Reflexões Sobre a Moralidade e Eticidade Em Kant e Hegel

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  • 7/25/2019 Reflexes Sobre a Moralidade e Eticidade Em Kant e Hegel

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    Revista do Ministrio Pblico do RS Porto Alegre n. 71 jan. 2012 abr. 2012 p. 113-125

    * Promotor de Justia no RS. Mestre em Direito do Estado pela PUCRS. Professor de DireitoConstitucional.

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    REFLEXES SOBRE A MORALIDADE E A ETICIDADEEM KANT E HEGEL

    Amilcar Fagundes Freitas Macedo*

    Sumrio: Introduo; 1. A moralidade e a eticidade em Kant; 2. A moralidade e a eticidade em Hegel e sua crticaa Kant; Concluses; Bibliografia.

    Resumo: Este texto busca sintetizar a viso de Kant e Hegel acerca dos conceitos de eticidade e moralidade.Kant desenvolve a ideia de um princpio supremo da moral que serve para fundamentar o agir tico, em qualquertempo e em qualquer circunstncia, de um ser racional. J Hegel, visa a justificar o tico em termos polticos,

    defendendo que a verdadeira moral concreta e material (eticidade) e consiste numa unio da vontade individualcom uma lei universal que est substanciada nas instituies sociais.

    Palavras-chave: moralidade, eticidade, imperativo categrico, tica de responsabilidade, discurso argumentativo.

    Abstract: This text aims to summarize the view of Kant and Hegel on the concepts of ethics and morality. Kantdevelops the idea of a supreme principle of morality which serves as a basis for ethical action, at any time and inany case, a rational being. Since Hegel, seeks to justify the ethical in political terms, arguing that true morality isconcrete and material (ethics) and consists of a union of the individual will to a universal law that is substantiatedin social institutions.

    Key words: morality, ethics, the categorical imperative, ethical responsibility, argumentative discourse.

    Introduo

    H muito que os filsofos se ocupam da discusso sobre a definio do quevem a ser moral e do que vem a ser tico, fato que tem ocupado o pensamentono s dos filsofos, mas de pensadores e juristas em todo mundo, em todos

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    Amilcar Fagundes Freitas Macedo

    os tempos, e se revela extremamente complexa, porque complexa a mentehumana e, mais complexo ainda, definir os seus limites, mormente porque aspessoas do s palavras os mais diversos sentidos ou conotaes.

    A inteno deste breve estudo realizar um apanhado das principaisconcepes de Kant e de Hegel sobre o tema, o que imprescinde de uma anlise

    primeira do pensamento de Immanuel Kant sobre a moral e sobre a tica, porqueeste ir, como veremos, dar suporte ao pensamento de Hegel, que, por sua vez,constitui, basicamente, uma crtica filosofia kantiana no particular.

    Analisar-se-, ento, primeiramente, o que Kant idealizou como princpiosupremo de um agir moral, para, em um segundo passo, agregar-se ao estudo acrtica de Hegel, mediante a qual este objetiva demonstrar a insuficincia da tesekantiana, o que no significa negar, por completo, sua proposio, mas, sobretudo,afirmar que o princpio por ele idealizado no se mostra o bastante, ou seja, que incompleto, na medida que se presta, como se ver, para fundamentar aes

    morais e imorais, j que se arrima exclusivamente na moral subjetiva.

    1 A moralidade e a eticidade em Kant

    Afinalidade deste estudo, como se disse, identificar segundo o pensamentode Kant e de Hegel, onde a moral e a tica encontram os seus fundamentos; comopodemos defini-las; se e como podemos diferenci-las. Afinal, tratar-se-iam deum mesmo conceito ou teriam elas o mesmo contedo?

    Para se responder, de modo satisfatrio, indagao, necessrio entender

    esses conceitos, inicialmente, luz do pensamento kantiano, j que Hegel elaboroua sua tese a partir de uma crtica que fez insuficincia da moral entendida porKant, no bastantepara a fundamentao tica hegeliana.

    Na Crtica da razo pura, Kant aborda o problema do conhecimento,elaborando sobre ele mesmo um sistema terico de alta complexidade; j naCrtica da razo prtica, ele se prope a descobrir e expor o princpio fundamentalda moralidade, tendo em mente dois objetivos, quais sejam: 1) demonstrar que falsa toda a doutrina moral que se apoie em consideraes empricas; e 2) dar tica uma base exclusivamente racional e apriorstica (sem exame antecedente,oriunda de um conhecimento que ainda no foi provado pela experincia).

    Kant buscou estabelecer um princpio supremo da moralidade, princpioque, no seu iderio, no pode se fundamentar nas consequncias dos atospraticados pelos sujeitos. Na sua teoria, no h distino entre a moralidadee a eticidade; alis, tarefa desta fundamentar aquela. Cuida-se de uma moralformada por uma srie de normas, costumes e formas de vida que se apresentamcomo obrigatrias, motivo pelo qual Kant a definiu como imperativo categrico,buscando, como se ver, fundamentar as obrigaes morais dos homens em

    aspectos da razo pura que se torna prtica.

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    Reflexes sobre a moralidade e a eticidade em Kant e Hegel

    A tica kantiana , por isso, uma tica exclusivamente formal, uma vezque prescinde de elementos empricos e se acha fundamentada to-somente narazo; nessa lgica, trata-se de uma tica estritamente racional.

    Segundo Kant, a razo pura se expressa por meio de juzos analticos e juzossintticos, os primeiros explicativos; os segundos, extensivos e complementares

    ao conhecimento; so predicados que no esto contidos nos sujeitos, e seusfundamentos de validade somente podem ser encontrados no mundo emprico.

    O comportamento moral do homem, em Kant, no pode encontrar suafundamentao em alguma forma de conhecimento que tenha a ver com arazo pura, porque no possvel a eles chegar por meio de juzos analticosou explicativos, tampouco por meio de juzos sintticos. Por isso, defendeu anecessidade de se buscar outra maneira para fundamentar a moral, elaborandouma teoria tica que tem por base a razo prtica, rechaando qualquerpossibilidade de fundamentar a obrigao moral na natureza do homem ounas circunstncias do universo em que se encontre; o agir moral, em Kant, nopoder jamais estar subordinado aos fins exteriores da conduta.

    Assim, a razo prtica, conforme Kant, no se pode expressar nem pormeio de juzos analticos, nem sintticos, porque ela no diz o que acontece naexperincia, mas o que deve ocorrer. que, para Kant, s no domnio da moralque a razo poder legitimamente se manifestar. Numa lei prtica, a razo devedeterminar imediatamente a vontade do homem.

    Kant defende a moral de modo a ser entendida como a diferena entre o

    certo e o errado, mas sempre ultrapassando a questo do sentimento, isto , doque cada um tem para si como certo ou errado; afirma, como os racionalistas,que a diferenciao entre certo e errado inerente razo humana, pois todas aspessoas, por menos instrudas que sejam, sabem o que certo e o que errado,e isso, afirma Kant, inerente razo. E ao argumentar sobre esse tema, eleidentifica uma lei moral universal, que vale para todas as pessoas, em todas associedades e em todos os tempos. Essa lei universal prescreve o comportamento,sem excees, em todas as ocasies. Kant, por isso, considera apenas a forma naao moral, independente de seu contedo.

    A lei moral, ento, um imperativo categrico. Imperativo, porqueobrigatria, uma ordem absolutamente inevitvel; e categrico, porque vale paratodas as situaes. Ora, considerando que a razo prtica no pode se expressarpor meio de juzos analticos ou explicativos, tampouco por juzos sintticos, aforma do conhecimento prtico no um juzo, mas um imperativo.

    Na tica kantiana, os imperativos so de dois tipos: os hipotticos e oscategricos. Hipotticos so aqueles que ordenam uma ao condicional, para sealcanar um fim possvel, que pode ou no acontecer. Exemplo: se quiseres seraprovado no Mestrado, deves buscar ser proficiente em uma lngua estrangeira;

    se desejares adquirir a propriedade almejada deves economizar dinheiro para tal

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    Amilcar Fagundes Freitas Macedo

    fim. J os categricos so aqueles que ordenamuma ao de maneira absoluta;uma ao que no se constitui um meio, mas um fim em si mesma; um fimltimo e incondicionado. Exemplo: no deves mentir.

    O ideal moral, ento, para Kant, repousa nos imperativos categricos, que,por seu turno, originam-se na vontade moral, autnoma, que se acha livre dos

    fins ou objetos de desejos.O imperativo categrico , portanto, a base da moral kantiana. O que

    busca, o filsofo, fundamentar uma tica racional universal, baseada nasleis que determinam a vontade e que no podem, em nenhuma hiptese,estar sustentadas na pluralidade de fins, uma vez que estes so variveis econtingentes. Se existe uma tica racional, esta repousa, segundo Kant, emprincpios universaisou universalizveis, e nunca sobre relativismos culturais,histricos, sociais etc.

    De acordo com a proposta de tica de Kant, para determinar a validade deum ato moral, devemos estar atentos vontade do sujeito que a determina, e no ao em si mesma. Atos no so bons ou maus; bons ou maus so os sujeitosque os realizam.

    Dito de outro modo, a inteno, o nimo do agente, que determina seuma ao boa ou m; se moral ou imoral. Disso se extrai que, na filosofiamoral kantiana, um agir ser moralmente correto quando o sujeito age porqueassim o considera, como um fim absoluto, sem qualquer propsito de obteralguma vantagem ou favorecimento. O bom, em Kant, est na boa vontade do

    agente, quando se rege por uma lei moral, dada por ele prprio, pela sua razo. a razo pura que deve ser prtica, isto , deve poder determinar a vontade porsi mesma, independentemente de uma condio emprica; no deve pressuporqualquer sentimento...1

    Exemplificando, o ato de no matar poder ser reputado um ato moral, seo agente o fizer por convico, e no pela contingncia de no ser penalmenteresponsabilizado (o que, para Kant, seria um agir legal, mas no moral). Ou seja,quando o indivduo no atuar por temor, mas por respeito ao dever implcito da leimoral (que ele d a si prprio). Tampouco, podero ser consideradas moralmente

    legtimas aquelas aes em que o agente visa a determinados benefcios, pois asaes morais no perquirem das consequncias. No que Kant ignore que o agirtraz consequncias e se apresente com suas contingncias; mas elas, todavia, naproposio kantiana, no podem, contudo, servir para fundamentar moralmentea conduta.

    As aes que se realizam de acordo com a boa vontade, por dever e comele conforme, so as que Kant reputa valiosas, que fazem do indivduo umapessoa genuinamente moral.

    1 Weber, Thadeu. tica e Filosofia poltica.Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999, p. 52.

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    Reflexes sobre a moralidade e a eticidade em Kant e Hegel

    O termo imperativo categrico foi por Kant criado em sua obraFundamentao da Metafsica dos Costumes, de 1785. A bem da verdade, naperspectiva kantiana, vislumbra-se, conforme, inclusive, identifica parte dadoutrina, a possibilidade de se fazer uma analogia do imperativo categricocom o termo bblico mandamento, como, alis, refere Jos Roberto Goldim.2

    O filsofo aponta trs formulas do Imperativo Categrico (ideias centraispara a compreenso da moralidade e da eticidade): a da lei universal; a da lei danatureza e a do fim em si mesmo, ou ainda, o imperativo categrico, o imperativouniversal e o imperativo prtico. H autores que identificam, ainda, outrasfrmulas, como a da autonomia da vontade e o reino dos fins, que, de certo modo,podem ser identificadas nas frmulas anteriormente citadas, s quais se restringeesta pesquisa.

    A ideia do imperativo categrico a de que devemos somente agir segundouma mxima tal que possamos querer que nossa conduta se torne ao mesmo

    tempo lei universal; do imperativo universal, que a mxima de nossa atuaodeva se tornar, pela nossa vontade, lei universal da natureza; e, do imperativoprtico, que devemos agir de tal modo que possamos usar a humanidade, tanto nanossa pessoa, como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim ao mesmotempo, nunca apenas como um meio.

    O imperativo categrico constitui, pois, um princpio norteador; uma ideiareguladora, vlida, a priori, para todos os seres racionais, em todos os tempos; umdever-ser estritamente formal, caracterizado pela ausncia da possibilidade de seabrir qualquer exceo, ainda que em favor de si prprio, com a finalidade exata

    de atender s exigncias da necessidade e da universalidade.Isso no significa, como antes se afirmou, que Kant no admita que o agir

    do sujeito no apresente consequncias; mas o filsofo categrico e radical emafirmar que estas consequncias, os resultados e as contingncias da conduta nopodem servir para a fundamentao de um agir moral.

    Kant, na Fundamentao da Metafsica dos Costumes, acaba delineandoconceitos de vontade e de dever. Para ele, o conceito de dever contm em si o deboa vontade. Logo, com base no dever, para o filsofo, uma ao moral quandopraticada por nenhuma outra inclinao ou interesse, a no ser obedecer somente lei do dever; a ao moral tem seu valor no no propsito que com ela se queratingir, mas na mxima que a determina. Ainda, dever a necessidade de umaao por exclusivo respeito lei (que o sujeito d a si prprio), no que Kant vaiafirmar que somente o impulso subjetivo que for compatvel com a moralidadediz respeito lei. Por isso, para Kant, somente quanto os homens fazem algo porconsiderarem seu dever, sua obrigao de seguir a lei moral, que se pode falarde uma ao moral.

    2 GOLDIM, Roberto Jos. Moralidade e Eticidade em Hegel. Seminrio sobre a obra de ThadeuWeber.

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    Amilcar Fagundes Freitas Macedo

    Toda a ao que movida pela sensibilidade, por desejos empricos,conforme Kant, estranha moral, ainda que ela seja uma ao materialmenteboa ou at legal. Desse modo, por exemplo, a vontade dirigida ao prazer ou felicidade pode ser boa, mas no dotada da moral concebida pelo filsofo(veja-se, por exemplo, que a felicidade e o prazer no so, em absoluto,

    universalizveis, posto que aquilo que d prazer e felicidade a alguns, podeno ser, e muitas vezes no , aquilo que d prazer e felicidade a outros). O agirmoral, em nenhum caso, pode receber um contedo da experincia (empirismo);as regras morais s podem constituir na prpria forma da lei; os homens sdevem obedecer s exigncias de sua prpria razo e o nico sentimento quetem, por si mesmo, valor moral, nessa tica racionalista de Kant, o respeitoque a prpria lei moral produz no sujeito, pois ele o engrandece, o realiza comoser racional que obedece lei moral, dada pela sua prpria razo.

    O dever contm em si a boa vontade e constitui a nica forma de objetivaoda vontade em si mesma. O imperativo categrico, nesse diapaso, nada mais do que o prprio dever.

    Kant parte do pressuposto que qualquer pessoa, por menor instruo quepossua, ou mesmo sem instruo qualquer, capaz de distinguir uma aoconforme o dever de uma ao legal, motivada por interesse; sabe discernir obom do mau; por isso que a razo deve, em Kant, determinar imediatamente avontade, independente de qualquer contedo material. Agir conforme imperativoscategricos significa orientar-se por mandamentos que se fundam na razo.

    Para Kant, dizer que o homem livre admitir que ele pertence ao mundosensvel e inteligvel e o imperativo categrico se prende ao pressuposto de queele pertence, efetivamente, a ambos os mundos, o sensvel e o inteligvel; se aeste no pertencesse, no haveria a possibilidade de existir lei moral (imperativocategrico), que, para Kant, a razo pura tornada prtica; se no pertencessequele, no existiria sensibilidade, e, via de consequncia, um ser ao qualestabelecer um dever de cumprir. Alis, Kant desejou mostrar que possvelpensar em liberdade mesmo sem conhec-la e que isso o que nos integra aomundo inteligvel. A liberdade consiste na restrio de todas as inclinaes, o que

    implica a observncia da lei pura, ensina Thadeu Weber.

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    A moral kantiana, em suma, no possui qualquer outro fundamento seno arazo humana; em vez de buscar os fundamentos de sua moral na metafsica, Kantacaba por estabelecer os fundamentos da metafsica na moral, como postulados darazo prtica. Partindo da conscincia da ao moral que vai postular a liberdadehumana e a imortalidade da alma. A obrigao moral exclui a necessidade de atoshumanos e no teria o menor sentido se fosse determinada pelas tendncias e pelasinfluncias sofridas pelo homem. Liberdade poder escolher entre o bem e o mal.

    3 Op. cit., p. 78.

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    Reflexes sobre a moralidade e a eticidade em Kant e Hegel

    Essa liberdade, diz Kant, no poderia ser demonstrada, uma vez que, noplano fenomnico, ou da experincia, os atos so determinados por tendncias,fins, influncias, contingncias, paixes etc., enfim, o mundo do determinismo,de aparncias. A moral est fora do tempo, nas profundezas do ser inacessvel aosaber cientfico. Logo, na viso kantiana, no existe liberdade parcial.

    A razo prtica, ento, no pode buscar no mundo da experincia,fenomnico ou emprico nenhuma fonte de determinao de seus princpios,posto que dele no resulta nenhum dever-ser; esse mundo diz o que , sendoinservvel para fundamentar, na tica kantiana, um agir moral, isso porque aexperincia, repita-se, somente diz o que , nada indicando sobre o que deve ser.

    Percebe-se, pois, de forma bem ntida, a diviso kantiana em dois mundos:o mundo do ser (da experincia) e o do dever-ser (mundo inteligvel), ouseja, Kant prope a separao entre o mundo do conhecimento e o mundo dopensamento, separao que se tornar o ponto fundamental da crtica de Hegel.

    2 A moralidade e eticidade em Hegel e sua crtica a Kant

    Pela anlise at aqui desenvolvida, viu-se que a teoria kantiana puramenteformal. A ideia de Kant no prope, efetivamente, um ato concreto a realizar;simplesmente, ela autoriza ou probe algo.

    A posio hegeliana v no imperativo categrico de Kant um formalismovazio; isso em razo de que, na proposta de Hegel, no possvel separar o mundodo pensamento do mundo do conhecimento; Hegel rechaa a diviso do mundodo ser do mundo do dever-ser.

    Para Hegel, em vez de falar em um mundo do ser e um do dever-ser, possvel falarmos em moralidade subjetiva e moralidade objetiva, e Kant, noiderio hegeliano, teria pecado, por ter permanecido exclusivamente na moralidadesubjetiva, reputando a tica kantiana formalidade puramente e vazia, porque seolvidou que toda forma possui uma matria e Kant pecou, no seu entender, pordesconsiderar os elementos empricos na moralidade.

    Hegel, ao contrrio de se ocupar em estabelecer um princpio supremo do

    agir, preocupou-se, na moralidade, em determinar as condies de responsabilidadesubjetiva; e, na eticidade, mostrar o desdobramento das vontades livres. que, para Hegel, a moralidade indaga sobre a autodeterminao das

    vontades livres, ou seja, pelos propsitos, pelas intenes, enfim, pelos objetivosque movem a conduta do sujeito.

    V-se, pois, que, enquanto Kant esteve mais preocupado com os princpiosdo agir, Hegel voltou a sua preocupao para as suas consequncias, suascircunstncias e seus desdobramentos. Na concepo hegeliana, do ponto devista subjetivo, a responsabilizao reclama a juno de dois requisitos: o saber

    e o querer, no concebendo ele a possibilidade de se responsabilizar algum por

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    uma consequncia pelo agente no desejada. O clssico exemplo apontado nadoutrina aquele em que o sujeito, querendo, deliberadamente, incendiar umapropriedade, ateando-lhe fogo, esse, em se alastrando, acaba atingindo outraspropriedades, vitimando pessoas que o agente sequer imaginou em atingir.Nesse caso, diz Hegel, reconhecendo que toda a ao, ao se concretizar, pode ter

    inmeras consequncias, no se pode responsabilizar o sujeito por algo que eleno quis fazer e por algo sobre o qual ele no tinha conhecimento.

    Para Hegel, no possvel ignorar as consequncias de um agir, porqueelas constituem a prpria ao, manifestando e explicando o que a ao mesma.Demais disso, muitos aspectos exteriores ao agir agregam-se ao, de modocontingente, e no se constituem diretamente a prpria ao.

    O propsito subjetivo e a inteno objetiva, afirma Hegel. O primeiro individual; j a segunda, universal.

    Assim, ao contrrio de elaborar uma tica das intenes, como fez Kant,

    Hegel defende uma tica de responsabilidade que leva, sobretudo, em conta asconsequncias e os efeitos de cada agir. E para Hegel, como adiante se detalhar, omeio pelo qual se chega a normas consensuais, na moral, bem assim no Direito, o discurso argumentativo (na mediao de vontades livres), exercido por todos osindivduos, tornando-os, assim, co-responsveis pelas consequncias de suas aes.

    Na perspectiva hegeliana, o homem nem sempre pode o que quer, tampoucoquer sempre o que pode. Demais disso, sua vontade e seu poder no concordamcom o seu saber e quase sempre as circunstncias externas determinam a suasorte. No iderio de Hegel, o destino do indivduo o somatrio do necessrio e

    do contingente.Por assim entender que Hegel, em seu dilogo com Kant, defende o que

    chamou de direito de emergncia, um direito que reconhece a cada indivduode abrir uma exceo a seu favor, em determinadas circunstncias em quehaja extrema necessidade, como nas hipteses de perigo extremo ou quandoestiver em conflito com a propriedade jurdica de outro. Para Hegel, o direito deemergncia inerente vida; cuida-se de um verdadeiro direito, e no de umaconcesso ou uma benesse.

    Na prtica, por exemplo, poderamos identificar esse direito deemergncia, dentre outros, com a legtima defesa da vida; com a lei queprescreve a impenhorabilidade dos instrumentos de trabalho, das roupas etc.,dos quais o devedor no pode ser expropriado, porque deles necessita para a suasubsistncia. Direito de emergncia, nesse diapaso, o direito de defender avida, ainda que lesando o patrimnio de outrem.

    Na concepo hegeliana, o direito de emergncia, rechaado por Kant,que no admite, em nenhuma hiptese, que se abra uma exceo, no invalidaa lei, mas evidencia que ela no absoluta e, ainda, que imperioso levar em

    considerao as circunstncias de cada situao.

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    Reflexes sobre a moralidade e a eticidade em Kant e Hegel

    Para Hegel, portanto, moral e tica so coisas distintas, pois, para alm dainteno, a eticidade requer que a vontade seja posta como adequada ao conceitoe, com isso, superada e guardada sua subjetividade. Uma vontade se determinaapenas quando decide. por meio da deciso que uma vontade se pe como talde um indivduo frente a outro, o que reclama mediao e reconhecimento. Uma

    deciso implica escolha, e quem escolhe renuncia totalidade e se comprometecom afinitude, impondo-se limites. E mais: para Hegel, o que determina a escolhaso exatamente as circunstncias histricas, a cultura, os hbitos e os costumes.Hegel tem dificuldade em aceitar a proposta do imperativo categrico, em queno se admitem excees, quando cotejado com os costumes diferentes entre ospovos ou mesmo as vrias comunidades ticas. justamente nesse movimentode concretizao e limitao social da liberdade que repousa o campo de aoda tica. Ou seja, a eticidade cuida das determinaes objetivas e da mediaosocial da liberdade, apresentando contedo e existncia situados em um nvelsuperior ao das opinies subjetivas e caprichos pessoais.

    Dito de outro modo, para Hegel, a moralidade se ocupa do aspectosubjetivo da vontade, ao passo que a eticidade cuida de suas determinaesobjetivas, ou seja, em Hegel, a moralidade constitui apenas um momento noprocesso de desdobramento e determinao do princpio da liberdade e davontade livre.

    Uma vontade, em Hegel, somente livre quando se mediar coma vontade livre do outro, e assim se universalizar. O imediato tem que se

    tornar mediato, para que, desse modo, possa se universalizar, tornar-se umprincpio tico universal. Desaparecem, pois, as vontades particulares, poisso necessariamente submetidas a um processo de mediao. A lei moralno tem, assim, validade apriorstica e o critrio da moralidade passa a sera possibilidade de universalizao a posteriori, qual seja, a resultante damediao das vontades livres envolvidas e afetadas, da emergindo umacoincidncia entre deveres e direitos.

    Desse modo, o universal, ao se concretizar, individualiza-se; aconcretizao sempre se d em um contedo determinado, em um povo, emuma comunidade tica, em uma instituio (constituindo um movimentohistrico de determinao da ideia de liberdade), ao contrrio da perspectivaformal e abstrata kantiana, em que o princpio supremo da moral atemporal.

    Kant preconiza a no contradio entre uma mxima e a lei universale este o seu critrio de moralidade; isso, para Hegel, formalmente vazio,ambguo e insuficiente, uma vez que rechaa a absoluta separao entre ofenmeno e a coisa, entre o que objeto de conhecimento e o que pode apenasser pensado, enfim, entre os dois mundos anteriormente mencionados. Para

    Hegel, o prprio Kant se contradiz.

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    Amilcar Fagundes Freitas Macedo

    Ora, na tica kantiana, devemos, primeiramente, questionar sobre amxima de nossa ao; aps, devemos universaliz-la 2e, aps faz-lo, aferir,se h contradio; nessa perspectiva, abrir uma exceo, cair em contradio.

    Contudo, para Hegel, considerar as circunstncias no significa abrirexcees, se, nas mesmas circunstncias, estas sejam tambm universalizveis.

    Para Hegel, forma e contedo coabitam.Alis, uma das crticas ferrenhas de Hegel a Kant que aquele afirma que

    o princpio do imperativo categrico serve para fundamentar aes morais etambm imorais, pois constitui uma indeterminao abstrata, que no passou porqualquer processo de mediao.

    Hegel reconhece a validade do imperativo categrico, todavia, a partirda necessidade de levar em conta as circunstncias do cumprimento do dever,no sentido de que o que seja dever para um, em determinadas circunstncias,seja, tambm, um dever para todos, evidentemente, nas mesmas circunstncias.

    A concordncia formal entre a mxima e a lei universal , por isso, insuficientepara constituir em critrio de moralidade. Pelo fato do imperativo categrico noanunciar o que deve ser feito, no determinar nenhum contedo moral, corre orisco de ser usado para justificar atos injustos e imorais; o imperativo categricono cumpre, pois, o seu objetivo, porque no determina deveres particulares naviso de Hegel.

    Tomemos um exemplo prtico; consideremos a mxima devo dizer averdade.Ora, quando no se especifica o que a verdade, dita universalidadeformal pode servir para justificar o contrrio que se est considerando.

    Materialmente, a verdade pode ser uma mentira.Assim, considerando que o imperativo categrico no diz o que deve ser

    feito, mas como deve ser feito, no pode ser tido como um princpio, mas puraabstrao formal e bem por isso no comporta contradio.

    J a contradio o que impulsiona a dialtica hegeliana, porque so osantagonismos que reclamam e exigem o movimento do processo de superao,que demanda, conforme leciona Thadeu Weber,4princpios que atendam unidadena diversidade ou que contemplem a diversidade na unidade, sendo que, na raizdesses princpios est o esprito do povo, suas origens, sua cultura, seus costumes

    e sua histria. Hegel identifica eticidade com a moralidade objetiva.Afirma-se, assim, na tica hegeliana, a superao da moralidade subjetiva

    (onde Kant teria parado); para tanto, a mediao de vontades livres essencial.Essa mediao, na concepo de Hegel, d-se nas Instituies. Essas

    Instituies mediadoras das vontades livres seriam, em suma, a famlia, asCorporaes e o Estado; em uma comunidade tica, elas concretizam a mediosocial da liberdade, pois, nelas, em especial no Estado, que se d a conciliaoentre diferenas, entre vontades particulares e a vontade substancial.

    4 Op. cit., p. 95.

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    Reflexes sobre a moralidade e a eticidade em Kant e Hegel

    Hegel se d conta de que j nascemos inseridos em um determinadocontexto. J se nasce no seio de uma famlia, de uma nao e, quando se queragir, sempre se est ligado a um passado. , pois, insuficiente avaliar um atoapenas sob o aspecto de sua inteno, j que o ser est sempre imerso em umasituao. Da que, para Hegel, a responsabilizao deve incluir no apenas os

    aspectos subjetivos (intenes), mas, tambm, e ao mesmo tempo, os aspectosobjetivos, notadamente os resultados de um agir e suas consequncias.

    Segundo Hegel, s na mediao de vontades que existe liberdade e issosomente se d nas Instituies Sociais, na Famlia, nas Corporaes e nas leisdo Estado. dentro delas que o dever se situa; nelas, deixamos de ser sujeitosindeterminados, posto que somos obrigados a conviver. E aqui no demasiadorepetir a ideia de reconhecimento, porque, na tica hegeliana, no h eticidadeno plano da vontade meramente natural e imediata. Exemplo: a propriedade,para se afirmar como tal, precisa ser reconhecida. Se dizemos que algo nosso,precisamos que o outro nos reconhea como proprietrios, superando-se eguardando-se nossa subjetividade.

    3 Concluses

    Este breve estudo buscou sintetizar, em poucas laudas, a viso de doisfilsofos modernos acerca de conceitos ainda to debatidos na comunidadejurdica e no jurdica.

    Vimos que Kant teve o mrito de buscar um princpio supremo da moralque servisse para fundamentar o agir tico em qualquer tempo, em quaisquercircunstncias, a qualquer ser racional, e que a frmula apresentada pelofilsofo em comento radica em uma mxima que no se ponha em contradiocom a lei universal, no comportando qualquer exceo. Ocupou-se de umatica formal, subjetiva e abstrata, que desconsidera consequncias, resultados econtingncias de uma conduta, j que, no iderio kantiano, uma ao ser boaou m apenas cotejada a sua inteno, desligada de sua finalidade, ou seja, ocumprimento do dever pelo dever, da lei moral que o homem d a si mesmo. O

    ato moral resulta da conformidade da vontade individual com uma lei universalditada pela conscincia, a qual no d indicaes concretas para a prtica doato, limitando-se a prescrever a inteno que deve anim-la (formalismo tico).Consiste numa proposta de moral unilateral e abstrata, que separa o indivduodo todo que a sociedade.

    J segundo Hegel, o imperativo categrico tem validade; porm, na suaaplicao, devemos levar em conta as circunstncias da situao concreta, o queincida, em termos, uma certa complementaridade entre as duas proposies.Hegel prosseguiu de onde Kant parou.

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    Amilcar Fagundes Freitas Macedo

    Hegel avanou, na medida em que demonstrou a necessidade dedeterminao do princpio orientador do imperativo categrico, inovando aoargumentar que no se pode falar de vontade livre ou de liberdade como meraindeterminao. Livre arbtrio no se confunde com liberdade. Moralidadesubjetiva (a defendida por Kant) e a moralidade objetiva coabitam em um agir,

    e a vontade particular imprescinde de mediao, que, por sua vez, dar-se- nasinstituies (na Famlia, nas Corporaes, no Estado).

    O modelo kantiano de fundamentao moral do poltico contrasta-se como seu homlogo hegeliano, que, como visto, visa a justificar o tico em termospolticos, por meio de uma concepo historicizada da subjetividade moderna,ao defender que a verdadeira moral concreta e material (eticidade), e quetambm consiste numa unio da vontade individual com uma lei universal,que est substanciada nas Instituies Sociais, principalmente no Estado, queprescrevem formas concretas de agir.

    Mas, como vimos, a crtica de Hegel filosofia kantiana, no obstante a suadistino entre moral e tica, no exclui a adeso do princpio da autonomia davontade preconizada por Kant, atravs do imperativo categrico. A concepoconcreta de eticidade oposta por Hegel moralidade abstrata de Kant com estaapresenta afinidade.

    Hegel, evidentemente, rejeitou o formalismo kantiano, na medida em queeste se mostrou incapaz de prover uma universalidade concreta, especulativa,permanecendo no nvel abstrato, separado do particular. Mas Georg W. F.

    Hegel teve, sem dvida, o mrito de desencadear, a partir de seus estudos, umaconcepo moderna de autodeterminao e de autoconscincia, que puderamser concretamente formuladas, sendo histrica e politicamente concebidas noengendramento e na sedimentao de valores morais atravs das InstituiesSociais. A moralidade abstrata e subjetiva, em Hegel, no somente pressupostapela eticidade, mas, tambm, ao unir-se com a objetividade do direito abstrato,permite a realizao efetiva ou concretizao do movimento autoconsciente eautodeterminao da liberdade humana, por meio da histria de suas figuraes.A eticidade a ideia da liberdade e o Estado a efetividade da ideia tica, como

    principal instncia mediadora das vontades livres (registre-se, mais uma vez,a ideia hegeliana da liberdade, que se constitui na unidade das determinaesopostas, pela mediao). Por isso, um dos grandes mritos da dialtica de Hegelconsiste precisamente em demonstrar que a tica tem que ser poltica, medidaque, ao se desenvolver e se concretizar, em sua exterioridade, torna-se poltica.

    Por tudo o que se exps, possvel pensar, ento, Kant e Hegel juntos,porque este no negou a tese do primeiro; ao contrrio, a ela agregou argumentospara fundamentar aspectos que na tese kantiana se mostravam insuficientes. Porisso, mostra-se adequada a adjetivao da complementaridade.

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    Com isso, encerra-se essa tarefa, na expectativa de termos abordado osprincipais aspectos da moral e da tica em Kant e Hegel, sinalizando para umaleitura no excludente, mas complementar de suas propostas do agir tico,questes que, repita-se, so, a todo o momento, retomadas e problematizadas noplano filosfico e, em especial, na Filosofia do Direito.

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