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REGIONALIZAÇÃO E RELAÇÕES FEDERATIVAS NA POLÍTICA DE SAÚDE DO BRASIL

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REGIONALIZAÇÃO E RELAÇÕES

FEDERATIVAS NA POLÍTICA DE SAÚDE DO

BRASIL

Equipe da pesquisa

Coordenação geral Ana Luiza d`Ávila Viana (DMP/FMUSP)

Sub-coordenação Luciana Dias de Lima (DAPS/ENSP/FIOCRUZ)

Equipe permanente

Cristiani Vieira Machado

João Henrique Gurtler Scatena Mariana Vercesi de Albuquerque

Roberta Gondim de Oliveira

Fabíola Lana Iozzi

Guilherme Arantes Mello

Adelyne Maria Mendes Pereira

Ana Paula Santana Coelho

Processamento e análise dos dados

quantitativos Maria Paula Ferreira

Nádia P. Dini

Maria Luiza Levi

Renata Vianna

Desenvolvimento do sistema Jasmil A. Oliveira

Márcio B. Mello

Viviane Akamine

Apoio administrativo Christiane Martins

Camila Silva

Na Europa Ocidental e América Latina a descentralização foi um

fenômeno marcante dos processos de reforma dos Estados e dos sistemas

de saúde desde o final da década de 1970.

Em grande número de países (Exs: Inglaterra, Canadá, Itália e Alemanha)

a descentralização da política de saúde articulou-se à regionalização por

meio da organização de redes de serviços, associadas à criação e

fortalecimento de autoridades sanitárias regionais.

Entretanto, na América Latina, ambos os processos (descentralização e

regionalização) foram implantados com graus variados de articulação com

maior destaque para a descentralização.

Descentralização e regionalização

4

Diretrizes antigas estando presente em várias experiências de

reordenamento do sistema de saúde brasileiro, mesmo antes da criação

do SUS.

Entretanto, é somente no bojo do movimento sanitário que desembocou

na CF 88 que assumem papel estratégico na política nacional, com o

objetivo de:

expandir o acesso às ações e serviços de saúde (universalidade e

integralidade);

atender às necessidades loco-regionais;

ampliar a participação social;

melhorar a eficiência na gestão dos recursos.

Descentralização e regionalização no Brasil

Dissociação (descolamento) entre as estratégias de

descentralização e regionalização logo no início da década de

1990, tendo sido mais fácil explorar os caminhos de um dado

modelo de descentralização do que o da regionalização no âmbito

do SUS :

natureza finalística e não-complementar da descentralização

(ênfase nos municípios sem um enfoque regional e sistêmico);

a regionalização ganha destaque de modo relativamente

recente na política nacional de saúde (anos 2000: NOAS e

Pacto pela Saúde);

há fragilidade de experiências combinadas de

regionalização e descentralização.

Peculiaridade do SUS

Sentido político-ideológico da descentralização e força do discurso descentralizador:

identificada no discurso contra o regime militar e o autoritarismo, associada à ampliação

da democracia e maior eficiência governamental.

Contexto político-econômico da década de 1990: possibilidade de acomodação da

descentralização aos projetos de enxugamento do Estado brasileiro e de estabilização

macroeconômica.

Fragilidade da lógica territorial na formulação de políticas públicas: baixa tradição da

formulação de políticas regionais.

Modelo de descentralização na saúde acoplado ao desenho federativo brasileiro:

tradição centralista e força do Executivo Nacional; ênfase nas instâncias municipais com

indefinições quanto ao papel dos governos estaduais.

Complexidade do federalismo brasileiro: dificuldades para a coordenação e cooperação

intergovernamental necessária à regionalização.

Algumas hipóteses explicativas

7

Resultados: permanência de problemas relativos à iniqüidade na oferta e

no acesso, à intensa fragmentação e à desorganização de serviços de

saúde devido aos milhares de “sistemas locais isolados” existentes.

A regionalização é fundamental para o avanço da descentralização

e construção do próprio sistema público de saúde.

Peculiaridade do SUS

8

O Pacto pela Saúde: Início de um novo ciclo?

NOAS: definição à priori de critérios para a regionalização com revalorização das

instâncias estaduais e do planejamento regional em saúde

Regionalização normativa

Pacto pela Saúde: definição das regiões pela pactuação

entre municípios e estados

possibilidade de incorporação de diferentes conteúdos e da diversidade do território

nesse processo

criação de novas instâncias de pactuação e coordenação federativa no intra-estaduais

(Colegiados de Gestão Regional - CGR).

Regionalização “viva”

Importância do tema da regionalização e sua revalorização

recente no bojo da política nacional e na agenda dos governos

estaduais.

O atraso na regionalização e a fragilidade de experiências

combinadas no âmbito do SUS requer ainda explicação.

Necessidade de aprofundar a discussão acerca dos

condicionantes dos processos particulares de regionalização em

saúde no plano estadual (modelos de regionalização nos

estados) no contexto do Pacto pela Saúde.

Justificativas para pesquisa

Objetivos

Analisar os processos de regionalização em

saúde nos estados brasileiros, identificando os

contextos e os condicionantes institucionais e

políticos, impactos e inovações introduzidas

nos sistemas de saúde.

Avaliar a dinâmica de funcionamento das CIB

e suas inter-relações com os processos de

regionalização em saúde nos estados.

Regionalização

Processo político que envolve:

– a distribuição de poder e o estabelecimento de um sistema de inter-

relações entre diferentes atores sociais (governos, organizações,

cidadãos) no espaço geográfico;

– a criação de instrumentos de planejamento, integração e

coordenação assistencial, regulação e financiamento de uma rede

de ações e serviços de saúde no território.

12

Objeto da regionalização: “regiões de saúde” (densidade técnica e

política)

Duplo sentido das regiões geográficas na saúde:

1- base territorial para o planejamento de uma rede de atenção à saúde

que possui uma dada densidade tecnológica e auto-suficiência de

ações e serviços.

2- espaço vinculado à condução político-administrativa de uma rede de

serviços.

Regionalização

Três grandes questões para a gestão pública:

Como institucionalizar uma rede homogênea de serviços e

intervenções respeitando a diversidade territorial e superando

as desigualdades injustas?

Como formalizar a responsabilidade pública com participação

e envolvimento da sociedade civil e dos diversos agentes que

compõem o sistema de saúde no território?

Como garantir a regulação centralizada com a manutenção

da autonomia dos governos locais?

Regionalização

14

O estudo se apoiou no referencial da análise de políticas

públicas que tem como objeto o curso da ação proposta por um

ator ou grupo de atores, seus determinantes, suas finalidades,

seus processos e suas conseqüências.

A pesquisa também valorizou a influência da trajetória histórica

nos desdobramentos das políticas, as regras que regem a

atuação dos governos e condicionam as escolhas políticas, os

atores mobilizados e os aspectos políticos nas articulações

intergovernamentais (institucionalismo histórico).

2 categorias foram privilegiadas para aferir os estágios da

regionalização em saúde nos estados (tipologia da

regionalização): institucionalidade e governança.

Referencial teórico-metodológico

Referencial teórico-metodológico

Institucionalidade e governança da regionalização nos estados

Institucionalidade Conformada pela existência de normas, processos e

estratégias que regularizam, modelam e influenciam

comportamentos sociais

• Regras formais e informais integrantes de processo regulatório.

•Construções cognitivas.

Trajetória histórica da regionalização no estado.

Governança Determinada pela capacidade dos atores integrantes da

política de construir um quadro institucional estável que

favoreça:

• A participação e negociação de uma ampla gama de atores.

• A administração de conflitos e o estabelecimento de relações

cooperativas entre atores (governos, organizações e cidadãos).

• O estabelecimento de uma ação coordenada, direção ou rumo

voltado para a consecução de metas e objetivos definidos e

acordados.

Marco analítico

Nacional Institucionalidade da política social

Contexto Direcionalidade Processo

Histórico-estrutural

Político- institucional

Conjuntural

Orientações

Objeto

Atores

Estratégias

Instrumentos

Institucionalidade

Governança

Impactos e inovações

institucionais

E

s

t

a

d

u

a

i

s

Nacional Institucionalidade da política social

Plano loco-regional Perfil sócio-econômico e características da rede de serviços de saúde

Recursos financeiros disponíveis

Dinâmica dos complexos regionais (relações público-privadas)

Estratégias metodológicas

A investigação privilegiou o período de 2007 a 2009, apoiando-se em métodos

qualitativos e quantitativos:

Visitas por dupla de pesquisadores em 24 estados (TO e MA não foram investigados).

Análise documental: Leis e Decretos estaduais; planos e instrumentos de programação (PPA, PES,

PDR, PDI, PPI); normativas (federais e estaduais); Regimento Interno, atas, resoluções e deliberações

das CIB; documentos relativos aos CGR.

91 entrevistas com 103 dirigentes e técnicos das Secretarias de Estado de Saúde e COSEMS.

Observação participante de reuniões das CIB nos estados.

Elaboração de base de indicadores e aplicação do modelo de análise fatorial e de agrupamentos

(cluster analysis) para diferenciação das regiões de saúde (CGR formalmente constituídos até janeiro

de 2010).

Análise dos gastos públicos em saúde nos estados com base no SIOPS.

5 estudos de caso nos CGR (em fase de elaboração dos relatórios): Belém, Vitória da Conquista,

Cachoeiro de Itapemirim, Caxias do Sul, Rondonópolis.

Tipologia das regiões de

saúde (CGR): perfil

socioeconômico e

características da rede de

serviços de saúde

Resultados (métodos quantitativos)

Características

Socioeconômicas

Complexidade do

Sistema de Saúde

Condições de

Saúde

da População

Grupos

Socioeconômicos

Produção

ambulatorial

Capacidade

instalada

Perfil do prestador

do SUS

Tipologia de CGR

5 grupos

3 grupos

15 tipos

Desenho esquemático dos componentes da tipologia das regiões de saúde (CGR)

Universo do estudo: 397 CGRs constituidos até janeiro de 2010, que agregam 5071 municípios e 173

milhões de habitantes (não foram incluídos os estados do AC, AM, RR, MA e parte do PI).

Variáveis utilizadas no modelo de análise fatorial na dimensão socioeconômica

Sub-dimensões Variáveis Média Desvio-

padrão

Nível de urbanização

(ano 2008)

Concentração da população do CGR no total da

população brasileira (%) 0,22 0,40

Densidade populacional (hab./km2) 137,52 541,07

Condições socioeconômicas da população

(ano 2000)

IDH -M (valor médio) 0,73 0,07

IDH -M renda (valor médio) 0,65 0,09

IDH -M longevidade (valor médio) 0,73 0,06

IDH-M escolaridade (valor médio) 0,82 0,08

Características da economia regional (CGR) (ano

2006)

% do Pib da agropecuária no Pib total 14,79 9,90

% do Pib da indústria no Pib total 24,11 12,98

% do Pib dos serviços no Pib total 61,10 11,39

% do Pib da administração pública no Pib total 21,42 11,97

Importância da economia do CGR no Brasil (ano

2006)

Concentração do Pib da agropecuária do CGR no Pib

Brasil do setor 0,24 0,24

Concentração do Pib industrial do CGR no Pib Brasil

do setor 0,22 0,61

Concentração do Pib dos serviços do CGR no Pib

Brasil do setor 0,21 0,79

Concentração do Pib da administração. Pública do

CGR no Pib Brasil do setor 1,77 3,40

Concentração do Pib do CGR no Pib Brasil 0,22 0,71

Fonte: Fundação IBGE; IPEA. Elaboração dos autores.

Cargas fatoriais das variáveis na dimensão socioeconômica

(redução de 14 variáveis para 4)

Fonte: Fundação IBGE; IPEA. Elaboração dos autores.

Variáveis

Fator 1

Desenvolvimento

Econômico

Fator 2

Desenvolvimento

Humano

Fator 3

Economia local

voltada aos

Serviços

Fator 4

Economia

local voltada à

Agropecuária

% da variância explicada 39,9 27,2 12,4 11,1

Concentração do Pib do CGR no Pib Brasil 0,98 0,11 -0,01 -0,03

Concentração do Pib dos serviços do CGR no Pib

Brasil do setor 0,98 0,09 0,03 -0,02

Concentração do Pib da administração. Pública do

CGR no Pib Brasil do setor 0,96 0,15 0,08 -0,04

Concentração da população do CGR no total da

população brasileira 0,96 0,12 0,07 -0,06

Concentração do Pib industrial do CGR no Pib

Brasil do setor 0,95 0,16 -0,13 -0,10

Densidade populacional 0,86 0,05 0,01 -0,15

IDH -M renda 0,21 0,94 -0,06 -0,01

IDH -M escolaridade 0,16 0,93 -0,13 -0,04

IDH-M longevidade 0,03 0,91 -0,09 0,00

% do Pib da administração pública no Pib total -0,15 -0,84 0,41 -0,05

% do Pib dos serviços no Pib total 0,13 -0,18 0,93 -0,28

% do Pib da indústria no Pib total 0,07 0,38 -0,80 -0,41

% do Pib da agropecuária no Pib total -0,24 -0,30 -0,01 0,86

Concentração do Pib da agropecuária do CGR no

Pib Brasil do setor 0,00 0,43 -0,04 0,73

Variáveis utilizadas no modelo de análise fatorial na dimensão condições de saúde da população

Sub-dimensões Variáveis Média Desvio-

padrão

Infectocontagiosas (anos 2005 a 2007)

Taxa de morbidade de doenças infecciosas e

parasitárias (Em 10 mil hab.) – 2008 61,15 37,23

Taxa de incidência de Doenças Endêmicas (Em

100 mil hab.) 212,12 261,26

Taxa de incidência de Hepatite Viral (Em 100 mil

hab.) 31,64 22,30

Taxa de incidência de Tuberculose ( Em 100 mil

hab.) 29,11 15,69

Taxa de incidência de Aids (Em 100 mil hab.) 8,02 6,31

Crônicas

(ano 2008)

Taxa de morbidade de neoplasias (Em 10 mil hab.) 29,38 13,47

Taxa de morbidade de doenças do aparelho

circulatório (Em 10 mil hab.) 70,56 28,34

Causas externas

(ano 2008)

Taxa de morbidade de causa externas (Em 100 mil

hab.) 1,89 2,68

Morbidade total

(ano 2008) Taxa de morbidade total (em 10 mil hab.) 632,86 131,49

Fonte: Datasus. Elaboração dos autores.

Cargas fatoriais das variáveis na dimensão condições de saúde (redução de 9 variáveis para 4)

Fonte: Datasus. Elaboração dos autores.

Variáveis

Fator 1

Doenças

Crônicas

Fator 2

Incidência

Aids

Fator 3

Doenças

Endêmicas

Fator 4

Causas

Externas

% da variância explicada 25,5 19,1 14,6 12,9

Taxa de morbidade de doenças do aparelho circulatório 0,89 0,05 -0,14 0,20

Taxa de morbidade total 0,85 -0,38 0,16 0,07

Taxa de morbidade de neoplasias 0,79 0,37 0,06 0,05

Taxa de morbidade de doenças infecciosas e parasitárias 0,11 -0,83 0,28 -0,19

Taxa de incidência de Aids 0,16 0,82 0,27 -0,14

Taxa de incidência de Doenças Endêmicas -0,08 -0,08 0,75 0,14

Taxa de incidência de Hepatite Viral 0,08 0,07 0,73 -0,08

Taxa de morbidade de causa externas 0,01 0,17 0,11 0,81

Taxa de incidência de Tuberculose -0,32 0,18 0,08 -0,61

Variáveis utilizadas no modelo de análise fatorial na dimensão complexidade do sistema de saúde

Sub-dimensões Variáveis Média Desvio

Padrão

Capacidade instalada (ano 2008)

Leitos totais por mil habitantes 2,21 0,73

Leitos SUS por mil habitantes 1,69 0,57

Unidades básicas de saúde por 20 mil habitantes 16,37 8,37

Produção e cobertura (ano 2008)

População cadastrada no PSF 74,03 24,39

Internações totais por mil habitantes 63,72 12,99

Internações de alta complexidade por mil habitantes 2,44 1,39

% de internações de alta complexidade no total 3,88 2,12

Recursos humanos (ano 2008)

Médicos por mil habitantes (vínculos) 1,11 0,93

Médicos SUS por mil habitantes (vínculos) 0,74 0,55

% de médicos SUS no total 73,72 16,12

Outros profissionais de saúde por mil habitantes

(vínculos) 4,38 1,63

Outros profissionais de saúde SUS por mil habitantes

(vínculos) 3,78 1,29

% de outros profissionais de saúde SUS no total 88,01 8,38

Medicina suplementar (ano 2008) Cobertura dos planos privados 12,51 11,92

Fonte: Datasus. Elaboração dos autores.

Cargas fatoriais das variáveis na dimensão complexidade do sistema de saúde (redução de 14 variáveis para 2)

Fonte: Datasus. Elaboração dos autores.

Variáveis Fator 1 -

Complexidade

Fator 2 -

Capacidade

Instalada

% da variância explicada 49,1 28,5

Internações de alta complexidade (por mil hab.) 0,85 0,16

% de internações de alta complexidade 0,87 -0,12

Médicos SUS (por mil hab.) 0,90 0,04

Outros profissionais de saúde (por mil hab.) 0,90 0,16

Outros profissionais de saúde SUS (por mil hab.) 0,85 0,25

Leitos SUS (por mil hab.) -0,04 0,94

Leitos totais (por mil hab.) 0,29 0,88

Internações totais (por mil hab.) 0,05 0,71

Grupos Socioeconômicos

Grupos Desenvolvimento

econômico

Desenvolvimento

Humano Sistema de saúde

1 Baixo Baixo Menos complexo

2 Baixo Alto Mais complexo

3 Baixo Médio Menos complexo

4 Alto Alto Mais complexo

5 Médio Alto Mais complexo

Resultado da análise de agrupamentos com os quatro fatores identificados

Nota: As variáveis relacionadas as condições de saúde não definem o padrão de criação dos grupos, dado que não se mostraram importantes para sua diferenciação.

Distribuição dos CGR segundo os Cinco Grupos Socioeconômicos

0 400 800 1,200

Kilometers

AgrupamentosDivisão não disponível

Grupo 1

Grupo 2

Grupo 3

Grupo 4

Grupo 5

Características Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Total

CGR 183 78 62 27 47 397

% no total de CGR 46,1% 19,6% 15,6% 6,8% 11,8% 100,0%

Municípios 2.047 1.041 1.080 328 575 5.071

% no total de municípios 40,4% 20,5% 21,3% 6,5% 11,3% 100,0%

População (projeção 2008) 41.513.911 20.067.424 18.914.174 63.543.00

1 29.564.292 173.602.802

% no total da população 23,9% 11,6% 10,9% 36,6% 17,% 100,0%

Média de municípios por CGR 11 13 17 12 12 13

Média da população por município 20.280 19.277 17.513 193.729 51.416 34.234

Beneficiários de planos de saúde na população (%)

3,6 16,3 9,6 35,6 32,2 22,3

População cadastrada no PSF (%) 72,5 52,2 58,3 30,7 29,2 45,9

Médicos por mil habitantes 0,54 1,29 0,92 2,10 1,74 1,45

Médicos SUS no total de médicos (%) 92,2 85,4 87,0 70,0 74,3 75,7

CGR com faculdades de medicina (%) 4,4 29,5 14,5 85,2 51,1 21,9

Leitos por mil habitantes 1,8 2,3 1,9 2,0 1,8 1,9

Leitos SUS no total de leitos (%) 87,4 75,2 75,4 63,9 68,3 71,5

Despesas totais em saúde por habitante (R$ 2008)

240 315 282 324 332 300

Transferência SUS por habitante (R$ 2008) 120 116 106 138 112 123

Transferência SUS na despesa total em saúde (%)

49,8 36,8 37,8 42,5 33,7 41,0

Principais características dos agrupamentos socioeconômicos de CGR

Fonte: Datasus. Elaboração dos autores.

Nota: Exclusive os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Maranhão e parte do Piauí.

Perfil do Prestador SUS

Variáveis

Capacidade instalada

Leitos SUS não públicos por mil habitantes (inclui privados, filantrópicos, e de sindicatos)

Produção ambulatorial

Participação porcentual dos prestadores privados na produção ambulatorial de média e alta

complexidade no total da produção ambulatorial de média e alta complexidade

Participação porcentual dos prestadores privados na produção ambulatorial total no total da

produção ambulatorial

Participação porcentual dos prestadores privados nos serviços de apoio diagnóstico e

terapêutico (SADT) de média complexidade no total desse tipo de produção ambulatorial

Participação porcentual dos prestadores privados nos serviços de apoio diagnóstico e

terapêutico (SADT) de alta complexidade no total desse tipo de produção ambulatorial

Variáveis utilizadas na construção dos agrupamentos relacionados ao perfil dos prestadores do SUS (perfil público-privado)

Nota: Os grupos de Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (SADT) considerados foram adaptados do apresentado por Solla, J. e Chioro A. em Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil: Atenção ambulatorial especializada. 2008; Rio de Janeiro, Fiocruz.

Perfil do Prestador SUS

Três grupos resultantes:

• Grupo 1 – prestador público: 183 CGR que se caracterizam por apresentar presença expressiva do prestador público

• Grupo 2 – prestador privado: 81 CGR que se caracterizam por apresentar presença expressiva do prestado privado no SUS

• Grupo 3 - intermediário: 133 CGR que se caracterizam por apresentar perfil intermediário entre os dois anteriores.

Distribuição dos CGR segundo Tipos de Prestador SUS

0 400 800 1,200

Kilometers

Perfil do prestador SUSDivisão não disponível

Prredominantemente público

Prredominantemente privado

Situação intermediário

Base de indicadores dos CGR

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/descentralizacao/cibs/index.php

Resultados (métodos qualitativos)

Contexto, direcionalidade

e características do

processo de

regionalização

Resultados

Contexto Direcionalidade Processo

Histórico-estrutural

Político- institucional

Conjuntural

Orientações

Objeto

Atores

Estratégias

Instrumentos

Institucionalidade

Governança

Impactos e

inovações

institucionais

Contexto da regionalização em saúde nos estados

Dimensão Detalhamento

(principais aspectos considerados)

Influência

predominante

Histórico-

estrutural

•Histórico de conformação do estado

e de suas regiões (antiguidade do

processo, presença de identidade

regional)

•Dinâmica sócio-econômica e

características geopolíticas do estado

(extensão territorial, importância na

federação, características dos

municípios)

•Favorável

•Desfavorável

•Indefinido

Contexto da regionalização em saúde nos estados

Dimensão Detalhamento

(principais aspectos considerados)

Influência

predominante

Político-

institucional

•Trajetória da política de saúde no

estado

•Modo de funcionamento das

instituições e regras da saúde (incluindo

cultura organizacional da SES)

•Perfil da rede de serviços (peso do

privado)

•Papel desempenhado pelos atores no

sistema de saúde (SES, SMS,

COSEMS, CIB, CES)

•Favorável

•Desfavorável

•Indefinido

Contexto da regionalização em saúde nos estados

Dimensão Detalhamento

(principais aspectos considerados)

Influência

predominante

Conjuntural •Prioridade da regionalização na

agenda do governo e da Secretaria de

Estado de Saúde

•Conjuntura político-econômica do

estado

•Perfil e trajetória dos atores

institucionais

•Favorável

•Desfavorável

•Indefinido

Contexto da regionalização em saúde nos estados segundo macrorregiões - Brasil, 2007 a 2009 Dimensões Histórico-estrutural Político-institucional Conjuntural

Estados

Região Norte

AC D D F

AP D D I

AM D D I

PA D D I

RO D D I

RR D D I

TO NI NI NI

Região Nordeste

AL D D I

BA D D F

CE D F F

MA NI NI NI

PB D D I

PE D D F

PI D F F

RN D D I

SE F F F

Região Sudeste

ES F F F

MG F F F

RJ D D I

SP F F F

Região Sul

PR F F F

RS F F F

SC F D F

Região Centro-Oeste

GO F D I

MT F F F

MS F F F

Nota: F: favorável;D: desfavorável;I: indefinido;NI: não investigado.

Orientações predominantes do processo de regionalização em saúde nos estados segundo macrorregiões - Brasil, 2007 a 2009

me

ro d

e e

sta

do

s

Objeto do processo de regionalização em saúde nos estados - Brasil, 2007 a 2009

1 estado do SE 1 estado do N

1 estado do NE

– Em todos os estados estudados (24) observam-se:

diversidade de atores com predomínio dos governos estaduais (incluindo instâncias

regionais já constituídas) e municipais (incorporação de municípios no plano regional e maior

comprometimento dos pólos) ;

importância do MS (indução federal) em especial nos estados do N e NE;

importância das instâncias colegiadas em âmbito estadual (CIB e COSEMS).

– Em 46% dos estados estudados (11) observa-se a participação de

agentes privados credenciados ao SUS.

– Em alguns estados verificam-se a participação de:

Universidades (3);

Consórcios (3);

Poder Legislativo (2).

Direcionalidade da regionalização em saúde nos estados

Atores

–Em todos os estados existem estratégias voltadas para a criação e

revisão de instrumentos (24).

–Em praticamente todos os estados (22) verifica-se a importância das

estratégias de implantação e fortalecimento de estruturas de pactuação e

coordenação regional (CGR e CIB regionais), incluindo a revisão do papel

das estruturas regionais das SES previamente constituídas.

– Em 33% dos estados (8) observa-se como estratégia da regionalização a

ampliação dos recursos financeiros atrelados a investimentos.

Direcionalidade da regionalização em saúde nos estados

Estratégias

– Em todos os estados estudados (24) verifica-se grande diversidade de

instrumentos utilizados.

– Observa-se o predomínio da PPI como instrumento de planejamento e

da contratualização (entre gestores, gestores e prestadores) como

instrumento de regulação .

– Ressalta-se a fragilidade dos instrumentos de regulação da assistência à

saúde previstos em grande número de estados (particularmente os

situados nas regiões N e NE).

Direcionalidade da regionalização em saúde nos estados

Instrumentos

Dimensões Detalhamento

(variáveis/indicadores-chave)

Tipos

Institucionalidade

da regionalização

•Histórico da regionalização e

robustez/conteúdo do desenho da

regionalização (territorialidade)

•Implantação de estratégias de planejamento

e regulação voltadas para coordenação de

ações, serviços e intervenções sanitárias em

âmbito regional

• Implantação de mecanismos de

financiamento/investimentos voltados para a

regionalização

•Papel da SES na condução da

regionalização: estruturas de coordenação

definidas, existência de estratégias políticas,

importância da regionalização na agenda

governamental

•Avançada

•Intermediária

•Incipiente

Características do processo de regionalização em saúde nos estados

Dimensões Detalhamento

(variáveis/indicadores-chave)

Tipos

Governança da

regionalização

•Diversidade de atores e

instâncias com peso na

regionalização

•Existência de mecanismos de

coordenação das ações

conduzidas pelos atores com

peso na regionalização

•Natureza das relações entre

os atores governamentais

•Importância da CIB na

regionalização

•Coordenada/cooperativa

•Cooperativa

•Coordenada/conflitiva

•Conflitiva

•Indefinida

Características do processo de regionalização em saúde nos estados

Tipologia do processo de regionalização em saúde nos estados - Brasil, 2007 a 2009

Institucionalidade da

regionalização

Avançada Intermediária Incipiente

Governança da

regionalização

Coordenada/cooperativa SP, MG

SE, CE

PR

MT

ES

RS

MS

Cooperativa PI AC

RN

SC

AP

Coordenada/conflitiva RO

PE

Conflitiva AL

Indefinida PA

BA

RJ

GO

AM,RR

PB

Impactos e inovações institucionais do processo de regionalização em saúde nos estados - Brasil, 2007 a 2009

Discussão

A regionalização em saúde nos estados brasileiros evidencia mudanças importantes no exercício de poder no interior da política de saúde, que se traduz por:

– introdução de novos atores (governamentais e não governamentais), objetos, regras e processos, orientados por diferentes concepções e ideologias;

– relevância das SES na condução da regionalização, revalorização e fortalecimento das suas instâncias de representação regional;

– criação de novas instâncias de pactuação e coordenação federativa no plano regional (CGR) com incorporação de municípios, maior comprometimento dos municípios pólo e dos representantes regionais das SES;

– revisão das formas de organização e representatividade dos COSEMS e das CIB;

– revisão dos acordos intergovernamentais estabelecidos no processo de descentralização.

Desafios relacionados à governança do processo de regionalização.

Os resultados sugerem ganhos de institucionalidade do processo de regionalização em contextos histórico-estruturais e político-institucionais desfavoráveis, entretanto, tais dificuldades comprometem maiores avanços e a sustentabilidade da política desenvolvida em muitas regiões.

Há necessidade de fortalecimento do enfoque territorial no planejamento de modo a integrar a atenção à saúde aos

investimentos (federais, estaduais e municipais), às ações de fomento ao complexo industrial da saúde e à política de ciência e

tecnologia no SUS.

A preponderância da lógica organizativa (redes e fluxos) e setorial enquanto objeto central da regionalização sugere certo reducionismo da concepção de “regiões de saúde”.

Há necessidade de promover um enfoque mais integrado das políticas sociais e econômicas e de articulação dos diversos

campos da atenção à saúde no território.

Discussão

Observa-se diversidade dos condicionantes e dos modelos de regionalização nos estados, associada à fragilidade de alguns resultados.

Há necessidade de valorização, atualização e diversificação das estratégias e instrumentos de indução e coordenação nacional da regionalização, que envolvem, entre outros:

- as estruturas de pactuação federativa em âmbito nacional (ex: CIT);

- a criação de novos mecanismos de apoio aos processos;

- a lógica do financiamento do SUS;

- a construção de abordagens diferenciadas segundo os modelos de regionalização identificados nos estados;

- a construção de políticas específicas voltadas para a região Norte do país;

- o fortalecimento do planejamento e da regulação nas diferentes esferas de governo e no âmbito regional (estruturas regionais das SES, CGRs).

Discussão

Site com resultados da pesquisa (incluindo base de indicadores):

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/descentralizacao/cibs/index.php

Artigo já publicado:

Viana AL, Lima LD, Ferreira MP. Condicionantes estruturais da regionalização na saúde: tipologia dos Colegiados de Gestão Regional. Ciência e Saúde Coletiva, v.15, n.5, p. 2317-2326, 2010.

Livro:

Viana AL, Lima LD (Orgs.) et al. Regionalização e relações federativas na política de saúde do Brasil. Rio de Janeiro: Contra Capa, no prelo.

Obrigada!

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