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VERSÃO final 1/26 CARTA ARQUEOLÓGICA CARTA ARQUEOLÓGICA Maio de 2013

Relatorio CartaArqueologica Maio2013€¦ · 3. O prazo de validade das licenças ou das admissões de comunicação prévia de operações urbanísticas suspende-se na eventualidade

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CARTA ARQUEOLÓGICA

CARTA ARQUEOLÓGICA

Maio de 2013

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Relatório Património Arqueológico: Um Contributo para o PDM As freguesias portuguesas constituem no panorama internacional, um caso excepcional de modelo de administração, o que se deve sobretudo à sua pequena dimensão político-administrativa. A origem das freguesias perde-se no processo de cristianização da Península Ibérica, em pleno domínio romano. Organizadas em pequenas comunidades de fiéis, as paróquias, dioceses, freguesias, o seu significado seria assimilado pela máquina administrativa da Igreja (Pauleta, 1997:144) As freguesias correspondem, portanto, numa primeira fase, a comunidades adstritas a uma Igreja, cujo culto e manutenção do espaço é da responsabilidade dessa população. Não assumiam uma circunscrição geográfica limitada. O desenvolvimento dos municípios, assumiu como cabeças administrativas, as principais cidades, associadas a estas encontravam-se a pequenas comarcas de cariz religiosos, como as paróquias, as freguesias cujo cariz de proximidade local garantia as relações interpessoais. Foram essenciais para a elaboração dos Numeramentos e Visitações, documentos base para o conhecimento total da população (César, 1996:31). Efectivamente as freguesias aportam desde a sua génese uma tradição de organizarem o universo comunitário, estabelecendo relações ao nível religioso, cultural, educativo e de assistência às populações (Pauleta, 1997:146). No fundo, uma realidade muito próxima da actual. Seria com o Liberalismo que as freguesias ganhariam o seu carácter civil, integrando-se na administração pública com as funções que haviam exercido até ao momento, o que ocorre no ano de 1835 (Pauleta, 1997:146). Com implantação da República e o Estado Novo as juntas de freguesia eram eleitas, por um colégio eleitoral restringido aos chefes de família, que podiam ser destituídos pelo presidente da Câmara. É coma democracia de Abril que as Freguesias verão os seus deveres e direitos estabelecidos:

• Órgãos deliberativos e executivos cujos titulares são eleitos pelos cidadãos • Finanças e Património • Atribuições e Competências e, neste âmbito, a prática de actos definitivos e executórios • Poderes regulamentares • Quadros de pessoal e sua gestão • Tutela administrativa de mera aferência da legalidade.

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No caso particular do Concelho de Beja, efectivamente a história das freguesias parte de documentos base como as Visitações e os Numeramentos, que constituem os primeiros registos destas populações. Algumas freguesias poderão ter origem em antigas vilas romanas, mas a esmagadora maioria partiu de comunidades religiosas que perpetuaram o nome do Santo da sua Igreja. Tentar fazer uma interpretação de ocupação do território, partindo dos limites geográficos das freguesias seria errado, uma vez que eles não obedeceram a questões de ordem geográfica e económica. Sabemos que no século XIX e XX, algumas freguesias desapareceram ou foram anexadas a outras, simplesmente devido ao facto das suas populações se deslocaram para outros lugares. Também ocorreu o processo inverso, freguesias que progrediram para vilas, passando a associar um território mais vasto. No que respeita aos vestígios arqueológicos, registou-se a passagem do homem por todas ao longo dos tempos em todas as freguesias, contudo não podemos proceder a análises de territórios tão pequenos, estaríamos certamente criar a criar realidades artificiais. Considerámos, por isso, que seria mais correcto fazer uma breve interpretação de cada momento histórico, destacando em cada freguesia o património arqueológico mais relevante. Sem esquecer os restantes sítios apresentados na listagem geral do inventário. Súmula Histórica A presença humana no Concelho de Beja é vasta, remontando a tempos muito antigos. Foram identificados vestígios desde o Paleolítico (Alarcão, 1990), tratavam-se de populações nómadas que percorriam vastos territórios para satisfazerem as suas necessidades alimentares, aproveitando de diversas formas os recursos naturais, caçando os animais existentes e recolhendo os produtos vegetais que a região envolvente lhe oferecia. Testemunhos directo da sua passagem são as pequenas pontas de lança, lascas ou outros materiais líticos trabalhados toscamente. São estes objectos que garantem a perpetuação da sua memória. A sedentarização humana e o desenvolvimento da agricultura e domesticação dos animais ocorrem no Neolítico progredindo pelo Calcolítico, com profundas e variadas alterações socioculturais. O aparecimento da cerâmica e o domínio dos metais são disso testemunho, associados à definição de territórios estabelecidos em função de relações de dependência. Coexistem povoados de altura que garantem boa visibilidade e controle do território, surgem ocupações concentradas em espaços protegidos com dispositivos próprios como a construção de muralhas. Coexistem os povoados de planície associados a uma vertente eminentemente agrícola, localizados em solos de grande aptidão A continuidade ocupacional, ao longo da Idade do Bronze e do Ferro reflecte esta diversidade com pequenos povoados localizados em várzeas agrícolas próximas dos principais cursos de água. Na realidade as sociedades começam a organizar-se e a estruturar-se de forma mais acentuada. Manifestação desse desenvolvimento cultural e tecnológico são os vestígios materiais deixados, sobretudo pelas populações da Idade do Ferro, com o surgimento da siderurgia e o nascimento da arte decorativa (essencialmente geométrica), mas sobretudo pela grande reforma que os

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povoados sofreram do ponto de vista construtivo. Os povoados da Idades do Ferro, são fruto do desenvolvimento social ocorrido, resultando na consolidação de uma estrutura social hierárquica dominada pelos chefes militares. Os povoados, muitos deles com ocupação de períodos anteriores, apresentam a primeiras formas de proto urbanismo com espaços perfeitamente estruturados e organizados. As fortificações e torreões são bastante sólidas, defendem territórios importantes que exercem o controle político e administrativo, garantindo a defesa das populações e as mais variadas actividades económicas (exploração mineira, metalúrgica, comercialização de produtos e redistribuição de bens). O domínio Romano consolida a vertente agrícola e comercial do território, dinamizado a partir da centuriação das terras, divididas em latifúndios. Estas propriedades eram denominadas de Villae as quais constituíam verdadeiras explorações agrícolas, onde em muitos casos é frequente registar uma continuação da presença humana até aos dias de hoje. As Villae eram constituídas por duas áreas: a pars urbana correspondente à habitação do proprietário e pars rústica que incorporava todas as áreas de trabalho agrícola e pecuário, tais como os lagares, as forjas, as adegas, as cavalariças, etc. associadas a estas villae estavam pequenos casais agrícolas onde viveriam os trabalhadores destas grandes explorações. Tratavam-se de herdades auto-suficientes, onde o espaço da vida coabitava com o espaço de morte, sendo natural identificar as necrópoles destas populações nas suas imediações. A comunicação entre o campo e as cidades era feita através das vias construídas cuja necessidade de conservação permitiu que chegassem até nós pequenos troços e percursos muitas vezes conservados na memória oral. Os períodos históricos que se lhe sucederam, Idade Média, Idade Moderna e Época Contemporânea, garantiram a dinâmica de povoamento que se manifesta na Carta Arqueológica realizada, a proximidade temporal, faz com que os seus vestígios estejam bens conservados, manifestando-se sobretudo através do património construído. O levantamento ficou devidamente documentado no Inventário do Património Arquitectónico. As Freguesias e o seu Património Arqueológico No que respeita ao património arqueológico classificado, registam-se apenas dois sítios arqueológicos, ambos na Freguesia de Santiago Maior:

• Quinta de Suratesta- classificada de Monumento Nacional, compreendendo um conjunto Arquitectónico e Arqueológico, publicado no decreto de 129/77, DG 226, de 29-09-1977

• Villa Romana de Pisões – classificada de Imóvel de Interesse Público, compreendendo um sítio arqueológico, publicado em Dec. 03-06-1970 O inventário realizado permitiu identificar um vasto património arqueológico em todo o concelho, tratando-se de uma vasta lista, apresentada em anexo.

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Protecção e Salvaguarda do Património Arqueológico Tendo em conta a importância do vasto património e a necessidade de se proceder a medidas de salvaguarda, decidiu-se aplicar um conjunto de condicionantes. Áreas Urbanas No que se refere ao património arqueológico nos núcleos urbanos foram definidos zonamentos que correspondem aos seguintes graus de proteção com as respetivas normas de salvaguarda:

a) Zona A – áreas urbanas de reconhecida sensibilidade arqueológica. Todas as intervenções, projetos ou operações urbanísticas que envolvam afetação do subsolo estão sujeitas a parecer arqueológico da entidade de tutela que definirá as condicionantes arqueológicas a aplicar em função do tipo de intervenção proposto (escavação integral, sondagens/diagnóstico, acompanhamento arqueológico, registo e levantamento).

b) Zona B – áreas urbanas de valor arqueológico potencial. Todas as intervenções, projetos ou operações urbanísticas que envolvam afetação do subsolo estão sujeitas a acompanhamento arqueológico, cujos resultados poderão implicar ulteriores medidas de minimização em função da avaliação dos elementos encontrados.

Meio Rural No que se refere ao património arqueológico em meio rural foram definidos quatro graus que correspondem a diferentes níveis de proteção patrimonial com as seguintes normas de salvaguarda:

a) Grau 1 – vestígios arqueológicos de grande interesse, tendo em conta a sua singularidade e o seu estado de conservação. São interditos quaisquer trabalhos que impliquem a afetação desses bens patrimoniais com exceção de intervenções que decorram de projetos de valorização e/ou conservação e restauro desses mesmos vestígios.

b) Grau 2 – vestígios de valor arqueológico elevado. Qualquer tipo de intervenção relacionada com infraestruturas, incluindo as de rega, operações urbanísticas e atividades agrícolas e florestais, estas duas últimas se implicarem impactos significativos ao nível do subsolo, deve ser precedido de trabalhos arqueológicos prévios de caracterização e diagnóstico (sondagens/escavações) que promovam a adequação das soluções propostas ao valor científico e patrimonial dos bens.

c) Grau 3 – vestígios de valor arqueológico significativo. Qualquer tipo de intervenção relacionada com infraestruturas, incluindo as de rega, operações urbanísticas e atividades agrícolas e florestais, estas duas últimas se implicarem impactos significativos ao nível do subsolo, deve ser alvo de acompanhamento arqueológico, cujos resultados poderão implicar ulteriores medidas de minimização em função da avaliação dos elementos encontrados.

d) Grau 4 – vestígios arqueológicos insuficientemente caracterizados. Qualquer tipo de intervenção relacionada com infraestruturas, incluindo as de rega, operações urbanísticas e atividades agrícolas e florestais, estas duas ultimas se implicarem impactos significativos ao nível do subsolo, é condicionado a prospeção arqueológica prévia com vista a uma melhor caracterização e/ou à relocalização dos vestígios arqueológicos e à determinação das respetivas medidas de salvaguarda.

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Achados arqueológicos

No que se refere a achados arqueológicos fortuitos é aplicado o normativo seguinte:

1. O aparecimento de quaisquer vestígios arqueológicos durante a realização de operações urbanísticas na área de intervenção do PDM obriga à suspensão imediata dos trabalhos no local e à comunicação imediata da ocorrência à Câmara Municipal de Beja e aos serviços da administração do património cultural.

2. Os trabalhos só podem ser retomados após pronúncias das entidades referidas no número

anterior quanto ao disposto no nº.2 do artº.79 da Lei nº.107/2011, que estabelece as Bases da Política e do Regime de Proteção e Valorização do Património Cultural.

3. O prazo de validade das licenças ou das admissões de comunicação prévia de operações

urbanísticas suspende-se na eventualidade de suspensão dos trabalhos pelos motivos previstos em 7.1. e por todo o período que durar aquela suspensão.

4. Os bens arqueológicos móveis ou imóveis encontrados ficam sujeitos ao disposto na legislação

em vigor. Para além dos sítios arqueológicos constantes do presente PDM, pode o Município reconhecer expressa e fundamentadamente, durante o período de vigência do mesmo, a existência de novos sítios arqueológicos, integrando-os no inventário existente com a respetiva valoração sujeitando-os às disposições do plano.

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Considerações técnicas 1. Introdução O presente relatório corresponde a uma avaliação preliminar dos trabalhos de prospecção arqueológica (Carta Arqueológica do Concelho de Beja) efectuados entre Setembro de 2005 e Julho de 2008 na área concelhia. Integrada no Projecto da Carta de Património Arquitectónico e Arqueológico, a Carta Arqueológica do Concelho de Beja foi promovida pela Câmara Municipal de Beja, Divisão de Administração Urbanística, na qual se integra administrativamente o Gabinete de Arqueologia. Os trabalhos efectuados consistiram genericamente na prospecção, identificação e/ou relocalização dos sítios arqueológicos do concelho para integração na revisão do Plano Director Municipal do Concelho (PDMBeja). 2. Equipa A equipa de trabalho foi composta por Isabel Ricardo (arqueóloga da C. M. de Beja, licenciada pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra) e Carolina Grilo (arqueóloga, licenciada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), contando o apoio de um técnico de Património Cultural (Escola Profissional de Mértola) - Teresa Maria Guerreiro. Em regime de voluntariado, colaboraram igualmente nos trabalhos os estudantes Pedro Fortes e Carla. 3. Duração dos trabalhos e Faseamento O projecto da Carta Arqueológica encontra-se a decorrer desde Setembro de 2005 até á presente data, tendo contudo compreendido distintas etapas de execução:

1 - Setembro 2005 – Fevereiro 2006 - Pesquisa e recolha bibliográfica das diversas informações disponíveis para a área do concelho de Beja (informação escrita e em suporte digital), integrando todas as fontes e publicações reconhecidas. 2 - Fevereiro 2006 – Agosto 2007 – Prospecção arqueológica. Compreendeu a identificação de sítios ao longo das 18 freguesias rurais do concelho, a confirmação dos locais já documentados na bibliografia e sua relocalização. Prospecção sistemática e direccionada, orientada segundo informações orais e de cariz técnico-científico. 3 - Setembro 2007 – Dezembro 2007 – Prospecção arqueológica direccionada para áreas não cobertas no período anterior, dadas as impossibilidades quer de visibilidade e/ou de acessos, etc. Tratamento do espólio exumado e análises territoriais.

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4. Suporte Metodológico: O suporte de dados do projecto da Carta de Património Arqueológico e Arquitectónico do Concelho empregou uma base de dados GISMAT elaborada em software Mapguide 6, desenvolvida pela empresa PH Informática para a Câmara Municipal de Beja. Esta aplicação de registo/cadastro de propriedade e de inventário arqueológico foi desenvolvida de acordo com as definições preestabelecidas pelo Gabinete de Arqueologia da CMB, que por seu turno, procurou a total uniformização destes dados com as referências predeterminadas pelo IGESPAR, I.P. Este sistema compreendeu a criação de fichas de sítio individualizadas em ambiente Access, organizadas por entidades (FREGUESIAS), estas subdivididas entre espaços RURAL/URBANO, facilitando assim a leitura das realidades quer na área da cidade como um todo, como nos perímetros urbanos das localidades rurais.

Fig 1 - Menu geral da aplicação com a estrutura de organização de dados.

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Fig. 2 - Estrutura de Entidades > RURAL > Santa Vitória > Ficha Individual A aplicação GISMAT funcionou em software AUTODESK, trabalhando em suporte georreferenciado ao sistema Datum 73 Hayford – Gauss – IPPC, permitindo contudo a imediata conversão para o sistema IGEOE. A cartografia utilizada correspondeu ao levantamento cartográfico do concelho, escala 1:25 000 (folhas nºs. 499; 509;510; 511; 520 ; 521 ;522 ;530 ;531 ;532 ;539 ; 540; 541) em formato RASTER, permitindo também a inclusão de ficheiros digitais de diversas extensões, ex: DWG.

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Dados Gerais: Nº Inventário Código Designação /Nome Acesso Autor/Data Actualização Relação entre Fichas Loc. Administrativa

• Distrito • Concelho • Freguesia

Morada Protecção/Classificação

Fig. 3 - Ficha de Sítio > Dados Gerais

Registo: Proprietário Documentação CNS Proc. CMBeja Outros Docs. Observações

Fig. 4 - Ficha de Sítio > Registo

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Dados Arqueológicos: Diagnóstico conservação Uso solo Ameaças Tipo de Sítio Período Histórico Medidas de Protecção Observações Área Dispersão Vestígios

Fig. 5 - Ficha de Sítio > Dados Arqueológicos As fichas individuais de sítio procuraram completar toda a informação disponível sobre os mesmos, desde os seus elementos processuais internos a toda a informação de índole arqueológica relativa ao local, permitindo gravar os históricos e efectuar constantes actualizações. De modo discriminado, nas figuras 3, 4, 5, 6, 7,8 e 9 são referidos os campos e elementos que constaram nas mesmas, organizando toda a informação disponível sobre os locais. Os diversos campos de preenchimento das fichas reportaram ainda ao thesaurus de preenchimento da base de dados do ENDOVELICO, de modo a acautelar a permuta acelerada de informação com outras entidades e para efeitos de actualização do sistema ENDOVELICO.

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Descrição: Descrição Cronologia Tipologia Caract. Particulares Bibliografia

Fig. 6 - Ficha de Sítio > Descrição

Ficheiros Associados:

Fig. 7 - Ficha de Sítio > Ficheiros Associados Dada a natureza do modelo de ficha de sítio foi ainda possível associar diversos ficheiros, desde fotografias, desenhos, relatórios, artigos, levantamentos topográficos, a cada ficha individual.

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Intervenções: Detalhes Intervenção Tipo Data Autor Observações

Fig. 8 - Ficha de Sítio > Intervenções

Objectos Mapa: Pontos Polígonos Áreas de dispersão X Y

Fig. 9 - Ficha de Sítio > Objectos do Mapa As consultas de fichas podem ser elaboradas de modo individual (ficha a ficha) e por consultas gerais em formato de uma tabela de Excel, permitindo observar vários registos em simultâneo e ensaiar as análises estatísticas.

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Fig. 10 - Exemplo de uma Consulta sucinta de registos em formato de tabela XLS.

Fig. 11 - Exemplo de uma Consulta detalhada de registos XLS.

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5. Caracterização da situação de Referência Instrumentos de Análise Documental 5.1 – Estudos e Instrumentos Técnicos No âmbito da caracterização da situação de referência da área concelhia foram utilizados distintos recursos e instrumentos documentais e bibliográficos: Como supra mencionado, a cartografia de referência compreendeu o recurso á Carta Militar de Portugal, escala 1:25000, a Carta geológica de Portugal folha 8, esc 1:200000 Serviços Geológicos de Portugal, 1992e á edição digital da carta de capacidade de uso de solo, IDrha. Os ortofotomapas de cobertura concelhia – EDIA, s.a foram igualmente utilizados ao longo do processo, assim como a cobertura cadastral (edição da CMBeja), quando necessária. Entre os documentos técnicos produzidos pela Câmara Municipal de Beja destacaram-se o Plano Director Municipal (Revisão1981) onde são referenciadas escassas ocorrências de cariz patrimonial; o Plano de Salvaguarda de Beja (1985) bem como os diversos Planos de Pormenor elaborados pela CMB.1 De igual modo, foram analisados todos os elementos relativos aos diversos estudos de impacte ambiental que afectam a área concelhia e a região e nos quais estão informações de índole patrimonial: EIA da Barragem do Pisão, Beringel, EDIA, 1997 EIA da Estrada Nacional 121 Variante a Beringel (Beja), EP, 1998 EIA - IP8 - Beja/Santiago do Cacém – 2005, EP, 2005 Sublanço Beja – Vila Verde de Ficalho -2002 Sublanço Ferreira do Alentejo – Beja (nó de Brissos) – 2005 EIA IC27 – Sublanço Alcoutim – Albernoa, EP, 2005 EIA do Bloco de Rega do Pisão, EDIA, 2005 EIA dos Blocos de Rega da Ligação Alvito – Pisão, EDIA, 2006 EIA dos Blocos de Rega Pisão - Roxo e Pisão – Beja, EDIA, 2006 EIA do Subsistema de Rega do Ardila, EDIA, 2001 EIA da Barragem do Monte das Marianas e do Monte da Comenda EIA da Barragem do Monte da Matosa EIA da Barragem da Foz do Guadiana e da Herdade da Comenda

1 Plano Parcial de Urbanização do Núcleo Central Histórico de Beja, 1980; Plano de Pormenor de Beja III, 1983; Plano de Pormenor da estrada de Lisboa/Beja, 1987; Plano de Pormenor da Mouraria, 2002; Plano de Pormenor das Portas de Mértola, 1985; Plano de Pormenor da Rua Alferes Malheiro, 2003; Plano de Pormenor da Rua Capitão João Francisco de Sousa, 1996; Plano de Pormenor da Rua da Casa Pia, 2000; Plano de Pormenor da Rua da Guia, 2002; Plano de Pormenor da Rua de Lisboa, 1996.

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5.2 – Bibliografia Arqueológica No domínio da bibliografia arqueológica foram diversas as referências consultadas sobre a área concelhia, organizadas entre estudos de fundo sobre o território e artigos pontuais sobre locais/sítios ou achados avulsos. Uma primeira referência para a produção de Abel Viana onde são dados á estampa diversos trabalhos de inventário de colecções depositadas no Museu Regional de Beja, intervenções arqueológicas na área urbana e no território baixo-alentejano e indicações de achados fortuitos, assim como estudos de fundo em colaboração com outros investigadores sobre temáticas alargadas da investigação arqueológica. O seu manancial informativo, de consulta fundamental, foi completado com a compilação de diversas fontes e documentos antigos sobre a história da cidade de Beja, os dados de Frei Manuel do Cenáculo (Viana,1946:118-127), os manuscritos de Félix Caetano da Silva, História das Antiguidades de Beja (Viana, 1948) e as transcrições do Tombo Velho da Misericórdia, da Igreja de S. João Baptista e de Nossa Senhora da Graça, entre outros documentos singulares. A sua produção, espelhada sobretudo na Revista Arquivo de Beja traduziu ainda a recolha das informações dispersas em outros documentos como os jornais de época (O Bejense), igualmente consultados, assim como as referências de Fernando Nunes Ribeiro sobre as intervenções na villa romana de Pisões, na Herdade das Reprezas, nos trabalhos sobre as necrópoles argáricas de Santa Vitória e Ervidel e sobre notícias de achados fortuitos. Mais recentes, os trabalhos de Jorge de Alarcão onde se salientam Roman Portugal, (Alarcão, 1985) e os estudos sobre as cidades romanas da Lusitânia (Alarcão, 1988; 1992), os diversos artigos de Vasco Mantas (Mantas, 1987, 1990 a, 1990 b, 1993, 1996 a, 1996 b, 1998) e a obra de José d’Encarnação Inscrições Romanas do Conventus Pacensis, forneceram também bases de trabalho indispensáveis, assim como a obra de Maria da Conceição Lopes sobre Pax Ivlia e seu território (Lopes, 1994, 1996, 1997, 2003; Lopes, Vilaça, 1997), investigadora detentora de dois projectos integrados no Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos PNTA/IPA: Pax Ivlia e seu território – PNTA/1998 ; A dinâmica do espaço de Pax Ivlia no período Romano Republicano – PNTA/2003. Em paralelo com estes, ressalvam-se igualmente os diversos artigos publicados em revistas científicas como o Arquivo de Beja, Setúbal Arqueológica, Trabalhos de Arqueologia do Sul, Conímbriga ou mais recentemente a Revista Portuguesa de Arqueologia, entre outros: O trabalho de Rui Parreira sobre o povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo e as necrópoles da região de Ervidel, Santa Vitória e Beringel ao abrigo de um projecto de investigação sobre o Bronze do Sudoeste na Região de Beja de 1989 (Parreira, 1971-75:31-57) e sobre a Herdade do Pomar, a par com Luís Berrocal Rangel (Parreira, Berrocal-Rangel, 1990:39-47); a notícia da identificação do povoado dos Três Moinhos, Baleizão (Monge Soares, 1983); Subsídios para a carta arqueológica do concelho de Beja, de José Figueira Mestre e Maria José Toucinho (Mestre, Toucinho, 1986); a identificação de um fragmento de lápide com caracteres em escrita do SO da folha do Ranjão (Faria, Monge Soares, 1998); o Corpus Signorum das fíbulas protohistóricas e romanas de Portugal de Salete da Ponte; assim como alguns estudos académicos (Fernandes, 1991; Ricardo, 1995; Grilo, 2006).

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5.3 - Fontes A pesquisa documental compreendeu igualmente a consulta de diversas obras como as De Antiquitates Lusitaneae (Fernandes) o Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Beja (Espanca, 1992) e documentos do acervo do Arquivo Distrital de Beja e de estudos académicos baseados na sua tradução, como o manuscrito de Pedro Pires Nolasco Serrano - Relatório das couzas notáveis desta cidade de Beja. A Igreja e freguesia de S. João Baptista no século XVIII (Páscoa, 2002), cujas informações para a história e evolução urbana de Beja são pertinentes e referem a existência e descoberta de vestígios arqueológicos. Foram igualmente ressalvadas as informações de diversas publicações periódicas que coexistiram entre os finais do século XIX e os princípios do século XX: os jornais O Bejense; A Folha de Beja e outros anuários como o Álbum Alentejano, onde, estão descritas as concessões mineiras, entre outros dados relevantes. 6. O Território A área de intervenção dos trabalhos correspondeu ao limite administrativo do concelho de Beja (distrito Beja, Baixo Alentejo) organizado nas suas 18 freguesias, com uma área total de cerca de 1140km2 (PDM Beja,1981)

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6.1 Enquadramento geomorfológico O território de Beja define-se geologicamente como parte integrante da Peneplanicíe do Baixo Alentejo (Feio, 1952), correspondente á unidade fundamental do relevo do terço meridional do país (Duque, 1998). Os seus relevos revelam uma aplanação extensa na zona oeste e sudeste de Beja, por vezes marcada por ondulações residuais suaves, mais estremadas nas proximidades do Guadiana e seus afluentes principais como a Ribeira de Terges e Cobres, com vales encaixados de altimetrias de mais de 100m. Geologicamente, os terrenos englobam formações inseridas na zona de Ossa-Morena, uma unidade do Maciço Ibérico, definindo estratigrafias variadas do Devónico e Carbónico, composta por rochas eruptivas e metassedimentares, e com presença de maciços carbonatados e alguns maciços de rochas básicas.

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As formações são essencialmente compostas pelo complexo ígneo de Beja e o complexo ofíolítico de Beja-Acebuches. Do primeiro constam gabros olivínicos e anortositos (Andrade, 1984) e a nível local periotitos mais ou menos plagioclásicos e ainda pórfiros de tonalidades mais ou menos avermelhadas na zona de Baleizão e manchas de granófiros.Do segundo constam essencialmente serpentinitos, metagrabros e metavulcanitos básicos.

Fig. – Sistema Aquífero dos Gabros de Beja. Fonte: Duque,1998. Estas formações confinam com outras unidades geomorfológicas agregadas á zona Sul Portuguesa nomeadamente a Faixa Piritosa Ibérica e a Antiforma do Pulo do Lobo, sumariamente descritas em trabalhos de Oliveira (1992). A nível hidrogeológico, a região está profundamente marcada pela presença do sistema aquífero dos gabros de Beja, localizado na zona de divergência das duas bacias hidrográficas que repartem grosso modo o concelho W (Sado) – E (Guadiana). Este complexo apresenta um modelo estrutural genérico com presença de uma cobertura argilosa de cerca de 3,5m em termos médios, revelando uma superfície freática que acompanha aproximadamente a topografia, onde a região do vale do Guadiana é uma zona preferencial de descarga (Duque, 1998:4). A região dominada pela cidade configura no seu entorno directo um “anel” de solos carbonatados de grande aptidão agrícola, os conhecidos "barros de Beja", de grande espessura e riqueza mineral, resultantes das alterações do substrato de base gabrodiorítico, que conferiram desde momentos antigos uma vocação eminentemente agrícola à cidade e à região. As periferias, sobretudo a sul e oeste revelam já uma composição litológica distinta, marcada por xistos e quartzos, traduzindo solos de menor espessura e maior pobreza, as “terras galegas” (Fernandes, 1992:52) da região da Trindade, Salvada e Cabeça Gorda, marcadas por relevos relativamente enrugados e encaixadas entre os vales das ribeiras de Terges e Cobres, vocacionadas sobretudo para a pastorícia e para a exploração de alguns filões superficiais de minerais de cobre e ferro na região da Trindade, Albernoa e Santa Vitória.

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A presença de vegetação rasteira e estepe cerealífera com escasso montado de azinho, progressivamente substituído pela vinha e oliveira de cultivo intensivo, caracterizam o coberto vegetal envolvente da região, revelando-se na zona sudeste do concelho a presença de conjuntos arbóreos de azinho com presença de alguns choupos e medronheiros nas regiões de relevo mais acidentado. Um reconhecimento antigo da paisagem local esbarra contudo na escassez ou mesmo na inexistência de estudos de índole arqueozoológica e paleoambientais, invalidando a leitura de dados paleoeconómicos fidedignos, apesar do desenvolvimento da investigação sobre estas temáticas nos últimos anos. De modo geral, está evidente um cenário de paisagem Estes argumentos encontram eco em alguns testemunhos históricos que no território pacense apontam ainda para uma paisagem de “charneca” e maquis (vegetação rasteira e arbustiva completada com quercíneas do tipo carrasco) no entorno directo da cidade nos momentos da reconquista (Viana, 1946), sustentada na toponímia local que manteve até á actualidade designações como carrasco ou carrascoza, e referências a algumas zonas de coberto florestal como a mata de S. Pedro de Pomares em Baleizão ainda no período medieval., onde em 1294, D. Diniz, durante uma caçada ao javali nos matagais de S. Pedro se salvou miraculosamente do ataque de uma corpulenta fera (Espanca, 1992) ou em diversos relatos de ataques de lobos reportados nos jornais de época como o Bejense em finais do século XIX. Tais assumpções são corroboradas pela própria natureza dos solos locais, cujas argilas montmoriloníticas são fortemente expansivas e com grande capacidade de retenção de águas produzindo efeitos benéficos na estrutura de solo mas relativamente inadequadas para grandes cobertos arbóreos em altura e propícias a um desenvolvimento arbustivo (Cardoso, 1965). A fertilidade dos solos locais e a exploração agrícola do território terão certamente desempenhado um papel dominante na economia das populações locais, ainda que estejamos longe de conhecer as reais capacidades tecnológicas destas populações face ao tipo de solos locais, muito pesados e de características muito argilosas. A acentuada degradação actual da paisagem foi marcada pela profunda transformação que o espaço urbano e o seu território sofreram a partir da segunda metade do século XIX, até então relativamente inalterado. Uma real percepção do cenário da evolução do espaço urbano pode mesmo ser analisada através da narrativa da destruição do Convento de Santa Clara, um dos mais importantes conventos do Baixo Alentejo nos séculos XV e XVI, localizado sob a Actual Ermida de São Pedro, no actual perímetro urbano de Beja, que no século XVIII foi vandalizado e abandonado pelas religiosas que terão encontrado abrigo, longe, na cidade, no Convento da Esperança (actual Museu Regional) (Canelas, 1965, p. 231, 232). Será sobretudo com a expansão da até então praticamente inalterada cidade antiga (em área, subentenda-se) e a crescente intensificação da mecanização agrícola na área envolvente, que surge o grande desenvolvimento do campo e das periferias.

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7. Análise Preliminar A análise preliminar das realidades identificadas permitiu destacar a densidade da ocupação humana na área do concelho de Beja ao longo dos diversos períodos históricos implicando novas linhas de investigação para a região Baixo-Alentejana assim como as futuras directrizes de ordenamento do território no âmbito da protecção, salvaguarda e valorização patrimoniais. De cronologias paleolíticas na área do concelho são reconhecidos os locais identificados com os trabalhos de Abel Viana (Viana 1945 ; 1946 ;1947) e em colaboração com Mariano Feio e Georges Zbyszewsky (Viana, Zbyszewsky, 1943; Idem, 1945; Viana, 2007 fac-símile) ao longo das margens do rio Guadiana e em distintos pontos ao longo da peneplanície concelhia. A maioria das referências destes autores, de forte actualidade, carece contudo de localização exacta ou toponímia actualizada. Os trabalhos da Carta Arqueológica resultaram deste modo na relocalização, sempre que possível, das referências conhecidas e na identificação de um vasto conjunto de ocorrências inéditas de cronologias análogas. Entre estes, salientamos locais relocalizados como a Serra de Mira (freguesia de Beringel, nº inventário 946) ou o local Balhamim (Santa Clara do Louredo, nº inventário 220). Entre as novas ocorrências observam-se locais como Monte Branco 2 e 3 nº163 e 164; Monte da Faleirinha 1, nº 638 ou Corte Condessa 7, nº 429.

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No que concerne á pré-história recente o panorama da área concelhia apresentava claras distinções. Para além das referências de Abel Viana no Arquivo de Beja, retratando ocorrências pontuais em trabalhos agrícolas ou achados avulsos em locais como Quintos, são escassas as notícias, conhecidas no âmbito de trabalhos avulsos de reconhecimento e relocalização, alguns remontando á década de 70 como o povoado calcolítico dos Três Moinhos e já mais recentemente os locais folha do Ranjão (Faria, Soares, 1998) ou o Monte das Marianas (fonte:Endovelico - IPA) onde estão igualmente reconhecidos materiais de cronologia pré-histórica e de intervenções arqueológicas de minimização de impactes na área concelhia como o Alto do Outeiro (Grilo, no prelo). Neste enquadramento, os trabalhos da carta de património revelaram a presença de múltiplas ocorrências, retratando a diversidade de modelos de ocupação do espaço e distintas soluções de implantação. A realidade observada permitiu assim observar distintas estratégias de ocupação do território vocacionadas para diferentes esquemas sócio-económicos. O controle do território permite assim definir um padrão de ocupação dominado por locais de altura, controlando os acessos á planície de Beja e aos “barros” locais, centrado nas orlas das elevações de média altitude que definem os limites dos contrafortes da serra de Portel e das jazidas de minério da faixa piritosa da área de Ervidel-Aljustrel. Na área da peneplanície são já observados modelos de implantação de pequenos locais situados no topo de elevações muito suaves e dissimuladas na paisagem, em solos de grande riqueza agro-pastoril nas imediações de linhas de água. A natureza dos vestígios permite-nos ainda definir algumas considerações em relação aos solos e á directa relação entre estes locais e o tipo de vestígios observados, dados corroborados pelos trabalhos de minimização dos Blocos de Rega primários e Secundário do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EMFA). 8.Bibliografia: ALARCÃO, J. de (1985) – Sobre a Romanização do Alentejo e do Algarve. A propósito de uma

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