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1 Redes organizacionais no contexto da governança pública: a experiência dos Tribunais de Contas do Brasil com o Grupo de Planejamento Organizacional Autoria: Flávia de Araújo e Silva, Túlio César Pereira Machado Martins Resumo Este artigo buscou analisar as possibilidades de atuação integrada do Grupo de Planejamento Organizacional sob a perspectiva de organizações em rede. Trata-se de um grupo formado por integrantes das áreas de Planejamento dos Tribunais de Contas do Brasil, com objetivo de discussão da temática planejamento estratégico. A metodologia foi baseada em consulta a documentos e entrevistas aos membros do grupo. Foi descrita a forma como se deu a criação do grupo, os avanços alcançados e as dificuldades encontradas. Concluiu-se que a atuação conjunta apresentou muitos benefícios, pois os resultados alcançados vão desde aprimoramento da gestão pública até a economia gerada ao erário. Palavras-chave: redes organizacionais; cooperação; Tribunais de Contas; setor público; Promoex.

Redes Organizacionais

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1Redes organizacionais no contexto da governana pblica: a experincia dos Tribunais de Contas do Brasil com o Grupo de Planejamento Organizacional Autoria: Flvia de Arajo e Silva, Tlio Csar Pereira Machado Martins Resumo Este artigo buscou analisar as possibilidades de atuao integrada do Grupo de Planejamento Organizacional sob a perspectiva de organizaes em rede. Trata-se de um grupo formado por integrantesdasreasdePlanejamentodosTribunaisdeContasdoBrasil,comobjetivode discussodatemticaplanejamentoestratgico.Ametodologiafoibaseadaemconsultaa documentos e entrevistas aos membros do grupo. Foi descrita a forma como se deu a criao dogrupo,osavanosalcanadoseasdificuldadesencontradas.Concluiu-sequeaatuao conjuntaapresentoumuitosbenefcios,poisosresultadosalcanadosvodesde aprimoramento da gesto pblica at a economia gerada ao errio. Palavras-chave:redesorganizacionais;cooperao;TribunaisdeContas;setor pblico; Promoex. 21.Introduo Novosparadigmasorganizacionaissurgiramnasltimasdcadasmotivadospor fenmenoscomoglobalizaoeNewPublicManagement,suscitandomudanasnas instituiesemgeral.Assim,algunsvaloresforamincorporadosaosvalorestradicionaisda cultura do servio pblico: eficincia, transparncia, diversidade e orientao para o usurio.ParaCastells(1999),surgiuumanovaeconomia,queinformacional,globaleem rede. Novas estratgias e abordagens foram desenvolvidas como respostas frente s mudanas percebidas.Asorganizaespassaramaseconcentrarmaisemsuascorecompetencies, desenvolversistemasdeinformaoapropriadoseestabelecerredesdecooperaocom entidadesexternas.Aassociaodeorganizaesemrede,comtrocaderecursose informaes, uma estratgia no sentido de agregar valor adicional aos seus membros. Agovernanapblica,dessaforma,temsidoumtemadiscutidorecentementenesse contextodeinteraesinterinstitucionaisparaabuscademelhoresresultadosdaatuao governamental,enfatizandoefetividadedaspolticaspblicas,assimcomomaior transparncia sociedade das aes empreendidas com os recursos pblicos.Nessecontextodegovernana,estapesquisabuscaresponderaseguintequesto: quaisosbenefciosqueaatuaointegradapormeiodeumarededecooperaopodem proporcionar para os membros desta rede? Estetrabalhotemporobjetivoidentificarquaisosbenefciosdaatuaointegrada entreinstituiespblicassobaperspectivadasorganizaesemredes,tomandoporbasea recente experincia do Grupo de Planejamento Organizacional (GPL), considerado como uma Rede de colaborao dos Tribunais de Contas, criada a partir do Programa de Modernizao doSistemadeControleExternodosEstados,DistritoFederaleMunicpiosBrasileiros (Promoex).Comoobjetivosespecficos,prope-se:a)descreveraconcepodogrupo;b) identificarquaisforamosmritosalcanados;c)levantarquaisforamasdificuldadesna interaoentreosatoresquecompemoGPL.Ametodologiaadotadaserconstituda principalmentedepesquisabibliogrficaedocumental,almdeentrevistascoma coordenadora e com membros do referido grupo. Aspesquisassobreredesnosetorpbliconosotodesenvolvidasquantonosetor privado,conformeapontamIsetteProvan(2005).Dadasasdiferenasexistentesentreos setores, faz-se necessrio pesquisar mais aprofundadamente como se d a interao por meio de redes no setor pblico. Aatuaodasorganizaesemredesumtemainovadorparaoserviopblicoe devesermaisexplorado,principalmentenoquetangeaosresultadosalcanadospelos integrantes da rede. A idia de cooperao precisa ser disseminada na Administrao Pblica. Nessesentido,estetrabalhopretendecontribuirparaosestudosnocampoderedes organizacionais pblicas, por meio de uma reflexo sobre os benefcios proporcionados pelas mesmas aos atores que dela fazem parte e, consequentemente, aos stakeholders. Afimdeatenderaosobjetivospropostos,esteartigoestdividido,paraalmdesta introduo,emcincosees.Aprimeirabuscadiscorrersobreagovernanapblica, identificandoospressupostosdestaabordagem.Asegundaapresentaascaractersticasdas organizaes em rede e, em seguida, faz-se a descrio da Rede dos Tribunais de Contas. Por fim, so apresentadas as concluses finais. 32.Governana no setor pblico O advento da Administrao Pblica Gerencial (APG) ou New Public Management a partirdosanos80dadcadadeXXtrouxeumanovaabordagemparaagestopblicaao implementar ferramentas gerenciais at ento utilizadas apenas na esfera privada, enfatizando a eficincia e o resultado (HOOD, 1995; PACHECO, 2010; SECCHI, 2009). A APG pode ser entendidacomoummodelops-burocrticoqueestinseridanosquadrosdereformasda administraopblica(SECCHI,2009).Anovagestopblicageroufortemudanana culturadasorganizaes,invertendoaantigaorientaodeinputs(entradas)paraoutputs (resultados).Nocontextodemudanassurgidasnagestopblicaoramencionadas,destaca-sea temticadagovernana,ummodelodegestoqueenfatizaatransparnciaeaccountability. Taltema,desenvolvidoinicialmentenasempresasprivadas(governanacorporativa)como formadedisciplinarasrelaescomosacionistas,temsidodisseminadoparaaesfera pblica, como destaca Filho (2003, p. 5) Adifusodessesmodelostemcontribudoparaampliara discussodagovernanaparaasdemaisorganizaes,asno mercantilistas,taiscomoorganizaessemfinslucrativos, organizaessociaiseoterceirosetor,(...)emesmoorganizaes pblicasqueestosujeitasapadresdeaceitaosociaisto importantes sua sobrevivncia quanto o prprio lucro. Filho (2003) afirma que a governana pblica est associada a uma mudana na gesto poltica. Ela pode ser entendida como um novo modelo que apropria fatores como negociao, comunicao e confiana. O propsito da governana, para Kooiman e Van Vliet (1993) no apenas lidar com problemas, mas tambm com as oportunidades das sociedades modernas. KisslereHeidemann(2006)afirmamnoexistirumconceitonicodegovernana pblica, mas sim uma srie de consideraes acerca de uma nova estrutura das relaes entre Estado, iniciativa privada e atores da sociedade civil (coletivos e individuais). A governana naAdministraoPblicapodeserentendidacomoummodelohorizontalderelaesentre atores das esferas pblica e privada no processo de elaborao de polticas pblicas (SECCHI, 2009; KOOIMAN e VAN VLIET, 1993). Boa governana est ligada qualidade das aes do prprio governo e qualidade da ordempoltico-socialcomoumtodo(KOOIMAN,VANVLIET,1993).ParaKisslere Heidemann(2006),agovernanapressupedefinioderegraseinstitucionalizaoque sejamnemtofortes,impedindoacapacidadedeinovao,enemtofracas,comobjetivos estratgicos mal formulados, pois pode comprometer a comunicao entre os membros, alm denosaberinvestirpessoascompapischaveparaaconduodosobjetivos.Oriscoda alianaseperderquandoessaspessoassedesvinculamdaredegrande,portantoKisslere Heidemann (2006, p. 497) defendem que semregrasdejogo,osucessodagovernanapblicasetorna antesobradoacasodepessoasengajadas,massempapis vinculantes.Asregrasdojogodevemsernegociadasentreosatores; e,quandomodeladasemconjunto,elastambmpodemfortalecero autocomprometimento. 4AGovernananocontextoempresarialestligadaaumconjuntodeprincpiospara aumentaraefetividadedecontrolepelosstakeholderssobreasinstituiescomquese relacionam, e tambm como forma de dirimir os conflitos de agncia entre agente e principal. Ao considerar-se a Administrao pblica, Filho (2003) destaca a necessidade de desenvolver ossistemasdecontroleinternoeexternocomoformademonitoraraatuaodosgestores pblicos no interesse da sociedade ou grupos de beneficirios.KisslereHeidemann(2006)tambmdestacamaidiadetransiodeumEstado convencional para um novo modelo de Estado em que ele: (i) serve de garantia produo do bempblico;(ii)acionaecoordenaoutrosatoresaproduzircomele;(iii)produzobem pblico em conjunto com outros atores. Sob este aspecto, Kissler e Heidemann (2006, p. 486) ainda comentam que decisiva a transio do Estado gestor (hierrquico), com ingerncia na sociedade,paraoEstadocooperativo,queatuaemconjuntocomasociedadeeas organizaes empresariais, por meio de parcerias estratgicas.. Castells (2001) prope a definio de Estado-rede, ou seja, o Estado que compartilha autoridadeentreumroldeinstituies;umaformamaisapropriadaparaprocessara complexidadederelaesentreosdiferentesnveis(global,nacionalelocal),aeconomia,a sociedade e a poltica. 3.Governana na Administrao Pblica por meio de redes A rede interorganizacional um tipo de rede social, com carter tcnico e operacional. Entresuascaractersticas,destaca-sepoucahierarquiaegrandeinteratividadeentreseus atores. De Sordi et. al. (2009) afirma que a essncia de uma rede o fenmeno da coopetio, ou seja, cooperao e competio entre empresas. Os elementos fundamentais da rede so os atores e as relaes que so estabelecidas entre eles. Como diria Mintzberg (1998) o governo em rede pode ser entendido como um sistema interligado,umaredecomplexaderelaestemporriasdestinadassoluodosproblemas que a todo instante surgem; uma rede ligada por canais informais de comunicao, cujo lema seria conectar, comunicar e colaborar. Segundo Marini e Martins (2004) rede uma estrutura de organizao capaz de reunir pessoaseinstituiesemtornodeobjetivoscomuns.Suabasedaformaoo compartilhamentodainformao.Osautoresexpemqueoconjuntoderedesdogoverno matricialenvolvealinhamentohorizontalevertical.Noalinhamentohorizontal,asredes podem conter ligaes simples, quando programas intra-setoriais so implementados por uma nica organizao, ou podem ser ligaes complexas, em que os programas multisetoriais so implementadospormltiplasorganizaes,incluindoentidadesnogovernamentaiseentes de outras esferas do governo. Castells(2001)apontaqueumaredenotemcentro,esimnsdediferentes dimenses e com relaes internodais diferenciadas. Cada n necessrio para a existncia da rede.Oautortambmafirmaqueatecnologiadainformaoecomunicaoquepodem proporcionaraarticulaocotidianadeumarededeinstituiescomplexas,pois,deoutra forma,ainteratividadedosparticipantesestariaprejudicada.Castells(2001,p.164) acrescentaqueOfuncionamentoemrede,assegurandodescentralizaoecoordenaona mesmaorganizaocomplexa,umprivilgiodaeradainformao..Quandosediscute redes,Ahmadjiane(2008)destacatambmacriaoecompartilhamentodoconhecimento entreasorganizaesqueserelacionam,sejaesserelacionamentoprximooudistante,por meio de vnculos fracos, mas de grande alcance. 5KickerteKoppenjan(1999)apontamqueumaanlisemaisaprofundadaacercada gestoderedesnecessriaparaseverificarcomoasredespodemserutilizadaspara desenvolverpolticasquebusquemsolucionarosproblemasmaiscomplexos.As organizaesentendemqueacooperaoamelhormaneiradeatingirobjetivoscomuns (KLINJ, 1999).Granovetter (1973), pesquisador dos relacionamentos em rede, apontou que os vrios laosfracosmantidosporumindivduosomaisimportantesqueoslaosfortesna manuteno das redes sociais, uma vez que possibilitam a interao com vrios outros grupos mais dispersos. Sem estes laos fracos, os grupos seriam como ilhas isoladas e no uma rede. Granovetter observou tambm que existe uma ordem na organizao das redes, ou seja, elas no so simplesmente randmicas. KisslereHeidemann(2006)apontamqueodesenvolvimentodaconfianaentreos membrosdeumaredeumpressupostoparaumestadodecooperao.Osautorestambm explicamqueaestruturadeumarededeatorescompostaporfiosens,sendoosfiosas expectativas,objetivosedemandas acerca da atuao dos atores e os ns seriam os prprios atores e sua atuao conjunta. Tambm expem que a funo de uma rede reunir atores com interesses diferenciados, ou at conflitantes, para trabalharem em conjunto, buscando agir de acordocominteressesdogrupo,enoparticulares.Osmembrosdarededevemnegociaros interesses, ajustando-se uns aos outros.Mas o que leva as instituies a se organizarem em rede, tendo em vista essa limitao dos interesses particulares? Para Kissler e Heidemann (2006, p. 495) a resposta a esta questo que as redes protegem os atores, ou seja, Isso quer dizer que elas possibilitam aos atores a resoluo de problemasquerepresentariamumacargaexcessivaparaumator isolado,nico.Emoutraspalavras:quemtrabalhasozinhosucumbe. As redes evitam a queda; possibilitam a soluo dos problemas, acima de tudo, pela ao conjunta. Sua estabilidade resulta, assim, da presso por cooperao e do bom xito da cooperao. KisslereHeidemann(2006)apontamaindaqueagovernanapblicanopodeser imposta:umprocessodetrocaqueoscilaentreotopoeabaseemtodaaorganizao. Portanto,anovaculturadegovernanadeveestarimpregnadaemtodasasorganizaes participantes da estrutura de governana. Desse modo, os parceiros, liderando uma coalizo em rede ou uma aliana, iro construir efetivamente as bases para o desenvolvimento de uma confiana mtua. (KISSLER E HEIDEMANN, 2006, p. 496). OsestudospreliminaressobreredesdePolticasPblicas,porvoltadosanos60do sculo XX, focavam na importncia das relaes de cooperao entre organizaes, na forma comoelastrabalhavamenoimpactodessasrelaesnaestruturaecomportamento organizacional. Recentemente, o foco de estudo foi ampliado, buscando verificar a efetividade dasatividadesdarede,considerandoasvriasinteraesentreosatores(PROVAN, MILWARD;2001).Acercadessaquestodaefetividadedaatuaodasredes,Kisslere Heidemann(2006,p.480)apontamquePairamdvidasnosomentesobreasbasesde cooperaoentreessesatores,mastambmsobreseusresultados..Essesautorestambm ressaltam a importncia de se avaliar e controlar o desempenho das alianas de cooperao. 64.Aspectos metodolgicos OobjetodeestudodestetrabalhoseroGrupodePlanejamentoOrganizacional GPL/Promoex,grupoformadopormembrosdasreasdePlanejamentodosTribunaisde ContasdosEstados,DistritoFederaleMunicpiosdoBrasil,assimcomopormembrosde outras instituies pblicas, conforme descrio presente no item 5.2. Em termos gerais, a pesquisa possui um carter exploratrio e descritivo (GIL, 2010). Inicialmente foi feita pesquisa bibliogrfica a fim de se levantar a maior quantidade possvel detrabalhoseidentificaroestgioatualdoconhecimentosobreotema(GIL,2010). Adicionalmente,foifeitolevantamentodedadospormeiodepesquisadocumentaldos relatriosdeatividadeseatasdereunieseencontrostcnicosdoGrupodePlanejamento Organizacional disponveis no Portal dos Tribunais de Contas. A fase de pesquisa de campo aquela que possibilita descobrir novos fenmenos e as relaesentreeles.Foramrealizadasentrevistasnoestruturadas,cujascaractersticassoa liberdadededesenvolvimentodassituaesnasdireesconsideradasmaisadequadaspelo entrevistador,deformaaexploraramplamenteumaquesto(MARCONIELAKATOS, 2010).Asentrevistasbuscaramlevantaraspercepesacercadosavanosalcanados, dificuldadesencontradaseameaascontinuidadedostrabalhosdogrupotemtico.Nesse sentido foram elaboradas questes apresentadas na Fig. 1 para direcionar a entrevista. Figura 1 Perguntas para entrevista e objetivos das questes PerguntaObjetivo QuaisospontosfortesefracosdoGrupode Planejamento Organizacional (GPL)? Identificarqualopiniodosintegrantesdogrupo acercadospontosfortesefracosdogrupoafimde levantar caractersticas do grupo estudado. Quaisforamosavanosalcanadosapscriaodo grupo GPL? Identificarquaisforamosresultadosadvindosda atuao do grupo que no haviam sido atingidos antes da criao do mesmo. Quais foram os maiores mritos do GPL?Levantar,dentreosresultadosalcanadospeloGPL, aquelesqueforammaisimportantes,ouseja,que tiveram maior impacto. Quais foram as maiores dificuldades encontradas pelo GPLdesdesuaconcepo?Vocconsideraqueas dificuldades foram superadas? Identificarquaisforamasbarreirasqueogrupo superouequaisasdificuldadesqueaindapersistem para as aes integradas. Existemameaas/entravescontinuidadedogrupo? Quais so essas ameaas? Identificarseexistemaspectosquepodemvira interromper as atividades do grupo. Quais os principais desafios para o GPL que esto por vir? Levantarapercepodosintegrantesacercade questes complexas e desafiadoras para o grupo. Voc considera que o GPL contribuiu para as aes de modernizaodosTribunaisdeContas?Emque medida? Identificarqualaopiniodosintegrantesacercados benefciosparaosTribunaisdeContaspormeiode aesdemodernizao,asaberoplanejamento estratgico, redesenho de processos, etc. Fonte: elaborado pelo autor Elas foram feitas com a Coordenadora do grupo e com cinco membros de Tribunais de diversosestados,abarcando,assim,50%dosintegrantesdoGPL.Serpreservadaa identidadedosentrevistados.ParaMarconieLakatos(2010,p.181),aentrevistaum importanteinstrumentodeinvestigaosocial,apresentandocomovantagens:oportunidade deobterdadosquenoseencontramemfontesdocumentaisequesejamrelevantese significativos;possibilidadedeconseguirinformaesmaisprecisas,dentreoutras. Entretanto,algumaslimitaesdessetipodepesquisadecampoapresentadaspelasautoras soadificuldadedecomunicaoentreaspartes,retenodedadosimportantesdevidoao 7receio de que a identidade do entrevistado seja revelada, alm de tomar muito tempo e ser de difcilrealizao.Considerandoasvantagenselimitaesdesseedeoutrosmtodosde pesquisa,considerou-sequeaentrevistaseriaaformamaisadequadaparaatenderaos objetivos propostos deste trabalho. Trata-se,portanto,deumapesquisaqualitativa,cujascaractersticasso,segundo Creswell (2007): o foco nas percepes e nas experincias dos participantes; concentrao no processo que est sob anlise; os dados so interpretados em relao aos detalhes de um caso e no s suas generalizaes. 5.A Rede dos Tribunais de Contas Apropostadopresentetrabalhoapresentarumestudosobaperspectivade organizaesemrededecooperaoentreorganizaespblicas.Oscomponentesdarede soservidoresdosTribunaisdeContas,entidadesqueatuamnomesmoramo(controle externo), mas no mantm vnculo entre si. Trata-se de uma rede formada principalmente por instituiescomjurisdioestadual/municipal,quecontatambmcommembrosde organizaes da esfera federal. Ser contextualizado, a seguir, o Programa do governo federal, Promoex,queproporcionou,dentreoutrasaesdedestaque,acriaodoGrupode Planejamento Organizacional, objeto de pesquisa deste trabalho. 5.1O Programa Promoex PesquisarealizadapelaFundaoInstitutodeAdministraodaUniversidadedeSo Paulo com intuito de elaborar um diagnstico dos Tribunais de Contas apontou a existncia de umroldeproblemas,dentreeles:faltadeplanejamentoecontrolegerencial;faltademaior integraoehomogeneizaodeprocedimentosedecises;baixonveldedisseminaodas melhores prticas entre os Tribunais; prevalecimento do esforo individual em detrimento ao coletivo levando ao desenvolvimento paralelo de solues para problemas comuns, com perda detempo,recursoseconhecimento;burocratizaodasatividades;lentidodasrespostas, dentre outros (MAZZON; NOGUEIRA, 2002). Diantedessecenrio,foicriadooProgramaPromoex,comincionoanode2006e previsoinicialdetrminopara2009,pormestendidoparajunhode2012,objetivandoa modernizao do conjunto de Tribunais de Contas que atuam nos Estados, Distrito Federal e Municpios,principalmenteatravsdacapacitaodepessoal,introduodenovos procedimentosesistemasorganizacionaiseinvestimentoseminformtica.(Portaldos TribunaisdeContasdoBrasil,2011).Inicialmentecompostopor32dos33Tribunaisde Contas do Brasil, o Promoex, em 2011, composto por 28 deles. Abrucio (2007, p. 78) discorre sobre os programas de modernizao comandados pelo GovernoFederalcomooProgramaNacionaldeApoioModernizaodaGestoedo Planejamento dos Estados e do Distrito Federal (Pnage) e o Promoex Depoisdeduasdcadasdereformasnasquaisareduodo aparatoedosgastosestataisconstituiuofiocondutordoprocesso,o PnageeoPromoexpriorizaramareconstruodaadministrao pblicaemsuasvariveisvinculadasaoplanejamento,aosrecursos humanos,suainterconexocomaspolticaspblicaseao atendimento dos cidados. 8Abrucio(2007,p.78)tambmcomentaasqualidadesdoPrograma,comopor exemplo,arealizaodeumdiagnsticosobrea situaodosTribunaisdeContas,aoinvs da proposio de modelos fechados aos Estados. O autor tambm comenta queomaioravanodoPnage/Promoexfoiconstruirtais programas por meio de ampla participao e discusso com os estados etribunaisdecontas.Estemodelointergovernamentale interinstitucional mais participativo e funciona mais em rede do que de forma piramidal. Segundo Loureiro, Teixeira e Moraes (2009) o Programa est inserido no contexto de modernizao da Administrao Pblica e que tem gerando grande impacto nos Tribunais de Contas,pois,almdeatuarnamodernizaotecnolgica,temalteradoasrelaesdepoder internaentreConselhoDeliberativoecorpotcnico.Ostcnicostemparticipadomaisdos processosdecisriosaoconduziremodesenvolvimentodoProgramadentrodosTribunaise manteremcontatodiretocomoMinistriodoPlanejamentoeorganismosinternacionais. Isso lhes traz visibilidade externa e lhes permite desenvolver aes conjuntase articuladas em nvel nacional e mesmo internacional (LOUREIRO; TEIXEIRA; MORAES, 2009, p. 754). UmdosmembrosdoGPLapontou,duranteaentrevista,queoPromoexfoium marco para todos os Tribunais de Contas, na medida em que o cenrio que se pode verificar nessas Cortes de Contas aps o Programa bem diferente daquele encontrado antes do incio do mesmo.UmdosobjetivosdoPromoexofortalecimentoeintegraodosTribunaisde Contas.AtoinciodoPrograma,cadaTribunalatuavadeformaisoladaecompouco compartilhamento de experincias e entendimentos tcnicos. Uma das solues para aumentar a integrao foi a criao de grupos temticos formados por representantes de cada TC, com intuitodecompartilharinformaes,ferramentasdegestoediscutirassuntostcnicospara harmonizaroentendimentodestasinstituies,principalmentenoquetangeaplicaoda Lei de Responsabilidade Fiscal. AAssociaodosMembrosdosTribunaisdeContasdoBrasil(ATRICON)tambm objetivaoentrosamentoecoordenao das atividades das Cortes de Contas (PORTAL DOS TRIBUNAISDECONTASDOBRASIL,2011).Porm,osencontrosdestaAssociaoso direcionados aos Conselheiros dos Tribunais, ou seja, encontros que envolvem cunho poltico. Joescopodosencontrosdosgrupostemticos,emqueserenemservidores/gestoresdas diversas reas, mais tcnico, com intuito de estudar/aprimorar os procedimentos e prticas.Os grupos temticos nacionais focam nas seguintes reas: Grupo de Responsabilidade Fiscal;GrupodePlanejamentoOrganizacional;EducaoCorporativa;Comunicao Institucional;TecnologiadaInformao; Gesto de Pessoas; Auditoria Operacional; Atos de Pessoal; Procedimentos Contbeis; Padronizao de Relatrios; Contas de Governo; Processo EletrnicoeSistematizaodeInformaesContbeiseFiscais.Oobjetodeestudodeste trabalho ser o Grupo de Planejamento Organizacional, detalhado a seguir. 5.2Histrico do Grupo de Planejamento Organizacional O Grupo de Planejamento Organizacional foi criado no final de 2008 com a finalidade deapoiaraefetivaimplantaodoPlanejamentoEstratgicoeoaprimoramentogerencial, bemcomocontribuirparaaintegraoeocompartilhamentodeconhecimentose experinciasentreosTribunaisdeContas(comopassardosanos,osobjetivosforam 9expandidos).Inicialmente,estevesobcoordenaodeumservidordoTCE-TOporum perododeumano.Apartirdoano de 2009, passou a ser coordenado por uma servidora do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. O grupo composto por doze membros: dois doTribunaldeContasdaUnio(TCU),umdaATRICON,umdoInstitutoRuiBarbosa (IRB) e por oito membros dos Tribunais de Contas Estaduais. Para fortalecer as aes do GPL foicriadoumgrupodee-mailschamadoGPLANqueintegradoporcercadenoventa servidoresdasreasdeplanejamentodetodososTribunaisdeContas,quetambmse encontramperiodicamentenoseventosdoGPL.Destemodo,osatoresdaredesotcnicos dos Tribunais de Contas ou de instituies de apoio aos Tribunais (Atricom e IRB), alm dos dois membros do TCU. Antes mesmo da criao do GPL, representantes das reas de planejamento j haviam se reunido em dois momentos no ano de 2008, no Encontro de Planejamento no Tribunal de ContasdoEstadodeTocantinsenaIOficinadeCapacitaonoTCU,cujotemafoiplano estratgico e mapeamento de processos. Aps sua concepo, o grupo se reuniu em diversos momentos, conforme descrio na Fig. 2: DataEvento 2009Seminrio de Solues Compartilhadas e I Reunio Tcnica, em Curitiba/PR Abril/2010I Encontro de Planejamento Estratgico, em Natal/RN, contando com participao dos Conselheiros e Tcnicos Agosto/2010II Oficina de Capacitao, no TCU Maio/2011II Reunio Tcnica, no Distrito Federal Junho/2011Reunio Tcnica no Distrito Federal Setembro/2011II Encontro de Planejamento Estratgico, em Porto Alegre/RS Figura 2: Eventos do Grupo de Planejamento Organizacional DuranteessesEncontros,OficinaseReuniesTcnicas,ogrupotemaoportunidade dediscutirproblemascomuns,compartilharexperinciasesoluesdeproblemasepensar em aes e projetos para benefcio de todos. A possibilidade dos integrantes se conhecerem e interagirempessoalmentereforaovnculoentreosmesmos.Caberessaltarque,mesmo considerando que a extenso geogrfica um fator dificultador para que os encontros possam ocorrercommaiorfreqncia,tendoemvista,tambm,osrecursosfinanceirosqueso necessrios para o deslocamento dos participantes, o grande qurum destes eventos refora a adesoecomprometimentodosTribunaisdeContascomoGrupo:namaioriadoseventos estiverampresentesrepresentantesdaquasetotalidadedosTribunaisdeContas.Aindacom relao a esse tema, Baker, Kan e Teo (2011) tambm mencionaram essa questo geogrfica comoumabarreiracolaboraoentreosmembrosdeumaredeaustralianaqueestudaram, devido no possibilidade de aconteceram contatos face-a-face com frequncia.Almdestainteraoduranteosencontrospresenciais,ogrupomantmcontatopor meio do grupo de e-mails, por telefonemas e visitas tcnicas. Frequentemente, o grupo troca documentos (minutas de regulamentaes e formulrios), contatos de empresas de consultoria etreinamento,escopodeprojetos,dentreoutros.utilizadoparaconsultadedocumentoso Portal dos Tribunais de Contas do Brasil (Controle Pblico) que dispe de uma ambiente de colaboraoondepodemserencontradas,emambienterestritoaosmembros,atasde reunies, apresentaes dos encontros, guias e manuais de consulta. No incio do ano de 2009, apenas catorze Tribunais participantes do Promoex haviam elaboradoPlanoEstratgico.UmadasmetasdoPromoexeraque100%dosparticipantes tivessemoPlanejamentoEstratgicocriadoeimplementadoatofinaldoprograma.Esta metafoialcanadanoanode2012emquedoisTribunaisrestantesestoimplantandoo 10primeiro ciclo de planejamento estratgico. Cabe ressaltar que nesse processo de formulao do plano estratgico, vrios Tribunais trocaram informao entre si, uma vez que alguns deles esto frente do processo e outros estavam comeando. Em pesquisa realizada nos Tribunais deContas,Silva(2011)pontuouqueoitodosdezTribunaisrespondentesutilizaramcomo referncia para elaborao do seu plano estratgico o plano de outros Tribunais, sendo o TCU citado por trs dos respondentes.O Grupo de Planejamento Organizacional formou cinco grupos menores para discutir temasespecficoscomo:(i)indicadores,(ii)redesenhodeprocessos,(iii)monitoramentodo plano estratgico por meio de software, (iv) documentao e (v) eventos. 5.3 Pontos fortes, avanos alcanados e mritos do GPL Emquasetrsanosdeexistncia,vriosavanosdesteGrupopodemserdestacados, como por exemplo, o compartilhamento de um mesmo software (adquirido e disponibilizado peloIRB)paramonitoramentodaexecuodoplanejamentoestratgicoporvinteecinco Tribunaisduranteoanode2011i.Estaaoestemlinhacomoalcancedeoutrametado Promoex,qualseja:trintaporcentodosTribunaisdeContasutilizandosoluestcnicas compartilhadas. Cabe destacar tambm que o sistema informatizado foi licitado com base em especificaestcnicasdefinidasdemodoaatendersnecessidadesdosTribunais. Criou-se um grupo eletrnico de discusso para compartilhar experincias e dvidas comuns nessa fase de implementao do software. Frequentemente, um Tribunal entra em contato com outro, por telefone ou at mesmo em visita tcnica, para tirar dvidas quanto utilizao do sistema. A gesto em rede permite contrataes em maior volume, gerando economia de escala. SecadaTribunalfosseadquirir,deformaindependente,umsoftwaredeplanejamento estratgico,omontantetotaldesembolsadoseriamuitosuperiorcifrapagapeloIRBpara aquisio da soluo compartilhada. Cada Tribunal que aderiu paga apenas um valor mensal referenteaosuporteemanuteno.Issodemonstraaforadaatuaoemconjunto,gerando economicidade para a mquina pblica. Outraaoquepossibilitoueconomiaderecursosfoiorepassedametodologiade elaboraoedesdobramentodoplanejamentoestratgicodoTCUdiretamenteavrios Tribunaispormeiodeoficinasdetrabalho.Nessesencontros,osTribunaistiveramdearcar apenascomcustos dediriasepassagens dos servidoresdoTCU.Setivessemquecontratar consultoria para tanto, alm de incorrer em custos elevados, talvez no tivessem a experincia prtica daqueles que lidam com as especificidades de um rgo pblico de controle externo. Outrotemadiscutidopelogrupooredesenhodeprocessos,quetambmumadas metasdoPromoex:cinqentaporcentodosprocessosdetrabalhofinalsticosdoTribunal redesenhadosemanualizadosatofinaldoPrograma.PraticamentetodososTribunais participantesdoPromoexjiniciaramprocedimentosourealizaramredesenhodealgum processo, buscando, assim, reduzir desperdcios de recursos (tempo, dinheiro, mo de obra). Umdosentrevistadosressaltouqueosavanosalcanadospelogrupotambmpode sercreditadosumacoordenaoefetivadasatividades:temosasortedeteruma coordenadoraatuante(ENTREVISTADO1).Esseentrevistadotambmdestacououtro pontoforte:ogrupo,atualmente,encontra-semuitounidoeosparticipantessemprebuscam ajudar uns aos outros. Osgrupostemticostambmperceberamanecessidadedaatuaoconjunta intergrupos. Por isso, a reunio do Grupo de Educao Corporativa realizada em 2011contou comaparticipaodaCoordenadoradoGPLpara,juntos,planejaremaesparaoanode 2012 com intuito de alinhar os objetivos dos grupos. 11EntrevistarealizadacommembrosdoGPLapontouqueumdosgrandesmritosdo grupofoiaaproximaodosTribunais,gerandoapossibilidadedeconheceroutras experincias e enxergar novas formas de aplicao prtica em cada Tribunal que participa do grupo por meio de um/vrios representantes. Um dos entrevistados chegou a destacar que esse foi o maior mrito, maior ainda que os recursos financeiros advindos do Programa. Antesdacriaodogrupo,essacomunicaoentreservidoresdasreasde planejamentodosTribunaisnoeracomum.Conformeexplicouumdosentrevistados, metodologiaspodemserimplementadaspormeiodecontrataodeconsultorias,porm,o compartilhamentodeinformaesentremembrosdoGPLpermitiuqueosTribunais verificassemaaplicabilidadedessasmetodologiasconsiderandoaspeculiaridadesdesses rgosqueatuamnomesmosegmento.OsmembrosdoGPLpuderamverificarcomoas prticas estavam sendo desenvolvidas em contextos distintos, e adaptar a aplicao para cada Tribunal,considerandosituaessemelhantes.Adisseminaodoconhecimentoentreos servidores dos Tribunais foi enorme.Outragrandeconquistafoiacriaodabasedocumentalque,mesmoestandoainda incipiente,possibilitaaosmembrosdosgrupostemticos(nosdoGPL)oacessoauma gama de informaes como modelos, prticas e metodologia de gerenciamento aplicadas nos Tribunais. Trata-se de um rico acervo de conhecimento disponvel para os Tribunais. 5.4 Dificuldades encontradas, pontos fracos e desafios para o grupo Essesmritosdogrupoforamconquistadosmesmoemmeioavriasdificuldades encontradas.Informaesobtidasnasentrevistasindicamquealgunsdosentravesparauma melhorinteraodogrupoforamdevidosabarreirasnacomunicao,caractersticasde estruturahierrquicargidadasinstituiespblicas.Essasdificuldadessedestacaram bastante no incio das atividades do grupo: as solicitaes e/ou pesquisas sobre procedimentos e dados dos Tribunais no eram facilmente conseguidas; geralmente, tinha que ser elaborado umpedidoformalparaencaminhamentoschefiassuperiores,mesmoparaassolicitaes mais simplistas. Essas barreiras foram sendo quebradas ao longo do tempo, pois os membros do grupo foram conquistando confiana uns com os outros. Atualmente, a comunicao entre osmembrosmaisfluida,proporcionandotrocadeinformaoricaegil.Osentrevistados acreditamque,deformageral,osmembrosdogrupojtmaconscinciadobenefcioda cooperao para todos os Tribunais.Quantodificuldadedecomunicao,foramlevantadaspossveiscausas.Umadelas podeseroreceiodaexposiodefraquezasedebilidadesdainstituio,queporventura poderiamgerarrepercussesnegativas.Algunsatorespodempreferirnosecomprometera prestar informao sobre seu Tribunal, j que no h obrigatoriedade, deixando, assim, de ter responsabilidade sobre a informao prestada e possveis questionamentos.Outra questo que dificultou a comunicao durante os primeiros passos do grupo foi o desconhecimento por grande parte dos integrantes da temtica planejamento estratgico. A cultura de planejamento no era, e talvez ainda no seja, uma realidade em todos os Tribunais. Apsvriasreunieseoficinasdetrabalhoparadiscussodotema,estepassouaserde conhecimento geral dos Tribunais, ou seja, tem-se atualmente um nivelamento conceitual. O grupoestmaishomogneoeconsegueevoluirparadiscussesmaisaprofundadassobre temas como indicadores de desempenho, desdobramentos do planejamento, dentre outros. Conseguir manter a participao ativa dos integrantes do GPLAN outra dificuldade apontada.Algunsmembrossomaisatuantes,entramemcontatofrequentementecomos demaiseparticipamdaspesquisas.Entretanto,outrosnoseenvolvemtanto.Algumas 12pessoasquejtiveramparticipaoatuantepodemtambmsedesligardogrupodevidoa perdadecargoemcomissooutransfernciaparaoutrareadoTribunal.Outraquesto pontuadaporumdosentrevistadosque,emalgunsperodos,aparticipaonasatividades do grupo pode ser reduzida em virtude de um momento especfico por que passa a Unidade de Planejamento de determinado Tribunal: a reduo brusca no nmero de servidores lotados na referidaUnidadeumfatorcomplicadorparaaconciliaodasatividadesdorgocomas atividadesdogrupo,jqueestarequerumenvolvimentopormeiodeparticipaoem pesquisas, organizao de eventos, discusso de temas, dentre outros. Tambm foi destacada a dificuldadedeconciliarasdemandasdoProjetoPromoex(elaboraodosrelatrios, acompanhamentodeexecuo,atendimentoauditorias,dentreoutros),umtrabalho complexo e que demanda bastante tempo, com as atividades de monitoramento. Geralmente, asatribuiesdaCoordenaoTcnicadoPromoexsodirigidasaosservidoresque compem a unidade de Planejamento Estratgico. Umdosentrevistados,emcontrapartida,ponderoucomodificuldadeofatodea UnidadedeplanejamentonoseraresponsvelpelaCoordenaoTcnicadoPromoex, ocasionandoemfaltadeuniformidadedainformaoacercadoseventos/acontecimentosdo Promoex. Um dos entrevistados tambm destaca a questo da competitividade entre os Tribunais como uma grande dificuldade a ser superada pelo grupo. Um Tribunal que adota prticas de gestodesenvolvidaseinovadoraspodequererdivulgaredisseminarseusprocedimentos; entretanto,aquelesTribunaisquenoestotodesenvolvidospodemnoterinteresseem disponibilizar informaes. Essa competitividade tambm gera um bloqueio das informaes, sendo um entrave comunicao do grupo. Umpontofraco,citadaporalgunsdosentrevistados,residenofatodequeos Tribunais apresentam grandes diferenas entre eles em relao estrutura organizacional, ao porte(nmerodejurisdicionados),snormasprocessuais,dentreoutros.Essesfatoresso dificultadores para a uniformizao de prticas e para a discusso e adoo, por exemplo, de indicadores comuns e benchmarks. AsentrevistastambmapontaramqueumgrandedesafioparaoGPLsera continuidade da integrao do Grupo mesmo com o fim do Programa Promoex, previsto para junho de 2012. J esto sendo estudadas medidas para minimizar os efeitos do encerramento doProgramaetambmcontribuirparaacontinuidadedosgrupostemticos.Umdos entrevistados ponderou que necessrio fazer um trabalho de conscientizao da importncia daintegraoentreosrepresentantesdosTribunaisjuntoAltaAdministraoparadar respaldo e continuidade s aes do grupo, principalmente aps o fim do Programa, momento em que os recursos do Projeto destinados aos encontros tcnicos no existiro mais e devero ser financiados com recursos prprios. 5.5ContribuiesdoGPLparaasaesdemodernizaodosTribunaisde Contas Todos entrevistados concordam que as aes do grupo contriburam efetivamente para asaesdemodernizaodosTribunaisdeContasemgeral.Almdoplanejamento estratgicoimplantadoemtodosos Tribunais que no havia adotado a prtica de gesto, at ento,edosavanosacercadadefinioemensuraodeindicadoresdedesempenho,o grupo discutiu tambm o redesenho de processos. 136. Reflexes a serem consideradas em pesquisas futuras Diante do cenrio exposto, levantam-se algumas questes a serem analisadas em mais profundidade:atquenvelummembrodogruposeenvolveeseesforapara desenvolvimentoconjuntodogrupo?Comocriarumaculturadedesenvolvimentoem conjunto,semqueoorgulhodealgunsatoreseadisputapeloprotagonismopossam comprometer esse desenvolvimento? Como manter o vnculo e atuao efetiva dos integrantes do grupo? Quais as estratgias para no perder pessoas com papis chave para a conduo dos objetivos do grupo? Qual a disposio das instituies para atuao em rede? Como motivar os lderes dos grupos para que permaneam exercendo a funo? Cabe destacarqueafunodecoordenaodosgrupostemticosemgeraldoPromoexum trabalho extra, realizado por servidores de alguns Tribunais, e no h remunerao adicional para tanto. Entretanto, para que as aes sejam efetivas, muito esforo desprendido por estes coordenadores,quetrabalhamemproldeumobjetivomaior,qualseja,ainteraoe compartilhamentodeinformaesentreosTribunaisparadesenvolvimentodestes.Uma opoaserconsiderada,talvez,sejacriarinstrumentosdemotivaoparaparticipaonos grupos,comoformatambmdesereconheceromritodosresultadosalcanadospormeio dos esforos das aes realizadas, j que se trata de um trabalho que consome bastante tempo ededicao.Oestabelecimentodeincentivos(pecuniriosouno)poderia,porexemplo, mitigar os riscos de no continuidade das aes do grupo com a perda de uma liderana ativa. Algunscoordenadoresdegrupotiveramdeabdicardafunoemvirtudedoacmulode trabalhoedaincompatibilidadedeconduzirasatividadesdoseuprpriocargocomasda funo de coordenao. Para responder estas questes, necessrio se faz elaborar um instrumento de pesquisa muito bem estruturado que possa levantar as percepes dos representantedos Tribunais que acompanham as atividades do grupo.

7.Concluso Opresentetrabalhosepropsadescreveraexperinciadeatuaointegradade colaboradoresdasreasdeplanejamentodosTribunaisdeContaspormeiodoGrupode Planejamento Organizacional/Promoex. Foram realizadas entrevistas com membros do grupo paralevantaraspercepesacercadosavanosalcanados,dificuldadesencontradase ameaascontinuidadedostrabalhosdogrupotemtico.Ainteraoqueosrepresentantes dosTribunaispassaramaterapsosencontrosdogrupofoiumpontodemritodestacado por todos membros do GPL entrevistados. Trata-se de um resultado de difcil mensurao, em termosdeavaliaodosresultadosdoProgramaPromoex,masdevitalimportnciaparaos servidores que fazem parte dessas organizaes. Verificou-se que os avanos alcanados por essasreasutilizandoumaatuaoconjuntaeconsiderandovalorescomoeficinciae efetividade,dificilmenteseriamrealizadoscasoestasinstituiescontinuassemaatuarde forma isolada.Almdetrocadeinformaes,compartilhamentodeexperinciasedesenvolvimento emconjunto,amobilizaodogrupoproporcionoutambmeconomicidadeaoerrio,como porexemplo,aoadquirirumasoluoinformatizadacompartilhada,assimcomoaoreceber consultoria de outros Tribunais ao invs de efetuar contratao com empresa privada. 14Osresultadosdasentrevistasapontamqueatrocadeinformaesentreogrupo proporcionou enriquecimento para as Unidades de Planejamento e, consequentemente para os Tribunaisumavezqueoplanejamentoestratgicoumtemaquetemimplicaesportoda organizao.Avontadedecolaborarunscomosoutrosumacaractersticamarcantedos membros do grupo estudado. Grande parte dos membros do grupo avanou para um estgio de desenvolvimento em queconseguemenxergarseusTribunaiscomoiguaisnosentidodequesoorganizaes comproblemassemelhantesequebuscamodesenvolvimentodasprticasdegestopara alcanaremmelhoresresultados.Diantedosresultadosalcanadospelogrupo,pode-se entenderqueasaesdoGPLforamefetivas, proporcionandoumavanoparaagestodos TribunaisdeContas,almdeterematuadodiretamentenosproblemasdiagnosticadospela pesquisadaFIA/USP,quaissejam:faltadeplanejamento;faltadeintegraoe homogeneizaodeprocedimentos;baixonveldedisseminaodasmelhoresprticasentre os Tribunais e prevalecimento do esforo individual em detrimento ao coletivo. Se, por um lado, essa interao entre representantes dos Tribunais resulta na exposio dasfraquezasdainstituio,aopassoque,nasdiscussesdogruposofeitosrelatosda situao em que se encontra cada rgo, por outro lado, uma oportunidade de compartilhar problemascomunsparasepensaremconjuntoemsoluesadequadas.Essaanfaseque deveserdadaparaaculturadacooperaoentreinstituiespblicas.Nofazsentidocada rgoatuarcomoumailhaisolada,enfrentandoproblemascomunsaoutrasinstituies,se pode haver troca de experincias entre elas para benefcio mtuo. Todos resultados alcanados pela atuao do grupo refletem uma atuao exemplar da Administrao Pblica rumo a excelncia na prestao de servios com qualidade, eficincia e eficcia. Umalimitaodestetrabalhoqueaspercepessobreacooperaoentreos Tribunais restringiram-se apenas atuao do Grupo de Planejamento Organizacional. Como existemvriosoutrosgrupostemticosnombitodoPromoex,ficacomosugestode pesquisa futura a anlise dos resultados alcanados por esses outros grupos. 8.Referncias bibliogrficas ABRUCIO,F.L.TrajetriaRecentedaGestoPblicaBrasileira.Revistade Administrao Pblica. Rio de Janeiro Edio Especial Comemorativa 67-86, 1967-2007. AHMADJIAN,C.L.Criaodoconhecimentointer-organizacional:conhecimentoe redes.In:TAKEUCHI,H.;NONAKA,I.Gestodoconhecimento.PortoAlegre:Bookman, 2008. BAKER,E.;KAN,M.;TEO,S.T.T.Developingacollaborativenetworkorganization: leadershipchallengesatmultiplelevels.JournalofOrganizationalChangeManagement, Vol. 24 (5), p. 853-875 Out, 2011. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. So Paulo: Paz e Terra, 1999. 15CASTELLS. M. Para o Estado-rede: globalizao econmica e instituies polticas na era dainformao.IN:BresserPereira,L.C.,Wilheim,J.esola,L.(orgs.)SociedadeeEstado em transformao, So Paulo: Editora UNESP, 2001., CAP. 4, pgs. 147-172. CRESWELL, J. W. 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