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ILMA. SENHORA PRESIDENTE DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO DA INFRAERO RECORRENTE: LL CONSTRUTORA LTDA PROCESSO: CONCORRÊNCIA Nº 004/ADCO/SBPJ/2012 LL CONSTRUTORA LTDA., inscrita sob CNPJ n.º 05.090.305/0001-55, com sede de suas atividades à quadra 601 sul, Av. Teotônio Segurado, Conj. 01, Lote 13, Sala B, nesta capital, vem com o habitual respeito e acatamento, por intermédio do seu representante legal, ao fim assinado, "ut" instrumento de procuração anexo, com fulcro na alínea “b“, do inciso I, do art. 109, da Lei nº. 8666 / 93 e art. 56 et seq. da Lei nº. 9784/99, à presença de Vossa Senhoria, a fim de interpor RECURSO ADMINISTRATIVO HIERÁRQUICO, com pedido suspensivo contra a decisão dessa digna Comissão de Licitação que desclassificou a proposta da recorrente, classificando a proposta da empresa Salinas Construtora, o que faz declinando os motivos de seu inconformismo no articulado a seguir. A recorrente requer, respeitosamente, que este recurso administrativo hierárquico seja juntado aos autos em referência e encaminhado, em caráter de urgência (há pedido de efeito suspensivo), ao Excelentíssimo Senhor Presidente da Infraero, com cópia ao Diretor Geral de Engenharia e ao Superintendente de Licitações para revisão da r. decisão ora recorrida. Nestes Termos, Pede Deferimento. Palmas, 18 de fevereiro de 2013. ___________________________ LL CONSTRUTORA LTDA Leandro Bringel de Sousa

RECORRENTE: LL CONSTRUTORA LTDA PROCESSO: …licitacao.infraero.gov.br/arquivos_licitacao/2012/SRCO/004_ADCO... · De acordo com o art. 56 da Lei n° 9.784/99, "Das decisões administrativas

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ILMA. SENHORA PRESIDENTE DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO DA

INFRAERO

RECORRENTE: LL CONSTRUTORA LTDA

PROCESSO: CONCORRÊNCIA Nº 004/ADCO/SBPJ/2012

LL CONSTRUTORA LTDA., inscrita sob CNPJ n.º 05.090.305/0001-55,

com sede de suas atividades à quadra 601 sul, Av. Teotônio Segurado, Conj. 01,

Lote 13, Sala B, nesta capital, vem com o habitual respeito e acatamento, por

intermédio do seu representante legal, ao fim assinado, "ut" instrumento de

procuração anexo, com fulcro na alínea “b“, do inciso I, do art. 109, da Lei nº.

8666 / 93 e art. 56 et seq. da Lei nº. 9784/99, à presença de Vossa Senhoria, a fim

de interpor

RECURSO ADMINISTRATIVO HIERÁRQUICO, com pedido suspensivo

contra a decisão dessa digna Comissão de Licitação que desclassificou a

proposta da recorrente, classificando a proposta da empresa Salinas

Construtora, o que faz declinando os motivos de seu inconformismo no

articulado a seguir.

A recorrente requer, respeitosamente, que este recurso administrativo

hierárquico seja juntado aos autos em referência e encaminhado, em caráter de

urgência (há pedido de efeito suspensivo), ao Excelentíssimo Senhor Presidente

da Infraero, com cópia ao Diretor Geral de Engenharia e ao Superintendente de

Licitações para revisão da r. decisão ora recorrida.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Palmas, 18 de fevereiro de 2013.

___________________________

LL CONSTRUTORA LTDA

Leandro Bringel de Sousa

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA INFRAERO

C.C. ILUSTRÍSSIMO DIRETOR GERAL DE ENGENHARIA DA INFRAERO

C.C. ILUSTRISSIMO SENHOR SUPERINTENDENTE DE LICITAÇÕES DA

INFRAERO

REF. CONCORRÊNCIA Nº 004/ADCO/SBPJ/2012

LL CONSTRUTORA LTDA., inscrita sob CNPJ n.º 05.090.305/0001-55, com

sede de suas atividades à quadra 601 sul, Av. Teotônio Segurado, Conj. 01, Lote

13, Sala B, nesta capital, vem com o habitual respeito e acatamento, por

intermédio do seu representante legal, ao fim assinado, "ut" instrumento de

procuração anexo, com fulcro no item 9.2 do edital c/c Art. 109, I da Lei n.º

8.666/1993, TEMPESTIVAMENTE apresentar RAZÕES RECURSAIS DA

EMPRESA LL CONSTRUTORA LTDA em oposição a decisão da Presidente da

Comissão de Licitações e do Gerente de Engenharia que denegaram o Recurso

Administrativo interposto pela empresa ora recorrente.

I - SÍNTESE DOS FATOS

A inconformada recorrente insurge-se contra a decisão de INABILITAÇÃO de

sua proposta e a habilitação da empresa SALINAS CONSTRUTORA, proferida

pela Comissão de Licitação da INFRAERO, ao entender que a recorrente

descumpriu o edital ao apresentar Composição de Preços Unitários-CPU para

todos os itens do orçamento, na forma do Anexo XVI do Edital.

A insurgente interpôs Recurso Administrativo alegando que o Edital de

regência não exigiu Composição de Preços Unitários-CPU para os sub-itens e

sim para os ITENS, conforme claramente previsto no item 6.3 do Edital.

Em sede de contra-razões a empresa habilitada após a desclassificação do

recorrente, naturalmente aduziu tratar-se de um recurso procrastinatório e com

razões “irrelevantes”.

A Comissão de Licitação se baseou no Relatório Técnico do setor solicitante que

curiosamente motivou em dois pontos a análise do recurso:

• Em uma licitação em que o critério adotado foi o preço

unitário as Composições de Preços de todos os itens são de

suma importância para a Administração conhecer, julgar

e, se caso for, alterar os preços, com pleno conhecimento de

como foram formados;

• Os editais de contratação de obras praticados pela

INFRAERO geralmente apresentam essa exigência

(CPU’s para todos os itens). Essa dúvida levantada pela

RECORRENTE raras vezes foi observada em recursos.

Além disso, as outras participantes do certame atenderam

corretamente a exigência editalícia, sem qualquer dúvida.

Ainda sobre as alegações da RECORRENTE, não há que

se falar em RIGORISMO FORMAL ou FORMALISMO,

quando a Administração apenas exigiu o cumprimento de

cláusula simples e corriqueira, presente na maioria dos

editais da INFRAERO. G.N.

Pelas alegações da empresa habilitada no lugar da recorrente e a par da

“análise” do setor técnico, a Comissão de Licitação negou o recurso aviado

sendo confirmada tal decisão pelo Gerente de Engenharia.

Com a devida venia aos trabalhos dos profissionais envolvidos, a decisão de

negação do recurso interposto não deverá prosperar pelo que será demonstrado

a seguir, primado pelos princípios norteadores da atuação jurídica e da

Administração Pública.

É o breve resumo.

II – DA TEMPESTIVIDADE DO PRESENTE RECURSO

A decisão denegatória do recurso administrativo interposto foi publicada em

xx/xx/2013.

Segundo disciplina o art. 59 da Lei 9.784/99, que regula o processo

administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, "salvo disposição

legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de recurso

administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão

recorrida".

Nesta senda, o prazo para interposição do presente seria até o dia xx/03/2013,

sendo este portanto tempestivo.

III – DO CABIMENTO

De acordo com o art. 56 da Lei n° 9.784/99, "Das decisões administrativas cabe

recurso, em face de razões de legalidade e de mérito". O recurso administrativo

deve ser dirigido à autoridade que proferiu a r. decisão recorrida, que o

encaminhará à autoridade superior.

O interesse recursal da recorrente é patente, não havendo que se falar em

recurso procrastinatório uma vez que busca o exercício do contraditório e

ampla defesa, princípios estes assegurados constitucionalmente em processos

judiciais ou administrativos.

IV – DA ANALISE DAS ALEGAÇÕES DA EMPRESA CONSTRUTORA

SALINAS

Por certo, a empresa que beneficiou-se da inabilitação do recorrente alegará que

é descabida e absurda qualquer pretensão do insurgente para prevalecer sua

habilitação.

A empresa que fora habilitada no lugar do recorrente possui preço superior do

que poderia a Administração contratar, ferindo assim o principio da obtenção

da melhor proposta.

Fala-se em cumprimento dos requisitos do Edital e vinculação ao mesmo,

porém, como pode-se alegar ofensa a tais princípios sendo que o próprio Edital

não exigiu a identificação dos sub-itens na CPU???

Se a Administração não lançou regras claras e específicas, não pode atribuir este

ônus ao particular que agiu em conformidade com o solicitado. O item 6.3,

alínea “C” não nomina a necessidade dos sub-itens, exigindo apenas a

comprovação dos itens, senão vejamos:

6.3. O INVÓLUCRO II deverá conter todos os elementos a

seguir relacionados:

a) carta de apresentação da PROPOSTA DE PREÇOS,

assinada obrigatoriamente pelo representante legal da

licitante, com preços globais em Real, para os serviços e prazo

de validade da proposta não inferior a 120 (cento e vinte) dias

corridos, contados a partir da data de que trata o subitem 2.1

deste (Modelo Anexo II) ;

b) planilhas de serviços e preços (Modelo Anexo VII)

preenchidas e assinadas, em papel e em CD Rom, cujos itens,

discriminações, unidades de medição e quantidades não

poderão ser alterados pela licitante, exceto quando

devidamente estabelecido em ERRATA e/ou

ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS;

c) planilhas de composição analíticas de preços

unitários - CPU’S (Modelo Anexo XVI) impressas e em CD

Rom - de todos os itens do Anexo VII do Edital;

c.1) as planilhas de Composição Analíticas de Preços

Unitários (CPU’s) serão avaliadas pela Comissão de Licitação

tão somente da licitante vencedora, antes da homologação do

certame.

c.1.1) em caso de discrepâncias dos valores ofertados a

Comissão de Licitação procederá conforme previsto no

subitem 8.2 deste Edital;

c.1.2) no caso de discrepância entre o preço da planilha de

serviços e quantidades - PSQ, para a Planilha de Composição

Analíticas de Preços Unitários (CPU’s), prevalecerá o de

menor preço.

Pelo princípio da legalidade, a Administração está cingida ao cumprimento

daquilo que está previsto em normas. O edital de licitação é uma norma

vinculativa, então agir além do que está previsto é obviamente ir de forma

contrária ao princípio basilar da legalidade. Ainda mais quando fere-se o

mesmo obtendo-se preço superior ao que seria ofertado ao erário.

É cediço que o procedimento licitatório é orientado por princípios, os quais

estão previstos no caput do art. 3º da Lei nº. 8.666/93:

Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do

princípio constitucional da isonomia, a seleção da

proposta mais vantajosa para a administração e a

promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será

processada e julgada em estrita conformidade com os

princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da

moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade

administrativa, da vinculação ao instrumento

convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são

correlatos.

O princípio da vinculação ao Edital é um dos mais supremos a reger a atuação

administrativa, e neste sentido cumpre trazer a lume a lição do mestre Hely

Lopes Meirelles em sua obra denominada Licitação e Contrato Administrativo

11ª edição editora Malheiros:

“A vinculação ao edital, princípio básico da licitação,

significa que a Administração e os licitantes ficam

adstritos aos termos do pedido ou do permitido no

instrumento convocatório da licitação, quer quanto ao

procedimento, quer quanto a documentação, às propostas,

ao contrato. Em outras palavras, estabelecidas regras de

certame, tornam-se obrigatórias para aquela licitação

durante todo o procedimento e para todos os seus

participantes, inclusive para o Órgão ou Entidade

licitadora”.

Sobre o postulado da vinculação é imprescindível citar o magistério do Ilustre

Marçal Justen Filho. Veja-se:

“... o ato convocatório possui características especiais e

anômalas Enquanto ato administrativo, não se sujeita

integralmente ao princípio da temporalidade (o ato

posterior revoga o anterior). A autoridade administrativa

dispõe da faculdade de escolha, ao editar o ato

convocatório. Porém, nascido tal ato, a própria autoridade

fica subordinada ao conteúdo dele. Editado o ato

convocatório, o administrado e o interessado submetem-se

a um modelo norteador de sua conduta. Tornam-se

previsíveis, com segurança os atos a serem praticados e as

regras que os regerão. Restará margem mínima de

liberdade ao administrador, usualmente de extensão

irrelevante.” (In. Comentários à Lei de Licitações e

Contratos Administrativos, 2008, pág. 54)

Convém ainda trazer à colação os seguintes precedentes jurisprudenciais:

Acórdão Origem:TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL -

2º REGIÃO. Classe: REOMS - REMESSA EX OFFICIO

EM MANDADO DE SEGURANÇA – 57297. Processo:

UF: ES Órgão Julgador: Data da decisão: 13/04/2005

Documento: TRF200138325 Relator(a) JUIZ ROGERIO

CARVALHO

Decisão Acordam os membros da Sexta Turma

Especializada do Tribunal Regional Federal da Segunda

Região, a unanimidade, nos termos do voto do Relator, em

negar provimento à remessa necessária.

Ementa ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL.

MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO.

REMESSA “EX OFFICIO”. CLASSIFICAÇÃO DE

EMPRESA – LITISCONSORTE PASSIVA

NECESSÁRIA – SEM OBSERVÂNCIA DOS

DISPOSIÇÕES EDITALÍCIAS, RELEVADAS NO

JULGAMENTO DE RECURSO ADMINISTRATIVO,

PORQUANTO A PROPOSTA ERA A DE “MENOR

PREÇO”. VINCULAÇÃO DA AUTORIDADE

ADMINISTRATIVA AO EDITAL. SENTENÇA

MANTIDA. CONCESSÃO DA ORDEM. 1. A

Administração não poderia, como o fez, afastar as

exigências contidas no ato convocatório da licitação,

porque, conforme mencionado, o edital vincula

inteiramente a Administração e os proponentes às suas

cláusulas, mesmo considerando que a proposta da

listisconsorte passiva necessária era de “menor preço”. 2.

Manutenção da r. sentença. Remessa Necessária

Improvida.

Origem: STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Classe: RESP - RECURSO ESPECIAL – 421946

Processo: 200200335721 UF: DF Órgão Julgador:

PRIMEIRA TURMA Data da decisão: 07/02/2006

Documento: STJ000667751 Data de publicação: 06/03/2006

ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. DESCUMPRIMENTO

DE REGRA PREVISTA NO EDITAL LICITATÓRIO. ART.

41, CAPUT, DA LEI Nº 8.666/93. VIOLAÇÃO. DEVER DE

OBSERVÂNCIA DO EDITAL.

I - Cuida-se, originariamente, de Mandado de Segurança

impetrado por SOL COMUNICAÇÃO E MARKETING

LTDA, contra ato do Senhor Presidente da Comissão

Especial de Licitação da Secretaria de Serviços de

Radiodifusão do Ministério das Comunicações, que a

excluiu da fase de habilitação por ter entregue a

documentação exigida para essa finalidade com 10 (dez)

minutos de atraso.

II - O art. 41 da Lei nº 8.666/93 determina que: "Art. 41. A

Administração não pode descumprir as normas e

condições do edital, ao qual se acha estritamente

vinculada."

III - Supondo que na Lei não existam palavras inúteis, ou

destituídas de significação deontológica, verifica-se que o

legislador impôs, com apoio no Princípio da Legalidade, a

interpretação restritiva do preceito, de modo a resguardar

a atuação do Administrador Público, posto que este atua

como gestor da res publica. Outra não seria a necessidade

do vocábulo "estritamente" no aludido preceito

infraconstitucional.

IV - "Ao submeter a Administração ao princípio da

vinculação ao ato convocatório, a Lei nº 8.666 impõe o

dever de exaustão da discricionariedade por ocasião de sua

elaboração. Não teria cabimento determinar a estrita

vinculação ao edital e, simultaneamente, autorizar a

atribuição de competência discricionária para a Comissão

indicar, por ocasião do julgamento de alguma das fases, os

critérios de julgamento. Todos os critérios e todas as

exigências deverão constar, de modo expresso e exaustivo,

no corpo do edital."(in Comentários à Lei de Licitações e

Contratos Administrativos, Editora Dialética, 9ª Edição,

pág. 385)

V - Em resumo: o Poder Discricionário da Administração

esgota-se com a elaboração do Edital de Licitação. A partir

daí, nos termos do vocábulo constante da própria Lei, a

Administração Pública vincula-se "estritamente" a ele."

VI - Recurso Especial provido

A alegação de melhor preço não é suficiente para ferir-se nenhuma regra

principiológica, e isso é fato. Porém, além de ferir-se princípios como a da

legalidade e vinculação ao edital, além disso ainda contratar-se-á a proposta

mais cara, caso levado a efeito a decisão ora combatida.

A empresa que contra razoou o recurso administrativo interposto apenas

buscou manter uma decisão que a beneficia, olvidando-se dos corolários

decorrentes desta manutenção, como a ofensa a princípios essenciais à

Administração e previstos inclusive no art. 37 da Constituição Federal.

V – DA ANÁLISE DA MANIFESTAÇÃO DO SETOR TÉCNICO DA

INFRAERO

De forma surpreendente, verifica-se que o lastro técnico que serviu de

embasamento para manutenção da decisão vergastada dividiu-se em dois itens,

o qual enfrenta-se individualmente:

• Em uma licitação em que o critério adotado foi o preço unitário as

Composições de Preços de todos os itens são de suma importância

para a Administração conhecer, julgar e, se caso for, alterar os

preços, com pleno conhecimento de como foram formados;

O setor técnico alegou que conhecer todos os itens (leia-se sub-itens, pois os

itens estão contidos na CPU do recorrente) é “de suma importância para a

Administração”. Ora, é cediço que questões de suma importância merecem

explanações e exigências detalhadas, claras e indubitáveis por parte da

Administração Pública.

Se é de suma importância tal dado, então de suma importância é a

necessidade da Administração expor detalhadamente no Edital de Licitação

as informações que julgar imprescindíveis para a análise de preços!

Caso contrário, algo considerado de suma importância para a Administração

ficará a deriva, pois o Edital não traz esta clara exigência como alegado pelo

Setor Técnico e não trazendo, não pode o licitante adivinhar que tal informação

é básica.

É cediço que a Administração somente pode exigir aquilo que está no EDITAL.

Se o edital não especifica uma exigência, ela simplesmente não pode prevalecer

e causar prejuízos ao licitante que não adivinhou a intenção do órgão.

Friza-se que a manifestação do Setor Técnico foi o lastro essencial para decisão

da Presidente da Comissão e justamente este Setor é que indica a suma

importância de uma informação que o Edital não exigiu.

Observando-se o anexo e o critério estabelecido no item 6.3 não se pode inferir

que a Administração licitante desejava que a empresa interessada

decompusesse seu preço em subitens, simplesmente porque o edital trata

apenas de itens.

Aliás, ao definir o regime de execução da licitação utiliza a denominada

empreitada por preço unitário.

O artigo 40, X da Lei Nacional de Licitações e Contratos determina que:

“Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de

ordem em série anual, o nome da repartição interessada e

de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo

da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o

local, dia e hora para recebimento da documentação e

proposta, bem como para início da abertura dos envelopes,

e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:

(...)

X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e

global, conforme o caso, permitida a fixação de preços

máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios

estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de

referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do

art. 48; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)” (grifo

nosso).

Analisando o ato convocatório, verifica-se que de fato há uma questão a ser

enfrentada pela comissão sobre a extensão da previsão do edital sobre a

abrangência de composição dos preços unitários, pois o parecer técnico é

categórico ao afirmar que a desclassificação da proposta da empresa licitante se

dá em razão de não constar todos os itens, o que não é verdade, uma vez que

constam todos os itens, e quando se desejar conter a espécie, não se pode exigir

apenas o gênero.

Como visto, à luz dos princípios anteriormente invocados, as clausulas

editalícias devem ser claras, não podendo constituir-se em regras dúbias que

possam macular um certame de modo a causar uma contratação mais cara para

a Administração em razão de um formalismo que não prova nada além do fato

já materializado, qual seja: o atendimento dos requisitos realmente importantes.

Ademais, não se trata de não ter sido apresentada a CPU para todos os itens do

orçamento, porque estes o foram, mas sim, de se ter atendido ao edital dentro

do que estava escrito, pois as minúcias do edital devem ser expressas e não

presumíveis.

Assim, notadamente diante da ausência da inequívoca necessidade de

apresentação de subitens, o parecer técnico não poderia desclassificar a

proposta da empresa ora recorrente, posto que a regra editalícia só exigia que

fosse apresentada a CPU de cada item do orçamento, conforme o seguinte

desdobramento: equipamentos, mão de obra suplementar, materiais/serviços,

para cada serviço, isto é, instalações elétricas, instalações hidrossanitárias,

instalações de combate a incêndio, instalação telemática, instalação de sistemas

especiais, climatização, terraplanagem e pavimentação, equipamentos especiais

de segurança, paisagismo, limpeza da obra.

Malgrado a proposta da empresa recorrente tenha sido desclassificada, mesmo

apresentando o melhor preço, há que se admitir que a cláusula editalícia é clara

quanto à CPU dos preços dos serviços a serem executados, com itens

estabelecidos somente em equipamentos, mão de obra suplementar,

materiais/serviços, o que fora devidamente apresentado.

Ainda na análise do Setor Técnico, o mesmo arremata alegando que:

• Os editais de contratação de obras praticados pela

INFRAERO geralmente apresentam essa exigência (CPU’s para

todos os itens). Essa dúvida levantada pela RECORRENTE raras

vezes foi observada em recursos. Além disso, as outras participantes

do certame atenderam corretamente a exigência editalícia, sem

qualquer dúvida.

Ainda sobre as alegações da RECORRENTE, não há que se

falar em RIGORISMO FORMAL ou FORMALISMO, quando a

Administração apenas exigiu o cumprimento de cláusula

simples e corriqueira, presente na maioria dos editais da

INFRAERO. G.N.

O Setor Técnico indica que exigir algo essencial de forma velada trata-se de

uma previsão já conhecida pela INFRAERO e presente em praticamente todos

editais, dando a entender que “se sempre foi assim e nunca questionaram, é

porque está certo”.

Inobstante tal pensamento sem qualquer sustentação jurídica, sabemos que tal

argumento não prospera. Os usos e costumes são fontes do direito mas não

capazes de elidir a objetividade necessária para a Administração Pública

manifestar-se perante seus administrados.

Se um órgão deseja adquirir bens ou serviços, o faz dentro das mais claras e

transparentes exigências, dando a devida atenção aquilo que é de suma

importância, não deixando essencialidades de forma velada ou mal

esclarecidas.

Fato é que o Setor Técnico assume com sua manifestação que trata-se de um

costume que não deu problemas graves até hoje, porém, se outras empresas

conseguiram captar o âmago da intenção do Edital de Licitação, não pode quem

não entendeu da mesma forma ser penalizado por uma omissão do próprio

Edital.

A alegação de ser regra comum, corriqueira nos Editais da Infraero não legaliza

o entendimento do Setor Técnico, corroborado pela Comissão de Licitação. A

Administração deve pautar-se em regras claras e objetivas e não em usos e

costumes praticados em Editais, sob pena de afastamento das regras objetivas e

positivadas.

A vinculação ao instrumento convocatório desdobra-se na máxima de que o

edital “faz lei entre as partes”. Vale dizer, que o instrumento convocatório traz

todas as regras que regerão a licitação, de maneira que os seus termos devem

ser respeitados igualmente tanto pela Administração quanto pelo particular

interessado. Esta vinculação consagra os princípios da isonomia e da

imparcialidade, posto que tudo o que se refere ao certame estará previamente

estabelecido, com o acesso a todas as partes interessadas, de modo que todos

tenham condições de formular suas propostas sabendo em que termos será

celebrado o futuro contrato, qual o prazo de entrega do material/serviço, etc.

Aliás, é a observância às normas editalícias que dão validade aos atos relativos

ao certame, porque a “lei” precisa ser respeitada.

É este o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, conforme jurisprudência

abaixo transcrita:

“A Administração Pública não pode descumprir as normas

legais, tampouco as condições editalícias, tendo em vista o

princípio da vinculação ao instrumento convocatório (Lei

8.666/93, art.41) REsp nº 797.179/MT, 1ª T., rel.

Min.Denise Arruda, j. em 19.10.2006, DJ de 07.11.2006)”.

Já o princípio do julgamento objetivo impede que a parcialidade do agente

interfira no resultado final do julgamento das propostas apresentadas. Os

especialistas assim o definem:

Celso Antônio Bandeira de Melo1:

O princípio do julgamento objetivo almeja, como é evidente,

impedir que a licitação seja decidida sob o influxo do

subjetivismo, de sentimentos, impressões ou propósitos

pessoais dos membros da comissão julgadora. Esta

preocupação esta enfatizada no art. 45 da lei.

José dos Santos Carvalho Filho2

Se no edital foi previsto o critério de menor preço, não pode

ser escolhida a proposta de melhor técnica; se foi fixado de

melhor técnica, não se pode selecionar simplesmente a de

menor preço, e assim sucessivamente.

Hely Lopes Meirelles3:

(...) é o que se baseia no critério indicado no edital e nos

termos específicos das propostas. É o princípio de toda

licitação que seu julgamento se apoie em fatores concretos

1 MELLO, 2008, p. 525

2 CARVALHO FILHO, 2009, p. 236.

3 MEIRELLES, 2010, p. 291

pedidos pela Administração, em confronto com o ofertado

pelos proponentes dentro do permitido no edital ou convite.

A manifestação do Setor Técnico e consequentemente a Decisão denegatória do

Recurso Administrativo interposto pelo recorrente, viola, portanto, o princípio

da vinculação do instrumento convocatório, bem assim , o julgamento objetivo

da proposta, posto que foram cumpridas todas as formalidades exigidas, de

maneira que não se pode manter a situação de desclassificada da empresa ora

recorrente, porque além de apresentar a CPU de todos os itens do orçamento,

ofertou o melhor preço e assim, portanto, a melhor proposta, a mais vantajosa

para a Administração Pública.

Robustecendo a ilação aqui exposta, temos a lição de Marçal Justen Filho, in

verbis:

"Todas as exigências são o meio de verificar se o licitante

cumpre os requisitos de idoneidade e se sua proposta é

satisfatória e vantajosa.

Portanto, deve-se aceitar a conduta do sujeito que evidencie o

preenchimento das exigências legais, ainda quando não seja a

estrita regulamentação imposta originariamente na lei ou no

EDITAL. Na medida do possível, deve promover,

mesmo de ofício, o suprimento de defeitos de menor

monta. Não se deve conceber que toda e qualquer

divergência entre o texto da lei ou do EDITAL conduz à

invalidade, à inabilitação ou à desclassificação".

O Superior Tribunal de Justiça já enfrentou questão na mesma linha, onde

decidiu-se que a Administração deve observar as regras do edital, ainda que

elas não reflitam necessariamente a intenção do órgão, prevalecendo as

exigências contidas no edital, in verbis:

“Consoante dispõe o art. 41 da Lei 8.666/93, a

Administração encontra-se estritamente vinculada ao

edital de licitação, não podendo descumprir as normas e

condições dele constantes. É o instrumento convocatório

que dá validade aos atos administrativos praticados no

curso da licitação, de modo que o descumprimento às suas

regras devera ser reprimido. Não pode a

Administração ignorar tais regras sob o argumento

de que seriam viciadas ou inadequadas. Caso assim

entenda, deverá refazer o edital, com o reinício do

procedimento licitatório, jamais ignorá-las. (MS nº

13.005/DF, 1ª S., rel. Min. Denise Arruda, j.em

10.10.2007, DJe de 17.11.2008).”

No mesmo caminhar, o Tribunal de Contas da União:

“6.Também não vislumbro quebra de isonomia no certame

tampouco inobservância ao princípio da vinculação ao

instrumento convocatório.

Como já destacado no parecer transcrito no relatório

precedente, o edital não constitui um fim em sim mesmo, mas

um instrumento que objetiva assegurar a contratação da

proposta mais vantajosa para Administração e a igualdade de

participação dos interessados.

7. Sem embargo, as normas disciplinadoras da licitação

devem sempre ser interpretadas em favor da ampliação

da disputa entre os interessados, desde que não

comprometam o interesse da Administração, a

finalidade e segurança da contratação” (Acórdão nº

366/2007).”

Portanto, fica claro que a interpretação das cláusulas editalícias têm por pano

de fundo não comprometer o caráter competitivo do certame e a obtenção da

melhor proposta, mormente se o edital é impreciso ou obscuro a Administração

não pode se revestir de um excesso de formalismo que afronte diretamente

todos os princípios basilares da licitação, de modo a prejudicar o licitante e,

sobretudo, a comunidade.

A Decisão constou que trata-se de regra comum, contudo, ainda que imprecisa

ou inexata, a mesma deve ser exigida apenas nos seus limites textuais, tal como

já decidido pelo STJ e TCU nos julgados acima destacados.

VI – DA SUSPENSÃO DOS AUTOS ATÉ DELIBERAÇÃO DO PRESENTE

RECURSO

Para assegurar o regular julgamento dos autos, faz-se necessário a suspensão

liminar dos autos até deliberação final da matéria suscitada sob pena de grave

prejuízo ao recorrente e à Administração Pública por meio da conclusão do

processo licitatório eivado de vícios.

VII - DO PEDIDO

EX POSITIS, a Recorrente requer:

a) a concessão de efeito suspensivo ao presente Recurso Hierárquico pelas

fundamentações acima expostas;

b) o conhecimento e provimento ao presente recurso, reformando in totum a

decisão combatida da Presidente da Comissão de Licitação e do Gerente de

Engenharia da INFRAERO, determinando a classificação da proposta da

recorrente e sua conseqüente habilitação caso preencha os demais requisitos

além do item 6.3 do Edital;

c) OU, caso Vossa Excelência entenda ser impossível a classificação da proposta

da recorrente e a conseqüente habilitação, requer-se o reconhecimento da

necessidade de alteração do item 6.3. e reabertura do prazo para apresentação

das propostas para todos os interessados em participar do presente certame,

visando assegurar o principio da igualdade e da melhor proposta para a

Administração.

Nestes Termos, pede deferimento.

Palmas, 18 de fevereiro de 2013.

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LL CONSTRUTORA LTDA

Leandro Bringel de Sousa