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Relações Internacionais e Globalização DAESHR014- 13SB (4-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI [email protected] UFABC – 2019.I Aula 5 (6) 6ª-feira, 1 de março

Relações Internacionais e Globalização€¦ · Globalização contemporânea: origens • A atual globalização representou um ponto de inflexão radical na história contemporânea

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Relações Internacionais e GlobalizaçãoDAESHR014- 13SB

(4-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI

[email protected]

UFABC – 2019.I

Aula 5 (6)

6ª-feira, 1 de março

Blog da disciplina:

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• Textos obrigatórios e complementares

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Horários de atendimento extra-classe:

• São Bernardo, Bloco Delta, sala D-322, sexta-feira,das 13:00-14:00 e 19:00-20:00 (é só chegar)

• Atendimentos fora desses horários, combinar poremail com o professor:[email protected]

Neoliberalismo: origens e

expansão global

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Módulo I: Origens de nosso tempo

Aula 5/6 (6ª-feira, 1º de março): Neoliberalismo: origens eexpansão global.

Texto base I:

HARVEY, David (2014) “Introdução”, p. 11-14, “Capítulo 1: Liberdade é apenas mais uma palavra...”, p. 15-47.

Texto base II:

HARVEY, David (2014) “Capítulo 4: Desenvolvimentos geográficos desiguais”, p. 97-129.

Texto complementar:

FUKUYAMA, Francis (1989) “The end of history?”, p. 1-18.

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Globalização: antecedentes

• O quarto de século entre o final da II GM e o começo dadécada de 1970 foi marcado pela redução da distânciaentre os níveis de renda e de qualidade de vida dos paísesperiféricos em relação aos do capitalismo central.

• Em relação ao contexto internacional do pós-II GM, aGuerra Fria contrapôs dois modelos de organização social,econômica e política. Os blocos capitalista e socialistacompetiam pela hegemonia mundial e disputavam o apoiode outros países a suas causas.

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Globalização: antecedentes

• No capitalismo central, a reconstrução das economiasdestruídas pela II GM e a “ameaça comunista” criou ascondições para um grande compromisso de classe que ficouconhecido como Estado de bem-estar social (welfare State).

• No capitalismo periférico, a Guerra Fria abriu oportunidadesde independência, descolonização e desenvolvimentoindustrial tardio alinhado aos EUA ou à URSS. Até mesmo onão-alinhamento foi possível (Bandung, Tricontinental,Terceiro Mundo, Movimento dos Países Não-Alinhados).

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Estado de bem-estar social

• Estado de bem-estar social (Welfare State):

– Compromisso de classe entre capital e trabalho nospaíses de capitalismo central.

– Políticas econômicas voltadas ao pleno emprego e aodesenvolvimento econômico e social.

– Instituições de concertação social que juntavam, nointerior do Estado, burguesia e trabalhadores(representados por seus sindicatos).

– Acelerado desenvolvimento econômico e social comredução da pobreza e da desigualdade.

– Capitalismo com componentes socialistas.

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Estado de bem-estar social

• Estado de bem-estar social (Welfare State):

– A principal motivação do Estado de bem-estar social erabarrar o avanço do comunismo no interior dos paísescentrais por meio do atendimento da pauta dostrabalhadores.

– O conflito social no interior desses países foi filtrado pelasinstituições do Estado de bem-estar social.

– Estados de bem-estar social variavam muito em grau deimplementação de políticas de bem-estar, indo, em umextremo, de modelos de capitalismo de mercado (EUA eJapão) a, no outro, modelos quase socialistas (paísesescandinavos), com situações intermediárias entre essesdois polos (França, Reino Unido, Itália).

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Desenvolvimento periférico

• A periferia do sistema capitalista pôde colher algunsbenefícios (em meio a muitos prejuízos, claro) da GuerraFria:

– EUA incentivaram a independência de países africanos easiáticos de suas colônias europeias para evitar o avançodo comunismo no continente.

– Na América Latina, o desenvolvimento industrialbeneficiou-se de investimentos externos diretos dosEUA, Alemanha Ocidental, França e Japão, cujasmultinacionais foram parte importante dos processo demudança estrutural dessas economias.

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Globalização: origens e expansão global

• Estado desenvolvimentista ou nacional-populista:

– Arranjo institucional largamente presente nos países decapitalismo periférico na América Latina, África e Ásia.

– Estado assume as tarefas de condutor do processo dedesenvolvimento econômico e social da nação,coordenando e financiando o desenvolvimento do país emface de uma burguesia nacional fraca e sem capitaissuficientes para deslanchar o processo dedesenvolvimento.

– Estado arca com os vultosos investimentos necessáriospara o desenvolvimento.

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Globalização: origens e expansão global

• Os Estados desenvolvimentistas adotaram uma série depolíticas voltadas à redução da distância em relação aospaíses centrais:

– Criação de infraestrutura;

– Formação de indústrias de base;

– Política de industrialização por substituição deimportações;

– Mecanização da produção agrária;

– Criação de instituições de desenvolvimento industrial,tecnológico e científico;

– Expansão da educação básica.

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Globalização: origens e expansão global

• O Estado desenvolvimentista assumiu formas políticas deesquerda, centro e direita; democráticas e autoritárias; civise militares.

• Ainda que os resultados econômicos, políticos e sociais dosdiferentes Estados desenvolvimentistas da América Latina(entre outros, Brasil, México, Argentina, Peru), Ásia (entreoutros, Japão, China, Índia, Cingapura, Tailândia, Coreia doSul, Malásia) e África (entre outros, Tanzânia, Quênia, Áfricado Sul, Botsuana) tenham sido muito díspares, praticamentetodas as nações que se empenharam na construção deEstados desenvolvimentistas melhoraram suas condiçõeseconômicas e sociais.

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Globalização: origens e expansão global

• A globalização neoliberal impôs o desmonte também doEstado desenvolvimentista que se constituiu no pós II GMna periferia como estratégia de desenvolvimento e reduçãoda distância dos países do capitalismo central e inserçãoindependente no sistema internacional.

• Por meio das instituições da globalização neoliberal(Tesouro dos Estados Unidos e Federal Reserve, think tanksconservadores, FMI, Banco Mundial, Wall Street e a City,departamentos de economia de universidades dos paísescentrais), foi declarada guerra às tentativas dedesenvolvimento autônomo da periferia.

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Globalização com convergência(?)

• Segundo Dowrick e DeLong (2003), o período que vai de1945 a 1980 foi único no que diz respeito à convergênciados níveis de renda, de produtividade e de qualidade devida entre países do capitalismo central e periférico. Nemna primeira globalização (1870-1913), nem na atualglobalização (iniciada em 1979) verificou-se fenômenosemelhante: suas marcas foram e são a divergência entre ocentro e a periferia.

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Globalização contemporânea: origens

• A atual globalização representou um ponto de inflexãoradical na história contemporânea. Segundo David Harvey(2014), “os futuros historiadores poderão coerentementever os anos 1978-80 como um ponto de rupturarevolucionário na história social e econômica do mundo.(...) Por que meios e percursos a nova configuraçãoeconômica – frequentemente designada pelo termoglobalization – foi arrancada das entranhas da antiga”?(Harvey, 2014: 11)

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Globalização contemporânea: origens

• Fim do Sistema Bretton Woods (em 1971, EUA acabam coma convertibilidade ouro-dólar); segue-se processo dedesregulação e financeirização da economia mundial.

• Desmonte do Estado de bem-estar social.

• Choques do petróleo (1973 e 1979), gerando inflação erecessão na economia mundial e o fim da era dourada decrescimento e convergência pós II GM; abundância depetrodólares na economia mundial; endividamento da AL.

• Eleições de Margaret Thatcher (1979-1990) e Ronald Reagan(1981-1989), que implementam plataformas neoliberais.

• Choque de juros do FED em 1979 (comandado por PaulVolcker), resultando na crise da dívida da América Latina.

• Quinta Revolução Tecnológica - TIC. 17

Globalização: origens – neoliberalismo

• “O neoliberalismo é em primeiro lugar uma teoria daspráticas político-econômicas que propõe que o bem-estarhumano pode ser mais bem promovido liberando-se asliberdades e capacidades empreendedoras individuais noâmbito de uma estrutura institucional caracterizada porsólidos direitos a propriedade privada, livres mercados elivre comércio. O papel do Estado é criar e preservar umaestrutura institucional apropriada a essas práticas.” (Harvey2014: 12).

• “O pressuposto de que as liberdades individuais sãogarantidas pela liberdade de mercado e de comércio é umelemento vital do pensamento neoliberal (...).” (Harvey2014:17).

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Globalização: origens – neoliberalismo

• “O processo de neoliberalização, no entanto, envolveumuita ‘destruição criativa’, não somente dos antigospoderes e estruturas institucionais (chegando mesmo aabalar as formas tradicionais de soberania do Estado), mastambém das divisões do trabalho, das relações sociais, dapromoção do bem-estar social, das combinações detecnologias, dos modos de vida e de pensamento, dasatividades reprodutivas, das formas de ligação à terra e doshábitos do coração.” (Harvey 2014: 13).

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Globalização: origens – neoliberalismo

• “A primeira experiência de neoliberalização ocorreu noChile depois do golpe de Pinochet no ‘pequeno 11 desetembro” (...)”. (Harvey 2014: 17).

• “Tudo isso [a pioneira experiência chilena] ofereceu úteisdados para suportar a subsequente adoção doneoliberalismo na Grã-Bretanha (sob Thatcher) e nosEstados Unidos (sob Reagan) nos anos 1980. Não pelaprimeira vez, uma experiência brutal realizada na periferiatransformou-se em modelo para a formulação de políticasno centro (...).” (Harvey 2014: 18-19).

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Globalização: origens – neoliberalismo

• “O mundo capitalista mergulhou na neoliberalização como aresposta por meio de uma série de idas e vindas e deexperimentos caóticos que na verdade só convergiramcomo uma nova ortodoxia com a articulação, nos anos1990, do que veio a ser conhecido como o ‘Consenso deWashington’. (...) A crise de acumulação do capital nadécada de 1970 afetou a todos por meio da combinação dedesemprego em ascensão e inflação acelerada [estagflação=estagnação+inflação]” (Harvey 2014: 23).

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Globalização: origens – neoliberalismo

• “Podemos, portanto, interpretar a neoliberalização sejacomo um projeto utópico de realizar um plano teórico dereorganização do capitalismo internacional ou como umprojeto político de restabelecimento das condições deacumulação do capital e de restauração do poder das eliteseconômicas. Defenderei a seguir a ideia de que o segundodesses objetivos na prática predominou. A neoliberalizaçãonão foi muito eficaz na revitalização da acumulação docapital global, mas teve notável sucesso na criação dopoder de uma elite econômica.” (Harvey 2014: 27).

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Globalização: origens – neoliberalismo

• “(...) Há na posição neoliberal contradições suficientes paratornar as práticas neoliberais em desenvolvimento (...)irreconhecíveis diante da aparente pureza da doutrinaneoliberal. Por conseguinte, merece cuidadoso exame atensão entre a teoria do neoliberalismo e a pragmáticaconcreta da liberalização.” (Harvey 2014: 30).

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Globalização: origens – neoliberalismo

• “(...) Há algumas tendências gerais identificáveis. Aprimeira foi que os privilégios da propriedade e dagerência de empresas capitalistas – tradicionalmenteseparados – se fundiram quando se começou a pagar aosCEOs (gerentes) em opções de ações (títulos depropriedade) Então, o valor das ações tomou o lugar daprodução como guia da atividade econômica (...).” (Harvey2014: 40-41).

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Globalização: origens – neoliberalismo

• “A segunda tendência foi a dramática redução daseparação entre capital monetário que recebedividendos e juros, de um lado, e capital produtivo,manufatureiro ou mercantil em busca de lucros, dooutro. Essa separação produzira em vários momentosanteriores conflitos entre financistas, produtores ecomerciantes. (...) Boa parte desse conflito desapareceriaou assumiria novas formas. As grandes corporaçõesassumiram uma orientação crescentemente financeira(...).” (Harvey 2014: 41).

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Globalização: origens – neoliberalismo

• “Tudo isso se vinculava à forte expansão da atividade e dopoder no mundo financeiro. Cada vez mais liberta dasrestrições e barreiras regulatórias que até então limitavamseu campo de ação, a atividade financeira pode florescercomo nunca antes, chegando a ocupar todos os espaços. (...)Em suma, a neoliberalização significou a ‘financialização’ detudo. Isso aprofundou o domínio das finanças sobre todasas outras áreas da economia, assim como sobre o Estado(...). Criou ainda uma volatilidade sempre crescente nasrelações globais de troca; houve sem sombra de dúvida umamudança do poder da produção para o mundo dasfinanças.” (Harvey 2014: 41-42).

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Globalização: origens – neoliberalismo

• “Como poderia ter dito Polanyi, o neoliberalismoproporciona direitos e liberdades àqueles ‘que nãoprecisam de melhoria em sua renda, seu tempo livre e suasegurança’, deixando um verniz para o resto de nós. Comoentão o resto de nós aquiesceu tão facilmente a esse estadode coisas?” (Harvey 2014: 47).

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Globalização: origens e expansão global

• A globalização neoliberal reproduz e aprofunda ascondições de desigualdade dentro das nações e entre asnações.

• A “guerra” do capital contra o trabalho no interior de cadasociedade é reproduzida na “guerra” das principais naçõescapitalistas contra as nações periféricas, e mesmo contranações de segunda ordem do capitalismo central.

• A globalização neoliberal deu lugar à ascensão quaseinconteste do domínio (da hegemonia?) estadunidense, queuniversalizou seus interesses particulares por todo o globoterrestre por meio de um imperialismo econômico (quase)sem dominação territorial.

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Globalização: origens e expansão global

• “O progresso geral da neoliberalização viu-se porconseguinte cada vez mais impelido por mecanismos dedesenvolvimento geográfico desigual. Estados ou regiõesbem-sucedidos pressionam todos a seguir seu exemplo.”(Harvey 2014: 97)

• “(...) A possibilidade ou não de um país ser levado àneoliberalização dependia do balanço de forças entre asclasses (...), bem como do grau de dependência da classecapitalista com relação ao Estado (...).” (Harvey 2014: 99)

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Globalização: origens e expansão global

• “Os recursos por meio dos quais o poder de classe tinhacondições de ser transformado e restaurado foraminstaurados de modo gradual mas desigual durante adécada de 1980 e se consolidaram na década seguinte.Quatro componentes tiveram papel essencial nisso.” (Harvey2014: 99-100)

• “Em primeiro lugar, a virada para uma financeirização maisaberta, iniciada em 1970, acelerou-se durante os anos1990” (Harvey 2014: 100)

• “Em segundo lugar, havia a crescente mobilidade geográficado capital, facultada em parte pelo fato corriqueiro masessencial da rápida redução dos custos de transporte e decomunicações”. (Harvey 2014: 100).

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Globalização: origens e expansão global

• “Em terceiro, o complexo Wall Street-FMI-Tesouro dosEstados Unidos, que veio a dominar a política econômica dosanos Clinton, conseguiu persuadir, iludir e (graças aosprogramas de ajuste estrutural administrados pelo FMI)forçar muitos países em desenvolvimento a seguir ocaminho neoliberal”. (Harvey 2014: 102)

• “Por fim, a difusão global da nova ortodoxia econômicaneoliberal e monetarista passou a exercer uma influênciaideológica cada vez mais forte”. (Harvey 2014: 102)

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Globalização: origens e expansão global

• “Todos esses fios convergiram para a formação do chamado‘Consenso de Washington’, da metade dos anos 1990. Osmodelos norte-americano e inglês foram ali definidos como asolução para os problemas globais”. (Harvey 2014: 102)

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• Consenso de Washington (Williamson 1989):

– Disciplina fiscal;

– Redução dos gastos públicos;

– Reforma tributária;

– Juros de mercado;

– Câmbio de mercado;

– Abertura comercial;

– Investimento estrangeiro direto, com eliminação derestrições;

– Privatização das estatais;

– Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas etrabalhistas);

– Direito à propriedade intelectual.33

Globalização: origens e expansão global

• O Consenso de Washington marca a canonização dadoutrina neoliberal e sua globalização desigual e combinadaa partir da década de 1990.

• A aplicação das recomendações do Consenso de Washingtonse disseminou por todo o globo, com resultados desastrosospara os países que as adotaram.

– Graves crises financeiras altamente contagiosas: Crise daTequila (1995), começando no México e se espalhandopara Brasil, Argentina, Chile, Filipinas, Tailândia e Polônia;e Crise do Sudeste Asiático (1997), começando naTailândia e afetando Indonésia, Malásia, Filipinas, HongKong, Taiwan, Cingapura, Coreia do Sul, Rússia, Brasil,Estônia, Argentina, Turquia, Nova Zelândia e Austrália.

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Globalização: origens e expansão global

• “Os dados reunidos até aqui sugerem que o desenvolvimentogeográfico desigual foi tanto um resultado da diversificação,da inovação e da competição (por vezes de tipo monopolista)entre modelos de governança nacionais, regionais e mesmometropolitanos quanto o foi da imposição por algum poderhegemônico externo, como os Estados Unidos”. (Harvey2014: 125)

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Globalização: origens e expansão global

• “O enfraquecimento (como na Grã-Bretanha e nos EstadosUnidos), a superação (Como na Suécia) ou a destruiçãoviolenta (como no Chile) das forças do trabalho organizadoé uma precondição necessária da neoliberalização. Damesma maneira, esta tem dependido com frequência dopoder, da autonomia e da coesão crescentes dos negócios ecorporações e de sua capacidade como classe de pressionaro poder do Estado (como no caso dos Estados Unidos e daSuécia)”. (Harvey 2014: 126)

• “Contudo, o aspecto mais digno de nota da neoliberalizaçãovem da complexa interação entre a dinâmica interna eforças externas”. (Harvey 2014: 126)

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Globalização: origens e expansão global

• “Só quando a estrutura interna de poder foi reduzida auma casca oca e os arranjos institucionais estão num totalcaos, seja em função de um colapso (...), por causa deguerras civis (...) ou em razão de fraquezas degenerativas(...). Vemos forças externas orquestrando livrementereestruturações neoliberais. E nesses casos a taxa desucesso tende a ser pequena, justo porque aneoliberalização só pode funcionar com um Estadoforte, um mercado forte e instituições legais”. (Harvey2014: 127)

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Globalização: origens e expansão global

• “E o fato de os Estados Unidos já não precisarem sedefender da ameaça do comunismo implica que o país jánão tem necessidade de preocupar-se excessivamentecom o fato de reestruturações neoliberaisdesencadearem desemprego em massa edescontentamento social aqui ou ali”. (Harvey 2014: 128)

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Globalização: origens e expansão global

• “Mas um fato persistente no âmbito dessa complexa históriada neoliberalização desigual tem sido a tendência universala aumentar a desigualdade social e a expor os membrosmenos afortunados de toda e qualquer sociedade – seja naIndonésia, no México ou na Inglaterra – ao frio glacial daausteridade e ao destino tenebroso da crescentemarginalidade”. (Harvey 2014: 128).

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Fukuyama e o fim da história

• “The century that began full of self-confidence in theultimate triumph of Western liberal democracy seems at itsclose to be returning full circle to where it started: not to an"end of ideology" or a convergence between capitalism andsocialism, as earlier predicted, but to an unabashed victoryof economic and political liberalism.” (Fukuyama 1989: 1)

• “The triumph of the West, of the Western idea, is evidentfirst of all in the total exhaustion of viable systematicalternatives to Western liberalism.” (Fukuyama 1989: 1)

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Fukuyama e o fim da história

• “What we may be witnessing is not just the end of the ColdWar, or the passing of a particular period of postwar history,but the end of history as such: that is, the end point ofmankind's ideological evolution and the universalization ofWestern liberal democracy as the final form of humangovernment. This is not to say that there will no longer beevents to fill the pages of Foreign Affair's yearly summaries ofinternational relations, for the victory of liberalism hasoccurred primarily in the realm of ideas or consciousness andis as yet incomplete in the real or material world. But thereare powerful reasons for believing that it is the ideal that willgovern the material world in the long run.” (Fukuyama 1989:1)

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Globalização: origens e expansão global

• “(...) The basic principles of the liberal democratic statecould not be improved upon. The two world wars in thiscentury and their attendant revolutions and upheavals simplyhad the effect of extending those principles spatially, suchthat the various provinces of human civilization were broughtup to the level of its most advanced outposts, and of forcingthose societies in Europe and North America at thevanguard of civilization to implement their liberalism morefully.” (Fukuyama 1989: 3)

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Globalização: origens e expansão global

• “To say that history ended in 1806 meant that mankind'sideological evolution ended in the ideals of the French orAmerican Revolutions: while particular regimes in the realworld might not implement these ideals fully, theirtheoretical truth is absolute and could not be improvedupon. “ (Fukuyama 19189: 6).

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Globalização: origens e expansão global

• “But that state of consciousness that permits the growth ofliberalism seems to stabilize in the way one would expect atthe end of history if it is underwritten by the abundance of amodern free market economy. We might summarize thecontent of the universal homogenous state as liberaldemocracy in the political sphere combined with easyaccess to VCRs and stereos in the economic.” (Fukuyama1989: 7)

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Globalização: origens e expansão global

• “But at the end of history it is not necessary that allsocieties become successful liberal societies, merely thatthey end their ideological pretensions of representingdifferent and higher forms of human society.” (Fukuyama1989: 12)

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Globalização: origens e expansão global

• “I can feel in myself, and see in others around me, a powerfulnostalgia for the time when history existed. Such nostalgia, infact, will continue to fuel competition and conflict even in thepost-historical world for some time to come. Even though Irecognize its inevitability, I have the most ambivalentfeelings for the civilization that has been created in Europesince 1945, with its north Atlantic and Asian offshoots.Perhaps this very prospect of centuries of boredom at theend of history will serve to get history started once again.”(Fukuyama 1989: 18)

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