DISCIPLINA: Alfabetizao e Letramento

Neste terceiro captulo estudamos os conceitos de alfabetizao e letramento e suas implicaes para o ensino e aprendizagem da leitu-ra e da escrita. Iniciamos apresentando as evolues dos conceitos da palavra Alfabetizao utilizados pela UNESCO. Na poca de sua funda-o a alfabetizao era vista predominantemente como a capacidade de ler, escrever e fazer clculos aritmticos. Promover a alfabetizao significava ento dar aos indivduos a capacidade de decodificar e codi-ficar a lnguagem em forma escrita. E muito evolumos neste conceito at hoje.

Foram apresentados tambm os conceitos de letramento e letra-mento digital. E foi apresentada a alfabetizao na perspectiva de Pau-lo Freire

Temos claro que a alfabetizao universal de crianas e adultos continua sendo um desafio. E ela constitui um direito humano fun-damental, uma necessidade bsica de aprendizagem e a chave para aprender a aprender, condio indispensvel para o exerccio pleno da liberdade, que constitui o bem supremo de ser na vida.

Alm disso, a batalha pela alfabetizao requer esforos susten-tados, intensivos e focalizados, alm de programas, projetos e campa-nhas de curto prazo. A alfabetizao favorece a identidade cultural, a participao democrtica, a cidadania, a tolerncia pelos demais, o desenvolvimento social e a paz.

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Para finalizar esta seo escolhemos transcrever um depoimento de Moacir Gadotti1 que exemplifica o debate existente em nosso pas em torno dos conceitos Alfabetizao e Letramento.

A alfabetizao tem sido entendida tradicionalmente como um processo de ensinar e aprender a ler e escrever, portanto, al-fabetizado aquele que l e escreve. O conceito de alfabetizao para Paulo Freire tem um significado mais abrangente, na medida em que vai alm do domnio do cdigo escrito, pois, enquanto prtica discursiva, possibilita uma leitura crtica da realidade, constitui-se como um importante instrumento de resgate da cida-dania e refora o engajamento do cidado nos movimentos sociais que lutam pela melhoria da qualidade de vida e pela transforma-o social (Paulo Freire, Educao na cidade, 1991, p. 68). Ele defendia a ideia de que a leitura do mundo precede a leitura da palavra, fundamentando-se na antropologia: o ser humano, muito antes de inventar cdigos lingusticos, j lia o seu mundo.

O termo letramento tem sido utilizado atualmente por alguns estudiosos para designar o processo de desenvolvimento das habi-lidades de leitura e de escrita nas prticas sociais e profissionais. Por que esse termo surgiu? Segundo alguns autores, a explicao est nas novas demandas da sociedade, cada vez mais centrada na escrita, que exigem adaptabilidade s transformaes que ocor-rem em ritmo acelerado, atualizao constante, flexibilidade e

1 http://culturadigital.br/obviuss/2010/07/22/alfabetizacao-e-letramento-como-negar-nossa-his-toria/GADOTTI, Moacyr. Alfabetizao e Letramento: como negar nossa histria. (acesso em 15/05/2013) Moacyr Gadotti Professor Titular da Universidade de So Paulo e Diretor do Instituto Paulo Freire.

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mobilidade para ocupar novos postos de trabalho. Os defensores do termo letramento insistem que ele mais amplo do que a alfabetizao ou que eles so equivalentes.

Emlia Ferreiro nega-se a aceitar esse retrocesso conceitu-al. Em vez de se curvar a esse novo anglicismo, ela traduz li-teracy por cultura escrita, e no por letramento. Mas no se trata s de um retrocesso conceitual. Trata-se, lamentavelmente, de uma tentativa de esvaziar o carter poltico da educao e da alfabetizao, uma armadilha na qual muitos educadores e edu-cadoras hoje esto caindo, atrados e atradas por uma argumen-tao que, primeira vista, parece consistente.

No se trata s de palavras, de brigar por terminologias. Tra-ta-se de uma posio ideolgica que busca negar toda a tradio freiriana. A palavra alfabetizao tem um peso, uma tradio, no contexto do paradigma da educao popular que a maior con-tribuio da Amrica Latina histria universal das idias peda-ggicas. O uso do termo letramento como alfabetizao uma forma de contrapor-se ideologicamente essa tradio, reduzindo alfabetizao lecto-escritura, como se diz em espanhol.

A alfabetizao no pode ser reduzida a uma tecnologia ou tcnica de leitura e de escrita. Ser uma pessoa letrada no signi-fica ser alfabetizada, no sentido que Paulo Freire dava ao termo. O termo alfabetizao no perdeu sua fora significativa diante da emergncia dos novos usos da lngua escrita, como argumentam alguns. Nem o termo ingls literacy (letramento) traduz melhor

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as prticas sociais que envolvem a leitura e a escrita. J esto adotando o termo letramento digital. Daqui a pouco, devere-mos nos referir s alfabetizadoras como letramentadoras? Alm do equvoco conceitual, sonoramente seria uma lstima! Emlia Ferreiro tem razo. um retrocesso.

V at a NetAula e olhe o Espao Geral desta sua disciplina. L voc encontrar algumas indicaes de textos para ampliar seu conhecimento sobre o que acabamos de estudar. Leia, busque e investigue!