Reflexoes sobre o estudo

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  • 8/7/2019 Reflexoes sobre o estudo

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    207Histria da PsicologiaEstudos de Psicologia 1998, 3(2), 207-227

    Reflexes sobre o estudoda Histria da Psicologia1

    Lenita Gama Cambava

    Lucia Cecilia da Silva

    Walterlice Ferreira

    Universidade Estadual de Maring (PR)

    ResumoNeste artigo as autoras argumentam sobre a necessidade dealguns subsdios fundamentais para se entender a psicologiacomo produo humana e, consequentemente, entender suasproblemticas atuais bem como as possibilidades de sua trans-formao. Apontam a importncia de se apreender os co-nhecimentos psicolgicos - sejam as idias psicolgicas, seja apsicologia cientfica, seja a prpria formao do psiclogo -pela e atravs da histria dos homens que os construram.

    AbstractReflections on the study of History of Psychology. The authorsof this article argue about the necessity of some basic subsidi-es to understand psychology itself as a human production,and therefore, to understand its present problems as well asits possibilities of transformation. They point out theimportance of understanding the psychological knowledge whether the psychological ideas, scientific psychology or thepsychologist formation itself by and through the history ofthose men who built this knowledge.

    Palavras-chave:

    Histria,Psicologia,Filosofia, Alma,Conscincia

    Key-words:

    History,Psychology,

    Philosophy,Soul,

    Conscience.

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    Ao ministrar disciplinas que versam sobre os fundamentos dapsicologia, temos tido a preocupao de fazer com que osalunos reflitam sobre a cincia em que esto sendo forma-

    dos. Julgamos que a reflexo deva ser feita com o objetivo de seentender a produo histrica da cincia psicolgica para, a partir da,entendermos a psicologia que estamos fazendo e que rumos ela vemtomando. Temos, sobretudo, a preocupao de formar um profissio-nal que possa contribuir com sua cincia de maneira ativa e crtica.

    Nesse sentido, tem este artigo o objetivo de argumentar sobre a ne-cessidade de se estudar a psicologia de uma perspectiva histrica, ouseja, a partir do ponto de vista que apreende a cincia psicolgicacomo uma prtica social e que entende serem os seus fundamentos,histricos e filosficos, intimamente ligados prpria forma de o ho-mem viver e se expressar na sociedade.

    Partindo dessa perspectiva, entendemos que a psicologia vai sen-do construda medida mesmo que os homens vo construindo a si ea seu mundo. A preocupao do homem com as chamadas atividades

    subjetivas to antiga quanto as primeira formas do pensamentoracional, ou seja, quando o homem pensa acerca do mundo, dos ou-tros homens e de si mesmo, elabora idias psicolgicas, idias que sereferem a processos individuais e subjetivos, como, por exemplo, aspercepes e as emoes.

    O homem, sendo personagem principal desse processo de desen-volvimento do pensamento, cria idias, entre elas as idias psicolgi-cas. Ele cria as cincias como forma de compreenso do mundo; entreessas cincias cria a psicologia, tendo como objetivo o entendimentodo que hoje chamamos subjetividade, bem como a interpretao desta

    A reflexo sobre o que a Psicologia, de onde vem, para que e a quemserve, algo to imprescindvel para o psiclogo como o contedo desuas teorias e o domnio de suas tcnicas (ANTUNES, 1989, p.32-33).

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    na sua relao com o mundo e com outros homens. Isso significa quea psicologia pode ser considerada uma cincia social, e seu objeto ohomem. Ao falarmos do desenvolvimento da psicologia, estamos, aomesmo tempo, nos referindo ao desenvolvimento, ao processo, ela-borao e criao do pensamento humano. Ou seja, assumimos eentendemos que o homem est em constante movimento. Como ana-lisa Lane (1985),ele "fala, pensa, aprende e ensina, transforma a natu-

    reza, o homem cultura, histria" (p. 12).Estudando a psicologia numa dimenso histrico-social, poss-vel entender a sua constituio em cincia e entender seus debatesatuais no interior mesmo das relaes sociais desenvolvidas peloshomens. Concebemos, como primeiro ponto a ser levado em conta,que a psicologia no uma criao mgica ou abstrata. Pelo contrrio, uma criao humana e bem concreta: inicialmente, enquanto idiaspsicolgicas imersas na filosofia; depois, enquanto disciplina cientfi-ca, tendo, nos dois momentos, o objetivo de compreender as aes,

    as atitudes, os comportamentos e tantos outros estados subjetivoshumanos que se revelam dinamicamente na relao dos homens entresi no mundo em que vivem.

    O segundo ponto a considerar que a psicologia, por muito tem-po, foi tema da filosofia. Muitos estudiosos consideram que ela seemancipou da filosofia em meados do sculo XIX. Sendo assim, nosparece que no podemos resgatar a histria da psicologia sem enten-dermos a filosofia como primeira forma de desenvolvimento do pensa-mento humano racional, quando das primeiras indagaes do homem

    sobre o mundo.E, ainda, um terceiro aspecto a se observar que o aparecimento

    da conscincia humana concomitante ao aparecimento do pensa-mento racional, j que o homem de simples animal passa a ser humano,social e histrico. Essa conscincia que em primeira mo a conscin-cia de si, leva o homem a elaborar os primeiros conceitos sobre asubjetividade humana, que nada mais so do que as prprias idiaspsicolgicas, embries da futura cincia psicolgica.

    Sobre esses trs pontos que desenvolvemos algumas reflexesque tm nos ajudado a compreender e ensinar a histria da psicologia.

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    1. O porqu de compreender a Histria daPsicologia

    Segundo pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Psicologiaem 1988, publicada no livroQuem o psiclogo brasileiro?, os motivosapontados quando da escolha da profisso podem ser de trs ordens:

    Dos motivos voltados para si emerge a busca de mudanas; daqueles

    motivos voltados para o outro evidencia-se a orientao de ajuda e,finalmente, dos motivos voltados para a profisso fica patente aatrao e fascnio que o psquico exerce sobre as pessoas (Carvalho etal., 1988, p.56).

    Isso significa que boa parte dos estudantes e profissionais dapsicologia no Brasil tm a sua atuao voltada para a chamada psico-logia tradicional na rea clnica, que tem, historicamente, carter priva-tivo e individualizado.

    Mas, se os profissionais assim atuam porque houve, e possivel-

    mente ainda h, motivos para se pensar que a psicologia se compro-mete somente com a pessoa a nvel individual e no com o indivduo-sujeito da histria. Para entender essa preferncia de atuao, te-mos de relembrar o caminho histrico recente da psicologia no Brasil,bem como considerar as mudanas que ocorreram na poltica educaci-onal brasileira nos ltimos 30 anos.

    Quanto histria da psicologia, podemos dizer, por enquanto,que ela emerge como cincia quando reconhece a instncia individual

    do homem na sociedade e que, por motivos sociais, polticos e econ-micos, necessita ser normatizada e padronizada. Isto , a psicologia sganha espao no rol das cincias quando se tem o reconhecimento daexperincia privatizada,bem como o reconhecimento da experin-cia da crise desta subjetividade (Figueiredo, 1991). Ainda, quandoa doutrina liberal afirma a individualidade, liberdade e igualdade doshomens que se d o reconhecimento daquela subjetividade. Entretan-to, o prprio indivduopercebe que estes princpios so mera iluso,ocasionando assim a crise da subjetividade, que requer soluo.

    Quando os homens passam pelas experincias de uma subjetividadeprivatizada e ao mesmo tempo percebem que no so to livres e to

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    diferentes quanto imaginavam, ficam perplexos. Pem-se a pensaracerca das causas e do significado de tudo que fazem, sentem e pen-sam sobre eles mesmos. Os tempos esto maduros para uma psi-cologia cientfica (Figueiredo, 1991, p.30).

    Mas chegar nesses tempos que proporcionam a possibilidade de asidias psicolgicas - idias acerca de processos individuais e subjetivos- se converterem em cincia requer um pensar sobre a histria da humani-

    dade, sobre o desenvolvimento do seu pensamento enquanto manifestaoda sua condio de vida material. Temos afirmado que esse um bom motivopara estudar a histria da psicologia (Cambava, Silva & Ferreira, 1997).

    Para o entendimento da psicologia, que termina por ter como obje-tivo o indivduo encerrado em si mesmo, acreditamos importar, tam-bm para ns, profissionais brasileiros, o entendimento dos efeitosdas mudanas que ocorreram na poltica educacional brasileira nosltimos 30 anos.

    Ao analisar as propostas implantadas no ensino universitrio nos

    ltimos 30 anos, temos a assinalar que as universidades, por seremcentros de excelncia de formao, foram categoricamente atingidasdurante o perodo do governo militar. Isso significou uma reorganiza-o educacional atravs do patrulhamento dos contedos ensina-dos nas universidades durante este perodo.

    Esta reorganizao, feita atravs da lei n 5.540, de 28/11/68, acar-retou grandes mudanas na organizao e funcionamento das univer-sidades (a departamentalizao dos cursos, a matrcula por discipli-nas, a nomeao de reitores e vice-reitores pelos governadores), demodo a comprometer a criticidade da pesquisa cientfica. Alm decriarem-se disciplinas de cunho ideolgico-vigilante, como Organiza-o Social e Poltica Brasileira (OSPB) e Estudos de Problemas Brasi-leiros (EPB), foram concomitantemente retirados os cursos de filoso-fia at ento ministrados no 2 grau.

    Ilustrando os efeitos dessa reorganizao educacional, recorre-mos s seguintes afirmaes:

    Se a poltica educacional brasileira orientada para o desenvolvimentoeconmico sob o prisma de um modelo de desenvolvimento capitalis-ta, os objetivos e metas educacionais so conseqentemente elabora-

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    dos segundo a determinao do plano nacional de desenvolvimentoeconmico, e forosamente so voltados para a formao de recursoshumanos, onde a produo do saber direcionada exclusivamentepara os meios de produo, visando unicamente ao crescimento eco-nmico e acmulo de riquezas de um grupo minoritrio. Assim, oaluno universitrio, considerado como um SER histrico, ativo e cria-dor, reduzido a um sujeito passivo, a-histrico, domesticado e de-pendente (Pereira, 1985, p.117).

    Embora atualmente alguns daqueles princpios da Lei da ReformaUniversitria de 68 tenham sido excludos da vida acadmica de muitasuniversidades brasileiras (como a revogao do regime de crditos, quepermitia a matrcula por disciplinas, e a implantao do regime seriadoanual, e tambm a conquista da eleio direta para reitores e vice- reito-res), as conseqncias, aps 30 anos, se fazem presentes, em geral,numa vivncia de universidade despolitizada que, via de regra, no pos-sui o senso crtico, nem do momento histrico pelo qual passou e passao Brasil, nem das cincias a que se referem seus cursos de formao.

    O caso da psicologia no Brasil (que no pode ser generalizadopara outros pases, nem mesmo da Amrica Latina), nesse perodo, foisui generis, porque, regulamentada como profisso em 1962, no foiameaa para o regime implantado, j que a concepo de cincia ado-tada pela psicologia brasileira assumiu o modelo biolgico, fazendouma analogia acrtica (a-histrica) entre o meio natural e omeio socialao qual o homem objeto de estudo- tem de ajustar-se da melhormaneira possvel para que sobreviva enquanto indivduo. No se con-

    sidera, nessa concepo, a natureza histrica do homem e da socieda-de que ele produz. Atendendo s necessidades de sustentao doprprio modo de produo capitalista (que, em contextualizaes es-pecficas, encontra respaldo poltico nos governos autoritrios), apsicologia vem atender aos imperativos do mercado de trabalho, queapelam para um determinado tipo de racionalidade e produtividade(Malheiro & Nader, 1987). Assim, a prtica psicolgica, de acordo comos autores, orienta-se no sentido de "ajudar o homem a suportar e a seadaptar s engrenagens do sistema" (p. 12).

    Nesse mbito, fcil entender por que a psicologia clnica ganhastatus. Se se entende que as perturbaes dos indivduos so de sua

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    responsabilidade individual e que cabe a ele procurar ajustar-se normatizao social, cr-se, tambm, que a soluo deve se dar nombito individual, com a cura da perturbao, do distrbio particularno qual se embrenhou o indivduo, diluindo-se tambm a possibilida-de de reflexes coletivas.

    E alm de retirar da psicologia a possiblidade de pensar o homemenquanto produto social, enquanto ser coletivo, e problematizar suas

    pesquisas, tambm, nesse mbito, privilegiou-se muito mais a tcnicapor esta ser muito mais pragmtica. Quando Gomide (1984) analisa aformao acadmica em psicologia e suas deficincias, conclui que"no estamos formando profissionais capazes de construir a psicolo-gia, mas apenas de repeti-la pois o estudante apenas aprende tcnicase busca o cliente para aplic-las" (p. 74).

    Esses depoimentos, que no so simples desabafos, mas anlisesdos resultados da pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Psico-logia em 1988, j citada, nos revelam que a psicologia no Brasil, en-

    quanto cincia, parece ter passado inclume pelo regime autoritrio,revelando na sua prtica os efeitos da reorganizao universitria dopas ps-64, que, alm da despolitizao, encarregou-se de retirar, tan-to da academia como da cincia, o senso crtico.

    Podemos ento dizer que a manifestao, ou melhor, que aconcretude na atualidade do passado autoritrio imposto pelas polti-cas educacionais governamentais no Brasil buscou, sem dvida, oaprimoramento tcnico em detrimento da anlise das teorias queembasam essas tcnicas.

    A reverso desse quadro requer que se eleja como princpio daformao profissional no s ensinar as tcnicas, mas tambm discu-tir, criticar e analisar o porqu de elas se desenvolverem, em que pocasurgiram, para que propsitos serviram ou servem, ou seja, buscarretomar com o aluno o processo de desenvolvimento histrico dacincia com a qual vai trabalhar.

    E a entra a questo da histria, a histria como forma de apropri-ao do senso crtico, de contextualizao do advento da cincia, o

    que pode levar a uma politizao, a um compromisso social do alunofrente sua atuao, seja enquanto estudante, seja enquanto profis-sional. Esse j outro motivo para se estudar a histria da psicologia.

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    Estudar a histria da psicologia apreend-la na sua totalidadeenquanto criao humana, isto , compreender como, por que e quan-do foi criada. Isso pode significar a compreenso do predomnio delinhas tericas, a eleio dominante de uma determinada rea de atua-o, o aparecimento de novas reas de atuao.

    Mas estudar a histria da psicologia vai alm disso: tambmestudar a nossa histria enquanto homens, produtores de conheci-

    mento, e dessa forma, atravs desse estudo, nos situarmos frente aomundo em que vivemos e no qual atuamos profissionalmente.Assim, as idias apresentadas neste artigo tm o intuito de contri-

    buir com as reflexes sobre a cincia psicolgica no que diz respeito sua construo sua histria. Dessa forma, temos duas motivaesintimamente vinculadas que impulsionam nossas reflexes: uma serelaciona com a necessidade de compreenso da transformao dasidias psicolgicas em psicologia cientfica; a outra relaciona-se coma possibilidade de apreenso do senso crtico quando da anlise do

    processo de transformao do homem de ser passivo em ser ativo ecriador, portanto, em ser autnomo, cuja capacidade essencial a dediscernimento por si prprio. A vinculao desses dois motivos sed, ao nosso olhar, na apreenso da construo da psicologia comocincia na histria do pensamento humano.

    2. Concepes de histria

    Entretanto, existem histria e histria. Isto , existem concepes

    de histria que se antagonizam quanto ao papel do homem no seuprocesso de desenvolvimento. As,sim podemos apontar duas concep-es da cincia da histria; a prim,eira considerada como internalistapressupe que as idias cientficas so produto de outras idias, nes-te sentido no considera os fatores externos tais como as condiessociais, econmicas e tcnicas, relevando somente fatores ideolgi-cos, supondo desta forma que a origem de um pensamento cientficoest no interior do sistema de idias de uma poca.

    Quando lemos alguns autores de histria da psicologia, como,

    por exemplo, Brett (1972); Foulqui & Deledalle (1977); Heidbreder(1981); Misiak (1964); Mueller (1978); Penna (s/d); Schultz & Schultz

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    (1992), observamos que a concepo de histria contida nesses auto-res aquela contada cronolgica e linearmente, em que no se fazpresente a anlise da cincia como prtica social de uma determinadasociedade vivendo determinado momento histrico de sua produo.Essa concepo revela o homem como ser criador da realidade a partirda idias, definindo a histria como hstoria intelectual. Dizemos quetal concepo uma histria desligada do homem que a produz, por-

    que trata somente das idias em si, mantendo-as afastadas das cir-cunstncias de ordem social que as produziram. Assim, o que obser-vamos um levantamento de fatos mais imediatos que antecederamessa ou aquela abordagem, esse ou aquele sistema de idias.

    A segunda concepo, definida como externalista, pressupe que ahistria das cincias condiciona os acontecimentos cientficos s suasrelaes com os interesses ss,ciais ideolgicos, filosficos e econ-micos, podendo ser fatalista e mecnica, ao estabelecer uma relao decausa e efeito, isto , revela uma concepo de homem passivo diante de

    uma realidade na qual no pode intervir, por estar totalmente condicionadoaos fatores sociais e econmicos. Assim, se a primeira concepo ahistria intelectual, esta segunda pode ser considerada a histria social.

    Para qualquer cincia, inclusive a psicologia, a concepo de his-tria sem a interpretao ou anlise dos fatos e do contexto em que foiproduzida d a conotao de que a cincia em estudo (no caso apsicologia), aparece na histria do pensamento de forma casustica,como se fosse obra de alguns homens geniais quando tm a revelaodo conhecimento. Tal concepo, internalista, d a entender que o

    homem cria individualmente, exclusivamente no plano das idias, assuas formas de conhecimento. A outra concepo, externalista, prede-termina o homem como se ele fosse simples reflexo e registrador dosfatos, sem neles intervir. Portanto, os fatos, por serem concebidos comomecnicos e predeterminados, so independentes da ao humana, ge-rando uma viso de homem como ser passivo diante do conhecimento.

    Dessa forma, estamos diante de concepes de histria que apon-tam a histria dos homens e a histria das cincias como mundos

    paralelos e no como um nico mundo. Estas concepes rompem aunidade produtor-homem e produo-cincia.

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    Estamos, ento, diante de uma oposio entre subjetividade (cri-ao de idias a partir da prpria subjetividade) e objetividade (ocor-rncia de fatos de forma mecnica, que independem do homem), ouseja, contrape-se o homem enquanto autor de idias aos fatos queacontecem sua revelia. Temos assim homem/idia de um lado; fato/determinismo de outro.

    No patente, nos manuais de psicologia, a unicidade entre teo-

    ria e prtica. Rompe-se com a unidade subjetividade e objetividade,rompe-se com a unidade produtor e produo, e dessa forma noconseguimos (retomando nosso objeto, que a histria da psicolo-gia) apreender o por qu do seu nascimento, o por qu das transfor-maes ocorridas no desenvolvimento do pensamento psicolgico, enem mesmo o por qu de existirem tantas escolas ou teorias e sistemasque se diferenciam quanto ao objeto e mtodo de estudo, que vodeterminar as tcnicas psicoterpicas, grandes instrumentos de atua-o prtica do psiclogo.

    Porm, se formos buscar tais conhecimentos fundamentando-nosna histria social do homem, teremos uma outra concepo de hist-ria, outra concepo de homem e outra concepo de cincia. Se opassado pode nos explicar o presente, necessitamos conhecer essepassado no meramente factual, mas inserindo nele o homem que nos cria a histria, como vive na histria. Necessitamos entender, antesde tudo, esse homem como criador, produtor de idias, produtor decincia, produtor de histria. Para entend-lo, temos que compreender,atravs do movimento da prpria histria, a sociedade em que vive,

    caso contrrio estaremos concordando com o solipsismo, que acrena de que a nica realidade o eu, e assim o homem pode sercriador a partir to-somente de idias.

    Se estamos considerando que o homem produz sua histria, te-mos que compreender como ele desenvolve idias, no na perspecti-va da idia pela idia, mas na perspectiva de sua relao com o mundo.O que pode ser encontrado nas obras de Rubinstein (s/d) de formamuito clara e na de Figueiredo (1991).

    Se ponderarmos que a primeira condio bsica para a existnciahumana a sobrevivncia da espcie, o homem se identifica com anatureza enquanto ser biolgico. Assim, tanto o homem como o ani-

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    mal so seres em primeira mo naturais - orgnicos -, que atuam sobrea natureza para sua sobrevivncia. Entretanto, o homem se diferenciado animal e da prpria natureza na forma de sua atuao sobre ela. Naatividade para produo de sua existncia, o homem no s transfor-ma a natureza, como a si prprio. Essa atividade humana prtica, quenada mais que o trabalho, garante a sobrevivncia da espcie huma-na e ao mesmo tempo diferencia o homem de outros animais, pois

    uma atividade prtica intencional e planejada, o que lhe confere cons-cincia.Relembrando Marx (1984),

    O primeiro pressuposto de toda histria humana naturalmente aexistncia de indivduos humanos vivos [Suprimido no manuscrito: Oprimeiro ato histrico destes indivduos, pelo qual se distinguem dosanimais, no o fato de pensar, mas o de produzir seus meios devida]. O primeiro fato a constatar , pois, a organizao corporaldestes indivduos e, por meio disto, sua relao dada com o resto da

    natureza. (p. 27, grifos no original).

    O homem, ao desenvolver sua atividade prtica - trabalho -, criainstrumentos, formas de relaes sociais com outros homens (como,por exemplo, a linguagem) e cria idias, formas de pensar, que voauxili-lo em novas transformaes, j que aquelas foram criadas atra-vs e pelo trabalho. Isso significa que o homem no se limita suacondio biolgica. Essencialmente, ao travar relaes sociais, fazhistria, pois transmite suas experincias a outras geraes atravs

    da linguagem e da prpria civilizao.Assim a histria da humanidade. Tem como condio fundamental

    a transformao dos homens e da natureza. atravs dessa histria queo homem desenvolve o pensamento, as idias e dentre elas aquelasreferentes ao conhecimento do mundo. Dessa maneira, o conhecimentohumano se apresenta de diferentes formas: como conhecimento histri-co, filosfico, teolgico, senso comum, cientfico e tantos outros.

    Conclumos, ento, que a cincia uma forma de conhecimentoque o homem produz e, portanto, a cincia, s pode ser entendida

    como atividade humana que se desenvolve a partir da atividade prti-ca - o trabalho.

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    Pois bem, j temos alguns elementos para pensar a psicologiacomo produo humana, tanto quanto as idias psicolgicas, e estascomo possibilidade de explicao e/ou interpretao daquela cincia,posto que a histria da psicologia comea com as idias psicolgicas,pois aquela no aparece simplesmente no sculo XX. Dito de outraforma, h entre o advento da psicologia como cincia, e as idiaspsicolgicas desenvolvidas anteriormente, uma continuidade.

    Se a primeira premissa fundamental da histria que ela criada pelohomem, a segunda premissa igualmente fundamental a necessidadede que nesta criao exista uma continuidade. A histria s poss-vel quando o homem no comea sempre de novo e do princpio, masse liga ao trabalho e aos resultados obtidos pelas geraes preceden-tes. Se a humanidade comeasse sempre do princpio e se toda aofosse destituda de pressupostos, a humanidade no avanaria um passoe sua existncia se escoaria no crculo da peridica repetio de um incioabsoluto e de um fim absoluto (Kosik, 1976, p.218, grifos no original).

    Para deixar clara nossa opo de como reencontrar essa histria,devemos estar atentos para a concepo de homem produtor de suavida material e de suas idias.

    Ora, a compreenso da trama da Histria s ser garantida se foremlevados em conta os dados de bastidores, vale dizer, se se examina abase material da sociedade cuja histria est sendo constituda (Saviani,1982, p.38).

    O que sentimos falta nos autores apontados no incio deste itemso exatamente esses dados bastidores, pois que so eles que vonos remeter anlise e interpretao da sociedade num determinadoperodo histrico.

    3. A filosofia e o desenvolvimento do pensamento

    Da mesma forma que afirmamos que dentre as idias que o homemdesenvolve no seu processo de existncia humana, a cincia umaforma de conhecimento, dizemos que a filosofia tambm o .

    Quando o homem, atravs do trabalho, deixa de s se identificarcom a natureza e passa tambm a diferenciar-se dela, faz um

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    descolamento da natureza. Isso significa uma mudana qualitativaque impe o aparecimento do pensamento racional, j que o homemdeixa de ser somente ser biolgico. Ou seja, comea a observar, anali-sar os fatos da natureza, o nascimento, a morte, o sangramento etantos outros aspectos que compem a vida cotidiana.

    Quando ainda colado natureza, a explicao do mundo giravaem torno do mito (narrativa sobre a origem do mundo, dos homens,

    dos deuses, das guerras etc.). Essa forma de pensamento mtico existenas chamadas sociedades primitivas, na qual o homem produz somen-te para consumo imediato. Essa forma de vida primitiva se caracterizapelo imediatismo da sobrevivncia e tambm pela falta de diferencia-o que o homem tem de si em relao ao mundo/natureza.

    com a atividade prtica que lhe garante a sobrevivncia - traba-lho - que o homem vai desenvolvendo essa diferenciao, tanto atra-vs da fabricao e utilizao de instrumentos para o trabalho, comoatravs da linguagem quando da transmisso de conhecimento. Isto

    , medida que o homem vai se socializando na relao com outros homense com a prpria natureza, tambm vai superando sua condio biolgica e,sem deixar de ser um ser natural, comea a se diferenciar da natureza.

    Ainda, nessas sociedades o pensamento se firma pela crena, pelaf. Isso significa que o homem primitivo explica a sua origem, a origem domundo, atravs de foras tidas como superiores a ele. Assim, atravs domito, o homem tendia a to-somente ser um ser natural, na medida em quea narrativa mtica revelava que o passado tal como o presente.

    Entretanto, medida que o homem vai se descolando da natu-

    reza, se diferenciando dela, se transformando e transformando-a, te-mos outra estrutura de pensamento, em que o mtico no mais sesustenta, porque apoiado na revelao e no na explicao. Essareordenao de pensamento est intimamente ligada s transforma-es da vida material humana.

    A filosofia nasce em virtude da necessidade de o homem ordenar,organizar seu pensamento. Assim, se, segundo Chau (1995), perguntar-mos o que filosofia, a primeira resposta poderia ser "a deciso de no

    aceitar como bvias e evidentes as coisas, as idias, os fatos, as situa-es, os valores, os comportamentos de nossa existncia cotidiana; ja-mais aceit-los sem antes hav-los investigado e compreendido" (p. 12).

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    conhecida por todos, atravs da razo que a mesma em todos; quan-do se descobriu que tal conhecimento dependia do uso correto darazo ou do pensamento e que, alm da verdade poder ser conhecidapor todos, podia pelo mesmo motivo, ser ensinada ou transmitida atodos (Chau, 1995, p.23).

    Se a filosofia , pelo menos entre os gregos, a primeira formaracional de pensamento, podemos dizer que as idias psicolgicas

    nascem nesse mesmo momento. O homem, ao ter a atitude filosficade se indagar, indaga seu prprio pensamento, indaga como se d oconhecimento.

    Esse debruar sobre o pensamento e sobre o conhecimento fazcom que o homem passe a ter como referncia ele prprio, o quesignifica, em outras palavras, abordar questes humanas subjetivas,como sonhos, memria, percepo e tantas outras.

    Por isso, podemos dizer que com a filosofia, enquanto conheci-mento racional e sistemtico, nascem tambm as idias psicolgicas,

    as indagaes sobre o processo individual e subjetivo do homem.

    4. A cincia como forma de pensamento e apsicologia como cincia

    Contudo, o homem continua a desenvolver-se e a se colocar no-vas necessidades na medida em que vai forjando novos meios desobrevivncia. E chega a um ponto em que ele, alm de conhecer anatureza, precisa, tambm, domin-la, transform-la segundo suas

    necessidades. Nesse ponto da jornada humana, temos grandes revolu-es na vida prtica e pensada, que, para Galileu Galilei, em1616, naspalavras de Brecht (1979), levam o homem a "estudar a maior mquina detodas, a mquina dos corpos celestes, que se estende diante de nossosolhos" (p. 121). Ao estudar o universo, o homem foi dominando suas leise aplicando-as para solucionar problemas de ordem prtica, para cons-truir as pequenas mquinas, poderamos dizer. E, ao fazer isso, desenvol-veu as cincias e o mtodo experimental. As cincias da natureza e ascincias humanas so urdidas ao mesmo tempo em que o homem vai

    desenvolvendo a produo social nos moldes capitalistas, ao mesmotempo em que vai desenvolvendo o indivduo livre para a produo.

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    Pois bem, sem entrar aqui no mrito da polmica em que se discuteser a psicologia cincia ou no, reafirmamos que ela se torna cientficaao final do sculo XIX, em meio ao prprio advento de outras cinciase em meio ao recuo da filosofia enquanto teoria do conhecimento.

    Mas a vida do homem no estanque, e o modo de produocapitalista, que engendrou todo o nosso escopo cientfico, entra emcrise global j nos meados do sculo XIX, crise essa muito bem eluci-

    dada nas obras de Marx e Engels. Com a crise econmico-social, oindivduo (expresso humana no capitalismo) tambm entra em crise:questiona seus valores, suas habilidades, suas potencialidades, osentido de sua vida. Fez-se necessria uma cincia que explicasse osaspectos individuais e subjetivos do homem. Essa cincia

    ...ensinaria definitivamente como e como funciona a psique humana,quais as causas dos comportamentos e os meios de control-los, quaisas causas das emoes e os meios de control-las, de tal modo queseria possvel livrar-nos das angstias, do medo, da loucura, assim

    como seria possvel uma pedagogia baseada nos conhecimentos cien-tficos e que permitiria no s adaptar perfeitamente as crianas sexigncias da sociedade, como tambm educ-las segundo suas voca-es e potencialidades (Chau, 1995, p.50).

    A psicologia se desliga da filosofia e se configura enquantocincia independente quando deixa de buscar a essncia humana epassa a adotar mtodos para no s conhecer, mas tambm intervirnesse ser humano. Deixando mais claro:

    A filosofia atravs da observao das atividades humanas com basenas reflexes sobre estas atividades busca determinar a natureza hu-mana e suas relaes com o mundo. Busca a essncia desta natureza(Misiak, 1964, p 15).

    Enquanto que

    A psicologia atravs de mtodos cientficos estuda o comportamentohumano, tanto o comportamento manifesto como as atividadesconcomitantes como o sentir, perceber, pensar. Seja na descrio oumensurao deste comportamento a Psicologia se vincula a outrascincias como as cincias sociais e as cincias biolgicas (idem, p.15).

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    Ou seja, o homem, diante da diversidade do mundo industrial,diante da possibilidade de potencializao da eficincia humana, di-ante da necessidade de conhecer e controlar suas prprias ativida-des, desenvolve uma forma de pensamento especfico acerca do seucomportamento, desenvolve mtodos para anlise e compreenso docarter individual do seu ser, bem como de sua subjetividade.

    Em todas estas questes se expressa o reconhecimento que exis-

    te um sujeito individual e a esperana de que possvel padroniz-losegundo uma disciplina, normatiz-lo, coloc-lo enfim, a servio daordem social. Surge, deste modo, a demanda por uma psicologia apli-cada, principalmente nos campos da educao e do trabalho.

    assim que no final do sculo XIX esto dadas as condies para aelaborao dos projetos de psicologia como cincia independente epara as tentativas de definio do papel do psiclogo como profissi-onal nas reas de sade, educao e trabalho (Figueiredo, 1991, p.31).

    Torna-se ento possvel o nascimento da psicologia cientficacomo uma das formas de pensamento do homem contemporneo, sig-nificando assim sua sada da filosofia, em meio qual se mantinhacomo uma disciplina.

    5. Conceito de conscincia como eixo daconjugao psicologia - filosofia - histria

    J falamos que o homem se diferencia do animal na sua forma de

    atuao junto natureza, isto , o trabalho torna-se fundamental nes-sa diferenciao porque atividade consciente que, ao mesmo tempoem que leva o homem a transformar a natureza, leva-o a transformarsuas relaes com a natureza e com outros homens. pelo trabalhoque o homem aprende a assimilar e dominar a natureza, bem como atransmitir a outros homens a sua experincia atravs da linguagem.

    Dessa forma, podemos dizer:

    A origem da histria da humanidade assinala um nvel evolutivo qua-litativamente novo, que difere fundamentalmente da precedente evo-luo biolgica dos seres viventes. As novas formas de existnciasocial criam tambm novas formas da psique, as quais por sua vez so

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    fundamentalmente distintas da psique anima: nasce a conscinciahumana (Rubinstein, s/d, p, 115. Traduo e grifos nossos).

    Quando o homem se descola da natureza, passa a se diferenciardela, se prope alguns problemas, algumas indagaes que perpas-sam o prprio pensamento, o comportamento e outras tantas ativida-des subjetivas, como os sonhos, as sensaes, as percepes e amemria. Podemos ento definir que "conscincia em seu carter ime-

    diato o quadro do mundo que se revela ao sujeito, no qual estoincludos ele prprio, suas aes e estados" (Leontiev, 1978, p. 99).

    O nascimento da conscincia humana no requisitou de imediatoseu conceito (observe-se que a conscincia vai se tornar objeto deestudo somente na era da psicologia cientfica), mas sim conceitos defenmenos psquicos que naquele determinado momento histricoeram importantes. Assim que temos idias psicolgicas, pois o con-ceito de conscincia propriamente dito novo. O filsofo da Antigui-dade fala em psique, alma.

    A idia de alma nasceu sem dvida de experincias fundamentais:nascimento e morte, sono e sonhos, sncopes, delrios, etc., inerentesa uma primeira e obscura tomada de conscincia, pelo homem, de suaprpria realidade no mundo (Mueller, 1978, p. 3).

    Retomando ento nossa tese, com o nascimento da conscinciaenquanto conscincia de ser, na medida em que o homem passa a sediferenciar de outros animais, que nasce tambm a idia de alma.

    A noo de alma at uma idia necessria, porque, definidaenquanto entidade em si ou substncia, revela-se como o reconheci-mento de atividades psquicas ou espirituais, enquanto manifestaode uma realidade independente de outras realidades, embora possa serelacionar com estas. Isto , o homem, quando passa a ter como refe-rncia suas indagaes sobre o mundo, sobre seu prprio pensamen-to, suas aes ou estados externos e internos, cria a noo de almacomo forma de explicar a prpria realidade, qual seja a alma enquantorealidade superior, ou como princpio ordenador do mundo. Alis, a

    alma considerada pelos gregos como princpio da vida, dos sentidos

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    e das atividades espirituais. E atravs do conceito de alma que soexplicadas as atividades subjetivas do homem.

    Posteriormente aos gregos, seja no perodo de transio entre aAntiguidade e a Idade Mdia, denominado de Neoplatonismo, seja naprpria Idade Mdia, o conceito de alma filosoficamente suplantadopelo conceito de conscincia. E assim, na acepo moderna, consci-ncia a experincia interior, a reflexo da realidade interior, o tomar

    conhecimento da prpria subjetividade.Bem, se estamos pontuando a necessidade de entender as idiaspsicolgicas que originaram possibilidades do aparecimento da psi-cologia como cincia, um dos caminhos que pode ser percorrido odesenvolvido pelo conceito de conscincia. Embora este s apareacomo tal no pensamento posterior Antiguidade, j est delineado;em primeiro lugar, enquanto forma de apreenso da prpria condiohumana, quando o homem passa a se descolar da natureza; em segun-do, na noo de alma enquanto explicativa do pensamento, dando

    lugar a elaboraes mais objetivas (ser?) quanto realidade interior.

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