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Raúl Ivan Contreras Fajardo Previsão numérica do comportamento dinâmico da barragem de Breapampa no Peru Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós- Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio. Orientador: Prof. Celso Romanel Rio de Janeiro Setembro de 2014

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Raúl Ivan Contreras Fajardo

Previsão numérica do comportamento dinâmico da barragem de Breapampa no Peru

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio.

Orientador: Prof. Celso Romanel

Rio de Janeiro Setembro de 2014

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Raúl Ivan Contreras Fajardo

Previsão numérica do comportamento dinâmico da barragem de Breapampa no Peru

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil do Centro Técnico Cientifico da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Prof. Celso Romanel Orientador

Departamento de Engenharia Civil – PUC-Rio

Profa. Maria Cascão Ferreira de Almeida Universidade Federal do Rio de Janeiro

Profa. Christianne de Lyra Nogueira Universidade Federal de Ouro Preto

Prof. José Eugênio Leal Coordenador Setorial do Centro

Técnico Científico – PUC-Rio

Rio de Janeiro, 18 setembro de 2014

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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador.

Raúl Ivan Contreras Fajardo

Graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade Nacional de Engenharia – UNI (Lima-Peru) em 2008. Principais áreas de interesse: geomecânica computacional, dinâmica de solos, obras de terra.

Ficha Catalográfica

Contreras Fajardo, Raúl Ivan. Previsão numérica do comportamento dinâmico da barragem de Breapampa no Peru / Raúl Ivan Contreras Fajardo; orientador: Celso Romanel – Rio de Janeiro PUC, Departamento de Engenharia Civil, 2014.

v. 152 f.: il.(color.); 29.7 cm

1. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

Inclui referências bibliográficas. 1. Engenharia civil – Teses. 2. Modelagem

numérica. 3. Análise sísmica. 4. Barragem de terra. 5. Comportamento não linear de geoestruturas. I. Romanel, Celso. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. III. Título.

CDD 624

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Aos meus pais Edilberto e Vilma porque eles são a luz da minha vida, e aos meus irmãos Marco, Leydi e Liz.

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Agradecimentos

Aos meus pais e minha família, pelo amor e apoio incondicional em tudo o que me aventurei durante toda a minha vida.

À Pontifícia Universidade Católica de Rio de Janeiro (PUC-Rio) por terem me concedido a oportunidade de realizar o programa de mestrado e a agência de fomento CAPES que propiciaram condições financeiras, sem as quais não seria possível esta dissertação.

Ao professor Celso Romanel, orientador da presente dissertação, que protagonizou seu papel direcionando e guiando minhas ideias, assim como auxiliando em momentos de necessidade intelectual durante todo o programa do mestrado. Muito obrigado professor.

Aos meus colegas da PUC-Rio que durante toda a convivência desta época foram mais que colegas, se tornaram amigos também.

Ao Denys Parra por sua recomendação e apoio brindado.

A Magaly Dávila, que esteve me brindando seu apoio e escutando nos momentos de necessidade.

Aos Professores e funcionários do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio.

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Resumo

Fajardo, Raúl Ivan Contreras; Romanel, Celso (orientador) Previsão numérica do comportamento dinámico da barragem de Breapampa no Peru. Rio de Janeiro, 2014. 152p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Esta pesquisa investiga o comportamento sísmico da barragem de terra de

Breapampa, situada no Peru em zona de atividade sísmica. A previsão numérica é

feita com auxílio do programa computacional FLAC 2D v.7, baseado no método

das diferenças finitas. É simulada a construção incremental da barragem, a

elevação gradual do nível d’água do reservatório durante a etapa do primeiro

enchimento do reservatório, é estabelecida a posição da linha freática em regime

de fluxo permanente e são calculados os fatores de segurança estático da

estabilidade dos taludes nas condições de final da construção e após o primeiro

enchimento do reservatório. A simulação do comportamento sísmico da barragem

é feita em seguida, discutindo-se vários e importantes aspectos que devem ser

considerados para uma correta análise como a seleção do terremoto de projeto, a

filtragem de altas frequências para minimizar o número de elementos da malha, a

introdução de condições de contorno silenciosas, a escolha de modelos

constitutivos incluindo a incorporação de amortecimento histerético, entre outros

pontos. A resposta sísmica da barragem, nas condições de reservatório vazio e

reservatório cheio, foi obtida em termos de deslocamentos permanentes, história

de deslocamentos, amplificações da aceleração horizontal, desenvolvimento de

poropressões no corpo da barragem e potencial de ruptura cíclica no material do

núcleo.

Palavras – chave

Modelagem numérica; análise sísmica; barragem de terra; comportamento não linear de geoestruturas.

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Abstract

Fajardo, Raúl Ivan Contreras; Romanel, Celso (Advisor). Numerical prediction of the dynamic behavior of Breapampa dam in Peru. Rio de Janeiro, 2014. 145p. M.Sc. Dissertation – Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

This research investigates the seismic behavior of the Breapampa earth

dam, situated in Peru within a seismic activity zone. The numerical prediction is

carried out using the computer program FLAC 2D v.7, based on the finite

difference method. it is simulated the incremental construction of the dam, the

gradual raise of the water level during the stage of reservoir impounding, the

establishment of the phreatic line under steady state flow and the determination of

safety factor for the stability of the soil slopes considering both conditions of after

construction and after reservoir impounding. The modeling of the seismic

behavior of the dam is then made with detailed discussion of several important

aspects for a correct analysis such as the selection of the design earthquake, the

filtering of high frequencies in order to minimize the number of elements in the

mesh, the introduction of silent boundaries, the choice of proper constitutive soil

models including the representation of hysteretic damping, among others points.

The seismic response of the dam, under the conditions of full and empty reservoir,

was obtained in terms of permanent displacements, displacement history,

amplifications horizontal acceleration amplification, porepressure distribution and

potential of cyclic failure in the saturated material of the core of the dam.

Keywords

Numerical modeling; seismic analysis; earth dam; nonlinear behavior of geostructures.

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Sumário

1 Introdução 22 

1.1. Objetivo 22 

1.2. Estrutura da dissertação 23 

2 Fundamentos de sismicidade e propagação de ondas 25 

2.1. Origem dos sismos 25 

2.1.1. Sismos de subducção 25 

2.1.2. Sismos intraplaca 27 

2.2. Localização de um sismo 27 

2.3. Medidas de um sismo 28 

2.3.1. Magnitude 29 

2.3.2. Intensidade 32 

2.4. Parâmetros do movimento do terreno 34 

2.4.1. Amplitude do movimento 34 

2.4.2. Conteúdo de frequências 34 

2.4.3. Parâmetro de duração 35 

2.5. Caraterísticas do registro sísmico 36 

2.5.1. Deconvolução do registro sísmico 36 

2.5.2. Correção da linha base e filtragem 38 

2.6. Avaliação da ameaça sísmica 40 

2.6.1. Análise determinística 40 

2.6.2. Análise probabilística 41 

2.7. Ondas sísmicas 43 

2.7.1. Ondas de corpo 44 

2.7.2. Ondas de superfície 46 

2.8. Amortecimento 47 

2.8.1. Amortecimento de Rayleigh 48 

2.8.2. Amortecimento histerético 50 

3 Comportamento estático e dinâmico de barragens de terra 51 

3.1. Construção da barragem de terra 51 

3.1.1. Distribuição dos recalques 51 

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3.1.2. Influência da anisotropia nos recalques 53 

3.1.3. Transferência de cargas 53 

3.1.4. Trajetória de tensões na construção 54 

3.2. Primeiro enchimento do reservatório 55 

3.2.1. Pressão Hidráulica no Núcleo 56 

3.2.2. Pressão Hidráulica na Fundação e Subpressão no Núcleo Central 57 

3.2.3. Subpressão à Montante 57 

3.2.4. Colapso Devido à Saturação 57 

3.2.5. Trajetórias de tensão durante o primeiro enchimento 58 

3.3. Comportamento sísmico 59 

3.3.1. Análise de estabilidade 60 

3.3.2. Fatores que influenciam a resposta sísmica 63 

4 Modelos constitutivos para carregamentos cíclicos 70 

4.1. Modelo linear equivalente 70 

4.2. Modelos cíclicos 75 

4.3. Modelos elasto-plásticos 80 

5 Aspectos da modelagem numérica 82 

5.1. Características gerais do programa FLAC 82 

5.2. Modelagem estática 83 

5.2.1. Modelos constitutivos 83 

5.2.2. Propriedades dos materiais 84 

5.2.3. Condições iniciais e de contorno 85 

5.2.4. Fator de segurança na estabilidade de taludes 87 

5.3. Modelagem sísmica 87 

5.3.1. Condições de contorno 87 

5.3.2. Discretização da malha para a transmissão da onda 91 

5.3.3. Frequência de corte 92 

5.3.4. Ajuste espectral no domínio do tempo 92 

6 A barragem de terra de Breapampa, Peru 94 

6.1. Descrição geral da barragem 94 

6.2. Propriedades do material 94 

6.3. Simulação estática 95 

6.3.1. Processo construtivo 96 

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6.3.2. Deslocamentos ao final da construção 97 

6.3.3. Primeiro enchimento do reservatório 98 

6.3.4. Trajetórias de tensão 104 

6.3.5. Fator de segurança 106 

6.4. Simulação pseudo-estática 108 

6.5. Simulação dinâmica 112 

6.5.1. Sismo de Pisco (2007) 112 

6.5.2. Correção da linha base e filtragem 114 

6.5.3. Avaliação probabilística de ameaça sísmica na área do projeto 115 

6.5.4. Ajuste espectral 115 

6.5.5. Sismo de projeto 116 

6.5.6. Malha e condições de contorno 117 

6.5.7. Aplicação da excitação sísmica 118 

6.5.8. Frequências predominantes 119 

6.5.9. Amortecimento histerético 119 

6.5.10. Aferição com o programa SHAKE2000 122 

6.5.11. Síntese da resposta sísmica 124 

7 Conclusões e Sugestões 131 

Referências Bibliográficas 133 

Anexos 143 

Anexo 1: Modelagem da barragem Breapampa em FLAC 143 

Anexo 2: Modelo para camadas do deposito de solo não linear 148 

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Lista de Figuras

Figura 2.1 - As principais placas tectónicas da crosta terrestre. Fonte NASA. ... 26 

Figura 2.2 - Efeitos de subducção entre duas placas tectônicas. ....................... 26 

Figura 2.3 - Movimento de subducção entre as placas de Nazca e Sul

Americana. ................................................................................................... 27 

Figura 2.4 - Elementos para descrição da localização de um sismo

(www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=dinamica+da+terra&meta). ....... 28 

Figura 2.5 - Energia liberada por terremotos comparada com energia produzida

em explosões nucleares e outros fenômenos naturais (Lopes, A. e

Assumpção, M. (2010), www.afonsovasconcelos.com/aulas/agg5722/

aula04_Magnitude.pptx) .............................................................................. 30 

Figura 2.6 - Escalas de magnitude com ondas P ( bm ) e ondas de superfície

(Ms). (Lopes, A. e Assumpção, M. (2010), www.afonsovasconcelos.com/

aulas/agg5722/ aula04_Magnitude.pptx). .................................................... 31 

Figura 2.7 - Processo de deconvolução e amplificação (convolução) para

registros de terremotos. ............................................................................... 37 

Figura 2.8 - Processo de deconvolução na condição de base flexível com os

programas computacionais SHAKE e FLAC 2D (Mejia e Dawson, 2006). .. 38 

Figura 2.9 - Erros introduzidos nas velocidades e deslocamentos pela falta da

correção da linha base no acelerograma (Modificado de Hudson, 1979). .. 39 

Figura 2.10 - Efeitos do ruído de alta frequência (esquerda) e de baixa

frequência (direita). (Modificado de Hudson, 1979). .................................... 40 

Figura 2.11 - Movimentos de partícula produzidos por diferentes tipos de ondas.

(Teixeira et al., 2003). .................................................................................. 47 

Figura 2.12 - Variação da razão de amortecimento crítico normalizado com a

frequência angular (Itasca, 2011). ............................................................... 49 

Figura 3.1 - Construção de aterro de grande extensão por camadas sucessivas-

Law, 1975. ................................................................................................... 51 

Figura 3.2 - Perfil de recalque em um aterro, com valor máximo na altura média

H/2 (Law, 1975). .......................................................................................... 52 

Figura 3.3 - Trajetórias de tensão durante a fase de construção (Naylor, 1992). 55 

Figura 3.4 - Efeitos do primeiro enchimento do reservatório em uma barragem

zonada (de Nobari e Duncan, 1972) ............................................................ 56 

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Figura 3.5 - Trajetórias de tensão típicas no material de enrocamento ao longo

da construção e primeiro enchimento (Veiga Pinto, 1983) .......................... 59 

Figura 3.6 - Trajetórias de tensão típicas no material do núcleo central ao longo

da construção e o primeiro enchimento (Veiga Pinto, 1983) ....................... 59 

Figura 3.7 - Seção transversal da barragem de Lower San Fernando antes e

após o sismo de 1971 (http://quake.wr.usgs.gov/prepare/factsheets/

LADamStory/Xsection.gif) ............................................................................ 62 

Figura 3.8 - Barragem e fundação em vale retangular (Dakoulas, 1990) ........... 65 

Figura 3.9 - Resposta não linear e linear na seção central de uma barragem

sobre camada de fundação submetida a excitações harmônicas de 0,05g e

0,20g (Dakoulas, 1990) .............................................................................. 67 

Figura 3.10 - Comparação entre respostas tridimensional (3D) e de deformação

plana (2D), para barragens em vale triangular e retangular (Makdisi et al.,

1982) ............................................................................................................ 68 

Figura 4.1 - a) módulo de cisalhamento secante; b) degradação do módulo de

cisalhamento normalizado G/Gmax e majoração da razão de

amortecimento em função da deformação cisalhante cíclica. ................... 71 

Figura 4.2 – Curvas de variação do módulo de cisalhamento para areias sob

diferentes densidades relativas – Seed e Idriss (1970). .............................. 73 

Figura 4.3 – Curvas de variação do módulo de cisalhamento para diferentes

índices de plasticidade – Vucetic e Dobry (1991) ........................................ 74 

Figura 4.4 – Curvas de variação da razão de amortecimento para diferentes

índices de plasticidade – Vucetic e Dobry (1991) ........................................ 74 

Figura 4.5 - Curvas característica do primeiro ciclo de carregamento ................ 76 

Figura 4.6 – Relação tensão x deformação hiperbólica (adaptado de Finn et.

al.,1977). ...................................................................................................... 76 

Figura 4.7 – Curvas de deformação volumétrica incremental (adaptado de Martin

et. al.,1975). ................................................................................................. 78 

Figura 4.8 - Modelos cíclicos disponíveis no programa computacional FLAC2D.

..................................................................................................................... 80 

Figura 5.1 – Condições de contorno aplicadas à barragem e fundação no

programa FLAC 2D (adaptado de Itasca, 2011). ......................................... 86 

Figura 5.2 - Contornos de transmissão imperfeita (amortecedores). ................. 89 

Figura 5.3 - Contornos de base flexível e de base rígida (Itasca 2011). ............ 90 

Figura 5.4 – Contornos laterais de campo livre (adaptado por Loayza (2009). .. 91 

Figura 6.1 - Localização da barragem de Breapampa. ....................................... 94 

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Figura 6.2 – Projeção horizontal da barragem de Breapampa. ........................... 95 

Figura 6.3 – Seção transversal A-A analisada da barragem de Breapampa. ..... 95 

Figura 6.4 – Distribuição dos deslocamentos horizontais com a construção de 1,

2, 4, 8, 16 e 33 camadas, respectivamente. ................................................ 99 

Figura 6.5 – Distribuição dos deslocamentos verticais com a construção de 1, 2,

4, 8, 16 e 33 camadas, respectivamente. .................................................. 100 

Figura 6.6 – Variação da distribuição dos deslocamentos horizontais com o

número de camadas ao longo do eixo central da barragem de terra. ....... 101 

Figura 6.7 – Variação da distribuição dos deslocamentos verticais com o número

de camadas ao longo do eixo central da barragem de terra. .................... 101 

Figura 6.8 – Variação com o número de camadas dos deslocamentos médios

horizontal (esquerda) e vertical (direita) ao longo do eixo central da

barragem segundo o número de camadas de construção. ....................... 101 

Figura 6.9 – Influência do número de níveis d’água e incrementos de carga nos

deslocamentos verticais durante o primeiro enchimento do reservatório

(adaptado de Veiga Pinto, 1983) ............................................................... 102 

Figura 6.10 – Distribuição dos deslocamentos horizontais (acima) e verticais

(abaixo) após o primeiro enchimento do reservatório em 16 etapas de

elevação do nível d’água. .......................................................................... 103 

Figura 6.11 – Comparação dos deslocamentos horizontais no eixo da barragem

ao final da construção e após o primeiro enchimento. .............................. 103 

Figura 6.12 – Comparação dos deslocamentos verticais no eixo da barragem ao

final da construção e após o primeiro enchimento. ................................... 104 

Figura 6.13 – Trajetórias de tensão total em pontos do espaldar de montante. 105 

Figura 6.14 – Trajetórias de tensão total em pontos do núcleo central próximos

da região de montante. .............................................................................. 105 

Figura 6.15 – Trajetórias de tensão total em pontos do núcleo central próximos

da região de jusante. ................................................................................. 105 

Figura 6.16 – Trajetórias de tensão total em pontos do espaldar de jusante. ... 106 

Figura 6.17 – Fator de segurança determinado com o programa FLAC 2D ao

final da construção da barragem: a) superfície local, FS=1,58, b) superfície

local, FS=1,67 e c) superfície global, FS=1,69. ......................................... 107 

Figura 6.18 – Fator de segurança determinado pelo programa SLOPE/W pelo

método Spencer ao final da construção da barragem, com FS = 1,72. ... 107 

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Figura 6.19 – Fator de segurança determinado com o programa FLAC 2D após o

enchimento do reservatório: a) superfície crítica local, FS=1,56, b) superfície

crítica global, FS=1,65. .............................................................................. 108 

Figura 6.20 – Fator de segurança determinado com o programa SLOPE/W, pelo

método das fatias (método de Spencer), após o enchimento do reservatório

com FS = 1,68. .......................................................................................... 108 

Figura 6.21 – Distribuição de iso-acelerações no Peru considerando 10% de

excedência em 100 anos (Alva e Castillo, 1993). ...................................... 110 

Figura 6.22 – Fator de segurança pseudo–estático determinado pelo método de

Spencer (método das fatias) considerando redução de 20% da resistência

não drenada estática do material do núcleo. a) Reservatório vazio - FSpseudo

= 1,15. b) Reservatório cheio - FSpseudo = 0,98 ......................................... 111 

Figura 6.23 – Localização do epicentro do sismo de Pisco, da estação

sismográfica de Ica e da localização da barragem de Breapampa (Fonte

Google Earth). ........................................................................................... 113 

Figura 6.24 – Acelerogramas do sismo de Pisco registrados na estação Ica:

aceleração vertical (superior), aceleração horizontal N-S (intermediária) e

aceleração horizontal E-W (inferior) - fonte CISMID/UNI - PERU. ............ 113 

Figura 6.25 – Histórias de aceleração, velocidade e deslocamento originais e

corrigidas pela linha base. ......................................................................... 114 

Figura 6.26 – Ajuste espectral no domínio do tempo. ....................................... 116 

Figura 6.27 – Registro sísmico ajustado no domínio do tempo. ........................ 116 

Figura 6.28 – Espectro de potência avaliada com base na história de velocidades

do sismo de projeto.................................................................................... 117 

Figura 6.29 – História de velocidades final do sismo de projeto. ...................... 117 

Figura 6.30 – Malha de diferenças finitas e condições de contorno para análise

sísmica. ...................................................................................................... 118 

Figura 6.31 – Ajuste da constante a para concordar os registros de velocidade

prescrito e computado na base do modelo. ............................................... 119 

Figura 6.32 – Espectros de potência de velocidade determinados em análise

elástica não amortecida para pontos do núcleo e espaldares da barragem.

................................................................................................................... 119 

Figura 6.33 – Comparação entre as curvas previstas e experimentais da

degradação do módulo cisalhante com a deformação cisalhante efetiva para

o Núcleo. .................................................................................................... 121 

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Figura 6.34 – Comparação entre as curvas previstas e experimentais do

aumento da razão de amortecimento com a deformação cisalhante efetiva

para o Núcleo. ........................................................................................... 121 

Figura 6.35 – Comparação entre as curvas previstas e experimentais da

degradação do módulo cisalhante com a deformação cisalhante efetiva para

o enrocamento. .......................................................................................... 121 

Figura 6.36 – Comparação entre as curvas previstas e experimentais do

aumento da razão de amortecimento com a deformação cisalhante efetiva

para o Enrocamento. ................................................................................. 122 

Figura 6.37 – Coluna de solo ao longo do eixo central da seção transversal da

barragem de Breapampa. .......................................................................... 123 

Figura 6.38 – Coluna modelada no programa FLAC para simulação de um

ensaio de cisalhamento cíclico. ................................................................. 123 

Figura 6.39 – Comparação dos resultados obtidos com o FLAC 2D e

SHAKE2000: a) aceleração horizontal máxima b) tensão cisalhante cíclica

máxima. ..................................................................................................... 123 

Figura 6.40 – Respostas de aceleração horizontal na crista da barragem para as

condições de: a) reservatório vazio b) reservatório cheio. ........................ 125 

Figura 6.41 – Espectros de potência de aceleração na crista da barragem para

as condições de: a) reservatório vazio b) reservatório cheio. .................... 125 

Figura 6.42 – Distribuição dos deslocamentos horizontais permanentes após a

ocorrência do sismo na condição de: a) reservatório vazio, b) reservatório

cheio. ......................................................................................................... 126 

Figura 6.43 – Distribuição dos deslocamentos verticais permanentes após a

ocorrência do sismo na condição de: a) reservatório vazio, b) reservatório

cheio. ......................................................................................................... 126 

Figura 6.44 – Distribuição dos deslocamentos horizontais e verticais

permanentes após a ocorrência do sismo na condição de reservatório vazio

e reservatório cheio. .................................................................................. 127 

Figura 6.45 – História dos deslocamentos horizontal e vertical no ponto central

da crista da barragem. ............................................................................... 128 

Figura 6.46 – a) Distribuição das poropressões após a ocorrência do sismo em t

= 40s. b) Distribuição das poropressões na condição inicial de fluxo

permanente em t = 0. ................................................................................. 128 

Figura 6.47 – Distribuição do parâmetro de poropressão ru imediatamente após

a ocorrência do terremoto. ......................................................................... 129 

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Figura 6.48 – Distribuição das alturas máximas dos elementos da malha para

assegurar a transmissibilidade das ondas SV durante a ocorrência do

sismo. ........................................................................................................ 130 

Lista de Tabelas Tabela 4.1 - Comparação de modelos plásticos típicos para solos sob

carregamentos cíclicos e suas potencialidades (adaptado de Park, 2005). 81 

Tabela 6.1- Propriedades de engenharia dos materiais da fundação e do corpo

da barragem de Breapampa (Andes Asociados – 2011). ............................ 96 

Tabela 6.2- Parâmetros utilizados na correção por linha base e filtragem do

sismo de Pisco. .......................................................................................... 115 

Tabela 6.3- Altura máxima dos elementos na fundação e corpo da barragem. 118 

Tabela 6.4- Valores dos parâmetros de amortecimento histérico nos modelos

SIGMA2 (padrão) e SIGMA3 obtidos através de ajustes com curvas

experimentais propostas na literatura. ....................................................... 120 

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Lista de Símbolos

Amplitude do movimento de terreno

Parâmetros do modelo SIGMA3

Parâmetros do modelo SIGMA4

Parâmetros do modelo SIGMA3

Acelerograma sem corrigir

Coeficiente de amortecimento Rayleigh

Coeficiente de amortecimento Rayleigh

Coesão

Amplitude do enésimo harmônico das séries de Fourier

Constantes

Matriz de amortecimento viscoso

Deslocamento médio da falha

Registro de deslocamentos no tempo

Densidade relativa

Distância epicentral

Distância epicentral em graus

Módulo de Young

Módulo de elasticidade na direção horizontal

Módulo de elasticidade na direção vertical

Deformação volumétrica acumulada

Mudança de deformação volumétrica

Tensor de deformações

Frequência de corte

Frequência natural de vibração

Fator de segurança

Vetor de forças por unidade de volume

Gradiente de um campo escalar

Ângulo de atrito

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Módulo de cisalhamento do material

Módulo de cisalhamento máximo do material

Módulo de cisalhamento secante do material

Módulo de cisalhamento tangente inicial

Espectro de potência ou função densidade espectro de

potência

Aceleração gravitacional ou gravidade

Peso específico

Deformação cisalhante

Deformação cisalhante equivalente

Raiz quadrada da média dos quadrados das deformações

cisalhantes no tempo

Altura

Altura do estrato

Constantes

Altura do aterro pré-existente

Índice de plasticidade

Tensor identidade

Função transformada de Fourier

Coeficiente sísmico pseudo-estático

Coeficiente de permeabilidade horizontal

Coeficiente de permeabilidade vertical

Módulo de compressão volumétrica do material

Módulo de compressão volumétrica da agua

Coeficiente de empuxo do solo no repouso

Constantes adimensionais

Matriz de rigidez

Matriz de rigidez complexa

Comprimento

Parâmetros do modelo SIGMA2

Tamanho do elemento

Constante de Lamé

Magnitude, Magnitude de momento, Momento sísmico

Matriz de massa

Magnitude local

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Magnitude das ondas de superfície

Magnitude das ondas de corpo

Módulo de elasticidade transversal dos materiais na falha

Porosidade

Razão de pré-adensamento

Ondas de corpo longitudinais ou primarias

Vetor das forçãs

Tensão média, tensão média efetiva, tensão efetiva inicial

Sucção inicial

Pressão atmosférica

Fator de correção

Tensão desviadora

Onda Rayleigh

Ruído do sinal sísmico

Parâmetro de poropressão

Massa específica

Recalque

Área de ruptura da falha

Ondas de corpo cisalhante ou secundarias

Onda cisalhante horizontal

Onda cisalhante vertical

Sinal sísmico corrigido

Tensão normal

Tensor de tensões

Tensão normal principal maior

Tensão normal principal menor

Tensão efetiva principal média

Tensão efetiva vertical inicial

Tensão normal efetiva octaédrica inicial

Tensão efetiva vertical

Incremento de tensão vertical

Período do sistema

Duração do sismo

Diferença de tempos de chegada da onda P e S

Intervalo de tempo

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Tensão cisalhante

Tensão cisalhante máxima inicial

Tensão cisalhante máxima

Vetor de deslocamentos

Variação da poropressão

Vetores aceleração, velocidade e deslocamento

Registro de velocidades no tempo

νP Velocidade da onda P

νS Velocidade da onda S

νR Velocidade da onda Rayleigh

νt Velocidade tangencial da partícula de solo

Coeficiente de Poisson

Coeficiente de Poisson na direção horizontal

Frequência natural do sistema

Rotacional de um campo vetorial

Ângulo de dilatância

Fator de redução do modulo cisalhante

Profundidade

Razão de amortecimento

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Lista de Abreviaturas

Centro Peruano Japonés de Investigaciones Sísmicas y

Mitigación de Desastres

Dynamic link libraries

Função de espectro de potência

Transformada rápida de Fourier

Finite Lagrangian Analysis of Continua

Método dos elementos finitos

Método das diferenças finitas

Intensidade de Mercalli Modeficada

Aceleração horizontal pico (peak horizontal acceleration)

Velocidade horizontal pico (peak horizontal velocity)

Sistema de um grau de liberdade (single degree of freedom)

United States Geological Survey

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1 Introdução

1.1. Objetivo

Construções de barragens de terra ou enrocamento têm sido feitas desde

a mais remota antiguidade. Até o início do século XX, estas eram projetadas

empiricamente, reproduzindo padrões considerados bem sucedidos, mas que

resultavam quase sempre em obras antieconômicas. A partir do século XX, a

construção de barragens adquiriu uma maior importância, sob os pontos de vista

técnico, econômico e social, para atender as demandas de populações urbanas

crescentes em relação às necessidades de abastecimento de água, irrigação,

controle de enchentes e geração de energia. Barragens de grande altura e

reservatórios com grande capacidade de armazenamento foram construídas em

todo o mundo, com especial destaque no Brasil cuja matriz energética é

majoritariamente baseada na hidroeletricidade gerada por barragens de grande

porte.

À medida que as dimensões das barragens foram aumentando, o projeto

das mesmas passou gradualmente de conceitos simples, baseados em

formulações empíricas e técnicas intuitivas, para as análises modernas que

consideram o comportamento da estrutura em suas diversas fases de vida

(construção, primeiro enchimento do reservatório, regime de plena operação),

sob carregamentos estáticos e sísmicos, condições de contorno complexas e

sofisticadas relações constitutivas para o maciço de fundação e para os

materiais que formam a barragem propriamente dita, seja ela de terra,

enrocamento, concreto ou de natureza mista como as barragens de

enrocamento com face de concreto. A transição entre os projetos empíricos

para os baseados em métodos racionais pode ser situada na década de 1940,

com o surgimento da necessidade da construção de grandes barragens, bem

como devido à evolução dos critérios e procedimentos técnicos advindos da

nova ciência da mecânica dos solos, já então em pleno desenvolvimento. Os

projetos destas grandes estruturas foram também gradualmente aperfeiçoados

nas décadas seguintes com a instalação de instrumentação geotécnica,

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originalmente destinada para monitorar os níveis de segurança da barragem,

mas que também propiciaram, através de criteriosa comparação de valores

previstos e medidos de tensões, deslocamentos, poropressões e vazões,

analisar a influência dos diversos parâmetros de projeto e introduzir outros

aspectos inicialmente desconsiderados como, por exemplo, os efeitos do método

construtivo. As informações adquiridas dos processos completos de

instrumentação, ensaios de campo e/ou laboratório e retroanálise do

comportamento da obra, foram especialmente úteis no caso das barragens de

enrocamento visto o desempenho pouco satisfatório que apresentavam as

estruturas mais antigas.

Outro aspecto fundamental a ser avaliado no projeto de barragens,

principalmente em regiões que apresentam ocorrência de falhas geológicas

ativas como nos países da costa Andina, é a análise do comportamento da obra

sob carregamento sísmico. É de interesse do projetista estimar os valores de

tensões, deslocamentos, velocidades e acelerações máximas que podem ser

geradas na estrutura sob a ação de terremotos, como no caso da barragem de

terra de Breapampa, analisada neste trabalho, situada no Peru.

O objetivo desta pesquisa é analisar através de modelagem numérica o

comportamento estático (durante a construção e primeiro enchimento do

reservatório) e dinâmico (carregamento sísmico) da barragem de terra de

Breapampa, com auxílio do programa de computador FLAC-2D (versão 7),

baseado no método das diferenças finitas, disponível no Departamento de

Engenharia Civil da PUC-Rio. Trata-se de um dos simuladores computacionais

mais completos dentre os atualmente disponíveis para análises de problemas

geotécnicos sob ação de carregamentos dinâmicos. Uma descrição dos

procedimentos numéricos, das dificuldades, vantagens e limitações na sua

utilização serão discutidas no decorrer deste trabalho.

1.2. Estrutura da dissertação

Este trabalho é formalmente dividido em sete capítulos, os quais contêm

os seguintes temas: o capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica sobre os

conceitos mais relevantes de sismicidade e propagação de ondas necessários

para o desenvolvimento da dissertação, enquanto que o capítulo 3 aborda o

comportamento estático de barragens de terra, durante a sua construção e

primeiro enchimento do reservatório, e discute aspectos relacionados com a

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resposta da estrutura sob carregamento dinâmico. O capítulo 4 apresenta

procedimentos de modelagem computacional de geoestruturas sob

carregamento sísmico e o capítulo 5 descreve as principais características do

programa computacional FLAC 2D v.7 empregado nas análises numéricas. O

capítulo 6 é dedicado à modelagem da barragem de Breapampa, situada no

departamento de Ayacucho, Peru, considerando análises estáticas, pseudo-

estáticas e dinâmicas para verificar a estabilidade dos taludes, a resposta da

estrutura quando submetida a carregamentos sísmicos e o potencial de

liquefação dos materiais, enquanto que o capítulo 7 é reservado para as

conclusões da presente pesquisa e sugestões para outras futuras. Anexos são

também incluídos para detalhar procedimentos das análises numéricas

executadas.

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2 Fundamentos de sismicidade e propagação de ondas

Neste capitulo são introduzidos conceitos gerais de sismologia abrangendo

diferentes processos que influenciam a ocorrência de sismos. Faz-se uma

descrição qualitativa dos principais parâmetros e termos utilizados para sua

caraterização e como as ondas sísmicas se propagam no meio.

2.1. Origem dos sismos

A teoria com maior fundamento desenvolvida na busca da explicação dos

movimentos sísmicos foi formulada em 1912 pelo cientista alemão Alfred

Wegener, conhecida como a Teoria da Deriva dos Continentes. Esta supõe que

há 200 milhões de anos todos os continentes estavam unidos, formando uma só

massa continental, denominada Pangea. No início da era geológica do

Mesozóico, por algum motivo, esta massa universal começou a fraturar e dividir-

se, formando as massas continentais que hoje existem. Os conhecimentos

adquiridos pelos pesquisadores durante as últimas décadas tendem a confirmar

esta teoria da formação dos continentes.

De acordo com a teoria tectônica das placas, a crosta terrestre está

dividida em 17 placas principais (Figura 2.1) que se movimentam lateralmente

umas em relação às outras, impulsionadas por correntes de convecção térmica

que se originam no manto terrestre. Estes movimentos estão associados com a

atividade sísmica do planeta, originando sismos de subducção e intraplaca.

2.1.1. Sismos de subducção

Mediante medições batimétricas, oceanógrafos encontraram no centro do

Oceano Atlântico um sistema montanhoso que se expande e ramifica formando

uma cadeia de montanhas de aproximadamente 40 000 km. Estudos geofísicos

e oceanográficos demonstram que esta cordilheira é formada por material

magmático proveniente do manto da Terra, em um processo dinâmico de

transformação do Oceano Atlântico. Para compensar a saída deste material

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magmático é necessário que correntes descendentes mergulhem material da

crosta, em movimentos de subducção (Figura 2.2). As zonas onde ocorrem esta

perda de material são conhecidas como zonas de subducção, provocando

movimentos acompanhados de grande liberação de energia que se irradia sob

forma de ondas de tensão provocando tremores e, conforme a intensidade,

terremotos. Os movimentos podem ser de deslizamento lateral entre as placas,

de afastamento, com a criação de nova litosfera, ou de colisão. Quando uma

litosfera oceânica encontra uma litosfera continental, entra em subducção e um

cinturão de montanhas vulcânicas é formado na margem da placa continental,

como ocorre entre as placas de Nazca e Sul Americana (Figura 2.3).

Figura 2.1 - As principais placas tectónicas da crosta terrestre. Fonte NASA.

MOVIMENTO

FOCOS DESISMOS

LITOSFERA

OCEANOOCEANO

CORDILHEiRAVULCÂNICA

DEPRESSÃOCENTRAL

DE SUBDUCÇÃO

CONTINENTE

CORRENTESDE CONVECÇÃO

FUSÃODA CROSTA

MANTO PROFUNDO

ASTENOSFERA

Figura 2.2 - Efeitos de subducção entre duas placas tectônicas.

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Figura 2.3 - Movimento de subducção entre as placas de Nazca e Sul Americana.

2.1.2. Sismos intraplaca

Representam aproximadamente 25% dos sismos ocorridos a nível mundial

e são caracterizados como de falhamento superficial. Ocorrem entre 5 e 20 km

de profundidade, região onde se localizam as rochas mais duras e de maior

capacidade de armazenamento de energia de deformação. Estes sismos estão

indiretamente associados com o fenômeno da subducção, pois são causados

pelas concentrações superficiais de tensões no interior das placas tectônicas,

por sua vez geradas pelos movimentos de subducção. Por serem de pouca

profundidade, não acompanhados por condições térmicas que afetem as

propriedades mecânicas dos materiais da crosta, produzem em geral danos

significativos nas regiões mais próximas ao seu epicentro. Os sismos que

ocorrem no Brasil são de natureza intraplaca, exceto os observados na

Amazonia ocidental, mas originados na costa do oceano Pacífico por

movimentos de subducção.

2.2. Localização de um sismo

Frequentemente, a localização de um sismo é inicialmente especificada

em termos da localização de seu hipocentro ou foco e sua projeção na superfície

da Terra é designada por epicentro. A distância na superfície entre o epicentro e

um observador é conhecida como distância epicentral e a distância entre um

observador e o foco, distância focal ou distância hipocentral (Figura 2.4).

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A diferença entre os tempos de chegada da onda primaria (P) e da onda

secundária (S), definidas no Item 2.7, a uma estação sismográfica permite

estimar a distância epicentral ( ed ) pela expressão:

SP

SPe VV

td

11

2.1

onde SPt é a diferença de tempos de chegada da onda P e S, sendo PV e SV

as respectivas velocidades. Conhecendo-se as distâncias obtidas em pelo

menos três diferentes estações sismográficas, pode-se então determinar a

localização do epicentro do terremoto.

Atualmente, a localização preliminar do epicentro, a profundidade do foco e

a magnitude do terremoto podem ser obtidas em poucos minutos após o início

do evento, sendo o único fator limitante o tempo que as ondas sísmicas

demoram em viajar do hipocentro até as estações, em geral menos de 10

minutos.

Figura 2.4 - Elementos para descrição da localização de um sismo

(www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=dinamica+da+terra&meta).

2.3. Medidas de um sismo

Existem duas formas principais para quantificar um sismo. A propriedade

que correlaciona a energia liberada é chamada de magnitude (em escala

logarítmica) e os efeitos causados pelos sismos na superfície da Terra são

correlacionados com a intensidade.

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2.3.1. Magnitude

A magnitude está relacionada com a energia liberada pelo sismo,

comumente medida através da escala Richter, também conhecida como

magnitude local ( lM ), desenvolvida em 1935 com o propósito de medir

terremotos do sul da Califórnia, baseada na relação entre a máxima amplitude

do movimento sísmico registrado durante o evento versus distância do ponto de

observação. A escala é definida por um número real, tomando-se o logaritmo

decimal da máxima amplitude registrada por um sismógrafo Wood-Anderson,

particularmente sensível a ondas S com período de 1s. Assim, para cada

número inteiro da escala, por exemplo, terremoto de magnitude 5, a amplitude

do movimento registrado é 10 vezes maior daquele correspondente a um

terremoto de magnitude 4.

A magnitude do sismo está relacionada com a energia liberada no evento,

pela seguinte Equação (Clough e Penzien, 1995):

lME 5,18,11log10 2.2

onde E é a energia liberada x 1020 erg (ou 1013 J), percebendo-se que o aumento

de uma unidade na magnitude do sismo corresponde a um acréscimo de 101.5 =

31,6 vezes na energia liberada.

O gráfico da Figura 2.5 relaciona as magnitudes de alguns sismos com a

energia liberada equivalente em explosivos, comparando-as também com

energia de fenômenos naturais (erupção, tornado, relâmpago) e explosões

nucleares. Entre as curvas de energia de terremotos e de energia equivalente é

também apresentado o número de sismos que ocorre mundialmente para

algumas magnitudes.

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Figura 2.5 - Energia liberada por terremotos comparada com energia produzida em

explosões nucleares e outros fenômenos naturais (Lopes, A. e Assumpção, M. (2010),

www.afonsovasconcelos.com/aulas/agg5722/aula04_Magnitude.pptx)

A magnitude de ondas de superfície (MS), utilizada para terremotos com

foco a profundidades menores do que 60 km considera ondas Rayleigh com

período entre 18s a 22s e é estimada frequentemente pela correlação:

0,2log66,1log AM S 2.3

onde A é a amplitude do deslocamento do solo em micrômetros e ∆ uma

distância medida em graus, entre a distância epicentral e a profundidade focal,

em quilômetros (Figura 2.4). A formulação é válida para distâncias

compreendidas entre 20º e 100º e há várias adaptações da Equação 2.3

considerando efeitos geográficos locais, de modo que o valor medido seja

consistente com o da escala Richter.

A magnitude com ondas de corpo ( bm ) foi definida por Gutenberg &

Richter (1956) e utiliza a amplitude da onda P (Figura 2.6) em terremotos com

distância epicentral entre 20o e 100o. A onda P empregada no cálculo da

magnitude bm deve ter período entre 0.5 e 2.0 segundos.

hQT

Amb ,log10

2.4

onde A é a amplitude do movimento do terreno (em micrômetros), T o

correspondente período (em segundos) e hQ , um fator de correção, função

da distância em graus, determinada considerando a distância epicentral, e da

profundidade focal h, em quilômetros. Os valores de hQ , foram determinados

empiricamente e são tabelados.

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Figura 2.6 - Escalas de magnitude com ondas P ( bm ) e ondas de superfície (Ms).

(Lopes, A. e Assumpção, M. (2010), www.afonsovasconcelos.com/aulas/agg5722/

aula04_Magnitude.pptx).

As escalas anteriormente mencionadas (ML, bm , MS) foram elaboradas

para fornecerem valores aproximadamente iguais para o mesmo sismo, mas

muitas vezes isso não ocorre. Os terremotos geram ondas P e ondas superficiais

em proporções diferentes dependendo do tipo de falhamento, da profundidade

focal, das tensões liberadas pela ruptura, etc. Assim, um mesmo sismo pode ter

magnitudes bm e MS diferindo em até uma unidade. A precisão de cada escala é

da ordem de 0,3 unidades. Além disso, as escalas de magnitude bm e MS

sofrem um fenômeno conhecido como saturação da escala, que ocorre para

magnitudes perto de 6,0 MW para a escala mb e 8,0 MW para a escala MS.

A magnitude do momento (Mw) é uma nova escala, que pode diretamente

representar características do sismo, como o movimento da falha geológica e a

energia sísmica envolvida.

6log3

2010 MMW 2.5

onde M0 é o momento sísmico utilizado para estimativa da energia liberada

durante o terremoto, calculada por

DSM 0 2.6

onde μ é o módulo de cisalhamento dos materiais do falhamento geológico, D é

o deslocamento médio observado e S é a área de ruptura ao longo do

falhamento onde o terremoto ocorreu.

Essa escala tem vantagens sobre outras escalas porque não atinge a

saturação, significando, portanto que grandes terremotos podem ser mais

precisamente registrados, e a escala está mais diretamente ligada às

características físicas do hipocentro. Em consequência, Mw vem substituindo as

demais escalas para estimativas de terremotos de grande magnitude, como já

ocorre no United States Geological Survey (USGS) que monitora terremotos

globais com magnitudes superiores a 3.5.

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2.3.2. Intensidade

A intensidade de um sismo é um parâmetro de medida qualitativa que

classifica quão severo é o movimento do solo provocado por um sismo numa

determinada área, com base nos efeitos experimentados por pessoas e

observados em objetos, estruturas e na natureza. É, portanto, um parâmetro

subjetivo, pois depende da impressão do observador. A escala de intensidade

mais utilizada é a de Mercalli Modificada (MMI), subdividida em 12 graus de

intensidade:

I - Impercetível

Não sentido. Efeitos marginais e de longo período no caso de grandes

sismos.

II - Muito fraco

Sentido pelas pessoas em repouso nos andares elevados de edifícios ou

favoravelmente colocadas.

III - Fraco

Sentido dentro de casa. Os objetos pendentes balançam. A vibração é

semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados. É possível

estimar a duração mas não pode ser reconhecido como um sismo.

IV - Moderado

Os objetos suspensos balançam. A vibração é semelhante à provocada

pela passagem de veículos pesados ou à sensação de pancada duma bola

pesada nas paredes. Carros estacionados balançam. Janelas, portas e louças

tremem. Os vidros e louças chocam ou tilintam.

V - Forte

Sentido fora de casa; pode ser avaliada a direção do movimento; as

pessoas são acordadas; os líquidos oscilam e alguns extravasam; pequenos

objetos em equilíbrio instável deslocam-se ou são derrubados. As portas

oscilam, fecham ou abrem. Os quadros movem-se. Os pêndulos dos relógios

param ou iniciam ou alteram o seu estado de oscilação.

VI - Bastante forte

Sentido por todos. Muitos assustam-se e correm para a rua. As pessoas

sentem falta de segurança. Os pratos, as louças, os vidros das janelas, os

copos, partem-se. Objetos ornamentais, livros, etc., caem das prateleiras. Os

quadros caem das paredes. As mobílias movem-se ou tombam. Os estuques

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fracos e alvenarias do tipo D1 fissuram. Pequenos sinos tocam (igrejas e

escolas). As árvores e arbustos são visivelmente agitados.

VII - Muito forte

É difícil permanecer de pé. É notado pelos condutores de automóveis. Os

objetos pendurados tremem. As mobílias partem. Verificam-se danos nas

alvenarias tipo D1, incluindo fraturas. Queda de reboco, tijolos soltos, pedras,

telhas, parapeitos soltos e ornamentos arquitetônicos. Algumas fraturas nas

alvenarias C2. Ondas nos tanques. Água turva com lodo. Pequenos

desmoronamentos e abatimentos ao longo das margens de areia e de cascalho.

Os grandes sinos tocam. Os diques de concreto armado para irrigação são

danificados.

VIII - Ruinoso

Afeta a condução dos automóveis. Danos nas alvenarias C2 com colapso

parcial. Alguns danos na alvenaria B3 e nenhum na alvenaria A4. Quedas de

estuque e de algumas paredes de alvenaria. Torção e queda de chaminés,

monumentos, torres e reservatórios elevados. As estruturas movem-se sobre as

fundações, se não estão ligadas inferiormente. Mudanças nos fluxos das fontes

e dos poços. Fraturas no terreno úmido e nas vertentes escarpadas.

IX - Desastroso

Pânico geral. Alvenaria D1 destruída; alvenaria C2 grandemente danificada,

às vezes com completo colapso; as alvenarias B3 seriamente danificadas. Danos

gerais nas fundações. As estruturas, quando não ligadas, deslocam-se das

fundações. As estruturas são fortemente abaladas. Fraturas importantes no solo.

Nos terrenos de aluvião ocorrem erupções de areia e lama; formam-se

nascentes e crateras arenosas.

X - Destruidor

A maioria das alvenarias e das estruturas é destruída com as suas

fundações. Algumas estruturas de madeira bem construídas e pontes são

destruídas. Danos sérios em barragens, diques e aterros. Grandes

desmoronamentos de terrenos. As águas são arremessadas contra as muralhas

que marginam os canais, rios, lagos, etc.; lodos são dispostos horizontalmente

1 alvenaria tipo D - execução de baixa qualidade, construída com materiais fracos (adobes). 2 alvenaria tipo C - execução normal, sem reforço e nem projetada para resistir a forças horizontais. 3 alvenaria tipo B - boa qualidade de execução, reforçada mas não projetada para resistir a forças horizontais. 4 alvenaria tipo A - boa qualidade de execução, reforçada e projetada para resistir a forças horizontais.

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34

ao longo de praias e margens pouco inclinadas. Vias férreas levemente

deformadas.

XI - Catastrófico

Vias férreas grandemente deformadas. Canalizações subterrâneas

completamente avariadas.

XII - Danos quase totais

Grandes massas rochosas deslocadas. Conformação topográfica

distorcida. Objetos atirados ao ar.

2.4. Parâmetros do movimento do terreno

2.4.1. Amplitude do movimento

Os parâmetros associados ao movimento podem ser a aceleração, a

velocidade ou o deslocamento. Uma destas variáveis é medida e as outras são

calculadas por diferenciação ou integração.

A aceleração horizontal de pico (peak horizontal acceleration, PHA) é a

medida mais comum da amplitude do movimento, correspondente ao maior valor

absoluto de aceleração horizontal dentre os registrados no acelerograma.

Apesar de a PHA ser muito útil, não fornece informações sobre o conteúdo de

frequências e a duração do evento, sendo necessários dados adicionais para

caracterização do sismo.

A velocidade horizontal de pico (peak horizontal velocity, PHV) é menos

sensível às altas frequências, preferindo-se seu uso em vez da PHA, já que

estima com maior precisão o potencial de dano do movimento. O deslocamento

de pico é geralmente associado a movimentos de baixas frequências, sendo

mais difícil de determinar e, portanto, menos utilizado.

2.4.2. Conteúdo de frequências

O conteúdo de frequências descreve a forma como a amplitude do

movimento é distribuída entre diferentes frequências, e esta característica tem

forte influência nos efeitos do sismo.

O espectro de amplitudes de Fourier exibe como a amplitude do

movimento é distribuída em relação à frequência.

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35

O espectro de potência ou função densidade de espectro de potência,

G , é usado para estimar as propriedades estatísticas de um movimento e

calcular uma resposta estocástica usando-se técnicas de vibração aleatória. É

um parâmetro muito adequado para descrever o sismo como um processo

aleatório estacionário.

21n

d

cT

G

2.7

onde dT é a duração do sismo e nc é a amplitude do enésimo harmônico da

série de Fourier.

O espectro de resposta descreve a máxima resposta de um sistema com

um grau de liberdade (single degree of freedom, SDOF), para um movimento

particular, em função da frequência natural do sistema e a razão do

amortecimento do sistema SDOF. O período predominante é definido como o

período de vibração correspondente ao valor máximo do espectro da amplitude

de Fourier. O espectro de resposta pode ser plotado individualmente em escala

aritmética ou pode ser apresentado como um gráfico de quatro escalas

logarítmicas que abrangem a velocidade espectral no eixo vertical, a frequência

natural (ou período T) no eixo horizontal e a aceleração e o deslocamento nos

eixos inclinados a 45º.

O período predominante é definido como o período de vibração

correspondente ao valor máximo do espectro da amplitude de Fourier.

Embora o espectro de resposta seja uma representação aproximada,

fornece uma descrição muito útil do conteúdo de frequências.

2.4.3. Parâmetro de duração

Muitos processos físicos, como a degradação da rigidez e a perda da

resistência de certos tipos de estruturas, são sensíveis aos ciclos de

carregamento e descarregamento que acontecem durante o sismo. Um

movimento de curta duração pode não produzir uma resposta com elevado

potencial de dano. Por outro lado, um movimento com amplitude moderada, mas

com longa duração, pode produzir ciclos de carregamentos e descarregamentos

suficientes para causar um dano substancial. A duração do movimento está

diretamente relacionada com o tempo necessário para liberar a energia de

deformação acumulada ao longo da falha geológica.

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36

Este parâmetro foi investigado por meio da interpretação dos

acelerogramas de sismos de diferentes magnitudes. Existem diferentes

metodologias para enfrentar o problema da avaliação da duração de um

movimento através de um acelerograma. Para objetivos práticos da engenharia,

o método do intervalo de duração (bracketed duration) parece fornecer a

indicação mais razoável da influência da duração do sismo no potencial de dano.

O intervalo de duração é definido como o tempo entre o primeiro e o último valor

de ultrapassagem em relação a um valor de aceleração pré-determinado

(usualmente 0,05g).

Como a aceleração decresce com a distância, espera-se que as durações

baseadas nos níveis de aceleração absoluta, tais como o intervalo de duração,

diminuam com a distância. As durações baseadas nas acelerações relativas

crescem com a distância e são longas, mesmo quando as amplitudes das

acelerações são muito baixas.

2.5. Caraterísticas do registro sísmico

2.5.1. Deconvolução do registro sísmico

As características de um movimento sísmico são comumente obtidas

através do registro de aceleração (história de acelerações ou simplesmente

acelerograma) que é normalmente medido em estações sísmicas sobre

afloramento rochoso (outcrop rock) ou solo. Nas análises por modelos numéricos

(método dos elementos finitos, método das diferenças finitas) o carregamento

sísmico deve ser aplicado na base do modelo, e não na superfície do terreno

onde é normalmente medido (Figura 2.7).

Uma modificação do registro sísmico é portanto necessária par transportar

o sinal da superfície para a profundidade requerida, o que é feito através de um

processo de deconvolução, baseado na propagação de ondas verticais SV

através de um maciço de solo visco-elástico horizontalmente estratificado, com

auxílio de programas computacionais, o mais utilizado dos quais é o SHAKE

(Schnabel et al., 1972) ou sua versão mais recente SHAKE 2000 (Ordoñez,

2011).

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37

Figura 2.7 - Processo de deconvolução e amplificação (convolução) para registros de

terremotos.

Um processo de deconvolução, aparentemente simples, é frequentemente

sujeito a uma confusão considerável, sobretudo quando se aplica a excitação

sísmica na base de malhas de elementos finitos, que normalmente apresentam

esquemas de contornos silenciosos (amortecedores) para evitar a reflexão de

ondas que normalmente ocorreria se os contornos fossem admitidos rígidos

como nos problemas estáticos. Mejia e Dawson (2006) revisaram a teoria e o

desempenho do programa SHAKE (como ferramenta numérica para

deconvolução) e os cuidados necessários na especificação do registro sísmico

no programa FLAC 2D. A Figura 2.8 ilustra o caso de base flexível, no qual

ondas SV ascendentes e descentes são determinadas no programa SHAKE,

mas apenas as ondas ascendentes são prescritas no programa FLAC 2D já que

as ondas descendentes são absorvidas pelos amortecedores da condição de

contorno silenciosa.

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38

Figura 2.8 - Processo de deconvolução na condição de base flexível com os programas

computacionais SHAKE e FLAC 2D (Mejia e Dawson, 2006).

2.5.2. Correção da linha base e filtragem

O maior problema que acontece com acelerogramas registrados analógica

ou digitalmente é a distorção ou deslocamento em relação à linha zero da

aceleração, também conhecida como linha base. Ainda que este erro possa ser

inapreciável na aceleração, pode ser muito importante quando se obtêm a

velocidade e o deslocamento por integrações no tempo, já que se contabiliza a

área que existe entre a curva da aceleração e a linha base.

Uma forma de compensar este erro é realizar um ajuste da linha base a

qual pode ser feita por curvas polinomiais de baixa ordem ou senoidais. Para ter

uma ideia da importância deste erro, pode-se supor uma diferença constante do

acelerograma em relação à linha base de 0,001g, como ilustrado na Figura 2.9.

Na primeira integração no tempo, obtém-se um incremento linear da velocidade,

e na segunda integração, um incremento parabólico do valor do deslocamento.

Assim resulta que o erro cometido no deslocamento, após transcorridos 20

segundos, será de 196 cm.

Uma vez feita a correção da linha base, deve-se levar em conta o efeito

causado pelo ruído no registro sísmico, que pode ser causado tanto por

fenômenos naturais como pelo tratamento dos dados. Assim admite-se

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39

considerar que o acelerograma é a soma do registro sísmico )(ts e de um ruído

)(tr

)()()( trtsta 2.8

Figura 2.9 - Erros introduzidos nas velocidades e deslocamentos pela falta da correção

da linha base no acelerograma (Modificado de Hudson, 1979).

O ruído pode ser de alta ou baixa frequência. A primeira afeta

fundamentalmente os picos de aceleração, ao passo que o segundo o processo

de integração. Estes erros são eliminados através da filtragem.

Os filtros são sistemas lineares e invariáveis no tempo que modificam o

espectro de amplitudes do sinal de entrada, permitindo a passagem com mínima

distorção das componentes espectrais compreendidas nas bandas de passagem

e anulando completamente as componentes situadas fora delas. A Figura 2.10

apresenta os efeitos dos ruídos de alta e baixa frequência em um acelerograma.

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40

Figura 2.10 - Efeitos do ruído de alta frequência (esquerda) e de baixa frequência

(direita). (Modificado de Hudson, 1979).

2.6. Avaliação da ameaça sísmica

O nível de vibração do solo é descrito em termos de um único parâmetro

do movimento que, ao ser ultrapassado, define a ameaça sísmica. A análise de

ameaça sísmica envolve a quantificação de tal parâmetro, que pode ser feita de

forma determinística, quando se assume um cenário para um terremoto

particular, ou de forma probabilística, na qual incertezas na dimensão, na

localização e no tempo de ocorrência são explicitamente consideradas (Almeida,

2002). A avaliação da ameaça sísmica exige a identificação e a caracterização

da origem da atividade sísmica que possa produzir movimentos do terreno

significativos na região de interesse. A origem do sismo pode ser especificada

com base em evidências geológica, tectônicas, históricas e por instrumentação.

2.6.1. Análise determinística

A análise da ameaça sísmica pelo método determinístico desenvolve-se

considerando em cenário sísmico específico para a análise permitindo estimar o

movimento sísmico mais desfavorável para a área de estudo, embora, tem a

desvantagem de não forneces informações sobre a probabilidade de ocorrência

do sismo controlador e a probabilidade de que o sismo ocorra onde é assumido

que deve acontecer. Além disso, este método tampouco produz resultados sobre

o nível de vibração esperado durante certo intervalo de tempo ou sobre os

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efeitos das incertezas introduzidas nos vários passos necessários para calcular

as características do movimento do terreno.

A análise determinística da ameaça sísmica é efetuada mediante as

seguintes etapas:

Localizar as potenciais zonas sismogênicas que se relacionam

geograficamente com o local, com base nos estudos dos sismos

históricos e da informação sismotectónica disponível;

Com base na magnitude selecionada e na distância epicentral, avaliar os

parâmetros máximos do movimento do solo, usando, na maioria dos

casos, a aceleração horizontal do solo como parâmetro de projeto;

Efetuar os ajustes convenientes aos parâmetros atrás mencionados de

forma a entrar em conta com os efeitos locais (Wang e Law, 1994).

2.6.2. Análise probabilística

A abordagem probabilista para a análise da ameaça sísmica consiste em

determinar a probabilidade de excedência de um dado valor de um parâmetro

relacionado com os movimentos sísmicos, num dado período de tempo e no

local em estudo. Para se realizar uma análise probabilista é necessários efetuar

os seguintes passos:

Definir as potenciais zonas sismogênicas;

Determinar os parâmetros de sismicidade;

Selecionar modelos de análise de sismicidade;

Definir as regras de atenuação dos movimentos sísmicos;

Calcular as probabilidades de excedência no local em estudo (Wang e

Law, 1994).

Dos modelos probabilistas existentes, o modelo desenvolvido, inicialmente,

por Cornell (1968) e modificado por Der Kiureghian e Ang (1977) e por Bender

(1984), é dos mais utilizados em todo o mundo. O modelo de Cornell é baseado

no teorema da probabilidade total, em que a probabilidade de excedência de um

efeito Y no local em estudo é a soma das contribuições de todas as n zonas

sismogênicas em consideração:

j

n

jj EPEyYPyYP

1

| 2.9

Com

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42

321213121,321 )...,|()|()(...,,|...

|

dxdxdxxxxfxxfxfxxxyYP

EyYP

jjjj

j

2.10

em que: y é o valor de referência para o efeito Y ; jE é o evento sísmico

ocorrido na zona sismogênica j; xi i 1, 2, 3,…são fatores a levar em conta

como, por exemplo, a magnitude, a distância hipocentral e o comprimento da

falha; )(xf é a função de densidade de probabilidade e jEP é a probabilidade

de ocorrência do evento sísmico jE .

Por simplicidade, é assumido que o evento sísmico tem origem num ponto,

mas a zona sismogênica pode ser um ponto, uma linha, uma área ou um volume

(cujas falhas podem ter orientações definidas ou indefinidas). Desta forma,

desprezando algumas incertezas e escolhendo para as variáveis aleatórias xi a

magnitude (M) e a distância hipocentral (R), temos que:

dMdRMRfMfRMyYPEyYP jjjj )|()(,|| 2.11

Seja j a taxa média anual de ocorrência de sismos de magnitude M M0

na zona sismogênica j, então a taxa anual total será:

n

jj

1

2.12

Ocorrendo um sismo com M M0, a probabilidade de este ocorrer na zona

j corresponderá a:

jEjP 2.13

logo:

j

n

jj EyYPyYP |

1

1

2.14

Assumindo que a ocorrência de eventos sísmicos em todas as zonas

sismogênicas obedece a um processo homogéneo de Poisson de , a

probabilidade anual de yY será dada pela seguinte expressão:

j

n

jj EyYP

ano eyYP|

111

2.15

Para a probabilidade de excedência em T anos, teremos:

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43

T

anoT yYPyYP 111 2.16

O período de retorno será:

yYPT

ano

r

1

1 2.17

Considerando uma lei de atenuação do tipo:

RyRyMyyy 3210 lnln 2.18

em que existe independência de M e R, então:

1

0

)(|| ,

r

r

jrjjj drrfEyYPEyYP 2.19

em que Ej,r é um evento sísmico ocorrido na zona j, à distância hipocentral r do

local em estudo.

)(

),(

0

0

1

11),(1),(|

MM

Mrym

ue

erymFrymMPrRyYP

2.20

sendo a probabilidade unitária quando 0),( Mrym e nula quando

uMrym ),( e

drrfrRyYPjEyYP j

r

r

j )(||1

0

2.21

Este modelo (“Point-source model”) pressupõe que a energia libertada

durante um sismo, irradia toda de um ponto, correspondendo ao foco. Esta

hipótese pode ser válida para sismos de pequenas magnitudes, no entanto, não

é isso que ocorre para sismos de grandes magnitudes, em que a energia é

libertada ao longo de uma zona de ruptura que poderá ter varias centenas de

quilómetros.

2.7. Ondas sísmicas

As ondas sísmicas são produzidas pela repentina liberação de energia em

terremotos ou erupções vulcânicas, gerando um movimento ondulatório do solo

que pode levar a importantes perdas econômicas e de vidas humanas devido ao

colapso de estruturas. Ondas de tensão também podem ser criadas pela

vibração de máquinas, passagem de trens, explosões, impactos de projéteis, etc.

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44

2.7.1. Ondas de corpo

Considerando um elemento de volume infinitesimal de solo, representado

como um meio contínuo, homogêneo, isotrópico e linearmente elástico, a

equação diferencial do movimento obtida pela aplicação da segunda lei de

Newton resulta em:

__

2

__2

σ ft

u

2.22

onde __

u é o vetor de deslocamentos,

o tensor de tensões, a massa

específica do material e __

f um vetor de forças por unidade de volume.

O tensor de tensões pode ser expresso como

GITraço 2 2.23

onde

é o tensor de deformações,

I o tensor identidade, é a constante de

Lamé e G é o módulo cisalhante do material.

Por sua vez, o tensor de deformações é obtido a partir dos deslocamentos

como:

_

u

2.24

Substituindo as Equações 2.23 e 2.24 na Equação 2.22, e assumindo que

0f__

obtém-se então a equação do movimento em termos de deslocamentos,

__

2

_2

2 uGuGt

u 2.25

Para resolvê-la, pode-se utilizar a decomposição de Stokes-Helmholtz,

pela qual supõe-se que o campo de deslocamentos é uma combinação linear do

gradiente de um campo escalar e do rotacional de um campo vetorial _

,

__

u 2.26

obtendo-se:

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45

2

2

2

PVt

2.27

_2

2

_2

SVt

2.28

A Equação 2.27 representa uma onda que se propaga com velocidade VP

que causa variações de volume (onda P) enquanto a Equação 2.28 representa

uma onda que se propaga com velocidade VS que produz variações de forma

(onda S).

A onda P, também conhecida como onda primária, longitudinal ou onda de

compressão, se propaga através de sucessivas compressões e extensões do

meio (sólido, líquido ou gasoso) fazendo oscilar as partículas na direção da

propagação da onda (Figura 2.11a). A velocidade de propagação num meio

elástico é determinada pela seguinte equação:

vv

vEGVP 211

12

2.29

onde Eé o módulo de Young e v é o coeficiente de Poisson.

A onda S, também conhecida como onda secundária ou onda cisalhante,

faz oscilar as partículas na direção perpendicular à sua propagação (Figura

2.11b). Dependendo da direção de vibração da partícula são ainda denominadas

SV (movimento da partícula no plano de propagação) ou SH (movimento da

partícula normal ao plano de propagação da onda). A velocidade de propagação

num meio elástico é obtida pela seguinte equação.

v

EGVS

12

2.30

Cabe aqui mencionar que as ondas P se propagam com uma velocidade

maior que as ondas S. de acordo com a Equação 2.31, onde se ressalta também

que não é possível ter valores do coeficiente de Poisson iguais ou superior a 0,5.

21

12

S

P

V

V 2.31

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46

2.7.2. Ondas de superfície

As ondas superficiais (ondas R e ondas L) resultam da interação

envolvendo as ondas de corpo, causadas pela reflexão e refração na superfície

da crosta e nas interfaces entre camadas de diferentes densidades. Essas

interações ocorrem com maior intensidade em sismos pouco profundos. Os

movimentos produzidos por ondas superficiais estão em geral restritos a

profundidades inferiores a 30 km.

As ondas R (Rayleigh) são produzidas pela interação das ondas P e SV na

superfície terrestre, gerando movimentos elípticos das partículas de solo (Figura

2.11c). As ondas R tem velocidade de propagação RV ligeiramente inferior às

ondas SV, podendo ser estimadas pela Equação 2.32. Na ocorrência de

terremotos, as ondas R são as mais destrutivas, propagando-se junto à

superfície (onde se encontram as obras de engenharia), com baixa atenuação ou

perda de energia com a distância de propagação.

SR Vv

vV

1

14,1862,0 2.32

As ondas L (Love) ocorrem em formações estratificadas, provocando

movimentos similares aos da onda SH, com vibração das partículas superficiais

de solo na direção normal à direção de propagação da onda, conforme Figura

2.11d.

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47

Figura 2.11 - Movimentos de partícula produzidos por diferentes tipos de ondas. (Teixeira

et al., 2003).

2.8. Amortecimento

O amortecimento é uma caraterística dos materiais submetidos a

carregamento dinâmico, originado pela perda da energia devido ao atrito interno

no material ou por deformação irreversível (plasticidade ou viscosidade). A

consideração de amortecimento interno do solo é muito importante nos

problemas de interação solo-estrutura sob carregamento sísmico, porque a

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48

coincidência das frequências fundamentais caraterísticas do fenômeno sísmico

(1 – 10 Hz) e as frequências próprias do solo podem produzir grandes

amplificações nas repostas. Um cálculo aproximado da frequência natural de

vibração de uma camada de solo homogêneo, elástico, isotrópico, de espessura

H assente sobre um substrato rochoso, pode ser obtida por (Kramer, 1996):

,...,2,1,04

12nHzV

H

nf Sn 2.33

onde SV é a velocidade da onda S (m/s) e H é a altura do estrato (m).

2.8.1. Amortecimento de Rayleigh

O amortecimento de Rayleigh é o tipo de amortecimento mais conhecido,

utilizado nas análises dinâmicas de estruturas e corpos elásticos para amortecer

os modos de vibração natural de um sistema. Embora apresente o grande

inconveniente de reduzir drasticamente os passos temporais no processo de

integração numérica devido a critérios de estabilidade da solução, podendo levar

a tempos de simulação computacional excessivos.

Define-se uma matriz de amortecimento ( C ) linearmente proporcional às

matrizes de massa ( M ) e de rigidez ( K ), garantindo a ortogonalidade dos

modos próprios de vibração do sistema, sem a introdução de nenhum modo

adicional (Kramer, 1996).

KMC 2.34

onde os coeficientes e são constantes de amortecimento, que podem ser

obtidas definindo a fração de amortecimento crítico (i), para duas frequências

predeterminadas (i) que definem uma faixa de frequências.

2,122

ii

ii

2.35

A escolha de i assim como a faixa das frequências é algo arbitrário,

sugerindo-se que esta faixa inclua as frequências de excitação e as frequências

fundamentais do sistema. A Figura 2.12 mostra que para frequências de valores

baixos, α é a constante predominante, consequentemente a massa é o fator

determinante, enquanto que para valores altos de frequência, prevalecem o

coeficiente e a rigidez do sistema.

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49

0 5 10 15 20 25 30

i

0

1

2

3

4

5

6

i/

min

=0

=0

amortecimento total

Figura 2.12 - Variação da razão de amortecimento crítico normalizado com a frequência

angular (Itasca, 2011).

A equação do movimento sob forma discreta, pode ser apresentada como:

tPtuKtuCtuM 2.36

onde M , C , K são as matrizes de massa, de amortecimento e rigidez

respectivamente,

tu ,

tu ,

tu os vetores de aceleração, velocidade e

deslocamento, respectivamente, e

tP o vetor das forças, pode ser escrita

no domínio do tempo (usando a definição da Equação 2,34) como:

tPtutuKtutuM 2.37

e no domínio da frequência, considerando uma transformada de Fourier , onde

a parcela imaginária representa o amortecimento,

tPtuiKiM 12 2.38

Observa-se da Equação 2.38 que o amortecimento de Rayleigh é

dependente da frequência da excitação.

2.8.2. Amortecimento histerético

Em solos constata-se por meio de ensaios de laboratório que o

amortecimento é independente da frequência, mas é função do nível de

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50

deformação cisalhante da amostra causado pelo carregamento dinâmico. A

forma mais simples de introduzir este amortecimento, denominado histerético, na

equação do movimento é considerar uma matriz de rigidez complexa ( K )

onde a parte imaginária da solução, assim obtida, representa o efeito do

amortecimento no problema analisado (Kramer,1996; Wolf, 1985). Desta forma,

tem-se que:

tPtuKtuM 2.39

com

iKK 21 2.40

Na Equação 2.40 tanto a razão de amortecimento quanto a matriz

rigidez K (que depende do modulo de cisalhamento máximo Gmax), são

redefinidos em função da deformação cisalhante efetiva, considerando curvas de

degradação do módulo de cisalhamento e do aumento da razão de

amortecimento determinadas experimentalmente para diversos tipos de solo.

Este procedimento que utiliza soluções lineares com valores sucessivamente

redefinidos de e Gmax é conhecido como modelo linear equivalente, que será

mais detalhadamente apresentado no capítulo 4.

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3 Comportamento estático e dinâmico de barragens de terra

3.1. Construção da barragem de terra

3.1.1. Distribuição dos recalques

A previsão dos campos de tensão e de deformação desenvolvidos durante

a fase de construção de uma barragem de terra, tanto no seu próprio corpo,

quanto no material de fundação, é um fator importante nesta etapa do projeto.

Análises dinâmicas posteriores, de natureza não linear, necessitam da

determinação prévia do estado de tensão como condição inicial do problema.

À medida que se constrói a barragem, recalques do solo vão acontecendo.

O mecanismo básico para o cálculo de recalques ou deslocamentos verticais de

uma barragem pode ser mais bem compreendido considerando um aterro de

grande extensão (Law, 1975), como ilustrado na Figura 3.1, onde são assumidas

as seguintes hipóteses: os deslocamentos são unidimensionais, não existem

efeitos dependentes do tempo no comportamento do recalque (recalque de

compressão secundária) e o meio é considerado homogêneo, isotrópico e com

comportamento tensão deformação linear elástico.

Nível de Referência

Fundação Rígida

Topo do Aterro

dz

z

h

H

H-hContrução de nova

camada

Figura 3.1 - Construção de aterro de grande extensão por camadas sucessivas-Law,

1975.

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52

O incremento da tensão vertical zz em qualquer ponto situado na

altura hz devido à construção de uma camada de espessura hH é

considerado constante e é determinado por:

hHzz 3.1

e o deslocamento vertical (devido a nova camada) do mesmo ponto pode ser

calculado integrando-se o incremento de deformação vertical neste ponto ao

longo da camada pré-existente usando a lei de Hooke, ou seja:

hhHEE

dzdz

hzz

h

zz )(00

3.2

Da equação acima, nota-se que o recalque é uma função da espessura

da nova camada )( hH e do aterro pré-existente h , com uma variação

parabólica de acordo com a Figura 3.2, com um valor mínimo no topo do aterro

(z = H) e um valor máximo na sua altura média (z = H/2).

Figura 3.2 - Perfil de recalque em um aterro, com valor máximo na altura média H/2

(Law, 1975).

Este padrão é bastante condizente com a distribuição de recalques

observados na construção de barragens de terra/enrocamento e muito diferente

daquela que seria obtida considerando-se apenas uma etapa de construção, na

qual o recalque máximo estaria localizado na crista da barragem. Uma análise

qualitativa similar poderia também ser demostrada para casos em que o módulo

de elasticidade é considerado dependente do estado de tensão atuante no

ponto.

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53

3.1.2. Influência da anisotropia nos recalques

Devido ao processo de compactação das camadas de solo é esperado que

venha a se obter uma estratificação horizontal, com módulos de elasticidade

diferentes nas direções vertical e horizontal.

Law (1975) realizou uma análise paramétrica em barragem hipotética de

tamanho médio, concluindo que o efeito mais significativo no comportamento do

aterro é devido ao módulo de elasticidade na direção horizontal hE . Se este for

menor do que o valor considerado na condição isotrópica )( vh EEE os

resultados calculados mediante a hipótese de isotropia )( hEE subestimam os

recalques reais máximos em até aproximadamente 10%, à medida que hE e

h desviam-se dos valores isotrópicos.

3.1.3. Transferência de cargas

A transferência de carga ocorre como resultado de um deslocamento

relativo ou uma diferença de compressibilidade dos materiais que formam a

barragem. Na literatura são citados dois tipos de transferência de cargas em

barragens, descritas a seguir.

Transferência de cargas do aterro para as ombreiras

Neste caso, a transferência de cargas é devida a recalques diferenciais no

aterro ao longo do vale como também às diferenças de deformabilidade entre os

materiais do aterro e enrocamento das ombreiras. Para considerar a influência

destes recalques diferenciais é muitas vezes necessária uma análise

tridimensional considerando a forma do vale, sua extensão, propriedades

mecânicas e hidráulicas dos materiais da fundação, do aterro e das ombreiras.

Transferência de cargas entre o núcleo e os espaldares

Desenvolve-se principalmente devido à diferença nas características de

deformabilidade dos materiais que os compõem. Em consequência, uma região

tende a se deslocar mais do que a outra sob ação do peso próprio, com

mobilização de tensões cisalhantes ao longo das interfaces e transferência de

carga entre estas regiões da barragem.

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Law (1975) realizou uma análise paramétrica pelo método dos elementos

finitos com o objetivo de estudar a transferência de cargas durante a etapa de

construção de uma barragem de tamanho médio sob diferentes condições de

rigidez relativa entre os materiais do núcleo e espaldares. Concluiu que os

recalques, deformações e tensões na barragem são funções da rigidez do

núcleo, da rigidez do espaldar e principalmente da razão entre estas (rigidez

relativa): quanto mais rígido o espaldar, em comparação com a rigidez do

núcleo, maior é a transferência de cargas do núcleo para os espaldares. Ainda

que um incremento da rigidez dos espaldares possa reduzir o recalque no núcleo

devido à transferência de cargas, uma diferença de rigidez muito grande pode

também afetar a segurança da estrutura devido às baixas tensões resultantes

desta transferência, facilitando o desenvolvimento de fissuras no núcleo.

A ocorrência de ruptura hidráulica pode também ocorrer como

consequência direta da transferência de cargas do núcleo central aos materiais

dos espaldares de uma barragem zonada. Esta transferência é mais crítica na

fase de construção, onde a tensão principal mínima pode atingir valor muito

baixo. O fenômeno de ruptura hidráulica acontece quando a poropressão

desenvolvida no núcleo central devido à construção do aterro atinge o valor da

tensão principal mínima, ocasionando fissuras no seu interior.

3.1.4. Trajetória de tensões na construção

As trajetórias de tensão total nos espaldares da maior parte dos diferentes

tipos de barragens partem da origem do diagrama qpp , (Figura 3.3a). No

caso de barragem zonada com núcleo de argila, no entanto, a trajetória de

tensões efetivas é mais complexa (Figura 3.3b). Imediatamente após a

compactação ocorre uma sucção 0p igual à tensão efetiva inicial, sendo a

tensão total nesta etapa desprezível. O material não está completamente

saturado, de modo que a construção do aterro acima do ponto considerado

incrementará a tensão efetiva e reduzirá a sucção. No ponto X a poropressão

torna-se positiva e o ar presente nos vazios diminuirá progressivamente até a

saturação completa do material. Para que, em argilas moles, isto ocorra bastam

poucos metros de aterro construído. Nesta etapa (o parâmetro de Skempton

B1), os valores dos incrementos de poropressão podem aproximar-se dos

valores dos incrementos de tensão total e a tensão efetiva média p não mudará

muito. De fato, esta pode ainda reduzir-se até aproximar-se do estado crítico

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(ponto C) devido ao cisalhamento do solo em condições não drenadas. O

problema pode ser simplificado, assumindo-se que a argila se encontra saturada

desde o início e considerando-se um valor da sucção inicial po* como mostrado

na Figura 3.3b. Neste caso a trajetória de tensões efetivas é aquela indicada na

Figura 3.3b pela linha tracejada.

Figura 3.3 - Trajetórias de tensão durante a fase de construção (Naylor, 1992).

3.2. Primeiro enchimento do reservatório

As considerações sobre o comportamento de barragens de terra e de

enrocamento durante a fase do primeiro enchimento são bastante diferentes

daquelas apresentadas durante a etapa da construção, principalmente em

relação à compressibilidade. Nesta segunda etapa de vida da barragem, os

carregamentos devido à elevação do nível de água no reservatório são aplicados

em um intervalo de tempo relativamente curto, dando origem à ocorrência de

movimentos complexos, observados em numerosas barragens.

Nobari e Duncan (1972), em uma detalhada revisão de casos históricos de

movimentos em barragens causados pelo enchimento do reservatório, indicaram

que a complexidade desses movimentos resulta de três diferentes causas: (1) a

compressão devido ao umedecimento da fundação gera recalque não uniforme

pois o montante da fundação é umedecido primeiro; (2) a compressão devido ao

umedecimento do material de barragens homogêneas ou do espaldar de

montante de barragens zonadas com núcleo central de argila produz recalques

nesta região da barragem com movimentos na direção de montante e possíveis

fissuras longitudinais; (3) o próprio carregamento ocasionado devido à pressão

d’água ocasiona movimentos na direção de jusante.

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A submersão dos materiais dos espaldares pode conduzir, às vezes, a

acentuadas deformações. Geralmente nestes materiais ocorrem recalques

importantes, verificando-se uma rotação do corpo da barragem para montante na

fase inicial do enchimento e, posteriormente, quando a pressão hidrostática

atinge valores consideráveis, inverte-se o sentido daquela rotação para jusante.

Nobari e Duncan (1972), também indicaram que quatro efeitos separados

ocorrem devido ao primeiro enchimento de uma barragem zonada (Figura 3.4),

sendo as deformações compressivas as predominantes na combinação destes.

3.2.1. Pressão Hidráulica no Núcleo

Durante a fase de enchimento do reservatório, considera-se que a

permeabilidade do núcleo é muito pequena em relação à permeabilidade do

material do espaldar de montante, de tal modo que pode-se assumir a ocorrência

instantânea de uma pressão hidrostática na face de montante do núcleo, como

ilustrado na Figura 3.4a. Esta pressão hidrostática produzirá deslocamentos

direcionados para jusante, chegando a ser apreciáveis na fase final do

enchimento, com a inversão da rotação inicial da barragem de montante para

jusante.

d) colapso devido a saturaçao

colapso

b) Pressão hidráulica na fundação e subpressão no núcleo central

a) Pressão hidráulica no núcleo

c) sub-pressão a montante

Figura 3.4 - Efeitos do primeiro enchimento do reservatório em uma barragem zonada

(de Nobari e Duncan, 1972)

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3.2.2. Pressão Hidráulica na Fundação e Subpressão no Núcleo Central

A aplicação de pressões hidrostáticas na fundação à montante do núcleo

central origina recalques e rotação da barragem para montante, enquanto que a

ocorrência de subpressão na base do núcleo central causa movimentos

ascendentes e rotação da barragem para jusante. Na Figura 3.4b se ilustra a

ocorrência destes efeitos.

As fundações de barragens de terra ou enrocamento são geralmente

constituídas por rochas ou solo, suficientemente rígidos e estão parcialmente

saturados, de modo que as deformações que podem ocorrer devido à ação

destes dois efeitos é de pouco interesse prático.

3.2.3. Subpressão à Montante

Estas pressões se originam devido à submersão do espaldar de montante

de barragens zonadas (enrocamento ou solos granulares) e tendem a causar

deslocamentos verticais ascendentes, bem como rotações na barragem na

direção de jusante, devido ao conhecido fenômeno do empuxo de Arquimedes

(empuxo hidrostático). A Figura 3.4c é ilustrativa desta situação.

3.2.4. Colapso Devido à Saturação

Este fenômeno geralmente ocorre em solos siltosos, porém também pode

acontecer no caso de pedregulhos e enrocamentos devido à redução da

resistência dos materiais causada pelo umedecimento das superfícies de

contato. Em uma barragem de terra ou enrocamento, o colapso ocorre devido à

saturação dos materiais do espaldar de montante na etapa do primeiro

enchimento, provocando recalques bem como rotações na barragem na direção

de montante (Figura 3.4d).

O fenômeno de colapso devido à saturação foi constatado em diversas

barragens de terra e enrocamento. Vários autores (Nobari e Duncan, 1972;

Veiga Pinto, 1983, entre outros) verificaram a ocorrência de importantes

recalques devidos ao colapso em ensaios triaxiais e edométricos considerando

materiais inicialmente secos (pedregulho e enrocamento) e em seguida

saturados a determinados níveis de tensão. Logo, faz-se necessário que os

procedimentos de cálculo numérico ou analíticos incluam também em

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determinados casos a previsão de recalque por colapso devido à saturação.

Nobari e Duncan (1972) e Naylor et al. (1989) apresentaram modelos

simplificados para simular aproximadamente este fenômeno.

3.2.5. Trajetórias de tensão durante o primeiro enchimento

Durante o primeiro enchimento do reservatório, as trajetórias de tensões

observadas dependem da posição do ponto na barragem e do tipo de barragem.

Em barragens com núcleo central de argila as mudanças de tensão,

especialmente as devidas aos efeitos do empuxo de Arquimedes no espaldar

submerso de montante, leva a uma redução da tensão efetiva média )( p e a

uma mudança brusca na direção das trajetórias de tensões efetivas durante o

enchimento do reservatório. No espaldar de jusante, no entanto, esta mudança é

desprezível. Esta situação pode ser ainda mais complexa se também for

considerada a possibilidade de recalque por colapso. Em resumo, pode-se

esperar uma mudança brusca na direção das trajetórias de tensões efetivas a

partir das etapas iniciais do enchimento do reservatório, sendo a redução da

tensão efetiva média )( p o fator dominante. Não é possível estabelecer uma

forma geral para previsão das trajetórias de tensão, que dependerão do tipo do

material do núcleo, da posição dos pontos avaliados, de efeitos vinculados ao

tempo, etc.

As Figuras. 3.5 e 3.6 ilustram as diferentes trajetórias de tensões totais

durante o primeiro enchimento seguidas pelos materiais do enrocamento e do

núcleo central da barragem de Beliche (Veiga Pinto, 1983). Destas figuras pode-

se observar o alívio das tensões médias )( p do material submerso e o

acréscimo nos seus valores nos pontos situados na região não submersa

localizada além do enrocamento de montante. Tem-se, em geral, uma

diminuição na tensão desviadora )(q .

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200

100

100 200 300 400 500

Envoltória de ruptura de Mohr-Coulomb

300

2

1 3 (kPa)+

2

13

(kP

a)-

Figura 3.5 - Trajetórias de tensão típicas no material de enrocamento ao longo da

construção e primeiro enchimento (Veiga Pinto, 1983)

100

100 400 700 800200 300 500 600

200

300

400

2

1 3 (kPa)+

Envoltória de ruptura de Mohr-Coulomb

2

13

(kP

a)-

500

Figura 3.6 - Trajetórias de tensão típicas no material do núcleo central ao longo da

construção e o primeiro enchimento (Veiga Pinto, 1983)

3.3. Comportamento sísmico

Uma barragem localizada nos países Andinos, durante sua vida útil, é

susceptível a sofrer ações de um sismo. Por esta razão, é útil saber, nas fases

preliminares do projeto, as características da resposta sísmica da barragem.

Uma das principais considerações que deve ser observada na análise do

comportamento de barragens, é que uma eventual ruptura da estrutura pode

ocasionar efeitos muito significativos em termos de perdas de vidas humanas e

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danos nas propriedades à jusante. Deste modo, deve-se considerar eventos

sísmicos com magnitudes pouco frequentes no projeto de grandes barragens,

admitindo-se, por exemplo, um período de retorno de 1000 anos, o mesmo

utilizado nos casos de outras estruturas de grande importância.

3.3.1. Análise de estabilidade

Há quatro métodos geralmente citados na literatura para análise do

comportamento de taludes de solo, englobando aspectos de estabilidade e de

deslocamentos permanentes (servicibilidade) sob ação de carregamentos

sísmicos.

O primeiro deles se refere às análises pseudo-estáticas nas quais os

efeitos do terremoto são representados por pseudo-acelerações horizontal e

vertical constantes que produzem forças inerciais aplicadas no centro de

gravidade da massa deslizante. A primeira aplicação deste procedimento foi

atribuída a Terzaghi (1950). É um método simples, atualmente incorporado em

muitos programas computacionais para análise da estabilidade sísmica de

taludes, considerando superfícies potenciais de ruptura planas, circulares e

curvas, mas com precisão dos resultados dependente da precisão dos

coeficientes sísmicos, empregados para definição das componentes da força de

inércia, na representação das condições reais do problema.

É evidente que a utilização de um método onde as forças de inércia são

admitidas constantes constitui-se, à primeira vista, numa abordagem simplificada

para a complexa tarefa da análise dos efeitos dinâmicos transientes causados

por excitações sísmicas em taludes de solo. As forças de inércia não atuam

permanentemente em uma direção, flutuando, pelo contrário, rapidamente tanto

em magnitude quanto em direção. Assim, mesmo que o fator de segurança

resulte momentaneamente menor do que um, o talude não necessariamente

experimentará um colapso súbito, mas pode sofrer algum deslocamento de

caráter permanente. Além disso, por tratar-se de um método de equilíbrio limite,

onde o solo é idealizado como material rígido-perfeitamente plástico, nenhuma

informação a respeito dos campos de deformação e de deslocamento pode ser

obtida.

Se o solo fosse realmente rígido, as forças inerciais induzidas pelo

terremoto seriam iguais ao produto das acelerações pela massa de material

instável. No entanto, reconhecendo o fato de que solos não são materiais

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rígidos, e de que a aceleração máxima esperada é momentânea e atua apenas

em um único sentido, os coeficientes sísmicos utilizados na prática devem

corresponder a valores inferiores. Vários pesquisadores sugeriram valores de

projeto (Seed, 1979; Hynes-Griffin e Franklin, 1984; Marcuson, 1981), mas não

há uma regra fixa, única e simples para a seleção adequada destes coeficientes,

a não ser o conhecimento de que devem estar baseados no nível antecipado de

acelerações e corresponder a uma fração da aceleração horizontal máxima

(PHA) esperada no sismo de projeto.

Outra limitação do método é a consideração clássica da instabilidade de

taludes com um único modo potencial de ruptura da barragem. Na realidade, tem

sido observado outros tipos de comportamento em barragens de terra (Seed et

al., 1969; Seed et al., 1975; Makdisi e Seed, 1978; Seed, 1979), incluindo: (a)

ruptura por fluxo devido à liquefação dinâmica em zonas de materiais não

coesivos; (b) fissuras longitudinais perto da crista devidos a grandes

deformações por cisalhamento e tração durante oscilações laterais; c) recalques

diferenciais da crista e perdas de borda livre devido e deslizamentos laterais ou

densificação dos solos; (d) fissuras transversais causadas por deformação de

tração devida a oscilações longitudinais ou por respostas laterais diferentes nas

proximidades das ombreiras e da zona da crista central; (e) rupturas por “piping”

através de fissuras em zonas de solos coesivos.

As limitações do método pseudo-estático são conhecidas (este conceito

para análise dos efeitos de terremotos em taludes é muito impreciso, para dizer

o mínimo – Terzaghi, 1950) e uma detalhada análise de deslizamentos históricos

(Seed et al., 1969, 1975) mostram casos de ruptura de taludes mesmo quando o

fator de segurança pseudo-estático calculado foi superior a 1. Exemplo é o

colapso da barragem Lower San Fernando, sul da Califórnia, responsável na

época por 80% do abastecimento d´água da cidade de Los Angeles, onde a

crista da barragem foi rebaixada em 30 pés com deslizamento de talude na face

de montante (Figura 3.7). Para esta obra, o fator de segurança pseudo-estático

calculado no projeto foi igual a 1,3 considerando-se um coeficiente sísmico de

0,15.

Devido a estas dificuldades, têm sido empregados procedimentos

alternativos para análise da estabilidade de taludes que levem em conta a

ocorrência de deslocamentos permanentes do talude, como o clássico método

de Newmark (1965), representativo do segundo tipo de métodos referenciados

na literatura.

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Figura 3.7 - Seção transversal da barragem de Lower San Fernando antes e após o

sismo de 1971 (http://quake.wr.usgs.gov/prepare/factsheets/LADamStory/Xsection.gif)

Desde que a servicibilidade de um talude é controlada pelos

deslocamentos permanentes causados pelo carregamento sísmico,

procedimentos que permitam calculá-los fornecem em geral informações mais

úteis do que apenas um fator de segurança. O método clássico de Newmark

(1965) envolve a determinação de uma aceleração de escoamento, definida com

base na força inercial necessária para que o fator de segurança pseudo-estático

atinja o valor FS = 1. Em seguida, o procedimento utiliza o registro da história

das acelerações do terremoto de projeto, integrando-o numericamente no tempo

por duas vezes sempre que a amplitude da aceleração ultrapassar o valor da

aceleração de escoamento previamente estabelecida. Como resultado destas

integrações, obtém-se os deslocamentos permanentes acumulados, já que para

fatores de segurança pseudo-estáticos inferiores a 1 (correspondentes a

acelerações superiores à de escoamento) a massa de solo não está mais em

equilíbrio, sofrendo aceleração devido às forças não balanceadas. Percebe-se

assim que os deslocamentos permanentes são afetados pela duração do sismo

bem como pela amplitude das acelerações.

A terceira classe geral de métodos é baseada no trabalho de Makdisi e

Seed (1978) que apresenta um procedimento simplificado para previsão dos

deslocamentos permanentes com base em algumas hipóteses simplificadoras e

análises dos resultados obtidos com o método dos elementos finitos e o modelo

de vigas de cisalhamento.

A resposta dinâmica do talude da barragem é obtida por meio de gráfico

construído em função da profundidade da superfície de ruptura, normalizada em

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relação à altura do talude, e da aceleração horizontal máxima nesta superfície

normalizada em relação à aceleração horizontal máxima na crista da barragem.

Investigando o comportamento de vários taludes de barragens e aterros,

reais e hipotéticos, considerando-se diferentes registros de acelerações reais e

sintéticos, Makdisi e Seed (1978) determinaram a variação dos deslocamentos

horizontais permanentes em taludes de solo como função da magnitude do

terremoto (M = 6,5; 7,5 e 8,25) e da razão entre a aceleração de escoamento e

aceleração horizontal máxima na superfície de deslizamento.

O quarto método para investigação do comportamento sísmico de taludes

envolve a análise tensão x deformação do problema dinâmico, normalmente

executada com auxílio do método dos elementos finitos ou outro método

numérico como o das diferenças finitas, implementado no programa

computacional FLAC 2D, utilizado nesta pesquisa. Os resultados podem

descrever a história de tensões, efeitos de amortecimento, frequências naturais e

a variação temporal do campo de deslocamentos na barragem, entre outros

aspectos, mas a precisão dos mesmos dependerá fundamentalmente de uma

representação satisfatória do comportamento tensão x deformação sob

carregamento cíclico dos solos que formam a barragem e sua fundação.

3.3.2. Fatores que influenciam a resposta sísmica

Durante um terremoto, barragens de terra exibem uma variedade de

comportamentos complexos, inelásticos e não lineares. As condições ambientais

nas fronteiras da barragem não são geralmente controláveis, com grandes

regiões destas fronteiras participando durante a excitação, e a barragem

interagindo tanto com a fundação quanto com o reservatório. Devido à

complexidade deste problema de interação solo-fluido-estrutura, apresentam-se

a seguir algumas das características da resposta sísmica da barragem.

3.3.2.1. Influência da Fundação

Para barragens de terra em regiões sísmicas, o comportamento das

camadas de solo da fundação durante um terremoto é provavelmente mais

crítico do que o comportamento da própria barragem. Isto é devido

principalmente ao fato que, em contraste com controle da qualidade da

construção do aterro, a maioria dos solos de fundação permanecem quase que

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em seu estado natural, com exceção de determinadas zonas que podem ser

substituídas por núcleos impermeáveis ou localmente melhoradas mediante

processos de compactação ou injeção.

Dakoulas (1990) realizou um estudo paramétrico utilizando o modelo de

“viga de cisalhamento”, em uma barragem hipotética em vale retangular,

mostrada na Figura 3.8, de 100 metros de altura, com uma velocidade de onda

cisalhante S de 400 m/s e um parâmetro de não homogeneidade de 0,5 (para

considerar a variação do módulo cisalhante com a altura da barragem). O estudo

considerou uma camada de fundação com uma espessura de 50 metros.

Para uma relação entre velocidades de onda S no solo da fundação em

relação à barragem igual a 0,5, isto é, considerando a camada de fundação mais

compressível, resultou em deformações cisalhantes na fundação da ordem de

quatro vezes maiores do que aquelas desenvolvidas no corpo da barragem,

levando a amplificações de aceleração na crista de aproximadamente 2,3 vezes.

Por outro lado, para uma relação entre velocidades de onda S igual a 2, isto é,

simulando uma camada de fundação mais rígida, as deformações cisalhantes na

fundação foram 5 vezes menores do que aquelas produzidas no corpo da

barragem e as amplificações de aceleração na crista da barragem foi da ordem

de 6,7 vezes.

Dakoulas (1990) concluiu então que as grandes deformações produzidas

na fundação compressível levaram a uma dissipação muito mais significativa da

energia de deformação e provocando, em consequência, uma maior redução das

amplificações de acelerações.

Dakoulas (1990) também investigou os efeitos da variação da espessura

da fundação na barragem, mantendo desta vez uma relação constante e igual a

1 entre as velocidades de ondas S no corpo da barragem e no solo de fundação.

O autor concluiu que as amplitudes das deformações cisalhantes na camada de

fundação foram apenas ligeiramente afetadas pelas variações de espessura da

mesma considerando razões de espessura da fundação/altura da barragem

entre 0,25 a 1, mas as acelerações e deformações cisalhantes ocorridas no

interior da barragem variaram em aproximadamente 50%. Além disso, à medida

que a espessura diminuiu, o efeito de flexibilidade da fundação também

decresceu, tendendo a incrementar as deformações cisalhantes dentro do corpo

da barragem e aproximando sua resposta à de uma barragem sobre fundação

rígida. Os efeitos da espessura da fundação na resposta sísmica de barragens

foram, porém considerados por Dakoulas muito menos importantes do que

aqueles devido à variação de rigidez do solo de fundação.

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65

H1Barragem

Fundação H2

Rocha

H1 = 100 mtH2 = 50 mtVS1 = 400 m/s

Figura 3.8 - Barragem e fundação em vale retangular (Dakoulas, 1990)

3.3.2.2. Efeitos da Não Linearidade dos Materiais

Os efeitos da não linearidade dos materiais no comportamento dinâmico

de barragens foram reportados por diversos autores (Prevost et al. 1985;

Gazetas, 1987; Dakoulas, 1990; Abdel-Ghaffar e Scott, 1981, entre outros). O

comportamento não linear dos materiais da barragem está associado

fundamentalmente às amplitudes do movimento sísmico. Para excitações de

pequena amplitude o comportamento do sistema é essencialmente linear,

enquanto que excitações de grande amplitude induzem uma resposta plástica

altamente não linear dos materiais. Isto pode ser verificado na Figura 3.9 onde a

excitação de maior amplitude (üg=0,20g) causa, em relação à análise linear,

significativas reduções de amplificação, especialmente nas proximidades das

frequências de ressonância.

Os efeitos da não linearidade na amplificação são bastante interessantes.

Nos espectros de resposta da aceleração, o pico da ressonância do primeiro

modo observado em análises lineares é substancialmente reduzido nas análises

não lineares (Dakoulas, 1990). Uma excitação com uma frequência próxima da

fundamental tende a desenvolver grandes deformações cisalhantes (já que estas

são afetadas principalmente pelos primeiros modos de vibração) e, portanto, a

induzir altos valores de amortecimento e grande degradação de rigidez dos

materiais; ambos os efeitos tendem a restringir a resposta da aceleração. Por

outro lado, uma excitação com alta faixa de frequências causa menores

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66

deformações cisalhantes e, consequentemente, baixos valores de

amortecimento e pouca degradação dos módulos cisalhantes dos materiais

presentes no sistema.

3.3.2.3. Efeitos da Geometria do Vale

A hipótese de deformação plana é válida somente para barragens

infinitamente extensas submetidas a movimentos síncronos na base. Para o

caso de barragens construídas em vales estreitos, a presença de ombreiras

relativamente rígidas origina efeitos de natureza tridimensional, incrementando

as frequências naturais e tornando as formas modais de deslocamento mais

agudas à medida que o vale se estreita.

Makdisi et al. (1982) realizaram comparações entre resultados obtidos

com modelos 2-D e 3-D de barragens em vales triangulares e retangulares. Os

autores utilizaram modelos de barragem de 30 metros de altura, constituídos por

materiais elásticos com velocidades de ondas S constante de 153 m/s e razão

de amortecimento =0,1. As comparações foram apresentadas em termos da

frequência natural calculada pela análise tridimensional em relação à obtida na

análise de deformação plana (2D) para diferentes valores do comprimento da

barragem normalizado em relação a sua altura L/H (Figura 3.10). É possível

observar-se que para relações L/H 5, as frequências naturais da barragem em

vale retangular são 5% maiores do que as correspondentes para o caso de

deformação plana, enquanto que para vales triangulares as mesmas são 30-40%

maiores. Para valores pequenos de L/H (2 ou 3) as frequências naturais da

barragem em vales triangulares chegam a ser 60-80% maiores do que as

calculadas com o modelo de deformação plana.

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67

Am

plifi

caçã

o da

Ace

lera

ção

1 2 3 400

1

2

3

4

5

6H2 / H1 = 0.5Vs2 / Vs1 = 1L / H1 = 3z / H1 = 0.5

Frequência (Hz)

üg= 0.05 g

üg= 0.20 g

Linear =10%

1 2 3 400

2

4

6

8

10

12

14

16H2 / H1 = 0.5Vs2 / Vs1 = 1L / H1 = 3z / H1 = 0

üg= 0.05 g

üg= 0.20 g

Linear =10%

Frequência (Hz)

Am

plifi

caçã

o da

Ace

lera

ção

a) Amplificação na crista b) Amplificação à meia altura

H1= altura da barragem; H2= espessura da fundação; VS2=VS1= 400 m/s velocidades de onda S na barragem e no solo de fundação; L=comprimento da barragem; z =

profundidade medida a partir da crista.

Figura 3.9 - Resposta não linear e linear na seção central de uma barragem sobre

camada de fundação submetida a excitações harmônicas de 0,05g e 0,20g (Dakoulas,

1990)

Mejia e Seed (1983) apresentaram comparações entre os resultados de

análises dinâmicas bi e tridimensionais de duas barragens localizadas em vales

triangulares com taludes bastante diferentes. Uma das geometrias correspondia

à barragem de Oroville, com relação comprimento/altura L/H de

aproximadamente 7, enquanto que a outra representava a mesma seção da

barragem de Oroville mas em um vale mais estreito (L/H=2). Aqueles autores

sublinharam dois aspectos em suas conclusões. O primeiro foi que nas análises

realizadas os níveis médios da degradação dos módulos e os acréscimos de

amortecimento foram aproximadamente os mesmos nos modelos 2-D e 3-D; as

altas frequências obtidas no modelo 3-D foram devidas principalmente ao efeito

do incremento da rigidez decorrente da geometria do vale. A segunda

observação foi que comparações das frequências naturais obtidas em análises

2-D e 3-D são indicadores de somente um aspecto do comportamento

tridimensional de barragens de terra, e que a concordância entre as frequências

naturais de vibração dos modelos 2-D e 3-D de uma barragem pode não

necessariamente significar uma concordância das respostas sísmicas de ambas

as estruturas. É desejável, portanto estudar-se os efeitos da natureza

tridimensional do problema sobre os parâmetros geotécnicos utilizados na

avaliação da resposta sísmica da barragem, seja em relação à previsão de

deformações ou em análises de estabilidade.

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68

L

H Vale Triangular

Vale Retangular

Barragem de OrovilleL / H=7.26

1 2 3 4 5 6 7 810

1

2

3

4

5

L / H

n(3D

)

n(2D

)f

/

f

Figura 3.10 - Comparação entre respostas tridimensional (3D) e de deformação plana

(2D), para barragens em vale triangular e retangular (Makdisi et al., 1982)

Mejia e Seed (1983) concluíram finalmente que em análises de

deformação plana da barragem de Oroville (L/H7) foram observados leves

efeitos da geometria do vale devido ao fato que os valores calculados das

tensões cisalhantes foram 20% maiores do que aqueles determinados em

análise tridimensional, enquanto que as acelerações mostraram-se bastantes

sensíveis às condições de contorno. Para barragens localizadas em vales mais

inclinados que aquele da barragem de Oroville, os resultados parecem indicar

que as análises de deformação plana não podem simular corretamente o

comportamento da obra, e que nestes casos é necessário executar-se análises

tridimensionais para obtenção de resultados satisfatórios.

3.3.2.4. Amplificação na Crista

Indicou-se na seção 3.3.2.2 que a não linearidade dos materiais tende a

reduzir a amplificação na barragem. Da comparação das Figuras. 3.9a e 3.9b

pode-se observar que para um sismo de 0,20g de aceleração máxima (a qual

provavelmente induzirá não linearidade nos materiais), o movimento nas

frequências mais altas afetam significativamente as acelerações na crista da

barragem, sendo, porém de menor impacto a maiores profundidades. Excitações

de baixa frequência, no entanto, apresentam valores de amplificação quase da

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69

mesma ordem de grandeza tanto na crista da barragem quanto abaixo dela. Este

fato é bastante importante porque a faixa de frequências dos terremotos

peruanos é relativamente alta (2-10Hz), o que provocaria problemas devido a

amplificações de aceleração nas proximidades da crista. Assim, percebe-se

desde já a conveniência de no método dos elementos finitos discretizar-se

adequadamente a parte superior da barragem, onde frequentemente ocorrem os

maiores danos.

O fenômeno de amplificação das acelerações na crista foi reportado em

diversas publicações da literatura: nas análises de resposta sísmica da barragem

de Santa Felicia (Abdel-Ghaffar e Scott, 1979), da barragem de Ullum (Oldecop,

1992), e nos registros obtidos na barragem de El Infiernillo (Marsal e Ramirez,

1967), etc.

A não linearidade dos materiais está associada à magnitude do abalo

sísmico. O parâmetro dinâmico mais importante na análise da resposta sísmica

de obras geotécnicas é o módulo cisalhante G. Este depende fundamentalmente

da deformação cisalhante induzida pelo terremoto, tanto em solos granulares,

quanto em solos coesivos. Portanto, fortes excitações sísmicas tendem a

provocar grandes deformações cisalhantes, degradando o módulo cisalhante dos

materiais que compõem a barragem e colaborando para seu comportamento

tensão x deformação altamente não linear. Este aspecto, relacionado com o

modelo constitutivo do solo sob carregamento sísmico, será discutido no próximo

capítulo.

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4 Modelos constitutivos para carregamentos cíclicos

Muitos modelos constitutivos, básicos, clássicos ou avançados foram

propostos na literatura, a maioria dos quais para carregamentos estáticos. Estes

modelos têm como objetivo aproximar o comportamento de um solo real a partir

da análise do comportamento mecânico de um meio ideal.

Modelos constitutivos para representação do comportamento sísmico de

solos podem ser agrupados em 3 classes: modelo linear equivalente, modelos

não-lineares cíclicos e modelos elasto-plásticos.

4.1. Modelo linear equivalente

O modelo linear equivalente é o mais simples e mais freqüentemente

utilizado, mas, devido à sua natureza elástica e sua formulação em termos de

tensões totais, sua habilidade é limitada para representação do comportamento

real do material.

A relação tensão x deformação de solos sob carregamento cíclico exibe

normalmente um laço de histerese entre as trajetórias de carregamento e de

descarregamento, que pode ser mecanicamente modelado descrevendo-se as

trajetórias ou considerando-se parâmetros do material que possam representar

de maneira aproximada a forma geral do laço. Na segunda alternativa, adotada

no modelo linear equivalente, a inclinação do laço de histerese, proporcional à

rigidez do solo, é descrita pelo módulo de cisalhamento secante e a abertura do

laço, com área proporcional à energia dissipada no ciclo, pela razão de

amortecimento (Figura 4.1).

Ambos os parâmetros, referidos como parâmetros lineares equivalentes,

são atualizados iterativamente em função dos níveis de deformação cisalhante

induzidos na massa de solo. Para a seleção dos novos valores, utiliza-se uma

distorção média ou efetiva empiricamente estimada como 2/3 da deformação

cisalhante máxima (0,65 de acordo com Seed e Martin (1966), ou (M-1)/10, de

acordo com Idriss e Sun (1992) onde M é a magnitude do terremoto). Em

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71

programas de elementos finitos a seleção dos parâmetros lineares equivalentes

é feita a nível de elemento, de acordo com o seguinte procedimento:

Figura 4.1 - a) módulo de cisalhamento secante; b) degradação do módulo de

cisalhamento normalizado G/Gmax e majoração da razão de amortecimento em

função da deformação cisalhante cíclica.

Os valores iniciais do módulo cisalhante (Gmax) e do amortecimento são

estimados para cada elemento finito da malha. A resposta dinâmica do sistema é

então determinada, calculando-se a deformação cisalhante máxima na história

do tempo em cada elemento. A partir destes resultados, as amplitudes da

deformação cisalhante efetiva em cada elemento são computadas, consultando-

se as curvas do material correspondente para observar se o nível de deformação

é compatível com os valores das propriedades dinâmicas utilizadas na avaliação

da resposta. Se as propriedades do solo não foram compatíveis, as propriedades

lineares equivalentes são atualizadas e o processo é repetido até atingir a

convergência, o que ocorre geralmente após 3 a 5 iterações. Este modelo foi

implementado em vários programas comerciais (GeoStudio, FLAC 2D) e

acadêmicos como os elaborados na Universidade da Califórnia, Berkeley -

SHAKE (Schnabel et al., 1972), QUAD-4 (Idriss et al., 1973), FLUSH (Lysmer et

al., 1975), dentre outros.

Entretanto, como apenas o valor da deformação cisalhante máxima não

fornece informações a respeito de toda a história de deformações, é possível

que este procedimento possa levar a sistemas artificialmente amortecidos e

enrijecidos ⁄ amolecidos. No caso de movimentos relativamente uniformes, por

exemplo, a tendência é de subestimar a razão de amortecimento e de

superestimar o módulo de cisalhamento G.

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72

Como o método é essencialmente linear, é também possível que uma das

freqüências predominantes da excitação possa coincidir com uma das

freqüências naturais da barragem, com tendência ao desenvolvimento de

ressonâncias espúrias. Como o método é essencialmente elástico, não tem

condições de calcular deformações ou deslocamentos permanentes,

necessitando ser complementado por outra técnica aplicada separada ou

desacopladamente (Newmark, 1965; Makdisi e Seed, 1978).

Diferenças entre os resultados de análises com o modelo linear

equivalente e modelos não lineares depende, naturalmente, do grau de não-

linearidade da resposta do solo. Para problemas onde o nível de deformações

permanece baixo (solos rígidos e⁄ou movimentos sísmicos de baixa magnitude),

ambas as análises devem produzir estimativas razoáveis da resposta dinâmica

do solo. No entanto, para situações onde os valores das tensões cisalhantes

induzidas pelo terremoto aproximarem-se da resistência ao cisalhamento, as

análises não lineares devem fornecer resultados mais confiáveis.

De acordo com Bray et al. (1995) o programa SHAKE91 (Idriss e Sun,

1992), em virtude da incorporação do modelo linear equivalente, somente deve

ser empregado para movimentos com PHArocha ≤ 0,35g. De acordo com

informações da literatura, o modelo linear equivalente não produz resultados

confiáveis para situações onde PHAsolo > 0,4g (Ishihara, 1986) ou a deformação

cisalhante de pico exceder aproximadamente 2% (Kavazanjian et al., 1997).

Segundo e Gazetas e Dakoulas (1992) em barragens modernas análises

lineares podem ser suficientes para movimentos com PHAsolo ≤ 0,2g.

A relação entre a variação dos parâmetros lineares equivalentes com o

nível das deformações cisalhantes foi estudada por vários autores. Até a década

de 1980 as reduções de módulo para solos coesivos e granulares eram tratadas

separadamente (Seed e Idriss, 1970), conforme mostra a Figura 4.2 para o caso

das areias, com o valor do módulo de cisalhamento Gmax, calculado pela seguinte

expressão:

PaemP

PKG

psfemKG

atm

matm

m

2/1

max2max

2/1max2max

7.21

1000

4.1

onde m’ e a tensão efetiva principal média, pa a pressão atmosférica e o

coeficiente adimensional K2max (no intervalo entre 30 a 70) é obtido de tabelas

(Seed e Idriss, 1970) em função do índice de vazios ou densidade relativa da

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areia. Para pedregulhos, Seed et al. (1984) indicaram valores de K2max no

intervalo entre 80 a 180.

80

70

60

50

40

30

20

10

0

10- 4

10- 3

10- 2

10- 1

1

Deformação Cisalhante ( % )

K2

G = 1000 K ( ' ) psf 1/ 22 mDr 90%

Dr 75%

Dr 45%

Dr 60%

Dr 40%

Dr 30%

Figura 4.2 – Curvas de variação do módulo de cisalhamento para areias sob diferentes

densidades relativas – Seed e Idriss (1970).

Enquanto que para solos coesivos estimativas preliminares de G são

obtidas com base no índice de plasticidade IP, razão de pré-adensamento OCR

e da resistência ao cisalhamento não-drenada.

A partir dos anos de 1980, estudos de Dobry e Vucetic (1987), Sun et al.

(1988), Vucetic e Dobry (1991), entre outros, concluíram que há uma transição

gradual entre o comportamento de materiais granulares e coesivos, sendo que a

forma das curvas de redução de módulo de cisalhamento é mais afetada pelo

índice de plasticidade do que pelo índice de vazios. Na Figura 4.3 a curva para

IP = 0 é muito semelhante à curva média para areias apresentada por Seed e

Idriss (1970). Para pedregulhos, apesar da dificuldade experimental da execução

de ensaios em laboratório, algumas evidências indicam que a curva média de

degradação de G tem forma similar, porém mais achatada, do que a curva média

das areias (Seed et al., 1986).

As características de plasticidade também influenciam a razão de

amortecimento do solo, como também constatado Kokushu et al. (1982), Dobry e

Vucetic (1987), Sun et al. (1988), Vucetic e Dobry (1991), entre outros. A Figura

4.4 mostra que a razão de amortecimento para solos coesivos altamente

plásticos é menor do que para solos granulares, sendo a curva correspondente a

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IP = 0 bastante próxima da curva média para areias proposta por Seed e Idriss

(1970). De acordo com Seed et al. (1984) o amortecimento em pedregulhos é

muito similar aos das areias.

OCR = 1-15 015

3050

100IP = 200

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.00.0001 0.001 0.01 0.1 1 10

GG max

Deformação cisalhante cíclica (%)

Figura 4.3 – Curvas de variação do módulo de cisalhamento para diferentes índices de

plasticidade – Vucetic e Dobry (1991)

OCR = 1-8

Deformação cisalhante cíclica (%)

Ra

zão

de

am

orte

cim

ento

(%

)

Figura 4.4 – Curvas de variação da razão de amortecimento para diferentes índices de

plasticidade – Vucetic e Dobry (1991)

Dakoulas e Gazeta (1985) propuseram um método não linear, porém

essencialmente elástico, que evita duas das limitações do método linear

equivalente: a definição arbitrária da amplitude da deformação cisalhante

equivalente e o efeito de "ressonâncias espúrias". A hipótese básica do método

é atualizar a razão de amortecimento e módulo de cisalhamento do solo em

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vários intervalos de tempo, de acordo com a deformação cisalhante efetiva

calculada pela Equação 4.2. Em outras palavras, a atualização dos parâmetros

do solo é feita em vários instantes de tempo, em contraste com a única

atualização do método linear equivalente realizada com as deformações

cisalhantes calculadas com base apenas nos resultados da iteração anterior.

)(2 trmseq 4.2

onde )(trms é a raiz quadrada da média dos quadrados das deformações

cisalhantes no tempo t.

A análise numérica é executada em duas fases consecutivas. Na primeira,

a história das deformações cisalhantes )(trms é determinada; na segunda, a

resposta do solo é computada através de uma seqüência de análises lineares

utilizando a deformação cisalhante efetiva (Equação 4.2) para atualização do

módulo de cisalhamento e da razão de amortecimento.

4.2. Modelos cíclicos

O comportamento não linear do solo é representado por um modelo

cíclico que segue a trajetória tensão – deformação durante a aplicação do ciclo

de carregamento. Vários modelos cíclicos foram propostos na literatura (Iwan,

1967; Finn et al., 1977; Vucetic, 1990; Pyke, 1979; dentre outros) baseados na

existência de uma curva tensão x deformação geral (backbone curve) e uma

série de regras que governam o comportamento de carregamento –

descarregamento, a variação da rigidez do solo, o desenvolvimento de

poropressões sob condições não-drenadas, etc. Os modelos seguem as regras

estendidas de Masing (Kramer, 1996) que estabelecem a forma do ciclo para

representação das situações de carregamento inicial, descarregamento e

recarregamento.

Os modelos cíclicos têm vantagens à medida que conseguem representar

deformações permanentes e a variação da rigidez do solo em função da história

de tensões, e não somente da amplitude das deformações cisalhantes como no

modelo linear equivalente, e de representar o amortecimento histerético pela

dissipação da energia interna em cada ciclo de carregamento - descarregamento

(Figura 4.5). Este tipo de amortecimento, como já mencionado anteriormente, é

típico do comportamento de solos e permite prescindir do amortecimento de

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76

Rayleigh que reduz drasticamente os passos de tempo na integração da

equação do movimento.

Figura 4.5 - Curvas característica do primeiro ciclo de carregamento

Como exemplo de um modelo cíclico, descreve-se brevemente a seguir os

modelo de Finn et al. (1977).

A Figura 4.5 apresenta uma curva tensão x deformação geral (backbone

curve) descrita genericamente como:

)( f 4.3

No modelo de Finn et al. (1977) assume-se que a resposta do solo segue

a relação tensão x deformação hiperbólica proposta por Hardin e Drenevich

(1972), ilustrada na Figura 4.6, e matematicamente descrita por:

mo

mo

mo

GG

1 4.4

onde τ é a tensão de cisalhamento para uma amplitude de deformação , moG é

o módulo tangente inicial máximo e mo é a máxima tensão de cisalhamento

inicial associada ao valor da assíntota à hipérbole mostrada na Figura 4.6.

Figura 4.6 – Relação tensão x deformação hiperbólica (adaptado de Finn et. al.,1977).

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77

Se o descarregamento ocorrer no ponto (γr,τr) então a curva tensão x

deformação durante o descarregamento, a partir do ponto de reversão, é

assumida como:

22rr f

4.5

Quando a curva de descarregamento da Equação 4.5 cruzar novamente a

curva da Equação 4.4 inicia-se então um novo ciclo de recarregamento de

acordo com a trajetória estabelecida pela Equação 4.4, mas com o módulo

máximo redefinido em função da deformação volumétrica ocorrida no ciclo

precedente.

Com base em resultados de ensaios de cisalhamento cíclico, constatou-se

que a maior porcentagem da mudança de volume do solo ocorre na fase de

descarregamento do ciclo. Conseqüentemente, as modificações da curva tensão

x deformação para considerar efeitos de variação do módulo de cisalhamento e

de poropressão são feitas durante a fase de descarregamento. Para intervalos

de deformação , durante o descarregamento, correspondem intervalos

constantes de tempo ; nas quais são feitas estas correções.

Obtêm-se para o enésimo ciclo o módulo de cisalhamento máximo e a

tensão de cisalhamento máxima com base nas equações 4.6 e 4.7, após

produzida a deformação volumétrica acumulada

vd

vdmomn HH

GG

21

1 4.6

vd

vdmomn HH

43

1 4.7

onde H1, H2, H3 e H4 são constantes determinadas pelo ajuste das equações 4.6

e 4.7 aos resultados de ensaios de carregamento cíclico com amplitude de

deformação constante.

O nível de tensão efetiva também afeta os valores do módulo cisalhante

inicial Gmn e da tensão de cisalhamento máxima que serão considerados no

próximo ciclo de carregamento e as equações 4.6 e 4.7 são então reescritas

para representar as seguintes famílias de curvas:

2/1

021

1

v

v

vd

vdmomn HH

GG

4.8

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78

043

1v

v

vd

vdmomn HH

4.9

onde σ’vo é a tensão efetiva vertical inicial e σ’v a tensão efetiva vertical no início

do enésimo ciclo.

As equações 4.8 e 4.9 permitem então atualizar a Equação 4.5 como:

mn

rmn

rmn

r

G

G

21

22

4.10

Uma característica observada em ensaios cíclicos de laboratório com

amplitude de deformação constante é que a deformação volumétrica é

proporcional à amplitude da deformação cisalhante (Figura 4.7) de acordo com

vd

vdvdvd C

CCC

4

23

21 4.11

onde vd é a mudança de volume no ciclo atual, vd a mudança de volume

acumulada e C1, C2, C3 e C4 são constantes determinadas com base nos

resultados de 2 ou 3 ensaios cíclicos de amplitude de deformação constante.

Figura 4.7 – Curvas de deformação volumétrica incremental (adaptado de Martin et.

al.,1975).

Byrne (1991) propôs uma equação alternativa para determinação da

mudança de volume no ciclo atual com base em somente 2 parâmetros,

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vdvd CC 21 exp 4.12

onde o parâmetro C1 controla a mudança de volume no primeiro ciclo,

11

ciclovdC

4.13

Este procedimento é repetido para cada ciclo de carregamento e

descarregamento, resultando uma série de laços histeréticos com mudanças

contínuas no comportamento tensão x deformação do solo.

A utilização de modelos cíclicos ainda sofre das seguintes dificuldades e

críticas:

a) carregamentos sísmicos com acelerogramas que possuem altas

frequências não podem ser amortecidos com estes modelos,

recomendando-se utilizar um amortecimento do tipo Rayleigh nas

análises dinâmicas;

b) necessitam de um critério adicional de descarregamento-

recarregamento para indicar a passagem entre as equações 4.3 e 4.5.

No programa computacional FLAC 2D v.7 (Figura 4.8), além da Equação

4.4 proposta por Hardin e Drenevich (1972), as seguintes expressões para

variação do módulo de cisalhamento secante com a deformação cisalhante

efetiva estão disponíveis. De modo geral, quanto maior o número de parâmetros

do modelo, melhor é o ajuste em relação aos dados experimentais de laboratório

(Seed e Sun, 1989).

a) modelo de 2 parâmetros SIGMA2 ( 1L e 2L ) com 10logL

ssG

G232

max

sec 4.14

onde 1012

2

sLL

LLs 4.15

b) modelo com 3 parâmetros SIGMA3 a , b e 0x .

b

xLa

G

G

0max

sec

exp1

4.16

c) modelo com 4 parâmetros SIGMA4 a , b , 0x e 0y

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80

b

xLa

yG

G

00

max

sec

exp1

4.17

Figura 4.8 - Modelos cíclicos disponíveis no programa computacional FLAC2D.

4.3. Modelos elasto-plásticos

Modelos constitutivos elasto-plásticos avançados são os mais precisos e

gerais para representação do comportamento do solo, permitindo análises com

uma grande variedade de história de tensões, comportamento drenado e não-

drenado, carregamento cíclico, etc., mas a avaliação experimental dos

parâmetros necessários à completa descrição do modelo pode ser difícil de ser

feita em ensaios de laboratório. De acordo com a Tabela 4.1. alguns destes

modelos requerem a determinação de mais de 10 parâmetros em laboratório,

com um deles chegando a exigir 22.

Apesar desta dificuldade de ordem prática, o uso de modelos constitutivos

elasto-plásticos avançados tende a aumentar, assim como já vem ocorrendo nas

aplicações geotécnicas envolvendo apenas carregamentos estáticos.

Uma das principais dificuldades na modelagem numérica é com relação ao

amortecimento do material pois até esta data, no conhecimento deste autor, não

há modelo constitutivo que incorpore implícita e plenamente este fenômeno na

própria formulação do modelo. Via de regra, na prática são utilizados modelos

constitutivos baseados no clássico modelo de Mohr-Coulomb ou em suas

adaptações (como o modelo UBCSand para análise de liquefação de solos) com

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inclusão de parcela adicional de amortecimento viscoso (Rayleigh) ou histerético

(modelo linear equivalente).

Tabela 4.1 - Comparação de modelos plásticos típicos para solos sob carregamentos

cíclicos e suas potencialidades (adaptado de Park, 2005).

Tipo de modelo

1

Modelo constitutivo

2

Referência 3

Componentes de plasticidade Praticidade e potencialidade Tipo de

superfície de

escoamento 4

Lei de fluxo

(dilatância) 5

Parâmetros de endurecimento

6

Número de

parâme-tros

7

Validado em

deformação plana(i)

8

Modelos PSR(ii)

9

Superfície limite

DYSAC2 Muraleetharan et al., 2004

Cap elíptica Não

associada

Deformações volumétricas e

cisalhantes plásticas

13 Não Não

MIT-S1 Pestana et al.,

2000, 2002

Lemniscata distorcida

Não associada

Deformações volumétricas e

cisalhantes plásticas

13 Sim Não

Superfícies aninhadas

ALTERNAT Woodward & Molenkamp,

1999

Cone (Lade)

Não associada

& Associada,

Rowe(iii)

Deformações volumétricas e

cisalhantes plásticas

22 Não Não

DYNAFLOW Azizian &

Popescu, 2001

Cone (Drucker-

Prager)

Associada ou Não

associada

Módulo de trabalho

plástico(iv) 8 Não Não

Plasticidade generalizada

DIANA-SWANDYNE

II

Aydingun & Adalier, 2003

Cap elíptica Não

associada, Nova(v)

Deformações volumétricas e

cisalhantes plásticas

11 Não Não

Plasticidade do estado

crítico NorSand

Been et al., 1993

Forma de bala

Associada, Nova

Trabalho plástico

9 Sim Sim

Plasticidade tipo Mohr-Coulomb

UBCSAND Byrne et al.,

2004a

Cone (Mohr-

Coulomb)

Não associada,

Rowe

Deformações cisalhantes

plásticas 6 Sim Não

UBCSAND2 Park et al.,

2005

Cone (Mohr-

Coulomb)

Não associada,

Rowe

Deformações cisalhantes

plásticas 7 Sim Sim

Note: (i) referido ao ensaio de cisalhamento simples; (ii) modelos que abrangem a rotação das tensões principais (PSR - Principal Stress Rotation); (iii) Rowe denota a relação stress-dilatancy de Rowe (1962); (iv) refere-se a Iwan (1967), Mroz (1967), Prevost (1977); (v) Nova denota a relação stress-dilatancy de Nova (1982); Col.7: o número de parâmetros foi obtido a partir da referência da Col. 3, e tensões iniciais, densidade inicial e coesão foram excluídos na contagem dos parâmetros; Col.8: Essa reposta é baseada na referência e pode ser diferentes em diferentes versões.

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5 Aspectos da modelagem numérica

Na presente pesquisa trabalhou-se com o programa computacional FLAC

2D v.7 (Fast Lagrangian Analysis of Continua), originalmente criado por Peter

Cundall em 1986, e atualmente desenvolvido pela empresa americana ITASCA

Inc. O programa apresenta muitos recursos para modelagem sísmica, sem

necessitar de memória excessiva pois as integrações no tempo são explícitas,

fazendo dela uma ferramenta muito útil, versátil e de grande aceitação na análise

de respostas sísmicas de geoestruturas.

5.1. Características gerais do programa FLAC

O programa FLAC 2D foi desenvolvido com base no método das

diferenças finitas com uma abordagem lagrangeana modificada que torna

possível acompanhar no tempo a ocorrência de grandes deformações do

contínuo, adicionando incrementos graduais de deslocamento às coordenadas

dos nós. O FLAC resolve as equações da dinâmica de movimento, mesmo para

problemas quase estáticos no domínio do tempo, apresentando vantagens para

os problemas que envolvem a instabilidade física, tais como colapso. O modelo

constitutivo em cada passo de tempo é formulado em termos de deformações

infinitesimais, mas no conjunto dos passos o programa consegue simular a

ocorrência de grandes deformações. É um código de uso geral que pode simular

uma amplia gama de problemas mecânicos não lineares estáticos e dinâmicos

com fluxo de fluido acoplado e interação solo-estrutura.

No método dos elementos finitos (MEF) as variáveis de campo podem

variar no interior de cada elemento de acordo com funções de interpolação

previamente estabelecidas produzindo, igualmente, um conjunto de equações

algébricas que representam a solução aproximada do problema.

Os programas baseados no MEF montam geralmente uma matriz global

com base nas matrizes de rigidez individuais dos elementos, muitas vezes

necessitando de grandes recursos de memória computacional para solução do

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sistema, enquanto que no método das diferenças finitas, com a utilização do

algoritmo de integração explícito, a formação deste grande conjunto de

equações não é necessária.

Outra importante diferença entre o programa FLAC 2D e programas de

elementos finitos é que o primeiro resolve sempre a equação do movimento,

mesmo em casos de problemas estáticos, o que o torna relativamente ineficiente

para solução de problemas lineares simples, sendo mais recomendado para

casos de sistemas altamente não lineares, situações de instabilidade física,

problemas de grandes deformações e, naturalmente, para análises de problemas

dinâmicos governados pela equação do movimento.

5.2. Modelagem estática

A modelagem estática abrange a caracterização adequada das

propriedades mecânicas dos materiais utilizados e a simulação do processo de

construção da barragem de terra. O sucesso desta análise depende da técnica

para incorporar as características mecânicas no modelo numérico e da

adequada escolha das relações constitutivas. Aqui são descritos os principais

itens que compõem a análise estática.

5.2.1. Modelos constitutivos

O comportamento constitutivo do material determina o tipo de modelo que

melhor se ajusta à resposta real do sistema. No FLAC existem 14 modelos

distribuídos em 3 grupos: a) modelo nulo (representação de material removido

ou escavado); b) modelo elástico (isotrópico e transversalmente isotrópico); c) 11

modelos elasto-plásticos dentre os quais os modelos de Mohr-Coulomb,

Drucker-Prager, Cam Clay Modificado, Hock-Brown, Strain Hardening / Strain

Softening, CySoil Modificado e outros (Itasca, 2011).

Também existem seis modelos dependentes do tempo na opção Creep e

dois modelos geradores de poropressão para a opção dinâmica. Os parâmetros

de entrada para todos os modelos podem ser controlados ou modificados com

uma linguagem própria de programação (FISH) ou pela linguagem de

programação C++. A incorporação de outros modelos constitutivos de interesse

do usuário é também possível com a criação de bibliotecas dinâmicas (dynamic

link libraries, DLLs).

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O programa também realiza análises hidromecânicas totalmente acopladas

(interação fluido-sólido e sólido-fluido - basic sheme flow) ou parcialmente

acopladas quando a interação fluido-sólido é preponderante no problema

(esquemas de fluxo rápido saturado - saturated fast flow - e fluxo rápido não

saturado - unsaturated fast flow). Nestes três esquemas é necessário considerar

o módulo de variação volumétrica da água Kw = 2x106 kPa. Um quarto

esquema é disponível (fluid bulk modulus scaling), bastante mais rápido do que

os anteriores, que admite um valor do módulo de compressibilidade da água

bastante mais baixo, para problemas de fluxo permanente, sem interação

mecânica, onde a localização da posição final da linha freática é mais importante

do que o tempo necessário em atingi-la.

5.2.2. Propriedades dos materiais

O modelo elasto–perfeitamente plástico de Mohr-Coulomb foi utilizado

nesta pesquisa para a simulação do comportamento estático da barragem de

terra. Este modelo necessita de 5 parâmetros para a sua completa definição: 2

parâmetros elásticos (módulo de cisalhamento G e módulo de compressão

volumétrica K) e três parâmetros relacionados com o comportamento plástico

(coesão c, ângulo atrito φ e ângulo de dilatância ψ) adicionando a eles a massa

específica (ρ).

O ângulo de dilatância é empregado em análises numéricas para corrigir a

excessiva variação volumétrica negativa (expansão) do solo previsto pelo

modelo de Mohr – Coulomb com lei de fluxo associada. Os solos coesivos

tendem a apresentar pouca dilatância (ψ~0), com exceção de argilas fortemente

pré-adensadas. Nas areias, a dilatância depende da densidade relativa e do

ângulo de atrito; para areias de quartzo a ordem do ângulo de dilatância pode

ser aproximada por ψ = φ – 30º e para valores do ângulo de atrito φ < 30º o

ângulo de dilatância é geralmente considerado nulo. Um ângulo de dilatância

positivo em condições drenadas implica que o solo sofrerá expansão contínua de

volume, sem atingir a condição de estado crítico, o que é claramente irreal; em

condições não drenadas, uma dilatância positiva associada à condição de não-

variação de volume leva à geração de poropressões negativas (sucção). Em

consequência, uma análise não drenada em termos de tensões efetivas pode

levar a valores superestimados da resistência ao cisalhamento do solo.

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No caso em que alguma das propriedades for variável, o uso da linguagem

de programação FISH permite introduzir um algoritmo que permite simular as

condições desejadas. Por exemplo, para determinar o valor do módulo de

cisalhamento estático Gmax, se este parâmetro for admitido dependente da tensão

octaédrica efetiva, a seguinte equação pode ser utilizada:

2/1

max2max 7,21

atm

matm P

PKG

5.1

onde σ’m é a tensão média efetiva e Pa a pressão atmosférica (Seed, 1970;

Byrne,1991 e Morote, 2006). O parâmetro K2,max é um valor que expressa a

influência do índice de vazios e da amplitude da deformação (Seed et al., 1986,

Kramer, 1996).

Similarmente, Kokusho & Esashi (1981), sugerem que o módulo cisalhante

máximo é uma função da tensão efetiva média efetiva m e o índice de vazios

e , eles propuseram que o módulo cisalhante máximo ( maxG ) para areias e

dada pela Equação 5.2 e para argilas, a Equação 5.3 (Hardin et al. 1968).

6.02

max 1

17,28400me

eG

kPa 5.2

5.02

max 1

973,23270me

eG

kPa 5.3

Se o valor do módulo de cisalhamento variar conforme as Equações 5.1,

5.2 e 5.3 pode-se admitir variável também o módulo de compressão volumétrica

K, calculando seu valor pela Equação 5.4, fornecida pela teoria da elasticidade

linear, admitindo o coeficiente de Poisson υ constante.

2 1

3 1 2

GK

5.4

Outros parâmetros, como o ângulo de atrito, também podem ser

considerados variáveis em função do estado de tensões.

5.2.3. Condições iniciais e de contorno

As condições iniciais compreendem a aplicação de solicitações de

carregamento estático ou de pressão hidráulica na estrutura para então executar

o primeiro passo de processamento. Pode-se inicialmente avaliar a resposta

estática somente da fundação, considerando-a assim como etapa inicial antes da

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construção da barragem propriamente dita, ou então simular a construção da

barragem por etapas incrementais de construção ou, dependendo da situação,

representá-la diretamente como uma estrutura final.

No programa FLAC 2D tem-se diferentes opções para introdução das

tensões iniciais:

Obtenção das mesmas pelo programa com base na solução de

equilíbrio considerando apenas as forças de massa (peso específico dos

materiais);

Valores das tensões iniciais são previamente conhecidos e

constituem-se em dados de entrada para o programa;

Apenas os valores das tensões verticais são conhecidos; neste

caso as tensões horizontais são calculadas com base no coeficiente de

empuxo no repouso K0 definido pela teoria da elasticidade linear,

1

K

5.5

Em relação às condições de contorno, estas podem ser introduzidas como

deslocamentos ou cargas hidráulicas prescritas ou, alternativamente, pela

aplicação de valores de tensão e de pressão hidráulica conhecidos (Figura 5.1).

Figura 5.1 – Condições de contorno aplicadas à barragem e fundação no programa

FLAC 2D (adaptado de Itasca, 2011).

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5.2.4. Fator de segurança na estabilidade de taludes

O programa FLAC também fornece uma estimativa do fator de segurança

global através de um método direto de simulação de colapso do talude,

realizando uma série de simulações, num processo de tentativa e erro, com

redução sucessiva dos valores dos parâmetros de resistência do modelo de

Mohr-Coulomb,

cF

ctrial

trial 1 5.6

trial

trial

F

1 5.7

O fator de segurança final corresponde ao valor de Ftrial para o qual não há

mais convergência do sistema de equações, isto é a condição de deslizamento

iminente de certa massa do talude foi atingida. A identificação da potencial

superfície de ruptura pode ser feita mediante análise da distribuição das

deformações cisalhantes plásticas ou dos vetores de deslocamentos. O valor do

fator de segurança assim determinado é bastante próximo daquele calculado por

métodos de equilíbrio limite (as várias versões dos métodos das fatias) com a

vantagem que não é necessária uma definição antecipada das potenciais

superfícies de ruptura a serem sucessivamente veerificadas.

5.3. Modelagem sísmica

5.3.1. Condições de contorno

Análises efetuadas por métodos numéricos (método dos elementos finitos

em especial) devem lidar com dificuldades relacionadas com a representação de

regiões de solo onde o substrato rochoso situa-se muito além da região de

interesse do problema. Uma técnica bastante utilizada em análises estáticas é

truncar a malha a alguma grande distância e empregar contornos elementares

(rígidos) como “aproximação” da real geometria do problema. De fácil

implementação, produz resultados desastrosos em análises dinâmicas devido às

reflexões de onda ocorridas nos contornos rígidos artificialmente introduzidos. É

essencial assegurar que a radiação de energia para o infinito (condição de

Sommerfeld, 1949) seja satisfeita.

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Várias técnicas de contornos especiais para problemas dinâmicos foram

propostas na literatura, dentre as quais a utilização de elementos infinitos

(Medina e Penzien, 1982; Medina e Taylor, 1983), contornos de transmissão

imperfeita (amortecedores) propostos por Lysmer e Kuhlemeyer (1969),

contornos de transmissão perfeita (Lysmer e Waas (1972), Kausel e Roesset

(1977)), técnicas híbridas associando o método dos elementos finitos com

soluções analíticas (Gupta, 1980) ou com o método dos elementos de contorno

(Mita e Takanashi, 1983), dentre outras. No programa FLAC 2D dois tipos de

contorno para aplicações dinâmicas estão disponíveis: contornos de transmissão

imperfeita (amortecedores) e contornos de campo livre.

5.3.1.1. Contornos de transmissão imperfeita

A técnica dos contornos de transmissão imperfeita foi apresentada por

Lysmer e Kuhlemeyer (1969) como uma das primeiras tentativas para simular a

condição de radiação. É baseada na consideração de que contornos silenciosos

podem ser representados através de uma superfície convexa conectada a uma

série de amortecedores viscosos cujas características são função das

propriedades do solo local (Figura 5.2). Amortecedores viscosos são adequados

para absorção de ondas de corpo P e SV mas funcionam de forma aproximada e

imperfeita (daí a denominação de contornos de transmissão imperfeita) no caso

de ondas de superfície (ondas R), situação em que as constantes de

amortecimento variam com a frequência da excitação . A grande vantagem

deste esquema é que pode ser facilmente implementado em programas

computacionais operando tanto no domínio do tempo quanto no domínio da

frequência. Não funcionam para situações de carregamento estático pois os

amortecedores não possuem rigidez.

É necessário ainda ressaltar que no caso em que os contornos silenciosos

são aplicados na base da malha, para simulação de uma base flexível, não se

pode representar o sismo como histórias de aceleração ou de velocidade porque

os amortecedores as anularia. Neste caso o carregamento sísmico é prescrito

em termos de tensões cisalhantes através da seguinte formulação

ts vv2 5.8

onde τ é tensão cisalhante, ρ a massa específica do solo no contorno, Vs a

velocidade da onda S e vt a velocidade tangencial da partícula de solo.

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O fator 2 que acompanha a Equação 5.8 considera o fato de que as

tensões aplicadas devem ser o dobro das observadas num meio infinito, já que a

metade da energia é absorvida pelo contorno silencioso. Em certos casos, a

superfície livre pode originar um incremento na velocidade da base do modelo.

Assim, como etapa prévia da análise sísmica, deve-se avaliar a resposta na

base do modelo onde a história de tensões descrita pela Equação 5.8 foi

aplicada. Se a aceleração ou a velocidade na base não forem similares à do

sismo de projeto, então deve-se gradualmente efetuar um ajuste, normalmente

reduzindo o fator de 2 até que a resposta na base do modelo e do sismo de

entrada coincidam (Cundall, 2009). Em geral, a resposta de contornos viscosos é

mais eficiente quanto à excitação dinâmica está situada no interior da malha

(Figura 5.2).

Figura 5.2 - Contornos de transmissão imperfeita (amortecedores).

A aplicação do carregamento sísmico na base do modelo pode ser feita

mediante a história de acelerações, de velocidades, de tensões ou de forças. As

duas primeiras são aplicadas nos casos de fundação sobre base rígida enquanto

que as duas últimas para fundações sobre bases flexíveis (Figura 5.3). A

hipótese de base rígida não é muito recomendável porque todas as ondas nela

incidentes são refletidas novamente para o interior da malha, possivelmente

causando superestimativa da resposta da estrutura.

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(a) Base flexível

(b) Base rígida

Figura 5.3 - Tipos de Carregamento dinâmico e contornos de a) base flexível, b) base

rígida (Itasca 2011).

5.3.1.2. Contornos de campo livre

Contornos de campo livre consistem de colunas unidimensionais de

elementos justapostas em cada contorno lateral da malha principal (Figura 5.4)

onde se considera a propagação 1D de ondas cisalhantes verticais. Caso estas

colunas estejam suficientemente afastadas da barragem não haverá diferença,

nos contornos comuns, entre o movimento da malha principal e das colunas

laterais e os amortecedores laterais não serão ativados. Caso o movimento da

discretização principal se diferenciar daquele das malhas de campo livre, devido

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à influência da estrutura, então os amortecedores passam a absorver energia de

forma similar aos contornos de transmissão imperfeita anteriormente descritos.

Contornos de campo livre são particularmente eficientes quando a fonte

excitante é externa à malha principal, como no caso de carregamentos de

origem sísmica.

Figura 5.4 – Contornos laterais de campo livre (adaptado por Loayza (2009).

5.3.2. Discretização da malha para a transmissão da onda

Na aplicação de métodos numéricos para determinação da resposta

dinâmica de maciços de solo alguns cuidados especiais devem ser também

tomados em relação ao tamanho máximo dos elementos presentes na

discretização.

Kuhlemeyer e Lysmer (1973) verificaram que a dimensão do elemento na

direção de propagação da onda é de fundamental importância, pois elementos

grandes são incapazes de transmitir movimentos produzidos por excitações de

altas frequências. Recomendaram então, como sugestão empírica, que o

tamanho do elemento para uma eficiente transmissão do movimento não

ultrapasse 1/8 do menor comprimento de onda esperado nas camadas de solo.

Em estudos mais detalhados, Celep e Bazant (1983) e Mullen e Belytschko

(1982) concluíram que a relação 1/10 é um valor mais aconselhado para várias

configurações de malha e tipos de elementos.

Para maior eficiência computacional, é desejável que o número de

elementos da discretização seja o menor possível. Como o tamanho do

elemento é controlado pelos critérios referidos anteriormente, a minimização do

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número de elementos se converte em um problema de maximização dos

tamanhos aceitáveis de elementos na malha.

5.3.3. Frequência de corte

A maioria dos registros de aceleração de terremotos apresenta frequências

elevadas (terremotos no Peru entre 2 Hz - 10 Hz), cujas amplitudes não

precisam ser consideradas por pouco contribuírem para a energia total do sismo.

Por outro lado, se consideradas obrigam a diminuição do tamanho máximo dos

elementos, em consequência aumentam o número total de elementos da

discretização e o tempo de processamento da análise, já que os comprimentos

de onda diminuem com o aumento da frequência da excitação.

Uma frequência máxima, chamada frequência de corte, é então

selecionada de tal forma que a potência do terremoto até a frequência de corte

apresente uma perda de 1% ou menos em relação à potência original do sismo.

A potência do sismo é determinada pela função densidade de espectro de

potência (FDEP).

Obtida a frequência de corte, procede-se em seguida à remoção das

frequências superiores por meio da filtragem do registro sísmico, que para este

caso seria um filtro de passa-baixa.

Baixas frequências também podem ser filtradas através de um filtro de

passa-alta, removendo-se aquelas cujo período é maior do que a duração do

terremoto, pois as mesmas tendem a causar valores não nulos no final das

histórias de velocidades e deslocamentos.

É também possível aplicar filtros de passa-banda que eliminam possíveis

ruídos de frequências altas e baixas, simultaneamente.

O mais importante ao se aplicar os filtros é determinar um frequência de

corte adequada, já que uma escolha inadequada pode desconsiderar parte do

sinal de interesse, alterando portanto o carregamento sísmico, ou não remover

aquelas frequências desnecessárias, que gerariam uma malha mais fina e,

consequentemente, um tempo elevado de processamento.

5.3.4. Ajuste espectral no domínio do tempo

O objetivo deste procedimento é reduzir os desvios existentes, entre o

espectro obtido no registro sísmico e o espectro alvo, em uma faixa de período

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importante da estrutura, preservando ao máximo as características não-

estacionárias (importantes numa análise não linear) do registro sísmico inicial.

O processo é feito mediante a adição de wavelets de duração finita

levando em conta as faixas de períodos limitados pelo registro sísmico de

entrada. Este pacote de wavelets é adicionado ao registro de acelerações com

amplitudes e fases apropriadas, de tal maneira que o pico de cada resposta seja

ajustado à amplitude do espectro alvo. Este método preserva todas as

características de faseamento do sismo assim como a variação no tempo e o de

frequências do movimento do solo (Somerville, 1988). Os registros resultantes

têm um espectro de resposta elástico, coincidente com o espectro alvo com

certo grau de tolerância. Este procedimento foi proposto por Kaul (1978) e

estendido por Lilhanand e Tseng (1987). a ajuste espectrais considerando vários

valores de amortecimento.

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6 A barragem de terra de Breapampa, Peru

6.1. Descrição geral da barragem

A barragem objeto do estudo no presente trabalho está localizada na

cordilheira dos Andes na região de Ayacucho, Peru (Figura 6.1) a uma altitude

de 3750m acima do nível do mar, na latitude 15º13’ Sul e longitude 73º65’ Oeste.

Trata-se de uma barragem zonada com núcleo central de baixa

permeabilidade. As Figuras 6.2 e 6.3 ilustram a seção analisada, na condição de

estado plano de deformação, apresentando: altura de 31,5m, largura na base de

120,5m, largura na crista de 6,15m, inclinação do talude de montante 1:2,

inclinação do talude de jusante 1:1,8. Altitudes acima do nível do mar de

3781,7m na crista da barragem e 3780m no reservatório, este com capacidade

de armazenamento de 232 mil metros cúbicos de água.

Figura 6.1 - Localização da barragem de Breapampa.

6.2. Propriedades do material

A estrutura modelada compreende três tipos de materiais: fundação

rochosa, enrocamento (GW, GP, GM) com porcentagem de finos inferior a 10%

nos espaldares de montante e jusante, solo impermeável (SM, SC-SM, GC-GM)

com índice de plasticidade IP = 9% no núcleo central da barragem. Na Tabela

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6.1 são apresentadas as principais propriedades de engenharia de cada

material. Na etapa de investigação do comportamento sísmico os módulos de

cisalhamento (G) e de deformação volumétrica (K) foram calculados em função

da tensão média efetiva atuante no ponto por meio das Equações 5.2, 5.3 e 5.4.

Figura 6.2 – Projeção horizontal da barragem de Breapampa.

Figura 6.3 – Seção transversal A-A analisada da barragem de Breapampa.

6.3. Simulação estática

O comportamento da barragem é avaliado nos períodos de construção e

do primeiro enchimento do reservatório para o estabelecimento do regime de

fluxo permanente. Ao final de cada uma destas etapas é também executada a

análise de estabilidade dos taludes da barragem de terra. O estado de tensão

final determinado no estudo estático é considerado como o estado de tensão

inicial para a fase seguinte de simulação sísmica.

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A modelagem 2D é feita no estado plano de deformações utilizando o

modelo constitutivo elástico linear para a rocha da fundação e o modelo elasto-

plástico de Mohr Coulomb para o corpo da barragem.

Tabela 6.1- Propriedades de engenharia dos materiais da fundação e do corpo da

barragem de Breapampa (Andes Asociados – 2011).

Fundação Barragem

Rocha Núcleo Espaldares

Peso específico (kN/m3) 25 20 24

Módulo de Young E (MPa) 5400 30,00 34,50

Coeficiente de Poisson 0,22 0,30 0,30

Módulo de cisalhamento G (MPa) 2213,11 11,539 13,269

Módulo de deformação volumétrica,

K (kPa) 3214,29 25,00 28,75

Coesão c (kPa) -- 0 0

Ângulo de atrito (º) 25 37 42

Porosidade n 0,19 0,38 0,34

Coeficiente de permeabilidade horizontal

kh (m/s)

1,00E-08 1,00E-06 4,60E-04

Coeficiente de permeabilidade vertical kv

(m/s)

1,00E-08 1,20E-08 4,60E-04

6.3.1. Processo construtivo

A simulação computacional da construção de aterros e barragens deve ser

executada por incrementos de carregamento, devido à natureza não linear da

análise e do próprio processo construtivo da obra. O programa FLAC 2D possui

uma linguagem própria de programação (FISH) que permitiu, nesta etapa, a

elaboração de rotinas para tornar o processo de modelagem mais sistemático,

rápido e eficiente. As seguintes etapas foram realizadas:

Geração da malha (fundação e barragem) com 33 camadas de 1m de

espessura, com a criação de uma variável extra através do comando

CONFIG EXTRA n.

Definição de grupos de acordo com os tipos de material e o

desenvolvimento da função FISH GRUPO.FIS (Ver Anexo 1) que atribui

para a variável extra precedente os valores 0, para zonas não incluídas na

etapa de cálculo atual, 1 para as zonas ativas dos espaldares e 2 para as

zonas ativas do núcleo da barragem.

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Para a simulação da construção incremental da barragem foi elaborada a

função FISH CONSTRU.FIS que gradualmente ativa as zonas

pertencentes à camada em construção, identificando os materiais que a

formam por meio da função anterior FISH GRUPO.FIS (Ver Anexo 1).

O lançamento de nova camada só é executado após o equilíbrio das forças

introduzidas pela camada anterior.

6.3.2. Deslocamentos ao final da construção

Os principais resultados a serem comentados dizem respeito aos

deslocamentos horizontais e verticais ao final da construção. Com o objetivo de

estudar a influência do número de camadas na modelagem do processo

construtivo, as análises numéricas foram sequencialmente repetidas

considerando-se 1, 2, 4, 8, 16 e 33 camadas.

Barragens são construídas em camadas de pequena espessura em

relação à altura final do mesma. Teoricamente o número de camadas

consideradas na simulação numérica deveria coincidir com o número real de

camadas, mas na prática esta consideração, além de desnecessária, é inviável

devido ao esforço computacional requerido.

O número necessário de camadas a considerar depende basicamente da

informação procurada. Se o interesse é avaliar o comportamento do material da

fundação, só se necessitam poucas camadas na simulação, podendo mesmo

assumir, como ocorre com frequência, que todo o aterro é colocado em única

camada. Se o interesse é o próprio aterro, no entanto, requer-se mais camadas,

algumas poucas se o interesse principal é o calculo de tensões mas um número

maior se o objetivo é a determinação de deslocamentos (Clough e Woodward,

1967).

As Figuras. 6.4 e 6.5 apresentam os valores dos deslocamentos

computados, mostrando a variação da distribuição das componentes horizontal e

vertical do deslocamento. Observa-se que há diferenças significativas na

distribuição dos deslocamentos verticais nas diversas análises pois somente

com a consideração de 16 camadas a distribuição satisfaz a expectativa que os

maiores valores aconteçam à meia altura da barragem. Quanto menor o número

de camadas, os valores máximos dos deslocamentos verticais tendem

progressivamente em direção à crista do aterro.

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As Figuras. 6.6 e 6.7 apresentam a distribuição dos deslocamentos ao

longo do eixo central da seção transversal da barragem enquanto que a Figura

6.8 plota a variação do deslocamento médio ao longo do eixo, como indicador

qualitativo da influência do número de camadas no resultado da simulação

numérica. Desta figura percebe-se que o número mínimo adequado no presente

estudo seria de 10 camadas. Potts e Zdravkovic (2001) indicaram para uma

barragem de 40m de altura um número mínimo de 8 camadas, Clough e

Woodward (1967) sugeriram ao menos 7 para uma barragem de terra

homogênea enquanto que Naylor et al. (1981) recomendaram aproximadamente

10 camadas para análises de deslocamentos em grandes barragens,

tipicamente.

6.3.3. Primeiro enchimento do reservatório

Veiga Pinto (1983) realizou um estudo referente à influência do aumento

gradual dos níveis d’água nos resultados obtidos durante a fase do primeiro

enchimento do reservatório. O estudo foi baseado no fato de que as análises

feitas até aquela data não tinham conduzido a resultados em concordância com

os observados em campo nas barragens e, portanto, um modo de dirimir dúvidas

e eliminar possíveis fontes de erros na simulação numérica seria a execução de

uma análise incremental considerando o enchimento do reservatório em

sucessivos incrementos dos níveis d’água.

A Figura 6.9 ilustra os deslocamentos verticais devidos ao enchimento,

obtidos em diversas análises incrementais realizadas por Veiga Pinto (1983).

Dos resultados desta Figura pode-se observar que ao se aumentar o número de

incrementos de níveis d’água (NA) ou incrementos de carga (INC) então

diminuem consideravelmente os deslocamentos negativos, normalmente não

observados nas estruturas reais, no espaldar de montante e na crista da

barragem. Esta diminuição é mais acentuada no caso de empregar mais níveis

d’água do que incrementos de carga. Assim, aquele autor recomenda simular o

enchimento do reservatório com um número de níveis d’água pelo menos igual

ao das camadas da fase de construção da barragem. Na presente pesquisa a

simulação do primeiro enchimento do reservatório foram feitas em 8 e 16

estágios de igual incremento de elevação do nível d’água, dentro da

recomendação de Potts e Zdravkovic (2001) mencionada anteriormente.

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Figura 6.4 – Distribuição dos deslocamentos horizontais com a construção de 1, 2, 4, 8,

16 e 33 camadas, respectivamente.

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Figura 6.5 – Distribuição dos deslocamentos verticais com a construção de 1, 2, 4, 8, 16

e 33 camadas, respectivamente.

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Figura 6.6 – Variação da distribuição dos deslocamentos horizontais com o número de

camadas ao longo do eixo central da barragem de terra.

Figura 6.7 – Variação da distribuição dos deslocamentos verticais com o número de

camadas ao longo do eixo central da barragem de terra.

0 5 10 15 20 25 30 35Número de camadas

-20

-15

-10

-5

0

Des

lom

an

eto

ver

tical

m

édio

(10-2

m)

0 5 10 15 20 25 30 35Número de camadas

0

0.5

1

1.5

Des

lom

an

eto

ho

rizo

nta

l

méd

io (

10-2

m)

Figura 6.8 – Variação com o número de camadas dos deslocamentos médios horizontal

(esquerda) e vertical (direita) ao longo do eixo central da barragem segundo o número de

camadas de construção.

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1 NA - 1 INC

1 NA - 3 INC

3 NA - 1 INC

3 NA - 3 INC

9 NA - 1 INC

A

A

A

A

H (m)

Deslocamentos Verticais (mm)

-200 -100 0 100 200-300

10

20

30

40

50

Figura 6.9 – Influência do número de níveis d’água e incrementos de carga nos

deslocamentos verticais durante o primeiro enchimento do reservatório (adaptado de

Veiga Pinto, 1983)

O procedimento do cálculo baseia-se na simulação desacoplada onde

primeiramente é ativado o cálculo do fluxo no esquema de fluxo rápido do FLAC

2D (Fast Water Bulk Scaling) para acelerar a posição da linha freática na

condição de fluxo permanente. Neste processo, para simulação do enchimento

valores da pressão hidráulica na face do talude de montante são prescritos a

cada elevação do reservatório. Finalmente é ativado o modo mecânico de

cálculo processando até a estrutura atingir o equilíbrio sob a nova condição de

carregamento.

A Figura 6.10 apresenta o campo de deslocamentos horizontais e verticais

ao final do enchimento do reservatório, observando-se uma grande mudança no

padrão de distribuição dos deslocamentos horizontais em relação àquele obtido

na fase final do processo de construção da barragem.

As Figuras. 6.11 e 6.12 comparam a variação ao longo do eixo central da

seção transversal da barragem dos deslocamentos horizontais e verticais,

respectivamente, obtidos após a construção e após o primeiro enchimento do

reservatório em 8 e 16 estágio. Observa-se das mesmas que os deslocamentos

horizontais em direção à jusante são majorados pelo carregamento hidráulico

tendo valores similares para ambos os casos, e que os deslocamentos verticais

são reduzidos, atingindo valores negativos junto à crista (no enchimento em 16

estágios apresenta melhor aproximação à zero na cresta da barragem do que o

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enchimento em 8 estágios). Este último comportamento é interpretado e tendo

em vista as observações de Veiga Pinto (1983), apresentadas na Figura 6.9,

quanto à influência do número de estágios de elevação do reservatório no

comportamento dos deslocamentos verticais na barragem.

Figura 6.10 – Distribuição dos deslocamentos horizontais (acima) e verticais (abaixo)

após o primeiro enchimento do reservatório em 16 etapas de elevação do nível d’água.

Figura 6.11 – Comparação dos deslocamentos horizontais no eixo da barragem ao final

da construção e após o primeiro enchimento.

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Figura 6.12 – Comparação dos deslocamentos verticais no eixo da barragem ao final da

construção e após o primeiro enchimento.

6.3.4. Trajetórias de tensão

As Figuras 6.13 a 6.16 ilustram as trajetórias de tensão total em pontos

situados nos espaldares e no núcleo central da barragem durante as fases de

construção e primeiro enchimento do reservatório. Durante a etapa de

construção existe um acréscimo no valor da tensão total média (p) em todos os

pontos apresentados enquanto que a tensão desviadora (q) mostra uma ligeira

diminuição no ponto situado mais profundamente no espaldar de montante

quando são colocadas as últimas camadas de construção, fato não observado

nos pontos do núcleo.

Durante o primeiro enchimento do reservatório, o comportamento dos

pontos no espaldar de montante apresenta, de forma geral, um acréscimo na

tensão total média (p) e diminuição da tensão desviadora (q) enquanto que os

pontos situados no espaldar de jusante, bem como aqueles do núcleo próximos

desta região, apresentam também um decréscimo nos valores da tensão total

média (p).

Trajetórias de tensão total similares foram reportadas por Murrugarra

(1996) e Barrantes (2013).

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Figura 6.13 – Trajetórias de tensão total em pontos do espaldar de montante.

Figura 6.14 – Trajetórias de tensão total em pontos do núcleo central próximos da região

de montante.

Figura 6.15 – Trajetórias de tensão total em pontos do núcleo central próximos da região

de jusante.

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Figura 6.16 – Trajetórias de tensão total em pontos do espaldar de jusante.

6.3.5. Fator de segurança

O fator de segurança da estabilidade dos taludes foi avaliado pelos

programas FLAC 2D (simulação direta do colapso pelo método da redução dos

parâmetros de resistência) e SLOPE/W pela formulação convencional do método

de equilíbrio limite.

A vantagem de se empregar um método numérico (diferenças finitas,

elementos finitos) é que a forma e a localização da potencial superfície de

deslizamento não precisam ser previamente definidas pois são determinadas

durante o processo de solução. A desvantagem é que o engenheiro deve ter

cautela na interpretação dos resultados pois muitas vezes o colapso detectado

pelo programa se refere a deslizamentos locais (próximos à crista da barragem

ou rupturas superficiais nos taludes) que não comprometem a estabilidade global

do aterro.

Nesta pesquisa, sempre que rupturas locais foram identificadas (Figuras.

6.17a e 6.17b) optou-se por aumentar a resistência dos elementos por elas

afetados incrementando-se os valores da coesão para c = 1x106Pa até a

obtenção da superfície de instabilidade global (Figura 6.17c).

A Figura 6.18 mostra a superfície potencial de deslizamento obtida pelo

método de Spencer (método das fatias) a qual concorda satisfatoriamente com

aquela determinada anteriormente na Figura 6.17c, tanto em localização quanto

no valor do fator de segurança (FS = 1,69 no FLAC 2D, FS = 1,72 no SLOPE/W).

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As análises de estabilidade foram repetidas para a condição após o

primeiro enchimento do reservatório, com resultados mostrados nas Figuras.

6.19 e 6.20.

Figura 6.17 – Fator de segurança determinado com o programa FLAC 2D ao final da

construção da barragem: a) superfície local, FS=1,58, b) superfície local, FS=1,67 e c)

superfície global, FS=1,69.

Figura 6.18 – Fator de segurança determinado pelo programa SLOPE/W pelo método

Spencer ao final da construção da barragem, com FS = 1,72.

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Figura 6.19 – Fator de segurança determinado com o programa FLAC 2D após o

enchimento do reservatório: a) superfície crítica local, FS=1,56, b) superfície crítica

global, FS=1,65.

Figura 6.20 – Fator de segurança determinado com o programa SLOPE/W, pelo método

das fatias (método de Spencer), após o enchimento do reservatório com FS = 1,68.

6.4. Simulação pseudo-estática

As diversas soluções de equilíbrio limite para análise das condições de

estabilidade de taludes de solo sob carregamento estático, que podem ser

consideradas familiares ao engenheiro geotécnico (método das fatias), são

possíveis de serem estendidas para um contexto pseudo-estático adicionando-

se forças aplicadas no centro de gravidade da massa instável conservando-se o

mesmo módulo, mesma direção, porém sentido oposto ao das forças inerciais

geradas pela propagação da excitação sísmica (princípio de d’Alembert). Neste

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tipo de análise geralmente a componente vertical da força de inércia é

desprezada em função da hipótese de que as ondas cisalhantes incidentes são

verticais, e a componente horizontal é obtida pela multiplicação do coeficiente

sísmico horizontal k pelo peso total da massa de solo instável (ou peso das

respectivas fatias).

Recomendações da literatura estabelecem entre 1 a 1,15 o valor mínimo

aceitável do coeficiente de segurança pseudo-estático, enquanto que para

aterros de resíduos sólidos (landfills) as normas americanas exigem ao menos

um valor de 1,2 (Bray et al., 1995).

A escolha de k representa o passo mais importante e o mais difícil do

emprego de métodos pseudo-estáticos. Várias sugestões foram feitas na

literatura, comparando-se os resultados de análises pseudo-estáticas com

observações de campo e resultados obtidos através de métodos baseados no

cálculo de deformações.

Hynes–Griffin e Franklin (1984) recomendaram o valor 0.5PHArocha/g,

após análises de deslocamentos permanentes em taludes pelo método de

Newmark (1965) considerando 350 acelerogramas. O critério foi desenvolvido

para taludes de barragens, considerando materiais não suscetíveis à liquefação

sob ação de sismos de magnitude 8 ou inferior. De acordo com Kramer (1996),

ainda que julgamento de engenharia seja fundamental em todos os casos, o

critério proposto por Hynes-Griffin e Franklin (1984) deve ser escolha apropriada

para análise de estabilidade pseudo-estática para a maioria dos taludes.

Castillo e Alva (1993) realizaram estudos de ameaça sísmica no Peru

utilizando metodologia probabilística que integra informações sismotectônicas,

parâmetros sismológicos e leis de atenuação regionais para diferentes

mecanismos de ruptura, obtendo mapas de iso-acelerações, apresentadas na

Figura 6.21, considerando probabilidade de excedência de 10% em 100 anos.

Da figura, observa-se que na localidade da barragem de Breapampa PHArocha =

0,40g e pelo critério de Hynes–Griffin e Franklin (1984) o valor do coeficiente

sísmico para as análises pseudo-estáticas é k = 0,20.

Uma vez que terremotos são de curta duração, é razoável assumir,

exceto possivelmente para pedregulhos e enrocamentos, que a resistência ao

cisalhamento não drenada deve ser usada nos métodos pseudo-estáticos para

análise da estabilidade de taludes. Makidisi e Seed (1977) recomendaram para

solos argilosos e para solos granulares densos saturados, onde não se espera

significativa perda de resistência devido ao fenômeno da liquefação, a utilização

de 80% da resistência não drenada estática como valor da resistência não

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drenada dinâmica do solo. Aqueles pesquisadores observaram em ensaios de

laboratório um comportamento elástico das amostras de solo quando submetidas

a um grande número de ciclos (superior a 100) de até 80% da resistência não

drenada estática. Deformações permanentes substanciais foram observadas

para carregamentos cíclicos próximos do valor total da resistência não drenada

estática. Outros pesquisadores (Hynes-Griffin e Franklin, 1984; Kavazanjian et

al., 1997) também sugeriram uma redução de 20% do valor da resistência ao

cisalhamento estática, não drenada, para utilização nos métodos de cálculo

pseudo-estáticos.

Figura 6.21 – Distribuição de iso-acelerações no Peru considerando 10% de excedência

em 100 anos (Alva e Castillo, 1993).

LOCALIZAÇÃO

DO PROJETO

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Por outro lado, Duncan e Wright (2005) consideraram que esta redução

poderia ser ignorada para materiais não suscetíveis à liquefação devido aos

efeitos da velocidade de aplicação do carregamento sísmico. A maioria dos

solos sujeita a carregamentos cíclicos rápidos exibe uma resistência não

drenada de 20% a 50% superior àquela determinada em ensaios estáticos

convencionais de laboratório, onde o tempo para atingir a ruptura pode ser de

vários a muitos minutos. O aumento da resistência devido à velocidade de

aplicação do carregamento dinâmico poderia contrabalançar a redução proposta

por Makidisi e Seed (1977) para estimativa da resistência dinâmica de solos

argilosos e solos granulares densos saturados.

O fator de segurança pseudo-estático na barragem de Breapampa foi

determinado pelo método de Spencer (método das fatias) com o programa

computacional SLOPE/W considerando uma redução de 20% da resistência não

drenada do núcleo da barragem, obtendo-se o fator de segurança pseudo-

estático FSpseudo = 1,15 (caso reservatório vazio) no talude da jusante da

barragem e FSpseudo = 0,98 (caso do reservatório cheio) no talude da montante

da barragem com superfícies global de deslizamento indicada na Figura 6.22a e

Figura 6.22b respectivamente.

Figura 6.22 – Fator de segurança pseudo–estático determinado pelo método de Spencer

(método das fatias) considerando redução de 20% da resistência não drenada estática

do material do núcleo. a) Reservatório vazio - FSpseudo = 1,15. b) Reservatório cheio -

FSpseudo = 0,98

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6.5. Simulação dinâmica

Nesta seção são apresentados os resultados da resposta sísmica da

barragem de terra de Breampampa, com destaque para seleção e tratamento do

sismo de projeto. Sob ponto de vista de comportamento dinâmico, a rocha da

fundação foi considerada elástica linear e os materiais do corpo da barragem

(núcleo central e espaldares) foram representados com o modelo constitutivo de

Mohr-Coulomb, acrescido de amortecimento histerético para também introduzir

amortecimento na parcela elástica da deformação.

6.5.1. Sismo de Pisco (2007)

O território peruano esta localizado em uma das regiões com mais alto

grau de atividade sísmica do planeta em decorrência da subducção da placa

oceânica de Nazca que mergulha sob a placa continental Sul Americana. Nos

últimos anos vários terremotos de grande magnitude atingiram o país como o

sismo de Nazca em 1996 (7,6 Mw), sismo de Arequipa em 2001 (8,4 Mw) e o

sismo de Pisco em 2007 (7,9 Mw), este considerado o mais catastrófico desde

o sismo de Lima em 1974 (8,0 Mw).

Nesta dissertação considerou-se o sismo de Pisco (2007), cujos

acelerogramas foram registrados pela estação Ica da Universidad Nacional de

Ingenieria do Peru (CISMID/UNI) localizada a aproximadamente 120km do

epicentro (Figuras. 6.23 e 6.24). Para as análises sísmicas foram utilizados os 40

segundos da fase mais intensa do acelerograma da componente horizontal N-S,

registrado a cada 0,01s com aceleração de pico de 0,35g.

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113

Figura 6.23 – Localização do epicentro do sismo de Pisco, da estação sismográfica de

Ica e da localização da barragem de Breapampa (Fonte Google Earth).

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

Ace

lera

ção

(g

) Vertical

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220

-0.4-0.3-0.2-0.1

00.10.20.30.4

Ace

lera

ção

(g

) N-S

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220Tempo (s)

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

Ace

lera

ção

(g

)

E-W

Figura 6.24 – Acelerogramas do sismo de Pisco registrados na estação Ica: aceleração

vertical (superior), aceleração horizontal N-S (intermediária) e aceleração horizontal E-W

(inferior) - fonte CISMID/UNI - PERU.

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114

6.5.2. Correção da linha base e filtragem

A parte escolhida do acelerograma teve sua linha base corrigida e foram

filtradas as frequências superiores a 15Hz e inferiores a 0,1 Hz com auxílio do

programa computacional SeismoSignal (Seismosoft), utilizando os parâmetros

listados na Tabela 6.2. A Figura 6.25 compara as histórias de aceleração,

velocidade e deslocamento utilizando os valores originais e corrigidos pela linha

base. A diferença de valores na história de deslocamentos atinge um máximo de

33,75cm ao final do sismo.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40Tempo (t)

-40

-20

0

20

40

Des

loca

men

to (

cm)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40

-60-40-20

020406080

Velo

cid

ade

(cm

/s)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40

-0.4-0.3-0.2-0.1

00.10.20.30.4

Ace

lera

ção

(g

) Registro não corregido

Registro corregido

Figura 6.25 – Histórias de aceleração, velocidade e deslocamento originais e corrigidas

pela linha base.

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115

Tabela 6.2- Parâmetros utilizados na correção por linha base e filtragem do sismo de

Pisco.

Filtragem Linha Base

Passa

alta Hz

Passa baixa

Hz Tipo de filtro

Ordem do

filtro

Ordem do

polinômio

0,1 15 Butterworth 2 2

6.5.3. Avaliação probabilística de ameaça sísmica na área do projeto

A análise da ameaça sísmica tem como objetivo a determinação da curva

de ameaça sísmica, ou seja, uma curva que represente a probabilidade de

excedência da aceleração de pico, no local em estudo e para um dado intervalo

de tempo, ou represente o período de retorno. O ponto de avaliação da ameaça

sísmica onde fica a barragem tem as seguintes coordenadas de localização,

Latitude -73,65O e Longitude -15.05S. A Figura 6.23 apresenta a localização do

projeto.

A avaliação probabilística de ameaça sísmica foi feita seguindo os passos

descritos no Item 2.6.2 com auxilio do programa computacional CRISIS 2007,

desenvolvida por Ordaz et al. (2007). Obtendo o espectro de acelerações

uniformemente provável na região da barragem para períodos de 0 a 3s,

considerando tempo de vida útil da estrutura de 100 anos, período de retorno de

950 anos com probabilidade de excedência de 10%, com base na lei de

atenuação de Youngs et al. (1997) considerada bastante adequada para as

condições sismo-tectônicas do Peru (Figura 6.26).

6.5.4. Ajuste espectral

Finalmente, com o objetivo de obter um sismo de projeto compatível com

as caraterísticas sísmicas da zona de projeto, foi feito um ajuste espectral no

domínio do tempo com auxilio do programa de computador SeismoMatch

(Seismosoft), seguindo o procedimento da seção 5.3.4. A Figura 6.26 mostra o

espectro inicial correspondente à fase intensa do terremoto de Pisco, o espectro

de acelerações uniformemente provável e o espectro ajustado para ser

empregado nesta pesquisa e, na Figura 6.27, o sismo de projeto gerado

artificialmente com aceleração de pico PHArocha = 0,4g.

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116

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3Período da estrutura (s)

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

Ace

lera

ção

(g

)

Espectro Inicial

Espectro Uniforme Provável

Espectro Ajustado

Figura 6.26 – Ajuste espectral no domínio do tempo.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40Tempo (s)

-0.4-0.3-0.2-0.1

00.10.20.30.4

Ace

lera

ção

(g

)

amax= 0.4g

Figura 6.27 – Registro sísmico ajustado no domínio do tempo.

6.5.5. Sismo de projeto

De acordo com a teoria da elasticidade linear, a geração de esforços em

um meio contínuo depende da velocidade de propagação da onda (ver Equação

5.6) e, por este razão, seguindo também recomendações da literatura, a

frequência de corte será determinada com base na história das velocidades.

O registro de acelerações da Figura 6.27 foi utilizado para obtenção do

registro das velocidades, por integração no tempo, e em seguida para

determinação do espectro de potência de velocidade com auxílio da

transformada rápida de Fourier (FFT). A frequência de corte fc = 5Hz foi

selecionada de tal modo que 99% da potência fosse mantida (Figura 6.28). Tal

procedimento, lembra-se novamente, é fundamental para possibilitar elementos

do maior tamanho possível na discretização do contínuo, assegurar a

transmissão de ondas através dos mesmos, diminuir o número de elementos da

malha e, consequentemente, reduzir o tempo de processamento destas análises

não lineares.

Como último procedimento, foi aplicado novamente o filtro passa-baixa

com auxílio do programa computacional SeismoSignal (Seismosoft) retirando-se

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117

da história de velocidades do sismo de projeto as contribuições das frequências

superiores a 5Hz (Figura 6.29).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Frequência (Hz)

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

E

sp

ectr

o d

e

po

tên

cia

(10

-4)

Frequência de corte=5Hz (99% da potência)

Figura 6.28 – Espectro de potência avaliada com base na história de velocidades do

sismo de projeto.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40Tempo (s)

-0.5-0.4-0.3-0.2-0.1

00.10.20.30.4

Ve

loci

dad

e (m

/s)

Registro filtrado Fc=5Hz

Registro sem filtrar

Figura 6.29 – História de velocidades final do sismo de projeto.

6.5.6. Malha e condições de contorno

Como mencionado, a geração da malha para a análise sísmica foi feita

considerando a frequência de corte fc = 5Hz, com um tamanho máximo do

elemento correspondente a 1/9 do comprimento de onda SV. A Tabela 6.3

apresenta o tamanho máximo (i.e., a altura máxima do elemento considerando

que a onda SV se propaga verticalmente) para as regiões da fundação,

espaldares e núcleo central da barragem. A malha empregada (Figura 6.30) é

constituída por 1331 elementos retangulares (ou zonas, na terminologia do FLAC

2D). As condições nos contornos laterais foram estabelecidas em termos de

campo livre e a condição de contorno na base prescrita através de

amortecedores simulando a condição de base flexível.

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118

Tabela 6.3- Altura máxima dos elementos na fundação e corpo da barragem.

Região

(kg/m3)

G

(MPa)

VS

(m/s)

f

(Hz)

lmáx

(m) l escolhido (m)

Núcleo 2038,7 11,539 75,23 5 1,67 1,5

Enrocamento 2446,5 13,269 73,65 5 1,63 1,5

Fundação 2548,4 2213,11 931,90 5 20,71 5,3

Figura 6.30 – Malha de diferenças finitas e condições de contorno para análise sísmica.

6.5.7. Aplicação da excitação sísmica

A excitação sísmica foi aplicada na base silenciosa por meio de um

carregamento em termos de tensões cisalhantes cíclicas porque, como já

mencionado, caso fosse especificada mediante registros de aceleração ou

velocidade seus efeitos seriam anulados pelos amortecedores distribuídos ao

longo da base da discretização. Assim, o registro de velocidade filtrado da Figura

6.29 foi convertido em registro de tensões cisalhantes cíclicas por meio da

Equação 5.8 considerando-se inicialmente o valor teórico a = 2. No entanto, as

diferenças entre o registro de velocidades prescrito na base (implicitamente pelo

registro de tensões cisalhantes cíclicas) e o registro de velocidades computado

na base pelo programa FLAC 2D foram significativas, o que motivou, por um

processo de tentativa e erro, a variação no valor da constante a até haver uma

concordância razoável entre ambas as distribuições (Figura 6.31), o que

aconteceu com a = 1,05.

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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40Tempo (s)

-0.8-0.6-0.4-0.2

00.20.40.60.8

Ve

loci

dad

e (m

/s)

Objetivo

a=2.00

a=1.05

Figura 6.31 – Ajuste da constante a para concordar os registros de velocidade prescrito e

computado na base do modelo.

6.5.8. Frequências predominantes

Para a avaliação das frequências predominantes no sistema, a barragem

foi analisada como um modelo elástico não amortecido. Nesta simulação foram

calculadas as velocidades horizontais de pontos nodais dos espaldares e do

núcleo, determinando-se os espectros de potência de velocidade mostrados na

Figura 6.32. Observou-se que as frequências predominantes variam de 0,275 Hz

a 0,95 Hz.

0 1 2 3 4 5Frequência (Hz)

0

1

2

3

Esp

ect

ro d

e P

otê

ncia

(x1

0-3)

Enrocamento

Núcleo

Figura 6.32 – Espectros de potência de velocidade determinados em análise elástica não

amortecida para pontos do núcleo e espaldares da barragem.

6.5.9. Amortecimento histerético

Como já discutido anteriormente, o amortecimento de solos é do tipo

histerético, caracterizado pela independência em relação à frequência da

excitação mas dependente da amplitude das deformações cíclicas cisalhantes.

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120

No programa FLAC 2D o amortecimento histerético, consistindo nas curvas de

degradação do módulo de cisalhamento e do aumento da razão de

amortecimento com a deformação cisalhante efetiva, pode ser representado por

algumas expressões matemáticas dentre as quais a Equação 4.14, para o

modelo padrão de 2 parâmetros, e a Equação 4.16, para o modelo sigmoidal

Sigma3.

Para determinação das constantes destas equações gerais um ajuste é

feito com as curvas experimentais propostas por Seed e al. (1986), para o

material dos espaldares, e por Vucetic e Dobry (1991), para o material do núcleo.

A Tabela 6.4 apresenta os valores das constantes que melhor representam as

curvas experimentais nos modelos padrão (2 constantes) e Sigma3 (3

constantes) implementados no programa FLAC 2D.

As Figuras 6.33 e 6.34 e as Figuras 6.35 e 6.36 ilustram a variação do

módulo cisalhante e a variação da razão de amortecimento com a deformação

cisalhante efetiva, comparadas com as curvas experimentais obtidas para argilas

(Vucetic e Dobry, 1991) e enrocamento (Seed et al., 1986), respectivamente.

Tabela 6.4- Valores dos parâmetros de amortecimento histérico nos modelos SIGMA2

(padrão) e SIGMA3 obtidos através de ajustes com curvas experimentais propostas na

literatura.

Material Padrão Sigma3

L1= -3,025 a= 1,014

L2= 0,6637 b= -0,5592

x0= -1,2507

L1= -4,001 a= 1,065

L2= 0,2853 b= -0,695

x0=-1,995

Núcleo

Enrocamento

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121

0.0001 0.001 0.01 0.1 1

Deformação cisalhante efetiva (%)

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

G/G

max

SHAKE2000-Núcleo por Vucetic e Dobry (1991)

FLAC-Padrão

FLAC-Sig3

Figura 6.33 – Comparação entre as curvas previstas e experimentais da degradação do

módulo cisalhante com a deformação cisalhante efetiva para o Núcleo.

0.0001 0.001 0.01 0.1 1

Deformação cisalhante efetiva (%)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Am

ort

ecim

en

to (

%)

SHAKE2000-Núcleo por Vucetic e Dobry (1991)

FLAC-Padrão

FLAC-Sig3

Figura 6.34 – Comparação entre as curvas previstas e experimentais do aumento da

razão de amortecimento com a deformação cisalhante efetiva para o Núcleo.

0.0001 0.001 0.01 0.1 1

Deformação cisalhante efetiva (%)

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

G/G

max

SHAKE2000-Enrocamento por Seed et al. (1986)

FLAC-Padrão

FLAC-Sig3

Figura 6.35 – Comparação entre as curvas previstas e experimentais da degradação do

módulo cisalhante com a deformação cisalhante efetiva para o enrocamento.

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122

0.0001 0.001 0.01 0.1 1

Deformação cisalhante efetiva (%)

05

10152025303540455055

Am

ort

ecim

en

to (

%)

SHAKE2000-Enrocamento por Seed et al. (1986)

FLAC-Padrão

FLAC-Sig3

Figura 6.36 – Comparação entre as curvas previstas e experimentais do aumento da

razão de amortecimento com a deformação cisalhante efetiva para o Enrocamento.

6.5.10. Aferição com o programa SHAKE2000

O programa SHAKE2000 é comumente utilizado para investigação da

resposta sísmica de depósitos de solo constituídos por camadas horizontais

visco-elásticas considerando propagação 1D de ondas SV verticais.

Com o objetivo de verificar aproximadamente o desempenho do

amortecimento histerético obtido por ajuste de curvas, uma coluna de solo

(coluna 1 na Figura 6.37) ao longo do eixo central da barragem foi investigada

com os programas FLAC 2D e SHAKE2000, numa simulação numérica

semelhante à modelagem de um ensaio de cisalhamento cíclico (Figura 6.38).O

processo de cálculo é apresentado no Anexo 2.

A Figura 6.39 apresenta a comparação dos resultados obtidos, em termos

de distribuição com a profundidade da aceleração horizontal máxima e da tensão

cisalhante cíclica máxima, em ambos os programas. De modo geral em todos os

casos analisados, indicados na figura, os resultados foram razoavelmente

aproximados e, nesta pesquisa, adotou-se então o amortecimento histerético

previsto com o modelo sigmoidal Sigma3 acrescido de 0,2% de amortecimento

de Rayleigh proporcional à rigidez. A inclusão adicional desta parcela de

amortecimento segue recomendações do manual do usuário FLAC 2D como

medida aconselhada para amortecimento de ruídos induzidos por altas

frequências.

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123

Coluna 1  

Figura 6.37 – Coluna de solo ao longo do eixo central da seção transversal da barragem

de Breapampa.

Figura 6.38 – Coluna modelada no programa FLAC para simulação de um ensaio de

cisalhamento cíclico.

0 30 60 90 120 150 180Tensão Cisalhante Máxima (kPa)

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

Pro

fun

did

ad

e (

m)

SHAKE

FLAC-Padrão

FLAC-Padrão+0.2%Rayl

FLAC-Sig3

FLAC-Sig3+0.2%Rayl

b)

0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8Aceleração Máxima (g)

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

Pro

fun

did

ad

e (

m)

SHAKE

FLAC-Padrão

FLAC-Padrão+0.2%Rayl

FLAC-Sig3

FLAC-Sig3+0.2%Rayl

a)

Figura 6.39 – Comparação dos resultados obtidos com o FLAC 2D e SHAKE2000: a)

aceleração horizontal máxima b) tensão cisalhante cíclica máxima.

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124

6.5.11. Síntese da resposta sísmica

Com a finalidade de estudar a influência da condição do reservatório da

barragem no comportamento sísmico da barragem, realizaram-se duas análises

considerando-se o estado imediatamente após o final da construção e logo após

o primeiro enchimento do reservatório.

Para obtenção da solução numérica é necessário integrar no tempo as

equações do movimento, com o programa computacional FLAC empregando um

algoritmo explícito que exige intervalos suficientemente pequenos para

assegurar a estabilidade da solução e precisão nos resultados. Os intervalos de

tempo utilizados para as situações da barragem após a construção e depois do

primeiro enchimento do reservatório foram t = 4x10-5s e t = 2,4x10-5s

respectivamente.

6.5.11.1. Resposta de aceleração horizontal

A Figura 6.40 mostra a resposta de aceleração horizontal previstas para o

ponto da crista da barragem, localizado no eixo central, em ambos os casos

investigados. Para o caso 1 (reservatório vazio) o valor da aceleração horizontal

máxima foi de 0,44g (Figura 6.40a), enquanto que para o caso 2 (reservatório

cheio) foi de 0,49g (Figura 6.40b), correspondendo a uma amplificação de 1,23

vezes o valor máximo da aceleração horizontal no registro sísmico de entrada.

Com auxílio da transformada rápida de Fourier (FFT) foram construídos os

respectivos espectros de potência de aceleração que permitiu observar que a

frequência predominante, em ambos as situações, situa-se em 3 Hz (Figura

6.41).

6.5.11.2. Deslocamentos permanentes

Os deslocamentos horizontais permanentes previstos na face do talude de

jusante alcançam valores de até 1,75m na condição de reservatório vazio (Figura

6.42a), mas apenas 25cm na condição de reservatório cheio (Figura 6.42b).

Comportamento similar foi verificado em relação aos deslocamentos verticais

permanentes, variando de um máximo de 2m na crista da barragem, na condição

de reservatório vazio (Figura 6.43a), para apenas 17,5cm na condição de

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125

reservatório cheio (Figura 6.43b). A Figura 6.44 apresenta os deslocamentos

permanentes após a ocorrência do sismo, nas direções horizontal e vertical, ao

longo do eixo central da seção transversal da barragem para ambos os casos

investigados. Os respectivos valores foram 62cm e 109,64cm, no caso 1, e

12,77cm e 8,54cm, no caso 2.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40Tempo (s)

-0.6-0.45

-0.3-0.15

00.150.3

0.45

Ac

ele

raç

ão

(g

)

a)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40Tempo (s)

-0.6-0.45

-0.3-0.15

00.15

0.30.45

0.6

Ac

ele

raç

ão

(g

)

b)

0.44g

-0.49g

-0.44g

0.41g

Figura 6.40 – Respostas de aceleração horizontal na crista da barragem para as

condições de: a) reservatório vazio b) reservatório cheio.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Frequência (Hz)

0

0.4

0.8

1.2

1.6

2

2.4

2.8

Esp

ectr

o d

e p

otê

nc

ia (

x10

-1)

b)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Frequência (Hz)

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Esp

ectr

o d

e p

otê

nc

ia (

x10

-1)

a)

f2=3.00f1=2.10f1=3.00

Figura 6.41 – Espectros de potência de aceleração na crista da barragem para as

condições de: a) reservatório vazio b) reservatório cheio.

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Figura 6.42 – Distribuição dos deslocamentos horizontais permanentes após a

ocorrência do sismo na condição de: a) reservatório vazio, b) reservatório cheio.

Figura 6.43 – Distribuição dos deslocamentos verticais permanentes após a ocorrência

do sismo na condição de: a) reservatório vazio, b) reservatório cheio.

De acordo com recomendações da California Geological Survey (2008) os

valores de deslocamento indicam um índice de servicibilidade qualitativo,

requerendo-se experiência e julgamento par avaliar a estabilidade do talude com

respeito aos deslocamentos verificados. Como orientação geral:

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a) deslocamentos permanentes de até 10cm provavelmente não causarão

nenhuma instabilidade séria do talude;

b) no intervalo entre 15cm e 100cm, a deformação permanente do talude

pode causar fissuras no terreno e perda de resistência que podem

provocar uma ruptura progressiva após a ocorrência do terremoto,

dependendo da geometria do talude e das propriedades dos materiais.

c) deslocamentos permanentes superiores a 100cm provavelmente

indicam perda da servicibilidade do talude que pode ser considerado

instável.

Na barragem de Breapampa, os deslocamentos obtidos no caso 1

(reservatório vazio) ultrapassam o limite de 100cm mas ocorrem muito

localmente, na região próxima à crista, que parecem não comprometer a

segurança global da estrutura.

-120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20Deslocamento vertical (cm)

00.10.20.30.40.50.60.70.80.9

1

Z/H

Reservatório cheio

Reservatório vazio

b)

-10 0 10 20 30 40 50 60 70Deslocamento horizontal (cm)

00.10.20.30.40.50.60.70.80.9

1

Z/H

Reservatório cheio

Reservatório vazio

a)

Figura 6.44 – Distribuição dos deslocamentos horizontais e verticais permanentes após a

ocorrência do sismo na condição de reservatório vazio e reservatório cheio.

6.5.11.3. História dos deslocamentos

A Figura 6.45 mostra a resposta no tempo dos deslocamentos horizontais

e verticais previstos no centro da crista da barragem, percebendo-se que a partir

do instante t = 19,5s os deslocamentos deixam de ser elásticos, crescendo de

valor significativamente principalmente na condição de reservatório vazio.

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0 5 10 15 20 25 30 35 40 45Tempo (s)

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

20

De

slc.

ve

rtic

al (

cm)

Reservatório cheio

Reservatório vazio

b)

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45tempo (s)

-20

-10

0

10

20

30

40

Des

loc.

ho

rizo

nta

l (c

m)

Reservatório cheio

Reservatório vazio

a)

Figura 6.45 – História dos deslocamentos horizontal e vertical no ponto central da crista

da barragem.

6.5.11.4. Poropressões e potencial de ruptura cíclica

A Figura 6.46a apresenta a distribuição da poropressão logo após o

término da ocorrência do sismo, observando-se apenas pequenas variações em

relação à condição inicial de fluxo permanente (Figura 6.46b).

Figura 6.46 – a) Distribuição das poropressões após a ocorrência do sismo em t = 40s.

b) Distribuição das poropressões na condição inicial de fluxo permanente em t = 0.

Em solos finos há considerável evidência que a condição crítica de estabilidade

nem sempre ocorre durante o terremoto mas pode, de fato, acontecer minutos

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ou horas após o sismo. A barragem de terra analisada apresenta espaldares de

enrocamento (com dissipação praticamente instantânea dos excessos de

propressão), mas o núcleo é constituído por areia silto-argilosa com índice de

plasticidade IP=9%.

De acordo com Boulanger e Idriss (2004), para fins práticos solos finos com

IP < 7 podem ser classificados como areia, suscetíveis à liquefação dinâmica, ou

como argilas para índice de plasticidade IP 7, suscetíveis à ruptura cíclica. Os

termos liquefação e ruptura cíclica não implicam significativas diferenças no

comportamento tensão x deformação durante um carregamento cíclico não

drenado, mas são usados apenas para referenciar tipos de solo (areia, argila)

cujos comportamentos mecânicos fundamentais são diferentes entre si.

Assim, decidiu-se examinar o potencial de ruptura cíclica da barragem

imediatamente após o final do terremoto, calculando-se o valor do parâmetro de

poropressão ru definido por

0cu

ur

6.1

onde u representa a variação da poropressão causada pelo sismo e 0c a

tensão normal efetiva octaédrica inicial. Nos pontos onde ru > 1 a ruptura cíclica

aconteceria, i.e. o valor do excesso de poropressão ultrapassaria o valor da

tensão normal 0c .

A Figura 6.47 mostra que em certas regiões do núcleo próximos à crista da

barragem o parâmetro de poropressão atinge valores próximos a 1, porém sem

causar colapso por ruptura cíclica.

Figura 6.47 – Distribuição do parâmetro de poropressão ru imediatamente após a

ocorrência do terremoto.

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6.5.11.5. Verificação da malha após o terremoto

Como mencionado anteriormente, a altura máxima do elemento para uma

adequada transmissão da onda SV foi estabelecida em 1/9 do comprimento de

onda, que depende, por sua vez, do módulo de cisalhamento do material. Como

estes módulos para os materiais dos espaldares e núcleo diminuem com a

deformação cisalhante, a questão que se coloca neste ponto é se os elementos

ainda satisfazem o critério de altura máxima com o valor do G final degradado.

)(

9

1

9maxG

ff

Vl

CC

S 6.2

onde l é a altura máxima do elemento, Hz5fC a frequência de corte, ѱ o

fator de redução do modulo cisalhante maxG , a massa especifica do material.

A Figura 6.48 mostra o mapa das alturas máximas dos elementos

considerando-se o valor do módulo de cisalhamento final, constando-se que são

maiores do que as dimensões listadas na Tabela 6.3, assegurando, portanto,

que a condição de transmissibilidade de ondas foi satisfeita na malha utilizada.

Figura 6.48 – Distribuição das alturas máximas dos elementos da malha para assegurar

a transmissibilidade das ondas SV durante a ocorrência do sismo.

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7 Conclusões e Sugestões

A presente dissertação tem por objetivo principal não somente apresentar

a previsão numérica do comportamento sísmico da barragem de Breapampa,

situada numa região de atividade sísmica no Peru, como também detalhar os

procedimentos, etapas e verificações necessárias para uma correta modelagem

de problemas envolvendo excitações sísmicas.

Embora certas dificuldades de modelagem já tenham sido hoje superadas,

como a implementação de contornos silenciosos para garantir a radiação de

energia para o exterior da malha, outras ainda necessitam de mais esforços de

pesquisa, como o desenvolvimento de um modelo constitutivo para

carregamentos cíclicos que implícita e eficientemente represente a perda de

energia (amortecimento) devida a seu comportamento inelástico dos materiais

geológicos.

Pode-se afirmar que os resultados das análises sísmicas dependem

fundamentalmente do amortecimento do sistema bem como da verossimilhança

do terremoto de projeto em relação às características sismo-tectônicas do sítio

de interesse. Em relação a este último aspecto, várias outras incertezas são

incorporadas na análise, nas investigações de ameaça sísmica que dependem

da aplicabilidade ou não de certas leis de atenuação, da disponibilidade de

registros sísmicos próximos ao local do projeto, de estudos probabilísticos que

são função da disponibilidade de catálogo de sismos, etc.

Enfim, trata-se de uma área de pesquisa que muito evoluiu nos últimos 50

anos, desde o grande terremoto do Alasca de 1964, mas que ainda lança

formidáveis desafios por exigir conhecimentos específicos de geotecnia e de

geofísica.

Das principais conclusões desta pesquisa, podem ser citadas:

a. a versatilidade e robustez do programa computacional FLAC 2D

para análises sísmicas, aliada à flexibilidade que permite ao usuário

introduzir suas próprias rotinas e modelos através da programação

FISH ou C++;

b. quando da aplicação de métodos numéricos para determinação do

fator de segurança da estabilidade de taludes (simulação do

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colapso via redução dos parâmetros de resistência) deve-se

cuidadosamente verificar sobre a natureza local ou global da

potencial superfície de ruptura assim determinada;

c. a condição crítica de resposta sísmica na barragem de terra

ocorreu logo após a sua construção (reservatório vazio) com a

maior previsão de deslocamentos permanentes;

d. a condição de estabilidade de um talude após a ocorrência do

sismo, com base nos deslocamentos permanentes apresentados, é

tarefa difícil que exige experiência e julgamento de engenharia;

e. embora o fenômeno de liquefação dinâmica ocorra

predominantemente em solos granulares fofos saturados, é

possível que em solos finos, como no núcleo da barragem de

Breapampa, possa acontecer o fenômeno da ruptura cíclica

(Boulanger e Idriss, 2004);

f. deve-se ter cautela na escolha do método linear equivalente na

execução de análises sísmicas porque o módulo de cisalhamento

pode apresentar uma degradação excessiva acarretando

deslocamentos irreais no problema. Em contrapartida, o método é

geralmente empregado em conjunto com um modelo elasto-plástico

(Mohr - Coulomb, no caso desta pesquisa) em virtude da

inabilidade do modelo constitutivo em simular satisfatoriamente o

amortecimento provocado pelo carregamento cíclico bem como à

necessidade de amortecer a componente elástica da deformação.

Adicionalmente, recomenda-se também utilizar um baixo valor de

amortecimento de Rayleigh para amortecer os ruídos causados por

altas frequências. Esta conclusão bem resume o que foi

mencionado anteriormente em relação ao papel fundamental do

amortecimento na resposta sísmica de estruturas.

Como principais sugestões de futuras pesquisas são citadas as seguintes:

a. verificar a influência de geometrias 3D na resposta de barragens

que, em zonas de atividade sísmica, são geralmente de grande

altura em vales estreitos;

b. incorporar efeitos da interação fluido-estrutura já que na condição

de reservatório cheio forças hidrodinâmicas podem ter influência

importante no comportamento da barragem.

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Anexos

Anexo 1: Modelagem da barragem Breapampa em FLAC

config gwflow dynamic extra 20 ;----------------------------------------------------------- ;Geração da malha e propriedades do material ;----------------------------------------------------------- grid 49,35 gen 0.0,3740.0 0.0,3756.0 30.0,3756.0 30.0,3740.0 i=1,7 j=1,4 gen 30.0,3740.0 30.0,3756.0 55.0,3751.8 55.0,3740.0002 ratio 0.91,1.0 i=7,14 j=1,4 gen 55.0,3740.0002 55.0,3751.8 117.8,3748.4 117.8,3740.0002 i=14,34 j=1,4 gen 117.8,3740.0002 117.8,3748.4 148.36,3748.0 148.36,3740.0 ratio 1.07,1.0 i=34,44 j=1,4 gen 148.36,3740.0 148.36,3748.0 178.0,3748.0 178.0,3740.0 i=44,50 j=1,4 gen 117.8,3748.4 86.2,3780.0 90.76,3780.0 148.36,3748.0 ratio 1.07,0.98 i=34,44 j=4,30 gen 55.0,3751.8 83.2,3780.0 86.2,3780.0 117.8,3748.4 ratio 1.0,0.98 i=14,34 j=4,30 gen 30.0,3756.0 78.3,3780.0 83.2,3780.0 55.0,3751.8 ratio 0.91,0.98 i=7,14 j=4,30 gen 78.3,3780.0 81.7,3781.7 83.2,3781.7 83.2,3780.0 ratio 0.91,1.0 i=7,14 j=30,36 gen 83.2,3780.0 83.2,3781.7 86.2,3781.7 86.2,3780.0 i=14,34 j=30,36 gen 86.2,3780.0 86.2,3781.7 87.7,3781.7 90.76,3780.0 ratio 1.07,1.0 i=34,44 j=30,36 mark j=4 mark i=34 j=4,30 mark i=14 j=4,30 mark i=14,34 j=30 ;----------------------------------------------------------- ; Condição de contorno ;----------------------------------------------------------- fix x i=1 j=1,4 fix x i=50 j=1,4 fix x y j=1 group 'Fundacao:Rocha' i=1,49 j=1,3

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call 'Grupo.fis'; Def. grupos e modelos do corpo da barragem segundo o tipo de material Grupo model elastic group 'Fundacao:Rocha' prop density=2548.0 bulk=3.21429E9 shear=2.21311E9 group 'Fundacao:Rocha' prop por=0.19 perm=1.02E-12 group 'Fundacao:Rocha' save_Malha.sav ;----------------------------------------------------------- ;Condição inicial da análise ;----------------------------------------------------------- model null group 'Barragem:Nucleo' model null group 'Barragem:Espaldar' set gravity=9.81 set flow=off water density=1000.0 set dyn=off set echo=off call 'Ininv.fis' set wth=3748 k0x=0.5 k0z=0.5 ininv history 999 unbalanced solve save Cond_Inic.sav ;----------------------------------------------------------- ;Processo da construção ;----------------------------------------------------------- call 'Constu.fis' Constu save Contrução.sav ;----------------------------------------------------------- ;análise dinâmico após a construção sem enchimento ;----------------------------------------------------------- call 'change_shear.fis' set p_ratio=0.3 change_shear water bulk=2.0E8 set dyn=on set =small call 'Table201.dat' initial xdisp 0 ydisp 0 initial xvel 0 yvel 0 set echo=off call 'strain_hist.fis' strain_hist set echo=off

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call 'reldispx.fis' reldispx history 4 dytime history 5 vsxy i=23, j=10 history 6 str_23_10 history 7 reldispx history 8 reldispy history 9 xaccel i=23, j=1 history 10 xaccel i=23, j=4 history 11 xaccel i=23, j=10 history 12 xaccel i=23, j=36 history 13 xaccel i=10, j=15 history 14 xaccel i=40, j=15 history 15 xvel i=23, j=1 history 16 xvel i=23, j=4 history 17 xvel i=23, j=10 history 18 xvel i=23, j=36 history 19 xvel i=10, j=15 history 20 xvel i=40, j=15 history nstep 400 set step=4000000 save dinamic_A1.sav ;aplicação do carregamento dinâmico apply ffield ini dy_damp hyst sig3 1.014 -0.5592 -1.2507 region 22 23; Núcleo ini dy_damp hyst sig3 1.065 -0.695 -1.995 region 8 14; Enrocamento ini dy_damp rayleigh 0.002 0.75 stiffness i 7 44 j 5 36 apply sxy -4014746.0 hist table 201 from 1,1 to 50,1 apply xquiet from 1,1 to 50,1 apply yquiet from 1,1 to 50,1 set echo off call 'savefs.fis' savefs set echo off call 'calFS.fis' set nsample=50 nstep=1 calFS save dinamic_A2.sav set multistep=on solve dytime 40.0 save dinamic_A3.sav ;----------------------------------------------------------- ;Processo de enchimento ;----------------------------------------------------------- Restore 'Contrução.sav' apply pp 0.0 var 0.0 392400.0 from 7,30 to 1,1 fix pp i 34 j 4 30

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fix pp i 34 50 j 4 prop por=0.38 k11=1.02E-10 k22=1.22E-12 region 21 9 prop por=0.34 perm=4.69E-8 region 8 12 history 1 pp i=11, j=5 history 2 pp i=24, j=5 history 3 gwtime set mechanical=off set flow=on water bulk=2000000.0 set fastwb=on set step=500000 solve apply pressure 0.0 var 0.0 235440.0 from 7,30 to 1,4 set mechanical=on set flow=off water bulk=0.0 solve save enchim.sav ;----------------------------------------------------------- ;análise dinâmico após o enchimento ;----------------------------------------------------------- call 'change_shear.fis' set p_ratio=0.3 change_shear water bulk=2.0E8 set dyn=on set=small call 'Table201.dat' initial xdisp 0 ydisp 0 initial xvel 0 yvel 0 set echo=off call 'strain_hist.fis' strain_hist set echo=off call 'reldispx.fis' reldispx set echo=off call 'inipp.fis' inipp set echo=off call 'excpp.fis' excpp history 4 dytime history 5 vsxy i=23, j=10 history 6 str_23_10 history 7 reldispx history 8 reldispy history 9 excpp history 10 pp i=23, j=5 history 11 esyy i=23, j=5 history 12 xaccel i=23, j=1

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history 13 xaccel i=23, j=4 history 14 xaccel i=23, j=10 history 15 xaccel i=23, j=36 history 16 xaccel i=10, j=15 history 17 xaccel i=40, j=15 history 18 xvel i=23, j=1 history 19 xvel i=23, j=4 history 20 xvel i=23, j=10 history 21 xvel i=23, j=36 history 22 xvel i=10, j=15 history 23 xvel i=40, j=15 history nstep 800 set step=4000000 save dinamic_B1.sav ;aplicação do carregamento dinâmico apply ffield ini dy_damp hyst sig3 1.014 -0.5592 -1.279 i=7 43, j=4 35 ini dy_damp rayleigh 0.002 0.75 stiffness i 7 44 j 5 36 apply sxy -4014746.0 hist table 201 from 1,1 to 50,1 apply xquiet from 1,1 to 50,1 apply yquiet from 1,1 to 50,1 set echo off call 'savepp.fis' savepp set echo off call 'getExcesspp.fis' set nsample=50 nstep=1 getExcesspp save dinamic_B2.sav set multistep=on solve dytime 40.0 save dinamic_B3.sav

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Anexo 2: Modelo para camadas do deposito de solo não linear

Coluna 1- SHAKE-2000. Option 1 - Dynamic Soil Properties Set No. 1 1 3 9 Gravel Avg. G/Gmax - GRAVEL, Average (Seed et al. 1986) 0.0001 0.0003 0.001 0.003 0.010 0.030 0.10 0.30 1.00 1.0000 0.9700 0.870 0.730 0.550 0.370 0.20 0.10 0.05 9 Gravel Damping for GRAVEL, Average (Seed et al. 1986) 0.0001 0.0003 0.001 0.003 0.010 0.030 0.10 0.30 1.00 0.8000 1.0000 1.900 3.000 5.400 9.600 15.4 20.8 24.6 20 Soil PI=15 G/Gmax - Soil with PI=15, OCR=1-15 (Vucetic & Dobry, JGE 1/91) 0.0007 0.0009 0.001 0.002 0.003 0.004 0.006 0.008 0.01 0.02 0.03 0.04 0.08 0.10 0.20 0.30 0.40 0.60 0.8 1.0 1.00 0.995 0.990 0.970 0.950 0.925 0.875 0.85 0.815 0.72 0.65 0.6 0.455 0.405 0.29 0.22 0.190 0.14 0.11 0.095 20 Soil PI=15 Damping-Soil with PI=15, OCR=1-8 (Vucetic & Dobry, JGE 1/91) 0.003 0.004 0.005 0.006 0.008 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.07 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 1.0 2.5 2.8 3.2 3.5 4.1 4.5 6.4 7.6 8.4 9.2 10.3 11.5 14.3 15.9 17 17.6 18.3 18.8 19.3 19.9 8 Rock G/Gmax - ROCK (Schnabel 1973) 0.0001 0.0003 0.001 0.003 0.010 0.030 0.100 1.0 1.0 1.0 0.99 0.95 0.9 0.81 0.725 0.55 5 Rock Damping for ROCK (Schnabel 1973) 0.0001 0.001 0.010 0.10 1.0 0.40 0.80 1.50 3.0 4.6 3 1 2 3 Option 2 - Soil Profile Set No. 1 2 1 17 Soil Profile No. 1 1 1 1.7 0.05 24 189.4

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2 2 2 0.05 20 245.2 3 2 2 0.05 20 279.6 4 2 2 0.05 20 303.9 5 2 2 0.05 20 322.6 6 2 2 0.05 20 338.5 7 2 2 0.05 20 353.2 8 2 2 0.05 20 367.3 9 2 2 0.05 20 381.3 10 2 2 0.05 20 395.2 11 2 2 0.05 20 408.9 12 2 1.94 0.05 20 422.3 13 2 1.94 0.05 20 434.3 14 2 1.94 0.05 20 444.2 15 2 1.94 0.05 20 451.8 16 2 1.94 0.05 20 456.1 17 3 0.02 25 931.9 Option 3 - Input Motion: 3 3996 8192 0.01 (6F15.8) C:\Users\raico\Desktop\SHAKE\Columna1\S2007F_0_40.eq 1 25 4 6 Option 4 - Assignment of Object Motion to a Specific Sublayer Set No. 1 4 17 0 Option 5 - Number of Iterations & Strain Ratio Set No. 1 5 10 0.65 Option 6 - Computation of Acceleration at Specified Sublayers Set No. 1 6 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

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Option 6 - Computation of Acceleration at Specified Sublayers Set No. 2 6 16 17 17 1 1 0 0 0 0 Option 7 - Computation of Shear Stress or Strain Time History Set No. 1 7 8 1 1 2048 Stress History Layer No. 1 8 0 1 2048 Strain History Layer No. 1 Execution will stop when program encounters 0 0 Coluna 1-FLAC 2D. config dynamic extra 5 ;----------------------------------------------------------- ;Geração da malha e propriedades do material ;----------------------------------------------------------- grid 1,33 model elastic model elastic i=1 gen 0 0 0 31.4 1 31.4 1 0 i 1 2 j 1 34 gen 0 0 0 1.94 1 1.94 1 0 i 1 2 j 1 4 gen 0 1.94 0 9.7 1 9.7 1 1.94 i 1 2 j 4 12 gen 0 9.7 0 29.7 1 29.7 1 9.7 i 1 2 j 12 32 gen 0 29.7 0 31.4 1 31.4 1 29.7 i 1 2 j 32 34 prop bulk 190.140e6 she 87.757e6 den 2446 i=1 j=32 33 prop bulk 265.632e6 she 122.599e6 den 2039 i=1 j=30 31 prop bulk 345.380e6 she 159.406e6 den 2039 i=1 j=28 29 prop bulk 407.887e6 she 188.256e6 den 2039 i=1 j=26 27 prop bulk 459.651e6 she 212.147e6 den 2039 i=1 j=24 25 prop bulk 506.287e6 she 233.671e6 den 2039 i=1 j=22 23 prop bulk 550.964e6 she 254.291e6 den 2039 i=1 j=20 21 prop bulk 596.074e6 she 275.111e6 den 2039 i=1 j=18 19 prop bulk 642.319e6 she 296.455e6 den 2039 i=1 j=16 17 prop bulk 689.852e6 she 318.393e6 den 2039 i=1 j=14 15 prop bulk 738.397e6 she 340.799e6 den 2039 i=1 j=12 13 prop bulk 787.727e6 she 363.566e6 den 2039 i=1 j=10 11 prop bulk 833.238e6 she 384.571e6 den 2039 i=1 j=8 9 prop bulk 871.692e6 she 402.316e6 den 2039 i=1 j=6 7 prop bulk 901.788e6 she 416.210e6 den 2039 i=1 j=3 5 prop bulk 919.073e6 she 424.188e6 den 2039 i=1 j=1 3 ;----------------------------------------------------------- ;Condição de contorno e historias ;----------------------------------------------------------- fix y hist 1 unbal

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hist 2 dytime call 'his_xacc.fis' his_xacc call 'his_sxy.fis' his_sxy hist nstep 100 ;----------------------------------------------------------- ;Aplicação do carregamento dinâmico com amortecimento histerético default ;----------------------------------------------------------- hist 100 read S2007_40.his apply xacc 1.0 hist 100 j=1 apply yacc 0.0 j=1 ini dy_damp hyst default -3.025 0.6637 j 1 31; Núcleo ini dy_damp hyst default -4.001 0.2853 j 32 33; Enrocamento set dynamic on set step 400000 history 999 unbalanced solve dytime 40 ;----------------------------------------------------------- ;Aplicação do carregamento dinâmico com amortecimento histerético default + 0.2% Rayleigh ;----------------------------------------------------------- hist 100 read S2007_40.his apply xacc 1.0 hist 100 j=1 apply yacc 0.0 j=1 ini dy_damp hyst default -3.025 0.6637 j 1 31; Núcleo ini dy_damp hyst default -4.001 0.2853 j 32 33; Enrocamento ini dy_damp rayleigh 0.002 0.75 stiffness set dynamic on set step 400000 history 999 unbalanced solve dytime 40 ;----------------------------------------------------------- ;Aplicação do carregamento dinâmico com amortecimento histerético sig3 ;----------------------------------------------------------- hist 100 read S2007_40.his apply xacc 1.0 hist 100 j=1 apply yacc 0.0 j=1 ini dy_damp hyst sig3 1.014 -0.5592 -1.2507 j 1 31; Núcleo ini dy_damp hyst sig3 1.065 -0.695 -1.995 j 1 31; Enrocamento set dynamic on set step 400000 history 999 unbalanced solve dytime 40

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;----------------------------------------------------------- ;Aplicação do carregamento dinâmico com amortecimento histerético sig3 + 0.2% Rayleigh ;----------------------------------------------------------- hist 100 read S2007_40.his apply xacc 1.0 hist 100 j=1 apply yacc 0.0 j=1 ini dy_damp hyst sig3 1.014 -0.5592 -1.2507 j 1 31; Núcleo ini dy_damp hyst sig3 1.065 -0.695 -1.995 j 1 31; Enrocamento ini dy_damp rayleigh 0.002 0.75 stiffness set dynamic on set step 400000 history 999 unbalanced solve dytime 40

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