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RELAÇÕES ENTRE IMIGRAÇÃO E EDUCAÇÃO: GALÍCIA E SANTOS (1895-1930) KARIME MOUSSALLI ANTIGO 1 RESUMO A cidade de Santos tem uma grande importância histórica para o Estado de São Paulo e para o Brasil, inúmeras pesquisas já foram realizadas no sentido de compreender temas relacionados às áreas da economia, da história, da imigração e etc., no entanto, faz-se ainda necessário produzir estudos na área da educação, especificamente na história da educação. A partir desta constatação, pensar nos processos de educação e escolarização voltadas aos imigrantes espanhóis, mais especificamente os galegos por serem maioria, tornou-se uma forma de dar a esses aspectos maior visibilidade. Assim este artigo busca abordar alguns aspectos ligados as ações educativas empreendidas nesta cidade com relação às atividades promovidas pelo Centro Espanhol de Santos. Estas atividades de caráter educativo se intensificaram nas primeiras décadas do século XX, tendo como desdobramento a criação de uma escola para alfabetizar jovens e adultos, além da organização de uma biblioteca que se configurava em um espaço de lazer e cultura. 1 Formada em Licenciatura Plena em História pela Universidade Católica de Santos (UNISANTOS). Mestranda na área de Cultura, Filosofia e História da Educação pela Universidade de São Paulo (USP). São Paulo - SP, Brasil. E-mail: [email protected].

RELAÇÕES ENTRE IMIGRAÇÃO E EDUCAÇÃO: GALÍCIA E SANTOS ... · voltadas aos imigrantes espanhóis, mais especificamente os galegos por serem maioria, tornou-se uma forma de dar

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RELAÇÕES ENTRE IMIGRAÇÃO E EDUCAÇÃO:

GALÍCIA E SANTOS (1895-1930)

KARIME MOUSSALLI ANTIGO1

RESUMO

A cidade de Santos tem uma grande importância histórica para o Estado de São Paulo e

para o Brasil, inúmeras pesquisas já foram realizadas no sentido de compreender temas

relacionados às áreas da economia, da história, da imigração e etc., no entanto, faz-se

ainda necessário produzir estudos na área da educação, especificamente na história da

educação. A partir desta constatação, pensar nos processos de educação e escolarização

voltadas aos imigrantes espanhóis, mais especificamente os galegos por serem maioria,

tornou-se uma forma de dar a esses aspectos maior visibilidade. Assim este artigo busca

abordar alguns aspectos ligados as ações educativas empreendidas nesta cidade com

relação às atividades promovidas pelo Centro Espanhol de Santos. Estas atividades de

caráter educativo se intensificaram nas primeiras décadas do século XX, tendo como

desdobramento a criação de uma escola para alfabetizar jovens e adultos, além da

organização de uma biblioteca que se configurava em um espaço de lazer e cultura.

1Formada em Licenciatura Plena em História pela Universidade Católica de Santos (UNISANTOS).

Mestranda na área de Cultura, Filosofia e História da Educação pela Universidade de São Paulo (USP).

São Paulo - SP, Brasil. E-mail: [email protected].

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PALAVRAS-CHAVE: Santos, Galícia, Escolarização, Educação, Centro Espanhol

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SANTOS E GALÍCA: UM MAR DE GENTE2

A vila de Santos, fundada no século XVI, mostra até o século XIX uma

fisionomia provinciana, cujo marasmo foi um pouco sacudido no século XVIII, quando

da exportação do açúcar. Sendo uma cidade litorânea, seu porto tem sido a mola

propulsora de seu desenvolvimento. Mas só o café do Estado de São Paulo e a

necessidade de aparelhar o porto para a exportação cafeeira fariam de Santos uma

cidade de imigrantes, graças às oportunidades profissionais que oferecia.Os estudos

apontam que a imigração foi um fenômeno forte no Brasil no final do século XIX

devido à crise na Europa, fazendo com que a circulação de pessoas se desse para todo o

mundo.

No caso do Brasil, muitos que chegaram via o Porto de Santos foram para outras

cidades de São Paulo e de outros Estados. Entretanto, o fato de Santos ter o porto, por

sua vez, fez com que muitos avaliassem em permanecer na cidade que poderia oferecer

muitas oportunidades, o que se revelou posteriormente, fazendo com que milhares de

imigrantes a escolhessem como um lugar para viver e trabalhar. De acordo com

Cánovas (2017, p. 54)

No período da grande emigração em massa, de cada dez imigrantes

desembarcados no Porto de Santos, oito deles destinavam-se as zonas

cafeeiras. Especula-se que, do restante, parte tenha permanecido na própria

cidade de Santos, burlando a fiscalização de desembarque.

Segundo Lisboa (2014), Santos, foi uma cidade que passou a ser conhecida

como a “porta de saída”, ou melhor, o “porto do café”. A entrada de imigrantes se

avolumou quando, em 1884, um projeto de financiamento integral dos custos da vinda

dos europeus foi aprovado em instâncias federais do governo brasileiro.

O autor, em conformidade com a citação acima vai mostrar que em um curto

período cronológico de cinco anos, mais precisamente de 1882 a 1887, valendo-se dos

benefícios que lhes foram concedidos, cerca de 62 mil imigrantes desembarcaram no

2Este título faz referência a obra de Wellington Teixeira Lisboa “MAR DE GENTE: CONTRIBUTOS

PARA A HISTÓRIA DAS MIGRAÇÕES. INTERNACIONAIS EM SANTOS/SP” a qual tanto me

ajudou na realização deste trabalho.

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porto de Santos, na sua maioria com destino às cidades do Oeste paulista, muito embora

um número significativo de estrangeiros tenha se fixado nessa faixa litorânea. Outros

estudos indicam, porém, como aponta Cánovas (2017) ao mencionar os dados da

Associação Comercial de Santos, que no período de 1882 a 1891 ingressaram pelo porto

de Santos algo próximo a duzentos mil imigrantes.

Lanna (1996, p. 169) afirma que “Países como Portugal e Espanha, [...] estavam

à margem do sistema [capitalista] e transformaram-se em exportadores de mão de obra

tal como nações que nunca desfrutaram de posições hegemônicas”. Desta forma,

portugueses e espanhóis constituíram a maioria dos imigrantes que passaram a residir na

cidade de Santos, que por sua vez estaria em período de grande expansão.

O Censo de 19133 indica que dos 88.967 residentes da cidade23.055 seriam

portugueses, ou seja, um quarto da população total, enquanto os 8.343 seriam espanhóis,

ou seja, pouco mais do que 9,% do total da população santista. Cánovas (2017) mostra

que durante os anos de 1913 até 1920 os espanhóis estiveram como o segundo maior

grupo de imigrantes na cidade, enquanto que em São Paulo, no mesmo espaço de tempo

tal posição pertencia aos italianos.

Antonio Eiras Roel (1992 Apud GABRIEL, 2006, p. 108), demonstra que no

período de 1836 e 1960, a emigração galega foi superior a 2 milhões de pessoas, o que

significa que dos 100% de espanhóis que saíram do país 39% eram de galegos. Esses

dados nos ajudam a perceber a importância e a magnitude da migração galega. Os dados

oficiais sobre a onda imigratória espanhola para o Brasil índica que foi a terceira do

ponto de vista numérica, depois da italiana e da portuguesa.

Em Santos, por sua vez, entre os espanhóis que desembarcavam e também que

permaneciam na cidade os galegos foram os que predominaram. Ao analisarem os

Livros de Receita e Despesas da Câmara, os Registros de Folhas de Pagamentos da Cia.

Docas, Listas de Bordo, Libros de Inscripción de Súbditos Españoles (pertencentes ao

consulado espanhol), Porta (2008) e Cánovas (2017) reiteram tal afirmação, além de

Biccas (2013) que, por sua vez, afirma que dos espanhóis residentes em Santos em

3Em 1914, foi publicada pela Prefeitura Municipal de Santos a obra Recenseamento da

Cidade e Município de Santos em 31 de dezembro de 1913, que faz parte do acervo do

historiador santista Waldir Rueda, transcrito por Carlos Pimentel estas informações

estão disponibilizadas no site Novo Milênio.

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1913, 78% eram galegos.

Dessa forma, esta pesquisa se insere no âmbito de uma história conectada,

considerando circulação de sujeitos, objetos culturais, idéiase modelos pedagógicos,

além de culturas, práticas escolares, processos de escolarização (a escola na relação com

a cidade, com a sociedade e etc.).

Gruzinski (1999, 2001, 2003) ao enveredar pelos estudos de trajetórias de

sujeitos anônimos e conhecidos que transitaram pelo novo e velho mundo, os definiam

como “passeur” ou “passador”, pois circulavam entre várias e diferentes sociedades e

culturas, extrapolando os limites até então colocados pelas fronteiras geográficas.Assim,

entrelaçando um jogo de escalas micro e macro estes passadores foram produzindo

sínteses a partir de diferentes representações sociais e históricas, traduzidas nas

apropriações e circulação de saberes, objetos e culturas. A fundamentação da análise

aqui proposta emerge dessas preocupações historiográficas, optando por uma história

conectada ancorada na circulação dos sujeitos, dos modelos pedagógicos e objetos

didáticos, enfim, das relações existentes entre os dois países e das apropriações

decorrentes em suas múltiplas escalasconforme propõe Vidal (2005).

UMA ASSOCIAÇÃO E UMA ESCOLA

Foi sob o lema “somos porque podemos e, podemos porque queremos”,

interpretado por Porta (2009) como a máxima do povo espanhol distante de sua terra

natal, que em 1º de janeiro de 1895 houve uma primeira reunião na rua Marquês de

Herval, 78. A reunião foi convocadapelo sócio que viria a ser detentor da matrícula

número 1, José ValeijeBorjarte publicada nos jornais Diário de Santos.

Estiveram presentes os que viriam a ser denominados, segundo o Livro de

Matrículas do Centro Espanhol de Santos, “sócios iniciadores”, além de José

ValeijeBorjart os senhores Segundo Lobariñas Fernandez4 (matrícula número 2), Evasio

Péres Rodriguez (matrícula número 3), Juan V. Borjart (matrícula número 4), José

4 Em certas bibliografias e fontes, as grafias de alguns nomes e sobrenomes estão escritas de diferentes

formas. Em Dieguez (1990), por exemplo, vemos Fernández enquanto em Porta (2009) Fernandez. Já em

Cánovas (2017) vemos a grafia Fernandes e a explicação de que Peres e Rodrigues também apareceram

em outras fontes grafados com “z”, visto que a grafia nem sempre era regular.

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Pascual Gómez (matrícula número 5) e Eduardo Buri Parada (matrícula número 6). Este

homens eram, segundo Cánovas (2017), provavelmente galegos naturais de Pontevedra

e em sua maioria figuras que desfrutavam certas influências socioeconômicas devido ao

trabalho consolidado que exerciam no ramo comercial. Os sócios número um e quatro

seriam irmãos e assim como outros membros de sua família eram proprietários na

cidade.

José VaileijeBojart, detentor da matrícula de número um, era,

à época, proprietário do J.Bojart& Cia., comércio de gêneros alimentícios

localizado à rua Marques do Heval, 135. É provável que fosse galego de

Crecente, Pontevedra, a considerar o registro consular de seu irmão Juan

ValeijeBojart, de 1º de janeiro de 1899, radicado na cidade desde 1893 e

também do comercio. [...] Juan ValeijeBojart, o número quatro na hierarquia

dos sócios iniciadores do CE, era irmão de José ValeijeBojart [..] Conforme

informara em seu registro consular de 1º de janeiro de 1899, Juan, aos 28

anos se dizia “do comércio” e afirmava ter chegado em 1893. Outros

membros da família Valeije também eram proprietários na cidade, caso de

Manuel Peres Valeixo [sic], que, em 1899 possuía uma “casa de pasto” na rua

Marques do Herval, 133, aparecendo no mesmo ano também como o

proprietário de uma casa de gêneros alimentícios na rua Marques do Herval,

66. Sua participação foi ativa nos primeiros anos do CE, ocupando diferentes

cargos em sua diretoria (Cánovas, 2017, pág. 276,e 277).

Dessa forma podemos perceber tamanha influência exercida por essa família

proveniente da Galícia que em uma única rua, localizada no Centro de Santos, onde hoje

situa-se o bairro do Valongo, apenas com as informações trazidas por Marília Canóvas,

possuía três imóveis. Podemos supor que esta rua pudesse ter como maioria de

proprietários imigrantes galegos e ainda supor que esta família fosse proprietária de

mais imóveis como por exemplo o imóvel no qual foi marcada a reunião já que foi o

membro número um que a convocou.

A notoriedade dos sócios iniciadores não é exclusiva do detentor da matrícula

número 1, assim como tantos outros galegos se destacaram na cidade. Sobre tal

influência Cánovas evoca o Almach Santista de Sisino Patusca e Benedicto Ernesto

Guimarães para abordar as empreitadas de tais sócios.

Segundo Lobariñas Fernandes, o sócio iniciador número dois,

também era natural de Crecente, Pontevedra, e, não obstante tenha tido ativa

participação no CE, onde exerceu diferentes cargos [...]. Em seu registro de

30 de setembro de 1900, quando declarou ter 25 anos e estar há três anos na

cidade, apenas se dizia do comércio. Analisando registros posteriores, entre

os quais entre os quais alguns pertencentes a família Lobariñas, localizamos

outros registros que Segundo Lobariñas teria feito, em 1921, aos 45 anos,

declarando-se, então, proprietario [proprietário]. Evasio Perez Rodrigues, o

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sócio iniciador número três, provavelmente compusesse uma extensa família,

a família Perez Rodrigues, também de Pontevedra, cujas membros

encontramos como proprietários de estabelecimentos comerciais de diversos

portes na cidade, a partir de 1885. A maior parte dos indivíduos que

compunham esse ramo familiar eram oriundos de Crecente embora o próprio

Evasio não tenha realizado nenhum registro consular no período [...]. José

Pascual Goméz, o quinto sócio iniciador, também natural de Crecente,

Pontevedra, era proprietário da Pascual & Gómez & Cia, agência de

passagens na cidade de São Paulo, com filial em Santos, e anunciante no El

DiarioEspañol. Mais tarde, José e seu irmão Ramón viriam a trabalhar como

despachantes aduaneiros, e, provavelmente espelhando a projeção que

haviam alcançado no meio comercial da colônia, em 1913, José Pascual

Gómez seria indicado como secretário da comissão encarregada de fundar a

Câmara de Comércio em Santos [...]. Eduardo Buri Parada, o sexto elemento

no grupo dos sócios iniciadores do CE e igualmente natural de Crecente,

Pontevedra, se tornaria depois membro e presidente da SociedadadEspañola

de Repatriación. Não conseguimos identificar a que tipo de negócios se ele se

dedicava na cidade, mas, acreditamos que prosperara, pois em julho de 1913

retornava da Europa com a esposa “de sua viagem de férias”. Teve

participação ativa no CE, especialmente como secretário, até fins da segunda

década dos Novecentos (Cánova 2017, pág. 278 apud Patusca & Guimarães,

1899, pág. 118).

Tal influência é resultado do considerável número de galegos que vieram para a

cidade no período chamado “grande imigração” já que os galegos correspondem ao

grupo de maior número entre os espanhóis residentes na cidade.

Entretanto, enquanto alguns obtiveram grande notoriedade e sucesso em suas

empreitadas na cidade a grande maioria de imigrantes passou por grandes dificuldades.

Exatamente com a intenção de buscar apoio para enfrentar tais situações que a ideia da

fundação do Centro Espanhol teria sido aprovada por todos, que conclamaram pela

imprensa aos espanhóis residentes em Santos e seus arredores, para participarem de uma

reunião que seria realizada no dia 6 de janeiro na Rua Itororó número 25 para

nomearem uma Junta Diretiva Provisória.

Essa segunda reunião onde compareceram numerosos espanhóis, se inicia a

Sociedade sendo indicado para presidente da Junta Diretiva interinamente Manuel

Troncoso. Segundo o livro de memórias de 1895-1903, publicado em 1904, em seu

primeiro discurso Troncosoabordou anecessidade da Sociedade ter uma base sólida para

que não passe de mais uma tentativa como tantas outras, o que nos remete ao fato de

que várias das associações espanholas existentes em Santos e São Paulo tiveram que se

fundir a outras para continuar existir. Gitahy (1992) menciona que os espanhóis, além

do Centro Espanhol, em 1895, criaram a SociedadEspañola de Repatriación, em 1902, e

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a SociedadEspañola de Socorros Mútuos e Instrucción, em 1900. Tais instituições se

uniram no que hoje conhecemos como Centro Espanhol de Santos.

Da mesma forma ocorreu em São Paulo onde o Centro Español de São Paulo,

Casa de Galícia, HogarEspañol, Instituto Regional Valenciano, Centro Asturiano,

Circulo Cervantino, Casa de Espanha, Centro Andaluz, Grêmio Dramático

Hispanoamericano tiveram que se fundir na antiga Sociedade Española de Socorros

Mútuos de São Paulo, hoje denominada Sociedade Hispano Brasileira de Socorros

Mútuos, Instrução e Recreio sendo hoje, a única associação que resta da colônia

espanhola na capital paulista.

Inúmeras foram as associações criadas por espanhóis em todo o Brasil,e,

segundo Biccas (2010) uma característica comum a elas foi a fragilidade econômica,

devido ao pequeno número de associados.

No mesmo discurso, Troncoso refere-se à importância de reunirem fundos para a

aquisição de um solar para edificarem a Sociedade. São aceitas as propostas e no dia 13

de janeiro de 1895 com todos os membros da Comissão Iniciadora e demais membros

da Colônia Espanhola, batizam a Sociedade como "Casino Español" e elegem

a primeira diretoria:

Presidente: Manuel Troncoso

Vice-Presidente: Justino Flores Fernandez

Secretário: Geraldo Santiago Alvarez

Vice-Secretario: José V. Bojart

Tesoureiro: Juan Estevéz Martinez

Contador: José MaríaMolinos

Procuradores: AntonioVázquez Quintela, Manuel Alonso Fernandez, Felipe Vidal

Ribas

Vocales: Guillermo Linares,Eduardo Parada, Francisco Gimeno, José Rodriguéz Pérez,

Segundo Lobariñas, Juan V. Bojart, Francisco Gomez Fernandez, José Fernández

Domínguez, José Souto Dominguéz, Rufino Fernández, AntonioAraujo, Juan

AntonioCividades

Bibliotecario: José Pascual Gómez

Sindicos: Antonio Alonso Fernández, D. Miguel García, Miguel Vázquez

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O nome provisório de Casino Españollogo veio a mudar já que não condizia com

os objetivos iniciais de que aquela recém-criada sociedade viesse a ser um centro de

beneficência, apoio mútuo, recreação e educação.

Ainda de acordo com o mesmo livro de memórias, no dia 14 de março do mesmo

ano foi outorgada a escritura de compra e venda de um terreno de 50 m² de

comprimento por 15m² de largura situado na Rua Aguiar de Andrade no bairro do

Paquetá, pela quantia de 70:000$000 (réis) que com os gastos da escritura alcançou o

total de 7:647$200.

Em 2 de maio inauguram-se as obras de construção do edifício e para atender os

gastos da construção foi realizado um empréstimo por ações no valor de cinquenta mil

réis cada uma e foram lançadas 205 ações à venda.

Esses não seriam os únicos empréstimos contraídos, visto que o Centro Espanhol

contou com muitos donativos e auxílios de muitas pessoas dentre elas João Éboli que

atuou como médico na cidade de Santos, e segundo Dieguez (1990) atou sem

remuneração no Centro Espanhol. Cada pessoa que doavaera lembrada nas reuniões e

poderia receber algum título benemérito e foi assim que aos poucos o Centro Espanhol

foi se equipando, embora, como lembra Cánovas, tenha vivido sempre à beira de

colapso financeiro.

As dívidas e necessidades de empréstimo se intensificaram com a construção de

uma escola que buscava educar para o trabalho e para um possível retornoà Galícia e foi

junto com a fundação de tal escola que os objetivos iniciais do Centro começaram a

tomar forma, ou seja, a partir dela que pôde-se ver efetivamente o apoio mútuo que os

sócios tanto desejavam.

Para a investigação acerca da criação de instituições de escolarização e educação

por parte dos imigrantes espanhóis, galegos, nesta cidade é valido lembrar que a

categoria escolarização,queVidal e Biccas (2008) discutem como um fenômeno da

escolarização do social, articula-se à categoria cultura escolar por permitir descrever e

analisar os aspectos que caracterizam de maneira especial essas práticas educativas, tais

como os tempos, os espaços, os sujeitos, os conhecimentos e as práticas escolares.

Neste sentido, enfatiza-se que a percepção da escolarização como uma estratégia

instaurada pelo Estado, mas não apenas, pois também pode ser evidenciada como

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importante para atentar sobre os vários projetos educativos colocados em jogo por

movimentos ou grupos sociais (sociedades de socorros mútuos, movimento negro,

igreja católica, lojas maçônicas, migrantes, dentre outros) na produção de escolas, na

definição de modelos educacionais e no funcionamento de iniciativas em permanente

diálogo e negociação com os investimentos oficiais.

Muitos estudos, como a monografia de IsolinaDieguez intitulada “História do

Centro Espanhol e Repatriação de Santos (1895-1990)”, a tese de Elaine Veiga Porta

“Imigrantes espanhóis em Santos, 1880-1920”, a pesquisa de Diana Gonçalves Vidal

“Galícia e Brasil: tecendo histórias da Educação, (1871-1936)”, entre outros trabalhos

incluindo autores como ÉricaSarmiento, Marília D. K. Canóvas e Wellington Teixeira

Lisboa,citam a existência da escola do Centro Espanhol, mas pouco se aprofundaram

em relação a ela.

Embora pouco se saiba sobre a escola, como dito anteriormente, a documentação

nos permitiu saber por exemplo, que as discussões iniciam-se em 1902, mas a escola só

começou a funcionar em 1904. Com a ajuda da diretora responsável pelo acervo

particular do Centro Espanhol de Santos, Ana Maria Torres Alvarez, pude ter acesso aos

livros de Memórias do Centro Espanhol. O livro de “Memórias”do ano de 1903, mostra

um pouco do processo que precedeu o funcionamento oficial da escola.

En la sesión extraordinaria celebrada el día 26 de Julio, se registró el recibo

de un oficio del consocio D. Juan Bernils el que dio origen á las siguientes

deliberaciones: aprobar las bases y condiciones presentadas por el sr. Bernils,

bajo las cuales se encargaba de la dirección de la escuela social; nombrar una

Comisión, compuesta de 5 consocios, para adquirir los muebles y demás

objetos escolares, y reglamentos respectivos. [...] En la 19 de Agosto, se

procedió á la lectura y discusión del Reglamento Escolar presentado por la

Comisión al efecto nombrada, y se deliberó: realizar un espectáculo cuyo

producto seria aplicado á la adquisición de utensilios y muebles escolares, y

anunciar por medio de la prensa local y La Voz de España , de S. Pablo, la

apertura de las matriculas, para las aulas, inauguradas el 15 de septiembre.

Ainda sobre esta escola, há indícios de que foi fechada no final de 1907, uma

vez que, nos documentos consultados, não figuram mais informações sobre sua

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movimentação. Faz-se ainda necessário investigar se isto se deu e como foi o

encerramento desta atividade, uma vez que, não há menção nas Memórias do Centro

sobre este fato.

No entanto, não foi só por meio da escola que o Centro Espanhol se propôs a

educar, mas também por meio de uma riquíssima biblioteca além de outras atividades

que foram fundamentais para o ensino dos imigrantes que chegaramaSantos.Para além

da escola havia e há muitas formas de aprender, inclusive de aprender a cultura letrada.

Assim como diversas associações de trabalhadores foram um espaço privilegiado para

esse tipo de aprendizado entre meados do século XIX e início do século XX, o mesmo

aconteceu com as associações de caráter mutualistas como o Centro Espanhol.

Embora diversos autores, como Batalha (2010) por exemplo, reiterem a ideia da

dificuldade em definir o que seja uma associação mutualista, a definição de Nomelini

(2010) que retoma as palavras de DeLucca (1990) para caracterizar tais sociedades muito se

aproximam com as características do Centro Espanhol de Santos, visto que são tidas como

entidades que mediante contribuições mensais asseguravam aos sócios serviços

previdenciários como tratamento médico, auxílio a doentes, inválidos, velhos e viúvas.

Além disso a autora afirma ainda que apresentam outros benefícios, tais como,

festas, jogos, bailes, bibliotecas e palestras. As sociedades de socorros mútuos não são

apenas sociedades operárias, podendo ser organizadas pela Igreja, por empresas, por

bairros, por etnia ou por critérios mais amplos, impondo restrições de ordem política, moral

e religiosa para o ingresso.

Vidal e Biccas (2008) caracterizam a escolarização como um processo que vai

além da educação formal obtida por meio da escola estatal.

“Para nós, evidencia-se como importante atentar para os vários projetos

educativos colocados em jogo por movimentos e grupos sociais (movimento

negro, igreja católica, lojas maçônicas, imigrantes, dentre outros) na criação

de escolas, na definição de modelos educacionais e no funcionamento de

iniciativas em permanente diálogo e negociação com os investimentos

oficiais” (VIDAL & BICCAS, 2008, p. 28, 29 apud Costa, 2012, p.140).

Segundo a revista Centro Español y Repatriación de Santos, a história da

biblioteca do Centro Espanhol, por exemplo, começa com a sua própria fundação. Em

1895, com a proposta de criar uma sociedade de caráter educativo, beneficente e

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recreativo, o primeiro corpo diretivo já contava com um diretor bibliotecário, José

Pascual Gómez. Desde então, o Centro se empenhou em formar o acervo por meio de

solicitações formais ao Governo da Espanha, além de receber diversas doações de livros

que foram devidamente registradas nas atas das reuniões da Junta Diretiva.

As obras literárias, artísticas e cientificas visavam ao atendimento tanto dos

associados e interessados em geral como dos alunos e professores da escola que eles

intitulam como elementar. Por décadas a biblioteca ocupou a função de entretenimento e

instrução, não somente para os leitores e pesquisadores conhecerem a língua e cultura

da Espanha mas também para terem acesso aos diversos gêneros literários ou ainda para

se informarem sobre as notícias e conhecimentos específicos, uma vez que em seu vasto

acervo havia também as assinaturas de importantes publicações periódicas, inúmeros

livros técnicos, dicionários e enciclopédias temáticas. Da mesma forma, atividades

como o teatro e a dança espanhola também surgiram desde a fundação do Centro com o

mesmo intuito de levar para estes imigrantes integração, cultura e educação. Isso nos

mostra

Biccas (2013), que também teve acesso ao acervo particular do Centro Espanhol

de Santos, destaca que nos muitos livros de “Memórias” obtidos foram encontradas

informações relevantes, como por exemplo a definição de critérios para as matrículas.

Estas deveriam ser destinadas aos sócios, a seus filhos menores de 15 anos e maiores de

7 anos, facultando aos estrangeiros interessados que fizessem uma solicitação à junta

Diretiva. A autora também aponta que os alunos deveriam apresentar os documentos de

identidade e certificado de vacina e que a matrícula era gratuita para o curso primário.

Para os outros cursos, os alunos deveriam pagar uma taxa de 10$000 no ato da

inscrição. Os recursos financeiros advindos das matrículas deveriam ser revertidos para

a aquisição de objetos e materiais para a escola e para premiar os alunos classificados

pela frequência e bom comportamento.

Nas Memórias de 1905, 1906 e 1907, destacadas por Biccas (2013), aparecem

referências às atividades educacionais voltadas para adolescentes e adultos, com a

instauração de aulas noturnas e um desejo de criar uma escola diurna. As aulas noturnas

em Santos parece terem funcionado por 3 anos5. No primeiro ano contou com 41 alunos

5 Algumas informações aqui coletadas reportam sobre o funcionamento de 1904, 1905 e 1906.

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(28 sócios e 13 não sócios), foram oferecidas matrículas para o ensino primário (22

alunos); debujo6 (18 alunos); castelhano (09 alunos); aritmética (08 alunos); francês (03

alunos); latim e geografia (1 aluno). As informações sobre o funcionamento de 1905

apontam que se matricularam 29 pessoas no curso de debujo (18 alunos); aritmética e

castelhano (15 alunos); primário (4 alunos); francês (3 alunos) e latim (1 aluno).

Apesar do balanço ser ainda bastante desfavorável devido à pouca procura e

frequência dos cursos oferecidos, figura na Memória de 1907 uma proposta, aprovada

na Assembleia dos sócios realizada no final de 1906, indicando a ampliação da secção

de instrução para os filhos dos sócios e não sócios, inaugurando aulas diurnas e

prevendo melhoramentos na escola noturna. Em 1906, no provávelúltimo ano de

funcionamento das aulas noturnas, estavam matriculados 53 alunos, distribuídos nos

seguintes cursos: debujo (37 alunos); aritmética (31); português e castelhano (13 alunos

em cada); primário (7 alunos) e latim (1 aluno).

Esta investigação apresenta muito mais perguntas que respostas, sobre as quais

aponto algumas hipóteses. Pode-se supor que, em relação ao encerramento das

atividades educacionais do Centro Espanhol, se deu por dificuldades financeiras, por

falta de alunos? Os cursos oferecidos não estavam atendendo as demandas dos alunos

para encontrar empregos? Pode-se levantar a hipótese de que, havendo muitas

oportunidades de emprego na construção civil e em marcenaria, este curso preparava

mão de obra para atuação nestes setores. Durante certo tempo alguns cursos, como o

primário, permaneciam vazios. Até o presente momento não há dados para qualificar

como o primário estava desenhado (supõe-se que ele se prestava a ensinara a ler e

escrever), entretanto existe a possibilidade da pouca procura para instrução em

primeiras letras estar associado ao crescimento do número de escolas públicas neste

período.

Outra questão que podemos inferir consultando as Memórias de 1907 ainda

destacadas por Biccas (2013), onde aparece pela primeira vez a idade dos alunos de 09

aos 34 anos, sendo que 32% na faixa etária de 9 aos 15 anos; 24% na faixa etária de 16

aos 20 anos; 12% de 21 aos 25 anos; 32% na faixa etária de 26 aos 30 anos e 12% na

faixa etária de 31 aos 35 anos, era que muitos adultos eram analfabetos e provavelmente

6 Desenho.

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estavam à procura de aprender a ler e escrever para se candidatarem aos empregos

oferecidos na cidade. As escolas públicas primárias eram na maioria destinadas para

crianças e talvez seja por este motivo a grande procura de adultos. Isto mostra a

complexidade da questão, o que demandaria tratar o tema não só tomando a questão da

idade, mas entrecruzar escolarização e trabalho. A demanda pelo ensino primário

figurou como a maior (22 alunos) quando as aulas começaram a funcionar e depois a

procura caiu drasticamente (7 alunos). Esta queda pode estar associada ao fato que,

neste período foram criadas as escolas municipais noturnas para adultos.Podemos supor

que a diminuição da procura por este ensino e aumento da procura pela aritmética, pode

indicar a tentativa de um diferencial para trabalhar na área do comércio, atividade

profissional, que mais chamou a atenção dos espanhóis.

Para analisar a temática proposta é importante ressaltar as potencialidades e o

caráter inovador das misturas interculturais, que pode surgir da criatividade individual e

coletiva na reconversão de um patrimônio cultural. O procedimento, assim, confere

positividade as maneiras como os sujeitos que frequentam a escola ou outros espaços

sociais se apropriam das práticas educativas, deslocando a análise da crítica ao caráter

“incompleto” ou “contraditório” destas apropriações para o entendimento das razões

que as embasaram.

O desafio de uma história das práticas culturais e escolares é grande, e o sucesso

da empreitada, sempre parcial. No entanto, considerá-lo pode permitir entender as

múltiplas maneiras de fazer a escola e as diversas iniciativas educativas, constituídas

social e historicamente. Cabe ressaltar, como o fez Vidal (2005), que essa perspectiva de

análise somente se torna viável a medida em que combine a ênfase nos estudos de curta

duração a interpretações de médio e longo alcance. Assim, enquanto o detalhamento dos

acontecimentos cotidianos permite reconhecer o passado na sua singularidade, a

amplitude de abordagem possibilita perceber permanências e avaliar mudanças.

Considerações finais

Ao privilegiar as motivações para a criação do Centro, bem como o delineamento dos

projetos educacionais por eles empreendidos, os sujeitos tanto na articulação, como no

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funcionamento destas atividades e especificamente nas maneiras de escolarizarpôde-se

refletir sobre a dinâmica e o modo como se apropriaram do espaço, fazendo a mediação

entre os seus valores e padrões culturais. Entretanto é valido ressaltar que se trata de

uma pesquisa em andamento, visto que pretende ainda, como próximos passos da

investigação analisar mais a detidamente a escola do Centro Espanhol, identificando

sujeitos, currículo, práticas em relação as demandas e ao contexto econômico, social e

cultural de Santos e analisar a Biblioteca do Centro, identificando os objetivos,

atividades, acervo, frequência e etc, assim será possível entender melhor como se dava o

funcionamento das aulas e o papel que desempenhou a biblioteca.

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