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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle
Secretaria Federal de Controle Interno
Relatório de Avaliação da Integridade
em Empresas Estatais nº 201601716
Empresa: Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro
Supervisão dos Trabalhos
Arantes José da Silva - CGU
Luiz Augusto Penna Júnior- CGU
Equipe de Auditoria
Luciano Souza Gonçalves - Serpro
Thiago Morais Furuchima - CGU
Vladimir Sol Rebouças - Serpro
Wilson Rodrigues Bongiovanni - Serpro
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Competência da CGU
Assistir direta e imediatamente o Presidente da República no desempenho de suas atribui-
ções, quanto aos assuntos e providências que, no âmbito do Poder Executivo, sejam atinentes à
defesa do patrimônio público, ao controle interno, à auditoria pública, à correição, à prevenção e
ao combate à corrupção, às atividades de ouvidoria e ao incremento da transparência da gestão no
âmbito da administração pública federal.
Avaliação da Integridade
nas empresas estatais
No exercício de sua missão, a CGU tem incentivado a adoção de medidas de integridade
pelas empresas públicas e privadas, reconhecendo boas práticas e buscando o diálogo e a parceria
para promover ações voltadas à prevenção, detecção, pronta interrupção e remediação de atos de
fraude e corrupção.
Em 2014, entrou em vigor a Lei nº 12.846/2013, a qual estabelece que empresas, fundações
e associações passarão a responder civil e administrativamente por atos lesivos praticados em seu
interesse ou benefício que causarem prejuízos ao patrimônio público ou infringirem princípios da
administração pública ou compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
A referida norma atribuiu reconhecimento legal à importância da existência de mecanismos
e procedimentos internos de integridade, auditoria, incentivo à denúncia de irregularidades e apli-
cação efetiva de códigos de ética nas instituições.
Esse reconhecimento foi reforçado, ainda, pela aprovação da Lei nº 13.303/2016, que es-
tabelece o estatuto jurídico das empresas estatais, a qual instituiu a obrigatoriedade de adoção de
diversas medidas de integridade por aquelas empresas.
Em consonância com essa evolução do marco jurídico e tendo em vista sua missão de pre-
venir e combater a corrupção, bem como de aprimorar a gestão pública, a CGU desenvolveu me-
todologia específica para a avaliação da integridade nas empresas estatais.
Por meio da avaliação de integridade, o Ministério apresenta um diagnóstico acerca do
estágio evolutivo das políticas e procedimentos relacionados à ética e integridade nas empresas
estatais. Para fins deste trabalho, as políticas e medidas de integridade adotadas pelas empresas
são avaliadas sob três aspectos: existência, qualidade e efetividade.
A partir das fragilidades e das oportunidades de melhoria identificadas, a empresa estatal
terá elementos necessários para a elaboração de um plano de ação com vistas a promover o apri-
moramento de seus mecanismos de integridade. O desdobramento desse plano de ação será moni-
torado pela CGU.
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Sumário-Executivo
Objetivo da Avaliação
Avaliar as medidas de integridade existentes no Serpro e promover o seu aprimoramento,
com a finalidade de diminuir o risco de corrupção e fraudes, bem como aumentar a capacidade de
detecção e remediação das irregularidades que venham a ocorrer.
Temas avaliados
O art. 41 do Decreto nº 8.420/2015 definiu que “programa de integridade consiste, no
âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos e procedimentos internos de integri-
dade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de
ética e de conduta, políticas e diretrizes com objetivo de detectar e sanar desvios, fraudes, irre-
gularidades e atos ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou estrangeira”.
Tomando como referência os parâmetros elencados no art. nº 42 do Decreto nº 8.420/2015,
no presente trabalho foram analisados quinze temas, agrupados em cinco dimensões. Os quinze
temas foram avaliados em relação a três aspectos: existência, qualidade e efetividade:
Fonte: Elaborado pela CGU
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1 – Desenvolvimento do Ambiente de Gestão do Programa de Integridade
A primeira dimensão engloba as seguintes subdimensões:
I - comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, incluídos os conselhos, evidenciado pelo
apoio visível e inequívoco ao programa; e
II - independência, estrutura e autoridade da instância interna responsável pela aplicação do pro-
grama de integridade e fiscalização de seu cumprimento.
2 – Análise Periódica de Riscos
Esta dimensão contempla a análise do perfil de risco da empresa estatal necessária à estruturação
do programa de integridade.
3 – Estruturação e Implantação das Políticas e Procedimentos.
A definição das políticas e procedimentos constitui a essência do programa de integridade. Esta
dimensão engloba as seguintes subdimensões:
I - padrões de conduta e código de ética aplicáveis a todos os empregados e administradores, in-
dependentemente de cargo ou função exercidos;
II - políticas e procedimentos de integridade aplicáveis a todos os empregados e administradores,
independentemente de cargo ou função exercidos;
III - registros e controles contábeis que assegurem a pronta elaboração e confiabilidade de relató-
rios e demonstrações financeiras da pessoa jurídica;
IV - diligências apropriadas para contratação e, conforme o caso, supervisão de terceiros, tais
como, fornecedores, prestadores de serviço, agentes intermediários e associados;
V – verificações, durante os processos de fusões, aquisições e outras operações societárias, do
cometimento de irregularidades ou ilícitos ou da existência de vulnerabilidades nas pessoas jurí-
dicas envolvidas;
VI - canais de denúncias de irregularidades, abertos e amplamente divulgados a colaboradores.
VII - processo de tomada de decisões.
4 – Comunicação e Treinamento.
Esta dimensão trata dos aspectos relativos aos seguintes itens:
I - treinamentos periódicos e comunicação sobre o programa de integridade; e
II - transparência da pessoa jurídica.
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5 – Monitoramento do Programa, medidas de remediação e aplicação de penalidades.
A última parte do modelo adotado consiste nos seguintes itens:
I - monitoramento contínuo do programa de integridade, visando seu aperfeiçoamento na preven-
ção, detecção e combate à ocorrência de atos lesivos.
II - procedimentos que assegurem a pronta interrupção de irregularidades ou infrações detectadas
e a tempestiva remediação dos danos gerados; e
III - aplicação de medidas disciplinares em caso de violação do programa de integridade;
Todas essas dimensões deverão contemplar os seguintes atributos: existência (referente à
presença, na empresa estatal, de cada elemento que compõe as cinco dimensões); qualidade (refe-
rente à sua adequabilidade, de acordo com as melhores práticas) e efetividade (referente ao seu
efetivo funcionamento).
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Conclusões e Recomendações
Inicialmente é importante ressaltar que a integridade passou a ser tratada pelo Serpro, como
um programa institucional apenas em junho de 2016, de modo que o programa de integridade da
empresa encontra-se em estágio inicial de implantação.
A companhia possui algumas medidas de integridade (Código de Ética, Ouvidoria,
Comissão de Ética, etc.), mas estas encontram-se dispersas e não integradas no âmbito de um
programa formalmente estabelecido.
Desta forma, tendo em vista o estágio de maturação do recém implantado Programa de
Integridade do Serpro, o presente relatório tem cunho propositivo. Em complemento às sugestões
de melhorias propostas ao longo do relatório, sugere-se a célere adoção de medidas empresariais
as quais assegurem o cumprimento das disposições constantes da Lei nº 13.303/2016, como forma
de aprimoramento do nível de maturidade da integridade do Serpro.
A seguir, são apresentados os principais resultados da avaliação realizada.
Comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, incluídos os conselhos,
evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao programa
Conforme supracitado, o Programa de Integridade do Serpro encontra-se em estágio inicial
de implantação, de modo que as medidas de integridade da empresa encontram-se dispersas entre
as diferentes unidades organizacionais.
Foi evidenciado, contudo, o intuito da companhia na busca por um ambiente corporativo
íntegro, haja vista a recente reestruturação organizacional ter estabelecido, dentre outras medidas,
a criação da Diretoria de Governança e Gestão, responsável pela instituição e o gerenciamento do
Programa de Integridade do Serpro. Ademais, recentes comunicações realizadas pela Diretora-
Presidente da empresa mostram alinhamento da Alta Direção com as práticas preconizadas em um
programa de integridade.
Com base nos questionários aplicados aos empregados, de um total de 405 respondentes,
319 (78%) concordam, parcial ou totalmente, que o Serpro está comprometido com a prevenção,
detecção e correção de atos de corrupção ou fraude.
Padrões de conduta e código de ética aplicáveis a todos os empregados e
administradores, independentemente de cargo ou função exercidos
O Serpro possui Código de Ética e de Conduta Empresarial que descreve a conduta e os
valores esperados de todos os colaboradores da empresa. Esse documento, aprovado pela Alta
Direção, foi escrito em linguagem adequada e pode ser facilmente acessado no Portal Corporativo
da companhia.
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Destaca-se, entretanto, que embora estejam declarados os princípios éticos que são
esperados de seus colaboradores, não há menção explícita às políticas de integridade da empresa,
ou qualquer outra questão diretamente ligada a prevenção de ilícitos de fraude e corrupção.
Para divulgação de seu conteúdo, o Serpro promove cursos específicos sobre o tema, que
são de realização obrigatória por todos os novos empregados. Não foram identificadas iniciativas
recentes de divulgação para os empregados que já fazem parte da companhia.
O questionário aplicado evidenciou que embora a maioria dos empregados da empresa
tenha conhecimento da existência do Código de Ética e Conduta Empresarial, muitos desconhecem
seu conteúdo.
Políticas e procedimentos de integridade aplicáveis a todos os empregados e
administradores, independentemente de cargo ou função exercidos
Foram analisadas as políticas da empresa no que se refere as seguintes questões: (i)
recebimento e oferecimento de hospitalidades, brindes e presentes; (ii) prevenção de atos de fraude
e corrupção; (iii) prevenção do nepotismo; (iv) realização de patrocínios e doações filantrópicas;
(v) prevenção de conflitos de interesse.
Embora o Programa de Integridade do Serpro esteja em fase inicial de implantação, foi
verificado que a empresa dispõe de políticas específicas para os supracitados temas, embora a
maioria necessite de melhorias específicas, as quais foram apontadas neste relatório.
Foram identificadas ainda fragilidades contundentes no que se refere a divulgação de seu
conteúdo, o que pode ser ratificado pela análise das respostas dos questionários encaminhados:
apenas 31% dos respondentes afirmaram ter conhecimento de campanhas específicas para
divulgação das políticas de integridade da companhia.
Treinamentos periódicos e comunicação sobre o programa de integridade
Em virtude do estágio inicial de implantação do programa de integridade, o Serpro não
dispõe de plano de comunicação formalmente instituído para as questões de integridade, de modo
que não foram realizadas comunicações específicas para o fomento da prevenção de atos de fraude
e corrupção nos últimos exercícios. Algumas ações pontuais foram identificadas, como a
divulgação de campanha referente ao tema Conflito de Interesses. Essa mesma situação, não dispor
de plano formalmente instituído, foi observada em relação ao plano de capacitação dos
empregados, sendo que, neste caso, a situação é agravada pela condição de restrição orçamentária
em que se encontra a empresa.
Análise periódica de riscos para realizar adaptações necessárias ao programa de
integridade
O Serpro dispõe de uma Política Corporativa de Gestão de Riscos – PCGR que define
termos afetos à gestão de riscos, os princípios norteadores da gestão de riscos empresarial, além
dos responsáveis e de um conjunto de determinações que delineiam a estratégia de gestão de riscos
da empresa.
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Contudo, a supracitada política não estabelece quaisquer regras, métodos e formas de
avaliação e tratamento de riscos, bem como não aborda periodicidade de monitoramento dos
riscos, fluxos de comunicação às diversas partes interessadas e não dispõe sobre a forma de
acompanhamento dos riscos corporativos, restringindo-se a menções aos modelos de referência
apresentados pelo COSO.
Ademais, não se verificou a existência de documentos nos quais estejam postos os riscos
empresariais, expressos em uma matriz de riscos organizacionais, bem como não foram
apresentados os respectivos planos de tratamento de riscos porventura existentes, os quais abordem
estratégias, providências e respostas que visem a aceitação, a eliminação, mitigação ou
transferência dos riscos mapeados pelo Serpro.
Diante do exposto, constatou-se que a maturidade da gestão de riscos organizacionais no
Serpro é baixa e, por conseguinte, carece de melhorias, especialmente quanto aos limites de
incerteza que a organização está disposta a assumir para atingir seus objetivos e o volume de riscos
que a entidade possa suportar, delimitados a partir do planejamento estratégico empresarial.
Registros e controles contábeis que assegurem a pronta elaboração e confiabilidade
de relatórios e demonstrações financeiras da pessoa jurídica.
O Serpro não utiliza o COSO 2013 como framework para subsidiar a avaliação de seus
controles contábeis, embora o considere como referência para elaboração dos normativos e dos
processos que tratam do tema.
Verificou-se que os controles internos são periodicamente testados pelos Órgãos de
Fiscalização e Controle, as demonstrações contábeis são submetidas à avaliação de auditoria
independente e a eficácia operacional dos controles internos é avaliada pela Auditoria Interna.
O Serpro vem cumprindo parcialmente a Resolução SE/CGPAR nº 6, com a submissão das
demonstrações financeiras anuais à auditoria por auditores independentes, mas sem que o Estatuto
Social contemple tal obrigatoriedade.
Em relação aos treinamentos e capacitações do pessoal envolvido com as temáticas
financeira e contábil, não foi apresentado planejamento quanto ao Programa de Educação
Continuada para os colaboradores da área contábil, financeira e de patrimônio, embora
treinamentos pontuais tenham sido realizados nos últimos exercícios.
Embora não seja escopo deste trabalho, cumpre mencionar que desde 2011 a CGU vem
observando a dependência do Serpro em relação à transferência de recursos do Governo Federal.
Os relatórios 201108703, 201413241e 201504060 podem ser consultados no Portal da CGU para
mais detalhes sobre esta relevante questão.
Independência, estrutura e autoridade da instância interna responsável pela
aplicação do programa de integridade e fiscalização de seu cumprimento
A partir do redesenho organizacional promovido pelo Serpro, em julho de 2016, foi criada
a Divisão de Integridade, subordinada ao Departamento de Compliance e Integridade e vinculada
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à Superintendência de Controles, Riscos e Compliance, responsável pelo estabelecimento do
Programa de Integridade do Serpro. As ações necessárias à efetiva implantação do programa de
integridade não puderam ser avaliadas em função da recente criação da supracitada Divisão de
Integridade.
Ressalta-se, contudo, que foram evidenciados riscos quanto à autonomia no desempenho
das atividades da área, posto que não há previsão, no arcabouço normativo avaliado, de quaisquer
relações de vínculo funcional ou subordinação – mesmo que indireta – entre a divisão responsável
pelo Programa e outros órgãos responsáveis pelas medidas de integridade vigentes, ou mesmo
previsão de fluxos de troca informações entre os supracitados órgãos.
Canais de denúncias de irregularidades, abertos e amplamente divulgados a
funcionários e terceiros, e mecanismos destinados à proteção de denunciantes de boa-fé
A Ouvidoria-Geral do Serpro é a instância responsável por receber e tratar reclamações,
elogios, sugestões, solicitações e denúncias. Essas manifestações podem ser recebidas
pessoalmente, por correio eletrônico, por telefone e pelo Sistema de Ouvidoria do Serpro. A
Ouvidoria conta ainda com espaço específico no Portal Corporativo da empresa, podendo ser
acessado facilmente por qualquer pessoa, dispondo de meios para recebimento de denúncias,
inclusive anônimas, tanto do público interno, quanto do público externo.
No que se refere aos mecanismos utilizados pela entidade para incentivar seus
colaboradores a denunciarem atos contrários à ética e à integridade institucional, em que pese a
entidade ter informado que se valha de diversos meios para este fim (fixação de cartazes impressos
em murais; publicação de informativos eletrônicos; dentre outros), não foram identificadas
evidências dessas ações. Também não foram identificadas normas que estabeleçam medidas
específicas para prevenir a retaliação aos denunciantes.
A baixa maturidade da atuação do Serpro na promoção e incentivo à realização de
denúncias pode ser constatada a partir do consolidado das respostas dos questionários
encaminhados aos colaboradores da empresa, conforme será apresentado.
Aplicação de medidas disciplinares em caso de violação do programa de integridade
A unidade responsável pelas atividades correcionais no âmbito do Serpro é o Departamento
de Aplicação do Regime Disciplinar Empresarial (DPARD), o qual se encontra vinculado ao
Gabinete do Diretor-Presidente, e não como uma Corregedoria vinculada ao Chefe máximo da
entidade, conforme estabelece as Orientações para Implantação de Unidades de Corregedoria dos
Órgãos e Entidades do Poder Executivo Federal.
Diversos normativos estabelecem o regime disciplinar dos empregados do Serpro.
Contudo, não foi identificado normativo que discipline especificamente os ilícitos que envolvam
a prática de atos de fraude e corrupção. Destaca-se ainda a inexistência de indicadores específicos
para acompanhar o desempenho da atividade correcional do órgão.
Em virtude do estágio inicial de implantação do Programa de Integridade do Serpro, não
foi possível avaliar a integração entre o DPARD e a Instância de Integridade da empresa.
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Procedimentos que assegurem a pronta interrupção de irregularidades ou infrações
detectadas e a tempestiva remediação dos danos gerados
As medidas de integridade adotadas pelo Serpro ainda não estão agrupadas sob o formato
de um programa de integridade, de modo que a atuação da empresa para a pronta interrupção de
irregularidades e infrações detectadas ainda ocorrem de maneira esparsa, de acordo com as
competências e atribuições específicas de cada área, sem a participação da Instância de
Integridade.
A despeito disso, cabe ressaltar que auditorias especiais podem ser requeridas pelos
Conselhos Diretor/Fiscal ou pela própria CGU, as quais eventualmente podem culminar com a
identificação de indícios de irregularidades, que são encaminhadas ao titular da área responsável
pelo processo e/ou contrato, visando a posterior abertura de processo apuratório.
Diligências apropriadas para contratação e, conforme o caso, supervisão, de terceiros,
tais como, fornecedores, prestadores de serviço, agentes intermediários e associados
Tendo em vista que o Programa de Integridade do Serpro está em construção, foi verificado
que, de maneira geral, o processo de due diligence para a contratação de terceiros é incipiente. De
fato, a maioria das diligências promovidas pela empresa se referem a práticas gerais preconizadas
pela Administração Pública Federal na contratação por meio de licitação, tais como as verificações
de impedimento em virtude de sanção aplicada no âmbito da Lei nº 8.666/93 e as relacionadas ao
não cumprimento dos requisitos de regularidade fiscal e trabalhista, previstos nas legislações
federal, estaduais e municipais.
Registre-se, como boa prática, a utilização do Plano de Inserção da Contratada (PIC) –
reunião, registrada em ata, com os fornecedores para situá-los das responsabilidades e demais
informações necessárias para a execução do contrato.
Verificação, durante os processos de fusões, aquisições e outras operações societárias,
do cometimento de irregularidades ou ilícitos ou da existência de vulnerabilidades nas
pessoas jurídicas envolvidas
Tendo em vista que o capital social do Serpro é integralmente subscrito pela União,
conforme consta do art. 4º do Estatuto Social da empresa, as análises que seriam realizadas no
âmbito deste item perderam seu objeto.
Monitoramento contínuo do programa de integridade visando seu aperfeiçoamento
na prevenção, detecção e combate à ocorrência de atos lesivos
Devido ao estágio inicial de implantação do Programa de Integridade do Serpro, não foi
possível avaliar seu monitoramento contínuo. Neste sentido, a empresa deve: (i) instituir
mecanismos de monitoramento para verificar a efetiva implementação do programa de integridade,
de forma a possibilitar a identificação de pontos falhos que possam ensejar correções e
aprimoramentos; (ii) definir regras estabelecendo rotinas e processos de monitoramento do
programa de integridade; (iii) criar indicadores para acompanhar a aplicação e o funcionamento
das diversas medidas de integridade instituídas; (iv) definir estratégia coordenada de
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monitoramento com participação das áreas envolvidas com o programa de integridade; (v) reportar
indicadores e produtos do monitoramento para a Alta Direção (Conselhos e Diretoria) e com
posterior disponibilização no Portal Corporativo, com acesso a partir do sítio da internet.
Transparência da pessoa jurídica
O Serpro possui em seu Portal Corporativo página específica para a divulgação do Serviço
de Informação ao Cidadão (e-SIC). Os pedidos de solicitação podem ser realizados por e-mail,
telefone ou diretamente pelo sistema de informações e-SIC.
No que tange a transparência ativa, foi verificado que o Serpro disponibiliza diversas
informações, conforme determina a Lei de Acesso à Informação, embora necessite de melhorias
para o integral cumprimento dessa norma. Ademais, foi verificado que diversas informações
disponibilizadas estão desatualizadas ou são apresentadas em nível de detalhe insuficiente a sua
plena divulgação.
Ressalta-se ainda que não foi evidenciado o cumprimento de todos os elementos e
determinações relacionadas à transparência ativa requeridas pela Resolução CGPAR nº 05/2015,
tais como: (i) extrato das atas de assembleias gerais, pautas (prévias e deliberadas) e as atas das
reuniões da alta direção não são publicadas na internet; (ii) dinheiro público é da sua conta; (iii) o
último Balanço Social publicado, data de 2010; (iv) o currículo profissional resumido dos
conselheiros não possui acesso direto.
Processo de tomada de decisões
O Serpro não possui normas ou políticas específicas que disciplinem o processo de tomada
de decisão da Alta Direção. As deliberações são devidamente registradas em atas, mas os
documentos e informações que subsidiam a decisão não se encontram armazenados em um
repositório único, estando distribuídas em diferentes locais (e-mail, pastas de trabalho, diretórios
na rede, etc.).
O Conselho Diretor da empresa é multidisciplinar, contando com profissionais qualificados
em Direito, Economia e Finanças, Relações Internacionais e Tecnologia da Informação.
Ressalvamos, contudo, que apenas dois membros possuem formação específica em TI.
Sugestões de Melhoria
A partir das análises realizadas, foram elaboradas diversas sugestões de melhoria. Ressalta-
se que a efetiva implementação da maioria das proposições feitas pressupõe a criação ou alteração
de normativos, de modo a propiciar adequado amparo legal as ações da empresa. Desta forma,
como resultado do trabalho realizado, sugere-se ao Serpro:
Instituir programa de integridade que contemple políticas e procedimentos destinados a
sistematizar e integrar ações de prevenção, detecção, interrupção e remediação de riscos e
de conformidade, dentre os quais os relacionados a atos de fraude e corrupção;
Implementar plano de comunicação que contemple medidas de integridade da Alta
Direção, direcionadas para os públicos interno e externo, com a finalidade de ressaltar a
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importância de se implementar e respeitar as medidas de integridade, bem como da
intenção do Serpro de contratar terceiros/fornecedores que adotem posturas alinhadas aos
princípios e normas de integridade. O plano deve estabelecer as informações a serem
comunicadas, o público-alvo, os meios de divulgação, a periodicidade, e os responsáveis;
Fazer constar, de forma clara, em todas as Descrições de Atribuições e Competências das
Unidades do Serpro, a obrigatoriedade de cumprimento do programa de integridade como
medida de fortalecimento e engajamento de todos ao programa;
Implementar modelo de acompanhamento integrado, por parte da Alta Direção, dos riscos,
ações, prazos, responsabilidades e decisões relativos ao programa de integridade.
Revisar o Código de Ética e Conduta Empresarial do Serpro para que contemple ações,
procedimentos e vedações relativos ao programa de integridade, fazendo menção explícita
às políticas de integridade da empresa, além da prevenção de ilícitos de fraude e corrupção;
Fazer constar do Código de Ética e Conduta Empresarial do Serpro menção e incentivo a
realização de denúncias, bem como sobre a proibição de retaliação a denunciantes;
Divulgar no Portal Corporativo, com acesso a partir do sítio da internet, os relatórios
produzidos pela Comissão de Ética do Serpro, ressalvados os casos de sigilo legalmente
instituídos;
Incluir no plano de comunicação empresarial rotina de divulgação periódica do Código de
Ética para os colaboradores, fornecedores e sociedade;
Estabelecer periodicidade para a revisão dos normativos que abordem as medidas de
integridade aplicáveis aos empregados;
Determinar a previsão de o presenteado comunicar a instância de integridade ao receber
brindes ou presentes, e que sejam registradas as informações sobre os itens recebidos;
Acrescer ao Código de Ética e Conduta Empresarial a previsão de oferta de brindes e
presentes em nome do Serpro, bem como os limites de valor, além da comunicação à
instância de integridade;
Contemplar nos normativos, claramente, que a entidade é contrária à corrupção;
Criar dispositivo que objetive prevenir a ocorrência de corrupção no contato de seus
colaboradores com terceiros, seja em processos licitatórios ou na execução de contratos
firmados;
Contemplar nos normativos procedimentos para evitar conflito de interesses sob a
perspectiva da contratação e/ou envolvimento de terceiros, de forma explícita;
Revisar os procedimentos e normas de patrocínios e doações filantrópicas com objetivo de
tornar claros em que circunstâncias a Diretoria emitirá parecer sobre a participação formal
nestes eventos, além dos respectivos critérios de seleção;
Contemplar nos normativos procedimentos e regras para evitar que a entidade utilize
agente de outra instituição pública como procurador, consultor, assessor ou intermediário
de seus interesses junto à administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Contemplar em normativos a definição de órgãos do Serpro cujos empregados e gerentes
são vedados de receber brindes e presentes;
Instituir plano de comunicação para as questões de integridade, de modo a fomentar a
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prevenção de atos de fraude e corrupção, incluindo-se o quadro externo de empregados;
Criar espaço específico no Portal Corporativo da empresa no sítio da internet, assim como
já é feito em relação ao tema ética, a fim de facilitar o acesso a todos os normativos
atinentes aos temas de integridade, de modo que qualquer informação possa ser encontrada
em um local único, de fácil acesso;
Desenvolver ações educacionais relacionadas às medidas de integridade vigentes, com
especial enfoque no Código de Ética e Conduta Empresarial, além de outras voltadas ao
programa de integridade, de caráter obrigatório, contemplando o tema “prevenção de
fraude e corrupção” para todos os empregados da empresa, bem como mecanismos de
aferição sobre a qualidade dos conteúdos ofertados;
Prever a participação direta e ativa da instância de integridade no planejamento da
capacitação sobre os temas de ética e integridade;
Adotar as melhores práticas internacionalmente reconhecidas para alicerçar a política de
gestão de riscos corporativos da empresa;
Adotar medidas as quais assegurem o cumprimento do disposto no art. 9º, §2º, da Lei nº
13.303/2016, quanto à vinculação do órgão responsável pela verificação de cumprimento
da gestão de riscos à Diretora-Presidente; quanto à liderança do órgão em referência por
Diretor Estatutário; quanto à inserção no Estatuto do Serpro das atribuições e mecanismos
que assegurem atuação independente do órgão em questão;
Considerar os resultados oriundos do processo de gestão de riscos organizacionais como
insumo do processo de melhoria contínua do programa de integridade empresarial;
Inserir a descrição das práticas de gestão de riscos e de controle interno no Estatuto do
Serpro, em observância ao disposto no art. 6º da Lei nº 13.303/2016;
Inserir medidas e procedimentos relativos à gestão de riscos de desvios, fraude e corrupção
ativa e passiva na política corporativa de gestão de riscos, as quais sejam acompanhados e
supervisionados pela instância responsável pelo programa de Integridade;
Revisar a Decisão de Diretoria SG-0135/2007, visando ratificar a validade das sistemáticas
e procedimentos, em busca de um maior alinhamento às melhores práticas preconizadas
pelo mercado, tais como as constantes em domínios do modelo Control Objectives for
Information Technology – Cobit 5, dentre outras consideradas relevantes;
Revisar a Política de Gestão de Riscos Corporativos – PCGR, de forma a contemplar o
limite de incerteza que a organização está disposta a assumir para atingir seus objetivos,
além do volume de riscos que a entidade pode suportar, expressos como a tolerância ao
risco, além dos métodos, periodicidade de monitoramento, ferramentas para o
acompanhamento dos riscos organizacionais, plano de comunicação às partes interessadas
e vinculação ao planejamento estratégico empresarial;
Instituir plano de educação continuada dirigido aos empregados da Superintendência de
Gestão Financeira, incluindo treinamentos relativos à prevenção e detecção de fraude,
corrupção e desvios;
Inserir no Estatuto Social a obrigatoriedade de submissão das demonstrações financeiras
anuais à auditoria por auditores independentes, bem como a previsão de contratação de
auditores independentes, conforme preconiza a Resolução SE/CGPAR nº 6, de 29/09/2015;
Considerar as metodologias de governança, a exemplo das diretrizes do COSO, como
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ferramenta de identificação de irregularidades nos registros contábeis da empresa;
Considerar no planejamento das atividades de auditoria, a avaliação da eficácia dos
controles internos relativos ao processo de produção das demonstrações contábeis;
Envidar esforços para a integração de seus sistemas internos com o sistema contábil, a fim
de reduzir a necessidade de utilização de planilhas eletrônicas preenchidas manualmente e
o repasse de informações manuais entre sistemas;
Alocar empregados do Serpro nos postos funcionais previstos para a Divisão de
Integridade, visando não apenas assegurar o cumprimento das atribuições específicas
constantes do documento DAC do órgão, mas também conferir maior celeridade na adoção
do programa de integridade pela empresa;
Avaliar a conveniência e oportunidade da realização de estudos que visem o
estabelecimento de futuros critérios de seleção e eventual substituição dos titulares dos
órgãos responsáveis pelas medidas de integridade;
Estabelecer fluxos de comunicação entre a Divisão de Integridade, a Diretoria de
Governança e os demais órgãos componentes da Alta Direção, os quais visem assegurar
que estas instâncias disponham de informações precisas e atualizadas acerca da
implantação e acompanhamento do programa de integridade, bem como de eventuais
processos de investigação de desvios ao seu cumprimento;
Realizar estudos que subsidiem a adoção de um conjunto de medidas voltadas ao
aprimoramento dos níveis de proteção aos empregados lotados em todos os órgãos
envolvidos com as medidas de integridade do Serpro;
Revisar os documentos regimentais e de atribuições e competências do conjunto de órgãos
envolvidos com a manutenção das medidas de integridade atuais e do futuro programa de
integridade, de modo a delimitar com clareza os fluxos de informações que regulem a ação
integrada dos órgãos responsáveis pelas medidas de integridade do Serpro, além de papeis
e responsabilidades, prazos a serem respeitados e aos repositórios de armazenamento de
dados e informações afetas à integridade empresarial;
Criar normativos internos que regulamentem os canais de atendimentos, de denúncia
anônima, de garantia do sigilo da identidade do denunciante ou de restrição de acesso a
essa informação;
Estabelecer canais de esclarecimento de dúvidas e prestação de informações sobre ética e
integridade;
Criar normativo que estabeleça medidas específicas para prevenir a retaliação aos
denunciantes (por exemplo, mudança de lotação, caso o denunciado seja colega ou chefe
do denunciante; afastamento temporário das atividades; previsão de adoção de medidas
contra qualquer pessoa que retalie ou ameace denunciantes, etc.);
Definir regras e procedimentos claros sobre como se dará a tramitação das denúncias
recebidas ou de suspeitas de irregularidades advindas de outras fontes;
Divulgar os canais de denúncias com informações relevantes sobre as formas de acessá-lo,
ao processo de apuração e às medidas de proteção ao denunciante, incluindo o público com
menor grau de instrução;
Desenvolver plano de comunicação com previsão de medidas específicas de divulgação de
informações relevantes sobre canais de denúncias para os públicos interno e externo, bem
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como ao incentivo a denunciarem irregularidades e atos contrários à ética e à integridade
institucional de que tenham conhecimento;
Aderir ao Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo Federal – E-Ouv;
Definir fluxo para que ações de averiguação de suspeitas de fraude e corrupção promovidas
pela Unidade Correcional ou Ouvidoria sejam encaminhadas à Auditoria-Interna como
forma de subsidiar o planejamento das ações de auditoria;
Definir indicadores de apuração de denúncias;
Mapear os processos relacionados a atividade correcional, contemplando competências,
instrumentos, ritos e prazos;
Normatizar as atividades do DPARD, estabelecendo prerrogativas e autonomia de atuação;
Estabelecer em normativo as hipóteses de suspeição e impedimento em todas as etapas do
processo disciplinar;
Prever em normativo a inaplicabilidade do instituto do perdão tácito no âmbito da empresa;
Estabelecer em normativo a utilização do sistema CGU-PAD para registro de todos os
procedimentos de apuração de responsabilidade administrativa;
Aprimorar o controle de registros dos processos instaurados e penalidades aplicadas;
Estabelecer o acompanhamento das medidas correcionais pela instância de integridade;
Elevar o status do DPARD a Unidade Correcional e realizar o cadastramento no Sistema
de Correição do Poder Executivo Federal – SISCOR;
Estabelecer plano de comunicação sobre atos lesivos praticados por pessoa jurídica;
Definir indicadores e metas para as atividades desempenhadas no âmbito correcional;
Elaborar plano de capacitação para os empregados que atuam na atividade correcional;
Instituir mecanismos que permitam ao Serpro detectar e prontamente interromper os atos
de fraude, corrupção e desvios, bem como remediar os eventos danos sofridos. Os
mecanismos em referência poderão contemplar, dentre outros: a aplicação de multas
contratuais; a suspensão ou rescisão de contratos com terceiros; a abertura de Processos
Administrativos de Responsabilização, em observância ao disposto no art. 8º da Lei
12.846/2013;
Proceder a revisão e adequação dos normativos afetos ao tema, visando o aprimoramento
da segregação de funções na tomada de decisões relativas à interrupção e remediação de
infrações cometidas contra as medidas de integridade;
Inserir cláusulas relacionadas à integridade em todos os modelos de contratos de despesa;
Incluir temas da integridade na pauta das reuniões com fornecedores (Plano de Inserção da
Contratada), tais como ética, conflito de interesses, corrupção e fraude;
Estabelecer critérios para a classificação dos contratos firmados pelo Serpro, com base no
nível de exposição dos contratos a riscos de fraude, corrupção e desvios;
Submeter os empregados e terceiros responsáveis por contratos a verificações rotineiras
quanto a observância ao programa de integridade. A periodicidade e o escopo dessas
verificações devem variar com o grau de exposição a riscos do contrato. Por exemplo, a
empresa pode atribuir um perfil de risco ao contrato (alto, médio e baixo), variando a
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periodicidade e o escopo da diligência de acordo com o perfil do contrato;
Criar os procedimentos de guarda e arquivamento das diligências realizadas;
Desenvolver mecanismos para incentivar os fornecedores/terceirizados a denunciarem as
posturas contrárias à ética e integridade institucional;
Instituir mecanismos de monitoramento para verificar a efetiva implementação do
programa de integridade, de forma a possibilitar a identificação de pontos falhos que
possam ensejar correções e aprimoramentos;
Definir regras estabelecendo rotinas e processos de monitoramento do programa de
integridade;
Criar indicadores para acompanhar a aplicação e o funcionamento das diversas medidas de
integridade instituídas;
Definir estratégia coordenada de monitoramento com participação das áreas envolvidas
com o programa de integridade;
Reportar indicadores e produtos do monitoramento para a Alta Direção (Conselhos e
Diretoria) e com posterior disponibilização no Portal Corporativo, com acesso a partir do
sítio da internet;
Revisar os dados de transparência ativa disponíveis no sítio da internet, de modo a garantir
o alinhamento e a adequação às exigências previstas na Lei nº 12.527/2011 (LAI), no
Decreto nº 7.724/2012 e na Resolução CGPAR nº 05/2015;
Implementar rotina de verificação e atualização periódica das informações publicadas;
Divulgar no Portal Corporativo, com acesso a partir do sítio da internet as pautas e atas de
reunião dos Conselhos e da Diretoria Executiva, ressalvados os casos de sigilo legalmente
instituídos.
Abster-se de realizar doações de bens em ano eleitoral;
Tornar mandatória a apresentação de pareceres técnicos, emitidos como peças integrantes
do Processo Decisório da Diretoria do Serpro, os quais ratifiquem a adequação dos
equipamentos a serem doados quanto ao atendimento aos objetivos preceituados no
Programa Serpro de Inclusão Digital – PSID ou em outros programas governamentais de
cunho social, visando mitigar riscos de desvio de finalidade de uso dos equipamentos pelas
entidades donatárias.
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Sumário
1. Introdução..................................................................................................................................
2. Cenário corporativo...................................................................................................................
3. Objetivo e escopo da avaliação..................................................................................................
4. Resultados..................................................................................................................................
5. Conclusão...................................................................................................................................
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1. Introdução
A adoção de boas práticas corporativas é fator preponderante para diminuir o risco de
corrupção e fraudes e para aumentar a capacidade de detecção e remediação das irregularidades
que venham a ocorrer.
O desenvolvimento de um ambiente íntegro e capaz de prevenir, detectar e sanar fraudes e
atos de corrupção no âmbito das empresas estatais vinculadas ao Poder Executivo Federal exige
de tais entidades, dentre outras ações, a adoção de medidas e políticas internas de integridade,
auditoria, incentivo à denúncia de irregularidades e aplicação efetiva de códigos de ética e de
conduta.
Adicionalmente, as empresas devem se comprometer a divulgar sua legislação
anticorrupção aos funcionários e colaboradores, a fim de que sejam cumpridas integralmente.
Devem, ainda, vedar qualquer forma de suborno e trabalhar pela legalidade e transparência das
informações.
Para fins deste relatório, as seguintes definições foram observadas:
Alta Direção: Pessoa ou grupo de pessoas que dirige e controla uma organização no mais
alto nível (ABNT, 2005), tal como o presidente da entidade e os diretores. No caso das
estatais, estão incluídos nesse conceito, também, os membros do Conselho Diretor;
Colaboradores: Compreendem os empregados do Serpro, além de terceirizados e
prestadores de serviço;
Medidas de Integridade: mecanismos e procedimentos adotados pela empresa para
prevenir, detectar e sanar fraudes, atos de corrupção e desvios de conduta. Caso tais
medidas tenham sido pensadas e implementadas de forma sistêmica, com aprovação da alta
direção, e sob coordenação de uma área ou pessoa responsável, tem-se um programa de
integridade;
Plano de Comunicação: Instrumento destinado ao registro da estratégia de comunicação
empresarial. O plano deve estabelecer as informações a serem comunicadas, o público-
alvo, os meios de divulgação, a periodicidade, e os responsáveis;
Políticas de Integridade: Normas internas que tratem dos temas pertinentes ao programa de
integridade, de forma a estabelecer não só o posicionamento da empresa em relação ao
tema, mas também regras sobre como devem agir os colaboradores em relação a ele,
condutas permitidas e proibidas, além dos procedimentos a serem seguidos;
Programa de Integridade: É um conjunto de medidas com o objetivo de prevenir, detectar
e remediar a ocorrência de fraude e corrupção nas empresas, pensadas e implementadas de
forma sistêmica, com aprovação da alta direção, e sob coordenação de uma área ou pessoa
responsável.
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2. Cenário corporativo
O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) é uma empresa pública vinculada
ao Ministério da Fazenda. Foi criado pela Lei nº 4.516/64, regido pela Lei 5.615/70, com o objetivo
de modernizar e dar agilidade a setores estratégicos da Administração Pública brasileira, tendo
como negócio a prestação de serviços em Tecnologia da Informação e Comunicações.
Ao longo de seus 50 anos, o Serpro desenvolve programas e serviços que permitem maior
controle e transparência sobre a receita e os gastos públicos, além de facilitar a relação dos
cidadãos com o governo. Dentre as várias soluções desenvolvidas com essas características
destacam-se a declaração do Imposto de Renda via Internet (ReceitaNet), a nova Carteira Nacional
de Habilitação, o novo Passaporte Brasileiro e os sistemas que controlam e facilitam o comércio
exterior brasileiro (Siscomex).
O mercado de atuação da empresa é o de finanças públicas, composto pelo Ministério da
Fazenda, que corresponde a significativa parcela do volume de negócios. Outro segmento
igualmente importante é o de ações estruturadoras e integradoras da Administração Pública
Federal, cuja gestão e articulação compete ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
3. Objetivo e escopo da avaliação
O objetivo do trabalho foi avaliar as medidas de integridade existentes no Serpro,
identificando as deficiências e as oportunidades de melhoria, com a finalidade de diminuir o risco
de corrupção e fraudes na companhia, bem como aumentar a capacidade de detecção e remediação
das irregularidades que venham a ocorrer.
Esse trabalho foi realizado conjuntamente pela CGU e pela Auditoria Interna do Serpro e
reflete o esforço da Administração Pública Federal na busca por um ambiente íntegro, pautado não
apenas na legalidade, mas também na adoção das melhores práticas internacionalmente
reconhecidas na luta contra a corrupção.
A análise realizada abrangeu verificações relacionadas aos seguintes temas:
Comprometimento da Alta Direção
da pessoa jurídica, evidenciado pelo
apoio visível e inequívoco ao Pro-
grama.
Padrões de conduta e código de
ética aplicáveis a todos os emprega-
dos e administradores, independen-
temente de cargo ou função exerci-
dos.
Aplicação de medidas disciplinares
em caso de violação do programa de
integridade.
Procedimentos que assegurem a
pronta interrupção de irregularida-
des ou infrações detectadas e a tem-
pestiva remediação dos danos gera-
dos.
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Políticas e procedimentos de inte-
gridade aplicáveis a todos os empre-
gados e administradores, indepen-
dentemente de cargo ou função
exercidos.
Treinamentos periódicos e comuni-
cação sobre o programa de integri-
dade.
Análise periódica de riscos para re-
alizar adaptações necessárias ao
programa de integridade.
Registros e controles contábeis que
assegurem a pronta elaboração e
confiabilidade de relatórios e de-
monstrações financeiras da pessoa
jurídica.
Independência, estrutura e autori-
dade da instância interna responsá-
vel pela aplicação do programa de
integridade e fiscalização de seu
cumprimento.
Canais de denúncias de irregulari-
dades, abertos e amplamente divul-
gados a funcionários e terceiros, e
mecanismos destinados à proteção
de denunciantes de boa-fé.
Diligências apropriadas para contra-
tação e, conforme o caso, supervi-
são, de terceiros, tais como, fornece-
dores, prestadores de serviço, agen-
tes intermediários e associados.
Verificação, durante os processos de
fusões, aquisições e outras opera-
ções societárias, do cometimento de
irregularidades ou ilícitos ou da exis-
tência de vulnerabilidades nas pes-
soas jurídicas envolvidas.
Monitoramento contínuo do pro-
grama de integridade visando seu
aperfeiçoamento na prevenção, de-
tecção e combate à ocorrência de
atos lesivos.
Transparência da pessoa jurídica
Processo de tomada de decisões
Para que os resultados fossem alcançados, foram realizadas análises documentais, reuniões
com gestores da companhia e aplicação de questionários aos empregados da empresa.
Os questionários em referência foram enviados a 7261 (setecentos e vinte e seis)
empregados do Serpro, no período de 01/08/2016 a 11/09/2016, com a finalidade de verificar a
percepção acerca dos mecanismos de integridade existentes na empresa. Do total de questionários
encaminhados, 405 (56%) foram respondidos o que, de acordo com os parâmetros estatísticos
calculados, permite que os resultados que serão apresentados sejam extrapolados para o universo
de empregados da empresa.
A aplicação dos questionários foi realizada utilizando o software livre LimeSurvey, por
meio de página exclusiva na web disponibilizada pela CGU. Apenas os empregados selecionados
receberam e-mail com as instruções para responder as questões.
É importante destacar ainda que os supracitados questionários foram enviados apenas aos
empregados internos do Serpro, ou seja, os que desempenham suas funções nas dependências do
1 Dados estatísticos: nível de confiança de 95%, intervalo de confiança de 5% e 50% de não-respostas.
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Serpro, sob as regras e normas estabelecidas por este. Os empregados externos, ou seja,
contratados pelo Serpro, mas que atuam exclusivamente alocados em seus clientes, não foram
considerados na elaboração da amostra para responder ao questionário.
Para cada tema foram elaboradas questões de auditoria para avaliar o grau de maturidade
quanto a três dimensões: existência, qualidade e efetividade.
Por fim, é imperativo destacar que recente reestruturação organizacional promovida pela
Alta Direção da empresa acarretou mudanças significativas em diversas áreas relacionadas
diretamente aos temas de integridade, de modo que, ao longo da realização dos trabalhos, diversos
normativos encontravam-se em processo de revisão e atualização, como por exemplo o Código de
Ética e Conduta Empresarial, a Política Corporativa de Gestão de Riscos, bem como os relativos
a atuação do departamento correcional do Serpro. As análises apresentadas neste trabalho foram
feitas com base nos normativos vigentes à época, de modo que algumas conclusões apresentadas
podem perder seu objeto quando da publicação dos normativos revisados.
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4. Resultados
1. Comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, incluídos os conselhos,
evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao Programa
Neste item, foi avaliado o comprometimento da Alta Direção da empresa com o programa
de integridade, que se reflete em sua atuação na discussão e aprovação de seu conteúdo, bem como
na participação em atividades relacionadas ao Programa e na supervisão da aplicação das políticas
de integridade.
Também foi avaliada a exigência do cumprimento do programa pelos públicos interno e
externo, bem como a demonstração deste compromisso com a integridade por meio do discurso
dos membros da Alta Direção. Por fim, buscou-se mensurar a percepção dos colaboradores da
empresa a respeito do efetivo comprometimento da Alta Direção com as medidas de integridade.
Inicialmente, é importante esclarecer que o Serpro ainda não possui um programa de inte-
gridade formalmente estabelecido, embora possua diversas medidas que tratem do tema, quais
sejam: Código de Ética e Conduta Empresarial, Comissão de Ética, Ouvidoria, Canal de Denún-
cias, Departamento de Aplicação do Regime Disciplinar Empresarial, Auditoria Interna além de
normativos internos que versam sobre o tema de maneira esparsa.
Em recente reestruturação organizacional promovida pela Alta Direção da empresa, foi
instituída a Diretoria de Governança e Gestão - DIGOG, responsável pela instituição e o gerenci-
amento do Programa de Integridade do Serpro.
Vinculada a DIGOG, compete à recém-criada Superintendência de Controles, Riscos e
Compliance – SUPCR, as seguintes atribuições e competências relativas ao programa de integri-
dade:
“1.1.1 - Prospectar e desenvolver estratégias de controles internos, gestão
de riscos, compliance e integridade, alinhadas a estratégia e ao planejamento do
Serpro. ”
“1.1.5 - Assessorar, estabelecer, disseminar, coordenar e gerir iniciativas
corporativas voltadas a compliance e integridade, inclusive as políticas, normas,
metodologias e sistemáticas, em consonância com a estratégia empresarial. ”
“1.1.7 - Gerir o Programa de Integridade do Serpro e promover ações
para sua implantação na empresa, de acordo com as leis e normativos vigentes. ”
“3.2 - Conhecer, fazer conhecer, cumprir e fazer cumprir o Programa de
Integridade do Serpro e as melhores práticas de integridade, para controle e for-
talecimento dos valores éticos da Empresa. ”
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A instituição da referida Superintendência de Controle, Riscos e Compliance, agregadas às
medidas de integridade existentes, evidencia o início da construção de um Programa de Integridade
institucional, cujo objetivo é sistematizar e integrar suas ações de prevenção, detecção, interrupção
e remediação de riscos e de conformidade, dentre os quais os relacionados a atos de fraude e cor-
rupção.
Em junho de 2016 foi apresentado a Diretoria Colegiada da empresa ações a serem imple-
mentadas pela DIGOG acerca do programa de integridade, a qual incluía “ações imediatas” a se-
rem desenvolvidas, dentre as quais estava a criação da Comissão de Integridade, instância respon-
sável pelo Programa de Integridade do Serpro, bem como elaboração de cronograma inicial de
trabalho.
A despeito da referida apresentação, não foi identificada nenhuma evidência da efetiva
criação dessa Comissão, nem do citado cronograma de trabalho. Além disso, não há evidências
comprobatórias da realização de reuniões programadas exclusivamente com o objetivo de abordar
as medidas de integridade.
Acerca das comunicações realizadas pela Alta Direção da empresa que evidenciem seu
engajamento com a adoção de uma postura proba e íntegra no Serpro, foram identificadas cinco
mensagens veiculadas na TV Serpro, em que a Diretora-Presidente da empresa, em 09 de junho
de 2016, fez menção explícita às medidas de integridade adotadas pelo Serpro, especialmente no
que se refere à promoção da transparência das ações da diretoria, bem como menção ao programa
de integridade a ser instituído.
O discurso da referida Diretora-Presidente está alinhado à busca de um ambiente corpora-
tivo íntegro no Serpro. Ressalta-se, porém, que devido à proximidade temporal entre as comuni-
cações apresentadas pela empresa e a análise realizada neste trabalho, não é possível inferir se essa
é uma postura que já vinha sendo adotada na companhia. É imperativo destacar que a manifestação
explícita da Alta Direção é imprescindível para o fortalecimento da cultura da empresa, de modo
que ações como as apresentadas devem fazer parte da rotina organizacional.
Destaca-se, ainda, entrevista da Diretora de Governança e Gestão, à TV Serpro em 06 de
julho de 2016, abordando o tema integridade, como forma de evidenciar o comprometimento do
corpo diretivo com a causa. De fato, é de extrema importância que toda a cúpula da empresa esteja
alinhada, de forma a incentivar que todos os colaboradores atuem em conformidade com as dire-
trizes do programa de integridade.
Um programa de integridade que não dispõe de comprometimento da alta direção na sua
estruturação e efetivo funcionamento tem pouco resultado prático na redução da fraude ou corrup-
ção na organização. Por consequência, a não demonstração de compromisso poderá, como resul-
tado, reduzir o comprometimento dos demais colaboradores, resultando em um programa de baixa,
ou nenhuma, efetividade.
Não houve comunicação de medidas de integridade da alta direção para público externo no
período de 2014 e 2015, com a finalidade de ressaltar a importância de se implementar e respeitar
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as medidas de integridade, bem como da intenção do Serpro de contratar terceiros/fornecedores
que adotem posturas alinhadas aos princípios e normas de integridade.
Acerca das medidas específicas para a promoção do comprometimento dos ocupantes de
cargos gerenciais com o programa de integridade, verifica-se que a principal ação adotada pela
empresa é a chamada Grade Básica do Gestor, um conjunto de cursos ministrados por meio de
uma plataforma de Ensino a Distância (EaD), que devem ser concluídos por todos os gerentes da
empresa, cujo conteúdo aborda temáticas voltadas para a promoção de comportamentos baseados
em padrões de integridade.
Entende-se que é uma boa prática que às normas que disciplinam a estrutura organizacional
do Serpro, especialmente a Norma OE-04.v10, faça constar de forma clara, em todas as Descrições
de Atribuições e Competência das unidades do Serpro, a obrigatoriedade de cumprimento do pro-
grama de integridade como medida de fortalecimento e engajamento de todos ao programa.
No que se refere à supervisão das medidas e políticas de integridade pela Alta Direção,
verifica-se que as diversas instâncias envolvidas com o tema (Auditoria, Ouvidoria, Departamento
de Aplicação de Regime Disciplinar), dão conhecimento de seus relatórios produzidos. No entanto,
o encaminhamento de informações e comunicações que as diferentes áreas expedem não é uni-
forme e sistematizado. Com isso, não foi evidenciado que exista acompanhamento integrado por
parte da Alta Direção dos riscos, ações, prazos, responsabilidades e decisões relativos ao programa
de integridade.
Não foram apresentados relatórios da Comissão de Ética do Serpro – CES na resposta apre-
sentada às solicitações de auditoria. As ementas disponíveis em https://www.serpro.gov.br/so-
bre/etica/ementa abordam apenas súmulas sobre resultados de apuração de infrações.
Ressalta-se ainda que a Resolução DE-010/2014, a qual aborda o Regimento Interno da
Comissão de Ética do Serpro, traz as seguintes determinações, as quais não foi evidenciado o
cumprimento:
“a) Art. 14, inciso VII: atribui aos membros da Comissão de Ética a res-
ponsabilidade geral sobre a elaboração de relatórios e documentos inerentes aos
processos sob a responsabilidade da CES;
b) Art. 15, inciso XII: atribui ao Secretário Executivo da CES a responsa-
bilidade por “elaborar anualmente e submeter à CES [e não aos Conselhos] Re-
latório de Gestão da CES, contendo as ações realizadas no exercício” (grifo
nosso);
c) Art. 17: Neste artigo há menção explícita sobre a periodicidade mensal
em reuniões de caráter ordinário e, sempre que necessário, para reuniões extra-
ordinárias. ”
Dessa forma, não é possível avaliar a efetividade das ações da referida comissão.
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Com base nos questionários aplicados, de um total de 405 respondentes, 319 (78%) res-
ponderam que concordam, parcial ou totalmente, que a empresa está comprometida com a preven-
ção, detecção e correção de atos de corrupção ou fraude, dos quais:
27% afirmaram que concordam totalmente;
51% afirmaram que concordam parcialmente.
Sugestões de Melhoria
Instituir programa de integridade que contemple políticas e procedimentos destinados a
sistematizar e integrar ações de prevenção, detecção, interrupção e remediação de riscos
e de conformidade, dentre os quais os relacionados a atos de fraude e corrupção;
Implementar plano de comunicação que contemple medidas de integridade da Alta
Direção, direcionadas para os públicos interno e externo, com a finalidade de ressaltar a
importância de se implementar e respeitar as medidas de integridade, bem como da
intenção do Serpro de contratar terceiros/fornecedores que adotem posturas alinhadas
aos princípios e normas de integridade. O plano deve estabelecer as informações a serem
comunicadas, o público-alvo, os meios de divulgação, a periodicidade, e os
responsáveis;
Fazer constar, de forma clara, em todas as Descrições de Atribuições e Competências
das Unidades do Serpro, a obrigatoriedade de cumprimento do programa de integridade
como medida de fortalecimento e engajamento de todos ao programa;
Implementar modelo de acompanhamento integrado, por parte da Alta Direção, dos
riscos, ações, prazos, responsabilidades e decisões relativos ao
programa de integridade.
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2. Padrões de conduta e código de ética aplicáveis a todos os empregados e
administradores, independentemente de cargo ou função exercidos
A avaliação deste item diz respeito ao código de ética da empresa, sua forma de divulgação
e aprovação pela alta direção, acessibilidade e facilidade de compreensão da linguagem em que
foi escrito. Também foi avaliado o seu conteúdo, de modo a verificar se contempla os temas
essenciais que deve trazer este tipo de documento.
O documento que descreve as condutas e os valores esperados dos colaboradores e
dirigentes do Serpro é o “Código de Ética e de Conduta Empresarial”. Esse documento foi
aprovado pela Alta Direção por meio da Resolução DE-012/2014, aprovado pelo Diretor
Presidente em 01/09/2014, e encontra-se em sua quarta versão, tendo sua última atualização sido
realizada em dezembro de 2014. A empresa informou ainda que está em curso processo de revisão
do Código vigente, com o intuito de incluir temas que mais suscitam conflitos e considerando o
contexto e as necessidades atuais da companhia.
O referido Código de Ética foi escrito em linguagem adequada a plena divulgação de seu
conteúdo e encontra-se disponível para todos os colaboradores da empresa, bem como para o
público externo, sendo facilmente acessado no Portal Corporativo da companhia.
No que se refere às iniciativas adotadas pela empresa para sua efetiva divulgação, cabe
destacar a inclusão de curso específico sobre o tema na grade obrigatória de capacitação dos novos
empregados da companhia. Essa ação educacional é realizada na modalidade de Ensino a Distância
(EaD) por meio da Universidade Corporativa do Serpro – UniSerpro Virtual, por meio do curso
“Ética e Serviço Público”, que tem como objetivo apresentar a dimensão ética da atividade
profissional aos empregados do Serpro. Nos últimos dois exercícios, 478 novos empregados foram
capacitados no tema Ética. Transcrevemos abaixo ementa de apresentação do citado curso:
“O curso Ética e Serviço Público destina-se a homogeneizar os
conhecimentos dos participantes sobre os fundamentos da Ética e sobre os
desafios do serviço público. O pressuposto dessa iniciativa é que a
excelência do exercício profissional é garantida não apenas pela
competência técnica, mas também pelo estímulo ao discernimento moral.”
É necessário ressaltar, contudo, que não foram identificadas iniciativas recentes de
divulgação do Código de Ética para os colaboradores que já fazem parte da companhia, ou seja,
embora a empresa tenha adotado medidas efetivas para divulgação do tema para os novos
empregados, a mesma postura não é adotada em relação aos empregados já existentes. As últimas
publicações sobre o tema na intranet da companhia ocorreram nos exercícios de 2011 e 2012, o
que evidencia o tratamento secundário que vem sendo dado ao assunto nos últimos anos.
Sobre as disposições do Código de Ética e Conduta Empresarial do Serpro, foi avaliado se
seu conteúdo contempla, no mínimo: (i) os princípios e os valores adotados pela entidade
relacionados a questões de ética e integridade; (ii) menção às políticas existentes na entidade para
prevenir fraudes e ilícitos, em especial as que regulam o relacionamento da entidade com o setor
público, e como acessá-las; (iii) as vedações expressas a determinados atos contrários ao interesse
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público, especificamente relacionados à prevenção de fraude e corrupção; (iv) a existência e a
utilização de canais de denúncias e de orientações sobre questões de integridade; (v) a proibição
de retaliação a denunciantes e os mecanismos para protegê-los; e (vi) as medidas disciplinares para
casos de transgressões às normas e às políticas da entidade.
Embora o Código de Ética e Conduta do Serpro declare os princípios éticos que são
esperados de seus colaboradores, esse documento não faz menção explícita às políticas de
integridade da empresa, ou qualquer outra questão diretamente ligada a prevenção de ilícitos de
fraude e corrupção.
Destaca-se ainda que embora o Serpro possua canal específico para a realização de
denúncias, nenhuma menção sobre sua existência ou incentivo a sua utilização constam do Código
de Ética e Conduta. Nenhuma referência é realizada também sobre a proibição de retaliação a
denunciantes, tampouco sobre os procedimentos existentes para protegê-los.
Ressalta-se também que não há qualquer menção sobre a existência da Comissão de Ética
do Serpro - CES, nem sobre a possibilidade de que essa apure eventuais transgressões às
disposições constantes do Código do Ética de Conduta. Ademais, nenhuma citação sobre as
possíveis medidas disciplinares que podem ser aplicadas aos transgressores desse Código consta
do documento.
Acerca da previsão de vedações expressas às práticas contrárias ao interesse público
especificamente relacionadas à prevenção de fraude e corrupção, constam do Código de Ética e
Conduta as seguintes proibições:
“3.2.1 - Reivindicar benefícios ou vantagens pessoais para si próprio ou
para terceiros, em decorrência de relacionamento comercial ou financeiro
firmado em nome do Serpro com clientes, órgãos governamentais,
instituições financeiras, fornecedores, entidades e outras empresas com as
quais o Serpro mantenha este relacionamento;
3.2.6 - Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança,
cônjuge, companheiro ou parente, até o segundo grau civil;
3.2.9 - Pleitear, solicitar ou receber presentes, ou vantagens de qualquer
espécie, para si ou para terceiros, além da mera insinuação ou provocação
para o benefício que se dê, em troca de concessões ou privilégios de
qualquer natureza junto ao Serpro;
3.2.10 - Priorizar e preservar interesses pessoais, de clientes, órgãos
governamentais, instituições financeiras, fornecedores, entidades e outras
empresas, em detrimento dos interesses do Serpro.
3.2.11 - Obter vantagens, para si ou para terceiros, decorrente do acesso
privilegiado a informações do Serpro, mesmo que não acarretem prejuízo
para a Empresa.”
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28
Sobre as vedações, cabem as seguintes considerações:
O item 3.2.6, que veda a prática do nepotismo na companhia, não está aderente à
Súmula Vinculante nº 13, ao Decreto nº 7.203/2010 e à Lei nº 12.813/2013, que
proíbem:
o A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou
por afinidade, até o terceiro grau inclusive, da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou,
ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas;
o Praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de que participe o
agente público, seu cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos ou
afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, e que possa ser por ele
beneficiada ou influir em seus atos de gestão.
Não consta do Código nenhuma vedação especificamente voltada contra a prática
de fraudes, inclusive em licitações e contratos públicos;
Não consta do Código nenhuma vedação à manutenção de situações de conflito de
interesses.
Não consta do Código nenhum instrumento de controle que assegure que as
vedações relacionadas no documento não sejam transgredidas.
Com base nos questionários aplicados, 321 colaboradores (79%) responderam que o Serpro
possui Código de Ética e Conduta, dos quais:
61% afirmaram nunca ter participado de eventos/capacitações sobre o conteúdo do
Código de Ética;
40% desconhecem seu conteúdo;
33% entendem, que as regras do Código de Ética não são cobradas e aplicadas pela
Alta Direção e pelos gestores do Serpro;
26% afirmaram nunca ter acessado o Código de Ética e Conduta.
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Sugestões de Melhoria
Revisar o Código de Ética e Conduta Empresarial do Serpro para que contemple ações,
procedimentos e vedações relativos ao programa de integridade, fazendo menção
explícita às políticas de integridade da empresa, além da prevenção de ilícitos de fraude
e corrupção;
Fazer constar do Código de Ética e Conduta Empresarial do Serpro menção e incentivo
a realização de denúncias, bem como sobre a proibição de retaliação a denunciantes;
Divulgar no Portal Corporativo, com acesso a partir do sítio da internet, os relatórios
produzidos pela Comissão de Ética do Serpro, ressalvados os casos de sigilo legalmente
instituídos;
Incluir no plano de comunicação empresarial rotina de divulgação periódica do Código
de Ética para os colaboradores, fornecedores e sociedade.
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3. Políticas e procedimentos de integridade aplicáveis a todos os empregados e
administradores, independentemente de cargo ou função exercidos
Nessa seção, foram avaliadas as políticas e procedimentos instituídos pela empresa para
responder aos riscos de fraude e corrupção identificados, analisando se tais políticas e
procedimentos possuem conteúdo mínimo adequado e estão sendo aplicadas conforme o previsto.
Buscou-se evidenciar se o Serpro possui políticas e procedimentos de integridade
referentes ao recebimento e ao oferecimento de hospitalidade, brindes e presentes, contendo as
proibições aplicáveis a seus colaboradores, de acordo com os preceitos da Lei n° 12.813/2013; à
prevenção da ocorrência de atos de corrupção (ativa ou passiva) ou fraudes; à prevenção do
nepotismo na indicação de funções de confiança e cargos comissionados e na contratação de
terceiros; à realização de patrocínios e doações filantrópicas; à prevenção de conflitos de interesse
no relacionamento com agentes de outras instituições públicas; e à prevenção de conflitos de
interesses entre os interesses privados de seus colaboradores e o interesse público. O conteúdo das
políticas e procedimentos, bem como sua aplicação, também foram objeto de verificações.
A Resolução GP-019, assinada pelo Diretor-Presidente e em vigor desde 23/11/2010, é a
norma que regulamenta o plano de carreiras do Serpro – PGCS. Possui capítulos específicos que
versam sobre princípios, gestão de pessoas, deveres, direitos, obrigações e vedações aplicáveis aos
empregados e administradores, além do regime disciplinar.
No entanto, o Serpro dispõe ainda de outros dois planos de carreira vigentes: o Regimento
de Administração de Recursos Humanos – RARH2 e o Plano de Avaliação e Classificação de
Cargos e Salários – PACCS, para os quais não se verificou a existência de normativos análogos à
Resolução GP-019/2010, os quais abordem explicitamente as vedações aplicáveis aos empregados
a eles subordinados.
Observou-se, como potencial oportunidade de melhoria, avaliar a pertinência de orientar à
gestão sobre a revisão da Resolução GP-019/2010, para que contemple os demais planos de
carreira, além das vedações sobre fraude e corrupção.
Recebimento e ao oferecimento de hospitalidade, brindes e presentes
O código de ética e conduta do Serpro é o documento formalmente aprovado que estabelece
políticas e procedimentos quanto ao recebimento e oferecimento de hospitalidade, brindes e
presentes. Está estabelecido o limite de R$ 100,00 (cem reais) para recebimento de presentes e
brindes, acima desse valor os colaboradores devem recusar o recebimento.
Não foi evidenciado normativo ou procedimento que determine previsão de o presenteado
solicitar autorização ou comunicar a uma ou mais instâncias da entidade ao receber o brinde ou
presente, ou ainda de que sejam registradas as informações sobre os brindes e presentes recebidos.
Quanto aos brindes oferecidos pela entidade, não identificamos regramento ou vedações a
fim de evitar que o oferecimento de brindes e presentes a servidores, colaboradores ou empregados
públicos seja utilizado como forma de pagamento para obter vantagem indevida (corrupção).
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Prevenção da ocorrência de atos de corrupção (ativa ou passiva) ou fraudes
O Código de Ética e Conduta Empresarial do Serpro explicita as vedações e traz condutas
que são inaceitáveis a seus dirigentes e colaboradores. A seguir apresentamos alguns dispositivos
atinentes ao tema:
“3.1.9 - Abster-se de utilizar influências internas ou externas, para a
obtenção de vantagens pessoais e funcionais.
3.1.10 - Eximir-se de fazer uso do cargo, da função de confiança ocupada
ou da condição de empregado do Serpro para obter vantagens para si ou para
terceiros.”
“3.2.1 - Reivindicar benefícios ou vantagens pessoais para si próprio ou
para terceiros, em decorrência de relacionamento comercial ou financeiro
firmado em nome do Serpro com clientes, órgãos governamentais, instituições
financeiras, fornecedores, entidades e outras empresas com as quais o Serpro
mantenha este relacionamento.
3.2.9 - Pleitear, solicitar ou receber presentes, ou vantagens de qualquer
espécie, para si ou para terceiros, além da mera insinuação ou provocação para
o benefício que se dê, em troca de concessões ou privilégios de qualquer natureza
junto ao Serpro.”
É importante destacar que todas as unidades devem ter claramente registrado em
normativos que são contrárias à corrupção. Nesse sentido, não foi evidenciado política que enuncie
claramente essa expressão. Não há dispositivo que objetive prevenir a ocorrência de corrupção no
contato de seus colaboradores com terceiros (corrupção passiva), seja em processos licitatórios ou
na execução de contratos firmados pela entidade.
Prevenção do nepotismo na indicação de funções de confiança e cargos comissionados
e na contratação de terceiros
O Código de Ética e Conduta Empresarial aborda a prevenção do nepotismo na perspectiva
de manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
parente, até o segundo grau civil.
No entanto, não foram evidenciados esforços em se prevenir as seguintes hipóteses de
contratação:
Contratação e/ou envolvimento de terceiros, de forma explícita;
Pessoas que possuam grau de parentesco em linha reta, colateral ou por afinidade,
até o terceiro grau com a máxima autoridade administrativa da entidade ou com
ocupante de cargo em comissão ou função de confiança de direção, chefia ou
assessoramento para cargo em comissão ou função de confiança, função temporária
ou estágio;
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Pessoas jurídicas nas quais haja administrador ou sócio que tenha poder de direção
e, concomitantemente, seja familiar de detentor de cargo em comissão ou função
de confiança;
Pessoas que atuem na área responsável pela demanda ou contratação de terceiros;
Autoridade hierarquicamente superior a pessoa referida no item anterior.
Realização de patrocínios e doações filantrópicas
O Serpro possui normativos que dispõem sobre os critérios para seleção dos
beneficiários/patrocinados, bem como sobre regras para o acompanhamento da aplicação dos
valores repassados.
Em análise às informações dos patrocínios realizados nos exercícios de 2014 e 2015
disponíveis no sítio da intranet, em relação à Norma CO/008 e à Instrução Normativa SECOM/PR
nº 09 – IN 09, foram identificadas as seguintes constatações:
Não foi evidenciado o cumprimento do que preconiza a IN 09, art. 35, da Secretaria
de Comunicação da Presidência da República, quanto a prestação de contas do
patrocínio, em que o patrocinador deverá exigir do patrocinado, exclusivamente, a
comprovação da realização da iniciativa patrocinada e das contrapartidas previstas
no contrato;
Embora o normativo interno CO/008 defina que a participação do Serpro em
eventos externos apresenta cunho estratégico (subitem 4.8.2.1) e atribua à
Coordenação Estratégica de Comunicação Empresarial (CECOM) a análise sobre
a participação institucional do Serpro em eventos desta natureza (subitem 4.8.2),
com posterior validação da Diretoria (subitem 4.8.3), não se mostram claros em que
circunstâncias a Diretoria emitirá parecer sobre a participação formal nestes
eventos, muito embora haja evidências esparsas em relatórios, que indicam a
tomada de decisão em reuniões do colegiado;
Não se mostram claros também os critérios de seleção de eventos alinhados ao
planejamento estratégico da empresa (subitem 4.1), de forma associada aos
respectivos benefícios esperados com a realização do evento, tais como a
perspectiva de desenvolvimento de regiões mais pobres do país, a colaboração com
a política de inclusão digital do Governo Federal, a perspectiva de obtenção de
isenções fiscais autorizadas pela legislação vigente, dentre outras. Ressalta-se que
o último Plano Plurianual de Comunicação foi elaborado para o exercício de 2010.
Não foram evidenciados normativos ou procedimentos quem enunciem claramente a
vedação de que patrocínios ou doações filantrópicas sejam utilizados como forma de pagamento
de vantagem indevida a agente público ou que sejam aplicados em desacordo com os princípios
de integridade da entidade; critérios para verificação do histórico de envolvimento dos
beneficiários/patrocinados com corrupção ou fraude; de medidas de integridade e controles
internos adotados por eles; a existência de parentesco ou outras formas de ligação entre os
beneficiários/patrocinados e colaboradores da entidade; e a necessidade dos patrocínios serem
referendados pelas instâncias responsáveis pelo programa de integridade.
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Prevenção de conflitos de interesse no relacionamento com agentes de outras institui-
ções públicas
Identificou-se no arcabouço normativo do Serpro a Norma GP 077, que aborda o tema
conflito de interesses no relacionamento com agentes de outras instituições públicas, além da
Resolução DE-012/2014, itens 3.2.1, 3.1.15, 3.2.1 referente ao Código de Ética e Conduta
Empresarial, as quais demonstram a existência de diretrizes contrárias ao surgimento ou
manutenção de situações que coloquem em posição de conflito de interesses agentes públicos de
outras instituições públicas.
A norma veda que seus colaboradores busquem obter informação privilegiada, por meio
do contato com agentes ou ex-agentes públicos ou ainda que seja contatado agente público para
atividade que, em razão da sua natureza, seja incompatível com as atribuições do cargo ou emprego
que ocupa ou ocupou (nos casos em que houver previsão de quarentena).
No entanto, não foram evidenciados normativos ou procedimentos que definam regras para
evitar que a entidade utilize agente de outra instituição pública como procurador, consultor,
assessor ou intermediário de seus interesses junto à administração pública direta ou indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Também, não foi identificado procedimento para evitar que empregados da entidade que
também ocupem emprego, cargo ou função em outra instituição pública pratiquem ato em
benefício de interesse próprio em razão de atividade exercida ou informações obtidas, em uma ou
outra entidade.
Prevenção de conflitos de interesses entre os interesses privados de seus colaboradores
e o interesse público
A norma GP 077 e a Resolução DE-012/2014, itens 3.1.16 e 3.2.10, enunciam claramente
a posição contrária da entidade ao surgimento ou manutenção de situações que configurem conflito
com os interesses privados de seus colaboradores. Estão previstas na norma a prevenção do uso,
pelos colaboradores, de informação privilegiada, em proveito próprio ou de terceiros, obtida em
razão de suas atividades na entidade.
Foi identificado que o normativo veda que seus empregados exerçam atividade que
implique prestação de serviços ou a manutenção de relação de negócios com pessoa física ou
jurídica que tenha interesse em suas decisões ou de colegiado do qual estes participem ou que
exerçam, direta ou indiretamente, atividade que, em razão da sua natureza, seja incompatível com
as atribuições do cargo ou emprego, considerando-se como tal, atividades desenvolvidas em áreas
ou matérias correlatas. Além disso, veda que atuem, ainda que informalmente, como procuradores,
consultores, assessores ou intermediários de interesses privados nos órgãos ou entidades da
administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
Também são vedados aos colaboradores que pratiquem na entidade ato em benefício de
interesse de pessoa jurídica de que participem, ou de que participem seus cônjuges, companheiros
ou parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, além de evitar
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que seus empregados prestem serviços, ainda que eventuais, a pessoa jurídica cuja atividade seja
controlada, fiscalizada ou regulada pela entidade.
Imperativo mencionar ainda a inexistência de política específica para a prevenção da
ocorrência de atos de corrução, ativa e passiva, no contato entre os representantes da empresa e
terceiros, bem como de política que discorra acerca da prevenção de atos de fraude e corrupção na
participação em processos licitatórios, como fornecedor, e na execução de contratos
administrativos, como contratado.
De modo geral, ainda que a companhia possua diretrizes atinentes ao tema integridade, em
regra, não foram identificados mecanismos capazes de garantir que a política esteja atingindo seus
objetivos.
Quanto à percepção dos empregados, foi verificado que apenas 31% dos respondentes
entendem que o Serpro realiza campanhas para a divulgação do programa de integridade e suas
políticas. Apesar deste pequeno número, constatou-se que quase 70% afirmam que passaram a
compreender melhor a importância das políticas de integridade a partir das campanhas realizadas
pela empresa. É importante destacar ainda que apenas 18% dos empregados afirmaram ter
participado de treinamentos sobre o programa e as políticas de integridade.
Especificamente em relação às políticas de integridade vigentes na empresa, do total de
respondentes, temos que:
56% desconhecem as medidas e/ou políticas relacionados à prevenção da
ocorrência de atos de corrupção (ativa e passiva);
55% desconhecem as medidas e/ou políticas relacionados ao recebimento e
oferecimento de brindes e presentes;
50% desconhecem as medidas e/ou políticas relacionados à prevenção do
nepotismo;
45% desconhecem as medidas e/ou políticas relacionados à realização de
patrocínios e doações filantrópicas;
40% desconhecem as medidas e/ou políticas relacionados à prevenção de conflitos
de interesses.
Sugestões de Melhoria
Estabelecer periodicidade para a revisão dos normativos que abordem as medidas de
integridade aplicáveis aos empregados;
Determinar a previsão de o presenteado comunicar a instância de integridade ao receber
brindes ou presentes, e que sejam registradas as informações sobre os itens recebidos;
Acrescer ao Código de Ética e Conduta Empresarial a previsão de oferta de brindes e
presentes em nome do Serpro, bem como os limites de valor, além da comunicação à
instância de integridade;
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Contemplar nos normativos, claramente, que a entidade é contrária à corrupção;
Criar dispositivo que objetive prevenir a ocorrência de corrupção no contato de seus
colaboradores com terceiros, seja em processos licitatórios ou na execução de contratos
firmados;
Contemplar nos normativos procedimentos para evitar conflito de interesses sob a
perspectiva da contratação e/ou envolvimento de terceiros, de forma explícita;
Revisar os procedimentos e normas de patrocínios e doações filantrópicas com objetivo
de tornar claros em que circunstâncias a Diretoria emitirá parecer sobre a participação
formal nestes eventos, além dos respectivos critérios de seleção;
Incluir nos normativos procedimentos e regras para evitar que a entidade utilize agente
de outra instituição pública como procurador, consultor, assessor ou intermediário de
seus interesses junto à administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Fazer constar em normativos a definição de órgãos do Serpro cujos empregados e
gerentes são vedados de receber brindes e presentes.
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4. Treinamentos periódicos e comunicação sobre o programa de integridade
Com relação à comunicação, foi avaliada a existência e a aplicação de uma estratégia
relacionada aos temas de integridade, para o fomento da postura ética a todos os colaboradores da
empresa, a prevenção de situações de conflito de interesses, de corrupção e de fraude. Também foi
avaliada a disponibilidade das normas de integridade e suas atualizações para que todos os
colaboradores possam consultá-las. Além disso, a avaliação buscou mensurar se, como resultado
das ações de comunicação, os colaboradores compreendem a importância do programa de
integridade e sabem identificar seus principais temas.
No que tange aos treinamentos, enfocaram-se as capacitações sobre temas de ética e
integridade aplicadas pela empresa, avaliando quais as capacitações existentes, se o seu
planejamento e execução contam com a participação da área responsável pelo programa de
integridade, se há estratégia de estímulo para incentivar a participação dos funcionários nos
treinamentos, bem como qual a percepção dos colaboradores sobre esses treinamentos. Avaliou-
se, ainda, a existência de mecanismos para assegurar que todos os funcionários e dirigentes sejam
alcançados pelas capacitações de conteúdo de interesse geral e que as capacitações específicas
alcancem o público de interesse para cada tema.
Os treinamentos periódicos e a estratégia de comunicação adotada na abordagem dos temas
relacionados à ética e integridade são essenciais na promoção de uma cultura ética na organização
e no debate sobre os temas correlatos ao programa de integridade, salutares para os empregados,
gerentes, diretores, conselheiros, fornecedores, consultores, parceiros, dentre outros. Alguns
instrumentos contribuem para aproximar tais temas ao cotidiano dos colaboradores, tais como e-
mail, folhetins/jornais/revistas institucionais, vídeos, campanhas internas, página eletrônica. De
igual importância, revestem-se as ações educacionais ligadas à ética e à integridade.
Em relação à comunicação, avaliou-se:
A existência e a aplicação de diretrizes, políticas e medidas para o fomento da
promoção da integridade a todos os colaboradores da empresa, em especial da
prevenção de situações de conflito de interesses, de corrupção e de fraude;
A existência de comunicações voltadas à promoção da postura ética e de temas
relacionados à integridade, bem como a promover a disseminação e a
disponibilização das normas de integridade e suas atualizações pra que todos os
colaboradores possam consultá-las; e
O resultado das ações de comunicação em relação à compreensão dos
colaboradores acerca da importância do programa de integridade e das ideias
relacionadas a seus principais temas.
Em relação aos treinamentos, avaliou-se:
O plano de treinamentos sobre temas relacionados à integridade, verificando as
capacitações existentes, em especial se seu planejamento e execução contam com a
participação da área responsável pela gestão do programa de integridade;
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A existência de diretrizes e políticas voltadas ao estímulo à participação dos
colaboradores nos treinamentos;
A existência de medidas para assegurar que todos os colaboradores sejam
alcançados pelas capacitações.
É importante destacar que em virtude da fase incipiente em que se encontra a implantação
do Programa de Integridade do Serpro, a empresa não possui um plano de comunicação
formalmente instituído para as questões de integridade, de modo que não foram realizadas nos
últimos exercícios comunicações específicas para o fomento da prevenção de atos de fraude e
corrupção.
Comunicação
Quanto à comunicação, a empresa conta com apoio especializado e área dedicada,
responsável pela coordenação dos processos de Comunicação Institucional: a Coordenação
Estratégica de Comunicação Empresarial (CECOM), cuja estrutura está hierarquicamente ligada
à Diretoria, e abrange as áreas de conhecimento de jornalismo, publicidade e propaganda e relações
públicas.
A companhia informou ter espaço específico sobre o tema Ética, disponível no endereço
eletrônico https://www.serpro.gov.br/sobre/etica - Portal Corporativo, destinado à divulgação de
todas as informações a respeito do tema “ética” na empresa, incluindo, mas não se limitando a: (i)
Código de Ética e Conduta Empresarial do Serpro; (ii) Comissão de Ética do Serpro; (iii) principais
normativos atinentes ao tema; e (iv) canais de ouvidoria. A página eletrônica sobre “Ética” está
ativa e tem fácil localização, tanto na versão desktop, quanto mobile.
O Serpro apresentou o Plano de Comunicação exclusivo sobre o tema Ética, relativo aos
meses de agosto e setembro de 2011, com os seguintes objetivos:
Incluir o tema “Ética” na pauta cotidiana dos públicos de relacionamento;
Dar clareza às atribuições e ao papel da Comissão de Ética do Serpro;
Dar transparência e publicidade aos atos da Comissão de Ética, bem como ao
Código de Conduta, com informações acessíveis e trabalhadas de acordo com o
perfil dos empregados;
Promover a reflexão dos empregados do Serpro sobre seu papel profissional,
pessoal e intransferível no desenvolvimento da cultura ética na instituição.
As ações planejadas no referido Plano culminaram nas seguintes ações:
Publicação no Primeira Leitura (informativo interno via e-mail corporativo, para
todo o corpo funcional) de nota sobre palestra de Ética;
Publicação de matéria sobre a palestra no Direto (informativo interno via e-mail
corporativo, para gerentes);
Exibição de papel de parede sobre o tema, em todas as estações de trabalho;
Afixação de banner temático na Sede e nas regionais, nas entradas principais;
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Envio de e-mail marketing com uma pergunta e resposta sobre ética e, ao final, um
link para a página da ética com várias outras perguntas e respostas;
Distribuição de cartilha e marcadores de livro em eventos sobre Ética.
Muito embora não exista Plano de Comunicação específico para divulgação e fomento da
adoção de postura ética nos últimos dois exercícios (2014 e 2015), como informado pela empresa,
constatou-se a existência de incentivos pontuais do Serpro aos colaboradores, especificamente
quanto ao tema Conflito de Interesses, sobretudo pelo canal de comunicação interna Primeira
Leitura, com a divulgação da campanhas e ações orientativas.
Observa-se, ainda, a existência de Código de Ética e Conduta Empresarial (Norma DE
012/2014, que substituiu a DE 002/2010), além de norma que trata especificamente sobre Conflito
de Interesse (Norma GP 077), o que demonstra um movimento positivo da empresa no sentido de
trazer para o arcabouço normativo temas relativos à integridade.
A empresa informou que a Comissão de Ética do Serpro pretende dar início a uma nova
campanha ainda em 2016, contemplando informações referentes ao início e desenvolvimento do
projeto de revisão participativa do Código de Ética, bem como realização de ações que fomentem
a ampla discussão do tema no ambiente organizacional. A empresa informou também não ter Plano
de Comunicação específico para os temas fraude e corrupção.
Sobre a disponibilização e divulgação dos normativos relativos aos temas de integridade,
as normas podem ser acessadas por meio do sistema SINOR – Informações Normativas, que
organiza todos os normativos da empresa, o qual pode ser facilmente acessado por qualquer
colaborador a partir da intranet corporativa.
Como forma de complementar as funcionalidades da importante ferramenta que a empresa
possui, configura-se uma boa prática, a fim de facilitar o acesso a todos os normativos atinentes
aos temas de integridade, a criação de um espaço específico no Portal Corporativo da empresa,
assim como já é feito em relação ao tema ética, de modo que qualquer informação poderá ser
encontrada em um local único, de fácil acesso.
No que se refere à comunicação junto ao público externo dos temas relacionados a
integridade, com exceção do Código de Ética, o qual pode ser acessado no Portal Corporativo da
empresa, também não foram identificadas divulgações sobre os assuntos de integridade.
Treinamento
Com relação ao treinamento dos empregados, a empresa apresentou 03 (três) Planos de
Capacitação referentes ao ano de 2015, a saber: Plano de Capacitação de Novos Empregados –
PCNE 2015, cuja grade prevê cursos sobre Ética, Gestão Pública, Comissão de Ética do Serpro;
Plano de Capacitação Institucional de Negócios – PCINE 2015, cuja grade prevê o curso Ética;
Eventos Educacionais Externos – 2015. Vale ressaltar que a empresa não apresentou a relação de
eventos associados aos referidos Planos.
Considerando-se os dois últimos anos, o Serpro informou que a contingência/restrição
orçamentária impediu que o plano de capacitação fosse analisado/aprovado de forma integral.
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As principais ações promovidas pelo Serpro para a capacitação de seus colaboradores nos
temas de integridade foram realizadas por meio de cursos ofertados na modalidade EaD, com a
utilização da Universidade Corporativa do Serpro – Uniserpro, além daquelas ações de capacitação
que não demandaram custos, as quais também foram devidamente viabilizadas.
Os temas compreendem compliance, segurança da informação, comissão de ética do
Serpro, Lei de Acesso à Informação, governança, postura empresarial, ética, regime disciplinar
empresarial e gestão pública.
Após análise dos cursos e treinamentos realizados nos últimos dois exercícios, bem como
dos quantitativos de capacitações, conforme informado pela empresa, foi identificada a pequena
abrangência dos cursos ofertados em relação aos diversos temas relacionados à integridade, de
modo que não foram encontradas capacitações sobre os temas: (i) prevenção do nepotismo; (ii)
prevenção do conflito de interesses; e (iii) recebimento de brindes e presentes.
Dos cursos oferecidos, verifica-se que a quantidade de participantes não atinge o número
previsto. Destaca-se ainda que as ações educacionais com o tema “prevenção da corrupção e
fraude” tiveram um público-alvo inexpressivo em relação ao total de empregados da empresa, uma
vez que previam a participação de apenas dez empregados, dos quais apenas dois efetivamente
concluíram a ação.
Especificamente com relação à gerência intermediária, a conclusão das ações educacionais
ofertadas, no contexto da Grade Básica do Gestor (Programa de Desenvolvimento Gerencial), é
critério obrigatório para habilitação no processo de promoção por mérito (vinculado ao Processo
de Avaliação de Desempenho).
De modo a incentivar a participação dos empregados em ações educacionais, são utilizados
os seguintes meios:
Canais de Comunicação disponibilizados pela Empresa, que contemplam peças da
seguinte natureza: Informativos diários, Matérias, e-mail marketing, TV Serpro;
Convite, encaminhado por intermédio do Sistema de Gestão Acadêmica –
SISGAD, constando das informações e orientações necessárias à participação do
empregado;
Correio eletrônico e/ou Sistema de Emissão e Controle de Correspondências –
SISCOR, acionamento aos empregados, gestores e representantes das áreas nos
assuntos de capacitação.
A Universidade tem por prática acionar o corpo funcional para participar das ações
educacionais corporativas por intermédio de Convite, não imprimindo caráter de obrigatoriedade.
Entretanto, cabe destacar que, quanto ao Plano de Capacitação para Novos Empregados, é
obrigatório que concluam as ações educacionais definidas na Grade de Capacitação estruturada
para atender este público.
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Em relação ao mapeamento/planejamento das ações educacionais, a empresa informou que
a prática vigente analisa o público-alvo a ser contemplado, de forma a definir as especificações
das ações de aprendizagem. São utilizados os critérios abaixo para o mapeamento de público:
Público-alvo (considerando processos, projetos, atividades, análise documental,
perfil, competências, objetivos de aprendizagem, etc);
Atividades diretamente relacionadas ao tema (por exemplo, os empregados que
integram a Comissão de Ética da Empresa, tem participação priorizada em Eventos
Educacionais Internos e Externos que abordam o assunto);
Direcionamento Organizacional.
Atualmente, a Universidade está mapeando os conhecimentos vinculados ao tema
Integridade, com propósito de estruturar um plano de acompanhamento das ações educacionais
internas e externas com este foco.
A fim de identificar a satisfação dos empregados em relação à estrutura dos cursos, carga
horária e conteúdo, é aplicado formulário de Entrevista de Opinião (Avaliação de Reação). O
certificado de participação é disponibilizado para a impressão após o preenchimento e entrega do
referido formulário. Não houve menção expressa da empresa quanto à aplicação de teste de
retenção de conhecimentos, muito embora alguns cursos exijam a realização de testes de
conhecimento ao término dos estudos.
Existe, ainda, o Relatório Consolidado da Entrevista de Opinião (equivalente a Avaliação
de Reação), extraídos do Sistema de Gestão Acadêmica – SISGAD, que visa identificar a média
do conjunto de respostas dos participantes com a finalidade de prover à área gestora os insumos
necessários ao aprimoramento da ação educacional.
Ressalta-se novamente que, em virtude do estado inicial de implantação do Programa de
Integridade do Serpro, ainda não existe participação direta e ativa da área responsável pelo
Programa no planejamento e execução da capacitação sobre os temas de ética e integridade, de
modo que as poucas ações educacionais existentes são fruto de atuações esparsas promovidas por
áreas diversas sem o planejamento integrado de uma instância de integridade institucional.
Como boa prática realizada pelo Serpro, cabe destacar a previsão da realização de ações
educacionais de cunho obrigatório para todos os novos empregados, no âmbito do Programa de
Capacitação de Novos Empregados, as quais incluem ações específicas para o tema ética.
Adicionalmente, conforme já disposto na seção 4.2 do presente relatório, dos empregados
os quais afirmaram conhecer o Código de Ética e Conduta, 61% indicaram nunca ter participado
de eventos/capacitações acerca do tema.
No que tange à percepção dos empregados quanto aos treinamentos promovidos pelo
Serpro, cerca de 69% informaram que nunca participaram de eventos de capacitação sobre o
programa e as políticas de integridade.
Quanto a campanhas de divulgação do papel e da importância do programa de integridade,
68% dos respondentes afirmaram desconhecer a realização de ações com tal finalidade.
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Sugestões de melhoria
Instituir plano de comunicação para as questões de integridade, de modo a fomentar a
prevenção de atos de fraude e corrupção, incluindo-se o quadro externo de empregados;
Criar espaço específico no Portal Corporativo da empresa no sítio da internet, assim
como já é feito em relação ao tema ética, a fim de facilitar o acesso a todos os normativos
atinentes aos temas de integridade, de modo que qualquer informação possa ser
encontrada em um local único, de fácil acesso;
Desenvolver ações educacionais relacionadas às medidas de integridade vigentes, com
especial enfoque no Código de Ética e Conduta Empresarial, além de outras voltadas ao
programa de integridade, de caráter obrigatório, contemplando o tema “prevenção de
fraude e corrupção” para todos os empregados da empresa, bem como mecanismos de
aferição sobre a qualidade dos conteúdos ofertados;
Prever a participação direta e ativa da instância de integridade no planejamento da
capacitação sobre os temas de ética e integridade.
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5. Análise periódica de riscos para realizar adaptações necessárias ao
programa de integridade
Nessa seção, o sistema de gerenciamento de riscos da entidade foi analisado com o objetivo
de verificar se o programa de integridade foi elaborado a partir da avaliação de riscos da entidade,
tratando sobre os principais riscos de fraude, corrupção e desvios identificados. Também buscou-
se verificar se o programa de integridade passa por atualizações periódicas a partir do sistema de
gerenciamento de riscos da entidade.
A análise das políticas de gestão de riscos compreendeu a obtenção de documentos nos
quais estivessem expressas as diretrizes e orientações para todo o processo organizacional de
Gestão de Riscos, abordando o apetite a riscos, a tolerância a riscos que o Serpro possa suportar,
os critérios, metodologias empregadas e formas de avaliação dos riscos corporativos, além dos
responsáveis, periodicidade de monitoramento, comunicação às partes interessadas e ferramentas
para o acompanhamento dos riscos.
O Serpro dispõe de uma Política Corporativa de Gestão de Riscos – PCGR, instituída pela
Resolução DE-012/2013, aprovada pelo Diretor-presidente e vigente desde 20/09/2013. O
documento em referência contempla um glossário com a definição de termos afetos à gestão de
riscos, os princípios norteadores da gestão de riscos empresarial, além dos responsáveis e de um
conjunto de determinações que delineiam a estratégia de gestão de riscos da empresa.
Destacam-se positivamente os esforços demonstrados pela gestão empresarial no
concernente à persecução do alinhamento da política de gestão de riscos interna às normas ABNT
NBR ISO 31000:2009 e ABNT NBR ISO/IEC 31010:2012, as quais são internacionalmente
reconhecidas na definição de princípios, diretrizes e técnicas de avaliação de riscos
organizacionais.
Entretanto, em que pese constarem do glossário da política as definições relativas ao apetite
por riscos e à tolerância a riscos, a política em referência não aborda os efetivos limites de incerteza
aos quais o Serpro está disposto a assumir para atingir seus resultados, devidamente expressos
como parte do apetite a riscos da empresa, nem há quaisquer referências no corpo do documento
sobre os graus de riscos toleráveis pela empresa.
A PCGR não estabelece quaisquer regras, métodos e formas de avaliação e tratamento de
riscos, bem como não aborda periodicidade de monitoramento dos riscos, fluxos de comunicação
às diversas partes interessadas e não estabelece ferramental para acompanhamento dos riscos
corporativos, restringindo-se a menções condicionais aos modelos de referência apresentados pelo
Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway – COSO, os quais se apresentam dentre
os principais modelos internacionais aplicáveis à gestão de riscos2.
O instrumento normativo em questão deve ser revisado e atualizado, em razão das
alterações na estrutura organizacional pelas quais o Serpro passou recentemente, na busca pelo
atendimento ao disposto na Lei nº 13.303/2016 quanto à descrição das práticas de gestão de riscos
2Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU. Acórdão 2467/2013 – Elaboração de indicadores para levantamento situacional da gestão de riscos na Administração Pública Federal.
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e de controle interno no Estatuto do Serpro, bem como por um maior alinhamento às diretrizes e
objetivos constantes do planejamento estratégico empresarial, e visando a inserção de medidas que
assegurem o adequado mapeamento, tratamento e acompanhamento dos riscos de fraude e
corrupção ativa e passiva na empresa.
Complementarmente à política de gestão de riscos vigente na entidade, foi apresentada a
Decisão de Diretoria SG-0135/2007, vigente desde 01/12/2007. O referido instrumento normativo
aborda um glossário e um conjunto de definições afetas à gestão de riscos de segurança da
informação, de forma a proteger os ativos da empresa contra ameaças naturais, acidentais ou
intencionais.
O documento normativo em pauta define três sistemáticas de avaliação e tratamento de
riscos, delineadas com foco em diferentes níveis de gestão de riscos de segurança, baseadas na
complexidade e criticidade dos respectivos processos, sistemas e recursos computacionais
envolvidos no escopo de abordagem. Os critérios procedimentais e o respectivo ferramental de
apoio à execução de cada sistemática também se encontram detalhados no normativo e em seu
anexo, além da definição de responsáveis para a realização das atividades.
Todavia, identificou-se a necessidade de revisão do teor do normativo em referência,
visando ratificar a validade das sistemáticas e procedimentos previstos no documento, como
também na persecução de um maior alinhamento às medidas constantes de arcabouços de melhores
práticas mais recentes, tais como as constantes em domínios do modelo Control Objectives for
Information Technology – Cobit 53, dentre outros.
Ainda nesta seção foram avaliados os documentos que detalham o desenho do subprocesso
“Gerir Riscos de Segurança da Informação”, subordinado ao Processo de Segurança – PROSEG,
e o subprocesso “Gestão de Riscos Operacionais”, subordinado ao Processo de Gestão Financeira
– PGF.
Relativamente ao subprocesso “Gerir Riscos de Segurança da Informação”, o mapeamento
reflete as sistemáticas previstas na Decisão SG-0135/2007 e detalha procedimentos de
identificação, avaliação e tratamento de riscos, além da previsão de reuniões e fluxo de
comunicação às partes interessadas. O subprocesso prevê a produção dos seguintes documentos,
dentre os principais entregáveis na gestão de riscos de segurança:
Planos de Tratamento de Riscos;
Relatórios de Análise de Riscos – RAR;
Relatórios Operacionais de Riscos – ROR;
Relatórios de Gerenciamento de Riscos Simplificado – GRS.
Entretanto, os documentos em referência apresentam enfoque específico no subconjunto
de riscos de segurança da informação e, por conseguinte, embora este enfoque seja de caráter
fundamental à estrutura de avaliações de riscos da empresa, sua abrangência é diversa da prevista
3 O Acórdão 3117/2014 TCU-Plenário, o qual aborda o levantamento situacional da Governança em Tecnologia da Informação nas entidades da Administração Pública Federal,
apresenta o modelo Cobit 5 como uma das principais referências internacionais em modelo de boas práticas em governança de TI.
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na política corporativa de gestão de riscos vigente, no que concerne ao escopo de identificação,
análise e monitoramento de todos os riscos que possam impactar os objetivos e resultados
empresariais.
Ademais, muito embora os gestores do Serpro tenham indicado a realização de análises de
riscos em escopos de processos específicos, alicerçados nos normativos apresentados, não foram
encaminhados quaisquer documentos nos quais estejam abordados os processos críticos elegíveis
à realização da análise de riscos de segurança, ou ainda relatórios ou outros documentos
comprobatórios da efetiva aplicação das sistemáticas em escopos afetos às atividades
desenvolvidas pelo Serpro.
Em análise ao subprocesso “Gestão de Riscos Operacionais”, subordinado ao Processo de
Gestão Financeira – PGF, observou-se que os procedimentos mapeados preveem a produção de
relatórios de riscos interáreas, além de um conjunto de documentos de riscos operacionais a serem
divulgados às partes interessadas.
Porém, de forma análoga ao constatado com a Decisão SG-0135/2007, não foram
encaminhados quaisquer relatórios ou outros documentos comprobatórios da efetiva aplicação dos
procedimentos de gestão de riscos em escopos afetos às atividades de gestão financeira do Serpro.
Em síntese, restaram constatadas lacunas quanto ao efetivo mapeamento e monitoramento
dos riscos realizados pela empresa, seja a partir da atualização de matrizes de acompanhamento
de riscos, ou ainda por relatórios periódicos emitidos pelas áreas responsáveis pelo
acompanhamento de riscos pela empresa. Não foi possível estabelecer quaisquer vínculos entre o
conjunto de documentos e procedimentos apresentados com um modelo de avaliação de riscos
organizacionais associado à estratégia empresarial, a qual possa subsidiar o desenvolvimento e o
posterior aprimoramento do Programa de Integridade do Serpro.
Não se verificou a existência de documentos nos quais estejam postos os riscos
empresariais, expressos em uma matriz de riscos organizacionais, bem como não foram
apresentados os respectivos planos de tratamento de riscos porventura existentes, os quais
abordassem estratégias, providências e respostas aos riscos, expressas como parte da manifestação
formal da empresa em aceitar, eliminar, mitigar ou mesmo na transferir os riscos mapeados no
âmbito da empresa, incluindo-se aqueles relativos a fraude e corrupção.
No contexto da auditoria de integridade, o mapeamento e a avaliação dos riscos relativos a
fraude e corrupção são de extrema importância, pois tornam a definição das medidas e das políticas
de integridade a serem implementadas pela empresa mais racionais, econômicas, integradas e
alinhadas às estratégias corporativas do Serpro.
Conforme já enfatizado ao longo deste relatório, o Programa de Integridade do Serpro
encontra-se em estágio inicial de implantação, de modo que a empresa não conta com um
mapeamento dos riscos relacionados à fraude e corrupção que possam atentar contra a sua
integridade. Assim, as políticas de integridade vigentes no âmbito da empresa não foram
elaboradas a partir dos riscos a que a empresa está exposta, mas, ao contrário, construídos de
maneira ad hoc na organização, sem a supervisão da instância de integridade.
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Diante do exposto, constatou-se que a maturidade da gestão de riscos organizacionais no
Serpro é baixa e, por conseguinte, carece de melhorias as quais possam aprimorar a gestão de
riscos, com especial enfoque no conjunto de melhorias constantes do quadro a seguir:
Sugestões de Melhoria
Adotar as melhores práticas internacionalmente reconhecidas para alicerçar a política de
gestão de riscos corporativos da empresa;
Adotar medidas as quais assegurem o cumprimento do disposto no art. 9º, §2º, da Lei nº
13.303/2016, quanto à vinculação do órgão responsável pela verificação de cumprimento
da gestão de riscos à Diretora-Presidente; quanto à liderança do órgão em referência por
Diretor Estatutário; quanto à inserção no Estatuto do Serpro das atribuições e
mecanismos que assegurem atuação independente do órgão em questão;
Considerar os resultados oriundos do processo de gestão de riscos organizacionais como
insumo do processo de melhoria contínua do programa de integridade empresarial;
Inserir a descrição das práticas de gestão de riscos e de controle interno no Estatuto do
Serpro, em observância ao disposto no art. 6º da Lei nº 13.303/2016;
Inserir medidas e procedimentos relativos à gestão de riscos de desvios, fraude e
corrupção ativa e passiva na política corporativa de gestão de riscos, as quais sejam
acompanhados e supervisionados pela instância responsável pelo programa de
integridade;
Revisar a Decisão de Diretoria SG-0135/2007, visando ratificar a validade das
sistemáticas e procedimentos, em busca de um maior alinhamento às melhores práticas
preconizadas pelo mercado, tais como as constantes em domínios do modelo Control
Objectives for Information Technology – Cobit 5, dentre outras consideradas relevantes;
Revisar a Política de Gestão de Riscos Corporativos – PCGR, de forma a contemplar o
limite de incerteza que a organização está disposta a assumir para atingir seus objetivos,
além do volume de riscos que a entidade pode suportar, expressos como a tolerância ao
risco, além dos métodos, periodicidade de monitoramento, ferramentas para o
acompanhamento dos riscos organizacionais, plano de comunicação às partes
interessadas e vinculação ao planejamento estratégico empresarial.
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6. Registros e controles contábeis
Foram avaliados os mecanismos (normativos e sistemas) utilizados pela empresa para
garantir a fidedignidade das informações contábeis e evitar fraudes, verificando-se se os controles
internos contábeis são periodicamente testados e se abarcam as transações que oferecem maior
risco de distorção da demonstração contábil4. Também foi avaliada a adequabilidade dos recursos
(materiais, humanos, capacitação, etc.) disponíveis para o setor de contabilidade e as medidas
adotadas pela empresa para identificar e investigar mudanças nos padrões de ativos, passivos,
receitas ou despesas que possam indicar risco de corrupção ou violação às suas normas de
integridade.
Por fim, foi avaliado se, quando o ativo, passivo, receita ou despesa não é mensurado pelo
custo histórico, a avaliação feita é devidamente justificada e de fácil verificação, bem como, a
depender do caso, realizada por profissional competente.
O Serpro, empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda, tem o capital social
integralmente subscrito pela União, e não está sob a jurisdição da SOX (Sarbanes Oxley Act).
A Superintendência de Gestão Financeira (SUPGF) está subordinada à diretoria de
Administração e conta com 5 departamentos, quais sejam: de Riscos Financeiros e Fundo
Multipatrocinado; de Gestão Tributária; de Gestão Contábil; de Gestão Financeira; e de
Faturamento e Cobrança. A área contábil da empresa conta com 6 empregados, sendo 4 analistas
de gestão financeira com formação em Ciências Contábeis, além de 2 estagiários em contabilidade.
Quanto à estrutura de controle interno, a SUPGF não utiliza o COSO 2013 como
framework, embora o considere como referência para elaboração dos normativos e dos processos
que tratam do tema. O Manual de Auditoria vigente, por exemplo, norteia a avaliação dos controles
internos a partir dos seguintes componentes: ambiente de controle, avaliação de risco,
procedimentos de controle, informação e comunicação, e monitoramento, alinhado, portanto, ao
COSO 2013.
A empresa informou que, como parte do processo de evolução organizacional, foi criada
em julho/2016 a Diretoria de Governança e Gestão, e a Superintendência de Controles, Riscos e
Compliance que, tomando por base as normas legais que direcionam as ações de governança,
integridade, controle interno, gestão de riscos e compliance, iniciou o desenvolvimento de
políticas, normas e metodologias corporativas para a gestão de riscos e controles internos.
Conforme informado pelos gestores, os documentos e normativos em elaboração consideram as
normas legais e as boas práticas de governança, incluindo o framework COSO 2013, com
alinhamento aos diversos elementos que ele utiliza.
Os controles internos do Serpro são periodicamente testados pelos Órgãos de Fiscalização
e Controle – Interno e Externo, as demonstrações contábeis são submetidas à avaliação de auditoria
4 Deve-se sublinhar que não se trata de auditoria contábil ou de avaliação da eficácia dos controles internos da com-
panhia.
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independente e a eficácia operacional dos controles internos é avaliada pela Auditoria Interna (de
acordo com cronograma definido no Plano Anual de Atividades da Auditoria Interna - PAINT).
Com base nas análises feitas pelas equipes de auditoria nos trabalhos realizados, constantes
dos relatórios finais, a Auditoria Geral do Serpro apresenta em seu Relatório Anual de Atividades
de Auditoria Interna (RAINT) o nível de maturação dos controles internos, identificando as áreas
que apresentaram falhas relevantes e indicando as ações promovidas para regularização ou
mitigação dos riscos delas decorrentes.
Especificamente quanto ao teste periódico da eficácia dos seus controles internos relativos
às demonstrações contábeis, verificou-se que a entidade não efetuou nos últimos dois anos
auditorias com este escopo. Todavia, foram efetuadas auditorias em áreas relacionadas à temática
financeira e que afetam os registros contábeis, como por exemplo: Contas a Pagar, Faturamento,
Pessoal, Tributário, Imobilizado.
Na avaliação de risco a auditoria independente considerou os controles internos relevantes
para a elaboração e a adequada apresentação das demonstrações contábeis para planejar os
procedimentos de auditoria, mas não para fins de expressar uma opinião sobre a eficácia desses
controles internos.
Não constam indicações por parte das auditorias interna e independente quanto a falta de
confiabilidade, oportunidade ou tempestividade dos registros contábeis. No entanto, a auditoria
interna identificou vulnerabilidades que poderiam afetar tais elementos, sobretudo a ausência de
integração de sistemas, que compele as áreas a utilizarem alternativas como planilhas eletrônicas
de apoio e ajustes de informações manualmente.
A entidade realiza acompanhamento mensal das contas contábeis utilizando como
instrumento as análises de variação horizontal e vertical, de modo a acompanhar o aumento ou
redução dos saldos das contas, seja em relação ao período anterior, seja em relação ao total dos
saldos das contas contábeis.
Ademais, a página da SUPGF na intranet conta, ainda, com Matriz de Riscos Operacionais
Financeiros, elaborado pela Divisão de Riscos Operacionais Financeiros (Divisão da própria
SUPGF) em que os riscos do Departamento Contábil estão mensurados e os controles utilizados
são descritos e avaliados. Como sistema contábil a empresa utiliza o SIAFI e tem folha de
pagamento executada pelo próprio Serpro, portanto sem a utilização de serviços de terceiros.
O Serpro vem cumprindo parcialmente a Resolução SE/CGPAR nº 6, de 29/09/2015, com
a submissão das demonstrações financeiras anuais à auditoria por auditores independentes, muito
embora ainda não haja previsão no Estatuto Social (exigência da referida resolução). Consta norma
interna em que o Conselho Diretor do Serpro delibera o encaminhamento anual das demonstrações
contábeis para as auditorias interna e independente, cujos pareceres são apreciados pelos
Conselhos Diretor e Fiscal.
Em relação aos treinamentos e capacitações do pessoal envolvido com as temáticas
financeira e contábil, não foi apresentado planejamento quanto ao Programa de Educação
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Continuada para os colaboradores da área contábil, financeira e de patrimônio. Conforme relato,
já exposto no procedimento “Comunicação e Treinamento”, o Plano de Capacitação do Serpro não
foi analisado/aprovado de forma integral, sobretudo pela situação de contingenciamento/restrição
orçamentária dos últimos anos.
Ainda que não tenha Plano de Capacitação analisado/aprovado, houve a participação de
colaboradores em congressos temáticos e treinamentos pontuais nas áreas de contabilidade,
especialmente CPC/IFRS, além de compliance, orçamento e tributação, além da participação em
congressos e encontros relacionados a temas de contabilidade e controle.
A empresa informou, ainda, que os profissionais da área contábil do Serpro responsáveis
pelas demonstrações contábeis estão inseridos, a partir de janeiro de 2016, no Programa de
Educação Profissional Continuada do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), de acordo com
a NBC PG 12 (R1) e que esta capacitação será concluída até o final de 2016.
Em relação à mensuração dos ativos e passivos, os registros contábeis são realizados por
profissionais da área contábil, sendo a avaliação efetuada de acordo com o caso concreto e
considerando os documentos que deram origem ao ato.
A empresa detém ativos financeiros que se encontram mensurados ao valor justo e
classificados como recebíveis disponíveis para venda. Atualmente, estudos estão sendo realizados
para a venda desses ativos. A partir de 1991, a empresa passou a estimar as perdas prováveis,
devido a considerável queda do valor das cotas, demonstrando o ativo pelo seu valor justo. Os
valores são, mensalmente, obtidos pela própria contabilidade. Por se tratar de informação de
conhecimento público, não há necessidade de parecer de especialista.
Os relatórios finais dos trabalhos da Auditoria-Geral e seus respectivos achados são
encaminhados, no mês subsequente ao encerramento, aos Conselhos Fiscal e Diretor. Além disso,
após o encerramento dos trabalhos de auditoria, o Auditor-Geral apresenta os principais achados
aos Conselhos supracitados, nas reuniões destes colegiados, com o respectivo registro em ata. O
acompanhamento da implementação das ocorrências e recomendações relativas aos controles
internos contáveis é realizado periodicamente pela auditoria interna e compõe, anualmente, o
RAINT.
Os relatórios fornecidos pela auditoria independente nos últimos cinco anos não apontaram
deficiências significativas de controles, insuficiências materiais ou atos de fraude.
Por fim, embora não seja escopo deste trabalho, cumpre mencionar que desde 2011, a CGU
vem observando a dependência do Serpro em relação à transferência de recursos do Governo
Federal. O relatório 201108703, referente ao exercício de 2010, já apontava para a dependência
da empresa em relação à transferência de recursos do Governo Federal e indicava a fragilidade da
empresa, tendo por base faturamento ou resultado.
No exercício de 2015, esta CGU realizou duas auditorias sobre o assunto e emitiu os
seguintes relatórios: relatório 201413241 que trata da situação de dependência financeira da
empresa, sob a ótica da legislação vigente, em especial a Lei Complementar 101/2000 e a
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Resolução 43/2001 do Senado Federal; e o relatório 201504060 que apresentou os resultados dos
exames realizados no processo anual de contas do Serpro.
Sugestões de Melhoria
Instituir plano de educação continuada dirigido aos empregados da Superintendência de
Gestão Financeira, incluindo treinamentos relativos à prevenção e detecção de fraude,
corrupção e desvios;
Inserir no Estatuto Social a obrigatoriedade de submissão das demonstrações financeiras
anuais à auditoria por auditores independentes, bem como a previsão de contratação de
auditores independentes, conforme preconiza a Resolução SE/CGPAR nº 6, de
29/09/2015;
Observar as metodologias de governança, a exemplo das diretrizes do COSO, como
ferramenta de identificação de irregularidades nos registros contábeis da empresa;
Considerar no planejamento das atividades de auditoria, a avaliação da eficácia dos
controles internos relativos ao processo de produção das demonstrações contábeis;
Envidar esforços para a integração de seus sistemas internos com o sistema contábil, a
fim de reduzir a necessidade de utilização de planilhas eletrônicas preenchidas
manualmente e o repasse de informações manuais entre sistemas.
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7. Independência, estrutura e autoridade da instância interna responsável
pela aplicação do programa de integridade e fiscalização de seu cumprimento
Esse item tem como objetivo verificar se há uma área específica na empresa responsável
pela condução do programa de integridade, bem como a adequação dos recursos (humanos,
financeiros, espaço físico, materiais, capacitações, etc.) que lhe são disponibilizados, suas
competências e a forma e a abrangência de sua atuação. Adicionalmente, foi analisado se a área
responsável pelo programa dispõe da necessária autonomia para desenvolver, implantar e
monitorar adequadamente o programa e as políticas de integridade.
A partir do redesenho organizacional promovido pelo Serpro, em julho de 2016, foi criada,
através da Decisão de Diretoria de número OE-055/2016, a Divisão de Integridade, subordinada
ao Departamento de Compliance e Integridade e vinculada à Superintendência de Controles,
Riscos e Compliance – SUPCR/CRCOI/CRINT, responsável pela implantação e manutenção do
Programa de Integridade do Serpro.
O documento de Descrição de Atribuições e Competências – DAC da supracitada Divisão
de Integridade aborda um conjunto de atribuições específicas voltadas à implementação e
manutenção de estratégias e políticas necessárias ao desenvolvimento do programa de integridade
do Serpro, definidos nos seguintes termos:
“1.1.1 - Implementar as estratégias de integridade.
1.1.2 - Desenvolver, implantar e monitorar metodologias e processos
relacionados a integridade.
1.1.3 - Elaborar a política de integridade.
1.1.4 - Desenvolver e implantar o Programa de Integridade do Serpro.”
Sob a perspectiva da composição dos recursos humanos previstos para o órgão, em que
pese a expectativa de alocação de um total de 04 (quatro) empregados, cumpre notar que a Divisão
de Integridade dispõe de apenas duas empregadas efetivamente lotadas em seu quadro, fato que
evidencia riscos quanto a capacidade do órgão em cumprir as atribuições específicas
supramencionadas e, em última análise, comprometer a efetividade do estabelecimento do
programa de integridade, no âmbito organizacional.
É imprescindível, portanto, que o Serpro adote as medidas cabíveis visando a alocação de
empregados nos postos funcionais previstos por ocasião da estruturação da SUPCR tão logo
possível, de modo a permitir à área dar cumprimento à implantação do Programa de Integridade
do Serpro, de forma célere.
Quanto ao posicionamento do órgão na estrutura hierárquica empresarial, foram
evidenciados riscos quanto à autonomia no desempenho das atividades de desenvolvimento,
implantação e monitoramento do programa de integridade da empresa, posto que não há previsão,
no arcabouço normativo avaliado, de quaisquer relações de vínculo funcional ou subordinação –
mesmo que indireta – entre a Divisão responsável pelo programa de integridade e outros órgãos
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responsáveis pelas medidas de integridade vigentes, ou ainda previsão de fluxos de troca
informações entre os supracitados órgãos.
Embora essa questão não seja necessariamente um óbice para o desempenho das atividades
da área, o atual posicionamento hierárquico da Divisão de Integridade representa grande risco para
sua efetiva atuação, haja vista não terem sido identificados normativos que estabeleçam o
necessário relacionamento entre o órgão em questão e outros órgãos atualmente responsáveis pelas
medidas de integridade existentes.
Ainda em relação à estruturação, todas as atividades da instância de integridade são
exercidas na Sede, em Brasília, inexistindo representantes da área nas diversas regionais do Serpro.
A atuação da área nas regionais da empresa não pôde ser avaliada, em função do estágio inicial de
implantação do Programa.
Não foram identificados quaisquer fluxos de comunicação da Divisão de Integridade à
Diretoria de Governança do Serpro – DIGOG e outros órgãos componentes da Alta Direção da
empresa, o que acarreta potenciais riscos quanto ao envolvimento tempestivo destas instâncias,
especialmente se observado sob o prisma de um acompanhamento mais próximo dos indicadores
do programa de integridade.
A falta de integração dos fluxos de comunicação também foi observada para os demais
órgãos responsáveis pelas medidas de integridade atualmente vigentes no Serpro, pois, muito
embora as atribuições e competências da Auditoria-Geral, da Comissão de Ética, do Departamento
de Aplicação do Regime Disciplinar – DPARD também se encontrem postas em documentos
formais, não foram evidenciadas quaisquer instruções relativas à integração das áreas,
evidenciando, em última análise, a perda da potencial sinergia oriunda do esforço conjunto dos
órgãos em questão, na persecução do objetivo da manutenção de um ambiente empresarial íntegro.
Apresenta-se como recomendável ao Serpro, desta forma, proceder à revisão dos
documentos regimentais e de atribuições e competências do conjunto de órgãos envolvidos com a
manutenção das medidas de integridade atuais e no futuro programa de integridade, de modo a
delimitar com clareza não apenas os fluxos de informações que regulem a ação integrada dos
órgãos em referência e aos relatórios e outros documentos a serem compartilhados, mas também
os papeis e responsabilidades, os prazos a serem respeitados e os repositórios de armazenamento
de informações sobre a integridade empresarial.
Relativamente à atuação da empresa no sentido de assegurar a proteção dos colaboradores
da área responsável pelo programa de integridade contra constrangimentos e punições arbitrárias
decorrentes do exercício de suas atribuições, destaca-se que o Serpro não dispõe de normativos ou
mesmo de atividades voltados ao estabelecimento de medidas protetivas dos membros da Divisão
de Integridade.
Visando colaborar com o aprimoramento dos níveis de proteção dos empregados lotados
em áreas envolvidas com as medidas de integridade, recomenda-se a realização de estudos pelo
Serpro no sentido de se estabelecer um conjunto de atividades voltadas a tal finalidade, os quais
poderão compreender, dentre outros elementos, os seguintes pontos:
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A manutenção de períodos fixos de mandato para os responsáveis pela área de
integridade e critérios rigorosos para sua substituição;
O impedimento à demissão sem justa causa, por ao menos um ano após a saída dos
empregados da área de integridade;
Garantias à permanência dos empregados na área enquanto houverem investigações
ou outros processos em andamento.
Por fim, é importante destacar que as ações necessárias à efetiva implantação do programa
de integridade não puderam ser avaliadas em função da recente criação da Divisão de Integridade.
Diante do exposto, a equipe de auditoria sugere a adoção do conjunto de melhorias
constantes do quadro a seguir:
Sugestões de Melhoria
Alocar empregados do Serpro nos postos funcionais previstos para a Divisão de
Integridade, visando não apenas assegurar o cumprimento das atribuições específicas
constantes do documento DAC do órgão, mas também conferir maior celeridade na
adoção do programa de integridade pela empresa;
Avaliar a conveniência e oportunidade da realização de estudos que visem o
estabelecimento de futuros critérios de seleção e eventual substituição dos titulares dos
órgãos responsáveis pelas medidas de integridade;
Estabelecer fluxos de comunicação entre a Divisão de Integridade, a Diretoria de
Governança e os demais órgãos componentes da Alta Direção, os quais visem assegurar
que estas instâncias disponham de informações precisas e atualizadas acerca da
implantação e acompanhamento do programa de integridade, bem como de eventuais
processos de investigação de desvios ao seu cumprimento;
Realizar estudos que subsidiem a adoção de um conjunto de medidas voltadas ao
aprimoramento dos níveis de proteção aos empregados lotados em todos os órgãos
envolvidos com as medidas de integridade do Serpro;
Revisar os documentos regimentais e de atribuições e competências do conjunto de
órgãos envolvidos com a manutenção das medidas de integridade atuais e do futuro
programa de integridade, de modo a delimitar com clareza os fluxos de informações que
regulem a ação integrada dos órgãos responsáveis pelas medidas de integridade do
Serpro, além de papeis e responsabilidades, prazos a serem respeitados e aos repositórios
de armazenamento de dados e informações afetas à integridade empresarial.
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8. Canais de denúncias de irregularidades, abertos e amplamente
divulgados a funcionários e terceiros, e mecanismos destinados à proteção de
denunciantes de boa-fé
Foram avaliados os canais disponibilizados pela empresa para o recebimento de denúncias,
quanto a sua existência e adequabilidade, bem como a atuação da empresa no incentivo à
realização de denúncias e na proteção aos denunciantes de boa-fé. Buscou-se mensurar, também,
a percepção dos colaboradores sobre a realização de denúncias à empresa. Por fim, foi avaliada a
existência de canal para esclarecimento de dúvidas e prestação de informações sobre questões de
integridade.
A Ouvidoria-Geral do Serpro é a instância responsável por receber e tratar reclamações,
elogios, sugestões, solicitações e denúncias, atuando em estrita conformidade com a Instrução
Normativa nº 01/2014/OGU. Essas manifestações podem ser recebidas pessoalmente, por correio
eletrônico, por telefone e pelo Sistema de Ouvidoria do Serpro.
A Ouvidoria conta ainda com espaço específico no Portal Corporativo da empresa,
podendo ser acessado facilmente por qualquer pessoa, dispondo de meios para recebimento de
denúncias, inclusive anônimas, tanto do público interno, quanto do público externo.
Consta da supracitada página sua Missão, Visão e Negócio, conforme abaixo:
Missão: garantir a efetividade dos canais de atendimento ao público e o devido
tratamento das suas manifestações acerca dos serviços e soluções do Serpro.
Visão: contribuir com a satisfação do público interno e externo em relação à atuação
e aos serviços prestados pelo Serpro.
Negócio: intermediar as manifestações dos públicos internos e externos com as
áreas responsáveis pelo processo relatado e com as áreas de gestão e controle, com
vistas a obter satisfação e conformidade dos processos executados pelo Serpro.
Em relação ao amparo legal, o Serpro não possui normativos internos que regulamentem
canais de atendimentos, de denúncia anônima, de garantia do sigilo da identidade do denunciante
ou de restrição de acesso a essa informação. Também não dispõe de fluxo e procedimentos claros
sobre como se dará a tramitação das denúncias recebidas ou de suspeitas de irregularidade
advindas de outras fontes. Foi informado, contudo, que a Ouvidoria-Geral do Serpro observa as
Instruções Normativas vigentes dos órgãos de Controle Externo e Interno e os dispositivos legais
vigentes.
Em relação a existência de canais de esclarecimento de dúvidas e prestação de informações
sobre ética e integridade, a empresa informou que inexiste atualmente via específica para esses
fins. Ressaltou, porém, que “um canal de denúncia exclusivo está em fase de estudo e
implementação que, por meio de um atendimento qualificado, possibilitará a realização de
denúncia de fraude e corrupção”.
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O Serpro informou que também se encontra em fase de elaboração normativo que disponha
acerca das regras e procedimentos específicos para tramitação das informações, dúvidas e
denúncias que versem sobre assunto diretamente ligado à integridade, os quais sejam oriundos de
outras fontes, tais como suspeitas de irregularidades que podem ser descobertas em auditorias
internas ou externas, em processo de monitoramento do programa de integridade, dentre outros.
No que se refere aos mecanismos utilizados pela entidade para incentivar seus
colaboradores a denunciarem atos contrários à ética e à integridade institucional, em que pese a
entidade ter informado que se valha de diversos meios para este fim (fixação de cartazes impressos
em murais; publicação de informativos eletrônicos; dentre outros), não foram identificadas
evidências dessas ações. Também não foram evidenciadas informações relevantes de divulgação
das medidas de proteção ao denunciante.
A ineficácia da atuação do Serpro na promoção e incentivo quanto à realização de
denúncias pôde ser constatada a partir do consolidado das respostas dos questionários
encaminhados aos colaboradores da empresa, conforme será apresentado.
Tendo em vista que os supracitados questionários foram respondidos apenas por
empregados efetivos dos Serpro, foram realizados procedimentos adicionais a fim de avaliar a
percepção de outro público da empresa, qual seja, os empregados terceirizados.
Neste sentido, quatro empregados terceirizados foram abordados (dois contínuos, um
responsável pela limpeza e uma copeira) e questionados individualmente se tinham conhecimento
sobre como proceder caso tivessem conhecimento de algo errado acontecendo no ambiente do
Serpro. Além de constatar que nenhum deles tinha conhecimento dos canais de denúncias da
empresa, chamou a atenção o sentimento de medo que os avaliados possuem quanto a possíveis
retaliações bem como sobre a perspectiva de ineficácia quanto a efetiva apuração das denúncias.
Ainda nesta seara, não foram identificadas normas que estabeleçam medidas específicas
para prevenir a retaliação aos denunciantes (por exemplo, mudança de lotação, caso o denunciado
seja colega ou chefe do denunciante; afastamento temporário das atividades; previsão de adoção
de medidas contra qualquer pessoa que retalie ou ameace denunciantes, etc.). Porém, a esse
respeito, é importante ressaltar que nos registros de denúncias analisados, não consta a
identificação do denunciante, de modo que, em princípio, a entidade adota procedimentos para
garantia desse sigilo.
Sobre o encaminhamento dado às denúncias recebidas nos últimos exercícios, verifica-se
que o controle realizado atualmente pela empresa impossibilita saber o tratamento específico
dispensado em cada acionamento, de forma que não foi possível analisar o tratamento das
denúncias realizadas.
A respeito da atuação da Auditoria Interna da empresa, especificamente no que se refere a
apuração de denúncias oriundas dos canais de Ouvidoria, cumpre destacar que os normativos
vigentes no Serpro não preveem a possibilidade de a Instância de Integridade (ou qualquer outro
órgão da empresa) demandar diretamente a Auditoria Interna para investigação de possíveis atos
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de fraude e corrupção. Atualmente, o Conselho Diretor e o Conselho Fiscal são os únicos
legitimados a demandarem diretamente ações para Auditoria Interna da companhia.
Por fim, cumpre destacar que o Serpro não aderiu ao e-ouv, conforme consulta realizada
no endereço http://www.ouvidorias.gov.br/cidadao/lista-de-ouvidorias/adesoes-ao-e-ouv, em
31/08/2016.
Quanto à percepção do total de respondentes do questionário supracitado, 70% afirmaram
que a empresa possui canal de denúncias, dentre os quais:
83% concordam parcial ou totalmente que o canal de denúncias é de fácil acesso a todos
os empregados;
72% afirmaram que, caso tivessem conhecimento de possíveis violações às normas ligadas
à ética e integridade, saberiam quais canais utilizar para a realização de denúncias;
57% desconhecem a existência de canais de denúncias anônimas disponíveis.
Ainda em relação as respostas dadas pelos empregados aos questionários encaminhados,
especificamente no que tange à percepção destes quanto a segurança em utilizar os canais
apropriados para a realização de denúncias, do total de 405 respondentes, foi verificado que:
62% se sentem inseguros para realizarem denúncias, pois acreditam que poderiam sofrer
retaliações;
50% discordam, parcial ou totalmente, de que a empresa estabelece medidas preventivas
quanto a retaliação aos denunciantes.
Por sua vez, no que se refere a percepção do total de empregados respondentes quanto ao
incentivo na realização de denúncias, foi verificado que:
54,81% afirmaram nunca viram ou não se lembram de terem visto manifestações da
empresa incentivando a realização de denúncias, mas acreditam que a direção espera e
deseja que estes casos sejam denunciados por aqueles que deles tomem conhecimento;
25,68% responderam que nunca viram ou não se lembram de terem visto manifestações
da empresa incentivando a realização de denúncias e acreditam que a direção não deseja
que estes casos sejam denunciados;
15,80% responderam que já viram manifestações da empresa incentivando a realização de
denúncias e acreditam que a direção espera e deseja que estes casos sejam denunciados
por aqueles que deles tomem conhecimento;
3,70% responderam que já viram manifestações da empresa incentivando a realização de
denúncias, mas acreditam que a direção não deseja realmente que estes casos sejam
denunciados.
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Sugestões de Melhoria
Criar normativos internos que regulamentem os canais de atendimentos, de denúncia
anônima, de garantia do sigilo da identidade do denunciante ou de restrição de acesso a
essa informação;
Estabelecer canais de esclarecimento de dúvidas e prestação de informações sobre ética
e integridade;
Criar normativo que estabeleça medidas específicas para prevenir a retaliação aos
denunciantes (por exemplo, mudança de lotação, caso o denunciado seja colega ou chefe
do denunciante; afastamento temporário das atividades; previsão de adoção de medidas
contra qualquer pessoa que retalie ou ameace denunciantes, etc.);
Definir regras e procedimentos claros sobre como se dará a tramitação das denúncias
recebidas ou de suspeitas de irregularidades advindas de outras fontes;
Divulgar os canais de denúncias com informações relevantes sobre as formas de acessá-
lo, ao processo de apuração e às medidas de proteção ao denunciante, incluindo o público
com menor grau de instrução;
Desenvolver plano de comunicação com previsão de medidas específicas de divulgação
de informações relevantes sobre canais de denúncias para os públicos interno e externo,
bem como ao incentivo a denunciarem irregularidades e atos contrários à ética e à
integridade institucional de que tenham conhecimento;
Aderir ao Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo Federal – E-Ouv;
Definir fluxo para que ações de averiguação de suspeitas de fraude e corrupção
promovidas pela Unidade Correcional ou Ouvidoria sejam encaminhadas à Auditoria
Interna como forma de subsidiar o planejamento das ações de auditoria;
Definir indicadores de apuração de denúncias.
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9. Aplicação de medidas disciplinares em caso de violação do programa de
integridade
Tendo em vista que o programa de integridade define normas, políticas e procedimentos
de integridade, é necessário que também estejam estabelecidas as medidas disciplinares a serem
aplicadas aos colaboradores nos casos de violações, o que é objeto de avaliação nessa seção.
Assim, buscou-se avaliar se a entidade apura, de forma consistente, todos os indícios de
corrupção, inclusive os praticados por pessoa jurídica, que tenham sido detectados no âmbito do
programa de integridade, aplicando tempestivamente as sanções administrativas cabíveis.
A avaliação deste tema incluiu também a verificação da existência de unidade correcional
e análise quanto a adequabilidade de sua estrutura, corpo funcional e prerrogativas para apuração
de responsabilidades administrativas.
Verificou-se, ainda, a adequação dos fluxos e procedimentos de apuração correcional da
entidade, observando se eles garantem a tempestiva e imparcial apuração de responsabilidade e a
aplicação das sanções administrativas cabíveis, alcançando inclusive pessoa jurídica. Analisou-se
ainda a percepção dos colaboradores com relação à efetiva apuração de denúncias de violações às
normas de integridade.
A unidade organizacional responsável pelas atividades correcionais no âmbito do Serpro é
o Departamento de Aplicação do Regime Disciplinar Empresarial (DPARD), criado como órgão
vinculado ao Gabinete do Diretor-Presidente, por meio da Decisão de Diretoria OE-005/2013, de
18/01/2013, conforme registro em Atas do Conselho Diretor.
Vale observar que o DPARD foi criado sob a forma de Departamento, vinculado ao
Gabinete do Diretor-Presidente, e não como uma Corregedoria vinculada ao Chefe máximo da
entidade, conforme estabelece as Orientações para Implantação de Unidades de Corregedoria dos
Órgãos e Entidades do Poder Executivo Federal. Ademais, ressalta-se que o referido órgão de
correição está cadastrado no Órgão Central do Sistema de Correição do Poder Executivo Federal
como uma unidade seccional, segundo classificação proposta pelo Decreto nº 5.480/2005.
Conforme consta da Descrição de Atribuições e Competências compete ao DPARD, dentre
outras, as seguintes atribuições:
1.1.2 - Receber representações e denúncias encaminhadas pelos cidadãos,
empregados, usuários, órgãos ou entidades, oriundas da Ouvidoria, da Comissão
de Ética do Serpro e outros;
1.1.3 - Emitir juízo de admissibilidade quanto à pertinência de representações e
de denúncias relativas à atuação de dirigentes e empregados do Serpro;
1.1.4 - Recomendar a instauração, de ofício ou por determinação superior, de
procedimentos disciplinares junto ao titular da Unidade Organizacional envolvida
no processo;
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1.1.5 - Orientar as atividades das comissões disciplinares (processos de
sindicância, processos administrativos disciplinares) no âmbito do Serpro, quanto
ao cumprimento dos preceitos normativos e legais pertinentes;
1.1.6 - Encaminhar para julgamento da autoridade instauradora competente os
processos apuratórios relacionados à área sob sua supervisão;
1.1.8 - Acompanhar o andamento dos expedientes, referentes a processos
disciplinares, em curso junto aos órgãos de controle interno e externo;
1.1.9 - Definir, padronizar, sistematizar e aprimorar os procedimentos relativos
aos processos disciplinares, no âmbito do Serpro, em consonância com os termos
da norma que regulamenta o tema;
1.1.10 - Acompanhar o andamento dos processos encaminhados pela autoridade
julgadora ao Ministério Público e à Advocacia-geral da União, dos casos que
configurem improbidade administrativa.
1.1.12 - Apresentar, periodicamente, ao Diretor-Presidente, aos Conselhos
Diretor e Fiscal, relatório situacional dos processos de sindicância e processos
administrativos disciplinares em andamento.
O DPARD dispõe de quadro funcional próprio, contando atualmente com cinco
empregados sendo: um Gerente de Departamento; dois Chefes de Divisão; e dois Colaboradores.
A designação do titular desse órgão observa regramentos específicos do Serpro, os quais
não estabelecem mandato fixo para seu desempenho. Ademais, embora o empregado que
atualmente desempenhe essa função atenda aos requisitos estabelecidos no art. 8º do Decreto
5.480/2005, sua nomeação não é aprovada pela Corregedoria-Geral da União.
Em relação aos demais empregados, tendo em vista que os planos de cargos vigentes
atualmente no Serpro não contemplam cargos com especialização em correição, o candidato
interessado em ingressar na equipe do DPARD, é selecionado utilizando como referência o
documento denominado “Plano de Desenvolvimento do Perfil Profissional para atuar em
Processos Disciplinares”, o qual prescreve uma série de competências e conhecimentos
considerados recomendados e essenciais para se trabalhar no órgão de correição da empresa.
No que tange aos treinamentos realizados pelo corpo funcional do DPARD, foi verificado
que nos últimos dois exercícios, apenas o titular da área participou de eventos de capacitação. O
restante do quadro funcional não participou de treinamentos atinentes aos temas de correição.
Em relação ao amparo normativo, os documentos que estabelecem o regime disciplinar dos
empregados do Serpro, versando sobre as condutas que ensejam sanções disciplinares e
administrativas, o modo de apuração de responsabilidade e as penalidades cabíveis, são os
seguintes:
RARH – Regime de Administração de Recursos Humanos;
PGCS – Plano de Gestão de Carreiras do Serpro;
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Código de Ética e de Conduta Empresarial;
Norma GP/077 – Conflito de Interesses;
Norma GA/006 – Procedimentos para aplicação de sanções administrativas nas
fases de seleção do contratado e gestão contratual;
Norma OE/005 – Regime Disciplinar – Apuração de responsabilidades e aplicação
de penalidades.
Foi verificado ainda que as penalidades estabelecidas na Norma OE/005 vinculam as
transgressões cometidas pelos empregados, disciplinadas nos outros dispositivos, à gravidade da
conduta praticada.
Embora a supracitada Norma OE/005 estabeleça o modo de apuração das transgressões
identificadas, inexiste na empresa fluxo específico que defina a apuração de indícios de violações
às normas do programa de integridade, uma vez que este encontra-se em estágio inicial de
implantação no Serpro. Neste sentido, também não foi identificada previsão formal de
acompanhamento das medidas correcionais pela Instância de Integridade da empresa. A
companhia informou que os necessários normativos estão sendo elaborados a fim de disciplinar
estas questões.
A responsabilidade pela emissão do juízo de admissibilidade é dos integrantes da equipe
do DPARD, conforme expressamente estabelecido na Descrição de Atribuições e Competências
(DAC) do referido órgão.
1.1.3 – Emitir juízo de admissibilidade quanto a pertinência de representações e
de denúncias relativas à atuação de dirigentes e empregados do Serpro.
Destaca-se, contudo, que não foram identificados regramentos que disciplinem a forma
com que esse juízo será emitido, com a devida motivação fundamentada em documento idôneo e
sua produção por agente imparcial. Ademais, não foram evidenciadas as regras acerca da suspeição
e impedimento no processo.
No que se refere aos prazos para conclusão dos trabalhos apuratórios, não foi identificada
previsão taxativa de dias para a término das tarefas, nem sobre os limites prescricionais para a
aplicação das sanções.
Sobre a divulgação do trabalho do DPARD, não foram identificadas iniciativas (como
cartazes, links na intranet, e-mails, etc.) de comunicação aos colaboradores da empresa acerca das
implicações do não atendimento aos preceitos éticos e às normas da empresa. Também não foram
evidenciadas iniciativas com vistas a dar transparência ativa aos ritos, procedimentos e sanções
aplicadas pelo órgão.
A fim de analisar o desempenho da unidade correcional do Serpro, foram solicitados os
seguintes indicadores:
Tempo médio de encaminhamento para unidade correcional dos indícios detectados
no âmbito do programa de integridade;
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Percentual de casos analisados após decurso de prazo de prescrição;
Tempo médio dos procedimentos de apuração;
Percentual de sanções administrativas prescritas em casos de corrupção ou ato
lesivo praticado por pessoa física ou jurídica;
Percentual de sanções administrativas anuladas por decisão judicial em casos de
corrupção ou ato lesivo praticado por pessoa física ou jurídica;
Percentual de processos julgados com ao menos 1 sanção aplicada em casos de
corrupção ou ato lesivo praticado por pessoa física ou jurídica.
Com exceção do indicador “tempo médio dos processos de apuração”, o qual apresentou
desempenho bastante superior à média do Poder Executivo Federal, nenhum outro indicador foi
implementado pela companhia. Apesar disso, a empresa informou que “gere, quantitativa e
qualitativamente, a evolução da atuação da área correcional por meio da elaboração periódica
de controles e gráficos que demonstram os resultados inerentes à atuação sobre os assuntos juízo
de admissibilidade, conflito de interesses (análises e pedidos), PADs, sindicâncias e penalidades
aplicadas por tipo, área etc.”
Por fim, cumpre mencionar que, em virtude do estágio inicial de implantação do programa
de integridade no Serpro, não foi possível avaliar a integração entre o DPARD e a Instância de
Integridade da empresa.
A percepção dos empregados da empresa em relação ao tema mostrou que:
34% acreditam que as denúncias são apuradas pela empresa, com bons resultados;
31% acreditam que apenas parte das denúncias são apuradas pela empresa,
dependendo dos envolvidos ou outras características do fato denunciado;
22% acreditam que as denúncias são apuradas pela empresa, porém de forma
inadequada (não se chega à verdade dos fatos, responsáveis não são punidos, etc.);
8% acreditam que apenas parte das denúncias são apuradas pela empresa, pois não
há capacidade para apurar todas;
5% acreditam que as denúncias não são apuradas pela empresa.
Sugestões de Melhoria
Mapear os processos relacionados a atividade correcional, contemplando competências,
instrumentos, ritos e prazos;
Normatizar as atividades do DPARD estabelecendo prerrogativas e autonomia de
atuação;
Estabelecer em normativo as hipóteses de suspeição e impedimento em todas as etapas
do processo disciplinar;
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Prever em normativo a inaplicabilidade do instituto do perdão tácito no âmbito da
empresa;
Fazer constar em normativo a utilização do sistema CGU-PAD para registro de todos os
procedimentos de apuração de responsabilidade administrativa;
Aprimorar o controle de registros dos processos instaurados e penalidades aplicadas;
Estabelecer o acompanhamento das medidas correcionais pela instância de integridade;
Elevar o status do DPARD a Unidade Correcional e realizar o cadastramento no Sistema
de Correição do Poder Executivo Federal – SISCOR;
Estabelecer plano de comunicação sobre atos lesivos praticados por pessoa jurídica;
Definir indicadores e metas para as atividades desempenhadas no âmbito correcional;
Elaborar plano de capacitação para os empregados que atuam na atividade correcional.
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10. Procedimentos que assegurem a pronta interrupção de irregularidades
ou infrações detectadas e a tempestiva remediação dos danos gerados
Em caso de violação ao programa de integridade, tanto a irregularidade cometida, quanto
os danos por ela gerados, devem ser objeto de procedimentos que especificamente visem à sua
pronta interrupção e tempestiva solução.
Assim, neste item foi analisado se a empresa dispõe de mecanismos destinados à
interrupção de irregularidades detectadas, bem como à tempestiva remediação da irregularidade
cometida por um de seus colaboradores e à reparação dos danos por ela gerados. Também se
avaliou se esses mecanismos estão sendo consistentemente aplicados pela empresa e se as
ocorrências são registradas e comunicadas à alta direção.
O item também inclui a avaliação dos normativos e protocolos internos da empresa que
dizem respeito à investigação de possíveis irregularidades por meio da atuação da auditoria interna
e seu acompanhamento pela área responsável pelo programa de integridade.
Primeiramente, é importante destacar que as medidas de integridade adotadas pelo Serpro
ainda não estão agrupadas sob o formato de um programa de integridade, de modo que a atuação
da empresa para a pronta interrupção de irregularidades e infrações detectadas ainda ocorrem de
maneira esparsa, de acordo com as competências e atribuições específicas de cada área, sem a
participação da Instância de Integridade.
A empresa informou que a partir da instituição do programa de integridade do Serpro, em
elaboração, um conjunto de medidas com o objetivo de prevenir, detectar e remediar a ocorrência
de fraude e corrupção na empresa serão planejadas e implementadas de forma sistêmica, sob
coordenação da área responsável pelo programa de integridade.
Feita essa ressalva, foi verificado que o Serpro adota medidas pontuais para a interrupção
e remediação das irregularidades identificadas.
No âmbito da análise de conflitos de interesse, por exemplo, foram evidenciadas medidas
de detecção parcial, interrupção e remediação das situações conflitantes. Quando detectada
condição que configure conflito de interesses, o empregado é chamado a decidir qual atividade
deseja continuar a exercer: a pública ou a privada. Contudo, conforme já ressaltado, essas medidas
são realizadas de modo descentralizado, sem participação da Instância de Integridade.
Outra questão que merece destaque é a inexistência de norma que discipline o fluxo
específico para o processo de interrupção e remediação de irregularidades, de modo que a
sequência das atividades para detecção, cessação, correção e prevenção dos atos de fraude e
corrupção não se mostra clara, especialmente no que se refere à segregação dessas funções.
Também não está claro como se dará a troca de informações entre os diversos órgãos
responsáveis pelas medidas de integridade, tais como Ouvidoria-Geral, DPARD, Auditoria-Geral
e a instância de integridade, bem como no que tange à comunicação das ocorrências identificadas
à Alta Direção da companhia.
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Por fim, no que se refere a atuação da Auditoria Interna na investigação de possíveis
irregularidades, foi verificado que não existe previsão normativa para a ação desse órgão na
investigação de suspeitas de violações ao programa de integridade.
O Manual de Auditoria – Diretrizes e Normas, que normatiza as atividades do órgão, versa
acerca do tratamento de impropriedades e irregularidades, nos seguintes termos:
“Apesar de não ser o objetivo primordial das atividades da Auditoria-Geral a
busca de impropriedades ou de irregularidades, o auditor deve estar consciente
da probabilidade de, no decorrer dos exames, defrontar-se com tais ocorrências.
Compete-lhe, assim, prestar especial atenção as transações ou situações que
apresentem indícios de irregularidades e, quando obtida evidência, comunicar o
fato ao Coordenador responsável pelo trabalho de auditoria, elaborar a
Ocorrência e registrar no SISAUD. ”
A despeito disso, cabe ressaltar que auditorias especiais podem ser requeridas pelos
Conselhos Diretor/Fiscal ou pela própria CGU, as quais eventualmente podem culminar com a
identificação de indícios de irregularidades, que são encaminhadas ao titular da área responsável
pelo processo e/ou contrato, visando a posterior abertura de processo apuratório, a critério deste.
Sugestões de Melhoria
Instituir mecanismos que permitam ao Serpro detectar e prontamente interromper os atos
de fraude, corrupção e desvios, bem como remediar eventuais danos sofridos. Os
mecanismos em referência poderão contemplar, dentre outros: a aplicação de multas
contratuais; a suspensão ou rescisão de contratos com terceiros; a abertura de Processos
Administrativos de Responsabilização, em observância ao disposto no art. 8º da Lei
12.846/2013;
Proceder a revisão e adequação dos normativos afetos ao tema, visando o aprimoramento
da segregação de funções na tomada de decisões relativas à interrupção e remediação de
infrações cometidas contra as medidas de integridade.
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11. Diligências apropriadas para supervisão de fornecedores, prestadores de
serviço, agentes intermediários e associados
Neste tema, foi verificado se a empresa realiza diligências apropriadas para a supervisão
de fornecedores, prestadores de serviço, agentes intermediários e associados. A avaliação incluiu,
ainda, a verificação quanto ao registro, por parte da estatal, de seu compromisso com a ética e com
os padrões de integridade e quanto à exigência de compromisso recíproco do contratado, no ato da
contratação. Verificou-se, ainda, se a entidade monitora o cumprimento das cláusulas contratuais
relacionadas à integridade.
Este tipo de verificação prévia visa à contratação de fornecedores e prestadores de serviços
que sejam aderentes aos princípios éticos da empresa, com menor risco de se envolverem em
situações antiéticas ou ilegais, que podem, até mesmo, comprometer a imagem da empresa
contratante.
Também é objetivo dessa seção verificar se a entidade classifica seus contratos de acordo
com a exposição aos riscos de fraude e corrupção e se adota controles e procedimentos específicos
nos contratos com terceiros, levando em consideração a exposição desses contratos a esses riscos.
Tendo em vista que o Programa de Integridade do Serpro está em construção, foi verificado
que, de maneira geral, o processo de due diligence para a contratação de terceiros é incipiente.
De fato, a maioria das diligências promovidas pela empresa se referem a práticas gerais
preconizadas pela Administração Pública Federal na contratação por meio de licitação, tais como
as verificações de impedimento em virtude de sanção aplicada no âmbito da Lei nº 8.666/1993 e
as relacionadas ao não cumprimento dos requisitos de regularidade fiscal e trabalhista, previstos
nas legislações federal, estaduais e municipais.
A fim de garantir que não sejam contratados terceiros com registros impeditivos, a empresa
informou que nos editais das contratações promovidas há cláusula expressa que veda a participação
de empresas falidas, em recuperação judicial, extrajudicial ou de insolvência, em dissolução ou
em liquidação, além de empresas sancionadas conforme a Lei nº 8.666/1993 e/ou a Lei nº
10.520/2002
Adicionalmente a essas verificações, o Serpro informou que adota procedimentos com
vistas a dar amplo conhecimento dos compromissos da empresa com a ética e a integridade no
âmbito do Plano de Inserção da Contratada (PIC), reunião registrada em ata entre contratante e
contratado, sendo informadas ao contratado, dentre outros, as regras sobre sigilo das informações
a que este tiver acesso durante a execução do contrato.
“Após a assinatura do contrato, o Gestor e fiscal(is) fará(ão) reunião inicial com
o(s) representante(s) da CONTRATADA apresentando o Plano de Inserção da
Contratada na forma da norma interna GA-011, ocasião em que transmitirá ao
preposto indicado pela CONTRATADA as normas internas de segurança, de ética,
de acesso às dependências, de confidencialidade e prestará os esclarecimentos
relativos às questões operacionais e de gerenciamento do contrato, fornecendo as
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cópias dos documentos Normativos internos do Serpro e firmando a competente
Ata de Reunião”.
Ressalta-se, contudo, que em análise às atas do PIC não foram identificadas orientações
quanto a adoção das práticas de integridade da empresa.
A empresa informou ainda que a partir de outubro de 2016 passará a constar nos Contratos
Padrão de Serviços Contínuos com Dedicação de Mão de Obra, na Cláusula de Obrigações da
Contratada, as seguintes condições:
3.2.2 - Seleção, Postura e Conduta Profissional
3.2.2.1 - A contratada deverá selecionar trabalhadores qualificados e idôneos
para a prestação dos serviços, com conhecimento em temas relativos a segurança
do trabalho e sustentabilidade ambiental.
3.2.2.2 - É vedado à CONTRATADA prestar serviços por meio de familiar(es) de
empregado(s) do Serpro quando este(s) exerça(m) cargo em comissão ou função
de confiança, situação considerada nepotismo e sujeita a apuração de
responsabilidades.
3.2.2.2.1 - De acordo com Decreto 7.203/2010 considera-se familiar: o cônjuge, o
companheiro ou o parente em linha reta ou colateral, por consanguinidade ou
afinidade até o terceiro grau.
3.2.2.3 - Responsabilizar-se pelo cumprimento, por parte de seus empregados, das
normas disciplinares e Código de Ética determinados pelo Serpro.
3.2.2.4 - Garantir e responsabilizar-se pelo comportamento moral e profissional
de seus empregados, cabendo-lhe responder integralmente por todos os danos ou
atos ilícitos resultantes de ação ou omissão dos mesmos, inclusive por
inobservância de ordens do Serpro.
3.2.2.5 - Garantir a manutenção do respeito e cortesia no relacionamento entre
colegas e com os empregados do Serpro.
3.2.2.6 - Manter os ambientes destinados aos empregados devidamente limpos,
asseados e organizados.
Em relação aos procedimentos utilizados pela empresa para verificar o histórico das
empresas a serem contratadas, no que tange a ações judiciais transitadas em julgado, pelo
cometimento de práticas antiéticas, ou atos de fraude e corrupção, o Serpro informou que realiza
consulta ao Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa e
Inelegibilidade (CNCIAI).
Ainda em relação aos contratos, foi verificado que a empresa não realiza classificação de
seus contratos de acordo com a exposição a riscos de fraude e corrupção. Essa classificação é
importante pois fomenta a adoção de medidas adicionais de acompanhamento e supervisão nos
casos classificados como de maior risco.
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Por fim, é importante ressaltar que nos acordos para contratação de terceiros inexiste
cláusulas que vedem expressamente a prática de atos de corrução (cláusulas anticorrupção),
embora existam medidas pontuais nesse sentido, conforme apresentado.
Como registro de boa prática adotada pelo Serpro, cabe destacar o uso do sistema interno
Histórico de Aquisições - HISAQ, em que são registradas informações sobre os contratos e seus
respectivos fornecedores, subsidiando a empresa na gestão dos contratos ao longo de todo seu ciclo
de vida.
Sugestões de Melhoria
Inserir cláusulas relacionadas à integridade em todos os modelos de contratos de
despesa;
Incluir temas da integridade na pauta das reuniões com fornecedores (Plano de Inserção
da Contratada), tais como ética, conflito de interesses, corrupção e fraude;
Estabelecer critérios para a classificação dos contratos firmados pelo Serpro, com base
no nível de exposição dos contratos a riscos de fraude, corrupção e desvios;
Submeter os empregados e terceiros responsáveis por contratos a verificações rotineiras
quanto a observância ao programa de integridade. A periodicidade e o escopo dessas
verificações devem variar com o grau de exposição a riscos do contrato. Por exemplo, a
empresa pode atribuir um perfil de risco ao contrato (alto, médio e baixo), variando a
periodicidade e o escopo da diligência de acordo com o perfil do contrato;
Criar os procedimentos de guarda e arquivamento das diligências realizadas;
Desenvolver mecanismos para incentivar os fornecedores/terceirizados a denunciarem
as posturas contrárias à ética e integridade institucional.
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12. Verificação, durante os processos de fusões, aquisições e outras operações
societárias, do cometimento de irregularidades ou ilícitos ou da existência de
vulnerabilidades nas pessoas jurídicas envolvidas
Neste item, seriam analisadas, quanto à existência e adequação, as regras e procedimentos
da empresa relacionados à realização de verificações previamente a fusões, aquisições ou outras
operações societárias, objetivando identificar eventual histórico, por parte da empresa alvo (a ser
adquirida, com a qual a estatal pretende se fundir, etc), de envolvimento com corrupção ou outros
tipos de condutas ilegais ou antiéticas.
Tendo em vista que o capital social do Serpro é integralmente subscrito pela União,
conforme consta do art. 4º do Estatuto Social da empresa, as supracitadas verificações não foram
realizadas.
Art. 4o O capital social do Serpro é de R$ 613.618.808,15 (seiscentos e treze
milhões, seiscentos e dezoito mil, oitocentos e oito reais e quinze centavos),
integralmente subscrito pela União.
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13. Monitoramento contínuo do programa de integridade visando seu
aperfeiçoamento na prevenção, detecção e combate à ocorrência de atos lesivos
Monitorar a aplicação do programa de integridade significa verificar se esse está sendo
devidamente aplicado e se está sendo efetivo e eficaz. O monitoramento é um processo contínuo
e representa importante ferramenta de auxílio na administração da empresa, por meio do qual ficará
evidenciado se as políticas e os procedimentos criados são suficientes e satisfatórios. Trata-se de
atividade a ser realizada de forma constante, como parte da rotina da organização.
Além desse monitoramento contínuo, no dia a dia da empresa, também podem ser
realizadas avaliações independentes, por meio de auditorias focadas na avaliação do
funcionamento de determinadas políticas ou mecanismos do programa de integridade. Estas
avaliações independentes podem ser realizadas pela auditoria interna da empresa ou por auditoria
externa.
Devido ao estágio inicial de implantação do Programa de Integridade do Serpro, não foi
possível avaliar seu monitoramento contínuo, de modo que as sugestões de melhoria abaixo
apresentadas visam auxiliar a empresa no estabelecimento de boas práticas para sua realização.
Sugestões de Melhoria
Instituir mecanismos de monitoramento para verificar a efetiva implementação do
programa de integridade, de forma a possibilitar a identificação de pontos falhos que
possam ensejar correções e aprimoramentos;
Definir regras estabelecendo rotinas e processos de monitoramento do programa de
integridade;
Criar indicadores para acompanhar a aplicação e o funcionamento das diversas medidas
de integridade instituídas;
Definir estratégia coordenada de monitoramento com participação das áreas envolvidas
com o programa de integridade;
Reportar indicadores e produtos do monitoramento para a Alta Direção e com posterior
disponibilização no Portal Corporativo, com acesso a partir do sítio da internet.
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14. Transparência da pessoa jurídica
Foram analisadas as rotinas adotadas pela entidade para divulgação ativa e passiva de
informações relevantes ao público interno e externo. Avaliou-se o cumprimento de dispositivos da
Lei nº 12.527/2011 e do Decreto nº 7.724/2012, bem como da Resolução CGPAR nº 05/2015,
observando, adicionalmente, se a empresa promove a divulgação das pautas e atas das reuniões da
alta direção.
O Serpro possui em seu Portal Corporativo página específica para a divulgação do Serviço
de Informação ao Cidadão (e-SIC). Os pedidos de solicitação podem ser realizados por e-mail,
telefone ou diretamente pelo sistema de informações e-SIC. O protocolo de requerimentos é
devidamente efetuado via sistema, independente do meio utilizado pelo cidadão (telefone, carta,
e-mail, ouvidoria) para a requisição.
Ademais, foi verificado que o Serpro disponibiliza acesso a diversas informações da
empresa, conforme determina a Lei de Acesso à Informação, por meio do seu Portal Corporativo.
O endereço reúne as informações que são de interesse da sociedade não classificadas como
sigilosas.
No entanto, não foi evidenciado o cumprimento de todos os elementos e determinações
relacionadas à transparência ativa contidas na Lei nº 12.527/2011 e no Decreto nº 7.724/2012:
Os indicadores referentes à atuação da UNISE (Universidade Corporativa) estão
desatualizados, as informações que constam do Portal referem-se ao exercício de
2014;
Não foram identificadas informações referentes aos principais indicadores de
resultado da companhia;
As informações sobre repasses ou transferências de recursos financeiros realizados
por meio dos Termos de Cooperação e Congêneres estão desatualizadas. A
referência mais atual data de maio de 2011;
Em relação a execução orçamentária e financeira, as informações das despesas não
apresentam detalhamento, o que dificulta o entendimento e não atende ao
preconizado na legislação;
No que se refere a Grandes Obras, as informações estão desatualizadas. A
referência mais atual data de junho de 2009;
Quanto a Diárias e Passagens, as informações divulgadas carecem de detalhamento.
Em relação aos contratos firmados pela empresa, foi verificado que o Serpro divulga em
seu Portal Corporativo as informações sobre contratos firmados na condição de contratante.
Contudo, não foram evidenciadas informações atinentes a divulgação dos contratos em que a
empresa figure na condição de contratada (contratos com outras instituições da Administração
Pública).
As informações sobre benefícios constantes do sítio da internet estão atualizadas e
contemplam informações de “despesas com tíquete”, “despesas com auxílio creche/escolar”,
“despesas com auxilio filho PNE” e “despesas com vale-transporte”.
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Com relação às informações sobre a remuneração dos empregados da empresa, foi
verificado que os valores divulgados estão agrupados por unidade organizacional, e são
mensalmente atualizados. Existe ainda a possibilidade de consulta nominal ou por CPF. Nesta
consulta, é possível verificar se o empregado recebe jetons. Os proventos de aposentadoria e
pensões daqueles que estiverem na ativa não são discriminados.
Não foi evidenciado o cumprimento de todos os elementos e determinações relacionadas à
transparência ativa requeridas pela Resolução CGPAR nº 05/2015:
Extrato das atas de assembleias gerais, pautas (prévias e deliberadas) e as atas das
reuniões da Alta Direção não são publicadas na internet;
O último Balanço Social publicado data de 2010;
O currículo profissional resumido dos conselheiros não possui acesso direto.
Sugestões de Melhoria
Revisar os dados de transparência ativa disponíveis no sítio da internet, de modo a
garantir o alinhamento e a adequação às exigências previstas na Lei nº 12.527/2011
(LAI), no Decreto nº 7.724/2012 e na Resolução CGPAR nº 05/2015;
Implementar rotina de verificação e atualização periódica das informações publicadas;
Divulgar no Portal Corporativo, com acesso a partir do sítio da internet, as pautas e atas
de reunião dos Conselhos e da Diretoria Executiva, ressalvados os casos de sigilo
legalmente instituídos.
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15. Processo de tomada de decisões
Nesse item foi verificado se o processo de tomada de decisões pela Alta Direção segue
regras adequadas e consistentes, é baseado em estudos técnicos e dispõe de mecanismos que visem
reduzir a assimetria de informação entre o nível operacional e o decisório.
Além disso, essa seção tem como objetivo analisar os parâmetros de governança aplicáveis
ao Conselho Diretor da entidade, verificando se ele possui membros com experiência,
conhecimento, reputação ilibada e disponibilidade necessária para o cumprimento de suas
atribuições, bem como se possui composição multidisciplinar e parcela dos membros
independentes, não sendo presidido pelo Diretor-presidente da entidade.
No Serpro, os limites de alçada estão dispostos na Resolução DE-008/2015 – Delegação
Direta de Poderes a Titulares de Cargos de Direção e Chefia e compreendem os seguintes tópicos:
Aquisições ou locação de bens, materiais e serviços, execução e repactuação de
contratos;
Autorização de adiantamentos, realização ou reembolso de despesas;
Homologação de contratações, assinaturas, aditamentos e rescisões de instrumentos
contratuais de despesas, termos de cooperação, acordos e instrumentos congêneres;
Movimentações e transferência de recursos entre contas bancárias do Serpro;
Pagamentos relativos a pessoal, encargos trabalhistas, tributários e previdenciários,
incluindo-se aqueles relativos ao Fundo de Previdência Complementar – Serpros;
Propostas e contratos comerciais de prestação de serviços pelo Serpro a seus
clientes externos;
Relevar multas a fornecedores e encargos moratórios.
Em análise aos limites de alçada constantes do normativo em pauta, constatou-se que o
Serpro não estabelece critérios, situações e valores para definir o que sejam “grandes operações”
no âmbito da organização, expressas como parte da execução de procedimentos os quais envolvam
grande vulto de recursos orçamentários ou financeiros, destinados ao tratamento de investimentos,
alienações, contratos de despesas, transformações societárias e concessões ou tomada de
financiamentos, bem como não estabelece quaisquer limites de alçada para alienações dos bens da
empresa.
O Serpro dispõe também da Norma GA-018/2015 – Planejamento das Contratações, a qual
atribui ao Grupo Técnico de Estudos Preliminares – GTEP a responsabilidade pela realização de
estudos prévios à tomada de decisões, voltados exclusivamente a subsidiar a elaboração de
Projetos Básicos e Termos de Referência. Não foram identificadas outras formas de estudos
preliminares formalmente previstas e conduzidas pela organização.
Quanto à existência de políticas ou normas as quais estabeleçam regras de encaminhamento
e tramitação de registros das pautas a serem deliberadas nas reuniões da Alta Direção, ou mesmo
normas que estabeleçam critérios de inclusão de assuntos não previstos em pauta, verificou-se que
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a entidade não dispõe de dispositivos formalmente estabelecidos, nos quais constem o regramento
de procedimentos e prazos que assegurem às partes interessadas a comunicação tempestiva sobre
os processos objeto de voto, ou mesmo sobre a inclusão de assuntos extrapauta.
Ademais, nas atas de reuniões encaminhadas a equipe de auditoria, não foram identificados
registros relativos às manifestações individuais de voto por Conselheiros e Diretores do Serpro, de
modo a formalizar as situações de conflito ou divergências de opiniões nas deliberações, como
também nas circunstâncias em que haja discordância quanto a manifestações expressas nos estudos
técnicos e pareceres apresentados, acompanhadas das respectivas fundamentações.
No concernente ao ferramental de apoio à tomada de decisões, a empresa não dispõe de um
repositório único para armazenamento das atas de reuniões, do histórico de e-mails trocados com
Conselheiros e Diretores da empresa, além do histórico de documentos os quais subsidiem a
condução do Processo Decisório da Diretoria do Serpro.
Relativamente ao Conselho Diretor, restou demonstrado que a composição do grupo de
Conselheiros é multidisciplinar, posto contar com profissionais qualificados em Direito, Economia
e Finanças, Relações Internacionais e Tecnologia da Informação. Por outro lado, não foram
evidenciadas quaisquer vedações formais à nomeação de representantes de órgãos reguladores,
dirigentes estatutários de partidos políticos e titulares de mandatos no Poder Legislativo como
membros do Conselho Diretor.
Como parte da tomada de decisões na empresa, foram examinados os processos de
alienação de bens de Tecnologia da Informação ocorridos ao longo dos exercícios de 2014 e 2015,
com foco em doações de equipamentos para atendimento a Programas Sociais do Governo Federal.
Dentre os processos avaliados, cabe menção à Decisão de Diretoria 0057/2015, a qual
concedeu autorização para o desfazimento de equipamento sintetizador de voz, equipamento de
segurança de rede e dois subsistemas de discos, dentre outros, todos considerados inservíveis ao
Serpro, destinando-os à doação a Programas Sociais do Governo.
A aludida decisão não contou com pareceres de áreas técnicas da empresa, os quais
assegurassem às entidades donatárias o atendimento a condições mínimas necessárias ao
cumprimento da finalidade social a que se destinam as doações desta natureza. Tais pareceres
mostram-se especialmente relevantes, em virtude da especificidade técnica e complexidade de
configuração e operação dos equipamentos, acrescidas dos respectivos custos operacionais e de
futuras manutenções dos bens.
Em decorrência do exposto, os controles relativos ao processo de doação de bens de
Tecnologia da Informação visando o atendimento a Programas Sociais do Governo ou ainda às
diretrizes do Programa Serpro de Inclusão Digital – PSID apresentam as seguintes oportunidades
de melhoria:
Sugestões de Melhoria
Abster-se de realizar doações de bens em ano eleitoral;
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Tornar mandatória a apresentação de pareceres técnicos, emitidos como peças
integrantes do Processo Decisório da Diretoria do Serpro, que ratifiquem a adequação
dos equipamentos a serem doados quanto ao atendimento aos objetivos preceituados no
Programa Serpro de Inclusão Digital – PSID ou em outros programas governamentais
de cunho social, visando mitigar riscos de desvio de finalidade de uso dos equipamentos
pelas entidades donatárias.
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5. Conclusão
A partir das fragilidades apontadas neste relatório, bem como considerando as sugestões
de melhoria aqui propostas e as providências já adotadas pelo gestor, recomenda-se ao Serpro que:
Elabore plano de ação contendo as providências que serão adotadas pela empresa
com vistas a promover o aprimoramento de seus mecanismos de integridade. Além
das atividades previstas, o plano deve apresentar um cronograma e os responsáveis
por cada atividade. Ressalta-se que os desdobramentos desse plano serão acompa-
nhados periodicamente pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
Conforme acordado durante as Reuniões de Busca Conjunta de Soluções, o plano de ação
deverá ser encaminhado a CGU até 24/01/2017.