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Regadio em Alqueva: custos, tarifas e competitividade na
utilização da água para rega
16 setembro 2015Francisco Gomes da Silva
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1. Competitividade no uso da água: custo e valor
2. Quando há dificuldade em estimar o valor total gerado
3. Os contornos do problema em Alqueva
4. As vias para a resolução do problema
5. Em conclusão
Valor para os utilizadores
Ajustamentos Sociais
Benefícios de usos indirectos e de
fluxos de retorno
Externalidades ambientais
Custo económico completo
Custo totalValor
compeltoValor económico
Valor intrínseco
Custos de oferta
Custo de Capital
Custo de O&M
Custo de oportunidade
Externalidades económicas
1. Competitividade no uso da água: custo e valor (1/1)2
Custo do recurso água Valor do recurso água
• Custo – determina o preço do lado da oferta
• Valor gerado - determina o preço do lado da procura (condiciona a Dap)
• Custo < Valor gerado não competitividade no uso da água
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• Segundo a legislação em vigor– Lei da água (Lei 58/2005)– Regulamentação do regime económico e financeiro (DL 97/2008)
… o utilizador deverá suportar a “Totalidade dos custos” (preço fixado do lado da oferta)… mas o valor disponível normalmente reconhecido para fazer face a esses custos é apenas o
“Valor para os Utilizadores”
agricultura não se apresenta,frequentemente, competitiva nouso na água
Valor para os utilizadores
Ajustamentos Sociais
Benefícios de usos indirectos e de
fluxos de retorno
Externalidades ambientais
Custo económico completo
Custo totalValor
compeltoValor económico
Valor intrínseco
Custos de oferta
Custo de Capital
Custo de O&M
Custo de oportunidade
Externalidades económicas
… falta de metodologias expeditas e apropriadas para apurar as restantes componentes do valor gerado pelo uso da água em regadio
2. Quando há dificuldade em estimar o valor total (1/1)
3. Os contornos do “problema” em Alqueva (1/4)4
• Rentabilidade e competitividade estiveram sempre no caminho do EFMA:− Ideia inicial remonta a 1955 – Plano de Rega do Alentejo (A.H.)− Reconversão de A.H. em Empreendimento de Fins Múltiplos reconhece diversidade de
“utilizadores” e de “fins” para além do regadio− início da construção em 1973, stop em 1975, arranca em 1977, stop em 1979 …
− Estudos diversos e sucessivos procuram avaliar a “rentabilidade” do investimento− Última “decisão definitiva” (meados dos anos 90) utiliza um argumento essencial: Alqueva deve
avançar devido ao valor intrínseco da água
Montados de Serra
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3. Os contornos do “problema” em Alqueva (2/4)
1 - Tarifário fixado pelo Despacho nº 9000/2010• Preço à saída da Rede Primária – 0,042 €/m3
• Preço à saída da Rede Secundária (mais de 3 kg) – 0,089 €/m3
• Preço à saída da Rede Secundária (menos de 3 kg) – 0,053 €/m3
• Aplicação gradual aos blocos infraestruturados, até atingir a tarifa plena ao fim de 8 anos
3 perguntas essenciais sobre o tarifário?® Reflete os “custos” da oferta de água, de acordo com a Lei nº58/2005 e sua regulamentação?R: duvidoso (Despacho 9000/2010 - reflete os custos médios de exploração)® Promove a utilização de volumes de água suficientes para garantir o equilíbrio financeiro à(s)
entidade(s) gestora(s)?R: …. só a EDIA o poderá dizer ® As atividades agrícolas praticadas no EFMA apresentam-se competitivas no uso da água?R: depende
Se “disposição a pagar pela água” > tarifa atividade competitiva rega Se “disposição a pagar pela água” < tarifa atividade não competitiva não rega
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Valor da produção agrícola de regadio (VP)
+ Pagamentos aos produtores ligados à produção agrícola de regadio (PPLP)
- Consumos intermédios da produção agrícola de regadio (CI)
- Consumo de capital fixo associado à produção agrícola de regadio (CCF)
- Juros sobre o capital utilizado na produção agrícola de regadio, exceto capital fundiário (J)
- Remuneração do trabalho utilizado na produção agrícola de regadio (S)
= Rendimento da água, da terra e do empresário (RATE)
- Custo de oportunidade da terra e do empresário (COTE)
= Rendimento da água de rega utilizada (RA)
Volume de água utilizado para rega (VA)
= Disposição a pagar pela água (DAP), expressa em €/m3
3. Os contornos do “problema” em Alqueva (3/4)
O cálculo da DAP de cada atividade agrícola:
Montados das bacias
do Tejo e do Sado Montados
do Alentejo
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3. Os contornos do “problema” em Alqueva (4/4)
• Para os níveis de “tarifa plena” do atual tarifário, diversas atividades agrícolas deixarão de ser competitivas no uso da água: Diminuição de área regada e de volumes utilizados Redução de receita da entidade gestora e consequente desequilíbrio financeiro
“Assunção Cristas admitiu ainda que a questão sobre o preço da água no sector é «altamente complexa» e preocupa também o Governo. «Os agricultores mostram-se preocupados com o preço da água e os limites que não podem ser suportados em certas culturas. Essa é uma preocupação nossa também, até porque todo este investimento só faz sentido se depois puder ser aproveitado” (fonte: Lusa, abril 2015)
“Ex-secretário de Estado (Francisco Gomes da Silva) diz que o preço da água em Alqueva é excessivo” (fonte: “Público”, março 2015)
“O elevado preço da água em Alqueva está a afastar um número crescente de pequenos agricultores das culturas regadas. A alternativa passa pelo regresso ao sequeiro, pela venda ou arrendamento das terras, … (pela) redução e abandono de culturas que exigem um grande débito de água … como as do milho, arroz, melão, pastagens” (fonte: “Ambiente Magazine”, agosto 2015)
Citando o que por cá se diz …
Montados das bacias
do Tejo e do Sado Montados
do Alentejo
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4. As vias para a resolução do problema (1/3)
Dois caminhos a percorrer em simultâneo:
• EDIA/Ministério – Revisão do tarifário para garantir a competitividade do leque
mais alargado possível de culturas
• Agricultores - Adequar a ocupação cultural privilegiando as culturas mais
competitivas no uso da água
Tarifa
DAP
Montados das bacias
do Tejo e do Sado Montados
do Alentejo
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4. As vias para a resolução do problema (2/3)
Adequação da ocupação cultural (Agricultores):• A opção por culturas ou rotações com capacidade para remunerar
adequadamente a água
− olival, vinha, fruticultura, horticultura, hortoindustriais (em expansão)
− culturas especiais (pouco significado)
− as grandes culturas (milho, outros cereais, pastagens e forragens)
− … floresta!
• Como “fomentar” o crescimento das opções mais competitivas?
− a importância da instalação de agroindústria
− a importância do “conhecimento” e a necessidade de uma rede nacional
de experimentação e divulgação
Cond. naturais
Tecnologia
Preço
Acesso a mercado
Montados das bacias
do Tejo e do Sado Montados
do Alentejo
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4. As vias para a resolução do problema (3/3)
Caminhos a explorar para redução do tarifário (EDIA/Ministério):
• Expansão do EFMA – novos blocos (2ªFase), precários, captações diretas
• Aumento da eficiência energética – peso da energia no custo atual do m3
• Outras opções no domínio da energia – regime de interruptibilidade, operador, fotovoltaica
• Fornecimento de água a outros A.H. (Odivelas, Roxo, Vigia, Sado …)
• Fornecimento de água a Sines
• Fornecimento de água para consumo humano (Évora, Algarve, …) e industrial
• Outros usos - turismo
• Valorização das externalidades positivas e da “reserva estratégica de água”
• Os 195 M€ pagos pela EDIA pelo TURH – opção de restituição
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5. Em conclusão (1/1)
− Colocando as coisas em perspetiva: o “problema” do tarifário só se coloca porque
Alqueva está concluído
− Todos os interessados (governo, estado, edia, associações, agricultores) estão
conscientes do “problema”
− Estão a ser ativamente procuradas as melhores vias de solução para o “problema”
− O relógio não para: 4 ou 5 meses (idealmente) para apontar uma solução
O TARIFÁRIO do EFMA é uma questão económica e financeira na sua génese …
mas POLÍTICA na sua decisão final!
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