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Síntese e obtenção da ACETANILIDA po r Patrícia Moraes e Priscilla Menezes Tecnologia Orgânica Experimental

Relatório Acetanilida_Patricia e Priscilla

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por

Patrícia Moraes e Priscilla MenezesTecnologia Orgânica Experimental

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SUMÁRIO

A ACETANILIDA..................................................................................................................................2

APLICAÇÕES...................................................................................................................................3

DADOS ECONÔMICOS......................................................................................................................3

REAÇÃO DE SÍNTESE.......................................................................................................................5

MECANISMO...............................................................................................................................5

MÉTODO EXPERIMENTAL...............................................................................................................6

REAGENTES................................................................................................................................6

MATERIAIS.................................................................................................................................6

SÍNTESE......................................................................................................................................6

RECRISTALIZAÇÃO.....................................................................................................................1

COMENTÁRIOS......................................................................................................................2

PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL....................................................................................................2

VARIÁVEIS.................................................................................................................................3

CÁLCULOS ENVOLVIDOS............................................................................................................3

EXPERIMENTOS.........................................................................................................................4

RESULTADOS.........................................................................................................................4

CONCLUSÕES.............................................................................................................................7

FLUXOGRAMA PROPOSTO...............................................................................................................7

PROCESSO INDUSTRIAL..................................................................................................................8

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................................10

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A ACETANILIDA

É um analgésico , ou seja, uma droga que alivia a dor sem causar inconsciência significante. Está no grupo dos primeiros analgésicos a serem introduzidos, em 1884 , com o nome de febrina, a fim de substituir os derivados da morfina. Com o surgimento das sulfas, passou a ser substância fundamental na síntese desses compostos tendo seu uso como analgésico relegado a um plano secundário.

Contudo, a quantidade de acetanilida é controlada pelo governo, pois esta é tóxica e causa sérios problemas no sistema de transporte de oxigênio – incluída no grupo de drogas que viciam. Segundo descrito em [1], a toxicidade aguda, porém, é baixa, “uma vez que o DL50 da exposição oral em ratos é de 1,959 mg / kg de peso corporal”.

Um exemplo da utilização da acetanilida é o seu derivado o acetominofen (N-acetil-p-amino-fenol) que é solúvel em água e é freqüentemente usado em preparações líquidas como analgésicos e antipiréticos para crianças.

É um produto obtido, principalmente, a partir do ácido acético glacial, anidrido acético e da anilina, com efeito analgésico, anti-inflamatório e antipirético. É descrita em The Lancet já em 1887.

Quanto à classificação das cadeias carbônicas a acetanilida se caracteriza por uma cadeia fechada, aromática, insaturada e homocíclica.

Figura 1: Estrutura acetanilida

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APLICAÇÕES

Dentre as aplicações, podem-se citar principalmente:

Na indústria farmacêutica, precursora de: paracetamol e sulfas (sulfanilamida)

Indústria de corantes

Estabilizante de peróxido de hidrogênio

DADOS ECONÔMICOS

Em relação aos preços, abaixo temos alguns exemplos retirados do site [3]:

Tabela 1: Preços Acetanilida

Número CAS Descrição Embalagem Preço

n ° 397237 zone-refined, purified by sublimation, ≥99.95% (Aldrich)

1 g R$ 410,00

5 g R$ 1.375,00

n ° 397229 purified by sublimation, ≥99.9% (Aldrich)5 g R$

251,00

25 g R$ 866,00

n ° 112933 99% (Aldrich)

5 g R$ 128,00

100 g R$ 152,00

500 g R$ 332,00

1 kg R$ 545,00

n ° 401 puriss. p.a., ≥99.5% (CHN) (Fluka) 5 g R$ 435,00

n ° 44227Melting point standard, pharmaceutical

secondary standard; traceable to USP (Fluka) 1 g R$

187,00

Segundo o Aliceweb, o Brasil não exporta acetanilida desde 2003. Como não há registro do produto Acetanilida do Anuário da Abiquim, presume-se que o Brasil não a produz.

Dados de importação:

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Ano US$ FOB Peso (kg)2001 12.244$ 5.2892002 1.976$ 2162003 383$ 82004 2.727$ 2112005 2.934$ 2092006 968$ 92007 266$ 92008 2.358$ 1622009 2.886$ 1562010 505$ 12011 7.587$ 2462012 5.895$ 1572013 6.289$ 70

País Peso (kg)Espanha 9.551

Reino Unido 7.552Alemanha 6.037

Itália 2.572Estados Unidos 2.451

Polônia 531China 421França 186

Países Baixos (Holanda) 123Bélgica 33

Figura 2: Dados de importação

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 00

0.10.20.30.40.50.60.70.80.9

1

Preço da Acetanilida (US$ FOB/kg)

US$

Figura 3: Preço Acetanilida (AliceWeb)

A questão de picos de preço pode ser explicada por vários fatores, como: forma de obtenção dos dados, preferência na compra de produto correlato, economia de escala, ou mesmo utilizações diversas de classificações NCM ao efetuar a compra.

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REAÇÃO DE SÍNTESE

Figura 4: Reação de Síntese da Acetanilida

Usualmente, a acetanilida é produzida a partir do ácido acético glacial, anidrido acético e da anilina. Mas há outras rotas possíveis, como:

HURD (1941): anilina, acetona e cetena VOGEL (1959): hidrólise de fenilacetonitrila GATTERMANN-WIELAND (1961): anilina e cloreto de acetila

MECANISMO

Figura 5: Mecanismo de reação da síntese de acetanilida

O mecanismo encontrado é descrito conforme a figura acima. Da esquerda para direita: anilina, anidrido acético, ácido acético, forma protonada, acetanilida. A reação ocorre em meio tampão (acetato de sódio e ácido acético). Basicamente, as funções são:

Solução tampão – “segurar” o pH HAc – favorecer a forma protonada da anilina Acetato de Sódio - aumentar a polaridade do meio aquoso, prejudicando a solubilidade da

acetanilida, que é apolar, melhorando a formação dos cristais do produto desejado.

Uma descrição mais acurada do procedimento para síntese será melhor descrita no item “Síntese”. Um dos objetivos deste trabalho será analisar a influência de se adicionar primeiro o anidrido acético, seguido da anilina.

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MÉTODO EXPERIMENTAL

A preparação da acetanilida ocorre através da reação entre a anilina e o anidrido acético na presença de uma solução tampão de ácido acético/acetato. Como a reação é dependente do pH, este tampão fornece o pH ótimo para que a reação ocorra com maior velocidade e rendimento.

A acetanilida sintetizada é solúvel em água quente, mas pouco solúvel em água fria. Utilizando-se estes dados de solubilidade, pode-se recristalizar o produto, dissolvendo-o na menor quantidade possível de água quente e deixando resfriar a solução lentamente para a obtenção dos cristais, que são pouco solúveis em água fria.

As impurezas que permanecem insolúveis durante a dissolução inicial do composto são removidas por filtração a quente, usando papel de filtro pregueado, para aumentar a velocidade de filtração. Para remoção de impurezas no soluto pode-se usar o carvão ativo, que atua adsorvendo as impurezas coloridas e retendo a matéria resinosa e finamente dividida.

REAGENTES

Acetato de sódio anidroPM: 82,03Dosagem: 99%

Ácido acético glacial1L = 1,050 kgPM: 60,05Classe 5

Água destilada

AnilinaPM: 93,1291000 mL = 1022 g c.a.99,5%

Anidrido acéticoPM:102,091L = 1,08 kg

Carvão ativo

MATERIAIS

Béqueres Bastão de vidro Espátulas Funil de Buchner Banho de gelo Suporte para funil Garras

Funil Papel filtro Bomba a vácuo Pissete Chapa de temperatura e agitação

SÍNTESE

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Em um primeiro béquer, na capela, prepara-se uma suspensão de 1,1g de acetato de sódio anidro em 4,0mL de ácido acético glacial. Adiciona-se, agitando constantemente, 3,5mL de anilina. Em seguida, acrescenta-se 5,0 mL de anidrido acético, em pequenas porções. A reação é rápida.

Terminada a reação, despeja-se a mistura reacional, aos poucos, num segundo béquer, com agitação, em 50mL de H2O. Completa-se com água destilada até 120 mL. A acetanilida separa-se em palhetas cristalinas incolores. Resfria-se a mistura em banho de gelo, e depois filtram-se os cristais usando um funil de Buchner, lavando com H2O gelada.

Após o fim da etapa de síntese, a acetanilida, ainda no papel de filtro, é depositada sobre vidros de relógio - depois recobertos com papel-toalha para evitar interferências – e deixada durante uma ou duas semanas para secagem natural.

Solução tampão é usada para que o pH da solução não se altere muito. O HAc acidifica o meio e não é um ácido forte. Se fosse um ácido muito forte na solução tampão, poderia haver formação de mais subprodutos, como a partir da adição de outros radicais no anel aromático. Assim, para um melhor rendimento da reação, talvez seria melhor adicionar não a anilina primeiramente – conforme está descrito no procedimento -, mas sim o anidrido acético.

É importante ressaltar, também, que o acetato de sódio é preferencialmente anidro (ou seja, não hidratado), e o ácido acético glacial (livre da presença de água), para que não haja hidrólise do anidrido acético.

O resfriamento é lento para permitir a formação de cristais grandes e puros.

RECRISTALIZAÇÃO

Em um béquer de 250 mL, 100 mL de água destilada é aquecida. Num outro béquer coloca-se a acetanilida a ser recristalizada. Adiciona-se, aos poucos, a água quente sobre a acetanilida até que esta seja totalmente dissolvida, utilizando o mínimo de água possível. Então, adiciona-se 0,13 g de carvão ativo, e ferve por dez minutos. A solução é deixada em repouso para permitir a formação de cristais, e posteriormente é colocada em banho de gelo. Por fim, a solução é filtrada em filtro de Buchner e assim obtém-se a acetanilida purificada.

Após o fim da etapa de recristalização, a acetanilida, ainda no papel de filtro, é depositada sobre vidros de relógio - depois recobertos com papel-toalha para evitar interferências – e deixada durante uma ou duas semanas para secagem natural.

O uso de filtro pregueado torna a filtragem mais rápida e evita contaminação por contato prolongado com ar atmosférico. Também é mais utilizado quando a parte que mais interessa é a sólida.

Uso da água quente como solvente:

a quente, dissolve a acetanilida; a frio, a solubilidade é pouca, ou seja, favorece a precipitação conforme a temperatura

vai diminuindo; é inerte (não reage) com a acetanilida;

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tem baixo ponto de ebulição, sendo facilmente removida do produto recristalizado; o produto fica livre de impurezas insolúveis;

Uma quantidade mínima de solvente é requerida, para garantir uma solução saturada.

O carvão ativo deve ser adicionado se a solução estiver colorida. De outra forma, ou se for adicionado em excesso, pode adsorver o produto. Também não deve ser adicionado em ebulição, pois com a agitação do meio, pode haver transbordamento ou respingos.

COMENTÁRIOS

Durante a realização dos experimentos, alguns fatos foram notados:

Para auxiliar a dissolução do acetato de sódio em ácido acético, a solução foi aquecida e agitada. Ela permanece sob agitação e aquecida durante toda etapa de síntese.

A chapa de aquecimento utilizada, em alguns casos, chegou a mostrar uma temperatura de 500 °C que, pelo tempo demandado para ferver água, seria um valor completamente defasado. Assim, não foram aqui indicadas as temperaturas utilizadas.

No preparo do tampão acetato de sódio/ácido acético, o acetato de sódio é adicionado bem aos poucos, de outra forma, a dissolução demora muito e por vezes não ocorreu de forma completa.

A anilina utilizada era bastante antiga, o que pode ter afetado drasticamente no rendimento obtido.

É preciso lavar os recipientes após transferência da solução, assim como bastões de vidro, peixe, dentre outros, para evitar a perda do produto, uma vez que o seu rendimento está sendo avaliado.

É melhor adicionar o carvão ativado retirando primeiramente o béquer da chapa de aquecimento, para evitar projeção.

É preciso atenção em respeito às diferenças de temperaturas dos recipientes de vidro e líquidos adicionados, para evitar choque de temperatura e trincagem do material.

É preciso passar água quente no funil antes da filtração à quente, para aquecê-lo e imediatamente depois começar a filtração. De outro modo a acetanilida vai cristalizando na passagem do funil, o que ocasionou perdas e dificuldade para continuar a filtração em alguns casos. A opção é o uso de funil de sólidos (passagem mais larga).

Não se deve usar papel alumínio, mesmo com pequenos furos, para recobrir os vidros de relógio, pois a secagem não ocorre totalmente.

PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

Em trabalhos de investigação, muitas vezes somos levados a tomar decisões baseados em observações do fenômeno que se está estudando. Temos que decidir se um novo método que está sendo proposto é melhor do que métodos já utilizados, e escolher entre um conjunto de alternativas quais devem continuar ou quais devem ser desprezadas e assim por diante. Para tomar tais decisões,

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necessitamos estabelecer critérios. Assim, surgem as técnicas estatísticas como um suporte à tomada de decisão.

VARIÁVEIS

Para escolha das variáveis, foram realizados alguns testes antes do planejamento dos experimentos, variando-se alguns parâmetros. Escolheu-se observar o efeito de 2 variáveis no procedimento experimental a fim de medir a sua influência sobre o rendimento da acetanilida:

ORDEM DE ADIÇÃO DOS REAGENTES (ANILINA E ANIDRIDO ACÉTICO)Conforme proposição descrita no item “Síntese”.

EXCESSO DE ANIDRIDO ACÉTICOComo o excesso adicionado varia em algumas descrições do experimento, há a possibilidade de encontrar valores que propiciem maior rendimento.

CÁLCULOS ENVOLVIDOS

Cálculo do número de mols de uma substância:

n=V .d . pMM

Sendo: n, o número de mols; V o volume utilizado da substância; d a densidade; p a pureza ou dosagem da solução; MM a massa molecular; valores conforme descritos no item sobre reagentes.

Caso 1: padrão, excesso: 0

- Anilina

n=3,5mL.1022 g

1000mL.

1mol93,129g

.99,5100

n=0,038217mols

- Anidrido Acético

n=5,0mL.1080 g

1000mL.

1mol102,09 g

.97100

n=0,051308mols

- Excesso

e=100 .(0,051308−0,038217)

0,038217=34,2544 %

Assim, já no caso padrão, é usado um excesso de 34%. Essa variável será alterada em ±10%.

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0

O volume (de anidrido acético) é uma função do excesso:

V=f (e)

e=100 .(n−0,038217)

0,038217

n=0,038217+ 0,038217. e100

V mL.1080 g

1000mL.

1mol102,09 g

.97

100=0,038217+ 0,038217.e

100 Excesso: -1

V=4,25517≅ 4,3mL; e=14,2544 %

Excesso: +1

V=5,79047≅ 5,8mL; e=54,2544 %

EXPERIMENTOS

Os experimentos foram designados conforme a tabela a seguir:

Tabela 2: Experimentos e variáveis

Caso ExcessoOrdem de

adição1°;2°

1 0 34% A; B2 0 34% B; A3 -1 14% A; B4 -1 14% B; A5 1 54% A; B6 1 54% B; A

Sendo A, a anilina e B, o anidrido acético.

Os pontos centrais serão analisados 3 vezes cada e os extremos 2 vezes cada, totalizando 14 experimentos.

Ordem de adição

A->B

B->AExcesso

-1 0 +1

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1

RESULTADOS

Na tabela a seguir encontram-se os resultados e datas dos experimentos designados.

Tabela 3: Resultados dos experimentos

N° Caso Excesso

Ordem de

adiçãoProduçã

o

Pesagem 1 Data 1

R 1 Grau de impureza

RecristalizaçãoPesagem

2 Data 2R 2

1°;2° (g) % (g) %1 1 0 A; B 07/abr faltou faltou faltou Faltou 05/mai 0,67 28/abr 12,972 2 0 B; A 07/abr 3,55 28/abr 68,72 62,72 05/mai 0,31 30/mai 6,003 3 -1 A; B 07/abr 3,9 28/abr 75,50 59,62 05/mai 0,82 30/mai 15,874 4 -1 B; A 14/abr 2,18 28/abr 42,20 23,62 05/mai 0,96 30/mai 18,585 5 1 A; B 14/abr 2,86 28/abr 55,36 40,65 05/mai 0,76 30/mai 14,716 6 1 B; A 14/abr 3,39 28/abr 65,62 48,78 05/mai 0,87 30/mai 16,847 1 0 A; B 28/abr 3,76 05/mai 72,79 68,91 05/mai 0,2 30/mai 3,878 3 -1 A; B 28/abr 3,92 05/mai 75,88 69,88 05/mai 0,31 30/mai 6,009 5 1 A; B 28/abr 3,96 05/mai 76,66 66,79 05/mai 0,51 30/mai 9,87

10 2 0 B; A 28/abr 4,17 12/mai 80,72 75,30 12/mai 0,28 30/mai 5,4211 4 -1 B; A 28/abr 4,37 12/mai 84,59 66,20 12/mai 0,95 30/mai 18,3912 6 1 B; A 28/abr 4,47 12/mai 86,53 77,63 12/mai 0,46 30/mai 8,9013 1 0 A; B 28/abr 3,65 12/mai 70,66 51,11 12/mai 1,01 30/mai 19,55

14 2 0 B; A 28/abr 4,25 12/mai 82,27 62,91 12/mai 1 30/mai 19,36

Note-se que os rendimentos e grau de impureza foram calculados para uma análise superficial.

O R1 , rendimento 1, refere-se à quantidade obtida em relação ao que supostamente seriam 100%. 1 mol de acetanilida tem 135,17 g; 0,038217 mol tem 5,16579 g, o que seria quantidade para 100% de rendimento.

O R2, rendimento 2, envolve o grau de impureza, desconsiderando perdas das operações e assumindo secagem completa da acetanilida. 5,16579 g de acetanilida corresponderiam a 100%, se o grau de impureza fosse 0%. O grau de impureza, então, seria a diferença entre R1 e R2.

No geral, antes da recristalização, os experimentos possuíam uma cor de areia. Isso se deve à presença de impurezas, em especial de anilina. Quando se iniciava a recristalização, com a adição de água destilada e aquecimento até ebulição, notava-se a presença de uma substância mais oleosa no fundo do béquer (anilina especialmente). No experimento 6, a “areia” se apresentou de forma extremamente fina. Nos experimentos 10, 11, 12 e 13, a “areia”, fina, era mais brilhante; no 11 (secagem em béquer), a aparência era mais compacta e a cor mais uniforme; nos 12 e 13, a parte brilhante e de” areia” mais opaca estavam mais separadas. No experimento 7, diferentemente dos outros, haviam “bolotas” com aparência de areia que não se esfarelavam facilmente; essas bolotas, quando cortadas, continham um miolo muito branco.

Após a recristalização, geralmente, a acetanilida apresentava-se como um pó fino, brilhante e branco. Os experimentos 3, 6 e 13 foram que se apresentaram mais finos, o 14 o mais brilhante, e o 2 com formatos mais em agulha. Alguns experimentos (7, 8 e 10) continham alguns pontos pretos, que corresponderiam ao carvão ativo utilizado. Isso pode ter ocorrido em erro durante a filtração,

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especialmente porque nesse dia os papéis de filtro utilizados tinham diâmetro muito pequeno (falta de papel de filtro no laboratório).

A aparência das acetanilidas obtidas pode ser vista nas figuras a seguir:

Figura 6: Imagens de acetanilida após recristalização

Essas imagens foram tiradas após recristalização e correspondem visualmente ao que se espera da acetanilida. Para atestar a pureza, poderia ser feito um teste com ponto de fusão para se comparar com valores tabelados.

A seguir os dados reorganizados conforme o caso:

Tabela 4: Resultados dos experimentos, por caso

Caso ExcessoOrdem

de adição

Pesagem 1 R 1

Grau de impurez

a

Pesagem 2 R 2

1 0 A; B faltou faltou faltou 0,67 12,971 0 A; B 3,76 72,79 68,91 0,2 3,871 0 A; B 3,65 70,66 51,11 1,01 19,552 0 B; A 3,55 68,72 62,72 0,31 6,002 0 B; A 4,17 80,72 75,30 0,28 5,422 0 B; A 4,25 82,27 62,91 1 19,363 -1 A; B 3,9 75,50 59,62 0,82 15,873 -1 A; B 3,92 75,88 69,88 0,31 6,00

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4 -1 B; A 2,18 42,20 23,62 0,96 18,584 -1 B; A 4,37 84,59 66,20 0,95 18,395 1 A; B 2,86 55,36 40,65 0,76 14,715 1 A; B 3,96 76,66 66,79 0,51 9,876 1 B; A 3,39 65,62 48,78 0,87 16,846 1 B; A 4,47 86,53 77,63 0,46 8,90

Houve uma correspondência muito baixa de valores. Exceto pelo caso 4, praticamente não houve correspondência de quantidades de acetanilida obtida no final.

Pela análise no software estatístico DesignExpert, que considera a extrapolação linear dos pontos experimentais, o coeficiente de correlação obtido foi R2 = 0,1 (muitíssimo baixo) e, mesmo retirando os outliers das repetições, R2 = 0,12. Desta forma, não foi possível analisar estatisticamente a influência das variáveis estabelecidas inicialmente. Houve resultados muito discrepantes entre os pontos repetidos, o que inviabilizou a observação pretendida.

Dentre os fatores para justificar essas diferenças, citamos:

Erros durante a operação, como os relatados no item “Comentários” As quantidades obtidas de acetanilida são muito pequenas (até cerca de 5 g) e perdas

inerentes da prática são ainda mais significativas. Perdas nas transferências das substâncias entre recipientes Perdas nas operações, especialmente filtração Carvão ativo, que, se usado demasiadamente ou em caso de quase não haver impurezas, pode

retirar o produto do meio Perdas durante a secagem: manuseio, uso recipientes diferentes (não somente vidro de

relógio), e materiais de vedação (como o papel alumínio supracitado) Tempo de secagem (presença de água contribuiria para aumento do peso) Erros na balança de pesagem E, como principal deles, a qualidade da anilina (reagente limitante), que estava fora de seu

período de validade, e apresentava coloração bastante escura, indicando que estava oxidada.

CONCLUSÕES

Apesar dos erros nos experimentos e limitações técnicas enfrentadas nos experimentos, pode-se dizer que os fins didáticos foram alcançados. Proporcionou-se aos alunos a oportunidade de contato com várias etapas da obtenção de um produto: desde a revisão bibliográfica e escolha do método experimental, passando pelo planejamento experimental, até a execução do método e análise crítica dos resultados. Houve aprendizado sobre a importância da organização e planejamento de uma prática em laboratório, uma vez que eram manipulados diversos materiais ao mesmo tempo.

O rendimento obtido foi baixíssimo; este fato pode ser explicado devido aos comentários feitos ao longo deste relatório. É importante citar que houve uma curva de aprendizado, ou seja, à medida que o experimento era repetido, menos erros eram cometidos pelos alunos.

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4

FLUXOGRAMA PROPOSTO

Com base no procedimento experimental, propõe-se o seguinte esquema:

Figura 7 – Fluxograma proposto

PROCESSO INDUSTRIAL

Uma patente de 1898 descreve que até então, a acetanilida era feita por ebulição de ácido acético glacial e de óleo de anilina, de maneira usual bem conhecida, sob um condensador de refluxo, ou também - como descrito na patente concedida a Letters FNA Frerichs, de 20 de Julho de 1897, N ° 586551, e outra, concedida a Peter T. Austen e Herbert G. Tuttle, de 9 de Março de 1897, n ° 613311 - , de ácidos mais fracos e de óleo de anilina, aquecendo mesmo em autoclave, a uma pressão de cerca de 50 pounds, ou, respectivamente, destilando o mesmo, sob agitação, e terminando a operação sob pressão reduzida.

Assim, no passado, numerosos métodos foram empregues para a preparação de acetanilida. Contudo, o método utilizado em larga escala, geralmente consiste em aquecer uma mistura de anilina e ácido acético (sendo este último em considerável excesso, por exemplo, 50 % de 60 % de excesso sobre o montante estequiométrico) e, lentamente, destilando ácido acético diluído. A água no destilado surge a partir da desidratação de acetato de anilina a acetanilida, e as concentrações de ácido acético nos destilados iniciais e finais podem chegar a cerca de 70 % em volume. Os rendimentos são indicados para ser da ordem de 96-98 % do teórico baseado na anilina na carga.

Também tem sido proposto o fabrico de acetanilida por aquecimento da amida correspondente com anidrido acético, estando este em proporção menor que a equimolar. O ácido acético diluído,

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5

resultante da reação é destilado, após o que uma quantidade suplementar de anidrido acético é adicionada à mistura de reação e o processo é repetido até que a acetilação é concluída.

Este último processo tem sérias desvantagens:

obviamente, requer a utilização de anidrido acético, que é uma substância cara, a destilação do ácido acético diluído formado durante a reação e a subsequente adição

de anidrido acético fresco com evitar o sobreaquecimento.

Como já descrito, o anidrido acético é muito caro de ser comprado. Deste modo, assim como descrito na patente [9], sugere-se:

1) Um processo para a produção de acetanilida que compreende o aquecimento da anilina com um excesso de ácido acético não superior a cerca de 20% em peso da quantidade estequiometricamente necessária. Isso deve ocorrer na presença de um diluente volátil selecionado entre o grupo constituído por benzeno e tolueno, em uma quantidade que não exceda cerca de 5%, em peso, da mistura de reação. A reação deve ser efetuada a temperaturas entre cerca de 130°C e 200°C. Enquanto se destila a água produzida como uma mistura binária com o referido diluente volátil, há separação do referido diluente da água, e este retorna para a mistura de reação. Finalmente há separação do diluente por destilação, sob pressão substancialmente atmosférica e destilação do ácido acético que não reagiu a partir da acetanilida, sob uma pressão de 119-130 mms .

2) Um processo para a produção de acetanilida que compreende o aquecimento da anilina com cerca de 20 % de excesso de ácido acético em peso; na presença de benzeno em uma quantidade não superior a cerca de 5 %, em peso, da mistura de reação. A reação é conduzida a temperaturas entre cerca de 130°C e 200° C. Enquanto se destila a água produzida como uma mistura binária com o referido benzeno, este é separado da água entranhada e retorna para a mistura de reação. Finalmente, há separação do benzeno por destilação, sob pressão substancialmente atmosférica, e destilando o ácido acético que não reagiu a partir da acetanilida sob uma pressão de 110 a 130 mms.

Page 17: Relatório Acetanilida_Patricia e Priscilla

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BIBLIOGRAFIA

[1] ACETANILIDE. CAS N°: 103-84-4. Disponível em:

http://www.inchem.org/documents/sids/sids/Acetanilide.pdf

[2] CURSO PLANEJAMENTO DE EXPERIMENTOS I (Notas de Aula). PROF.

ADILSON DOS ANJOS. Disponível em http://people.ufpr.br/~aanjos/CE213/apostila.pdf

[3] Disponível em:

http://www.sigmaaldrich.com/catalog/search?interface=CAS

%20No.&term=103-84-

4&N=0+&mode=partialmax&focus=product&lang=pt&region=BR

[4] Brodie BB, Axelrod J. (1948). "The fate of acetanilide in man". J Pharmacol

Exp Ther 94 (1): 29–38. Disponível em:

http://profiles.nlm.nih.gov/HH/A/A/A/D/_/hhaaad.pdf

[5] Disponível em: http://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/summary/summary.cgi?

cid=904

[6]Disponível em: http://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-bin/sis/search/r?

dbs+hsdb:@term+@rn+@rel+103-84-4

[7] Disponível em:

https://ia600403.us.archive.org/11/items/TextbookOfPracticalOrganicChemistry3r

dEd/vogel-pract-ochem.pdf

[8] AliceWeb

[9] Process for the production of acetarylamides - US 2462221 A – 1949.

[10] Process of making acetanilide - US 615829 A - 1898