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1 1 RELATÓRIO. CPI DA CULTURA . COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. PORTARIA Nº 006, de 31 de agosto de 2011 . Com aprovação do Requerimento nº 418/2011, nos termos do artigo 71, do Regimento Interno da Câmara Municipal de São João da Boa Vista, foi nomeada Comissão Parlamentar de Inquérito, com a finalidade de apurar denúncias no Departamento de Cultura, envolvendo um problema específico com estagiário, bem como diversos gastos em desconformidade com a Legislação em vigor. A Comissão foi nomeada por meio da Portaria nº 06, de 31 de agosto de 2.011, na qual nomeou os Vereadores ADEMIR MARTINS BOAVENTURA, PRESIDENTE; OTTO CARLOS RODRIGUES DE ALBUQUERQUE, RELATOR, ANTONIO CELSO MORAES membro e NELSON JÚNIOR DOS REIS, sendo nomeado ainda a Servidora Juliana Abreu da Silva Gião como secretária e o Assessor Jurídico, Luís Augusto Loup, para assessorar os trabalhos jurídicos.

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RELATÓRIO.

CPI DA CULTURA.

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO.

PORTARIA Nº 006, de 31 de agosto de 2011.

Com aprovação do Requerimento nº 418/2011, nos termos do

artigo 71, do Regimento Interno da Câmara Municipal de São João da Boa Vista, foi

nomeada Comissão Parlamentar de Inquérito, com a finalidade de apurar denúncias no

Departamento de Cultura, envolvendo um problema específico com estagiário, bem como

diversos gastos em desconformidade com a Legislação em vigor.

A Comissão foi nomeada por meio da Portaria nº 06, de 31 de

agosto de 2.011, na qual nomeou os Vereadores ADEMIR MARTINS BOAVENTURA,

PRESIDENTE; OTTO CARLOS RODRIGUES DE ALBUQUERQUE, RELATOR,

ANTONIO CELSO MORAES membro e NELSON JÚNIOR DOS REIS, sendo nomeado

ainda a Servidora Juliana Abreu da Silva Gião como secretária e o Assessor Jurídico, Luís

Augusto Loup, para assessorar os trabalhos jurídicos.

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A Comissão se reunião em primeira sessão, no dia 05 de

setembro de 2.011, no interior da Câmara Municipal, na sala de reuniões, onde foi

deliberado e autorizado ao Presidente Ademir Boaventura, para determinar o seguinte:

a)- autuação do presente feito junto à Secretária Juliana; b)- que seja

Oficiado o Jornal O Município para enviar as reportagens envolvendo os

problemas relacionados com a denúncia referente ao Departamento de

Cultura; c)- que seja enviado ofício aos Juízes de Direito, das 1º, 2º e 3º

Vara Cível e Criminal, para o envio de cópia dos processos cíveis e

criminais envolvendo o Sr. Altair Moreira Júnior, ex-estagiário do

Departamento de Cultura; d)- que seja requisitado ao Presidente da

Câmara a contratação de assessoria na forma de auditoria para auxiliar os

trabalhos desta Comissão.

Referente ao Jornal O Município a Comissão fez também

uma pesquisa via internet, pois, o Jornal é postado on line, o que facilita a divulgação e

pesquisa sobre o assunto, tendo anexado as seguintes reportagens:

Coluna - Opinião – Fique por dentro

Edição de 26/02/11 –

Denúncias.

A mesa diretora passada era muito próxima do prefeito e muitas denúncias nem

sequer foram apuradas naquela administração, como por exemplo, as dos

Departamentos de Cultura e Saúde.

Edição de 11/06/11 Pula fogueira!

A Prefeitura respondeu aos questionamentos oriundos da matéria, veiculada na

última edição, a respeito da licitação envolvendo empresas que pleiteavam o serviço

de apoio à Festa Junina e Encontro de Carros.

Sem mudança

A resposta do Diretor do Departamento de Administração informa que não haverá

mudança da empresa que fará o trabalho. A firma ofereceu orçamento de R$ 24 mil

e começa a atuar hoje.

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Fiscalização

Empresários do segmento dizem que o valor oferecido na licitação está abaixo do

mercado e seria inexequível. Já a Prefeitura diz que está tudo normal e o

Departamento de Cultura fiscalizará o trabalho.

Edição de 02/07/11

Nossa língua

As placas com informações turísticas, fixadas nos principais pontos da cidade,

continuam com erros gramaticais e históricos. O MUNICIPIO noticiou essa

situação, mas nenhuma providência foi tomada.

City tour

As correções deveriam ter caráter prioritário para a Prefeitura, tendo em vista a

apologia que se faz sobre o turismo na cidade. Imagine se uma multidão de turistas

resolve fechar um pacote para desfrutar de São João?

Edição de 20/07/11

Atrás das grades.

A situação da antiga Estação Ferroviária, sede do Departamento de Cultura, está mudando após a matéria do O MUNICIPIO, que apontou as condições precárias do local. Iluminação e grades foram instaladas.

Edição de 27/07/11

Cultura.

Matéria na página 6 deste caderno mostra a condenação, em 1ª Instância Cível, de

um ex-estagiário do Departamento de Cultura da Prefeitura. O MUNICIPIO já fez

inúmeras matérias sobre esse assunto.

Denúncia.

Este jornal, por diversas vezes, publicou matérias denunciando um possível

esquema de corrupção dentro deste Departamento, mas nenhum vereador se

interessou em checar o assunto mais a fundo.

Notas.

A Câmara Municipal deveria pelo menos ter pedido todas as notas fiscais e

prestação de contas dos maiores eventos realizados por este departamento, como o

Natal, Festa Junina e Carnaval...

Investigação.

Mas, com o acesso da imprensa ao depoimento do ex-estagiário, que afirma existir

um esquema grande dentro do departamento, não restará aos vereadores outra opção

a não ser uma intensa investigação.

Edição de 30/07/11

Câmara.

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Segunda-feira, o Legislativo sanjoanense volta do recesso. Os problemas

envolvendo o Departamento de Cultura estarão em pauta já nesta primeira reunião.

Quem tem interesse no assunto vale a pena estar presente.

Edição de 03/08/11

E aqui...

Em São João da Boa Vista o mesmo poderia ocorrer para que alguns departamentos

sejam analisados mais de perto. Mas, o grupo do prefeito continua comandando o

andamento da Câmara na cidade.

Edição de 10/08/11

Natal no barraco

O investimento do Departamento de Cultura com o Natal é realmente muito grande.

Para se ter ideia, para guardar os enfeites do ano anterior, foi alugado um barracão

na Rua Visconde do Rio Branco.

Preço.

O MUNICIPIO recebeu a informação que o Departamento de Cultura paga R$ 2 mil

mensais para guardar os enfeites naquele local. Ou seja, em um ano, se gasta mais

de R$ 20 mil só para estocar o material.

Abaixo.

Já que resolveram guardar quase tudo do ano passado, certamente o orçamento do

Natal 2011 será bem abaixo da média gasta nos últimos anos. Que os vereadores

acompanhem bem de perto tudo isso...

Coluna – Cidade . Administração

Edição de 08/06/11

Licitação da Festa Junina causa enorme

polêmica

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Reinaldo Benedetti

Como O MUNICIPIO vem noticiando há alguns meses, a população sanjoanense parece estar mais atenta em relação aos atos da administração pública. Ontem, um leitor do

jornal denunciou que a Prefeitura acaba de contratar uma empresa para prestar serviços de segurança em dois eventos com preços que, aparentemente, estão incompatíveis com o mercado.

As informações foram encontradas pelo leitor no site da Prefeitura e qualquer pessoa pode fazer a consulta.

Na página de internet, no espaço reservado aos resultados das licitações, aparece a empresa "Andrea A. O. Tujeira Segurança ME" como vencedora da "Carta Convite" feita

pela Prefeitura, no dia 26 de maio. O objetivo do procedimento licitatório é estabelecer contrato para prestação de serviços de segurança nos eventos "4º Encontro de Carros Antigos" (dias 11 e 12 de junho) e "Festa Junina 2011" (dias 23, 24, 25 e 26).

A denúncia vem a questionar exatamente o valor apresentado pela empresa com relação ao objeto do contrato descrito em edital.

O orçamento vencedor foi de R$ 24 mil, sendo que, somando o número de seguranças exigidos no edital, chega-se a quantidade de 573 diárias. Além do pagamento destes profissionais, a empresa ainda terá de arcar, de acordo com a exigência oficial, com as

despesas de alimentação e transporte dos trabalhadores. Fora estes gastos, a "Andrea A. O. Tujeira e Cia Ltda ME" tem que recolher 16% do valor apresentado à Prefeitura Municipal a título de custeio de encargos diversos, como ISS e INSS.

CÁLCULOS.

Um dos princípios do Direito Administrativo trata a respeito da exequibilidade da proposta nas licitações. Trocando em miúdos, tal instituto se refere à possibilidade real da empresa vencedora realizar a tarefa prevista em edital, dentro dos preços praticados em mercado e tendo, evidentemente, o lucro necessário para sua manutenção.

Baseando os cálculos em um preço base de R$ 35,00 por segurança contratado, a empresa ganhadora da licitação vai gastar R$ 20.055,00. O desconto de 16% sobre o

valor do orçamento atinge R$ 3.840,00. Ou seja, sem contar as despesas de transporte e alimentação, o valor gasto pela "Andrea A. O. Tujeira e Cia Ltda ME" já é praticamente igual aos R$ 24 mil por ela apresentados.

Portanto, se a empresa cumprir todo o descritivo do edital, fica evidente que ela terá prejuízo, o que chama a atenção.

Atentas a essa situação, outras duas empresas que participaram da licitação entraram com recurso na Prefeitura alegando que a "Andrea A. O. Tujeira e Cia Ltda ME" apresentou preço inexequível, mas a Prefeitura negou o recurso e contratou a empresa

por R$ 24 mil.

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De acordo com os recorrentes, o mesmo cálculo, se aplicado à empresa que ficou em

segundo lugar na licitação, também chegará à conclusão de um preço igualmente inexequível. A segunda colocada é a "Machado e Tujeira Ltda ME", que propôs R$ 25 mil de orçamento. Além disso, a segunda colocada tem evidentes relações familiares com a

firma vencedora.

ERROS. O MUNICIPIO analisou o edital publicado no site da Prefeitura e alguns dados se

apresentam ambíguos. Ao descrever o objeto do contrato, a Prefeitura coloca "Contratação de empresa especializada para prestar serviços de segurança para Festa de São João 2011 e IV Encontro de Carros Antigos". Porém, na hora de fazer o empenho

consta no site da Prefeitura como sendo "Contratação de serviço de apoio e retaguarda", algo bem diferente de empresa especializada em segurança. Para exercer a função de empresa especializada em segurança é necessário apresentar

um certificado da Polícia Federal, algo que não foi pedido no edital.

OUTRAS EMPRESAS

Alex de Mello, proprietário da "Mello e Mello SS Ltda ME", ficou em terceiro lugar na licitação e entrou com recurso alegando que a empresa "Andrea A. O. Tujeira e Cia Ltda

ME" havia apresentado preço inexequível. Porém, ele afirma que recebeu um e-mail dos responsáveis pela licitação da Prefeitura dizendo que o recurso foi indeferido e que a empresa "Andrea A. O. Tujeira e Cia Ltda ME" fará os eventos. O referido e-mail, segundo

Alex, veio assinado pelo prefeito Nelson Nicolau. "Nem sei se ele (prefeito) sabe disso, mas tudo que a gente pede não temos resposta e tudo que essa empresa pede eles atendem".

Alex disse que, no ano passado, a empresa "Machado e Tujeira Ltda ME", que alega ser da mesma família da "Andrea A. O. Tujeira e Cia Ltda ME", ficou em 3º lugar para fazer o

serviço de segurança na Festa Junina. Logo após, eles entraram com recurso por preço inexequível contra a 1ª e a 2ª colocadas. "A Prefeitura aceitou e eles ganharam. Agora, nós provamos que o preço dele é inexequível e nós não temos resposta nenhuma. Isso precisa acabar", desabafa.

Mais grave ainda é que Alex afirma que, no ano passado, ele e mais quatro funcionários da sua empresa resolveram ir até a festa junina para fiscalizar a quantidade de

seguranças colocados pela empresa que estava prestando o serviço. "O edital pedia 100 seguranças por noite e eu contei que, em um dia, lá só tinha 60", explica.

PREOCUPAÇÃO

Por se tratar de festas com grande presença de público, a maior preocupação é se a

empresa vencedora da licitação terá condições de cumprir com o contrato, ou seja, colocar o número de seguranças exigidos.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura questionando todos estes problemas

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apontados, mas até o final desta edição não obteve nenhuma resposta.

Coluna – Cidade . Administração

Edição de 27/07/11

Ex-estagiário do Depto. de Cultura é

condenado em 1ª Instância

Jornal O Município

Foi publicada, na última sexta-feira, mais uma sentença condenatória de processo Cível, envolvendo Altair Moreira Junior. Ele foi estagiário do Departamento de Cultura da Prefeitura, entre 2004 e 2008, e foi denunciado, nas páginas do O MUNICIPIO, em

dezembro de 2009, por estar envolvido com desvio de verbas públicas. As ações intituladas "ressarcimento de valores desviados ilicitamente" foram movidas pela Prefeitura, a partir de agosto de 2010. Os procuradores João Fernando Alves Palomo,

Edmara Maltempi Amâncio e Juliana Moia de Almeida Lino representam a Administração Municipal nos processos. A Justiça considerou que o estagiário agiu em conluio com sua então namorada, Michelle Cristina de Almeida Morais e com sua mãe, Maria Cristina de

Godoy Antonio Moreira. Não bastasse, ainda tramitam, contra os três, outras ações na esfera Criminal, pelos delitos de estelionato e peculato.

O ESQUEMA - Contratado pela Prefeitura, em 2004, para ser estagiário do Departamento de Cultura, Altair Moreira Junior logo se familiarizou com a rotina da repartição. Ele se tornou o responsável pela tramitação de processos administrativos de pagamento, o que

lhe permitia acesso a vultosas quantias. Curiosamente, mesmo sem continuar matriculado no curso que lhe dava a possibilidade de estagiar, Junior teve seu contrato renovado. Com isso, ele permaneceu exercendo a função durante quatro anos.

Nesse período, o servidor começou a manipular processos de requisição de verbas, para desviar o dinheiro público a seu favor. De acordo com a decisão, a sequência fraudulenta

começou ainda no primeiro ano de estágio do jovem, com o Processo Administrativo

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6634/04. Para perpetuar as falcatruas, o estagiário agiu juntamente com sua namorada,

na época, Michelle Cristina de Almeida Morais, e com sua própria mãe, Maria Cristina de Godoy Antonio Moreira. Elas funcionavam como "laranjas" nos procedimentos para contratação de shows, assinando a documentação como se fossem artistas. De acordo

com os relatórios do Tribunal de Contas de São Paulo, disponíveis no site "Portal do Cidadão", Michelle chegou a ser contratada, em uma das fraudes, como "instrutora de dança de rua", para o chamado Projeto Visão. Na verdade, a namorada do estagiário era

secretária de uma empresa e jamais foi profissional da área artística. Mesmo assim, somente por este suposto trabalho, recebeu R$ 2240,00 do Departamento de Cultura. Já a mãe de Junior, em uma das requisições de verbas, foi contratada pela municipalidade

como "artista" para a apresentação de show, no Dia das Crianças, mesmo sem nunca ter feito nenhum espetáculo. O contrato, exposto no site da Prefeitura de São João, sob número 1965/2007, tem valor de R$ 2300,00.

Nas contas avaliadas pela Justiça, um total de R$ 40.140,00 foram desviados dos cofres públicos, após 25 requisições administrativas inventadas que teriam, ainda, assinaturas de

autoridades falsificadas pelo réu. De acordo com a sentença, que já pode ser consultada no site do Tribunal de Justiça, Junior e sua namorada Michelle, foram cúmplices em 10 fraudes. Já sua mãe, Maria Cristina, participou de 15 procedimentos semelhantes.

Com a aprovação dos processos de requisição de verbas, o dinheiro era depositado nas contas das falsas artistas que, em juízo, disseram que sacavam os valores e os

entregavam diretamente a Junior. O réu, por sua vez, afirmou que repassava os pagamentos a outras pessoas envolvidas no esquema, alegação esta que ainda não conseguiu comprovar.

Após alguns meses, a Comissão recebeu também do Fórum

local, cópia dos Processos Crimes os quais envolvem o Sr. Altair, ex- estagiário do

Departamento de Cultura.

Nesses processos, em sua DEFESA, o ex – estagiário alegou

que fazia parte de um esquema, onde o Acusado era somente uma peça e, eram produzidas

as falsas contratações e, o Sr. Altair recebia o dinheiro dessas contratações e entregava à

Diretora do Departamento.

Existem mais de 25 processos crimes, além de 03 processos

cíveis de ação regressiva da Prefeitura, em face do ex- estagiário, os quais em sua maioria

já estão com sentença condenatória de primeira instância.

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Quanto a esses processos, juntados em anexo as peças do

que vislumbramos mais importante, mas, tem todos a defesa não alcançou seu objetivo

que era comprovar que ALTAIR fazia parte de um esquema, sendo a parte mais frágil.

Após, a Comissão realizou sessão na Câmara para colher

os depoimentos dos Sr. Altair, ex- estagiário, a Sra. Regina, Diretora da Cultura e o

Sr. Hélio Fonseca que também trabalha no departamento de Cultura.

Assim, transcrevemos o que entendemos de mais importante

nos depoimentos, informando que os mesmos seguem em cópia na integra, anexado a este

Relatório.

Depoimento: Sr. Altair Moreira Júnior

Presidente: Altair, você foi estagiário do Departamento de Cultura de São João da Boa Vista?

Que período você foi estagiário neste Departamento?

Altair: Do final do mandato do Laert, em agosto de 2004, até 2008.

Presidente: Como estagiário? Na época em que entrou você estudava?

Altair: Sim, estudava. Fazia ensino médio técnico em informática. Com o passar do tempo eu

fiz técnico de turismo.

Presidente: Então no período de 2004 a 2008 você sempre estudou?

Altair: Sim.

Presidente: Em algum momento nesses quatro anos você chegou a receber hora-extra?

Altair: Sim. Hora-extra, após um ano também 20 dias de férias.

Presidente: O 13º salário você chegou a receber?

Altair: Não necessariamente o 13º, mas ela me dava uma ajuda sim. Porque eu trabalhava fora

de horário, em todos os eventos eu estava, como estagiário eu não tinha obrigação, mas, como

o Departamento de Cultura tinha pouco funcionário, ela fazia isso para mim.

Presidente: Você sabe o seu horário de entrada e de saída?

Altair: Entrava às 7h00 e saía às 11h00, e das 13h00 às 17h00.

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Presidente: Você recorda quem te indicou para ser estagiário no Departamento de Cultura.

Você fez algum contato ou algum concurso? Como foi para você entrar em 2004 no

Departamento de Cultura?

Altair: Foi relacionado a uma festa junina. Eu ajudava demais os parentes e amigos. E quem

me indicou para a Regina foi o Antônio Carlos Lorette, que disse para a Regina que eu

ajudava muito e estava precisando de um estágio, comunicou a Mônica e quando a Regina

saiu de férias eu entrei no lugar. Daí fui aprendendo o serviço. Foi desse jeito que consegui o

estágio, mas passou pela IPEFAE tudo certinho.

Presidente: Dentro do próprio Departamento alguém te supervisionava?

Altair: Tinha quem me ensinava e passava o serviço.

Presidente: O seu grau de amizade com a diretora Sônia Regina?

Altair: De trabalho.

Presidente: Vou fazer umas perguntas referentes às denúncias dos 25 contratos que,

teoricamente, foram fraudados.

Presidente: Você tem idéia de como é a tramitação de um processo administrativo dentro do

Departamento de Cultura, desde a assinatura da requisição até o laudo contratual e o laudo

final, se realmente o evento foi realizado ou não, você tem idéia de como é feito todo esse

processo?

Altair: Sim. Porque ela (Regina) me passou essa parte. Então, eu sabia desde o começo.

Eu fui aprendendo com ela.

Presidente: Você sabe detalhar todo o processo desde o início?

Altair: Não sei se vou conseguir lembrar. A gente faz a requisição no Departamento de

Cultura, depois sobe para o Financeiro para ver se tem verba, depois vai para o

Administrativo (no pátio) e vai para a Contabilidade. Depois é feito um contrato que o próprio

Prefeito assina, e aí é liberado para a Tesouraria. Não sei se ainda é assim.

Presidente: Perfeito. Porque a informação que nós temos é que a Diretora do Departamento

faz uma requisição, que vai para o Departamento de Compras, que vai falar se está tudo ok ou

não, vai para o Financeiro, que vai falar se tem ou não recurso, uma reserva, há um laudo

contratual que, normalmente, por ser pessoa física é assinado pelo Prefeito e pelo artista, volta

para o Departamento de Compras e fica aguardando o laudo de que realmente ocorreu. O

evento tendo ocorrido é feito o pagamento por RPA.

Altair: É isso mesmo.

Presidente: Você está respondendo na justiça à 25 processos por fraude em documentos

do Departamento de Cultura, com o envolvimento de sua mãe e de uma ex-namorada, e

você citou – eu tenho aqui todas as cópias de seus depoimentos – que você fazia parte,

que você era a ponta do iceberg, que havia um esquema muito maior no Departamento.

Então, eu vou te deixar bem a vontade para que nos detalhasse se realmente havia esse

esquema ou não, se você foi o mentor de todo esse processo de maneira isolada. O que

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realmente aconteceu nestes quatro anos que você ficou no Departamento de Cultura

como estagiário?

Altair: Eles estão alegando que eu falsifiquei todas as assinaturas, só que, pelas provas

não foi comprovada a falsificação. Realmente não chegou a acontecer esses shows, mas

era tudo passado por elas e pelo Hélio, era entre eles, eu só fazia o papel no computador.

Todas era assinatura deles. E realmente teve requisições e laudos de parentes, de

amigos, de pessoas, que foi retirado também. Com esse dinheiro ela (Regina) pagava

horas-extras de funcionário que a Prefeitura não liberava, pagava minhas horas-extras,

minhas férias, que ela achava que eu tinha direito.

Presidente: Teoricamente ela sabia deste esquema fraudulento?

Altair: Sabia. Teve requisições de parentes (de tia dela), em nome de amigo do marido

dela, em nome de funcionários, isso tudo eu passei para a polícia, agora eu não sei por

que eles não averiguaram, e como foi averiguado somente o meu. Por que só esses da

minha mãe e da minha ex-namorada se tiveram vários outros pra trás.

Presidente: Em minha opinião deveria ter a requisição assinada, como eu disse anteriormente,

essa requisição teria que chegar ao Departamento de Compras. O Departamento de Compras

deveria autorizar depois ir para o Financeiro. Um laudo contratual (uma falsificação também

do Prefeito), o retorno para o Departamento de Compras e daí o evento seria realizado ou não,

deveria ser fiscalizado pelo Departamento. Eu gostaria de perguntar se os eventos onde

figuram a sua mãe e a sua ex-namorada como artistas se realmente ocorreram e faziam parte

da programação do Departamento de Cultura?

Altair: Do Calendário seria. Alguns sim outros não.

Presidente: Eu vou te dar um exemplo e ler um dos processos para não ficar muito extenso:

“dos fatos - do período compreendido entre 2003 a 2008, por meio de contrato de estágio, o

Sr. Altair Moreira Júnior prestou serviços no Departamento de Cultura e Turismo, onde havia

a instauração de processos administrativos destinados a contratação de serviços diversos de

natureza compatível com o Departamento de Cultura.A sequência desses processos

administrativos eram – que nós comentamos – requisição de serviços, autorização para

realização, confirmação do cumprimento dos contratos através do laudo e a liberação do

pagamento. O Sr. Altair Moreira Júnior, conhecedor dos trâmites legais do pagamento dos

serviços, em virtude de sua função e do acompanhamento dos processos, teria elaborado

falsamente documentos administrativos, com o objetivo de obter para si o valor dos serviços

que não foram realizados. O Sr. Altair Moreira Júnior, na condição de estagiário do

Departamento de Cultura, teria se pautado na confiança que adquiriu ao longo dos anos para

possíveis montagens e falsificações dos processos, requisitando pagamentos de serviços que

nunca foram prestados.” E o processo que estou lendo, o 2570/2006, cita a apresentação de

um show, no dia 05 de maio de 2006, em comemoração ao Dia das Mães, a artista seria a sua

mãe, a Sra. Maria Cristina de Godoy Antônio Moreira, no valor de R$ 1.700,00 (hum mil e

setecentos reais). Então, a pergunta que eu fiz foi a seguinte: se no Dia das Mães havia uma

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programação onde constava que haveria um show de uma cantora no Teatro Municipal, às 21

horas, ou se realmente a fraude foi também com relação ao evento.

Altair: A maioria sim. A maioria coincidia com um contrato, com algum show que estava

no calendário da cultura.

Presidente: Você tem alguma prova de que realmente alguém mais sabia o que estava

acontecendo? Você pode citar o nome de algum funcionário?

Altair: Olha, os funcionários eu não sei. Os funcionários recebiam quando fazia hora-

extra. A Prefeitura não tinha condições de pagar, os funcionários, desses shows que

aconteciam, recebiam uma parte também alegando as horas-extras.

Presidente: Esses funcionários também eram estagiários?

Altair: Não, eram funcionários da Prefeitura.

Presidente: Você conhece mais alguma fraude dentro do Departamento?

Altair: Eu acho que não. Assim, desses serviços que prestaram aí não, só esses nomes de

parentes que eu tenho certeza.

Presidente: Você sabe como foi descoberto esse esquema? Quem denunciou o esquema?

Altair: Não. O Hélio fala que foi na hora em que foi no Setor de Recursos Humanos, mas

isso eu acho que é mentira.

Presidente: Então, você afirma que, dentro desse esquema, a Diretora de Cultura estava

por dentro e sabia o que estava acontecendo?

Altair: Sim.

Presidente: Mas, você não tem uma prova material disso?

Altair: Não. Este foi o meu grande erro.

Presidente: Você não tem uma gravação, um empenho, nada?

Altair: Não. A única coisa que eu tenho são nomes, que possam puxar dos outros

contratos.

Ver. Júnior: Você disse que alguns desses eventos não estava no calendário. Quem inventava

esses eventos?

Altair: A Regina.

Ver. Júnior: A própria Diretora?

Altair: Sim. A própria Diretora. Eu estava lá só para completar, para fazer a requisição.

Realmente, eu era um estagiário, mas só que ela tinha uma confiança pelo período que fiquei,

pelo serviço que eu prestava lá, pelo Departamento, trabalhava fora de horário.

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Presidente: Além dos processos envolvendo a sua mãe e a sua ex-namorada, você citou que

há outros processos, envolvendo nomes de parentes da própria diretora do Departamento de

Cultura. Você sabe citar algum desses nomes? Você lembra pelo menos de algum processo ou

de um nome que a gente possa também investigar?

Altair: Esse processo foi feito em nome de Venâncio, que é amigo do marido dela (Regina), é

um serviço que ia ser prestado, mas só foi para reverter em dinheiro. Tem o da tia dela, a

Luzia Bovo.

Presidente: Sabe dizer se “Venâncio” é pessoa jurídica? É Venâncio mesmo?

Altair: É pessoa física. Não, é Venísio.

Presidente: Em seu depoimento você coloca que parte do dinheiro que recebiam era revertido

para o Departamento na forma de espécie. Quem recebia esse dinheiro?

Altair: Era minha mãe ou minha namorada. Repassavam direto para mim ou.

Presidente: Você passava o valor integral para ela? Como era o esquema?

Altair: Eu sempre repassava o valor para ela e daí ela dava a minha porcentagem ou minhas

horas-extras, férias.

Ver. Júnior: Isso era feito de quanto em quanto tempo? Era freqüente?

Altair: Não sei dizer. Não era freqüente.

Presidente: Então você alega que toda essa fraude, na verdade, era para pagar suas horas-

extras?

Altair: Não só as minhas horas-extras, 13º, férias, mas também era para conserto ou comprar

algum material que estava precisando no Departamento. Porque a Prefeitura demora muito

para fazer, é um serviço burocrático. Precisava de um conserto no violão, coisas rápidas,

pessoas que não têm nota, entendeu, por isso que era feito assim.

Presidente: Você citou agora o 13º. Você recebia 13º como estagiário? Você tem algum

holerite?

Altair: Não, não tem nada. É aquilo que te falei.

Ver. Júnior: Isso foi pago com cheque ou depositado em conta?

Altair: Não, era uma porcentagem só. Por exemplo, esse (processo) que você citou do Dia das

Mães de R$ 1.700,00, eu recebia apenas uma porcentagem. Meu salário era tanto e ela me

dava uma porcentagem só. Não era os R$ 1.700,00. Esses mil e setecentos eram divididos em

vários. Porque tinha hora-extra de funcionário, tinha que pagar conserto de alguma coisa,

material. Era feito assim. Porque, ou não tinha nota fiscal a pessoa que era contratada.

Ver. Júnior: Isso que você ta falando todo mundo sabia?

Altair: Da onde vinha o dinheiro ninguém sabia. Mas que era pago para eles sim.

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Presidente: Tem algum nome dentro do Departamento que você poderia nos repassar, que

poderia ratificar as informações que está nos passando?

Altair: Os funcionários.

Presidente: Algum nome específico?

Altair: Todos os funcionários.

Presidente: Você acha que eles ratificariam (confirmariam) essa sua versão

Altair: Isso não sei.

Presidente: Eles sabiam disso?

Altair: Eles sabem. Se você chegar num funcionário e perguntar se ele recebia dinheiro do

Departamento, como hora-extra, se você trabalhou demais a noite, virou a noite, você recebia

alguma coisa por fora. Se a pessoa for direita vai falar a verdade.

Presidente: Odair, o que você espera da Justiça?

Altair: Que ela seja feita.

Presidente: Se sente inocente?

Altair: Num ponto não. Eu tenho minha parte de culpa sim. Porque o que aconteceu não é

certo.

Presidente: Então, por que você participou deste esquema? Qual foi o motivo que o levou a

participar deste esquema?

Altair: Olha, esse motivo me levou para não perder o estágio, porque eu dependia muito desse

estágio.

Presidente: Alguém de certa forma te obrigou a participar do esquema, sob pena de te tirar do

estágio?

Altair: Foi indo, entendeu, foi indo. Foi crescendo. Ah! Vamos fazer uma vez, tem que fazer

isso, tem que conseguir esse dinheiro., como a gente pode fazer: a gente pode fazer desse

jeito. Foi assim e foi crescendo.

Presidente: Desde o início, você começou em 2004. Era a Sônia Regina a diretora?

Altair: Não.

Presidente: Mas houve fraudes em 2004 também. Então, a outra Diretora também sabia das

fraudes?

Altair: Não. Em 2004 não. Eu tinha acabado de entrar, como eu ia saber tudo isso da

Prefeitura? Era uma coisa nova para mim.

Presidente: As fraudes começaram em que ano?

Altair: De 2006 para cá.

Presidente: Algum outro questionamento?

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Ver. Júnior: Você como estagiário tinha acesso, tinha a chave de entrada e saída do

Departamento? Você fazia a entrada e saída quando queria?

Altair: Não. Tinha um livro de ponto, de entrada e saída.

Ver. Júnior: No livro de ponto reza o horário certo, de entrada e saída?

Altair: Isso, e minhas horas extras, tudo no livro de ponto. E todos os estagiários tinham a

chave do Departamento.

Presidente: Altair, nós temos o laudo de alguns processos, onde consta que, realmente, as

assinaturas são falsificadas. Você que falsificava as assinaturas?

Altair: Não. Eu não cheguei a falsificar nenhuma assinatura.

Presidente: Então, quem falsificou essas assinaturas?

Altair: Eu não sei te dizer.

Presidente: Você não falsificou nenhuma assinatura?

Altair: Não. Em todos os processos não tem o meu nome, não tem nada. É isso que eu

acho mais estranho. Eles estão alegando tudo em cima de mim, mas não tem nada

dizendo que fui que fiz. Eu tinha como fazer o trâmite da prefeitura, sim, as requisições

no dia-a-dia, mas chegar a falsificar a assinatura de prefeito, do pessoal da

contabilidade.

Presidente: Você nunca falsificou uma assinatura?

Altair: Não.

Presidente: E estranho Altair, se você nunca falsificou as assinaturas por que os nomes

da sua mãe e da sua ex-namorada. Se alguém tivesse falsificado - uma pessoa que você

não conhece - por que constaria o nome de sua mãe – são 15 processos em nome de sua

mãe e 10 em nome da Michelli – Então, que pessoa é essa, que falsificou sem você

conhecer, mas os nomes são de pessoas de seu conhecimento.

Altair: Não sei. É isso que eu tento colocar na minha cabeça. Por que foi puxado só o

meu se têm vários nomes? Por que eu sou mais fraco? Por que eu era um estagiário? A

bomba caiu nas minhas costas.

Presidente: Você indicava o nome de sua mãe e da Michelli?

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Altair: Eu cheguei a indicar uma vez, mas várias vezes a Regina falava; “Será que a sua

mãe pode fazer? Será que a sua namorada pode fazer?”

Presidente: Então, teoricamente, a diretora do Departamento de Cultura solicitava que você

emprestasse o nome de sua mãe e ex-namorada, para fraudar um processo administrativo?

Altair: Ela ou o Hélio. Isso.

Presidente: Os valores são sempre inferiores a valores que, teoricamente, dependeriam de

uma licitação. Os 25 processos são valores assim, num total (montante) de R$ 40.140,00

(quarenta mil, cento e quarenta reais), mas são processos de dois mil e duzentos reais, mil e

setecentos reais, mil e seiscentos reais, que não precisam de licitação e nem publicação no

Jornal Oficial porque não atingem quatro mil reais. Em termos de licitação dentro do

Departamento de Cultura, você pode dizer se há algum favorecimento a algumas empresas

que participam do processo licitatório?

Altair: Eu creio que sim. De som e iluminação, de segurança, eu acho que sim. A Regina

chegou muitas vezes a fazer uma mini-licitação do Departamento. Pegava três empresas,

por exemplo, de som. As três empresas de som levavam os envelopes lá, tirava na hora e

quem tivesse com o preço menor ia levar.

Dr. Otto: Você tem a prestação de um carro, que é praticamente o seu salário. Então eu

pergunto se essas comissões que você recebia dobraria o seu salário para deixar uma margem

para você sobreviver?

Altair: Sim. Foi até bom o senhor tocar neste assunto. Esse carro eu financiei em 60

parcelas, foi no período de 2008, antes desse eu tinha outro carro financiado também.

Então, o que eu trabalhava eu tentava fazer o melhor para conseguir ganhar alguma

coisa. Teve uma época de eleição – eu não citei – ela (Regina) conseguiu um serviço para

mim, eu estagiando, no meu horário de estágio, como eu tinha bastante hora-extra -

você pode até ver a minha carteira, que eu trago, tem no registro da carteira – na

PROBANK ela conseguiu um serviço para mim. Eu fazia o estágio e o serviço na

PROBANK no tempo da eleição. Foi mais ou menos uns 8 meses, isso eu tenho na

Carteira de Trabalho. Daí dava para levantar um pouco mais também.

Presidente: Além desses 25 processos Altair, a CPI está investigando algumas outras

denúncias do Departamento de Cultura. Então, eu vou citar alguns eventos pra ver se

você tem alguma informação que possa nos passar.

Presidente: Enfeites de Natal?

Altair: Da tia dela foi feito uma requisição de enfeites de Natal, não lembro o valor.

Presidente: Foi de R$ 7.060,00.

Altair: Então, da tia dela já foi feito.

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Presidente: Festa junina?

Altair: Acho que empresa de som e iluminação.

Presidente: Alguma empresa de segurança e apoio para essas festas?

Altair: Sim.

Presidente: Carnaval?

Altair: Sim. É que não me lembro, já faz um bom tempinho. As principais que estão ganhando

direto aí, creio que tem alguma coisa por trás. Porque, como ela fala que eu pude financiar um

carro, ela está com um carro novo, o Hélio está com um carro zero também. É só para

explicar. Hoje em dia eu não tenho carro. Hoje em dia eu só tenho nome sujo. Ela ta com

nome limpo, ta bonita, casa reformada, tem tudo. O Hélio também. Então, de onde sai tudo

isso, não é só o trabalho da Prefeitura?

Presidente: Você acredita que o patrimônio da Diretora cresceu de maneira

desproporcional aos seus ganhos.

Altair: Acho que sim.

Presidente: Você acredita que algum funcionário do Departamento de Cultura iria depor a seu

favor aqui na CPI?

Altair: Olha, é questão de conversar com as pessoas, para falar o que está acontecendo

comigo. Eu posso ser preso. Eu posso perder a minha mulher, as minhas filhas, por causa

disso. Eu tenho a minha culpa, mas, hoje me arrependo de tudo que fiz.

Depoimento: REGINA PAVANI BINATTI PELUQUE.

Presidente: A quanto tempo a senhora é diretora do Departamento de Cultura e Turismo?

Regina: Desde o início da administração do Nelson, desde janeiro de 2005.

Presidente: Quando a senhora entrou no Departamento o Altair já era estagiário, correto?

Regina: Correto. Ele entrou em 2004.

Presidente: Qual o trâmite normal, Regina, quando um departamento da Prefeitura vai

efetuar a contratação de um serviço? Do processo administrativo desde a requisição até a

emissão do laudo contratual e laudo final, qual é o trâmite dentro do Departamento de

Cultura?

Regina: Normalmente a gente faz o contrato de pessoa física, que são os artistas ou um

trabalho específico, então, são feitas duas vias de uma requisição solicitando a contratação

de uma pessoa ou serviço, enviamos ao Departamento Administrativo, Setor de Compras

ou Licitação, dependendo do valor, e é devolvida uma requisição para nós. Quando eles

estão de acordo batem um carimbo de acordo e nós ficamos com uma via arquivada.

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Presidente: Com relação ao caso Altair – todos sabemos que o Altair está respondendo a

mais de 25 processos por fraude em assinaturas nesses processos administrativos - gostaria

de saber qual o grau de amizade da senhora com o Altair?

Regina: Amizade nenhuma. Ele era estagiário e nós trabalhávamos 8 horas por dia

juntos, era assim, confiança de funcionário para funcionário, mas amigos mesmo são

poucos que eu tenho.

Presidente: Ele era um bom funcionário?

Regina: Ele era. Ele era muito prestativo, sempre educado, não faltava, qualquer coisa que

precisava ele estava sempre disposto a ajudar, ele tinha total confiança nossa no

Departamento.

Presidente: Com relação a contratos de estágio há uma lei federal, que, na verdade,

começou na época do Ernesto Geisel, em 1974, foi reformulada por Itamar Franco e,

depois, em 2008, sancionada pelo Presidente Lula. Na verdade, essa lei dita as regras de

um estagiário, e o que nos chamou a atenção foi, primeiro, o tempo que o Altair

permaneceu como estagiário. Nós sabemos que a lei de 2008 é a que realmente

regulamenta os dois anos, pois não existia essa regulamentação nas anteriores. Mas, o

Altair, freqüentava alguma escola, ele era supervisionado por alguma pessoa, tanto a nível

de departamento quanto da instituição de ensino a qual ele participava?

Regina: O Departamento de Cultura sempre teve estagiário por falta de funcionários.

A nossa função era solicitar um estagiário já que não tínhamos funcionário. Fazia

uma CI pedindo ao RH e eles mandavam um estagiário. Naquela época se fazia a

“renomeação” – eu não sei o nome – ou a gente pedia outro funcionário para repor,

no caso do Júnior, ele foi reconduzido ao estágio. Agora, quanto à aula, não era a

nossa função. A minha função era prestar o relatório que ele trazia para nós como

estagiário. Ele fazia um relatório mensal das funções que ele exercia e aí eu assinava

dizendo que ele estava fazendo a função para a qual ele foi contratado como

estagiário. A informação que sei, segundo o IPEFAE, é que ele tinha um documento

de matrícula, que ele estava matriculado. Agora, se o IPEFAE faz este levantamento,

de que o estagiário freqüenta aula, isso eu não posso informar. Mas para nós, o que a

gente mais fazia era assinar um relatório de que ele estava exercendo as funções

naquele estágio.

Presidente: Sabe dizer se ele recebeu, nos 4 anos que ele permaneceu como estagiário do

Departamento, o 13º salário, que seria irregular pela lei do estagiário? Regina: Que eu tenho informação nem férias e nem 13º. É uma porcentagem do salário.

Parece que eram dois salários mínimos, uma parte o IPEFAE recolhia, não sei se é como

uma taxa e o restante era para ele, mas o que eu sei 13º eles não tem direito.

Presidente: Horas-extras?

Regina: Nunca. O Departamento de Cultura trabalha muito fora de horário, mas todo

mundo faz banco-de-horas, depois desconta em folgas.

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Presidente: O esquema de corrupção foi descoberto apenas após a saída do Altair do

Departamento. Quem descobriu o esquema, como foi o processo de descoberta de que

alguma coisa estava errada?

Regina: Eu tinha entrado de férias – eu sempre tiro férias no mês de julho – e o Hélio

fica no meu lugar. E por coincidência o estágio dele acabou neste período e o Hélio foi

até o Departamento Administrativo levar um processo, ou um documento, e lá

entregaram um processo para ele, e viu que o processo não existia, que a assinatura

dele era falsa, e ele me ligou, nós conversamos e já levamos ao conhecimento do

Prefeito para que providências tomar. E foi aí que fizemos todo o levantamento, onde

descobrimos esta série de processos – eu me lembro de que passei minhas férias todas

no Departamento Administrativo – o Departamento de Cultura, até um tempo atrás,

estava fora da rede da Prefeitura, nós não tínhamos acesso. Hoje, nós temos. Se eu

quiser saber o andamento de um processo nos fazemos parte, mas esse período não, só

ficava com a 2ª. Via, e quando queríamos saber alguma coisa tinha que ligar para

perguntar onde estava o processo. Então, a gente fazia esse trabalho de rua, e foi

quando no Departamento Administrativo levantamos os todos os processos de todos

esses anos, foram dias e dias, relacionados ao nome da mãe da namorada, que nós

vimos a quantidade que tinha, mas até aí não tínhamos noção, porque no

Departamento de Cultura nós não tínhamos essa 2ª. Via, e no financeiro nós não

trabalhamos com esta parte é difícil para a gente saber o que tinha de dinheiro ou

não, porque nem acesso a contabilidade a gente tinha também.

Presidente: Exames grafotécnicos comprovaram que, realmente, em alguns processos,

houve fraude nas assinaturas. Além das fraudes nas assinaturas os eventos também eram

fraudados?

Regina: Esses eventos nunca aconteceram.

Presidente: Eles não faziam parte de nenhuma programação específica do Departamento

de Cultura?

Regina: Não. Tanto que, quando fomos fazer o boletim de ocorrência, eu levei todos os

nossos calendários, pois a gente tem calendários anuais e mensais, nenhum desses faziam

parte de nossos eventos.

Presidente: Faço esta pergunta pelo seguinte. Tenho aqui todos os processos: contrato

2570/2006, show no Teatro com a artista Maria Cristina de Godoy Antônio Moreira, em

comemoração ao Dia das Mães, valor pago R$ 1.700,00; contrato 1975/2007, show do Dia

das Crianças com a mesma artista, valor R$ 2.030,00; contrato 2240/2008, estrutura de

dança-de-rua do Projeto Visão – projeto que a própria Vice-Prefeita Elenice fazia parte -,

no valor R$ 4.183,00, artista Micheli Crista de Almeida Morais; ou seja, no total, são 25

processos perfazendo uma quantia de R$ 40.140,00 (quarenta mil, cento e quarenta reais),

e a nossa dúvida era se realmente todos esses processos passavam apenas na mão de um

estagiário e ninguém no Departamento conseguia perceber a duplicidade de nomes, ou se

realmente os eventos não ocorriam, mas estavam agendados dentro de uma programação

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pré-estabelecida pelo Departamento. Mas, como senhora respondeu, os eventos também

foram fraudados, não apenas as assinaturas, não é?

Presidente: Gostaria de passar para o Vereador Nelson e ao Vereador Otto se eles têm

alguma outra questão, com relação ao caso Altair.

Ver. Nelson: Sempre foi rotina dos estagiários ter acesso para abrir e fechar o

Departamento?

Regina: A gente confiava nele. Ele tinha a chave do Departamento e tinha a senha do

alarme. Então ele tinha acesso livre, entrava e saía a hora que queria. Porque nós não

tínhamos funcionários e ele fazia a função de um funcionário. Então, era o Hélio, ele,

a Vanessa e eu no Departamento. E ele tinha a chave para entrar e sair no

Departamento a hora que quisesse.

Ver. Nelson: E esses processos que foram para o Departamento Administrativo, quando

chegaram ao Ministério Público – de onde saía, quem inventava isso, quem mandava lá

para cima, para o Departamento de Licitação?

Regina: Olha, o que dá a entender é que ele montava a requisição, porque ele fazia muito

serviço de rua, porque ele era muito prestativo. Então, às vezes ele saía com o motorista e

ia ao Departamento Administrativo, no pátio, depois ele vinha para a Tesouraria, ele fazia

todos os processos, então ele tinha acesso a tudo, ele era um bom funcionário para nós.

Ver. Nelson: Quem mais fazia isso?

Regina: No Departamento era só ele que fazia, porque a Vanessa era do Setor de Turismo,

ela cuidava da parte do Turismo e ele da parte da Cultura. Como no Turismo a gente não

trabalha tanto, os eventos são mais culturais, os projetos, então, era ele quem cuidava dessa

parte de requisição.

Presidente: Regina, dentro do Departamento de Cultura não há um controle dessas

requisições, por exemplo, um talonário numerado, uma numeração das requisições, que

pudesse identificar alguma irregularidade?

Regina: Não tem. Se não me engano, hoje, a requisição é da prefeitura toda por estar em

rede, mas naquela época não, porque comete um erro joga fora, faz outra, e não tinha uma

sequência de número, era feita no computador.

Presidente: E não tem um diálogo, entre aspas, entre o Financeiro, Departamento de

Contras e o Departamento, tipo assim, eu estou pagando R$ 2.030,00 – eu sei que são

muitos empenhos que existem e acabam pagando na confiança?

Regina: Não. Isso nunca aconteceu. Às vezes nós, já aconteceu, de uma empresa não

executar o serviço direito, então, eu faço um laudo e a empresa paga multa, aí a gente vai

ver se realmente, mas, no dia-a-dia, normalmente não. Às vezes um artista diz “ah está

demorando em me pagar”, daí a gente liga para saber o dia que está previsto o pagamento,

caso contrário as coisas vão correndo.

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Presidente: As requisições são sempre assinadas por você? Em nenhum momento você

delega essa função para outra pessoa?

Regina: Sim. Somente nas férias ou no caso de licença, é o Helinho que assume, pois,

normalmente, é ele quem fica no meu lugar.

Presidente: O Altair não teria esta competência?

Regina: De forma alguma.

Ver. Nelson: Como as empresas que prestam serviço ao Departamento são contratadas?

Regina: Olha, a gente faz a requisição, manda para o Setor de Compras, se for licitação,

eles encaminham para o Setor de Licitações, e depois a gente fica sabendo quem ganhou o

serviço.

Presidente: Regina, existem outros questionamentos, algumas outras matérias,

principalmente no ano passado, algumas denúncias, principalmente do Jornal O Município,

Presidente: Agora, vou fazer algumas perguntas saindo do caso do ex-estagiário: Natal de

2009, processo nº 5901, houve a contratação da Sra. Luzia Aparecida Bovo Pavani, sua tia,

para a confecção de bonecos de Natal. Pelo Edital seriam 116 bonecos de 1,20m e 75

bonecos de 2 metros, perfazendo um total de 191 bonecos, no valor de R$ 7.060,00 (sete

mil e sessenta reais). Foram contados na cidade 94 bonecos, então, onde estariam os outros

100 bonecos?

Regina: Estão guardados e quem quiser ver a gente está à disposição para abrir o barracão.

Esses bonecos de dois metros são com roupas de época e são bonecos que foram

consertados, e as bonecas estão todas guardadas, nós não chegamos a usar. Aliás este ano,

final de 2011, neste Natal, nós continuamos a usar esse material.

Presidente: Foram reaproveitados ano após ano?

Regina: Reaproveitados. Isso já são 3 anos que a gente usa, e é claro, que com a chuva e

com o tempo eles acabam estragando, mas nós estamos com todas guardadas, já por este

motivo mesmo, não foi nenhuma jogada fora, temos uma sala enorme que está repleto de

bonecas e nós continuamos a usá-las. Estão todas lá. E o fato dessa parente [que é casada

com uma tia minha]. Nós temos uma dificuldade muito grande de conseguir mão-de-obra

para este tipo de trabalho. Como a quantidade é muito grande, e poucas pessoas – pelo

menos que eu tenho conhecimento – fazem este tipo de trabalho bem feito, a gente acaba

ficando meio reduzido na procura. Como eu mandei os orçamentos, que foram feitos três

orçamentos, e pelo preço dá para ver que um era absurdo, nós não tínhamos dinheiro para

fazer. O segundo orçamento a pessoa pediu para não participar, porque a pessoa que

ajudava ela estava com problema no coração, e acabou sobrando a minha tia, eu mandei

para o Setor de Compras e foi aprovado sem problema nenhum. Então, foi por isso que ela

executou o serviço.

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Presidente: Com relação ao barracão onde estão guardados os enfeites de Natal, na Rua

Visconde do Rio Branco, a senhora sabe o valor do aluguel e quem é o dono do barracão?

Regina: A dona é a senhora Salma Antakly e nós procuramos muito por um barracão

grande, que coubesse, porque não é só material do Natal, tem acervo da festa junina, do

Carnaval, e peças grandes que são do Museu, pois não temos mais lugar para guardar

coisas do museu, então temos lá também. Guardamos material da “Guardinha”, então, é

muita coisas.

Presidente: O barracão não é exclusivo para ....?

Regina: É um depósito nosso. A Cultura tem muita coisa, a gente não joga nada fora, tudo

é reaproveitado. por exemplo, coisas do Carnaval este ano eu vou reutilizar; festa junina a

gente reaproveita. Então, é a Casa do Papai Noel, são as 30 árvores de 3 metros, então

precisa ser num local grande. Até hoje a gente não estava encontrando. Sempre ficando

amontoada acaba estragando, e nós conseguimos este espaço onde entra o caminhão entra,

pois as árvores são muito pesadas, o caminhão muque tem acesso para poder retirar o

matéria de lá dentro, e o preço não é tão exorbitante, porque a gente andou fazendo muita

pesquisa - aluguel de sete, dez mil reais – Hoje, acho que a gente está pagando R$ 2.900,00

por um espaço enorme, que a gente consegue ter esse acervo todo guardado e conservado.

Presidente: Outra denúncia: Processo 5929, a contratação da artista Vanessa Irâncio de

Lucca, que foi estagiária do Departamento de Cultura, para apresentações natalinas, no

valor de R$ 4.000,00. Consta no Edital que seria para apresentações natalinas, mas ela

acabou realizando uma recreação infantil. Eu gostaria de saber se houve erro no Edital, e

se, dentro dessa recreação infantil, outras pessoas participaram. Citaram até que duendes,

gnomos, teriam direito a essa verba e que, inclusive, o filho da senhora seria uma das

pessoas que estariam participando como duende?

Regina: Não. Ele foi alguns dias, mas, foi mais para ele participar. Ele só entrou mesmo

como brincadeira. Ele gosta muito de criança e, como voluntário, eu acho que não tem

problema. Mas a parte artística a Vanessa, quando a gente a contratou ela não era mais

nossa estagiária. Ela fez curso de turismo. Ela apresentou um projeto dessa recreação e

atividade artística – porque lá eles brincavam com as crianças, com maquiagem, contador

de estórias, e isso entra dentro da atividade artística, e ela contratou os duendes para ajudar

o Papai Noel. Porque o Papai Noel fica sentado recebendo as crianças, então, tem que ter

alguém para organizar a fila, olhar a casinha do Papai Noel, porque a gente decora, e

infelizmente têm pessoas que entram para destruir. Eles faziam a manutenção da casinha,

ajudava o Papai Noel a entregar balas, colocando sempre balas disponível para ele, e

distraindo as crianças que estavam na fila e fazendo também as brincadeiras. Era um

projeto dela, que era uma agente de turismo, e o Natal, a meu ver, é um evento turístico,

muito mais que cultural. Foi o único projeto que nós tínhamos, e nós tínhamos que ter o

Papai Noel, a casinha do Papai Noel. Também foi assim: passamos para o Setor de

Compras e foi aprovado sem nenhum problema, e ela executou o serviço como deveria ser

feito.

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Presidente: Carnaval de 2011 e Festa Junina de 2011. Houve uma denúncia de uma

distribuição farta de vale-alimentação ou vale-lanche. Teoricamente, no Tropical Lanches,

ali na Avenida, muitas pessoas que não estavam trabalhando receberam esse vale-

alimentação e estavam ali comendo à custa da Prefeitura; como aconteceu na festa junina,

havia uma barraca, a Barraca do Carçudo, onde o pessoal também recebia esse vale-

alimentação e não estavam trabalhando. Então, eu gostaria de saber qual o critério do

Departamento? Quem fica com o ticket vale-alimentação?

Regina: Sou eu que fico. Sou eu que faço a distribuição.

Presidente: E qual o critério? É quem realmente trabalha?

Regina: O funcionário ganha dois lanches para trabalhar por dia. Agora, para quem

ele dá o lanche é problema dele. Se ele não quiser comer e der para o filho, ou o

amigo ou a namorada, a minha parte eu fiz, que foi dar o lanche – dois lanches para

cada funcionário. Porque tem funcionário que entra às duas da tarde e acaba ficando

até à meia-noite. Então, isso a gente faz. O Recinto de Exposições do comércio e isso,

desde que eu entrei na Cultura – eu estou há 18 anos lá – sempre foi dessa forma.

Então a gente dá, e tem muita gente que trabalha lá – Meio Ambiente, Serviços

Municipais, Saúde, Polícia Militar, Departamento de Cultura, Departamento de

Esportes, os fiscais trabalham – então, o lanche é entregue, agora, se ele come ou se

ele não come e dá para alguém, eu não tenho este controle.

Presidente: Ainda, com relação a Festa Junina e ao Encontro de Carros Antigos, que teve o

ano passado, tem uma firma que faz a parte de segurança e apoio desses eventos e,

coincidentemente, vem ganhando os processos licitatórios – ganhou em 2010, ganhou e,

2011 – talvez a senhora não vá saber responder esta questão, mas o que chamou a atenção

foi que em 2010 essa firma não ganhou o processo licitatório, ela foi a 3ª. colocada - a

firma chama-se Andréa Tugeira Segurança Ltda – e entrou na Prefeitura com um pedido de

impugnação das outras duas firmas, falando que o valor que elas estavam cobrando eram

inexeqüíveis, ou seja, era um valor tão baixo que não teriam lucro. A Prefeitura acatou o

pedido, desclassificou essas duas firmas e Andréa Tugeira fez a parte de segurança e apoio

da festa junina. No ano passado a Andréa Tugeira foi a 1ª. colocada, com preço idêntico ao

das firmas anteriores, de 2010. A firma que pegou 2º lugar chama-se Machado Tugeira, a

3ª.colocada entrou com pedido de impugnação do mesmo jeito que ocorreu em 2010 e a

Prefeitura indeferiu e aceitou a Andréa Tugeira. A senhora tem conhecimento do que possa

ter ocorrido algum favorecimento nessas licitações para essa firma de segurança.

Regina: Olha, eu nunca participei de uma licitação e vou ser honesta, eu não sei como

funciona. O que eu sei é que até 8 mil reais passa para o Setor de Compras, passando

desse valor ...

Presidente: O valor foi de R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais).

Regina: Isso. Eu faço o valor estimativo, o que eu quero, a quantidade de segurança que eu

quero por noite ou por evento e mando para o Setor de Compras. Nunca participei de uma

licitação e não sei como funciona, mas eu sei que os eventos são prejudicados quando

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acontece isso, porque, às vezes, já é véspera do evento e eu ainda não sei a empresa que vai

trabalhar.

Presidente: Inclusive, a empresa que o ano passado foi a perdedora alega que compareceu

nesses eventos, que no edital constava que precisava de no mínimo 100 (cem) seguranças

por noite, e contaram 35 seguranças por noite.

Regina: É meio difícil no meio de 10 mil pessoas conseguirem contar 100 pessoas,

porque alguns vão à paisana – isso é uma coisa que eu peço para pegar focos de briga,

sobe no palco e vê o que está acontecendo – mas eu sempre peço a relação dos nomes;

eu faço uma reunião junto com a Polícia Militar, os nomes e RGs de todos os

componentes são passados para a Polícia Militar, pois, já aconteceu, de ter no meio

um problema e já ser trocado. Então, a Polícia Militar junto com a segurança e a

Cultura têm a relação dos nomes daqueles que prestam serviço, e eu costumo sempre

conferir se realmente eles estão presentes.

Presidente: Regina eu vou voltar um pouco numa questão, que acabei esquecendo-se do

caso Altair. A senhora acredita que alguém dentro do Departamento tenha ajudado o

Altair, ou ele fez isso sozinho ou tem outro nome? Segundo o Altair, os funcionários do

Departamento também sabiam o que estava acontecendo.

Regina: Eu acredito que não tenha ninguém. Porque nós não tínhamos acesso a isso,

não tínhamos cópia, a segunda via que era para ter em nosso arquivo a gente nunca

viu essa documentação lá, e ele era a única pessoa que trabalhava no escritório. Eu

tenho lá o Dorival que é motorista – não meche no computador e nem nunca sentou

nem naquelas cadeiras – tínhamos a Isabel, que era da parte da limpeza, o Hélio e eu.

Então, não tem mais ninguém naquela época.

Presidente: Nelson! Dr. Otto!

Dr. Otto: Uma coisa que achei estranho é que ele (Altair) disse que havia uma circulação

de dinheiro lá dentro (no Departamento). Eu até perguntei como ele conseguia pagar as

contas dele, porque a informação que a gente tinha era que o salário dele era quase o

mesmo do que ele pagava de consórcio, então, ele praticamente falou que havia um

sobreganho, e que essa parte não era só dele, que era um rateio. Então, é lógico que não

vou acusar. Eu só vou perguntar, na contrapartida, se a senhora também acha que tenha um

ganho patrimonial que não condiz. Porque às vezes a gente vê uma pessoa trabalhando

com a gente e, de repente, ele aparece com um carro, compra uma casa, e tal. A minha

pergunta é se a senhora viu, se tem algum funcionário que esteja fora desse padrão?

Regina: No Departamento de Cultura não. Quando ele apareceu com o carro eu

perguntei a ele como tinha conseguido. A resposta dele foi muito simples: “a minha

avó vendeu uma casa e dividiu a parte dos netos, com esse dinheiro dei entrada no

carro. A minha noiva queria que eu desse a entrada numa casa para a gente casar,

mas eu disse não, eu queria o meu carro”. Eu não conheço a família dele. Eu não

conheço o poder aquisitivo deles.

Presidente: A senhora conhecia a Michelle ou a D.Maria, a genitora do Altair?

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Regina: A mãe eu vi pouquíssimas vezes, mas a namorada quando tinha eventos – Semana

Guiomar Novaes, Festa Junina – ela sempre estava por ali acompanhando, aguardando

acabar o evento para ir embora. Então, algumas vezes eu cruzei com ela, mas foi nos

eventos.

Presidente: Eu vou citar um nome. A senhora conhece Venísio ou Venício, algum parente

com esse nome?

Regina: Não. No momento não estou lembrando, não.

Presidente: Você consegue acompanhar toda a programação do seu Departamento? Se

realmente aconteceu. Se aquela cantora foi.

Regina: Consigo. Eu vou a todos os eventos. E quando estou impossibilitada de ir,

quem vai é o Hélio. Então, nunca deixamos de ter um funcionário presente no evento.

Dr. Otto: Foi alegado que, no meio da papelada para a senhora assinar, foi posto alguma

coisa que poderia ter passado batido. Nós sabemos que, tanto no Executivo como no

Legislativo, é muita papelada. Inclusive, o próprio Prefeito conta que é muita coisa para

assinar. Então, eu pergunto: a senhora acha, apesar da pesquisa que fez, na época de férias,

no Administrativo, que pode aparecer alguma coisa que não é o que a senhora pensa, que é

diferente, com a sua assinatura?

Regina: Exato. A maioria dos processos, realmente, foram escaneados ou ele

falsificou. Tem um ou outro que eu assinei, mas eu me lembro de muito bem que

ficava muito brava, porque era sempre estar atendendo alguém que ele entrava para

eu assinar algum papel. E foi o que eu falei, a gente confiava demais nele. Nunca na

minha vida eu imaginei que ele fosse fazer uma coisa dessa. Devo ter assinado nesse

momento. Lembro que chamava a atenção dele, eu pedia quando eu tivesse

atendendo alguém não entrasse com documentos, mas, dava a impressão, que

esquecia rapidinho. Mas é pouca coisa. Eu não me recordo, mas alguma coisa de „má

fé‟ teve sim.

Ver. Nelson: o trabalho dele era sempre fiscalizado?

Regina: Olha, a fiscalização nossa era aquela, por exemplo, eu vou montar o

Carnaval, o que eu faço? Eu pego do ano passado e confiro para ver se fiz tudo.

Porque é muita coisa, são muitos detalhes.

Ver. Nelson: Não, específico do estagiário.

Regina: A função dele era só fazer as requisições. Ofícios era eu que fazia. Então, o

que eu conferia era assim, a gente pegava a pasta e olhava para ver se estava tudo

certo, se não tinha esquecido nada, se estava tudo ok.

Ver. Nelson: Porque estagiário tem do tipo uma avaliação.

Regina: Então, avaliação que ele fazia e a gente assinava, era o que prestava. O serviço

que fazia ele relatava e eu conferia, mas, assim, detalhado. Era assim, requisição, relatório.

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Ver. Nelson: A cada 6 meses ele tinha esta avaliação?

Regina: O período era mensal. Se a gente não assinava o relatório ele não receberia.

Depois começou a espaçar mais, mas era assinado sim, era o tipo de trabalho que ele

executava dentro do Departamento.

Dr. Otto: Com tudo isso a senhora ainda acha que vale a pena essa política de estagiários?

Regina: Eu prefiro funcionário. Porque você ensina e – o problema do estagiário é que, a

cada dois anos, ele vai embora e você começa tudo de novo, quando ele começa a aprender

e entender termina o prazo e começa outro - quando eu entrei no Departamento de Cultura

éramos em 40 funcionários. Hoje, dobrou o tamanho do Departamento e nós temos 15

pessoas. Então, está sacrificado para todos os funcionários, e aí a gente acaba tendo que

ter o estagiário para ajudar.

Presidente: Completando a pergunta do Dr. Otto, realmente há um processo, o

processo 02/2011, assinado pelo Helio Correa, o Helinho, que confirmou que a

assinatura é do Hélio. Então, é o que acaba ratificando/confirmando que, às vezes,

vocês assinavam na confiança ou mesmo sem ler o que estavam assinando.

Regina: Foi o que falei. Quando você está atendendo uma pessoa olha rapidinho e

assina, às vezes, acontece, por exemplo, de errar um código, ele falava “olha, eu errei

aquela requisição e devolveram, eu tive que refazer”. A gente acaba acreditando,

porque, em momento algum, eu imaginei que ele iria fazer o que fez, de estar

enganando a gente da forma que ele enganou. Então, na confiança a gente acabava

assinando, conversando com uma pessoa e ele ali esperando, porque estava com

pressa, porque queria aproveitar a perua, ou porque tinha prazo para entregar, e

você acabava assinando sem conferir. Infelizmente, aconteceu isso.

Dr. Otto: Eu estou comentando aqui, porque a certa altura do depoimento dele (Altair) foi

dito “favorecimento de algumas empresas”, inclusive deu o nome, a CSB, empresa de som.

Então, a senhora vê dentro do Departamento alguma coisa assim, que não está caminhando

direito vindo do lado da Prefeitura.

Regina: Olha, tomando o exemplo da CSB. A gente faz eventos grandes, por exemplo,

Carnaval, Virada Cultura, onde os artistas pedem coisas absurdas de som e

iluminação. O conhecimento que eu tenho. Quando é feita uma licitação não tem

entrado nenhuma empresa de fora, porque em São João só tem a CSB que tem

material suficiente, ou se não tem, eles contratam. Eu sei que eles alugam quando não

tem tudo o que pede. Mas a única empresa, que eu sei, que tem entrado nas

Licitações é a CSB. Na Virada Cultural do ano passado entrou uma empresa de

rodeio. Ela ganhou a licitação. Mas ela não tinha material para fornecer. Na véspera

do sábado, era cinco para a meia-noite eu não sabia se ia ter Virada Cultural porque

a empresa não tinha material para entregar. Eu já estava em mãos com duas

notificações do Administrativo. A empresa numa reunião com o Sartori, isso no

departamento, às 9 horas da noite da véspera, nós intimamos a empresa, e eles

chamaram a CSB – eles contrataram a CSB para prestar o serviço, porque eles não

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tinham. Então, o nosso problema é esse, quando abre uma licitação e entra uma

empresa de fora que nós não conhecemos e a gente corre este risco. No Natal tivemos

o mesmo problema, uma empresa entrou para entregar lâmpadas LED e quando

chegou ao barracão, não sabia o que era lâmpada LED. Conclusão, nós ficamos sem o

material, daí eles pagaram a multa.

Presidente: Regina, sobre aquelas placas de informação turística, que foram até tampadas,

o que ocorreu?

Regina: O programa que eles utilizaram não estava dando certo para a execução das

placas, então, o nome das ruas não apareciam. Só que o programa para fazer uma placa,

como a gente gostaria que fosse com todos os nomes é caríssimo. Ia estourar o orçamento

do recurso que a gente tinha conseguido para pagar essas placas. Infelizmente, nós ficamos

com aquele impasse de faz não faz, por isso, as placas ficaram tampadas.

Depoimento: Hélio Correa da Fonseca Filho.

Presidente: Perfeito. Eu só gostaria de esclarecer Hélio, como você disse, a função da

CPI, na verdade, não é constranger, não é intimidar. Muito pelo contrário. A função da CPI

é esclarecimento. Então, eu agradeço a sua colocação e, Hélio, qual a sua função quando a

diretora, Sônia Regina Pavani Peluque, está de férias você assume o cargo de diretor,

quando ela está qual é o sua função no Departamento de Cultura?

Hélio: O meu cargo na estrutura da Prefeitura, desde a última reforma, quando o Dr.

Gastão foi prefeito, é Agente Administrativo. Eu trabalho no Departamento de

Cultura, desde que eu fui para lá, eu trabalho na parte administrativa. Na realidade,

na ordem, eu sou o primeiro cargo abaixo da Regina. Eu a ajudo na administração,

não só lá no departamento, mas nos problemas na escola de música, na Pagú, que é

biblioteca, enfim, eu procuro dar uma mão para ela. É uma função mais

administrativa, meu cargo é agente administrativo.

Presidente: Hélio, como você substitui a Regina em alguns momentos, nas férias, nos

afastamentos, eu gostaria que você detalhasse quando o Departamento da Prefeitura vai

contratar algum determinado serviço, quando abre um processo administrativo, qual é o

trâmite no Departamento de Cultura para você contratar, por exemplo, uma dançarina para

um determinado evento, qual é o trâmite, desde a requisição por parte da Diretora até o

laudo contratual, o laudo final de que o evento realmente ocorreu. Qual é o trâmite total

dentro do departamento?

Hélio: O trâmite no caso de uma contratação, como você disse, uma pessoa para dar

aula, uma dançarina, ou um show na praça, o melhor exemplo para te esclarecer isso

é o “baile na praça”, que acontece todo último domingo de cada mês. Você tem uma

série de pessoas que se propõe a apresentar, a fazer o baile. Você escolhe de acordo

com a preferência sempre do pessoal que vai lá, que é aquela música de forró e faz

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uma contratação. Você monta uma requisição no nome daquela pessoa, seja um

grupo ou seja, cinco pessoas ou duas pessoas, a requisição sai no nome de um, isso

gera uma requisição. Montou a requisição já existe uma reserva no departamento

daquele valor. Normalmente, nesses shows na praça são de R$ 500,00 (quinhentos

reais). Feita a reserva, o funcionário que requisitou assina (a requisição) e a Regina

que é Diretora. Quando estou substituindo a Regina, sou eu que assino. Isso vai para

o Administrativo (lá em cima), eles conferem a documentação. Normalmente, consta

na requisição: nome, endereço, RG, CPF, e se está tudo ok, monta, vem aqui pra

baixo depois, ocorre o empenho. Esse processo volta lá pra cima (o almoxarifado)

para aguardar a execução do serviço. Existem alguns casos que precisam de laudos,

que são esses eventos menores, as contratações menores, normalmente de pessoas

físicas. Quando é pessoa física é obrigado a fazer laudo. Quando é pessoa jurídica,

alguns casos precisam outros não. Aí faz um laudo. Aconteceu o evento, teve o baile,

você atesta “certifico que fulano de tal se apresentou na praça tal, tal dia, de tal de

hora a tal hora, dentro do projeto „música na praça‟”. Isso é feito um laudo, só o

Diretor assina, volta para o RH. O RH emite uma RPA. Esse processo com a RPA

volta para o Departamento, nos chamamos o prestador de serviço lá. Ele assina duas

vias da RPA e deixa o número de conta, porque precisa ser depositado numa conta de

quem você fez o processo. Fez-se um processo em nome de Antônio José tem que

depositar para o Antônio José. Fez-se para a Maria da Silva tem que depositar na

conta da Maria da Silva. Pode ser poupança ou conta corrente. Aí a pessoa assina

deixa o número da conta e vem para a Tesouraria. A Tesouraria vendo que já tem

laudo assinado, RPA assinado, e o serviço atestado que foi feito, programa o

pagamento. E isso vai para uma conta (poupança ou conta corrente) da pessoa que foi

contratada. O trâmite normalmente é esse. É claro que existem aqueles processos que

demandam de licitação (dependendo do valor), é uma coisa mais burocrática, mas

essas contratações menores são feitas dessa forma que eu falei.

Presidente: Perfeito. Fala outra coisa Hélio, se você tem conhecimento disso, há

necessidade, se há uma obrigatoriedade de que isso seja publicado no Diário Oficial do

Município, sempre esses processos, por exemplo, eu vou contratar uma pessoa para

realizar um determinado evento, passou por todos esses trâmites: departamento de

compras, financeiro, emissão do laudo contratual, o laudo final de reserva, e um laudo

atestando que ocorreu realmente o evento, há necessidade de ser publicado no Jornal

Oficial do Município?

Hélio: Olha, me parece que eles publicam o extrato (como chamam), mas eu não sei te

falar, eu não sei esta legislação, me desculpa, de quais são os casos obrigatórios de serem

publicados no Diário Oficial ou não. Eu sei que os contratos que envolvem carta convite,

tomada de preço, depois, é publicado um extrato, - contratou tal empresa, previsão de

pagamento, etc -, mas nesses contratos pequenos, infelizmente, eu não sei responder isso

aí, se há necessidade de publicar do diário oficial ou não.

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Presidente: Em termos de funcionário, no tempo em que você trabalhou com o Altair,

tinha confiança nele, qual era o grau de amizade dele com a direção do departamento?

Hélio: Olha Ademir, é muito oportuna essa pergunta, porque ela já vai esclarecer

algumas coisas. Quando, por força do destino, peguei o primeiro processo com

problema – a gente vai relatar isso ainda - eu fiquei muito chateado, porque ele era

um cara extremamente solícito, extremamente educada, tudo o que se pedia ele era o

primeiro a querer resolver, não tinha tempo ruim, não tinha horário, era uma pessoa

que jamais eu imaginaria que iria se envolver num negócio desse, de falsificação de

assinatura, etc e tal. Quando eu vi o problema eu fiquei muito chateado. Você

trabalha com o cara há três anos, você não vai duvidar do cara que está do seu lado,

você acredita que ele está fazendo o melhor possível. O relacionamento dele comigo,

com a Regina e com os outros funcionários, era um relacionamento tranquilo, muito

bom até, entendeu, até acontecer todos os problemas. Cheguei até a emprestar o meu

carro para ele, e não foi uma nem duas vezes, super cuidadoso, infelizmente, depois

deu problema.

Presidente: Eu vou fazer outra pergunta Hélio, não sei se você vai conseguir responder,

também com relação ao contrato. O que chamou a atenção dos Vereadores da Câmara

Municipal foi a prorrogação de um contrato de estágio. Nós sabemos que há uma lei

federal, na verdade eu gostaria de explicar a todos aqui: há uma lei federal que foi

sancionada pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, a Lei 11.577, de setembro de

2008, que realmente regulamentou os estágios, chamada “Lei dos Estagiários”. A lei

anterior era do Itamar Franco, que revogou uma lei do Ernesto Geisel de 1974. Então, fui

ler um pouquinho para poder me interar dessas leis e, realmente, tanto na lei do Geisel

quanto do Itamar Franco, não havia o período de estágio, o que a lei do Lula contempla,

que são dois anos, não podendo ser prorrogado (art 11). No artigo 18 diz inclusive que a lei

anterior do Itamar Franco seria ainda válida, então a pessoa que tinha mais de dois anos no

estágio, passaria a valer o prazo da lei anterior. Mas o que chamou a atenção foi que, se

realmente, na lei anterior do Itamar, que estava valendo quando o Altair entrou, dizia bem

claro o seguinte: o estagiário tinha que pertencer a uma instituição de ensino, ele tinha que

ser aluno, de um curso superior ou de um curso técnico profissionalizante ou mesmo de

um curso de ensino médio. Ele tem que ser avaliado a cada 6 meses. Ele tem que ter um

supervisou, tanto dentro do departamento quanto na instituição de ensino que ele pertence.

Então, eu gostaria de saber se havia essa avaliação semestral desse estagiário e, nessa lei

do Itamar também diz o seguinte: a partir do momento em que encerrou o curso ou o aluno

abandonou ou encerrou matrícula, automaticamente, ele deixaria de ser estagiário. E o que

seria preocupante para nós, passaria a ter vínculo empregatício caso a Prefeitura não

tomasse qualquer conduta com relação ao final do estágio, uma vez que ele não era mais

aluno. Você sabe me responder se o Altair foi avaliado semestralmente, se realmente ele

era estudante da UNIFAE, até quando ele estudou?

Hélio: Olha, no período que eu convivi com ele, ele sempre esteve matriculado em cursos

profissionalizante, que funcionavam na Escola de Comércio, e aí ele se inscrevia no

UNIFAE, isso eu tenho certeza. Um curso foi de Técnico em Turismo e o outro eu não sei

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dizer. Eu sei que neste período, e quando ele saiu – e você vai entender porque o que você

explicou das leis é correto – ele sempre apresentou os documentos do UNIFAE. O

UNIFAE renovou, perante o Recursos Humanos, o contrato, a continuidade dele. Quando

chegou em 2008 a Regina assinava, não era nem semestralmente, era mensalmente um

relatório que ele tinha que entregar, que mediante esse relatório que ele entregava no

UNIFAE ia o comunicado que ele podia ser pago, entendeu. Então, ele estava matriculado,

mas eu não sei responder qual, um era ligado a turismo o seguinte eu não sei, mas que

funcionava na Escola de Comércio. O que aconteceu em 2008? Uma coincidência enorme,

antes de surgir esse problema. Ele trabalhava com a gente e no meio do ano ele disse que ia

sair de férias, o contrato dele estava renovando, mas já estava para ser sancionada a lei do

presidente Lula. Eu estava como diretor, no lugar da Regina, e recebi uma ligação do Setor

de Recursos Humanos dizendo o seguinte: olha, precisa avisar o Altair que ele vai ser

dispensado, o contrato dele vai ser encerrado em função da nova lei que vai entrar em

vigor e nós vamos começar com isso já em agosto. Ta bom. Eu fui falar com ele, mas ele

queria continuar, eu disse que não tinha como e quando a Regina voltasse a gente iria

conversar. Parece que foi uma sequência de coisas. Logo depois, ele ainda estava de férias,

mas já estava avisado que teria esse problema e que teria que ser exonerado, eu fui ao

Recursos Humanos levar uma documentação – aí começa toda a novela – e a menina me

disse: olha, você me faz uma favor, leva a Tesouraria esses dois processos para pagar. Eu

falei que levava. Peguei os dois processos e resolvi dar uma olhada. A primeira coisa que

me baqueou e balançou as pernas: os dois tinham a minha assinatura falsificada. Na hora

eu vi que aquelas assinaturas não eram minhas. Por coincidência, um era contratando a

namorada e o outro era contratando a mãe. E aquilo já estava em fase final, era para trazer

para a Tesouraria para pagar, já estava com a RPA assinada. Eu fui para o departamento,

liguei para a Regina, disse que precisava conversar urgente com ela, tem um problema

aqui, e fui até a casa dela. Mostrei para a Regina os processos, viemos imediatamente falar

com o Nelson, que nos recebeu, isso era numa sexta-feira. Ele disse, segunda-feira vamos

fazer uma reunião com os outros diretores, vou chamar a Helen, o Luiz e o Vanderlei,

sendo que nesta reunião foi o Dr. Barreto, da Seccional, que o Nelson chamou para nos

orientar o que é que tinha de ser feito. Então foi isso, ele estava de férias, foi avisado que

seria exonerado e, de repente, eu pego dois processos que tinham o problema. Aquilo para

mim foi o maior susto. Porque eu nunca imaginei isso. Você ver a sua assinatura

falsificada na requisição e no laudo, então, estava a caminho de ser pago o processo.

Presidente: Perfeito. Inclusive, a minha próxima pergunta eu queria saber quem

descobriu, após quatro longos anos de fraudes, quem descobriu, como foi essa descoberta,

qual foi a medida tomada, então, você já me respondeu.

Hélio: Foram tomadas todas as medidas, levadas para o Nelson. O Nelson mandou na

segunda-feira a gente fazer uma reunião. Chamou o Dr. Barreto. Na própria sexta-

feira nós falamos com o Luís Sartori. O Luís foi dar uma olhada naquele fim de tarde

e na segunda-feira de manhã - porque a reunião foi na segunda-feira depois do

almoço, me lembro de muito bem - se tinha mais alguma coisa com problema. Já na

reunião vieram 7 processos. Daí a surpresa foi maior ainda. Depois foram levantados

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todos. O Dr. Barreto recolheu os depoimentos para esses 7 processos iniciais, depois,

continuou levantando, e o total que está em juízo são 27 processos.

Presidente: Perfeito. Inclusive, vou ler esse processo que você cita, assim que foi

descoberta a falsificação de sua assinatura, eu tenho aqui em mãos e vou ler rapidamente.

Dos fatos: do período compreendido entre 2003 e 2008, por meio de contrato de estágio, o

Sr. Altair Moreira Júnior prestou serviço no Departamento de Cultura e Turismo de São

João da Boa Vista, onde havia a instauração de processos administrativos destinados a

contratação de serviços diversos, de natureza compatível com o Departamento de Cultura.

A sequência desses processos administrativos era: requisição de serviço, autorização da

realização do serviço pelo Setor de Compras, confirmação do cumprimento dos contratos

através de laudos da diretora do Departamento e liberação do pagamento. O Sr. Altair

Moreira Junior, conhecendo os trâmites legais do pagamento dos serviços, em virtude de

sua função, teria elaborado falsamente documentos administrativos, com o objetivo de

obter para si o valor dos serviços que não foram realizados. O Sr. Altair Moreira Júnior, na

condição de estagiário do Departamento de Cultura, teria se pautado na confiança que

adquiriu ao longo dos serviços para possíveis montagens e falsificações de processos

administrativos, requisitando o pagamento de serviços que nunca foram prestados. Neste

caso aqui, Hélio, é o processo administrativo nº 2.560/2006, apresentação de show no dia

05 de maio, às 21h00 no Teatro Municipal, em comemoração ao Dia das Mães, dentro da

programação “artista sanjoanense”. Artista contratada a Sra. Maria Cristina de Godoy

Antônio Moreira, que é a mãe do Altair, sendo o serviço no valor de R$ 1.700 (hum mil e

setecentos reais). Então, nesse serviço o Sr. Altair contratou a própria mãe que pelo visto

era multi-instrumentista (ela é pianista, cantora lírica), tem uma série de processos que

foram aprovados. E o que chamou atenção, e eu vou fazer essa pergunta agora Hélio foi o

seguinte: Eu entendi todo o trâmite. Então, na verdade, ouve uma fraude, e já há exames

grafotécnicos que demonstram que realmente houve falsificação de assinaturas: sua, da

Regina e do Prefeito Nelson Mancini Nicolau, no termo contratual. Pois bem, eu gostaria

de saber se há fraude também no evento. Vou te explicar a questão. Vamos imaginar esse

caso em particular. Então, contratou uma cantora para ir ao Teatro. Esse evento não foi

realizado, como os outros 25 processos não ocorreram. Ninguém do departamento checa a

programação, se a programação realmente aconteceu ou não aconteceu. Porque eu até

entendo que isso aqui não passou na mesa de ninguém. Ele mesmo fraudou, acabando

forjando uma série de assinaturas. Mas eu gostaria de saber realmente se o evento também

foi fraudado, se constava na programação do departamento aquele evento. Por exemplo:

constava que deveria ter uma cantora no Teatro. A diretora não acompanhou – eu até fiz

aquela questão anterior do Jornal Oficial do Município, porque na verdade a lei somente se

torna lei a partir do momento que ela é publicada. Então, se os eventos realmente eram

publicados no Jornal Oficial do Município e se ocorriam ou não ocorriam, já não era, após

04 longos anos, para ter percebido que a duplicidade de nomes, Micheli e Maria Cristina,

alguma coisa estaria estranha.

Hélio: Na realidade é o seguinte: esses eventos que ele forjou, nenhum existia no

calendário. E qual era o grande problema (que depois a gente foi descobrir)? Quando

se faz a requisição, você faz em duas vias, e depois que ela vai para o pátio, que ela é

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aprovada no Departamento de Compras no Administrativo, uma volta para o

Departamento e fica na pasta (nossa) de controle de requisição, exatamente, para

controlar o andamento do processo. Só que, todos esses que ele forjou, nenhuma

segunda via tinha lá. Então, por mais que a gente olhasse naquelas pastas não

apareciam essas requisições. Outra coisa, esses eventos que ele forjou não existem no

calendário. É o que você falou, a mãe virou multiprofissional, a namorada

multiprofissional, e eu acompanhei os depoimentos no Fórum, se percebia que a mãe

e a namorada estavam em pânico, porque estavam sendo usadas. Então, é claro que

os eventos que nós fazemos, grandes ou pequenos eventos. Por exemplo, eu sei que

domingo agora, o último do mês, tem um baile na praça e a requisição está

lá,segunda-feira a Stela faz o laudo, a Regina assina e vai para fazer a RPA. Agora,

neste caso, que o Dr. Barreto usava muito o termo “que ele agiu de forma argilosa”,

ele simplesmente sumia com a segunda via. Uma pergunta que mais fazem para mim

é se “nós” nunca vimos ele fazer essa requisição. Não. O que é que acontecia - depois

que a coisa acontece é que cai a ficha de algumas coisas - eu entro na Prefeitura às

7h30 lá no departamento, e a Regina chegava praticamente junto comigo. Várias

vezes chegamos lá, 7h10, 7h15, e ele já estava lá. Ele dizia que teve que dar carona,

teve que ir “não sei aonde” e tinha ido direto trabalhar. Depois, o que suspeitamos,

foi que ele chegava mais cedo, porque a requisição fica no computador e é um modelo

básico, é um modelo formatado. O que a gente deduziu. Que ele chegava mais cedo,

fazia a requisição em nome de A ou B, falsificava a minha assinatura e guardava. Aí

ele falava assim para a Regina ou a Regina pedia para ele “Junior vai ver um

orçamento de material de tal coisa em tal lugar”, ele aproveitava, passava lá no

pátio, porque sempre tinha uma coisa ou outra pra levar lá, coisas do dia-a-dia, e aí

ele começava a fazer a requisição lá, você está entendendo, quando passava a data

que supostamente ele tinha posto no processo, ele emitia o laudo, e aí o serviço era

realizado. Então, esses eventos que ele forjou .... ele nunca pegou um evento que

existia, ele nunca criou uma requisição forjada dentro de evento grande, tipo Semana

Guiomar Novaes, Virada Cultural, Festa Junina, isso nunca apareceu, é só coisas

fora, coisas pequenas, ou na praça, no bairro, ou aqui no Teatro. O dia que eu vi –

essa foi muito boa – ele contratou a mãe na mesma requisição para dois eventos, no

sábado ela era pianista e no domingo era professora de dança. Brincadeira né. Nem a

Ana Botafogo faz um negócio desse.

Presidente: Helio, na verdade, não tem uma comunicação entre o Setor de Compras e o

Setor Financeiro tentando comunicar, vamos dizer assim, ao Departamento de Cultura

dizendo “olha, chegou tal requisição”. Não há este contato?

Hélio: É muita coisa no dia-a-dia. No dia em que fui lá ao pátio, que já tinha

estourado o problema, o Fernando conversou comigo e falou “assina o seu nome

aqui”, eu assinei - porque minha assinatura é muito simples HÉLIO C f FILHO, ele

estava com a cópia de um processo que tinha sido falsificado. Ele falou que “olhando

assim, o detalhe, tá na cara que a sua assinatura foi falsificada”, e disse “chega 100

requisições por dia aqui, 40, 50 noutro, não dá tempo de ficar comparando

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requisição. E outra, por que eu assinava requisição mesmo sem esta na diretoria?

Porque a Regina autorizava e as pessoas me conhecem e achavam que aquilo era

crível. Você falou uma coisa que é muito importante: todos os grafotécnicos que eu

fiz, todos, deram que a minha assinatura foi falsificada; pois a que ele mais falsificou

foi a minha. No caso do Nelson foram pouquíssima, da Regina menos. Ele andou

escaneando a assinatura do Nelson e a da Regina, mas, falsificar mesmo era a minha,

porque até certo ponto era fácil de ser falsificada, tanto na requisição quanto no

laudo. Quando você pega uma requisição e um laudo falsificado você vê que ele até

tentou fazer uma assinatura próxima da realidade, mas na hora que vai para a

polícia .... nos dois processos que ele já está condenado, que eu até tenho aqui a

sentença para te deixar, é claro na página 7 “assinatura conforme exame grafotécnico

grosseiramente falsificada”. É isso que eu fico preocupado. As pessoas tem que

entender que ele fez um sistema, que ele manipulava sozinho, em cima da confiança

que eu e a Regina, e os demais funcionários tínhamos nele, aí montou esse problema

que gerou tudo isso aí.

Presidente: Na verdade, Helio, a minha única preocupação, analisando todo o processo, já

há 5 meses vendo toda a documentação que vocês nos enviaram, a preocupação que existia

para a Câmara Municipal e para os membros da CPI era justamente esta, de que o Altair,

além de forjar, de falsificar as assinaturas, ele também estaria forjando esses eventos.

Então, a preocupação era se os eventos também foram forjados ou se faziam parte de uma

programação pré-existente do Departamento.

Hélio: Os eventos que ele requisitou são forjados. É aula no Jardim Nova República,

nenhum teve. Por isso eu estou falando, que lê nunca usou um evento do Calendário

Oficial. Ele nunca usou um evento do calendário para fazer uma requisição. Mas,

infelizmente, foram forjados. O mais grave é tudo é esse processo, todos esses problemas

terem se dado em cima de falsificação de assinatura. Isso é um negócio complicadíssimo.

Presidente: Vou fugir um pouco do caso Altair. Eu estou fazendo para você as mesmas

perguntas que elaborei para a Diretora Sônia Regina. Talvez essas perguntas sejam mais

para a Sônia do que propriamente sua, mas como você ocupou o cargo, eu vou fazer para

você também.

Presidente: O Vereador Júnior ou o Vereador Otto tem alguma pergunta para fazer sobre

o caso Altair? Nós dividimos as denúncias feitas do “caso Altair” de outras denúncias que

foram veiculadas pela imprensa envolvendo também o Departamento.

Ver Júnior da Van: Helinho, quero te perguntar : O Altair foi estagiário de 2004 a 2008, é

isso? Se o estágio é de um ano e pode ser renovado por mais um ano, por que aconteceu

isso?

Ver Júnior da Van: Mas isso acontecia com frequência?

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Hélio: Não era com frequência. Não era todo dia. Mas às vezes a gente chegava lá

pela manhã e ele já estava lá trabalhando. A moça da limpeza chegava às 7h00. A

primeira pessoa que chegava ao departamento era da limpeza. Ela às vezes

comentava e ria que chegava às 7h00 e ele já estava lá. Sempre com o computador

ligado.

Ver Júnior da Van: Então é normal estagiário ficar com a chave do departamento, ter

acesso para abrir e fechar o departamento.

Hélio: Na época, tamanha confiança que a gente tinha nele e amizade, nós fizemos

isso. Hoje, lá embaixo não tem mais estagiário tem apenas funcionário, que tem a

chave e o controle de alarme. Na época, infelizmente, aconteceu isso. Repito, porque a

gente confiava muito nele.

Ver Júnior da Van: Mas hoje é feito de outra maneira?

Hélio: Hoje é feito de outra maneira. Hoje, o único lugar que tem estagiário ligado a

Cultura é no programa “acessa São Paulo”, que funciona dentro do Terminal Urbano

e é dentro desta lei nova. Inclusive, o estagiário ligou hoje pra dizer que vai vencer o

contrato dele de dois anos, que vai ter que sair, ele não vai poder continuar, só lá que

tem estagiário, não temos em outro lugar.

Hélio: Sim. Durante todo este tempo. Ele sempre levava este relatório, que era timbrado

do IPEFAE, para a Regina assinar e ele encaminhar para IPEFAE, senão ele não tinha

como receber.

Ver Júnior da Van: Será que não houve fraude também em documentos da IPEFAE?

Hélio: Eu acredito que não. Nunca chegou às minhas mãos um documento desse, que

pudesse ter esse tipo de problema, eu não posso te afirmar isso.

Presidente: Na verdade, isso dependeria da Prefeitura, de acordo com o capítulo III, artigo

9, que diz: verificar regularmente a situação escolar do estagiário. A conclusão do curso,

ou o abandono do curso, ou outro evento que justifique, impede a continuidade do estágio

e pode gerar vínculo empregatício.

Presidente: Aproveitando, vou perguntar se você sabe o horário de trabalho dele? Se ele

recebia hora-extra?

Hélio: Não pode pagar hora-extra para estagiário. Na época essa lei permitia que ele

trabalhasse 8 horas. Existia um controle do banco de horas, que era transformado em folga.

Inclusive, um dos argumentos que ele usou na Justiça, foi que ele fraudava porque este

dinheiro ia para o departamento para pagar hora-extra. Isso é totalmente inverídico. Isso é

uma brincadeira. Um dia eu estava numa audiência e o próprio Promotor falou: mais

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como? Você pegava o dinheiro e levava para o departamento? Então, pra que você

fraudava as assinaturas? Por que você falsificava as assinaturas? Isso não tem cabimento.

Na hora que vimos que tinha um problema nós fomos os primeiros a denunciar, a querer

resolver. Eu fiquei apavorado quando eu vi a minha assinatura falsificada, de que isso

pudesse me dar um problema profissional. Agora, ele resolve dizer que tem algo para falar.

Porque ele não fala em juízo? De todas as audiências que teve até agora ele já fo i

condenado em duas. Tudo bem que cabe recurso. Esse é um direito que ele tem. Agora,

não vem querer levantar coisas porque não tem cabimento. Se você pegar a sentença do

juiz, Dr. Danilo, na página 7 é muito claro. Aí, perguntaram para ele: se você entregou,

então prova. Ele disse que não tinha como provar. Então, não joga a coisa no ventilador.

Presidente: Vou sair um pouco do caso Altair. Há outras denúncias envolvendo o

Departamento, principalmente durante 2011.

Presidente: Processo 5.901/2009, referente ao Natal de 2009. Houve a contratação da Sra.

Luzia Aparecida Bovo Pavani para a confecção de bonecos de Natal. No Edital seriam 116

bonecos de 1,20m e 75 bonecos de 2 metros, perfazendo um total de 191 bonecos. O valor

de R$ 7.060,00 (sete mil e sessenta reais). Não precisou de licitação pelo valor. Na

verdade, houve uma contagem de bonecos pela cidade e foram contados 94 bonecos. Sabe

me dizer o que aconteceu? Se realmente foram feitos os 191? Onde estariam os outros 100

bonecos que não foram achados pela cidade?

Hélio: Olha Ademir, antes de vir para cá eu estive conversando com a Regina e esse

processo, e toda documentação ficou com ela. Confesso até que ela está com tudo isso

para te passar. Vou até te dar um exemplo de 3 processos que saíram no jornal, no

dia 14 de janeiro. Então tem esse da Luzia, tem outro da Veríssimo Claret Correa e

um da Vanessa. O que ficou para mim explicar foi o da Vanessa. Os outros dois a

Regina disse que preferia ela explicar, porque ela entende mais dessa parte de

confecção, ela já trabalhou com isso quando era moça, então, ficou para ela te

explicar. Então, eu posso te explicar o da Vanessa?

Presidente: Eu tenho perguntas sobre a Vanessa aqui também. É o Processo 5.929/2009,

contratação da artista Vanessa I de Luca para apresentação natalina. O valor de R$

4.000,00 (quatro mil reais). E consta que a Vanessa foi estagiária do Departamento de

Cultura e no Edital seria apresentações natalinas. E houve muita dúvida, porque muitas

pessoas compareceram na Praça Joaquim José, onde seriam feitas as apresentações e a

Vanessa, segundo consta, fez simplesmente uma recreação com crianças, parte ficou

sentada no banco da praça com o namorado, e realmente o edital não era recreação com

crianças, mas sim apresentações natalinas. Gostaria que você explicasse isso?

Hélio: Esse processo, que vou até deixar uma cópia com você, realmente, a

requisição não tenha sido muito bem elaborada. Na realidade, qual foi o intuito dessa

requisição e o motivo pelo qual ela foi gerada? Na época que ela foi contratada -

primeiro esclarecimento - a Vanessa não era mais estagiária do Departamento. Ela já

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estava fora em 2009, porque já havia vencido, pois já estava em vigor a nova lei ela

não podia continuar, e tinha ido trabalhar num consultório médico aqui em São João.

Como ela havia feito o curso na área de turismo, tecnóloga, e tinha condições de

apresentar um projeto que fosse de recreação, dentro de eventos natalinos, na praça

Cel. Joaquim José. Vou deixar com você a cópia da requisição, do projeto que ela fez

e o certificado de que ela era apta a fazer esse tipo de trabalho. Nós não conseguimos

arrumar outra pessoa. Mandamos esse projeto para o Administrativo que aceitou

aquilo que estava sendo proposto mediante o currículo dela e a proposta dela. Aí se

distorceu que se pagou R$ 4.000,00 pra ela. Exatamente. Porque era ela quem iria

repassar para os duendes. Porque você não pode fazer um processo e aí contrata 5

duendes, faz um processo para cada um, outro para o Papai Noel. Não. Centralizou

tudo nela, houve desconto do Imposto de Renda, eu não me lembro agora qual o valor

que ela recebeu, mas é três mil e pouco, ela pagou o serviço dela e esse pessoal que

esteve com ela. Tanto é que em 2010, 2011, resolvemos mandar lá para cima a

requisição para ver se conseguíamos uma pessoa jurídica. Conseguimos, em 2010 e

em 2011. Em 2010 foi a mesma empresa. A empresa ganhou por R$ 4.500,00 (quatro

mil e quinhentos reais). Em 2011, a mesma empresa, ganhou por R$ 4.400,00 (quatro

mil e quatrocentos) – cem reais mais barato. E foi a mesma coisa. É uma pessoa que

recebe para pagar os duendes, o Papai Noel, o saci-pererê. Não tem como você fazer

um processo para cada um. É igual a quando você contrata uma banda. Quando a

banda tem personalidade jurídica, tudo bem, você contra a empresa, senão tiver você

contrata uma pessoa da banda, ela recebe o cachê e repassa para os músicos. E foi o

que aconteceu com a Vanessa. Ela ficou super assustada, porque nunca imaginou que

iria gerar esse problema. Eu confesso – até conversei isso com a Regina – que talvez a

maneira como foi redigida a requisição, que está aqui na minha mão, não tenha sido a

maneira mais correta, tudo bem, mas é o que eu sempre digo, ninguém corrigiu a

gente lá em cima. Aí, pegaram esse processo, por ser em nome da Vanessa. E outra,

esta história de que foram lá viram ela sentada com o namorado, vou dizer uma coisa,

com toda a honestidade que estou desde que sentei aqui, a menina que fez a recreação

em 2010 e 2011, que eu tenho uma super consideração com ela, ia até lá, dava uma

olhada no que estava acontecendo e ia embora. A gente cobrava, ligava para ela. Teve

uma reclamação este ano e eu liguei no dia seguinte para ela. Agora, querer imaginar

que a pessoa responsável iria ficar lá o tempo inteiro, também não posso obrigar a

pessoa fazer isso. Agora, eu queria deixar claro isso, que saiu em nome da Vanessa

para ela poder repassar. Esse exemplo da banda musical é o que mais chega perto

desse caso da Vanessa.

Encerrada a fase dos depoimentos o Presidente requisitou

documentos referente aos Natais e Carnaval, para comparar e verificar a prestação de conta

do departamento.

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Como a Câmara, bem como a Comissão não tem

conhecimento técnico, foi contrato uma Assessória Contábil, para verificar os

documentos das prestações de conta da Festa de São João, bem como do Carnaval, sendo

certo que, o relatório segue em anexo.

Neste relatório, o qual foi verificado também por Servidores

da Câmara, bem como do Assessor Jurídico, foi encontrado várias

irregularidades, quanto ao pagamento de valores e a prestação de conta,

assim, passamos a demonstrar:

IRREGULARIDADES:

FESTA DE SÃO JOÃO 2011.

Item 02 – Nota de Empenho 10444 – Jornal Momento Esportivo.

Foi cobrado para divulgação da Festa de São João o valor de R$ 1.600,00. Nota Fiscal não

discrimina o espaço e o tamanho da publicação, e nem a divulgação da festa e os dias, Valor

maior que o da divulgação da Nota de Empenho Nº 4616 referente à divulgação do Jornal O

Município.

Item 09 – Nota de Empenho 6942 – Agencia Produtora Edições Musicais Ltda.

Show Sergio Reis e Renato Teixeira.

Não esta anexada junto com a Nota de Empenho o Comprovante de pagamento para a agência,

não esta anexada o contrato que esta especificada na Nota Fiscal, contrato de Nº 113/11, para

verificação de transportes e alimentações.

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Item 16 – Nota de Empenho 10432 – Rogério dos Santos

Cobertura Fotográfica – Recibo de Pagamento Autônomo no valor de R$ 1.335,00 e Doc

eletrônico no valor de R$ 1.275,00 diferença de valores e 12 eventos noturnos sendo 4 dias

referente a Festa de São João.

Item 20 – Nota de Empenho 10027 – Empresa deve apresentar Nota Fiscal de fatura, não

esta em anexo junto com o empenho, Comercial de Eventos Requinte Ltda – EPP.

Item 23 - Nota de Empenho 9534 – Alexandra Aparecida Bernardo ME

Qual a finalidade da compra de 1.000 lanches e 1.000 refrigerantes? Não está

especificado para onde foram distribuídos estes lanches e refrigerantes, o setor de apoio

deveria estar incluso a alimentação na empresa contratada conforme Nota de Empenho Nº

2762 do Carnaval de 2011.

Item 25 – Nota de Empenho 9634 – Locação de palco pela empresa Estrutura de Ouro no

valor de R$ 8.800,00, valor bem maior que a Nota de Empenho Nº 9940 referente a festa

de São João de 2010, sendo que o palco tem as mesmas descrições e medidas. Necessita de

Licitação, não esta em anexo junto com a Nota de Empenho. O valor passou de R$

8.000,00, portanto, necessário a realização de licitação, no mínimo na modalidade

CONVITE.

Item 27 – Nota de Empenho 10437 – Rádio Piratininga, não especificou quantos spots

foram divulgados, quantos spots foram executados pela rádio, ou seja, não existe a

descrita do objeto do contrato.

Item 28 – Nota de Empenho 9697 – Casa Ferro, na Nota Fiscal de Empenho está descriminado

rolo de fita com 200 metros e na nota fiscal rolo com 180 metros, qual a fita correta que foi

realmente utilizada?

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Item 36 – Nota de Empenho 9890 – Venâncio e Filho S/C Ltda.

Serviços efetuados: quebrar a parede, trocar cotovelo, não foram utilizados materiais

para estes serviços, se trocou, colocou outro no lugar e se quebrou a parede colocou

tijolos de volta. REFERIDO NOME FOI CITADO PELO EX –

ESTAGIÁRIO ALTAIR, onde o mesmo alega que o contratado é amigo do

marido da Diretora de Cultura e, perguntado a mesma, a Diretora

informou que não se recorda de qualquer nome desse.

Item 37 - Nota de Empenho 9734 – Abastecimento do Camarim.

Nota Fiscal 22 Comercial de Alimentos Davines - 31 Jantares e 36 Lanches. Um camarim são

18 pessoas que compõem a banda e os músicos, como podem ser apresentados 31 jantares e

36 lanches, não teve bebida inclusa nesse jantar. Valor cobrado de R$ 260,00 referente a 1

Camarim

Qual a descrição de um camarim? Quais os serviços apresentados nesse camarim?

Não está descriminado nenhum desses serviços no camarim.

Item 38 – Nota de Empenho 9770 – Boa Vista Locadora.

Locação de 02 Vans no Valor de R$ 400,00 para transporte em São João da Boa Vista, sendo

que a Nota de Empenho Nº 1721 referente ao Carnaval de 2011 de 01 Van com destino para

São Paulo ficou em R$ 505,00, com distância percorrida de 220 km de São João da Boa Vista,

qual a necessidade de 02 Vans de 15 lugares para 18 integrantes da banda?.

Item 39 – Nota de Empenho 9640 – Hotel Giordano

Cotação em Anexo dos valores da suíte e do apartamento duplo.

Pelo número de pessoas que hospedaram no hotel, o valor deveria ter sido menor.

Item 41 – Nota de Empenho 9659 – Serviço de Limpeza.

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Referente à Nota de Empenho Nº 2426 do Carnaval de 2011, foi contratada uma empresa para

serviços de limpeza e retiradas de materiais para a Festa de São João, por um valor bem

inferior do que esta Nota de Empenho que contrataram outra empresa para a mesma prestação

de serviços. Ou seja, divergência de valores no mesmo ano.

Item 42 – Nota de Empenho 9605 – Roberto Bortolucci EPP

Bombom Sonho de Valsa, para quais pessoas foram distribuídos estes bombons? Qual o

motivo desta aquisição? A Nota de Empenho somente especifica o peso do bombom.

Item 43 – Nota de Empenho 8790 – Distribuidora de Fogos São Francisco

Comparado com a Nota de Empenho do ano de 2010 de Nº 10163 no valor de R$ 6.790,00

haverá uma diferença de R$ 970,00 sendo que foram as mesmas durações de tempo da queima

de fogos.

Item 44 – Nota de Empenho 8295 – André Luis Oliveira Flora.

Nota Fiscal de n° 03 não destacou imposto na nota fiscal, não discriminou qual o cantor

que realizou a apresentação.

Item 46 – Nota de Empenho 9639 – Francisco Jose Gallego ME.

Nota Fiscal Nº 196 de 150 Refeições, para quais finalidades estas refeições foram

pedidas, quais os motivos dessa solicitação de refeições.

Nota Fiscal não está discriminada as sobremesas e os refrigerantes, sendo que no

empenho estão descriminados.

Itens 47e 48 – Notas de Empenho 9334 e 9336 – C.S.B. Promoções Ltda ME

Qual a necessidade da iluminação nas gincanas e nas quadrilhas, evento efetuado a tarde,

deveriam emitir um mesmo empenho, necessitaria de licitação, pois o valor seria de R$

12.500,00, foram emitidas 02 Notas fiscais , poderia ter emitido apenas 01 Nota fiscal de valor

maior. Fracionamento de Licitação, proibido pela LEI de LICITAÇÃO.

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Valor de R$ 8.000,00 para efetuar iluminação e sonorização de eventos da Festa de São João

de 2011, sendo que para efetuar iluminação e sonorização de eventos da Festa de São João de

2010 o valor foi de R$ 4.500,00 referente à Nota de Empenho Nº 6750, diferença de R$

3.500,00 para a mesma finalidade.

Itens 49 e 50 – Nota de Empenho 9660 – Andréa A. O. Tujeira e Cia Ltda ME.

Nota Fiscal Nº 001 não especifica os dias 11 e 12 de junho que foram realizados os serviços,

não especificam quantos funcionários precisaram para a realização dos serviços, no empenho

declara que a especificação esta em anexo, valor de R$ 21.000,00 necessita de

licitação que não esta anexada junto com o empenho. A Festa de São João de

2010 o valor para efetuar os mesmos serviços foram de R$ 14.201,51 referente às Notas de

Empenho de Nº 10093 e Nº 10432, diferença de R$ 6.798,49, sendo que a Nota de Empenho

Nº 10093 foi descriminada quantos seguranças efetuaram os serviços.

Item 51 – Nota de Empenho 9661 – Andréa A. O. Tujeira e Cia Ltda Me.

Serviços de retaguarda e apoio para quadrilhas baby, mirim, infantil e juvenil e gincanas, qual

a necessidade de seguranças para estes eventos realizados a tarde, Nota de Empenho Nº 9661

do mesmo dia que a Nota de Empenho Nº 9660, deveria ser emitida apenas 01 Nota de

Empenho e apenas 01 Nota Fiscal de prestação de Serviços, além de poder caracterizar

também fracionamento de licitação.

Item 56 – Nota de Empenho 6910 – Soluções Eventos Ltda.

Valor da Nota de Empenho Nº 6910 de R$ 1.600,00 alugado para 02 dias bem acima do

valor da Nota de Empenho Nº 9629 de R$ 990,00 alugado para 04 dias.

FESTA DE SÃO JOÃO 2010.

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Item 01 – Nota de Empenho 10201 – Pagamento Premiação

Concurso Festa Junina – Deposito em conta corrente Helio Correia R$

4.560,00. Não estão anexados os comprovantes assinados pelas professoras

das escolas que ganharam a Premiação.

Item 04 – Nota de Empenho 9955 – Porto Seguro Cia de Seguros Gerais

Sem apresentação de nota fiscal, apenas a proposta, sem proposta de outras seguradoras,

apenas um comprovante de recibo no valor de R$ 2.267,42, falta anexar o recibo no valor de

R$ 1.565,20.

Item 06 – Nota de Empenho 10104 – Roberto Bortolucci EPP

Dois comprovantes de pagamento do mesmo valor e dias diferentes, com apresentação de

apenas 01 Nota Fiscal de R$ 695,60, falta apresentação de outra Nota Fiscal no valor de R$

695,60, contas correntes diferentes que estão anexadas junto com a Nota de Empenho Nº

10104.

Item 07 – Nota de Empenho 10102 – Roberto Bortolucci EPP

Bombom Sonho de Valsa, para quais pessoas foram distribuídos estes bombons? Qual o

motivo desta aquisição? A Nota de Empenho somente especifica o peso do bombom.

Dois comprovantes de pagamento do mesmo valor e dias diferentes, com apresentação de

apenas 01 Nota Fiscal de R$ 215,0, falta apresentação de outra Nota Fiscal no valor de R$

215, contas correntes diferentes que estão anexadas junto com a Nota de Empenho Nº 10102.

Item 11 – Nota de Empenho 9332 – Julio César Guerra de Almeida.

Foram contratados 02 shows de artistas diferentes para os mesmos dias, mesmos horários e

locais iguais. Notas de Empenho Nº 9332 e 9331.

Recibo de pagamento a autônomo no valor de R$ 712,00 e Doc Eletrônico no valor de R$

672,00, diferença de valores.

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Item 12 – Nota de Empenho 9331 – Priscila Rehder dos Santos.

Foram contratados 02 shows de artistas diferentes para os mesmos dias, mesmos horários e

locais iguais. Notas de Empenho Nº 9332 e 9331.Recibo de pagamento a autônomo no valor

de R$ 712,00 e Crédito em conta corrente no valor de R$ 672,00, diferença de valores.

Item 17 – Nota de Empenho 10093 – Machado e Tujeira Ltda ME

Notas fiscais de Serviços Nº 207 e 211 no valor total de R$ 14.201,51, não esta anexada a

licitação junto com a Nota de Empenho Nº 10093.

Item 21 – Nota de Empenho 8909 – Alexandra Aparecida Bernardo ME.

Nota fiscal de Prestação de serviços Nº 20 não esta especificada o valor do ISS.

Qual a finalidade da compra de 944 lanches e 944 refrigerantes? Não está especificado

para onde foram distribuídos estes lanches e refrigerantes.

Item 22 – Nota de Empenho 8842 – Alexandra Aparecida Bernardo ME.

Nota fiscal de Prestação de serviços Nº 21 não esta especificada o valor do ISS.

Qual empresa efetuou as montagens e desmontagens das barracas, quantos funcionários

precisaram para efetuarem as montagens e desmontagens.

Item 23 – Nota de Empenho 10174 – Machado e Tujeira ME.

Quantos funcionários trabalharam para a limpeza, não esta descriminada na Nota Fiscal, em

2011 foi contratada uma empresa para limpeza com um valor bem inferior ao cobrado

nesta Nota Fiscal de Empenho, Nota de Empenho Nº 2426 – empresa contratada para

limpeza do Carnaval, Festa de São João por um valor de R$ 1.200,00 sendo que é a

mesma empresa de nome Machado e Tujeira Ltda ME.

Item 31 – Nota de Empenho 10163 – Distribuidora de Fogos São Francisco Ltda.

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Nota Fiscal de Serviços Nº 00069 no valor de R$ 7.000,00 e crédito em conta corrente no

valor de R$ 6.720,00, diferença de valores.

CARNAVAL 2011:

Item 01 – Nota de Empenho 2436 – Priscila Rehder dos Santos.

Nota de Empenho Nº 2436 no valor de R$ 5.000,00 para apresentação de show em 02 dias no

Carnaval, Nota de Empenho Nº 9331 no valor de R$ 800,00 para apresentação de show de 01

dia na Festa de São João, 02 dias deveriam ser R$ 1.600,00, diferença de valores no valor de

R$ 3.400,00. Recibo de pagamento a autônomo no valor de R$ 4.023,53 e Crédito em conta

corrente no valor de R$ 3.773,53, diferença de valores.

Item 02 – Nota de Empenho 3179 – D. D. Hig. Desentupidora Dedetizadora e Hig.

Contratação de empresa para fornecer 14 banheiros químicos durante o Carnaval

emitiu uma Nota fiscal de Nº 603 no valor de R$ 7.950,00 para 04 dias, esta mesma

empresa foi contratada em 2010 para fornecer 13 banheiros químicos durante a Festa de São

João Nota de Empenho Nº 5054 emitiu uma Nota Fiscal de Nº 502 no valor de R$ 1.846,00

para 04 dias, a diferença de 01 banheiro a mais ficou no valor de R$ 6.104,00. Mesma

descrição de banheiros para ambas as Notas Fiscais. Os pagamentos foram efetuados em

contas e bancos diferentes.

Item 03 – Nota de Empenho 5486 – Padaria e Confeitaria P. O. P Ltda – ME.

Nota fiscal Nº 823 no valor de R$ 1.450,50, sendo 300 lanches misto frio, 100 refeições e 123

refrigerantes de 02 Lts, para qual finalidade a compra de refrigerantes e lanches não especifica

o evento , o motivo da compra.

Item 04 – Nota de Empenho 2830 – Alessandro Tavares Pinturas ME.

Nota Fiscal Nº 3256 no valor de R$ 6.000,00 confecção de 50 unidades de flâmulas em

polietileno, para qual finalidade esta compra, qual o motivo da compra.

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Item 13 – Nota de Empenho 2822 – Rogério dos Santos

Referente ao recibo de pagamento a autônomo no valor de R$ 979,00 para cobertura

fotográfica do Carnaval de 2011 esta com uma diferença de valor para a Nota de Empenho Nº

10432 foi contratado para cobertura fotográfica da Festa de São João no valor de R$ 1.335,00,

diferença de R$ 356,00, o Carnaval deve ser tiradas mais fotografias do que a Festa de São

João.

Item 14 – Nota de Empenho 2762 – Machado e Tujeira LTDA ME

Serviço Retaguarda Carnaval, Nota Fiscal no valor de R$ 13.000,00 não esta

anexada a licitação, Lanches e transporte por conta da própria empresa. Não especifica a

quantidade de seguranças. Recibo de Ted de R$ 11.115,00, outro recibo de R$ 1.430,00 não

esta anexada junto com a Nota de Empenho.

Item 15 – Nota de Empenho 3447 – Tracks Áudio Ltda Me

Nota Fiscal de prestação de serviços Nº 212 no valor de R$ 4.500,00 para 300 metros de

gradil para ser utilizado como barreira, sendo que a mesma empresa, na Festa de São João

emitiu uma Nota Fiscal de prestação de serviços Nº 223 no valor de R$ 2.180,00 para 370

metros de gradil, diferença de R$ 2.320,00. Assim, a Administração pagou mais por menos de

grades, o que deixa dúvida quanto ao serviço.

Item 20 – Nota de Empenho 2711 – Liga Jundiaiense das Escolas de Samba – LIJ.

Qual a especificação dos jurados, o contrato, a função de cada jurado e os nomes dos

integrantes, não esta especificado na Nota de Empenho.

Item 23 – Nota de Empenho 1721 – Monreal Van Locação de Veículos Ltda ME

Transporte de 02 escolas de samba para São Paulo de 15 lugares cada Van, o repasse de

verbas que as escolas recebem são para estas despesas, qual a necessidade de irem 15

integrantes de cada escola para São Paulo, não estão anexadas notas de compras

referente a Viagem para São Paulo, apenas 03 Escolas de Samba desfilaram no ano de

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2011 , foram contratadas 04 Vans para São Paulo, se são 03 Escolas de Samba qual a

necessidade de 04 Vans. Ademias, a Comissão não teve tempo, mas ouve notícias de que as

Escolas de Sambas foram transportadas com veículo da Administração, o que será verificado.

Item 24 – Nota de Empenho 1722 – A. de Oliveira Romera – Locadora.

Transporte de 02 escolas de samba para São Paulo de 15 lugares cada Van, o repasse de

verbas que as escolas recebem são para estas despesas, qual a necessidade de irem 15

integrantes de cada escola para São Paulo, não estão anexadas notas de compras

referente a Viagem para São Paulo, apenas 03 Escolas de Samba desfilaram no ano de

2011 , foram contratadas 04 Vans para São Paulo, se são 03 Escolas de Samba qual a

necessidade de 04 Vans. Ademias, a Comissão não teve tempo, mas ouve notícias de que as

Escolas de Sambas foram transportadas com veículo da Administração, o que será verificado

Item 25 - Nota de Empenho 1278 – Escola de Samba Grêmio Rec. Guerreiros da Paz

Repasse de participação no Carnaval de R$ 13.500,00, não está anexado junto da Nota

de Empenho comprovante de pagamento dos materiais utilizados para o desfile, notas de

compras das fantasias para o desfile, pagamentos diversos para materiais, nenhum tipo

de documento anexado.

Item 26 - Nota de Empenho 1277 – Escola de Samba Mocidade Unidos da Vila

Repasse de participação no Carnaval de R$ 15.000,00, não está anexado junto da Nota

de Empenho comprovante de pagamento dos materiais utilizados para o desfile, notas de

compras das fantasias para o desfile, pagamentos diversos para materiais, nenhum tipo

de documento anexado.

Item 27 - Nota de Empenho 1279 – Grêmio Rec. Escola de Samba Sol Nascente

Repasse de participação no Carnaval de R$ 12.000,00, não está anexado junto da Nota

de Empenho comprovante de pagamento dos materiais utilizados para o desfile, notas de

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compras das fantasias para o desfile, pagamentos diversos para materiais, nenhum tipo

de documento anexado.

Item 29 - Nota de Empenho 3504 – Pagamento de premiação do Carnaval

No Demonstrativo de Aplicação de Adiantamento estão descritas todas as

premiações com os respectivos valores e Justificativa de despesas, mas não

está anexado nenhum documento que comprove os pagamentos, nenhum

recibo anexado, assinados pelos recebedores, apenas as demonstrações.

Item 30 – Nota de Empenho 3166 – Altimar Martins Alves do Carmo ME.

Nota Fiscal no valor de R$ 4.543,00 que corresponde a 785 lanches e 800 refrigerantes para

quais finalidades esta compra, onde foram distribuídos os lanches e os refrigerantes, sendo que

os seguranças já recebem as refeições de sua empresa,

Item 31 – Nota de Empenho 2515 – Comercial de Alimentos Davines Ltda EPP

Empresa contratada para fornecer alimentação ao corpo de jurados nos dias 06 e 08 de Março

sendo que são 05 jurados e 01 coordenador, foram distribuídos 38 jantares, 58 lanches, 62

refrigerantes de lata e 240 unidades de água mineral, para 02 dias apenas, qual a

necessidade de tanta alimentação.

Item 32 – Nota de Empenho 2760 - C.S.B. Promoções Ltda ME

Referente a Nota Fiscal de Prestação de Serviços Nº 003229 o valor cobrado de R$

57.000,00 para sonorização e iluminação do Carnaval de 2011 é maior que todos os

eventos realizados no ano de 2010 , inclusive Carnaval, Festa de São João, Festas nos

Bairros, não esta anexado junto com a Nota de Empenho Nº 2760 a licitação.

CARNAVAL 2010:

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Não apresentou nota de empenho para serviços de apoio no Carnaval de

2010.

Item 01 – Nota de Empenho 1341 – Fabio Soares Locação Som e Luz S/C Ltda.

Empresa contratada pra fornecer 100 metros de grades sem especificação de altura no

valor de R$ 2.500,00, sendo que no ano de 2011, foi contratada uma empresa pra fornecer

100 metros de grade no valor de R$ 1.500,00 para o Carnaval Nota de Empenho Nº 3447,

diferença de R$ 1.000,00.

Item 04 – Nota de Empenho 1327- Sabino & Costa Locações Ltda ME.

Nota Fiscal de prestação de serviços no valor de R$ 6.860,00 para fornecer 14 banheiros

químicos, sendo que a Nota de Empenho Nº 5054 para fornecer 13 banheiros químicos no

valor de R$ 1.846,00, diferença de R$ 5.014,00 para apenas 01 banheiro a menos,

diferença bem elevada.

Item 06 – Nota de Empenho 1100- Moacir Ormastroni.

Diferença de valor para a Nota de Empenho Nº 1737 no valor de R$ 1.000,00 para serviços

prestados no Carnaval de 2011, diferença de R$ 500,00 sendo que mesmo evento mas anos

diferentes.

Item 07 – Nota de Empenho 1887- Gilvan Gomes Garcia.

Silkagem 120 camisetas, o uniforme do pessoal de apoio é por conta da contratada, e as

camisetas não foram compradas, pois não tem nota fiscal de compras de camisetas.

Item 11 – Nota de Empenho 1345- Altimar Martins Alves do Carmo ME

Nota Fiscal no valor de R$ 6.082,35, 00 que corresponde a 989 lanches e 989

refrigerantes para quais finalidades esta compra, onde foram distribuídos os lanches e os

refrigerantes. Contas correntes e Bancos diferentes entre as Notas de Empenho 1345 e

3166, mesma empresa, apenas 03 Notas Fiscais emitidas de um ano para outro.

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Item 14 – Nota de Empenho 1337 – Tracks Áudio Ltda ME

Contas correntes e Bancos diferentes entre as Notas de Empenho 1337 e 3243, mesma

empresa.

Item 16 – Nota de Empenho 1338 – FC Costa Locação de Van para São Paulo

Transporte de 02 escolas de samba para São Paulo de 15 lugares cada Van, o repasse de

verbas que as escolas recebem são para estas despesas, qual a necessidade de irem 15

integrantes de cada escola para São Paulo, não estão anexadas notas de compras

referente a Viagem para São Paulo.

Item 17 – Nota de Empenho 1146 – F & M Comercio de Tecidos LTDA ME

Utilizado para qual setor, utilizado para qual divulgação, não esta especificado na nota fiscal o

tipo de tecido e os tamanhos.

Item 18 – Nota de Empenho 2307- Germano Sonhez Simon.

Engenheiro eletricista contratado para instalar a iluminação das barracas valor de R$ 1.400,00

no ano de 2011 não necessitou de instalação de lâmpadas nas barracas?

Item 19 – Nota de Empenho 1128- Casarão

Empresa contratada para fornecer alimentação ao corpo de jurados, bandas e convidados,

foram distribuídos 52 jantares, 60 lanches, 78 refrigerantes de lata e 396 unidades de água

mineral, para 02 dias apenas, qual a necessidade de tanta alimentação, o cupom fiscal de

Nº 006138 não esta anexada junto com a Nota fiscal e esta descriminada na Nota Fiscal.

Item 20 – Nota de Empenho 1148 – Grêmio Rec. Esport. E Cult. Acadêmicos da Aracy.

Não esta anexada a Nota fiscal referente à empresa Grêmio Rec. Esport. E Cult. Acadêmicos

da Aracy, esta sem comprovante anexado dos serviços prestados. Diferença de valores para a

Nota de Empenho Nº 2711 do ano de 2011, com a mesma função de jurados, diferença de R$

400,00.

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Item 21 – Nota de Empenho 1331 – Bom Vista Classe A Locadora e Serviços Ltda

Não identifica o tipo de veiculo nem para quantos lugares os veículos comportam.

Item 22 - Nota de Empenho 874 – Escola de Samba Grêmio Rec. Guerreiros da Paz

Repasse de participação no Carnaval de R$ 14.000,00, não está anexado junto da Nota

de Empenho comprovante de pagamento dos materiais utilizados para o desfile, notas de

compras das fantasias para o desfile, pagamentos diversos para materiais, nenhum tipo

de documento anexado.

Item 23 - Nota de Empenho 873 – Grêmio Rec. Escola de Samba Sol Nascente

Repasse de participação no Carnaval de R$ 12.500,00, não está anexado junto da Nota

de Empenho comprovante de pagamento dos materiais utilizados para o desfile, notas de

compras das fantasias para o desfile, pagamentos diversos para materiais, nenhum tipo

de documento anexado.

Item 24 - Nota de Empenho 875 – Escola de Samba Mocidade Unidos da Vila

Repasse de participação no Carnaval de R$ 11.000,00, não está anexado junto da Nota

de Empenho comprovante de pagamento dos materiais utilizados para o desfile, notas de

compras das fantasias para o desfile, pagamentos diversos para materiais, nenhum tipo

de documento anexado.

Item 25 - Nota de Empenho 876 – Escola de Samba Unidos de São João

Repasse de participação no Carnaval de R$ 9.500,00, não está anexado junto da Nota de

Empenho comprovante de pagamento dos materiais utilizados para o desfile, notas de

compras das fantasias para o desfile, pagamentos diversos para materiais, nenhum tipo

de documento anexado.

Item 26 - Nota de Empenho 2314 – Pagamento de premiação do Carnaval

No Demonstrativo de Aplicação de Adiantamento estão descritas todas as

premiações com os respectivos valores e Justificativa de despesas, mas não

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está anexado nenhum documento que comprove os pagamentos, nenhum

recibo anexado, assinados pelos recebedores, apenas as demonstrações.

Divergência nas datas 3° e 4° lugares, premiação 2009 e na Lei Dezembro

2010.

Item 28 – Nota de Empenho 3555 – C.S.B. Promoções Ltda ME

Na Nota de Empenho Nº 3555 não especifica o evento do Carnaval de 2010.

Consta nos autos, várias e sérias acusações contra a

Diretora do Departamento de Cultura, no entanto, até a presente data, a

Comissão entende que existem provas de várias irregularidades.

Quanto ao caso específico do Ex- Estagiário, a Comissão

conseguiu obter as acusações do mesmo, mas, não houve no conjunto probatório, outras

provas concretas, para pode por enquanto concluir que a Diretora do Departamento do

Cultura estive envolvida nas apropriações ocorridas e confessadas pelo ex- estagiário.

No entanto, está comprovado a omissão da Diretora

do Departamento de Cultura, a qual deixou a cargo de estagiário, serviços,

trabalhos e competências, que são inerentes de Servidor.

Ademais, o ex-estagiário tinha até a chave do

departamento, o que é no mínimo reprovável e inaceitável que estagiários

tenha tamanho acesso e liberdade, dentro de um DEPARTAMENTO,

portanto, a Diretora no mínimo deve ser responsabilizada por OMISSÃO e

NEGLIGÊNCIA.

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Quanto a prestação de conta analisada, do CARNAVAL e da

FESTA DE SÃO JOÃO, existe várias irregularidade, além de pagamentos divergentes.

Consta também pagamentos que podem ser considerados acima do aplicado no mercado,

com divergência no mesmo anos da contratação.

Consta também, gastos acima do limite legal de R$

8.000,00, onde não foram realizadas os procedimentos licitatório, ou se

foram, não está juntado comprovante no demonstrativo das prestações de

conta.

Existe também, indícios de fracionamento de

licitação, ou qual é proibido pela Lei de Licitação, pois, nas contratações

deve ser colocado o valor total do objeto e, não dividir o objeto para manter

o limite de R$ 8.000,00.

Foi encontrado também, depósito de dinheiro na

conta de Servidor, mas, na prestação de conta, não existe documento

comprovando o pagamento de referidos valores, o que gera grande dúvida,

no mínimo quanto aos procedimentos dentro do Departamento de Cultura,

o qual deve imediatamente, mudar seus procedimentos.

Por fim, com o encerramento dos trabalhos, cabe

a esta Comissão, requerer o seguinte:

01 - Que seja enviado cópia ao Ministério Público local, para

que analise e verifique se houve descumprimento da Lei de Licitações,

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superfaturamento, desvio de finalidade pública, OMISSÃO da Diretora, bem como se

qualquer pessoa ou membro da Administração Pública praticou qualquer crime ou

ato contra a Administração Pública;

02 - Que seja enviado ao Tribunal de Contas do Estado de São

Paulo, para que o mesmo analise os gastos do Departamento Municipal de Cultura as

contas prestadas, bem como qual seja o entendimento das divergências apontadas por

esta COMISSÃO.

Este é o Relatório final da presente Comissão.

São João da Boa Vista, 05 de abril de 2.012.

OTTO CARLOS RODRIGUES DE ALBUQUERQUE

RELATOR DA CPI DA CULTURA