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CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES BRUNA SENISKI DE ALMEIDA JULIANA DE SOUZA MADEIRO REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA CORONÁRIA COM ENVOLVIMENTO PULPAR Maceió 2019

REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

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Page 1: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES

BRUNA SENISKI DE ALMEIDA

JULIANA DE SOUZA MADEIRO

REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA

CORONÁRIA COM ENVOLVIMENTO PULPAR

Maceió

2019

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BRUNA SENISKI DE ALMEIDA

JULIANA DE SOUZA MADEIRO

REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA

CORONÁRIA COM ENVOLVIMENTO PULPAR

Maceió

2019

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso

de Odontologia do Centro Universitário Tiradentes,

como parte das exigências para a obtenção do título

de Bacharel em Odontologia.

Orientadora: Prof. Dannyele Cynthia Santos Pimentel

Nicácio

Coorientador: Prof. Emillianno de Gusmão Gonçalves

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BRUNA SENISKI DE ALMEIDA

JULIANA DE SOUZA MADEIRO

REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA

CORONÁRIA COM ENVOLVIMENTO PULPAR

EM : ___/____/_____

BANCA EXAMINADORA

Dannyele Cynthia Santos Pimentel Nicácio

Emillianno de Gusmão Gonçalves

Rafaela Andrade de Vasconcelos

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso

de Odontologia do Centro Universitário Tiradentes,

como parte das exigências para a obtenção do título

de Bacharel em Odontologia.

Orientadora: Prof. Dannyele Cynthia Santos Pimentel

Nicácio

Coorientador: Prof. Emillianno de Gusmão Gonçalves

Page 4: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

Agradecimentos

Essa fase de nossas vidas é muito especial e não podemos deixar de agradecer a Deus

por toda a força, ânimo e coragem que nos ofereceu para ter alcançado nossa meta.

Ao Centro Universitário Tiradentes, queremos deixar uma palavra de gratidão por ter

nos recebido de braços abertos e com todas as condições que nos proporcionaram dias

de aprendizagem muito ricos.

Aos professores reconhecemos um esforço gigante com muita paciência e sabedoria.

Foram eles que nos deram recursos e ferramentas para que evoluíssemos um pouco a

mais todos os dias.

À nossa orientadora Dannyele Cynthia Santos Pimentel Nicácio e ao nosso

coorientador Emillianno de Gusmão Gonçalves pelo suporte, orientação, incentivo e

pela constante ajuda neste trabalho.

É claro que não podemos esquecer da nossa família e amigos, porque foram eles que

nos incentivaram e inspiraram através de gestos e palavras a superar todas as

dificuldades.

À todas as pessoas que de alguma forma nos ajudaram a acreditar em nós, queremos

deixar um agradecimento eterno, porque sem elas não teria sido possível.

Page 5: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

Resumo

Introdução: Traumas dentários são recorrentes na rotina odontológica e podem ser

responsáveis por extensas fraturas coronárias. O tratamento destas fraturas pode se

tornar ainda mais desafiador quando ocorre a violação do espaço biológico e a

exposição acidental da polpa. Objetivo: O presente artigo descreve a reabilitação de um

elemento dental com fratura coronária extensa e envolvimento pulpar, através da

reinserção e cimentação resinosa do fragmento dental e uso de pino de fibra de vidro.

Descrição do caso clínico: Trauma dentário, no dente 12, diagnosticado como fratura

coronária extensa, com envolvimento pulpar. O tratamento consistiu em uma

abordagem multidisciplinar através da qual foi realizado um retalho mucoperiosteal para

o aumento da coroa clínica, tratamento endodôntico e a reinserção e cimentação

resinosa do fragmento dental após a cimentação intrarradicular de um pino de fibra de

vidro. Considerações finais: A reabilitação de uma extensa fratura coronária pode

envolver diferentes áreas da odontologia, sendo necessária uma abordagem

odontológica multidisciplinar, para que seja possível solucionar os problemas

ocasionados, devolvendo ao paciente conforto e segurança, além da reabilitação

funcional e estética.

Descritores: Traumatismo dentário; Tratamento multidisciplinar; Reabilitação

odontológica.

Page 6: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

Abstract

Introduction: Dental trauma is recurrent in the dental routine and may be responsible

for extensive coronal fractures. Treating these fractures can become even more

challenging when biological space violation and accidental pulp exposure occur.

Objective: This article describes the rehabilitation of a dental element with extensive

coronal fracture and pulpal involvement through resinsertion of the dental fragment

using a fiberglass post. Case report: Dental trauma in tooth 12, diagnosed as extensive

coronal fracture with pulpal involvement. The treatment consisted of a multidisciplinary

approach through which a mucoperiosteal flap was performed for clinical crown

augmentation, endodontic treatment and dental fragment resinsertion after intraradicular

fiberglass post cementation. Final considerations: The rehabilitation of an extensive

coronal fracture may involve different areas of dentistry, requiring a multidisciplinary

dental approach in order to be able to solve the problems caused, providing comfort and

safety to the patient, in addition to functional and aesthetic rehabilitation.

Descriptors: Dental traumatism, multidisciplinary treatment, dental rehabilitation

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Lista de figuras

FIGURA 1 – Radiografia periapical...............................................................................4

FIGURA 2 ..................................................................................................................... 6

2. A Aspecto da coroa clínica após o rebatimento do retalho..................................6

2. B Aspecto do periodonto 90 dias após a cirurgia.................................................6

2. C Canal radicular inicialmente.............................................................................6

2. D Canal radicular obturado..................................................................................6

FIGURA 3.......................................................................................................................9

3.A Restauração provisória......................................................................................9

3.B Prova do pino de fibra de vidro.........................................................................9

3.C Posicionamento do pino de fibra de vidro no conduto radicular.......................9

3. D Fotopolimerização...........................................................................................9

FIGURA 4......................................................................................................................10

4.A Condicionamento com ácido fosfórico............................................................10

4. B Lavagem do dente...........................................................................................10

4. C Resultado final................................................................................................10

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2. RELATO DE CASO ............................................................................................. 3

2.1 Aumento de coroa clínica .......................................................................... 4

2.2 Tratamento endodôntico ............................................................................ 5

2.3 Confecção de pino de fibra de vidro e cimentação do fragmento

coronário.............................................................................................................6

3. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 11

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 15

5. REFERÊNCIAS..................................................................................................16

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Artigo a ser enviado para publicação no periódico: Revista de Odontologia da UNESP

(B3).

Juliana de Souza MADEIROa, Bruna Seniski de ALMEIDAa, Affonso Gonzaga Silva

NETTOa, Emillianno de Gusmão GONÇALVESa, Dannyele Cynthia Santos Pimentel

NICÁCIOa*

aCentro Universitário Tiradentes, UNIT – Maceió, AL, Brasil

*Autor correspondente:

Dannyele Cynthia Santos Pimentel Nicácio

[email protected]

Page 10: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

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1. INTRODUÇÃO

O Traumatismo dentário é um problema de saúde com uma alta taxa de

incidência e que pode levar a danos nas estruturas dentárias e perirradiculares, sendo

esses danos capazes de causar dor, desconfortos psicológicos e até mesmo um grande

impacto na qualidade de vida do paciente¹.

Aproximadamente 33% dos adultos já sofreram lesões dentárias traumáticas na

dentição permanente, sendo as fraturas de coroa clínica com exposição pulpar, as

chamadas fraturas complexas de coroa, responsáveis por até 20% de todos os pacientes

acometidos por traumas dentários2-3.

Uma região frequentemente atingida é a dos incisivos superiores, o que pode

acarretar em complicações estéticas, além de problemas na função do paciente, tornando

a escolha do tratamento mais difícil4-5.

Para planejar o tratamento de fraturas complexas de coroa é necessário

considerar algumas particularidades antes de se optar por um plano de tratamento

definitivo, tais como: a extensão e localização da fratura, se houve ou não invasão do

espaço biológico, a existência ou não de um fragmento dentário e suas condições

clínicas6. Além disso, o prognóstico favorável dependerá da ação emergencial rápida e

eficaz do cirurgião dentista, na qual um atraso ou falha no planejamento pode acarretar

em um resultado ineficaz1.

Fraturas complexas de coroa se caracterizam pela exposição pulpar, por isso o

seu tratamento está associado à necessidade da realização prévia de um tratamento

endodôntico.

Tratamentos como capeamento pulpar, pulpotomia e pulpectomia são algumas

alternativas que o cirurgião dentista pode optar durante o tratamento. A escolha

dependerá do tamanho da exposição e tempo de duração de tratamento7.

Page 11: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

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Tais fraturas podem se estender acima da margem gengival dificultando a

delimitação da extensão da fratura e o acesso às margens do remanescente dental6.

Opções como extrusão cirúrgica ou ortodôntica podem ser adotadas para permitir a

restauração do dente fraturado e o restabelecimento de um periodonto saudável1.

A restauração de uma fratura complexa de coroa também dependerá das

particularidades da lesão. Restaurações com resina composta, coroas totais, fragmentos

cerâmicos e até mesmo o reposicionamento do fragmento dental são opções a serem

consideradas6.

A reinserção do fragmento, além de ser um tratamento extremamente

conservador, possui algumas vantagens: ter um custo menor, ser mais rápida e devolver

elementos estéticos, como forma, cor e textura, idênticos aos dentes naturais que

dificilmente seriam alcançados com restaurações8,9.

Restaurações como essas podem apresentar uma resistência deficiente ao

impacto mecânico sendo indicados reforços internos10. Em casos de fraturas complexas

de coroa, utilizar pinos intrarradiculares é uma opção interessante, principalmente

quando as fraturas atingem dois terços ou mais da coroa11.

O objetivo desse artigo é descrever a reabilitação de um elemento dental com

fratura coronária extensa e envolvimento pulpar através da reinserção e cimentação

resinosa do fragmento dental e uso de pino de fibra de vidro.

Page 12: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

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2. RELATO DE CASO

Paciente do gênero feminino, 62 anos, procurou o serviço de atendimento

odontológico do Centro Universitário Tiradentes devido a um incidente doméstico, no

qual resultou uma fratura coronária no dente anterior.

Foi realizada uma radiografia periapical onde foi possível identificar uma fratura

coronária no dente 12. Na radiografia foi possível visualizar a extensão bidimensional

da linha da fratura, bem como não foi observado alterações perirradiculares (Figura 1).

Ao realizarmos o exame clínico, observou-se que o fragmento dentário estava

aparentemente preso somente pelas fibras periodontais e com grande mobilidade, porém

o tecido gengival apresentava um aspecto de normalidade.

Na face vestibular da coroa clínica não era possível visualizar a linha da fratura,

já na face palatina, era visível a linha de fratura que se estendia de mesial a distal do

elemento. A fratura desse elemento foi classificada como coronária, com envolvimento

pulpar.

Dessa forma, o caso foi conduzido com a remoção do fragmento coronário, e o

tratamento imediato consistiu emergencialmente em um acesso a polpa, com ponta

diamantada esférica 1014 em alta rotação e irrigação da cavidade com solução de

hipoclorito de sódio 1.0%, sob isolamento absoluto. Em seguida, foi colocada à

medicação intracanal, Otosporin (Wellcome, Portugal) e o acesso fechado com cimento

de ionômero de vidro Maxxion (FGM, Brasil), cor A2, e recolocado o próprio

fragmento coronário, através de uma contenção semi-rígida (fio ortodôntico 0,5mm) por

se tratar de uma região com comprometimento estético.

Page 13: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

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Após a análise do caso, realizamos uma abordagem multidisciplinar, que

consistiu em três etapas: realização de aumento de coroa clínica; tratamento

endodôntico; confecção de pino de fibra de vidro e cimentação do fragmento coronário.

2.1 Aumento de coroa clínica

Nessa etapa foi confeccionado um retalho envelope de espessura total para que

fosse realizada a remoção óssea de 3mm a partir da margem da fratura, restabelecendo o

espaço biológico.

Figura 1. Radiografia apical.

Page 14: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

5

A osteotomia foi executada com ponta diamantada esférica e micro cinzel

de Ochsenbein, em seguida, sutura com dois pontos simples com fio de nylon 6-0

(Figura 2a e b).

2.2 Tratamento endodôntico

Após 90 dias, realizou-se o tratamento endodôntico do dente 12. O mesmo foi

executado através da técnica de instrumentação coroa ápice e em sessão única.

Inicialmente, foi realizado o cateterismo do canal radicular com lima manual de

primeira série tipo Kerr nº10 e logo após se deu início ao preparo do terço cervical do

canal com as brocas Gates Gliden 5, 4, 3 e 2.

Em seguida, deu-se início a odontometria, que foi realizada com o auxílio de um

localizador apical. A mesma mostrou que o canal possuía 14mm.

Após a odontometria, foi realizada a instrumentação do canal radicular pela

técnica escalonada, utilizando limas do tipo Kerr #20 até a memória de #35, recuando

em seguida 1mm até a lima #50.

Toda a instrumentação foi acompanhada de irrigação com hipoclorito de sódio a

1%. Fez-se uma irrigação com EDTA por 3 min, seguida da neutralização do EDTA

com hipoclorito de sódio a 1%, então o canal foi seco com cones de papel absorvente nº

35 (Maillefer, Dentsply).

Após o preparo químico e mecânico, iniciou-se a fase da obturação com cones

guta percha (Dentsply), cone principal nº 35 e acessórios F e MF e cimento obturador

AH Plus (Dentsply) (Figura 2c e d).

O selamento cervical foi feito com cimento obturador provisório cotosol

(Villevie) e com resina composta Llis cor A3 (FGM, Brasil). Em seguida a contenção

semi-rígida foi refeita.

Page 15: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

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2.3 Confecção de pino de fibra de vidro e cimentação do fragmento coronário

Primeiramente, foi feita a seleção do pino usando uma radiografia periapical do

dente 12, tendo como padrão a largura do canal, evitando assim a remoção

desnecessária e prejudicial de dentina radicular. Foi selecionado o pino de fibra de vidro

cônico liso nº 1 (Maquira Indústria de Produtos Odontológicos, Maringá, PR, Brasil).

Figura 2 (a-d). (a) Aspecto da coroa clínica

após o rebatimento do retalho. (b) Aspecto do

periodonto 90 dias após a cirurgia. (c) Canal

radicular inicialmente. (d) Canal radicular

obturado.

A

B

C D

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Em seguida, realizou-se o isolamento absoluto com arco de ostby, grampo

prisma n°26, dique de borracha (Madeitex), fio dental e top dam (FGM, Joinville, Santa

Catarina, Brasil) (Figura 3a).

A restauração provisória foi removida com ponta diamantada esférica 1014 e,

posteriormente, retirou-se a parte da guta-percha com o auxílio de brocas Gates Glidden

3, 4 e 5 e Largo de 2 e 3, deixando 4mm de material obturador na região apical.

Logo após, fora feita a lavagem do conduto e secagem com papel absorvente,

realizando-se radiografia periapical para conferir o material removido.

Posteriormente, realizou-se a prova do mesmo no canal radicular para verificar

se o comprimento de trabalho da broca equivalia-se ao comprimento do pino dentro do

conduto radicular e em seguida a desinfecção do pino de fibra de vidro com álcool 70%

(Figura 3b).

Logo após, o pino foi tratado com ácido fosfórico a 37% (Attaque Gel da

Biodinâmica, Ibipora, Paraná, Brasil), lavado e seco. Em seguida, foi aplicado o agente

de união silano (Silano da Angelus, Londrina, Paraná, Brasil) com o microbrush e

aplicado jato de ar após 1 minuto.

Realizou-se também o condicionamento ácido do conduto radicular com ácido

fosfórico a 37% (Attaque Gel da Biodinâmica, Ibipora, Paraná Brasil) por 20 segundos.

Sendo o conduto lavado com água, secado com cones de papel absorvente para ser feita

a aplicação do adesivo (Magic Bond da Coltene, Bonsucesso, Rio de Janeiro, Brasil),

com microbrush (Cavibrush Longo da FMG, Joinville, Santa Catarina, Brasil) no

interior do canal, e removido seu excesso com cones de papel absorvente calibroso #80,

fotopolimerizando por 1 minuto.

Em seguida, realizou-se a manipulação do cimento resinoso dual e o pino

binzuntado no cimento resinoso dual (Allcem da FGM, Joinville, Santa Catarina, Brasil)

Page 17: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

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para logo após ser inserido no interior do canal e fotopolimerizado por 60 segundos

(Figura 3c e d).

Após 15 minutos, fora realizado o corte do pino de fibra de vidro em

comprimento, deixando o remanescente suficiente para proporcionar suporte ideal ao

dente. Na sequência, removeu-se o isolamento absoluto e foi feito um isolamento

relativo para a cimentação do fragmento coronário.

Devido à ótima adaptação do mesmo no remanescente dentário, não houve

necessidade de nenhum tipo de preparo na coroa dentária.

Foi inserido então o fio retrator Ultrapak #1 (Ultradent Products Inc, South

Jordan, Utah, USA) previamente embebido em solução hemostática (Hemoliq da

TechNew, Quintino, Rio de Janeiro, Brasil), realizado o condicionamento ácido do

fragmento dentário e do dente em boca (Figura 4a e b) ao mesmo tempo, com ácido

fosfórico a 37% (Attaque Gel da Biodinâmica, Ibipora, Paraná, Brasil) por 20 segundos,

lavado e secado.

Após tal procedimento, foi aplicado o adesivo (Magic Bond da Coltene,

Bonsucesso, Rio de janeiro, Brasil) com microbrush, tendo seu excesso removido com

papel absorvente e fotopolimerizado por 1 minuto.

Por fim foi feita a cimentação do fragmento coronário com cimento resinoso

dual (Allcem da FGM, Joinville, Santa Catarina, Brasil), que foi inserido ao dente e ao

pino em boca. Sua fotoativação foi feita durante 1 minuto e depois retirado o fio retrator

(Figura 4c).

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A B

C D

Figura 3 (a-d). (a) Restauração provisória. (b) Prova do pino de fibra de vidro. (c) Posicionamento do

pino de fibra de vidro no conduto radicular. (d) Fotopolimerização.

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10

Figura 4 (a-c). (a) Condicionamento com ácido fosfórico. (b) Preparo para cimentação. (c) Resultado

final.

A

B

C

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3. DISCUSSÃO

O traumatismo dentário, ao afetar a dentição permanente, resulta em verdadeiros

estresses na rotina odontológica, além de exigirem manejos complexos e extensos11,12.

As fraturas de coroa podem se apresentar de diferentes formas, com ou sem

envolvimento pulpar e em diferentes regiões como, por exemplo, em regiões

subgengivais ou abaixo da margem gengival13, como relatado no caso apresentado neste

artigo, onde houve perda do espaço biológico.

Nesses casos, em que o comprometimento da fratura estende-se abaixo da

junção cemento-esmalte, a escolha do tratamento a ser adotado dependerá da sua

extensão na região subgengival14.

A literatura relata que existem diferentes métodos para restabelecer os níveis

gengivais que foram comprometidos. Tratamentos como extrusão ortodôntica e o

aumento de coroa clínica possuem o intuito de reparar os níveis ósseos inconsistentes,

além de expor a linha da fratura abaixo da margem gengival devolvendo a largura

biológica que foi afetada e permitindo a cicatrização adequada do periodonto 14, 15, 16.

De acordo com Aggarwal, Logani e Shah17, a extrusão ortodôntica possibilita a

restauração da inserção periodontal fisiológica e preservação do osso alveolar. Os

autores relatam que esta técnica apresenta um prognóstico positivo, havendo casos de

reabsorção radicular em apenas 7 a 12% dos relatos.

Entretanto, Dede et al.14 descrevem que esta técnica possui algumas limitações,

como por exemplo: um período mais longo de tratamento, prejudicar a estética do

paciente, além de fazer necessário, em alguns casos, uma gengivectomia ou

gengivoplastia para corrigir possíveis discrepâncias.

Ertugrul, Eden e İlgenli18 também alegam que a extrusão ortodôntica pode

resultar no encurtamento do comprimento da raiz levando à consequências indesejáveis.

Page 21: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

12

Mediante a tais considerações, foi optado, no caso descrito neste artigo, por

realizar o aumento da coroa clínica através da técnica cirúrgica, onde foi feita a

combinação de um retalho de tecido junto com a remoção do osso alveolar para o

acesso à linha da fratura e houve um desgaste proporcional aos dentes adjacentes; o que

segundo a literatura proporciona um resultado estético favorável além do tempo clínico

ter sido relativamente curto16, 19.

Restabelecidos os níveis gengivais e ósseos as fraturas coronárias complexas

devem passar por uma breve análise quanto ao grau de exposição da polpa. Segundo

Gonçalves et al9, as opções de tratamento podem variar de acordo com a extensão da

exposição, podendo ir de uma pulpotomia até uma pulpectomia.

No relato apresentado, foi preferível a realização de uma pulpectomia devido à

grande extensão da exposição pulpar. O tratamento foi realizado em sessão única e de

forma convencional.

Para otimizar o tratamento endodôntico foi preferível o uso do localizador apical

eletrônico, uma vez que de acordo com Pereira et al20, o método para a determinação de

comprimento de trabalho mais utilizado sãos os métodos radiográficos, apesar destes

não proporcionarem uma imagem 3D, o que pode levar a erros na análise das

radiografias, além de distorções nas imagens serem comumente encontradas.

Outro problema encontrado na utilização das radiografias é que estudos

revelaram que o forame apical nem sempre é encontrado no ápice anatômico. Segundo

Gesi21, falhas no tratamento endodôntico podem ser motivadas pela falta de limpeza nos

canais principalmente na região do ápice.

Após o tratamento endodôntico de fraturas complexas da coroa, com 50% da

estrutura coronária perdida, o espaço intrapulpar pode ser usado para a retenção de um

Page 22: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

13

pino de fibra de vidro, que servirá como suporte central e permitirá uma maior retenção

da restauração ou coroa13, 19.

No caso relatado, a reabilitação da extensa fratura coronária foi realizada com a

reinserção do fragmento dentário, sendo utilizado como coroa natural. Esse foi

reposicionado e cimentado com o auxílio retentivo de um pino de fibra de vidro.

Conforme Oh S et al4, os pinos de fibra de vidro são excelentes retentores

internos, e, além disso, proporcionam uma distribuição de tensão idêntica ao dente, por

possuir um módulo de elasticidade semelhante ao da dentina, podendo evitar fraturas

radiculares futuras.

Stojanac et al13, também afirma propriedades estéticas satisfatórias, custo

relativamente baixo, técnica de fácil manejo, além de suas diferentes formas auxiliarem

em uma adaptabilidade favorável, havendo ainda ligação direta às estruturas do dente.

Atualmente, os pinos de fibra de vidro estão sendo desenvolvidos com uma

maior radiopacidade e uma melhora na configuração dos formatos, com o objetivo de

uma melhor adaptação no canal radicular10.

Além disso, esses materiais possuem uma translucidez que possibilita ao

cirurgião dentista a simplificação do seu procedimento clínico, fotopolimerizando o

cimento e o sistema adesivo de forma única22.

Algumas características dos pinos de metálico fundido fizeram com que ele

fosse uma opção a ser descartada. O uso desse tipo de pino pode ser responsável por

fracassos na restauração, como a fratura da raiz, por se tratar de um material mais

rígido. Pode haver também um comprometimento estético da coroa do dente, deixando

assim o resultado final insatisfatório11, 13. Por esses motivos o pino de fibra de vidro foi

selecionado para a estabilização do fragmento dentário.

Page 23: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

14

Na literatura, são abordadas algumas maneiras de realizar a restauração de

fraturas extensas de coroa. De acordo com Patni, Jain e Goel23, restaurações comuns ou

protéticas podem não ser uma opção muito vantajosa. Os mesmos relatam que

restaurações comuns podem ser responsáveis por contornos insatisfatórios e apresentar

deficiências em relação à cor e translucidez natural do dente e que restaurações

protéticas, por sua vez, podem apresentar problemas na durabilidade a longo prazo.

Outra opção seria o reposicionamento do fragmento dentário, que se caracteriza

por ser um método de custo baixo, com menor tempo clínico, além de preservar as

características originais do dente como o brilho, textura e contorno6. O fragmento

reinserido também é mais resistente a manchas e a abrasões do que as restaurações de

resina compostas24.

Segundo Martins1, antes do reposicionamento do fragmento dental,

características como quantidade e qualidade de remanescente dental, adaptação do

fragmento devem ser observadas para que a técnica possua êxito.

No caso relatado, todas as especificações foram atendidas, bem como fora

realizada a reinserção do fragmento com o uso de um cimento resinoso dual, devido a

sua facilidade na inserção e na fotopolimerização, alcançando um resultado funcional e

estético extremamente satisfatório, além do conforto psicológico e emocional da

paciente.

Page 24: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todas as lesões dentárias traumáticas requerem um olhar especial por parte do

cirurgião dentista, principalmente quando essas lesões atingem estruturas essenciais

para o dente e áreas com alto valor estético.

As fraturas complexas de coroa são exemplos recorrentes desse tipo de lesão,

podendo afetar a função do paciente e sua vida social.

A reabilitação de uma extensa fratura coronária pode envolver diferentes

especialidades da odontologia, sendo necessária uma abordagem odontológica

multidisciplinar, para que seja possível solucionar os problemas que foram gerados.

Com os avanços da odontologia, dispõe-se de abordagens mais simples e

acessíveis, como ocorreu no caso relatado neste artigo. Dessa forma, foi possível

devolver o conforto psicológico e segurança, além da função e estética à paciente,

associando diferentes métodos e materiais à reinserção do fragmento dentário.

O reposicionamento do fragmento dentário com o auxílio de um pino de fibra de

vidro é hoje uma boa alternativa para as fraturas complexas de coroa devido a sua

biocompatibilidade e por ser um tratamento extremamente conservador.

Page 25: REABILITAÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE EXTENSA FRATURA …

16

5. REFERÊNCIAS

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Andersson L, Bourguignon C, Flores MT, Hicks ML, Lenzi AR, Malmgren B, Moule

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3. Tonini R. An Innovative Method for Fragment Reattachment after Complicated

Crown Fracture. Journal of Esthetic and Restorative Dentistry. 2017 29(3), 172–177.

4. Oh S, Jang J, Kim H, Seo N, Byun S, Kim S, Kim D. Long-term Follow-up of

Complicated Crown Fracture With Fragment Reattachment: Two Case Reports.

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5. Jagannath-Torvi S, Kala M. Restore the natural - A review and case series report on

reattachment. Journal of Clinical and Experimental Dentistry. 2014; e595–e598.

6. Taguchi C, Bernardon J, Zimmermann G, Baratieri L. Tooth Fragment Reattachment:

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7. Sheikh-Nezami M, Mokhber N, Shamsian K, Saket S. Management of a midroot and

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8. Kulkarni VK, Bhusari CP, Sharma DS, Bhusari P, Bansal AV, Deshmukh J.

Autogenous tooth fragment reattachment: A multidisciplinary management for

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17

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