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R R e e i i n n t t r r o o d d u u ç ç ã ã o o d d e e P P s s i i t t a a c c í í d d e e o o s s Edição especial por ocasião do III Encontro de CETAS e Áreas de Soltura do Estado de São Paulo - Artigos da PsittaScene em português - Exemplos de casos no Brasil - Levantamento Bibliográfico Março | 2010 © Giselle Goes Filadelpo

Reintrodução de Psitacídeos - DIVERSITASdiversitas.fflch.usp.br/files/Reintroducao_de_Psitcideos[1].pdf · selvagem e soltando os jovens uma vez que os riscos da época de nascimento/primeiro

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Edição especial por ocasião do III Encontro de CETAS e Áreas de Soltura do Estado de São Paulo

- Artigos da PsittaScene em português - Exemplos de casos no Brasil - Levantamento Bibliográfico

Março | 2010

© G

iselle Goes Filadelpo

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2 | Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010

PrefácioOrganizadoresNo ensejo do III Encontro de Cetas e Áreasde Soltura do Estado de São Paulo, temos agrata satisfação de apresentar uma compilaçãode textos relativos aos trabalhos comreintrodução de psitacídeos no Brasil e nomundo. Além de vasto levantamentobibliográfico sobre o assunto, estão aquiagrupados , trabalhos realizados para oreforço populacional, recolocação,translocação ou reintrodução propriamentedita dos psitacídeos.

A presente revista difere das anteriormenteorganizadas pelo IBAMA/SP, por possuirtema especialmente voltado ao grupo dospsitacídeos, em função desta ordem de avesser grandemente visada pelo tráfico e daparceria com duas entidades com foco empsitacídeos para a realização do evento e dapresente publicação: a World Parrot Trust e aAssociação Bichos da Mata.

Afinal, nada mais emblemático do que umpapagaio que se apresenta aparentementehumanizado pelo cativeiro, ou demonstraeloquência na imitação da voz humana, masque consegue retornar com sucesso ànatureza, contrariando o que muitos julgariamimpossível.

Porém, tal feito não ocorre sem o esforço demuitos - técnicos desprendidos, leigos,órgãos governamentais e iniciativa privada,pessoas que acreditaram e ainda acreditamque podem fazer deste sonho uma realidade,além de inúmeros apoiadores nos trabalhos enesta edição. Tais exemplos nos inspiram acontinuarmos idealistas, sem deixar de ladotambém o embasamento técnico para arecolocação responsável desses animais devolta ao habitat natural, de onde estas avesnunca deveriam ter saído.

A presente revista, apesar de não se propor aser uma rígida publicação científica, trazindícios de que nos últimos anos houveramavanços significativos quanto à preocupaçãona devolução à vida livre de uma parte dosmilhares, talvez milhões, de papagaios econgêneres capturados, e na adoção decuidados para as solturas, possibilitandoresultados e experiências que podem auxiliar esubsidiar outros trabalhos. Tais exemplos,espalhados pelo mundo, se difundem tambémem vários estados do país, como podemosaqui testemunhar. Alguns dos artigos sãorelatos menos sofisticados, ou simples notas,outros mais elaborados, com sucessos ouinsucessos, mas todos engajados nesta nobre

finalidade de alertar para a problemática dotráfico de fauna e combatê-lo, dando novaesperança para os animais apreendidos.

Boa leitura e esteja você também convidadodesde já a se unir a nós!

Organizadores do Encontro e da Revista

Vincent Kurt LoAnalista Ambiental - BiólogoSuperintendência do IBAMA no Estado de SãoPaulo

Andre SaidenbergMédico VeterinárioDoutorando da FMVZ-USPRepresentante da World Parrot Trust no Brasil

Soraya LysenkoDiretora

Visando facilitar a compreensão de pessoas não tecnicamente afetas ao assunto, estamos adotando aqui genericamente o termo reintrodução para os trabalhos de revigoramento, recolocação,translocação e reintrodução propriamente dita. Associação Bichos da Mata Centro de Reabilitação de Animais Silvestres – processo Ibama n. 02027.005017/02-51

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Os psitacídeos têm sido comercializados pormilhares de anos, por suas penas, como alimentoe como animais de estimação. Com o aumentonos esforços para sua proteção, particularmentenos últimos 20 anos, um número crescente deaves vem sendo confiscadas .

Até o final dos anos 90, as opções futuras paraessas aves eram limitadas, algumas vezes eramenviadas para zoológicos ou criadores, outrasdepositadas com pessoas como aves de estimação,e em alguns casos, eutanaziados. No entanto, naúltima década, um crescente número deorganizações e pessoas tem desenvolvido técnicaspara a repatriação e soltura dessas aves de volta ànatureza. E apesar de alguns exemplos virem doBrasil, esforços similares também surgiram emdiversos países em todo o mundo.

Dado que essas iniciativas ao redor do globosurgiram independentemente umas das outras, asespécies envolvidas, as histórias individuais e osdesafios ao libertar essas aves com sucesso sãoaltamente variáveis. Na Índia, por exemplo, ospsitacídeos são capturados na natureza, treinadose utilizados nas ruas para lerem a sorte. Apósconfiscadas e reabilitadas por longo período, essasaves são então libertas na natureza, onde tem sejuntado espontaneamente às aves selvagens.

Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010 | 3

PrefácioWorld Parrot Trust -

Na Indonésia, existem dois exemplosrecentes onde aves confiscadas são deespécies criticamente ameaçadas; um casoenvolvendo cacatuas, onde as aves da solturase uniram a algumas poucas aves selvagensrestantes, e em outro onde lóris foram soltosem uma ilha, onde a espécie estava extinta atéo momento.

Agora já existem diversos exemplos dePapagaios-do-Congo que foram reabilitados esoltos com sucesso, algumas vezes empequenos números, mas em um dos casosmais de 1000 papagaios foram confiscadosem uma operação.

Apesar da maior parte desses exemplosenvolverem psitacídeos que foram capturadoscomo adultos ou subadultos, um exemplorecente no México envolveu a soltura depsitacídeos confiscados ainda filhotes ecriados na mão por meses antes da soltura.

De cada um desses exemplos de caso,aprendemos muito sobre a reabilitação,soltura, estudos e monitoramento pós-soltura,e essas lições podem ser aplicadasdiretamente para projetos atuais e futurosdeste tipo.

Em geral, os objetivos desses projetos são ode apoiar a ação efetiva das leis vigentes,impedir o tráfico, e apoiar a conservação ebem-estar das aves envolvidas. O papel dosgovernos locais e nacionais, da mídia, e dascomunidades locais tem sido muito importanteem alguns contextos, para garantir que essassolturas sejam bem-sucedidas, bem recebidas,e bem compreendidas pelo público geral.

Ao comparar essas experiências com osmuitos exemplos brasileiros, espera-seaprender muito com a troca de informações, eque a análise de forma aberta dos desafios eoportunidades de tais projetos guiem osfuturos programas desta natureza.

James Gilardi PhD - Director World Parrot Trust

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EEsse lóris de penas brilhantes, estava mais uma vezvoando sobre Atiu, se alimentando das florestropicais e levando os nativos de Atiu a novamenteolhar para os céus.

O Kura (“Kura” na lingua Maori significavermelho) que já foi uma vez comum em Atiu,estava quase extinto quando o Capitão Cookaportou em Atiu mais de 200 anos atrás, após tersido continuamente caçado pelos nativos Maorique cobiçavam suas penas vermelhas brilhantespara adornos e para comércio. O sucesso daespécie na nidificação foi mais um passo numesforço de conservação que levou mais de 15 anospara se concretizar. Em 1993 após a bem-sucedidatranslocação do Lóris Ultramarino (Viniultramarine) de Ua Huka para Fatu Hiva nas IlhasMarquesas, nós discutimos pela primeira vez aspossibilidades de utilizar o mesmo conceito detranslocação para proteger o Kura, aindaencontrado na Ilha de Rimatara na PolinésiaFrancesa Austral. Apesar de que no final atranslocação foi selecionada como a melhorestratégia de conservação para o Kura, diversasoutras opções foram consideradas.

À medida que novas tecnologias e habilidades sedesenvolveram e conforme ganhamos novosconhecimentos, os biólogos conservacionistas tem

m Agosto de 2008, a comunidade de Atiu nas Ilhas Cook testemunhou umacontecimento que não era visto em mais de 200 anos – o primeiro vôo de umfilhote de Lóris-de-Kuhl, ou Kura (Vini kuhlii), de um ninho em Atiu. Os paiseram recém chegados, soltos a apenas alguns meses como parte de um gruporeintroduzido em Atiu da ilha Rimatara.

mais opções de estratégias para escolher quandose considera a recuperação de uma espécie.

Tais estratégias podem incluir a reprodução emcativeiro e reintrodução (exemplo: o Periquito-dasIlhas-Maurício, Psittacula eques); a reintroduçãoem ilhas historicamente habitadas (Pássaro canorode Seychelles, Acrocephalus sechellensis);trocando ovos e/ou filhotes para serem criadospor pais de uma espécie relacionada e nãoameaçada (Tordo-negro, Petroica traversi, criadopelo Chapim da-Ilha-Chatham, Petroicamacrocephala chathamensis); continuar aincubação em cativeiro de ovos coletados no meioselvagem e soltando os jovens uma vez que osriscos da época de nascimento/primeiro vôoacabaram (para muitas espécies de rapinantes); eaté mesmo algumas estratégias simples comomanipular a dieta para reavivar hormôniosdormentes que podem iniciar o ciclo reprodutivo(Kakapo, Strigops habroptilus).

Apesar de que inúmeras dessas estratégias possamser apropriadas para estabelecer uma novapopulação de Kura em Atiu, a translocação foi aopção escolhida devido a praticidade logística,custos, considerações culturais e o desejo de levaraves selvagens que possuem comportamentosnaturais da espécie ao invés de indivíduos criados

na mão. O Kura habitava historicamente diversasilhas no sul das Ilhas Cook e na ilha vizinha deRimatara na Polinésia Francesa. Mas desde 1800ele tem sobrevivido apenas na ilha de Rimatara.Essa pequena ilha oceânica de baixo relevo temapenas 3 km de diâmetro, e uma populaçãohumana de 1000 indivíduos que trabalham naagricultura e artesanato. O Lóris de Rimatara,como é chamado nessa ilha (ou “Ura” nalinguagem do Taiti que também significavermelho) conta com uma populaçãorelativamente estável de aproximadamente 750-900 aves.

Existem diversas razões primárias para aestabilidade da população de Ura: um tabuestabelecido pela Rainha por volta de 1900

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Em um dos dois locais de ninhos observados, os lóris adultoscuidadosamente persuadem os seu filhote a sair. Ele finalmenteaparece durante o segundo dia de observação só para acabarsendo atacado por Mainás. Os lóris não desistiram e umsegundo filhote saiu do ninho 2 dias mais tarde.

proibiu qualquer habitante de exportar, explorarou machucar de qualquer modo o Lóris; umaabundância de comida graças à densidade dahorticultura e agricultura; e talvez a maisimportante de todas, a ausência de ratos-de-telhado (Rattus rattus). Logo após a primeirapesquisa de campo em Rimatara em 1992,Gerald McCormack se dedicou a encontrar umailha nas Ilhas Cook que poderia acomodar umasegunda população de Lóris dentro da sua áreade distribuição natural – uma ilha que tivessecomida, oportunidades para nidificação, umacomunidade humana que apoiasse e o maisimportante, uma ilha sem os ratos predadores.Atiu foi selecionada porque era a única ilhadentro do seu antigo território de distribuiçãoque se encaixava os requisitos. Gerald recebeu oapoio inicial da Sociedade Ornitológica daPolinésia e passou muitos anos conquistando acooperação das comunidades de Rimatara e Atiuassim como a aprovação dos funcionáriosgovernamentais na Polinésia Francesa e nas Ilhas

Cook. Finalmente obteve-se uma autorizaçãopara permitir uma reintrodução direta entre asduas ilhas separadas por fronteiras internacionais.

Em Abril de 2007 com todas as autorizaçõesgovernamentais, culturais e legais em ordem, aequipe de campo foi organizada em Rimatarapara começar o trabalho de capturar as 27 avesautorizadas pela comunidade da ilha. Onzebiólogos e conservacionistas de seis países seorganizaram em três equipes. Duas equipes sededicaram a colocar e monitorar as redes deneblina e a terceira ficava encarregada da “casadas aves” onde as aves capturadas eram isoladase mantidas para observação e avaliação sanitária.Após seis dias o objetivo foi alcançado.

Todas as aves rapidamente se acostumaram àdieta em cativeiro de mamão, flores frescas enéctar feito de um concentrado comercial.Imediatamente após a captura, as aves forampesadas e tratadas para ectoparasitas. Como uma

medida de monitoria sanitária pré-transporte eraum componente essencial desse esforço, todasreceberam um exame físico completo. E porfim, cada ave foi anilhada com anilhas decoloração específicas e numeradas paraidentificá-las com a data, local e hora em queforam capturadas. Isso permitiu quemonitorássemos a saúde e o peso de cadaindivíduo e mais tarde monitorá-los na natureza.

Seis dias após a captura da última ave, osrepresentantes da comunidade de Rimatara,diversos membros da equipe de campo e as avesforam de avião para a ilha de Atiu onde acomunidade local saudou a todos (tanto osviajantes humanos como as aves) da maneiramais carinhosa e entusiástica.

As aves foram transportadas por caminhão atédois locais em Atiu, separados por váriosquilômetros de modo a permitir que as avestivessem a oportunidade de encontrar alimentos

Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010 | 5

FROM PsittaScene Vol 20 No 4 (2008)

Endêmico de uma ilhaA reintrodução do Lóris-de-KuhlEscrito por Alan Lieberman and Gerald McCormack

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Photo: © Bruce Rideout/San Diego Zoo Photo: © Marshall Humphries

O jovem Lóris-de-Kuhl na esquerda dessas fotos é alimentado e cuidado pelos adultos que fizeram umaaclimatação surpreendentemente rápida aos seus arredores em Atiu.

sem a dificuldade adicional da competição.Cada uma recebeu uma quantidade de néctarlíquido no bico antes de serem soltos. Osdignatários de Atiu, oficiais, e crianças dasescolas participaram na soltura e tiveram aoportunidade de colocar as mãos ao redor dasdos biólogos que eram responsáveis por contere liberar cada ave.

Por mais de 15 meses após a soltura em Atiu,casais e pequenos grupos de Kura foram vistosse alimentando nas áreas cultivadas sobre todaa ilha. Além disso, quatro aves foramconfirmadas na ilha vizinha de Mitiaro,a 50 kmde distância. Em Agosto de 2008 diversosbiólogos do Zoológico de San Diego e doFundo para a Herança Natural das Ilhas Cook,retornaram a Atiu e documentaram dois ninhosativos. Em um ninho dois filhotes saíram e em

outro ninho acreditou-se terem filhotes baseando-se no comportamento dos pais.

A pesar de que os filhotes do primeiro ninho sedesenvolveram até a idade de vôo, ficou aparenteque um manejo e futura redução dos Mainás(espécie invasora - Acridotheres tristis) seriamnecessários de maneira a estabelecer o Kura comouma espécie nativa auto-sustentável em Atiu.

O principal sucesso do programa será medidopelo quanto bem a nova população de Kurapoderá se mantiver e se sustentar em Atiu sem aassistência humana. Pode ser que o bando semprenecessite de alguma intervenção na forma deproteção dos ninhos, especialmente contra osMainás.

No entanto, nesse momento o projeto foi muito

bem-sucedido em vários níveis. A captura,transporte e soltura do bando ocorreram semnenhum erro. A comunidade de Rimatara e Atiufoi incorporada no esforço desde o início doprograma e tem apoiado sem medir esforços. Detal maneira que eles agora são depositáriostotalmente engajados em não somente proteger aspopulações de Kura, mas também estão atentos ededicados para o objetivo de manter as ilhas livresde ratos.

Apesar de que o objetivo era restabelecer apopulação de Kura em Atiu, eventualmente osucesso pode ser melhor mensurado peloreconhecimento das comunidades nativas sobre aimportância de proteger os ecossistemas de suasilhas dos impactos causados pelas espéciesintroduzidas, que podem causar danosirreparáveis às populações endêmicas de lóris.

Capturando com redes de neblina as aves foramexaminadas minuciosamente e anilhadas.

Depois de um vôo até Atiu e uma grande recepção elesreceberam uma dose de néctar antes da soltura.

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Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010 | 7

Soltura de Papagaios Amazona confiscados no MéxicoEscrito por C. Macias, A. Parás, J. J. González, E. Enkerlin, B. Ritchie, E. Stone, N. Lamberski e D. Ciembor

Era um dia ensolarado, de Setembro de 2001, quando libertamos 21exemplares de Amazona oratrix e A. viridigenalis em uma floresta comcobertura florestal suficiente para os papagaios se alimentarem ereproduzirem em Tantoyuca, Veracruz, nordeste do México. Com a exceçãode sete A. oratrix nascidos em cativeiro, os restantes haviam sidoconfiscados de traficantes em território mexicano. Essas aves foramimediatamente apreendidas pelas autoridades e mantidas próximas do seuhabitat original, na Fundación ARA, um centro de reabilitação de aves.

Uma de cada quatro aves foi equipada comrádio-colar antes da soltura, de modo adocumentar a sua movimentação,comportamento e sobrevivência.

Encontramos diferenças evidentes decomportamento entre as duas espécies:Enquanto os A. viridigenalis rapidamente seuniram em bandos e voavam por longasdistâncias, os oratrix formaram casais oupequenos grupos (de até quatro) e semovimentavam apenas alguns quilômetros aoredor do local de soltura, costumando a voltarpara passar a noite. Após 12 meses demonitoramento, alguns oratrix continuavam aoredor de 5 km do local de soltura, enquanto queos viridigenalis se deslocaram mais de 40 km, ejuntando-se a dois grupos distintos da mesmaespécie, que estavam passando durante asmigrações sazonais.

Mas como decidimos libertar essas avesconfiscadas, e quais eram os riscos envolvidosno processo? Essa não é uma tarefa fácil.

A soltura de aves confiscadas semprocedimentos cuidadosos poderia trazerdiversos riscos para as populações selvagens.A motivação essencial para libertar essasespécies em particular, é que estão ameaçadas.

Suas populações tem diminuídoconsideravelmente na área de ocorrência.Outra razão era que a origem e o manejo dasaves era bem conhecido e que não haviamsido expostas a doenças/aves exóticas.Adicionalmente, as aves foram mantidas sobestritas regras de higiene e segurança. E porfim, nosso grupo possuía o conhecimento e aexperiência em estudar ambas as espécies nanatureza.

FROM PsittaScene Vol 15 No 3 (2003)

A. viridigenalis vem se alimentar nos comedouros de alimentação suplementar.

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Amazona viridigenalis equipado com rádio colar no pré-soltura.

Yellow-headed Amazon foraging in the wild.

Riscos envolvidosTrês riscos principais estão envolvidos nassolturas de psitacídeos:

1. Contaminação por doenças.2. Efeitos ecológicos indesejados.3. Poluição cultural/genética de

populações selvagens.

De modo a reduzir o risco de introduzirinadvertidamente agentes infecciosos conhecidos,nós implementamos um regime rigoroso dequarentena, e desenvolvemos um programa detriagem sanitária razoável para os agentesinfecciosos descritos para as espécies deAmazona.

Todos os exames foram negativos para cadapapagaio. As avaliações foram consideradassuficientes para a reintrodução dessas aves, quenunca haviam sido retiradas do país de origem.

Efeitos ecológicos indesejados são umapreocupação, em especial quando solturas sãorealizadas fora da área de ocorrência da espécie,já que, neste caso, espécies estariam sendocolocadas em um ambiente onde não

desenvolveram nenhuma adaptação evolutiva.Para evitar esse risco nós fizemos as solturasdentro da área de distribuição de ambas espécies.

As duas espécies foram extintas localmente, masainda havia suficiente habitat adequado.

Quando aves nascidas em cativeiro são soltas,podem introduzir características genéticas eculturais que evoluíram em cativeiro.

Os dois grupos foram adequados para a soltura,pois sua origem e área de ocorrência eram bemconhecidas. As aves não haviam sido expostas aoutras espécies e, portanto, os riscos deaprendizado de comportamento anormal erammínimos.

Soltando os papagaiosUtilizamos a técnica de “soft release”, seguindoas recomendações da Association for ParrotConservation, e IUCN. Esse procedimentoenvolveu uma fase de pré-condicionamento euma de monitoramento pós-soltura.

A fase de pré-condicionamento foi realizada nolocal de soltura. Os papagaios foram mantidosem viveiros para vôo de 1.50 x 1.50 x 10 m, queproporcionavam um exercício de vôo razoável.Dois viveiros foram montados, um para cadaespécie. Pusemos três poleiros de cada lado doviveiro e forçávamos as aves a voarem de umlado para outro por cinco minutos, duas vezes aodia, durante o período de 5 meses. Depois dealgum tempo as aves se exercitavam sozinhassem dificuldades. Também foramsimultaneamente condicionadas a comeremalimentos locais. Durante as primeiras duassemanas, receberam a mesma dieta do cativeiro.A dieta consistia de sementes de girassol,amendoins, cenoura, maçã, tamarindo, pimenta,milho e água com vitaminas. Depois de duassemanas, as aves foram condicionadasgradualmente a comer os itens naturais da região.Esses alimentos foram identificados em estudosanteriores sobre a dieta na natureza.

Depois de 6 meses de treinamento, todas as aveshaviam, com sucesso, transferido a dieta parasementes e frutas nativas. Durante os 8 meses deaclimatação, as aves foram mantidas longe depessoas e animais domésticos. Esse período detempo permitiu que se formassem os grupos.

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Amazona oratrix se alimentando de alimentos da região da região no pós-soltura.

Os papagaios também foram expostos aospredadores naturais tais como aves de rapina emamíferos, assim como às outras aves selvagensda região.

Antes da soltura, visitamos a vizinhança do localde modo a informar sobre o projeto, explicarsobre a importância dos papagaios e suaproteção e convidá-los a se envolverem noprojeto, ao protegerem e monitorarem as aves.Todos se interessaram pelo projeto eexpressaram seu comprometimento em protegeros papagaios.

Junto com os oficiais do governo, as estações derádio da região anunciaram sobre o projeto e aimportância de preservar os papagaios.

A soltura foi realizada de manhã, e um dosresultados mais animadores foi ver diversospapagaios se alimentando de sementes nativas,nas árvores próximas ao local, no mesmo dia dasoltura.

Outras aves ainda estavam dependentes daalimentação suplementar. Nós oferecemos aalimentação e água até que todas as avesestivessem capazes de sobreviver sozinhas (até 6meses).

A fase de pós-monitoramento foi realizadautilizando-se equipamento de telemetria. Quatroviridigenalis e seis oratrix foram monitoradosdurante 12 meses após a soltura até que asbaterias dos rádios parassem de funcionar.

Achados pós-solturaIdentificamos uma clara diferença entre adispersão das duas espécies. Dois bandos deviridigenalis se formaram, ambos estimuladospor grupos selvagens que passaram sobre a área,e abandonaram a área da soltura. Somente umdesses bandos retornou ao local da soltura

alguns meses mais tarde, mas deixou a áreanovamente após alguns dias. Os oratrixformaram pequenos bandos de 2 a 4 aves e semoviam juntos ao redor da área de soltura.Basicamente permaneceram 5 km ao redorárea do local de soltura, utilizando parapernoite por um longo período.

O comportamento de ambas as espécies eraesperado, de acordo com o comportamentonormal descrito em nossos estudos anteriorescom aves selvagens. Os viridigenalis secomportaram de modo mais “selvagem”,exceto por um indivíduo. Após 12 meses dasoltura, ao menos 6 aves foram confirmadasestando ativas ao redor da área.

A maior parte dos oratrix demonstrou umaforte afeição pelo viveiro e pelo local desoltura. Diversos pareciam estar acostumadoscom a alimentação suplementar, assim comocom a presença humana.

Dois papagaios eram especialmente mansos,jovens que haviam nascido em cativeiro. Após12 meses da soltura, 14 papagaios ainda eramobservados na área. Um dos registros maisrecompensadores foi a tentativa de nidificaçãodos dois casais de oratrix próxima à área desoltura. Um casal conseguiu criar dois filhotes,mas infelizmente, esses filhotes, assim comoos pais foram capturados. Isso evidenciafortemente que um programa de soltura deveestar ligado a um programa educacional delongo prazo com a população local.

RecomendaçõesBaseado em nossos resultados com essetrabalho, concluímos que utilizar o “soft release”foi crucial para a reabilitação bem sucedida ereintegração de pelo menos 50% dos papagaiosenvolvidos.

A reintrodução é atualmente um assuntocontroverso quando se refere à proteção econservação de psitacídeos. Isso se deve aosnumerosos riscos envolvidos e à falha deprojetos similares no passado.

Reintroduzir psitacídeos confiscados de volta ànatureza é uma tarefa desafiadora e difícil, demodo a garantir que as aves soltas realmenterepresentem um benefício para a conservaçãodas populações selvagens, e que não causemdanos potenciais e irreversíveis à sua própriaespécie e a outros animais selvagens.

No entanto, torna-se importante lembrar queoutras estratégias para o manejo e conservaçãode aves confiscadas são propostas. Quando seimplementa uma estratégia de soltura, éfundamental reduzir os riscos envolvidos emanter o foco nos benefícios potenciaisque o bando a ser solto irá trazer àspopulações selvagens.

Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010 | 9

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Reintrodução de Jandaia mineira na BahiaEscrito por Pedro Cerqueira Lima e Sidnei Sampaio, Fundação BioBrasil

A Jandaia mineira (Aratinga auricapilla) é classificada como vulnerável pelaIUCN/Birdlife International, e listada no Apêndice II do CITES. Considerandoque existe pouco conhecimento sobre a espécie na natureza, existe umanecessidade urgente de maiores informações sobre sua distribuição geográfica,tamanho populacional e ameaças à sua sobrevivência.

Na Bahia a Aratinga a. auricapilla, umasubespécie endêmica do estado, estádistribuída por toda a região costeira. Osbandos no sul da área de distribuição dessasubespécie tendem a ser menores do queaqueles encontrados ao norte (sul: máx 8indivíduos; norte: máx 30).

Essa diferença pode ser devido à presença degrandes plantações de côco (Coco nucifera) quedominam a paisagem da costa norte. Palmeirasmortas ou velhas servem como ninhos ideaispara muitas espécies de aves. Pica-pau-de-faixa-branca (Dryocopus lineatus) e Pica-pau-do-campo (Colaptes campestris) escavam ascavidades para fazer ninhos nos troncos daspalmeiras, que quando abandonados, servempara outras espécies tais como Corujinha-do-mato (Otus choliba), Quiriquiri (Falco sparverius),Papagaio-do-mangue (Amazona amazonica), eprincipalmente as ameaçadas Jandaiasmineiras.

Aves confiscadasDesde 1997, a divisão de proteção ambientalda CETREL, uma empresa de análiseambiental baseada em Camaçari, Bahia, temsido responsável pelos cuidados e

reintrodução de aves confiscadas do tráfico.

Em 1997, os autores receberam 10 Jandaiasmineiras, oito adultos e dois subadultos doIBAMA. Os adultos eram provavelmentecapturados na natureza, enquanto os subadultoshaviam nascido em cativeiro.

Após um período de quarentena, as aves foramanilhadas e reintroduzidas na reserva da CETREL,um mosaico de cerrado, restinga e mata atlânticade crescimento secundário de 700 ha.

Mais de 290 espécies de aves foram registradas na

reserva, incluindo predadores em potencial deJandaias mineiras, tais como o Falcão peregrino(Falco peregrinus) e Gavião-de-rabo-branco (Buteoalbicaudatus).

Áreas de alimentaçãoPara auxiliar no processo de readaptação aoambiente natural, plataformas e comedourosforam distribuídos na área, oferecendo-se frutase sementes de espécies da região.

Apesar dos bandos na área estarem visitando oscomedouros, os indivíduos anilhados foramobservados a 5 km do local da reintrodução.

10 | Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010

FROM PsittaScene Vol 14 No 4 / 53 (2002)

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Normalmente as Jandaias são predadores desementes nativas, porém podem estar agindocomo dispersoras de sementes de Dendê(Elaeis guianesis) ao carregá-las nos bicos alocais distantes onde o mesocarpo é comido eas sementes intactas são descartadas.

Apesar do Dendê ser uma espécie exótica,seus frutos constituem um recursoimportante para muitas outras espéciesfrugívoras do Nordeste.

Para estudar a biologia reprodutiva da Jandaiamineira, nós construímos ninhos artificiais decanos de PVC com o diâmetro variando de14-20 cm e um comprimento de 50-70 cm.

Os ninhos foram pintados no exterior deverde ou marrom. Ainda não pudemosdeterminar a preferência dos ninhos baseadosno tamanho ou cor, pois todos os modelosforam utilizados repetidamente por diferentesgrupos de aves.

As Jandaias que utilizaram os ninhosartificiais botaram entre 2-4 ovos, foramincubados por volta de 22 dias.

Formação dos bandosCom o crescimento da população reintroduzida,observamos a formação de até 6 bandos quevariavam entre 5 a16 aves. Esses bandos eramcompostos de jovens que nasceram nas estaçõesreprodutivas anteriores, que apreciam ajudar osfilhotes recém nascidos. Em diversas ocasiões até10 aves entraram no mesmo ninho, com essecomportamento sendo mais observado nocomeço do período reprodutivo.

Mais pesquisa é necessária para verificar se essecomportamento único, que se verdadeiro, colocaa Jandaia mineira juntamente com a Ararajuba(Guaruba guarouba), que se crê praticar essacriação altruística dos filhotes.

Estima-se que a população atual de Jandaiasmineiras na região da CETREL agora esteja porvolta de 60 aves.

Esse rápido aumento pode ser devido ao fato deque a população reintroduzida se reproduz duasvezes ao ano, em Julho e Dezembro. Serealmente são os mesmos casais que reproduzemduas vezes em dado ano, ainda nos édesconhecido.

Conforme essa população continua a crescer eexpandir sua área de forrageamento, elaprovavelmente irá se misturar com outrassubpopulações, conseqüentemente aumentando aintegridade genética dos filhotes. Programas deeducação implementados pela CETREL já sãorealizados nas comunidades da região paragarantir que as aves que migrarem para fora daárea da população original não acabe voltandopara gaiolas.

Uma reintrodução que prometeA reintrodução de psitacídeos nascidos emcativeiro ainda é uma tarefa experimental, no quala história recente demonstra mais falhas do quesucessos. As aves nascidas em cativeiro são vistascomo possuindo “deficiências comportamentais”que dificultam suas chances de sobrevivência nanatureza. Apesar de que só o tempo dirá se asaves do nosso projeto sobreviverão a longoprazo, de qualquer modo é encorajador ver apopulação crescer a cada ano, apesar da ausênciade aves selvagens para servirem de “professoras”.Talvez com algumas espécies de psitacídeoso instinto tenha um maior papel nasobrevivência do que se acreditava.

Utilização de ninho de PVC.

Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010 | 11

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Araras canindésde Volta a TrinidadEscrito por S. Malowski, Cincinnati Zoo & Botanical Gardens e D. Boodoo, Divisão Florestal de Trinidad & Tobago

Arara sendo contida para exames.

Em Trinidad essas araras utilizavam tipicamenteas Palmeiras Moriche (Mauritia setigera) comofonte de alimento em adição a ser o localfavorito como dormitório e para nidificar.

Enquanto traficantes derrubavam anualmente asárvores para roubar os filhotes das araras,fazendeiros locais cortavam e queimavam paracriar novas terras para plantação.

No final dos anos 60 as últimas Araras Canindésforam registradas e nunca mais foram vistas. Masno final dos anos 90 iniciou-se um esforçointernacional para trazer de volta ao local asararas . A idéia era translocar bandos de ArarasCanindés selvagens da Guiana até o Pântano deNariva, onde medidas legais foram tomadas paraproteger o habitat.

Lá elas se acostumariam com o local e seriamsoltas no final de 1999 e começo de 2000. Todosos esforços foram tomados para garantir queesse bando fosse, não somente fisicamentesaudável e livre de doenças, mas tambémadequadamente protegidos da intervençãohumana. O uso de anilhas de aço inoxidável emicrochips com transponder subcutâneo iriamagir como proteção adicional contra o tráfico.

Qualquer um flagrado com uma dessas avesmarcadas iria ser submetido a graves penalidadeslegais com multas e/ou prisão.

Um dos aspectos mais encorajadores a surgiremdesse projeto foi a dedicação e o entusiasmo dosmembros, participando do sistema demonitoramento da comunidade, posto em açãopela Divisão Florestal.

A Divisão recrutou e treinou indivíduos dediversas comunidades adjacentes à área desoltura, para proteção do habitat. Isso levou aum intenso monitoramento, não apenas do

movimento dos bandos das araras, mas tambémde possíveis locais de nidificação, de capturas ede queimadas. Diversos membros dacomunidade vizinha de Kernahan, ao sul, PlumMitan, ao norte, e Manzanilla Cocal, ao leste,foram designados como guardas honorários pelaDivisão Florestal com esse propósito.

Um grande exemplo dessa dedicação foi o enviode uma anilha, por um fazendeiro de PlumMitan, referente ao único caso de óbito dasoltura. Esse fazendeiro saiu muito além do seucaminho para a entrega da anilha, e esse esforçofoi bastante reconhecido e apreciado.

Não há dúvidas entre os membros desseprojeto, de que sem o envolvimento dapopulação local, o futuro e o sucesso do projetoestariam ameaçados.

Ao escrever esse artigo, a maioria do bando estáprosperando por mais de um ano, e agora jáestão entrando no primeiro período reprodutivo,embora não se saiba se a reprodução já ocorreu.Em março os autores farão diversas excursões afim dese encontrarem com as comunidadeslocais e tentarem seguir o bando paraobservações, tentando verificar comportamentoreprodutivo e de nidificação.

Atualmente, a prioridade está em aumentar obando com Araras Canindés de outras origens.Uma prioridade igualmente importante é que asrelações com a comunidade devem ser mantidas,para garantir a cooperação contínua dosdedicados guardas honorários recrutados paraesse projeto. Eles pedem pouco, e dão muito emtroca.

As discussões sobre o futuro do projetoocorrem em geral na propriedade do Presidentedo Fundo de Conservação do Peixe-Boi, Mr.Gupte Luchmedial. Sua propriedade se localizanos limites do Pântano de Nariva, e ele,pessoalmente, coordena os esforços paraproteger o Peixe-Boi da região.

O futuro das Araras Canindé no Pântanode Nariva parece promissor.

Photo: © Rosemary Low

12 | Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010

FROM PsittaScene Vol 13 No 3 (2001)

Por quase 30 anos, as coloridas Araras Canindés (Ara ararauna) não podiam ser mais vistas nasua área de distribuição original, no Pântano de Nariva, Ilha de Trinidad. Essa espéciemagnífica foi eliminada desse local devido à captura para o comércio de aves de estimação e àspressões do avanço da agricultura.

Photo: © Rosemary Low

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Photos: © courtesy of Limbe Wildlife Centre

Há muito tempo nos preocupa o comérciode Papagaios-do-Congo (Psittacus erithacus)nos Camarões e por toda a África equatorial.Estamos trabalhando ativamente nessespaíses para patrocinar fiscalização em áreasconhecidas de captura e manter contatos paraacompanhar novas ocorrências.Recentemente fomos avisados sobre possíveisexportações ilegais de Papagaios-do-Congonos Camarões, mas foi somente com a ajudadas organizações de proteção à vida selvagemlocais, como a Organização Último GrandePrimata (LAGA), que as autoridades agiram.

Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010 | 13

FROM PsittaScene Vol 20 No 1 (2008)

Uma segunda chance para Papagaios-do-Congo confiscadosEscrito por Dr. Felix Lankester, Dr Gino Conzo

A LAGA conseguiu fazer com que o ministro dogoverno se interessasse em divulgar a tentativa decontrabando e tornar os dois infratoresresponsáveis, um exemplo.

Mal comemoramos a rara condenação dessecrime, nossa atenção se voltou imediatamentepara as aves - centenas de Papagaios-do-Congoilegalmente capturados. Providenciamos umpatrocínio emergencial nos primeiros dias dacrise, e rapidamente implementamos um pedidode ajuda online através do nosso site paradivulgar a história e arrecadar dinheiro para ajuda.

Com o tempo, enviamos assistência veterinária esuprimentos na forma de medicamentos vitais para ajudaressas aves – vítimas de um comércio ilegal interminável.

Após serem ilegalmente capturados e quase irem paraexportação. utilizando documentos falsos,aproximadamente 700 dos 1220 Papagaios-do-Congoforam soltos e receberam uma segunda chance deliberdade. A história é contada pelo Centro de VidaSelvagem Limbe, nos Camarões, onde houve essainesperada mudança de foco de suas atividades rotineiras– primatas ameaçados capturados para o tráfico de carnee animais de estimação.

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NEscrito pelo Dr. FelixLankester, Gerente doProjeto, Centro de VidaSelvagem Limbe (LWC)No dia 24 de Novembro de 2008,recebemos um chamado de queaproximadamente 500 Papagaios-do-Congo haviam sido confiscados peloMinistério Florestal e de Vida Selvagem noaeroporto Internacional de Douala. Ospapagaios estavam sendo enviadosilegalmente para Bahrain para seremvendidos no comércio de aves deestimação.

Foi uma loucura quando chegaram,amassados em pequenas caixas, as aves queainda viviam estavam por cima dos seuscompanheiros mortos. Foi uma visãoterrível.

No entanto, isso foi pouco em comparaçãoao que estava para acontecer logo emseguida, porque no dia 5 de Dezembrorecebemos outra ligação – um segundocarregamento ilegal de aves foi apreendidono mesmo aeroporto. Era um caminhão ,carregado com 727 papagaios. Em menosde duas semanas havíamos recebido 1220aves. Lidar com essas situações poucocomuns e de forma tão rápida, foi um feitoda nossa equipe, que teve que se adaptar dodia para a noite do cuidado de primataspara aves. Nós tivemos de agir rapidamentepara acomodar as aves, e começamosconstruindo novos aviários.

681 papagaios foram logo soltos nas áreasflorestais próximas. Outros 59 foram

selecionados para soltura seis semanasmais tarde. Eles, como a maior parte dasaves remanescentes, haviam ganhoconsiderável peso nessa época e estavammuito mais fortes e saudáveis.

Ainda assim, as restantes 300 aves nãopodiam ser soltas naquele momento, poistinham penas danificadas ou coladas(foram capturados utilizando cola nostroncos de árvores frutíferas) ou estavammuito doentes para serem soltas. Essasaves começaram uma reabilitação etratamento de longo prazo. No entanto,devido ao dedicado trabalho dosresponsáveis por implementar as leis sobrea vida selvagem dos Camarões, pelomenos essas aves puderam ser salvas. Ocaso chamou a atenção da mídiainternacional e revelou uma corrupçãoocorrendo no alto escalão. O trabalhocom o comércio de psitacídeos permitiu aLAGA revelar como criminosos de“colarinho-branco” prosperam emcumplicidade para conseguir encobrir demaneira “legal” e eliminar os fatores derisco, e talvez o que seja mais importante,persuadiu o governo nacional a tomarações contra os responsáveis. E nósconseguimos apenas imaginar quantosoutros carregamentos de aves conseguemser bem sucedidos indo para fora do paíssem serem detectados.

A história desses papagaios, e de tantosoutros animais, sinaliza como as florestasdo Camarões estão sendo saqueadas pelocomércio insustentável de animaisselvagens.

Sua história...Sua história...

L to R: Os Papagaios-do-Congo resgatados são libertos das gaiolas de transporte ilegal.

14 | Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010

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suplementos fitoterápicos contendo vitaminas,aminoácidos e minerais para ajudar a estimularo crescimento de novas penas.

Também deixamos outras recomendações paraque esses papagaios tivessem uma melhorchance de recuperação e sua eventual soltura.Propusemos modificações nos aviários, taiscomo um substrato macio feito de palha ououtro material, para reduzir os efeitostraumáticos de quedas, já que muitos eramincapazes de voar.

Também sugerimos que substituíssem oscochos de água e comida feitos de metal poroutros de materiais mais seguros, baixar ospoleiros, e cobrir os aviários com folhas depalmeiras ou outros materiais de modo a criaruma barreira visual entre as aves e os visitantespara reduzir o stress. A equipe de Limbetambém foi treinada quanto à melhor maneirapara lidar com psitacídeos, como medicá-los ecomo realizar pequenos procedimentosmédicos.

De modo geral, apesar de não ter sido fácil, foiuma ótima experiência, bastanterecompensadora. Fomos capazes de tratar todasas aves, e aguardamos ansiosamente o diaem que serão libertadas.

aviários onde os papagaios eram mantidos.Observou-se que a maior parte das penas devôo de todas as aves estava ou cortada ouquebrada, ou ainda coberta com cola utilizadapara prendê-los, mas as aves estavam em boacondição nutricional. Anestesiamos cada avecom Isofluorano, removemos as penasdanificadas com pinças cirúrgicas e tratamos osfolículos para prevenir infecções. Dessamaneira trabalhamos, ave após ave, todo o dia,por mais de cinco dias.

Mais ou menos 12 aves tinham feridas nopeito que pareciam ser antigas, causadas porquedas. Elas foram tratadas e colocadas emgaiolas menores. Algumas irão provavelmentenecessitar de cirurgia para reduzir o tamanhodo ferimento e agilizar recuperação. Quatroaves tinham uma corrente ou um anelamarrados à perna, provavelmente sendoutilizadas como chamariz para outras aves aserem capturadas.

Nosso dia de trabalho começava às 8 damanhã e continuava sem descanso até as 5horas da tarde. Nós deixávamos as avessozinhas quando ainda havia algumas horas deluz antes do pôr do sol de modo quepudessem comer, já que não tocavam noalimento em nossa presença.

A sua dieta consistia de frutas, coquinhos depalmeira, e uma mistura de angu feito comfarinha de mandioca, ao qual nósaconselhamos que se adicionassem feijõescozidos. O angu era tratado com 1% dedoxiciclina para tratar clamidiose, que haviasido previamente diagnosticada, e paraprevenir infecções nos folículos das penas, e

Escrito pelo Dr. Gino Conzo,Nápolis, ItáliaConforme as semanas se passaram e todas asaves capazes de serem soltas foram liberadas,se tornou claro que as aves restantesprecisavam que suas penas danificadasfossem removidas. Esse procedimento longoe trabalhoso era urgentemente necessáriopara estimular o crescimento de novas penase permitir que as aves fossem soltas muitomais rapidamente.

Quando o WPT me perguntou se eu poderiaviajar para Limbe e auxiliar, alegrementeaceitei. Em 16 de Janeiro, viajei paraCamarões com Mario D’Angelo, umvoluntário italiano. Nossas bagagens estavamlotadas com antibióticos, luvas descartáveis,seringas, fios de sutura, e uma grandequantidade de suplementos vitamínicosdoados pela GEA International. Umsuprimento de doxiciclina injetável de difícilobtenção havia sido obtida pelo WPT naSuíça e enviada pela empresa DHL atéLimbe.

Logo percebemos, assim que o clima quentee úmido nos recepcionou na chegada aDouala, que a tarefa não seria simples. Essa éa estação seca nos Camarões, comtemperaturas médias de 30°C e alta umidade.Ainda assim, apesar do desconforto, nossaprimeira manhã revelou um local comnatureza rica e aparentemente intacta.

Recebemos uma calorosa recepção de Felix ede toda a equipe do LWC, e começamos atrabalhar imediatamente na área que haviasido montada para nós, próxima aos dois

Aviário construído para reabilitação e posterior soltura. Ave tendo as penas retiradas sob anestesia inalatória.

C

Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010 | 15

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O Papagaio Pesquetuma espécie que necessita de estudosEscrito por Andrew L. Mack, Wildlife Conservation Society

A Nova Guiné e suas ilhas costeiras possuem 56 espécies de psitacídeos, dasquais duas são consideradas vulneráveis e sete quase ameaçadas. Nenhuma éconsiderada criticamente ameaçada. Porém esse status aparentemente estável demuitas espécies, resulta da relativa baixa densidade populacional humana na área,e da existência de grandes florestas intactas.

Uma das espécies vulneráveis é o PapagaioPesquet (Psittrichas fulgidus). Esse gênero éconsiderado uma linhagem que divergiu deoutros psitacídeos logo no início evolutivodessa família.Relativamente poucas aves sãomantidas em cativeiro, e a reprodução temsido particularmente difícil.

Além de informações morfológicas básicase observações do cativeiro, pouco seconhece dessas aves no meio selvagem. Nodecorrer de diversos estudos de campoiniciando em 1987, fomos capazes de fazerdiversas observações de aves selvagens ecriamos três filhotes em cativeiro e ossoltamos.

As informações que fomos capazes decompilar e as observações que fizemossugerem que essa espécie é exclusivamenteespecializada em algumas espécies defigueiras.

A especialização extrema entre frugívoros éincomum porque a maior parte das plantasfrutificam somente durante certas estações. Noentanto, as figueiras são incomuns porque diferentesindivíduos dentro de uma população frutificamassincronamente.

As aves com dietas estritamente especializadas sãovulneráveis às perturbações no ambiente. Se algumasespécies de figueiras desaparecerem com a extraçãomadeireira, os Pesquet podem ser incapazes de seadaptar às mudanças.

A modificação do habitat e a especializaçãoalimentar do Pesquet não é a única ameaça à espécie.A ave é em grande parte de coloração preta, porémo ventre e as asas possuem penas que são de umvermelho vívido. Essas poucas penas vermelhaspodem ser a perdição para essa espécie, pois sãoaltamente cobiçadas como itens de comércio e paraa ornamentação entre os muitos gruposétnicos da Nova Guiné.

Esses jovens Papagaios Pesquet tem quase 1 ano de idade e foramadquiridos de caçadores locais que os levavam para vender na cidade.Foram criados na mão e soltos de volta na natureza.

Nós deixamos um poleiro com alimentos na varanda da casa e eles voltavamcada vez menos para se alimentar. Após vários meses raramente voltavam paracomer, mas ficavam empoleirados nos poleiros próximos a casa.

FROM PsittaScene Vol 11 No 4 (1999)

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O som do bater de asas no cume das árvores revela os Periquitos das IlhasMaurício se banhando nas folhas umedecidas. Assim que os olhos seacostumam à sua incrível camuflagem, mais e mais periquitos se materializamaté que quinze ou vinte aves podem ser vistas.

Não muito tempo atrás essa visão era apenas um sonho...

FROM PsittaScene Vol 19 No 4 (2007)

Os Periquitos das Ilhas Maurício Retornam )))Escrito por Jason Malham

Periquito-dasilhas-Maurício passa sobre a estação de estudos.

Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010 | 17

A clareira de Plaine Lievre é a maior estação deestudos de campo dirigida pela Fundação deVida Selvagem das Ilhas Maurício, e o local dosprimeiros esforços para salvar o Periquito daextinção.

Desde aqueles difíceis dias houve um enormeprogresso na recuperação dessa espécie. Nesteano, nós atingimos um dos nossos maioresobjetivos com o anúncio de que o Periquito dasIlhas Maurício (Psittacula eques) foirecategorizado na lista de animais ameaçados,passando de Criticamente Ameaçado paraAmeaçado! Nunca antes um psitacídeo

Somente uma década atrás o Periquito-das-Ilhas Maurícioera considerado o psitacídeos mais ameaçado do mundo.

Era um momento de grande alegria ver umúnico voando sobre essa clareira.

extremamente raro havia melhorado naclassificação, e em menos de dez anos. Com umapopulação atual estimada em 330 aves, o programaultrapassou as expectativas de muitas pessoas.Esse sucesso foi obtido com anos de trabalhoduro por muitas pessoas dedicadas e apaixonadas.

É importante lembrar que o Periquito das IlhasMaurício ainda está muito ameaçado. Oaparecimento recente da Doença do Bico e dasPenas dos Psitacídeos (PBFD) na população temsido um enorme fator para complicar a suarecuperação. A doença foi visivelmente observadana população de Periquitos desde o começo da

estação reprodutiva de 2004/2005 quando cinco ouseis aves de solturas prévias foram observadas comos sinais clínicos iniciais do vírus. Testar apopulação é agora uma grande prioridade para oprograma do Periquito.

Estamos numa situação fora do comum em relaçãoà pesquisa da doença. Oitenta porcento ou mais dasaves estão identificadas com anilhas coloridas.Sabemos da ascendência da maior parte dessas avese muitas podem ser estudadas a longo prazo.Estamos monitorando o desenvolvimento daPBFD desde seu início. Existe uma longa lista dequestões as quais queremos responder, tais como:

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Certo número de aves haviam desenvolvidopenas amarelas e subseqüentemente serecuperaram nas seguintes mudas de penas. Amaior parte dessas aves foi comprovadamentepossuindo anticorpos contra a doença. Nóstínhamos uma fêmea que desenvolveu penasamarelas e anormais, sendo positiva pela técnicade PCR para infecção viral ativa. Um ano maistarde ela tinha se recuperado e agora estávisualmente completamente normal! Portanto,parece que algumas aves, incluindo indivíduosrealmente infectados, estão superando ainfecção.

Juntei-me ao programa em um ótimo momentoporque muitas das técnicas intensivas de manejojá haviam sido tentadas, controle de roedores ealimentação suplementar já estavam bemdesenvolvidas. A primeira caixa de ninhoartificial havia sido usada e modificações nosninhos já haviam sido desenvolvidas com bonsresultados. Também os filhotes dos períodosreprodutivos anteriores estavam acabando dechegar a maturidade sexual. Tiramos proveito detudo isso e fizemos pequenas melhorias edurante os anos seguintes a população dePeriquitos aumentou consideravelmente.

Conseguimos terminar o manejo intensivo dasaves em reprodução depois de 2004/2005,porque já havia suficiente número de avesreproduzindo, e de filhotes se desenvolvendo

para que o crescimento da população pudessecontinuar. Em 2005/2006 o programa passoupara um regime menos intensivo de “manejomínimo”. Isso foi um objetivo de médio prazo,mas nós atingimos um período reprodutivomais cedo do que o esperado. O manejomínimo se concentra em somente proteger osninhos, fornecer caixas de ninhos artificiais ealimentação suplementar. Todos os filhotes sãodeixados sem interferência. Aqueles filhotes quenão estão se desenvolvendo direito não sãoretirados, e também não se criam na mão nemse fazem solturas.

Depois de séculos de destruição do habitat,apenas 1.27% das florestas nativas das IlhasMaurício permanecem intactas. A florestadegradada tem tido dois grandes impactossobre os Periquitos. Uma redução naabundância e variedade de árvores frutíferasendêmicas, e a regeneração lenta das árvoresdas quais as aves dependem para fazerem osninhos nas cavidades.

A predação de Periquitos pelos ratos de telhadoe por Macacos tem tido um impactosignificativo. Mainás Indianos comem os ovos efilhotes, e roubam ninhos. Os Ringnecks(Psittacula krameri) são extremamente comunsnas Ilhas Maurício (números acima de 30.000!)e competem com os Periquitos por ninhos epossivelmente por comida.

Esses oito Periquitos representam o que pode ter sido a população total em todo mundo menos de 20 anos atrás.

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• Qual a proporção da população que estáentrando em contato com o vírus?

• Por quanto tempo o vírus tem estadoafetando a população?

• Seriam os Ringnecks uma fonte de infecçãopara o vírus?

• Qual é a taxa de mortalidade?

• O que acontecerá a longo prazo com as avesque sobrevivam à doença?

Um grande componente da pesquisa do períodoreprodutivo atual será testar a população deRingnecks para conhecer a prevalência daPBFD. Planejamos testar mais de 50 aves.

Nesse estágio não temos certeza qual será oimpacto a longo prazo que o vírus irá ter nestaespécie. No entanto, estamos aprendendo mais acada ano, enquanto obtemos mais resultadoslaboratoriais e continuamos as observações alongo prazo de indivíduos. O fornecimento dealimentação suplementar tem sido uma enormeajuda para nosso objetivo de monitorar de pertotantas aves quanto possível.

Embora a doença do Bico e das Penas napopulação de Periquitos possa ser uma péssimanotícia, há entretanto, algumas boas notícias.

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P. eques demonstrando sinais da infecção por PBFD.

No final dos anos 80 era óbvio para as pessoas,tais como o líder do projeto Carl Jones, que casonão fosse feito algo imediatamente, a espécieestaria caminhando rapidamente para a extinção.

Durante os primeiros anos, o programa derecuperação se concentrou em aprender porque aespécie era tão rara e porque não estava sereproduzindo bem. A partir da metade dos anos90 o manejo foi intensificado e técnicas como atransferência de filhotes foram experimentadas.

Avançando para o período de 2006/2007 ondenão realizamos manejo intensivo, houve 60tentativas de nidificação por 57 fêmeas, compostura de 160 ovos e 72 filhotes sedesenvolvendo!

No último ano tivemos um caso excepcional deum casal criando quatro filhotes saudáveis! Essa éprovavelmente a primeira vez que esse tipo desituação ocorre em centenas de anos.

Algumas das técnicas que utilizamos incluem:

• Reidratação de filhotes malnutridos por 24 a48 horas na maternidade antes de seremrecolocados em ninhos na natureza ou emcativeiro.

• Diminuir o número das crias de 3 para 2 ou 1.

• Trazer ovos que não estavam sedesenvolvendo bem para a maternidade, demodo a serem monitorados e receberemauxílio durante a eclosão.

• Fornecer às fêmeas que tivessem ovosinférteis, ou com mal desenvolvimento, ovos

falsos para mantê-las chocando, até que osfilhotes estivessem prontos para seremcriados.

Nestes tempos em que cada vez mais espéciesestão se tornando ameaçadas, esse é um exemploencorajador que inicia um tendência.

Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010 | 19

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�Os filhotes são manejados rapidamente esilenciosamente durante as checagens de rotina dosninhos. Pesos e medidas são tomados para determinar oprogresso do desenvolvimento, enquanto que os paisobservam por perto com uma calma surpreendente.

Casais e pequenos grupos de Papagaios-de-bico-grosso (Rhynchopsitta pachyrhyncha) seempoleiram nos topos de altos pinheiros eálamos, observando seus arredores antes decontinuar. Eles então vão em direção àsconíferas que proporcionam o principalalimento, pinhões, e começam a forragear.

Essas aves persistem em um habitatdesprotegido que vêm sendo rapidamentedestruído; as florestas onde antesprosperavam agora estão quase totalmentedestruídas.

Viajei do Canadá até o norte do México como Diretor do WPT, Jamie Gilardi, para sabermais sobre esses psitacídeos ameaçados e seusprimos de parentesco, os Papagaios-de-fronte-castanha (Rhynchopsitta terrisi), e paramelhor compreender o que nós podemosfazer para salvar essa espécie.

Fomos lá com os pesquisadores daUniversidade Monterrey Tech (ITESM) – noNordeste do México, um dedicado grupo decientistas que vêm estudando a ecologia dosPapagaios-de-bico-grosso e seu declínio pormais de uma década.

Enquanto faziam as inspeções dos ninhos, ospesquisadores Javier Cruz e Francelia Torrescuidadosamente retiram os filhotes dascavidades nas árvores e das caixas de ninhosartificiais para medir a taxa de crescimento ecoletar outras informações para assegurar queas aves estão se desenvolvendoadequadamente, somando-se ao crescenteconhecimento sobre a biologia reprodutiva.

Os pais estão empoleirados por perto epermanecem admiravelmente calmos enquantoessas estranhas criaturas de duas pernasseguram seu filhote. Agora eles já estão bemacostumados à visita freqüente dospesquisadores aos seus ninhos e pacientementeesperam que o exame termine antes deentrarem na cavidade para alimentar os filhotes.

De alguma maneira, estando aqui nessa florestaMexicana nebulosa com um filhote de papagaioem minhas mãos, eu tomo consciênciafortemente da urgência dessa situação.

E então sobrevém o sentimento de que algumacoisa deve ser feita para salvar essa espécie deuma vez por todas. Eles já desapareceram demuitas partes de seu território original. Odesafio mais urgente é prevenir quedesapareçam completamente.

Ameaças para os Papagaios-de-bico-grosso:Historicamente as ameaças a essa espécie temsido numerosas. Anteriormente encontradospor toda Sierra Madre ocidental e tão longequanto o sudeste dos EUA, as populações dePapagaios-de-bico-grosso foram inicialmentedizimadas pela caça, desaparecendo do territórioamericano por volta de 1920.

O seu habitat remanescente (menos de 10% dasflorestas de crescimento lento na Sierra Madreocidental, no norte do México) agora estáameaçado por uma série de ameaças: fogo,ataques de insetos, madeireiras e agricultura,com o aquecimento global contribuindo paratodos os motivos anteriores.

Recentemente tem havido uma série de anos debaixa produção de pinhões, apesar de que osmotivos para essa tendência continuem incertos.A área de reprodução que visitamos, Madera, éúnica porque os Papagaios-de-bico-grossonidificam aqui quase que exclusivamente emvelhas árvores de álamos. Infelizmente, essasárvores agora estão morrendo naturalmente emgrandes quantidades com muitas dessas árvoresidosas caindo a cada ano, freqüentementecontendo um ninho em atividade.

Javier e Francelia tomaram para si a horríveltarefa de salvar os ninhos caídos, coletando osadultos mortos e salvando os filhotessobreviventes, algumas vezes fazendo tantoquanto amarrar troncos com ninhos caídos,filhotes e tudo o mais às árvores jovens.

Soluções:Nos últimos vinte anos diversos gruposdedicados tomaram medidas para estudar eproteger as populações remanescentes. Essesesforços incluem a proteção do habitat,translocação de aves selvagens para novas áreas,a reprodução em cativeiro e solturas.

Os estudos com aves selvagens começaram nosanos 70 e 80 juntamente com tentativas desolturas de aves confiscadas e nascidas emcativeiro nos EUA.

No meio dos anos 90, a ITESM e a ProNaturacomeçou a pesquisar as aves selvagens e aITESM continua esse trabalho até hoje. Em2002 o Projeto de Terras Selvagens com ogoverno Mexicano e ProNatura considerou quea proteção de uma área de nidificação seria

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FROM PsittaScene Vol 20 No 4 (2008)

Raios de esperançaUma espécie em declínioEscrito por Steve e Desi Milpacher

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�Os Papagaios-de-bico-grosso ficambastante atentos em uma árvore próxima,esperando que os pesquisadores do projetocompletem as inspeções dos ninhos.

importante – a Reserva da Floresta Tutuaca – foiconseguida através da cooperação com umacooperativa de agricultura de 40.000 acres com74 sócios locais.

Com uma preocupação crescente pelas avesselvagens, ITESM, ProNatura e o WPTorganizaram em conjunto os encontros emChihuahua em 2005 incluindo muitospesquisadores de psitacídeos e diversas ONGs eorganizações governamentais dos dois lados dafronteira. Planejando os encontros quecontinuaram desde 2007 a ITESM, ProNatura eo WPT conduziram observações aéreas paraavaliar habitats adequados e novas áreas empotencial para solturas no norte de Chihuahua eno Arizona.

Três solturas de aves confiscadas e criadas emcativeiro foram realizadas nos EUA no final dosanos 80 e começo dos 90. Essas solturasconseguiram atingir um sucesso parcial comalgumas tentativas de procriação apesar de que asaves liberadas eventualmente acabaram sedispersando. Três translocações experimentais deaves selvagens adultas no México foramparcialmente bem-sucedidas apesar de que em

ambos os casos, os adultos voltaram para suaárea de nidificação original logo após a solturaou no ano seguinte.

A ITESM está atualmente conduzindo todos ostrabalhos de conservação em campo e seu focotem sido na ecologia e reprodução com ênfaseespecial na sobrevivência dos filhotes. No anopassado, o WPT apoiou o trabalho para projetar,construir e pendurar 20 novas caixas de ninhosem árvores adequadas.

Incrivelmente as aves utilizaram os ninhosimediatamente, algumas já produzindo filhotesno primeiro ano. Os biólogos da Universidadetambém monitoram de perto a sobrevivênciados filhotes e os resultados indicam que essasmedidas estão funcionando, inicialmente aoaumentar as taxas de sobrevivência de filhotes eas oportunidades reprodutivas.

Para as aproximadamente 270-300 aves emreprodução no meio selvagem se esforçandopara criar os filhotes com sucesso, desenvolveressas ferramentas está provando ser um aspectoimportante para a conservação da espécie.Recentemente, pouco mais de 100 ninhos ativos

foram bem-sucedidos – muito menos do quepreviamente se acreditava.

Necessidades para o futuro:Com o passar dos anos nós aprendemos muitosobre os Papagaios-de-bico-grosso, explorando asua biologia, as ameaças que enfrentam, e assolução para sua recuperação a longo prazo. Esseconhecimento irá moldar as decisões em relação asua preservação.

Ainda há chance de salvar essa espécie. Umaabordagem completa em resolver os problemasque afetam essas aves é muito necessário, ao que seinclui:

• Adquirir mais terras para um santuárioprotegido em Madera, cujo tamanho está sendodeterminado. Essa ação é resultados dosesforços dos governos locais e federais, e degrupos da comunidade.

• Envolver as comunidades locais para utilizar osrecursos naturais de uma maneira sustentávelatravés de programas educativos. Isso asseguraque a biodiversidade da área seja preservadatanto para humanos como para animais.

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O uso recente de ninhos artificiais trouxe uma nova esperança para essa espécie em declínio a medida que as árvores de álamo que tempreferência acabam por morrer. As aves utilizam os ninhos imediatamente, conseguindo criar filhotes no primeiro ano de uso dessa técnica.

A população de Madera dos Papagaios-de-bico-grosso tem uma forte preferência por nidificar em árvores de álamo o que os põe em perigo.Conforme as árvores envelhecem algumas vezes levam também os ninhos. Alguns poucos filhotes sortudos sobreviveram a tal queda e foramencontrados pelos pesquisadores. Os ninhos foram em alguns casos levados até outras árvores ao amarrar parte do tronco da árvore caída.

• Manejo intensivo das populações emcativeiro para prepará-las para solturaspotenciais nos próximos anos, de modo arestabelecer as aves em áreas do seu antigoterritório de distribuição.

• Continuar o desenvolvimento das técnicasde translocação e de solturas de cativeirocomo uma ferramenta para administrar asaves selvagens e nascidas em cativeiro.

• Empreendendo a pesquisa genética paradeterminar como melhor manejar tanto aspopulações de aves assegurando aviabilidade genética da espécie a longoprazo.

• Realizar pesquisas sobre doenças.Particularmente focando o vírus da Febredo Nilo Ocidental, uma doença de grandeimportância tanto para humanos como paraos Papagaios-de-bico-grosso.

• Estudar os efeitos do aquecimento globalno habitat remanescente (que se tornouevidente devido ao aumento das queimadase danos causados por insetos).

• Introduzir projetos de ecoturismo edesenvolvimento de empregos para trazerrenda às populações locais e encorajar a não-destruição do habitat.

As populações de Papagaios-de-bico-grossoestão diminuindo por toda a sua área dedistribuição e sem uma intervenção mais diretaeles irão provavelmente continuar adiminuir nos próximos anos.

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A soltura de psitacídeos reabilitados pelo CRASno Pantanal Sul-Mato-GrossenseCasos de sucesso reprodutivo de animais humanizadosEscrito por Vinicius Andrade Lopes, Élson Borges dos Santos

Os psitacídeos são os animais mais capturados do Mato Grosso do Sul para abastecerem o comércioilegal de animais de estimação. Milhares de filhotes destas aves são coletadas em diversas regiões doestado pela população local, aliciada por atravessadores oriundos principalmente da região sudeste doBrasil. O papagaio verdadeiro (Amazona aestiva) e a Arara Canindé (Ara ararauna) são duas das espéciesmais apreendidas pela fiscalização no MS chegando aos milhares no Centro de Reabilitação de AnimaisSilvestres do MS em Campo Grande. A reabilitação, soltura e monitoramento destes animais têm umpapel fundamental para a conservação destas espécies, garantindo que boa parte deles retorne aoambiente natural contribuindo para manutenção das suas populações. A maioria destas aves apreendidassão recepcionas ainda filhotes, durante a época de reprodução na primavera e início do verão. Animaisadultos, humanizados, com comportamento estereotipado também chegam ao centro através deapreensões ou doados pela população. A reabilitação e soltura destas aves humanizadas é um desafioainda maior para o CRAS, que vem demonstrando ao longo dos 22 anos de existência do centro, que éum trabalho possível e viável.

O Centro de Reabilitação de Animais Silvestres –CRAS foi criado em julho de 1988 pelo Institutode Meio Ambiente – Pantanal, (IMASUL), desdeentão, já foram recepcionados e destinados cercade 24 mil espécimes para conservação in-situ(repovoamentos) e ex-situ (zoológicos,criadouros, pesquisa científica). Essas atividadeslevam em conta fatores relacionados à sanidadeanimal e à distribuição natural das espécies,buscando atentar para as recomendações daIUCN (1987) e do IBAMA quanto a destinaçãode animais confiscados, para que a soltura deanimais apreendidos não provoque desequilíbriosrelacionados à introdução de espécies e/oudoenças exóticas a uma determinada região.Qualquer tipo de trabalho voltado para adestinação de animais apreendidos deve seguircritérios rigorosos, para que não ocorramconseqüências negativas à fauna local.

Após criteriosa triagem, os animais sãoselecionados para diferentes destinos de acordocom as informações obtidas sobre o animal, seuestado de asselvajamento e saúde. Grande partesão selvagens encontrados perdidos ouacidentados nas rodovias e cidades do MS edevolvidos à natureza o mais rápido possível,seguindo a recomendação da legislação (IBAMA

IN 179). Os que apresentam comportamentoshumanizados, doentes e/ou acidentados sóretornam à natureza se forem consideradosaptos após criteriosa reabilitação que leva emconta o comportamento, o estado físico e asaúde.

As solturas são realizadas em áreas previamentecadastradas e vistoriadas quanto a ocorrência daespécie no local, quanto a ausência de pressão decaça e qualidade ambiental, entre outros fatores.Quando possível, os animais soltos sãomonitorados a campo para se obter informaçõessobre taxas de sobrevivência, sucesso dereprodução, e possíveis danos ambientais. OProjeto Papagaio verdadeiro, realizado de 2001 a2003 é um exemplo deste monitoramento. Foiobservado que cerca de 60% dos papagaiosverdadeiros soltos pelo CRAS e pelo Projetosobrevivem ao primeiro ano e com boaporcentagem de sucesso reprodutivo (Seixas,2006). A espécie é a mais utilizada atualmentepara repovoamento devido à facilidade nomanejo, e por ser o grupo mais abundante noCRAS.

Atualmente o CRAS conta com dezenas defazendas no estado de Mato Grosso do Sul,

principalmente no bioma Pantanal, cadastradaspara recepção de animais silvestres reabilitadospara soltura livre e/ou recepção de animais comproblemas físicos como fiéis depositários destesanimais. A solicitação de cadastro é feita poriniciativa dos proprietários, interessados naconservação da fauna, através de preenchimentode um formulário contendo informações sobrelocalização, vocação econômica, infra-estrutura ecaracterísticas naturais da área. Após isto, ostécnicos do CRAS realizam uma vistoria napropriedade para levantamento de informaçõessobre características da vegetação local, espéciesda fauna presente, aspectos sócio-culturais comopresença de caça, práticas de queimada edesmatamento e intenção real de conservaçãopor parte dos proprietários.

Após a seleção das áreas, são firmados termosde parcerias com os proprietários. Esta parceriaconsiste em o proprietário fornecer apoiologístico (estadia e alimentação) para ospesquisadores nas viagens a campo para solturae monitoramento dos animais. O proprietáriotambém se compromete a construir e manterrecintos de aclimatação pré soltura para receberos animais a serem soltos para repovoamento,assim como fornecer a alimentação adequada

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para os animais. Em troca, o proprietário poderápermitir a visitação monitorada aos recintoscomo atividade turística para sua fazenda, alémde divulgação da parceria com o CRAS.

Os recintos são construídos em madeira e telaem malha de 2cm, nas dimensões adequadaspara cada espécie a ser reintroduzida nanatureza, seguindo estrutura orientada pelostécnicos do CRAS. A forma de soltura é asoltura branda (soft release) em que as avespermanecem no recinto por cerca de 2 diasrecebendo alimentação artificial composta poritens da dieta fornecida pelo CRAS e outroscolhidos no ambiente natural local. Após esteperíodo, as portas do recinto são abertas e osanimais vão, aos poucos, tomando a liberdade.Esses recintos mostraram-se muito eficientes nasoltura dos animais, sendo consideradosfundamentais. Neles os animais podemdescansar da viagem até a propriedade antes dasoltura, receber água e alimentação adequada. Otempo e o número de animais que permanecemna propriedade foram muito ampliados com autilização desses recintos. Este tempo depermanência dos papagaios e araras nas fazendassão em média de um ano, mas alguns se tornamresidentes e tem-se registrado sucessoreprodutivo. O monitoramento dos animais érealizado pelos técnicos do CRAS, no mínimodurante os primeiros 4 dias após a soltura. Findoeste período, o monitoramento é realizadoatravés de informações (em questionáriospróprios) fornecidas pelos técnicos quetrabalham nas próprias fazendas. Regularmente,são realizadas novas visitas pelos técnicos doCRAS, para o monitoramento. Ao deixarem o

recinto as aves permanecem nas redondezas evão aos poucos explorando o local, buscandogradativamente a alimentação nativa enquantoainda recebem um reforço de alimentaçãosuplementar através de coxos espalhados pelapropriedade.

Área de soltura e monitoramento de fauna doPantanal Park Hotel – Corumbá, MS

A Fazenda Figueirinha – Pantanal Park Hotel(PPH) está localizado no Pantanal do MatoGrosso do Sul, às margens do Rio Paraguai, nomunicípio de Corumbá, MS. (19°33’51”S57°26’18”W). Trata-se de uma área comcaracterísticas típicas do Pantanal, no qualpredomina a vegetação de mata ciliar do RioParaguai, e campos alagáveis. A propriedade temparticipado do programa de soltura emonitoramento de animais silvestres do CRAS apartir 2005. Desde então foram realizadas novesolturas de psitacídeos como demonstra tabelaabaixo.

A. aestiva e A. ararauna são as espécies quepermaneceram maior tempo na área de soltura doPPH podendo ser monitoradas e registradas seusucesso reprodutivo. Dentre estas aves soltashaviam aquelas consideradas “não amansadas”criadas em cativeiro no CRAS desde filhotes(cerca de 6 meses de idade) e animais“humanizados” entregues pela população comhistórico de muitos anos de cativeiro. Durante areabilitação estas duas categorias de aves forammantidas juntas no mesmo recinto possibilitandoum aprendizado mútuo entre elas. Essametodologia se mostrou muito eficaz na

diminuição dos comportamentos estereotipadosdos animais humanizados permitindo suasoltura. Nossas observações contrariam a idéiageralmente apregoada de que estes animaisamansados não podem ser devolvidos ànatureza. Muitos magistrados no Brasil lançammão desta concepção, a nosso ver equivocada,para conceder guarda doméstica para psitacídeosapreendidos pela fiscalização em cativeiro, o queestá longe de garantir boa qualidade de vida paraestas aves.

Quando da soltura, muitas destas aves aindapossuíam comportamento diferente daspopulações nativas, tendo ainda certadependência dos cuidados humanos paraalimentação e proteção. A vocalização destespapagaios e araras é, na maior parte do tempo, aimitação da fala humana. A convivência comanimais mais bravios durante a reabilitação emcativeiro e no ambiente natural após a soltura,faz com que os comportamentos humanizadossejam diminuídos de freqüência aos poucos.Entretanto, alguns comportamentosestereotipados estarão sempre presentes, emmaior ou menor grau, no rol decomportamentos dos animais.

Seixas (2005) monitorando papagaiosverdadeiros soltos pelo CRAS entre 2003 e 2005no Pantanal Sul Mato Grossense observou queestes se comportam de uma maneira diferenciadae ocupam áreas muito menores (cerca de 10 Ha)que as de papagaios selvagens. Seixas relatou anidificação e reprodução de casais formadosentre os animais soltos e que muitos destesninhos eram construídos em edificações

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Filhotes de Amazona aestiva nascidos emninho artificial na área de soltura noPantanal de pais humanizados por cativeiro.Foto: Claudinez Serafim da Silva.

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humanas. Na Fazenda PPH observamos omesmo comportamento. Registramos casais de A.aestiva nidificando em forros de residência,caixas d’água e um casal de A. araraunanidificando dentro da churrasqueira da fazenda.Certamente estes tipos de ninhos são mais fáceisde serem localizados e registrados sendoresultado de um comportamento de somenteparte dos animais soltos.

Em outubro de 2008 acompanhamos odesenvolvimento de um ninho de A aestiva deum casal de animais muito humanizados porémreabilitados e soltos pelo CRAS na fazenda. Oninho foi construído em caixa ninho colocada

em árvore de Cambará (Vochysia divergens )próxima a área de soltura. Interessante notar queo casal, apesar de ainda “falante”, utilizava avocalização selvagem típica da espécie na maiorparte do tempo, provavelmente aprendida com oconvívio com animais selvagens residentes nafazenda. Apresentavam também comportamentoagressivo contra nossa equipe para proteção doninho. O casal estava sempre acompanhado deum terceiro papagaio que também entravafreqüentemente no ninho, talvez auxiliando ospais. Encontramos 5 filhotes saudáveis e combom desenvolvimento corporal e das penas. Nocomeço da manhã (08:00) estavam com papocheio evidenciando bom cuidado alimentar

fornecido pelos pais. Os filhotes foramanilhados para monitoramento futuro.

Em Julho de 2009 iniciamos o monitoramentodo casal de A. ararauna também com históricode longo período em cativeiro doméstico, quenidificou dentro de uma churrasqueira da sededa fazenda. As aves também se mostrarammuito agressivas quando da aproximação dealguma pessoa o que podemos considerar umcomportamento muito positivo para o sucessoos filhotes e que demonstra a capacidade deaprendizado de comportamentos com apopulação selvagem nativa. Foi gerado 1 filhotesaudável o qual foi anilhado. Os pais revezavam

Ovo e filhote recém nascido de Ara ararauna em ninho emchurrasqueira em Fazenda no Pantanal. Foto: Elson Borgesdos Santos

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Papagaios verdadeiros reabilitados e soltos pelo CRAS em fazenda noPantanal. Ao fundo e a esquerda árvore de Cambará com caixa-ninho.Foto: Vinicius Andrade Lopes

Filhote de Ara ararauna em ninho em churrasqueira em Fazenda noPantanal e um dos pais guardando a entrada em comportamento agressivo.Foto: Claudinês Serafim da Silva

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no choco dos ovos e na alimentação do filhote.Foi necessário isolar a área devido aagressividade das aves.

Após 5 meses, os pais e os filhotes deixaram oninho, permanecendo ao redor da sede na maiorparte do tempo, por cerca de mais 7 meses.Após este período, que consideramos decrescimento dos filhotes, os animaispermaneciam longe da sede, fora do alcance daequipe de monitoramento. Estes filhotes setornaram adultos saudáveis e são vistoseventualmente na área da fazenda até omomento, juntamente com os pais.

A maioria das Araras Canindés soltas napropriedade também permanecem nasproximidades das edificações e pomares por

cerca de um ano. Após este período, são vistosesporadicamente, principalmente quando novasararas são colocadas no recinto de aclimataçãopara nova soltura. Provavelmente são atraídaspela vocalização dos novos habitantes a seremsoltos, e demonstram comportamento deestabelecimento de território.

Com o monitoramento contínuo dos animaispela equipe do CRAS com importante auxíliodos proprietários da Fazenda Figueirinha,provavelmente surgirão novos registros desucesso reprodutivo de animais reabilitados esoltos. Os casos de nidificação daquelespsitacídeos com comportamento humanizado, ecom histórico de longo período em cativeiro,nos dão segurança para afirmar que, para estetipo de aves, a soltura com reabilitação e

monitoramento é viável e pode contribuirpositivamente para a manutenção daspopulações naturais das espécies. Certamente ageração seguinte destas aves já estarácompletamente selvagem e independente decuidados humanos.

ReferênciasSEIXAS, G. H., 2005. Relatório TécnicoConclusivo. Papagaios (verdadeiro e Galego):monitoramento e conservação no corredor debiodiversidade Cerrado-Pantanal, Mato Grossodo Sul – Brasil. Pp 40.

SEIXAS. G. H., 2006. Papagaio verdadeiroAmazona aestiva. Em: MAGALHÃES, R. 2006.Iniciativas para preservação de psitacídeos. ECO.Associação para estudos do ambiente.

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Soltura e Reprodução de Amazona aestivaem Tremedal-BAEscrito por Associação Bichos da Mata. Resumo baseado no relatório Biól. Giselle Góes Filadelfo. (www.bichosdamata.org.br)

Os trabalhos de soltura e monitoramento na Fazenda Realeza, município de Tremedal, sul da Bahia,de propriedade do Sr. Ivar Ferraz, através do registro visual e de entrevistas com os moradores daregião, vêm demonstrando sucesso com grande percentual de sobrevivência (vide Revistas Áreas deSoltura e Monitoramento de Animais Silvestres IBAMA–SP - 2006 e 2008) Em Agosto de 2006 eOutubro de 2008 foram soltos, respectivamente, 33 e 30 Amazona aestiva. Antes das aves seremlevadas à área da soltura, foi feita marcação externa nos indivíduos na região peitoral com tinta atóxicade secagem rápida, para facilitar a visualização à distância. No dia 23/09/08 foram repatriados 14fêmeas e 16 machos, de São Paulo à Bahia.

Foram confeccionados viveiros suspensos ondeas aves permaneceram no período deambientação, instalados comedouros comcoberturas para suplementação alimentar ecaixas-ninho para dar suporte na reprodução.

No dia da soltura (14/10/2008) às 6:00h, foioferecida uma quantidade maior de frutas, paraque ficassem saciados antes da soltura.

A soltura foi do tipo branda (soft release) às8:00h, para que as aves pudessem sairgradativamente. No período da manhã até as12:00h, saíram apenas três indivíduos quepermaneceram próximos ao viveiro. À tardeentre 14:00h e 16:00h saíram 12 indivíduos.

As portas do viveiro foram mantidas abertasdurante todo o dia. Alimentos e água foramoferecidos diariamente nos comedouros ebebedouros presente nos viveiros e nosarredores até a evasão total, até os animais

Viveiro suspenso para o período de ambientação.

adquirirem habilidades para buscar seu próprioalimento. Durante a noite as portas dos viveiroseram fechadas para evitar entrada de qualqueroutro animal.

O monitoramento foi realizado a curto, médio elongo prazo. A curto prazo foi o mais intenso,ocorrendo logo após a soltura das aves noperíodo de 10 dias. A médio-prazo ocorreu apósum mês da soltura com um período mínimo detrês dias em campo. A longo-prazo ocorreu aolongo do ano de 2009 nos meses de fevereiro,maio, agosto, setembro e dezembro, com umperíodo mínimo em campo de três dias.

Os locais de monitoramento forampreconizados seguindo metodologia do projetoda primeira soltura em 2006, onde foi delimitadoem três raios: nas proximidades dos viveiroscom raio de até 100 m; nos arredores dosviveiros em um raio de 100 a 500 m e navizinhança, com raio de 500 a 1000 m dosviveiros.

O método utilizado para observação das avesapós soltura foi de transectos, onde osindivíduos foram detectados e registrados aolongo do caminho percorrido, através devisualização direta com auxílio do binóculo eregistros fotográficos.

Os dados observados foram sobre: localização econtagem dos indivíduos, a atividade realizada, aalimentação, interação entre os indivíduos soltose com os da soltura de 2006 e com os nativos,dispersão e reprodução.

A identificação individual foi capaz decomprovar a formação de casais e integração abandos selvagens, assim como pareamentoentre os indivíduos das duas solturas.

Nos primeiros dias após a soltura, ao final datarde, alguns indivíduos ficavam desnorteados,voando de um lado a outro, a procura de umabrigo para dormir. Três indivíduos, nosegundo e terceiro dia, chegaram a pousar notécnico, estavam cansados com respiraçãoofegante, foram então colocados no viveiropara passar a noite.

No total, confirmou-se cerca de 36 indivíduosdas duas solturas nas proximidades e arredoresdo local da soltura. Em fazendas vizinhas, oitoindivíduos foram confirmados.

Outros A. aestiva não encontrados podemestar explorando a mata, pois se observaalguns sobrevoando os viveiros e a casa do Sr.Ivar, de uma mata a outra. Verificou-se apresença de uns cinco indivíduos que descemem frente a casa, mas não se aproximam docomedouro.

No dia 22/12/08, foram instalados 10 ninhosartificiais na área de soltura. Os ninhos foramfeitos com tubos de PVC, fechados commadeira, pintados com tinta à base de esmaltesintético marrom e receberam uma numeração,sendo pendurados em árvores com corda denylon de 1 cm de espessura, a uma altura decerca de 2 a 3 m sendo espalhados em um raiode 400m dos viveiros de ambientação.

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Dois A. aestiva, anilha BMATA 092 (macho) eBMATA 005 (fêmea), foram flagrados um diaapós a soltura juntos na mangueira localizadapróxima aos viveiros.

Este casal é observado sempre nas proximidadesdos viveiros e da casa do Sr. Ivar. Em agosto de2009, foram vistos alimentando-se nocomedouro próximo aos viveiros e também nocomedouro nas imediações da casa. Tambémforam observados entrando na casa à procura dealimentos. O BMATA 092 aproximava-se dostécnicos na “casa base” à procura de alimento.Apesar de apresentar esse comportamento, nãopermite aproximação por pessoas.

Logo após a soltura, o BMATA 005 demonstrouum comportamento de aproximação com

humanos, subindo algumas vezes nos técnicospara ficar no ombro. Mas após um ano, houvebastante redução de imprinting, apesar de ficarnas imediações da casa do Sr. Ivar e também de,eventualmente, entrar na casa, porém não maispousando no ombro e não deixando humanos seaproximarem.

Cerca de 10 meses após a soltura, observou-se ocasal freqüentando a árvore com o ninhoartificial 08, e em dado momento foramflagrados adentrando o mesmo.

Constatou-se a postura com dois ovos no ninhoartificial 08 do casal, BMATA 092 e BMATA005, no dia 11/08/09, com 36 dias já haviaocorrido a eclosão dos ovos.

Com 32 dias após a verificação da eclosão, osfilhotes foram anilhados, anilhas BMATA 5 007 eBMATA 5 008.

BMATA 092, macho (esquerda) e BMATA 005fêmea (direita). Um dia após a soltura 15/10/08.

BMATA 005 dentro do ninho artificial e BMATA092 em cima do ninho.

Postura e eclosão dos filhotes do casal monitorado.

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O filhote BMATA 5 008 saiu do ninho no dia08/11/09 e voou em direção ao local dasoltura, cerca de 400m do ninho. No final datarde, ele se encontrava com os pais em umpau-ferro. No dia 09/11/09 foi flagrado apenasno final da tarde voando com os pais.

O outro filhote, BMATA 5 007 ficou o tempotodo na porta do ninho. O Sr. Ivar relatou queno dia 10/11/09 o encontrou no chão abaixodo ninho e o colocou de volta porque nãoestava voando. Dois dias após, não seencontrava mais no ninho e não se conseguiuencontrá-lo mais. No dia 21/11/09 os doisfilhotes e os pais foram vistos nas imediaçõesda casa, e os pais os estavam alimentando.

Os filhotes BMATA 5 007 e BMATA 5 008,após um mês da saída do ninho, foram vistosdiariamente acompanhando os pais.Apresentaram o mesmo comportamento dospais na alimentação e exploração do local (sãoobservados sempre nas proximidades dosviveiros e da casa, mas não entram na casa).

Os filhotes foram observados freqüentando ocomedouro presente no local da soltura, etambém foram observados no comedouro nasimediações da casa. Observou-se também queestavam alimentando-se de itens naturais, comofrutas e brotos florais disponíveis no ambiente.Além disso, avistou-se o pai (BMATA 092)regurgitando no bico do filhote BMATA 5 007e este descansando juntamente com os pais.

Em dezembro de 2009, a fêmea BMATA 005,foi atacada por uma jibóia no telhado dodepósito localizado em frente ao local dasoltura, mas foi salva pelo filho do proprietário,ficando alguns dias debilitada nas proximidadesda casa, mas já se encontra recuperada e voltoua voar com sua família.

Outros exemplos interessantes envolvem duasfêmeas (PMSP D 018 e BMATA 033) que sãoobservadas juntas desde a soltura. No inícioBMATA 033 demonstrava um comportamentode socialização com humanos maior, ficando otempo todo querendo subir no ombro dostécnicos.

Contudo, houve bastante redução de imprintingda BMATA 033, pois após algum tempo nãosobe mais no ombro, apesar das duas ficaremsempre nas imediações da casa. Em setembrode 2009, observou-se uma exploração maior daárea por ambas.

Em outubro de 2009 BMATA 033 foi atacadapor um gavião (sem definição da espécie) e caiucerca de 300m da casa do Sr. Ivar, esta foirecapturada e colocada em uma gaiola pararecuperação, pois estava com a asa esquerdamachucada. Depois foi colocada no viveirodestinado ao período de ambientação das avespor ter mais espaço.

Durante esse período, o A. aestiva PMSP D018 foi observado o tempo todo próximo aoviveiro onde se encontrava a BMATA 033 emrecuperação. Com dois meses, BMATA 033foi totalmente recuperada e liberta novamente,realizando vôos sem dificuldades.

Outro caso envolve o BMATA 5 061, queapós a soltura, passou três dias em uma árvoresem descer para comer e vocalizava como umfilhote. Foi então recapturado e recolocado emum viveiro onde passou cinco dias pararecuperação, pois estava muito magro. Mesmocom a porta aberta, ele permaneceu por maisdois dias dentro do viveiro. No dia em que oBMATA 5 061 saiu do viveiro, no período datarde, foi flagrado com outro A. aestiva anilhaNCF 05 009 em uma árvore de pequeno portecerca de 100m dos viveiros. No dia 31/11/08os dois A. aestiva foram vistos na proximidadeda casa, local onde permanecem semprejuntos.

Grande parte dos indivíduos, embora voltepara se alimentar da alimentação suplementar,são observados explorando e alimentando-sede fontes alimentares naturais.

Filhote anilhado.

BMATA 5 008 alimentando-se com os pais.

Jovem BMATA 5 007 à esquerdaalimentando-se de siriguela nasproximidades da casa - 18/12/09.

BMATA 033, com a asa machucada, emrecuperação após ser atacada por um gavião.

BMATA 5 061 (esquerda) e NCF 05 009(direita), na amendoeira nas imediações da casa.

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Reintroduçáo de Psitacídeos | Março 2010 | 31

Foi verificado o óbito de um indivíduomacho, por agressão intraespecífica, no dia03/11/08, e a companheira não foi mais vistapela área, não havendo confirmação se foi aóbito ou se ainda encontra-se pela área.

A participação e envolvimento da populaçãoda região, especialmente devido aos grandesesforços do Sr. Ivar e sua família, mostraram-se vitais também para que dois indivíduos que,infelizmente, tinham sido capturados etiveram retiradas as anilhas, pudessem serresgatados e soltos novamente. Oenvolvimento da população também seevidenciou no fato de diversos proprietáriosfornecerem por conta própria alimentaçãosuplementar e contribuir na divulgação dosavistamentos, assim como denunciar capturasdas aves do projeto.

Do total de 63 indivíduos soltos na FazendaRealeza, são detectados 38 indivíduos, sendoque dois indivíduos da primeira soltura forama óbito e uma fêmea (companheira de ummacho em óbito) não foi mais encontrada.

É relatado por dois proprietários de fazendasvizinhas, que A. aestiva da soltura visitam assuas propriedades diariamente, mas não

BMATA 050, cerca de 300m do local da soltura, alimentando-se de semente de ‘leucena’. Foto: 22/12/08

permanecem, sendo cerca de oito indivíduos emuma propriedade e dois indivíduos em outrapropriedade.

Além disso, são vistos indivíduos voando baixopela área, algumas vezes pousando e vocalizandonos arredores da sede da fazenda em momentosde maior concentração de A. aestiva anilhadosno comedouro, sendo possivelmente da soltura,pois os nativos são observados voando alto pelaárea da fazenda e não são vistos pousandopróximo à sede das propriedades.

Portanto, além dos indivíduos detectados, cercade 50% da primeira soltura e 76% da segundasoltura; são observados outros em vôos e/ounos arredores do local da soltura e fazendasvizinhas. Demonstrando que existem maisindivíduos anilhados pela área totalmenteadaptados a natureza, podendo essasporcentagens serem na realidade maiores do queo observado até o momento.

Apesar de alguns indivíduos permanecerempróximos às casas das propriedades, fato quepode estar relacionado ao tempo em cativeiro, ede grande parte visitarem o comedourodiariamente, não são receptivos à aproximaçãode humanos.

Houve casos de dois casais da primeirasoltura (2006) em atividades reprodutivasem 2007, sendo um registrado emfotografia. E em 2009, foi registrado onascimento em liberdade de dois filhotesem ninho artificial por um casal dasegunda soltura (2008), obtendo sucessona criação dos filhotes.

Tais registros indicam o estabelecimentoda maioria dos espécimes soltos naFazenda Realeza, demonstrando quepapagaios criados em cativeiro temcapacidade para adaptação e sobrevivênciaem liberdade, tendo principalmente oapoio dos proprietários das fazendas parasua proteção.

Agradecimentos: Empresa baiana de águae saneamento (EMBASA) de Vitória daConquista; Secretaria de Meio deAmbiente (SEMA) de Vitória daConquista.

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Reintrodução de Arara-piranga em El SalvadorEscrito por Robin Bjork, SalvaNATURA, El Salvador. Texto resumido: The Scarlet Macaw in Guatemala and El Salvador: 2008 Statusand Future Possibilities - Species Recovery Workshop

Em 2007, a SalvaNATURA recebeu um patrocínio para 3 anos, vindos dedoações privadas, para a reintrodução de Arara-piranga (Ara macao) em ElSalvador. A ONG trabalha num programa de pesquisa tri-nacional (El Salvador,Honduras e Nicargua) com o Ministério do Meio Ambiente. Os doadoresabriram recentemente um chalé ecológico na costa de El Salvador, e procurarama SalvaNATURA com o objetivo de apoiar um projeto de conservação.

O principal objetivo do projeto é estabelecer umapopulação selvagem auto-sustentável de Araras-piranga em El Salvador.

Restabelecer uma espécie numa localidade ondese distribuíam originalmente é muito mais do quesoltar indivíduos e esperar que sobrevivam portentativa e erro.

A reintrodução deve ser conduzida utilizandouma estratégia com avaliação preliminar baseadaem critérios científicos das características físicas esociais, e realizando o monitoramento pré e pós-soltura.

Tendo as melhores informações filogenéticas, umacordo entre um grupo de assessoria deve serfeito em relação à formação do estoque genéticode aves para a reintrodução.

As estratégias específicas para reintrodução depsitacídeos podem ser encontradas em Snyder etal. (2000)

Objetivos, Métodos e AtividadesNossas considerações iniciais para o projetoincluem a existência de um local parareintrodução dentro da área de distribuiçãohistórica da espécie, que haja habitatsuficiente na área de reintrodução, que ascausas da extinção sejam identificadas, edeterminar os impactos potenciais (negativose positivos).

Também é vital disseminar a informação ediscutir a reintrodução das Araras-pirangacom as comunidades na área do projeto, einiciar o componente de educação ambientaldirecionado à proteção de psitacídeos.

A área do projeto foi escolhida por incluirtrês áreas protegidas, dentro da área debosques secos da América Central, onde aespécie se encontrava, por estar dentro daárea de foco dos projetos de biodiversidade eeducação ambiental doUSAID/SalvaNATURA, e por ser uma áreaonde existe o potencial para ecoturismo, oque proporcionaria incentivo para ascomunidades locais apoiarem o projeto.

HondurasUma tentativa de reintrodução com Arara-piranga foi realizada nos anos 90 na IlhaZacate Grande, em Honduras. A EstaçãoBiológica de Zacate, uma reserva privadacom 2100 ha na ilha, pertence ao dono deuma grande fábrica de alimentos baseada emTegucigalpa.

O seu trabalho com as araras começou em1996-1997, quando receberam 4 filhotes

confiscados do tráfico. Alguns anos mais tardereceberam 5 outras araras (adultos e filhotes),também confiscados de origem desconhecida.

Eles organizaram uma plataforma de alimentaçãoe instalaram ninhos artificiais no centro dapropriedade. As aves receberam alimentaçãosuplementar e também se alimentavam de frutosselvagens, incluindo cajus, mangas e tamarindos.Nenhuma das aves foi anilhada e o status dosindivíduos não é conhecido. Elas não tiveram asatividades reprodutivas monitoradasformalmente, contudo algumas nidificaram ecriaram filhotes.

Em 2007, foi observada a primeira utilização deuma cavidade em árvore para nidificar. Astentativas anteriores haviam sido em ninhosartificiais. Foi observado 3 tentativas denidificação em 2008, uma das quais teve os ovospredados, porém com sucesso nos outros dois.

Ara macao da soltura realizada.

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Algumas aves foram registradas fora da reserva,e já se reportou a captura de araras nascomunidades próximas e na ilha adjacente.

Acredita-se haver no momento cerca de 20araras em liberdade. É encorajador saber quemesmo sem o condicionamento pré-soltura essasaves estão se alimentando na natureza eprocriando. Como modelo, existem sérios riscosem relação a esse tipo de “reintrodução”. Testespara doenças não foram realizados e não houvedocumentação do projeto. As aves não têmmedo de humanos, continuam a depender daalimentação suplementar e parecem ter secondicionado a nidificar em situaçõesinapropriadas (ex. baixo próximo ao chão) o queas torna altamente vulneráveis a humanos eoutros predadores. Necessita-se de vigilância emanutenção diária. Contudo, existem casos ondeessa estratégia (semi-selvagens e bandos commanejo intensivo) é aceitável porque é a única

maneira que uma espécie sobreviveria fora dezoológicos ou para resgates de populaçõescriticamente reduzidas.

No entanto, dado o potencial de transmissão dedoenças para as populações selvagens, umaavaliação sanitária adequada deve serconsiderada um componente crítico de qualquerestratégia.

Avaliação do habitatAs Arara-pirangas são primariamente granívoras,forrageando uma variedade grande de espéciesde plantas, consistindo principalmente desementes não maduras, mas também polpa defrutas, flores, e outras partes das plantas (folhase caule). A espécie é considerada relativamenteadaptável em relação à dieta e pode sobreviverem habitat ligeiramente degradado se osimpactos antropogênicos tais como a caça e otráfico forem minimizados.

Para avaliar a capacidade do habitat em forneceralimentos para as araras reintroduzidas na áreado projeto estamos conduzindo uma análisepara determinar quais recursos alimentaresocorrem na área, onde e quando estãodisponíveis, e em qual quantidade. A avaliaçãode recursos para nidificação é uma baixaprioridade nessa fase do projeto.

Educação ambientalSerá crítico para o sucesso garantir o apoio dacomunidade local e sua participação.

Ações de envolvimento com o público e visitasàs escolas são as maneiras principais queagiremos nessa questão. Um programa efetivo

deve lidar com os problemas primários quelevaram à extirpação da espécie, principalmente acaptura e degradação do habitat.

O tráfico é provavelmente a ameaça atual maisimportante, pois mesmo que a soltura seja feitadentro de uma área protegida, as aves facilmentesaem desses limites e entram em contato comhumanos. Precisamos ter um programaeducacional holístico que trabalhe parainfluenciar as atitudes em relação à conservaçãode psitacídeos.

Será incluído o ensino sobre as leis nacionaiscom respeito à captura e destruição do habitat.No entanto, a ação policial é um elementonecessário para o sucesso. Considerando aprecariedade da ação policial salvadorenhaenvolvendo a vida selvagem, nós planejamosaumentar e apoiar ações mais enérgicas sobre oscrimes sobre a vida selvagem, e consideramosincluir ações educacionais para as equipespoliciais. Já existem diversas iniciativas paraeducação ambiental na área do projeto, eacreditamos que ao se colaborar com ostrabalhos existentes, tanto facilita nossotrabalho quanto beneficia as comunidades.

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Dez experiências adquiridas com a solturade periquito-da-caatinga, Vincent Kurt Lo, Superintendência IBAMA-SP. E-mail: [email protected]

Endêmica do nordeste brasileiro, Aratinga cactorum é capturada filhote emninhos comumente encontrados em cupinzeiro e, por vezes, comercializadafalsamente como jovem de papagaio. Os animais normalmente são destinados aomercado receptor da região sudeste.

No artigo “Repatriação, revigoramento emonitoramento de aves silvestres em área desoltura - Tremedal – BA” na revista I Encontrode Áreas de Soltura e Monitoramento – 2006,IBAMA/SP, citamos, no exemplo de caso 1, asoltura de 31 Periquitos-da-caatinga, Aratingacactorum.

Apresentamos aqui algumas informações sobreesse grupo reintroduzido, como histórico dosanimais e algumas das experiências testadas eadquiridas com esta espécie.

Em março de 2003 houve a maior apreensão deaves silvestres conhecida para o Estado de SãoPaulo, com cerca de 3.000 animais transportadosilegalmente de caminhão, proveniente da Bahia.Dentre as diversas espécies, estavam 78 A.cactorum, com apenas alguns meses de vida,sendo que dois deles já se encontravam em óbito.Os demais foram depositados no Centro deManejo de Animais Silvestres- Cemas/FF. Emoutubro de 2004, eram apenas 39 ossobreviventes da barbárie. Após quarentena,exames, avaliação e liberação pelos técnicos daFundação Parque Zoológico de São Paulo, quepassou a gerir o Cemas no final de 2004, 30 A.cactorum conseguiram ser repatriadas à Bahiaem Outubro de 2005, com mais um indivíduoproveniente do Parque Ecológico do Tietê.

Após mais de um mês de novo isolamento, osanimais foram transferidos para 3 viveiros naárea de soltura Fazenda Realeza, em Tremedal.Sete dias depois, no dia 12 de dezembro de 2005,procedeu-se o soft release, com a abertura dasportas dos viveiros e a liberação dos animais,com alguns dos resultados apresentados napublicação supra citada. A seguir 10 auto-críticase sugestões levantadas:

1) Seria muito interessante a possibilidade demanutenção dos animais no habitat natural deorigem dos mesmos. Mesmo que jovens, apósalgum tempo de recuperação, poderiam serrepatriados para centros de reabilitação dosestados nordestinos, os quais devem se equiparpara tais eventos com condições básicas esimples de manejo como as empregadas naaclimatação após serem repatriadas. Condiçõesclimáticas do município de São Paulo, aindamais na região da Cantareira, não se mostrampropícias a espécies de caatinga. A recuperaçãoe adaptação em condições da área de solturasão, em tese, preferíveis.

2) Após quarentena e avaliação e alta clínica esanitária, mostra-se adequado oencaminhamento de animais aptos à solturadiretamente para os sítios onde serão liberados,evitando-se mais uma etapa de manejo, stress epossibilidade de contaminação.

3) Testou-se a marcação nos animais comdiversos tipos de tinta atóxica. A pintura comcaneta preta na garganta dos animais apresentoupouco destaque. A pintura com caneta de pontagrossa vermelha (tipo “Pilot”),semelhantemente ao utilizado por traficantes ao“maquiar” os animais, fazendo-os passarem porpapagaios, foi a que resultou em melhormarcação. Entretanto, cerca de um mês depoisda soltura, já houve um clareamento de mais de50% em época chuvosa (Foto), e 3 mesesdepois já era imperceptível. Pintura com tintaesmalte na base do bico também se mostrarampouco duradouras. A pintura com tintavermelha no peito não parece ter afetado oreconhecimento intraespecífico, ou geradoqualquer comportamento antagonístico nosanimais. Posteriormente, a tinta mais efetiva,que tem sido utilizada em papagaios tem sida ade marca Epson, de recarga de cartulhos, sendovisível por cerca de 3 meses após a liberação.

Grupo de A. cactorum noCetas de Vitória da Conquista.

Aclimatação nos viveirosda área de soltura.

Tentativa de pintura com preto nagarganta e marcação não evidente.

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4) Inserir frutas encontradas no local e esconderalimentos para ativar comportamentoexploratório demonstraram bons resultados.Observou-se, por exemplo, A. cactorum de vida-livre alimentando-se de umbu (Spondiastuberosa). Oferecendo-se este fruto para osanimais no período de ambientação pré-soltura,após alguns desprezos ou negativas, observou-sea experimentação e aceitação de alguns dosanimais, o que foi seguido por outros após talconstatação. Da mesma forma, ocultandosementes em cabaças secas, ou oferecendo frutosinteiros e com cascas, os animais apresentaramcada vez mais comportamento exploratório emais ativo do que simplesmentedisponibilizando-os expostos. Sendo animaiscuriosos e exploradores, os psitacídeos têm umatendência de rápido aprendizado, o que pode seraproveitado para os testes de alimentação.

5) Nos viveiros de ambientação, foramutilizados os mesmos comedouros aos quais elesestavam acostumados no período de isolamento.

6) Após a soltura, boa parte do grupoapresentou rápida dispersão, o que dificultou acontagem a médio-longo prazo. Um possívelestratégia seria manter alguns outros animais damesma espécie em gaiolas/viveiros na área desoltura, sem serem soltos, o que poderiacontribuir para referência dos animais soltos,lembrando serem animais sociais e gregários.

7) O período da soltura foi em dezembro de2005, ainda no final do período reprodutivo.Para psitacídeos, a soltura após o períodoreprodutivo possa contribuir para agrupamentonos bandos existentes, tendo em vista que osgrupos estariam mais abertos ao recrutamento.

Animais com marcação de pinturavermelha no peito, alguns dias apósa soltura, nos comedouros artificiais,e animais um mês após a soltura,com a marcação em vermelho jápouco evidente.

Sementes sendo ocultadas em cabaçae comportamento exploratório einvestigativo de busca observados.

Umbu utilizado na alimentação.

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8) Houve um óbito constatado de um dos A.cactorum por predação de gavião, provavelmenteRupornis magnirostris, que voou em bote ecapturou um dos indivíduos, que estava comoutros dois, que por sua vez, voaram assustados.Treinamentos prévios em cativeiro, com gaviõesempalhados, ou serpentes taxidermizadas ouartificiais, aliadas com vocalizações dosrespectivos rapinantes, e seguidas porperseguição aos animais, poderiam contribuirpara facilidade de fuga dos animais soltos.

9) Ninhos artificiais podem ser utilizados paraabrigo, não apenas na época reprodutiva.Cupinzeiros ou similares feitos com barro podemser testados. Adultos e jovens na naturezadormem entocados, e o aprendizado desse hábitono cativeiro pré-soltura, possibilitará acontinuidade do comportamento natural emvida-livre

10) Outra possibilidade para futuros trabalhos éincluir outros animais no grupo, com diferentesidades, se possível animais capturados adultos, oque permitiria certamente a transferência deaprendizado referente aos hábitos da espécie paraos demais.

Obviamente tal relato não tem a pretensão decriar algum paradigma, ou ser alguma receitamágica, o que julgamos inexistir quando se tratade manejo de vida silvestre.

Ninho artificial testado e nãoaproveitado pelos animais.

Mesmo com tais deficiências, os resultados desobrevivência a curto prazo, apresentados narevista de 2006 se mostraram promissores, emesmo a médio prazo, pois observou-se 257dias após a soltura 3 animais anilhados quevoltavam esporadicamente aos viveiros desoltura e comedouros, e agrupados com animaisde vida-livre.

Tais fatos indicam que, mesmo sem umcomplexo trabalho prévio de reabilitação, atépara animais que foram retirados filhotes doninho, é possível obter um relativo sucesso noseu restabelecimento à vida-livre.

Em agosto de 2009 outro lote com 35 Aratingacactorum foi enviado de São Paulo para a

Tremedal-BA, provenientes da AssociaçãoBichos da Mata - BMATA (15 indivíduos) e daONG SOS Fauna (20 indivíduos). Relatórios dosmonitoramentos estão sendo elaborados porbiólogos da BMATA e poderão fornecercomparações com a soltura aqui apresentada.

Apesar de trabalhos pilotos como o aquiapresentado com procedimentos simples seremmuitas vezes desprezados, ou sequer realizados,por aguardar-se possuir equipamentos ou

Soft release com a abertura das portas,e indivíduo observado nasproximidades da área da soltura, 257dias depois.

tecnologias sofisticadas, ou inúmeras equipes acampo, que muitas vezes não estão disponíveisno dia-a-dia dos centros de triagem ou áreas desoltura; entendemos que podem contribuir paradiversos fins, dentre os quais adquirir experiênciae conhecimento sobre a reintrodução da espécie,além de diversos outros benefícios, diretos eindiretos à conservação, como a conscientizaçãoda população, o envolvimento de proprietárioslocais na proteção da fauna, e parceriaspara o desenvolvimento de tais trabalhos.

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Soltura e monitoramento da Jandaia verdadeirana Ilha de São LuísRoberto Rodrigues Veloso Júnior (Coordenador do Projeto/NEZC – UEMA/CETAS de São Luís e Analista Ambiental – IBAMA/MA [email protected]),Luziene Conceição de Sousa, Marcelle Luanna de Oliveira Brito - (Graduandas em Ciências Biológicas/UEMA)

Após consulta do Núcleo de Fauna do estado de São Paulo sobre a possibilidadede repatriação e recepção da jandaia verdadeira (Aratinga jandaya), decidimos poriniciar estudos de campo para obtermos mais informações sobre a ocorrênciahistórica da espécie e seu possível status de conservação na Ilha de São Luís.Inicialmente recorremos à realização de entrevistas com moradores, que nosinformaram ser a espécie rara na Ilha, no entanto, muito comum nos municípiosvizinhos com distância mínima de 50 km. Apesar dos resultados obtidos nasentrevistas, localizamos dois pequenos grupos entre janeiro/07 e fevereiro/08,um na região da A.P.A do Itapiracó (aproximadamente 8 animais) e o outro naregião do Calhau (10 a 15 animais). Após estes resultados recebemos 12espécimes que estavam na Associação Bichos da Mata/Itanhaém – SP einiciamos o projeto de repatriação, com o objetivo maior de construir a primeirabase para realização de solturas monitoradas de aves na Ilha e incluir osespécimes apreendidos e entregues pela população ao CETAS de São Luís.

O Sítio Aguahy fica localizado no município deSão José de Ribamar – MA, Ilha de São Luís,(2º38’76”S; 44º08’22”W). Possui 600 hectares. OS. Aguahy passou a figurar como Área deSoltura e Monitoramento de Animais Silvestresem abril de 2005, pois representa uma das áreasmais conservadas da Ilha, e até o momento(janeiro de 2009), mais de mil espécimes já

foram soltos na área pelo CETAS. No seuentorno existem seis comunidades e uma área demata nativa de aproximadamente dois milhectares, no entanto, sob intensa pressãohumana, principalmente, expansão urbana eretirada de pedras, desmatamento paracomercialização de lenha e carvão, eagropecuária.

A partir de fevereiro de 2005, com reforço nosanos subseqüentes, principalmente em fevereirode 2008, foram realizadas palestras educativasnas comunidades do entorno do Sítio Aguahycom o objetivo de sensibilizá-los quanto ànecessidade de conservação/preservação dosprocessos naturais para a manutenção daqualidade de vida e da importância dos animais

Imagem da área de soltura e monitoramento de animais silvestres Sítio Aguahy,compreendendo também o seu entorno, localizado na Ilha de São Luís – MA.

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silvestres nesses processos. Além das ações desensibilização foram realizadas ações defiscalização, principalmente para combater acaça, queimadas e desmatamentos.

As jandaias verdadeiras chegaram de São Paulo eapós uma semana foram encaminhadas para aA.S.A.S S.Aguahy (distante 17 km). Os animaisestavam em perfeitas condições físicas, anilhadose passaram por exames para Salmonella,Newcastle e Psitacose, além de vermifugações.O método soft-release foi utilizado para asoltura dos animais, pois permite um período deadaptação necessário para condicioná-los aolocal de soltura com abrigo, alimentação e águadisponíveis.

Foi construído com a ajuda da MERCKIndústria Farmacêutica, proprietária do Sítio, umrecinto medindo 6 m de comprimento, 3 m delargura e 2,5 m de altura, telado inicialmentecom tela tipo galinheiro, com malha de 1” eposteriormente com tela plástica tipo

mosquiteiro reforçada. Foram colocadosdois ninhos de madeira no interior dorecinto e dois em duas pitombeiras (Talisiaesculenta - distantes 1,5 m do recinto).

Os animais ficaram por um período deadaptação de três semanas, recebendo águae alimentação baseada em frutas esementes, sendo algumas da região, apóseste período o “janelão” do recinto foiaberto e os animais iniciaram a exploraçãodo ambiente.

As informações sobre a soltura serãoapresentados na forma de tópicos naordem cronológica em que ocorreram:

• Fevereiro de 2008 – Início dasatividades de educação ambiental efiscalização no entorno do Sítio Aguahy;

• Quarentena dos animais sendo realizadana Associação Bichos da Mata – SP;

• Março de 2008 – Os doze animais foramlevados para o recinto de condicionamento;

• Os animais permaneceram três semanas emadaptação no recinto da base de soltura doSítio. Consumiram diversas espécies nativas eforam alimentadas com frutos e sementes;

• Os animais passaram a utilizar os ninhos apóstrês dias queeram compartilhados por váriosanimais (entre três e quatro) ao mesmotempo;

• Abertura do janelão do recinto e soltura dosdoze espécimes após três semanas deadaptação;

• Todos os animais passaram a primeira semananas proximidades da base ocorrendo aformação de dois grupos, Grupo 1 - comsete, e Grupo 2 - com cinco espécimes. O G1ocupou o interior do recinto e o G2 ficou emuma pitombeira. Foram observadosconsumindo frutos e sementes de váriasespécies, principalmente milho (Zea mays),goiaba (Psidium guayava), imbaúba (Cecropiasp.), murici-do-mato (Byrsonima sp.) e manga(Mangifera indica);

• Os animais passaram a explorar uma áreacada vez maior e os períodos foram sealongando, sendo registrados até 6 horas semcontato visual ou auditivo. No entanto, nemtodos os animais saíam ao mesmo tempo,alguns ficavam dentro ou próximos aorecinto;

• Como a região possui árvores e morros altos,os procedimentos de monitoramentodemonstraram ser difíceis. Podendo-selocalizar e observar os animais apenas quandoos grupos estavam próximos(aproximadamente 500 m) da base;

• A partir da segunda semana foi observadoconflito entre os grupos, resultando em umespécime do G1 machucado (bicadas na asaesquerda) que teve que retornar ao CETASpara tratamento;Recinto utilizado para aclimatação.

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• A soltura no mesmo período da frutificação domilho foi essencial para que os animaispermanecessem por um período mais longo noentorno da base de soltura, apesar daalimentação disponível nos comedouros dorecinto aberto e na área anexa construídaposteriormente;

• Os animais do G1 utilizaram o entorno da basede soltura durante aproximadamente quatrosemanas. Depois deste período perdemoscontato temporariamente.

• Abril de 2008 - Após cinco semanas apenas oG1 continuou a utilizar a área, principalmente,consumindo no milharal;

• Foi observado formação de um casal maisum(a) companheiro(a). Os três animaispassaram a permanecer mais tempo no ninho(no interior do recinto);

• Após mais duas semanas, observamos apostura de três ovos;

• Um dos animais do ninho com reprodução foipredado por uma jibóia (Boa constrictor).Após três dias os outros dois animaisabandonaram o ninho.

• Maio de 2008 - Os cinco espécimes do G1desapareceram três semanas após o episódio dapredação;

• Outubro de 2008 - Mais sete espécimes de A.jandaya foram levados para o recinto desoltura, incluindo o espécime ferido doprimeiro.. O protocolo adotado nesta novasoltura possuía um diferencial. Seriam levadosmais cinco espécimes, ainda sem condições desoltura, mas em boas condições físicas e desaúde, para servir de referencial para os animaissoltos, com o objetivo de mantê-los por maistempo freqüentando a base de soltura;

• Dois espécimes foram predados, um por B.constrictor e outro por Coralus hortullanos,ambos, indivíduos jovens, intervalo de três diasentre os episódios;

• Novembro de 2008 - Abertura do janelãodo recinto da base de soltura após quatrosemanas de adaptação. No mesmo dia ojanelão foi fechado para alocação dosoutros cinco espécimes de A. jandaya. Doisninhos foram colocados no interior dorecinto;

• Após uma semana da soltura houveformação de um casal, que passou a utilizarum dos ninhos na pitombeira;

• Dois espécimes de B. constrictor (jovens –80 cm de comprimento) e mais um de C.hortullanos foram capturados, dois dentrodo recinto (um dentro de um dos ninhos) eum na pitombeira. O alarme foi dado pelasjandaias, que vocalizaram muito,identificando a presença de predador;

• Objetivando evitar novas predações, orecinto foi envolvido com tela de nylon,tipo mosquiteiro;

• Um dos espécimes de dentro do recinto foipredado por uma C. hortullanos foi

encontrada uma abertura na base da portado recinto, , o local foi imediatamentereparado;

• Os cinco espécimes soltos se mantêm nabase de soltura, se alimentando no milharale sendo suplementados com mistura desementes e frutas;

• Dezembro de 2008 – Apósaproximadamente duas semanas ocorreureprodução do casal que passou a utilizarum dos ninhos da pitombeira, postura detrês ovos;

• Nascimento dos filhotes do casal dapitombeira após aproximadamente 26 dias;

• Com aproximadamente três semanas devida os filhotes foram predados por umgavião carijó (Rupornis magnirostris),dentro do ninho;

• Novos ninhos são confeccionados, comabertura ainda menor e portinhola paraacompanhar o crescimento de filhotes;

Aves da soltura alimentando-se em milharal..

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• Os outros três espécimes da segunda soltura,apesar de terem se distanciado da base, temfreqüentado diariamente o local dealimentação;

• Janeiro de 2009 - O grupo que havia sedistanciado apareceu com um filhote. Oninho não foi localizado, mas, deve distar nãomais do que 2,5 km a norte da base desoltura;

• O casal da pitombeira não foi mais visto;

• Um adulto do recinto de soltura foi predadopor um espécime de B. constrictor. Foiobservado um furo na base da telamosquiteiro (a tela de arame começa a sedesfazer - enferrujada). Reparo foi feito;

• Formação de dois casais no recinto de soltura(casais 1 e 2). Comportamento antagonísticoentre os casais. Um dos casais foi mantidoisolado em uma gaiola dentro do recinto;

• Reprodução de um dos casais (casal 1).Postura de dois ovos;

• Fevereiro de 2009 - Nascimento de umfilhote do casal 1;

• Isolamento do casal 2 em ninho com gaiolaanexa, devido a comportamentoantagonístico com o filhote do casal 1;

• Filhote do casal 1 predado por um jovem deC. hortullanos. A serpente aparentementeconseguiu passar por uma pequena frestaentre o recinto e o janelão;

• O grupo com quatro indivíduos continua afreqüentar a base de soltura se alimentandono milharal;

• Casal 1 inicia uma nova postura. Após umasemana observamos três ovos;

• Abril de 2009 - Nascimento de dois filhotesdo casal 1;

• Inicio de postura do casal 2. Postura de doisovos;

• Maio de 2009 – Nascimento de dois filhotesdo casal 2. Os dois filhotes do casal 1 iniciamo reconhecimento do recinto;

• Nova postura do casal 1. Três ovos sãoobservados;

• Junho de 2009 – Os dois filhotes do casal 2começam a sair do ninho;

• Julho de 2009 – Os filhotes dos dois casaissão isolados dos pais, ficando soltos norecinto da base. Casal 2 permanece em gaiola,e casal 1 também foi colocado em gaiola comninho;

• Agosto de 2009 – abertura do janelão esoltura dos quatro filhotes. Iniciamexploração da área do entorno da base desoltura. Alimentam-se sozinhos no anexodo recinto, principalmente mistura desementes e frutas no pé (entre elas goiabae imbaúba);

• Reação positiva com os filhotes soltos,inclusive com vôo conjunto;

• Setembro de 2009 - Inicio de nova posturado casal 2 comtrês ovos;

• Predação de um dos filhotes por umgavião carijó (R. magnirostris);

• Outubro de 2009 - Um dos filhotes soltosfoi encontrado machucado, semmovimentos nas patas, acreditamos quetenha ocorrido uma tentativa frustrada deataque de uma serpente. O espécime foilevado para o CETAS;

• Casal 1 inicia nova postura. Postura dedois ovos;

• Nova reprodução do casal 2. Postura dequatro ovos;

• Novembro de 2009 - Nascimento dos doisfilhotes do casal 1;

Fêmea com dois filhotes recém nascidos.

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• Nascimento de três filhotes do casal 2;

• Os filhotes soltos estão socializados com osanimais da segunda soltura. Passaram afreqüentar a base de soltura apenas duranteparte do dia;

• Dezembro de 2009 - Filhotes do casal 1iniciam vôo no recinto;

• Um filhote retornou para o CETAS devido àfratura (em galho verde) do fêmur esquerdo.Foi observado que o mesmo animal já haviatido outra fratura no fêmur na pata direita;

• As posturas seguidas do casal 1 levaram adeficiência de cálcio na fêmea e nos filhotes,apesar da suplementação permanente.Medidas foram tomadas para solucionar oproblema;

• Janeiro de 2010 - Filhotes do casal 2 já saemdo ninho e ficam com os pais na gaiola;

• Um dos filhotes soltos (terceira soltura) foipredado por uma jibóia (B. constrictor);

• O outro filhote do casal 1 apresentouproblemas ósseos e foi levado para oCETAS;

• Casal 1 inicia nova postura, com dois ovos;

• O grupo da segunda soltura ainda freqüenta abase de soltura, atraídos pela vocalização dosmantidos no recinto da base;

• Os dois filhotes do casal 1 estão serecuperando muito bem no CETAS de SãoLuís;

• O Casal 1 que tinha acesso a todo o recinto,e que está chocando 2 ovos foi isolado emuma gaiola com ninho e o Casal 2 (agora jácom condições de soltura), juntamente comum filhote do casal 1, mais seus três filhotesestão tendo acesso a todo o recinto. A solturadestes 6 animais ocorrerá em duas semanas.

Os dados obtidos até o momento não permitemconclusões razoáveis sobre o estabelecimentodos espécimes soltos. Podemos apontar como osprincipais desafios a dificuldade na realização deum monitoramento eficaz, ação de predadoresnaturais e o pequeno número de indivíduossoltos até o momento.

O recinto de soltura atrai muitos predadores,com ênfase para as serpentes, principalmente noperíodo chuvoso. Medidas estão sendo estudadas(melhor isolamento do recinto, treinamento paraevitar predação) no intuito de diminuir a pressãosobre os animais e torná-los mais vigilantes,tanto dentro do recinto quanto após a soltura.

A utilização de um grupo mantido cativo naárea de soltura como referencial para osespécimes soltos foi de fundamentalimportância na obtenção das informaçõesrelatadas e a manutenção dos dois casais emreprodução no recinto foi importante para aobtenção de mais informações sobre oestabelecimento de espécimes nascidos na área.

As informações obtidas nos permitem ummaior entendimento sobre as necessidadesintrínsecas relacionadas ao estabelecimento deuma população viável, principalmente, ametodologia a ser aplicada em espécimes queforam mantidos em cativeiro.

Agradecimentos a Merck IndústriaFarmacêutica e seus funcionários para arealização do presente projeto, em especialJorge Lamego, Renato Rocha, João Evangelista,Maria Santos, Expedido Pereira e AnaniasAlmeida.

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Arara canindé, e o retorno ao planalto paulistaFernando Magnani e Rogério Paschoal. MPFauna Assessoria Ambiental Ltda. E-mail: [email protected]

Oferecer um local adequado e seguro para a recolocação de aves apreendidas dotráfico ilegal, e auxiliar na recomposição de uma parcela da biodiversidade do biomado Cerrado do Estado de São Paulo. Estes itens funcionam como engrenagensprincipais do programa da Área de Soltura e Monitoramento Fazenda Santana doMonte Alegre, na região de Descalvado, que tem dado atenção especial ao programade libertação controlada de Araras canindés, Ara ararauna.

“Olha o rasante daquela ali!” - dizia umobservador entusiasmado ao se deparar com adestreza e habilidade das aves chegando paradormir próximas a área de trabalho. “Nemparecem que passaram quase toda a vida emcativeiro!”.

Estes comentários acima foram feitos sobre umvisual do projeto de re-introdução de ararascanindés, Ara ararauna, na região central doEstado de São Paulo, apresentando aqui seusresultados parciais.

A região central do Estado de São Paulo,conhecida como planalto paulista, possuía ummosaico de formações vegetais singular devido aoencontro de diversos ecossistemas, tendo comoprincipais o Cerrado e a Mata Atlântica ou

segundo alguns autores uma formação florestalmais seca, denominada de Floresta EstacionalSemidecidual, sendo que estas distribuiçõesobedeciam ao tipo de formação edáfica e afatores climáticos, favorecendo esta ou aquelaformação.

Na área de trabalho a formação principal é oCerrado típico e fisionomias mais abertas comoo campo cerrado e o campo sujo, compostoainda de recortes de Matas Ciliaresacompanhando os rios e córregos e formações

de Cerradão com dossel fechado acima de 08metros do chão.

Um característica ainda mais peculiar eram asformações remanescentes de Araucárias

(Araucaria angustifolia), provavelmentesobreviventes de tempos mais frios, estaformação estava associada às serras e “cuestas”mais altas e pedregosas, similares as encontradasainda na Serra da Mantiqueira.

Todas estas formações vegetais foramfortemente impactadas pela atividade humanadesde tempos pré-coloniais, e antes mesmo dachegada de invasores europeus, os índios jáexploravam as riquezas naturais, embora comimpactos minorados Com a chegada doscolonizadores do velho mundo, o processo demodificação do ambiente se intensificou, e noséculo passado transformou definitivamente acaracterística ambiental da região.

O Cerrado, em especial, foi utilizado de formabrutal para as atividades agropastoris, reduzindoa proporção deste ecossistema no Estado deSão Paulo de 14% para 01%, ainda assim comenormes perturbações. A Mata de Araucáriapraticamente foi extinta na região e as outrasformações vegetais seguiram o mesmo destino.

O resultado previsível desta modificação foi amudança da característica da fauna associada eestas formações, diversas espécies animais demaior porte ou de hábitos específicos foramextintos localmente, como onças pintadas,cervos do pantanal, araras e rapineiros alados degrande porte, outras espécies tiveram suaspopulações reduzidas a um pequeno fragmentodas originais, como anhumas, veados campeiros,tamanduás e emas, e apesar de ainda existirem,se discute a viabilidade destas devido aoreduzido número de indivíduos das populações.

Arara Canindé oriunda da soltura realizada.

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Na contramão deste processo, estão emandamento diversos programas de recuperaçãoda vegetação, isolando e enriquecendo áreasainda com vegetação natural e ainda criandounidades de conservação ambiental, em suamaioria particulares. O resultado apresentado nosúltimos anos por algumas regiões da porçãocentral do Estado de São Paulo mostra umcongelamento do processo de desmatamento, eem alguns casos até uma tímida recuperação eexpansão de áreas florestais, o que aindademanda melhores estudos.

No caso específico da fauna, os resultados sãomenores, mas não por isto menos expressivos,desde que ocorra o desaparecimento doselementos de pressão negativa, e que seapresente ambientes minimamente saudáveis,diversas espécies recolonizam naturalmente oslocais, pode-se citar o tucano-toco ou tucanoaçúRamphastos toco, que durante anos sofreu umaenorme pressão pelo desmatamento, caçaesportiva e retira de filhotes para o comércioilegal, suas populações desapareceram ou ficaramtão dispersas que durante décadas não maisfreqüentavam áreas típicas para o forrageamentoda espécie. Porém, nos últimos anos, o relato deavistamento de espécimes e de pequenos bandosnão reprodutivos tornou-se comum, e em muitoscasos tornou-se uma ave avistada comnaturalidade na periferia de cidades de médio egrande porte, do planalto paulista.

Diferente da re-colonização, algumas espéciesterão de começar do zero, pois suas populaçõesforam totalmente extintas, e não existepossibilidade de deslocamento para as áreaspreservadas devido a distancia e obstáculos

criados pelo homem como represas, pontes ougrandes áreas desmatadas. Um exemplo detrabalho de re-introdução que está alcançandoresultados expressivos é o do Cervo do PantanalBlastocerus dichotomus na Estação Ecológicade Jataí na cidade de Luiz Antônio, este projetoque faz parte do programa de conservação deCervídeos da UNESP de Jaboticabal, jáconseguiu estabelecer uma população viável daespécie na reserva aonde havia sido extinta hámais de 60 anos.

A espécie alvo objeto aqui deste artigo é a araracanindé Ara ararauna, espécie de psitacídeo degrande porte, associada as formações típicasdesta região central e ainda uma espécie comumem regiões de Cerrado de outros Estados, comoGoiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, eaté mesmo sendo naturalmente avistadaatualmente em território paulista até 200kmadentro em relação ao rio Paraná.

Esta espécie, de cores vivas e de grito forte,destacava-se na paisagem e era freqüentementerelatada por exploradores junto com a araravermelha grande Ara chloropterus,aparentemente mais comum. As penas deambas as espécies apareciam na arte plumária deíndios Kaingangs ou Coroados, Terenas,Krenaks e Guaranis, povos que originalmentehabitavam o planalto paulista. Este fato isoladonão comprovaria a ocorrência histórica da ave,pois estes povos freqüentemente trocavampertences com outros ou se deslocavamcentenas de quilômetros em diversas direções,mas a soma de fatores corrobora para aevidência biogeográfica da espécieoriginalmente.

Dados históricos indicam que a espécie nãoresistiu às degradações ambientais, à pressão dacaça e apanha e à perda de locais paranidificação, se extinguindo localmente.

Como a pressão sobre áreas naturais na regiãofoi controlada, e a caça para alimentação ecomércio ilegal vem recebendo grande atençãopor parte dos órgãos fiscalizadores, se iniciou naÁrea de Soltura e Monitoramento de FaunaASM da Fazenda Santana do Monte Alegre,município de Descalvado, a cerca de 230 km dacapital paulista, latitude 21º56'13” sul e longitude47º42'50” oeste, que possui extensa áreaflorestada do qual 446 hectares constituídos porreserva florestal, Áreas de PreservaçãoPermanentes APPs, e outras matas e Cerradoslivres de restrições, um programa derecebimento, reabilitação, libertação monitoradae acompanhamento de exemplares de ararascanindés encaminhadas pelo IBAMA, apósterem sido apreendidas no comércio clandestino.

As araras canindés estão entre as grande aves dafamília psitacidae, botam de 01 a 03 ovos echocam entre 27 e 29 dias, os filhotes nascemextremamente dependentes, mas quando adultospodem atingir até 80cm de comprimento,aproximadamente 01kg de peso e voar dezenasde quilômetros diariamente sem parar.

Para estabelecer uma metodologia criou-seetapas que em princípio as aves recém chegadassão recebidas, identificadas e avaliadasfisicamente. É dada atenção especial a condiçãoda plumagem para estabelecer em que etapa aave será inserida, pois aves com plumagemdanificada tendem a permanecer mais tempo no

Araras se aliemtnando noscomedouros p´roximos aos

viveiros de soltura.

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programa. Após a avaliação física examesmédicos são realizados regularmente paraverificar o estado de saúde dos indivíduos. Seforem portadoras de alguma doença grave quecolocaria em risco o grupo ou outras espécies deaves do local, visto que outras são recebidas parao processo de reabilitação, esta avaliação érealizada em quarentenas próprias, com as avesindividualizadas em gaiolas.

Quando a ave recebe parecer favorável na áreaveterinária passa para a fase seguinte detreinamento e exercícios médios em viveiros demenor dimensão, nesta etapa aprende a sesocializar e ter contato com alguns itensalimentares que encontrará quando livre. Naetapa final, passa a treinar o vôo em viveirosmaiores de onde são libertas e passam a receberacompanhamento.

Nos primeiros meses não é difícil acompanharas aves libertas, pois pouco se afastam do localde soltura, tendo como atrativo outras ararasainda no processo de treinamento, e alimentoem fartura nos cochos espalhados pelo local.

Mesmo com a fartura alimentar, estas avespossuem grande capacidade de adaptação e

Araras da soltura se alimentam de frutos da região. Primeiro sucesso reprodutivo das aves da soltura.

percepção do ambiente, e começam a forragearde forma independente, inclusive incluindoespécies vegetais exóticas e outras que sedesconhecia para a espécie. Já foram observadosexemplares alimentando-se de frutos selvagenscomo a jatobá, jerivá, macaúba, paina, além deessências que foram plantadas no local como ajabuticaba, amora, calabura, goiaba, cambuí-amarelo Eugenia copacabanensis dentre outras.

Com o estabelecimento de uma pequenapopulação estável, realizou-se a inserção deninhos artificiais, em grande número, e emdiversas alturas e tamanhos. Apesar dosproblemas causados pelos ninhos,principalmente a atração de enxames de abelhasdo gênero Apíis, africanizadas, que causaramgraves problemas aos trabalhos, alojando-se nosninhos, o problema foi parcialmente resolvidoaumentando-se a abertura do ninho para até1/3 do tamanho da parte frontal, pois o uso doóleo de andiroba Carapa guianensis não teveresultado positivo.

Logrou-se êxito no início de 2009, com oprimeiro nascimento e sobrevivência de filhotede arara canindé em total liberdade, e o registrode que outras aves passaram buscar locais

naturais para reprodução, com um resultadoparcialmente positivo em um tronco deguapuruvu Schizolobium parahyba, que foiescavado por outro casal, onde realizarampostura, mas o ovo foi predado.

No presente momento, outro filhote de um novocasal já está em crescimento e outros ninhosestão ocupados, observa-se mais uma vez o fatode que outro guapuruvu foi escavado para servirde ninho natural para a espécie.

Do grupo inicialmente liberto de 27 aves, entreos anos de 2008 e 2009, mais de 50% freqüenta aárea para dormir, neste momento de repouso épossível localizar entre 17 e 20 aves diferentes nolocal. Pela manhã deslocam-se dezenas dequilômetros para forragear, aproximando-se dasmatas ciliares do rio Mogi –Guaçú a cerca de 30quilômetros do ponto de soltura.

Até momento não foi verificada nenhumatentativa de captura ou abate das aves libertas. Osresultados preliminares consolidam a esperançade se poder observar, em poucos anos, casais deararas canindés cruzando novamente oscéus no centro do planalto paulista.

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Notas sobre solturas na fazenda Santiago, Municípiode Colinas – TO.Patrícia Barba Malves (Bióloga – IBAMA/TO) e Cristiane Rodrigues de Sousa (Méd. Vet. – Instituto Estadual Natureza de Tocantins(NATURATINA/CIPAMA) E-mail: [email protected]

O Estado do Tocantins tem vegetação predominante de Cerrado, bioma que vemsofrendo nos últimos anos grande pressão devido à expansão da agropecuária,desmatamento ilegal, e captura de animais, fatos que atingem diretamente a faunalocal. Além disso, é cortado pela BR 153, rodovia considerada como uma dasprincipais rotas do tráfico de animais silvestres no Brasil.

Paradoxalmente, não existe nenhum projeto dereintrodução e monitoramento de fauna noestado, sendo as solturas realizadas através deparcerias informais com proprietários rurais, emsua maioria pelo órgão ambiental estadual(CIPAMA/NATURATINS), também maiorresponsável pelas apreensões. Tais apreensõestêm sido contabilizadas de maneira deficiente,porém levantamentos parciais estimamaproximadamente 600 animais apreendidosapenas no ano de 2009.

Está sendo construído na cidade de Araguaína-TO, também pelo órgão ambiental estadual, umcentro de reabilitação de animais silvestres(CRAS), no intuito de receber esses animaisapreendidos. Uma parceria entre IBAMA/TO eCRAS/CIPAMA, pretende adequar asapreensões e solturas realizadas, catalogando osanimais e triando-os corretamente antes dadestinação final, além de adotar critérios parasoltura e monitoramento posterior.

A Fazenda Santigo, localizada no município deColinas – TO (07° 57’ 32.7’’ S 048° 03’ 08.9’’ W)apresenta vegetação típica de Cerrado em suavárias fitofisionomias, com matas de galeria eburitizais (Mauritia sp.) abundantes. Tem reservalegal averbada de aproximadamente 1.000 ha.,que se conecta com as áreas de preservaçãopermanente e reservas legais das fazendasvizinhas. A atividade econômica desenvolvida napropriedade é a criação de gado, havendoplantações de soja nas fazendas vizinhas. Osproprietários da fazenda Santiago sempredemonstraram interesse em conservação deanimais silvestres, e no ano de 2006, em contato

com o CIPAMA de Araguaína, foi feita umaparceria informal visando a soltura de animaisno local, sendo que para cada animal deixado nafazenda, um termo de compromisso eraassinado por ambas as partes. As solturas foramfeitas seguindo apenas critérios básicos, taiscomo condições físicas do animal e grau dedependência, sem procedimento de exames emarcação dos animais ou estudos maisaprofundados sobre as condições da área.

Ainda assim, os casos observados apresentamrelativo sucesso, e podem embasar próximostrabalhos de soltura e monitoramento nafazenda, que está em processo de cadastramentopara se tornar uma Área de Soltura eMonitoramento de Fauna devidamenteautorizada pelo IBAMA, de acordo com oscritérios estabelecidos pela IN 179.

Nesta nota serão relatados sucintamente osprocedimentos e resultados relacionados àsoltura realizada pelo órgão ambiental estadual(CIPAMA) na fazenda Santiago desde 2006, e osresultados observados, bem como o recentecomportamento reprodutivo de um casal deararas-canindé (Ara ararauna) adquirido decriador comercial pelos proprietários da fazenda.

As solturas realizadas na fazendaSantiagoDesde o ano de 2006 estão sendo realizadassolturas na fazenda através da parceria entre oproprietário e o CIPAMA de Araguaína. Foramescolhidos animais que já ocorriam na área e queestavam minimamente aptos à soltura - devido àsua avaliação clínica e capacidade de sealimentarem por conta própria. O proprietárioconstruiu com recursos próprios trêscomedouros próximos à fazenda, sendo umdeles no quintal da sede, onde permanece amaioria dos animais. Também instalou poleirosno quintal, que foi cercado para evitar fuga dosanimais terrestres. Não há procedimento paraevitar fuga das aves, e mesmo assim os animaispermanecem no local. Até a presente data foram

Ara ararauna em comedouroinstalado no quintal da fazenda.

Ao fundo, os poleiros instaladospelo proprietário.

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soltos 69 animais, tais como caititus (Tayassutajacu), veados catingueiros (Mazama gouazoubira),jabutis (Chelonoidis carbonaria), curiós (Sporophilaangolensis), coruja buraqueira (Athene cunicularia),socó boi (Tigrisoma lineatum), seriema (Cariamacristata) e emas (Rhea americana). Dentre ospsitacídeos, constam a soltura de 4 ararascanindé (Ara ararauna), 2 araras vermelhas (Arachloroptera), 8 papagaios verdadeiros (Amazonaaestiva) 25 papagaios do mangue (Amazonaamazonica). Destes animais, apenas 2 vieram aóbito (menos de 3%), sendo uma arara-canindé,devido à uma grave infecção nas penas, e umaema por morte súbita, não sendo identificado omotivo. O Socó boi, a coruja, a seriema, umcatitu e um veado e foram soltos diretamente namata, devido seu pouco tempo de cativeiro, enão sendo mais observados.

Os demais animais (64) permanecem todos nasproximidades da fazenda, sendo alimentadosdiariamente nos comedouros construídos peloproprietário, ou em alimentos encontrados nosolo do quintal. A alimentação oferecida étotalmente custeada pelo proprietário, e consisteem frutas, sementes e ração específica.

Os Psitacídeos Relata o proprietário que a maioria dospsitacídeos vem apresentando com o passar dotempo maior intolerância ao contato próximocom humanos, aceitando apenas sua presença efornecimento de alimentação, embora passemquase todo o dia nos poleiros artificiais ouárvores da sede da fazenda.

Alguns animais (A. ararauna e A. amazonica) jácomeçaram a ensaiar vôos cada vez maisdistantes, chegando a um raio deaproximadamente 6 km da sede, emborainterações com animais nativos não tenham sidoobservadas durante essa atividade. Algunspapagaios, de ambas as espécies, se alimentamem árvores frutíferas do local, mesmo que suaalimentação principal seja ainda a fornecida peloproprietário. Há possibilidade de reduzir aoferta de alimentos, para observar se os animaisaumentam a procura por alimentos nas árvoresnativas.

Das araras soltas no local, apenas duas voam alongas distâncias (ambas A. ararauna). As demaisainda não trocaram as penas, e apenas realizamvôos curtos entre os poleiros e o chão. Todos ospapagaios voam a diferentes distâncias dafazenda, e têm o hábito de se afastarem da sededurante o dia, retornado para dormir e comer.

Em alguns casos, as penas dos psitacídeosforam cortadas antes da soltura, pois os animaisapresentavam forte dependência ou estavamainda muito debilitados – tal procedimento foirealizado visando evitar sua fuga e possívelmorte distante dos cuidados necessários.

Araras CanindéUm caso muito interessante está sendoobservado na fazenda Santiago: duas araras-

canindé nascidas em cativeiro de criadorautorizado e compradas pelo proprietário aosdois anos de idade, apresentaramcomportamento reprodutivo depois de anos emcativeiro.

As araras foram adquiridas no ano de 2005, noestado do Paraná, e durante 4 anos ficaram emum viveiro enriquecido, sempre se reconhecendocomo casal, porém sem qualquercomportamento que sugerisse reprodução. Emmarço de 2009, foram trazidas para o Tocantinse “soltas” na fazenda, inicialmente com as asascortadas para evitar fuga. Demonstraram desdeo início certo comportamento de liderança emrelação aos outros animais do local, e mantémesse “status” até hoje.

Em maio do mesmo ano o proprietário instalouuma palmeira morta de buriti (sem a copa) noquintal onde ficam empoleirados os animais, e,segundo ele, imediatamente o casal de araras ainspecionou e começou a cavá-la. Logo tambémdemarcou a palmeira e poleiros próximos comoterritório e impediu a aproximação dos demaisanimais.

Ao notar o comportamento do casal, oproprietário esperou uma oportunidade parainspecionar a palmeira, e quando conseguiu,notou um buraco de aproximadamente 1,5m deprofundidade com dois ovos em seu interior. Elesupõe que os filhotes nasceram entre os mesesde agosto e setembro, não sendo possível saberao certo devido à grande agressividade das ararasquando alguém se aproximava do ninho.

Durante o período de incubação dos ovos nãonotou a presença de predadores, que sãoreconhecidos pelas araras e papagaios do local(vocalizações de alerta). Apenas os animais ‘da

Árvores secas foram instaladaspara servir de poleiro.

Filhotes de Ara ararauna nointerior do ninho

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fazenda’ procuravam se aproximar, e nesses casoso comportamento era claro: papagaios podiamchegar perto do ninho, mas outras araras não -comportamento que perdura após o nascimentodos filhotes.

Em janeiro deste ano os filhotes saíram pelaprimeira vez, permanecendo alguns minutos naborda da palmeira. Assim que notaram aaproximação de nossa equipe, entraram no ninho,e o casal de araras ficou do lado de fora, fazendomovimentos de ameaça.

O cuidado parental tem ocorrido como esperado,em relação à proteção de possíveis predadores ealimentação. Quando a comida é distribuída, ocasal se alimenta e em seguida vai até o ninhoprocurando alimentar os filhotes. Comportamentoparecido foi identificado pelo proprietário quandoretirou os filhotes para “tratá-los” com ração.Manteve os filhotes no chão, e ofereceu ração(Alcon®) aos pais. Assim que estes recebiam aalimentação se dirigiam aos filhotes para alimentá-los, sendo esse comportamento mais constante nopai.

Porém, no primeiro vôo dos filhotes para fora do

Ara ararauna na palmeira de buriti que foiinstalada pelo proprietário e usada como ninho.

Os dois filhotes recém saídos do ninho(à esquerda), um está sendo alimentado.

ninho, os pais não demonstraram cuidadoparental, aproveitando a oportunidade para iremse alimentar nos comedouros, sem demonstrardesejo de acompanhá-los. O proprietário dafazenda esperou alguma reação dos pais, e comoesta não veio, teve que ir até a mata recolher osfilhotes, que tiveram suas asas cortadas paraevitar possíveis fugas e morte na natureza.

A proposta agora é acompanhar odesenvolvimento desses filhotes, documentar suarelação com os pais e como se dará seu processode socialização: se irão permanecer próximos àfazenda ou procurarão dispersar e interagir comgrupos de araras selvagens. O proprietário já foiorientado a não interferir novamente e reduzirao máximo o contato com os filhotes. Eles serãomarcados e analisados clinicamente (pesagem,estado das penas, do bico, etc.) uma vez ao mês,e observações de seu comportamento serãofeitas de 15 em 15 dias.

Observando o comportamento dos animais, serápossível relatar se os filhotes conseguem seadaptar ao local e dispersar, demonstrando que oprocedimento de soltura monitorada de animaisprovenientes de cativeiro pode ser eficiente emcasos de reforço populacional.

PerspectivasAs próximas solturas na fazenda Santiago serãoprogramadas e monitoradas. Os psitacídeos

serão marcados (anilhas e pintura) e terão seusangue coletados para exames pré-soltura. Tambémserão construídos, através de recursos doproprietário, viveiros suspensos próximos à mata,para que as solturas sejam feitas ao estilo softrelease. A possibilidade de instalação de caixas-ninho está sendo estudada.

Um projeto envolvendo educação ambiental dapopulação local também será programado, e oproprietário é parceiro em todo o processo, tendoinstalado por conta própria placas em suaresidência visando coibir a caça no local.

Compreendemos que as solturas realizadas atéagora não foram adequadas, devido à falta deprogramação e acompanhamento, porém obtiveramrelativo sucesso e funcionaram como uma ‘abertura’importante no contato entre os órgãos ambientais eproprietários rurais, encorajando um projeto decriação de áreas de soltura e monitoramento defauna, bem como projetos específicos de soltura emonitoramento bem desenvolvidos. Um projeto deparceria entre o IBAMA/TO e a UniversidadeFederal do Tocantins está sob análise jurídica, e seconsolidado incentivará a produção de trabalhos depesquisa com soltura e monitoramento, numaparceria entre órgãos de meio ambiente,universidade e proprietários rurais, que aumentará oconhecimento sobre o tema facilitará ocumprimento das normas relativas à solturadescritas na IN 179.

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Buraco das ArarasFonte: reportagens Revista Terra Gente (Ano 6 número 67 Nov 2009) e Revista Época(http://colunas.epoca.globo.com/viajologia/?p=973 acessado em 19/01/2010)

Situado no município de Jardim –MS, composta por uma depressão narocha calcária, recebeu esse nome em 1912 devido ao grande número deararas que se reuniam no local. Porém até 1986 apenas o nome aindaguardava a lembrança da rica biodiversidade desses psitacídeos no local,pois era comum que qualquer um entrasse para utilizar fogos de artifício,alvejar as aves e utilizar o local como depósito de lixo e de cadáveres.

Visão panorâmica da localidade.

Araras explorando local.

Parte do bando se reúne

Bando sobrevoa o fundo do vale.

O panorama só mudou quando o Sr. Modesto Sampaio adquiriu uma áreade 100 ha na qual o buraco estava localizado no centro da propriedade.Nos anos 90 o ecoturismo começou a se difundir e Modesto procuroudar nova vida ao local. Foram retirados três caminhões de lixo em 1997 eele realizou o plantio de árvores frutíferas na esperança de que as avesvoltassem, porém sem sucesso.

Ele realizou então uma experiência sem critérios muito rigorosos, soltandoum casal de Araras vermelhas, Ara chloropterus, de cativeiro, efornecendo-se frutas nativas do cerrado em um comedouro. Segundo aspróprias palavras de Modesto: “Queríamos reintroduzir as araras para veros bichos soltos. Mas poucos dias depois, o casal foi embora. Ficamos bemtristes. Será que elas voltariam?”

E realmente voltaram, passando a atrair outros indivíduos selvagens. Emquatro anos já eram 12 aves e ele passou a cobrar a entrada napropriedade para que turistas pudessem conhecer o Buraco das Araras.Em 2009 já somavam de 60 a 100 indivíduos se agrupando no local e 29ha da propriedade foram transformados em uma RPPN – a ReservaParticular do Patrimônio Natural Buraco das Araras – em caráter deperpetuidade.

Este é um exemplo de uma soltura aleatória e realizada de maneiraartesanal, mas aparentemente bem-sucedida, que promoveu arecomposição da população de araras em uma localidade, possibilitandouma alternativa econômica ao proprietário, a conscientizaçãoambiental da região e a proteção dos animais.

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Comparativo entre duas metodologias de soltura para Amazonaaestiva observando-se poucos critérios de soft-releaseValle, Anderson Luis; Oliveira, Cleyton W. da Silva; Teixeira, Rafael A.; Batista, Leonardo P; Ramos, Bruno. C. E-mail: [email protected]

Mensuramos a taxa de permanência no local dasoltura de três lotes de exemplares de Amazonaaestiva provenientes de cativeiro domésticoapós serem reabilitados para vôo. Foram soltosgrupos com 15, 24 e 15 indivíduos, nos dias 14de junho de 2009, 4 de julho de 2009 e 16 dejaneiro de 2010, respectivamente, utilizando-seduas metodologias distintas: animaispreviamente soltos (entre seis meses e um ano)e que mantinham residência nas proximidades,e posteriormente foram capturados etranslocados para a nova área de soltura,afastada cerca de 1 quilômetro (Lote 1); eanimais que não conheciam a área de soltura.Neste último caso, testou-se em duas épocasdo ano: seca (Lote 2) e chuvosa (Lote 3).

Os animais do Lote 1 se mantinham próximosà sede devido à disponibilidade de alimentodisponível em coxos espalhados pela fazenda,apresentando ótima capacidade de vôo, ebuscavam com freqüência contato comhumanos.

O local escolhido foi uma área de ecoturismoconhecida como Chapada Imperial localizadana APA de Cafuringa (15° 33’ S e 48° 06’ W)Distrito Federal. Esta APA reúne áreas decerrado “senso stricto”, cerrado rupestre,cerradão, matas mesofíticas (interflúvio ecalcária), mata de galeria, campo cerrado,campo de murundum, campo sujo, campolimpo, campo úmido, brejo e veredas. Taisformações estão próximas entre si formandoum mosaico distribuídos em 4.500 hectares. Ostrês lotes foram soltos em vegetação detransição entre mata de galeria e cerrado sensustricto.

Cinco pessoas visitaram o campo por 20 diasdistribuídos no período de 14/6 a 28/8, por 3dias distribuídos entre 16 a 24 de janeiro.Através de busca ativa com raio de 1quilômetro do ponto de soltura, procurarampor carcaças e indivíduos, e fizeramimportantes registros, como alimentação defrutos silvestres pelos animais soltos,

pareamento, altura de empoleiramentonoturno, visitação aos comedouros,manutenção da coesão do grupo, tamanho daárea utilizada, contagem de exemplares nomomento de empoleiramento, e interação comexemplares nativos. Nesse trabalho, relatamosapenas o comparativo na freqüência deavistamento entre os lotes.

Durante os primeiros 15 dias da soltura doLote 1, poucos indivíduos afastaram-se doscomedouros, o que diferiu para o lote 2 emque houve uma dispersão ou outro fator quefizesse com que os indivíduos não fossemmais encontrados. Mesmo com o consumo demamão no comedouro dos papagaios por umJaguarundi (Herpailurus yaguaroundi) três diasapós a soltura do primeiro grupo, tal fato nãoincitou a inutilização do comedouro ou adispersão pelos animais deste lote.

Fig. 1. Porcentagem deindivíduos translocados naprópria área de soltura quenão foram mais avistadosao longo de semanas.

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Fig. 2 Porcentagem deindivíduos inseridos numambiente natural o qualdesconheciam que não forammais avistados ao longo desemanas (Estação seca).

Dois indivíduos foram predados noperíodo que compreendeu a primeirasemana após a soltura do lote 2, quandopraticamente todos os indivíduos daprimeira soltura já haviam desaparecido.Não sabemos, porém qual o lote do animal.

Cinco dias após a soltura do Lote 2observamos o primeiro indivíduo dealimentando de frutos silvestres:Eucalyptus sp., Strythnoderonadstringens (barbatimão), e o Syagrusromanzoffiana (catolé). Já o fruto docarvoeiro, Sclerolobium paniculatum,foi consumido alternadamente aoalimento disponível no coxo. Naprimeira semana, um indivíduo do loteLote 2 foi avistado a 1 quilômetro da

área da soltura, alternando entreárea de pernoite e alimentação.Oito semanas após, dois indivíduosdo Lote 2 foram localizados a 1 kmdo ponto de soltura, próximo àsede da fazenda.

Nos primeiros 15 dias deobservação deste lote, tambémregistramos a altura em que osindivíduos encontrados no período

entre 17:45 e 18:15 estavamempoleirados. Os resultados sãoapresentados na tabela a seguir.

No Lote 3 não observamos consumo denenhum fruto silvestre pelos animais,apesar de terem permanecido por umasemana no local, e o alimento disponívelno comedouro não utilizado.

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� Fig 3. Porcentagem deindivíduos inseridos numambiente natural o qualdesconheciam que não forammais avistados ao longo desemanas (estação chuvosa).

� Fig. 4 Registro de encontrodos animais dos dois primeiroslotes de soltura durante operíodo de oito semanas. Xrepresenta a semana em que oanimal foi encontrado e a faixacinza o período de certeza desobrevivência.

Verificamos que a soltura de indivíduos nessassituações, propiciou uma rápida dispersão,mortalidade ou outro fator que fizesse com queos animais não fossem mais encontrados apartir das duas primeiras semanas da soltura,mesmo havendo disponibilidade de alimento eausência de comportamentos antagonísticos.Não há dados suficientes para determinar se osanimais foram predados ou se dispersaram.Apenas dois animais foram localizados distantesdo ponto de soltura, tendo permanecido porvárias semanas sem que tivessem sidolocalizados. Nesse sentido é importante relatarque a metodologia utilizada, busca ativa ao

redor da área de soltura, limitava-se ao raio de 1quilômetro do ponto de soltura, e com menorfrequência a 2 km. Interessante relatar quediverso do esperado, o grupo de animaistranslocados não retornou para a antiga área deocupação. Sete meses após as duas solturas,nenhum papagaio foi encontrado nasproximidades da sede ou na área de soltura.

Conclui-se que a disponibilidade de alimentopode ser um fator que não garanta a fixação deA. aestiva se estes forem soltos sem métodosmais elaborados de soft release, como ainstalação de recinto de aclimatização, o que,

porém necessita ainda ser testado ecomparado. A proximidade com humanospode também não ser um fator relevanteneste sentido, uma vez que pouquíssimosindivíduos buscaram ou retornaram à sededa fazenda.

Para a coleta de outros dados referentes àdispersão, inclusive a certeza de óbitos, énecessário ainda um esforço amostralmaior e uso de tecnologias maisavançadas, indisponíveis na maioria dosCentros de Triagem de AnimaisSilvestres do Brasil.

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Reintrodução de araras na Chapada ImperialDF: condicionamento de vôo, preferência alimentar e percepções no ecoturismoAnderson do Valle (Centro de Triagem de Animais Silvestres IBAMA/DF. E-mail: [email protected]) e Natália Chagas (Curso de ciências Biológicas,Faculdades Integradas da Terra de Brasília, Técnica operacional- Ibama sede - Brasília. E-mail: [email protected])

O criador conservacionista Chapada Imperial está localizado na fazenda DoisIrmãos (Fig. 1), que desde 1985 tem sido preservada, tornando-se hoje a maiorunidade de mata particular do DF. Ela é cortada pelo Ribeirão Dois Irmãos quenasce em suas terras e percorre 10 Km em um desnível acima de 500 m. Apresentacaracterísticas fito-fisionômicas adequadas para este projeto de reintrodução. Doponto de vista do potencial turístico, a região possui grande beleza cênica e mais de4.000 hectares de área preservada. Além disso, está próxima de Brasília, distanciada acerca de 50 Km, e é visitada por 12 mil turistas por ano.

Nesta região, segundo o proprietário, araras eramabundantes há 20 anos atrás. Atualmente, não foiencontrado nenhum ninho ou abrigo de araras,apesar de um casal ser visto freqüentementesobrevoando a fazenda, cruzando o céu doParque Nacional (PARNA) Brasília na direção doPARNA Chapada dos Veadeiros.

Desse modo, existe a possibilidade de associarconservação ambiental, preservação da espécie,agregação de valor ao turismo local e educaçãoambiental.

Nesse sentido, nosso estudo utilizou sete araras,cinco fêmeas e dois machos provenientes doCriador Conservacionista Chapada Imperial. Osanimais foram libertos no dia 29 de março de2008, sem cumprir nenhum dos protocolos,como aqueles descritos por Barros, et al. (2006) -que utilizou a técnica de manter os animais emum enorme recinto com comedores suspensospara forçar os animais a voarem para se

alimentar, exceto libertá-los no mesmo local emque foram armazenadas por cinco anos.

Estes cuidados anteriores à soltura do indivíduo,conhecidos no conjunto como soft release sãoprocedimentos que visam à integração doindivíduo e resultam em projetos mais bemsucedidos.

Os animais enquanto cativos eramacompanhados por um veterinário e responsáveltécnico que afirmou que há cinco anos nenhumadas araras do criador teve qualquer patologiaclinicamente identificável. Os indivíduospossuíam penas integras e fisicamente nãoestavam debilitados, porém não conseguiam voardevido ao tempo de cativeiro.

Nosso estudo avaliou 3 tópicos: o temponecessário para que os animais conseguissem umcondicionamento de vôo que lhes permitissemvoar até os cachos de buritis localizados a 10metros de altura, se haveria consumo de itensalimentares como o buriti, e a percepção doturista local.

Observações (Associação Bichos da Mata, 2006)apontaram que quase 90% dos casos, perda doimprinting é acelerada apenas pela simplesinserção do indivíduo no grupo. Percebemos quecomportamentos estereotipados tanto napresença humana como em sua ausência, comodançar e balançar a cabeça eram comuns, porémapós a soltura não foram mais observados.

Das sete araras reintroduzidas, 6 estavam voandobem (Fig. 2) na sétima semana do experimento,

ou seja, conseguiram se manter no ar em vôoconstante aumentando ou diminuindo a altitude(Fig. 3).

Brightsmith e Bravo (2006) citam que Araararauna tem preferência por sementes de buriti,(Maurita vinifera), nesse sentido, considerando-se o perfil da área existe a possibilidade deaprendizagem dos animais para a alimentaçãodiretamente nos buritizais. Porém, considerando-se o tipo de alimentação de araras em cativeiro ena natureza existiria a possibilidade dos animaissoltos não aceitarem uma mudança naalimentação, menos doce, mais dura, eprovavelmente em estágio imaturo.

Os animais tiveram oportunidade de escolherentre o alimento antigo (frutas) ou o novo, ouseja, espigas de milho e buriti em estágioimaturo grande. Três semanas depois, jatobástambém passaram a ser disponibilizados noscomedouros.

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Mata ciliar, de galeria, várzea e corredorde buritizais na fazenda Dois Irmãos.

Padrão de vôo considerado como“voando bem”.

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Supriu-se em um terço a comida doscomedouros, e espigas de milho (no dia 12 demaio) e cachos de coquinhos de buritis verdes(em 18 de maio) foram pendurados em árvoresna proximidade da sede da fazenda.

Após uma semana, as proporções entre alimentoantigo e alimento novo variaram semanalmentepara 1:1, 1:2 e 0:1.

No primeiro dia de observação, dos sete animaismonitorados, três já foram vistos se alimentandodas espigas, e no segundo dia um animal sealimentou de vários coquinhos, mesmo já tendose alimentado de abacaxi e sementes de girassolduas horas atrás. Apesar da adaptação a novosalimentos, como milho não ser recomendadapelo fato destes animais poderem se tornarpragas agrícolas, foi considerado que a

aprendizagem do animal em ter que descascaralimentos, a possibilidade de fome e, portantonecessidade de um novo item alimentar, e aaprendizagem de busca de alimentos escondidosnas árvores justificariam.

Nas duas semanas subseqüentes percebeu-se apreferência de 3 araras por itens como ocoquinho e as espigas em relação aos alimentosantigos. Observou-se posteriormente que todasas araras se alimentaram de coquinhos quando aproporção de alimentos antigos foi menor que1:2 (Fig. 6, 7).

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Desempenho de vôo de sete* araras reintroduzidas. *A partir da quinta semana considere 6 araras.

Alimento colocado a 7 metros dochão em local de difícil acesso.Um cabo de aço sustenta 243cocos de buritis. Araras experimentando o novo item alimentar no primeiro dia.

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O estudo de Kuniy et al. 2001, mostrou queararas de cativeiro se alimentaram de mesocarpode fruto imaturo de Syagrus romanzofianna.Apesar deste fruto não ocorrer na área dedistribuição da canindé, a forma de manipulaçãodeste fruto por estas araras provenientes decativeiro é semelhante ao modo de ocorrência nanatureza para outros frutos (Kuniy et al. 2001),ou seja, para projetos que visam a reintroduçãodeste animal na natureza, a necessidade deensinar os animais a manipular frutos silvestresnão seria um obstáculo.

O fato de alimentarem-se do mesocarpo,segundo Kuniy et al. (2001) pode estarrelacionado com a quantidade de endospermamínimo oferecido comparado com dados nanatureza, pois se observou que cada arara adultaconsome 350 frutos, o que equivale a 200 g deendosperma (Brandt e Machado, 1990). Dessemodo, as espécies provavelmente consumiram omesocarpo para repor o endosperma.

Segundo o Prof. Dr. Nilton Junqueira,pesquisador da EMBRAPA (DF) a maturaçãodos frutos do buriti ocorre a partir de setembroe os frutos são mantidos nos cachos até marçodo ano seguinte, mas o pico de amadurecimentoestá nos meses de outubro, novembro e

Porém, quando questionados sobre o que mais os havia emocionado, apresença de animais silvestres passou a ser um item de destaque.

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dezembro. Cada planta pode produzir de 2000 a6000 frutos de 40 a 50 gramas. Geralmente sãoemitidos de 2 a 6 cachos por planta, pesando de50 kg a 100 kg cada cacho, sendo que 90% destepeso é de cocos. Os frutos são ricos emvitamina A,B2, B1,C e niacina, cálcio, ferro efósforo, mas pobres em proteína, e contém emtorno de 30% de óleo. O maio teor de proteínaestá na amêndoa (Silva et al. 2001).

O comportamento alimentar das araras podefacilitar o desenvolvimento dos animais recémreintroduzidos, pois não restringe a taxa dematuração dos frutos que podem ser oferecidos,nem impede que as araras se alimentem defrutos imaturos diretamente nas árvores.

Aproveitamos estas informações para estimar acapacidade suporte da propriedade. Foramcontados os buritis ao longo dos 403 metroslineares que acompanham as margens de um dosrios, o rio Dois Irmãos. A partir de então, comdados da literatura estimou-se a produtividadelocal e esta foi correlacionada com a taxaalimentar dos animais.

Devido à metodologia adotada, ou seja,contagem aparente de buritis que se destacavamna mata de galeria, os buritis pequenos ou queestavam abaixo da copa de outras árvores nãoforam contabilizados. Também por isso, muitasfrutificações não puderam ser vistas e por isso oburiti foi contabilizado como se não estivessefrutificando. Portanto, ambos os valores sãosubestimados, principalmente o da frutificação.

A taxa alimentar dos animais foi obtida a partirda pesagem dos cocos de buritis intactos,contagem de cocos ingeridos, e pesagem domaterial descartado. Observou-se também qualparte do fruto (endocarpo, mesocarpo epericarpo) fez parte da alimentação dos animais.

Na semana que retiramos os outros alimentos,deixando disponível apenas o fruto imaturo doburiti disponível nos comedores, contabilizamosquantos coquinhos serviram de alimento a trêsararas. Em sete horas de observação cada arara,

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Aspectos educacionais também apareceram nos questionários, e comodescrito pela literatura científica, a educação associada ao turismo deobservação cria maior motivação ao visitante, porém, nem mesmo o turistapercebeu o papel no turismo que aqueles animais representam. Estesconsideraram a importância do projeto na conservação das espécies, nopotencial educativo, mas não se atentaram que o prazer que estes lhesproporcionavam incentiva o turismo local.

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em média, comeu ou desperdiçou 0,13 coquinhosde buriti por minuto, ou seja 1 coquinho a cada7.69 minutos (n=3). A freqüência de cocosutilizados na alimentação/cocos desperdiçadosfoi 14/8 (n=1). Com relação à capacidadesuporte da área, inicialmente foram contados 162buritis, sendo que destes 23 estavam frutificando(em 22 de maio). A massa média do cocoutilizado para alimentação dos animais foi 22,6 g(n=132), ou seja, o alimento utilizado estavaainda na metade de seu estágio de maturação.

Considerando-se que psitacídeos, de modo geralpreferencialmente utilizam as janelas das 7 às 10horas, e das 16 as 18 para se alimentar, nesseperíodo consumiriam ou desperdiçariam nãomais que 39 cocos por dia no estágio dematuração atual, ou seja, cerca de 15 a 20 cocosmaduros por dia. Considerando-se informaçõesda literatura citada no que se trata àprodutividade de frutos, a quantidade de frutosexistente no dia da observação poderia sustentaruma arara por 91.980 dias já considerando toda asubestimativa do método.

Por fim, a destruição de habitat (perda efragmentação), (caça clandestina ou captura parao comércio (penas, ovos, filhotes, adultos)(Redford, 1992), além de problemas causadospela endogamia e distribuição geográfica restritasão fatores já evidenciados e que podem serresponsáveis pela perda de espécies,principalmente aquelas com populaçõespequenas, especialização da dieta e hábitos, baixataxa reprodutiva e grande tamanho corporal(Santos, 1990). Desse modo, araras representamum dos grupos de aves mais ameaçados domundo.

Seguindo-se as premissas de que é amplamenteaceito que a educação seja parte integrante doturismo, especialmente em áreas protegidas e emambientes naturais (Simons, 1990; Hall et al.1996; Ham, 1996; Fennell, 1997; Gilbert, 1997;Uzzell et al. 1998; Orams, 1999); a educaçãoassociada ao turismo de observação cria maiormotivação ao visitante, bem como aidentificação com marcas, logos e símbolos deprojetos ambientais (Weiler, 1993); e a educaçãoambiental melhora significantemente a satisfaçãodos visitantes (Roggenbruck e Williams, 1991),nossa hipótese foi que haveria aumento devisitação com a avistagem dos animais no localpelo turista, haveria aumento da satisfação dovisitante, essa satisfação se correlacionaria àeducação ambiental e haveria divulgação dalogomarca do IBAMA.

Em 1 ano de nesta propriedade houve 6inserções na TV, 3 em mídia impressa, 7 naInternet. Se estas inserções fossem pagas,considerando o horário de veiculação,

aproximadamente 1.000.000 (um milhão)de reais seriam necessários. Além disso,houve um aumento de cerca de 50% dataxa de visitantes (12mil são esperadospara este ano), porém, não é possívelafirmar que a presença de animais nestapropriedade seja o único fatorresponsável pelo crescimento devisitantes. Dezessete pessoas dacomunidade local se beneficiaramindiretamente do turismo.

Um questionário foi aplicado a 1000visitantes e apresentou uma tendência quepode mostrar a quão a presença deanimais símbolos atendem aos objetivosdo Programa. Quando os turistas foramperguntados o motivo que os despertouvirem à Chapada Imperial estesenumeraram itens como lazer, cachoeiras,trilhas ecológicas, mudança de rotinasendo que timidamente a presença deanimais silvestres estava em quinto lugar.

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REFERÊNCIAS CITADAS1. Associação Bichos da Mata, 2006. Resultados obtidos da reabilitação de aves

no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata – Itanhaém – SP.I Encontro de ASM – Áreas de Soltura e Monitoramento de AnimaisSilvestres do Estado de São Paulo. Relatório de Atividades. p.18-24

2. Barros, Y. M., Linares, S. F. T. P., Sousa, A. E. B. A., Neto, J. R. S., Neto, P.S., Bianchi, C. A., Marini-Filho, O. J., Nascimento, J. L. X., Flores, J. M.(2006). Plano de Manejo da Arara Azul de Lear.Série Espécies Ameaçadas, 4.79p.

3. BRANDT, A e MACHADO, R. B. (1990). Arara zul de Lear ameaçada. Ci.Hoje 11:66-67.

4. BRIGHTSMITH, D. e BRAVO, A. 2006. Ecology and management ofnesting blue-and-yellow macaws (Ara ararauna) in Mauritia palm swamps.Biodiversity and Conservation, 15, 4271-4287.

5. FENNELL D. A. Ecotourism: an introduction. London New York:Routledge; 1999.

6. GILBERT J. Ecotourism means business. Wellington: GP Publications;1997.

7. HALL CM, MCARTHUR S, editors. Heritage management in Australia andNew Zealand. Oxford: Oxford University Press; 1996.

8. HAM SH. Environmental interpretation: a practical guide for people withbig ideas and small budgets. Golden: North American Press; 1992.

Desse modo, a utilização de animais em propriedades de turismo podeatender aos propósitos divulgação de logomarca do IBAMA e geração deeducação ambiental. É possível que haja ainda aumento significativo devisitação correlacionado a esta divulgação. Mais que isso, é ainda possívelo envolvimento da comunidade local nos programas de educaçãoambiental e a possibilidade de geração de alternativas de renda e empregopara esta comunidade.

Portanto, projetos que tenham a presença de animais símbolos aliados aoturismo podem servir tanto aos propósitos ambientais de preservação deárea e da espécie, educação ambiental, incentivo ao turismo, mas aindaprover alternativas de renda para a população rural local que pode sebeneficiar do projeto, por exemplo, vendendo artesanatos, servindo comoguias, etc.

9. KUNIY, A. A., YAMASHITA, C., GOMES, C. E. P. 2001. Estudo doaproveitamento de frutos da palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana) porAnodorhynchus hyacinthinus, A. leari e Ara ararauna. Ararajuba 9(2):119-123.

10. ORAMS MB. Marine tourism: development, impacts and management. London,New York: Routledge; 1999.

11. REDFORD, K. H. 1992. The Empty Forest. Bioscience. 42(6): p.412-422.

12. ROGGENBRUCK JW, WILLIAMS DR. Commercial tour guides’s effectiveness asnature educators. World Congress on Leisure and Tourism, Sydney, 1991.

13. SANTOS, E. 1990. Da ema ao beija-flor. 5ª ed. Vila Rica. Belo Horizonte. P. 396.

14. SIMONS MAC. Natural encounters: adventure, learning, and research programs forthe marine environment in 1990 Congress on Coastal and Marine Tourism: asymposium and workshop on balancing conservation and economic development.Honolulu, Hawaii: National Coastal Resources Research & Development Institute.

15. SILVA, D. B.; SILVA, J. A.; JUNQUEIRA, N. T. V.; ANDRADE, L. R. M. 2001.Frutas do Cerrado.1. ed. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica,. v. 1. 179p.

16. UZZELL D, BALLANTYNE R, editors. Contemporary Issues in Heritage &Environmental Interpretation. London: The Stationary Office; 1998. p. 260.

17. WEILER B, DAVIS D. 1993. An exploratory investigation into the roles of thenature-based tour leader. Tourism Management,14(2):91–8.

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Levantamento Bibliográfico*: Reintrodução de PsitacídeosCompilação para auxílio aos trabalhos de reabilitação, soltura, reintrodução ou translocação de psitacídeos (*referências apresentadas com base na ABNT -NBR 6023/2002)

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