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CÂMARA MUNICIPAL DE AMPARO Estado de São Paulo ====***==== Relatório conclusivo dos trabalhos realizados pela Relatório conclusivo dos trabalhos realizados pela Comissão Parlamentar de Inquérito constituída pelo Comissão Parlamentar de Inquérito constituída pelo Requerimento nº 351/2010. Requerimento nº 351/2010. A composição da Câmara Municipal de Amparo Este trabalho foi realizado durante a Legislatura 2009 – 2012, composta pelos Vereadores Carlos Alberto Martins (PSDC); Celso Manzolli (PMDB); José Tadeu de Campos Nóbrega (DEM); José Carlos Carnier (PT); Jose Herculano da Silva (PT); José Donisete Urbano (PT); Odair Pereira de Oliveira (PV); Raul Armindo Monti Junior (PTB); Mário Acácio Ancona (PPS); e Rogério Delphino de Britto Catanese (PDT). A Comissão Parlamentar de Inquérito A CPI foi composta pelos Vereadores Carlos Alberto Martins (PSDC), na função de Presidente; José Carlos Carnier (PT), na função de Relator; e José Tadeu de Campos Nóbrega (DEM), membro. Constituição, finalidade e prazo Constituída para apurar fatos relacionados à Estação de Tratamento de Esgotos de Amparo, dada a não conclusão das obras no prazo contratual estabelecido, inclusive em seus aditamentos, o abandono das obras, 1

Relatório conclusivo dos trabalhos realizados ... - AMPARO · Estação de Tratamento de Esgotos de Amparo, constam a seguir. INSTRUÇÃO PROBATÓRIA Os trabalhos da Comissão Parlamentar

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Relatório conclusivo dos trabalhos realizados pelaRelatório conclusivo dos trabalhos realizados pela Comissão Parlamentar de Inquérito constituída peloComissão Parlamentar de Inquérito constituída pelo Requerimento nº 351/2010.Requerimento nº 351/2010.

A composição da Câmara Municipal de Amparo

Este trabalho foi realizado durante a Legislatura 2009 – 2012, composta pelos Vereadores Carlos Alberto Martins (PSDC); Celso Manzolli (PMDB); José Tadeu de Campos Nóbrega (DEM); José Carlos Carnier (PT); Jose Herculano da Silva (PT); José Donisete Urbano (PT); Odair Pereira de Oliveira (PV); Raul Armindo Monti Junior (PTB); Mário Acácio Ancona (PPS); e Rogério Delphino de Britto Catanese (PDT).

A Comissão Parlamentar de Inquérito

A CPI foi composta pelos Vereadores Carlos Alberto Martins (PSDC), na função de Presidente; José Carlos Carnier (PT), na função de Relator; e José Tadeu de Campos Nóbrega (DEM), membro.

Constituição, finalidade e prazo

Constituída para apurar fatos relacionados à Estação de Tratamento de Esgotos de Amparo, dada a não conclusão das obras no prazo contratual estabelecido, inclusive em seus aditamentos, o abandono das obras,

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====***====as reclamações em relação à inadimplência por parte da BOP Construções Ltda., a desconfiança de problemas em relação às obras executadas, as reclamações por parte da população de Amparo e outros motivos já de conhecimento público, a investigação foi pautada nos seguintes itens: processo licitatório, projetos básico e executivo, contratação, execução das obras, descumprimento contratual, fiscalização das obras, material utilizado e qualidade das obras, garantia financeira, EIA-RIMA, possíveis danos ao meio ambiente e atraso das obras.

O Requerimento nº 351/2010 foi assinado pelos Vereadores Carlos Alberto Martins (PSDC); Celso Manzolli (PMDB); José Tadeu de Campos Nóbrega (DEM) e Odair Pereira de Oliveira (PV), satisfazendo a exigência de um terço da composição da Câmara Municipal.

O prazo para a conclusão dos trabalhos foi fixado inicialmente em 180 (cento e oitenta) dias, na forma do que dispõe o Requerimento nº 351/10, sendo posteriormente dilatado para mais 60 (sessenta) dias na forma do Requerimento nº 221/2011, depois por mais 15 (quinze) dias na forma do Requerimento nº 356/2011, depois por mais 47 (quarenta e sete) dias na forma do Requerimento nº 408/2011, e derradeiramente por mais 15 (quinze) dias na forma do Requerimento nº 453/2011, cujo termo ocorrerá em 17 de agosto de 2011.

Ao longo dos trabalho, a CPI avaliou documentos e ouviu testemunhas, desde empresários e funcionários que participaram direta ou indiretamente da execução dos serviços da ETE até o ex-prefeito Cesar José Bonjuani Pagan.

Todas as pessoas que prestaram depoimento assumiram o compromisso em dizer a verdade, foram formalmente advertidos pela CPI sobre o dever em dizer a verdade sob as penas da Lei.

A exceção foi o depoimento do ex-prefeito Cesar José Bonjuani Pagan que, amparado por liminar concedida em Habeas Corpus (Processo nº 256/2011), deu-lhe o direito de não prestar o compromisso em dizer a verdade e teve em seu favor o salvo conduto, não podendo ter contra si, voz de prisão; a Justiça determinou em liminar que o ex-prefeito fosse ouvido pela CPI na condição de investigado.

Durante os trabalhos foram procedidas diligências, registros em fotos e vídeos que foram apresentados em Plenário; laudo pericial com o devido relatório e mapas da rede coletora de esgoto diagnosticada suscetível de servirem como prova material de irregularidades já apuradas.

A CPI não conseguiu ouvir, embora enviada a notificação pelos Correios e não localizado, o responsável pela BOP Construtora Ltda, Sr. Raul Bernardo, tampouco obteve resposta ao Ofício nº 74/2011 (fl. 1644),

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====***====encaminhado ao Gerente Geral da Caixa Econômica Federal de Amparo (financiadora das obras), dado que a CPI pretendia ouvir o (s) engenheiro (s) responsável (is) pelas medições dos serviços “executados” e consequente liberação dos recursos originados do empréstimo realizado pela municipalidade.

A instrução probatória, bem como as irregularidades diagnosticadas pela CPI e a problemática verificada na execução da obra da Estação de Tratamento de Esgotos de Amparo, constam a seguir.

INSTRUÇÃO PROBATÓRIAINSTRUÇÃO PROBATÓRIA

Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito foram pautados na análise de documentos que compõem o Processo 60.332 da Prefeitura Municipal de Amparo e na colheita de outras provas documentais e orais, conforme se pode ver a seguir:

Provas documentais – foram requisitadas e juntadas informações por cópias:

1 - Concorrência Internacional nº 02/2006; Concorrência Internacional nº 01/2010; Relatório referente aos serviços prestados pela empresa responsável pela consultoria técnica para apoio à contratação das obras remanescentes dos Sistemas de Esgotos Sanitários do Município de Amparo/SP (fls. 17-203).

2 - Diversas cópias do Processo 60.332/2006, que trata do procedimento licitatório que culminou na contratação da empresa BOP Construções Ltda. (fls. 214-1690).

3 - Ofício resposta do CREA-SP, unidade Mogi Guaçu, com informações sobre a empresa Freitas Guimarães Projeto e Construção Ltda. (fls. 1710-2024).

4 - Laudo pericial exarado pelo Perito contratado, Sr. Robinson Pistono Nunez (fls. 2182-2191), anexo complementar (fls. 2195-2201) e fotografias do local de trabalho (fls. 2202-2214).

Provas orais – foram ouvidas as seguintes testemunhas:

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====***====1 - Sr. Arnaldo Chinaglia (fls. 2027-2029);

2 - Sr. José de Carvalho Tedesco (fls. 2030-2033);

3 - Sr. Vinícius Pettan Tedesco (fls. 2034);

4 - Sr. Henrique Correa Barbin (fls. 2038-2040);

5 - Sr. Ivan Carmona (fls. 2047-2049);

6 - Sr. Robinson Pistono Nunez (fls. 2059);

7 - Sr. Manuel Antonio Magalhães Dias (fls. 2081-2082);

8 - Eng. José Roberto Scabora (fls. 2086-2088);

9 - Sr. Eduardo Salgado Marconi (fls. 2089-2092);

10 – E na condição de investigado, conforme liminar de fls. 2093-2095, o Sr. Cesar José Bonjuani Pagan (fls. 2096-2100).

TERMOS DE DECLARAÇÕESPontos relevantes

Das declarações constantes dos autos, podemos destacar as seguintes informações relevantes:

Sr. Arnaldo Chinaglia (fls. 2027-2029)

Do depoimento prestado, podemos destacar os seguintes pontos relevantes: trabalhou para a BOP no trecho compreendido entre as proximidades da Rodoviária e o Supermercado Unidos; sua função era aterrar as valas; a compactação era realizada por outra empresa; não presenciou a utilização de terra diferente da escavada, sendo que o aterro era feito com o mesmo material escavado; para assento dos tubos, nalguns lugares era colocado cascalho, noutros o assentamento se dava direto na terra, sendo que em nenhum local foi utilizado cimento ou concreto para manter a estrutura mais firme; nunca presenciou a realização de teste de estanqueidade; eram utilizados anéis de borracha em todos os tubos assentados, previamente lubrificados com vaselina; escoramento das valas tubo a tubo, sendo as escoras transferidas pela máquina à medida em que ia assentando os tubos; o assentamento dos tubos não seguiu uma sequência; ouviu dizer que em parte desse trecho

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====***====houve a constatação de declividade invertida; engenheiro Scabora, da Prefeitura, fiscalizava a obra; o Sr. Piero Fioravanti pouco comparecia no local; o topógrafo acompanhava a execução da obra, porém não sabe precisar se diariamente; que outras empresas, não sabe precisar quais, realizaram os mesmos serviços em outros trechos da obra, sendo que num dos trechos, próximo à empresa Roberto Canto e Castro, foi refeito, onde o depoente foi responsável pelo serviço de acumular a terra para aterramento na segunda vez; o excesso de chuva prejudicou o andamento das obras em certos momentos.

Sr. José de Carvalho Tedesco (fls. 2030-2033)

Do depoimento prestado, podemos destacar os seguintes pontos relevantes: sua empresa prestou serviço como terceirizada da empresa BOP; recebera garantia do prefeito e vice-prefeita de que os valores da execução das obras poderiam ser corrigidos durante a execução com aditamentos contratuais e com mecanismos de compensação de serviços não executados com serviços executados; que todas as reuniões eram realizadas na sede da Prefeitura e contavam com a presença do Sr. Prefeito, inclusive quando da assinatura do contrato com a empresa BOP, em 27 de maio de 2009; que a causa da paralisação das obras, por sua empresa, foi a retenção de créditos da BOP promovida por credores; destacou ainda divergência de valores calculados por sua empresa e medidos pela Prefeitura, de R$ 360.000,00 e R$ 170.000,00 respectivamente, sendo que não recebeu nem um nem outro; que com a enfermidade do Sr. Piero Fioravanti, pessoa com quem sempre tratou os assuntos técnicos da obra, assumiu os trabalhos o Sr. José Roberto Scabora; que o Sr. Eduardo, Secretário de Obras, passou a ser o contato após a enfermidade do Sr. Piero; que um dos motivos que dificultou a execução das obras foi a omissão do Sr. Eduardo em relação a assumir e honrar o que havia sido previamente combinado com o Sr. Piero Fioravanti; foi contratado para a escavação, assentamento dos tubos, aterramento, compactação até o nível da rua, bem como a construção de chaminés dos poços de visitas, não sendo responsável pela pavimentação; que em trechos da obra foi utilizado escoramento tipo gaiola, contínuo e não contínuo; todo escoramento utilizado, no trecho da execução da obra, foi de responsabilidade e custo próprio, não tendo utilizado escoramento pré-existente; contrariamente ao que disse o Sr. Chinaglia, disse que no trecho onde executou a obra não era

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====***====reutilizado material de escavação, apenas quando a situação da terra era de boa qualidade (umidade); no aterramento das valas era utilizado, até a altura dos tubos, o compactador tipo sapo, sendo que após esse nível era utilizado o rolo compressor; era utilizado anel de vedação na conexão dos tubos; nunca realizou o teste de estanqueidade; não realizava assentamento de tubo sem a presença in loco do topógrafo (empresa Topoplan); nas ocasiões em que esteve presente no local das obras, nunca presenciou o engenheiro da Caixa Econômica Federal; por falta de acordo em relação a valores, o Sr. Prefeito Paulo Miotta teria dado ordem para paralisação das obras, ocasião em que estavam presentes os Srs. Valter Mancini, engenheiro da SEMPRE, o Sr. Eduardo Salgado, Secretário da Prefeitura, o Eng. José Roberto Scabora e dona Ana Luzia.

Sr. Vinícius Pettan Tedesco (fls. 2034)

Nada acrescentou, tendo em vista que o Sr. José de Carvalho Tedesco, seu pai, era quem detinha as informações a serem prestadas.

Sr. Henrique Correa Barbin (fls. 2038-2040)

O depoente não trouxe informações relevantes do ponto de vista da investigação, mas podemos destacar o seguinte: locava uma máquina escavadeira hidráulica e um funcionário para abertura de valas de até seis metros e oitenta centímetros de profundidade; além disso, com a máquina, auxiliava no transporte dos tubos até a vala; não soube dizer se foi utilizado berço de brita, pois fazia uma visita por semana para conversar com seu maquinista, Sr. Emerson, que, segundo consta, está trabalhando em uma fazenda no Estado do Rio de Janeiro.

Sr. Ivan Carmona (fls. 2047-2049)

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====***====Do depoimento prestado, podemos destacar os seguintes pontos

relevantes: a empresa Santo Expedito foi contratada como terceirizada da BOP para realização de obras na Avenida Prestes Maia; o trecho que lhe coube foi do Posto Shell (Posto do Sol) até o final da obra na Avenida Prestes Maia; executou todo o trabalho de pavimentação nesse trecho, mas não recebeu a maior parte do valor devido; que as trincas e aprofundamentos na pavimentação asfáltica em pouco tempo de uso provavelmente seria por conta de algo que tenha sido realizado na parte inferior do trabalho de asfaltamento, ou seja, quanto a escavação, assentamento de tubos ou a compactação da terra, não podendo garantir que a causa tenha sido essa; que a qualidade do pavimento depende da boa compactação das camadas inferiores e não da espessura do asfalto, e que realizou o asfalto após garantia, pelo fiscal de obras, de que, depois de análises do laboratório da BOP, o local estava compactado adequadamente; entende que os buracos verificados posteriormente decorrem da compactação ou algo abaixo do serviço superior; que outro fator que pode ter facilitado a abertura de crateras no piso asfáltico foi o uso indevido das guias e sarjetas por conta de caminhões de até 60.000 quilos que podem ter danificado as margens da avenida, promovendo o início de infiltração naqueles locais; que a camada contratada era de 4 (quatro) centímetros e que a espessura do asfalto da Avenida Francisco Prestes Maia é adequada conforme preconiza a engenharia de pavimentação em municípios; que o asfalto da referida avenida custou de R$ 24,00 a R$ 27,00 o metro quadrado; quanto ao asfalto da Avenida Dr. Carlos Burgos, mais propriamente o Parque Linear, afirma que foi contratado pela Prefeitura Municipal para fazer simplesmente o reparo (tapa-buraco), não tendo sido o depoente o responsável pela pavimentação.

Sr. Robinson Pistono Nunez (fls. 2059)

De seu depoimento, reafirmou as informações detidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito, confirmando que, em maio de 2009, foi contratado para realizar perícia em trecho compreendido entre os poços de visita 49-50 e 50-51 (no total de 109,30 metros de distância), ocasião em que encontrou declividade invertida num dos pontos, que, segundo consta, foi corrigido posteriormente quando da atuação da empresa SEMPRE.

Sr. Manuel Antonio Magalhães Dias (fls. 2081-2082)

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====***====Do depoimento prestado, podemos destacar os seguintes pontos

relevantes: abordou a má qualidade dos suportes construídos pela BOP, que foram construídos posteriormente à instalação das tubulações (aeradores), fator que pode reduzir a vida útil da tubulação (fibra de vidro) caso haja movimentação em decorrência da dilatação da tubulação; disse que os equipamentos parados podem ser deteriorados mais rapidamente do que se estivessem em funcionamento, recomendando manutenção antes de colocar os sopradores e difusores em funcionamento.

Eng. José Roberto Scabora (fls. 2086-2088)

Do depoimento prestado, podemos destacar os seguintes pontos relevantes: Engenheiro Civil responsável pela parte técnica da obra; mesmo não contando com especialização em Engenharia Sanitária, entende possuir habilitação suficiente para as exigências da obra; teve atribuição de fiscalizar, de acompanhar a execução da obra; baseado em relatório do topógrafo da executora, cujo nivelamento era feito por esse profissional, disse que toda a extensão da tubulação assentada não apresenta problemas quanto à declividade, conforme relatório do topógrafo da empresa executora, e está apta ao funcionamento; salientou que o topógrafo da empresa contratada pela BOP, através de pontos de referência antes da obra, fazia a medição de trecho em trecho e não de tubo em tubo, apontando a sequência da tubulação e o serviço era executado; disse que do lado esquerdo do emissário, entre a Av. Prestes Maia até por volta do depósito da Prefeitura, na Av. Prefeito Raul de Oliveira Fagundes, o esgoto tem corrido pela tubulação, e que, pelo lado direito, corre desde a quadra de areia até o “bolão” (Ginásio de Esportes do Centro Esportivo do Trabalhador) onde há um extravasor; disse que posteriormente a esse local até a Olaria Moretto, mais ou menos duzentos metros antes das lagoas de decantação, onde há outro extravasor a céu aberto, exatamente para avaliar se o material coletado está fluindo adequadamente; afirmou que há o funcionamento correto de ambos os lados da obra; que as medições eram realizadas pela empresa contratada, BOP, que apresentava o relatório à Prefeitura onde o Sr. Piero Fioravanti, em conjunto com o depoente, aferia o relatório apresentado; o relatório apresentado era encaminhado à Caixa Econômica Federal para pagamento dos recursos; relata que vinha um engenheiro da CEF in loco para conferir o relatório apresentado pela Prefeitura; que em todo o trecho da obra era utilizado o berço de brita na instalação dos tubos, sendo que em alguns trechos foi utilizado cascalho ou areia para complementação do berço de brita, na ausência desta, o que constava na planilha orçamentária; em vários trechos o solo era ruim, com pouca densidade para sustentação dos tubos, necessitando a utilização de britas; dos dois sifões invertidos foi colocado apenas um, mas que ainda não foi testado ante a paralisação da obra; no aterramento das valas, havia reaproveitamento do solo quando de boa qualidade, substituindo apenas quando necessário; terra de qualidade inadequada foi utilizada apenas em situações emergenciais, para

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====***====posterior substituição; o solo utilizado nas vias pavimentadas é de boa qualidade, pois existiam relatórios da empresa contratada atestando solo e compactação; a causa das rachaduras e oscilações na pavimentação realizada, provavelmente seja devido ao tráfego de veículos com excesso de carga.

Sr. Eduardo Salgado Marconi (fls. 2089-2092)

Do depoimento prestado, podemos destacar os seguintes pontos relevantes: que a decisão de alterar o cronograma sequencial da obra da ETE foi do governo, priorizando o trecho onde posteriormente foi construído o Parque Linear, em razão da captação de recursos estaduais e federais; fatores de atraso nas obras: retirada de enorme pedra, chuvas, intempéries; acompanhou algumas medições realizadas por engenheiros da CEF, entre eles um de nome Osvaldo; berço de brita, cascalho ou areia foi utilizado em todos os trechos dependendo da demanda do solo, se arenoso, argiloso; escoramento tipo gaiola foi utilizado na maioria das vezes e, quando necessário, o escoramento contínuo; no fechamento das valas era reutilizado material quando de boa qualidade, utilizando solo novo quando necessário; na Avenida Prestes Maia foi realizada compactação controlada, inclusive com laudo de compactação Proctor 95; buracos, oscilações e desníveis na pavimentação da Av. Prestes Maia decorrem de acomodação do solo compactado, proximidade com o rio e que os danos causados no asfalto se deram em razão da infiltração e trânsito pesado de veículos; o preparo do solo define a resistência do asfalto; a declividade está de acordo com o projeto da ETE; garantiu que no restante da obra a execução foi correta e não há declividade invertida.

Sr. Cesar José Bonjuani Pagan (fls. 2096-2100)

Valendo-se do Habeas Corpus Preventivo – processo n.º 022.01.2011.002756-7, Ordem 256/2011 – 2ª Vara, o depoente não prestou o compromisso em dizer a verdade perante a CPI.

Do depoimento prestado, podemos destacar os seguintes pontos relevantes: que existia um TAC – Termo de Ajuste de Conduta de 1999, pelo qual se deveria construir a ETE no prazo de 7 anos; obra avalizada pelo orçamento participativo; sobre reajuste contratual, defendeu que o proposto pela Prefeitura era menor e que a diferença era insignificante diante da magnitude do contrato, o que não justificava a pretensão da BOP; Sr. Piero Fioravanti foi contratado mediante pregão, para atendimento multi-setorial, sendo que a Prefeitura já contava com o Engenheiro José Roberto Scabora para cuidar da parte técnica, tendo sido indicado pela equipe técnica da Prefeitura; sobre os vários comunicados encaminhados pelo gerente da obra,

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====***====citando inúmeras ocorrências contrárias ao bom desempenho da empresa em relação à obra, disse que todas as providências possíveis e legais, à época, foram tomadas; sobre inversão na execução da obra, para construção do Parque Linear, se deu para garantir o recebimento de recursos mediante dois convênios com o Governo do Estado, após decisão com sua equipe; salientou que a mudança não interferiu no andamento da obra, ressalvando que a complicação maior se deu em razão da imensa pedra encontrada e o grande volume de chuvas; as medições in loco foram realizadas pelos engenheiros da CEF; justificou que o aditamento da obra por mais 90 (noventa) dias se deu porque visualizavam que a obra faltante seria possível concluir nesse prazo, segundo sua equipe; não respondeu o motivo de não denunciar o seguro-fiança contratado junto ao Banco Potencial.

IRREGULARIDADES ENCONTRADAS

Contratação de profissionais para gerenciar a obra

A contratação do Sr. Piero Fioravanti para gerenciar as obras de implantação do sistema de tratamento de esgoto de Amparo, se deu mediante.

A CPI constatou que o contratado (único concorrente) não possuía qualificação técnica na área; não era formado em engenharia civil e não possuía acervo técnico ou curso de qualificação na área de obras sanitárias.

O depoimento prestado pelo ex-prefeito Cesar José Bonjuani Pagan à CPI confirma as conclusões da CPI nos seguintes pontos:

1 - Questionado sobre o motivo da contratação do Sr. Piero Fioravanti, respondeu: “que se deu em pregão”.

2 - Questionado quanto à contratação de pessoa sem qualificação técnica na área da engenharia sanitária, e tampouco com acervo técnico registrado, afirma que: “a Prefeitura precisava de um gestor competente para a obra, que deveria ter capacidade para lidar com vários assuntos, e, no que tange ao questionamento sobre a formação do engenheiro civil, disse que a obra já contava com pessoa apta a tratar dessas questões, que seria o Sr. José Roberto Scabora” (grifos nossos).

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====***====3 - Questionado acerca da qualificação do engenheiro

responsável pelo acompanhamento da obra, afirma que: “como a maioria dos cargos de confiança da Prefeitura, as pessoas têm competência técnica, e ele foi indicado pela equipe técnica da Prefeitura, como o Secretário Eduardo Marconi, por exemplo; com relação à formação, entende que seja suficiente a de Engenheiro Civil, e caso o profissional reportasse alguma dificuldade, poderia ser contratado um especialista para cuidar da especificidade se necessário; tem notícia de que engenheiros ligados ao CREA Amparo acompanharam a obra da ETE”. (grifos nossos)

Já o engenheiro responsável, contratado pela Prefeitura em cargo de comissão para acompanhar a parte técnica da obra da ETE, quando questionado se possuía acervo técnico ou especialização na área de Engenharia Sanitária, afirmou: “que não possui especialização na área, e sim no contexto da Engenharia Civil”.

E complementa ao final do depoimento: “afirma também que não tem especialização na execução de projeto dessa natureza, mas tem atribuições e plena capacidade de entender esse projeto e acompanhar esse tipo de obra”.

Afirma também que “era exclusivamente para o acompanhamento da execução das obras e que, em todos os dias, esteve presente nessa sua função de acompanhamento”.

Quando o Sr. Eduardo Marconi Salgado, Secretário de Desenvolvimento Urbano de Amparo, foi questionado se uma obra de tal complexidade não necessitaria de um acompanhamento por profissional com acervo técnico e qualificação específica, afirmou a CPI “que os dois responsáveis pela fiscalização, Sr. José Roberto Scabora e Sr. Piero Fioravanti, foram às pessoas certas e competentes para exercerem tal função”.

Ficou comprovado que o Sr. Piero Fioravanti foi concorrente único no “pregão” e que não possuía especialização e acervo técnico em obra de sanemanto. Constatou-se que o Engenheiro Civil Sr. José Roberto Scabora, contratado em cargo de confiança pela Prefeitura Municipal de Amparo, também não possui especialização e acervo técnico em obras de saneamento ou em Engenharia Sanitária, porém, era o único responsável técnico pela fiscalização da obra.

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====***====COMISSÃO JULGADORA DE LICITAÇÃO

Nos termos da Portaria nº 157, de 29 de novembro de 2005 (fl. 215), constituída para análise e julgamento de Concorrências Internacionais, referentes a projetos e obras para implantação do sistema de afastamento, tratamento e disposição final dos esgotos urbanos no Município de Amparo, foram nomeados pelo Prefeito Cesar José Bonjuani Pagan os senhores: Maria Ap. Adomaitis Amaral, Isabel Cristina da Silva Rocha, Anna Luzia de Castro, Carlos Eduardo Mazzetto, Mônica Lenzi Baraldi, José Roberto Baroni e o Vereador José Donisete Urbano.

Embora a Portaria nº 157/05 tivesse prazo determinado de 12 (doze) meses, todos continuaram assinando pela Comissão Julgadora de Licitação até o mês de dezembro de 2009, não sendo localizadas nos autos novas portarias de prorrogação da referida Comissão Julgadora.

Consta dos autos parecer da Comissão Julgadora (fl. 628), de 11 de setembro de 2006, declarando inabilitada a empresa BOP Construtora Ltda. no item 4.5.5 do edital.

Referido item trata da qualificação técnica (fl. 438), pelo qual a empresa deveria comprovar “execução de movimentação e compactação de maciços de terra, em qualquer tipo de obra, com altura prevista de 5 metros” (grifos no original).

Apresentado recurso dessa decisão, a Comissão Julgadora de Licitação deu provimento para o fim de habilitar a empresa BOP Construtora Ltda. (fl. 823).

Referida Comissão Julgadora acompanhou a licitação que culminou na contratação da empresa BOP Construções Ltda, conforme parecer de fls. 825-826.

O fato de o Vereador José Donisete Urbano ter sido nomeado, em seu governo, para compor a Comissão de Julgamento e Licitação foi motivo de indagação ao ex-prefeito Cesar José Bonjuani Pagan durante seu depoimento perante a CPI, por se tratar de parlamentar municipal de sua mesma agremiação política, ao que respondeu: “o depoente se reserva no direito de não responder” (valendo-se do Habeas Corpus Preventivo – processo n.º 022.01.2011.002756-7, Ordem 256/2011 – 2ª Vara).

SUBSTITUIÇÃO MATERIAL E SOLO 12

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====***====Os trabalhos da CPI chegaram à conclusão, com os depoimentos

prestados, que não houve a “troca de solo” em vários trechos da obra. Entre as testemunhas ouvidas pela CPI, o Sr. Arnaldo Chinaglia foi subcontratado pela BOP Construtora para realizar o fechamento das valas e prestou o seguinte depoimento:

1 - Questionado a respeito da reutilização do material escavado, o depoente afirma: “era utilizado exclusivamente o mesmo material e afirma não ter presenciado a utilização de terra diferente da escavada, para compactação das valas”. (fl. 2028)

2 – À fl. 2027 também afirmou: “que era utilizado o mesmo material retirado das valetas no momento do aterro, ou seja, o que saía era colocado de volta”.

As fotos registradas durante a execução de trechos da obra, mais propriamente na Avenida Francisco Prestes Maia, comprovam o reaproveitamento do mesmo material escavado, em desencontro com o Projeto Executivo que previa a substituição do solo, inclusive com significativo orçamento.

O engenheiro José Roberto Scabora, contratado pela Prefeitura de Amparo para realizar a fiscalização da execução dos serviços, admitiu em depoimento prestado perante a CPI (fl. 1687 fine): “que em situações emergenciais foi aproveitada terra de qualidade inadequada, para posterior substituição”.

Quando questionado se em algum trecho que recebeu a pavimentação foi utilizado material de baixa qualidade para o aterro: “o depoente afirma desconhecer; quando o depoente diz desconhecer, está afirmando que o solo utilizado nas vias pavimentadas é de boa qualidade, pois existiam relatórios da empresa contratada atestando solo e compactação”.

Diante disso, é duvidoso afirmar que foi utilizada a substituição de solo em todos os trechos que seriam necessários para fechamento das valas abertas.

Os danos causados ao pavimento das Avenidas Francisco Prestes Maia e Dr. Carlos Burgos, em pouco tempo após a conclusão do asfalto, pode ser atribuído também à baixa qualidade da base (solo).

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====***====Verifica-se que há contradição entre os depoimentos prestados a

CPI quanto a utilização de material de boa qualidade. O Sr. Arnaldo Chinaglia, profissional contratado para realizar o fechamento das valas afirmou que ERA UTILIZADO O MESMO MATERIAL ESCAVADO.

ESCORAMENTO DAS VALAS

A CPI constatou que foi disponibilizado no Projeto Orçamentário Executivo das obras o valor de R$ 2.068.835,75 (dois milhões, sessenta e oito mil, oitocentos e trinta e cinco reais e setenta e cinco centavos) referente ao “escoramento” das valas escavadas em todos os trechos da obra [IMD-1, IMD-2, IMD-3, IME-1, IMD-1A, IMDE-2,IME-3] (fls. 756) item 5.

Porém, segundo afirmado por testemunhas, utilizou-se escoras contínuas e não contínuas, embora nas planilhas de medições conste apenas medições pelo escoramento contínuo.

Em depoimento à CPI o Sr. Arnaldo Chinaglia afirmou (fl. 2028): “que o escoramento das valas era realizado de maneira tubo a tubo; que a máquina mudava o escoramento na medida em que ia assentando os tubos; o depoente afirma que é de seu conhecimento que o assentamento dos tubos não seguiu uma sequência; que outras empresas, não sabe precisar quais, realizaram os mesmos serviços em outros trechos da obra”.

O próprio Secretário de Desenvolvimento Urbano, Sr EDUARDO MARCONI SALGADO, afirmou que (fl. 2091): “foi utilizado, na maioria das vezes, o escoramento tipo gaiola, e, quando necessário, o escoramento contínuo”.

Apesar do orçamento de R$ 2.068.835,75 (dois milhões, sessenta e oito mil, oitocentos e trinta e cindo reais com setenta a cinco centavos), em vista dos depoimentos acima não é possível afirmar que houve o escoramento contínuo, embora nas medições constem apenas esse tipo de escoramento.

O fato é que a CPI não vislumbrou a utilização do escoramento em todos os trechos, conforme preconizado no projeto inicial e informado nas medições, assim como não encontrou no projeto inicial a permissão para utilização de escoramento tipo “gaiola”.

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====***====PAVIMENTAÇÃO – AV. FRANCISCO PRESTES MAIA

A CPI constatou que a pavimentação da Avenida Francisco Prestes Maia realizada pela empresa Santo Expedicto (subcontratada pela BOP Construtora Ltda.), em menos de 24 meses após sua execução, apresentou vários pontos danificados.

Segundo informações apuradas, não foi finalizado o serviço de compactação da base, ocasionando rachaduras na camada asfáltica originando buracos e saliências.

De acordo com o art. 618 do Código Civil Brasileiro a garantia de obras de engenharia é de 5 anos:

Art. 618, CC2002: “Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo”. (grifo nosso).

A empresa responsável pela pavimentação na referida avenida foi a Santo Expedicto. O responsável pela empresa, Sr. Ivan Carmona, prestou depoimento à CPI (fl. 2047), donde se extrai o seguinte: “relata o depoente que o trecho que lhe coube, ou seja, do Posto Shell (Posto do Sol) até o final da obra na Avenida Prestes Maia, embora tenha executado todo o trabalho de pavimentação, não recebeu a maior parte do valor devido, sendo inclusive motivo de acionamento por parte de sua empresa contra a BOP para receber esses valores”.

Perguntado pelo relator da CPI sobre a questão do asfalto ter apresentado trincas e aprofundamentos em pouco tempo de uso (fl. 2048): “o depoente disse que provavelmente seria por conta de algo que tenha sido realizado na parte inferior do trabalho de asfaltamento, ou seja, quanto a escavação, assentamento de tubos ou a compactação da terra, reafirmando que não pode garantir que a causa tenha sido essa, e disse mais, que do trabalho executado por sua empresa, ele (depoente) garante”. (grifo nosso).

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====***====Ora, como foi afirmado em depoimento perante a CPI, o

empresário disse que garante o serviço prestado. Todavia, a Prefeitura de Amparo pagou novamente para a mesma empresa realizar os serviços de manutenção, os quais deveriam ser feitos sem qualquer custo para o Erário, por estar coberto pela garantia.

Por outro lado, o depoimento prestado pelo Secretário de Desenvolvimento Urbano de Amparo, Sr. Eduardo Marconi Salgado (fl. 2091), preconiza que houve compactação inclusive com laudo: “(...) e que, especificamente na Avenida Prestes Maia foi realizada compactação controlada, inclusive com laudo de compactação denominado Proctor 95”.

Questionado a respeito dos problemas de reparos na pavimentação (buracos, oscilações e desníveis) da Av. Prestes Maia, o depoente afirma que (fl. 2091): “(...) há uma acomodação do solo compactado e que os danos causados no asfalto se deram em razão da infiltração”.

Ainda (fls. 2091-2092), “(...) disse também que pelo tipo do local, nas proximidades do rio, não dá para dar garantia de 100% na compactação do local; o depoente afirma que o que define a resistência da pavimentação não é exclusivamente a espessura da camada asfáltica, mas sim todo o preparo do solo pra receber a camada asfáltica”. (grifo nosso).

E quando perguntado se há algum processo administrativo para apurar a responsabilidade (fl. 2091): “(...) o depoente afirma que não há processo ou instalação de procedimento para apuração de tal fato”.

Baseado nos depoimentos colhidos pela CPI é possível concluir contradição entre as testemunhas: O Secretário de Desenvolvimento da Prefeitura afirma que há um laudo (Proctor 95). Em seguida, em contradição, afirma que não dá para garantir 100% da compactação por ser uma área próxima do rio.

Já o responsável pela empresa Santo Expedicto, que realizou a pavimentação, atribuiu às rachaduras do asfalto a falta de compactação da parte inferior da camada asfáltica.

Pode-se concluir que não houve a devida compactação do solo (no fechamento das valas), e devido ao reaproveitamento do material escavado, a qualidade da base que posteriormente recebeu a camada asfáltica ficou inconsistente desencadeando rachaduras, buracos e afundamentos.

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====***====Isso porque, segundo as próprias testemunhas afirmaram, a

qualidade do asfalto não está relacionada à espessura, mas à qualidade da compactação da base.

PAVIMENTAÇÃO – AV. DOUTOR CARLOS BURGOS

Quanto ao pavimento da Av. Dr. Carlos Burgos, onde foram instalados a tubulação coletora de esgoto e posteriormente recebeu as obras do Parque Linear, a CPI constatou que a empresa Concryel realizou a pavimentação no trecho onde foi instalada a tubulação da rede de esgoto.

Entretanto, tendo passado pouco mais de 2 (dois) anos, a pavimentação vem apresentando vários pontos danificados, buracos, oscilações do pavimento e apresenta uma pequena camada de massa asfáltica (fotos constantes dos autos). Posteriormente, a Prefeitura de Amparo contratou a empresa Santo Expedicto para realizar os consertos (tapa buracos) na referida avenida.

Durante a audiência que ouviu o responsável pela empresa Santo Expedicto, Sr. Ivan Carmona, foi perguntado quanto ao asfalto da Avenida Dr. Carlos Burgos, mais propriamente o Parque Linear, e a resposta foi a seguinte: “afirma que foi contratado pela Prefeitura Municipal para fazer simplesmente o reparo (tapa-buraco), não tendo sido o depoente o responsável pela pavimentação”.

A CPI entende que, por força da garantia legal de 5 anos, a empresa Concryel deveria de ser responsabilizada pela falta de solidez na pavimento da avenida, conforme o art. 618, do CC já citado.

De acordo com o projeto técnico do pavimento da Avenida Dr. Carlos Burgos, a execução dos serviços, em tese, não seguiram as recomendações técnicas do projeto. Vejamos:

Planta 09/10 – Av. “Projeto Parque Linear – Prefeitura Municipal da Estância de Amparo”, data 30/10/2006:

0,20 cm = sub – base de solo/brita (conforme DNER-ES- 303) ou cascalho compactado a 95% proctor normal;

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====***==== 0,10 cm = base de macadame hidráulico (com BRITA COMERCIAL);

0,05 cm = base de macadame betuminoso – imprimadura impermeabilizante;

Cola = imprimadura ligante betuminoso;

0,05 = concreo asfáltico usinado a quente (CAUQ ou CBUQ).

De acordo com o projeto técnico haveria a necessidade de duas camadas de 0,05 centímetros de massa asfáltica, entre elas haveria a necessidade de um “cola” (imprimadura ligante betuminoso), totalizando 0,10 centímetros de asfalto, além dos 0,30 centímetros de preparo 0,20 cm de subsolo/brita e 0,10 cm de base de macadame hidráulico com brita comercial.

Conforme as fotos registradas em trechos danificados do pavimento, a espessura da camada asfáltica 0,04 centímetros – e não ficou registrada nos pontos abertos a presença de brita comercial.

BERÇO DE BRITA

O projeto inicial elaborado pela GCA Consultores Associados, em conjunto com o SAAE, prevê que a utilização do berço de brita, que tem por finalidade permitir o apoio e instalação do tubo, bem como aumentar a capacidade de suporte do tubo (fls. 284), com efeito principal de distribuir a carga do tubo e facilidade construtiva.

Segundo depoimentos, a CPI pôde constatar que o berço de brita, recomendado pela Consultoria e pelo SAAE, previsto no orçamento apresentado pela BOP (fl. 758, p. exemplo, item 7.1.1), não chegou a ser executado em vários pontos da obra.

No depoimento do Sr. Arnaldo Chinaglia (fl. 2027), afirmou à CPI que: “nas oportunidades em que acompanhou a obra via que era colocada a tubulação sem embasamento de concreto; que em alguns lugares observou que foi colocado cascalho e em outros a tubulação foi colocada por cima da terra, diretamente, sem preparo, e em nenhum local observou que houve a utilização de cimento ou concreto para manter a estrutura

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====***====mais firme; disse o depoente que tais fatos ocorreram entre o trecho próximo à Rodoviária até próximo ao Supermercado Unidos (Rua Galvão Bueno, passando a ponte)”.

Por outro lado, o Eng. José Roberto Scabora e o Secretário Eduardo Salgado Marconi afirmaram que o berço de brita foi utilizado nalguns pontos, sendo que noutros foi utilizado cascalho ou areia, conforme a demanda do solo.

O depoimento do Secretário de Desenvolvimento Urbano de Amparo, Sr. Eduardo Salgado Marconi, à CPI é categórico em afirmar, quando questionado a respeito do berço de brita (fl. 1691): “o depoente afirma que foi utilizado em todos os trechos o berço de brita, cascalho ou areia, dependendo da demanda do solo, se arenoso, argiloso”.

DO CONTRATO COM A BOP CONSTRUTORA LTDA.

O contrato firmado com a BOP (fls. 833-851, assinado em 17 de outubro de 2006), como qualquer outro contrato estabeleceu direitos e obrigações para as partes. Mas há de se notar que ele previa de maneira profética todos os problemas que estavam por acontecer neste desastroso processo.

Podemos constatar que apesar das falhas oriundas deste processo mal gestado pela ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, as providências para enquadramento da empresa BOP poderiam ter sido tomadas com muita antecedência evitando-se assim chegar aonde chegamos gerando um prejuízo incomensurável à municipalidade amparense.

Destacamos alguns itens do contrato:

Fl. 841 – Cláusula nona – Das obrigações da contratante – Alínea c) Exercer a fiscalização dos serviços por técnicos especialmente designados.

Dada a expressa previsão contratual, é possível afirmar que houve falha na fiscalização, haja vista o próprio estado em que chegaram as obras, o que não se pode negar.

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====***====Todavia, dada a complexidade e magnitude da obra, por maiores

cuidados que tenham sido dispensados, não dá para dizer se este ou aquele é o responsável, mas as circunstâncias conduziram à paralisação das obras num momento bastante crítico, apesar dos esforços empreendidos.

Fls. 845 a 847 – CLÁUSULA DÉCIMA SÉTIMA - DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS – Alíneas 17.1 até 17.10 versando sobre sanções, inclusive multas, que poderiam ser aplicadas pela Administração Pública.

Mesmo com sinais evidentes de não cumprimento do contrato objeto de Concorrência Internacional, os responsáveis pela gestão da obra, bem como os senhores Cesar José Bonjuani Pagan e Paulo Turatto Miotta, não fizeram cumprir o contrato no devido tempo e conforme preceitua o art. 77 e seguintes da Lei 8.666/1993.

Pelo que a Comissão de Inquérito pôde observar na cronologia dos fatos, tais providências foram tomadas tardiamente, quando já estava vencida a carta fiança, inclusive com aditamentos de valores e prazo, mesmo tendo exaurido a garantia da carta de fiança emitida pelo Banco Pottencial S.A., em descompasso com a legislação, e quando a empresa BOP já apresentava sinais de insolvência.

NOTIFICAÇÕES DE PROBLEMAS

Fl. 910 – 09/08/2007 – e-mail sob o título “queixas relevantes”, do Sr. Piero Fioravanti ao Sr. Raul Bernardo, sócio da BOP Construtora Ltda., com cópia ao Prefeito da época, reportando-se a reunião ocorrida em 18 de julho daquele mesmo ano, 10 meses após a assinatura do contrato, em que pedia esclarecimentos a respeito dos relatados problemas financeiros informados pela BOP, necessidade de aumento de garantia, informações acerca de pedido de falência contra a BOP, notícia de que terceirizada pretendia interromper a prestação de serviços, fatos que poderiam comprometer o andamento da obra.

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====***====Em novo e-mail (fl. 887), de 22 de outubro de 2007, o Sr. Piero

ressalta ao Sr. Masayuki: “Vamos acelerar a solução dos sifões invertidos, por favor”.

Estranhamente, em 29/11/2007 é aprovado pela ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, com anuência do mesmo Gerente que reclamava do atraso das obras, o primeiro aditamento ao contrato no valor de R$ 475.125,38 (fl. 906).

Fl. 911 – 14/12/2007 – e-mail de Piero Fioravanti ao Sr. Raul Bernardo, com cópia ao Prefeito da época, solicitando reunião com a BOP para resolver problemas relacionados ao andamento da obra. Relata ainda no mesmo e-mail: “Nos últimos e 3 meses o Cronograma Físico Financeiro da Caixa tem sido desrespeitado com um saldo negativo crescente e Caixa solicita explicações”.

Nota-se que apenas 15 dias após a liberação do primeiro aditamento, problemas recorrentes registrados a partir de julho de 2007, continuavam. E mesmo a BOP não cumprindo com os prazos estabelecidos, o aditamento foi recomendado. É evidente que faltou ação da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ao não executar o que rezava o contrato objeto de Concorrência Internacional amparada pela Lei 8666/1993.

Fl. 912 – 07/01/2008 – novo e-mail do Sr. Piero Fioravanti, encaminhado ao Sr. Raul Bernardo e Sr. Masayuki, com cópia ao Prefeito da época, reclama novamente do pouco caso da BOP em não realizar reunião técnica de emergência para resolver problemas fundamentais da obra. Observa-se neste e-mail o tom pouco amistoso utilizado pelo seu autor, demonstrando profunda irritação.

Fls. 914 a 916 – 17/01/2008 – e-mail e RELATÓRIO DE REUNIÃO – Entre outros assuntos relativos aos problemas recorrentes que a BOP apresentava na condução das obras, observamos impressão deixada pelo Sr. Piero Fioravanti que transcrevemos :

“Chegou a ser manifestada de ambas as partes a possibilidade de uma ruptura caso não se encontrasse um ponto de conciliação”

“Chegou-se inclusive a uma interpelação de nossa parte quanto à aceitação de uma rescisão consensual do contrato existente”

“Não havendo consenso e acordo sobre todos os pontos em debate, restará o caminho da rescisão amigável, já citado, tendo porém ficado absolutamente claro e manifesto não ser este desfecho desejado por nenhuma das partes”

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====***====Nota-se que em janeiro de 2008 já se considerava, pelo menos

em hipótese, a possibilidade da rescisão do contrato, mas as multas contratuais previstas, bem como a garantia representada pela carta-fiança, não foram aplicadas.

Fls. 924-925 - e-mail do Sr. Piero Fioravanti (fls. 924-925), encaminhado ao Sr. Masayuki, com cópia ao Prefeito da época, alertando para serviços com data de início programada estourada, ou seja, não cumprida.

Fls. 927 a 929 – 27/03/2008 – e-mail e Carta do Sr. Piero Fioravanti encaminhados aos Srs. Raul Bernardo e Masayuki Hironaga, com cópia ao Prefeito da época, dando conta que os compromissos assumidos na reunião de janeiro/2008 não haviam sido cumpridos conforme acordados. Transcrevemos deste documento:

“Não podemos nem queremos continuar com esta situação que, inclusive, fere o previsto na cláusula oitava – 8.1 – letra l) do nosso contrato e portanto comunicamos que a partir da próxima medição passaremos a utilizar o mesmo sistema praticado pela CEF conosco ou seja: não liberaremos o pagamento dos valores recebidos da mesma, na conta vinculada, a não ser mediante comprovação do pagamento efetuado aos principais fornecedores das suas faturas do mês anterior”.

Como se pode notar, a ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL autorizava pagamentos à BOP mesmo tendo conhecimento de que o contrato estava sendo descumprido.

Fls. 932 a 933, 28/03/2008 – Carta Resposta emitida um dia após a carta de cobrança feita pelo Sr. Piero Fioravanti.

A BOP por sua vez se defende das alegações do Gerente de Implantação feitas no dia anterior, fala de suas dificuldades econômico-financeiras, pede reconsideração em relação à missiva anterior e menciona o seguinte: “Não bastasse isso, os problemas e prejuízos se agravaram ainda mais, tendo em vista o atendimento da prioridade estabelecida por V.Sa. quanto à execução do trecho do interceptor junto à margem do rio em virtude da compatibilização com a implantação do Parque Linear (licitado posteriormente ao nosso contrato) em época inapropriada devido às chuvas ... Nesse aspecto, no espírito de atender V. Sª quanto à satisfação de sua expectativa e ansiedade, sem entrar no mérito da discussão de sua procedência ...”

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====***====Referida informação chama a atenção porque a interrupção de

uma obra de instalação de linha de tubos destinados ao escoamento de esgotos através da declividade, no nosso entendimento, não poderia ser interrompida no seu trajeto sequencial (declividade), principalmente no meio dele, sob pena de poder ocasionar pontos de declividade negativa ou invertida, comprometendo o fluxo natural do conteúdo da tubulação.

Talvez a melhor técnica fosse a execução contínua, sem interrupção, para evitar possíveis diferenças na sequência do necessário e correto desnível da tubulação.

Ao que tudo indica, essa paralisação se deu para compatibilizar com a implantação do Parque Linear, mas talvez fosse mais prudente aguardar e respeitar a sequência da obra já iniciada.

As obras do Parque Linear foram inauguradas em setembro de 2008. Vale ressaltar que as referidas obras do Parque Linear é objeto de investigação de suspeita de “superfaturamento” no processo 3198/003/08 do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e pelo Inquérito Civil que tramita no Ministério Público Federal sob o n.º do P.A.: 1.34.004.200101/2010-95 Data de autuação: 07/07/2010.

Fls. 908 a 909 – 08/05/2008 – Relato do Sr. Piero Fioravanti sobre os problemas com a BOP.

Neste documento, direcionado a Sra. Anna Luzia de Castro, então Secretária Municipal de Administração, o Sr. Piero Fioravanti relata de forma detalhada os problemas que a BOP vinha apresentando já algum tempo.

Nessa data os sinais de que algo não estava bem já estavam suficientemente constatados pelo Gerente da Implantação e devidamente relatados aos seus superiores para providências.

Na mesma data em que recebeu o documento, a Secretária de Administração encaminhou à Assessoria Jurídica da respectiva pasta, bem como notificou o representante legal da empresa BOP a, no prazo de 24 horas, manifestar sobre a referida documentação, sob pena de serem aplicadas as sanções administrativas e legais pertinentes, cuja contra-notificação, aparentemente insatisfatória, foi passada em 09 de maio de 2008 pelos Srs. Raul Bernardo e Masayuki Hironaga (fls. 942-943).

Embora não conste destes autos, no item 7 do referido documento consta o seguinte: “7) Anexamos também, para conhecimento, a

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====***====relação das infrações legais e contratuais que consideramos estarem sendo cometidas pela BOP Construtora.”

Referido anexo não fez parte da documentação apresentada à CPI, mas evidencia conhecimento dos problemas levantados à época e que provavelmente já recomendavam a aplicação de multas contratuais, bem como a denúncia do seguro-fiança junto ao Banco Pottencial, o que não ocorreu.

Fls. 944 – 946 – 14/05/2008 – Extenso relato do Sr. Piero Fioravanti sobre contra notificação recebida da BOP em defesa das considerações de 08/05/2008. Deste relato podemos constatar que o seu autor reitera sua preocupação no sentido de alertar a ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL sobre os graves e recorrentes problemas que a BOP apresentava e que foram sistematicamente desprezados por esta mesma Administração. Destacamos nesta correspondência o seu item 5, o qual transcrevemos “5) O Eng. Masayuki, Coordenador técnico não visita mais a obra com a freqüência anterior e seus contatos com o Gerenciador são casuais e não programados. O contrato reza reuniões quinzenais com ele e com o Diretor Técnico Eng. Raul Bernardo.”

Não se observou mais uma infração contratual prevista na “Clausula oitava – 8.1, b) apresentar-se sempre que solicitada, através do seu Responsável Técnico acompanhado do Coordenador dos trabalhos, nos escritórios da CONTRATANTE em Amparo. A freqüência estimada para esses eventos é de 02(duas) vezes por mês.

Relata que o trabalho do engenheiro topógrafo realizava seu trabalho em tempo exageradamente demorado, provocando atrasos na entrega das medições e consequentemente na liberação dos pagamentos da CEF.

Não cumprimento de 12 metas ajustadas quando da reunião realizada em 29 de janeiro de 2008, no Gabinete do Prefeito, entre a Prefeitura de Amparo e a empresa BOP, cujos itens se encontram na respectiva ata da reunião (fls. 947-949).

Fls. 951 – 16/05/2008 – Notificação da Prefeitura de Amparo exigindo da BOP apresentação de novo cronograma dos serviços previstos no instrumento nº 581/06 e comprovação dos pagamentos da empresas subcontratadas, conforme clausula 8.1, item l.

Nesta notificação alertava a BOP sobre a possibilidade da rescisão contratual e aplicação de multas e sanções estipuladas na cláusula décima sétima do referido instrumento.

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====***====Por sua vez, a BOP apresenta resposta, em 26 de maio de 2008,

com cronograma físico-financeiro, às fls. 1037-1039, informando que os pagamentos aos subempreiteiros estavam ocorrendo à medida de suas disponibilidades, sem, entretanto, comprovar tais pagamentos.

Fls. 1040 – 20/05/2008 – Apesar dos fatos até aqui narrados, a Prefeitura Municipal concedeu aditamento contratual no valor de R$ 202.819, 72 (duzentos e dois mil, oitocentos e dezenove reais e setenta e dois centavos), mesmo depois de reunião ocorrida 4 meses antes, quando se considerou a possibilidade de uma rescisão contratual.

Fls. 1044 a 1055 – 15/09/2008 – Solicita-se novo adiamento contratual no valor de R$ 183.086,41, que é firmado em 30 de setembro de 2008.

Fls. 1057 – 15/09/2008 – Sr. Piero Fioravanti recomenda aceitação da solicitação feita pela BOP, de aditamento do prazo por mais 90 (noventa) dias, salientando que: “Por tratar-se de um aditamento que representa aproximadamente 10% do prazo contratual inteiro – inclusive o mês de janeiro de 2009 foi incluído mais por uma questão de segurança do que necessidade – acreditamos que, em face de todos os problemas que tivemos com a empresa, este desfecho ainda é bastante razoável para o acabamento da Obra”.

Conforme Instrumento nº 712/2008, firma-se o aditamento contratual em 09 de outubro de 2008, prorrogando o prazo de vigência do contrato até 31 de janeiro de 2009 (fl. 1077).

Conforme correspondência enviada pela BOP, em 18 de outubro de 2008, comunica-se a prorrogação do vencimento e valor de duas cartas de fiança, vencíveis em 13 de fevereiro de 2009, no total de R$ 976.446,38 (fls. 1078-1080).

Enquanto da vigência das cartas fiança emitidas pelo Banco Pottencial S/A de Belo Horizonte/MG, é possível constatar que em inúmeras oportunidades a ADMINISTAÇÃO MUNICIPAL tinha conhecimento de descumprimento de cláusulas contratuais. Entretanto, a PODER EXECUTIVO, deixou de executar a carta fiança trazendo possíveis prejuízos aos cofres do Município

Fls. 1180 a 1190 – 05/01/2009 – RELATÓRIO SOBRE A SITUAÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO DE AMPARO e seus anexos – da lavra do Gerente de Implantação Sr. Piero Fioravanti, dando conta ao recém empossado Prefeito Municipal, Sr. Paulo Turato Miotta, da real situação das obras da ETE com todos os problemas que estavam sendo

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====***====enfrentados pelo autor. Nesse documento (fls. 1189-1190) o Gerente da Obra discorre sobre a situação econômico-financeira da BOP, o desinteresse do 2º colocado na licitação e demais inconveniências na ruptura contratual.

Destaque para a informação de fls. 1189, no segundo parágrafo, onde o Sr. Piero informa que a BOP “não possui equipamentos próprios nem mão de obra regular no seu quadro de funcionários, a não ser engenheiros residentes, mestres de obra e alguns poucos empregados”.

Fls. 1125 a 1130 – 13/01/2009 – Nova prorrogação do prazo que estaria por vencer em 31/01/2009.

A BOP solicita dilação do prazo no dia 13 de janeiro de 2009 (fls. 1125).

Segundo parecer de fls. 1127, a assessoria jurídica SMA vislumbrou a possibilidade do aditamento, tendo em vista a justificativa apresentada pela SMDU e a dilação de prazo solicitada estar dentro do lapso temporal do contrato.

No entanto, pelo que se vê do documento de fls. 1123, a SMDU apenas solicitou o aditamento por mais 120 (cento e vinte) dias conforme a solicitação da BOP, encaminhando o documento de fls. 1124, subscrito pelo Sr. Piero Fioravanti, o que parece não se tratar de uma justificativa, mas de solicitação apenas.

Além disso, a solicitação da BOP não observou o disposto na cláusula quarta, itens b e c, do contrato, que estabeleciam:

“b - O prazo total será prorrogado em caso de motivo justo, a critério da CONTRATANTE, desde que a prorrogação seja solicitada por escrito pela CONTRATADA com antecedência mínima de 30(trinta) dias do prazo final contratual.

c) O pedido de prorrogação deverá vir acompanhado de novo cronograma, relação dos dias da impossibilidade de execução dos serviços e comprovação dos motivos que o fundamentarem.”

Conforme correspondência enviada pela BOP, em 10 de fevereiro de 2009, comunica-se a prorrogação do vencimento e valor de duas cartas de fiança, vencíveis em 30 de abril de 2009, no total de R$ 976.446,38 (fls. 1131-1133).

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====***====Dada a discrepância de datas, e-mail de 26 de fevereiro de 2009

(fl. 1375), de autoria do Sr. Piero Fioravanti evidencia que o remetente tinha ciência de que a carta de fiança venceria em 30/04/2009, enquanto que o contrato venceria em 31/05/2009, ou seja, um mês estava descoberto de garantia. Entretanto, o prazo transcorreu e somente no mês de junho foi reparado pela Prefeitura, como adiante se verá.

Fl. 1382 - 27/02/2009 – RELATÓRIO SOBRE A OBRA DA ETE E ATUAÇÃO DA BOP CONSTRUTORA – da lavra do Gerente de Implantação do ETE de Amparo – Piero Fioravanti, relata de forma clara que apesar das prorrogações de prazo concedidas a BOP, esta não tem condições de cumprir os prazos e:

“sempre teve atuação insatisfatória no que diz respeito a planejamento e realização das obras de sua responsabilidade”, e que a empresa indicava “incapacidade profissional e descaso com as obrigações assumidas”.

Fl. 1135 – 19/03/2009 – Solicitação do Eng. Eduardo Salgado Marconi à Secretaria Municipal de Administração da Prefeitura para que providenciasse notificação a BOP, com a finalidade de que esta apresentasse um cronograma físico semanal dos serviços que seriam executados até 31 de maio de 2009.

Referida solicitação ocorreu dois dias depois da audiência realizada na Câmara Municipal com presença do Prefeito Paulo Miotta e do Secretário Eduardo Salgado Marconi, tendo em vista os constantes requerimentos encaminhados pela Câmara Municipal de Amparo.

Na referida audiência, o Sr. Prefeito Paulo Miotta e o Sr. Secretário Eduardo Salgado Marconi responderam aos questionamentos apresentados pelos Srs. Vereadores e discorreram sobre o andamento das obras e os motivos da prorrogação do prazo contratual para 31 de maio de 2009. Em decorrência disso, apresentaram documentação com 373 páginas que ficou arquivada nesta Casa de Leis.

Fls. 1152 a 1154 – 05/05/2009 – RELATÓRIO DE AUDITORIA INTERNA endereçado para a Vice Prefeita ANNA LUZIA, onde se constata graves problemas de pagamento aos empregados, subempreiteiros e fornecedores da BOP.

Fls. 1388 a 1390 – 06/05/2009 – RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO DAS OBRAS DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DO MUNICIPIO DE AMPARO – da lavra da Vice-Prefeita ANNA LUZIA DE CASTRO, documento que reforça todos os problemas enfrentados

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====***====na condução do processo de acompanhamento da obra de construção da ETE de Amparo. Destacamos neste documento o penúltimo parágrafo em que é relatado o fato grave constatado pelo engenheiro da Prefeitura, José Roberto Scabora, onde destaca que o trecho da Avenida Francisco Prestes Maia, compreendido entre a Rua Silva Pinto e o seu final foi comprometido devido à declividade negativa encontrada e constatando-se que todo o serviço ali executado, de praticamente dois meses, deveria ser refeito.

Fls. 1285 a 1287 – 08/05/2009 – HISTÓRICO E SITUAÇÃO DA BOP CONTRUTORA LTDA – da lavra do Gerente de Implantação da ETE de Amparo, Sr. Piero Fioravanti, retratando de forma cabal e inquestionável a real situação da obra, ressaltando que a empresa dava sinais de problemas há certo tempo e que a gravidade era tal que exigia urgente tomada de decisão pela Prefeitura.

Fls. 1392 a 1394 – 11/05/2009 - PARECER DA ASSESSORIA JURÍDICA – SMA, da lavra da Dra. Isabel Cristina da Silva Rocha, mais um documento reforçando as preocupações anteriores já relatadas, que evidenciavam que a BOP não seria capaz de cumprir com os prazos e obrigações do contrato assumido com a Prefeitura de Amparo.

Destacamos deste documento o seguinte: “Temerário seria imaginar, que diante da constatação de todas as irregularidades, a Prefeitura se comportasse no sentido de manter o pacto com a contratada. Ora, verificando-se que a contratada não preenche mais os requisitos a sua habilitação, a Administração deverá promover a rescisão do contrato”.

Fl. 1396 – 11/05/2009 – Despacho do Prefeito Municipal Paulo Turato Miotta decidindo sobre a paralisação das obras, mas nessa ocasião a carta fiança já se encontrava vencida, porquanto o vencimento se deu em 30 de abril de 2009 e não houve renovação.

Fls. 1422 a 1428 – de 27/05/2009 – CONTRATO PARTICULAR DE SUBEMPREITA, assinado pela BOP e a SEMPRE CONSTRUÇÕES CIVIS E PAVIMENTAÇÃO LTDA, para conclusão das obras em nome da BOP. Assina como anuente a PREFEITURA MUNICIPAL DE AMPARO, na pessoa do Sr. Prefeito, na tentativa de buscar uma solução para a conclusão das obras.

Fl. 1430 – 29/05/2009 – Instrumento nº 473/2009 prorrogando o prazo de vigência do contrato até o dia 30 de agosto de 2009.

Podemos constatar aqui alguns fatos ocorridos, que chamam nossa atenção: prorrogação do contrato mesmo depois do despacho de fls. 1396, em que o Sr. Prefeito determinou a paralisação imediata da obra e o

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====***====processamento da rescisão contratual; descumprimento do contrato que exigia solicitação escrita e justificada, com 30 dias de antecedência pela BOP, para prorrogação do contrato; o aditamento contratual com a BOP fundamentou-se num contrato particular de subempreita, possivelmente ferindo os ditames da Lei 8666/93, sem exigir documentação cadastral da empresa SEMPRE, conforme se depreende do parecer de fls. 1435; o contrato foi prorrogado dois dias antes de seu vencimento e sem as devidas garantias, porque as cartas de fiança venceram em 30 de abril de 2009, fato de conhecimento do Sr. Piero Fioravanti; a renovação da carta de fiança somente foi exigida em 16 de junho de 2009, após parecer da assessoria jurídica SMA (fls. 1435) e notificação (fls. 1436).

Fl. 1456 – 23/07/2009 – Instrumento nº 606/2009 firmando novo aditamento contratual, elevando o valor do contrato em R$ 577.931,35 (quinhentos e setenta e sete mil, novecentos e trinta e um reais e trinta e cinco centavos).

Fl. 1459 – 30/07/2009 – SOLICITAÇÃO DE NOTIFICAÇÃO – documento assinado por Eng. José Roberto Scabora e Arq. Eduardo Salgado Marconi solicitando notificação à empresa SEMPRE CONSTRUÇOES para retorno às atividades, porque houve paralisação nos dias 27 a 29 de julho, causando prejuízos.

Referida paralisação ocorreu mesmo após o aditamento contratual de fls. 1456, de 23 de julho.

A notificação se deu em 30 de julho de 2009, às 11 horas, na pessoa do Eng. Walter Mancini e de Renato de Carvalho Tedesco, em 31 de julho, às 18h30min, cuja contra-notificação encontra-se às fls. 1467-1480 e, conforme informação de fls. 1483, o objeto da notificação foi devidamente atendido.

Fl. 1484 – 06/08/2009 – Atendendo solicitação de fls. 1483, a Assessoria Jurídica SMA informa que a empresa BOP deveria ser notificada para apresentar cronograma físico financeiro semanal das obras, renovação da carta fiança, apresentação da documentação cadastral da empresa SEMPRE e demais documentos.

Mesmo diante dessas constatações, houve aditamento contratual no valor de R$ 577.931,35 sem as devidas garantias.

Duas notificações foram emitidas em 06 de agosto e recebida em 10 de agosto de 2009 (fls. 1485-1488), sendo que a empresa SEMPRE

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====***====apresentou contra-notificação por telegrama fonado (fls. 1490), datado de 10 de agosto de 2009.

Quanto à afirmação de que a retirada de pessoal e maquinário se deu em 7 de agosto de 2009, após ordem expressa do Prefeito em reunião ocorrida no dia anterior, a Prefeitura apresentou contra-notificação (fls. 1526-1527) alegando que o “Prefeito Municipal de Amparo, nunca determinou a paralisação de serviços, tampouco a retirada de pessoal e maquinário do canteiro da obra acima citada.”

Outras contra-notificações das empresas BOP e SEMPRE foram encaminhadas em 12 e 13 de agosto daquele mesmo ano (fls. 1497-1502) e apresentados os documentos exigidos (fls. 1503-1525).

Fl. 1176 – 26/08/2009 – Parecer da Assessoria Jurídica – SMA constatando novamente problemas na execução da obras e falta de documentos, recomenda a rescisão do contrato e aplicação das penalidades legais e contratuais.

Fl. 1180 – 26/08/2009 – Notificação expedida pela Secretaria Municipal de Administração acerca da decisão de fls. 1179, que determinou a paralisação imediata dos serviços e rescisão contratual, abrindo-se o prazo de 5 dias para que a empresa BOP apresentasse, se quisesse, defesa, que se encontra às fls. 1191-1194.

Dia 02 de setembro de 2009 é protocolizado na Prefeitura o Ofício assinado pela Exma. Dra. Anelise Soares, DD. Juíza de Direito da 5ª Vara Cível da Comarca de Barueri (SP), solicitando as providências necessárias para bloquear o valor de R$ 261.703,62 do pagamento devido à BOP Construtora Ltda (fl. 1196).

Diante disso, a Prefeitura Municipal, pela Secretaria Municipal de Administração, procedeu à notificação da BOP (fls. 1195).

Fls. 1197 a 1199– 16/09/2009 – Relatório da Comissão Julgadora de Licitação recomendando a rescisão do contrato, imposição de multa no valor equivalente a 5% (cinco por cento) do valor total do contrato, suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a municipalidade pelo período de 1 ano e acionamento do Banco Pottencial S.A. para execução da garantia contratual, conforme carta-fiança apresentada.

Todavia, como já salientado, a referida carta-fiança encontrava-se vencida desde 30 de abril de 2009 e não foi renovada pela empresa BOP.

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====***====Referida decisão foi ratificada pelo Sr. Prefeito no mesmo dia,

conforme decisão de fls. 1201.

Recurso dessa decisão, apresentada pela BOP, encontra-se às fls. 1253-1257.

Decisão da Comissão Julgadora de Licitação (fls. 1262-1264), proferida em 05 de outubro de 2009, que conheceu do recurso interposto pela BOP e, no mérito, negou provimento para o fim de manter a decisão recorrida, que foi ratificada pelo Sr. Prefeito na mesma data (fl. 1265).

Fl. 1278 – 10/11/2009 – Ofício/2009–Faz, expedido pela Secretária Municipal da Fazenda de Amparo ao Banco Pottencial S.A., solicitando a execução da carta de fiança nº 313996, aditivada pela nº 5376662 e nº 571068, emitida em 10 de fevereiro de 2009.

Em resposta, o Banco Pottencial envia ofício à Prefeitura Municipal informando a respeito do vencimento da carta de fiança, ocorrido em 30 de abril de 2009, razão pela qual seria inviável a referida cobrança (fls. 1280).

Estranha-se tal fato diante da constatação, observando a ordem cronológica dos fatos e documentos juntados nos autos, de que os agentes tinham conhecimento de que as cartas de fiança estavam vencidas e mesmo assim decidiram pela execução da garantia, que já sabiam não mais existir.

LAUDO PERICIAL

Diante da constatação de que trecho da obra teve a declividade invertida, sendo refeita no ano de 2009, e da suspeita de que em outros pontos poderia apresentar o mesmo problema, a Câmara Municipal de Amparo, atendendo a pedido desta Comissão Parlamentar de Inquérito, contratou o mesmo Perito antes contratado pela Prefeitura, Sr. Robinson Pistono Nunez, para realização de perícia técnica em toda a extensão da rede, a fim de ter uma visão exata da situação da obra no aspecto da declividade dos interceptores.

Prefeitura Municipal foi devidamente notificada pela CPI para, se quisesse, disponibilizar profissional de sua confiança com o objetivo de acompanhar os trabalhos da perícia (fl. 2102). Entretanto, a Administração

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====***====designou apenas um servidor braçal para auxiliar na abertura dos poços de visita, o que foi muito útil para a realização dos trabalhos. Não designou, porém, Engenheiro de confiança da Prefeitura, provavelmente por desinteresse.

O trabalho pericial se desenvolveu mediante ações em campo e de estudo de plantas do projeto original, para uma confrontação entre o projeto executivo e a obra efetivamente realizada, cujo laudo encontra-se às fls. 1782-1791, com o laudo complementar às fls. 1795 a 1801.

Também acompanham as fotografias de fls. 1802 a 1814, evidenciando o trabalho pericial realizado, as dificuldades enfrentadas, bem como as condições dos poços de visita.

O Perito apresentou também um conjunto de quinze plantas com levantamento planialtimétrico – perfis longitudinais, para comparação entre o projeto original, de autoria da empresa GCA Consultores Associados, e a obra realizada.

Do laudo apresentado, podemos destacar os seguintes fatos: alguns poços de visita não foram encontrados; alguns apresentaram declividade negativa; alguns encontram-se assoreados; dois apresentam-se com drenagem secundária direta ao Rio Camanducaia.

Detalhadamente, de 128 poços de visita vistoriados, podemos apresentar da seguinte forma, por amostragem, nos casos mais significativos:

1. Margem Direita (Zona Periferia):

1.1 - poços de visita não encontrados: PVs 2 e 4 da planta 1; PV 10 da planta 2; e PVs 7, 8 e 9 da planta 7.

1.2 - poços de visita com declividade negativa (invertida): PVs 3 a 5, com 320 mm; PVs 20 a 21, com 132 mm; PVs 27 a 28, com 189 mm; PVs 29 a 30, com 166 mm; e PVs 42 a 43, com 151 mm, e outros.

1.3 - poços de visita assoreados: PV 3, onde há uma perfuração lateral de aproximadamente 30 cm de diâmetro, para drenagem através de vala que transporta os efluentes de esgotos direto ao Rio Camanducaia; PV 6, com 1,12m; PV 7, com 1,06m; PV 15, com 1 m; PV 30, com 1 m, não funcionando; PV 31, com 0,80m, não funcionando, e outros.

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====***====1.4 - poços de visita com drenagem secundária direta ao Rio

Camanducaia: PV 53, localizado na Rua Arthur Pinto Lima, Jardim Silvestre I (fl. 1772), que apresenta tubulação de drenagem de diâmetro de 60 cm conduzindo os esgotos domiciliares direto ao Rio Camanducaia.

2. Margem Direita (Zona Urbana):

2.1 - poços de visita não encontrados: PVs 45 e 46 da planta 2 e PV 75.

2.2 - poços de visita com declividade negativa (invertida): PVs 35 a 36, com 89 mm; PVs 51 a 52, com 147 mm, sendo que o PV 52 está inativo, sem tubulação; PVs 53 a 54, com 106 mm; PV 73 a 74, com 458 mm.

2.3 - poços de visita assoreados: PV 38, com 0,50m; PV 40, com 0,50m; PV 43, com 0,40m; PV 47, com 0,50m; PV 54, com 0,40m; PV 69, com 0,50m; e PV 70, com 0,50m.

2.4 - poços de visita com drenagem secundária direta ao Rio Camanducaia: PV 33, que apresenta tubulação de drenagem de diâmetro de 60 cm conduzindo os esgotos domiciliares direto ao Rio Camanducaia.

3. Margem Esquerda (Zona Urbana):

3.1 - poços de visita não encontrados: PVs 49, 50, 51 e 57 da planta 1; PVs 30, 33, 34 e 35 da planta 3.

3.2 - poços de visita com declividade negativa (invertida): PVs 56 a 55, com 705 mm (trecho próximo à Rua Peixoto Gomide, entre as Ruas Prudente de Moraes e Carlos de Campos); PVs 32 a 31, com 84 mm, e outros.

3.3 - poços de visita assoreados: PV 52, com 0,90m; PV 53, com 0,80m, e outros.

A perícia chegou à seguinte conclusão (fls. 1790), que transcrevemos para facilitar o entendimento:

1 – Que não existe uniformidade das declividades, conforme determina o Projeto;

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====***====2 – Que existem inúmeros trechos com declividades negativas (invertidas);

3 – Que existem inúmeros PVs assoreados;

4 – Que o traçado da Rede do Interceptor nos Projetos, notadamente na Zona Periférica, é distante do traçado da execução;

5 – Que existem lançamentos de efluentes de esgotos direto do Interceptor ao Rio Camanducaia;

6 – Que não foram encontrados ou não foram executados inúmeros PVs;

7 – Que existe uma contribuição constante de efluentes de esgotos domiciliares das zonas adjacentes, na Rede do Interceptor;

8 - Que conforme peculiaridades do terreno, as distâncias entre PVs diferem do Projeto;

9 – Que o caudal de esgotos constante, provenientes das zonas adjacentes, despejados na Rede do Interceptor, deveria ter como destino final a ETE, e não estando esta rede aberta ao livre despejo destes dejetos, pode-se presumir que existem infiltrações, assentamento e ou recalques da Rede, com a conseqüente contaminação do lençol freático.

Do laudo complementar (fls. 1795-1801) podemos destacar as seguintes informações:

1 – Na Margem Direita – Zona Periferia (entre a ETE até as Ruas Atílio Cilotti/Constante Cazalini), da extensão total de 4.160,615m (56 poços de visita), está com a declividade correta 3.394,598m e com a declividade invertida ou negativa 766,017m;

2 - Na Margem Direita – Zona Urbana (da Av. Dr. Carlos Burgos – Rua Portugal – até o campo de areia-half), da extensão total de 1.421,968m (23 poços de visita), está com a declividade correta 1.227,995m e com a declividade invertida ou negativa 193,973m;

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====***====3 - Na Margem Direita – Zona Urbana (Av. Dr. Carlos Burgos entre a Rua Anna Cintra e Rua dos Flamboyants), da extensão total de 393,763m (8 poços de visita), está com a declividade correta 347,74m e com a declividade invertida ou negativa 46,023m;

4 - Na Margem Esquerda – Zona Periferia (entre a Rua Galvão Bueno até a Rua Manoel Heitor), da extensão total de 2.201,883m (41 poços de visita), está com a declividade correta 1.780,539m e com a declividade invertida ou negativa 421,344m.

Portanto, da extensão total dos trechos levantados, de 8.178,229m, está com a declividade correta 6.750,872m e com a declividade invertida ou negativa 1.427,357m.

EM RESUMO, a Comissão Parlamentar de Inquérito pode concluir que:

1) A obra da Estação de Tratamento de Esgotos é necessária, urgente e deveria estar em funcionamento, não só pela obrigação estabelecida em Termo de Ajuste de Conduta ocorrido em Ação Civil Pública promovida pelo Ministério Público da Comarca, mas também pela preservação do meio ambiente, pois ainda continuam sendo despejados 144 litros de esgoto “in natura” por segundo no Rio Camanducaia (conforme dados obtidos junto ao site do Ministério das Cidades), e do que isso representa para nossa população, direito constitucionalmente previsto no art. 23, VI, e art. 225, ambos da Lei Maior;

2) A contratação da empresa BOP Construtora Ltda se deu em processo de licitação pública, Concorrência Internacional nº 02/2006, certame em que compareceram 11 (onze) licitantes (fl. 626), onde a empresa BOP foi considerada inabilitada e, após recurso, a Comissão Julgadora de Licitação deu provimento e habilitou a interessada. De referida Comissão fez parte o Vereador José Donisete Urbano, que foi nomeado pelo Prefeito Municipal da época, ambos do mesmo partido político;

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====***====3) Que os servidores responsáveis pela fiscalização por parte da

ADMINITRAÇÃO MUNICIPAL não possuíam formação técnica e tampouco especialização em obras sanitárias;

4) Durante a execução do contrato a empresa passou a apresentar problemas, os quais foram relatados à Administração pelo Sr. Piero Fioravanti, Gerente da Obra. Muito embora tenha havido inúmeras notificações à ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, as medidas cabíveis não foram tomadas, como por exemplo, a aplicação das penalidades contratuais e legais, bem como a execução da carta de fiança no importe de quase R$ 1.000.000,00 à época;

5) Consta dos autos reclamação do Sr. Piero Fioravanti (fl. 946) acerca do trabalho de campo desenvolvido por funcionário da empresa Topoagro, sendo talvez esse o motivo da constatação, pelo Perito contratado, de declividade invertida em alguns trechos dos interceptores;

6) Segundo relato do Sr. Piero, de 5 de janeiro de 2009 (fl. 1189), a empresa BOP Construtora Ltda. não possuía equipamentos próprios nem mão-de-obra regular em seu quadro de funcionários, o que provavelmente prejudicava qualquer planejamento e acarretava descumprimentos contratuais dos mais diversos tipos;

7) O contrato foi prorrogado por três vezes, mas não se atentou para o vencimento da carta de fiança divergente do prazo de vigência do contrato (31 de maio de 2009), embora tal fato tenha sido constatado em 26 de fevereiro de 2009 pelo Sr. Piero Fioravanti;

8) O Prefeito Municipal, contrariando o parecer do Jurídico, decidiu aditar o contrato, inclusive com aditamento contratual e, consequentemente, mais recursos públicos.

9) Somente em junho/2009 foi percebido pela ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL a falta de renovação da carta de fiança que venceu em 30 de abril de 2009, e que por esse motivo não pôde ser requerida junto ao Banco Pottencial S/A.

10)Em janeiro de 2009, o contrato foi prorrogado sem observar a regra de 30 dias de antecedência para a solicitação; em maio de 2009, foi prorrogado sem a solicitação da BOP e sem justificativa;

11) A alteração do cronograma de execução da ETE por ordem do Prefeito Municipal, à época, para a suspensão da construção do

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====***====interceptor em favor da construção do Parque Linear, pode ter dado causa à diferença na declividade descrita pelo Perito e provocado prejuízos a municipalidade.

12)Inúmeros pontos com declividade invertida, conforme laudo pericial, além de alguns poços de visita não encontrados, assoreados, e um deles sem tubulação aparente;

13) A CPI constatou que houve conflito no testemunho do Secretário de Desenvolvimento Urbano de Amparo, SR. EDUARDO MARCONI SALGADO, quando afirmou categoricamente à Comissão a respeito do uso do berço de brita e quanto a declividade da tubulação (fl. 1691):

“o depoente afirma que foi utilizado em todos os trechos o berço de brita, cascalho ou areia, dependendo da demanda do solo, se arenoso, argiloso”.

E quando questionado da possibilidade de haver declividade invertida na tubulação, o depoente afirmou:

“que a declividade está de acordo com o projeto da ETE (...)” e “que pode garantir que no restante da obra a execução foi correta”.

O relatório da perícia técnica contratada pela CPI constatou em inúmeros trechos declividade invertida, contradizendo as afirmações do Secretário de Desenvolvimento Urbano de Amparo;

14) Baseado nos depoimentos e nos documentos constantes dos autos, não ficou comprovada a efetiva participação do engenheiro da Caixa Econômica Federal em aferir as medições das obras. Não se descarta a possibilidade de ter ocorrido liberação de valores do financiamento em desacordo com o trecho executado ou por medição ficta.

Embora a Caixa Econômica Federal tenha sido devidamente notificada (fl. 2044) para apresentar os nomes dos engenheiros responsáveis, bem como o endereço onde pudessem ser localizados, a CPI sequer obteve resposta até a conclusão deste trabalho.

15) A CPI entende que a ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL não exigiu a regra do art. 618 Código Civil em responsabilizar a empreiteira vencedora para reparar a pavimentação da Avenida Francisco

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====***====Prestes Maia e Dr. Carlos Burgos (onde passam os interceptores), e que mesmo dentro da carência legal, outra empresa, Santo Expedicto, foi contratada pela municipalidade para realizar os trabalhos de tapa-buracos.

16) O asfalto da Avenida Dr. Carlos Burgos, onde foram gastos R$ 2.332.732,82 (dois milhões, trezentos e trinta e dois mil, setecentos e trinta e dois reais com oitenta e dois centavos), local da instalação dos interceptores da ETE não seguiram as especificações do projeto do Parque Linear, ou seja, o pavimento aplicado na avenida é de espessura inferior ao preconizado no projeto.

CONCLUSÕES E ENCAMINHAMENTOS

De toda a investigação e documentos constantes dos autos, inclusive diante das informações relatadas no laudo pericial, as informações apontam que houve falhas na execução da obra, que poderiam ser evitadas caso se tomassem as providências legais cabíveis e em tempo, atentando-se para os relatos apresentados pelo Sr. Piero Fioravanti desde o ano de 2007.

Deve-se ressalvar que, pela nova licitação em continuidade à obra em curso, a empresa vencedora deverá garantir o funcionamento da estação por um ano. Entretanto, nos termos do art. 618 do Código Civil, haverá de observar-se o prazo de 5 anos como garantia da obra com seu pleno funcionamento.

Diante da magnitude, importância, complexidade e problemas surgidos na execução da obra e do contrato, que ainda afetará o orçamento municipal por vários anos em razão do financiamento de R$ 13.088.200,61 obtido junto à Caixa Econômica Federal, recomendamos o encaminhamento de cópias das peças principais destes autos, mormente as de folhas mencionadas neste relatório, aos E. Tribunais de Contas do Estado de São Paulo e da União, com fundamento no art. 71, III da Constituição de 1988, ao E. Ministério Público Federal para juntada e apreciação nos autos dos Procedimentos n.º 1.34.004.200102/2010-30, n.º 1.34.004.200101/2010-95 e n.º 1.34.004.200104/2010-29, e à Procuradoria Geral no Ministério Público do Estado de São Paulo.

Por fim, solicitamos ao Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Amparo que autorize a edição de exemplares, em número sugerido de

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====***====1.000 (um mil), do inteiro teor deste relatório, atendendo ao princípio da publicidade dos atos públicos, ficando à disposição da população nesta Casa de Leis.

É como votamos.

Amparo, 16 de agosto de 2011.

A Comissão Parlamentar de Inquérito:

Ver. Carlos Alberto Martins Ver. José Tadeu de Campos NóbregaPresidente Membro

Ver. José Carlos CarnierRelator

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