo; com condição fisiológica
especial e lactentes ou crianças de tenra idade em bom estado de saúde.18, 19
Para os lactentes ou crianças a farmácia Jotânia dispõe de leites e farinhas das gamas
da Aptamil® (Lab. Milupa), Nidina® (Lab. Nestlé), S-26® (Lab. Wyeth) e NAN® (Lab.
Nestlé), alguns dos quais capazes de suprir outras necessidades, nomeadamente, os leites
antirregurgitante, antidiarreicos, hipoalergénicos e anticólicas. No caso de pessoas cujo
processo de assimilação ou metabolismo se encontrem perturbados, como exemplo tem-
se o suplemento hiperproteico Fortimel® (Lab. Nutricia) que é indicado para situações de
perda de peso e/ou apetite, pós-operatório, geriatria, gravidez, etc.
Por fim, para as pessoas que se encontram em condições fisiológicas especiais, os
produtos dietéticos são sujeitos a processamento ou formulação especial, podendo assim
beneficiar de uma ingestão controlada de determinadas substâncias contidas nos
alimentos, sempre com a supervisão médica.18, 20 A título de exemplo, a farmácia Jotânia
tem Forticare® (Lab. Nutricia) especialmente concebido para pacientes oncológicos que
possam necessitar de um suplemento hipercalórico e hiperproteico; Miltina® (Lab. Milte
Portugal) como solução de re-hidratação em casos de grande perda eletrolítica (p. ex.,
diarreia, vómitos).
No decorrer do estágio, observei que há alguma procura destes produtos e que,
portanto, como futura farmacêutica devo conhecer ao máximo o que está disponível no
mercado, por forma a saber dar indicações corretas quanto à finalidade do produto e à sua
forma de utilização.
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4.9. Dispositivos médicos
Dispositivo médico é “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material
ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, incluindo o software destinado pelo
seu fabricante a ser utilizado especificamente para fins de diagnóstico ou terapêuticos e
que seja necessário para o bom funcionamento do dispositivo médico, cujo principal efeito
pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos
ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, destinado pelo
fabricante a ser utilizado em seres humanos…”21
Os dispositivos médicos são integrados em 4 classes (I, IIa, IIb e III), de acordo com a
vulnerabilidade do corpo humano, tendo em conta o tempo de contacto e a invasibilidade,
e os potenciais riscos decorrentes da conceção técnica e do fabrico. Ou seja, são
classificados de acordo com o grau de risco, sendo a classe I a de grau mais baixo.21, 22
A farmácia Jotânia dispõe de vários dispositivos médicos, sendo os mais
predominantes os de classe I. Alguns exemplos são: algodão hidrófilo, pensos, luvas,
meias de compressão, ligaduras elásticas, termómetros (classe I), seringas com agulhas,
compressas (classe IIa), preservativos (classe IIb), dispositivos intra-uterinos (classe III),
entre outros.
4.10. Artigos de puericultura
Na farmácia Jotânia, os artigos de puericultura encontram-se expostos na zona de
atendimento e, embora, estes possam ser encontrados em muitos outros locais, a farmácia,
para muitas mães, é o local de eleição para a aquisição destes produtos. Talvez porque ao
mesmo tempo pode sempre recorrer a um aconselhamento mais completo por parte de um
farmacêutico, bem como esclarecer eventuais dúvidas que possam surgir.
Dentro deste grupo de artigos a farmácia Jotânia tem à disposição os essenciais para
a higiene, alimentação e conforto do bebé, bem como produtos para a grávida e fase pós-
parto (creme antiestrias, cintas pré- e pós-parto, extratores de leite, etc).
5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS
A dispensa trata-se de uma atividade muito importante, pois o farmacêutico tem o dever
de fornecer toda a informação indispensável para o correto uso dos medicamentos. Isto é
válido caso se esteja perante uma prescrição médica ou em caso de automedicação ou
pedido de indicação farmacêutica.1
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5.1. Prescrição médica e sua validação
Aquando da receção de uma receita o farmacêutico fica responsável por verificar se a
mesma obedece a todos os requisitos para que possa ser válida e proceder-se à dispensa
dos medicamentos.
De acordo com a portaria n.º 137-A/2012, de 11 de Maio as receitas médicas destinam-
se à prescrição de MSRM, incluindo os manipulados, bem como os estupefacientes e os
psicotrópicos. Mas também podem ser usadas para prescrição de produtos do protocolo
da diabetes, géneros alimentícios para uma alimentação especial ou outros.
A prescrição de medicamentos deve ser eletrónica, incentivando-se a informatização
do sistema de saúde, com o objetivo de facilitar a comunicação entre os profissionais de
saúde, diminuindo o risco de erro ou confusão durante a prescrição e dispensa.23, 24 As
receitas manuais, contudo, ainda são permitidas nas seguintes situações excecionais: a)
Falência informática; b) Inadaptação do prescritor; c) Prescrição no domicílio; d) Até 40
receitas/mês. Nestes casos, o médico deverá identificar a exceção em causa, assinalando
a alínea aplicável (Figura 1 – Anexo III).24
Os medicamentos prescritos na receita devem apresentar-se pela DCI, seguida da
forma farmacêutica, dosagem, apresentação ou tamanho da embalagem e posologia.
Desta forma, o utente poderá optar por qualquer medicamento com as mesmas
características, quando aplicável. Contudo, nos casos em que o medicamento de marca
não apresenta similares, nem disponha de genéricos similares comparticipados, então a
prescrição poderá ser feita pelo nome comercial do medicamento ou do titular de
autorização de introdução no mercado (AIM). O mesmo se aplica quando o médico insere
na receita a justificação técnica quanto à insusceptibilidade de substituição do
medicamento prescrito. São admitidas as seguintes exceções técnicas: a) medicamento
com margem ou índice terapêutico estreito, b) suspeita de intolerância ou reação adversa,
c) medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração
superior a 28 dias.23 Em relação a esta última exceção o utente poderá optar por levar um
medicamento mais barato se for essa a sua vontade.26
Em cada receita só podem constar até 4 embalagens de medicamentos, sendo que
estes podem ser distintos ou no máximo duas embalagens por medicamento (sem nunca
ultrapassar o total das 4). No caso de se tratar de doses unitárias podem ser prescritas as
quatro embalagens iguais.23, 24
A validação propriamente dita de uma receita médica, na farmácia, é feita após uma
breve análise para verificar se obedece a todos requisitos exigidos por lei. Assim, numa
prescrição eletrónica devem constar os seguintes elementos (Figura 2 – Anexo III):
Número da receita;
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Local de prescrição;
Identificação do médico prescritor;
Identificação do utente – nome e número de utente ou de beneficiário de
subsistema;
Entidade financeira responsável;
Regime especial de comparticipação se adequável;
Identificação do medicamento – DCI, dosagem, forma farmacêutica, dimensão
da embalagem, número de embalagens e Código Nacional para a Prescrição
Eletrónica de Medicamentos. Nos casos em que a lei permite a prescrição por
designação comercial deve constar o código de barras correspondente;
Identificação do despacho junto ao respetivo medicamento para usufruir do
regime especial de comparticipação, quando adequado à situação;
Data da prescrição e assinatura do prescritor. 23, 24
As receitas manuais obedecem aos mesmos critérios que a receita eletrónica, mas
além disso também é obrigatório apresentar as vinhetas identificativas do local de
prescrição e do médico prescritor; identificação da especialidade médica e o contacto
telefónico, bem como a exceção aplicável devidamente assinalada.23, 24 Outro aspeto
importante é facto destas não serem renováveis, não poderem estar rasuradas ou
prescritas com canetas distintas e caligrafias diferentes.25
As receitas apresentam uma validade de 30 dias a partir da data da sua emissão,
exceto nos casos das receitas eletrónica renováveis, as quais são válidas por seis
meses.23, 24
Os medicamentos estupefacientes ou psicotrópicos têm de ser prescritos numa receita
individualizada onde não constem outros medicamentos.23 O mesmo se aplica para os
produtos do protocolo da diabetes, medicamentos manipulados e produtos dietéticos.25
No ato da dispensa é impresso no verso da receita toda a informação relativa à venda:
a identificação da farmácia; o organismo de comparticipação; a identificação dos
medicamentos bem como o respetivo preço individualmente e na totalidade da receita
(inclui o PVP, valor comparticipado pela(s) entidade(s) responsável(eis) e o encargo do
utente); a data da dispensa; a declaração “…foram dispensadas as nn,nn embalagens de
medicamentos constantes na receita e prestados os conselhos sobre a sua utilização.” e
as declarações referentes ao exercício ou não do direito de opção pelo medicamento mais
barato. Por fim, a receita é assinada pelo utente e, ainda, carimbada, datada e assinada
pelo farmacêutico.26
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5.1.1. Receita médica renovável
A receita médica renovável destina-se para medicamentos usados em tratamentos
de longa duração, como por exemplo, controlo da hipertensão, do colesterol, etc. O
prescritor pode validar de uma a três guias, levando em consideração a duração do
tratamento e a dimensão da embalagem. Cada via da receita é válida por 6 meses a partir
da data em que foi prescrita.24
Este tipo de receitas não podem ser emitidas por via manual.
5.1.2. Receita médica não renovável
As receitas médicas não renováveis são as mais comuns, sendo apenas válidas
por 30 dias após a data da sua prescrição.24
As receitas manuais são todas prescritas de acordo com este modelo.
5.1.3. Interpretação e avaliação farmacêutica da prescrição médica
Durante o atendimento a primeira abordagem por parte do farmacêutico é verificar
se a receita é válida, tendo em conta os requisitos anteriormente referidos. Após essa
análise inicial deve, então, avaliar os medicamentos prescritos e fornecer toda a informação
necessária para uma utilização correta, segura e eficaz. Para tal uma boa comunicação
oral entre profissional e utente é o primeiro passo durante o aconselhamento, o qual pode
e deve ser reforçado por escrito.1
Adicionalmente, no ato da dispensa, o farmacêutico tem que informar o utente da
existência de medicamentos genéricos similares ao prescrito e qual o mais barato. Assim
como ter a capacidade de selecionar um medicamento similar no caso daquele que foi
prescrito se encontrar esgotado.27
Não menos importante é o estabelecimento de um bom relacionamento entre
médico e farmacêutico, pois por vezes podem surgir dúvidas que têm de ser esclarecidas
com o prescritor, como por exemplo, não perceber a caligrafia, dúvidas quanto à posologia
ou duração do tratamento. Com esta atitude não se está a pôr em causa o conhecimento
do médico prescritor, mas por vezes é com o farmacêutico que o utente tem maior contacto
e à vontade, permitindo saber alguns pormenores do seu histórico de saúde, que possa
não ter sido mencionado na consulta.
Desta forma, é fundamental que o farmacêutico garanta que o utente sai da
farmácia informado e sem dúvidas quanto às precauções de utilização, forma de tomar,
posologia e alertado acerca das contraindicações e possíveis reações adversas.1
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5.1.4. Processamento das receitas
Esta fase corresponde à venda concreta dos medicamentos que constam da receita
médica e, como tal, deve começar-se por selecionar, no SI, o separador da venda com
comparticipação, de seguida introduzem-se os MSRM por leitura ótica dos respetivos
códigos de barras, bem como a exceção técnica aplicável quando presente. Seleciona-se
o plano de comparticipação. Finaliza-se a venda e imprime-se no verso da receita as
informações da venda. Procede-se à recolha da assinatura do utente e imprime-se a fatura
a qual é carimbada e poderá ser usada para efeitos de dedução no IRS.
Por fim, o farmacêutico deve ainda carimbar, datar e assinar o verso da receita,
sendo que esta fica na farmácia para depois ser enviada junto com todas as outras
referentes a esse mês para o Centro de Conferência de Faturas (CCF).
5.2. Medicamentos genéricos
Segundo o Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de Agosto, medicamento genérico é um
medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas,
a mesma forma farmacêutica e com bioequivalência demonstrada através de estudos de
biodisponibilidade apropriados. Estes são identificados pelo seu DCI, titular de AIM,
dosagem, forma farmacêutica e a sigla MG (medicamento genérico).7
As farmácias são obrigadas a ter em stock pelo menos três dos cinco medicamentos
genéricos de menor preço, dentro de cada grupo homogéneo. Assim como, são obrigadas
a informar o utente da existência de medicamentos genéricos e a dispensar o medicamento
de menor valor, a menos que o utente queira exercer o seu direito de opção.23
Embora se verifique uma maior utilização dos medicamentos genéricos, ao longo do
estágio pude constatar que as opiniões entre utentes são muito divergentes quanto ao seu
uso, não havendo, ainda, confiança total nestes Portanto, importa realçar aqui a
necessidade de transmitir ao utente que o medicamento genérico tem a mesma eficácia,
qualidade e segurança do medicamento de referência, a qual foi demonstrada pelos
estudos de bioequivalência.23 Ou seja, têm a mesma indicação terapêutica que o
medicamento original, de marca, que serviu de referência, mas com a vantagem de serem
mais baratos (cerca de 20 a 35%).28
5.3. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes
Os psicotrópicos e estupefacientes possuem uma aplicação clínica muito vasta, dado
que atuam diretamente no Sistema Nervoso Central, podendo atuar como depressores ou
estimulantes – são, por exemplo, substâncias essenciais no tratamento de doenças do foro
psiquiátrico, em oncologia ou como analgésicos e antitússicos No entanto, como muitas
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vezes estão associados ao consumo de droga e outros atos ilícitos são, por isso, alvo de
muita atenção por parte das autoridades competentes, que exercem um controlo rigoroso.29
Embora apresentem propriedades benéficas, também têm associados alguns riscos,
podendo causar dependência e induzir habituação.29 Por esta razão, a dispensa deste tipo
de medicamentos só pode ser feita por indicação médica e mediante apresentação de
receita válida. A sua prescrição tem de ser feita isoladamente, pelo que não podem constar
outros medicamentos na receita.23 As receitas eletrónicas devem estar identificadas com
RE – Receita Especial.27 Para a venda poder ser realizada, o farmacêutico é obrigado a
inserir no SI a seguinte informação: nome do médico prescritor, identificação e morada do
doente a quem se destina a medicação, identidade do adquirente (nome, número e data
do bilhete de identidade ou cartão do cidadão ou carta de condução), a qual ficará impressa
no verso da receita e a sua morada. No fim da venda, além da fatura para o utente é
também emitido um documento com os dados registados anteriormente que é depois
arquivado na farmácia durante três anos (Anexo IV).23
As farmácias conservam o duplicado das receitas pelo período de três anos, ordenadas
por data de aviamento. Adicionalmente, têm de enviar mensalmente ao INFARMED, o
registo de saídas e entradas destas substâncias, isto é, uma listagem de todas as receitas
aviadas onde constam os dados do adquirente.23, 27 Além deste registo mensal, na farmácia
Jotânia também se envia um registo trimestral.
A aquisição deste tipo de medicamentos faz-se acompanhar de um documento de
requisição (original e duplicado), o qual é assinado, carimbado e datado pelo farmacêutico
responsável, sendo o original arquivado na farmácia e o duplicado enviado ao fornecedor.
Durante o estágio tive a oportunidade de aviar receitas contendo medicamentos
psicotrópicos ou estupefacientes, sendo que os mais requisitados foram os usados na
hiperatividade infantil e na dor oncológica. Para além disso, também pude observar como
se faz o envio, por via informática, ao INFARMED do registo de entradas e saídas destes
medicamentos.
5.4. Medicamentos manipulados
A manipulação compreende todo um conjunto de operações de caráter técnico que
englobam a forma farmacêutica, a sua embalagem e o seu controlo. Desta forma, um
medicamento manipulado é qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e
dispensado em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares sob a
responsabilidade de um farmacêutico. Uma fórmula magistral é um medicamento
preparado mediante apresentação de receita médica que especifica qual o doente a quem
se destina. Enquanto o preparado oficinal diz respeito a qualquer medicamento preparado
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segundo as indicações de uma farmacopeia ou de um formulário e que é destinado a ser
dispensado diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia ou serviços.30
As farmacopeias e formulários reconhecidos pelo INFARMED para a preparação de
medicamentos manipulados são: os formulários oficiais dos Estados membros da União
Europeia; United States Pharmacopoea/National Formulary e o FGP.31
É da responsabilidade do médico a prescrição de uma fórmula magistral ou preparado
oficinal, devendo este assegurar-se da sua segurança e eficácia. Já o farmacêutico fica
responsável por garantir a qualidade do preparado, seguindo as boas práticas de fabrico.
Além disso, também deve fazer uma análise quanto às doses ou substâncias, verificando
se o medicamento será seguro para o utente. Em caso de dúvidas, estas devem ser
esclarecidas diretamente entre médico e farmacêutico.30
A legislação prevê que uma farmácia deve obedecer a certos requisitos legais para que
possa preparar medicamentos manipulados. Desta forma, é necessária a existência de um
espaço adequado, como sendo o laboratório, no qual se dispõe de todo o equipamento
mínimo obrigatório para as operações de preparação, acondicionamento e controlo de
medicamentos manipulados. A listagem deste equipamento encontra-se em anexo na
Deliberação n.º 1500/2004, 7 de Dezembro.32 A farmácia Jotânia possui um laboratório
destinado à preparação de manipulados que obedece a todas as normas descritas pela lei.
As matérias-primas utilizadas na preparação devem satisfazer as exigências da
monografia respetiva de acordo com o regime jurídico dos medicamentos manipulados. A
farmácia deve arquivar os boletins de análise de todas as matérias-primas adquiridas,
registando, para cada uma, o respetivo fornecedor. Além do mais, também deve ser feito
um registo do movimento das matérias-primas, onde constam todos os dados relativos à
aquisição de cada uma, tal como o preço de aquisição, o fornecedor, número de lote,
validade, etc (Figura 1 – Anexo V).
Sempre que se prepara um manipulado, atribui-se um número de lote e preenche-se a
respetiva ficha de preparação (Figura 2 – Anexo V) que inclui o nome do medicamento, o
teor em substâncias ativas, a forma farmacêutica, a quantidade preparada, a data, as
matérias-primas usadas (origem, lote, farmacopeia e quantidades) e o modo de
preparação. Outras informações que constam da ficha são as seguintes:
Tipo de embalagem – as embalagens primárias, que contactam diretamente com o
medicamento manipulado devem ser compatíveis sem provocar alterações na sua
qualidade. Para isso, os materiais de embalagem devem satisfazer às exigências
da Farmacopeia Portuguesa ou das farmacopeias dos outros Estados membros e
devem ser armazenados em condições apropriadas.30
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Controlo de qualidade – por forma a garantir uma boa qualidade deve, no mínimo,
fazer-se a verificação dos caracteres organoléticos (aspeto, odor, cor), cujo
resultado deve ficar registado.30
Médico prescritor
Nome do utente
Prazo de utilização – no caso de medicamentos manipulados inscritos no FGP, o
prazo de utilização encontra-se estabelecido para a respetiva preparação. Caso
contrário, a informação do manipulado referente à sua estabilidade, características
das matérias-primas, tipo de acondicionamento é fornecida pelo Centro
Tecnológico do Medicamento (CTM).30, 33
Condições de conservação – devem ser mais as adequadas por forma a garantir o
cumprimento do prazo de utilização estabelecido.
Rótulo – aqui deve apresentar-se toda a informação relevante ao doente (prazo de
utilização; condições de conservação; instruções especiais, se necessário; via de
administração; posologia), assim como deve indicar explicitamente o nome do
doente em caso de ser uma fórmula magistral e do médico prescritor, a identificação
da farmácia e do diretor técnico; fórmula do medicamento prescrito e o número de
lote que lhe foi atribuído.30
Cálculo do PVP – é estabelecido pela Portaria n.º 769/2004, de 1 de Julho, o qual
é efetuado com base no valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-
primas e no valor dos materiais de embalagem, de acordo com a seguinte fórmula:
(Valor dos honorários + Valor das matérias-primas + Valor dos materiais de
embalagem) x 1,3 x valor do IVA à taxa em vigor.34
A preparação de manipulados só pode ser feita pelo diretor técnico da farmácia ou,
então, sob a sua supervisão e controlo.30 Portanto, durante o estágio tive a oportunidade
de preparar alguns manipulados, mais concretamente, fórmulas magistrais, mas sempre
com a supervisão da diretora técnica:
- Pomada de ácido salicílico a 2%
- Solução de ácido acético a 2% (Figura 3 – Anexo V)
- Pó para a sudorese
- Emulsão de ictiol
5.5. Comparticipações
A atual legislação prevê a possibilidade de comparticipação de medicamentos através
de um regime geral e de um regime especial, o qual se destina a situações específicas que
incluem determinadas patologias ou grupos de doentes.
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A comparticipação por um regime geral fica a cargo do SNS, no qual se inclui casos de
doença dos militares das Forças Armadas, da Guarda Nacional Republicana e da Polícia
de Segurança Pública. Também passou a ser encargo do SNS as comparticipações dos
beneficiários da Direção-Geral de Proteção Social aos Trabalhadores em Funções Públicas
(ADSE).34 Neste tipo de regime, o Estado paga uma percentagem do PVP dos
medicamentes mediante escalões definidos. Estes escalões de comparticipação integram
diferentes grupos e subgrupos farmacoterapêuticos os quais se encontram listados na
Portaria n.º 924-A/2010, de 17 de Setembro. Assim, as comparticipações são de 90%, 69%,
37% e 15% para os Escalões A, B, C e D, respetivamente.27, 36
A comparticipação pode, ainda, ser realizada em regime de complementaridade ao
SNS por várias entidades, como a EDP energias de Portugal, Caixa Geral de depósitos,
Portugal Telecom, entre outros. Para tal, é necessário que o utente se faça acompanhar
do cartão de beneficiário da entidade em questão.
O regime especial de comparticipação de determinados medicamentos é feito em
função dos beneficiários, de patologias ou grupos especiais de utentes, no qual se verifica
um aumento na percentagem de comparticipação. No primeiro caso, a comparticipação do
Estado é válida para pensionistas cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes o valor
do indexante dos apoios sociais em vigor. No segundo caso, o médico prescritor deve
indicar na receita o despacho ou portaria aplicado ao medicamento ou doença para que o
utente usufrua da comparticipação.27, 36
De referir, os medicamentos imprescindíveis em termos de sustentação da vida, como
é o caso das insulinas, para os quais os encargos são 100% suportados pelo Estado.36
Os produtos inclusos no Protocolo de Controlo da Diabetes (tiras-teste, lancetas,
agulhas) beneficiam também de uma comparticipação especial.12 Os medicamentos
manipulados também podem ser comparticipados em 30% desde que sejam os presentes
no anexo do Despacho nº 18694/2010, de 16 de Dezembro.27, 37
6. ACONSELHAMENTO FARMACÊUTICO E AUTOMEDICAÇÃO
O aconselhamento farmacêutico é um processo individualizado de escuta ativa e
centrado no paciente que pressupõe o estabelecimento de uma relação de confiança entre
farmacêutico e utente/doente. O objetivo do aconselhamento é aperfeiçoar as habilidades
do utente para com o seu tratamento e na solução de problemas que visam melhorar ou
manter a sua saúde e qualidade de vida.
A automedicação é a instauração de um tratamento medicamentoso por iniciativa
própria do doente. Perante esta situação o farmacêutico deve concordar ou desaconselhar
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Raquel Felgueiras |21
a utilização do medicamento solicitado pelo doente, garantindo que haja um uso racional
do medicamento.1
Todos os utentes ou doentes devem estar cientes de que não há nenhum medicamento
inócuo para a saúde, devendo ser alertados para os seus efeitos indesejáveis.38 Neste
contexto, o farmacêutico deve fornecer toda a informação necessária para uma utilização
correta, segura e eficaz dos medicamentos, assegurando que o utente compreende qual a
sua indicação terapêutica, posologia, via de administração, modo de conservação,
interações medicamentosas e possíveis efeitos secundários.
É muitas vezes na farmácia que o utente procura informação complementar
relativamente aos medicamentos prescritos pelo médico ou de qualquer outro produto
passível de ser dispensado na farmácia; uma avaliação dos seus sintomas que possa
indicar uma situação que requer cuidados médicos; ou até mesmo a sugestão de um
MNSRM ou medidas não farmacológicas quando tal se justifica. Neste último caso, cabe
ao farmacêutico assegurar que a escolha do medicamento é feita com base em questões
postas ao utente que permitem saber: as características gerais dos sintomas (ex.: tipo de
tosse, com ou sem expetoração, febre, etc.); a idade do utente; algum estado particular de
saúde; as doenças concomitantes (como diabetes, hipertensão, colesterol, etc.); os
medicamentos que toma; algumas sensibilidades específicas (como as alergias,
intolerâncias gástricas); hábitos e estilos de vida.38 Após analisar toda a informação
recolhida, o farmacêutico será responsável por selecionar um MNSRM ou um eventual
tratamento não farmacológico que permita resolver ou aliviar o problema de saúde
apresentado pelo doente, o qual é considerado como um transtorno menor ou sintoma
menor, de caráter não grave, autolimitante, de curta duração, que não apresente relação
com manifestações clínicas de outros problemas de saúde do doente.1 No entanto, se a
situação assim o justificar o farmacêutico deve reencaminhar o doente para o médico.
A automedicação está associada a sintomas e não a um diagnóstico médico e a sua
duração varia de acordo com as circunstâncias, no entanto, não deve exceder um período
entre 3 a 7 dias. É vivamente desaconselhada quando há persistência e/ou agravamento
dos sintomas e ocorrência de efeitos adversos.38 As situações em que a automedicação se
considera apropriada encontram-se listadas no INFARMED.39 Sendo desaconselhada em
mulheres grávidas; em mães que amamentam; em bebés e também em idosos.38
Durante o período de estágio pude verificar que o aconselhamento faz parte do dia-a-
dia de um farmacêutico, devendo, portanto, ser uma ferramenta que forneça não somente
informação, mas também permita que o doente exponha as suas dúvidas, dificuldades e
necessidades. Além do mais, tendo em conta os vários casos de automedicação que me
surgiram pude verificar que esta se encontra sempre associada ao aconselhamento
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
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Raquel Felgueiras |22
farmacêutico, pois como futura farmacêutica tenho o dever de perceber se a escolha do
utente foi a mais adequada e garantir as máximas condições de segurança e efetividade
decorrentes da toma dos medicamentos.
As situações mais comuns que me surgiram no atendimento foram pedidos de
medicamentos para alívio dos sintomas da constipação (dores de garganta, tosse, …), para
alergias, para dores de cabeça, estados febris, distúrbios gastrointestinais, afeções
oculares, entre outros.
7. SERVIÇOS PRESTADOS NA FARMÁCIA
Os serviços farmacêuticos são cuidados de saúde prestados nas farmácias, os quais
podem ser complementares às outras unidades de saúde. São serviços prestados por
profissionais habilitados com o objetivo de promover a saúde e o uso racional do
medicamento, fornecendo a informação correta aos utentes.
7.1. Determinação dos parâmetros fisiológicos e bioquímicos
A determinação dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos permite a medição de
indicadores para avaliação do estado de saúde do doente. Estão muitas vezes implicados
na efetividade e na segurança da medicação.1
Todos os aparelhos usados na determinação destes parâmetros devem estar
devidamente validados e calibrados. Além disso, são determinações que devem ser feitas
somente por um farmacêutico, o qual saberá interpretar o resultado.
Na farmácia Jotânia pode fazer-se a determinação dos seguintes parâmetros: peso,
altura, índice de massa corporal (IMC), pressão arterial, colesterol total e glicose. Durante
a determinação destes o profissional deve aproveitar para conversar com o utente,
conhecendo um pouco do seu histórico de saúde, podendo, assim, fazer uma interpretação
mais objetiva dos resultados.
Durante o meu estágio, pude realizar algumas determinações sendo a mais solicitada
a determinação da pressão arterial. Além disso, como a farmácia não dispunha de cartões
próprios para o registo dos valores de pressão arterial (pressão sistólica, pressão
diastólica, pulso), então disponibilizei-me para fazer um modelo, o qual passou a ser
utilizado (anexo VI). Desta forma, os utentes fazem-se acompanhar desse cartão que
poderá ser útil para fazer o controlo da pressão arterial e quando necessário mostrar ao
médico para este avaliar a necessidade de começar, continuar ou alterar a terapêutica para
a hipertensão.
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Em alguns casos verifiquei que nem sempre as pessoas respeitavam o tratamento
farmacológico e, portanto, tentava alertar acerca das possíveis consequências nefastas
que tal acarretava para a saúde.
7.2. Administração de vacinas e injetáveis
A lei autoriza a administração de vacinas nas farmácias desde que estas não façam
parte do Plano Nacional de Vacinação e desde que seja feita por farmacêuticos habilitados
com formação complementar específica, reconhecida pela Ordem dos Farmacêuticos. Esta
formação além de contemplar a administração de vacina também inclui o suporte básico
de vida para saber atuar em casos de reação anafilática. Além disso, deve ser feito o registo
de todos os dados correspondentes a cada administração.40
Na farmácia Jotânia o local utilizado para a prestação deste serviço era o gabinete de
atendimento personalizado, o qual se encontra de acordo os requisitos dispostos na
Deliberação n.º 139/CD/2010.
7.3. Outros serviços associados
A farmácia Jotânia além dos serviços comuns, anteriormente referidos, tem também ao
dispor do utente consultas feitas por profissionais de podologia, nutrição, osteopatia e
optometria.
7.4. VALORMED
A farmácia Jotânia colabora na recolha de resíduos de medicamentos, inserida no
Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens de Medicamentos que visa
contribuir para o uso racional do medicamento e para a prevenção de danos ambientais.
Nas farmácias estão disponíveis contentores para os cidadãos depositarem as
embalagens vazias, medicamentos e outros produtos quer de uso humano como
veterinário, cujo PV se encontre expirado ou que já não tenha utilidade para a pessoa.41
Como futura farmacêutica e com maior contacto com a população tenho o dever de
alertar e sensibilizar as pessoas a usar a farmácia como local de entrega deste tipo de
resíduos, promovendo a preservação e conservação do ambiente. Durante o estágio pude
observar a crescente adesão das pessoas a esta iniciativa pelo que várias vezes reparei
que as pessoas se dirigiam à farmácia apenas para depositar estes resíduos no contentor
da VALORMED.
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7.5. Farmacovigilância
Os farmacêuticos são um pilar fundamental na vigilância da segurança dos
medicamentos tendo em vista o seu maior contacto com a população. Quando surge uma
dúvida ou efeito indesejável é muitas vezes à farmácia que o doente se desloca, com
queixas cuja origem por vezes desconhecem e que pensam derivar dos medicamentos que
tomam. Portanto, em caso de suspeita ou mesmo confirmação de reação adversa deve
notificar-se as autoridades competentes, nomeadamente o INFARMED ou as Unidades
Regionais de Farmacovigilância. Deste modo, garante-se uma monitorização contínua e
eficaz dos medicamentos existentes no mercado, permitindo caracterizar melhor e/ou
quantificar reações adversas já conhecidas ou identificar novas reações adversas e
implementar medidas que visam diminuir o risco da sua ocorrência.42
8. CONTABILIDADE E GESTÃO NA FARMÁCIA – RECEITUÁRIO E FATURAÇÃO
O processamento do receituário e a faturação é uma parte crucial ao bom
funcionamento da farmácia. Assim, ao longo do dia, na farmácia Jotânia, as receitas
aviadas são colocadas numa gaveta existente num dos balcões de atendimento. Havendo
disponibilidade de algum elemento da equipa, estas são recolhidas e separadas por lotes.
Cada lote é constituído por 30 receitas do mesmo tipo (pertencentes ao mesmo
organismo).42 De seguida, procede-se à sua conferência com vista a verificar se não houve
erros na dispensa que possam acarretar prejuízo para a farmácia ou consequências na
saúde dos utentes. Desta forma, durante a conferência do receituário os elementos a ter
em atenção eram os seguintes: identificação do doente pelo número de utente ou
beneficiário; PV; assinatura do médico prescritor; entidade responsável pela
comparticipação; medicamentos dispensados de acordo com o prescrito; receita
carimbada, assinada e datada pelo farmacêutico
Adicionalmente, para cada lote é impresso um verbete de identificação no qual consta
o organismo e número de lote respetivo, o número de receitas (que só pode ser inferior a
30 nos lotes remanescentes para cada organismo) o valor total dos PVP, o valor total pago
pelos utentes e o valor a receber em comparticipações. No último dia do mês, no fim do
dia de trabalho, emite-se o Resumo de Lotes (original e 3 cópias) discriminado por
organismo e, finalmente, a fatura mensal (original e 3 cópias).42
No dia 5 do mês seguinte um estafeta faz a recolha do receituário relativo ao SNS, o
qual é entregue no CCF para análise. Ao passo que o receituário referente a outros
subsistemas é enviado à ANF. Depois caso não seja detetada nenhuma incoerência, as
entidades responsáveis efetuam o pagamento do montante relativo à comparticipação.
Porém, se for encontrado algum erro, então essas receitas consideradas inválidas são
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devolvidas à farmácia juntamente com um resumo dos erros detetados. Se estes forem
passíveis de ser corrigidos, a farmácia pode proceder à refaturação das receitas e enviar
novamente para o CCF.
Logo no início do estágio foi-me explicado todo o processo que envolve o receituário e
a faturação. A separação das receitas por lotes e organismos, bem como a sua conferência
foi uma atividade praticamente diária, à qual procedia sempre que tinha disponibilidade
entre atendimentos ou quando não tinha outras tarefas mais importantes a realizar. Os
erros mais frequentemente detetados eram relativos à não inserção da exceção justificativa
do médico ou receitas cujo prazo havia expirado. Também tive a oportunidade de fazer a
emissão dos verbetes de identificação, carimbá-los e pôr junto com o respetivo lote.
9. CONCLUSÃO
Ao longo de seis meses de estágio na farmácia Jotânia pude contactar com a realidade
profissional, sendo que os conhecimentos adquiridos durante o percurso académico foram
essenciais nesta etapa.
Durante este período que estive na farmácia Jotânia esforcei-me por atingir todos os
objetivos propostos pelo manual de estágio. Desta forma, adquiri noções de gestão,
funcionalidade e organização da farmácia, bem como da realidade do mercado
farmacêutico. No atendimento ao balcão pude aperceber-me da importância que o
farmacêutico exerce como agente de saúde pública, dado que é muitas vezes à farmácia
que o doente recorre em primeiro lugar.
Portanto, foi graças aos desafios diários impostos quer pela equipa da farmácia Jotânia,
quer pelos próprios utentes ao pedirem aconselhamento ou esclarecimentos que pude
crescer profissionalmente enquanto futura farmacêutica.
Por fim, pode-se dizer que a minha experiência foi bastante enriquecedora, a qual me
permitiu adquirir novos conhecimentos, bem como aplicar e consolidar aqueles adquiridos
ao longo do curso.
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PARTE II
TRABALHO 1 – Uso da mirtazapina em cães e gatos
A componente veterinária em farmácia é uma área onde não tenho muito à vontade,
mas pela qual me interesso e gostaria de aprender mais. Além disso, durante o estágio, no
atendimento ao público, surgiu por mais do que uma vez casos de pessoas com
prescrições do médico-veterinário de medicamentos de uso humano para administrar em
animais. Para alguns deles já tinha conhecimento da sua possibilidade de uso em animais.
No entanto, houve um caso em particular que nunca tinha visto ser prescrito, bem como os
restantes elementos da equipa da farmácia Jotânia, que foi a mirtazapina, um
antidepressivo. Durante o estágio surgiram-me 3 casos, dois dos quais eram prescrições
para cães e uma terceira para um gato (Figura 1 – anexo VII).
Desta forma, achei interessante fazer um estudo acerca do assunto, não só para
aprender mas também para poder dar conhecer à equipa de trabalho da farmácia Jotânia,
o que poderá revelar-se útil no atendimento, dado que muitas vezes as pessoas tendem a
esclarecer as suas dúvidas com o farmacêutico.
Portanto, o objetivo deste caso de estudo é desenvolver qual a finalidade da
administração da mirtazapina em cães e gatos, o qual é usado normalmente em humanos
como antidepressivo e qual o papel do farmacêutico no aconselhamento.
1. Introdução
A mirtazapina (MRZ) é usada para o tratamento da depressão moderada a grave em
humanos. Trata-se de um antidepressivo com estrutura tetracíclica, cujo perfil
farmacológico engloba os sistemas de neurotransmissão noradrenérgico e mais
especificamente o serotoninérgico.44, 45 Sendo que nos quadros depressivos há
essencialmente dois neurotransmissores que se encontram em níveis abaixo dos normais:
serotonina (5-HT) e noradrenalina (NA).46 A MRZ é antagonista dos recetores pós-sináticos
5-HT2 e 5-HT3 da serotonina, mas estimulante do recetor 5-HT1, o qual é responsável pela
atividade antidepressiva.44, 47 Além disso, também é um potente antagonista dos recetores
H1 da histamina, pelo que tem a capacidade de melhorar a qualidade do sono.48
A sua biotransformação ocorre por ação das enzimas do citocromo P450, com
formação de dois metabolitos: 8-hidroximirtazapina, o qual não possui ação farmacológica
e dimetilmirtazapina, considerado responsável por cerca de 5-10% da atividade deste
antidepressivo.44, 49
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2. Mirtazapina em cães e gatos
Apesar do uso da MRZ ser principalmente direcionado para os humanos, esta tem-se
revelado útil para a medicina veterinária devido aos seus efeitos secundários, como
antiemético e estimulante do apetite. Julga-se que estes efeitos ocorrem como resultado
do antagonismo no recetor 5-HT3.45, 50 Desta forma, é muitas vezes usado em animais,
como o gato e o cão, para tratar a anorexia que surge como consequência da presença de
doenças que fazem o animal perder o apetite, como é o caso de patologias
gástrica/intestinal, renal ou do fígado, entre outras.44, 50, 51 Além disso, devido às suas
propriedades também pode ser administrada a animais com cancro que estão a ser
tratados por quimioterapia.45, 51
De referir ainda a existência de estudos que sugerem o seu uso como analgésico na
dor crónica e associada ao cancro.49
2.1. Estimulante do apetite e antiemético
A anorexia é muitas vezes um sinal clínico da presença de doenças sistémicas. Mesmo
quando instituída uma terapêutica para o tratamento da doença em si, a anorexia pode
persistir por um período de tempo prolongado. Daí a necessidade de administrar fármacos
que estimulem o apetite e diminuam as náuseas, pois uma nutrição adequada contribui
para uma maior taxa de sobrevivência, bem como é essencial para uma recuperação mais
rápida e melhoria na qualidade de vida.45, 50
Existem formulações ricas em nutrientes específicos, as quais são indicadas para estes
casos, de forma a garantir uma dieta adequada. Contudo, devido à falta de apetite e às
náuseas, muitas vezes o animal recusa-se a comer.45 Portanto, torna-se necessário fazer
uma terapêutica com vista a inverter a situação, sendo que a MRZ é, geralmente, uma boa
opção.
Estudos demonstram que a administração oral de MRZ em gatos com doença crónica
renal (DCR) induz polifagia significante. Verifica-se um aumento significativo no peso do
animal, um aumento na sua atividade e a diminuição dos vómitos.45
Nos cães, a MRZ é habitualmente administrada em casos de patologia gástrica, doença
renal ou em associação a tratamentos que induzem perda de apetite e náuseas, como
sendo a quimioterapia.44
A ação deste antidepressivo resulta do antagonismo ao nível do recetor 5-HT3, o qual
é importante na fisiologia da emese.50 A MRZ atua ao nível dos neurorrecetores do
estômago e intestino que, por sua vez, comunicam com o centro do vómito, atuando assim
como um bom agente antiemético e estimulante do apetite.52-54
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2.2. Uso na dor crónica
Estudos recentes têm demonstrado qua a MRZ pode ser usada como analgésico
devido à sua ação nos sistemas noradrenérgico e serotoninérgico, sendo requeridas doses
inferiores àquelas necessárias para o efeito antidepressivo.44, 49
Assim, o mecanismo de ação da MRZ pode levar à redução da dor devido às vias
descendentes serotoninérgicas que inibem a sinalização nociceptiva através da ativação
dos recetores 5-HT1. A ativação destes recetores, mais especificamente o subtipo 5-HT1A,
inibe os neurónios de projeção espinotalâmicos e os interneurónios. Do mesmo modo, os
recetores do subtipo 5-HT1B/D possuem ação antinociceptiva através da inibição da
libertação de neurotransmissores dos neurónios aferentes nociceptivos.49
Portanto, a MRZ poderá ser considerada uma alternativa terapêutica aos anti-
inflamatórios não esteroides (AINE’s) no tratamento da dor crónica ou dor associada ao
cancro, especialmente em animais que são extremamente suscetíveis aos efeitos adversos
destes.49
De referir, ainda estudos que demonstram que o tempo necessário para o efeito
nociceptivo (cerca de 30min) é bastante inferior ao requerido para a ação antidepressiva
(cerca de 2 semanas). Isto reforça a ideia que ambos os efeitos são independentes.49
A MRZ poderá vir a ser um potencial analgésico usado em veterinária mas em
associação com outros agentes terapêuticos, pois dada a complexidade da dor e a grande
variedade de mecanismos envolvidos na sua fisiologia, a administração desta sozinha
poderá não ser a melhor opção para alguns tipos de dor.49
Contudo, são necessários mais estudos que suportem esta hipótese terapêutica da
MRZ para que um dia possa vir a ser utilizada como analgésico com segurança em animais
acometidos pela dor.
2.3. Farmacocinética
A MRZ apresenta um perfil farmacocinético que difere entre as várias espécies
animais.44 A tabela 1 (anexo VII) compara alguns parâmetros farmacocinéticos da MRZ em
cães e gatos após a administração oral fármaco. Estes dados baseiam-se em estudos
realizados em gatos jovens saudáveis45 e em cães da raça Beagle44, pelo que deve ter-se
em conta os fatores de variabilidade. Assim, a presença de doenças do fígado ou
patologias renais afetam a taxa de eliminação da MRZ, a qual se torna reduzida, havendo
acumulação do fármaco.51-53 O fato de haver diferentes raças de cães e gatos contribui
para a existência de polimorfismos no citocromo P450.44,50 Analisando a tabela verifica-se
que os cães apesar da maior dose que lhes foi administrada apresentam um tempo de
semivida inferior ao dos gatos, devido à sua maior taxa de clearance.
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2.4. Dose
A MRZ encontra-se disponível no mercado nas seguintes doses: 15mg, 30mg e 45mg.
As doses recomendadas em gatos e cães são as seguintes:
Gatos: 3,75mg/gato (¼ de um comprimido de 15mg) por via oral, a cada 3 dias
Cães: ¼ de comprimido de 15mg para cães < 7kg,
½ comprimido de 15 mg para cães com 8 a 15kg;
15mg para cães com 16 a 30 kg;
30 mg para cães > 30kg;
não administrar mais de 30 mg/cão 51
Nos cães, a MRZ é geralmente administrada uma vez por dia, enquanto nos gatos duas
vezes por semana.51 Adicionalmente, deve ter-se em conta que nos felinos a MRZ é
metabolizada mais lentamente dado que estes são deficientes na enzima glucuronil
transferase, necessária na fase de conjugação. Este antidepressivo é primariamente
metabolizado por oxidação e desmetilação, seguida de conjugação a ácido glucurónico.50
Tal como referido anteriormente, quando na presença de doenças a taxa de clearance
fica diminuída, pelo que se recomenda reduzir a dose a administrar. Contudo, em gatos e
cães com peso < 7kg a dose habitual é ¼ de comprimido de 15mg pelo que se torna difícil
partir com precisão uma porção inferior a esta.51 Portanto, nesta situação poderá ser útil
criar um composto farmacêutico que permita obter doses abaixo de 3,75mg.54
2.5. Efeitos adversos
Os efeitos adversos mais comuns são a sonolência causada pelo efeito anti-histamínico
ao nível do recetor H1 e a obesidade.50, 51, 54
Embora pouco frequente, também pode ocorrer síndrome da serotonina que pode
surgir quando a MRZ é usada como parte de uma combinação com outras medicações que
elevam os níveis deste neurotransmissor no cérebro. Os animais que desenvolvem esta
síndrome normalmente exibem sintomas característicos: febre, dificuldade respiratória,
tremores, pupilas dilatadas e hiperatividade. 52, 54 Neste caso deve-se entrar em contacto
com o médico veterinário.
3. Aconselhamento farmacêutico
Quando confrontado com uma prescrição de mirtazapina para animais o farmacêutico
exerce um papel importante na medida em que pode oferecer informação completar à do
médico veterinário. Além disso, muitas vezes a perda de apetite do animal causa stress
emocional no seu dono, o qual fica preocupado ao perceber que este fica fisicamente
debilitado.45 Desta forma, o farmacêutico pode explicar os benefícios que este
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medicamento implica na qualidade de vida do animal de estimação. Pode, ainda,
esclarecer dúvidas do utente quanto indicação terapêutica da MRZ para o seu animal de
companhia, forma de administração e alertar para sinais indicativos de efeitos adversos.
Algumas dicas importantes são:
Apesar da MRZ beneficiar o animal como estimulante do apetite, o farmacêutico
deve encorajar o utente a descobrir qual a causa para a perda do apetite, para
tratar a doença subjacente, em vez de tratar os sintomas.
O farmacêutico também pode e deve explicar quais os sintomas associados à
síndrome da serotonina para que o dono do animal se mantenha atento à
ocorrência destes.
No caso de aparecerem sintomas não esperados após a administração da
medicação deve aconselhar o utente a entrar em contacto com o médico
veterinário.
O animal deve ser alimentado com refeições palatáveis para que não deixe de
comer.52
4. Conclusão
A MRZ, hoje em dia é bastante utilizada em medicina veterinária como estimulante do
apetite e antiemético. Facto que contribui para tratar a anorexia em cães e gatos com
doenças ou tratamentos associados que causam a perda de apetite. Além disso, pode ser
uma boa medida para aliviar o stress emocional sentido pelos donos dos animais de
estimação relativamente à qualidade de vida do seu “amigo”.
Estudos indicam que também poderá vir a ser usado como analgésico, embora seja
necessário fazer mais investigações neste âmbito.
A farmacocinética da MRZ difere entre espécies animais, pelo que deve ter-se cautela
ao extrapolar doses de diferentes espécies. Mesmo dentro de uma espécie, como o gato,
pode haver variabilidade individual.
Na altura desconhecia a possibilidade de administrar mirtazapina a animais de
companhia, nem para que finalidade seria. Assim, como forma de me informar e manter
atualizada tanto quando possível, bem como aos outros elementos da farmácia Jotânia
decidi pesquisar sobre o assunto.
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TRABALHO 2 – Domperidona para a prevenção da Leishmaniose canina
“Em Portugal, a doença é endémica em todo o território, embora algumas regiões
apresentem uma prevalência mais elevada que outras. No entanto, como o país é pequeno
e as distâncias curtas, qualquer deslocação pode significar um risco acrescido de
contágio.”55
A Leishmaniose é uma infeção grave dos cães de evolução crónica, a qual sem
tratamento leva à morte do cão. Além do mais, é transmissível ao Homem e constitui um
risco para a saúde pública.56 Por este motivo devem ser tomadas medidas no sentido de
prevenir o aparecimento desta. Contudo, tem-se verificado que o conhecimento por parte
da população no que concerne à doença (o que é, tratamento, prevenção, etc.) é
relativamente baixo, podendo ser considerado um fator de risco que permite, no mínimo, a
perpetuação da doença.57
O objetivo deste trabalho é alertar e informar acerca do verdadeiro perigo que a
Leishmaniose representa e que medidas devem ser adotadas na sua prevenção, sendo
que irá ser dado maior ênfase ao uso da domperidona como medicamento profilático.
1. Introdução
A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma doença sistémica crónica causada pelo
protozoário Leishmania infantum, a qual se transmite pela picada de um flebótomo, o
mosquito palha. Esta transmissão entre mamíferos suscetíveis ocorre mais concretamente
pela picada da fêmea hematófaga do inseto. Cães domésticos infetados constituem o
principal reservatório do parasita pelo que exercem um papel importante na transmissão
aos humanos, dada a sua relação de proximidade com o Homem.58, 59
Os sintomas clínicos em cães infetados são variáveis, podendo existir animais
assintomáticos somente com linfoadenopatia ou lesões cutâneas.60
Em Portugal, a LVC apresenta como sintomas mais comuns o emagrecimento
progressivo, queda do pêlo, feridas persistentes na pele que não cicatrizam, lesões
oculares, fraqueza geral e apatia, febres irregulares, crescimentos exagerado das unhas,
aumento do fígado e do baço.61 São sinais inespecíficos e que podem ser confundidos com
outras doenças. Daí a necessidade de exames laboratoriais e parasitológicos específicos
para confirmar a infeção.59
No Homem, a Leishmaniose visceral é vulgarmente conhecida como Calazar e
apresenta-se sob a forma sistémica, afetando os órgãos internos. A doença pode ser
assintomática, moderada a grave, correndo o risco de levar o paciente à morte. Os
principais sintomas observados nos casos sintomáticos são anemia, esplenomegalia,
hepatomegalia e febre. Assim, se não for diagnosticada e tratada atempadamente pode
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haver emagrecimento significativo, comprometimento das funções hepática e renal, febre
contínua e diminuição no número de plaquetas e leucócitos e, consequentemente,
sangramento, infeções bacterianas e morte.62
Durante décadas a principal forma de prevenção contra a LVC baseava-se apenas em
repelentes, contendo piretróides com ação inseticida contra os mosquitos.58 No entanto,
mais recentemente descobriu-se que a domperidona pode ser útil como estimulante do
sistema imune, pelo que tem vindo a ser incluída nas guidelines para a profilaxia e
tratamento da doença.63, 64
2. Epidemiologia
Nos últimos anos, os valores de soroprevalência em cães de Portugal, Espanha, Itália
e França demonstraram que cerca de 2,5 milhões dos animais se encontram acometidos
pela doença.57,62 Nestes quatro países o total cumulativo de casos de co-infeção
Leishmania/VIH, no final de 2006, era de 2152, sendo 223 em Portugal.62 Embora não
exista uma relação direta entre a prevalência de LVC e Leishmaniose humana, a presença
de cães infetados desempenha um papel importante na manutenção da endemia da
leishmaniose visceral humana.62
Em Portugal, consideram-se regiões endémicas: Trás-os-Montes e Alto Douro, sub-
região da Cova da Beira, Lousã, Lisboa e Setúbal, Évora e Algarve, contudo em quase
todo o território continental são detetados casos esporádicos da doença.57
3. Eficácia da domperidona
A domperidona é um antagonista dos recetores dopaminérgicos D2 desenvolvido nos
anos 70 como um agente pro-cinético e antiemético.58 Esta provoca a libertação de
serotonina, que por sua vez estimula a produção de prolactina. A elevação dos níveis de
prolactina induz a produção de linfócitos TCD4 + Th1 e a libertação de IL-2, IL-12, INF-γ e
TNF-α, levando à ativação dos macrófagos seguida da diminuição da população de Th2.58,
65, 66 Assim, na LVC sabe-se que a resistência à infeção está associada com ativação de
células TCD4 + Th1, as quais produzem IFN-Ɣ e, desse modo, ativam os macrófagos.58, 66
3.1. Eficácia em cães saudáveis
Um estudo realizado em cães saudáveis demonstrou que a aplicação de um programa
de tratamento estratégico com domperidona é bastante eficaz na prevenção da doença.67
Neste estudo, os cães foram divididos em dois grupos homogéneos: um grupo tratado
com uma suspensão oral de domperidona (0,5mg/kg/dia) durante 30 dias consecutivos, a
cada 4 meses; e um grupo controlo, isto é, não tratado. Para a análise considerou-se a
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percentagem acumulada de cães com sinais clínicos de infeção ativa/progressão da
doença bem como um título positivo de anticorpos contra a Leishmania (IH ≥ 1/80).67
Posto isto, e analisando a Figura 1 (anexo VIII) verificou-se que a percentagem
acumulada de cães com infeção ativa/progressão da doença foi substancialmente inferior
no grupo tratado com domperidona, pelo que apresentaram um grau de resistência muito
superior e mais constante.67
3.2. Eficácia em cães infetados
Um outro estudo, desta vez realizado em cães infetados com LVC, os quais foram
também divididos em dois grupos, foi feito com base no título de anticorpos – associado
com a disseminação do parasita nos diferentes tecidos – e na observação dos sinais
clínicos. O grupo A era constituído por cães num estágio inicial da doença, apresentando
baixo título de anticorpos (1/800 – 1/1600) e sinais clínicos pouco relevantes. No grupo B
foram incluídos cães com a doença em estado avançado, onde era evidente a presença
de vários sinais clínicos sistémicos, bem como um elevado título de anticorpos (>1/1600).
A administração da domperidona foi feita por via oral na dose de 1mg/kg a cada 12 horas,
durante um mês.60
Os animais foram observados aos dias 0, 15, 30, 60, 90, 120, 150, 180, 270 e 360,
verificando-se a domperidona foi eficaz para o controlo e redução dos sinais clínicos e do
título de anticorpos. Observando a figura 2 (anexo VIII), verifica-se que no grupo A houve
40% de seroconversão até ao fim do estudo. No grupo B também se verificaram melhorias
significativas. Contudo, foi no grupo A que se observaram melhores resultados, o que
poderá ser explicado pelo fato dos animais se encontrarem numa fase inicial da doença.
Em ambos os grupos detetou-se um aumento na imunidade celular, concluindo-se que é
importante a estimulação celular, embora sozinha não fosse suficiente para haver
recuperação total.60
3.3. Efeito em cachorros previamente vacinados contra outras doenças
Hoje em dia, quando pequenos, os cães têm um plano de vacinação como medida
preventiva ao aparecimento de outras doenças que não a LVC. Assim, analisou-se qual o
efeito da administração da domperidona na produção de anticorpos em cachorros
previamente vacinados contra o Parvovírus, a Cinomose e a Hepatite.68
O estudo foi dividido em duas fases. Na primeira, vacinou-se os cachorros ao fim de 6
semanas de vida contra o Parvovírus e a Cinomose, seguido da administração por via oral
de domperidona, durante 14 dias. Na segunda fase, aplicou-se uma 2ª dose contra o
Parvovírus e a Cinomose e uma dose contra a Hepatite, igualmente seguido pela
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administração de domperidona, durante 14 dias. Em ambas as fases existia um grupo de
controlo o qual foi somente vacinado.68
As figuras 3 e 4 (anexo VIII) mostram a percentagem de animais com uma taxa de
anticorpos protetora contra o Parvovírus e Cinomose, respetivamente. Ao fim de 6
semanas verifica-se que o grupo de controlo apresenta maiores níveis de proteção contra
o Parvovírus e inferiores conta a Cinomose. Contudo, às 8 semanas ambos os grupos,
tratado e de controlo, apresentam 100% de proteção contra todos os vírus, pelo daqui se
retira que a domperidona não altera a taxa ou a intensidade de produção de anticorpos
protetores.68
4. Leisguard® (Lab. Esteve)
Leisguard® (Lab. Esteve) é uma suspensão oral à base de domperidona administrada
numa dose de 1ml/10kg diretamente na boca ou misturado com os alimentos, durante 30
dias consecutivos. Protege os cães saudáveis de desenvolver a doença, ao diminuir a
gravidade da infeção, podendo em alguns casos reverter a doença em animais infetados.69
Não deve ser administrada em cães com hipersensibilidade à domperidona, com
insuficiência hepática, tumor hipofisário secretor da prolactina, hemorragia gastrointestinal,
obstrução mecânica e perfuração.69
5. Outras medidas preventivas
A prevenção e o controle envolve o ambiente, o vetor e o animal.59 Um dos métodos
para o controlo da LVC é o uso de inseticidas com efeito repelente, de forma a evitar as
picadas dos flebótomos e prevenir a transmissão do agente, reduzindo-se desse modo o
risco da infeção entre hospedeiros vertebrados, incluindo os cães e seres humanos.65
Os piretróides são os compostos mais amplamente usados, visto que apresentam um
efeito repelente e inseticida sobre os mosquitos palha e baixa toxicidade nos cães.65
Existem em diferentes formulações, as quais incluem coleiras impregnadas (com
deltametrina, por exemplo) que libertam gradualmente o inseticida, soluções para punção
punctiforme (“spot-on”) e sprays. Cada formulação tem uma duração de ação protetora
específica, pelo que são necessários diferentes intervalos de aplicação.65, 59
Outras medidas adicionais incluem evitar o acúmulo de lixo em casa, manter o
ambiente do cão, quintal ou varanda sempre limpos, visto que o mosquito gosta de zonas
húmidas e matéria orgânica em decomposição. Assim como, evitar passeios ao final da
tarde e início da noite que é quando o flebótomo está mais ativo.59, 70
A vacinação também é uma forma de prevenção, sendo que normalmente se usa
vacinas com frações purificadas de Leishmania spp.70 A mais utilizada é composta pela
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fração de Leishmania donovani do antigénio do complexo glicoprotéico ligante da fucose e
manose (FML) e o adjuvante saponina, cuja eficácia varia de 76 á 80%. Possui ação
bloqueadora de transmissão, protegendo os cães da incidência e morbidade.66
6. Conclusão
A prevenção é cada vez mais um aspeto essencial na medicina veterinária. Tanto o
farmacêutico como o veterinário devem elucidar os donos dos animais acerca das doenças
e dos seus riscos e recomendar o uso de produtos adequados.61
Portugal é considerado um país endémico para a LVC, no entanto nos últimos anos
esta tem-se revelado esporádica em todo o território continental.56 Por este motivo as
pessoas não dão tanta importância ao verdadeiro perigo que esta representa pelo que se
denota a falta de informação acerca desta doença na população em geral. A maioria não
sabe o que é, nem reconhecer alguns possíveis sinais indicativos da sua presença, bem
como em muitos casos não são tomadas medidas no sentido de prevenir o seu
aparecimento.
Embora o Homem também possa constituir um reservatório para o parasita, os cães
são a principal fonte de infeção e transmissão.
A domperidona, um antagonista dopaminérgico dos recetores D2, usada como pró-
cinético e antiemético tem-se revelado bastante eficaz no tratamento e prevenção da LVC,
pelo que é viável a sua integração em protocolos de eficácia. Além disso, é um fármaco
relativamente barato que pode ser administrado oralmente em casa pelo dono do animal,
bem como não tem apresentado efeitos adversos nos estudos realizados.
No entanto, esta não deve ser uma medida isolada na prevenção de LVC, pelo que se
pode recomendar o uso de outros produtos no animal, como coleiras, spot-ons, sprays,
contendo repelente contra o flebótomo.
TRABALHO 3 – Constipação: sintomas, tratar, prevenir
A constipação é uma das doenças contagiosas mais habitual, sendo mais frequente
nos meses frios. Um adulto em média pode sofrer 3 a 5 episódios por ano, enquanto a
criança pode ter 6 a 8 constipações por ano, sendo que nestas o número de ocorrências
diminui com o avançar da idade.71-73
No decorrer do meu estágio, pude constatar que a constipação é daqueles casos em
que os utentes se automedicam com maior frequência ou, então, solicitam aconselhamento
farmacêutico. Também pude verificar que nem sempre a escolha era a mais acertada para
os sintomas que se pretendia aliviar, sendo por vezes totalmente errada. Por este motivo,
resolvi elaborar um panfleto informativo acerca da constipação com o objetivo de explicar
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quais são os sintomas mais comuns da constipação, como trata-los e como prevenir
complicações ou futuras infeções (Figuras 1 e 2 – Anexo IX).
1. Introdução
As infeções respiratórias agudas mais comuns são a gripe e a constipação, as quais
diferem entre si. Ambas são causadas por diferentes espécies de vírus, no entanto a
“verdadeira gripe” é causada pelo vírus Influenza (tipo A, B ou C), enquanto a constipação
comum pode ser originada por mais de 200 vírus diferentes (o principal vírus implicado é o
rinovírus).55-57 Em ambas as situações o nível de infeciosidade é elevado e podem ser
transmitidos de pessoa para pessoa por via aérea (espirros, tosse), contato direto (mão-
mão) ou indireto (tocando em superfícies onde está o vírus).72, 74 Estes vírus entram pela
boca ou pelo nariz e podem sobreviver até 3 horas fora do organismo.74
A constipação pode afetar qualquer pessoa, contudo, ocorre preferencialmente em
grupos de pessoas mais suscetíveis, tais como: crianças, fumadores, portadores de
doenças respiratórias crónicas (asma, sinusite, bronquite, etc.).75
2. Sintomas
Os sintomas são diferentes daqueles observados na gripe e, geralmente, surgem 2-4
dias após o contato com o vírus, podendo durar cerca de 7 a 13 dias.72, 75 Estes incluem:
espirros, garganta seca e irritada, congestão nasal, olhos lacrimejantes, dores de cabeças
ligeiras, fadiga, mialgias e artralgias, diminuição do olfato e paladar, febre baixa
(principalmente nas crianças) e tosse que inicialmente é não produtiva, tornando-se
progressivamente produtiva 3 a 4 dias após início dos sintomas.71, 74 Na tabela 1 (anexo
IX) estão listados os sintomas comumente observados na constipação, bem como as
principais diferenças da gripe.71, 73, 74, 76
A congestão nasal ocorre devido à estimulação do sistema imunitário pela partícula
vírica, havendo libertação de mediadores inflamatórios que induzem a congestão nasal.
Assim, verifica-se o aumento do fluxo sanguíneo (hiperemia) e aumento da permeabilidade
capilar com extravasamento de fluídos para o espaço intersticial, com consequente
aumento da secreção glandular (rinorreia) e irritação da mucosa.77, 78 Esta hipersecreção
nasal surge como resultado da libertação de histamina pelos mastócitos, os quais sofrem
desgranulação por ação das IgE produzidas na reação imunitária.79 Além disso, o excesso
de muco nasal causado pela hipersecreção glandular anormal pode provocar tosse, com
agravamento noturno e inflamação da garganta. Por outro lado, a acumulação de
secreções proporcionam o desenvolvimento de bactérias, que pode conduzir à dor de
ouvidos.79
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A tosse é um sintoma indicativo de constipação e surge como reflexo protetor das vias
respiratórias, de forma a eliminar as partículas estranhas e muco. É desencadeada pela
ativação dos recetores da tosse no trato respiratório superior, com broncoconstrição e
estimulação vagal do centro da tosse, resultando na inspiração profunda, seguida de
contração do diafragma, músculos abdominais e intercostais, que leva à saída brusca e
ruidosa de ar.78, 80 A tosse pode ser classificada em:
Seca – sem expetoração associada;
Não produtiva com congestão – sem expetoração devido à dificuldade na sua
eliminação, como por exemplo, a existência de broncoconstrição excessiva ou
vias respiratórias pouco humidificadas;
Produtiva com congestão – com expetoração associada.78, 80
3. Tratamento
3.1. Tratamento farmacológico
A constipação é uma doença que não tem cura, pelo que normalmente o que se procura
fazer é aliviar os seus sintomas e prevenir possíveis complicações.75, 81 Este tratamento
pode ser farmacológico e associado a medidas não farmacológicas.
Assim, como tratamento farmacológico utilizam-se analgésicos/antipiréticos e anti-
inflamatórios, descongestionantes, antitússicos, expetorantes/mucolíticos, anti-
histamínicos e anestésicos tópicos para alívio dos sintomas associados a cada situação.
Existem, ainda, as associações medicamentosas, as quais incluem mais do que um
princípio ativo.
Os analgésicos/antipiréticos (exemplo do paracetamol) são usados no alívio da febre,
dor de cabeça, mialgias, artralgias e no mal-estar geral. No entanto, nos casos em que a
garganta inflamada também está presente é aconselhável o uso de anti-inflamatórios, pelo
que o ibuprofeno ou ácido acetilsalicílico são bons exemplos.71
Os descongestionantes nasais causam vasoconstrição com diminuição do fluxo
sanguíneo ao nível da área nasal, reduzindo a congestão e a sensação de nariz entupido
ao facilitar a ventilação local.71, 77 Estes são aminas simpaticomiméticas que estimulam os
recetores alfa dos vasos sanguíneos nasais e as suas formulações podem ser tópicas ou
sistémicas.77, 78 A aplicação tópica, em gotas ou aerossol, é mais eficaz e de início de ação
rápido (5 minutos), porém, não deve exceder os 3-5 dias de utilização, pois pode causar
irritação local, tolerância ou rinite medicamentosa devido ao efeito rebound (exacerbação
da congestão).71, 77, 78 Já os descongestionantes sistémicos têm maior duração de ação e
o seu tratamento não deve ser superior a 7 dias. Como efeitos adversos podem diminuir a
tolerância à glicose e aumentar a pressão arterial, pelo que é necessário precaução em
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diabéticos e hipertensos.71, 77, 78 Os descongestionantes nasais tópicos mais usados são a
fenilefrina, efedrina, cloridrato de oximetazolina, xilometazolina, entre outros. Por via oral
usa-se a pseudoefedrina.71, 78
Os anti-histamínicos são indicados para a redução da rinorreia, dos espirros e do
lacrimejo, sendo que o seu mecanismo consiste na diminuição das ações da histamina
através dos recetores H1.79 Para além disso, apresentam também ação anticolinérgica.
Diferem entre si na duração de ação, na incidência da sonolência e na capacidade de
penetração no SNC. Podem ser de aplicação tópica ou sistémica (neste caso evitar beber
álcool).79
Para o alívio da tosse dispõe-se de antitússicos no caso de esta ser seca ou
mucolíticos/expetorantes quando tem expetoração associada. Assim, perante uma
situação de tosse seca é aconselhado o uso de antitússicos que podem ser de ação central
(atuam diretamente no centro da tosse, reduzindo a estimulação eferente) ou periférica
(ação anestésica ou analgésica sobre as terminações nervosas na árvore brônquica).78
Dentro dos antitússicos com ação periférica os mais frequentes são os demulcentes (mel,
glicerol, gomas, mucilagens, etc.) que se apresentam sob a forma de pastilhas ou líquidos
espessos com capacidade para formar uma camada sobre a mucosa faríngea, protegendo-
a do contato com agentes externos irritantes.78 No entanto, também existem pastilhas com
ação anestésica a nível tópico, as quais normalmente contêm álcool benzílico, benzocaína,
mentol, entre outros.82 Relativamente, à tosse produtiva aconselha-se o uso de
expetorantes e mucolíticos.78, 80 Os expetorantes atuam por estimulação dos mecanismos
de eliminação da secreção para a faringe com deglutição das secreções, enquanto os
mucolíticos reduzem a viscosidade das secreções e facilitam a expulsão.78 Apesar do
diferente mecanismo de ação, ambos apresentam o mesmo efeito terapêutico.71
As associações medicamentosas apresentam vantagens por serem mais
económicas e de administração mais cómoda71, contudo, sempre que possível, deve tratar-
se cada sintoma individualmente, sem recurso a este tipo de combinações por diversas
razões.67 Algumas delas prendem-se com a impossibilidade de alterar a posologia de um
determinado princípio ativo, bem como o risco de reações adversas é maior sem haver
aumento de eficácia. Além disso, também se pode estar a tomar algo para sintomas não
existentes, ou noutros casos, pode haver sobredosagem de um determinado princípio ativo
ou a toma de doses subterapêuticas.83 Um outro aspeto é a tendência a repetir o mesmo
tratamento para uma nova constipação, sendo que na anterior a combinação era adequada
para os sintomas, mas nesta poderão já não ser os mesmos. A título de exemplo tem-se o
ILVICO® (Lab. MERCK), Antigripine® (Lab. GSK CH), Griponal® (Lab Merck), Cêgripe®
(Lab.Janssen).
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As crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios podem apresentar
complicações, pelo nestas situações se não houver melhoria dos sintomas deve
aconselhar-se a consulta com um médico.74
3.2. Tratamento não farmacológico
Além das medidas farmacológicas anteriormente referidas para aliviar os sintomas,
existem outras que devem ser adotadas de forma a prevenir a propagação da doença:
• Repouso;74, 77
• Beber muitos líquidos;74, 77, 80, 82
• Humidificar o ambiente;77, 80, 82
• Fazer inalações de água salgada, pois rehidratam as mucosas e liquefazem as
secreções nasais, facilitando a sua remoção;77, 79, 82, 84
• Gargarejar com água salgada morna várias vezes ao dia ou beber chá de limão
com mel (garganta irritada);82
Estudos demonstram que o uso do mel diminui significativamente os sintomas e a
duração destes, bem como melhora a qualidade do sono, pois ajuda a reduzir a
irritação na garganta.85, 86
• Evitar o álcool, a cafeína, o tabaco, ambientes poluídos;77, 80, 82
• Não esforçar a voz (garganta irritada e/ou tosse);80
• Evitar assoar com demasiada força, pois pode haver o risco de disseminação para
o ouvido (congestão);77
• Rebuçados emolientes e balsâmicos ajudam a diminuir a irritação e reduzem o
desconforto.82
4. Prevenção
A prevenção é muito importante, dada a elevada capacidade de contágio dos vírus.
Assim, como forma de evitar a propagação da doença deve adotar-se algumas medidas:73-
75
• Lavar as mãos com frequência, especialmente após espirrar, tossir, assoar-se ou
estar em contato com pessoas ou superfícies contaminada. De lembrar que os vírus
sobrevivem várias horas fora do organismo;
• Evitar tocar na boca, nariz ou olhos com as mãos contaminadas;
• Usar lenços de papel, tendo o cuidado de os rejeitar após cada utilização;
• Cobrir o nariz e a boca quando espirrar ou tossir;
• Não partilhar objetos pessoais com alguém afetado;
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• Evitar contatos prolongados com pessoas constipadas, deste modo, impede-se de
se ficar contaminado;
• Se estiver doente evitar estar perto de pessoas saudáveis;
• Não fumar, visto que o fumo provoca danos nas mucosas e promove o
desenvolvimento de um meio favorável à proliferação dos vírus;
• Ventilar diariamente a casa.
5. Verdades e Mitos
1. Sair com o cabelo molhado em dias frios provoca constipação?87
Falso. Sair com o cabelo molhado ou sem chapéu não aumenta o risco de
constipação. A sua origem é vírica e não relacionada com a temperatura.
2. A vacina da gripe também previne as constipações?87
Falso. A vacina da gripe apenas atua contra o vírus da gripe (Influenza).
3. A canja de galinha ajuda no alívio dos sintomas da constipação?87
Verdadeiro. O calor, o líquido e o sal inibem o movimento das células responsáveis
pela inflamação e aceleram o movimento do muco momentaneamente, podendo
limitar o tempo de contato do vírus com a mucosa nasal.
4. Vitamina C ajuda no alívio dos sintomas?87
Falso. A vitamina C não reduz a frequência da constipação nem acelera a sua cura.
5. O stress aumenta a probabilidade de ficar constipado?87
Verdadeiro. O stress reduz as defesas naturais do organismo contra os agentes
externos, como as bactérias e os vírus, através da libertação de uma hormona
(cortisol) que afeta o sistema imunitário.73, 87
6. Conclusão
“A constipação comum é a mais frequente de todas as doenças”73, de origem vírica e
para a qual não existe cura. Apenas se pode atuar no alívio dos seus sintomas e na
prevenção de contágios futuros.
A automedicação como processo em que a pessoa instaura em si própria um
tratamento farmacológico deve ter especial atenção, visto que muitas vezes as escolhas
feitas são inadequadas. A constipação é um destes casos e, portanto, com vista a minorar
os efeitos adversos decorrentes do mau uso dos medicamentos elaborei um panfleto com
informações relativas à constipação: como reconhecer os seus sinais e que tipo de
fármacos usar para tratar os seus sintomas.
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REFERÊNCIAS
1 Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária (BPF). 3ª Edição, 2009.
2 INFARMED: Deliberação n.º 2473/2007, de 28 de Novembro. Diário da República, 2.ª
série, n.º 247.
3 INFARMED: Deliberação n.º 1500/2004, 7 de Dezembro. Diário da República, 2.ª série,
n.º 303.
4 Ministério da Saúde: Portaria n.º 277/2012, de 12 de Setembro. Diário da República, 1.ª
série, n.º 177.
5 Netfarma: A Gestão de stocks em Farmácia Comunitária. Acessível em:
http://farmacia.netfarma.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=8436&Itemid=5
0. [acedido em 21 de Julho de 2014].
6 INFARMED: Portaria n.º 348/98, de 15 de Junho. Diário da República, 1.ª série-B, n.º 135.
7 Ministério da Saúde: Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto. Diário da República, 1.ª
série, n.º 167.
8 Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas: Decreto-Lei n.º
148/2008 de 29 de Julho. Diário da República, 1.ª série, n.º 145.
9 INFARMED: Saiba mais sobre Medicamentos Homeopáticos. Acessível em:
http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/SAIB
A_MAIS_SOBRE/SAIBA_MAIS_ARQUIVO [acedido em 5 de Agosto de 2014].
10 Direção-Geral da Saúde: Programa Nacional para a Diabetes. Acessível em:
http://www.dgs.pt/programa-nacional-para-a-diabetes.aspx [acedido em 5 de Agosto de
2014].
11 INFARMED: Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes. Acessível em:
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12 INFARMED: Portaria n.º 364/2010 de 23 de Junho. Diário da República, 1.ª série, n.º
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13 Ministério da Saúde: Decreto-Lei n.º 189/2008 de 24 de Setembro. Diário da República,
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14 INFARMED: Produtos Cosméticos. Acessível em:
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15 European Medicines Agency: Herbal medicinal products. Acessível em:
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16 Fitoterapia & Terapias complementares: Definições de fitoterápicos segundo a legislação
brasileira. Acessível em:
http://www.fitoterapia.com.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=54
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17 ANVISA: Medicamentos Fitoterápicos. Acessível em:
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19 EUROPA: Géneros alimentícios para uma alimentação especial. Acessível em:
http://europa.eu/legislation_summaries/consumers/product_labelling_and_packaging/sa0
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20 Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas: Decreto-Lei n.º
216/2008 de 11 de Novembro. Diário da República, 1.ª série, n.º 219.
21 Ministério da Saúde: Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de Junho. Diário da República, 1.ª
série, n.º 115.
22 INFARMED: Classificação de dispositivos médicos. Acessível em:
http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/DISPOSITIVOS_MEDICOS/CLASSI
FICACAO_E_FRONTEIRAS/CLASSIFICACAO_FRONTEIRAS_INTRODUCAO [acedido
em 7 de Agosto de 2014].
23 Ministério da Saúde: Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de Maio. Diário da República, 1.ª
série, n.º 92.
24 Ministério da Saúde: Portaria n.º 198/2011, de 18 de Maio. Diário da República, 1.ª série,
n.º 96.
25 INFARMED: Normas relativas à prescrição de medicamentos e produtos de saúde
(03/02/2014). Versão 3.0.
26 Ministério da Saúde: Despacho n.º 15700/2012, de 10 de Dezembro. Diário da República,
2.ª série, n.º 238.
27 INFARMED: Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de saúde
(13/02/2014). Versão 3.0.
28 INFARMED: Medicamentos Genéricos. Acessível em:
http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PERGUNTAS_FREQUENTES/MED
ICAMENTOS_USO_HUMANO/MUH_MEDICAMENTOS_GENERICOS/#P4 [acedido em
12 de Agosto de 2014].
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
2013/2014
Raquel Felgueiras |43
29 INFARMED: Saiba mais sobre Psicotrópicos e Estupefacientes. Acessível em:
http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/SAIB
A_MAIS_SOBRE/SAIBA_MAIS_ARQUIVO [acedido em 12 de Agosto de 2014].
30 INFARMED: Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho. Diário da República, 1.ª série-B, n.º
129.
31 INFARMED: Deliberação n.º 1504/2004, de 7 de Dezembro. Diário da República, 2ª
série, n.º 304.
32 INFARMED: Deliberação n.º 1500/2004, 7 de Dezembro. Diário da República, 2.ª série,
n.º 303.
33 Parte I: Capítulo 1 – Prescrições Gerais. In: Formulário Galénico Português. Associação
Nacional das Farmácias – CETMED, Lisboa, edição de 2001 e atualização/ampliação de
2005.
34 INFARMED: Portaria n.º 769/2004, de 1 de Julho. Diário da República, 1.ª série-B, n.º
153.
35 INFARMED: Portaria nº 24/2014 de 31 de Janeiro. Diário da República, 1.ª série, n.º 22.
36 Ministério da Saúde: Decreto-Lei n.º 48-A/2010 de 13 de Maio. Diário da República, 1.ª
série, n.º 93.
37 Ministério da Saúde: Despacho n.º 18694/2010, de 16 de Dezembro. Diário da República,
2.ª série, n.º 242.
38 Médicos de Portugal: O bom uso do medicamento, a automedicação responsável e o
aconselhamento farmacêutico. Acessível em:
http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/utentes/medicamentos/o_bom_uso_do_medicam
ento_a_automedicacao_responsavel_e_o_aconselhamento_farmaceutico/1 [acedido em
14 de Agosto de 2014].
39 INFARMED: Despacho n.º 17690/2007, de 23 de Julho. Diário da República, 2.ª série,
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40 INFARMED: Deliberação n.º 139/CD/2010, de 21 de Outubro.
41 VALORMED: Os medicamentos fora de uso também têm remédio. Acessível em:
http://www.valormed.pt/ [acedido em 14 de Agosto de 2014].
42 INFARMED: Farmacovigilância. Acessível em:
http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PERGUNTAS_FREQUENTES/MED
ICAMENTOS_USO_HUMANO/MUH_FARMACOVIGILANCIA [acedido em 15 de Agosto
de 2014].
43 INFARMED: Portaria n.º 193/2011, de 13 de Maio. Diário da República, 1.ª série, n.º 93.
44 Giorgi M, Yun H (2012). Pharmacokinetics of mirtazapine and its main metabolites in
Beagle dogs: A pilot study. The Veterinary Journal; 192: 239–241.
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Raquel Felgueiras |44
45 Quimby JM, Lun KF (2013). Mirtazapine as an appetite stimulant and anti-emetic in cats
with chronic kidney disease: A masked placebo-controlled crossover clinical trial. The
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46 Aulas de Química Farmacêutica I. Ano letivo 2009/2010. Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto.
47 Fiorino F, Severino B, Magli E, Ciano A, Caliendo G, Santagada V, et al (2014). 5‑HT1A
Receptor: An Old Target as a New Attractive Tool in Drug Discovery from Central Nervous
System to Cancer. Journal of Medicinal Chemestry; 57: 4407−4426.
48 Croom KF, Perry CM, Plosker GL (2009). Mirtazapine: A Review of its Use in Major
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49 Giorgi M, Owen H (2012). Mirtazapine in Veterinary Medicine a Pharmacological
Rationale for its Application in Chronic Pain. American Journal of Animal and Veterinary
Sciences; 7 (1): 42-47.
50 Quimby JM, Gustafson DL, Samber BJ, Lunn KF (2010). Studies on the pharmacokinetics
and pharmacodynamics of mirtazapine in healthy young cats. Journal of Veterinary
Pharmacology Therapeutics; 34: 388–396.
51 The Merck Veterinary Manual: Drugs Affecting Appetite (Monogastric). Acessível em:
http://www.merckmanuals.com/vet/pharmacology/systemic_pharmacotherapeutics_of_the
_digestive_system/drugs_affecting_appetite_monogastric.html [acedido em 18 de Agosto
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52 Vetinfo: Mirtazapine for dogs. Acessível em: http://www.vetinfo.com/mirtazapine-for-
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53 Vetinfo: Remeron side effects in cats. Acessível em: http://www.vetinfo.com/remeron-
side-effects-in-cats.html [acedido em 19 de Agosto de 2014].
54 Veterinary Partner: Mirtazapine (Remeron). Acessível em:
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55 Virbac Saúde Animal: Leishmaniose – Regiões endémicas. Acessível em:
http://www.virbac.pt/p-virbacptpubpt/display.aspx?srv=p-
virbacpt&typ=pub&lang=pt&cmd=view&style=styles/page2.xsl&select=PAGE%5B@ID$eq
$PAGE_111%5D [acedido em 20 de Agosto de 2014].
56 Veterinária Atual: Leishmaniose: a doença de cura difícil. Acessível em:
http://www.veterinaria-atual.pt/content.aspx?menuid=56&eid=6608 [acedido em 20 de
Agosto de 2014].
57 ONLEISH: Epidemiologia. Acessível em:
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Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
2013/2014
Raquel Felgueiras |45
58 Sabaté D, Llinás J, Homedes J, Sust M, Ferrer L (2014). A single-centre, open-label,
controlled, randomized clinicaltrial to assess the preventive efficacy of a domperidone-
based treatment programme against clinical canine leishmaniasis in a high prevalence area.
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59 ISSUU: Manual da Leishmaniose Visceral Canina – WSPA. Acessível em:
http://issuu.com/wspa_brasil/docs/manual-leishmaniose-wspa-brasil-2011_issu [acedido a
21 de Agosto de 2014].
60 Gómez-Ochoa P, Castillo JA, Gascón FM, Zarate JJ, Alvarez F, Couto CG (2009). Use
of domperidone in the treatment of canine visceral leishmaniasis: A clinical trial. The
Veterinary Journal; 179: 259-263.
61 Veterinaria atual: Leishmaniose Canina. Acessível em: http://www.veterinaria-
atual.pt/ResourcesUser/ICM_VETERINARIAACTUAL_PRD/Dossier/28/Tema%20de%20
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62 MD.Saude: Leishmaniose – sintomas e tratamento. Acessível em:
http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html [acedido em 22 de Agosto de 2014].
63 Wylie CE, Carbonell-Antoñanzas M, Aiassa E, Dhollander S, Zagmutt FJ, Brodbelt BC,
et al (2014). A systematic review of the efficacy of prophylactic control measures for
naturally occurring canine leishmaniosis. Part II: Topically applied insecticide treatments
and prophylactic medications. Preventive Veterinary Medicine. (Article in Press)
64 Gómez-Ochoa P, Sabate D, Homedes J, Ferrer L (2012). Use of the nitroblue tetrazolium
reduction test for the evaluation of Domperidone effects on the neutrophilic function of
healthy dogs. Veterinary Immunology and Immunopathology; 146: 97– 99.
65 Oliveira FV (2012). Leishmaniose canina: Casos clínicos do Hospital de Montenegro.
Tese de Mestrado em Medicina Veterinária da Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro.
66 Rodrigues DO (2012). Leishmaniose Visceral Canina. Trabalho monográfico de
conclusão do curso de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais da Universidade de
Castelo Branco.
67 Llinás J, Gómez-Ochoa P, Sabate D, Homedes J, Ferrer L (2011). Eficácia clínica de um
programa de tratamento com domperidona para a prevenção da leishmaniose canina. In:
Southern European Veterinary Conference & Congreso Nacional AVEPA; 2011; Barcelona,
Spain.
68 Salichs M, Sabaté D, Rodón J, Homedes J (2012). A study of the effect of Leisguard® on
the efficacy of a standard vaccination schedule in puppies. In: Proceedings of the SEVC-
47th AVEPA Congress; 2012; Barcelona, Spain.
Relatório de Estágio Curricular em Farmácia Comunitária
2013/2014
Raquel Felgueiras |46
69 Agencia española de medicamentos y productos sanitarios: Resumen de las
características del producto. Acessível em:
https://sinaem4.agemed.es/consavetPub/especialidad.do?metodo=verFichaWordPdf&cod
igo=2383+ESP&formato=pdf&formulario=FICHAS [acedido em 22 de Agosto de 2014].
70 Solano-Gallego L, Koutinas A, Miro G, Cardoso L, Pennisi MG, Ferrer L et al (2009).
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leishmaniosis. Veterinary Parasitology; 165: 1–18. 71 Associação Nacional das Farmácias: Farmácia Técnica Nº1. Acessível em:
http://www.anf.pt/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=20&Itemid=40&li
mit=6&limitstart=0 [acedido em 24 de Agosto de 2014].
72 Aulas de Fisiopatologia e Farmacoterapia I: Gripe e Constipação. Ano letivo 2012/2013.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.
73 ASPIRINA: Saiba mais sobre constipação e gripe. Acessível em:
http://www.aspirina.pt/scripts/pages/pt/cold_flu/html/index.php [acedido em 24 de Agosto
de 2014].
74 Grupo Holon (2012). Abordagem para avaliação e terapêutica da constipação. Versão
01.
75 Portal da Saúde: Constipação. Acessível em:
http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/ministeriosaude/do
encas/doencas+face/constipacao.htm [acedido em 24 de Agosto de 2014].
76 Decker B, Herring M (2011). Influenza vs the common cold: Symptoms and treatment.
Pharmacy Times; 77: 80-82.
77 Grupo Holon (2012). Abordagem para avaliação e terapêutica da congestão nasal.
Versão 03.
78 Associação Nacional das Farmácias: Farmácia Técnica Nº3. Acessível em:
http://www.anf.pt/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=20&Itemid=40&li
mit=6&limitstart=0 [acedido em 24 de Agosto de 2014].
79 Grupo Holon (2012). Abordagem para avaliação e terapêutica da rinorreia. Versão 02.
80 Grupo Holon (2012). Abordagem para avaliação e terapêutica da tosse. Versão 02.
81 Deco Proteste: Constipação: trate com descanso. Acessível em:
http://www.deco.proteste.pt/saude/gripe/dicas/constipacao-trate-com-descanso [acedido
em 24 de Agosto de 2014].
82 Grupo Holon (2012). Abordagem para avaliação e terapêutica da garganta irritada.
Versão 03.
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Raquel Felgueiras |47
83 Deco Proteste: Medicamentos antigripais desaconselhados. Acessível em:
http://www.deco.proteste.pt/saude/medicamentos/dicas/medicamentos-antigripais-
desaconselhados [acedido em 25 de Agosto de 2014].
84 Fashner J, Ericson K, Werner S (2012). Treatment of the Common Cold in Children and
Adults. American Family Physician; 86: 153-159.
85 Pourahmad M, Sobhanian S (2009). Effect of Honey on the Common Cold. Archives of
Medical Research; 40: 224-225.
86 Bem Estar: Mel é eficaz no alívio da tosse e pode melhorar sono de pessoas com gripe.
Acessível em: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/03/mel-e-eficaz-no-alivio-da-
tosse-e-pode-melhorar-sono-de-pessoas-com-gripe.html [acedido em 26 de Agosto de
2014].
87 Deco Proteste: Constipação: verdade ou mito? Acessível em:
http://www.deco.proteste.pt/saude/gripe/dicas/constipacao-verdade-ou-mito [acedido em
25 de Agosto de 2014].
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ANEXOS
Anexo I – Espaço físico exterior da farmácia Jotânia
Figura 1 – Espaço exterior da farmácia Jotânia
Figura 2 – Espaço exterior da farmácia Jotânia
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Anexo II – Espaço físico interior da farmácia Jotânia
Figura 1 – Postos de atendimento. Figura 2 – Zona de atendimento ao público.
Figura 3 – Gabinete de atendimento
personalizado.
Figura 4 – Laboratório.
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Figura 5 – Zona de apoio ao atendimento, estando as duas últimas colunas de gavetas
reservadas para armazenar o stock passivo.
Figura 6 – Frigorífico.
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ANEXO III – Receitas médicas
Figura 1 – Receita médica manual
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Figura 2 – Receita médica eletrónica
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ANEXO IV – Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes.
Figura 1 – Exemplo de um documento de venda de psicotrópicos.
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ANEXO V – Medicamentos manipulados
Figura 1 – Folha de registo de movimentos de matérias-primas.
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Figura 2 – Primeira página da ficha de preparação de medicamentos manipulados.
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Figura 3 – Prescrição médica para um manipulado: Solução de ácido acético a 2%.
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ANEXO VI – Cartão dobrável para controlo da pressão arterial
Figura 1 – Parte exterior
Figura 2 – Parte interior
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Anexo VII – Uso da mirtazapina em cães e gatos
Figura 1 – Prescrição de mirtazapina para uma gata (Kika) por uma médica veterinária.
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Tabela 1 – Comparação dos parâmetros farmacocinéticos da MRZ em cães e gatos, após
administração por via oral do fármaco.
Dose (mg) t½ (h) Clearance (mL/h/kg)
Gatosa 1,88 9,2 1120
3,75 15,9 590
Cãesb 20 6,17 1193
a Dados retirados de um estudo realizado em gatos jovens saudáveis.48
b Dados retirados de um estudo realizado em cães da raça Beagle.44
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Anexo VIII – Domperidona para a prevenção da Leishmaniose canina.
Figura 1 – Percentagem acumulada de cães com infeção ativa/progressão da doença. No
grupo tratado com domperidona observou-se uma percentagem acumulada inferior de cães
doentes.
Figura 2 – Gráfico com a percentagem do título de anticorpos observada em ambos os
grupos no fim do estudo. No grupo A, em estágio inicial da doença, observou-se uma
seroconversão 40% e em 74,3% dos cães houve uma diminuição no título de anticorpos.
No grupo B verificou-se redução de 35,7% no título de anticorpos, 57,1% dos cães
mantiveram-se estáveis e uma pequena minoria (7,2%) teve elevação no título de
anticorpos.
Fonte: Llinás J, Gómez-Ochoa P, Sabate D, Homedes J,
Ferrer L (2011). Eficácia clínica de um programa de tratamento
com domperidona para a prevenção da leishmaniose canina.
In: Southern European Veterinary Conference & Congreso
Nacional AVEPA, 2011 - Barcelona, Spain.
Fonte: Gómez-Ochoa P, Castillo JA, Gascón FM, Zarate
JJ, Alvarez F, Couto CG (2009). Use of domperidone in
the treatment of canine visceral leishmaniasis: A clinical
trial. The Veterinary Journal; 179: 259-263.
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Figura 3 – Percentagem de animais com uma taxa protetora de anticorpos contra o
Parvovírus.
Figura 4 – Percentagem de animais com uma taxa protetora de anticorpos contra a
Cinomose.
Fonte: Salichs M, Sabaté D, Rodón J, Homedes J
(2012). A study of the effect of Leisguard® on the
efficacy of a standard vaccination schedule in
puppies. In: Proceedings of the SEVC-47th AVEPA
Congress, Barcelona 2012.
Fonte: Salichs M, Sabaté D, Rodón J, Homedes J
(2012). A study of the effect of Leisguard® on the
efficacy of a standard vaccination schedule in
puppies. In: Proceedings of the SEVC-47th AVEPA
Congress, Barcelona 2012.
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Raquel Felgueiras |62
Anexo IX – Constipação: sintomas, tratar e prevenir.
Figura 1 – Panfleto informativo, elaborado por mim, sobre a constipação (Frente)
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Figura 2 – Panfleto informativo, elaborado por mim, sobre a constipação (Verso).
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Tabela 1 – Principais diferenças entre os sintomas da constipação e da gripe.
Sintomas Constipação Gripe
Início Gradual Súbito
Febre Ausente ou Baixa (até 38,5ºC, particularmente nas crianças)
Elevada (> 38,5ºC)
Dores no corpo (mialgias, artralgias) Ligeiras Intensas
Cansaço Ligeiro Intenso
Cefaleia Ligeira Intensa
Tosse Menos comum (inicialmente não produtiva que se torna progressivamente produtiva)
Comum (seca)
Espirros Comuns Raros
Odinofagia (garganta irritada) Comum, no início Por vezes
Disfonia (rouquidão) Comum Por vezes
Afonia (ausência de voz) Comum Por vezes
Irritação ocular Comum Por vezes
Secreção nasal aquosa Comum, no início Por vezes
Complicações Congestão nasal, otalgia (dor de ouvidos) Bronquite, pneumonia