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    POLTICAS PBLICAS:questes temticas e de pesquisa

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    mento e de democracia recente ou recm democratizados, provm dofato de que a maioria desses pases, em especial os da Amrica Latina,no conseguiu equacionar, ainda que minimamente, a questo de co-mo desenhar polticas pblicas capazes de impulsionar o desenvolvi-mento econmico e de promover a incluso social de grande parte desua populao. Embora as polticas pblicas no tenham, obviamente,capacidade para enfrentar sozinhas os desafios acima referidos, seudesenho e regras, assim como seus mecanismos de gesto, contribu-em para o enfrentamento ou o agravamento dos problemas para osquais a poltica pblica dirigida.

    A emergncia, relativamente recente, da pesquisa em polticaspblicas no Brasil e a popularizao do tema requerem um esforopara tornar mais claras algumas questes a ela relacionadas. Esse es-foro tambm necessrio porque a literatura sobre polticas pblicastem sido pouco traduzida no Brasil, assim como sua aplicao empri-ca ainda relativamente escassa, inclusive nos trabalhos acadmicos. 1 Na tentativa de suprir essas lacunas, alm de introduzir os artigos queintegram o dossi, esta apresentao traz uma sntese das principaisquestes relacionadas pesquisa em polticas pblicas e discute, em-bora muito brevemente, a influncia da literatura neo-institucionalista

    na rea de polticas pblicas, com referncias contribuio da teoriada escolha racional sobre o papel e o controle da burocracia.

    O QUE SO POLTICAS PBLICAS?

    No existe uma nica, nem melhor, definio sobre o que sejapoltica pblica. Mead (1995) a define como um campo dentro doestudo da poltica que analisa o governo luz de grandes questespblicas. Lynn (1980) a define como um conjunto especfico de aesdo governo que iro produzir efeitos especficos. Peters (1986) segue

    o mesmo veio: poltica pblica a soma das atividades dos governos,que agem diretamente ou atravs de delegao, e que influenciam a

    1

    S o b r e e s t e p o n t o , v e r A r r e t c h e ( 2 0 0 3 ) , F a r i a ( 2 0 0 3 ) , R e i s ( 2 0 0 3 ) e S o u z a ( 2 0 0 3 a ) ,

    q u e d i s c u t i r a m a a g e n d a d e p e s q u i s a e m p o l t i c a s p b l i c a s n o B r a s i l e m m e s a

    r e d o n d a n o E n c o n t r o N a c i o n a l d a A s s o c i a o B r a s i l e i r a d e C i n c i a P o l t i c a

    r e a l i z a d o e m 2 0 0 2 , r e s u l t a n d o e m u m d o s s i p u b l i c a d o e m 2 0 0 3 p e l a R e v i s t a

    B r a s i l e i r a d e C i n c i a s S o c i a i s ( v . 1 8 , n . 5 1 ) . V e r , t a m b m , M e l o ( 1 9 9 9 ) .

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    vida dos cidados. Dye (1984) sintetiza a definio de poltica pblicacomo o que o governo escolhe fazer ou no fazer.2 A definio mais conhe-cida continua sendo a de Laswell (1936/1958), ou seja, decises eanlises sobre poltica pblica implicam responder s seguintes ques-tes: quem ganha o qu, por qu e que diferena faz.

    Outras definies enfatizam o papel da poltica pblica na solu-o de problemas. Crticos dessas definies, que superestimam aspectosracionais e procedimentais das polticas pblicas, argumentam que elasignoram a essncia da poltica pblica, isto , o embate em torno de idias

    e interesses. Pode-se tambm acrescentar que, por concentrarem o focono papel dos governos, essas definies deixam de lado o seu aspectoconflituoso e os limites que cercam as decises dos governos. Deixamtambm de fora possibilidades de cooperao que podem ocorrer en-tre os governos e outras instituies e grupos sociais. 3

    No entanto, definies de polticas pblicas, mesmo as minimalis-tas, guiam o nosso olhar para o locusonde os embates em torno de inte-resses, preferncias e idias se desenvolvem, isto , os governos. Apesarde optar por abordagens diferentes, as definies de polticas pblicasassumem, em geral, uma viso holstica do tema, uma perspectiva de queo todo mais importante do que a soma das partes e que indivduos, ins-tituies, interaes, ideologia e interesses contam, mesmo que existamdiferenas sobre a importncia relativa desses fatores.

    Pode-se, ento, resumir o que seja poltica pblica como ocampo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, colocar ogoverno em ao e/ou analisar essa ao (varivel independente) e,quando necessrio, propor mudanas no rumo ou curso dessas aese/ou entender por que e como as aes tomaram certo rumo em lu-gar de outro (varivel dependente). Em outras palavras, o processo deformulao de poltica pblica aquele atravs do qual os governostraduzem seus propsitos em programas e aes, que produziro re-

    sultados ou as mudanas desejadas no mundo real.Admitir que a poltica pblica uma campo holstico, isto ,

    uma rea que abrange diversas unidades em totalidades organizadas,

    2

    H m a i s d e 4 0 a n o s a t r s , B a c h r a c h e B a r a t z ( 1 9 6 2 ) m o s t r a r a m q u e n o f a z e r n a d a

    e m r e l a o a u m p r o b l e m a t a m b m u m a f o r m a d e p o l t i c a p b l i c a .

    3

    P a r a u m a d i s c u s s o d e a l g u m a s e x p e r i n c i a s d e c o o p e r a o n a s d e c i s e s s o b r e

    r e c u r s o s o r a m e n t r i o s h o j e e x i s t e n t e s n o B r a s i l , v e r S o u z a ( 2 0 0 3 b ) .

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    tem duas implicaes. A primeira, que a rea torna-se territrio devrias disciplinas, teorias e modelos analticos. Assim, apesar de pos-suir suas prprias modelagens, teorias e mtodos, a poltica pblica,embora seja um ramo da cincia poltica, a ela no se resume, poden-do tambm ser objeto de pesquisa de disciplinas como a filosofia, apsicologia, a sociologia, a economia e a econometria, esta ltima noque se refere a subrea da avaliao, que habitualmente faz uso detcnicas quantitativas e modelos economtricos de anlise. A segunda que o carter holstico da rea comporta vrios olhares sem queesta multiplicidade de perspectivas comprometa a sua coerncia teri-ca e metodolgica. Por ltimo, polticas pblicas, aps desenhadas eformuladas, se desdobram em planos, programas, projetos, bases dedados ou sistema de informao e pesquisas. 4 Quando postas em a-o, so implementadas, ficando, ento, submetidas a sistemas de a-companhamento e avaliao e anlise dos pesquisadores.

    O PAPEL DOS GOVERNOS

    As anlises sobre polticas pblicas implicam responder ques-to sobre que espao cabe aos governos na sua definio e implemen-

    tao. No se defende aqui que o Estado (ou os governos que deci-dem e implementam polticas pblicas ou outras instituies que partici-pam do processo decisrio) reflete apenas as presses dos grupos de inte-resse como diria a verso mais vulgar do pluralismo- ou que opta sem-pre por polticas definidas exclusivamente por aqueles que esto no poder como nas verses simplificadas do elitismo , tampouco que estas ser-

    vem apenas aos interesses de determinadas classes sociais como diriamas concepes estruturalistas e funcionalistas do Estado. Sociedades eEstados complexos, no processo de definio de polticas pblicas, estomais prximos da perspectiva terica daqueles que defendem que existeuma autonomia relativa do Estado, que faz com que o mesmo tenhaum espao prprio de atuao, embora permevel a influncias exter-nas e internas (Evans, Rueschmeyer e Skocpol, 1985). Essa autono-mia relativa gera capacidades especficas, as quais, por sua vez, criamas condies para a implementao de objetivos de polticas pblicas.

    A margem dessa autonomia e o desenvolvimento dessas capacida-4

    N a m a i o r i a d a s v e z e s , a p o l t i c a p b l i c a t a m b m r e q u e r a p r o v a o l e g i s l a t i v a .

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    des dependem, obviamente, de muitos fatores e dos diferentes mo-mentos histricos de cada pas.

    Apesar do reconhecimento de que outros segmentos que noos governos se envolvem na formulao de polticas pblicas, taiscomo os grupos de interesse, os movimentos sociais e as agnciasmultilaterais, por exemplo, com diferentes graus de influncia segun-do o tipo de poltica formulada e das coalizes que integram o gover-no, e apesar de uma certa literatura argumentar que o papel dos go-

    vernos tem sido encolhido por fenmenos como a globalizao, a

    diminuio da capacidade dos governos de intervir, formular polticaspblicas e governar no est empiricamente comprovada. Vises me-nos ideologizadas defendem que apesar de limitaes e constrangi-mentos, a capacidade das instituies governamentais de governar asociedade no est inibida ou bloqueada (Peters, 1998, p. 409).

    Apesar de a produo acadmica sobre polticas pblicas terevoludo consideravelmente desde os pioneiros esforos de teorizaoe modelizao dos seus pais fundadores, suas formulaes iniciaiscontinuam a influenciar a literatura terica, as pesquisas empricas eos mtodos de anlise que caracterizam a produo acadmica con-tempornea sobre polticas pblicas. 5 A partir dessas formulaes ini-ciais, vrios modelos explicativos foram desenvolvidos para se enten-der melhor como e por que o governo faz ou deixa de fazer algumaao que repercutir na vida dos cidados. 6

    5

    H . L a s w e l l , H . S i m o n , C . L i n d b l o m e D . E a s t o n s o c o n s i d e r a d o s o s p a i s

    f u n d a d o r e s d a d i s c i p l i n a .

    6

    O s m o d e l o s o u t i p o l o g i a s l i s t a d o s a s e g u i r p o d e m s e r c o n s i d e r a d o s o s m a i s

    d i f u n d i d o s e t e s t a d o s e m p i r i c a m e n t e : a t i p o l o g i a d e s e n v o l v i d a p o r L o w i ( 1 9 6 4 ; 1 9 7 2 ) ,

    q u e c l a s s i f i c a a s p o l t i c a s p b l i c a s d e a c o r d o c o m s e u s p o s s v e i s p o n t o s d e v e t o o u d e

    a p o i o ; o d a s r e d e s s o c i a i s ; o d o c i c l o d a p o l t i c a p b l i c a ; o i n c r e m e n t a l i s m o , d e

    L i n d b l o m ( 1 9 7 9 ) , C a i d e n e W i l d a v i s k y ( 1 9 8 0 ) e W i l d a v i s k y ( 1 9 9 2 ) ; o m o d e l o g a r b a g e

    c a n , d e C o h e n , M a r c h e O l s e n ( 1 9 7 2 ) ; o d e m l t i p l a s c o r r e n t e s , d e K i n g d o n ( 1 9 8 4 ) ; o

    d a c o a l i z o d e d e f e s a , d e S a b a t i e r e J e n k i n s - S m i t h ( 1 9 9 3 ) e o d o e q u i l b r i o

    i n t e r r o m p i d o , d e B a u g a r t n e r e J o n e s ( 1 9 9 3 ) . O m o d e l o d e r e d e s s o c i a i s f o i a p l i c a d o

    a n l i s e d a p o l t i c a d e s a n e a m e n t o d a R e g i o M e t r o p o l i t a n a d o R i o d e J a n e i r o p o r

    M a r q u e s ( 2 0 0 0 ) . O a u t o r d e m o n s t r o u q u e , a o c o n t r r i o d o p a d r o n o r t e - a m e r i c a n o

    d e l o b b i e s o u d o c o r p o r a t i v i s m o s o c i a l - d e m o c r a t a e u r o p e u , a i n t e r m e d i a o d e

    i n t e r e s s e s n o B r a s i l o c o r r e d e f o r m a d i s s e m i n a d a p o r i n m e r o s e d i v e r s o s c o n t a t o s

    p e s s o a i s e n t r e o s i n t e g r a n t e s d o g o v e r n o e o s i n t e r e s s e s p r i v a d o s , i n t e r m e d i a d a p o r

    u m a p o l i c y c o m m u n i t y ( c o m u n i d a d e d e e s p e c i a l i s t a s ) . F u c k s ( 1 9 9 8 ) a p l i c o u o m o d e l o d o

    e q u i l b r i o i n t e r r o m p i d o a n l i s e d a i n s e r o d a t e m t i c a a m b i e n t a l n o R i o d e J a n e i r o .

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    A CONTRIBUIO DA LITERATURA NEO-INSTITUCIONALISTA

    No s a produo desenvolvida exclusivamente dentro da moldu-ra terica especfica da poltica pblica utilizada nas pesquisas. Pesquisasem polticas pblicas tambm tm sido influenciadas pelas premissas ad-

    vindas de outros campos tericos, em especial do chamado neo-institucionalismo, o qual enfatiza a importncia crucial das instituiespara a deciso, formulao e implementao de polticas pblicas.

    Importante contribuio nesse campo vem sendo dada pela te-oria da escolha racional, principalmente porque essa teoria se baseiana negao de dois grandes mitos gerados pela influncia da teoriapluralista. O primeiro, o de que interesses individuais gerariam aocoletiva, premissa pluralista fortemente contestada por Olson (1965),que promoveu o maior ataque s possibilidades de se desenhar deforma cooperativa e negociada polticas que afetam interesses coleti-

    vos e bens pblicos. Assim, os interesses comuns, os quais, de acordocom os pluralistas, guiariam o processo decisrio sobre polticas queafetam os indivduos, no resultam necessariamente em ao coletivae sim emfree riding.Alm do mais, e ainda segundo Olson, os interes-ses de poucos tm mais chances de se organizarem do que os interes-

    ses difusos de muitos. O segundo mito o de que a ao coletivaproduz necessariamente bens coletivos (Arrow, 1951). Decises sobrepolticas pblicas, em uma democracia, so questes de ao coletivae de distribuio de bens coletivos e, segundo a formulao da esco-lha racional requerem o desenho de incentivos seletivos para diminuirsua captura por grupos ou interesses personalistas.7

    Outros ramos da teoria neo-institucionalista, como o instituciona-lismo histrico e o estruturalista, tambm contribuem para o debate sobreo papel das instituies na modelagem das preferncias dos decisores.Para essas variantes do neo-institucionalismo, as instituies moldam asdefinies dos decisores, mas a ao racional daqueles que decidemno se restringe apenas ao atendimento dos seus auto-interesses, masdepende tambm das percepes subjetivas sobre alternativas, conse-7

    P a r a u m a r e v i s o d e s s a l i t e r a t u r a , o n d e r e l a e s e n t r e i n s t i t u i e s e p o l t i c a s

    p b l i c a s p o d e m s e r e n c o n t r a d a s o u i n f e r i d a s , v e r , e n t r e o u t r o s , L e v i ( 1 9 9 7 ) e

    O s t r o m ( 1 9 9 0 ) , e p a r a u m a d i s c u s s o d a a p l i c a o d e t i p o l o g i a s n a a n l i s e d e

    p o l t i c a s p b l i c a s , t o m a n d o c o m o r e f e r n c i a a t e o r i a d a e s c o l h a r a c i o n a l , v e r

    O s t r o m ( 1 9 9 9 ) .

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    qncias e avaliaes dos seus possveis resultados. Sem negar a exis-tncia do clculo racional e auto-interessado dos decisores, esses ra-mos do neo-institucionalismo afirmam que o clculo estratgico da-queles que tm o poder de deciso ocorre dentro de uma concepomais ampla das regras, papis, identidades e idias. 8 A viso mais co-mum de parte da teoria da escolha racional, de que o processo decis-rio relativo s polticas pblicas resulta apenas de barganhas negocia-das entre indivduos que perseguem seu auto-interesse, contestadapela assuno de que interesses (ou preferncias) so mobilizados nos pelo auto-interesse, mas tambm por processos institucionais desocializao, por novas idias e por processos gerados pela histria decada pas. Tais vises sobre o processo poltico so importantes paraentendermos melhor as mudanas nas polticas pblicas em situaesde relativa estabilidade.

    Aprofundando um pouco mais as contribuies do chamadoneo-institucionalismo para a rea de polticas pblicas, sabemos que,de acordo com os vrios ramos dessa teoria, instituies so regrasformais e informais que moldam o comportamento dos atores. Comoas instituies influenciam os resultados das polticas pblicas e qual aimportncia das variveis institucionais para explicar resultados de

    polticas pblicas? A resposta est na presuno de que as instituiestornam o curso de certas polticas mais fceis do que outras. Ademais,as instituies e suas regras redefinem as alternativas polticas e mu-dam a posio relativa dos atores. Em geral, instituies so associa-das inrcia, mas muita poltica pblica formulada e implementada.

    Assim, o que a teoria neo-institucionalista nos ilumina o entendi-mento de que no so s os indivduos ou grupos que tm fora rele-

    vante que influenciam as polticas pblicas como nas diversas ver-ses do elitismo e do pluralismo mas tambm as regras formais einformais que regem as instituies.

    Uma das mais importantes contribuies da teoria da escolharacional ao estudo das polticas pblicas vem sendo dada por um dosseus ramos, a teoria agente-principal, que investiga o papel e os me-canismos de controle da burocracia, vez que os burocratas so um

    8

    P a r a u m a d e s c r i o , e m p o r t u g u s , d a l i t e r a t u r a q u e e n f a t i z a a i m p o r t n c i a d a s

    i d i a s e d o c o n h e c i m e n t o , v e r F a r i a ( 2 0 0 3 ) .

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    dos principais implementadores das polticas pblicas. 9 No mbitodessa teoria busca-se estabelecer as ligaes entre quem decide, isto ,o principal, ou seja, polticos eleitos, e quem executa o que foi deci-do, isto , o agente, ou seja, a burocracia. 1 0

    A contribuio dos diversos ramos que compem o que seconvencionou chamar de neo-institucionalismo importante porquea luta pelo poder e por recursos entre grupos sociais, cerne da formu-lao de polticas pblicas, modelada pela regras que regem o com-portamento dos decisores. Essa luta mediada por instituies polti-

    cas e econmicas que levam as polticas pblicas para certa direo eprivilegiam alguns grupos em vez de outros, embora as instituiessozinhas no faam todos os papis. Alguns outros fatores interferemsobre as polticas, a exemplo dos interesses, como nos diz a teoria da es-colha racional; as idias, como enfatizam o neo-institucionalismo histri-co e o estrutural; e, a histria, como afirma o neo-institucionalismo hist-rico. Por outro lado, ao escolher o referencial terico-metodolgico neo-institucionalista para analisar uma dada poltica pblica, o pesquisador nopode desconsiderar que a anlise da poltica pblica , sempre e neces-sariamente, investigar o governo em ao, motivo pelo qual nemsempre os pressupostos neo-institucionalistas e seus elegantes e par-

    cimoniosos guias analticos se adaptam anlise do que os governosfazem ou deixam de fazer e por qu.

    * * *

    Os autores aqui reunidos fornecem uma excelente viso dos di-versos caminhos que podem ser percorridos dentro do tema objetodeste dossi. A despeito dessa diversidade, os artigos tm em comuma busca de respostas para algumas questes clssicas sobre polticaspblicas, isto : a) por que certas decises foram tomadas, foco do

    artigo de Richard Batley; b) quais os resultados, talvez inesperados, deuma poltica pblica nacional em um pas heterogneo como o Brasil,

    9

    M a i s d e t a l h e s s o b r e e s s a t e o r i a p o d e m s e r e n c o n t r a d o s e m K i e w i e t , R o d e r i c k e

    M c C u b b i n s ( 1 9 9 1 ) . O a r t i g o d e R i c h a r d B a t l e y , n e s t a c o l e t n e a , u m t i m o

    e x e m p l o d o u s o d e s s a t e o r i a .

    1 0

    N a r e l a o e n t r e o s e l e i t o r e s e o s p o l t i c o s e l e i t o s , o s p r i m e i r o s s o o s p r i n c i p a i s

    e o s s e g u n d o s s e u s a g e n t e s .

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    questo tratada nos trabalhos de Eduardo Marques e Marta Arretche,como tambm no de Maria do Carmo Guimares; e, finalmente, c)como os segmentos envolvidos com a deciso ou com os resultadosdas polticas pblicas agem e por que existem diferenas marcantesentre os caminhos seguidos pelos decisores pblicos, objeto dos arti-gos de Soraya Cortes, Mark Setzler e Maria do Carmo Vieira e ReginaLins. A descentralizao das polticas pblicas e os mecanismos queestimulariam a cooperao e/ou a intermediao de interesses soobjetos de anlise de todos os artigos que focalizam polticas ou espaosterritoriais brasileiros, sugerindo sua importncia na agenda de pesquisaem polticas pblicas que se desenvolve hoje no Brasil. A anlise e o en-tendimento das conseqncias do desenho institucional das polticas p-blicas tambm tema recorrente da maioria dos artigos.

    Ademais, os artigos do dossi trazem anlises de unidades terri-toriais diversas, contribuindo para tornar o nosso entendimento sobreo tema das polticas pblicas mais abrangente. O primeiro artigo, deRichard Batley, focaliza pases em desenvolvimento que no o Brasilmas que adotaram polticas semelhantes s nossas; o segundo, de E-duardo Marques e Marta Arretche, investiga uma poltica pblica na-cional a de sade; os dois artigos que seguem, de Soraya Corts e de

    Maria do Carmo Guimares, tratam da esfera estadual; e os dois arti-gos seguintes, de Mark Setzler e de Maria do Carmo Vieira e ReginaLins, analisam a esfera local de governo.

    O artigo de Richard Batley, A poltica da reforma na proviso deservios pblicos, discute os interesses envolvidos nas reformas dos ser-

    vios pblicos em pases em desenvolvimento, com destaque para opapel de dois atores cruciais: as agncias multilaterais e os segmen-tos da burocracia afetados pelas reformas. Essa anlise realizadacom o apoio da teoria agente-principal, o que contribui tanto paraum debate mais complexo sobre o tema da reforma do setor pblico,

    em particular a que modifica as at ento tradicionais formas de pro-viso dos servios pblicos, como para aprofundar o nosso conheci-mento sobre as possibilidades de aplicao emprica dessa teoria. Otrabalho emprico-terico de Batley contribui, ainda, para o avano damoldura analtica da rea de polticas pblicas, ao mostrar no s queo tipo de poltica pblica importa no que se refere a mudanas, mas

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    ao indicar que o tipo de setor objeto de reforma tambm desencadeiapontos de veto e de apoio diferentes.

    No texto Condicionantes locais da descentralizao das polticas de sa-de, o objetivo mais amplo de Eduardo Marques e Marta Arretche chamar a ateno, e comprovar empiricamente, um dos resultados dapoltica nacional de descentralizao da sade: sua escassa capacidadede reduzir as desigualdades na proviso dos servios de sade. Atra-

    vs do uso de um nmero extenso de variveis, os autores mostramque o desenho institucional da poltica de sade e suas regras tendem

    a promover mais a descentralizao do que a reduo das desigualda-des na proviso dos servios. Essa constatao confirma uma das pre-missas neo-institucionalistas sobre a importncia das regras para osresultados das polticas. Outra importante contribuio desse trabalho ano confirmao da hiptese bastante difundida de que sistemas univer-sais de proviso de servios pblicos quando concebidos, coordenados efinanciados pelo governo federal/central, tenderiam a reduzir desigualda-des na sua proviso. Tal hiptese no se confirmou na poltica de sadepblica, embora um dos seus eixos mais importantes seja a transfernciade recursos para as esferas subnacionais.

    O texto de Soraya Crtes, O governo do estado como protagonista daregionalizao e da participao: o caso Rio Grande do Sul 1991 a 2003,oferece mais do que uma anlise de uma poltica estadual voltada parao estmulo descentralizao/regionalizao atravs da constituiode fruns de intermediao de interesses, para alm da esfera local.

    Ao descrever e analisar a estratgia de um governo estadual para am-pliar sua capacidade de implementar polticas pblicas em um territ-rio marcado por fortes clivagens poltico-partidrias, o artigo d indi-caes para avanarmos no entendimento sobre como e por que emum pas onde a Constituio e a legislao federal impem estruturasinstitucionais, poderes e restries idnticas aos governos subnacio-

    nais esses governos adotam formas de intermediao de interesses todiversas. Essa tambm a questo central que guia a investigao doartigo de Mark Setzler e que comea a se constituir em um dos prin-cipais pontos de partida das pesquisas sobre o federalismo brasileiro.Do artigo pode-se inferir que as variveis institucionais precisam,muitas vezes, ser complementadas com a anlise de outros fatores. Oartigo mostra, ainda, que, diferentemente do que tem sido argumen-

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    tado, as iniciativas brasileiras voltadas para a descentraliza-o/regionalizao nem sempre tm sua origem na esfera federal.

    Maria do Carmo Guimares, com Processo decisrio e conflitos deinteresse na implementao da descentralizao da sade: um estudo das instn-

    cias colegiadas na Bahia, discute os conflitos que ocorrem na distribui-o dos recursos transferidos pelo governo federal. Tal conflito colo-ca em lados opostos o estado e os municpios, assim como disputasna distribuio dos recursos federais tambm ocorrem entre os muni-cpios. Ao desnudar esses conflitos intergovernamentais, o artigo a-

    vana no entendimento dos resultados de uma poltica descentraliza-da em um pas com alto grau de desigualdades inter e intra-regionais,o que tambm mostrado na pesquisa de Eduardo Marques e Marta

    Arretche no se que se refere proviso dos servios de sade. Taisdesigualdades mostram-se mais poderosas do que as regras que regemas transferncias intergovernamentais e o apoio que essa poltica ob-teve da policy community formada em torno do chamado movimentosanitarista.

    O texto de Mark Setzler, Recursos socioeconmicos, capital sociocultu-ral e conhecimento poltico como determinantes da formulao de polticas pblicas

    locais no Brasil, que, assim como o artigo de Richard Batley, incursio-na pelo importante caminho da poltica comparada, discute por quealguns governos locais no Brasil redemocratizado e descentralizadoadotaram polticas sociais reformistas, que o caso de Porto Alegre ede Belo Horizonte, e outros no, que o caso de Salvador. Analisan-do os resultados das eleies de 2000 nessas capitais, o artigo contri-bui para o avano da compreenso da difcil questo sobre como ex-plicar continuidade e mudana nas polticas pblicas. Destaco o queconsidero um grande achado da pesquisa de Setzler: a varivel vo-tos vlidos para prefeito e vereador uma das mais importantes paraexplicar as diferentes opes de polticas pblicas entre as trs capitais

    pesquisadas. Essa varivel desnuda a importncia crucial do papel doseleitores extremamente pobres na adoo ou no de polticas refor-mistas na esfera local e tambm demonstra que as regras, embora im-portantes, nem sempre determinam sozinhas o rumo de algumas deci-ses coletivas.

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    No trabalho Participao social e processo decisrio municipal na gestodo Partido Socialista Brasileiro em Macei, Alagoas, Maria do Carmo Viei-ra e Regina Lins mostram que, em contextos polticos historicamenteconservadores e fechados, o envolvimento das chamadas foraspopulares no processo decisrio sobre a alocao de recursos ora-mentrios no confirma as vises otimistas sobre o poder de mobili-zao desses segmentos sociais. Assim como no caso de Salvador, aextrema pobreza de uma grande parcela da comunidade local limita aspossibilidades de seu envolvimento e participao em algumas deci-ses pblicas, mesmo quando a coalizo que governa a cidade lide-rada por um partido que se viabilizou eleitoralmente no confrontocom as foras polticas tradicionais e conservadoras.

    Os artigos aqui apresentados refletem a riqueza e as possibilida-des investigativas que a anlise de polticas pblicas oferece ao pes-quisador. Ao examinar o governo em ao e ao buscar entenderpor que e como as aes dos governos tomam certo rumo em lugarde outro, assim como os resultados das polticas governamentais, osautores desta coletnea do sua contribuio para avanarmos na a-genda de pesquisa em polticas pblicas que comea a tomar impulsonos trabalhos acadmicos que se realizam no Brasil.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    A R R E T C H E , M a r t a D o s s i a g e n d a d e p e s q u i s a e m p o l t i c a s p b l i c a s . R e v i s t a B r a s i l e i r a d e

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    A R R O W , K e n n e t h . S o c i a l c h o i c e a n d i n d i v i d u a l v a l u e s . N e w H a v e n : Y a l e U n i v e r s i t y P r e s s ,

    1 9 5 1 .

    B A C H R A C H , P . ; B A R A T Z , M . S

    . T w o f a c e s o f p o w e r . A m e r i c a n S c i e n c e R e v i e w , [ S . l . ] , n .

    5 6 , p . 9 4 7 - 9 5 2 , 1 9 6 2 .

    B A U G A R T N E R , F r a n k ; B R Y A N , J o n e s . A g e n d a s a n d i n s t a b i l i t y i n A m e r i c a n p o l i t i c s .

    C h i c a g o : U n i v e r s i t y o f C h i c a g o P r e s s , 1 9 9 3 .

    C A I D E N , N . ; W I L D A V I S K Y , A . P l a n n i n g a n d b u d g e t i n g i n d e v e l o p i n g c o u n t r i e s . N e w Y o r k :

    J o h n W i l e y , 1 9 8 0 .

    C O H E N , M i c h a e l ; M A R C H , J a m e s E . ; O L S E N , J o h a n . A g a r b a g e c a n m o d e l o f

    o r g a n i z a t i o n a l c h o i c e . A d m i n i s t r a t i v e S c i e n c e Q u a r t e r l e y . [ S . l . ] , n . 1 7 , p . 1 - 2 5 , 1 9 7 2 .

    D Y E

    , T h o m a s D . U n d e r s t a n d i n g p u b l i c p o l i c y . E n g l e w o o d C l i f f s , N . J . : P r e n t i c e - H a l l , 1 9 8 4 .

    E V A N S , P e t e r ; R U E S C H E M E Y E R , D . ; S K O C P O L , T h e d a . B r i n g i n g t h e s t a t e b a c k

    C a m b r i d g e : C a m b r i d g e U n i v e r s i t y P r e s s , 1 9 8 5 .

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    F A R I A , C a r l o s A . P i m e n t a . I d i a s , c o n h e c i m e n t o e p o l t i c a s p b l i c a s : u m i n v e n t r i o

    s u c i n t o d a s p r i n c i p a i s v e r t e n t e s a n a l t i c a s r e c e n t e s , R e v i s t a B r a s i l e i r a d e C i n c i a s S o c i a i s ,

    S o P a u l o , v . 1 8 , n . 5 1 , p . 2 1 - 3 0 , 2 0 0 3 .

    F U C K S , M a r i o . A r e n a s d e a o e d e b a t e p b l i c o s : c o n f l i t o s a m b i e n t a i s e a e m e r g n c i a

    d o m e i o a m b i e n t e e n q u a n t o p r o b l e m a s o c i a l n o R i o d e J a n e i r o , D a d o s , [ S . l . ] , v . 4 1 , n . 1 ,

    p . 2 3 0 - 2 4 5 , 1 9 9 8 .

    K I E W I E T , D . ; R O D E R I C K , D . ; M C C U B B I N S , M . T h e l o g i c o f d e l e g a t i o n : c o n g r e s s i o n a l

    p a r t i e s a n d t h e a p p r o p r i a t i o n s p r o c e s s . C h i c a g o : T h e U n i v e r s i t y o f C h i c a g o P r e s s ,

    1 9 9 1 .

    K I N G D O N , J o h n . A g e n d a s , a l t e r n a t i v e s , a n d p u b l i c p o l i c i e s . B o s t o n : L i t t l e , B r o w n , 1 9 8 4 .

    L A S W E L L , H . D . P o l i t i c s : w h o g e t s w h a t , w h e n , h o w . C l e v e l a n d : M e r i d i a n B o o k s , 1 9 3 6 / 1 9 5 8 .

    L E V I , M a r g a r e t . A m o d e l , a m e t h o d , a n d a m a p : r a t i o n a l c h o i c e i n c o m p a r a t i v e a n d

    h i s t o r i c a l a n a l y s i s . I n : L I C H B A C H , M . ; Z U C K E R M A N , A . ( E d s . ) C o m p a r a t i v e p o l i t i c s : r a t i o n a l i t y ,

    c u l t u r e , a n d s t r u c t u r e . C a m b r i d g e : C a m b r i d g e U n i v e r s i t y P r e s s , 1 9 9 7 . p . 1 9 - 4 1 .

    L I N D B L O M , C h a r l e s E . T h e s c i e n c e o f m u d d l i n g t h r o u g h . P u b l i c A d m i n i s t r a t i o n R e v i e w ,

    [ S . l . ] , n . 1 9 , p . 7 8 - 8 8 , 1 9 5 9 .

    L O W I , T h e o d o r . A m e r i c a n b u s i n e s s , p u b l i c p o l i c y , c a s e s t u d i e s a n d p o l i t i c a l t h e o r y .

    W o r l d P o l i t i c s , [ S . l . ] , v . 1 6 , p . 6 7 7 - 7 1 5 , 1 9 6 4 .

    L O W I

    , T h e o d o r . F o u r s y s t e m s o f p o l i c y , p o l i t i c s , a n d c h o i c e . P u b l i c A d m i n i s t r a t i o n

    R e v i e w , [ S . l . ] , v . 3 2 , p . 2 9 8 - 3 1 0 , 1 9 7 2 .

    L Y N N , L . E . D e s i g n i n g p u b l i c p o l i c y : a c a s e b o o k o n t h e r o l e o f p o l i c y a n a l y s i s . S a n t a

    M o n i c a , C a l i f . : G o o d y e a r , 1 9 8 0 .

    M A R Q U E S , E d u a r d o C . E s t a d o e r e d e s s o c i a i s : p e r m e a b i l i d a d e e c o e s o n a s p o l t i c a s

    u r b a n a s n o R i o d e J a n e i r o . S o P a u l o :

    F A P E S P

    ; R i o d e J a n e i r o : R e v a n , 2 0 0 0 .

    M E A D , L . M . P u b l i c p o l i c y : v i s i o n , p o t e n t i a l , l i m i t s . P o l i c y C u r r e n t s , [ S . l . ] , p . 1 - 4 , f e v . , 1 9 9 5 .

    M E L O , M a r c u s A n d r . E s t a d o , g o v e r n o e p o l t i c a s p b l i c a s . I n : M I C E L I , S . ( O r g . ) , O

    q u e l e r n a c i n c i a s o c i a l b r a s i l e i r a ( 1 9 7 0 - 1 9 9 5 ) . C i n c i a P o l t i c a . S o P a u l o , S u m a r ; B r a s l i a :

    C A P E S , 1 9 9 9 . p . 5 9 - 9 9 .

    O L S O N , M a n c u r . T h e l o g i c o f c o l l e c t i v e a c t i o n . C a m b r i d g e , M a s s . : H a r v a r d U n i v e r s i t y P r e s s ,

    1 9 6 5 .

    O S T R O M , E l i n o r . G o v e r n i n g t h e c o m m o n s : t h e e v o l u t i o n o f i n s t i t u t i o n s f o r c o l l e c t i v e

    a c t i o n . C a m b r i d g e : C a m b r i d g e U n i v e r s i t y P r e s s , 1 9 9 0 .

    O S T R O M , E l i n o r . A n a s s e s s m e n t o f t h e i n s t i t u t i o n a l a n a l y s i s a n d d e v e l o p m e n t

    f r a m e w o r k . I n : S A B A T I E R , P . ( E d . ) T h e o r i e s o f t h e p o l i c y p r o c e s s . B o u l d e r : W e s t v i e w P r e s s ,

    1 9 9 9 . p . 1 9 - 3 2 .

    P E T E R S , B . G . A m e r i c a n p u b l i c p o l i c y . C h a t h a m , N . J . : C h a t h a m H o u s e , 1 9 8 6 .

    P E T E R S , B . G . R e v i e w : u n d e r s t a n d i n g g o v e r n a n c e : p o l i c y n e t w o r k s , g o v e r n a n c e ,

    r e f l e x i v i t y a n d a c c o u n t a b i l i t y b y R . W . R h o d e s . P u b l i c A d m i n i s t r a t i o n , [ S . l . ] , v . 7 6 , p . 4 0 8 -

    5 0 9 , 1 9 9 8 .

    R E I S

    , E l i s a . R e f l e x e s l e i g a s p a r a a f o r m u l a o d e u m a a g e n d a d e p e s q u i s a e m p o l t i c a s

    p b l i c a s , R e v i s t a B r a s i l e i r a d e C i n c i a s S o c i a i s , S o P a u l o , v . 1 8 , n . 5 1 , p . 1 1 - 1 4 , 2 0 0 3 .

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    S A B A T I E R , P a u l ; J E N K I N S - S M I T H , H a n k . P o l i c y c h a n g e a n d l e a r n i n g : t h e a d v o c a c y

    c o a l i t i o n a p p r o a c h . B o u l d e r : W e s t v i e w P r e s s , 1 9 9 3 .

    S O U Z A , C e l i n a . E s t a d o d o c a m p o d a p e s q u i s a e m p o l t i c a s p b l i c a s . R e v i s t a B r a s i l e i r a d e

    C i n c i a s S o c i a i s , S o P a u l o : v . 1 8 , n . 5 1 , p . 1 5 - 2 0 , 2 0 0 3 a .

    S O U Z A , C e l i n a . p o l t i c a s p b l i c a s e o r a m e n t o p b l i c o : c o n f l i t o s e c o o p e r a o . I n :

    B E N E V I D E S , M . V i c t o r i a ; V A N N U C H I , P a u l o ; K E R C H E , F b i o . ( O r g s . ) R e f o r m a p o l t i c a

    e c i d a d a n i a . S o P a u l o : E d . F u n d a o P e r s e u A b r a m o , 2 0 0 3 b . p . 1 3 4 - 1 6 1 .

    W I L D A V S K Y , A a r o n . T h e p o l i c y o f b u d g e t a r y p r o c e s s . 2 . e d . B o s t o n : L i t t l e a n d B r o w n , 1 9 9 2 .