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ISSN 2177-8892 1903 RELAÇÃO DE GÊNERO NA PRÁTICA DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL Anny Caroline Dos Santos Rocha* Graduada em Pedagogia (UEMA) [email protected] INTRODUÇÃO Desde o início da humanidade existem diferenças nas relações de gênero, ou seja, homens e mulheres possuem papéis distintos. Sendo assim quando as crianças nascem são determinadas a seguirem estereótipos que determinam suas atitudes e comportamentos em meio ao contexto social. A família e a escola possuem papéis fundamentais que auxiliam na formação da identidade do indivíduo. Ressalta-se a educação infantil sendo uma das fases que se inicia o processo de aquisição de experiências, trocas de conhecimentos, além da criação de novas relações entre os sujeitos, influenciando na formação da personalidade e promovendo o desenvolvimento integral das crianças. Podemos observar que não são as características biológicas dos sujeitos que determinam seu papel na sociedade, mas sim as maneiras que elas são representadas e valorizadas, determinando assim o que é pertencer ao sexo feminino ou masculino. A naturalização dos papéis de homens e mulheres é uma construção histórica e a relação entre o homem e mulher varia no decorrer do tempo. Strey, Lesboa, Prehn (2004, P.29) “Ser homem/ser mulher é uma construção simbólica que faz parte do regime de emergência dos discursos que configuram sujeitos.” Os estereótipos universais são construídos pela sociedade, e vistos como naturais, sendo uma categoria social e neste ponto o termo gênero busca analisar a sociedade demonstrando sua organização discriminatória e coberta de diferenças segundo o sexo de cada sujeito. E no decorrer da vida aprendemos como ser homem e mulher, seguindo os padrões estabelecidos pela sociedade. O processo de socialização de gênero começa na fase infantil, ou seja, as crianças são colocadas a seguirem estereótipos desde cedo.

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ISSN 2177-8892 1903

RELAÇÃO DE GÊNERO NA PRÁTICA DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Anny Caroline Dos Santos Rocha*

Graduada em Pedagogia (UEMA)

[email protected]

INTRODUÇÃO

Desde o início da humanidade existem diferenças nas relações de gênero, ou

seja, homens e mulheres possuem papéis distintos. Sendo assim quando as crianças

nascem são determinadas a seguirem estereótipos que determinam suas atitudes e

comportamentos em meio ao contexto social.

A família e a escola possuem papéis fundamentais que auxiliam na formação da

identidade do indivíduo. Ressalta-se a educação infantil sendo uma das fases que se

inicia o processo de aquisição de experiências, trocas de conhecimentos, além da

criação de novas relações entre os sujeitos, influenciando na formação da personalidade

e promovendo o desenvolvimento integral das crianças.

Podemos observar que não são as características biológicas dos sujeitos que

determinam seu papel na sociedade, mas sim as maneiras que elas são representadas e

valorizadas, determinando assim o que é pertencer ao sexo feminino ou masculino. A

naturalização dos papéis de homens e mulheres é uma construção histórica e a relação

entre o homem e mulher varia no decorrer do tempo. Strey, Lesboa, Prehn (2004, P.29)

“Ser homem/ser mulher é uma construção simbólica que faz parte do regime de

emergência dos discursos que configuram sujeitos.”

Os estereótipos universais são construídos pela sociedade, e vistos como

naturais, sendo uma categoria social e neste ponto o termo gênero busca analisar a

sociedade demonstrando sua organização discriminatória e coberta de diferenças

segundo o sexo de cada sujeito. E no decorrer da vida aprendemos como ser homem e

mulher, seguindo os padrões estabelecidos pela sociedade. O processo de socialização

de gênero começa na fase infantil, ou seja, as crianças são colocadas a seguirem

estereótipos desde cedo.

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Desde a pré-escola os meninos e meninas são controlados e conduzidos a

seguirem um modelo ideal imposto pela sociedade. É importante que notemos como os

professores da educação infantil agem influenciando muitas vezes sem perceber na

construção das diferenças de gênero, através de suas práticas.

A relação de gênero é vista nos comportamentos de meninos e meninas, desde

pequenos, pois seguem normas e padrões estabelecidos pelo meio social, sendo assim o

significado do termo gênero é imposto socialmente na vida de meninos e meninas

seguindo as expectativas que a sociedade exige.

Ao construir essas analises pretendo descrever os aspectos teóricos de relação de

gênero e educação infantil, e ainda caracterizar as práticas pedagógicas dos professores,

e como seu trabalho na pré-escola influência na construção das identidades de gênero da

criança, contribuindo para a reprodução ou superação do paradigma.

A escolha deste tema surge da observação em como está se dando as práticas dos

professores na educação infantil perante as situações cotidianas que envolvem as

relações de gênero. Os professores ao transmitirem seu conhecimento, precisam refletir

sobre suas práticas no que diz respeito aos comportamentos e as condutas de meninos e

meninas na educação infantil. Portanto é interessante observar como o educador

contribui positivamente ou negativamente para orientar seus alunos a seguirem modelos

e padrões colocados pelo ambiente social como adequados.

Seguindo um estereotipo antigo que determina que meninos precisem ser

valentes brincar de bola, enquanto que meninas devem ser delicadas e brincar de

boneca. Ou seja, desde o nascimento os bebes são tratados de maneira distinta, por

gênero, as imposições são ditas desde quando nascem e a criança se ver “obrigada” a

seguir certos paradigmas. A instituição de ensino e os professores da pré-escola

reforçam e reproduzem situações específicas para cada gênero resultando na distinção

entre masculino e feminino.

Busco discutir as maneiras que meninos e meninas são colocados na pré-escola

com papéis determinados pela sociedade, observando e fazendo as interpretações da

relação entre professoras e crianças, analisando o que seria “certo” ou “errado” para

cada gênero.

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O trabalho pretende analisar a ação do professor com a relação de gênero na

educação infantil, investigando como meninos e meninas estão sendo educados na pré-

escola. Revelando e interpretando as interações dos educadores com as crianças na

educação infantil.

Para a concretização deste trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas

relacionadas ao tema, pesquisa de campo, investigando a partir do discurso as ações dos

professores da educação infantil em três creches pré-escolar da rede municipal de

Caxias-MA.

Como base teórica para a realização dessa pesquisa buscou-se os autores: Louro

(1997) que me auxiliou no embasamento para compreender o surgimento do termo

gênero; Auad (2006) discute a ideia das práticas escolares, e trabalha a questão dos

estudos feministas tratando sobre a questão da igualdade entre meninos e meninas no

ambiente escolar; Rego (1995) ao falar de Vygotsky cita que o desenvolvimento do

comportamento do individuo ocorre através da interação com a cultura, ou seja, a

criança se desenvolve e aprende através das interações sociais e com o contato com

outras pessoas; Brandao (1995) destaca a questão de que todos os sujeitos são alvos do

processo educativo, vivem aprendizagens em todos os ambientes (casa, rua, aldeia,

escola). A educação auxilia na criação de ideias, hábitos, costumes, e valores,

socializando ainda o ser humano e é na escola que ocorre as primeiras relações de

gênero; Aranha (1996) onde foca a questão da diferença na educação de meninos e

meninas nas primeiras civilizações.

No primeiro momento são apresentados momentos históricos que tratavam do

estudo do gênero, relacionando-se com o movimento feminista, em seguida destaca a

educação infantil e a relação de gênero, que acontece em todos os âmbitos da sociedade

em especial na escola. Local onde são construídas as relações entre os sujeitos,

ocorrendo dessa forma a reprodução das desigualdades entre meninos e meninas.

A última etapa trabalha-se o papel do professor na educação infantil, visto como

um mediador das ações dos alunos e como um facilitador das transmissões das

diferenças entre os indivíduos.

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1 RELAÇÃO DE GÊNERO ONDE COMEÇOU?

Ao pensarmos na palavra gênero podemos lançar o nosso olhar para muitas

possibilidades, e dessa forma poderíamos questionar, o que seria gênero? Nesse

sentido, a historiadora Joan Scott uma das mais importantes teóricas sobre estudos de

gênero argumenta que, o conceito é utilizado para nomear as relações sociais1 entre os

sexos, além de se tornar uma forma de apontar as construções sociais2.

O termo gênero aponta a ideia sobre os papéis que homens e mulheres devem

desempenhar na sociedade, aplicando em questão a criação social das características

vistas como masculinas e femininas, negando o determinismo biológico.

Pois enquanto gênero se refere à construção do sujeito como sendo masculino ou

feminino, o sexo diz respeito à identidade biológica do indivíduo, não são considerados

sinônimos, portanto, influenciando na aquisição de valores culturais, interpretando as

diferenças sociais entre os sexos, e justificando as práticas de homens e mulheres no

meio social.

Pensando segundo Louro (1997), a desigualdade entre homem e mulher é

construída socialmente e não se dá através da diferença biológica de cada um. Ao se

falar biologicamente das diferenças entre eles, a distinção entre mulheres e homens é

percebida geralmente nas diferenças físicas e comportamentais de cada pessoa. É

importante ressaltar as características biológicas, ou seja, as sexuais que não devem ser

pensadas como peça fundamental no processo de construção do masculino e feminino.

O argumento utilizado para justificar a desigualdade entre os indivíduos é

baseado na distinção anatômica dos sujeitos que demonstra as características

diferenciadas do homem e da mulher. Ao demonstrar que homens e mulheres são

biologicamente diferentes, e que cada um deve desempenhar um papel, observamos que

a distinção biológica tem como objetivo justificar a desigualdade existente entre

masculino e feminino no contexto social. Como a autora Daniela Auad cita em sua obra:

1 Em Ciências Sociais, relação social refere-se ao relacionamento entre indivíduos ou no interior de um

grupo social. 2 Construção social é qualquer entidade institucionalizada ou artefato num sistema social "inventado" ou

"construído" por participantes numa cultura ou sociedade particular, e que existe porque as pessoas

concordam em agir como se ela existisse de facto ou seguem determinadas normas. Um exemplo de

constructo social é o status social.

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“[...] as característica e diferenças anatômicas são enxergadas, percebidas e valorizadas

do modo como são, e não de outro modo, graças à existência das relações de gênero

socialmente construídas. ”(P.21, 22)

Ser homem ou mulher na sociedade significa pertencer ao gênero masculino e

feminino respectivamente, suas diferenças biológicas são interpretadas e percebidas

segundo as construções de gênero que o meio social defende.

Os papéis masculinos e femininos são construídos ao longo da história e a

relação estabelecida entre eles decorre da mesma forma. O papel idealizado ao homem é

o de trabalhar fora de casa e trazer o sustento para a família, sendo detentor do poder,

enquanto que a mulher é subordinada a viver num ambiente doméstico, cuidando da

casa e dos filhos. Como a escritora Alvares cita.

O papel masculino era bem determinado. O homem deveria prover

todo o sustento da família e sentia-se até envergonhado ou fracassado

se não pudesse dar algum luxo para sua mulher e seus filhos. À

mulher, por sua vez, cabia cuidar dos filhos e do lar. Cada um tinha

seu papel bem delimitado e [...]. (2013)

Nessa compreensão podemos perceber que a mulher possui pouco poder

econômico e nenhuma autonomia, sua imagem por muito tempo foi ocultada, e seus

direitos eram limitados, delimitando assim o papel da mulher e do homem na sociedade.

Aos poucos as mulheres iniciavam sua luta contra essa opressão e submissão perante o

homem, e começaram a ser objeto de estudo das feministas. Demonstravam as maneiras

que as mesmas eram tratadas no ambiente social.

Assim o movimento feminista visa superar as desigualdades entre mulheres e

homens, discutindo as questões sociais e políticas colocando fim à insatisfação e

exclusão das mulheres, de muitos países da Europa, Estados Unidos e posteriormente do

Brasil. Esse movimento passou a ter uma relevância significativa, denunciando a

exploração das mulheres em todos os âmbitos sociais como a família e o trabalho.

As estudiosas feministas perceberam a necessidade de criar bases teóricas que

sustentassem estudos sobre a mulher, e assim iniciaram a produção de obras que foram

publicadas em revistas e artigos na imprensa, que passava a ser o principal veículo de

divulgação das ideias feministas. Esses estudos tinham por conteúdo relatos sobre a

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situação que a mulher se encontrava, e seu estado de submissão perante o sexo

masculino.

As construções teóricas, que serão uteis para as mulheres que buscam expressar

socialmente sua liberdade, surgem em meio ao um contexto de grandes transformações

sociais e políticas, como a autora Louro (1997, p, 16) afirma:

É, portanto, nesse contexto de efervescência social e política, de

contestação e de transformação, que o movimento feminista

contemporâneo ressurge, expressando-se não apenas através de grupos

de conscientização, marchas e protestos públicos, mas também através

de livros, jornais e revistas.

Diante disso observamos que as ideias feministas passaram a fazer parte na

imprensa, influenciando ainda mais a participação das mulheres nas manifestações

coletiva que visavam a insatisfação das mesmas. Mulheres desejavam se organizar para

buscar a igualdade no meio social, conquistar cada vez mais sua visibilidade e assim

alcançar sucesso na sua realidade.

Nos estudos de Guacira Lopes Louro essa nova onda do feminismo agita vários

países e chega ao Brasil no meados do século XIX, influenciada pelos movimentos dos

Estados Unidos e Europa. No Brasil as mulheres já lutavam pelos seus direitos e com a

emergência do movimento feminista, reorganizando-se assim vários grupos que

envolviam mulheres em todo o país, neste momento os arranjos políticos e sociais

tinham a participação efetiva das mulheres.

No Brasil a produção de pesquisas que vinculavam os movimentos sociais

femininos, incorporavam as teorias de âmbito internacional. As questões feministas que

eram tratadas em revistas e artigos carregavam em seu conteúdo produção nacional e

internacional.

As estudiosas feministas buscavam demonstrar as condições de vida e de

trabalho das mulheres nas áreas variadas como por exemplos, hospitais e escolas,

pesquisas essas que tratavam das experiências vividas pelas mulheres em situação

perante aos homens.

Neste sentido observamos a grande importância do movimento feminista no

Brasil, como afirmam as autoras Faria e Nobre (1997, p.29) “[...] o movimento

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feminista continua lutando para que cada mulher seja mais independente e tenha mais

autonomia [...] para ter acesso aos meios de produção econômica [...]”.

Dessa maneira, podemos perceber que o foco principal do movimento feminista

era o de propor melhores condições de vida para as mulheres, e sua participação politica

nos vários movimentos sociais.

Após tempos de reivindicações dos grupos feministas que buscavam respostas

teóricas sobre a insatisfação e opressão das mulheres, surge em meio a esse contexto o

termo gênero, criado por elas com o objetivo de analisar a situação em que a mulher se

encontrava no meio social.

O conceito de gênero se entrelaça com o movimento feminista que utilizava o

termo para referir-se a uma maneira de organizar socialmente a relação entre os sexos,

questionando os papéis sociais das mulheres e dos homens. Ressaltando dessa forma a

invisibilidade da mulher no sec. XIX destaca: “É preciso notar essa invisibilidade,

produzida à partir do privado, o mundo domestico, como verdadeiro universo da mulher

já vinha sendo gradativamente rompida por algumas mulheres.”(LOURO 1997 p.17)

Todas as problematizações diagnosticadas pelo grupo feminista colocaram

visíveis as mulheres que anteriormente não tinham direitos, construído assim uma

ciência feminina que desafiava a ciência “normal”, os estudos sobre as histórias das

mulheres e as discussões gerais do feminismo, estabelece um conjunto de conceitos

teóricos que colocava a mulher como objeto e sujeito da produção científica.

Confirmar o caráter social do feminino e do masculino nos diversos aspectos na

sociedade faz com que o termo gênero seja visto de modo nítido nas concepções de

mulheres e homens.

Ao utilizar o conceito de gênero busca-se compreender as diferenças construídas

pela sociedade, nos levando à noção de como se dar o comportamento do indivíduo a

partir dos contrastes existentes na sociedade para além do campo biológico,

determinando a maneira de como ser homem e mulher na sociedade.

Homens e mulheres possuem papéis que são construídos no decorrer da história

e do tempo e modificar-se de acordo com sua cultura. Observamos que desde o

nascimento os bebes são colocados a seguirem certos paradigmas impostos pela

sociedade, a autora Daniela Auad (2006, P.22) destaca:

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[...] no momento em que uma criança do sexo masculino nasce e ouvimos

dizer “É menino!”, assistimos à primeira interpretação de uma série que,

de diferentes formas, moldará as expectativas, as experiências e o modo

como dará a inserção e participação dessa criança no meio social.

Ao identificar o sexo do bebe como sendo menino ou menina, os pais e os

familiares criam expectativas e planos de acordo com o sexo. E desde cedo repassam

conhecimentos de como meninos e meninas devem se comportar, pensar e agir na

sociedade. Ou seja, desde pequenos os meninos percebem que são detentores do poder,

ao brincar livremente na rua e serem valentes e fortes, enquanto que meninas são

direcionadas a seguirem um caminho oposto ao dos meninos e são incentivadas a

brincar de boneca e casinha, reforçando assim o papel de como ser mãe e cuidar de uma

casa.

O feminino relaciona-se com o lado mais frágil, sensível, enquanto que o

masculino é associado à força, coragem, ocasionado uma ideia de oposição entre os

gêneros causando as desigualdades entre os indivíduos.

Dessa forma, percebemos que a relação de gênero é um processo que se dá entre

os indivíduos de ambos os sexos, esse processo ocorre do nascimento ao fim da vida

ocasionando as diferenças entre homens e mulheres.

Apresentando-se como recurso o termo gênero emerge para constituir as relações

sociais que buscam conhecer as diferenças entre homens e mulheres, questionando

como são produzidas as regras e culturas que pertencem aos indivíduos de ambos os

sexos. Como a autora ressalta:

[...] a princípio a distinção biológicas, a diferença entre os gêneros

serviu para explicar e justificar as mais variadas distinções entre

mulheres e homens. Teorias foram construídas e utilizadas para

“provar”, distinções físicas, psíquicas, comportamentais; [...] as

possibilidades e os destinos “próprios” de cada gênero (LOURO, 99,

p.45).

Quando afirmamos que o conceito de gênero propõe o papel social que a mulher

e o homem são destinados a seguir, o termo diferencia a construção social do masculino

e feminino do sexo biológico, como as autoras Faria e Nobre (1997, p.30) citam na sua

obra:

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Esse conceito coloca claramente o ser mulher e ser homem como uma

construção social, a partir do que é estabelecido como feminino e

masculino e dos papéis sociais destinados a cada um. Por isto, gênero,

um termo emprestado da gramática, foi a palavra escolhida para

diferenciar a construção social do masculino e feminino do sexo

biológico.”

É na sociedade que se constroem as ações que reproduzem a desigualdade entre

os sujeitos, sendo assim essa desigualdade não tem respostas somente nas diferenças

biológicas das pessoas, mas também nas relações sociais, históricas construídas por

elas.

E essas relações sociais são construídas a partir das representações que ao longo

da história vão sendo atribuídas de significados e diferenças para cada sexo. Homens e

mulheres são compostos de características biológicas distintas que são interpretadas de

forma diferentes pela sociedade. “O gênero-como um conjunto de ideias e

representações sobre o masculino e sobre o feminino-cria uma determinada percepção

sobre o sexo anatômico. [...].” (AUAD, 2006, p.21).

Quando consideramos que a relação de gênero passa por um processo de

construção percebemos que com o tempo são consideradas “naturais” as características

femininas e masculinas que são repetidas e praticadas na sociedade por todos os

sujeitos.

Os papeis sociais de homens e mulheres são pré-determinados, como a autora

(LOURO, 1997, p.24) destaca: “Papéis seriam basicamente padrões ou regras

arbitrárias3 que uma sociedade estabelece para seus membros e que definem seus

comportamentos, suas roupas, seus modos de se relacionar ou e se portar...”.

Ou seja, a sociedade impõe regras e modelos que devem ser seguidos

cotidianamente e visto como algo natural, sendo transmitida de geração a geração,

considerando o que seria adequado ou não para uma mulher ou homem numa sociedade.

As pessoas agem conforme com o que está sendo colocado para elas, absorvendo

assim características masculinas e femininas, contribuindo para a construção das

identidades de gênero. O conceito possibilita ver o que existe de comum nas mulheres e

3 Que depende do capricho de alguém: decisão, medida arbitrária.

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homens, buscando a homogeneização, mas reconhecendo suas diferenças e respeitando-

as.

A discussão sobre gênero ganhou mais intensidade no Brasil somente nos anos

80, pois o termo foi sendo utilizado e pensado pelas feministas, como parte da

construção da identidade do sujeito no âmbito social. Louro afirma que cada indivíduo

possui sua identidade particular, diferenciando-se uma das outras representando homens

e mulheres, e a pretensão seria entender o termo gênero como constituinte da identidade

dos indivíduos:

Ao afirmar que o gênero institui a identidade do sujeito (assim como a

etnia, a classe ou a nacionalidade, por exemplo) pretende-se referir,

portanto a algo que transcende o mero desempenho de papéis a ideia é

perceber o gênero fazendo parte do sujeito, constituindo-o (LOURO,

1997, p.25).

A autora ressalta que o termo gênero estabelece a identidade do indivíduo,

pretendendo ultrapassar a ideia de que sujeitos desempenham certos papéis, e que ao

longo do tempo esse papel vai sendo reafirmado, destacando as diferenças entre os

indivíduos.

Ao se falar sobre identidade do indivíduo percebemos que sua construção se dar

através das relações que ele mantém com o meio, existe, portanto uma visão de que as

pessoas devem agir conforme as características que são impostas pela sociedade, mas as

pessoas assumem identidades diferentes em diferentes momentos como Stuart Hall

ressalta em sua obra: “Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em

diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente

deslocadas.” (HALL, 1987, P.13)

Ou seja, a identidade não é determinada biologicamente, mas sim socialmente e

no decorrer da história, são através das ações que são realizadas no meio social que

compreendemos o que é ser homem ou mulher, essa ideia nos permite pensar que o

termo gênero é uma construção social.

Dessa forma ao falar da identificação do sujeito, destacou-se a ideia de que o

individuo não possui uma identidade fixa e permanente, mas está disponível à mudanças

conforme as necessidades e relações mantidas, transformando-se continuamente no

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decorrer do tempo, a identidade é construída historicamente e não biologicamente, uma

vez que a identidade tende a mudar de acordo com a maneira que o indivíduo é

representado no meio social. Para Louro “compreendemos os sujeitos como tendo

identidades plurais, múltiplas; identidades que se transformam que não são fixas ou

permanentes, que podem, até mesmo, ser contraditórias.” (1997, p.24)

Ao analisar que o termo gênero é uma construção social, observamos o

comportamento dos sujeitos a partir das diferenças sociais que são estabelecidas no

processo de construção do indivíduo, o gênero interpreta as experiências vividas pelas

pessoas, para além da explicação biológica. Ao se falar em gênero de alguma maneira

remete-se ao termo da sexualidade, mas devemos compreender a diferença existente

entre eles, muitas vezes na sociedade esses conceitos são confundidos.

Ao se falar da sexualidade, podemos compreendê-las como a vivência dos

desejos, vontades e prazeres do indivíduo, ou seja, é uma “invenção social” utilizada

para regular e compreender os conhecimentos com o corpo e assim criar formas

culturais sobre a sexualidade.

Assim, o termo sexualidade interliga-se com o conceito de sexo, que caracteriza

anatomicamente as diferenças entre mulheres e homens, ou seja, essas identidades

sexuais caracterizam como cada indivíduo vive sua sexualidade da maneira que lhe

satisfaz. Nesse sentido [...] tanto na dinâmica do gênero como na dinâmica da

sexualidade as identidades são sempre construídas, elas não são dadas ou acabadas num

determinado momento. (LOURO 1997 p 27)

A identidade sexual e de gênero, estão em constante transformação, ou seja, os

sujeitos constroem suas identidades através das relações sociais estabelecidas, formando

assim sua identidade de gênero.

A relação entre o masculino e o feminino se dá através da situação de um

indivíduo ser dominante enquanto o outro é dominado, ressaltando nas respectivas

funções em meio à sociedade, seguindo dessa forma perfis que são considerados

padrões no campo social, e o termos gêneros se produzem através das relações de poder

de um sobre o outro.

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A questão do feminino e masculino deve ser desconstruída, pois essa relação é

de caráter dicotômico e polarizado4, supondo que a relação entre eles é vista como

sendo polos opostos que se relacionam de forma que um é dominante e outro dominado.

Assim, a construção do gênero ocorre historicamente e não tem fim, pois estão

constantemente mudando. Ou seja, quando se fala sobre a desconstrução das

dicotomias5, venho problematizar a constituição de cada polo, pois cada um tem sua

singularidade, mas não é único, na verdade o polo masculino contém o feminino e vice-

versa.

A desconstrução das dicotomias nos faz perceber através da mesma lógica outros

exemplos como: “razão e sentimento”, “homem e mulher”, “menina e menino”, teoria e

prática, correspondendo assim a uma eterna oposição dos elementos. A lógica

dicotômica defende que os sujeitos que fazem parte dessa ideia não são apenas mulheres

e homens, mas sim mulheres e homens de idades, raças e classes distintas. O termo

gênero supera as dicotomias e demonstra que tanto homens como mulheres fazem parte

do mesmo universo.

Mulheres e homens estão envolvidos na mesma esfera social, e a

desnaturalização do papel que homens e mulheres desempenham, devem sofrer

mudanças para que se compreendam as relações entre eles, e também seu papel na

construção das relações sociais.

E para que ocorra essa desnaturalização dos papéis de homens e mulheres, a

escola sendo reprodutora da educação se ver diante de fatos sociais, divisões de classes,

dominação de uns sobre os outros, implica na discussão sobre a relação de gênero

carregada de preconceitos, mas mesmo assim a escola deve permanecer a serviço da

comunidade como ferramenta de transformação.

Ao pensar de forma epistemológica6 as questões de gênero, de certa forma é um

exercício que rompe com os preconceitos e com o pensamento dicotômico existente na

sociedade.

4 Tem a ver com divisão, separação. Diferentes, assemelhados, parecidos.

5 Tipo de classificação cujas divisões ou subdivisões possuem somente dois termos.

6 Surge do termo: Epistemologia, também chamada de teoria do conhecimento, é o ramo da filosofia que

trata da natureza, das origens, fontes, limitações e critérios de conhecimento.

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2 RELAÇÃO DE GÊNERO E O PROFESSOR DA PRÉ-ESCOLA

A escola assume funções complexas, para além do campo pedagógico como

também o político e social, a instituição de ensino tem a função importante na

construção da identidade de cada indivíduo que frequenta seu interior, mas é

principalmente na educação infantil que essa construção se inicia, através das práticas

dos professores, onde meninos e meninas tem seu primeiro contato com um ensino

formal.

Nos primeiros anos de vida escolar as instituições fabricam, ou seja, produzem

representações étnicas, de classe e gênero fazendo com que os alunos sigam essas

representações que fazem parte de seu processo de formação. Através dessas

representações as diferenças são legitimadas, e a escola naturalmente contribui para a

promoção e reprodução de desigualdades de gênero. Como ressaltam Santos e Souza no

trecho de sua pesquisa:

O sexismo, preconceito referente ao sexo se encontra presente na

educação e no cotidiano através de algumas ações, seja por meio da

linguagem, nos livros, nos gestos, que de maneira muito singular

acabam por distanciar meninas e meninos, reforçando as diferenças e

desfavorecendo a igualdade de gêneros ( 2010, P.5).

Neste primeiro momento é importante reconhecer e valorizar o trabalho do

professor, o mesmo através de suas ações possibilita que se construa a identidade de

cada criança. Além de atuar e promover inúmeras situações em que sujeitos venham

reconhecer e seguir determinadas regras impostas pelo ambiente social.

Diante disso é importante que consideremos que os professores são peças

fundamentais na construção da identidade de gênero, pois através de suas práticas o

indivíduo segue as normas ditadas, ou superam as barreiras impostas pela sociedade.

O professor que trabalha na educação infantil deve constantemente refletir sobre

sua pratica que se relaciona ao processo de aprendizagem das crianças na educação

infantil. Suas atitudes influenciam no desenvolvimento da criança de forma integral,

contribuindo no crescimento das potencialidades e na apropriação do conhecimento.

Nesta perspectiva relacionada ao desenvolvimento humano, destacam-se as teorias de

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Vygotsky que defende a ideia da relação indivíduo e sociedade, ou seja, todas as

características que pertencem aos indivíduos não são criadas desde o seu nascimento,

mas resulta da interação do homem e o meio social. O processo de desenvolvimento é

socialmente construído no decorrer do tempo como frisa a autora REGO ao cita

Vygotsky: [...] , quando o homem modifica o ambiente através de seu próprio

comportamento, essa mesma modificação vai influenciar seu comportamento futuro

(1995, p.41).

Seguindo essa premissa, observa-se que a criança desenvolve suas aptidões

estabelecendo vínculos com outros indivíduos e descobrindo-se como sujeitos sociais

capazes de explorar o mundo, adquirindo valores que servem de subsídios para a

formação da identidade e a formação do gênero.

Pois a educação infantil incorpora de forma integrada as funções de cuidar e

educar as crianças pequenas considerando seu contexto social e cultural. Dessa maneira

as relações estabelecidas entre o indivíduo de classe, raça e gênero distintos

desencadeiam a aquisição de conhecimentos nas crianças, favorecendo um

desenvolvimento completo e necessário para a construção da sua identidade.

Ou seja, é necessário que o professor transmita para o aluno valores a serem

incorporados, que são permeados pelas diversidades e diferenças de cada um. Como o

Referencial Curricular na Educação Infantil defende: “começando pela diferença de

temperamento, de habilidades e de conhecimento, até as diferenças de gênero, de etnia e

de credo religiosos, o respeito a essa diversidade deve permear as relações cotidianas.”

(P.41 V.2).

Diante do que foi dito, o papel do educador é transmitir através de suas atitudes e

práticas os valores de igualdade e respeito entre indivíduos que são de sexos distintos. O

professor não deve repassar ao educando padrões estereotipados em relação ao papel

que homem e mulher devem exercer e assumir no âmbito social.

É recomendável que o professor ao trabalhar a relação de gênero utilize seu

conhecimento para compreender as variadas situações que envolvem respeito. A ação

do professor é de ser um mediador, o mesmo busca mediar as relações que são criadas

pelas crianças com o mundo ao seu redor, auxiliando dessa forma no processo de

integração entre meninos e meninas.

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ISSN 2177-8892 1917

O papel mediador do professor interfere diretamente nas interações entre as

crianças e a sociedade. O professor nas suas práticas deve buscar meios para valorizar o

respeito entre homem e a mulher estabelecendo um diálogo com as crianças

demonstram através de suas ações em sala de aula os valores de igualdade e respeito

entre os sujeitos de sexos distintos, como no Referencial Curricular Nacional para

Educação Infantil destaca: “(...) a identidade de gênero, a atitude básica é transmitir, por

meio de ações e encaminhamentos, valores de igualdade e respeito (...) e permitir que a

criança brinque com as possiblidades relacionadas tanto ao papel de homem como ao da

mulher.” (V.2 p.42)

Nesse sentido cabe ao professor planejar ações importantes e eficazes que sejam

capazes de romper com os estereótipos existentes e que são vinculados na criança desde

o nascimento. O comportamento da criança é construído através das influências

recebidas pela sua temperamento, de habilidades e de conhecimento, até as diferenças

de gênero, de etnia e de credo religiosos, o respeito a essa diversidade deve permear as

relações cotidianas.” (P.41 V.2).

Diante do que foi dito, o papel do educador é transmitir através de suas atitudes e

práticas os valores de igualdade e respeito entre indivíduos que são de sexos distintos. O

professor não deve repassar ao educando padrões estereotipados em relação ao papel

que homem e mulher devem exercer e assumir no âmbito social.

É recomendável que o professor ao trabalhar a relação de gênero utilize seu

conhecimento para compreender as variadas situações que envolvem respeito. A ação

do professor é de ser um mediador, o mesmo busca mediar as relações que são criadas

pelas crianças com o mundo ao seu redor, auxiliando dessa forma no processo de

integração entre meninos e meninas.

O papel mediador do professor interfere diretamente nas interações entre as

crianças e a sociedade. O professor nas suas práticas deve buscar meios para valorizar o

respeito entre homem e a mulher estabelecendo um diálogo com as crianças

demonstram através de suas ações em sala de aula os valores de igualdade e respeito

entre os sujeitos de sexos distintos, como no Referencial Curricular Nacional para

Educação Infantil destaca: “(...) a identidade de gênero, a atitude básica é transmitir, por

meio de ações e encaminhamentos, valores de igualdade e respeito (...) e permitir que a

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criança brinque com as possiblidades relacionadas tanto ao papel de homem como ao da

mulher.” (V.2 p.42)

Nesse sentido cabe ao professor planejar ações importantes e eficazes que sejam

capazes de romper com os estereótipos existentes e que são vinculados na criança desde

o nascimento. O comportamento da criança é construído através das influências

recebidas pela sua cultura, e auxiliam na formação e no comportamento do individuo.

E a escola tem por objetivo transmitir e reproduzir, através de suas práticas

sociais os comportamentos e valores que são ditos adequados e corretos para formar

sujeitos femininos e masculinos. É necessário que se compreenda a interação professor

e aluno, analisando situações que visem à relação de gênero nas práticas escolares do

cotidiano, pois desde os anos iniciais escolares os meninos e meninas são controlados e

conduzidos a seguirem um modelo ideal de acordo com seu gênero.

Dessa maneira o professor em especial da educação infantil deve tomar atitudes

e criar situações que desnaturalize as questões relacionadas ao gênero. E não criar e

reproduzir uma identidade nos indivíduos masculinos e femininos, seguindo modelos

dominantes na sociedade. Sendo assim durante as atividades em sala de aula os

educadores devem interagir com as crianças refletindo sobre as reais implicações que

acontecem na construção da identidade de gênero.

As crianças não nascem sabendo das normas ditadas pela sociedade, mas no

decorrer do tempo são colocadas a seguirem modelos e padrões que são ditos naturais

para cada sexo. E a escola sendo uma instituição de caráter fundamental na formação da

identidade de gênero do sujeito, busca nos profissionais que atuam nessa fase a postura

de um ser reflexivo. Ou seja, aquele que trabalhe com as questões interligadas a relação

de gênero, superando os paradigmas que prevalece sobre o masculino e feminino, de

forma a refletir sobre suas ações em sala de aula.

É importante que o professor da educação infantil reforce a ideia de que os

indivíduos independentemente de seu gênero se relacionem da mesma forma sem que

haja distinção quanto ao seu sexo, as professoras devem incentivar e discutir os

comportamentos de meninas e meninos, para que não ocorra a distinção entre eles,

buscando o respeito.

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Dessa maneira percebemos que é fundamental o papel do professor no

desenvolvimento individual do educando. Ainda é muito presente as práticas sexistas no

campo escolar, local onde as relações são estabelecidas e uma delas a relação de gênero,

ocasionando assim as diferenças dos comportamentos de meninos e meninas.

O professor ao educar meninos e meninas, deve perceber que desde sempre as

diferenças educacionais estão presentes, pois ambos são educados de maneira

diferenciada, de modo que seu desenvolvimento os torne sujeitos distintos de acordo

com seu gênero.

No decorrer das práticas sociais meninos e meninas são expostos a construção

sociais que os direcionam a seguirem padrões, portanto é de suma importância que o

professor reflita sobre suas atitudes como a autora LOURO(1997) frisa: “Temos de estar

atentas/os, sobretudo, para o sexismo, o racismo e o etnocentrismo que ela

frequentemente carrega e institui. ”(P.64)

É preciso que os educadores se atentem para a forma que utilizam sua linguagem

em sala de aula, pois a mesma carrega inúmeras diferenças, e está presente na maioria

das práticas executadas.

Diante disso o professor deve estar em constante reflexão, pois sua prática

influência na aquisição do conhecimento e na propagação das diferenças de gênero.

Envolvidos nessas práticas escolares o professor da educação infantil consagra diversas

expressões que são carregadas de práticas sexistas.

Professores tem o desafio de adotar uma postura reflexiva diante das

desigualdades e preconceito que surgem em meio as questões escolares. Oliveira

destaca: “Cabe, pois ao professor, com seu olhar atento seguro e disponível,

acompanhar as diferentes formas pelas quais a criança, desde o nascimento, se indaga

sobre o mundo e sobre ti mesma [...].” ( 2007,P.51)

Assim a formação das novas gerações, não tem por ideia o “adestramento” das

crianças para comportamentos ditos correto. Cada criança, independentemente de seu

credo, raça, etnia e gênero devem ser respeitadas, e o professor devera trabalhar a

igualdade entre os indivíduos.

Como parte integrante do processo educativo o trabalho do educador é preparar

os alunos para sua participação na sociedade. Como Libânio ressalta em sua obra:

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Cada sociedade precisa cuidar da formação dos indivíduos, auxiliar no

desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais, prepará-lo

para a participação ativa, transformadora nas várias instâncias da vida

social. Não há sociedade sem prática educativa nem prática educativa

sem sociedade (1994 p17).

Dessa forma a ação educativa é um processo que compreende na participação

ativa dos indivíduos, tornando-os aptos a vida social.

E o trabalho docente tem a responsabilidade de preparar o educando para se

tornar um cidadão capaz de participar ativamente da sociedade, na vida política e

cultural. O professor sendo um mediador promove as condições e os meios para que o

aluno de desenvolva da melhor maneira possível, além de preparar e orientar alunos

para a formação da personalidade, buscando caminhos para enfrentarem as situações do

cotidiano com uma postura independente.

Para que ocorra uma aprendizagem eficaz e de qualidade o educador combina

objetivos, métodos e conteúdo, tendo em vista a aprendizagem do aluno, observa-se

dessa maneira a influência do professor no processo de socialização das crianças em

sala de aula.

No caso da educação infantil, o professor exerce responsabilidade que são

estreitamente ligadas aos comportamentos das crianças, o professor não transmite ou

ensina somente, mas permeia situações que acontecem no ambiente escolar. E a relação

de gênero se faz presente em meio a essas situações ocorridas na Educação Infantil, e

cabe ao educador propiciar condições que não venham discriminar os meninos e

meninas, para que não cause distinção entre os sexos, e consequentemente uma

discussão acerca do papel que é imposto para meninos e meninas colocando-os como se

fossem de universos diferentes.

Nesta idade dos 0 as 6 anos a criança estar na fase onde utilizam objetos da

maneira como elas enxergam os adultos ao seu redor, ou seja fazem a imitação das

ações.

Em cada etapa de desenvolvimento, a criança adota um tipo de

atividade que permite, dentro das particularidades desse

desenvolvimento, a ampliação de suas qualidades humanas.

Considerando as situações em que observamos as crianças atuando,

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aprendendo e se desenvolvendo, constatamos que as situações que

garantem mais aprendizados são aquelas que envolvem intensamente

as crianças naquilo que estão fazendo: [...] (CARRARA, 2004, p.147).

Diante disso podemos perceber que a criança ao executar uma atividade entre em

contato como mundo ao seu redor, desenvolvendo o pensamento atenção, linguagem, os

traços de caráter e outras habilidades.

Assim o educador juntamente com a escola coordena o processo que foca no

desenvolvimento das habilidades, promovendo dessa forma aprendizagem das crianças.

Tudo que a criança aprende na fazer da pré-escola serve de subsídios para sua

vida adulta, Meninos e meninas são observados e avaliados separadamente e de certa

forma são comparados em certas situações.

Precisamos perceber que existem situações que colocam dois mundos opostos:

masculino e feminino, ou seja, as relações de gênero entre as crianças da educação

infantil participam de representações em que os meninos e meninas são pertencentes a

culturas distintas, onde existe certo contraste que vem refletir nos seus comportamentos.

A prática do professor da educação infantil influência nas ações e decisões que

as crianças executam em seu meio social, o mesmo auxilia na formação da criança para

que possa escolher de maneira crítica e independente os caminhos que ela quer seguir. E

a relação de gênero é algo que ocorre no ambiente escolar, onde existe uma interação

que envolve ambos os sexos num mesmo ambiente e se relacionando juntos.

As questões tratadas na escola podem demonstra as diferenças de gênero no dia

a dia, considerando como o professor age em relação a meninos e meninas, e se

realmente existe diferença no tratamento e na educação. Podemos perceber que as

diferenças entre meninos e meninas é algo que foi construído como a autora cita:

As diferenças entre meninas e meninos certamente não são naturais.

Menina que aparentam meiguice ou meninos que falam aos gritos são

resultados do modo como as relações de gênero foram construídas na

nossa sociedade ao longo do tempo. (AUAD 2006, p.39)

As diferenças são reforçadas muitas vezes pelos educadores através de suas

práticas em sala de aula. Provocando uma educação não igualitária, construindo um

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aprendizado da separação. Além disso, existem várias formas onde os professores

motivam o modo desigual entre meninos e meninas.

Ao lançar nosso olhar para aqueles que participam do processo educativo

escolar, percebemos que são responsáveis pelos comportamentos de seus educandos, se

tornam responsáveis pela aquisição de valores que os mesmos aprendem na escola. Não

é somente na transmissão dos saberes que o professor é importante, mas em como se

darsua maneira seu comportamento, influenciando nas ações que os alunos podem vim a

exercer, servindo como um modelo as ser seguido pelos alunos.

Ele se torna um “especialista da infância”, ele domina os

conhecimentos e as técnicas de ensino, as armas para a conquista das

almas infantis e para a sua vigilância, ele sabe graduar seus

ensinamentos, estimular a vontade, treinar o caráter, corrigir com

brandura-ele é o responsável imediato e mais visível da formação dos

indivíduos. (LOURO, 1997, p.92)

Os docentes possuem, uma autoridade em relação as práticas educativas que são

exercidas, por isso tudo que é transmitido para os alunos são absorvidos. Afinal no

ambiente escolar é que são construídas e reproduzidas as relações entre os indivíduos

masculinos e femininos, ou seja, relações que envolvem a desigualdade entre eles

presentes no âmbito escolar.

Cabe ao professor da educação infantil promover situações que não priorize as

diferenças e preconceitos que são presentes na vida da criança antes de frequentar o

ambiente escolar, ou seja desde o nascimento o menino é determinado a usar roupas nas

cores azuis, enquanto a menina rosa, dessa forma percebe-se que a distinção entre os

sujeitos ocorre de fora precoce.

Neste sentido tudo que ocorre no interior da instituição de ensino ganha

destaque, e o professor é visto como uma representação isto é:

[...], as representações de professoras e professores dizem algo sobre

esses sujeitos, delineiam seus modos e traços, definem seus contornos,

caracterizam suas práticas [...], Professores e professoras- como

qualquer outro grupo social- foram e são objetos de representações

[...] (LOURO, 1997, p.98)

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As representações citadas não podem ser vistas somente como meras descrições

do professor, mas descrições que os constituem e os produzem tendo efeitos sobre esses

indivíduos diretamente, formando sua identidade e personalidade.

Observamos atitudes e ações que geram comportamentos de caráter

discriminatório frequentemente, onde levam meninos e meninas a uma relação de poder,

além de ressaltar que seus papéis são diferentes no ambiente social.

Podemos perceber que as relações de gênero presentes na sociedade, produzem

desigualdades entre os sujeitos. E a educação de meninos e meninas se dar de forma

desigual, pois existem características que são consideradas “naturalmente” femininas ou

masculinas que são valorizadas, segundo a construção social, que contribui para a

promoção e reprodução dessas desigualdades.

Ao considerar as relações de gênero como sendo uma construção social, nos

damos conta que as relações entre homens e mulheres é um processo socialmente

construído ao longo dos anos para deixar mais claro a autora frisa nesse trecho: As

relações de gênero correspondem ao conjunto de representações construída em cada

sociedade, ao longo de sua história, para atribuir significados, símbolos e diferenças

para cada um dos sexos. (Auad, 2006, p.21)

Diante do que foi dito ao considerar as relações de gênero como algo que foi

construído no decorrer da história, percebe-se que o professor da Educação Infantil faz

parte desse processo de construção. O mesmo se ver diante das relações de gênero

constantemente, e suas ações influenciam diretamente nas atribuições das características

ditas femininas, ocasionando dessa maneira a distinção dos sujeitos.

Ressaltando que o processo de educação infantil é um, trabalho que foca na

formação da cidadania, vendo que as crianças devem ser educadas perante a essa

perspectiva, enriquecendo de certa forma sua formação.

Sendo visto como um ambiente adequado para combater os preconceitos e as

diferenças, a Educação Infantil age de forma contrária e passa a ser um local no qual

ocorre um “aprendizado da separação”.

Assim como outras instituições que fazem parte da sociedade, a escola fábrica as

identidades de meninos e meninas e as práticas do educador reforçam os modelos que

são existentes no ambiente social no que diz respeito as aprendizagens sobre as

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maneiras de se comportar, expressar de sujeitos femininos e masculinos. A autora Auad

2006, p.78 destaca:

[...] os sujeitos, meninos e meninas, não são apenas receptores

passivos de imposições externas. Alunos e alunas, de diferentes

modos, reagem, seja ao recusar ou ao assumir, às aprendizagens sobre

o feminino e o masculino propostas implícita e explicitamente nos

processos educacionais.

Fazendo parte do processo educacional, o educador deve observar as ações dos

indivíduos e perceber que elas são importantes para a transformação da realidade dos

mesmos. Ou seja, resistir as desigualdades de gênero e a uma aprendizagem que acentua

a separação de menino e menina.

Cabe a professora refletir sobre sua prática e buscar melhores medidas que

transforme situações escolares, buscando dessa forma objetivos igualitários, métodos

que não trabalhem a distinção entre meninos e meninas.

Dentre essas transformações educativas, estaria a de incentivar a igualdade entre

meninos e meninas, estimulando a interação entre eles. Intervindo em determinadas

situações em que meninos e meninas estejam agindo de forma preconceituosa em

relação ao seu colega de classe.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através das pesquisas sobre a relação de gênero nas práticas dos professores da

Educação Infantil, podemos compreender que a família e a escola são espaços onde a

todo o momento as desigualdades estão presentes principalmente as de gênero.

Influenciando na formação do sujeito e estabelecendo as relações sociais que são

construídas, influenciando também diretamente na aquisição de valores.

Ao se falar da relação de gênero e a prática do professor da educação infantil

focamos no papel, sendo visto como um mediador do processo de ensino. Através de

suas práticas geralmente ocorrem a propagação das diferenças entre os sujeito

relacionado ao gênero. No que diz respeito a repassar conhecimentos e saberes ao

educando, o professor reproduz os padrões de homens e mulheres que o meio social

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exige. “Gestos, movimentos, sentidos são produzidos no espaço escolar e incorporados

por meninos e meninas, tornam-se parte de seus corpos. Ali se aprende, a olhar e a se

olhar, se aprende a ouvir, a falar e a calar, se aprende a preferir. Todos os sentidos são

treinados [...] “(Louro, 1997, p.61)

No ambiente escolar e principalmente na educação infantil são executadas e

estabelecidas atitudes sexistas que ocasionam distinção entre meninos e meninas, sejam

através de atividades propostas, brincadeiras, linguagens e a própria prática do professor

que são atravessadas pelas diferenças, percebe-se que a instituição de ensino coloca

regras e padrões que devem ser seguidos pelos alunos que ali frequentam, fabricando

dessa forma as diferenças nos educandos.

É necessário reflexões que conscientize o educador em não reproduzir regras

estabelecidas pela sociedade Nos discursos das professoras pode-se perceber que a

relação de gênero acontece ainda com alguns pontos de preconceito, algumas

incorporam concepções que são rodeadas de diferenças, transmitindo dessa forma

para os seus alunos esses saberes.

De certa forma o educador dissemina os padrões que são colocados pela

sociedade, e reproduzem essas diferenças através de suas práticas pedagógicas. Neste

ponto, cabe ao educador fazer uma reflexão sobre suas práticas e procurar

metodologias para não trabalhar as desigualdades de gênero na pré-escola. Analisando

as entrevista pode-se perceber que ainda existe a distinção em educar meninos e

meninas, para assumirem papéis diferentes no meio social.

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