Reflex Ão

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Instituto Federal Rural do Rio de JaneiroDouglas Zlio Coutinho, Fabiane Aparecida e Lorena Marques

A LNGUA VIVA Uma reflexo baseada no posicionamento de Lima Barreto e Monteiro Lobato sobre o coloquialismo e o vernaculismoNova Iguau

2013

Douglas Zlio Coutinho, Fabiane Aparecida e Lorena Marques

A LNGUA VIVAUma reflexo baseada no posicionamento de Lima Barreto e Monteiro Lobato sobre o coloquialismo e o vernaculismo na escrita

Trabalho de concluso da matria Lngua Portuguesa Padro apresentado Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro como exigncia parcial da aprovao.

Orientador: Joo Orlando Junior

Nova Iguau

2013

O uso da gramtica gerou nos bosques brasileiros diversos dilemas, colocando escritores em uma situao complexa quanto ao uso que deveriam adotar para as suas respectivas obras literrias. Ao mesmo momento que surgiam mais obras baseadas na gramtica praticada no Brasil, havia tambm alguns puristas que acreditavam na depreciao da lngua, bem mais precioso de um povo, caso perdurassem o coloquialismo. Acerca deste tema Pimentel Pinto diz:

O perodo que vai de 1920 a 1945 , sem contestao, o mais denso de toda a histria da lngua portuguesa do Brasil, de tal sorte que no constitui tarefa simples sistematizar-lhe a produo.

envolvido neste cenrio que o escritor Monteiro Lobato se encontrou. O seu posicionamento sobre a dicotomia fora, por vezes, contraditrio. Se em um determinado perodo encontrou-se leitor vido dos escritos russos e disse que h sentimentos somente encontrados nas obras oriundas do local citado, outro instante optou por dedicar-se somente aos escritos portugueses, vide o trecho escrito pelo prprio:

"No te posso dizer nada sobre Crime e Castigo" porque no h falar de coisas grandes com meios pequenos - com estas pulgas glticas que so as "palavras em lngua portuguesa", esse produtinho l de Portugal, onde tambm fazem tamancos e palitos. A nossa anlise est aparelhada com medidas francesas, decimais - um sistemazinho decimal de ideias. No pode, pois, no tem jeito, no consegue dar ideia das coisas russas. Quando leio as outras literaturas, eu sinto isto e aquilo - sentimentos analisveis e classificveis. Quando leio os russos, eu pressinto. Guerra e Paz!... Crime a Castigo! Casa dos Mortos! Gorki - Gogol - Turguenef - todos..." (A Barca: 123 - 31/08/1907)Dois anos depois, mudou de opinio, e ergueu o portugus lngua digna de manifestao literria:

"Parei com as minhas leituras de lngua estrangeira. No quero que nada estrague minha lua de mel com a lngua lusada, que descobri como o Nogueira descobriu a Ptria e o Macuco o verbo 'apropinquar'. E sabe o que mais me encontrou no Portugus? Os idiotismos. A maior beleza das lnguas est nos idiotismos e a lngua lusa toda um Potosi". (A Barca: 123 - 31/08/1909).Tendo em mente que Monteiro Lobato passou ento a crer que o portugus europeu fosse o bom e correto, toda linguagem que fosse distinta desta era suja e representava uma mcula para o verdadeiro vernculo, dizendo at que o mau uso da gramtica torna a melhor de todas as ideias infecunda, morta.

Contrapondo-se aos pensamentos de Monteiro Lobato, Lima Barreto posiciona-se de forma ousada sobre o assunto. No seu romance Recordaes do Escrivo Isaas Caminha so feitas crticas sobre variados assuntos, uma delas foi o uso de termos rebuscados, apartados do uso recorrente, que salienta poder ao seu detentor.

Lima, atravs dos seus escritos, tende a crer que tais puristas so "malabaristas hbeis" que jogam as palavras como bolas de multicores, ou ento, escritores que eram imensamente consagrados pelos intelectuais, que, no entanto, obrigavam os seus leitores dependncia de um dicionrio para compreend-lo. As personagens revelam-se personificaes do seu iderio poltico, peas fundamentais na compreenso que temos da sua opinio.

Nas suas pginas encontram-se pessoas que usam e abusam do coloquialismo e que entram em contato com outros mais apegados s normas vigentes. Impera a crena de que os escritores escrevem apenas para um grupo elitizado, j detentores do conhecimento at hoje (embora menos) segregado, enquanto os pobres, a grande parte do povo, vem-se obrigados a adaptar-se aos padres "superiores", por vezes no conseguindo entender o que se quis passar.

Entretanto, o prprio autor no ignora as regras gramaticais e entrega-se aos maneirismos da populao quando escreve. Embora deixe de lado o uso abusivo de termos cultssimos, na sua escrita h coerncia, clareza lingustica, "bem cuidada", segundo Dino Preti:

"A posio polemista de Lima Barreto tem relao ao 'purismo' no o levaria a uma atitude de absorver totalmente a linguagem popular do Brasil, em detrimento da culta.(...)"Aclito da corrente filosfica determinista, Lima Barreto partia do princpio que o meio social nacional influenciava diretamente na forma de falar dos brasileiros e que tal ato no poderia ser alterado, tendo assim que pr um fim ao mpeto de cobrar de todos um portugus "puro" e acatar o que surgiu de maneira natural.

Por mais que os dois escritores consagrados possuam opinies antagnicas, pelo menos no que se diz respeito ao uso normativo da gramtica, na prtica, os pensamentos de um no anulam o pensamento do outro.

O portugus usado na norma culta tido, at os dias de hoje, como um sinal de prestgio. Prestgio este que no apenas inferido pelos conhecedores e praticantes da mesma linguagem, mas tambm por aqueles que no a domina. Quando falamos, os gestos, a entonao, as pausas, diversos fatores contribuem para a compreenso do ouvinte, ou seja, contribuem para uma melhor transmisso de ideias. Porm, tratando-se da escrita, todas estas questes que servem de "bengala", de apoio, entre o emissor e o receptor so inexistentes. Cabe ao escritor dedicar-se escrita culta, pois a clareza lingustica extremamente necessria de detalhamento.

Tanto Travaglia, quanto Dino Preti, falam da necessidade de uma adequao do falante mediante a situao em que est exposto. Assim sendo, a maneira prolixa que um importante jantar de negcios pede no se encontra no Happy Hour com os amigos de infncia no fim de semana. A lngua viva e mutvel, como um barro nas mos de um oleiro. Caso o oleiro precise fazer um vaso de flores, assim o far, caso necessite um odre de vinho, assim ser feito.

Diferentemente daquilo que os puristas pregavam, as variaes da lngua no contribuem para o empobrecimento dela, apenas serve como comprovao das multifaces existentes dentro de um pas to cheio de singularidades como o Brasil. A comprovao de que a lngua falada acompanha a transformao dos tempos e que, tambm, acompanhada pela lngua escrita.

Carlos Bagno diz que o distanciamento existente entre o coloquialismo e a norma culta d-se pelo fato da gramtica por, ns adotada, ser a lusitana, ou seja, tendo uma gramtica completamente nacional a dicotomia seria inexistente, ou bastante inferior.

Enquanto os gramticos digladiam-se um busca das melhores explicaes e desejosos de encontrar as melhores bases para os seus argumentos, entendemos que o posicionamento mais vlido, at ento, o apresentado pela metfora da roupa. Esta metfora diz que a gramtica por, ns usada, deve ser como uma vestimenta, caso estejamos indo para um evento srio, a roupa por ns escolhida ser uma mais formal. No entanto, se estivermos rumo ao bar com os amigos, nos muniremos de trajes mais descontrados, para que no estejamos deslocados, inapropriados para a situao.