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lidade de vida de um individuo 4,5 e verificou-se que, em pacientes submetidos ao tratamento por prótese implanto- suportada, existe um elevado grau de satisfação 6 avaliado pelo índice de OHIP-14 7 . Vários estudos avaliaram qual é o número ideal de implantes para suportar uma prótese, destacando como é difícil chegar a um número ideal para o maxilar superior por falta de dados confiáveis devido à falta de rigor e de poucos estudos relacionados com a maxila 8 . Deve-se, no entanto, ter em consideração que o grau de satisfação do paciente e a funcionalidade da prótese não estão intimamente relacionados com o número de implantes coloca- dos ou com a técnica utilizada para a estabilização da prótese. É, portanto, necessário formular um plano de tratamento que seja eficaz e conveniente para o paciente a vários níveis. Este artigo descreve um caso clínico de reabilitação de uma ‘overdenture’ implanto-suportada conectada a uma barra com pilares de baixo perfil. Materiais e Técnicas: O caso clínico que se apresenta é sobre um paciente do sexo masculino com 76 anos de idade, portador de uma pró- tese total superior muco suportada. Esta prótese, realizada há vários anos, apresenta sinais óbvios de deterioração (Fig. 1a). O exame intra oral demonstra um maxilar superior reabsor- vido (Fig. 1b) e uma prótese fixa na mandíbula também com sinais evidentes de inflamação a nível gengival (Fig. 1c). A ortopantomografia confirmou uma reabsorção óssea do maxilar superior e a presença de sinais de peri implantite nos implantes da mandíbula (Fig. 2). O paciente manifestava queixas de fraca estabilidade e retenção da prótese e desejava reduzir a espessura da mesma na região do palato. Depois de terem sido expostas as dife- rentes possibilidades de tratamento, optou-se pela solução de uma ‘overdenture’ implanto-suportada por 4 implantes. Uma hora antes da cirurgia, foi administrado ao paciente amoxicilina (875 mg) + ácido clavulânico (125 mg) (Aug- mentin, GlaxoSmithKline) e um anti inflamatório não este- róide (Brufen 600, Abbot Laboratories). Antes do início da cirurgia, a cavidade oral foi desinfectada durante dois minu- tos com clorohexidina (Corsodyl, GlaxoSmithKline). A anes- tesia utilizada foi articaína 4% 1:100,000 de epinefrina (Cito- cartin; Molteni Dental) na região da espinha nasal anterior, na região canina e na emergência do nervo nasopalatino. Verificada a eficácia da anestesia, foi realizado um retalho muco periosteo de espessura total, preservando-se a região do freio labial e da papila incisiva. (Fig. 3). Esta “aba” cirúr- gica permite um pós-operatório menos doloroso e um repo- sicionamento mais fácil da prótese 10 . A crista óssea apresen- tava-se como ‘gume de faca’ e foi reduzida com uma broca de osso com 5mm de diâmetro (Komet, GmbH, Germany) montada em peça de mão recta. A crista óssea foi reduzida em 4 mm até se considerar uma espessura de osso ade- quada para colocar os implantes. REABILITAÇÃO DE MAXILAR SUPERIOR EDÊNTULO COM ‘OVERDENTURE’ IMPLANTO-SUPORTADA COM CONEXÃO PASSIVA DE UMA BARRA COM PILARES DE BAIXO PERFIL RESUMO Objectivos: A prótese dento suportada foi documentada pela pri- meira vez há cerca de 150 anos, mas a sua execução, seguindo um protocolo bem definido como conhecemos nos dias de hoje, remonta apenas há cerca de 60. Com a evolu- ção na área de implantologia e o surgimento de novos mate- riais, a confecção de próteses implanto-suportadas tem-se tornado comum. Os pacientes, por consequência, sentem uma melhoria da sua qualidade de vida graças ao conforto e retenção destas próteses. Este artigo descreve um caso clínico de reabilitação de um maxilar superior edêntulo com uma ‘overdenture’ implanto-suportada com recurso a pilares de baixo perfil conectados com uma barra passiva. Técnica: O caso relatado é referente a um paciente que era portador de uma prótese muco-suportada com sinais óbvios de deterioração e instabilidade. Decidiu-se então, com a aprovação do paciente, optar pela reabilitação com uma ‘overdenture’ suportada por 4 implantes. Para tal, foi rea- lizado um retalho de espessura total e, após regularização da crista óssea, colocaram-se quatro implantes. Em seguida, avaliou-se a espessura da mucosa, colocando-se quatro atta- chments de baixo perfil como pilares para suportar a prótese previamente existente. Quatro meses depois, realizaram-se impressões e utilizaram-se os mesmos pilares de baixo per- fil para se conectar passivamente uma barra para suportar a nova prótese. A retenção da prótese foi obtida fundindo- se a barra com attachments esféricos que oferecem vários tipos de retenção. O comportamento passivo da barra foi obtido através do sistema “Elastic Seeger” que abraça o pilar e mantém firmemente a barra na sua posição. Resultado: Seis meses após a colocação dos implantes e dos pilares de baixo perfil, não foram detectados sinais de perda óssea em redor dos implantes. Dois meses depois da reabilitação não ocorreram complicações: a passividade da barra, garan- tida com o sistema “elastic seeger”, reduziu o número e a duração das consultas; aparafusando-se de imediato o pilar de baixo perfil ao implante, sem nunca o remover, como acontece nos procedimentos com próteses convencionais, constituiu uma vantagem biológica pois não ocorreram danos nem traumatismos repetidos nos tecidos moles e no osso em redor do colo do implante. Estes factores contribuí- ram para a criação de um “selo biológico” evitando a disse- minação de infecções nos tecidos moles. Conclusões: O protocolo utilizado neste caso clínico, que envolve o uso de pilares de baixo perfil para suportar uma barra e uma ‘overdenture’, tem dado provas como uma terapia bem- sucedida. As expectativas do paciente, tais como uma pró- tese estável e uma boa estética, foram alcançadas e, simul- taneamente, com o uso do sistema “elastic seeger”, todo o processo foi simplificado poupando tempo e custos labora- toriais e clínicos. Introdução: A reabilitação oral com recurso a uma prótese parcial ou total tem dois objectivos fundamentais: obter estabilidade e retenção. Para alcançar estes objectivos, em diversas publicações, são propostas várias soluções: Ledger, em 1856, suge- riu a utilização de um dente natural remanescente como “âncora”. Um século mais tarde, Miller (1958) sugeriu a con- fecção de próteses parciais suportadas pelos restantes den- tes dos pacientes. Com o surgimento das técnicas cirúrgicas de colocação de implantes de titânio e o desenvolvimento dos conceitos de osteointegração, a prótese implanto-suportada tornou-se igualmente comum. De acordo com a Declaração de Con- senso de McGill (2002) sobre ‘overdentures’, as próteses suportadas por implantes provaram ser mais eficazes do que as convencionais, tanto em ensaios clínicos aleatórios como não aleatórios. Os pacientes afirmaram que as próteses são realmente mais estáveis e relataram maior facilidade na mastigação e na fala 3 . A saúde oral deteriorada afecta consideravelmente a qua- Luca Bartoletti Estudante em Medicina Dentária, Alma Mater Studiorum, Universidade de Bolonha. Raniero Miccoli Técnico de prótese, em Forli. Dr. Marco Montanari A 20 de Outubro de 2005, graduou-se em Medicina Dentária e Implantologia na Universidade de Bolonha. Em Julho de 2009 Doutorou-se em Medicina Dentária para pessoas com deficiência, uma tese intitulada “Reabilitação implanto-suportada em pacientes crianças e adolescentes portadores de displasia ectodérmica”. Dono da bolsa de valores Studio, continua com a actividade Clínica e Pesquisa ao serviço da Universidade de Medicina Dentária de Bologna, para deficientes lidando principalmente com reabilitação implanto-su- portada em pacientes pediátricos com agenesia múltipla. Desde Março de 2006 trabalha como freelancer em Forlì e como colaborador em implantologia em numerosos estudos em Emilia Romagna. Especializou-se em cirurgia de implantes e regeneração mucogingival, cirurgia periodontal e cirurgia piezoeléctrico. Membro do Conselho Editorial da “Journal of International Dental and Medical Research.” Autor de publicações em revistas nacionais e internacionais. www.jornaldentistry.pt 26 &/Ë1,&$ Keywords: Overdenture, implantes, reabilitação oral, pilares de baixo perfil OJDentistry N10 Clinica Rhein.indd 26 05/09/14 17:00

REABILITAÇÃO DE MAXILAR SUPERIOR EDÊNTULO COM ... · Este artigo descreve um caso clínico de reabilitação de ... e foram colocados 4 implantes cilíndricos de 3,3 mm ... com

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lidade de vida de um individuo 4,5 e verificou-se que, em pacientes submetidos ao tratamento por prótese implanto-suportada, existe um elevado grau de satisfação 6 avaliado pelo índice de OHIP-14 7.

Vários estudos avaliaram qual é o número ideal de implantes para suportar uma prótese, destacando como é difícil chegar a um número ideal para o maxilar superior por falta de dados confiáveis devido à falta de rigor e de poucos estudos relacionados com a maxila 8.

Deve-se, no entanto, ter em consideração que o grau de satisfação do paciente e a funcionalidade da prótese não estão intimamente relacionados com o número de implantes coloca-dos ou com a técnica utilizada para a estabilização da prótese. É, portanto, necessário formular um plano de tratamento que seja eficaz e conveniente para o paciente a vários níveis.

Este artigo descreve um caso clínico de reabilitação de uma ‘overdenture’ implanto-suportada conectada a uma barra com pilares de baixo perfil.

Materiais e Técnicas:

O caso clínico que se apresenta é sobre um paciente do sexo masculino com 76 anos de idade, portador de uma pró-tese total superior muco suportada. Esta prótese, realizada há vários anos, apresenta sinais óbvios de deterioração (Fig. 1a). O exame intra oral demonstra um maxilar superior reabsor-vido (Fig. 1b) e uma prótese fixa na mandíbula também com sinais evidentes de inflamação a nível gengival (Fig. 1c).

A ortopantomografia confirmou uma reabsorção óssea do maxilar superior e a presença de sinais de peri implantite nos implantes da mandíbula (Fig. 2).

O paciente manifestava queixas de fraca estabilidade e retenção da prótese e desejava reduzir a espessura da mesma na região do palato. Depois de terem sido expostas as dife-rentes possibilidades de tratamento, optou-se pela solução de uma ‘overdenture’ implanto-suportada por 4 implantes.

Uma hora antes da cirurgia, foi administrado ao paciente amoxicilina (875 mg) + ácido clavulânico (125 mg) (Aug-mentin, GlaxoSmithKline) e um anti inflamatório não este-róide (Brufen 600, Abbot Laboratories). Antes do início da cirurgia, a cavidade oral foi desinfectada durante dois minu-tos com clorohexidina (Corsodyl, GlaxoSmithKline). A anes-tesia utilizada foi articaína 4% 1:100,000 de epinefrina (Cito-cartin; Molteni Dental) na região da espinha nasal anterior, na região canina e na emergência do nervo nasopalatino.

Verificada a eficácia da anestesia, foi realizado um retalho muco periosteo de espessura total, preservando-se a região do freio labial e da papila incisiva. (Fig. 3). Esta “aba” cirúr-gica permite um pós-operatório menos doloroso e um repo-sicionamento mais fácil da prótese 10. A crista óssea apresen-tava-se como ‘gume de faca’ e foi reduzida com uma broca de osso com 5mm de diâmetro (Komet, GmbH, Germany) montada em peça de mão recta. A crista óssea foi reduzida em 4 mm até se considerar uma espessura de osso ade-quada para colocar os implantes.

REABILITAÇÃO DE MAXILAR SUPERIOR EDÊNTULO COM

‘OVERDENTURE’ IMPLANTO-SUPORTADA COM CONEXÃO

PASSIVA DE UMA BARRA COM PILARES DE BAIXO PERFIL

RESUMO

Objectivos:

A prótese dento suportada foi documentada pela pri-meira vez há cerca de 150 anos, mas a sua execução,

seguindo um protocolo bem definido como conhecemos nos dias de hoje, remonta apenas há cerca de 60. Com a evolu-ção na área de implantologia e o surgimento de novos mate-riais, a confecção de próteses implanto-suportadas tem-se tornado comum. Os pacientes, por consequência, sentem uma melhoria da sua qualidade de vida graças ao conforto e retenção destas próteses. Este artigo descreve um caso clínico de reabilitação de um maxilar superior edêntulo com uma ‘overdenture’ implanto-suportada com recurso a pilares de baixo perfil conectados com uma barra passiva.

Técnica: O caso relatado é referente a um paciente que era portador de uma prótese muco-suportada com sinais óbvios de deterioração e instabilidade. Decidiu-se então, com a aprovação do paciente, optar pela reabilitação com uma ‘overdenture’ suportada por 4 implantes. Para tal, foi rea-lizado um retalho de espessura total e, após regularização da crista óssea, colocaram-se quatro implantes. Em seguida, avaliou-se a espessura da mucosa, colocando-se quatro atta-chments de baixo perfil como pilares para suportar a prótese previamente existente. Quatro meses depois, realizaram-se

impressões e utilizaram-se os mesmos pilares de baixo per-fil para se conectar passivamente uma barra para suportar a nova prótese. A retenção da prótese foi obtida fundindo-se a barra com attachments esféricos que oferecem vários tipos de retenção. O comportamento passivo da barra foi obtido através do sistema “Elastic Seeger” que abraça o pilar e mantém firmemente a barra na sua posição.

Resultado:

Seis meses após a colocação dos implantes e dos pilares de baixo perfil, não foram detectados sinais de perda óssea em redor dos implantes. Dois meses depois da reabilitação não ocorreram complicações: a passividade da barra, garan-tida com o sistema “elastic seeger”, reduziu o número e a duração das consultas; aparafusando-se de imediato o pilar de baixo perfil ao implante, sem nunca o remover, como acontece nos procedimentos com próteses convencionais, constituiu uma vantagem biológica pois não ocorreram danos nem traumatismos repetidos nos tecidos moles e no osso em redor do colo do implante. Estes factores contribuí-ram para a criação de um “selo biológico” evitando a disse-minação de infecções nos tecidos moles.

Conclusões:

O protocolo utilizado neste caso clínico, que envolve o uso de pilares de baixo perfil para suportar uma barra e uma ‘overdenture’, tem dado provas como uma terapia bem-sucedida. As expectativas do paciente, tais como uma pró-tese estável e uma boa estética, foram alcançadas e, simul-taneamente, com o uso do sistema “elastic seeger”, todo o processo foi simplificado poupando tempo e custos labora-toriais e clínicos.

Introdução:

A reabilitação oral com recurso a uma prótese parcial ou total tem dois objectivos fundamentais: obter estabilidade e retenção.

Para alcançar estes objectivos, em diversas publicações, são propostas várias soluções: Ledger, em 1856, suge-riu a utilização de um dente natural remanescente como “âncora”. Um século mais tarde, Miller (1958) sugeriu a con-fecção de próteses parciais suportadas pelos restantes den-tes dos pacientes.

Com o surgimento das técnicas cirúrgicas de colocação de implantes de titânio e o desenvolvimento dos conceitos de osteointegração, a prótese implanto-suportada tornou-se igualmente comum. De acordo com a Declaração de Con-senso de McGill (2002) sobre ‘overdentures’, as próteses suportadas por implantes provaram ser mais eficazes do que as convencionais, tanto em ensaios clínicos aleatórios como não aleatórios. Os pacientes afirmaram que as próteses são realmente mais estáveis e relataram maior facilidade na mastigação e na fala 3.

A saúde oral deteriorada afecta consideravelmente a qua-

Luca Bartoletti Estudante em Medicina Dentária, Alma Mater Studiorum, Universidade de Bolonha.

Raniero Miccoli Técnico de prótese, em Forli.

Dr. Marco Montanari A 20 de Outubro de 2005, graduou-se em Medicina Dentária e Implantologia na Universidade de Bolonha. Em Julho de 2009 Doutorou-se em Medicina Dentária para pessoas com deficiência, uma tese intitulada

“Reabilitação implanto-suportada em pacientes crianças e adolescentes portadores de displasia ectodérmica”. Dono da bolsa de valores Studio, continua com a actividade Clínica e Pesquisa ao serviço da Universidade de Medicina Dentária de Bologna, para deficientes lidando principalmente com reabilitação implanto-su-portada em pacientes pediátricos com agenesia múltipla. Desde Março de 2006 trabalha como freelancer em Forlì e como colaborador em implantologia em numerosos estudos em Emilia Romagna. Especializou-se em cirurgia de implantes e regeneração mucogingival, cirurgia periodontal e cirurgia piezoeléctrico. Membro do Conselho Editorial da “Journal of International Dental and Medical Research.” Autor de publicações em revistas nacionais e internacionais.

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Keywords: Overdenture, implantes, reabilitação oral, pilares de baixo perfil

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Em seguida, foi realizada a osteotomia nas regiões 14, 12,

22 e 24, e foram colocados 4 implantes cilíndricos de 3,3 mm

de diâmetro com 10 mm e 11,5 mm de comprimento (Prima-

Connex, Keystone Dental, MN, USA). Devido à boa prepara-

ção do leito implantar, o implante mostrou uma estabilidade

de 45 Nm, o que permitiu uma carga imediata nos implan-

tes, proporcionando ao paciente a possibilidade de ter uma

prótese estável e com retenção, logo no dia da cirurgia.

A espessura da mucosa foi avaliada e os 4 pilares de baixo

perfil (OT Equator, Rhein’83, Bologna, Italy) (Fig. 4), com uma

altura de colo previamente definida, foram colocados.

Nos pilares de baixo perfil, desta feita utilizados como

attachments, foram inseridas capas de retenção (OT cap,

Rhein’83, Bologna, Italy), o que permitiu uma retenção elás-

tica (Fig. 5). Mais tarde, ajustou-se a prótese e incorpora-

ram-se os encaixes em aço inoxidável na prótese (Fig. 6)

permitindo ao paciente desfrutar imediatamente de uma

melhoria da retenção. Foi realizada uma ortopantomografia

para verificar a posição dos implantes (Fig. 7).

Três meses depois foram realizadas impressões em alginato

para a obtenção de moldeiras individuais para depois realizar

uma impressão definitiva em poliéter (Impregum, 3M, USA),

utilizando-se um pilar de transferência pick-up específico para

os pilares de baixo perfil (Fig. 8). Os modelos definitivos foram

obtidos e os análogos dos OT EQUATOR foram inseridos (Fig.

9), confeccionando-se o bloco de oclusão com 4 retenções cor-

respondentes aos locais dos implantes (Fig. 10). Na consulta

seguinte, obteve-se a dimensão vertical de oclusão. Após a

escolha da cor dos dentes, foi realizada uma analise estética

e de funcionalidade (Fig. 11-12a), assim como análise fonética

(Fig. 12b). O laboratório criou então uma chave de silicone para

avaliar os espaços protéticos disponíveis e criou uma barra com

material calcinável e, em seguida, fundiu a barra em cromo-

cobalto (Fig. 13a, 13b). Na superfície oclusal da barra e nas suas

laterais foram acoplados attachments esféricos (Spheroblock e

OT Unilateral) afÍm de proporcionar a retenção da prótese. A

barra oposta tem duas funcionalidades: permite conectar a pró-

tese à barra, e também, reforçar a própria prótese. Como con-

sequência, foi possível reduzir significativamente o tamanho e

a espessura da prótese no palato, como era desejo do paciente.

A barra fixa aos pilares de baixo perfil (Fig. 14-15 a,b) com o sis-

tema “Elastic Seeger” (Elastic Seeger, Rhein’83, Bologna, Italy)

(Fig. 16 a, b) permite ao mesmo tempo a estabilidade da pró-

tese, assim como a passividade da conexão barra-pilar. O para-

fuso inserido no attachment de baixo perfil representa apenas

uma pequena parte na função de retenção da barra porque

a principal retenção é garantida pelo sistema “Elastic Seeger”.

A prótese foi então finalizada (Fig. 17 a,b) e os testes de

oclusão e fonética realizados. Realizou-se uma nova ortopan-

tomografia no final da reabilitação, de forma a avaliar a cone-

xão da barra e os níveis ósseos em redor dos implantes (Fig.

18). O paciente relatou uma franca melhoria da sua qualidade

de vida (Fig.19 a,b,c) e um maior conforto assim como um

aumento na variedade alimentar, ao contrário do que sucedia

com a prótese total convencional previamente utilizada.

Resultados:Seis meses após a colocação dos implantes e dos pilares de

baixo perfil, não se evidenciaram sinais de reabsorção óssea

apesar de se tratar de uma crista óssea extremamente fina.

Aparafusar o pilar de baixo perfil logo após a colocação dos

implantes, sem nunca ter necessidade de os remover em qual-

quer parte do processo, parece constituir uma vantagem sig-

nificativa a nível biológico, pois não se verificaram danos na

fibra do epitélio da mucosa e nos níveis ósseos em redor do

Fig 5

Fig 1 a

Fig 2

Fig 6

Fig 1 b

Fig 3

Fig 1 c

Fig 4

implante. Isto permitiu também, com a ajuda de capas de reten-

ção elásticas que dissipam as forças oclusais sobre os implantes

durante o período de osteointegração, que o paciente utilizasse

uma prótese imediata com estabilidade. Dois meses após a

reabilitação não foram observados efeitos adversos da prótese.

Para além disso, a utilização do sistema “Elastic Seeger” para

conexão passiva da barra reduziu o número e a duração das

consultas, o que simplificou o trabalho clínico e laboratorial,

permitindo poupar-se tempo e custos adicionais.

Discussão:O paciente expressou o seu desejo em ter dentes definiti-

vos, mostrando-se preocupado com a estética e com vontade

de reduzir a espessura do palato na prótese anterior. Outro

factor que levou à escolha deste plano de tratamento pren-

deu-se com o paciente não pretender submeter-se a cirurgia de

levantamento do seio maxilar com enxerto ósseo e aumento

de espessura da crista óssea. Com efeito, procurou-se simplifi-

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os remover durante todo o processo foi uma grande vantagem,

pois permitiu realizar os procedimentos protéticos directa-

mente nos pilares em vez de trabalhar ao nível da plataforma

do implante, preservando assim os tecidos moles. Isto evita

danos nos ligamentos epiteliais e fibras conjuntivas em redor

do colo do implante e tem também um papel de “selo bioló-

gico” na prevenção de infecções nos tecidos moles. A conexão

car, tanto quanto possível, os procedimentos clínicos, cirúrgicos

e laboratoriais, assim como reduzir os tempos de carga sobre

os implantes. A escolha de um retalho que permitisse a preser-

vação do freio labial e da papila incisiva teve como objectivo

reduzir o desconforto do paciente e reduzir o período de recu-

peração pós-cirurgico, assim como facilitar o reposicionamento

da prótese graças à preservação da anatomia do maxilar supe-

rior e do vestíbulo 10. Tentou-se que a colocação dos implan-

tes fosse o mais distal possível, a fim de minimizar cantilevers

na prótese e foram imediatamente aparafusados os pilares de

baixo perfil (OT Equator, Rhein’83, Bologna, Italy) escolhidos

com a altura de colo adequada. Conectar os pilares sem nunca

Fig 11

Fig 13 a

Fig 12 a

Fig 13b

Fig 12b

Fig 14

Fig 8

Fig 9

Fig 10

Fig 7

Fig 15 a Fig 15 b

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(1) Ledger E. On preparing the mouth for the reception of a full set of artificial teeth. J Prosteth Dent. Sci 1856; 1:90.

(2) Miller P. Complete dentures supported by natural teeth. J Prosteth Dent 1958; 8:924-928

(3) Feine JS, Carlsson GE, Awad MA, Chehade A, Duncan WJ, Gizani S et al. The McGill consensus statement on overdentures. Montreal, Quebec, Canada. May 24-25, 2002. Int J Prosthodont. 2002; 15:413-414.

(4) Steele JG, Sanders AE, Slade GD, Allen PF, Lathi S, Nuttall N, Spencer AJ. How do age and tooth loss affect oral health impact and quality of life? A study comparing two national samples. Community Dental Oral Epidemiol. 2004; 32: 107-14

(5) Siadat H, Alikhasi M, Mirfazaelian A, Geramipanah F, Zaery F. Patient satisfaction with implant-retained mandibular overdentures: a retrospective study. Clin Implant Dent Relat Res. 2008; 10: 93-8

(6) Kuoppala R, Näpänkangas R, Aune Raustia. Quality of life of patients treated with implant-supported mandibular overdentures evaluated with the oral health impact profile (OHIP-14): a survey of 58 patients. J Oral Maxillofac Res 2013;1; 4.

(7) Slade GD. Derivation and validation of a short-form oral health impact profile. Community Dent Oral Epidemiol. 1997; 25: 284-90.

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(9) Roccuzzo M, Bonino F, Gaudioso L, Zwahlen M, Meijer HJA. What is the optimal number of implants for removable reconstructions? A systematic review on implant-supported overdentures. Clin. Oral Implant Res. 23 (suppl. 6); 2012: 229-237.

(10) Sclar AG. Strategies for management of single-tooth extraction sites in aesthetic implant therapy. J Oral Maxillofac Surg 2004; 62: 90-105.

Referências Bibliográficas

AgradecimentosAo Centro de Investigação Rhein’83, Via Zago 10, Bolonha – Itália, pelo apoio e suporte.

Conclusões:O protocolo implementado neste estudo, que envolveu o

uso de pilares de baixo perfil para suportar uma barra com uma conexão passiva, tem vindo a provar ser um tratamento bem-sucedido. Os desejos do paciente de ter uma prótese confortável, estável e estética foram alcançados, conse-guindo-se, simultaneamente, com o sistema “Elastic See-ger”, simplificar os procedimentos clínicos e laboratoriais e reduzir ainda tempo e custos. �

de uma barra convencional aos implantes tem um problema comum, nomeadamente o facto de que a falta de passividade da estrutura transmite stress aos implantes causando uma montagem incorrecta da prótese e, mais tarde, a perda do implante. Para se obter uma conexão passiva são necessários vários testes clínicos de correcção que nem sempre são fáceis de realizar. No presente caso clínico foi utilizado um protocolo que ajuda a conectar a barra aos pilares dos implantes com o uso de anéis de nylon da Rhein’83 conhecidos como o sistema “Elastic Seeger”.

Fig 19 b

Fig 19 c

Fig 17 b

Fig 16 b

Fig 18

Fig 17 a

Fig 19 a

Fig 16 a

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