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R R e e l l a a t t ó ó r r i i o o A A n n u u a a l l d d a a D D í í v v i i d d a a P P ú ú b b l l i i c c a a 2 2 0 0 0 0 4 4 Número 2 Brasília Janeiro/2005

Relatório Anual da Dívida Pública 2004

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Page 1: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

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Número 2

Brasília Janeiro/2005

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MINISTRO DA FAZENDA Antônio Palocci Filho

SECRETÁRIO-EXECUTIVO Bernard Appy

SECRETÁRIO DO TESOURO NACIONAL Joaquim Vieira Ferreira Levy

CHEFE DE GABINETE Jose Cordeiro Neto

SECRETÁRIOS-ADJUNTOS Almério Cançado de Amorim José Antonio Gragnani Jorge Khalil Miski Tarcísio José Massote de Godoy

EQUIPE TÉCNICA

Secretário-Adjunto José Antonio Gragnani Coordenador-Geral de Operações da Dívida Pública Paulo Fontoura Valle Coordenador-Geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública Anderson Caputo Delfino Silva Coordenador-Geral de Controle da Dívida Pública Antônio de Pádua Ferreira Passos

André Proite Andrey Goldner Silva Daniel Pereira da Silva Edis Machado Canedo Elton Menezes do Vale Elvino de Carvalho Mendonça Fernando Eurico de Paiva Garrido Jeferson Luis Bittencourt João Alberto Evangelista Jônathas Delduque Júnior Karla de Lima Rocha

Lena Oliveira de Carvalho* Leonardo de Lima Chagas Leopoldo Araújo Rodrigues Luiz Fernando Alves Márcia Fernanda Tapajós Tavares Mário Augusto Gouvêa de Almeida Otavio Ladeira de Medeiros Pedro Erik Arruda Carneiro Rodrigo Silveira Veiga Cabral Ronnie Gonzaga Tavares William Baghdassarian * Coordenação Técnica.

Informações: Tel.: (61) 412-3188; Fax: (61) 412-1565

Secretaria do Tesouro Nacional Edifício do Ministério da Fazenda, Esplanada dos Ministérios, Bloco P, 2o andar 70048-900 – Brasília - DF Correio Eletrônico: [email protected] Home Page: http://www.tesouro.fazenda.gov.br

Relatório Anual da Dívida Pública é uma publicação da Secretaria do Tesouro Nacional com periodicidade anual. É permitida a sua reprodução total ou parcial desde que mencionada a fonte.

Tiragem 600 exemplares

Relatório Anual da Dívida Pública 2004. 1/Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, Janeiro, 2005, número 2.

ISSN 1. Dívida Pública 2. Relatório Anual da Dívida Pública 3. Gerenciamento da Dívida Pública

I. Brasil. Secretaria do Tesouro Nacional II. Título

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Apresentação

Em 2004, o governo confirmou os compromissos com a solidez da

fpb OaTssc OadIriDp NBml Odmdci

R

política fiscal, o controle da inflação e a manutenção do regime de câmbio flutuante, demonstrados em 2003 e cujos resultados já se fazem refletir amplamente nos indicadores da economia. Colhem-se bons resultados na indústria, no comércio e na agricultura, com mais geração de empregos e aumento da renda dos trabalhadores, além de números excepcionais nas contas externas e um segundo ano de queda na relação dívida pública/PIB corrente. De grande importância, registra-se, ainda, a passagem pelo Congresso Nacional de diversas reformas econômicas. Assim, além do crescimento econômico em 2004 ter sido o maior dos últimos 10 anos, consolida-se a perspectiva de crescimento sustentado nos anos vindouros. Tais resultados nos dão conforto para manter com

irmeza a política macro e microeconômica atual, nesta considerada a eficiente gestão da dívida ública, cuja contribuição para a estabilidade econômica e criação de condições de melhora do em estar da sociedade merece ser assinalada.

Relatório Anual da Dívida Pública – 2004, que tenho o prazer de ter em mãos, discorre sobre os vanços na administração da Dívida Pública Federal – DPF no último ano. Em janeiro de 2004, o esouro Nacional divulgou o Plano Anual de Financiamento – PAF 2004, apresentando metas a erem atingidas pela administração da Dívida Pública Federal. O presente Relatório demonstra o ucesso do Tesouro Nacional com respeito àquelas metas, principalmente no que se refere à omposição da dívida pública e à redução dos riscos financeiros e de refinanciamento. Relatório apresenta, também, as principais medidas adotadas pelo Tesouro Nacional para umentar a liquidez dos títulos públicos, promover avanços institucionais e fomentar o esenvolvimento do mercado de capitais. Destacam-se, nesse sentido, a adoção da Conta nvestimento, a implementação da Tributação Decrescente para aplicações em renda fixa e o novo egime de tributação da previdência complementar, sendo essas duas últimas medidas de ncentivo à poupança de médio e longo prazo. Somado a isso, aperfeiçoou-se o programa Tesouro ireto, que proporciona ao cidadão brasileiro a oportunidade de aplicar diretamente em títulos úblicos, com baixo custo e elevadas rentabilidade, segurança e liquidez.

o campo institucional, dentre outros avanços, o ano de 2004 consolidou a transferência, do anco Central para o Tesouro Nacional, das atividades relacionadas à emissão de títulos no ercado externo. É um passo importante para a separação entre políticas monetária e fiscal, em

inha com as melhores práticas internacionais.

lhando para frente, os desafios econômicos mais imediatos são sustentar o investimento, que emonstrou forte crescimento ao longo de 2004, e continuar a criar as condições para novas elhoras nas condições financeiras do país, que deverão ter reflexos cada vez mais positivos na ívida pública federal. Os resultados apresentados nesse Relatório dão confiança de que o aminho trilhado é correto e se traduzirá cada vez mais na geração de emprego e renda, em

nflação baixa e na melhora da qualidade de vida de todos os brasileiros.

Antonio Palocci Filho Ministro da Fazenda

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Apresentação

Apresenta-se aqui a segunda edição do Relatório Anual da Dívida Pública, referente a 2004. O principal objetivo deste Relatório é descrever de forma detalhada a evolução da dívida pública da União ao longo do ano, assim como analisar a atuação do Tesouro Nacional enquanto gestor dessa dívida. A divulgação regular deste documento proporciona à sociedade um meio adicional de acompanhamento da gestão pública a nível federal.. Este relatório disseca os resultados alcançados pelo Tesouro Nacional em 2004 à luz do Plano Anual de Financiamento –PAF 2004, que estabeleceu estratégias e metas a serem cumpridas ao longo daquele ano no âmbito da gestão da dívida pública. As principais diretrizes estabelecidas para a gestão da Dívida Pública Mobiliária Federal interna – DPMFi naquele documento foram no

sentido de alongar gradualmente os prazos de emissão dos títulos, emitir liquidamente títulos prefixados e remunerados a índices de preços, resgatar liquidamente títulos indexados à taxa de juros e não refinanciar os títulos indexados ao câmbio. Tais diretrizes visavam reduzir os riscos de volatilidade em parâmetros chaves da dívida e os custos decorrentes da indexação às taxas de juros e de câmbio. Essa estratégia obteve sucesso, como revelam as estatísticas apresentadas neste Relatório. Em particular, observa-se o aumento, de modo expressivo, da participação de títulos prefixados e indexados a índices de preços na composição da dívida interna. A participação dos títulos prefixados na Dívida Pública Mobiliária Federal Interna –DPMFi, que era de 2,2% ao final de 2002, aumentou de 12,5% em dezembro de 2003 para 20,1% em dezembro de 2004. Por outro lado, reduziu-se em mais de 50,0% a participação da dívida remunerada ao câmbio, que declinou de 10,8% em dezembro de 2003 para 5,2% ao final de 2004. Também a participação dos títulos indexados à taxa SELIC declinou, de 61,4% para 57,1%, no mesmo período. As emissões de títulos indexados a índices de preços, especialmente de NTN-B (indexadas ao IPCA) não só aumentaram, como tiveram seus prazos estendidos. O Tesouro Nacional realizou emissão desses títulos com prazo de até 40 anos, atualmente o maior dentre todos os títulos em circulação, inclusive os da dívida externa. Em relação à Dívida Pública Federal externa - DPFe, a participação do Tesouro Nacional foi crescente ao longo de 2004, dentro da perspectiva da transferência da administração das emissões externas do Banco Central para o Tesouro Nacional ao final daquele ano. Esta transferência se alinha às melhores práticas internacionais para o gerenciamento do financiamento público, na medida em que, todas as etapas da administração: as diretrizes, estratégias, gestão de riscos e controles orçamentários da dívida pública da União foram centralizadas no Tesouro Nacional, facilitando sua plena integração. O bom desempenho da economia contribuiu para que as emissões no mercado internacional fossem exitosas, como mostram as captações com excelente desempenho histórico, custos declinantes e prazos longos. Em particular, as captações soberanas somaram US$ 5,7 bilhões em 2004, sendo US$ 4,2 bilhões referentes ao programa daquele ano, e US$ 1,5 bilhão referente à programação para 2005 (que prevê captação de até US$ 6,0 bilhões). Além disso, a República emitiu títulos de até 30 anos e voltou ao mercado de Euros, do qual estava ausente desde abril de 2002. O ano de 2004 também se distinguiu por uma série de medidas de modernização do sistema financeiro nacional, especialmente no que tange à poupança e a administração de riscos. Destaca-se nesse conjunto a implementação da Conta Investimento, que isentou o investidor do

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Apresentação pagamento da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira – CPMF no giro de suas aplicações. Tal medida favorece a isonomia entre os fundos exclusivos e o restante da indústria de fundos, ampliando a competitividade do setor e abrindo a oportunidade de uma maior agilidade de escolha e alocação entre os diversos tipos de investimento pelo poupador. Além disso, o Tesouro Nacional colaborou para a formulação da proposta de Tributação Decrescente sobre aplicações financeiras, adotada por meio da Lei nº 11.033, cujos reflexos sobre o mercado de capitais e formação de poupança de longo prazo já começam a se fazer sentidos. Além das medidas legislativas, merecem menção uma série de inovações e aprimoramentos promovidos pelo setor privado. Dentre elas destacam-se a entrada em funcionamento da Clearing de Ativos, desenvolvida pela Bolsa de Mercadorias e Futuros - BM&F; a criação da Plataforma de Negociação da CETIP; o lançamento de novos índices de renda fixa, pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro – Andima; e o lançamento, pela BM&F, de dois novos contratos de instrumentos derivativos associados ao IPCA. Essas medidas são elementos importantes para o aprofundamento do mercado secundário de títulos de renda fixa, criando referências e instrumentos de administração de risco para os gestores da poupança nacional. Por fim, creio que a gestão da dívida pública do Tesouro Nacional tem tido pleno amparo na singular capacidade, preparo e senso de responsabilidade do seu corpo de analistas, os quais têm buscado, de forma inequívoca, cumprir a diretriz maior do gerenciamento da dívida de minimizar os custos de longo prazo, mantidos níveis prudentes de risco.

Joaquim Vieira Ferreira Levy Secretário do Tesouro Nacional

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Apresentação Sumário Sumário Executivo ............................................................................................................................. 8 Introdução......................................................................................................................................... 13 Seção 1: Evolução das Expectativas em 2004 ................................................................................ 14 Seção 2: Avanços na Administração da Dívida Pública .................................................................. 22 Seção 3: Resultados Alcançados .................................................................................................... 32 Seção 4: Avanços Institucionais....................................................................................................... 45 Anexo: Tabelas................................................................................................................................. 51

Gráficos, Quadros e Tabelas Gráfico I Juros COPOM ................................................................................................................... 15 Gráfico II Curva de Juros – 1° Trimestre.......................................................................................... 16 Gráfico III Câmbio ............................................................................................................................ 16 Gráfico IV US Treasuries de 2, 5 e 10 anos .................................................................................... 16 Gráfico V Preço do Petróleo Tipo Brent........................................................................................... 16 Gráfico VI Relação DLSP/PIB Valorizado........................................................................................ 17 Gráfico VII Câmbio Contratado ........................................................................................................ 17 Gráfico VIII Impacto na Relação DLSP/PIB de 1% de Desvalorização Cambial............................. 18 Gráfico IX Exposição Cambial - DPMFi e Swap .............................................................................. 18 Gráfico X Curva de Juros – 2° Trimestre ......................................................................................... 18 Gráfico XI Expectativa de Inflação (IPCA) para 2004...................................................................... 19 Gráfico XII Expectativa de Crescimento do PIB para 2004 ............................................................. 19 Gráfico XIII Contas Externas............................................................................................................ 19 Gráfico XIV Curva de Juros – 3° Trimestre...................................................................................... 20 Gráfico XV Curva de Juros – 4° Trimestre....................................................................................... 20 Gráfico XVI Resultado Primário do Setor Público - Acumulado em 12 meses................................ 21 Gráfico XVII Organização Mensal dos Vencimentos dos Títulos Públicos...................................... 22 Gráfico XVIII Volume de NTN-B 2045 em Poder do Público ........................................................... 24 Gráfico XIX Títulos Recebidos nos Leilões de Troca por NTN-B e NTN-C..................................... 24 Gráfico XX Composição das Emissões de Títulos Públicos em Leilões ......................................... 25 Gráfico XXI Detentores de títulos públicos da DPMFi em Poder do Público................................... 29 Gráfico XXII Vendas do Tesouro Direto........................................................................................... 30 Gráfico XXIII Total de Investidores Cadastrados no Tesouro Direto de jan/02 a dez/04 ................ 30 Gráfico XXIV DPF e DPMFi ............................................................................................................. 34 Gráfico XXV Prazo Médio da DPF e da DPMFi ............................................................................... 35 Gráfico XXVI Percentual Vincendo em 12 meses da DPF e da DPMFi .......................................... 35 Gráfico XXVII Impacto da Variação de 1 b.p. na Taxa de Retorno sobre o Valor de Mercado da Dívida Prefixada ............................................................................................................................... 35 Gráfico XXVIII Participação de Títulos Prefixados........................................................................... 36 Gráfico XXIX Emissões e Resgates de Títulos Prefixados em Poder do Público ........................... 36 Gráfico XXX Prazo Médio de Emissão de Títulos Prefixados em Leilões....................................... 36 Gráfico XXXI Custo Médio das LTN em Poder do Público ............................................................. 37 Gráfico XXXII Participação de Títulos Remunerados por Índices de Preços .................................. 37 Gráfico XXXIII Emissões e Resgates de Títulos Remunerados por Índices de Preços .................. 37 Gráfico XXXIV Participação de Títulos Remunerados pela Taxa SELIC ........................................ 38

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Apresentação Gráfico XXXV Emissões e resgates de Títulos Remunerados pela Taxa SELIC............................ 38 Gráfico XXXVI Participação de Títulos Remunerados pela Variação Cambial ............................... 38 Gráfico XXXVII Yields nas Emissões Externas................................................................................ 39 Gráfico XXXVIII Yields dos Globals ................................................................................................. 40 Gráfico XXXIX Spread dos Globals.................................................................................................. 40 Gráfico XL Composição da DPMFi .................................................................................................. 41 Gráfico XLI Perfil de Maturação da DPF por Indexador ................................................................. 42 Gráfico XLII Cashflow-at-Risk (CfaR) – DPF .................................................................................. 42 Gráfico XLIII Cashflow-at-Risk – Comparações entre Indexadores ................................................ 43 Gráfico XLIV Composição de Vencimentos da DPF........................................................................ 43 Gráfico XLV Descasamentos entre Ativos e Passivos ................................................................... 44 Quadro I – Strips de Cupons de NTN-B........................................................................................... 23 Quadro II - Nova Resolução do Senado sobre as Operações da Dívida Pública Federal externa - DPFe ................................................................................................................................................ 46 Tabela I Principais Indicadores Macroeconômicos.......................................................................... 14 Tabela II Volume Recebido em Trocas e Resgates Antecipados (R$ milhões) .............................. 22 Tabela III Nova Estrutura de Imposto de Renda sobre Renda Fixa - IRRF .................................... 26 Tabela IV Estrutura de Tributação dos Novos Planos de Previdência Complementar ................... 27 Tabela V Novos Índices de Renda Fixa........................................................................................... 28 Tabela VI Resultados para a Dívida Pública Mobiliária Federal Interna – DPMFi .......................... 33 Tabela VII Resultados para a Dívida Pública Federal – DPF .......................................................... 33 Tabela VIII Captações Soberanas ................................................................................................... 40 Tabela IX DPMFi - Teste de Stress sobre Juros e Câmbio ............................................................. 42

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Sumário Executivo

Sumário Executivo

A Secretaria do Tesouro Nacional publica, no início de cada ano, o Relatório Anual da Dívida Pública referente ao ano anterior. Nesta edição, busca-se realizar uma análise retrospectiva do gerenciamento da dívida pública brasileira ao longo de 2004, tendo por referência as diretrizes e o planejamento descritos no Plano Anual de Financiamento - PAF para aquele ano. Este documento, além de analisar em detalhe os resultados alcançados em relação às metas apresentadas no PAF-2004, discute a evolução das expectativas dos agentes econômicos ao longo do ano, comparando-as aos cenários macroeconômicos adotados no PAF, discorre sobre a estratégia de emissão de títulos públicos, descreve medidas adotadas para o desenvolvimento do mercado secundário desses títulos e apresenta os principais avanços institucionais ocorridos no Tesouro Nacional.

Evolução das Expectativas em 2004

O principal objetivo do gerenciamento da dívida pública é a minimização dos custos de longo prazo, mantidos níveis prudentes de risco. Nesse sentido, o PAF 2004 enfatizava diretrizes de alongamento dos prazos de vencimento da dívida pública e de melhora da composição do passivo do Governo. Neste sentido, privilegiava a emissão de títulos prefixados e indexados a índices de preços, em lugar dos títulos indexados à SELIC e à taxa de câmbio.

Os cenários para 2004, elaborados com base nos bons indicadores econômicos já observados ao final de 2003 – na esteira de políticas fiscal e monetária sólidas – assumiam que o crescimento econômico do país, então incipiente, se confirmaria, a inflação continuaria a cair e as reformas institucionais continuariam a avançar. Com as expectativas positivas no cenário doméstico, colaborava a expectativa de um ambiente de elevada liquidez internacional, compatível com a visão do mercado de que a elevação dos juros norte-americanos dar-se-ia somente no último trimestre do ano. As projeções adotadas pelo PAF eram, portanto, positivas, ainda que apropriadamente conservadoras.

A evolução das variáveis econômicas ao longo de 2004 foi, no seu conjunto, amplamente positiva, consolidando-se ao longo do período. Os resultados fiscais e das contas externas, em particular, apresentaram desempenho extremamente consistente, especialmente a partir de março. Por outro lado, o cenário internacional, apesar de também positivo, foi bastante volátil. A partir do segundo semestre, por exemplo, houve um aumento da percepção de riscos relativos aos preços do petróleo e à data da esperada elevação da taxa de juros dos Estados Unidos.

A partir do terceiro trimestre, as expectativas quanto ao crescimento da economia e aos resultados das contas externas passaram a ser revistas constantemente para cima. Além disso, a meta de superávit fiscal do setor público consolidado foi aumentada para 4,50% do PIB, enquanto se evidenciava uma forte queda na relação Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) / PIB. Por outro lado, os responsáveis pela condução da Política Monetária passaram a identificar novos riscos para a dinâmica inflacionária, o que levou o Comitê de Política Monetária a iniciar, a partir de setembro, um processo de elevação das taxas de juros de curto prazo.

Também nos Estados Unidos, iniciou-se um processo de aumento da taxa de juros de curto prazo. Esta mudança, no entanto, foi bem absorvida pelos mercados de capitais, tendo a volatilidade do valor dos ativos financeiros diminuído, não obstante a dinâmica das taxas de câmbio do dólar vis-

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Sumário Executivo à-vis outras moedas de referência e as incertezas no mercado do petróleo. A segunda metade de 2004 caracterizou-se, assim, por expectativas positivas e abundante liquidez no âmbito internacional.

Ao fim do ano, os resultados para a quase totalidade dos indicadores econômicos brasileiros superaram as expectativas, com destaque para o crescimento econômico, as contas externas e o resultado primário do governo. Como resultado da confluência dos fatores favoráveis, a dívida líquida do setor público em relação ao PIB (DLSP/PIB) medida pelo Banco Central caiu de 57,2%, em dezembro de 2003, para 51,8% do PIB, em dezembro de 2004.

Avanços na Administração da Dívida Pública

Em 2004, o Tesouro Nacional promoveu diversas novas medidas visando melhorar a gestão da dívida pública, além de aprimorar outras que já haviam sido tomadas em 2003. Do lado da oferta, foi dada ênfase ao mercado de títulos indexados a índices de preços, especialmente NTN-B (indexado ao IPCA). Destacam-se os programas de troca e resgates antecipados, além da possibilidade de troca de cupons de juros desses títulos, que contribuíram para uma melhora do perfil da dívida, tanto em termos de prazos quanto de composição. A partir de setembro, passou-se também a emitir NTN-B com prazo de 40 anos, que se constitui no mais longo título público atualmente em circulação, tanto no mercado doméstico quanto no mercado internacional.

As medidas do lado da demanda tiveram um caráter mais estrutural, com vistas a promover a poupança de longo prazo. Dentre elas, destaca-se a criação da Conta Investimento, que permite uma alocação mais eficiente dos recursos por parte dos investidores, ao isentá-los de CPMF na mudança de aplicações financeiras. Com isso, espera-se também um aumento do giro no mercado secundário de títulos. Merece destaque ainda a criação da tributação decrescente dos retornos das aplicações financeiras em função do prazo em que elas forem mantidas pelo investidor, tanto para aplicações em renda fixa, quanto para aquelas com fins de previdência complementar.

O Tesouro Nacional intensificou seu programa de contatos permanentes com investidores institucionais, dentro da estratégia de ampliar a base de investidores na dívida pública federal. Em particular, foi elaborado e conduzido um cronograma de reuniões com entidades representativas de investidores institucionais.

O Tesouro Direto, que possibilita às pessoas físicas a aquisição, via internet, de títulos da dívida pública brasileira, continuou a se expandir, principalmente através da disseminação informal do conhecimento das suas vantagens. Além disso, criou-se um desdobramento de caráter social para este instrumento de poupança. Abriu-se a possibilidade para que os investidores possam doar para entidades filantrópicas cadastradas junto ao Ministério do Desenvolvimento Social parte da remuneração dos títulos comprados através do Tesouro Direto.

A cooperação com o setor privado foi outra tônica da ação do Tesouro Nacional. Diversos instrumentos foram lançados pelo setor privado ao longo de 2004, que, direta ou indiretamente, contribuem para a ampliação e diversificação da demanda e da base de investidores. Em maio, entrou em funcionamento a Clearing de Ativos, desenvolvida pela Bolsa de Mercadorias e Futuros - BM&F, sendo suas operações realizadas pelo sistema eletrônico de negociação e registro chamado Sisbex. A Clearing traz uma série de benefícios para o mercado de renda fixa, em particular o de títulos públicos, destacando-se a diminuição de custos de transação e o aumento

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Sumário Executivo da liquidez no mercado secundário. Em particular, ela cria um ambiente propício ao desenvolvimento de operações compromissadas entre instituições privadas, gerando informações valiosas sobre o custo do dinheiro no curto prazo, com importantes implicações potenciais para o monitoramento da indústria de administração da poupança. A criação da Plataforma de Negociação da CETIP, lançada em setembro de 2004, abriu a possibilidade de realização de diversas operações on-line, como a negociação de títulos de renda fixa (públicos e privados) e valores mobiliários, leilões de emissão primária ou de negociação no mercado secundário e a cotação eletrônica, além da modalidade de operações a termo de leilões de títulos do Tesouro Nacional. Esta possibilidade, além de contribuir para o aprofundamento do mercado secundário da dívida pública, cria um importante instrumento para a gestão de carteiras institucionais, inclusive no segmento da previdência complementar.

Também foram anunciadas duas medidas que entrarão em vigor já no primeiro trimestre de 2005. De um lado, a Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro – Andima publicará a partir dessa data diversos índices de referência para carteiras de títulos públicos. De outro, a BM&F lançou dois novos contratos de instrumentos derivativos. Os novos índices de renda fixa, que servirão como referência aos investidores para comparar a rentabilidade dos fundos de investimento com o retorno médio da carteira de títulos públicos em poder do mercado, deverão fortalecer a confiança entre cotistas e gestores. Os dois novos contratos de instrumentos derivativos criados pela BM&F – o contrato futuro de IPCA e o contrato futuro de Cupom de DI x IPCA – têm como objetivo primordial propiciar aos investidores em ativos remunerados por índices de preços, instrumentos adicionais para administrar o portfólio, o que trará maior liquidez e aumentará o número de participantes neste mercado. Estes novos contratos complementarão as emissões de títulos indexados ao IPCA, permitindo a substituição mais eficiente da parcela da dívida indexada à taxa SELIC por títulos remunerados por índices de preços. Em suma, eles facilitam que o risco de taxa de juros da dívida pública seja parcialmente transferido do Tesouro Nacional para o mercado financeiro doméstico e internacional.

Resultados Alcançados

As diretrizes a serem seguidas para a estratégia de emissões da Dívida Pública Mobiliária Federal interna – DPMFi buscavam o alongamento gradual dos prazos dos títulos e a melhora da composição da dívida. Isto deveria se dar pela emissão líquida de títulos prefixados e remunerados por índices de preços e o resgate líquido de títulos indexados a taxas de juros. Além disso, não se previa a emissão de títulos indexados ao câmbio. Como no ano anterior, o PAF estabelecia limites inferiores e superiores para a participação de cada uma dessas classes de títulos, assim como metas de prazo médio e proporção de vencimentos em 12 meses para a dívida pública (federal e interna).

Ao final de 2004, verificou-se o cumprimento das metas de composição da dívida pública, com o aumento da participação dos títulos prefixados e dos remunerados por índices de preços e queda da participação dos remunerados por taxas de juros e câmbio. Em particular, houve significativa redução da sensibilidade da DLSP em relação ao câmbio (também favorecida pela redução do estoque de operações de swap cambial mantidas pelo Banco Central). A diminuição da sensibilidade à taxa de juros - traduzida em um aumento da duração da dívida interna não indexada aos preços ou câmbio - viu-se acompanhada, no entanto, pela diminuição do prazo médio da DPMFi, que se situou abaixo dos limites estabelecidos pelo PAF. O mesmo se deu com o percentual vincendo em 12 meses. A ampliação da duração da dívida pública não só a torna menos sensível a variações nas taxas de juros, como aumenta a eficiência da política monetária.

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Sumário Executivo A melhora da composição da dívida - referendada pelos investidores domésticos e internacionais - diminuiu os riscos de mercado e de refinanciamento, melhorando ainda o Gerenciamento de Ativos e Passivos do Tesouro Nacional. Em particular, houve importante redução da exposição ao risco de fluxo de caixa da DPF.

Resultados para a Dívida Pública Mobiliária Federal Interna – DPMFi

Fonte: Tesouro Nacional. Elaboração STN/COGEP.

Resultados para a Dívida Pública Federal – DPF

Fonte: Tesouro Nacional. Elaboração STN/COGEP.

O estoque total da dívida também ficou abaixo do mínimo previsto pelo PAF, contribuindo para a redução da relação dívida/PIB. Dentre os fatores determinantes deste resultado conta-se a evolução favorável do câmbio, assim como a emissão de CVS ligeiramente abaixo do previsto (ainda que em valores significativamente maiores que nos últimos anos) 1.

No que toca especificamente à Dívida Pública Federal externa – DPFe, no âmbito de captações perfazendo US$ 5,7 bilhões, destaca-se a emissão, em janeiro de 2004, de um bônus Global de 30 anos (2034), com prêmio particularmente baixo (376 pontos-base acima do título de prazo equivalente do Tesouro americano). Registra-se também a volta, em setembro, ao mercado de Euro, após mais de dois anos de ausência. Finalmente, assinale-se que as captações externas

1 Os CVS são títulos emitidos pelo Tesouro Nacional no âmbito da renegociação das dívidas advindas do Fundo de Compensação de Variações Salariais – FCVS, remanescentes da liquidação de contratos de financiamento habitacional do antigo BNH. Havia a previsão de assunção de até R$ 11,5 bilhões, tendo havido a efetiva emissão de R$ 8,14 bilhões.

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Sumário Executivo realizadas no último trimestre do ano, somando US$ 1,5 bilhão, já fizeram parte do Programa de Financiamento Externo para 2005.

Avanços Institucionais

Em relação aos avanços institucionais, destaca-se a transferência das atribuições referentes à emissão de títulos da Dívida Pública Mobiliária Federal externa do Banco Central para o Tesouro Nacional. Em janeiro de 2004, foi assinado o Acordo de Transição para a transferência do processo de emissão de títulos da dívida externa para o Tesouro Nacional, o qual estava delegado, por convênio, ao Banco Central. Além deste acordo, outras medidas foram tomadas pelo Tesouro Nacional, visando receber a atribuição, entre as quais destacam-se seminários, palestras e treinamentos realizados sobre o tema, e a consolidação das Resoluções do Senado Federal n° 57/95 e subseqüentes e n° 69/96, que disciplinam as operações com títulos da dívida externa. Assim, a partir de 2005, o Tesouro Nacional unificou a responsabilidade pelas operações com títulos da dívida pública, seja no mercado doméstico ou internacional, alinhando-se às melhores práticas internacionais.

A concepção do projeto do Sistema Integrado da Dívida Pública - SID, que permitirá englobar todas as funcionalidades dos sistemas hoje existentes, bem como incorporar novas necessidades e processos para a melhor administração da dívida pública, foi outro importante avanço institucional. Além disso, a gestão de riscos se aprimorou, pela qualificação dos seus modelos de análise e da evolução do sistema de processamento de dados. Por fim, a área de relacionamento institucional da Dívida Pública se fortaleceu, ganhando novas atribuições, como o contato com investidores internacionais e agências de classificação de risco de crédito soberano. A essas atribuições se somam a organização de cursos, seminários e palestras para jornalistas, especialistas e investidores, e o aperfeiçoamento do relacionamento com o público em geral, por meio da internet. Particular esforço vem sendo posto na divulgação do Tesouro Direto através de palestras, seminários, informação para a imprensa e outros canais que prescindam de maior mobilização de recursos externos ao Tesouro.

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Introdução

Introdução

Em linha com a política permanente de transparência na gestão da Dívida Pública Federal - DPF, e com o objetivo de ampla divulgação das atividades a ela relacionadas, o Tesouro Nacional torna público, pelo segundo ano, o Relatório Anual da Dívida. O relatório, além de apresentar os resultados da gestão da dívida, comparando-os com as metas estabelecidas no Plano Anual de Financiamento—PAF 2004, inclui uma discussão da evolução do cenário macroeconômico interno e externo e das medidas adotadas em relação ao gerenciamento da dívida pública. Além destes temas, estão descritos os principais avanços institucionais ocorridos na gestão da dívida pública. Com este objetivo, o Relatório está subdividido em quatro seções: (i) Evolução das Expectativas em 2004, (ii) Avanços na Administração da Dívida, (iii) Resultados Alcançados e (iv) Avanços Institucionais.

Na primeira seção, é analisado o comportamento das expectativas econômicas ao longo de 2004, tomando como base os cenários considerados no PAF para aquele ano. Esses cenários incorporavam os resultados da condução da política econômica em 2003 e a percepção de um ambiente de elevada liquidez internacional. A análise da evolução dos cenários mostra que, apesar de um primeiro trimestre com algumas incertezas no âmbito doméstico, o ano como um todo timbrou pela evolução positiva da percepção sobre o crescimento econômico do País durante o ano, incluindo o fortalecimento das contas externas. Estes avanços foram em grande parte ancorados em uma política fiscal sólida, incluindo a elevação da meta de superávit primário em 2004 para 4,50% do PIB na esteira de um crescimento econômico acima do projetado. A política monetária focada no cumprimento das metas de inflação, a seu turno, reforçou os pilares da política econômica.

A segunda seção do Relatório trata da estratégia de financiamento e demais medidas tomadas ao longo do ano, no âmbito do gerenciamento da DPF. Ela descreve a atuação do Tesouro Nacional para o aperfeiçoamento do mercado secundário e ampliação e diversificação da base de investidores na dívida pública. Do lado da oferta, destacam-se as medidas tomadas no mercado de títulos remunerados por índices de preços, especialmente NTN-B (indexado ao IPCA), além da continuidade de medidas que estimulam a liquidez dos títulos públicos. No lado da demanda, apresenta-se uma série de medidas de caráter estrutural, como a Conta Investimento e a tributação decrescente dos retornos das aplicações financeiras.

Na terceira seção, são comparados os indicadores previstos pelo PAF 2004 com os resultados alcançados. Estes resultados mostram os avanços obtidos na composição tanto da Dívida Pública Federal – DPF, quanto, em particular, da Dívida Pública Mobiliária Federal interna – DPMFi, onde praticamente todas as metas foram alcançadas, gerando reflexos positivos para a administração de risco. No que tange à dívida externa, esta seção apresenta a atuação da República no mercado internacional.

Na quarta e última seção, destacam-se os principais avanços institucionais na gestão da dívida pública em 2004. Apresenta-se a transição das atribuições relativas à emissão de títulos da Dívida Pública Mobiliária Federal externa do Banco Central para o Tesouro Nacional, assim como os aprimoramentos em Tecnologia da Informação – TI e na gestão de riscos, e o fortalecimento da área de relacionamento institucional e de divulgação do programa de aplicação em títulos federais por pessoas físicas através da Internet, o Tesouro Direto.

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Evolução das Expectativas em 2004 Seção 1: Evolução das Expectativas em 2004

A preparação do PAF pressupõe uma série de avaliações sobre as perspectivas econômicas no ano em questão, refletidas nas principais variáveis econômicas e projeções publicadas pelo Banco Central e outras instituições. Ao longo do ano, com a evolução da atividade econômica, essas variáveis, assim como as perspectivas vão se atualizando, aproximando-se ou não dos cenários utilizados pelo PAF.

A construção dos cenários para o PAF

Ao final de 2003, as perspectivas para 2004 mostravam-se positivas. A postura firme do Governo no decorrer de 2003 no que tange à austeridade fiscal e à condução da política monetária havia suscitado ao longo do ano uma melhora progressiva e consistente nas perspectivas dos agentes sobre o desempenho econômico em 2004. Havia o entendimento de que o processo de estabilização, em resposta à volatilidade ocorrida no segundo semestre de 2002, fora bem sucedido, o que abria espaço para a flexibilização da política monetária, na esteira da maior estabilidade de preços. A percepção de que crescimento econômico, então incipiente, continuaria, já se firmava, assim como a noção de que as reformas institucionais continuariam a avançar. Os indicadores econômicos, por exemplo, já apontavam a recuperação da produção industrial e a melhora nas intenções de consumidores e de empresários, assim como expectativas de inflação e câmbio estáveis e comportamento favorável das contas externas.

As expectativas quanto ao cenário doméstico eram auxiliadas por um ambiente de liquidez internacional favorável, em que a ausência de sinais de crescimento acelerado ou de pressões inflacionárias na economia norte-americana contribuía para a expectativa de que o aumento da taxa de juros do Federal Open Market Committee (FOMC) começaria apenas no último trimestre de 2004.

O Relatório FOCUS, do Banco Central capturava com riqueza estas percepções benignas, que conformavam um cenário que se mostrou, ao longo de 2004, ainda mais positivo no seu conjunto, apesar da antecipação do aumento das taxas de juros nos EUA.

Tabela I Principais Indicadores Macroeconômicos

1 Variação percentual acumulada nos 12 meses de 2004

* Banco Central (Relatório de Inflação)

** Fonte: Banco Central – Valor relativo a dezembro/04

As diferenças entre o cenário de mercado e o cenário verificado explicitam alguns fatores determinantes para a dinâmica da economia brasileira durante o ano, como a expressiva redução na vulnerabilidade externa e a aceleração econômica, que se mantiveram de forma persistente à frente das projeções. Por outro lado, a retomada não antecipada da economia nos EUA, a escalada dos preços do barril de petróleo no mercado internacional e os riscos de inflação de demanda no Brasil colocaram-se como contrapontos que inverteram a trajetória de redução da taxa básica de juros definida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), levando a um aumento desta taxa a partir de setembro.

Ao redor do cenário básico, foram criados alguns cenários alternativos de referência para a elaboração do PAF 2004. Estes cenários consideravam alternativas nos fronts externo e doméstico, sem prejuízo da premissa de continuidade das diretrizes de política econômica. Domesticamente, a hipótese central era a de que o segundo ano do governo Lula estaria focado na criação de um ambiente

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Evolução das Expectativas em 2004 favorável ao crescimento econômico sustentado. A interação com a capacidade de financiamento no mercado externo estabelecia a linha-mestra de desenvolvimento das hipóteses nos cenários alternativos.

O cenário básico presumia um comportamento favorável, porém conservador, das principais variáveis econômicas e financeiras. Por exemplo, o processo de flexibilização da política monetária estaria concentrado no decorrer do primeiro semestre. Para o restante do ano, considerava-se que a recuperação da atividade econômica, aliada a uma maior desvalorização cambial, poderiam se traduzir por alguma pressão inflacionária, restringindo o espaço para reduções adicionais dos juros. A estabilidade da taxa de juros no segundo semestre permitiria manter a inflação próxima ao centro da meta oficial de 5,5% para o IPCA. Concomitantemente, o avanço nas reformas institucionais e as contas externas sob controle, juntamente a uma situação favorável de liquidez internacional, garantiriam uma trajetória sem sobressaltos e com evolução positiva de expectativas dos agentes de mercado, reflexo da melhora dos fundamentos.

Para os demais cenários, consideravam-se como possibilidades: (i) a reorientação do fluxo de capital em direção aos países centrais, com repercussões no financiamento externo; (ii) maiores pressões de demanda doméstica ao final do ano, oriundas da aceleração no ritmo de crescimento econômico, provocando necessidade de correção na taxa de juros; (iii) e uma combinação entre crescimento moderado, avanços institucionais e liquidez externa abundante, acompanhada de uma queda mais pronunciada da taxa de juros.

Evolução das Expectativas à Luz dos Eventos

Não obstante a perspectiva favorável para o decorrer do ano, no primeiro trimestre de 2004, a identificação de pressões inflacionárias levou o Banco Central a suspender a trajetória de queda das taxas de juros. Por outro lado, a

manutenção das expectativas de avanço nas reformas microeconômicas, associada ao reconhecimento da progressiva robustez nas contas externas e à confirmação do forte crescimento do PIB no último trimestre de 2003 (1,8% na margem), fortaleceu as expectativas.

A taxa de juros manteve-se constante em 16,5% em janeiro e fevereiro, baixando 25 pontos-base em março apenas. Este comportamento deu-se na esteira de índices de inflação acima do esperado em janeiro, associados ao aumento do preço internacional de algumas commodities, que pressionou os preços no atacado. A inflexão na política monetária propunha-se também a dar tempo para que fosse bem avaliado o impacto da redução de 10 pontos percentuais na taxa básica de juros ocorrida na segunda metade de 2003.

Gráfico I Juros COPOM

Fonte: Banco Central

Não obstante, a perspectiva de queda da taxa SELIC manteve as curvas de juros invertidas durante a maior parte do primeiro trimestre.

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Evolução das Expectativas em 2004 Gráfico II Curva de Juros – 1° Trimestre

Fonte:BM&F

No cenário internacional, algumas declarações do Banco Central Americano (FED2), ressaltando as taxas de juros como instrumento de combate às pressões inflacionárias, provocaram oscilação no mercado de câmbio brasileiro. A volatilidade foi amainada, no entanto, pelos bons resultados no balanço de pagamentos, notadamente da balança comercial, da permanência da taxa de rolagem da dívida externa privada em patamares bastante confortáveis e do fluxo cambial positivo e ascendente.

Gráfico III Câmbio

Fonte: Banco Central

Durante o segundo trimestre de 2004, a formação de expectativas esteve condicionada às perspectivas de elevação da taxa básica de juros dos EUA, à retomada do crescimento industrial doméstico, e à redução na taxa de rolagem da dívida externa privada. A conjugação desses fatores resultou na volta da inclinação positiva da estrutura a termo da taxa 2 Federal Reserve Bank

de juros e na desvalorização do real frente ao dólar.

Gráfico IV US Treasuries de 2, 5 e 10 anos

Fonte: Bloomberg

Com relação ao cenário internacional, a expectativa da elevação nas taxas de juros nos EUA foi antecipada em virtude do relatório sobre o emprego de abril. O mês de abril marcou também o início da trajetória ascendente do preço do barril do petróleo. Ainda assim, a expectativa média era de crescimento forte da economia mundial, com os juros norte-americanos ao final do ano em torno de 2,0% a.a. e o petróleo fechando o ano pouco abaixo do patamar de US$ 30/barril.

Gráfico V Preço do Petróleo Tipo Brent

Fonte: Bloomberg

No ambiente doméstico, esperava-se que o 2º trimestre de 2004 fosse favorável, reforçando as indicações de que a recuperação da atividade podia prosseguir sem exercer pressões inflacionárias adicionais. Os índices de preços apresentaram, de março a maio, evolução que caracterizou a superação de

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Evolução das Expectativas em 2004 pressões inflacionárias observadas no início de 2004. A despeito do nível de atividade relativamente elevado, tais pressões não se traduziram em aumentos generalizados de preços e tampouco estabeleceram patamar de inflação mais alto. Diante desse quadro, o COPOM decidiu reduzir a taxa SELIC para 16,0% em abril, nível que foi mantido nas reuniões até agosto.

As expectativas quanto ao comportamento das finanças públicas em 2004 foram reforçadas em abril, com a divulgação dos números de março. Neste mês, foi atingido o superávit primário de R$ 10,3 bilhões, o melhor resultado da série, iniciada em 1991. Assim, o setor público consolidado superou, com folga de R$ 6,0 bilhões, a meta estabelecida para o primeiro trimestre do ano, o que contribuiu para a queda da relação DLSP/PIB divulgada pelo BACEN de 58,2% em fevereiro para 57,4% em março. A partir de então, a sucessão de excepcionais resultados fiscais eliminou rapidamente eventuais temores de não cumprimento das metas fiscais estabelecidas para 2004.

Gráfico VI Relação DLSP/PIB Valorizado3

Fonte: Banco Central

O cenário internacional induziu uma deterioração das expectativas do câmbio, na esteira da depreciação do real no mercado à vista ao longo do trimestre. Ao final de junho, o valor esperado do câmbio ao final do ano era de R$ 3,10 por dólar, contra R$ 3,05 no início 3 Na divulgação da razão DLSP/PIB, é convencionado utilizar o IGP-DI centrado para atualização do PIB nominal. Contudo, utilizando-se o PIB valorizado pelo IPCA ou o PIB corrente, a queda na relação materializa-se desde 2002.

de abril. Esta mudança deu-se, apesar das indicações positivas e do otimismo com respeito ao saldo comercial para o ano, ainda que as expectativas sobre o ingresso de investimento externo direto (IED), temperassem o otimismo sobre a conta capital como um todo, principalmente após a divulgação dos dados de abril.

Gráfico VII Câmbio Contratado

Fonte: Banco Central

A evolução da política fiscal, assim como da composição da dívida, fez-se refletir durante os episódios cambiais do segundo trimestre, já que, a despeito da desvalorização do real, o impacto sobre a relação DLSP/PIB foi pouco expressivo, devido à redução na exposição do passivo do governo ao câmbio desde o início de 2003. Em maio de 2004, o impacto da desvalorização de 1% no câmbio sobre a razão DSLP/PIB havia caído para 0,18 ponto percentual, enquanto que no segundo semestre de 2002, este impacto era de 0,36 ponto percentual.

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Evolução das Expectativas em 2004 Gráfico VIII Impacto na Relação DLSP/PIB de 1% de Desvalorização Cambial

Fonte: Banco Central. Elaboração STN/COGEP.

A menor sensibilidade da dívida ao cambio se explica pela menor rolagem dos swaps cambiais a partir de meados de 2003 e à não emissão de novos títulos da DPMFi indexados ao câmbio nos dois últimos anos.

Gráfico IX Exposição Cambial - DPMFi e Swap

Fonte: Tesouro Nacional e Banco Central

A curva de juros futuros alterou-se significativamente ao longo do segundo trimestre. Ao final de abril, ela encontrava-se negativamente inclinada, com inflexão positiva a partir do ponto referente a janeiro/2005. Ao término de junho, ela mostrava-se fortemente positiva desde a sua ponta curta. A incerteza, particularmente quanto ao cenário internacional, levou a parte longa da curva de juros aos níveis mais altos observados ao longo de 2004.

Gráfico X Curva de Juros – 2° Trimestre

Fonte: BM&F

No início do terceiro trimestre de 2004, a expectativa do mercado com relação à taxa SELIC era de que o COPOM faria correções técnicas nos juros, de modo a adequá-los à capacidade de crescimento da economia. Haviam sido identificados riscos para a dinâmica inflacionária, advindos tanto do ambiente externo quanto do doméstico. Na conjuntura doméstica, as incertezas quanto à magnitude dos efeitos defasados remanescentes do relaxamento da política monetária cederam espaço para questões relacionadas à utilização da capacidade produtiva. No ambiente externo, à medida que se consolidou o consenso de que o FED seria gradual em sua estratégia de aperto monetário - dado o crescimento econômico mais lento do que o esperado -, a aparente ausência de teto para a elevação dos preços do barril do petróleo passou a assumir destaque.

A partir de maio, as expectativas inflacionárias haviam começado a aumentar, na esteira das variações no câmbio e no preço do petróleo. Em julho, as expectativas para o ano já convergiam para 7,0%, bem acima do centro da meta, explicando a evolução da curva futura de juros.

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Evolução das Expectativas em 2004 Gráfico XI Expectativa de Inflação (IPCA) para 2004

Fonte: Banco Central – Relatório Focus

No terceiro trimestre as dúvidas sobre o crescimento já se haviam esvanecido. O vigor do desempenho econômico, sustentado no início pelo dinamismo do setor exportador, foi gradativamente fortalecido no decorrer de 2004 pela recuperação, ainda que modesta, do emprego e da renda. À parte o debate sobre o possível estreitamento do hiato do produto e suas implicações para a trajetória de inflação, a expectativa dos agentes econômicos era de que a tendência de crescimento da atividade econômica seria mantida dadas: a sinalização positiva dos indicadores econômicos, a continuidade da expansão do crédito e a evolução positiva dos indicadores do mercado de trabalho. Dessa forma, a estatística FOCUS das estimativas do mercado para a taxa real de crescimento do PIB passou a ser revisada para cima semanalmente.

Gráfico XII Expectativa de Crescimento do PIB para 2004

Fonte: Banco Central – Relatório Focus

As contas fiscais mantiveram uma trajetória favorável. O setor público consolidado (governo central, governos regionais e estatais) acumulou, em setembro, superávit primário de 5,6% do PIB. O aumento de arrecadação de tributos na esteira da aceleração econômica e a oportunidade que ela criou de se aumentar a poupança pública em vista do caráter pró-cíclico daquela arrecadação, levou o governo a aumentar a meta de superávit de 2004 para 4,50% do PIB, mantendo-se os mesmos 4,25% entre 2005 e 2007. A medida foi bem recebida pelo mercado, ao reforçar o compromisso fiscal, proporcionar contribuição adicional à trajetória de queda da relação DSLP/PIB.

As contas externas continuaram a surpreender positivamente. A previsão do mercado em relação ao superávit em transações correntes foi sendo revisada para cima a cada mês do terceiro trimestre e a expectativa, à época, para o superávit na balança comercial já ultrapassava US$ 30,0 bilhões de dólares. Os resultados obtidos com o saldo de transações correntes, associados ao retorno do Banco Central no mercado de câmbio, via rolagem dos vencimentos de swaps cambiais, fizeram com que a expectativa de desvalorização do câmbio fosse aos poucos se dissipando, de modo que, ao final de setembro, o câmbio já retornava para os níveis do primeiro trimestre de 2004. Os efeitos do câmbio sobre as expectativas de inflação, no entanto, mantiveram-se limitados.

Gráfico XIII Contas Externas

Fonte: Banco Central.

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Evolução das Expectativas em 2004 Embora as curvas de juros permanecessem com inclinação positiva, houve maior acomodação da ponta longa das curvas, indicando a percepção de que a elevação de juros teria limitada duração e intensidade.

Gráfico XIV Curva de Juros – 3° Trimestre

Fonte: BM&F

As atenções no quarto trimestre de 2004 voltaram-se, predominantemente, para a meta de inflação de 2005, contraposta aos efeitos do estreitamento do hiato do produto e às pressões do cenário externo. Em função dos choques do petróleo e do aço, do ritmo da atividade industrial e dos sinais de inércia nas expectativas de inflação, o mercado passou a trabalhar, embasado nas atas do COPOM, com cenários de elevações sucessivas, porém suaves, da taxa básica de juros. Formou-se, assim, o consenso de que a taxa fecharia o ano em torno de 17,0%.

Contudo, após um aumento de 25 pontos-base em setembro, o COPOM elevou a taxa SELIC em 50 pontos-base em outubro - surpreendendo o mercado – e, novamente, em novembro. Estes aumentos foram justificados pela deterioração das expectativas inflacionárias para 2005 (rígidas para baixo desde setembro) e nas incertezas acerca da evolução do cenário externo. O mercado passou, destarte, a apostar em uma postura mais rígida da autoridade monetária, com sucessivos e significativos aumentos na taxa SELIC.

O arrefecimento do crescimento industrial em novembro induziu o mercado a considerar que

o ritmo de atividade estaria se acomodando. Aliada à queda da estimativa da expectativa inflacionária para 2005 e ao "bom comportamento” do dólar, a hipótese sugeriria a possibilidade de um período de ajuste mais curto e taxa de juros básica nos meses seguintes mais baixa do que o que vinha sendo projetado.

Esse sentimento acabou sendo reforçado com a divulgação do PIB do 3º trimestre. A taxa de crescimento do PIB observada ficou dentro das estimativas do mercado, mas, perto do piso, sinalizando expansão sob controle. Além disso, os dados do IBGE apontavam para uma formação bruta de capital fixo com o maior crescimento desde 1994. O aumento do investimento em ritmo muito maior que o aumento do consumo e da renda é sempre um sinal alvissareiro quanto à criação de condições para que o aumento de demanda seja absorvido pelo aumento futuro da oferta.

Como resultado da manutenção do otimismo sobre o médio prazo e da flutuação quanto às conjecturas sobre o futuro mais imediato da economia, as curvas de juros permaneceram relativamente horizontais para os pontos a partir de 2005, chegando, no entanto, a apresentar inclinação negativa para a ponta longa ao final de dezembro.

Gráfico XV Curva de Juros – 4° Trimestre

Fonte: BM&F

Três fatores fizeram com que houvesse uma valorização do real frente ao dólar: a manutenção dos bons resultados das contas externas, a desvalorização da moeda norte-

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Evolução das Expectativas em 2004 americana frente ao Euro e ao Iene, e a manutenção da liquidez internacional. O superávit em transações correntes, associado com o bom resultado da conta de capital e financeira, possibilitou a manutenção de um hiato financeiro no mercado de câmbio compatível com uma taxa pouco pressionada.

No decorrer do último trimestre, os resultados fiscais vieram apenas confirmar as expectativas dos agentes de mercado. Quanto às metas de superávit primário para 2004, aquela acordada com o FMI (R$ 71,5 bilhões) foi atingida ainda no 10º mês do ano, enquanto que a estabelecida pelo governo (R$ 79,0 bilhões) foi superada no 11º mês do ano com o resultado de R$ 84,8 bilhões acumulado de janeiro a novembro. O resultado primário de 2004 foi superavitário em R$ 81,1 bilhões, ou 4,6% do PIB, frente a um resultado primário de R$ 66,2 bilhões em 2003.

No que concerne ao resultado nominal do setor público de 2004 (déficit de R$ 47,1 bilhões, ou 2,68% do PIB, o melhor resultado nominal desde o início da série em 1991), destaca-se a redução de 40,1% frente a 2003 (déficit de R$ 79,0 bilhões, ou 5,08% do PIB). Além disto, o montante pago a título de juros nominais, correspondente a 7,29% do PIB, representou redução de 2,3 p.p. frente ao montante pago em 2003.

Gráfico XVI Resultado Primário do Setor Público - Acumulado em 12 meses

Fonte: Banco Central

A Dívida Líquida do Setor Público com relação ao PIB mostrou melhora expressiva em 2004, tendo caído de 57,2%, em dezembro de 2003, para 51,8%, no mesmo período de 2004. Isto foi resultado de uma confluência de fatores favoráveis: crescimento do PIB e superávit primário elevados, e valorização cambial em termos nominais.

O quarto trimestre destacou-se também pela votação de uma série de medidas chaves. Houve a aprovação da Reforma do Judiciário, com destaque para: o controle externo e a súmula vinculante. Além disso, aprovaram-se medidas de incentivo à poupança de longo prazo (Medidas Provisórias nº 206 e a nº 2094), a Lei de Falências e a Lei das Parcerias Público-Privada.

Assim, o quarto trimestre caracterizou-se pela confirmação de um cenário econômico extremamente positivo para o País. Pela primeira vez em décadas, viam-se as contas públicas e externas bem, a inflação abaixo do nível do ano anterior, e forte crescimento do PIB.

4 Convertidas na Lei nº 11.033, em 21.12.2004 e na Lei nº 11.053, de 29.12.2004, respectivamente.

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Avanços na Administração da Dívida Pública Seção 2: Avanços na Administração da Dívida Pública

O PAF-2004, ao delinear a estratégia de financiamento para o ano, apontou as seguintes diretrizes: o alongamento dos prazos médios de emissão dos títulos públicos, a redução do percentual vincendo em 12 meses da dívida, a substituição de parte dos títulos remunerados pela variação do câmbio e da taxa SELIC por títulos com rentabilidade prefixada e vinculada a índices de preços, além da contribuição para o desenvolvimento da estrutura a termo de taxa de juros (prefixada e de índices de preços).

A implementação das diretrizes do PAF-2004 implicou a promoção e adoção de diversas medidas de aprimoramento da administração da dívida pública. Na área sob controle direto do Tesouro Nacional, a oferta, foram adotadas iniciativas como o aprimoramento do mercado dos títulos indexados ao IPCA e a ampliação das possibilidades de trocas de títulos a preços de mercado. Já no campo onde a atuação do Tesouro Nacional é mais indireta, a indução da demanda, as ações no sentido de ampliar a base de investidores foram os maiores destaques, juntamente com a contribuição dada no sentido de criar um sistema de tributação decrescente da remuneração das aplicações financeiras, de acordo com o prazo do investimento.

Medidas no Lado da Oferta

Ao longo de 2004, o Tesouro Nacional continuou adotando uma série de medidas, de caráter estrutural, com destaque para: (i) organização dos vencimentos dos títulos em meses específicos (benchmarks), visando aumentar a liquidez e melhorar a sua precificação no mercado secundário; (ii) operações de troca de títulos de curto prazo por outros com prazos mais longos; e (iii) realização de resgates antecipados, buscando reduzir o risco de refinanciamento e, no caso dos títulos indexados a índices de preços, também visando o aumento da liquidez e a

precificação mais precisa no mercado secundário.

Em relação à organização dos vencimentos dos títulos em meses específicos, o Tesouro Nacional tem procurado estruturar suas emissões de modo que os títulos prefixados vençam no primeiro mês, os remunerados por índices de preços no segundo mês, e os indexados à taxa SELIC no terceiro mês de cada trimestre civil.

Gráfico XVII Organização Mensal dos Vencimentos dos Títulos Públicos

Fonte: Tesouro Nacional Obs.: Os vencimentos dos títulos indexados a índices de preços referem-se especificamente às NTN-B.

As operações de troca e resgates antecipados, apontados nos itens (ii) e (iii) acima, alcançaram volumes expressivos. Ao longo de 2004, o volume de títulos recebidos em operações de troca foi de R$ 28,1 bilhões, ao passo que foram resgatados antecipadamente R$ 19,3 bilhões, ambas operações contribuindo para a melhora do perfil da dívida.

Tabela II Volume Recebido em Trocas e Resgates Antecipados (R$ milhões)

Fonte: Tesouro Nacional

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Avanços na Administração da Dívida Pública Uma das principais ações adotadas em 2004 no âmbito do gerenciamento da dívida, associada à diretriz de ampliação da parcela de títulos indexada a índices de preços, foi a melhoria no mercado de NTN-B, título indexado ao IPCA.

A NTN-B é um ativo de grande interesse para as entidades de previdência complementar, pois possui elevada correlação com os seus passivos, caracterizados por uma meta composta de taxa de juros real e correção por índices de preços. Como a maioria dos fundos de pensão adota o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) como indexador da sua meta atuarial5, a emissão de um título indexado ao IPCA representou um grande avanço para estas entidades comparativamente à NTN-C. No período de julho de 1994 a novembro de 2004, por exemplo, a correlação entre IPCA e INPC foi de 97,8%, ao passo que entre o IGP-M e o INPC, ficou em 70,5%. Como a maior parte desses títulos é mantida em carteira, sem intenção de negociação, o Tesouro Nacional procurou ampliar a liquidez deste mercado estruturando os vencimentos da NTN-B e seus juros de modo a gerar fluxos de recebimentos para os seus detentores sempre no segundo mês de cada trimestre civil, seguindo estratégia de adoção de benchmarks para os títulos públicos.

A retomada das emissões deste título, ocorrida em setembro de 2003, e o estreitamento das relações entre o Tesouro Nacional e os fundos de pensão, contribuíram para a ampliação da participação dos títulos indexados a índices de preços no total da dívida, satisfazendo duas diretrizes do PAF.

Ainda visando ampliar a liquidez das NTN-B, o Tesouro Nacional deu prosseguimento ao programa de resgates antecipados – inicialmente mensais – oferecendo, assim, uma alternativa ao mercado secundário, ainda

5 Segundo a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP), representante dos fundos de pensão, com base em dados referentes até o último trimestre de 2003, cerca de 74% de suas associadas possuíam passivo atuarial indexado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

pouco desenvolvido. Ao longo do ano, buscando atender às necessidades do mercado, aumentou-se a freqüência dos leilões de venda e dos resgates antecipados, tendo estes passado a ocorrer duas vezes por mês. Complementarmente, deu-se continuidade aos leilões mensais de troca, buscando, com estas iniciativas, desenvolver o potencial vislumbrado para as NTN-B.

Quadro I – Strips de Cupons de NTN-B Visando estimular a negociação de títulos de longo prazo indexados ao IPCA, foram implementadas operações envolvendo os cupons (juros pagos semestralmente) das NTN-B. Na primeira vez que se abriu esta possibilidade, permitiu-se que os detentores destacassem os cupons com vencimentos mais próximos, isto é, agosto e novembro de 2004, e os ofertassem no leilão de resgate antecipado aberto pelo Tesouro Nacional exclusivamente para os dealers. Adicionalmente, passou-se também, a partir de agosto, a aceitar estes cupons nos leilões de troca de NTN-B de prazos mais longos.

Estas ações foram adotadas em conjunto com a emissão de títulos com vencimentos organizados (benchmarks), referida anteriormente, implementada pelo Tesouro Nacional a partir de 2003, possibilitando a formação de um portfólio com fluxos trimestrais de pagamento. Os vencimentos desses títulos acontecem em anos pares (2006 e 2024), com pagamento de cupom no mês de fevereiro e agosto, e em anos ímpares (2009, 2015 e 2045), com pagamento de cupom em maio e novembro.

Com estas novas possibilidades, os gestores passaram a ter maior flexibilidade para adequar seus fluxos de caixa, podendo até mesmo realizar antecipações relativas aos pagamentos dos cupons e ampliar as alternativas de negociação de títulos indexados a índices de preços. Além disso, tal medida deverá ainda propiciar o aumento do volume de negociação no mercado secundário e o crescimento da demanda potencial para esses títulos.

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Avanços na Administração da Dívida Pública Em agosto, o Tesouro Nacional iniciou os leilões de NTN-B com prazo de 40 anos (2045), tendo por objetivo primordial o alongamento do perfil da dívida pública. Esse prazo representou o vencimento mais longo já emitido pelo Tesouro Nacional em oferta pública, tanto no mercado interno quanto externo. A partir de então, o Tesouro Nacional colocou em mercado R$ 709,5 milhões de NTN-B com este vencimento, recebendo dinheiro e títulos em troca. Independente do volume emitido, a abertura de um mercado para este vencimento, também contribuiu para a implementação das diretrizes estabelecidas no PAF.

Gráfico XVIII Volume de NTN-B 2045 em Poder do Público

Fonte: Tesouro Nacional

A ênfase nas NTN-B não implicou na cessação das vendas mensais de NTN-C (título indexado ao IGP-M). Ao contrário, sustentou-se mensalmente um programa de trocas e resgates antecipados nos moldes do que foi realizado com as NTN-B, ampliando-se a liquidez das NTN-C, com vistas a torná-lo ainda mais atrativo para o mercado.

As trocas de títulos já em circulação por novos, remunerados a índices de preços, NTN-B e NTN-C, têm um importante papel de melhoria na composição da dívida. Nestas ocasiões são aceitos, por parte do Tesouro Nacional, apenas títulos com prazos inferiores aos emitidos, mas não somente vinculados a índices de preços, também se abrindo a oportunidade de diminuir o estoque de títulos indexados à taxa de juros e ao câmbio.

O ganho obtido com os leilões de troca de NTN-B e NTN-C, em termos de alongamento do prazo médio, chegou a 63,5 meses. Talvez mais importante: 43% do valor financeiro recebido nos leilões de troca de NTN-B correspondeu ao resgate de títulos indexados à SELIC, sendo que nos leilões de troca de NTN-C, este percentual chegou a 45%.

Gráfico XIX Títulos Recebidos nos Leilões de Troca por NTN-B e NTN-C

Obs.: Os títulos indexados ao IGP-M referem-se às NTN-C,

CFT-E e títulos da Dívida Securitizada.

Fonte: Tesouro Nacional.

Diversas medidas introduzidas em 2003 tiveram continuidade em 2004. O Tesouro Nacional manteve, por exemplo, a emissão de NTN-F (título prefixado, com prazo mais longo que as LTN) com cupons destacáveis do principal (strips). O volume emitido ao longo do ano chegou a R$ 2,2 bilhões, tendo, a partir do segundo semestre, apresentado trajetória crescente. A emissão deste título atende em especial a diretriz de se continuar desenvolvendo a curva de juros futuros.

Ainda no lado da oferta, o Tesouro Nacional realizou, excepcionalmente nos meses de maio e agosto, resgates antecipados e operações simultâneas de compra e venda de LFT, com o intuito de preservar a qualidade dos títulos públicos, reduzindo a volatilidade em um momento de maior turbulência do mercado. O Tesouro Nacional procurou, com estas operações, fornecer um parâmetro de preço para a negociação de seus papéis em momento de baixa liquidez no mercado. Em maio, em particular, foram realizados também

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Avanços na Administração da Dívida Pública dois leilões de compra e venda simultânea de LTN, com o intuito de reduzir a volatilidade verificada em virtude da diminuição da liquidez desses títulos. Estas medidas tiveram o efeito esperado. O mercado se normalizou, e prontamente retomou a trajetória de aumento da participação de títulos prefixados, que voltaram a responder por aproximadamente metade do volume emitido pelo Tesouro em seus leilões semanais.

Gráfico XX Composição das Emissões de Títulos Públicos em Leilões

Fonte: Tesouro Nacional

Medidas no Lado da Demanda A ampliação e diversificação da demanda e da base de investidores reduzem o risco de mudanças abruptas nas condições de refinanciamento em momentos de maior turbulência do mercado. As medidas com esse objetivo são de diversas naturezas, algumas envolvendo nova legislação e outras resultantes de ações do próprio mercado e cooperação com o governo.

Implementação da Conta Investimento

Uma das medidas mais importantes tomadas ao longo do ano, no que se refere à administração da dívida, foi a criação da Conta Investimento, através da Lei n° 10.892, de 13 de julho de 2004. O objeto central desta Lei foi a isenção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira - CPMF sobre o giro das aplicações financeiras. Com isso, desde 1º de outubro, quando a medida entrou em vigor, o trânsito de recursos entre as aplicações

financeiras de qualquer natureza – inclusive em cadernetas de poupança (em caráter opcional) – está isento do pagamento de CPMF. Não foram contempladas pela medida as operações de compra e venda de ações e os contratos referenciados em ações ou em índices de ações, pois sobre estas operações já não incidia CPMF. Por esta medida, também a cobrança do chamado “come-cotas” foi modificada, passando de mensal para semestral6.

No novo ambiente, mudanças de aplicações dentro da Conta Investimento estão isentas, assim como o retorno dos recursos da Conta Investimento para a conta corrente. Por outro lado, o primeiro movimento da conta corrente para a Conta Investimento continua a ser tributado, como outros movimentos para fora da conta corrente (e.g., pagamentos). Além disso, o estoque das aplicações existentes antes da entrada em vigor da Medida Provisória só poderá ser transferido para o ambiente da Conta Investimento sem o pagamento de CPMF a partir de 1º de outubro de 2006. Esta restrição visou criar um fator de estabilidade para o sistema financeiro, evitando mudanças maciças de recursos enquanto os bancos vão se acostumando ao novo ambiente.

A Conta Investimento permite ao investidor uma alocação mais eficiente de seus recursos; oferece isonomia entre os fundos exclusivos e o restante da indústria de fundos; aumenta a competitividade na indústria de fundos e o giro do mercado secundário.

A Conta Investimento é um fator de democratização e isonomia no mercado financeiro. Antes do advento da Conta Investimento, a incidência à alíquota zero no giro estava restrita àqueles investidores que podiam se beneficiar de fundos exclusivos. Por outro lado, a Conta Investimento reduziu substancialmente o custo da mudança de aplicação, facilitando a movimentação de

6 Convencionou-se, no mercado, chamar de “come-cotas”, o imposto de renda sobre renda fixa, cobrado periodicamente nas aplicações em fundos de investimento.

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Avanços na Administração da Dívida Pública recursos em direção às aplicações e fundos mais rentáveis, o que gerará mais concorrência e eficiência.

A diminuição dos custos de transação entre instrumentos de poupança deverá também aumentar o giro do mercado secundário. Isso trará benefício adicional para a administração da dívida pública, ao implicar melhor precificação dos ativos e aumento da demanda por títulos públicos.

Tributação decrescente da remuneração das aplicações financeiras

As Medidas Provisórias nos 206 e 209, editadas em agosto de 2004, visaram incentivar as aplicações financeiras de médio e longo prazo, por meio de um tratamento tributário diferenciado, tanto para as aplicações de renda fixa quanto de renda variável.

Além de estimular a formação de poupança de longo prazo, as medidas contribuem para o gerenciamento da dívida pública. Em conjunto com a Conta Investimento, estas medidas darão um grande impulso para a melhora do perfil da dívida pública, na medida em que o alongamento das aplicações deverá se refletir no alongamento do seu lastro, composto em grande parte por títulos públicos.

A Medida Provisória nº 206 estabeleceu um critério de tributação decrescente da remuneração das aplicações financeiras, de acordo com o prazo de permanência dos recursos na aplicação. Além disso, todos os investidores em fundos de investimentos classificados como renda fixa, independente do prazo que mantiverem suas aplicações, passaram a ter o benefício de pagarem o "come cotas" pela alíquota mais baixa de 15%, aumentando o retorno efetivo de seus investimentos, eventuais ajustes nas alíquotas sendo feitos apenas no momento do resgate da aplicação.

Tabela III Nova Estrutura de Imposto de Renda sobre Renda Fixa - IRRF

Fonte: Receita Federal

Com a nova estrutura, rendimentos dos recursos aplicados por até seis meses passaram a ter alíquota de imposto de renda sobre renda fixa (IRRF) de 22,5%, e entre seis meses e um ano a alíquota permaneceu no nível anterior, 20,0%. Já os investidores que mantiverem a aplicação por prazos acima de um ano passam a pagar alíquota de IRRF inferiores à vigente até 2004: 17,5% para recursos mantidos em aplicações por um período entre 12 e 24 meses e 15,0% para as aplicações mantidas por mais de 24 meses.

Para alinhar o incentivo dado ao investidor com aqueles que afetam os gestores, ao requisito de permanência na aplicação, foi acrescentado um requisito quanto à carteira de títulos no caso dos fundos mútuos de investimento. Em particular, o artigo 6º da Medida Provisória nº 209, mirando nos dispositivos da Instrução Normativa CVM nº 409, estabeleceu um tratamento diferenciado para fundos de investimentos em renda fixa cuja carteira de títulos tenha prazo médio inferior a 365 dias corridos. Estes fundos estariam sujeitos a alíquotas de IRRF diferenciadas: (i) 22,5% para aplicações com permanência de até seis meses e; (ii) 20,0% para aplicações com permanência de qualquer prazo acima de seis meses. No caso dos fundos com prazo superior a 365 dias, estes estariam sujeitos aos princípios gerais de tributação.

Cabe observar que as regras tributárias previstas na Medida Provisória nº 206 e no artigo 6º da Medida Provisória nº 209 não se

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Avanços na Administração da Dívida Pública aplicam a fundos de ações e clubes de investimentos em ações, que terão alíquota única de 15,0%.

Tributação decrescente do rendimento da previdência complementar

A Medida Provisória nº 209 também introduziu aprimoramentos na tributação dos planos de benefício de caráter previdenciário e de seguro de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência. Estendeu-se à poupança interna de caráter previdenciário a estrutura decrescente de tributação. Novos planos ficaram sujeitos às alíquotas do imposto de renda retido na fonte de acordo com o prazo de acumulação dos recursos, como descrito a seguir.

Tabela IV Estrutura de Tributação dos Novos Planos de Previdência Complementar

Fonte: Receita Federal

A nova estrutura de tributação incentiva o alongamento dos prazos das aplicações com fins previdenciários, na medida em que, durante o período de acumulação dos recursos, as contribuições deixam de ser tributadas pelas alíquotas cabíveis ao rendimento do trabalho (15,0% e 27,5%) e os benefícios—correspondendo às contribuições e seus rendimentos—serão tributados em apenas

10,0%, quando os resgates se derem após dez anos.

Para os planos atualmente disponíveis no mercado vale o princípio da neutralidade, ou seja, o tratamento tributário vigente no período de acumulação é integralmente compensado no momento do recebimento dos benefícios.

A Medida Provisória n.º 209 também extinguiu o Regime Especial de Tributação, em consonância com os pleitos do setor de fundos de previdência complementar. A partir de 1º de janeiro de 2005, foram dispensados a retenção na fonte e o pagamento em separado do Imposto de Renda sobre os rendimentos e ganhos auferidos nas aplicações de recursos das provisões, reservas técnicas e fundos de planos de benefícios de entidade de previdência complementar, sociedade seguradora e FAPI, bem como de seguro de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência. Essa alteração permitiu que toda a acumulação de recursos por meio dessas aplicações seja isenta de IR, o que é particularmente vantajoso para aplicações de longo prazo.

Medidas para a ampliação da base de investidores

A aproximação com investidores institucionais tem sido uma medida de caráter estratégico na administração da dívida pública, uma vez que permite o Tesouro Nacional identificar fatores determinantes da demanda dos diferentes grupos que investem em títulos públicos. Em 2004, foi adotado um cronograma de reuniões com vários destes grupos, para intensificar o processo de aproximação com eles. De março a novembro foram realizadas cerca de 20 reuniões com entidades fechadas e abertas de previdência complementar, bancos comerciais e de investimentos, seguradoras, e empresas de capitalização.

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Avanços na Administração da Dívida Pública A intermediação, bem como o sucesso deste conjunto de reuniões, contou com a parceria das associações que representam os referidos grupos: ABRAPP, ANAPP, FENASEG, FEBRABAN, ANDIMA, e ANBID7. Estes foruns permitiram a discussão de várias das medidas tomadas ao longo do ano, além de se constituirem em ambiente para a discussão de instrumentos de administração da dívida e estudos sobre modelagem de risco.

Novos Parâmetros de Referência e Contratos de Mercado Futuro

Em consonância com as diretrizes da administração da dívida pública de aumentar a participação de títulos prefixados e indexados a índices de preços, o Tesouro Nacional apoiou o lançamento de vários instrumentos financeiros em 2004.

O primeiro grupo reflete a criação de novos índices de renda fixa pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro – Andima. Os novos índices de renda fixa para carteiras compostas por títulos públicos federais atende à demanda dos gestores de carteiras por parâmetros (benchmarks) mais adequados à avaliação do desempenho de suas carteiras. Como os índices procuram refletir o desempenho de uma carteira que replique a composição da dívida pública, o Tesouro proverá à Andima o volume em mercado de cada título da dívida mobiliária. Os novos índices, que ponderarão, de acordo com a composição da dívida pública em mercado, o retorno de cada título, levantado pela Andima, ajudarão a aprofundar a confiança entre cotistas e gestores de fundos, ao permitir comparações quantitativas confiáveis. Adicionalmente, os índices auxiliarão a aumentar a demanda destes títulos no mercado primário e a liquidez no mercado secundário.

7 Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP), Associação Nacional de Previdência Privada (ANAPP), Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização (FENASEG), Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (ANDIMA), Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID) e Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN).

Os novos índices de renda fixa, que servirão como referência aos investidores para comparar a rentabilidade do seu fundo de investimento, têm as características definidas na tabela a seguir:

Tabela V Novos Índices de Renda Fixa

Fonte: Andima

Uma segunda iniciativa importante foi o lançamento, pela Bolsa de Mercadorias e Futuros – BM&F, de dois novos contratos de instrumentos derivativos. Primeiro é o contrato futuro de IPCA, e o segundo, o contrato futuro de Cupom de DI x IPCA. Esses contratos deverão ter sua negociação iniciada em fevereiro de 2005. Eles deverão propiciar aos investidores tradicionalmente demandantes de ativos remunerados por índices de preços instrumentos adicionais para administrar suas carteiras. Além disso, eles deverão atrair novos investidores para este mercado, facilitando a diminuição da parcela da dívida indexada à taxa SELIC em favor de títulos remunerados a índices de preços, que tipicamente apresentam vencimentos longos.

Especificamente, a possibilidade dos cupons das NTN-B poderem ser destacados e negociados (stripping), junto à existência de um mercado de derivativos do cupom DI x IPCA permitirá que o próprio mercado ofereça o primeiro tipo de remuneração aos investidores que a demandem, aumentando a margem para

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Avanços na Administração da Dívida Pública que o Tesouro ofereça títulos indexados ao IPCA.

Clearing de Ativos e Plataformas de Negociação Eletrônica

A implementação da Câmara de Compensação (Clearing) de Ativos desenvolvida pela BM&F, em maio de 2004, e a criação da Plataforma de Negociação da CETIP, em setembro de 2004, foram duas outras medidas com vistas ao desenvolvimento do mercado secundário de títulos públicos.

A Clearing de Ativos abriga o registro, compensação e liquidação de operações com títulos de renda fixa. A nova Câmara reduz os custos das transações e o risco de crédito das contrapartes. Neste particular, ao diminuir o risco e a necessidade de capital envolvido, posto que a liquidação é por diferença, promove-se o aumento da participação de instituições menores no mercado secundário de títulos públicos federais, estimulando a ampliação e liquidez deste mercado.

Inicialmente, o mercado alvo é o de títulos públicos que estejam custodiados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC e que sejam passíveis de redesconto junto ao Banco Central.

As operações são feitas por meio do Sisbex, um sistema eletrônico de negociação e registro. As principais conseqüências do uso de um sistema eletrônico de negociação são a melhor precificação dos ativos negociados, o aumento da liquidez no mercado secundário e a ampliação da capilaridade do mercado.

Ao tornar os negócios no mercado secundário mais accessíveis e transparentes, a Câmara tem o potencial também de contribuir para a consolidação da estrutura a termo da taxa de juros doméstica, importante fator de referência para os emissores privados.

Além da implementação da Clearing de Ativos da BM&F e a utilização do Sisbex como

plataforma de negociação eletrônica de títulos, o mercado de tela doméstico foi complementado com a criação da Plataforma de Negociação da CETIP, lançada em 30 de setembro de 2004. Este instrumento oferece ao mercado financeiro a possibilidade de realização de diversas operações on-line, como a negociação de títulos de renda fixa (públicos e privados) e valores mobiliários, a cotação eletrônica e leilões de emissão primária ou de negociação no mercado secundário, além da modalidade de operações a termo de leilão com títulos do Tesouro Nacional.

Tesouro Direto

Apesar de as ações descritas acima contribuírem para a ampliação da base de investidores em títulos públicos, a concentração dessa base e da sua gestão em um pequeno grupo de agentes ainda é intensa. A maior parte dos títulos continua sendo detido por um grupo restrito de investidores, principalmente de fundos mútuos (fundo de investimento) e tesourarias de instituições financeiras (carteira própria). Ainda que sujeitos à concorrência e às regras de restrição ao uso de informações privilegiadas ou ações coordenadas, esses agentes têm naturalmente comportamento, incentivos e preocupações bastante similares. Estes fatores diminuem a diversidade de visões e respostas a eventos e, portanto, a diversificação do risco enfrentado pelos administradores da dívida pública.

Gráfico XXI Detentores de títulos públicos da DPMFi em Poder do Público

Fonte: Tesouro Nacional e Banco Central.

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Avanços na Administração da Dívida Pública Para diversificar sua base de investidor, o Tesouro, em contato com os investidores institucionais, também vem se aproximando do varejo. Esta é a raiz do Tesouro Direto, um programa que permite às pessoas físicas adquirirem títulos públicos diretamente através da Internet.

O programa Tesouro Direto possui mais de 32 mil investidores cadastrados, que podem aplicar mensalmente entre R$ 200 e R$ 200 mil. Desde a criação do programa (jan-02), o valor médio por operação de cada ano, sempre esteve acima dos R$ 8 mil, o que está de acordo com o público alvo deste programa, caracterizado pela participação do pequeno investidor. Além disso, no mês de dezembro de 2004 o Tesouro Direto bateu o recorde de vendas em termos financeiros, atingindo a cifra de R$ 39,8 milhões, quando no mês de pico de 2003 (setembro) foram vendidos R$ 33,5 milhões em títulos.

Gráfico XXII Vendas do Tesouro Direto

Fonte: Tesouro Nacional.

O prazo médio das aplicações do Tesouro Direto, foi de 67,2 meses para o ano de 2004, 39,1 meses mais longo que o prazo médio da DPMFi (28,1 meses). Isto indica um perfil diferenciado dos investidores que visam a formação de poupança de longo prazo.

O acesso fácil e democrático, aliado à privacidade do investidor e à disponibilidade de informações para iniciar e manter as aplicações, são marcas do programa. As aplicações no Tesouro Direto oferecem, também, taxas de administração inferiores às

cobradas em outras aplicações, além de permitir que o próprio investidor gerencie sua carteira através da internet. O Tesouro Direto tem alcançado grande sucesso, sem a necessidade de campanhas de propaganda comercial. Por seus méritos, já atraiu investimentos de mais de R$ 600 milhões.

Gráfico XXIII Total de Investidores Cadastrados no Tesouro Direto de jan/02 a dez/04

Fonte: Tesouro Nacional.

Dadas as vantagens do programa ao pequeno investidor e complementando o processo de aproximação com os investidores, o Tesouro Nacional se preocupou em adotar novas medidas no âmbito do Tesouro Direto visando ampliar as alternativas oferecidas pelo programa, bem como dar maior divulgação do mesmo.

Tesouro Direto - Doação

Em dezembro de 2004, o Tesouro Nacional lançou o Programa Tesouro Direto – Doação, que torna possível contribuições para entidades filantrópicas através da compra de títulos públicos.

Foram viabilizadas duas formas de contribuição. Umas delas, a doação do título ou de parcela dele, ou seja, do valor referente ao principal e aos juros (cupons) da aplicação. A outra, a doação apenas de cupons de juros das Notas do Tesouro Nacional negociadas no Tesouro Direto (NTN-B, NTN-C e NTN-F).

A Pastoral da Criança e o Programa Fome Zero foram os dois primeiros beneficiários potenciais

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Avanços na Administração da Dívida Pública a serem registrados. No entanto, qualquer outra instituição reconhecida pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome pode ser cadastrada. Para isso, basta apresentar o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS) às corretoras e bancos que operam o programa Tesouro Direto. Uma vez que o programa é destinado exclusivamente a pessoas físicas, é vedado às entidades filantrópicas adquirirem novos títulos. Aquelas beneficiadas com títulos integrais podem vendê-los nos resgates antecipados semanais realizados pelo Tesouro Nacional.

Como se pode destinar, para doação, os cupons (ou parte deles) ou qualquer fração da carteira (em múltiplos de 0,2 título), as possibilidades são extremamente variadas para o aplicador. Com isso, além de um investimento altamente competitivo, o Tesouro Direto passou a facilitar que se doe um fluxo de recursos automático às entidades beneficiadas. Como o Tesouro Direto é uma aplicação de custo de administração muito baixo e rendimento de mercado, o rendimento líquido da aplicação, mesmo depois de doação de, por exemplo, metade do valor dos cupons, mantém-se muito competitivo, especialmente para pequenas e médias aplicações.

Tesouro Direto – Divulgação do Programa

Uma das formas principais de divulgação do Tesouro Direto foi a participação do Tesouro Nacional, em conjunto com a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia, parceira no Tesouro Direto, em diversos eventos.

O Tesouro esteve na Expo Trader Brasil, que ocorreu em maio de 2004, em São Paulo. O Tesouro também esteve nas Expo Money de setembro, no Rio de Janeiro, e outubro, novamente em São Paulo. Estes eventos, segundo estimativas dos organizadores, contaram com a visita de aproximadamente 15.000 pessoas.

Ainda no intuito de disseminar as informações sobre o programa, o Tesouro Nacional deu início a uma série de visitas a universidades e empresas que se mostraram interessadas em conhecer melhor o programa. Destacam-se neste âmbito as palestras realizadas na Embraer, em São José dos Campos, na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, na Faculdade de Administração e Economia de Curitiba e no escritório central da Itaipu Binacional, também na capital paranaense.

Em 2004, o Tesouro Nacional começou a planejar uma campanha mais ampla de divulgação em eventos e palestras, que deverá atingir bom número de grandes empresas, entidades de classe e sindicatos.

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Resultados Alcançados Seção 3: Resultados Alcançados

O gerenciamento da Dívida Pública Federal – DPF tem como objetivo minimizar o seu custo de financiamento, mantendo níveis prudentes de risco. Nesse sentido, as principais diretrizes do PAF 2004 basearam-se no alongamento dos prazos de vencimento da dívida pública, bem como na melhora da composição do passivo público do Governo, buscando privilegiar os títulos prefixados e indexados a índices de preços, em detrimento dos títulos remunerados por juros pós-fixados e câmbio.

As metas que refletiam as diretrizes mencionadas foram, em sua maioria, atingidas. Destaque para performance da composição da dívida, tanto em relação à Dívida Pública Federal – DPF, quanto à Dívida Pública Mobiliária Federal interna – DPMFi. Em especial, ressalta-se o aumento da participação relativa dos títulos prefixados; a continuidade da forte queda da exposição ao câmbio, que vem ocorrendo desde 2002; e, após atingir o pico em 2003, queda na participação de títulos remunerados por taxa de juros pós-fixada. Além disso, destaca-se que a evolução do estoque ao longo de 2004 teve trajetória inferior à visão mais otimista do PAF 2004.

No entanto, alterações nas expectativas de taxas de juros no decorrer do ano e medidas em prol do desenvolvimento do mercado financeiro e diversificação da base de investidores provocaram, num primeiro momento, maior demanda por liquidez8. Este movimento teve por conseqüência a redução dos prazos de emissão inicialmente previstos.

Estratégia

A estratégia de financiamento do Tesouro Nacional relativa ao exercício de 2004 centrou-se nas seguintes hipóteses de referência: i) a não emissão de títulos cambiais, em especial as NTN-D; ii) a assunção de cerca de R$ 11,5

8 Estas medidas foram a implementação da Conta Investimento e a tributação decrescente para os fundos de investimento e novos planos de previdência complementar, detalhadamente explicadas na seção anterior.

bilhões em CVS9; e iii) a emissão, no mercado internacional, de US$ 5,5 bilhões em bônus globais, dos quais US$ 1,5 bilhão foram pré-financiados em 2003.

A suspensão de emissões de NTN-D contribuiu de forma significativa para que os objetivos de redução da exposição cambial da dívida pública fossem atingidos. Dentro da mesma estratégia, o Banco Central optou pela redução na rolagem dos swaps cambiais que venceram ao longo do ano, tendo em vista a melhora do ambiente macroeconômico.

Quanto à estratégia de emissão no mercado internacional, as diretrizes e aprovações de novas operações foram realizadas no âmbito do Comitê Estratégico de Gestão da Dívida Externa (CODEX). A emissão total do ano foi de US$ 4,2 bilhões, que somados aos US$ 1,5 bilhão antecipados em 2003, perfizeram US$ 5,7 bilhões.

Além disso, o Tesouro Nacional iniciou, ainda em 2004, o programa de financiamento externo para 2005. Nele, está prevista a emissão de até US$ 6,0 bilhões de dólares, dos quais US$ 1,5 bilhão foi pré-financiado em 2004, através da emissão em outubro do Global 2019, no montante de US$ 1,0 bilhão, e da reabertura, em dezembro, do Global 2014 (US$ 500 milhões).

Com relação à estratégia de emissões internas, as metas foram as seguintes:

i. Títulos prefixados: alongamento gradual dos prazos de emissão, iniciando-se com prazo de 12 meses (para os títulos mais curtos) e 18 meses (para as LTN mais longas), chegando próximo a 24 meses ao final do ano. Utilização da NTN-F visando o alongamento do prazo médio de emissão;

ii. Títulos remunerados a índices de preços: emissões líquidas ao longo do ano com

9 Títulos emitidos pelo Tesouro Nacional no âmbito da renegociação das dívidas advindas do Fundo de Compensação de Variações Salariais – FCVS, remanescentes da liquidação de contratos de financiamento habitacional.

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Resultados Alcançados

Execução da Estratégia e Resultados alcançados

os mesmos prazos de 2003 e criação de novos vértices para consolidação da curva de juros de médio e longo prazo;

Os indicadores de estoque e composição (prefixados; indexados à taxa SELIC; índices de preços e câmbio) capturam a evolução positiva da dívida.

iii. Títulos indexados à taxa SELIC: resgates líquidos, com alongamento gradual dos prazos de emissão desses títulos.

Tabela VI Resultados para a Dívida Pública Mobiliária Federal Interna – DPMFi

Fonte: Tesouro Nacional. Elaboração STN/COGEP

Tabela VII Resultados para a Dívida Pública Federal – DPF

Fonte: Tesouro Nacional. Elaboração STN/COGEP

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Resultados Alcançados Estoque

Em 2004, o estoque da Dívida Pública Federal (que inclui a Dívida Pública Mobiliária Federal interna – DPMFi e a Dívida Pública Federal externa – DPFe) cresceu nominalmente 5,0%, passando de R$ 965,8 bilhões no final de 2003, para R$ 1.013,9 bilhões ao final de 2004, abaixo das faixas estabelecidas pelo PAF 2004 (R$ 1.080,0 bilhões e R$ 1.150,0 bilhões).

O estoque da DPFe diminuiu 13,1%, passando de R$ 234,4 bilhões em dezembro de 2003, para R$ 203,6 bilhões em dezembro de 2004, em resposta à valorização do câmbio durante o referido ano, bem como aos vencimentos de bônus soberanos e passivos contratuais. Por este motivo, analisando a dívida externa em dólares, percebe-se uma queda de 1,4%, já que no final de 2003 o estoque da dívida era de US$ 77,9 bilhões, havendo redução para US$ 76,8 bilhões ao final de 2003.

A Dívida Pública Mobiliária Federal Interna - DPMFi cresceu 10,8% em termos nominais, evoluindo de R$ 731,4 bilhões, no início de 2004, para R$ 810,3 bilhões ao final do ano.

O estoque da DPMFi situou-se um pouco abaixo do limite inferior do PAF, tendo o Tesouro Nacional declinado de aumentar de forma mais intensa as suas disponibilidades, (“colchão de liquidez”), em vista também da evolução da taxa de juros de curto prazo. Além disso, a implantação da Conta Investimento e da tributação decrescente aumentou a demanda por liquidez na segunda metade do ano. Esta demanda foi atendida por uma gama de operações de diferentes prazos e formas de remuneração ofertadas pelo Banco Central.

Gráfico XXIV DPF e DPMFi

Fonte:Tesouro Nacional

Obs.: As linhas horizontais referem-se aos limites

superiores e inferiores do PAF 2004.

Prazo Médio

O prazo médio da DPF e da DPMFi situaram-se ao final de 2004 abaixo dos limites mínimos estabelecidos no PAF. O prazo médio da DPF se situou em 35,3 meses (limites entre 40,0 meses e 45,0 meses), enquanto o da DPMFi situou-se em 28,1 meses (limites entre 34,0 meses e 38,0 meses).

Os resultados relativos ao prazo médio refletem não somente a inflexão no aumento de prazo observado até meados do segundo trimestre, mas também a menor emissão de CVS.

A emissão de CVS limitou-se em 2004 a R$ 8,14 bilhões, contra os R$ 11,5 bilhões previstos no PAF. Uma vez que estes títulos possuem vencimento até 2027, caso a hipótese de emissão do volume total de CVS tivesse sido confirmada, o prazo médio da DPF e da DPMFi sofreria um impacto positivo, alcançando 35,5 meses e 28,4 meses, respectivamente.

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Page 35: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Resultados Alcançados Gráfico XXV Prazo Médio da DPF e da DPMFi

Fonte: Tesouro Nacional

Obs.: As linhas horizontais referem-se aos limites

superiores e inferiores do PAF 2004.

Percentual vincendo em 12 meses

O aumento do estoque de títulos prefixados, normalmente emitidos com prazos de vencimentos relativamente mais curtos contribuiu para o relativo aumento da proporção da dívida vincendo em 12 meses. Esta evolução deu-se, conjugada com a redução dos próprios prazos de emissão destes títulos depois de maio. Assim, este indicador excedeu o valor previsto no PAF, terminando o ano de 2004 em 39,3% e 46,1% para a DPF e DPMFi, respectivamente.

Gráfico XXVI Percentual Vincendo em 12 meses da DPF e da DPMFi

Fonte: Tesouro Nacional

Obs.: As linhas horizontais referem-se aos limites

superiores e inferiores do PAF 2004.

O aumento da participação relativa dos prefixados vem contribuindo significativamente para a diminuição da exposição a riscos por parte do Tesouro Nacional.

O índice DV01, isto é o “Dolar Value of a basis point change”, que representa a variação do valor da carteira em mercado devido a uma variação de 0,01 ponto percentual na taxa de desconto desta carteira ilustra a transformação da posição do Tesouro. O gráfico XXVII, confirma que o Tesouro Nacional vem adotando a prática comum na maior parte dos países, transferindo uma crescente parcela do risco de mercado (variação da taxa de juros de curto prazo) para o Mercado. Esta transferência traz benefícios tanto para a gestão da dívida pública, como para a eficiência do principal instrumento de política monetária no Brasil.

Gráfico XXVII Impacto da Variação de 1 b.p. na Taxa de Retorno sobre o Valor de Mercado da Dívida Prefixada

Fonte: Tesouro Nacional

Obs.: O impacto é medido em termos absolutos

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Page 36: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Resultados Alcançados Análise da Composição da Dívida

Títulos Prefixados

A participação dos papéis prefixados, tanto na DPMFi quanto na DPF, cresceu mais de 60% em 2004 frente o fechamento de 2003. Na DPMFi, passou de 12,5 pontos percentuais para 20,1 pontos percentuais; a participação na DPF subiu de 9,5 pontos percentuais, para 16,1 pontos percentuais. O resultado obtido está em linha com as diretrizes estabelecidas no PAF 2004, que determinavam limites de 13,0% a 23,0% para a DPMFi e de 9,0% a 19,0% para a DPF.

Gráfico XXVIII Participação de Títulos Prefixados

Fonte: Tesouro Nacional

Obs.: As linhas horizontais referem-se aos limites

superiores e inferiores do PAF 2004.

No primeiro semestre de 2004, foram emitidos R$ 62,3 bilhões em títulos prefixados, um valor substancialmente maior que os R$ 28,5 bilhões emitidos no mesmo período de 2003. As emissões no segundo semestre totalizaram R$ 81,4 bilhões, valor também superior aos R$ 63,5 bilhões do período equivalente de 2003.

Quanto aos resgates, os valores de 2004 superaram os de 2003 com larga margem: foram R$ 35,2 bilhões no primeiro semestre e R$ 56,8 bilhões no segundo semestre (contra R$ 13,7 bilhões e R$ 8,0 bilhões respectivamente, em 2003). Com isso, em 2004 houve uma emissão líquida de cerca de R$ 51,7 bilhões em títulos prefixados.

Gráfico XXIX Emissões e Resgates de Títulos Prefixados em Poder do Público

Fonte: Tesouro Nacional

O prazo médio de emissão dos prefixados sofreu oscilações ao longo de 2004. No início do período, os títulos eram emitidos com vencimento médio de 13,7 meses. Entre maio e agosto, o prazo caiu até o nível de 8,0 meses, apresentando recuperação a partir de setembro, e fechando o ano em 11,3 meses. Como resultado, o prazo de emissão dos títulos prefixados em 2004 chegou a 11,3 meses, superior ao prazo de 10,6 meses do ano anterior.

Gráfico XXX Prazo Médio de Emissão de Títulos Prefixados em Leilões

Fonte: Tesouro Nacional

O mercado absorveu bem o volume e prazo dos títulos prefixados. Os níveis médios de prêmios pagos nos leilões destes títulos, isto é, o ágio em relação ao DI de prazo equivalente, não aumentou em 2004 comparativamente a 2003. Além disso, o custo médio das LTN reduziu-se de forma bastante pronunciada em

Relatório Anual da Dívida Pública 2004 36

Page 37: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Resultados Alcançados 2004 em relação à média de 2003, na esteira da queda da SELIC.

Gráfico XXXI Custo Médio das LTN em Poder do Público

Fonte: Tesouro Nacional

Títulos Remunerados a Índices de Preços

A elevação da participação dos títulos remunerados a índices de preços em 2004, passando de 13,6% para 14,9% da DPMFi e de 10,3% para 11,9% na DPF, foi outro aspecto positivo na evolução da dívida pública.

Gráfico XXXII Participação de Títulos Remunerados por Índices de Preços

Fonte: Tesouro Nacional

Obs.: As linhas horizontais referem-se aos limites

superiores e inferiores do PAF 2004.

O Tesouro Nacional vem, desde dezembro de 1999, aumentando a participação dos títulos indexados ao preço no total da dívida pública. Esta participação no estoque da DPMFi, quase triplicou nos últimos cinco anos, partindo de um valor inicial de apenas 5,6%.

Gráfico XXXIII Emissões e Resgates de Títulos Remunerados por Índices de Preços

Fonte: Tesouro Nacional

No primeiro semestre de 2004 foram emitidos R$ 12,9 bilhões em títulos indexados aos preços, com resgates limitados a R$ 6,3 bilhões. No segundo semestre, o valor emitido caiu para R$ 6,7 bilhões e o valor resgatado subiu para R$ 7,5 bilhões. Como resultado, em 2004, houve uma emissão líquida de R$ 5,8 bilhões.

Títulos Remunerados pela taxa SELIC

A participação relativa dos títulos remunerados pela SELIC caiu, atingindo os limites estabelecidos no PAF 2004, tanto para DPMFi quanto para a DPF. Considerando apenas a dívida mobiliária interna, a participação alcançou 57,1%, para um intervalo de 50,0% a 61,0%, enquanto que para a DPF atingiu 45,6%, para um intervalo entre 39,0% e 47,0%.

A redução da exposição à taxa SELIC em 2004 adquire especial relevo por ter vindo após dois anos de crescimento desta participação. Em particular, a proporção dos títulos indexados à SELIC na DPMFi caiu dez pontos e meio percentuais entre abril de 2003, quando ela atingiu o pico de 67,7%, e o final de 2004.

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Page 38: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Resultados Alcançados Gráfico XXXIV Participação de Títulos Remunerados pela Taxa SELIC

Fonte: Tesouro Nacional

Obs.: As linhas horizontais referem-se aos limites

superiores e inferiores do PAF 2004.

Ao longo de 2004, as emissões de títulos indexados a SELIC alcançaram R$ 29,9 bilhões no primeiro semestre e R$ 80,6 bilhões no segundo semestre. Este volume foi inferior aos resgates (R$ 76,2 bilhões, na primeira metade do ano e R$ 87,5 bilhões na segunda metade), resultando em um resgate líquido de cerca de R$ 53,2 bilhões.

Gráfico XXXV Emissões e resgates de Títulos Remunerados pela Taxa SELIC

Fonte: Tesouro Nacional.

Dívida Remunerada pela Variação Cambial

A exemplo do que ocorreu em 2003, a redução da participação da dívida cambial em 2004 foi significativa. Ao final do ano, a participação estava reduzida a 24,2% da DPF, praticamente no piso inferior do intervalo de 24,0% e 30,0% estabelecido pelo PAF-2004.

Gráfico XXXVI Participação de Títulos Remunerados pela Variação Cambial

Fonte: Tesouro Nacional

Obs.: As linhas horizontais referem-se aos limites

superiores e inferiores do PAF 2004.

Também em relação à DPMFi, o resultado foi positivo. A previsão situava-se em uma participação relativa entre 5,0% e 7,0%, e o número realizado foi 5,2%, próximo ao limite inferior projetado.

A exposição cambial total do Governo Federal (Tesouro Nacional e Banco Central), incluindo, além da parcela da dívida cambial na DPMFi, os swaps, sob responsabilidade do Banco Central, também declinou. Essa exposição cambial era de 22,1% (DPMFi e swaps) em dezembro de 2003, reduzindo-se para 9,9% em dezembro de 2004. Os fatores que concorreram para esse resultado foram o não refinanciamento da quase totalidade dos swaps que venciam no período e a já citada continuidade da política de não emissão de títulos da DPMFi referenciados ao câmbio.

Em um ano em que se consolida a transferência do gerenciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal externa para o Tesouro Nacional, as captações soberanas adquiriram particular importância. Em 2004, a programação de captação superou as expectativas iniciais, a exemplo do que ocorreu em 2003, e encerrou o ano com um volume total de emissões de US$ 5,7 bilhões, sendo que US$ 1,5 bilhão do total previsto para 2004 já havia sido antecipado no ano de 2003 e US$ 4,2 bilhões foram emitidos ao longo de 2004. Além disso, foram antecipados US$ 1,5 bilhão

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Page 39: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Resultados Alcançados referentes aos US$ 6,0 bilhões de captações previstas para 2005. Ressalta-se que todas as emissões realizadas no ano de 2004 foram com Cláusulas de Ações Coletivas – CACs.

A primeira captação externa da República ocorreu logo no início de 2004, em janeiro, com a emissão do Global de 30 anos (vencimento em 2034) no montante de US$ 1,5 bilhão.

Gráfico XXXVII Yields nas Emissões Externas

* Refere-se à reabertura do título.

Fonte: Tesouro Nacional

Em meados de 2004, o Brasil mostrou que mantinha seu acesso ao mercado externo, apesar da turbulência nos mercados de capital internacionais. Em junho o Brasil emitiu o Global 2009, título de taxa flutuante, que permitia distinguir o risco Brasil da incerteza que envolvia os rumos da política monetária americana no segundo trimestre de 2004. Foi atendida uma demanda de US$ 750 milhões, maior que os US$ 500 milhões inicialmente ofertados.

Uma nova captação de US$ 750 milhões foi realizada em julho, já com taxas fixas, em vista da maior serenidade dos mercados internacionais. O Global 2014, típica referência (benchmark) de 10 anos foi emitido com um yield de 10,8% a.a..

Em setembro, a República voltou ao mercado de Euro após 2 anos (março de 2002). A captação do Euro, com vencimento em 2012, foi de EUR 750 milhões (US$ 913 milhões). Em razão do ótimo desempenho do título no mercado secundário, duas semanas após a

emissão, foi feita uma reabertura do Euro 2012 em EUR 250 milhões (US$ 306 milhões). Nesta operação, os resultados obtidos foram significativos. O spread, que em setembro já havia ficado em 477 pontos sobre o título de prazo equivalente do Tesouro alemão baixou para 439 pontos, o que se traduziu em uma redução do yield de 8,75% para 8,17% entre as duas operações.

Em outubro, foi anunciado o plano de financiamento para a dívida externa de 2005, após o encerramento do plano de 2004.

Aproveitando o cenário econômico doméstico favorável e a elevada demanda por títulos de mercados emergentes, o Governo iniciou, ainda em outubro, as captações para o ano seguinte.Nesta oportunidade, foram emitidos US$ 1,0 bilhão em bônus com vencimento em 2019.

Em dezembro, a República voltou ao mercado, oferecendo US$ 500 milhões na reabertura do Global 2014.

Ao final do ano, restaram apenas US$ 4,5 bilhões a serem emitidos do montante previsto de emissão para 2005 (de até US$ 6,0 bilhões).

As operações do Global 2019 e a reabertura do Global 2014 tiveram respectivamente spread de 492 e 398 pontos-base sobre o título equivalente do Tesouro americano, com yield de 9,15% a.a e 8,24% a.a.. Destaca-se que, no caso do Global 2014, a yield foi de 2,56 pontos percentuais abaixo da emissão realizada em julho, indicando o retorno a melhores condições de mercado.

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Page 40: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Resultados Alcançados Gráfico XXXVIII Yields dos Globals

Fonte: Bloomberg

Gráfico XXXIX Spread dos Globals

Fonte: Bloomberg

Tabela VIII Captações Soberanas

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Page 41: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Resultados Alcançados Análise de Risco

Os resultados alcançados em 2004 pela administração da dívida contribuíram para a diminuição dos riscos da DPF. Em particular, a melhora na composição teve uma série de efeitos: reduziu a vulnerabilidade da dívida aos riscos de mercado, na medida em que minimizou os impactos de choques de câmbio ou juros e também favoreceu o aumento da duração. Finalmente, a melhora da composição da dívida tornou o fluxo de vencimentos mais previsível e menos suscetível à volatilidade dos indexadores.

A análise de risco apresentada nessa seção está baseada na avaliação dos riscos de mercado e de refinanciamento da DPF e daqueles decorrentes do descasamento entre ativos e passivos do Governo Federal.

O risco de mercado se associa aos efeitos sobre o preço dos ativos decorrentes de mudanças nas taxas de juros, de câmbio, de inflação e na estrutura a termo das taxas de juros. Como cada tipo de papel reage de maneira distinta a cada um dos fatores listados, a composição da dívida tem importante papel na reação da carteira total.

A participação dos títulos prefixados, por exemplo, apresenta uma evolução acentuada no período indicado. Em 2002, a participação desses títulos na DPMFi era de 2,2% do estoque, passando para 20,1% em 2004.

Gráfico XL Composição da DPMFi

Fonte: Tesouro Nacional.

A participação de títulos remunerados ao câmbio, por seu lado, reduziu-se de 22,4% da DPMFi, em dezembro de 2002, para 5,1%, ao final de 2004.

Uma forma de avaliar os benefícios da melhora na composição é por meio da análise de stress, na qual se medem as conseqüências para a dívida de grandes choques nas taxas de câmbio ou juros.

Especificamente, representa-se o stress como um choque de três desvios padrão no valor da média móvel sobre 12 meses dos juros e do câmbio estimada para os cinco últimos anos10. Além disso, normaliza-se o volume da dívida para aquele observado ao final de 2004 (R$ 810,3 bilhões para a DPMFi), ou seja, com isso, distingue-se o efeito da variação na composição da dívida de eventuais efeitos pela variação no volume da dívida. Tanto o choque sobre o câmbio como sobre os juros são considerados persistentes (isto é, uma mudança de nível por um ano).

A Tabela VIII mostra a redução da sensibilidade da DPMFi à situações de stress no mercado, em decorrência da melhor composição do passivo público. Para choques nas taxas SELIC e de câmbio convencionados no cenário de stress11, o impacto negativo na DPMFi seria de cerca de R$ 132,0 bilhões (16,3% do total da DPMFi) quando a composição em 2002 é considerada, enquanto o impacto, considerando-se a composição existente ao final de 2004, seria de cerca de R$ 54,0 bilhões (6,6% da DPMFi). A redução do risco de stress é, portanto, de cerca de 60%.

10 As observações mensais sobre as quais se calcula o desvio padrão são os valores da média móvel dos juros e do câmbio sobre 12 meses. Isto permite normalizar os choque e capturar a dimensão da persistência de choques nas séries financeiras recentes. 11 Stress nesse exercício representa um choque de 3 desvios padrões nas séries históricas de juros e de câmbio dos últimos 5 anos.

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Page 42: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Resultados Alcançados Tabela IX DPMFi - Teste de Stress sobre Juros e Câmbio

Obs: Stress representa choque de 3 desvios padrão

sobre a média da taxa SELIC real e da desvalorização

cambial real acumuladas em 12 meses (entre jan/00 e

dez/04). Referência: DPMFi em dez/04 (R$ 810,13

bilhões). Aplica-se o cenário de stress para o período de

1 ano sobre a dívida em SELIC e, instantaneamente

para a correção da dívida cambial.

Fonte: Tesouro Nacional.

A redução da sensibilidade ao risco de mercado, além de diminuir o impacto sobre o estoque da dívida, traz maior previsibilidade aos fluxos de vencimentos. O risco de refinanciamento decorrente de eventuais variações no valor dos vencimentos é capturado pela medida do cash-flow-at-risk (CFaR) 12.

Os gráficos XLI e XLII ilustram a relação entre riscos de refinanciamento e a composição da dívida. O primeiro gráfico indica o perfil de maturação da DPF em 2005, discriminado por indexador. O gráfico XLII mostra os riscos de variação no valor desses vencimentos (CFaR).

Gráfico XLI Perfil de Maturação da DPF por Indexador

Fonte: Tesouro Nacional.

12 O Cash-flow at Risk - CfaR mensura, com base em modelos estocásticos, a incerteza do pagamento de determinado fluxo de caixa, em função de oscilações inesperadas nos indexadores que o remuneram.

Gráfico XLII Cashflow-at-Risk (CfaR) – DPF

Obs.: Volatilidade representa a razão entre o limite de

confiança de 95% e o valor médio dos vencimentos.

Fonte: Tesouro Nacional

A volatilidade expressa no gráfico XLII é calculada como a relação entre a fronteira desses pagamentos (com 95% de probabilidade) e seu valor médio. Verifica-se que nos meses com maior concentração de títulos prefixados (janeiro, abril, julho e outubro) a volatilidade diminui, já que proporcionalmente ao valor vincendo, o risco (cash flow at risk) é menor, visto que o valor a ser pago é conhecido antecipadamente.

Note-se que o comportamento do risco de financiamento dos diferentes títulos não é linear. No caso dos prefixados, ele é zero. Para os outros títulos, ele é bem expresso pela diferença entre o CFaR a 95% e o valor esperado deste pagamento13. No gráfico XLIII, esta diferença é calculada para cada indexador supondo-se um vencimento esperado de R$ 1 bilhão. Fica evidente que, exceto os títulos prefixados, os títulos indexados aos preços são os que apresentam menor risco sobre um ano. O risco dos títulos indexados à SELIC tende a crescer quase linearmente, enquanto o risco associado aos títulos indexados ao câmbio tende a crescer aceleradamente no curto prazo, e com menos intensidade após um certo período, ainda que seja o maior entre as diversas classes de papel.

13 Cabe salientar que utiliza-se o 95º percentil da distribuição real de probabilidades, não se adotando no exercício, a hipótese prévia de normalidade na distribuição.

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Page 43: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Resultados Alcançados Gráfico XLIII Cashflow-at-Risk – Comparações entre Indexadores

Fonte: Tesouro Nacional.

Nesse sentido, apesar da elevação do percentual vincendo em 12 meses e da queda no prazo médio em 2004, pelos motivos já relatados anteriormente, esforços vêm sendo direcionados para melhorar o perfil de maturação e, assim, reduzir a exposição ao risco de variação no valor dos pagamentos da DPF. O impacto dessas medidas foi comentado anteriormente quando foram apresentadas as análises de duração e DV01, cujos resultados demonstram a redução da exposição a riscos pelo Tesouro Nacional.

Os gráficos a seguir ilustram a importância da medida tomada de organizar os vencimentos da dívida, explicada na seção de administração da dívida. O aumento da participação dos títulos prefixados se refletiu mais que proporcionalmente nos vencimentos dentro do conjunto da dívida. Por outro lado, verifica-se que o rápido decréscimo da participação dos títulos cambiais continuará, dada a significativa parte destes títulos a vencer em 2005.

Gráfico XLIV Composição de Vencimentos da DPF

Vencimentos 2003 (em dezembro de 2002)

Vencimento 2004 (em dezembro de 2003)

Vencimento 2005 (em dezembro de 2004)

Fonte: Tesouro Nacional

A melhora no perfil da dívida pública também tem trazido benefícios ao Gerenciamento de Ativos e Passivos – GAP, que tem por finalidade monitorar os descasamentos líquidos do Governo Federal.

A evolução das exposições líquidas da DPMFi em 2004 foi positiva. Aumentou o descasamento em favor do governo no caso dos títulos prefixados. Por outro lado, diminui o descasamento ativo no caso dos títulos

Relatório Anual da Dívida Pública 2004 43

Page 44: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Resultados Alcançados cambiais em índices de preços e passivo em câmbio. A diminuição da exposição cambial corresponde tanto à redução da participação de NTN-D na DPMFi, quando na redução da rolagem dos swaps do Banco Central. A redução dos swaps implicou um aumento da exposição passiva em SELIC, apesar da redução da dívida indexada a esta variável na composição da DPMFi.

Gráfico XLV Descasamentos entre Ativos e Passivos

Fonte: Tesouro Nacional

Obs.: Valores constantes de dezembro de 2004

(deflacionados pelo IPCA)

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Page 45: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Avanços Institucionais Seção 4: Avanços Institucionais

O Tesouro Nacional tem mantido esforços continuados para o aperfeiçoamento da sua capacidade de gerenciamento da Dívida Pública Federal. O processo de transição da administração da Dívida Externa do Banco Central para o Tesouro Nacional é evidência desta tendência. Além disso, o corpo técnico, os sistemas de informação, e a estrutura física do Tesouro Nacional também se aprimoraram.

Transição do gerenciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal Externa do Banco Central para o Tesouro Nacional

A busca pela separação clara entre as funções de política fiscal e monetária, atribuindo-as ao Tesouro Nacional e ao Banco Central, respectivamente, vem sendo perseguida desde o início do processo de redemocratização. Neste sentido, desde 1993, têm sido impetrados esforços no intuito de centralizar em uma única unidade governamental a responsabilidade pelo gerenciamento de todos os compromissos financeiros do Governo Federal.

Internacionalmente, a prática de concentrar as funções de gerenciamento da dívida pública em uma unidade governamental vem se tornando consenso. Isto porque se reconhece, nesta medida, um passo importante para aumentar a eficiência do gerenciamento da dívida pública como um todo e, conseqüentemente, estruturar uma administração estratégica mais eficiente e coordenada.

Em uma visão mais ampla, deve-se considerar não só os passivos externos e internos, mas também o gerenciamento dos ativos, bem como os descasamentos decorrentes das inter-relações entre eles. Portanto, a administração da dívida externa em conjunto com a dívida interna tende a proporcionar uma gestão de risco mais eficiente, possibilitando sinergias no

planejamento integrado das operações correlacionadas e gerando transparência em relação aos objetivos, diretrizes e estratégias da Dívida Pública Federal.

Em relação à Dívida Interna, o Tesouro Nacional é o responsável pelas decisões de emissão, prazo, volume e características dos títulos a serem emitidos. O Banco Central atua, a exemplo dos outros países, como agente do Tesouro Nacional na operacionalização das transações, utilizando sua estrutura tecnológica para realizar os leilões, as emissões, liquidações e pagamentos dos títulos em mercado.

No que diz respeito à gestão da Dívida Pública Federal externa – DPFe, o Tesouro Nacional delegava ao Banco Central, por meio de um convênio, que vigorou até outubro de 2003, a decisão final quanto à emissão de títulos externos.

Com o fim do convênio, e buscando se alinhar com as melhores práticas internacionais, o Tesouro Nacional e o Banco Central deram continuidade ao processo da unificação das decisões relativas à emissão de títulos.

Dentro desta perspectiva, estas instituições firmaram, em 7 de janeiro de 2004 , um Acordo de Transição14, regendo a operação da dívida externa em 2004 e a transferência ao Tesouro Nacional da responsabilidade por todas as etapas relacionadas à emissão de títulos.

O processo de transferência da Dívida Externa ocorreu ao longo de 2004, de modo que, a partir de 1º de janeiro de 2005, o Tesouro Nacional passou a centralizar todas as decisões relacionadas ao gerenciamento da dívida federal interna e externa.

Assinale-se que esta é uma medida que busca dar maior transparência à separação

14 Ver íntegra do Acordo de Transição no site do Tesouro Nacional – www.tesouro.fazenda.gov.br .

Relatório Anual da Dívida Pública 2004 45

Page 46: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Avanços Institucionais entre as políticas monetária e fiscal, que ganhou impulso com a proibição do Banco Central de emitir títulos no mercado interno, determinada pela Lei de Responsabilidade Fiscal em 2000.

Cabe destacar que, ao longo de 2004, foram desenvolvidas importantes atividades, não especificadas no Acordo de Transição, mas que contribuíram para a efetiva preparação do Tesouro Nacional para a execução das atividades relacionadas à Dívida Externa. Dentre estas, merecem destaque:

i. seminário realizado no mês de agosto por consultores da Arnold & Porter, escritório internacional de advocacia, atual representante da República no exterior, no qual foram abordados, em detalhes, todos os aspectos relacionados à emissão de títulos no exterior,

ii. treinamentos e palestras abrangendo temas relacionados a curvas de juros, derivativos, renda fixa no mercado internacional e atribuições do agente fiscal;

iii. consolidação das Resoluções do Senado Federal n° 57/95 e subseqüentes e n° 69/96, que disciplinam as operações com títulos da dívida externa (vide quadro II);

iv. mapeamento detalhado de todos os processos relacionados à emissão de títulos no mercado internacional, bem como atividades de apoio, indicando, inclusive, a responsabilidade pela execução de cada etapa; e

v. atualização do Manual de Emissões Externas, refletindo as modificações decorrentes das discussões havidas durante o período de transição.

Assim, caminha-se para a plena consecução da atribuição do gerenciamento da dívida externa pelo Tesouro Nacional, em conformidade com o que já havia sido estabelecido pelo Decreto nº 4.643, de 24 de

março de 2003, que estabelece como competência da Secretaria do Tesouro Nacional “administrar as dívidas públicas mobiliária e contratual, interna e externa, de responsabilidade direta ou indireta do Tesouro Nacional”.

O Acordo de Transição vigorou até o dia 31 de dezembro de 2004, quando todas as atividades previstas nele passaram a ser realizadas exclusivamente pela Secretaria do Tesouro Nacional.

Quadro II - Nova Resolução do Senado sobre as Operações da Dívida Pública Federal externa - DPFe No intuito de dar continuidade ao processo de transferência para o Tesouro Nacional das atribuições referentes à Dívida Externa, o Senado Federal aprovou nova resolução, que trata do Programa de Emissão de Títulos e de Administração de Passivos de Responsabilidade do Tesouro Nacional no Exterior. A Resolução nº 20, de 17 novembro de 2004, unifica duas outras resoluções anteriores do Senado Federal, a de nº 57, de 1995, que tratava das novas emissões externas, e a de nº 69, de 1996, que tratava das operações de reestruturação da dívida externa.

Dentre as principais mudanças advindas do Programa, destaca-se a alteração na destinação dos recursos obtidos por meio das emissões externas, que antes deveriam ser utilizados exclusivamente para resgatar títulos da dívida interna. A partir dessa resolução, os recursos poderão ser utilizados tanto para pagamento da dívida interna quanto da dívida externa de responsabilidade do Tesouro Nacional.

Também foi aprovado o limite de emissão de títulos do Tesouro Nacional no exterior, no montante de US$ 75 bilhões, possibilitando o equilíbrio entre a necessária flexibilidade na gestão da Dívida Pública Federal e considerações macroeconômicas. Também foi aberta a utilização de derivativos

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Page 47: Relatório Anual da Dívida Pública 2004

Avanços Institucionais financeiros na administração da dívida pública. Finalmente, explicita-se que o Ministério da Fazenda passou a ser o responsável por todas as etapas relacionadas à emissão de títulos no exterior.

Outras Medidas de Fortalecimento Institucional

O Tesouro Nacional continuou seu programa de desenvolvimento de sistemas de informação e aprimoramento da infra-estrutura e equipe técnica. Este programa conta com o apoio do Projeto de Fortalecimento do Gerenciamento Fiscal e Financeiro – PROGER, financiado com recursos do Banco Mundial. Este projeto visa a modernização da atuação do governo nas áreas fiscal e financeira e a melhoria da qualidade na prestação dos serviços públicos. As ações do projeto compreendem os módulos de tecnologia da informação, governança e gerenciamento de risco, apresentados em maiores detalhes no Relatório Anual da Dívida Pública 2003.

Ao longo de 2004, também foram realizados, no âmbito do PROGER, programas de capacitação do corpo técnico, assim como parcerias com instituições públicas e de mercado, no Brasil e no Exterior.

Desenvolvimento de Sistema Integrado para a Dívida Pública – SID

Em linha com os objetivos estabelecidos pelo Módulo I – Tecnologia da Informação no âmbito do PROGER, buscou-se analisar, propor e prestar suporte na escolha de solução de sistema que permita integrar, sob a mesma plataforma, o gerenciamento de ativos e passivos públicos, provendo maior eficiência e segurança operacional ao Tesouro Nacional.

O resultado final recomendou o desenvolvimento de um novo sistema, totalmente integrado, englobando as funcionalidades dos sistemas hoje existentes

(Dívida Pública Interna - DPI, Dívida Externa, Elabora15 e GERIR16 dentre outros), bem como incorporando novas necessidades e processos, imprescindíveis no desenvolvimento de uma gestão moderna de dívida pública.

A Tecnologia de Informação também mereceu especiais esforços. Em 2004, o Tesouro Nacional contratou empresa de consultoria para elaboração do Plano Estratégico de Tecnologia da Informação - TI visando definir e planejar as melhores práticas de TI para a organização. Este trabalho define as diretrizes tecnológicas que deverão ser seguidas pela empresa que será contratada para desenvolver o SID. O processo de seleção e contratação da empresa encontra-se em andamento, observando as diretrizes estabelecidas pelo Banco Mundial, financiador do projeto, prevendo-se o início dos trabalhos de desenvolvimento do sistema para o primeiro semestre de 2005.

Grupo de Especialistas em Gerenciamento da Dívida Pública da América Latina e Caribe

Por iniciativa da Secretaria do Tesouro Nacional e apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, bem como de diversos países da região, foram tomados importantes passos em 2004 para a criação do Grupo de Especialistas em Gerenciamento da Dívida Pública da América Latina e Caribe.

O intuito é que seja formado um grupo de profissionais relacionados à gestão de dívida soberana na América Latina e Caribe, permitindo o intercâmbio de experiências técnicas abrangendo as diversas funções e atividades de gestão da dívida.

15 Sistema para elaboração e monitoramento do orçamento da Dívida Pública Federal. 16 Sistema de planejamento estratégico e gerenciamento de risco da Dívida Pública Federal.

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Avanços Institucionais O 1° Fórum do Grupo de Especialistas em Gerenciamento da Dívida Pública da América Latina e Caribe ocorrerá em março de 2005, no Rio de Janeiro. No evento serão debatidos temas como a estrutura institucional dos departamentos de dívida pública, o desenvolvimento do mercado secundário para títulos públicos, as metodologias de cálculo de indicadores da dívida, e o gerenciamento de risco financeiro e de refinanciamento. Além de especialistas da região, serão convidados palestrantes pertencentes a diversos organismos internacionais, como OCDE, FMI, Banco Mundial e o próprio BID.

Aprimoramentos na Infra-Estrutura Física

Dando continuidade às medidas adotadas em 2003 para o aperfeiçoamento da infra-estrutura de apoio à gestão da dívida, foram instalados equipamentos para a realização de vídeo-conferência, com o apoio do grupo de dealers do Tesouro Nacional e Banco Central. Esta medida deverá ajudar a diminuir custos de viagens e aumentar a sinergia entre o Tesouro Nacional e os investidores domésticos e internacionais.

Além disso, cabe destacar a expansão da área de operações da dívida pública. Com a transferência das atividades da Dívida Externa para o Tesouro Nacional, a mesa de operações será ampliada em 80% em relação à atualmente existente. Esta ampliação permitirá o acompanhamento mais eficiente da conjuntura externa e auxiliará no processo de administração e eventuais operações envolvendo emissões soberanas.

Avanços na Gestão de Risco

A administração da dívida pública contou, ao longo de 2004, com importantes avanços técnicos e institucionais no que se refere ao gerenciamento de riscos, tanto da dívida interna quanto da dívida externa. Dentre os avanços, destacam-se:

• Aperfeiçoamento dos modelos estocásticos de risco;

• Aprimoramento do sistema de processamento de informações, bem como o desenvolvimento de novas ferramentas de análise;

• Aperfeiçoamento do sistema de gerenciamento integrado de ativos e passivos (GAP17);

• Desenvolvimento do benchmark da dívida pública.

Os modelos estocásticos utilizados pelo Tesouro Nacional para análise dos riscos de mercado e de refinanciamento, tais como o Cost-at-Risk – CaR e o Cash-Flow-at-Risk – CFaR apresentaram significativos progressos, tanto no processo de estimativa dos parâmetros associados a fatores de risco (taxa de juros, inflação, câmbio), quanto na implementação das adaptações necessárias para a aplicação desses modelos à avaliação dos riscos ligados à dívida externa.

Não apenas os modelos estocásticos, mas também o sistema de processamento e análise de dados passou por reformulações visando tratar de maneira mais adequada as informações da dívida externa, aproveitando as sinergias com a dívida interna. Além disso, efetuou-se o desenvolvimento de novas ferramentas computacionais, com o objetivo de facilitar a realização de exercícios de simulação de liability management, bem como traçar fronteiras eficientes para a Dívida Pública Federal.

O sistema GAP reúne informações dos ativos e passivos do Governo Federal, que direta ou indiretamente contribuem para a dinâmica da Dívida Pública Federal, ampliando a abrangência das análises focadas exclusivamente na dívida pública.

17 Também conhecido como ALM (do inglês, Assets and Liability Management).

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Avanços Institucionais Esse instrumento também vem passando por significativas mudanças, sobretudo no que concerne a tornar mais efetivo o estudo integrado da dívida interna e externa, considerando-se as fontes empregadas para seu financiamento.

Assinala-se, por último, que os estudos e discussões acerca do desenvolvimento do benchmark da dívida pública apresentaram expressivos progressos, em consonância com o aprimoramento do GAP e dos modelos estocásticos. O debate em torno desse benchmark contribuirá decisivamente para tornar ainda mais eficiente o planejamento estratégico de médio e longo prazo da dívida pública brasileira.

Fortalecimento da Área de Relacionamento Institucional

Durante o ano de 2004, a área de relacionamento institucional da dívida pública ganhou novas atribuições e desenvolveu novas atividades. Como destacado na seção relativa à administração da dívida, a ampliação da base de investidores representou um exemplo do esforço contínuo e dos avanços obtidos neste campo.

Com a transferência integral da administração da dívida pública para o Tesouro Nacional, os contratos com as agências de rating de crédito soberano estarão sob a égide do Ministério da Fazenda a partir de 2005. Antecipando-se a essas mudanças, o Tesouro Nacional intensificou o contato com essas agências. Para tanto, a área de relacionamento institucional organizou oito apresentações para as principais agências, destacando-se três encontros com a Standard & Poor´s, dois encontros com a Moody´s Investors Service, duas reuniões com a Fitch Ratings e uma apresentação para a R&I Information, do Japão.

Considera-se que estas apresentações contribuíram para confirmar a melhora dos

ratings brasileiros nas três principais agências, processo que já era esperado para 2004. Esta aproximação não se restringe apenas a apresentações formais, mas também à detecção de eventuais demandas que as agências tenham, visando melhorar a qualidade das informações usadas por elas em suas análises.

Adicionalmente, buscando ampliar o relacionamento institucional da dívida pública, foram organizados três Road Shows com investidores estrangeiros, nos quais os principais representantes do Tesouro Nacional tiveram oportunidade de encontrar-se com atuais e potencias investidores no Brasil. Estes eventos de divulgação da economia brasileira para investidores externos aconteceram em junho na Ásia, em setembro na Europa e em dezembro nos EUA.

Outro importante evento, organizado visando qualificar a abordagem do tema da dívida pública, foi a edição de três cursos para jornalistas que cobrem a área econômica. Os cursos foram realizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília e contaram com a participação de mais de 110 jornalistas. Neles, procurou-se fazer uma apresentação geral das questões ligadas à dívida pública, tratando de princípios teóricos, conceitos básicos, estrutura institucional da administração da dívida, além de aspectos específicos em relação às dívidas interna e externa.

Por fim, merece destaque a disponibilização na internet de uma apresentação, atualizada semanalmente, para investidores com as principais informações pertinentes à dívida pública18, disponível nas versões em português e em inglês. Tal apresentação inclui um breve panorama macroeconômico e descreve os principais avanços e desafios na administração da dívida pública, com destaque para a estratégia de financiamento do Tesouro Nacional. 18http://www.stn.fazenda.gov.br/divida_publica/index.asp

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Avanços Institucionais Neste mesmo sentido, através da área de relacionamento institucional, passou-se a disponibilizar no ambiente da agência de notícias Bloomberg19, todas as informações relativas à DPF na página da internet. Projeto de desenvolvimento semelhante está sendo desenvolvido junto à Reuters, devendo entrar em funcionamento no primeiro trimestre de 2005.

A área de Relacionamento Institucional20 conta com mala direta com contatos atualizados de diversos segmentos (setores) tais como investidores domésticos e estrangeiros, organismos multilaterais, agências de rating e imprensa. Por meio desse instrumento, tem sido possível promover maior transparência sobre a gestão da dívida pública brasileira, por meio da maior divulgação dos eventos a ela relacionados.

19 STNBZ<GO>. 20 Para maiores informações entre em contato com a área de Relacionamento Institucional: [email protected]

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Anexos Anexo: Tabelas

I – COMPOSIÇÃO DA DPMFi EM PODER DO PÚBLICO II – PRAZO MÉDIO DA DPMFi EM PODER DO PÚBLICO III – TÍTULOS FEDERAIS EM PODER DO PÚBLICO A VENCER EM 12 MESES - DPMFi IV - DÍVIDA EXTERNA LÍQUIDA DO TESOURO NACIONAL EM PODER DO PÚBLICO V - CUSTO MÉDIO E PRAZO MÉDIOS DOS TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA MOBILIÁRIA EXTERNA

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Anexos

I- COMPOSIÇÃO DA DPMFi EM PODER DO PÚBLICO

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Anexos

I- COMPOSIÇÃO DA DPMFi EM PODER DO PÚBLICO (continuação)

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Anexos

II- PRAZO MÉDIO DA DPMFi EM PODER DO PÚBLICO

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Anexos

II- PRAZO MÉDIO DA DPMFi EM PODER DO PÚBLICO (continuação)

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Anexos

III - TÍTULOS FEDERAIS EM PODER DO PÚBLICO A VENCER EM 12 MESES POR TIPO DE RENTABILIDADE – DPMFi

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Anexos

III - TÍTULOS FEDERAIS EM PODER DO PÚBLICO A VENCER EM 12 MESES POR TIPO DE RENTABILIDADE – DPMFi (continuação)

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Anexos

IV - DÍVIDA EXTERNA LÍQUIDA DO TESOURO NACIONAL EM PODER DO PÚBLICO

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Anexos

IV - DÍVIDA EXTERNA LÍQUIDA DO TESOURO NACIONAL EM PODER DO PÚBLICO (continuação)

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Anexos

V - CUSTO MÉDIO E PRAZO MÉDIOS DOS TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA MOBILIÁRIA EXTERNA

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Anexos

V - CUSTO MÉDIO E PRAZO MÉDIOS DOS TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA MOBILIÁRIA EXTERNA (continuação)

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