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Relatório Final de Estágio
Mestrado Integrado em Medicina Veterinária
TAREFAS DO MÉDICO VETERINÁRIO OFICIAL
ABATE SANITÁRIO DE BRUCELOSE, TUBERCULOSE E LEUCOSE DOS BOVINOS
Duarte Gonçalves Marques
Orientadora Eduarda Maria Freitas Gomes da Silva Neves Co-Orientadoras Maria Helena Carreira Menano Silvestre Maria Conceição Almeida Clemêncio
Porto 2010
i
Relatório Final de Estágio
Mestrado Integrado em Medicina Veterinária
TAREFAS DO MÉDICO VETERINÁRIO OFICIAL
ABATE SANITÁRIO DE BRUCELOSE, TUBERCULOSE E LEUCOSE DOS BOVINOS
Duarte Gonçalves Marques
Orientadora Eduarda Maria Freitas Gomes da Silva Neves Co-Orientadoras Maria Helena Carreira Menano Silvestre Maria Conceição Almeida Clemêncio
Porto 2010
ii
Resumo
O presente trabalho escrito reporta o estágio curricular de final de curso, do mestrado
integrado em Medicina Veterinária do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, da
Universidade do Porto.
Foi escolhida a área da Inspecção Sanitária, em estabelecimentos de abate controlados
pela Divisão de Intervenção Veterinária de Aveiro, tendo o respectivo estágio a duração de 16
semanas.
A Orientadora foi a Professora Eduarda Maria Freitas Gomes da Silva Neves, as Co-
orientadoras, a Dra. Helena Carreira Menano Silvestre e a Dra. Maria Conceição Almeida
Clemêncio.
Durante o estágio, procurou-se desenvolver a capacidade de observação e integração de
conhecimentos previamente adquiridos, bem como conhecer melhor os fundamentos
cientifícos, técnicos e legais da inspecção sanitária. Contactou-se com as funções do Médico
Veterinário Oficial (MVO), acompanhando a tomada de decisão pelos vários MVO, em
diferentes ambientes profissionais.
No decorrer do período do estágio, e de acordo com os programas de erradicação
existentes em Portugal, foi acompanhada a realização de abates sanitários a bovinos devido a
brucelose, tuberculose e leucose. No tema livre deste trabalho, pretende-se contextualizar o
abate sanitário dos bovinos, expondo as tarefas do MVO durante os mesmos. Será mostrada a
importância do matadouro na erradicação destas doenças, apresentando a casuística
observada, com algumas lesões detectadas e as respectivas decisões sanitárias.
iii
Agradecimentos
Durante todo o meu percurso académico, bem como o período de estágio, muitas foram as
pessoas que contribuíram com o seu suporte e ajuda. Gostaria desta forma, de deixar um
especial agradecimento:
- À Direcção Geral de Veterinária, pela possibilidade da realização do estágio curricular;
- À Comissão de Estágios, pela oportunidade;
- Ao Concelho Científico do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, em especial, à
Professora Paula Proença, pela compreensão e apoio, o meu muito obrigado;
- À Professora Eduarda Gomes Neves, como orientadora e grande responsável pelo meu
estágio na área da Inspecção Sanitária. Agradeço toda a disponibilidade e ajuda na correcção
e orientação do relatório;
- À Divisão de Intervenção Veterinária de Aveiro – Direcção de Serviços Veterinários da Região
Centro, pela permissão do acompanhamento da inspecção nos diferentes estabelecimentos;
- À Dra. Conceição Clemêncio e Dra. Helena Menano, minhas co-orientadoras, pela ajuda na
orientação e correcção do relatório, ensinamentos, bem como, por todo o tempo, dados e
informações disponibilizadas;
- Ao Corpo de Inspecção do Matadouro da Beira Litoral, nomeadamente à Dra. Ana Neves, ao
Dr. Pedro Lopes, à Eng. Susana Ferreira, à Eng. Graça Amaral e ao Sr. Ângelo, pela atenção,
disponibilidade, encorajamento e ensinamentos prestados;
- Aos Médicos Veterinários e Auxiliares Oficiais acompanhados nos restantes estabelecimentos
de abate, pela disponibilidade, ensinamentos, dados fornecidos, atenção e encorajamento;
- Aos funcionários das diferentes unidades de abate, em especial aos do Matadouro da Beira
Litoral S.A., pela atenção e a sempre boa disposição mostrada;
- A todos os meus colegas de curso (em especial aos mais importantes), quer de Coimbra,
quer do Porto, no companheirismo, ajuda e confiança, em todos os momentos;
iv
- A todos os meus Professores, durante o meu percurso académico;
- À minha família, pelo apoio incondicional;
- Aos meus pais, por serem quem são, pelo sacrifício, coragem e por nunca desistirem, aos
quais devo todo o meu curso. O meu muito obrigado;
- À Maria João, por me ter guiado e por ser tão especial.
v
Lista de abreviaturas e símbolos utilizados
AO – Auxiliar Oficial
BEA – Bem-estar animal
DDO – Doença de declaração obrigatória
DGV – Direcção Geral de Veterinária
DIV – Divisão de Intervenção Veterinária
DSVR – Direcção de Serviços Veterinários Regionais
EET– Encefalopatia espongiforme transmissível
EFSA – Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos
HACCP – Análise de perigos e controlo de pontos críticos
IDC – Prova de intradermotuberculinização comparada
IRCA – Informação relativa à cadeia alimentar
IS – Inspecção Sanitária
LNIV – Laboratório Nacional de Investigação Veterinária
MBL – Matadouro da Beira Litoral S.A.
MRE – Materiais de risco específico
MVO – Médico Veterinário Oficial
NCV – Número de controlo veterinário
OIE – Organização Internacional de Epizootias
PE – Programas de erradicação
PET – Programa de erradicação da tuberculose bovina
PEB – Programa de erradicação da brucelose dos bovinos
PEL – Programa de erradicação da leucose bovina
PR – Pequenos ruminantes
ROG – Reacção orgânica generalizada
TSE – Tremor epizoótico dos pequenos ruminantes
UE – União Europeia
% – Percentagem
vi
Índice
Resumo ...................................................................................................................................... ii
Agradecimentos ......................................................................................................................... iii
Lista de abreviaturas e símbolos utilizados ................................................................................. v
Tarefas do Médico Veterinário Oficial ..................................................................................... 1
1. Estágio na Divisão de Intervenção Veterinária de Aveiro .................................................... 1
1.1. Matadouro de aves e coelhos ...................................................................................... 1
1.2. Inspecção de pescado ................................................................................................. 2
1.3. Matadouro da Beira Litoral S.A. ................................................................................... 3
1.3.1. Descrição do Abate ............................................................................................. 4
Bovinos ................................................................................................................ 4
Suínos ................................................................................................................. 4
Leitões ................................................................................................................. 4
Pequenos ruminantes (PR) .................................................................................. 5
1.3.2. Actividades desenvolvidas ................................................................................... 5
• Tarefas de auditoria .................................................................................................... 5
• Tarefas de Inspecção .................................................................................................. 5
A. Informações relativas à cadeia alimentar (IRCA) ................................................. 5
B. Inspecção ante mortem ....................................................................................... 6
C. Bem-estar Animal (BEA) ...................................................................................... 6
D. Inspecção post mortem........................................................................................ 7
E. Matérias de risco especificadas e outros subprodutos animais ............................ 7
F. Testes laboratoriais ............................................................................................. 7
1.3.3. Decisão sanitária e marcação de salubridade ...................................................... 8
Abate sanitário de brucelose, tuberculose e leucose dos bovinos ...................................... 9
2.1. Nota introdutória .......................................................................................................... 9
2.2. Revisão bibliográfica da brucelose, tuberculose e leucose, contempladas no plano
dos PE dos bovinos .............................................................................................................. 10
Brucelose bovina ............................................................................................... 10
Tuberculose bovina ........................................................................................... 11
Leucose enzoótica bovina ................................................................................. 13
vii
2.3. Classificação sanitária do efectivo bovino ................................................................. 14
2.4. Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos – Últimos dados publicados
relativos às zoonoses tratadas (tuberculose e brucelose) ..................................................... 15
2.5. Abate sanitário de bovinos ........................................................................................ 16
2.6. Tarefas do médico veterinário oficial durante o abate sanitário de bovinos ............... 18
Informação relativa à cadeia alimentar - controlo documental............................ 18
Preparação dos abates ...................................................................................... 19
Inspecção ante mortem ..................................................................................... 20
Protecção durante o abate sanitário .................................................................. 20
Inspecção post mortem e colheita de amostras ................................................. 21
Brucelose bovina ...................................................................................... 21
Tuberculose bovina ................................................................................... 21
Leucose enzoótica bovina ......................................................................... 22
Tratamento das amostras – conservação .......................................................... 22
Marcação de salubridade ................................................................................... 23
2.7. Casuística dos abates sanitários em bovinos durante o período de estágio .............. 23
Brucelose bovina ............................................................................................... 23
Tuberculose bovina ........................................................................................... 24
Leucose bovina ................................................................................................. 26
Discussão ................................................................................................................................. 27
Conclusão ................................................................................................................................. 28
Bibliografia ................................................................................................................................ 29
ANEXO I ................................................................................................................................... 32
ANEXO II ………………………………………………………………………………………………..33
ANEXO III ................................................................................................................................. 34
ANEXO IV ................................................................................................................................. 35
ANEXO V .................................................................................................................................. 36
ANEXO VI ................................................................................................................................. 37
ANEXO VII ................................................................................................................................ 38
ANEXO VIII ............................................................................................................................... 39
1
Tarefas do Médico Veterinário Oficial
1. Estágio na Divisão de Intervenção Veterinária de Aveiro
O estágio curricular teve a duração de 16 semanas, com início a 1 de Fevereiro de 2010 e
término a 24 de Maio. Durante este período, fui acompanhado por Médicos Veterinários Oficiais
(MVO) e Auxiliares Oficiais (AO) em alguns dos estabelecimentos de abate controlados pela
Divisão de Intervenção Veterinária (DIV) de Aveiro, pertencente à Direcção de Serviços
Veterinários Regionais (DSVR) da região Centro, da Direcção Geral de Veterinária (DGV),
passando a pormenorizar:
� Durante a primeira semana do estágio, bem como as últimas doze, no “Matadouro da
Beira Litoral, S.A.”, no qual se aprofundaram as tarefas de inspecção, explicadas mais à
frente;
� Na segunda semana, no centro de abate de aves “Hilário Santos & Filhos”;
� Durante a terceira semana, na inspecção de
pescado na “Lota de Aveiro”;
� Na última semana do mês de Fevereiro, no
centro de abate de coelhos “Joaquim Jesus
Ramos”.
1.1. Matadouro de aves e coelhos
O Matadouro “Hilário Santos & Filhos” localizado
em Pardilhó – Estarreja, trata-se de uma unidade
industrial com número de controlo veterinário (NCV)
atribuído, que realiza o abate mecanizado de
frangos (Fluxograma 1), com sistema de
produção integrada, sendo o abate médio diário
de 40000 aves. O Corpo de Inspecção consiste
em 2 MVO.
O centro de abate de coelhos “Joaquim
Jesus Ramos”, localizado em Estarreja, é uma
unidade industrial com NCV atribuído e linha de
abate manual com via aérea (Fluxograma 2),
sendo o abate médio diário de cerca de 10000
Abate médio: +/- 2100coelhos/hora
Fluxograma 2 – Processo de abate de coelhos
Descarga
Insensibilização (+/- 100 Volts; +/- 300 mAmp/coelho)
Sangria (duração +/- 2 minutos)
Pendura
Esfola
Túnel de arrefecimento rápido (entre -1º e 2º)
Câmara de estabilização (entre -1º e 3º)
Evisceração
Expedição (temperatura cais 11º) (temperatura carcaça 4º)
Ponto inspecçãoante mortem
Ponto fixo inspecção post mortem
Fluxograma 1 – Processo de abate de aves
Descarga
Pendura
Insensibilização (+/- 100 Volts; +/- 120 mAmp/ave) Sangria (duração +/- 2,5 minutos)
Corte de patas Corte da cabeça
Escaldão 52-53ºC
Depena
Túnel de arrefecimento rápido (entre -2º e 2º)
Câmara de estabilização (entre -1º e 3º)
Evisceração
Expedição (temperatura cais 11º) (temperatura carcaça 4º)
Ponto inspecçãoante mortem
Calibração
Abate médio por hora : >1,9 Kg/peso vivo - 4000/hora; 1,4 a 1,9 Kg/peso vivo - 4900/hora.
Ponto fixo inspecção post mortem
2
coelhos. O CI consiste num MVO e um Auxiliar Oficial (AO).
Ao nível destes matadouros, o MVO realiza controlos oficiais de forma a garantir que os
operadores cumprem os requisitos de boas práticas de higiene e dos princípios baseados no
sistema de análise de perigos e controlo de pontos críticos (HACCP), definidos na legislação
(Regulamento (CE) N.º 854/2004 de 29 de Abril). O MVO realiza tarefas de inspecção,
nomeadamente:
� Verificação da informação relativa à cadeia alimentar (IRCA) e controlo dos documentos
de acompanhamento dos animais;
� Inspecção ante mortem; consistindo no controlo da identificação de todos os animais
presentes para abate, bem como numa avaliação geral dos diferentes lotes ou bandos,
procurando sinais característicos de doença e verificando se existiu comprometimento
do bem-estar animal, resultando na decisão de aprovação para abate, alteração da
ordem (prevenir contaminação cruzada) ou mesmo a reprovação;
� Bem-estar animal;
� O exame post mortem; visual macroscópico e táctil às carcaças, suas cavidades e
vísceras, podendo ser completado com incisões, sendo este realizado em toda a linha
de abate, existindo porém, um ponto fixo de inspecção post mortem, onde é realizada
uma inspecção diária de todos os animais abatidos no sentido de identificar alterações
patológicas susceptíveis de rejeição total (caquéxia, má sangria, entre outros) ou parcial
(fracturas, entre outros).
� Verificação da remoção, separação, acondicionamento e destino dos subprodutos animais;
� Testes laboratoriais; Não efectuados durante período de estágio.
O MVO regista, avalia e comunica o resultado das inspecções. O matadouro de aves
distingue-se não só pela maior possibilidade de contaminações cruzadas e tecnopatias (devido
ao automatismo do abate), mas também pelo curto espaço de tempo em que a decisão
sanitária deve ser tomada. O MVO em matadouro de aves e coelhos, actua principalmente no
controlo dos factores de higiene e aspectos microbiológicos, antes, durante e após as
operações de abate.
1.2. Inspecção de pescado
A Lota de Aveiro, propriedade da Docapesca S.A.,
localizada no porto de pesca de Aveiro com NCV atribuído,
efectua a venda por grosso de pescado fresco de pesca
artesanal e arrasto (Fluxograma 3). A Autoridade Sanitária
Nacional (DGV) realiza controlos oficiais à produção e
comercialização de produtos da pesca, nomeadamente, o controlo regular das condições de
Descarga
Escolha (separação por espécie, tamanho e grau de frescura)
Câmara de conservação (0º)
Pesagem
Leilão
Ponto de inspecçãopost mortem
Expedição Fluxograma 3 – Circuito do pescado
3
higiene do desembarque e primeira venda. São efectuadas também inspecções periódicas nos
navios e estabelecimentos em terra, de forma a verificar a manutenção das condições de
aprovação, a conformidade com os requisitos em matéria de higiene, temperatura e
rastreabilidade, bem como, a verificação da aplicação dos procedimentos baseados no sistema
HACCP.
Relativamente aos controlos oficiais realizados aos produtos da pesca, a Autoridade
Competente, efectua controlos organolépticos aleatórios em todas as fases da produção,
transformação e distribuição, tendo como objectivo verificar o cumprimento dos critérios de
frescura (cheiro, cor do muco, olho, cor da guelra, consistência muscular, entre outros).
Quando o exame organoléptico não se revelar conclusivo relativamente à frescura dos
produtos da pesca, podem ser colhidas amostras que serão submetidas a exames
laboratoriais. A Autoridade Competente deve efectuar controlos aleatórios aos produtos da
pesca para verificar o cumprimento dos teores de histamina, níveis de resíduos e
contaminantes, e presença de parasitas, de forma a assegurar a colocação no mercado de
produtos da pesca em conformidade com a legislação vigente.
No que respeita às decisões sanitárias dos produtos da pesca, são declarados impróprios
para consumo humano, quando os controlos oficiais não verifiquem que os produtos cumprem
as disposições previstas na legislação comunitária.
1.3. Matadouro da Beira Litoral S.A.
O Matadouro da Beira Litoral, S.A. (MBL) é um matadouro horizontal localizado no distrito
de Aveiro, na zona Industrial de Taboeira, com NCV atribuído. Nesta unidade é realizado o
abate de suínos, incluindo leitões, bovinos e pequenos ruminantes. O matadouro é ainda
homologado a realizar abates sanitários e abates rituais muçulmanos a ruminantes pelo
método “Halal”.
Apresenta uma abegoaria com parques que permitem a separação das diferentes espécies
a abater, bem como de isolamento para animais suspeitos de doença.
Dispõe de uma sala de abate com diferentes linhas de via aérea para cada espécie animal,
sendo a parte final da linha de suínos e pequenos ruminantes comum. Esta sala possui ainda
três câmaras de conservação (0-3º C), duas para carcaças em observação (suínos e
ruminantes) e uma para carcaças rejeitadas. Na periferia desta sala existe uma triparia, 2
câmaras de conservação (0-3ºC) de vísceras brancas (suínos e ruminantes), uma sala de
couros e recolha de troncos cerebrais, 3 salas de subprodutos (0-3ºC) e outra de tratamento de
sangue.
No final da linha de abate surge o bloco de frio. Aqui existem 6 câmaras de conservação (0-
3ºC) de duplo regime (arrefecimento rápido e conservação) para as diferentes espécies e
4
vísceras, cais refrigerado de expedição (~11,5º), bem como uma sala de desmancha (~11,5º)
com 3 salas de apoio (0-3ºC). De referir ainda a existência de várias infra-estruturas no
exterior, nomeadamente, um local para lavagem de viaturas de transporte de animais vivos e
outro para viaturas transportadoras de carne, uma estação de tratamento de águas residuais e
um depósito de armazenamento e tratamento da
água de abastecimento.
O corpo de Inspecção Sanitária (IS) do MBL
consiste em 2 MVO, 2 AO e um classificador.
1.3.1. Descrição do Abate
Bovinos
Os bovinos são insensibilizados através de
percussão penetrante com pistola de êmbolo
retráctil. Todos os processos de abate são manuais.
As cabeças sujeitas a colheita de tronco são
encaminhadas para a sala específica. Existem dois
pontos fixos distintos de inspecção post mortem, um
nas cabeças e outro relacionado com as vísceras e a
carcaça (Fluxograma 4).
Suínos
No processo de abate de suínos a
insensibilização ocorre por electronarcose em box
individual e o escaldão é vertical. Existem 2 pontos
fixos de inspecção post mortem, o primeiro
directamente relacionado com a carcaça (linha
automática contínua) e um segundo com as vísceras
num carrossel automático anexo à linha (Fluxograma
5). Todas as carcaças são cortadas
longitudinalmente, podendo o MVO permitir a saída
de carcaças inteiras, exclusivo à “carcaça para assar
no espeto” (Circular N.º 86 da Direcção de Serviços
de Higiene Pública Veterinária de 29/7/2009).
Leitões
A insensibilização dos leitões ocorre por
electronarcose individual em box colectiva, o escaldão
Recepção
Abegoaria
Insensibilização (+/- 260V, +/- 1,5 Amp, 9 seg.)
Sangria
Remoção das unhas
Lavagem
Escaldão 60ºC
Corte longitudinal
Acabamento
Expedição
Refrigeração
Ponto de inspecção fixo post mortem
Depiladora 60ºC
Chamusco 450-700ºC
Evisceração
Ponto de inspecção ante mortem
Ponto de inspecção fixo post mortem
Abate médio 110 suínos/hora
Fluxograma 5 – Processo de abate de suínos
Recepção
Abegoaria
Insensibilização (+/- 260V, +/- 2,5 Amp, 9seg.)
Sangria
Remoção das unhas
Lavagem 40-50ºC
Escaldão 60-62ºC
Acabamento
Expedição
Refrigeração
Depiladora 60ºC
Chamusco
Evisceração
Ponto de inspecção ante mortem
Ponto de inspecção fixo post mortem
Abate médio 80 leitões/hora
Fluxograma 6 – Processo de abate de leitões
Abate médio 25 bovinos/horaRecepção
Abegoaria
Insensibilização
Sangria
Esfola
Corte longitudinal
Acabamento
Expedição
Refrigeração
Ponto de inspecção fixo post mortem Evisceração
Ponto de inspecção ante mortem
Ponto de inspecção fixo post mortem
Corte de patas Corte da cabeça
Fluxograma 4 – Processo de abate de bovinos
5
é horizontal e a evisceração vertical, surgindo assim no único ponto fixo de inspecção post
mortem. Todo o processo de abate é manual (Fluxograma 6).
Pequenos ruminantes (PR)
O abate de ovinos e caprinos no MBL é um
processo totalmente manual. A insensibilização ocorre
por electronarcose individual em box colectiva. A
evisceração é vertical, apresentando-se assim a
carcaça no único ponto fixo de inspecção post mortem
(Fluxograma 7).
Todas as carcaças das diferentes espécies (e
partes no caso dos bovinos) são identificadas com um
número de ordem, de forma a permitir que sejam relacionadas. A casuística do abate e as
rejeições totais, durante o período de estágio, encontram-se no ANEXO VIII.
1.3.2. Actividades desenvolvidas
Num matadouro, o MVO tem que exercer tarefas de auditoria, de inspecção, de controlo de
marcação de salubridade, bem como de decisão e comunicação de medidas subsequentes aos
controlos (Regulamento (CE) N.º 854/2004 de 29 de Abril).
• Tarefas de auditoria
O MVO verifica a observância constante e permanente dos procedimentos estabelecidos
pelo operador em matéria das boas práticas de higiene e dos procedimentos baseados no
sistema de HACCP, definidos no Regulamento (CE) N.º 854/2004 de 29 de Abril.
• Tarefas de Inspecção
O MVO ao efectuar as tarefas de inspecção, deve ter em conta os resultados das tarefas de
auditoria realizadas. Das tarefas de inspecção fazem parte:
A. Informações relativas à cadeia alimentar (IRCA)
O MVO verifica e analisa as informações pertinentes, constantes dos registos da
exploração de proveniência dos animais destinados ao abate. Todos os animais apresentados
para abate normal são obrigatoriamente acompanhados pelos seguintes documentos,
procedendo o MVO a um controlo documental dos mesmos (Tabela1):
Espécie Documentos
Bovinos Passaporte Individual, Declaração de deslocações (253/DGV), IRCA
e quando previsto, Guia de trânsito para abate imediato (249/DGV);
Suínos/leitões Guia de trânsito para abate imediato e IRCA;
Recepção
Abegoaria
Insensibilização (+/- 260V, +/- 1,5 A, 9seg.)
Sangria
Esfola
Acabamento
Expedição
Refrigeração
Ponto de inspecção fixo post mortem Evisceração
Ponto de inspecção ante mortem
Corte de patas Corte da cabeça
Fluxograma 7 – Processo de abate de pequenos ruminantes
Abate médio 80-100 PR/hora
6
Pequenos Ruminantes Guia de trânsito para abate imediato (249/DGV), destacável do
passaporte de rebanho e IRCA;
Tabela 1 - Documentos obrigatórios entregues por espécie
Quando sugerido pelo MVO, os transportadores, entregam obrigatoriamente o
comprovativo da última higienização válida (72h anteriores) da viatura (Decreto-Lei N.º
142/2006 de 27 de Julho). Os bovinos recebidos para abate de emergência são acompanhados
obrigatoriamente pelo Certificado Veterinário (modelo 622/DGV) emitido pelo Médico
Veterinário Assistente da Exploração. Os documentos do abate sanitário serão tratados no
tema livre.
B. Inspecção ante mortem
Antes de dar início ao abate, o MVO realiza o exame em vida a todos os animais presentes
na abegoaria. Verifica a identificação animal e procede à inspecção visual, avaliando o estado
geral e procurando sinais sugestivos de doença que possam ter consequências negativas, quer
para a saúde animal, quer humana, controlando ainda o possível comprometimento do bem-
estar. É criado o registo de alguma ocorrência relativa à inspecção visual (sinais observados,
existência de apenas um brinco, entre outros). A informação recolhida é tida em conta no
exame post mortem, definindo o MVO e ordenando ao abegão, a ordem do abate conforme a
condição higio-sanitária, bem como o isolamento de algum animal para exame clínico
detalhado. Do exame em vida o MVO decide a aprovação dos animais para abate, a rejeição, o
adiamento ou abate condicionado, sendo criados registos diários destas decisões.
C. Bem-estar Animal (BEA)
De conformidade com a regulamentação comunitária e nacional em matéria de BEA, o
MVO tem um papel importante no controlo das regras relativas à protecção dos animais no
abate e durante o transporte. Relativamente ao abate e como previsto no Decreto-Lei N.º 28/96
de 02 de Abril, o MVO efectua o controlo e acompanhamento aleatórios de vários processos de
abate de diferentes espécies, avaliando os factores relacionados com o bem-estar animal nos
diferentes procedimentos.
No que respeita à protecção durante o transporte, o MVO controla e acompanha várias
descargas aleatórias de diferentes espécies, verificando as condições de bem-estar resultantes
do transporte, bem como durante a descarga (Regulamento (CE) N.º 1/2005 de 22 de
Dezembro de 2004).
O resultado dos controlos é a emissão de relatórios que dá conhecimento à DIV, sendo a
periodicidade no caso do MBL: PR – semanal; bovinos e suínos – bimestral; leitões – mensal.
7
D. Inspecção post mortem
A inspecção post mortem diz respeito à avaliação sensorial e macroscópica, tendo em
conta o aspecto, cor, odor e a consistência de todas as partes do animal abatido, bem como
pelos procedimentos de inspecção obrigatórios, devendo o MVO, se necessário, efectuar
incisões e recolher algum material que considere suspeito com posterior análise laboratorial, de
forma a fundamentar a decisão sanitária, com o objectivo de impedir a entrada no mercado de
carne imprópria. A inspecção post mortem reporta à carcaça e vísceras, passível de ser
efectuada em toda a linha, contudo, existem pontos fixos de inspecção de acordo com cada
espécie e referidos anteriormente nas diferentes descrições de abate. Num matadouro, todos
os procedimentos de inspecção post mortem são efectuados de acordo com o Regulamento
(CE) N.º 854/2004 de 29 de Abril, e são explicitados no ANEXO I do presente relatório.
E. Matérias de risco especificadas (MRE) e outros s ubprodutos animais
O MVO verifica a remoção, separação, acondicionamento e destino das MRE e outros
subprodutos animais. Deve ainda ser assegurado que o operador tome as medidas
necessárias para evitar a contaminação da carne com MRE durante o abate.
F. Testes laboratoriais
O MVO deve assegurar a recolha, identificação, tratamento e envio de amostras para o
laboratório adequado, no âmbito:
� da vigilância e controlo de zoonoses e agentes zoonóticos;
� dos testes rápidos de Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET)
(Regulamento (CE) N.º 999/2001 de 22 de Maio) (Tabela 2):
• Colheita de tronco cerebral em
bovinos (Decisão da Comissão
2010/66/CE de 5 de Fevereiro);
• Colheita de tronco cerebral em
PR (Circular N.º 850/Direcção de
Serviços do Planeamento DGV de 28
de Dezembro de 2009);
• Colheita de tronco cerebral a PR para genotipagem (Regulamento (CE) n.º 727/2007 de
26 de Junho).
� da detecção de substâncias ou produtos não autorizados e do controlo de
substâncias regulamentadas; Não efectuado no período de estágio;
� da detecção de doenças que constam da lista da Organização Internacional de
Epizootias (OIE):
Espécie Nº. troncos colhidos Resultado laboratorial
Bovinos 115 Tudo negativo
Ovinos 181 1 Positivo TSE
Caprinos 95 Tudo negativo
Tabela 2 - Número de troncos colhidos para teste rápido de EET e respectivos resultados durante o período de estágio. Legenda: TSE – tremor epizoótico dos pequenos ruminantes
8
• Pesquisa de triquina em músculo de suínos (Regulamento (CE) N.º 2075/2005 de 5 de
Dezembro).
• Todas as suspeitas de doenças de
declaração obrigatória (DDO) no exame
post mortem resultam no preenchimento
do modelo de comunicação de suspeita
de DDO com envio à DIV (Tabela 3),
bem como a colheita do material
suspeito e respectivo preenchimento da
requisição para análise geral modelo
502/4, o modelo 760/DGV no caso de
suspeita de tuberculose bovina, ou o modelo 522/2 no caso de linfadenite tuberculosa suína,
sendo o material enviado para o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (LNIV)
(requisições efectuadas durante o estágio - ANEXO II).
Durante o período de estágio, das 2 comunicações de suspeitas de tuberculose, resultou
apenas a identificação histopatológica da doença num dos animais. O bovino infectado em
causa, foi abatido em 3/3/2010, nascido e proveniente de uma exploração em regime extensivo
na zona de Moura, no Baixo Alentejo. O animal, um macho da raça Limousine com 107 meses
de idade, de classificação sanitária individual B4 negativo/T3 negativo/L4 negativo, rastreado
em 20/10/2009, chegou num lote de 3 animais da mesma exploração. No exame em vida não
apresentou sinais clínicos. No exame post mortem, foram identificadas lesões granulosas
macroscópicas nos gânglios mediastínicos e alterações na serosa do intestino delgado. A
comunicação da suspeita de DDO foi enviada para a DIV Aveiro e DSVR Alentejo. O exame
histopatológico caracterizou os granulomas dos gânglios, apresentando centro caseocalcário,
compatível com tuberculose, bem como enterite sugestiva de origem parasitária. O exame
bacteriológico foi negativo e o estatuto sanitário actual da exploração é T2.1 (fonte: Programa
de Informação de Saúde Animal).
1.3.3. Decisão sanitária e marcação de salubridade
O MVO no final do exame post mortem, decide sobre a salubridade da carne, sendo a
aprovação (aposição da marca salubridade) da carcaça e respectivas vísceras, definida
quando estiverem reunidas as condições para consumo humano, a rejeição (marcação
carcaça com a letra “R”) quando apresentam perigo para manipuladores, consumidores ou
reúnam características macroscópicas indesejáveis, ou observação (marca “OBS” na
carcaça), quando é necessária uma re-inspecção ou então quando é colhida e enviada alguma
análise (lesão suspeita ou teste rápido EET) esperando o resultado para a decisão sanitária.
Doença suspeita de DDO Nº
Comunicações
Tuberculose bovina 2
Linfadenite tuberculosa suína 35
Pasteurelose: bovina ; suína ; ovina 4 ; 1 ; 1
Hidatidose: bovina ; ovina 2 ; 6
Total comunicações DDO 51
Tabela 3 – Número de comunicações de doença suspeita de DDO durante o período de estágio no MBL. (Imagens de algumas lesões detectadas - ANEXO VII).
9
Partes da carcaça ou vísceras podem ainda ser rejeitadas parcialmente como resultado de
fractura, abcesso, conspurcação, parasitismo, congestão, entre outros.
Todas as rejeições (parciais ou totais) e carcaças colocadas em observação, são anotadas
no mapa diário de rejeições e afixadas no gabinete da IS, podendo o detentor do animal ou de
partes deste rejeitadas, interpor recurso nas 4 horas seguintes ao abate (Decreto-Lei N.º
223/2008 de 18 de Novembro). Situação que não aconteceu durante o período do estágio.
A aposição da marca de salubridade pelos operadores dos matadouros, é efectuada a
todas as carcaças provenientes de animais abatidos no matadouro e aprovadas na inspecção
post mortem, sobre supervisão do MVO e com o carimbo oval de acordo com o Regulamento
(CE) N.º 854/2004 de 29 de Abril.
Abate sanitário de brucelose, tuberculose e leucose dos bovinos
2.1. Nota introdutória
A existência de doenças infecciosas causadas por determinadas bactérias e vírus,
naturalmente transmissíveis, directa ou indirectamente entre os animais, são responsáveis em
muitos casos por importantes perdas económicas, quer ao nível produtivo, quer ao nível dos
próprios animais. O termo zoonose define uma doença de transmissão natural entre os animais
e o Homem (Gracey et al. 1999). Muitas doenças deste tipo fazem parte da lista da
Organização Internacional de Epizootias (OIE) e são de declaração obrigatória. A persistência
de doenças infecciosas e zoonoses entre as espécies animais, constitui um obstáculo
importante à livre circulação de animais e seus produtos entre os Estados Membros, surgindo
então a necessidade da erradicação dessas doenças (DGV 20091; DGV 20092;DGV 20084).
Assim, com o objectivo de erradicar, prevenir e controlar essas doenças e zoonoses animais,
surgem os denominados programas de erradicação, que implementam um conjunto de
medidas ou acções de profilaxia médica e sanitária, de polícia sanitária e de natureza
administrativa, desenvolvidas e executadas de modo permanente no universo animal de cada
país, definido pelos diferentes programas (DGV 2002). O objectivo final desejado passará
sempre pela erradicação a curto ou a médio prazo (DGV 20091; DGV 20092;DGV 20084).
Em Portugal encontram-se em vigência vários programas de erradicação (PE),
nomeadamente, da Brucelose Bovina (PEB) Ovina e Caprina, da Tuberculose Bovina (PET), da
Leucose Enzoótica dos Bovinos (PEL), da Febre Catarral dos Ovinos e das Encefalopatias
Espongiformes Transmissíveis (Decisão da Comissão 2009/883/CE de 26 de Novembro).
O abate sanitário surge como uma medida de polícia sanitária de acordo com a legislação
nacional existente para cada doença e respectivo PE, tendo como base o abate de animais
clinicamente suspeitos e a metodologia de teste e abate de reagentes, duvidosos ou positivos,
com recolha de amostras, para diagnóstico laboratorial.
10
As competências do cumprimento dos PE, são da responsabilidade de vários
intervenientes, nomeadamente, a DGV, onde de uma forma resumida, coordena, dirige e
fiscaliza os procedimentos, conforme os diferentes PE; as DIV, que têm o papel executante
mas também coordenante e de transmissão de dados à DGV; ao LNIV, no diagnóstico das
doenças, agentes e comunicação dos resultados; e ao Instituto de Financiamento da
Agricultura e Pescas (IFAP), promotor de indemnizações (DGV 20091; DGV 20092;DGV 20084).
Doença Brucelose Leucose Tuberculose
Nº Abates Sanitários 100 20 200
Tabela 4 – Previsão de abates sanitários na DSVR Centro de bovinos para 2009 (Fonte: Diferentes PE)
Doença Brucelose Leucose Tuberculose
Nº Abates Sanitários 33 21 76
Aprovados 31 21 60
Rejeitados pela doença 0 0 13
Rejeitados por outras causas 2 0 3
Tabela 5 – Abates sanitários realizados no MBL a bovinos em 2009 (Fonte: IS MBL)
2.2. Revisão bibliográfica da brucelose, tuberculos e e leucose, contempladas no plano
dos PE dos bovinos
Brucelose bovina
A Brucelose é uma importante doença zoonótica causada por várias espécies de bactérias
do género Brucella, consoante o hospedeiro animal, sendo B. abortus predominante dos
bovinos (Gómez 2008; Radostits et al.1999).
A infecção ocorre principalmente por via oral, através da ingestão do agente no pasto,
alimentos ou por fómites, contaminados por fluidos placentários, fetos abortados, tecidos e/ou
leite infectado (Divers & Peek 2008). A infecção também poderá ocorrer através das mucosas
nasal e conjuntival, feridas na pele, transmissão venera e vertical no útero (Divers & Peek
2008). Assim que a infecção ocorre, a Brucella, como um organismo intracelular facultativo, é
capaz de sobreviver às células fagocitárias do hospedeiro, provocando uma infecção com
bacteriémia crónica e persistente, apresentando maior tropismo para o útero grávido, os
testículos, a glândula mamária e os gânglios linfáticos, e em menor escala nas articulações
(Gómez 2008; Radostits et al.1999).
O Homem adquire a doença geralmente após a ingestão de leite e produtos lácteos
infectados, sem tratamento térmico, ou então, pelo contacto com abortos, placenta e fluidos
contaminados, sendo mais frequente nas pessoas que contactam com animais infectados
(Shakespear 2009; Radostits et al.1999).
11
Os sinais clínicos da brucelose nos bovinos são: a ocorrência de aborto, geralmente
durante a última metade da gestação; a metrite; a retenção placentária; a mamite; e ainda
artrites ocasionais (Divers & Peek 2008; Gómez 2008).
Na inspecção post mortem, a brucelose é caracterizada pela presença de material
purulento, de cor amarela a cinzenta, entre as membranas uterina e fetal (Divers & Peek 2008;
DGV 2002). Os testículos podem estar afectados, apresentando necrose purulenta e/ou
surgindo hipertrofiados e duros (DGV 2002). Outras características poderão ser a evidência de
artrites e/ou uma reacção ganglionar generalizada (Divers & Peek 2008). A Brucella é viável
apenas por um curto espaço de tempo no músculo de animais infectados, uma vez que é
facilmente destruída com a descida do pH, resultante da produção de ácido láctico após o
abate (DGV 2002). A brucelose é uma doença de declaração obrigatória (Decreto-Lei N.º 39
209 de 14 de Maio de 1953). Como provas serológicas oficiais em Portugal, encontram-se
implementados os testes de rosa de Bengala e a fixação do complemento (DGV 20092).
Decisão sanitária: Rejeição total quando a carcaça de bovino evidenciar lesões post
mortem características de brucelose. Nos bovinos sujeitos a abate sanitário por brucelose, o
úbere, tracto genital e o sangue são sempre rejeitados, mesmo que o animal não apresente
lesões post mortem (Regulamento (CE) N.º 854/2004 de 29 de Abril).
Tuberculose bovina
A Tuberculose bovina (TB) é definida como uma doença infecciosa provocada por bactérias
álcool-ácido resistentes do género Mycobacterium, sendo Mycobacterium bovis o principal
agente causal (Amstutz et al. 1998). As restantes espécies de Mycobacterium (M. tuberculosis
e M. avium), também são capazes de provocar doença nos bovinos, contudo raramente o
fazem (Divers & Peek 2008).
O curso desta patologia é definido como crónico, debilitante e com um longo período de
latência (Radostits et al. 1999). A TB é caracterizada por uma toxémia subclínica, podendo
ocasionalmente constituir um processo agudo (Radostits et al. 1999).
Os sinais clínicos são inespecíficos e relacionados com as estruturas afectadas, desde
emaciação progressiva, tosse crónica húmida, dispneia, ruídos respiratórios anormais, disfagia
e obstrução do tracto digestivo (linfadenomegália), temperatura flutuante, apetite caprichoso,
entre outros (Amstutz et al. 1998; Divers & Peek 2008; Radostits et al. 1999).
Na maioria dos casos a transmissão ocorre por via aerógena, através do contacto directo
com bovinos infectados (ar expelido, tosse, secreções nasais) durante o pastoreio, nas
manjedouras, nas vacarias ou salas de ordenha, com subsequente infecção pulmonar (Gómez
2008). A infecção por ingestão também pode ocorrer, no caso dos jovens na amamentação, e
12
no caso dos adultos, na ingestão de pastagens, água e alimentos, contaminados por secreções
nasais, fezes e urina infectadas com o agente (Gómez 2008).
A infecção pelo M. bovis é passível de ocorrer em veados e javalis, podendo os bovinos
serem contaminados por contacto directo, ou indirectamente pela contaminação ambiental das
zonas de pastoreio e pontos de água comuns (Humblet et al. 2009).
Em Portugal, os primeiros estudos sugeriram as primeiras evidências da transmissão do M.
bovis entre um bovino e um javali da mesma exploração ou então, a existência de uma fonte de
infecção comum a ambos (Duarte et al. 2007). Num estudo mais recente e com uma maior
amostragem (293 isolamentos de Mycobacterium spp.), foi isolado M. bovis em 256 bovinos, 1
caprino, 21 veados e 5 javalis, tendo sido demonstradas evidências da transmissão do agente
entre bovinos e veados, na Beira Interior e entre bovinos e javalis, no Alentejo (Duarte et al.
2008).
O Mycobacterium bovis subespécie caprae, apesar de bem adaptado aos caprinos já foi
isolado em bovinos, veados e mesmo no homem (Duarte et al. 2008). Em Portugal foi
recentemente isolado (10 isolamentos) em 2 bovinos, 7 caprinos e 1 javali (Duarte et al. 2008).
A TB apresenta-se como uma zoonose importante, em especial nos doentes
imunocomprometidos. O consumo de leite e lacticínios infectados, sem tratamento térmico e a
inalação do agente, constituem as vias usuais de contágio (Shakespear 2009).
Os granulomas tuberculosos são as lesões clássicas da TB, de localização dependente da
via de contágio (Radostits et al. 1999; Gómez 2008). Após infecção, o agente é fagocitado por
macrófagos alveolares que podem terminar ou permitir a proliferação do M. bovis (Amstutz et
al. 1998). Caso persista, poderá ocorrer a formação de um foco primário, de purulento a
caseoso, com centro necrótico que poderá calcificar (crónico), originando o clássico tubérculo.
O foco primário, associado a lesões similares nos gânglios regionais é denominado de
complexo primário. A disseminação por via sanguínea e linfática pode ocorrer, originando a
formação de lesões nodulares em todos os tecidos – tuberculose miliar (Amstutz et al. 1998).
Na infecção localizada pela via respiratória, o pulmão (usualmente no bordo superior de um
lobo principal) surge afectado, assim como os gânglios brônquicos e mediastínicos, enquanto
que na via alimentar, poderão ocorrer lesões nos gânglios retrofaríngeos, parotídeos e
mesentéricos (Gracey et al. 1999; Amstutz et al. 1998). O M. bovis é capaz de resistir 2 anos
em carne congelada e vários anos em carcaças putrefactas (DGV 2002). A TB é uma doença
de declaração obrigatória (Decreto-Lei N.º 39 209 de 14 de Maio de 1953). Os testes oficiais da
TB são a intradermotuberculinização comparada (IDC) e o gamma-interferão (DGV 20091).
Decisão sanitária: Rejeição total se durante a inspecção post mortem, forem identificadas
lesões tuberculosas localizadas em vários órgãos, gânglios ou partes da carcaça, indicando um
processo generalizado. Rejeição parcial se identificada apenas uma lesão tuberculosa num
gânglio linfático, órgão ou parte de carcaça, com remoção das estruturas atingidas ou das
13
regiões drenadas no caso de lesão ganglionar (Regulamento (CE) N.º 854/2004 de 29 de
Abril).
Leucose enzoótica bovina
A LEB é uma doença infecciosa de distribuição mundial (Gómez 2008). Caracteriza-se por
uma proliferação maligna de tecido linfóide (Amstutz et al. 1998). O agente etiológico é um
oncovírus tipo C exógeno da família Retriviridae (Radostits et al. 1999), responsável pela
ocorrência de linfossarcomas multicêntricos, em quase todos os órgãos (Gómez 2008). Ocorre
maioritariamente em idades compreendidas entre 4 a 8 anos e raramente antes dos 2 anos
(Radostits et al. 1999; Amstrutz et al. 1998).
A transmissão da leucose pode ocorrer de uma forma horizontal, de bovino a bovino, ou
vertical, no útero (Gómez 2008). O vírus apresenta tropismo para os linfócitos e é transmitido
principalmente a partir do contacto com o sangue de animais infectados (Gómez 2008). A
transmissão iatrogénica assume grande importância, através de certas práticas de maneio
(partilha de instrumentos contaminados entre animais) e clínicas (reutilização de luvas
palpação rectal contaminadas, entre outros), sendo que as práticas cirúrgicas (agulhas e
instrumentos infectados) constituem provavelmente a maior forma da transmissão do vírus
(Nuotio et al. 2003). A transmissão através de vectores (mosquitos, piolhos e carraças) também
é possível (Gómez 2008), contudo o vírus apresenta uma fraca capacidade de sobrevivência
fora do corpo do animal (Amstutz et al. 1998).
A infecção pelo vírus da LEB não é sinónima de doença clínica. O aparecimento das
neoplasias está relacionado com a susceptibilidade genética dos animais. Assim, um animal
quando resistente, desenvolve apenas anticorpos, é serologicamente positivo, mas não
apresenta lesões post mortem (Radostits et al. 1999).
A LEB é uma doença de declaração obrigatória (Decreto-Lei N.º 39 209 de 14 de Maio de
1953) e não é considerada uma zoonose. O teste serológico oficial da LEB é a prova de
imunoabsorção enzimática (ELISA) ou a prova de imunodifusão (DGV 20084).
Lesões post mortem: Hipertrofia dos gânglios infectados e presença de massas tumorais de
cor branca e de consistência dura, podendo estar presentes em qualquer parte do animal (DGV
2002).
Decisão sanitária: Rejeição total se processo generalizado (lesões múltiplas) ou rejeição
parcial se lesão única e localizada (remoção das estruturas afectadas) (DGV 2002).
14
2.3. Classificação sanitária do efectivo bovino
Os diferentes programas de erradicação (PEB, PET e PEL), determinam que todo o
efectivo bovino seja objecto de classificação sanitária obrigatória, relativamente às doenças
visadas, em conformidade com a legislação comunitária e nacional:
� Decreto-Lei 244/2000, de 27 de Setembro, relativo à brucelose bovina;
� Decreto-Lei 272/2000 de 8 de Novembro, relativo à tuberculose bovina;
� Decreto-Lei 114/1999 de 14 de Abril, relativo à leucose enzoótica bovina.
A metodologia utilizada no controlo sanitário do efectivo bovino varia consoante a sua
classificação sanitária e a avaliação epidemiológica das explorações, sendo mantida ou
alterada de acordo com os resultados serológicos efectuados e o cumprimento do programa.
De acordo com o PEB, as classificações sanitárias dos efectivos bovinos actualmente
existentes são:
B2 - Não Indemne;
B2.1 – Efectivo infectado - isolamento e identificação da bactéria do género Brucella, em pelo
menos um bovino;
B3 - Indemne;
B4 - Oficialmente Indemne;
Ocorrerá ainda a suspensão do estatuto (B3S - indemne suspenso; B4S - oficialmente
indemne suspenso) quando: exista uma suspeita clínica; um ou mais animais apresentem
serologia positiva; ocorra a entrada no efectivo de animais com classificação sanitária inferior
ou não classificada; e pelo não cumprimento do programa sanitário (DGV 20092);
De acordo com o PET, as classificações sanitárias actualmente existentes são:
T2 – não oficialmente indemne;
T2.1 – efectivo infectado - onde foi isolado Mycobacterium bovis ou tuberculosis, ou com lesões
histopatológicas características de tuberculose, em pelo menos um bovino;
T3 – oficialmente indemne;
T3S – efectivo oficialmente indemne suspenso: quando um ou mais bovinos apresentem
reacção duvidosa ou positiva à IDC; quando forem detectadas lesões compatíveis post mortem
(surpresas de matadouro); quando ocorra a entrada no efectivo de animais com classificação
sanitária inferior ou não classificada; ou pelo não cumprimento do programa sanitário (DGV
20091);
As classificações sanitárias actualmente existentes, de acordo com o PEL são:
L1 – situação sanitária desconhecida;
15
L2 – infectado (confirmada laboratorialmente a doença em um ou vários animais);
L3 – não indemne;
L4 – oficialmente indemne;
L4S – classificação sanitária do efectivo oficialmente indemne suspensa, quando: existirem
indícios quer clínicos quer laboratoriais de qualquer caso de leucose no efectivo; quando um ou
mais animais tenham apresentado reacção serológica positiva; quando ocorra a entrada no
efectivo de animais com classificação sanitária inferior ou não classificada; ou pelo não
cumprimento do programa sanitário (DGV 20084).
2.4. Autoridade Europeia para a Segurança dos Alime ntos – Últimos dados publicados
relativos às zoonoses tratadas (tuberculose e bruce lose)
A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) na sua mais recente
publicação em matéria de zoonoses na União Europeia - THE COMMUNITY SUMMARY
REPORT ON TRENDS AND SOURCES OF ZOONOSES AND ZOONOTIC AGENTS AND
FOOD-BORN OUTBREAKS IN THE EUROPEAN UNION IN 2008, EFSA JOURNAL, 2010 –
refere que no caso da brucelose humana em 2008, o número de casos reportados (709 casos
– 619 confirmados) na União Europeia (UE), aumentou cerca de 14% comparativamente a
2007 (541 casos confirmados), apesar de uma diminuição para cerca metade, face a 2004. Dos
619 casos confirmados na UE em 2008, a Grécia (302 casos), Portugal (56 casos) e Espanha
(94 casos) foram os países com maior incidência, sendo as vias mais comuns de contágio o
contacto com os animais e consumo de queijo e leite infectados. Os casos notificados de
tuberculose humana em 2007 (dados mais recentes na mesma publicação – 109 casos, dos
quais 107 confirmados) provocados por M. bovis apresentam uma diminuição relativamente ao
ano anterior (120 confirmados). Dos 107 casos confirmados em 2007, as maiores incidências
ocorreram na Alemanha (41 casos), Reino Unido (24 casos) e Espanha (11 casos).
A prevalência da brucelose bovina em explorações na UE não se alterou em 2008,
relativamente a 2007, assumindo valores baixos (0.1%), sendo a Itália com o maior número de
explorações positivas (prevalência 1.29%). Relativamente à tuberculose bovina, a prevalência
da doença na UE diminuiu (em 2007) nos países co-financiados para os programas de
erradicação da doença. Os dados relativos ao efectivo em Portugal para os anos de 2007,
2008 (EFSA 2010) e 2009 (Fonseca 2010), encontram-se no ANEXO V.
Em Portugal, a incidência de brucelose humana em 2008 foi de 56 casos tendo sido todos
confirmados (maioria mulheres e no intervalo entre 25 e 44 anos). Nos anos anteriores foi
confirmada a doença em respectivamente: 2007 - 74 casos; 2006 - 76 casos; e 2005 - 147
casos. A notificação de casos de tuberculose humana por M. bovis em Portugal não ocorreu
quer em 2007, quer nos 4 anos anteriores.
16
Tabela 6 - Dados referentes a tuberculose noutras espécies - Portugal 2007 (EFSA)
De referir ainda que, das 39 amostras testadas pela DGV, em diferentes fases de produção
de vários estabelecimentos em Portugal, a queijos e leites provenientes de ruminantes, 3
amostras de leite cru de cabra resultaram positivos para brucelose, tenso sido isoladas B.
melitensis.
Espécie Total amostras Mycobacterium spp. M. bovis M. caprae
Veados 189 64 60 -
Cabras 83 39 - 39
Ovelhas 4 1 1 -
Espécie Total amostras Brucella spp. B. suis
Veados 82 0 -
Javalis 85 9 9
Tabela 7 - Dados referentes a brucelose em espécies selvagens - Portugal 2008 (EFSA)
2.5. Abate sanitário de bovinos
De acordo com os diferentes PE e legislação nacional, os abates sanitários realizam-se:
No caso da brucelose: quando forem identificados animais suspeitos [clinicamente
suspeitos – aborto; e filhas (até aos 12 meses de idade) de mãe positiva em efectivo
confirmado como infectado], animais reagentes (uma ou mais provas serológicas positivas ou
duvidosas) e animais positivos (reacção serológica positiva no teste de diagnóstico decisivo
para efeitos de abate sanitário) (DGV 20092).
No caso da tuberculose: quando for identificado um animal suspeito , isto é, clinicamente
suspeito, com reacção positiva ou 2 reacções duvidosas consecutivas à IDC, ou positivo ao
gamma-interferão (DGV 20091).
No caso da leucose: quando surja um animal suspeito (clinicamente suspeito) ou
infectado (serologia positiva) (DGV 20084).
A DGV pode ainda determinar o abate total do efectivo, ou da unidade epidemiológica,
mediante proposta da DIV ou por iniciativa própria, sempre que razões de natureza
epidemiológica assim o justifiquem (DGV 20092; DGV 20091;DGV 20084).
Os animais sujeitos a abate sanitário, devem ser marcados de forma indelével, a fogo ou
com substância cáustica, com a marca prevista na Portaria N.º 789/1973 de 13 Novembro -
triângulo equilátero com cerca de 50 mm de lado, sendo que no caso dos bovinos a marcação
deverá ser efectuada na parte média da região antero-superior da tábua esquerda do pescoço
(DGV 20092; DGV 20091;DGV 20084).
A DIV de proveniência dos animais sujeitos a abate sanitário, é responsável pela marcação,
recolha, acompanhamento do transporte e abate dos animais, bem como pela recolha dos
elementos necessários (fornecidos pelo MVO e explicitados mais à frente) para a elaboração
17
dos processos de indemnização (Portaria N.º 205/2000 de 05 de Abril). Contudo, a recolha,
transporte e abate destes animais poderão ser efectuados, no seu todo ou em parte, por
intermédio de uma entidade reconhecidamente idónea, mediante contrato de adjudicação, ou
então ainda, pelos proprietários, mediante autorização, coordenação e supervisão por parte da
DIV, podendo os mesmos inclusive, ficar com as respectivas carcaças e produtos, caso sejam
aprovadas (Portaria N.º 205/2000 de 05 de Abril). Os animais destinados a abate sanitário são
obrigatoriamente transportados directamente para o matadouro indicado no respectivo
documento de acompanhamento, sendo proibido qualquer contacto, quer no veículo quer
durante o itinerário, com animais cujo destino seja diverso daquele (Decreto-Lei n.º 142/2006
de 27 de Julho).
A DIV de proveniência dos animais sujeitos a abate sanitário, é responsável pela
calendarização do abate e comunicação ao MVO do matadouro antecipadamente (Portaria N.º
205/2000 de 05 de Abril) por fax/ofício (ANEXO III), informando sobre:
• O motivo do abate;
• O dia previsto da recepção dos animais;
• O número de animais a abater e respectivos números de identificação animal;
• A marca de exploração de origem com a identificação do proprietário;
• A localização da exploração;
• A necessidade da recolha de amostras, com a identificação dos animais sujeitos a
colheita;
(DGV 20093;DGV 20085)
Os abates sanitários são efectuados apenas em matadouros homologados (sujeito a
concurso público prévio na DGV) localizados na Direcção de Serviços Veterinários Regionais
(DSVR) da exploração de origem ou então em matadouros pertencentes a outras DSVR
sempre que algum condicionalismo assim o justifique (Portaria N.º 205/2000 de 05 de Abril).
Estes deverão ser realizados no final do abate normal de todas as diferentes espécies ou em
linha específica de abate, quando existente, seguidos de uma limpeza e desinfecção dos
equipamentos e instalações do matadouro, definida e supervisionada pelo Inspector Sanitário
(Portaria N.º 205/2000 de 05 de Abril) no sentido de evitar o risco de contaminação de outras
carcaças, da cadeia de abate e do pessoal presente no matadouro (Regulamento (CE) N.º
854/2004 de 29 de Abril).
O MVO poderá solicitar à DIV ou à DSVR, que o Corpo de Inspecção do matadouro seja
adequado ao abate sanitário em questão (Portaria N.º 205/2000 de 05 de Abril), de forma a
poder ser aumentado o número de pontos fixos de inspecção, possibilitando a adequação da
velocidade dos processos da linha de abate, no sentido de ser realizado um exame
pormenorizado e meticuloso da carcaça e vísceras, contribuindo para uma melhor identificação
das possíveis lesões. Após o exame post mortem, o MVO emite a decisão de aprovação ou
18
rejeição dos animais, conforme legislação em vigor e de acordo com as definições para cada
doença visada (Regulamento (CE) N.º 854/2004 de 29 de Abril). Sempre que a decisão
sanitária for a aprovação da carcaça, esta poderá ser comercializada pela DIV de proveniência
dos animais e o valor entregue ao IFAP, ou então, pelos respectivos adjudicatários
contratados, servindo como forma de pagamento do serviço (Portaria N.º 205/2000 de 05 de
Abril).
O MVO é obrigado até cinco dias úteis após o abate, a proceder à recolha e fornecimento
de dados relativos à elaboração dos processos de indemnização por parte da DIV de
proveniência dos animais (Portaria N.º 205/2000 de 05 de Abril):
� Animais aprovados:
• Cópia do mapa diário de abate com o(s) número(s) do(s) animal(ais);
• Parametrização do abate (ANEXO III)
(Ou divisa de abate, consistindo num modelo próprio do matadouro identificando a espécie, o
número de identificação animal, o apresentante, o peso carcaça, a data de abate e a decisão
sanitária);
• Cópias das requisições de análises (se solicitadas/existentes);
• Cópia da guia de trânsito para abate imediato modelo 249/DGV;
� Animais reprovados:
• Cópia do mapa diário de abate com o(s) número(s) do(s) animal(ais);
• Parametrização do abate (ANEXO III);
• Cópias das requisições de análises (se solicitadas/existentes);
• Cópia da guia de trânsito para abate imediato modelo 249/DGV;
• Factura do abate;
• Declaração de novilhas gestantes (quando verificável);
(DGV 20093; DGV 20085).
Os devidos processos de indemnização são pagos pelo IFAP aos proprietários, calculados
em conformidade com a legislação e nas seguintes condições:
� valor base;
� valor zootécnico;
� valor de aptidão da exploração;
(Despacho conjunto 530/2000 de 2 de Maio).
2.6. Tarefas do médico veterinário oficial durante o abate sanitário de bovinos
Informação relativa à cadeia alimentar - controlo d ocumental
A informação que deverá acompanhar os bovinos consiste em:
19
� Guia de trânsito para abate imediato (Modelo 249/DGV) ostentando um carimbo bem visível
com a designação ABATE SANITÁRIO, efectuada pela DIV de proveniência do abate;
� Passaporte Individual (no qual se confere a idade do animal, o estatuto sanitário da
exploração e o resultado da sanidade individual, confirmando a necessidade da recolha de
amostras);
� Declaração de Deslocações (modelo 253/DGV);
� Informação relativa à cadeia alimentar (IRCA);
� Comprovativo da última higienização válida da viatura transportadora, quando sugerido pelo
MVO;
(Circular N.º 111/DIS de 17/12/2009; Decreto-Lei n.º 142/2006 de 27 de Julho; DGV 2002).
As requisições para recolha de amostras relativamente a cada doença também fazem parte
dos documentos que acompanham os animais, devendo encontrarem-se parcialmente
preenchidas por parte da DIV de proveniência e discriminar o material sujeito a recolha (DGV
20093;DGV 20085)
Preparação dos abates
A comunicação antecipada do abate sanitário permite preparar previamente o mesmo.
Então, de acordo com a folha de requisição de amostras emitida pela DIV de proveniência dos
animais, preparam-se os recipientes (frascos estéreis descartáveis, de boca larga e com tampa
de rosca vedante) relativos a cada animal e a cada órgão/material a colher. Os frascos deverão
ser em duplicado, de acordo com o tipo de exame (método de conservação): histopatologia
(formol 10%) e bacteriologia (frio, definido por refrigeração ou congelação).
Devem ser efectuadas etiquetas para identificar as amostras colhidas (frascos), onde
conste o número de identificação do animal, espécie, nome do detentor, a marca de exploração
e descrição da amostra colhida (DGV 20093;DGV 20085;LNIV 2006).
O acondicionamento das amostras é feito em sacos separados por método de conservação
e por exploração, sendo estes identificados com uma etiqueta com o nome do detentor do
animal ou animais, com o número de exploração, a espécie, o número da requisição, as
amostras colhidas, a data da recolha e o responsável pela mesma (DGV 20093;DGV
20085;LNIV 2006).
Imagem 2 - Etiqueta utilizada para marcação de frascos de colheitas no MBL Fonte: IS do MBL
Imagem 1 - Etiqueta utilizada para marcação de sacos no MBL Fonte: IS do MBL
20
Inspecção a nte mortem
Na inspecção em vida dos animais sujeitos a abate sanitário, deverá ser confirmado o
número de identificação animal, o isolamento e a marcação obrigatória.
Nestes abates, a inspecção ante mortem deverá ser mais cuidadosa e demorada,
prestando uma maior atenção aos sistemas passíveis de afecção, conforme as doenças
relacionadas. O objectivo desta inspecção reforçada é a melhor detecção de algum sinal
característico da doença em causa (ruídos respiratórios anormais, animais magros, nódulos,
corrimentos, entre outros). O MVO deverá reprovar algum animal quando os sinais assim
justifiquem e ainda definir a ordem do abate conforme a condição geral dos animais. A
informação recolhida no exame em vida poderá mais tarde vir a ser útil no exame post mortem
e respectiva decisão sanitária.
O PEB refere que quando ocorra um aborto, este deve ser obrigatoriamente notificado pelo
proprietário. Caso ocorra um aborto no matadouro, o MVO deve fazer a notificação obrigatória
de aborto à DIV local e colher amostras do feto (que poderá ser enviado inteiro) e da placenta
(pequenas amostras contendo cotilédones infectados preferencialmente) para sacos plástico
diferentes, sendo enviadas para o LNIV com a requisição 507/1 (DGV 20085; LNIV 2006).
Protecção durante o abate sanitário
O abate sanitário deve obedecer às condições higio-sanitárias definidas na legislação, bem
como todas as operações durante o mesmo devem seguir normas de segurança, higiene e
saúde no trabalho, sendo efectuadas por pessoal preparado e utilizando equipamento
adequado (Portaria N.º 205/2000 de 05 de Abril).
Durante o abate sanitário todos os intervenientes directos, quer funcionários, quer o Corpo
de Inspecção deverão adoptar uma conduta de forma a prevenir a possível contaminação com
os possíveis agentes (tuberculose e brucelose). Então, deverão ser acrescentados ao vestuário
normal do matadouro os seguintes materiais:
• Máscara protectora de nariz e boca;
• Viseira protectora dos olhos;
• Luvas protectoras;
• Mangas descartáveis;
(DGV 2002).
21
Inspecção post mortem e colheita de amostras
Brucelose bovina
O PEB define que todos os animais submetidos a abate sanitário devem ser sujeitos a
recolha de amostras para exame bacteriológico com tipificação, excepto os provenientes de
efectivos confirmados como infectados com brucelose (onde já se isolou Brucella) – estatuto
sanitário B2.1 (DGV 20092).
O LNIV, como laboratório oficial para o diagnóstico bacteriológico, identifica o material para
recolha, quer em vida, quer após o abate (LNIV 2006). Para diagnóstico serológico poderão ser
efectuadas colheitas em vida de: sangue; leite ou sémen (LNIV 2006). Para diagnóstico
bacteriológico em vida: leite ou colostro; zaragatoas vaginais; abcessos; higromas; e
exsudados de artrites (LNIV 2006); podendo ser solicitadas pela DIV de proveniência dos
animais sujeitos a abate sanitário (DGV 20085).
Os órgãos de eleição para pesquisa do agente são: os gânglios linfáticos; o baço; o fígado;
o útero grávido; e a glândula mamária. Então, deverão ser efectuadas colheitas (comuns a
ambos os sexos) dos gânglios retrofaríngeos, parotídeos, mandibulares, ilíacos internos e
externos, bem como do baço e fígado. No caso das fêmeas, deverão ser recolhidos os gânglios
retromamários, glândula mamária e útero. No caso dos machos, deverão colher-se os gânglios
escrotais e testículo, podendo ainda ser colhido o epidídimo, as vesículas seminais e glândulas
acessórias (LNIV 2006; DGV 20085).
Uma vez que a Brucella resiste pouco tempo após o abate, devido à descida do pH no
músculo de animais infectados, o MVO deverá libertar as carcaças somente após, pelo menos,
24 horas de refrigeração (DGV 2002).
A folha de requisição de análises em abate sanitário de brucelose trata-se do modelo 507/1
(ANEXO IV), devendo acompanhar a documentação dos animais, estar parcialmente
preenchida (por parte da DIV de proveniência) e identificar as estruturas para recolha, sendo o
preenchimento completo pelo MVO (Circular N.º 233/Direcção de Serviços de Saúde e
Protecção Animal de 20/02/2009).
Tuberculose bovina
O PET define que devem ser recolhidas amostras a todos os animais sujeitos a abate
sanitário, para exame histopatológico e bacteriológico com tipificação, excepto nos efectivos
onde já foi isolado o agente – T2.1 (DGV 20091).
A recolha de amostras em animais positivos na prova de IDC é feita através de exame
exaustivo, cuidadoso e metódico dos parênquimas: pulmonar; hepático; renal; esplénico;
glândula mamária; útero; testículos e serosas; bem como dos gânglios linfáticos regionais:
22
� da cabeça: retrofaríngeos, parotídeos e mandibulares;
� viscerais: brônquicos, mediastínicos, mesentéricos e hepático;
� da carcaça: em especial retromamarios, sub-iliacos, renais, esternais e pré-
escapulares;
(DGV 20093).
Caso o bovino não apresente lesões patológicas e não esquecendo a ocorrência de
infecção por M. bovis tipo III, que provoca apenas lesões microscópicas, deverá ser sempre
colhido material para análise (excepto estatuto T2.1) (DGV 2002). A recolha obrigatória, para
observação e cultura, é feita nos gânglios linfáticos retrofaríngeos, mandibulares, parotídeos,
brônquicos, mediastínicos, retromamários, e de alguns gânglios linfáticos mesentéricos, bem
como do fígado e pulmão (DGV 2002).
A folha de requisição de análises em abate sanitário de tuberculose é o modelo 759/DGV
(ANEXO IV) – que acompanha a documentação dos animais, devendo estar parcialmente
preenchida (por parte da DIV de proveniência) e identificar as estruturas para recolha, sendo o
preenchimento completo pelo MVO (Circular N.º 589/Direcção de Serviços de Saúde e
Protecção Animal de 29/04/2009).
Leucose enzoótica bovina
Nos animais sujeitos a abate sanitário devido a leucose, a presença de lesões não é
suficiente para diagnosticar a doença, sendo necessário o envio de material (gânglios ou outra
estrutura suspeita) para histopatologia e respectivo isolamento viral, excepto para explorações
onde já foi confirmada laboratorialmente a doença - L2 (DGV 2002).
As amostras colhidas de material suspeito, devem ser acompanhadas pela folha de
requisição para análises geral - LNIV Aves, Repteis e Mamíferos – modelo 502/4.
Tratamento das amostras – conservação
Após recolha e identificação das amostras, estas são conservadas de acordo com o tipo de
exame requerido. O frio (refrigeração ou congelação) visa garantir a execução do exame
bacteriológico. O formol a 10% para o exame histopatológico. As amostras são separadas em
sacos, por exploração e tipo de conservação, devidamente identificados.
As amostras refrigeradas (2-8 ºC) devem ser enviadas no próprio dia para o LNIV. Caso
isso não seja possível, devem ser prontamente congeladas (-20 ºC no máximo) e enviadas o
mais rapidamente. Em ambos os casos, devem seguir para o LNIV acondicionadas dentro de
um saco ou caixa térmica, com termoacumuladores e as requisições. As amostras em formol
23
são enviadas à temperatura ambiente dentro de um saco térmico com as requisições (DGV
20093;DGV 20085;LNIV 2006).
A comunicação dos resultados das análises por parte do LNIV é enviada à DIV de
proveniência dos animais, de forma a encaminhar todo o processo de política sanitária de
acordo com os respectivos PE. A IS do matadouro poderá receber de igual forma o resultado,
de uma forma meramente informativa, por parte do LNIV ou da DIV de proveniência dos
animais.
Marcação de salubridade
Caso as carcaças de animais sujeitos a abate sanitário sejam aprovadas, é aposta a marca
de salubridade oval (Regulamento (CE) n.º 854/2004 de 29 de Abril).
2.7. Casuística dos abates sanitários em bovinos du rante o período de estágio
O MBL tem previsto no seu manual de HACCP a Sexta-Feira como o dia destinado aos
abates sanitários, implementando ainda procedimentos especiais, relacionados com a
segurança dos funcionários, desinfecção da linha e abegoaria, entre outros.
Doença Brucelose Tuberculose Leucose Total
Nº animais sujeitos a abate
sanitário 6 9 8 23
Tabela 8 – Abates sanitários assistidos no MBL.
Brucelose bovina
Durante o período de estágio foram abatidos 6 bovinos provenientes de 3 DIV diferentes,
sendo apresentados na seguinte tabela:
Data E Região S Raça Idade meses
Sanidade individual
Movimentos anteriores
Intervenções anteriores
DIV Coimbra
21/5/2010 A Montemor F Frisia 42 B2 + /T3-/L4-
Nascido na exploração
3 anos anteriores (B4-/T3-/L4-)
7/4/2010 B Montemor F Frisia 43 B4S+/T3-/L4-
16/3/2010 Nascido na exploração
3 anos anteriores (B4-/T3-/L4-)
DIV Guarda 30/4/2010 C Sabugal F Charolesa 63 B2.1-/T3-/L4-
12/4/2010 1 exploração
entrada 5/2009 Ano anterior
(B2.1 - /T3-/L4-)
DIV Viseu 12/3/2010 D Castro Daire
F Arouquesa 24 B2 + /T3-/L4-
19/2/2010 2 explorações
entrada 11/2008 2 anos anteriores
(B4S - e B2 -)
M Arouquesa 37 B2 - /T3-/L4- 19/2/2010
3 explorações entrada 10/2009
Nenhuma passaporte novo
F Arouquesa 127 B2 + /T3-/L4-
19/2/2010 2 explorações
entrada 12/2006 2 anos anteriores
(B4S - e B2 -) Tabela 9 – Abates sanitários devido a brucelose, realizados durante o período de estágio. Legenda: E – exploração; S – sexo; Sanidade individual – data rastreio; Movimentos anteriores – número explorações anteriores e data de entrada na presente; Intervenções anteriores – rastreios anteriores presentes no passaporte e historial de doença na exploração; + – positivo na sanidade individual; - – negativo na sanidade individual.
24
Foram solicitadas pelas DIV de proveniência dos animais e colhidas amostras de: sangue;
gânglios linfáticos; baço; fígado; útero; e glândula mamária; sendo no caso do macho colhidos
testículos (amostras solicitadas e colhidas aos animais B4S positivo e B2 positivo).
Das 6 carcaças, nenhuma apresentou lesões post mortem compatíveis com brucelose.
Foram aprovadas 5 carcaças, tendo sido 1 reprovada totalmente (exploração D, 37 meses) por
outra causa (hidrocaquéxia). As 2 carcaças com idade superior a 48 meses ficaram retidas a
aguardar teste rápido de EET, tendo posteriormente, os resultados sido negativos. O sangue,
aparelhos reprodutores e glândulas mamárias foram sempre rejeitados e as carcaças
aprovadas permaneceram durante, pelo menos, 24h em refrigeração.
O resultado bacteriológico foi o seguinte:
Data Exploração Idade meses Lesões post mortem compatíveis Resultado LNIV Bacteriologia
DIV Coimbra 21/5/2010 A 42 Ausência de lesões ND 7/4/2010 B 43 Ausência de lesões Não se isolou Brucella spp.
DIV Guarda 30/4/2010 C 63 Ausência de lesões -
DIV Viseu 12/3/2010 D 24 Ausência de lesões Não se isolou Brucella spp. 37 Ausência de lesões -
127 Ausência de lesões Não se isolou Brucella spp. Tabela 10 – Resultados bacteriológicos dos abates sanitários devido a brucelose, realizados durante o período de estágio. Legenda: - – ausência de colheitas de amostras; ND – resultados laboratoriais ainda não disponíveis;
Foi constatado um aumento dos pontos de inspecção fixos post mortem durante estes
abates e implementados procedimentos adicionais à inspecção obrigatória, estando todo o
Corpo de IS presente nos mesmos e recolhendo as respectivas amostras solicitadas. Um
primeiro ponto localizado na inspecção das cabeças e glândulas mamárias (exame cuidadoso
com incisões repetidas dos gânglios retromamários e em todos os quartos do úbere, em todas
as fêmeas, investigando material purulento). Um segundo ponto, após a remoção do aparelho
reprodutor para um contentor de subprodutos M1 (exame cuidadoso e demorado ao útero com
abertura do mesmo, pesquisando material purulento). O ponto das vísceras (visualização e
palpação reforçadas, e quando necessário, incisões repetidas a nível ganglionar) e um último
ponto na carcaça, após o corte longitudinal (numa plataforma elevatória, de forma ao MVO
melhor aceder aos gânglios regionais, com palpação e possíveis incisões dos mesmos, bem
como para uma melhor visualização, palpação e se necessária, incisão articular).
Tuberculose bovina
Durante o período de estágio, foram efectuados abates sanitários a 9 bovinos (fêmeas)
provenientes de 2 DIV distintas:
Data E Região S Raça Idade meses
Sanidade individual
Movimentos anteriores
Intervenções anteriores
DIV Aveiro
21/5/2010 A Ovar F Frisia 101 B4-/T3S+/L4- 4/5/2010
4 explorações entrada 5/2009
8 anos anteriores (B4-/T3-/L4-)
12/3/2010 B Ovar F Frisia 38 B4-/T3S+/L4-
23/2/2010 4 explorações entrada 2/2009
Nenhuma passaporte novo
DIV Castelo Branco
12/3/2010 C Rosmaninhal F Charolesa 36 B4-/T3S+/L4-
26/2/2010 Nascido na exploração
4 anos anteriores (B4-/T3-/L4-)
F Charolesa 47 B4-/T3S+/L4-
26/2/2010 Nascido na exploração
4 anos anteriores (B4-/T3-/L4-)
25
F Charolesa 77 B4-/T3S+/L4- 26/2/2010
1 exploração entrada 2008
6 anos anteriores (B4-/T3-/L4-)
F Charolesa 70 B4-/T3S+/L4-
26/2/2010 1 exploração entrada 2008
6 anos anteriores (B4-/T3-/L4-)
F Charolesa 74 B4-/T3S+/L4- 26/2/2010
Nascido na exploração
4 anos anteriores (B4-/T3-/L4-)
D Zebreia F Charolesa 47
B4-/T3S+/L4- 7/3/2010
Nascido na exploração
4 anos anteriores (B4-/T3-/L4-)
F Charolesa 36 B4-/T3S+/L4- 7/3/2010
Nascido na exploração
3 anos anteriores (B4-/T3-/L4-)
Tabela 11 – Abates sanitários devido a tuberculose, realizados durante o período de estágio. Legenda: E – exploração; S – sexo; Sanidade individual – resultado e data do rastreio; Movimentos anteriores – número de explorações anteriores e data entrada na presente; Intervenções anteriores – rastreios anteriores presentes no passaporte; + – positivo na sanidade individual; - – negativo na sanidade individual.
As DIV solicitaram a colheita de pulmão, glândula mamária, fígado e gânglios linfáticos, a
todos os animais.
Dos 9 animais, apenas 2 (exploração D) foram rejeitados totalmente e ainda em vida, uma
vez que se encontravam a cumprir intervalo de segurança de administração medicamentosa,
revelando uma destas carcaças (47 meses), lesões post mortem compatíveis com tuberculose
perlácea (ANEXO VI, Imagens 1 e 2) e a outra (36 meses) apenas lesões compatíveis com
tuberculose (granulomas caseocalcários) nos gânglios linfáticos retrofaríngeos. As restantes 7
carcaças foram aprovadas para consumo, tendo 4 destas, apresentado lesões post mortem
compatíveis com tuberculose (granulomas caseocalcários), únicas e localizadas, confinadas
nos gânglios linfáticos retrofaríngeos (exploração C, idades 36, 47 e 70 meses) ou nos
retromamários (exploração B) (ANEXO VI, Imagens 3, 4 e 5). As estruturas por eles drenadas,
cabeça ou glândula mamária respectivamente, foram rejeitadas. As restantes 3 carcaças não
apresentaram qualquer tipo de lesão. As carcaças com idades superiores a 48 meses ficaram
retidas para teste rápido de EET, tendo todos os exames sido negativos.
O resultado laboratorial foi o seguinte:
Resultado LNIV
Data Exploração Região Idade meses
Lesões post mortem
compatíveis Histopatologia Bacteriologia
DIV Aveiro
21/5/2010 A Ovar 101 Sem lesões ND ND
12/3/2010 B Ovar 38 Lesão GLRm Sem lesões Não se isolou
Mycobacterium bovis
DIV Castelo Branco
12/3/2010
C Rosmaninhal
36 Lesão GLR Lesão TB caseocalcária GLR, GLMb
Isolou-se Mycobacterium
bovis
47 Lesão GLR Lesão TB caseocalcária GLR, GLMb
Isolou-se Mycobacterium
bovis
77 Lesão GLR Granulomas de centro
necrótico GLR não compatível com TB
Não se isolou Mycobacterium
bovis
70 Sem lesões Lesão TB caseocalcária GLR
Não se isolou Mycobacterium
bovis
74 Sem lesões Sem lesões Não se isolou
Mycobacterium bovis
D Zebreia 47
Tuberculose perlácea P, Lesão GLR, GLMd, GLB
Lesão TB caseocalcária P, GLMd, GLB, GLM
Isolou-se Mycobacterium
bovis
36 Lesão GLR Lesão TB caseocalcária Isolou-se
26
GLR, GLMb Mycobacterium bovis
Tabela 12 – Resultados laboratoriais dos abates sanitários devido a tuberculose, realizados durante o período de estágio. Legenda: TB – tuberculose bovina; GLR – gânglio linfático (g.l.) retrofaríngeo; GLRm – g.l. retromamário; GLB – g.l. brônquico; GLMd
– g.l. mediastínico; GLM – g.l. mesentérico; GLMb – g.l. mandibular; P – pulmão; ND – resultados laboratoriais ainda não disponíveis.
Foi verificado um aumento dos pontos de inspecção fixos post mortem com presença de
todos os elementos do corpo da IS do MBL e implementados procedimentos adicionais para
além da inspecção post mortem obrigatória. O primeiro ponto na inspecção dos úberes, com
visualização e palpação cuidadas, bem como incisões sistemáticas profundas em todos os
quartos e seccionamento dos gânglios retromamários, de todos os animais. Um segundo
ponto, na inspecção das cabeças, com seccionamento seguido de exame cuidadoso dos
gânglios retrofaríngeos, parotídeos e mandibulares. Um terceiro ponto nas vísceras, com
inspecção visual demorada, palpação cuidadosa e incisões repetidas dos gânglios brônquicos,
do pulmão, dos gânglios mediastínicos, fígado e gânglio hepático, não esquecendo a
visualização reforçada das vísceras digestivas e o mesentério, com incisões repetidas nos
gânglios mesentéricos. Um último ponto na carcaça, imediatamente após o corte longitudinal,
de forma ao MVO melhor visualizar a pleura, o peritoneu e o diafragma, bem como para obter
melhor acesso aos rins, gânglios renais e gânglios regionais, para visualização, palpação e
incisões sistemáticas aos mesmos. As lesões, quando presentes, eram anotadas em todos os
pontos de inspecção, de forma a que toda a informação fosse agrupada, para o MVO
fundamentar a decisão sanitária.
Leucose bovina
No período do estágio foram submetidos a abate sanitário 8 bovinos, 7 infectados com mais
de 48 meses e 1 vitelo dependente.
Data Ex Região Sexo Raça Idade meses
Estatuto individual
Movimentos anteriores
Intervenções anteriores
DIV Viseu 23/4/2010
A Castro Daire
F Arouquesa 174 L4S + 1/3/2010
2 explorações entrada 1/2010
Ano anterior (B4-/T3-/L4-)
B Castro Daire F Arouquesa 80 L4S +
22/3/2010 6 explorações
entrada 10/2006 4 anos anteriores
(B4-/T3-/L4-)
C São Pedro do Sul
F Arouquesa 154 L4S + 2/3/2010
5 explorações entrada 4/2008
Ano anterior (B4-/T3-/L4-)
D Castro Daire F Charolesa 68 L4S +
1/3/2010 1 exploração
entrada 8/2006 3 anos anterior (L4S- e L4s d)
E Castro Daire
F Arouquesa 134 L4S + 24/3/2010
2 explorações entrada 2003
Ano anterior (B4-/T3-/L4-)
F Arouquesa 81 L4S +
24/3/2010 Nascido na exploração
4 anos anteriores (L4S- em 2008)
F Arouca F Arouquesa 82 L4S +
24/3/2010 1 exploração entrada 2009
Ano anterior (B4-/T3-/L4-)
M Arouquesa 1 NA Nascido na exploração NA
Tabela 13 – Abates sanitários devido a leucose, realizados durante o período de estágio. Legenda: Ex – exploração; S – sexo; Sanidade individual – data rastreio; Movimentos anteriores – número de explorações anteriores e data de entrada na presente; Intervenções anteriores – rastreios anteriores presentes no passaporte e historial de doenças na exploração; + – positivo; - – negativo; d – duvidoso; NA – não aplicável.
27
Não foi solicitada a recolha de amostras por parte da DIV. As carcaças não apresentaram
lesões post mortem e foram aprovadas para consumo, não tendo sido colhido material para
análise. As carcaças de idade superior a 48 meses, ficaram retidas a aguardar resultado de
teste rápido de EET, que mais tarde se verificaram negativos.
Para além da inspecção post mortem normal foi prestada uma maior atenção à presença de
massas ou à possível reacção ganglionar, características da doença.
Número de animais
Doença B TB LEB
Total de abate 6 9 8
Nº de animais com lesões relativas à doença 0 6 0
Nº de rejeições por doença 0 0 0
Nº de rejeições outras causas 1 2 0
Percentagem de aprovação 83,3 % 77,8 % 100 %
Tabela 14 – Casuística dos diferentes abates sanitários e percentagem de aprovação
Legenda: B – Brucelose; TB – Tuberculose bovina; LEB – Leucose enzoótica bovina
Discussão
No abate sanitário dos bovinos, existem alguns pontos críticos para o bom funcionamento
do mesmo. As DIV de proveniência dos animais, devem incluir toda a informação necessária
ao MVO na comunicação prévia e nas requisições das amostras. A preparação e identificação
dos frascos para recolhas assumem uma importância fundamental no normal processamento
dos abates. A inspecção ante mortem não deve ser desvalorizada. A adequação e organização
do Corpo de IS durante o abate, com a distribuição dos vários elementos que o constituem
pelos diferentes pontos de inspecção, bem como a boa articulação entre todos, definem o
sucesso da identificação das lesões e a eficiência da recolha das amostras. A inspecção post
mortem deve ser metódica e orientada, na medida em que todas as estruturas sejam
inspeccionadas, e de igual forma em todos os animais. O MVO deve efectuar o registo dos
dados de uma forma rigorosa, procedendo à circulação da informação dentro dos prazos
estabelecidos, para os devidos processos de indemnização. A desinfecção do matadouro,
abegoaria e das viaturas de transporte dos animais constituem um ponto crítico, devendo ser
controladas pelo MVO. Quando o número total de animais sujeitos a um abate sanitário é
elevado, obriga a uma enorme carga laboral, responsabilidade e dificuldade acrescidas para o
Corpo de IS, quer na preparação, quer durante os procedimentos de abate.
Nos abates sanitários durante o estágio e mesmo durante o ano de 2009, a presença de
lesões provocadas pela brucelose e leucose não foi verificada, assumindo ainda a tuberculose,
a patologia com alguma importância lesional e responsável por algumas rejeições.
Relativamente aos abates sanitários acompanhados devido a brucelose, os animais das
explorações C e D, resultaram de abate total, previsto no PEB. Na exploração D já tinha sido
28
isolada Brucella abortus, contudo foi colhido material, porque, à data do abate, ainda não se
conhecia o resultado (classificação B2).
Relativamente à TB, todos os animais sujeitos a abate sanitário assistidos não tiveram,
anteriormente, historial da doença na exploração, bem como a grande maioria das lesões
observadas, localizou-se nos gânglios retrofaríngeos, indicando possível contágio por ingestão
e com curso crónico, pelo aspecto caseocalcário das mesmas. A maioria das explorações dos
animais abatidos por tuberculose (e mesmo da comunicação de DDO com lesões
histopatológicas compatíveis), é de regime extensivo e localizadas em zonas onde já foi
identificado o agente nas espécies silvestres, podendo a partilha de locais comuns, constituir
fonte de contágio por ingestão.
Nos abates sanitários assistidos devido de leucose, salienta-se a proximidade das
diferentes explorações de proveniência (algumas com historial da doença), bem como a idade
da maioria dos animais, enquadra-se no intervalo entre 4 e 8 anos referido pela bibliografia. A
ausência de lesões, refere a resistência genética dos animais para desenvolver doença clínica.
Numa altura onde a estratégia para a saúde animal da UE recai para a prevenção, no
conceito One-Health (uma só saúde = saúde dos animais domésticos + saúde dos humanos), o
ambiente não deverá ser nunca desprezado, assim como a fauna selvagem nele existente,
constituindo esta muitas vezes, um persistente reservatório para os animais domésticos. A
erradicação dos agentes nas espécies domésticas, só será possível com uma boa gestão e
vigilância dos reservatórios selvagens.
Conclusão
Durante o período de estágio foram contactadas várias áreas da Inspecção Sanitária, tendo
este constituído uma experiência muito positiva e enriquecedora, quer na percepção prática da
profissão, quer na consolidação teórica dos conteúdos e legislação leccionada durante todo o
percurso pedagógico. Foi possível verificar a enorme carga laboral e a grande responsabilidade
que o MVO enfrenta, porém, a sensação de gratificação é imensa, quando se trata da
salvaguarda da Saúde Pública e animal.
O matadouro constitui um elemento chave nos programas de erradicação com a eliminação
de animais sujeitos a abate sanitário às doenças visadas de acordo com os diferentes
programas. É da competência do MVO a preparação dos abates sanitários, a identificação de
lesões com as respectivas colheitas de material para o diagnóstico laboratorial, a definição
sobre a salubridade da carne destes animais e ainda, a recolha e emissão de dados relativos
às previstas indemnizações. O MVO desempenha ainda um papel preponderante na vigilância
da TB, ao nível das detecções precoces no matadouro de bovinos negativos na prova de IDC
(por inúmeras razões), mas com lesões post mortem suspeitas de tuberculose, efectuando a
colheita e envio para análise do material suspeito e comunicando à DIV a suspeita de DDO, de
29
forma a que sejam desencadeadas na exploração, medidas de profilaxia e polícia sanitária.
Apenas com a boa interacção e o rigor de todos os intervenientes nestes programas, serão
possíveis os tão procurados estatutos indemne das doenças tratadas.
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31
ANEXOS
32
ANEXO I
PROTOCOLO DE INSPECÇÃO POST MORTEM OBRIGATÓRIO Adaptado de: Anexo I do Capítulo III B do MANUAL DE INSPECÇÃO SANITÁRIA DE RESES, DGV, 2010
33
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Tabela: Requisições para análise laboratorial efectuadas durante o período de estágio no Matadouro da Beira Litoral, S.A.. Legenda: EA – estrutura aderida; F – fígado; P – pulmão; R – rim; D – diafragma; PL – pleura; GLB – gânglio linfático brônquico; GLR – gânglio linfático renal; GLM – gânglio linfático mediastínico; GLS – gânglio linfático mandibular; GLH – gânglio linfático hepático; GLMT – gânglio linfático mesentérico; ID – intestino delgado; LTS – linfadenite tuberculosa suína; H – histopatológico; B – bacteriológico; PP – pneumonia purulenta; PI – pneumonia intersticial; PPS – pasteurelose pneumónica suína; PNBP – pneumonia necrótico-fibrino-purulenta; RT – reprovação total; RP – reprovação parcial; N.º – número de animais da mesma exploração; DDO – comunicação de doença de declaração obrigatória; - – ausência de dados laboratoriais.
Requisição Colheitas Suspeita Espécie N.º Data Resultado LNIV DDO Decisão sanitária 1 R+GLR+EA Tumor Suína 1 3/2/2010 H: Nefroblastoma maligno Não RT 2 P+F Hidatidose Ovina 1 23/2/2010 - Sim RP vísceras vermelhas 3 P+F Hidatidose Ovina 5 25/2/2010 Quisto hidático viável em 3 animais Sim RP vísceras vermelhas 4 P+GLM+ID Tuberculose Bovina 1 3/3/2010 H: Tuberculose centro caseocalcário Sim RP pulmões 5 GLMT LTS Suína 1 8/3/2010 H: Compatível com LTS Sim RP vísceras brancas 6 GLS LTS Suína 1 23/3/2010 - Sim PR cabeça 7 P+F Hidatidose Ovina 1 23/3/2010 Quisto hidático viável Sim RP vísceras vermelhas
8 P+F+GLB+GLM+GLH PP Ovina 1 25/3/2010 H: Compatível com carcinomatose B: Pasteurella multocida B: Escherichia colli
Sim RT
9 GLS LTS Suína 1 7/4/2010 H: Compatível com LTS Sim RP cabeça 10 P+GLM Tuberculose Bovina 1 12/4/2010 Negativo Sim RP pulmões 11 P+GLB+GLM Pasteurelose Bovina 1 12/04/2010 B: Pasteurella multocida Sim RP pulmões 12 P+GLB+GLM Pasteurelose Bovina 1 14/4/2010 Negativo Sim RP pulmões
13 P+D+GLB+GLM+GLS PNBP Suína 8 14/4/2010 H: PPS B: Pasteurella multocida Sim RT
14 P+F Hidatidose Bovina 1 29/4/2010 Negativo Sim RP vísceras vermelhas 15 GLS LTS Suína 1 3/5/2010 H: Compatível com LTS Sim RP cabeça 16 GLS LTS Suína 1 4/5/2010 Negativo Sim RP cabeça 17 F Hidatidose Bovina 1 7/5/2010 - Sim RP vísceras vermelhas
18 P+GLB Pasteurelose Bovina 1 17/5/2010 B: Klebsiella oxytoca B: Enterobacter cloacae B: Citrobacter freundii
Sim RP pulmões
19 P+GLB Pasteurelose Bovina 1 17/5/2010 B: Pasteurella pneumotropica Sim RP pulmões
20 P+F+GLB PP Ovina 1 11/5/2010 H: PP B: Staphilococcus capitis B: Acinetobacter haemolyticus
Não RT
21 F+P Hidatidose Ovina 1 11/5/2010 - Sim RP vísceras vermelhas 22 F+P Hidatidose Ovina 1 11/5/2010 - Sim RP vísceras vermelhas
23 P+GLB+GLM Carcinomatose Ovina 1 18/5/2010 H: PI compatível com Maedi Visna B: Streptococcus bovis II Não RT
24 Massa abdominal Tumor bexiga Bovina 1 21/5/2010 H: Processo piogranulomatoso B: Enterococcus faecium B: Enterococcus faecalis
Não RT
25 Cabeça Osteomielite Bovina 1 21/5/2010 H: Osteomielite do tipo Actinogranulomatoso Não RP cabeça
26 P+GLB Pasteurelose Bovina 1 24/5/2010 H: Compatível com pasteurelose Sim RP pulmões
34
ANEXO III
EXEMPLO DE COMUNICAÇÃO PRÉVIA DE ABATE SANITÁRIO DA DIV AO MATADOURO
HOMOLOGADO
EXEMPLO DE PARAMETRIZAÇÃO DE ABATE NO MBL
Fontes: IS do MBL (adaptado)
35
Fonte: http://www.dgv.min-agricultura.pt/saude_animal/docs/Mod%20759.pdf
ANEXO IV MODELO DE REQUISIÇÃO PARA ANÁLISE DE BRUCELOSE EM ABATE SANITÁRIO
Fonte: Circular 233/Direcção de Serviços de Saúde e Protecção Animal de 20/02/2009
MODELO DE REQUISIÇÃO DE ANÁLISE DE TUBERCULOSE EM ABATE SANITÁRIO
36
ANEXO V
Portugal - 2008 Report on trends and sources of zoonoses (EFSA 2010)
* - Fonte: (Fonseca 2010)
* - Fonte: (Fonseca 2010)
*
*
37
ANEXO VI
LESÕES DETECTADAS EM ABATE SANITÁRIO DE TUBERCULOSE
Imagens 4 e 5 – Bovino - Granulomas do tipo caseocalcário em gânglio linfático retrofaríngeo Decisão sanitária: Aprovação da carcaça com rejeição da cabeça Fonte: Dr. Nuno Pinto
Imagem 3 – Bovino - Granulomas caseocalcários em gânglio linfático retromamário Decisão sanitária: Aprovação da carcaça com rejeição da glândula mamária Fonte: Dr. Nuno Pinto
Imagem 1 – Bovino - Lesão compatível com tuberculose perlácea Decisão sanitária: Rejeição total Fonte: Dr. Nuno Pinto
Imagem 2 – Bovino - Lesão compatível com tuberculose perlácea Decisão sanitária: Rejeição total Fonte: Dr. Nuno Pinto
1
2
3
4
5
38
ANEXO VII ACHADOS DE MATADOURO EM ABATE NORMAL
Imagem 6 – Pasteurelose bovina - pulmão (confirmação LNIV) Decisão sanitária: Reprovação pulmões
Imagem 7 – Pasteurelose bovina – pulmão (confirmação LNIV). Decisão sanitária: Reprovação pulmões
Imagem 10 – Linfadenite tuberculosa suína – gânglio mesentérico Decisão sanitária : Reprovação parcial vísceras brancas
Imagem 8 – Massa renal suíno (nefroblastoma LNIV) Decisão sanitária: Reprovação total
Imagem 9 – Hidatidose ovina - fígado (confirmação LNIV) Decisão sanitária: Reprovação vísceras vermelhas
Imagem 1 1 Linfadenite tuberculosa suína - gânglio mandibular Decisão sanitária: Reprovação parcial da cabeça
Imagem 12 Fasciolose bovina - fígado Decisão sanitária: Reprovação parcial do fígado
6
7 8
9 10
11 12
39
Gráfico 1 - Percentagem de abate das diferentes espécies.
Tabela 5 - Número de rejeições totais em suínos.
Tabela 3 - Número de rejeições totais em pequenos ruminantes.
Legenda: ROG – Reacção orgânica generalizada; TSE – Tremor epizoótico dos pequenos ruminantes.
Tabela 2 - Número de rejeições totais em bovinos.
ANEXO VIII
CASUÍSTICA DO ABATE DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO
Tabela 1 - Número total de animais abatidos e rejeições totais no MBL, incluindo abate normal, de emergência e sanitários. Rejeições totais excluindo mortos no transporte e abegoaria.
Espécie Bovinos Suínos Ovinos Caprinos Leitões Total
Total Abate 3548 9708 2545 411 1754 17 966
Rejeições totais 9 30 104 10 12 165
% Reprovação 0,25 % 0,31 % 4,09 % 2,43 % 0,68 % 0,92 %
Bovinos
Causa Nº animais
Carnes tóxicas 2 Carnes febris 1 Hidrocaquéxia 1 Osteomielite purulenta 1 ROG + abcesso + peritonite 1 ROG + necrose tecidos 1 ROG + poliartrite 1 Traumatismo extenso e profundo 1
TOTAL 9 Pequenos Ruminantes
Causa Nº animais
Ovinos Caprinos Pneumonia purulenta 21 2 Mamite purulenta 5 - Brucelose 36 5 Osteomielite purulenta 4 - ROG 1 - Rejeição ante mortem 1 - Carnes Febris 1 - Hidrocaquéxia 12 2 Peritonite 9 - Abcessos múltiplos 3 - Rastreabilidade 1 - Poliartrite 2 - TSE 1 - Hidroémia 5 - Carnes anémicas 1 - Caquéxia - 1 Traumatismo extenso 1 - TOTAL 104 10
Suínos
Causa Nº animais
Caquéxia + poliartrite 1
Carnes sangrentas 1
Linfadenite generalizada 1
Osteomielite purulenta 6
Pneumonia purulenta 12
ROG 1
Rejeição ante mortem 2
Traumatismo extenso 1
Peritonite purulenta 1
Poliartrite 1
Necrose extensa 1
Tumor renal 1
Pericardite purulenta 1
TOTAL 30
2%
14%
10%
54%
20% Bovinos
Suínos
Ovinos
Caprinos
Leitões