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www.derechoycambiosocial.com ISSN: 2224-4131 Depósito legal: 2005-5822 1 Derecho y Cambio Social REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL: UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DOS DIREITOS HUMANOS Brenda Bastos Barros 1 Marcelo Fernando Quiroga Obregon 2 Fecha de publicación: 02/01/2018 Sumário: Introdução. 1. Os menores infratores. 1.1 Fatores Condicionantes para o cometimento de delitos. 1.2 O sistema socioeducativo e sua influência para a reintegração do jovem infrator. 1.3 Análise comparada com os sistemas jurídicos penais de países como: Estados Unidos da América e Áustria. 2. O Sistema Penitenciário Brasileiro e sua evolução Histórica. 2.1 Reflexos do Sistema para a Ressocialização do Imputável. 2.2. Análise comparada com os sistemas jurídicos penais de países como: Estados Unidos da América e Áustria. 3. Análise da Redução da Maioridade Penal sob a ótica dos Direitos Humanos. 3.1 A Redução Da Maioridade Penal Comparado Ao Estados Unidos Da América E Áustria. 3.2 Caso Penitenciária Urso Branco vs. Brasil. - Considerações Finais. - Referências Bibliográficas. 1 Graduanda do 10º período do Curso de Direito na Faculdade de Direito de Vitória FDV. [email protected] 2 Graduado em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo, Especialista em Política Internacional pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Mestre em Direito Internacional e Comunitário pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Doutorado em Direito, Direitos e Garantias Fundamentais na Faculdade de Direito de Vitória FDV -, Coordenador Acadêmico do curso de especialização em Direito Marítimo e Portuário da Faculdade de Direito de Vitória FDV -, Professor de Direito Internacional e Direito Marítimo e Portuário nos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Direito de Vitória FDV. [email protected]

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Derecho y Cambio Social

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL:

UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DOS DIREITOS HUMANOS

Brenda Bastos Barros1

Marcelo Fernando Quiroga Obregon2

Fecha de publicación: 02/01/2018

Sumário: Introdução. 1. Os menores infratores. 1.1 Fatores

Condicionantes para o cometimento de delitos. 1.2 O sistema

socioeducativo e sua influência para a reintegração do jovem

infrator. 1.3 Análise comparada com os sistemas jurídicos

penais de países como: Estados Unidos da América e Áustria. 2.

O Sistema Penitenciário Brasileiro e sua evolução Histórica. 2.1

Reflexos do Sistema para a Ressocialização do Imputável. 2.2.

Análise comparada com os sistemas jurídicos penais de países

como: Estados Unidos da América e Áustria. 3. Análise da

Redução da Maioridade Penal sob a ótica dos Direitos

Humanos. 3.1 A Redução Da Maioridade Penal Comparado Ao

Estados Unidos Da América E Áustria. 3.2 Caso Penitenciária

Urso Branco vs. Brasil. - Considerações Finais. - Referências

Bibliográficas.

1 Graduanda do 10º período do Curso de Direito na Faculdade de Direito de Vitória – FDV.

[email protected]

2 Graduado em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo, Especialista em Política

Internacional pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Mestre em Direito

Internacional e Comunitário pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Doutorado em Direito, Direitos e Garantias Fundamentais na Faculdade de Direito de Vitória

– FDV -, Coordenador Acadêmico do curso de especialização em Direito Marítimo e

Portuário da Faculdade de Direito de Vitória – FDV -, Professor de Direito Internacional e

Direito Marítimo e Portuário nos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade de

Direito de Vitória – FDV.

[email protected]

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Resumo: O presente estudo visa contribuir para o melhor

entendimento sobre a falácia da redução da maioridade penal

como solução para a problemática social da criminalidade. O

assunto de se reduzir a maioridade penal tem sido bastante

abordado e discutido em todo o país, entretanto, não há um

consenso a respeito da redução da maioridade penal, sendo

grande a parcela da população que acredita ser esta a verdadeira

resposta para a redução da criminalidade social e, muitas vezes,

tal pensamento está atrelado a ideia de que há impunidade para

estes jovens que cometem um ato infracional, sendo reforçado

ainda, pelo controle midiático, que traz essa política de

alienação e medo. Assim, o presente estudo visa desconstruir

esta ideia de que a redução seria a solução sob a ótica dos

Direitos Humanos uma vez tratar de uma resposta imediatista,

enquanto a verdadeira solução requer tempo e uma análise mais

minuciosa sobre a realidade do jovem infrator, de modo a

considera-los sujeitos detentores de direitos e de uma proteção

integral, bem como deve ser analisado as condições carcerárias

as quais se encontram os detentos, uma vez ser este o lugar para

o qual querem que o menor infrator ingresse. Deste modo será

feita uma análise do sistema socioeducativo, bem como do

sistema jurídico penal em outros países. Para tanto, será

utilizado como base teórica, dentre outros autores Foucault,

Michel. Vigiar e Punir e Gonçalves, Antônio Baptista. A

Redução da Maioridade Penal e a Relação da Ressocialização

Prisional com os Direitos Humanos Fundamentais.

Palavras-Chave: Redução da Maioridade Penal. Direitos

Humanos. Ressocialização. Menor infrator.

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INTRODUÇÃO

O Brasil passou por diversas mudanças legislativas no que diz respeito às

medidas-protetivas, sobretudo, às crianças e aos adolescentes, uma vez

serem considerados sujeitos de direitos próprios da condição peculiar de

pessoas em desenvolvimento físico e psicológico, bem como merecedores

de uma proteção integral da sociedade, do Estado e principalmente da

família.

Deste modo, o jovem, menor de 18 anos de idade na data do fato, ao

cometer um ato infracional, não lhe é atribuída a responsabilidade criminal

pelos atos que praticou tal como se impõe a um adulto, o que não se

confunde com a ideia de impunidade, que seria a falta de punição. É

necessário perceber que os adolescentes são punidos pelos seus atos, só que

são sanções que condizem com sua idade e desenvolvimento físico e

mental.

Apesar de haver esta distinção, muitas pessoas ainda confundem tais

conceitos, e, juntamente com o sentimento de impunidade para estes

jovens, bem como a influência da mídia que acaba por ser uma formadora

de opinião, uma vez que indica um discurso hegemônico o que faz com

que, muitas vezes, as pessoas acabem por ter uma visão distorcida da

realidade, uma realidade simbólica, que manipula as pessoas de acordo

com as políticas adotadas.

Com isso, há uma falácia da redução da maioridade penal como

solução para a problemática social da criminalidade, uma vez que são

diversos os impeditivos sociais e normativos que cercam a redução da

maioridade penal.

Nesse sentido é necessário buscar os meios adequados que

possibilitem educar esse jovem infrator para que seja reinserido ao

convívio social, meios que protejam essa pessoa em desenvolvimento, no

sentido de garantir seus direitos e propiciar um conjunto de ações tais

como: educação, saúde, lazer e demais direitos assegurados legalmente.

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Logo, antes de se pensar num viés de redução da maioridade penal é

de suma importância compreender os modelos prisionais existentes, quais

sejam: sistema sócio-educativo e sistema prisional.

O presente estudo, então, visa responder a seguinte indagação: Em que

medida o ingresso do jovem infrator no sistema prisional contribui para a

sua ressocialização, em detrimento do seu sistema sócio-educativo sob a

ótica dos direitos humanos?

Para tanto, no primeiro tópico abarcaremos um estudo acerca dos

menores infratores, os fatores condicionantes para o cometimento de

delitos por parte desses menores infratores, bem como o sistema sócio-

educativo para a ressocialização desse infrator e uma análise comparada

deste sistema com o de outros países.

No segundo tópico, será feito uma reflexão no que tange o sistema

penitenciário e sua evolução histórica, bem como um reflexo deste sistema

para a ressocialização do indivíduo e uma análise compara do sistema

jurídico penal com os dos demais países, quais sejam: Áustria e Estados

Unidos da América.

Por fim, no terceiro tópico será feito uma análise sobre a redução da

maioridade penal no Brasil sob a ótica dos direitos humanos, bem como

uma comparação com a implantação desse sistema na Áustria e nos

Estados Unidos, além disso, será realizado um estudo sobre o caso Urso

Branco Vs. Brasil.

1 OS MENORES INFRATORES

O Brasil passou por diversas mudanças legislativas no que diz respeito às

medidas-protetivas, sobretudo, as crianças e aos adolescentes considerando

serem sujeitos de direitos passíveis de uma proteção integral por parte do

Estado e de toda a sociedade.

Nota-se que antes de adentrar no ideal de punição para os adolescentes

que cometem ato infracional é mister destacar quem são esses jovens

taxados, muitas vezes, como marginais, bem como compreender a

estruturação familiar, do Estado e da sociedade como um todo, no sentido

de entender o motivo pelo qual estes adolescentes entram no mundo do

crime.

Nesse sentido, Mário Altenfelder (1973, p. 231) destaca o êxodo rural,

ocasionado pela preferência da concentração industrial nas grandes cidades

em detrimento das áreas rurais, como uma das principais causas

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justificadoras da desestruturação familiar e, porventura, do problema dos

menores.

A partir da migração, de parte do contingente populacional rural, para

os grandes centros urbanos e, pelo fato de não possuírem escolaridade,

viram-se à margem do processo de desenvolvimento, uma vez que a

marginalidade3 social é vista como um descompasso dentro do projeto

desenvolvimentista defendido pelo Estado.

Com isso, acredita Altenfelder, que não houve, de certa forma, uma

adequação das pessoas provenientes de áreas rurais ao desenvolvimento

urbano, o que ocasionou a proliferação de favelas e cortiços, portanto,

acentuando seus problemas, uma vez que viveriam de maneira precária em

aglomerados de pessoas.

O problema do menor, no Brasil é devido à desorganização da família. As causas

são múltiplas, mas avulta entre elas a situação socioeconômica. As transformações

que se operam, quando um país passa de uma economia predominantemente

agrícola para um setor industrial, são muito profundas. A grande indústria, se não

for humanizada, quebra a própria constituição familiar, separa seus membros,

facilita a promiscuidade, provoca separações, perverte costumes. A atração das

cidades obriga ao aparecimento de favelas, porões, habitações coletivas, que são

focos de desagregação e queda de padrões familiares. A explosão demográfica

cria saturações quase impossíveis de serem contornadas e enquadradas na

composição das cidades num sentido de ordem. Há a considerar, e muito, o que se

chama de recreação e entre nós se limita a cinema e rua. Não estamos ainda

organizados para proporcionar à população recreação sadia. Nas cidades do

litoral, a praia é a grande praça de esportes da cidade, mas no Interior a falta de

recreação é enorme. Somente agora as autoridades começam a despertar o

problema tão importante e se pensa na proteção à família, através de planos de

habitação, educação, recreação e recursos que ajudem a aumentar o rendimento

familiar. (ALTENFELDER, 1973, p. 251)

Mediante tal análise, é possível concluir que a passagem de uma

economia, a priori, rural, bem como uma análise no sentido sócio-

econômico-político e cultural apontam para uma constante disfunção ou

um grande descompasso responsável pelos desequilíbrios regionais

existentes no Brasil e, por conseguinte, pela desagregação familiar.

3 “Uma falta de participação dos indivíduos nos bens de serviços e recursos que uma sociedade

produz (forma passive de participação social) e por uma falta de participação na elaboração das

decisões que orientam o desenvolvimento da sociedade em seu conjunto.” ARRUDA, R.S.V.

De criança a infrator – uma trajetória de classe. Dissertação de mestrado em antropologia

defendida na Pontifícia Universidade Católica, 1982.

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Dentro desta linha, a medida que o ritmo de urbanização se acentuava

devido à intensificação das migrações internas, as populações migrantes

passaram a se localizar na periferia das grandes metrópoles formando os

chamados bairros marginais.

E, para Altenfelder, tal situação se tornava um ciclo vicioso com

vários estágios de marginalização sendo a questão do menor abandonado

ou desassistido o último estágio caracterizado pela desestruturação no seio

familiar.

1.1 FATORES CONDICIONANTES PARA O COMETIMENTO

DE DELITOS

Mário Moura Rezende (1970, p.15), juiz de João Pessoa, aponta essa

migração interna como nodal para explicar a delinquência, uma vez que,

para o autor, deste êxodo surgiram dois tipos de categorias distintas, quais

sejam, a primeira formada por um grupo de pessoas honestas que, por meio

do trabalho, conseguiram vencer.

Por sua vez, a segunda categoria apontada por ele como indivíduos

sem aptidão ou falta de sorte e por conta disto nada conseguiram, mas

também não regressaram ao campo preferindo, portanto, a vida nos grandes

centros urbanos, habitando míseros mocambos ao redor da cidade.

Finaliza o autor que a sorte dos filhos desses homens estava selada,

pois não dispunham de meios para se satisfazer e, para alimentar seus

maiores desejos, terminavam praticando os primeiros furtos.

Vale ressaltar, que há diferenças entre os chamados menores

abandonados e os menores infratores, sendo estes consequência daqueles e,

como fatores, muitas vezes, geradores do abandono do menor, podemos

citar a passagem de uma economia rural para uma industrial e comercial,

por conseguinte a desestruturação familiar e o ingresso da mulher no

mercado de trabalho, uma vez que, mediante tais situações, os menores,

muitas vezes, passaram a viver em ambientes deletérios, convivendo com

toda a sorte de promiscuidade.

Nesse sentido, pode-se extrair que o menor abandonado é aquele que

não é atendido em suas necessidades básicas como, por exemplo, saúde,

amor, compreensão, educação e segurança social.

Por sua vez, o menor infrator ou delinquente é aquele que está,

socialmente, envolvido de forma grave no processo de marginalização e

que, juridicamente, pratica atos definidos em lei, como infrações penais.

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Este menor é, segundo Gutemberg Rodrigues (2001, p. 149), fruto de

situações como: Urbanização, industrialização, não integração de parcela

da população, condições precárias de moradia, higiene e alimentação.

Com isso, entende-se que a violência não se encontra apenas nos

delitos, mas também, nas desigualdades sociais que podem ser vistas na má

distribuição de renda e no salário mínimo que não assegura as necessidades

mais básicas de uma família brasileira (ARRUDA, 2008).

Nesse sentido, há um evidente conflito entre a sociedade e o jovem,

que por sua vez, não vê perspectiva de vida, não percebe como sair da

pobreza, em um mundo globalizado, se nem educação escolar consegue.

Deste modo, apesar da Constituição Federal de 1988 prevê em seu

artigo 6º os direitos sociais como a saúde, a educação, a alimentação, a

moradia e ao lazer.

O que há de fato é um grande descaso do governo brasileiro, que deixa

de analisar questões de maior complexidade como a formação de uma

escola para todos, bem como uma desresponsabilidade da sociedade como

um todo pela formação das gerações.

Vale ressaltar que apesar dessas evidentes causas que caracterizam o

processo de práticas infraconstitucionais cometidos pelos adolescentes, a

maioria da população não compreende essas verdades e por isso culpa as

autoridades por não destruírem ou não manterem na prisão os pequenos

“delinquentes”.

Pode-se dizer que o discurso de massa constrói, de certo modo, a

imagem do infrator como elemento de alta periculosidade, um inimigo da

sociedade. Este último é um conceito trabalhado com maior coerência na

teoria política por Carl Schmitt e presente no O Inimigo do Direito penal

do autor Raúl Zaffaroni (2006, p. 22), que trata o conceito de inimigo com

analogia ao estrangeiro.

O estrangeiro (hostis alienígena) é o núcleo troncal que abarcará todos os que

incomodam o poder, os insubordinados, indisciplinados ou simples estrangeiros,

que, como estranhos, são desconhecidos e, como todo desconhecido, inspiram

desconfiança e, por conseguinte, tornam-se suspeitos por serem potencialmente

perigosos.

Com isso, o menor seria estigmatizado, marcado com rótulo de

infrator periculoso, disseminando, no imaginário social e coletivo, a figura

a ser vigiada e controlada.

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1.2 O SISTEMA SOCIOEDUCATIVO E SUA INFLUÊNCIA

PARA A REINTEGRAÇÃO DO JOVEM INFRATOR

A priori, a medida socioeducativa deve ser executada de modo que os

adolescentes sejam tratados com dignidade a qual a Lei 8.069/90 lhes

conferiu, bem como a pretensão de reeducá-los e reintregrá-los ao convívio

social.

Este diploma legal ainda estabelece que durante o período de

internação é obrigatória, entre outros direitos dos menores, estão: a

realização de atividades pedagógicas, habitar alojamentos em condições

adequadas, realizar atividades profissionalizantes e escolarização, bem

como atividades culturais.

Entretanto, as condições nas quais se encontram os jovens infratores

em diversas unidades de internação do Brasil não estão adequadas às

diretrizes previstas no Estatuto da Criança e do adolescente.

Segundo o Relatório de Inspeção do Conselho Nacional de Justiça em

2011 em estabelecimentos penais e socioeducativos no Brasil revelou que a

maioria dos jovens internos são de classe média baixa, vindos de famílias

desestruturadas, com pouca escolaridade, bem como, muitos envolvidos

com drogas (Hashimoto).

Quanto a estrutura dos sistemas para atender a estes jovens concluiu-

se a precariedade do sistema, no estado do Espírito Santo, por exemplo,

apesar de desde a última visita muito se ter melhorado, há ainda muito o

que se melhorar, uma vez que muito ainda falta a ser concretizado para que

o sistema possa atender às necessidades dos adolescentes, respeitando seus

direitos e sua dignidade (Hashimoto).

Tal constatação não foi diferente nos demais estados brasileiros onde

houve a inspeção do Conselho Nacional de Justiça, sendo apontadas para a

necessidade de revisão do sistema socioeducativo dos estados,

especialmente por não seguirem os padrões arquitetônicos, bem como

superlotação, como exposto no relatório do estado do Rio de Janeiro

(Carvalho, 2011).

Nesse sentido, é evidente que a grande maioria das unidades carecem

de estrutura física, capacitados para o atendimento aos menores em conflito

com a lei, bem como um projeto pedagógico, uma vez que a maioria não

possui instalações para a atividade de ensino, recreação e/ou

profissionalização, por exemplo, e, isso tudo, acaba por dificultar a

reintegração do jovem no seio social.

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1.3 ANÁLISE COMPARADA COM OS SISTEMAS JURÍDICOS

PENAIS DE PAÍSES COMO: ESTADOS UNIDOS DA

AMÉRICA E ÁUSTRIA

Em análise primeiramente ao sistema jurídico penal de reabilitação do

menor infrator nos Estados Unidos da América, encube destacar que este

país teve a formação de seu sistema influenciado pelo sistema Romano-

Germânico. (SHECAIRA, 2008).

Apesar desta influência, o sistema punitivo passou a ter um rigor

maior em meados do século XIX tendo, os jovens, punições, muitas vezes,

equivalentes a de adultos.

Não obstante este rigor, em 1899, uma vez instaurado um movimento

de reforma em Chicago isso começou a mudar de modo a fazer com que os

jovens fossem de fato reabilitados e tratados de modo a tornarem membros

produtivos para toda a sociedade.

Todavia, no que tange a tentativa de reabilitar o jovem infrator em

detrimento de um cárcere privado, esta, fracassou devido as diversas

intervenções da Suprema Corte Americana que acabou por aproximar

novamente as punições desses infratores ao de adultos que cometessem

crimes.

E, na atualidade, o que se observa é que, de acordo com o Estado, um

jovem com mais de 12 (doze) anos de idade pode ser submetido as mesmas

condições de pena que um adulto, bem como a pena de morte caso este

tenha cometido um crime doloso contra a vida.

A cerca deste fato, é possível destacar que os Estados Unidos não

ratificaram a Convenção das Nações Unidas para os Direitos da Criança e,

por isso, não assumem qualquer comprometimento com a extinção destas

penas desumanas e cruéis não tendo, portanto, qualquer semelhança com a

jurisdição brasileira.

Por sua vez, no que se observa as condições penais de punição a

criança e ao adolescente infrator na Áustria, percebe-se que esta possui um

dos sistemas mais modernos de proteção à infância e à juventude.

Este sistema de proteção está previsto no Direito Tutelar do Menor

que, por vezes, não se confunde com o Direito Penal Juvenil.

Além disso, com a previsão legal da nova Emenda, a idade de

imputação penal deixou de ser de 19 (dezenove) anos e passou a ser de 18

anos de modo a aplicar o Direito Penal Juvenil apenas dentre aqueles que

tivesse idade entre 14 (quatorze) e 18 (dezoito) anos completos e, abaixo de

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14 (quatorze) seria aplicada medidas assistenciais e de proteção.

(SHECAIRA, 2008).

Entre quatorze e dezoito anos, todos os infratores são submetidos ao sistema de

justiça juvenil. Para os primeiros dois anos dessa idade (quatorze e quinze anos)

as contravenções não serão punidas, somente os crimes. Para os autores de delitos

entre quinze e dezesseis anos, as penas serão aplicadas em conformidade com as

penas previstas no Código Penal, porém muito atenuadas. Elas se reduzem à

metade em todos os casos, desaparecendo ou rebaixando o limite mínimo. Assim,

quando o delito venha castigado com uma pena superior a dez anos e inferior a

vinte, o menor terá uma pena de seis meses a dez anos. Se houver previsão de

prisão perpétua, as penas impostas serão de um a dez anos, quando o autor tiver

idade inferior a dezesseis anos, e de um a quinze anos, se maior de dezesseis e

menor de dezoito anos. (SHECAIRA, 2008, p. 75)

Destarte, observa-se ainda que o procedimento de menores infratores é

regido por normas gerais do Código de Processo Penal. No entanto, há

algumas peculiaridades no que se refere aos princípios da celeridade,

publicidade, bem como de obrigatoriedade de defesa técnica, assim como a

presença de profissionais, tais como: psicólogos e assistentes sociais em

tribunais.

2 O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO E SUA

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

O Direito Penal, até o século XVIII, valia-se da prisão-cautelar, que é

anterior a prisão-pena, a qual só veio a existir com o surgimento do

instituto da privação da liberdade. Com isso, segundo Foucault (1997, p.

207) antes da prisão ser uma espécie de sanção, ela era destinada a reter o

condenado até a efetiva execução de sua pena, bem como era marcada por

penas cruéis e desumanas.

A pena, então, tinha a finalidade de garantir que o acusado não iria

fugir, bem como deveria aguardar o julgamento privado de sua liberdade,

sendo este encarceramento, portanto, um meio e não um fim da punição.

A prisão então, nada mais era do que um estabelecimento de custódia,

na qual servia para manter pessoas doentes mentais, bem como as privadas

do convívio social por manterem condutas consideradas desviantes ou por

questões meramente políticas e tinha como finalidade a reforma desses

delinquentes por meio do trabalho e da disciplina.

Para explicitar o surgimento do sistema penitenciário como forma de

pena o autor Antônio Baptista Gonçalves (2011, p. 309) faz uma analogia

aos mosteiros antigos em que o monge se retirava e se isolava dos demais

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para meditar sobre a conduta danosa que cometia, para que visualizasse seu

erro e não voltasse a cometê-lo.

Para tanto o sistema Penal seguiu a mesma linha de modo a adaptar o

conceito supracitado passando a surgir apenas no século XVIII a pena

privativa de liberdade como parte do rol de punições do Direito Penal,

sendo assim, a pena de prisão passa a exercer uma punição de fato e

teoricamente com banimento das penas cruéis e desumanas.

Nesse sentido, surge no início do século XIX, na Filadélfia, os

primeiros presídios que seguiam o sistema celular, cuja característica era de

ser um sistema de reclusão total, no qual o preso ficava isolado do mundo

externo.

A partir disto, vários outros sistemas foram criados com a finalidade

de que o preso, subordinado ao silêncio de um cárcere, se encontre apto ao

retorno junto à sociedade, curado dos vícios e pronto a tornar-se

responsável pelos seus atos, respeitando, por conseguinte, a ordem e a

autoridade.

Dessa forma, com o surgimento da privação da liberdade como forma

de pena, passa-se a punir o condenado não mais com o seu corpo, mas sim

com a sua “alma”, uma vez que tende a recuperar o imputado através da

reflexão espiritual e da penitência.

Destarte aduz Cezar Roberto Bitencourt (2004, p. 31) a respeito da

pena privativa de liberdade enquanto proposta de transformação do

delinquente e, por conseguinte, de controle social:

Diante de todas as razões expostas, não se pode afirmar sem se ingênuo ou

excessivamente simplista que a prisão surge sob o impulso de um ato humanitário

com a finalidade de fomentar a reforma do delinquente. Esse fato não retira

importância dos propósitos reformistas que sempre foram atribuídos à prisão, mas

sem dúvida deve ser levado em consideração, já que existem muitos

condicionamentos, vinculados à estrutura sociopolítica, que tornam muito difícil

para não dizer impossível, a transformação do delinquente.

Durante muitos anos, especificamente a partir do séc. XIX, acreditou-

se que a prisão era o meio mais adequado para a reabilitação e, por

conseguinte, ressocialização do delinquente, portanto, o que se via era um

ambiente predominantemente otimista quanto a isso (BITENCOURT,

2004).

No entanto, o que predomina, hoje, não é mais essa convicção firme

de que a prisão poderia ser de fato o meio idôneo para reintegrar o detento

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na sociedade, mas tão somente uma possível falta de esperança dos

resultados que realmente se possa conseguir com a pena de prisão.

Isto, pois se analisarmos as condições atuais as quais se encontram o

sistema carcerário brasileiro é possível afirmar que há de fato uma falência

da pena privativa de liberdade ante exposto sua ineficácia para com seu

objetivo ressocializador.

Considera-se que a prisão, em vez de frear a delinquência, parece estimulá-la,

convertendo-se em instrumento que oportuniza toda espécie de desumanidade.

Não traz nenhum benefício ao apenado; ao contrário, possibilita toda sorte de

vícios e degradações. (GARCIA RAMIREZ, 1975, p. 53)

Nesse sentido, é possível dizer que nos estabelecimentos prisionais,

em sua grande maioria, há diversos tipos de problemas, tais como:

superlotação carcerária; muitas vezes, ausência de programas que

possibilitem atividades físicas ou mentais para os detentos, o que gera o

ócio e oportunizando o chamado por Antônio Baptista Gonçalves (2011, p.

310) de “cursinho do crime”, o que nada mais é do que verdadeiras aulas de

aprimoramento em práticas danosas que propiciam ao preso uma gama de

novas formas delitivas.

[…] O cárcere cria um abismo entre os detentos e o mundo exterior; o

embrutecimento, a revolta com o tratamento injusto e desumano, as péssimas

condições suportadas, transformam a prisão numa escola para novos crimes, o que

justifica o elevado índice de reincidência existente. A Lei de Execução Penal

brasileira estabelece que deve se respeitar à integridade moral dos detentos,

esclarecendo que a pena tem por objetivo proporcionar condições para a harmonia

e reintegração do preso à sociedade, no entanto isso não ocorre. (NETO, 2013)

Com isso, observa-se que o objetivo maior da pena restritiva de

liberdade não tem se concretizado, pois o modo estigmatizante ao qual os

presos são submetidos devido a falta de estrutura e investimentos no

sistema, atrelado à fatores sociais e pessoais, ocasiona diversas

consequências como: elevado índice de reincidência e possíveis efeitos

psicológicos.

Para tanto, fica evidente que a prisão por si só não resolve o problema

social, que é o do jovem no mundo do crime, ainda mais se levarmos em

consideração as condições as quais se encontram o sistema prisional atual

do país, restando comprovado ser humanamente impossível a recuperação

de fato de quem quer que seja, ainda mais de jovens, que estão em fase de

amadurecimento físico e mental e que gozam de uma proteção integral.

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2.1 REFLEXOS DO SISTEMA PARA A RESSOCIALIZAÇÃO

DO IMPUTÁVEL

O Brasil, até meados de 1830, não tinha um Código Penal próprio, por

ser ainda uma colônia portuguesa, submetia-se, portanto, as ordenações

Filipinas e, entre as penas aplicadas, estava prevista a pena de morte,

degradado para galés e outros lugares, bem como penas corporais e

humilhação pública ao réu.

Não era previsto, no entanto, o cerceamento e privação de liberdade,

na medida que os movimentos reformistas penitenciários começaram só no

século XVII e, até então, as prisões no Brasil cultivavam a ideia de prisão

como meio de evitar a fuga para a possível pena que viria e não como fim,

ou seja, como pena já imposta.

É a partir de 1870 que o país começa a sofrer grandes influências de

várias doutrinas norte-americanas e europeias no que tange o crime,

criminoso, bem como o próprio sistema carcerário.

A partir destas influências, começou-se a implantar o ideal de reforma

no Direito Penal, que vem a se consagrar em 1890 com o novo Código

Penal, prevalecendo-se o sistema Irlandês, o qual conciliava o sistema

Auburn, bem como o sistema da Filadélfia.

Com a consagração deste Código, aboliu-se a pena de morte, as penas

perpétuas, açoite e as galés, previa ainda quatro tipos de prisão, quais

sejam:

A prisão celular, a maioria dos crimes previstos no Código tinha esse tipo de

punição (art. 45); reclusão em “fortalezas, praças de guerra ou estabelecimentos

militares” destinada para os crimes políticos contra a recém-formada República

(art. 47 do Código); prisão com trabalho que era “cumprida em penitenciárias

agrícolas, para esse fim destinadas, ou em presídios militares” (art. 48 do

Código); Prisão disciplinar “cumprida em estabelecimentos industriais especiais,

onde serão recolhidos os menores até á idade de 21 anos” (art. 49), uma

inovação do Código foi o limite de 30 anos para as suas penas.(ENGBRUCH, DI

SANTIS, 2012).

No entanto, havia uma grande deturpação entre o que era previsto em

lei e o que era apresentado na prática, na medida que para a maioria dos

crimes era previsto prisão celular e na realidade não existia vagas em

estabelecimentos prisionais o suficiente para comportar o número de

detentos.

Nesse sentido é mister analisar que desde 1890 já se percebia a

necessidade de um estabelecimento mais adequado para o cumprimento das

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penas, uma vez que a superlotação, ou seja, o problema da falta de vagas

para o cumprimento da pena, gerava um outro grave problema que é o de

deterioração do ambiente dos presos.

Tal problema ainda é evidenciado na atualidade mediante uma política

de encarceramento em massa, uma vez que há uma recorrência cada vez

maior ao Direito Penal como solução em prima ratio de praticamente todos

os conflitos sociais (AZEVEDO, 2005).

No entanto, o direito penal não deve ser um mero aplicador

desordenado de sanções, pois juntamente com sua razão de ser, qual seja: a

de aplicar uma sanção, deve ser um garantidor de liberdades, uma vez que

o homem médio tem o conhecimento de quais atos pode praticar e de quais

não são permissivos.

A prisão, de certo modo, tem como conceito ser uma instituição que

exerce um controle total sobre o condenado, com a finalidade de ser um

órgão disciplinador, uma vez que monitora o indivíduo em todos os seus

aspectos, quais sejam: físico, intelectual e até mesmo moral.

(GONÇALVES, 2011), de modo a ressocializá-lo à sociedade.

Todavia, as condições as quais se encontram o sistema carcerário

atual, em linhas gerais, não traz nenhum benefício ao apenado para que este

seja reinserido à sociedade, mas tão somente, possibilita toda sorte de

vícios e degradações (GARCÍA RAMIREZ, 1975, p.53).

Com isso, o preso, ao ser detido em um estabelecimento prisional, ao

invés de ter um espaço para se arrepender, obtém um cursinho do crime, de

modo a aprimorar suas práticas danosas.

Nota-se então que a realidade da prisão se deturpa de sua finalidade,

uma vez que o retiro forçado de um criminoso tem como conceito

fundamental ofertar a sociedade uma compensação, já que o infrator estará

afastado da sociedade.

Segundo Bitencourt (2004, p. 158) a maioria dos fatores que dominam

a vida carcerária imprime a esta um caráter criminógeno. Esses fatores

podem ser classificados em materiais, psicológicos e sociais.

a) Fatores materiais: Nas prisões clássicas existem condições que podem exercer

efeitos nefastos sobre a saúde dos internos. […] Contribuem igualmente para

deteriorar a saúde dos reclusos as más condições de higiene dos locais, originadas

na falta de ar, na umidade e nos odores nauseabundos. Mesmo as prisões mais

modernas, onde as instalações estão em nível mais aceitável e onde não se

produzem graves prejuízos à saúde dos presos, podem, no entanto, produzir algum

dano na condição físico-psíquica do interno já que, muitas vezes, não há

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distribuição adequada do tempo dedicado ao ócio, ao trabalho, ao lazer e ao

exercício físico. […] b) fatores psicológicos: […] A prisão, com sua disciplina

necessária, mas nem sempre bem empregada, cria uma delinquência capaz de

aprofundar no recluso suas tendências criminosas. […] c) Fatores sociais: A

segregação de uma pessoa do seu meio social ocasiona uma desaptação tão

profunda que resulta difícil conseguir a reinserção. (BITENCOURT, 2014)

Isto posto, a prisão, na realidade a qual se encontra, representa um

prejuízo não apenas para à sociedade como um todo, como também, ao

Estado, e para o próprio indivíduo preso, uma vez que este tinha qualquer

intenção de se arrepender de seus atos danosos, no entanto, tal fato não

ocorre devido ao contato com a superlotação. (GONÇALVES, 2011).

Nota-se com isso que o grande problema que aflige o sistema penal

brasileiro é estrutural. Há, portanto, um grande problema na estrutura do

sistema penal como um todo que desencadeia não como forma

preponderante de frear de delinquência, mas sim estimulá-la, convertendo-

se, portanto, em um instrumento que oportuniza toda espécie de

desumanidade a qual estão submetidos, sendo, portanto, incapaz de gerar

alguma expectativa de mudança.

Apesar da deficiência dos dados estatísticos, é inquestionável que a delinquência

não diminui […] e que o sistema penitenciário tradicional não consegue reabilitar

o delinquente; ao contrário, constitui uma realidade violenta e opressiva e serve

apena para reforçar os valores negativos do condenado. (BITENCOURT, 2004)

Nesse sentido, a prisão consegue produzir, de certo modo, um efeito

reverso ao detento, uma vez que, ao invés de reduzir a criminalidade, a

penitenciária incrementa, “sofistica” o condenado, de modo que novos

crimes tendem a ser praticados, ou antigos tornam-se a serem cometidos.

2.2 ANÁLISE COMPARADA COM OS SISTEMAS JURÍDICOS

PENAIS DE PAÍSES COMO: ESTADOS UNIDOS DA

AMÉRICA E ÁUSTRIA

Na Áustria as pessoas que comentem delitos pela primeira vez ou, que

comentem delitos menores possuem diversas alternativas como, por

exemplo, o pagamento de multas, trabalho social ou até mesmo liberdade

condicional.

Deste modo, tem-se que o cárcere privado é, de certo modo, a ultima

opção. Além disso, o Estado possui cerca de vinte e oito instalações para a

estadia temporária ou permanentes de pessoas que cometem crimes.

De acordo com o sistema prisional da Áustria, o melhor meio de

ressocializar um indivíduo não seria ele preso, mas caso seja detido em

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cárcere, este é levado a uma prisão modelo como a Justice Center Leoben a

qual se parece mais com um hotel do que um lugar de punição pelos atos

contrários ao ordenamento jurídico local.

Assim, meios alterativos à prisão fizeram com que a quantidade de

pessoas que cometem crimes reduzisse há um percentual menor do que

caso houvesse o encarceramento em massa com tratamentos desumanos.

(Saavedra, 2013)

Por sua vez, nos Estados Unidos da América se vê em uma crise no

Sistema Penitenciário isso devido, em grande parte, ao problema também

enfrentado pelo Brasil que é o de superlotação.

Ademais, esta possui um dos sistemas carcerários mais caros do

mundo, bem como populosos do mundo. Com isso, tem-se que o número

de carcerários além do que comporta o sistema faz com que seja violado as

condições desses presos quanto a sua condição enquanto pessoas detentoras

de direitos e garantias fundamentais.

Para tanto, fora estabelecido, como tentativa de solucionar a crise

carcerária, quais sejam: a construção de novas prisões, transferência para

prisões privadas, o alívio das punições, diminuição das taxas de fianças.

Apesar dessas mudanças, ainda é preciso ser feito muito para que se

possibilite de fato humanizar o sistema carcerário de modo a garantir uma

verdadeira e ampla mudança do sistema penal do país uma vez que este

está entre um dos países que mais encarcera no mundo juntamente com o

Brasil.

3 ANÁLISE DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL SOB A

ÓTICA DOS DIREITOS HUMANOS

A ideia do princípio da dignidade da pessoa humana é algo muito

abrangente, portanto, existe uma grande dificuldade em se formular um

conceito jurídico a seu respeito, uma vez que engloba diversas definições e

significados, mas, em tese, trata-se da defesa à vida do indivíduo, ou seja, é

a defesa pela busca do respeito do ser humano, bem como pelo

reconhecimento de sua virtude e honra.

Nesse sentido, pode-se afirmar que tal princípio defende algo muito

maior que somente a criança, o adolescente e o adulto, que é a defesa da

vida do individuo como um todo e que, no prisma da menoridade, está

relacionada ao futuro desta criança e deste adolescente.

Nesta linha, a própria Constituição Federal de 1988 reza sobre o

aludido princípio em seu art. 1º, III:

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Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático

de Direito e tem como fundamentos: [...] III - a dignidade da pessoa humana.

Atrelado a este entendimento, tem-se a ideia do princípio da proteção

integral previsto no art. 227 do mesmo Diploma Legal, que estabelece

como dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao

adolescente e ao jovem, de modo prioritário por exemplo, o direito à vida, à

saúde, à dignidade e ao respeito.

Sobre este princípio Cury, Paula e Marçura (2002, p. 21) preveem

que:

A proteção integral tem como fundamento a concepção de que crianças e

adolescentes são sujeitos de direitos, frente à família, à sociedade e ao Estado.

Rompe com a ideia de que sejam simples objetos de intervenção no mundo

adulto, colocando-os como titulares de direitos comuns a toda e qualquer pessoa,

bem como de direitos especiais decorrentes da condição peculiar de pessoas em

processo de desenvolvimento.

No entanto, muito embora esteja previsto a ideia do princípio da

dignidade da pessoa humana, bem como o princípio da proteção integral à

criança e ao adolescente, como sendo sujeitos detentores de direitos e

garantias, ao se pensar na possibilidade de redução da maioridade penal e

compará-la com o sistema repressor atual, que permite situações, tal como:

superlotação, não há que se falar em dignidade da pessoa humana, muito

menos em proteção integral.

O que não quer dizer que deve haver aplicação de um direito penal

mínimo ao ponto de não haver qualquer tipo de restrição à direitos. Uma

vez que estes jovens cometam atos infracionais a conduta deles deve ser

reprimida, mas o que se defende neste estudo é a melhor aplicação do

Direito Penal, uma vez que, o que antes era considerado ultima ratio, hoje,

vem se transformando notoriamente em prima ratio, ou seja, toda e

qualquer questão, muitas vezes, recai sobre o Direito Penal.

Destarte, é necessário buscar soluções alternativas ao combate à

criminalização brasileira atual, de modo a almejar a ressocialização

prisional, ao passo que pensar no aprisionamento do menor nas condições

carcerárias a qual se encontra o sistema penal brasileiro, além de

desrespeitar os aludidos princípios, não é de fato a solução para tal

problema social.

3.1 A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL COMPARADO

AOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E NA ÁUSTRIA

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Anteriormente, a pena tinha um caráter retributivo, era associada a um

sentimento de vingança privada e era dado ao agressor um castigo em

forma de espetáculo para aqueles que queriam assistir a punição daquele

que viola a lei.

Com o tempo, a pena adquiriu caráter preventivo e de ressocialização.

Apesar dessa mudança, o interesse da população em assistir a punição

daqueles que cometem crimes ou atos infracionais não cessou.

A mídia, então, tem um papel fundamental que é o de ser a maior

difusora de informações sobre a sociedade, pois há na sociedade uma

necessidade de ser informada sobre os acontecimentos.

Segundo Carlo Velho Masi e Renan da Silva Moreira, a mídia goza de

enorme credibilidade e confiança aos olhos da população, a qual deve

servir. Assim, a sociedade tornou-se dependente dela para se atualizar e ter

ciência dos acontecimentos do mundo (2014, p. 438).

Além dos fatos que narram nos noticiários, bem como suas versões, a

mídia acaba por ser uma formadora de opinião, uma vez que indica um

discurso hegemônico e que, segundo Melossi (1992, p. 248), é uma forma

de organizar o mundo de determinada maneira.

Nesse sentido, a mídia constitui, de certo modo, o próprio caráter do

indivíduo, fazendo com que a sua visão de mundo também seja a do

indivíduo (telespectador), e, a partir disso, ele passa a ter uma noção do que

é lícito ou ilícito por meio do que lhe é transmitido.

Todo esse discurso dos meios de comunicação de massa é, segundo

Boldt (2013, p. 61):

Uma técnica de controle ideológico que procura impedir que as pessoas adquiram

consciência de suas condições de vida, distraindo sua atenção. Através dos meios

de comunicação, bombardeia-se a sociedade com notícias sobre fatos

suficientemente atrativos para que os indivíduos tenham sua atenção desviada dos

problemas econômicos e sociais. Baseia-se no fato de que as pessoas têm um

limite de percepção e atenção e que, saturadas por um certo número de

informações que apelam para as emoções e sentimentos, não lhes sobra espaço

nem tempo para receber outras idéias. Grandes torneios desportivos, crimes

cometidos com crueldade, têm sido constantemente alardeados para envolver os

receptores em sua discussão e distraí-los das questões mais graves.

Esse controle ideológico faz com que as pessoas acabem por ter uma

visão distorcida da realidade, uma realidade simbólica, que manipula as

pessoas de acordo com as políticas adotadas.

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Zaffaroni (2011, p. 365) considera os meios de comunicação de massa

uma verdadeira “fábrica da realidade”, capaz de construir a realidade

mediante a projeção de imagens e discursos que produzem efeitos reais

sobre situações definidas como reais.

Com isso, acredita-se que a sociedade tornou-se mais violenta com a

indústria midiática, seja por quê a mídia consagra o olhar unilateral do fato

que é noticiado, ou seja, impede, muitas vezes, a manifestação daquele que

está sendo investigado, seja pela imagem do indivíduo que é passada pela

mídia, trazendo, outrossim, uma condenação imediata por parte dos

telespectadores, sem qualquer respeito às garantias do devido processo

legal.

Sendo assim, os meios de comunicação, ao informarem de modo

reiterado fatos violentos e ao abordarem posições radicais sobre o assunto,

além de, muitas vezes, distorcerem os fatos, criarem situações e ampliarem

a dimensão do acontecimento, acabam por disseminar o pânico, fazendo

com que as pessoas se “armem” cada vez mais.

Ademais, eles têm a capacidade de banalizar a cultura e reduzir a um

mero espetáculo4, selecionando os crimes a serem noticiados, ou seja,

crimes que a mídia sabe que vai dar mais audiência, crimes com maior grau

de dramaticidade.

Os meios de comunicação, por certo, não impõem aos sujeitos, em seus

noticiários, em seus telejornais, propriemante o “como pensar”, mas fatalmente

impõem “o que pensar”, fatalmente eles selecionam o objeto de pensamento, de

atenção e de preocupação dos sujeitos, mesmo porque, via de regra, os

consumidores do produto-notícia não costumam colocar em dúvida a veracidade

do fato noticiado. Entretanto, quando o objeto de atenção, de pensamento e de

preocupação, tal como imposto pela mídia, é a violência (uma violência

excessivamente mensurada e pouco divulgada), isso já é fato subjetivo altamente

determinante para o incremento do medo, da insegurança, da “incerteza da

incerteza”. (DE SÁ, 2012, p. 325)

Nesse sentido, as informações tornam-se mercadorias e essa venda de

noticias de entretenimento faz com que o telespectador seja um consumidor

4 O espetáculo apresenta-se ao mesmo tempo como a própria sociedade, como uma parte da

sociedade e como instrumento de unificação. Como parte da sociedade, ele é expressamente o

setor que concentra todo olhar e toda consciência. Pelo fato desse setor estar separado, ele é o

lugar do olhar iludido e da falsa consciência; a unificação que realiza é tão somente a linguagem

oficial da separação generalizada. (DEBORD, 1997, p. 14)

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que está envolvido pelos apelos emocionais e sensacionalistas5

do

“espetáculo” mostrado pelos meios de comunicação.

Por sua vez, Raphael Boldt (2013, p. 76) ressalta a questão de

banalização da informação feita pela mídia:

Ao invés de espelhar as contradições e conflitos da sociedade, a mídia banaliza a

informação e, indiretamente, propaga a violência, estimulando comportamentos

violentos para a solução de problemas cotidianos simples. Neste contexto, o

direito penal torna-se a grande vedete para a redução da criminalidade e da

“violência urbana”, embora dois terços da humanidade vivam na miséria, uma das

mais cruéis formas de violência.

Assim, a mídia não só constrói socialmente a criminalidade, mas

também cria um estereótipo do criminoso fazendo com que seja reforçada a

seletividade do sistema penal, ou seja, essa seleção é produzida pelo

discurso dos meios de comunicação.

Vale ressaltar que apesar da violência sempre existir

independentemente dos apelos da mídia, esta mostra a sociedade num viés

de desordem apelando para a reparação do mal disseminando, assim, o

medo na sociedade.

Essa disseminação do medo e dessa seletividade faz surgir um anseio

da sociedade pela segurança e o grande problema desse discurso midiático,

segundo Raphael Boldt (2013, p. 80) é que a mídia não pode satisfazer a

aspiração das pessoas por um mundo completamente seguro.

Ademais, no que tange ao ideal de redução da menoridade, esta se

apresenta nos Estados Unidos da América um sistema juvenil com

influencia no sistema Romano-Germânico sendo que, hoje, os jovens com

mais de doze anos de idade podem ser submetidos aos mesmos

procedimentos tais quais são aplicados aos adultos.

Deste modo é nítido o fato de não haver respeito a condição do

adolescente enquanto um sujeito em desenvolvimento físico e mental e

com um alto grau de se deixar influenciar por adultos que já tem, de certo

modo, seu psíquico formado e que provém de um sistema de baixa

ressocialização. (MELO, 2015).

5 Misturando três ingredientes – sangue, sexo e dinheiro – a informação-espetáculo obtém a

fórmula que faz subir audiências. A estes ingredientes, juntam-se ainda o aparentemente

inesperado, o falso exclusivo e o surpreendente. Mas com os mesmos ingredientes podem fazer-

se produtos diferentes [...] (CANAVILHAS, 2007, p. 09)

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Por sua vez, na Áustria o Sistema prevê até os dezenove anos a

aplicação da Lei de justiça Juvenil (JGG) e, dos dezenove aos vinte e um

anos de idade as penas são atenuadas, deste modo, conseguem com que a

ressocialização destes jovens seja mais efetiva e adequada garantindo a sua

condição enquanto detentores de direitos humanos.

3.2 CASO PENITENCIÁRIA URSO BRANCO VS. BRASIL

O caso Penitenciária Urso Branco Vs. Brasil foi alvo de grande

repercussão não só no plano interno, como também no mundo tendo em

vista o fato ter sido levado à julgamento pela Corte Interamericana de

Direitos Humanos.

Deste modo, antes de mais nada, vale ressaltar que a Casa de

Detenção estadual Doutor José Mário Alves da Silva, também conhecida

como Urso Branco, está localizada em Rondônia, Brasil e foi palco de

severas violações aos direitos humanos de modo que foram resultadas de

um conflito entre ações dos representantes do Estado e os direitos dos

presos.

A penitenciária fora construída no final da década de 1990

inicialmente com o objetivo de ser um abrigo para presos provisórios.

Todavia, o Estado passou a utilizar este espaço como penitenciária

abrigando diversos presos de modo a gerar uma superlotação e diversos

problemas de violação aos direitos humanos não sendo das mais favoráveis

para que haja a ressocialização do individuo.

Assim, após diversas rebeliões dentre elas, chacinas que culminaram

em diversas mortes e feridos, além da destruição completa da parte

administrativa do local, o fato foi denunciada aos órgãos do Sistema

Interamericano que requereu ao Estado que:

a) adote de forma imediata todas as medidas que sejam necessárias para proteger

eficazmente a vida e integridade pessoal de todas as pessoas detidas na

Penitenciária Urso Branco, assim como as de todas as pessoas que ingressem

nesta, entre elas os visitantes e os agentes de segurança que prestam seus serviços

na mesma; b) adeque as condições da mencionada penitenciária às normas

internacionais de proteção dos direitos humanos aplicáveis à matéria7 ; c) remeta

à Corte uma lista atualizada de todas as pessoas que se encontram detidas na

penitenciária e, ademais, indique com precisão: 1) as pessoas que sejam colocadas

em liberdade; 2) as pessoas que ingressem no referido centro penal; 3) o número e

nome dos reclusos que se encontram cumprindo condenação; 4) o número e nome

dos reclusos sem sentença condenatória; e 5) se os reclusos condenados e os não

condenados se encontram localizados em diferentes seções; d) investigue os

acontecimentos que motivam a adoção das medidas provisórias com o fim de

identificar os responsáveis e impor-lhes as sanções correspondentes, incluindo a

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investigação dos acontecimentos graves ocorridos na penitenciária depois da

Corte ter emitido a Resolução de 18 de junho de 2002; e no máximo em 6 de

novembro de 2005, apresente à Corte o décimo primeiro relatório sobre o

cumprimento das medidas indicadas nos anteriores incisos deste ponto resolutivo

e nos pontos resolutivos segundo e terceiro, particularmente sobre as medidas que

adote de forma imediata para que não se produzam privações de vida nem atos

que atentem contra a integridade das pessoas detidas na penitenciária e das que

por qualquer motivo ingressem na mesma. (CIDH, 2005)

Resta evidente, portanto, que a condenação do Brasil pela Corte

Interamericana de Direitos Humanos ressalta o menor comprometimento

do Estado brasileiro quanto aos direitos humanos em unidades prisionais de

modo a não ser adequada para a ressocialização de um adulto, quanto

menos de um jovem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de todo o exposto, conclui-se que a redução da maioridade penal no

Brasil além de não ser o meio mais adequado para a ressocialização do

jovem de modo a evitar uma reincidência ou até mesmo de modo a

prevenir a prática de delitos, ainda encontra diversos obstáculos para sua

implementação tendo em vista violações de direitos humanos pelo Estado

brasileiro nos sistemas prisionais.

Deste modo, é entendido que a verdadeira mudança no quadro de

índices de criminalidade cometidos por jovens, em sua maioria moradores

de áreas periféricas, está nas politicas públicas, principalmente na

educação, pois esta é essencial para qualquer indivíduo se tornar um

cidadão, bem como reduzir a prática de atos delituosos por parte dos

adolescentes.

Com isso, além da redução ser uma justificativa para tratar o efeito a

curto prazo, no entanto, esta não trata a verdadeira causa, pois requer uma

resposta que não seria imediatista de modo a corresponder ao clamor

social.

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