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Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento

de Estudos Económicos do Banco de Portugal

2014

Vítor Gaspar

Fátima Barros

Ricardo Reis

João Santos

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Lisboa, 2014

Design Banco de Portugal | Departamento de Serviços de Apoio | Serviço de Edições e Publicações

ISSN (online) 2183-3508

ÍndiceDisclaimer | 7

Agradecimentos | 9

Sumário executivo: Conclusões e principais recomendações | 11

Introdução | 16

PARTE 1. Atividades

1. Participação no Eurosistema | 18

Caixa 1: Processo de decisão do Eurosistema | 18

Caixa 2: Preparação das projeções macroeconómicas | 20

2. Aconselhamento de política ao Governador do Banco de Portugal | 20

3. Estudos | 22

3.1. Divulgação em publicações académicas | 22

Caixa 3: Sistema de pontuação do BCE para as publicações | 23

3.2. Working Papers | 24

4. Publicações regulares e comunicação | 25

4.1. Publicações regulares | 254.1.1. Publicações regulares produzidas pelo DEE | 264.1.2. Divulgação e impacto das publicações do DEE nos meios

de comunicação social | 27

4.2. Outras publicações institucionais do DEE | 30

Caixa 4: Livro A Economia Portuguesa no Contexto da Integração Económica, Financeira e Monetária | 31

4.3. Seminários, cursos, conferências e workshops | 32

4.4. Comunicação interna do DEE | 33

5. Cooperação institucional | 33

5.1. Outros departamentos do Banco de Portugal | 33

5.2. Instituições nacionais | 34

5.3. Instituições internacionais | 35

PARTE 2. Tópicos especiais

6. A economia portuguesa | 36

6.1. Indicadores económicos | 36

6.2. Previsões | 37

6.3. Estudos estruturais | 39

7. Criação de uma nova Área de Intermediação Financeira no DEE | 40

7.1. Anteriores atividades do DEE relacionadas com a Intermediação Financeira | 40

7.2. Proposta de criação de uma Área de Intermediação Financeira no DEE | 41

7.3. Proposta de responsabilidades da Área de Intermediação Financeira | 42

PARTE 3. Organização e recursos humanos

8. Organização | 45

9. Demografia | 46

10. Processo de recrutamento | 46

11. Carreiras | 48

12. Formação | 52

13. Mobilidade | 52

PARTE 4. Recomendações e sugestões

1.ª Recomendação principal. Estabelecer um quadro de programação e avaliação | 54

2.ª Recomendação principal. Melhorar a gestão de recursos humanos | 54

3.ª Recomendação principal. Identificar a intermediação financeira e a integração financeira europeia como prioridades para os próximos três anos e criar uma Área de Intermediação Financeira | 56

4.ª Recomendação principal. Procurar a excelência na investigação | 57

5.ª Recomendação principal. Reconsiderar a comunicação | 58

6. Outras recomendações relevantes | 58

Gráficos e Quadros

Quadro 1.1 Representação institucional internacional do Banco de Portugal em 2013 | 59

Quadro 1.2 Representação institucional internacional do DEE em 2013 | 59

Gráfico 3.1 Evolução do número total de artigos publicados em revistas com peer-review e dos artigos ponderados pelo ranking do BCE | 60

Gráfico 3.2 JEL CODES dos artigos publicados em revistas com peer-review (em número de artigos) | 60

Gráfico 3.3 Concentração do número de artigos (por economista) | 61

Gráfico 3.4 Working Papers publicados na série do Banco de Portugal | 61

Tabela 3.1 Lista de publicações de acordo com o sistema de pontos do BCE | 62

Gráfico 4.1 Evolução do número total de notícias associadas ao DEE e desagregação por publicação | 63

Gráfico 4.2 Evolução do número total de notícias associadas ao Boletim Económico e desagregação por meio de divulgação | 63

Gráfico 4.3 Divisão do total de notícias associadas às publicações do DEE (para 2013) | 64

Gráfico 4.4 Número de acessos ao Boletim Económico através do sítio institucional do Banco de Portugal (desde 2012; dados por publicação) | 64

Gráfico 4.5 Frequência de consulta das publicações regulares do DEE | 65

Gráfico 4.6 Divisão das OTS por publicação do DEE | 65

Gráfico 4.7 Evolução do número total de notícias associadas ao Relatório Anual e desagregação por meio de divulgação | 66

Gráfico 4.8 Evolução do número total de notícias associadas aos Indicadores de Conjuntura e desagregação por meio de divulgação | 66

Gráfico 4.9 Número de acessos aos Indicadores de Conjuntura através do sítio institucional do Banco de Portugal (desde 2012; dados por publicação) | 67

Gráfico 4.10 Número de acessos ao Indicador Coincidente através do sítio institucional do Banco de Portugal (desde 2012; dados por mês de calendário) | 67

Gráfico 4.11 Evolução do número total de notícias associadas ao Relatório de Estabilidade Financeira e desagregação por meio de divulgação | 68

Gráfico 4.12 Número de acessos ao Relatório de Estabilidade Financeira através do sítio institucional do Banco de Portugal (desde 2012; dados por publicação) | 68

Gráfico 4.13 Evolução do número total de notícias associadas ao DEE e desagregação por meio de divulgação | 69

Gráfico 4.14 Peso de cada tipo de meio de comunicação nas notícias associadas ao DEE (para 2013) | 69

Gráfico 4.15 Peso de cada tipo de suporte utilizado na consulta das publicações do DEE | 70

Gráfico 4.16 Número de acessos ao Livro A Economia Portuguesa no Contexto da Integração Económica, Financeira e Monetária através do sítio institucional do Banco de Portugal (desde 2012; dados por mês de calendário) | 70

Gráfico 4.17 Seminários e cursos organizados pelo DEE | 71

Quadro 9.1 Evolução dos efetivos do DEE (a 31 de dezembro de cada ano) | 71

Quadro 12.1 Exemplos de iniciativas internas específicas centradas em questões técnicas | 72

Quadro 12.2 Formação externa do DEE (2011-2013) | 72

Quadro 13.1 Mobilidade Interna DEE (2011-2013) | 73

Quadro 13.2 Mobilidade Externa DEE (2011-2013) | 73

Anexos

Anexo I. Mandato da Comissão independente de avaliação das atividades do DEE | 74

Anexo II. Acrónimos e abreviaturas | 75

Anexo III. Fontes de informação utilizadas | 75

7Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

DisclaimerO presente relatório é da autoria do Professor Vítor Gaspar (Presidente da Comissão), Banco de Portugal, da Professora Fátima Barros, ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações, do Professor Ricardo Reis, Columbia University e do Professor João Santos, do Federal Reserve Bank of New York, que compõem a comissão de avaliação independente nomeada pelo Banco de Por-tugal para avaliar as atividades do Departamento de Estudos Económicos (doravante designado por “DEE” ou “Departamento”).

As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente as do Banco de Portugal, do Eurosistema, da ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações, do Federal Reserve Bank of New York ou do Federal Reserve System.

9Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

AgradecimentosOs membros da Comissão de Avaliação gostariam de agradecer à Direção do Departamento de Estudos Económicos pela extraordinária cooperação durante este processo e, em particular, por toda a informação prestada e a disponibilidade demonstrada para trocas de opiniões alargadas.

Gostaríamos igualmente de agradecer ao Dr. Jorge Correia da Cunha (consultor da Direção do Departamento de Estudos Económicos) e aos coordenadores de área do DEE por toda a colabo-ração. Os membros da Comissão de Avaliação agradecem também a todos os técnicos do DEE pela disponibilidade demonstrada para entrevistas com a Comissão e por terem partilhado as suas opiniões acerca do funcionamento do Departamento.

Gostaríamos também de agradecer a todos os que no Banco de Portugal leram o relatório e apresentaram comentários e sugestões úteis e aos que se disponibilizaram para entrevistas com a Comissão e responderam aos questionários enviados.

A Comissão agradece igualmente todo o trabalho de apoio prestado pela Dra. Hélia Mendes (Secretariado da Comissão).

Gostaríamos de agradecer ao atual Governador e ao seu antecessor, bem como aos restantes membros do Conselho de Administração do Banco de Portugal por toda a colaboração e pela partilha de opiniões acerca do Departamento.

11Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Sumário executivo: Conclusões e principais recomendaçõesA nossa avaliação global do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal, duran-te o período em análise (2000-2013), é positiva.

O DEE faculta análises, informação e aconselhamento ao Governador, em particular, enquanto membro do Conselho do BCE. O Departamento participa ativamente nos trabalhos do Euro-sistema e do Sistema Europeu de Bancos Centrais. Os contributos do DEE são avaliados de forma muito positiva pelos interessados. Foram particularmente relevantes os contributos para a estratégia de política monetária do BCE no que respeita aos agregados monetários e previsões económicas.

O DEE produz trabalhos de referência. As suas publicações são consideradas pelos economistas como importantes para a sua análise da economia portuguesa. O Boletim Económico e o Relatório Anual foram, durante o período em análise, publicações de referência. O Boletim Económico, que inclui previsões para a economia portuguesa, tornou-se gradualmente a publicação com mais impacto. Atualmente, tem uma importância significativa e é amplamente utilizado pela imprensa, pelo público em geral, por economistas profissionais e investigadores. Este facto é comprovado através da análise do impacto nos meios de comunicação social, dos acessos pela internet e de inquéritos realizados. Em geral, a visibilidade do trabalho sobre a economia portuguesa parece estar a aumentar. Esta tendência beneficiou de um aumento substancial da importância do aces-so e uso eletrónico das publicações do Banco de Portugal.

Um bom exemplo da qualidade dos trabalhos produzidos pelo DEE é o livro A Economia Portu-guesa no Contexto da Integração Económica, Financeira e Monetária, divulgado em 2009. Este livro agrega contribuições diversificadas de todas as áreas do Departamento. O livro utiliza de forma eficaz as sinergias entre investigação e trabalho de política. Baseia-se em investigação que foi previamente publicada em algumas das melhores revistas científicas. Em 2013, o livro foi consul-tado mais de 20 000 vezes no sítio institucional do Banco de Portugal.

O DEE produz trabalho analítico ao nível do que é divulgado em revistas científicas com peer--review. Entre 2000 e 2013, os economistas do DEE publicaram 172 artigos em revistas científicas. 19 destes artigos foram publicados em revistas científicas de topo. Ao longo dos últimos anos, o número de artigos publicados em revistas científicas tendeu claramente a aumentar. O DEE está posicionado entre as melhores instituições de investigação económica em Portugal. O Departa-mento estabeleceu, no Eurosistema, uma reputação de excelência na investigação. As principais áreas de publicação são, sem surpresa, economia monetária e macroeconomia. Um ponto forte do Departamento é a utilização de extensas bases de dados micro para investigar tópicos como intermediação financeira, mercado de trabalho, mercado do produto e comércio internacional. Tal coloca o DEE na vanguarda da investigação em curso.

Ao longo dos anos, o DEE realizou contributos relevantes na área de intermediação financeira e estabilidade financeira. O Relatório de Estabilidade Financeira, publicação regular desde 2005, é particularmente notável1. O Departamento tem também participado, com sucesso, na Household Finance and Consumption Network, no âmbito do Eurosistema.

1. No âmbito da missão do Banco de Portugal de promover e salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro foi decidido, em 2013, criar o Depar-tamento de Estabilidade Financeira que passou a coordenar as atividades relacionadas com a definição de política na área de estabilidade financeira.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal12

No Relatório de Avaliação das Atividades de Investigação do BCE, de 2004, os avaliadores escre-veram2: “Economistas orientados para a vertente académica proporcionam benefícios adicionais a um banco central ( ) estes economistas estão aptos a modelizar circunstâncias económicas normalmente não encontradas na realidade, tais como instabilidade financeira ou deflação, e a desenvolver estratégias para as solucionar”. Esta capacidade de adaptação, no caso do DEE, é ilustrada pela produção dos Planos de Financiamento e de Capital e dos Testes de Esforço (Stress Tests), no âmbito da crise financeira.

O DEE tem demonstrado capacidade para atrair e reter excelentes colaboradores. Nos últimos 10 anos, a média de colaboradores foi de 77. Em 2013, diminuiu para 73, dado que alguns dos colaboradores integraram o novo Departamento de Estabilidade Financeira (doravante designa-do por “DES”). A fração de economistas com Doutoramento aumentou, de 1/5, em 2000, para 1/3, em 2013. O Departamento revela uma forte ética baseada na deontologia de investigação. Tal permite aos colaboradores trabalharem com notável coesão mesmo em condições de pressão.

A nossa avaliação global do DEE é positiva. Contudo, a Comissão de Avaliação do Departamento de Estudos Económicos (doravante também designada por “Comissão”) é da opinião que existe potencial para melhoria. Dada a quantidade e qualidade dos recursos disponíveis, o DEE pode aproximar-se mais da sua fronteira de eficiência. Para tal, deverá superar fragilidades detetadas em algumas áreas. Primeiramente, a prática de gestão poderia melhorar se seguisse uma abor-dagem “top-down” no que respeita ao planeamento estratégico e à definição de prioridades. A comparação sistemática de resultados relativamente aos objetivos definidos também deverá ser adotada como prática corrente. Em segundo lugar, atrair, reter e desenvolver talento profissional é um objetivo essencial. Por conseguinte, a estratégia de recrutamento deverá ter em vista as necessidades do Departamento. Em terceiro lugar, os fatores financeiros serão elementos deci-sivos no desempenho futuro da economia portuguesa e as mudanças institucionais relacionadas com a União Bancária moldarão o papel do Banco de Portugal. Assim, a intermediação financei-ra e a integração financeira europeia deverão ser prioridades para o médio prazo. Em quarto lugar, deverá continuar a procurar-se a excelência na investigação. Finalmente, o Departamento desempenha uma atividade central no âmbito das publicações institucionais do Banco de Por-tugal. As publicações devem ter uma estrutura clara e ser direcionadas, centradas nos aspetos essenciais e simplificadas.

Por conseguinte, a Comissão apresenta um número de recomendações e sugestões. As princi-pais recomendações estão incluídas no Sumário Executivo. A lista completa de recomendações e sugestões é apresentada no final do Relatório. As principais recomendações relacionam-se com a gestão e organização interna, assim como com alguns dos principais produtos do Depar-tamento.

1.ª Recomendação principal Estabelecer um quadro de programação e avaliaçãoConsiderando os prazos longos em que decorre o trabalho de investigação e o trabalho analí-tico, o DEE deverá desenvolver um quadro de programação e avaliação. Este enquadramento permitiria ao Departamento acompanhar a forma de utilização de recursos no desempenho das

2. Tradução da Comissão de Avaliação do DEE.

13Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

suas tarefas e funções. O quadro de programação e avaliação deverá envolver o ciclo comple-to de programação de atividades: planeamento, acompanhamento, avaliação e comunicação. O planeamento anual das atividades deverá ter como base as prioridades definidas no plano estratégico do Banco de Portugal e definir objetivos e indicadores-chave de desempenho para avaliar os progressos. As atividades de investigação e o trabalho analítico deverão ser progra-mados tendo por base regras claras e levando em consideração as prioridades do Banco. A informação sobre o planeamento e programação das atividades deverá ser prestada a todos os colaboradores.

O quadro de programação e avaliação requer que estejam disponíveis métricas para avaliar a quantidade e a qualidade do trabalho produzido. Em muitos casos será necessário obter regularmente a opinião dos respetivos interessados. Esta observação aplica-se ao trabalho de política e às atividades de consultoria prestadas pelo DEE a outros Departamentos.

A realização regular de avaliações externas ao DEE poderá fazer parte do quadro de programa-ção e avaliação.

2.ª Recomendação principal Melhorar a gestão de recursos humanosOs recursos humanos são o principal ativo do Departamento. Atrair, desenvolver e reter talento profissional é um desafio-chave da gestão. A gestão de recursos humanos deverá ser integrada no quadro de programação e avaliação de molde a garantir o alinhamento de objetivos. Este alinhamento entre os objetivos da organização e os de cada colaborador ajudará também a assegurar objetividade na avaliação ex post de desempenho.

Na opinião da Comissão é importante definir um enquadramento que permita o desenvolvi-mento profissional e a progressão na carreira. O Banco de Portugal poderá considerar a pos-sibilidade de criar uma carreira de consultor. Esta carreira abriria possibilidades de promoção que mimetizariam a evolução permitida, no quadro das regras atuais, pela promoção a cargos de gestão. A carreira de consultor estaria aberta a profissionais excelentes. Estaria disponível para alguns profissionais especializados em trabalho de política, assim como para investigadores muito produtivos. Em todo o caso, a Comissão considera que as regras a aplicar à promoção de investigadores deveriam ser claramente definidas e comunicadas. Um aspeto importante é o de que deverá ser assegurado tempo suficiente para a realização de investigação. Em particular, os economistas recrutados imediatamente após a finalização do seu Doutoramento deverão ter disponível um período de tempo durante o qual estarão concentrados (quase) exclusivamente em garantir a publicação dos seus artigos.

O Banco de Portugal deverá considerar a implementação de um sistema que permita identifi-car colaboradores com elevado potencial. A gestão destas carreiras poderá envolver mobilidade interna e externa.

Na opinião da Comissão, a eficiência no trabalho de investigação e de análise poderia aumentar substancialmente se o DEE recorresse a Assistentes de Investigação. Estes assistentes poderiam assegurar um conjunto vasto de tarefas de rotina, permitindo, desse modo, aos colaboradores do Departamento a concentração em tarefas mais exigentes.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal14

3.ª Recomendação principal Identificar a intermediação financeira e a integração financeira europeia como prioridades para os próximos três anos e criar uma Área de Intermediação FinanceiraA Comissão considera que a intermediação financeira e a integração financeira europeia serão cruciais para o Banco de Portugal e para o país nos próximos anos. Primeiramente, a estrutura financeira em mudança será um fator fundamental para moldar as tendências e o desempe-nho da economia portuguesa. Em segundo lugar, a União Bancária implicará que o processo de tomada de decisão relativo a políticas micro e macroprudenciais se aproxime do padrão do Eurosistema para a política monetária.

Em consonância com esta ideia, encontra-se o objetivo “Estabilidade financeira no contexto euro-peu”, a primeira de quatro linhas gerais de orientação estratégica definidas pelo Banco de Por-tugal para os próximos três anos. O Departamento pode contribuir para esta linha estratégica de várias formas.

O DEE deverá reforçar a análise e previsão da economia portuguesa através da modelização explícita de fatores financeiros. O Departamento deverá contribuir para a estimação das condi-ções monetárias e de crédito em Portugal e para a compreensão do mecanismo de transmissão monetária. Uma questão mais vasta consiste na análise e documentação da evolução da inter-mediação financeira em Portugal no contexto de uma transformação financeira na Europa. Para tal, é crucial explorar sinergias dentro do DEE.

No domínio da estabilidade financeira é particularmente crítico que o aconselhamento de políti-ca pelos colaboradores do Banco de Portugal se encontre organizado como um processo inter-departamental para garantir que a informação, o conhecimento e a diversidade de opiniões são adequadamente refletidos no processo de definição de uma posição institucional. Por conse-guinte, o DEE deverá cooperar de forma intensiva com outros departamentos do Banco. O DEE deverá produzir investigação relevante e proporcionar instrumentos de análise e análises de política aos departamentos macro e microprudenciais. O Departamento também deverá ser um participante ativo no processo de edição do Relatório de Estabilidade Financeira, o qual deverá continuar a ser liderado pelo Departamento de Estabilidade Financeira.

Para que o DEE possa desenvolver a capacidade necessária para contribuir para estas priorida-des, a Comissão recomenda a criação da Área de Intermediação Financeira no DEE.

4.ª Recomendação principal Procurar a excelência na investigaçãoRelativamente à investigação, a Comissão considera que a trajetória de excelência deve ser con-tinuada e reforçada. A investigação deverá ter como objetivo a publicação em revistas científicas de topo. Clareza na carreira de investigação, acima mencionada, é um elemento fundamental. Uma outra contribuição importante seria a adoção de um sistema de pontos para classificação das publicações científicas e para quantificar o trabalho de investigação. Este indicador seria utilizado na avaliação de desempenho dos colaboradores. Para este efeito, a Comissão sugere a adoção de um sistema similar ao utilizado no BCE. É também importante explorar sinergias

15Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

entre trabalho de investigação e de política. Deste ponto de vista, seria particularmente relevante a sinalização de áreas prioritárias por parte do Banco de Portugal como entidade decisora de política.

5.ª Recomendação principal Reconsiderar a comunicação Relativamente à contribuição do DEE para a comunicação externa, a Comissão considera que é adequado repensar a atual política. A comunicação externa deveria garantir uma transmissão clara de mensagens aos públicos-alvo. Para o efeito, a política de comunicação deveria identifi-car os públicos-alvo, as suas necessidades e os objetivos da comunicação. O Boletim Económico tornou-se a publicação de referência do Banco de Portugal. Atualmente é o principal veículo de difusão da opinião do banco central sobre a situação corrente e as perspetivas para a economia portuguesa. É o principal veículo de comunicação com o público em geral. A Comissão sugere que um economista sénior do Departamento passe a desempenhar a tarefa de editor do Boletim Económico. Tal facilitaria a transição para um estilo de comunicação mais simples e mais direto. O processo de produção deve estar associado a procedimentos internos que visem o debate prévio da situação global e das principais ideias de política. Os artigos do Boletim Económico deverão ser acessíveis a um público vasto e concentrar-se em tópicos relevantes para o debate de política.

A Comissão considera também que o Relatório Anual poderá fazer a transição para um formato--padrão de Relatório e Contas anual de uma instituição. No mesmo sentido, os Indicadores de Conjuntura poderão ser limitados a tabelas e quadros. A divulgação dos Indicadores Coincidentes poderá ser realizada juntamente com um comunicado de imprensa específico.

Ao nível da investigação, os Working Papers deveriam ser uma série cujo objetivo fosse o de difundir a investigação realizada no Banco de Portugal. O propósito seria o de divulgar antecipa-damente o trabalho analítico com potencial de ser publicado em revistas científicas de topo. Os Working Papers deverão ser submetidos, para publicação, a revistas científicas com referee. A série deverá ser da responsabilidade do DEE, mas estar aberta à receção de trabalhos de colaborado-res de outros Departamentos.

Outros trabalhos analíticos poderão ser divulgados numa nova série: Staff Technical Notes. Esta nova série deverá conter o enquadramento analítico subjacente a alguns artigos publicados no Boletim Económico. Também substituiria os Occasional Papers, os quais seriam, entretanto, des-continuados.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal16

IntroduçãoO Relatório constitui uma primeira análise estratégica do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal. As análises estratégicas das atividades de investigação em entidades decisoras de política estão a tornar-se uma prática comum. Decidiu-se, em vários casos, que as referidas aná-lises estratégicas serão realizadas numa base regular.

O âmbito do Relatório é abrangente, refletindo o mandato atribuído à Comissão. O relatório cobre atividades de investigação realizadas no Departamento de Estudos Económicos do Banco de Por-tugal. Entende-se aqui por investigação a produção de documentos de análise com potencial para serem publicados em revistas académicas de referência sujeitas a peer-review. O relatório segue-se, assim, a um número considerável de relatórios de avaliação recentes. A excelência na investigação é importante em qualquer entidade decisora de política, em particular nos Bancos Centrais Nacionais (doravante designados por “BCN”) que participam no Eurosistema. Uma investigação de elevada qualidade ainda é mais importante em tempos de crise, uma vez que a condução e funcionamento da política se desviam de trilhos já batidos.

No que se refere a publicações de estudos e publicações institucionais, a Comissão avalia a respetiva quantidade, qualidade, relevância e impacto. Relativamente a atividades de investigação, a avaliação da quantidade, qualidade e relevância segue uma prática que se tornou comum nos últimos anos.

Contudo, o mandato da Comissão abrange um número considerável de domínios para além da Investigação. Inclui a avaliação de outras atividades centrais ao Departamento, nomeadamente aconselhamento de política no contexto do Eurosistema e do Sistema Europeu de Bancos Centrais (em particular sobre política monetária); aconselhamento sobre estabilidade financeira (tanto a nível nacional como europeu); aconselhamento ao Governo sobre a condução de políticas económicas em Portugal, bem como outras questões pertinentes relativas à política dos bancos centrais. O man-dato envolve igualmente a avaliação do contributo do Departamento para as publicações institu-cionais do Banco (incluindo o Relatório Anual e o Boletim Económico). O Departamento representa o Banco de Portugal num vasto número de estruturas do Eurosistema. Assegura igualmente a sua representação na União Europeia (doravante designada por “UE”), na Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (doravante designada por “OCDE”) e no Eurostat. Por último, mas não menos importante, o Departamento contribui para a capacidade do Banco de Portugal ao captar, formar e manter recursos humanos.

O Banco de Portugal é membro do Eurosistema. O principal objetivo do Eurosistema consiste na manutenção da estabilidade de preços. Com esse objetivo em mente, o Eurosistema define e imple-menta a política monetária única. O Eurosistema é governado pelos órgãos de decisão do BCE, em particular o Conselho do BCE e a Comissão Executiva. Os BCN, incluindo o Banco de Portugal, cons-tituem parte integrante do Eurosistema e atuam em conformidade com as orientações e instruções do BCE.

A arquitetura financeira da área do euro e da UE foi transformada pela crise global. A criação do Mecanismo Único de Supervisão coloca o BCE no centro da regulação e supervisão bancárias. O Comité Europeu do Risco Sistémico desempenha um papel complementar no domínio das políticas macroprudenciais. Em todo o caso, é provável que o Conselho do BCE esteja no cerne dos novos procedimentos. Por conseguinte, existe agora algum paralelismo entre os processos de decisão relativos à política monetária e à estabilidade financeira. Uma vez que o Governador é membro do Conselho do BCE, a organização dos processos de decisão coloca-o no centro da participação do Banco de Portugal no Eurosistema.

De acordo com a versão mais recente da sua lei orgânica, o Banco de Portugal dispõe de vastas competências internas no domínio da estabilidade financeira e da banca. Especificamente, o Banco de Portugal é responsável pela estabilidade do sistema financeiro português; o Banco de Portugal é responsável pela definição e implementação da política macroprudencial; o Banco de Portugal é

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responsável pela supervisão bancária; e, por último, o Banco de Portugal é a autoridade nacional de resolução do país.

Por último, mas não menos importante, compete igualmente ao Banco de Portugal a tarefa de acon-selhar o governo português em questões de política económica e financeira.

A atividade institucional internacional do Banco de Portugal concentra-se na Europa. Cerca de 2/3 do número total de reuniões institucionais internacionais nas quais o Banco participa são reuniões das diferentes estruturas do Eurosistema. A percentagem aumenta para cerca de 90 % quando se acrescenta outras estruturas da UE. As restantes reuniões referem-se a diversos comités e grupos de trabalho que funcionam no contexto do Fundo Monetário Internacional (doravante designado por “FMI”), do BIS e da OCDE.

O Departamento de Estudos Económicos contribui para a representação internacional do Banco de Portugal. Em particular, o Departamento de Estudos Económicos contribui para as decisões de política do Banco de Portugal no contexto do Eurosistema e é consultado sobre política monetária. Participa no Comité de Política Monetária e nos respetivos Grupos de Trabalho. Neste contexto, par-ticipa nos exercícios das projeções macroeconómicas elaboradas por especialistas do Eurosistema (ver Caixa 2). Na área da estabilidade financeira, o Departamento de Estudos Económicos produz análises alargadas relativas ao ajustamento e estabilidade a nível macro e micro.

A nível interno, o Banco de Portugal colabora com outras autoridades de supervisão financeira. Neste domínio, o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, presidido pelo Banco, é particular-mente importante. O Banco de Portugal colabora com o Instituto Nacional de Estatística (doravante designado por “INE”) no âmbito da sua participação no Sistema Estatístico Nacional. O Banco de Por-tugal atua igualmente como conselheiro económico do Governo em questões de política económica e financeira. Colabora também com o Ministério das Finanças e o Tribunal de Contas em questões relativas à política orçamental.

No contexto da crise da dívida soberana na área do euro e do programa de ajustamento português (2011-2014), o Banco de Portugal contribuiu de forma construtiva para os diversos pilares do pro-grama. O seu papel centrou-se especialmente na estabilidade financeira, em geral, e no sistema bancário, em particular.

O Departamento de Estudos Económicos produz igualmente análises e estudos aprofundados sobre as caraterísticas estruturais da economia portuguesa, com o objetivo de contribuir para uma melhor informação e compreensão, melhorando a qualidade do debate de política e, em última instância, contribuindo para uma melhor formulação de política. Este contributo foi particularmente intenso durante o período que antecedeu o programa de ajustamento e durante a sua execução.

No que se refere aos trabalhos de política, representação e aconselhamento, a Comissão baseou a sua avaliação e recomendações em documentos disponíveis ao público, especialmente as publi-cações institucionais do Banco de Portugal. Esta informação de base foi completada por diversas iniciativas. Especificamente, a Comissão:

• Realizou um grande número de entrevistas estruturadas. Entrevistou intervenientes funda-mentais e todos os funcionários do Departamento;

• Baseou-se num questionário enviado aos utilizadores das publicações disponibilizadas pelo Banco de Portugal;

• Utilizou um inquérito sobre meios de comunicação como medida para a relevância e impacto no público em geral;

e

• Utilizou dados relativos ao acesso aos diversos documentos através do sítio institucional do Banco de Portugal.

Os resultados da Comissão são apresentados nas secções seguintes.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal18

PARTE 1. AtividadesO Banco de Portugal tem três funções fundamentais. Em primeiro lugar é membro do Eurosistema. Assegura essa participação enquanto banco central da República Portuguesa. Em segundo lugar tem extensas responsabilidades na área da estabilidade financeira e da supervisão das instituições de crédito. Em terceiro lugar assegura o aconselhamento do Governo nas áreas de política eco-nómica e financeira. O Departamento de Estudos Económicos contribui para todas estas áreas de atuação do Banco de Portugal.

1. Participação no EurosistemaO Banco de Portugal é um membro do Eurosistema. Neste contexto, cumpre um conjunto de res-ponsabilidades que estão definidas nos Estatutos do Sistema Europeu de Bancos Centrais e do Ban-co Central Europeu (doravante designados por “Estatutos”) e na Lei Orgânica do Banco de Portugal.

Caixa 1: Processo de decisão do Eurosistema3

O Eurosistema é composto pelo Banco Central Europeu (doravante designado por “BCE”) e pelos BCN dos Estados-Membros da UE que adotaram o euro.

De acordo com o Artigo 8.º dos Estatutos, o Sistema Europeu de Bancos Centrais (doravante designado por “SEBC”) é governado pelos órgãos de decisão do BCE. O processo de decisão é, assim, completamente centralizado. O mesmo documento define, no Artigo 9.º-3., que os órgãos de decisão do BCE são o Conselho e a Comissão Executiva. Os Artigos 10.º e 11.º dos Estatutos descrevem o modo de funcionamento de ambos os órgãos de decisão e o Artigo 12.º define as suas responsabilidades. De acordo com o Artigo 12.º-1 “o Conselho do BCE adota as orientações e toma as decisões necessárias ao desempenho das atribuições cometidas ao SEBC pelos Tratados e pelos presentes Estatutos. O Conselho do BCE define a política monetária da União ( ). A Comissão Executiva executará a política monetária de acordo com as orientações e decisões estabelecidas pelo Conselho do BCE. ( )” O Artigo 12.º-2 indica que a Comissão Executiva prepara a agenda das reuniões do Conselho.

O processo de decisão do Eurosistema compreende três fases fundamentais: fase de pre-paração, fase de decisão e fase de execução.

A fase de decisão envolve quer a Comissão Executiva, quer o Conselho. O Conselho é com-posto pelos Membros da Comissão Executiva e pelos Governadores dos BCN do Eurosistema.

Os BCN, enquanto tais, têm um papel ativo na fase de preparação e na fase de execução.

A fase de preparação envolve as contribuições técnicas do staff e dos Comités do SEBC / Eurosistema. O objetivo desta fase é recolher informação e obter consenso. Cada Comité tem um mandato definido que clarifica os respetivos contributos que têm de ser preparados como input para o processo de decisão. Os Comités têm autoridade para delegar trabalho de natureza mais técnica a Grupos de Trabalho (Working Groups) com um mandato espe-cífico ou a task forces que se mantém em atividade até que a tarefa seja terminada. O DEE representa o Banco de Portugal no Comité de Política Monetária e nas suas subestruturas.

Na fase de execução os BCN cumprem as decisões do Conselho. Compete à Comissão Exe-cutiva dar as instruções necessárias a esse cumprimento aos BCN. O DEE não está envolvido na fase de execução.

3. Para elaboração desta Caixa foi utilizado o Occasional Paper n.º 79, publicado na série de Occasional Papers do BCE (“The Workings of the Eurosystem – Monetary Policy Preparations and Decision-Making – Selected Issues”, da autoria de Phillipe Moutot, Alexander Jung e Francesco Paolo Mongelli).

19Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

A atividade internacional do Banco de Portugal concentra-se sobretudo, como seria de esperar, no SEBC / Eurosistema (Quadro 1.14). Em 2013, o Banco de Portugal participou em 480 reuniões presenciais e 275 teleconferências nesse âmbito particular, o que representa quase dois terços do total.

A atividade internacional do DEE assume um papel importante para o Banco de Portugal. O DEE participou em 53 reuniões e 2 teleconferências, no âmbito das principais estruturas que integra, também com predomínio para o SEBC / Eurosistema (Quadro 1.2). Ao todo, a representação assegurada pelo DEE reparte-se por cerca de 30 grupos e mais de 20 representantes.

Neste particular, destaca-se a representação no Comité de Política Monetária (doravante desig-nado por “MPC”). O MPC é um dos Comités técnicos que integra a estrutura de Comités do SEBC / Eurosistema. Conforme referido na “Caixa 1” o MPC participa na fase de preparação de decisões do Conselho do BCE. Neste âmbito as decisões mais importantes são as relativas à política mone-tária. Na “Caixa 2” é abordada a preparação das projeções macroeconómicas, um dos elementos utilizados pelo Conselho do BCE na tomada de decisões de política monetária. O MPC apoia o Eurosistema no que respeita às políticas monetária e cambial únicas na área do euro, contribuin-do, entre outros aspetos, para:

• A análise de assuntos relacionados com a condução de política monetária na área do euro;

• O estudo dos instrumentos subjacentes à análise da corrente situação económica, monetária e financeira;

• A preparação de um conjunto de projeções macroeconómicas para a área do euro como um todo;

• A troca de opiniões e informação sobre a situação económica, monetária e financeira, numa perspetiva da área do euro;

• A análise do desempenho global do enquadramento operacional de política monetária do Eurosistema.

Na esfera do MPC funcionam três grupos de trabalho designadamente, o Working Group on Public Finance (WGPF), o Working Group on Forecasting (WGF) e o Working Group on Econometric Modelling (WGEM). O DEE participa ainda em alguns networks de investigação e em alguns grupos de inves-tigação de base voluntária.

Para avaliar a atividade do DEE foram realizados questionários. Estes questionários foram sub-metidos a um conjunto de colaboradores do Eurosistema5. Os inquiridos responderam6 que a participação do DEE é de elevada qualidade nos contributos realizados (i) para o debate técnico em reuniões regulares, (ii) para o desenvolvimento de novas metodologias e (iii) para a revisão inter pares de projeções macroeconómicas e orçamentais. A análise e apresentação dos desen-volvimentos na economia portuguesa foram também avaliadas como positivas, especificamente, ao nível (i) da qualidade da informação estatística e da transparência da informação prestada, (ii) da qualidade técnica da análise de desenvolvimentos passados e das projeções macroeconómi-cas e orçamentais elaboradas e (iii) da capacidade de prestar esclarecimentos sobre os desenvol-vimentos macroeconómicos, financeiros e orçamentais na economia portuguesa.

4. Ver Gráficos e Quadros.5. Nesta seleção encontram-se colaboradores que participam, juntamente com o DEE, em Comités e Grupos de Trabalho.6. As conclusões retiradas das respostas a este questionário deverão ser qualificadas pelo número de respostas ser diminuto.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal20

Caixa 2: Preparação das projeções macroeconómicasA preparação das projeções macroeconómicas pelos especialistas do Eurosistema é um exemplo que ilustra o funcionamento dos Comités do Eurosistema no sentido de contribuí-rem para a preparação de decisões de política monetária.

As projeções macroeconómicas para a inflação, PIB, variáveis orçamentais e outras variá-veis macroeconómicas da área do euro são produzidas semestralmente por especialistas do Eurosistema sendo, no trimestre intercalar, da responsabilidade exclusiva dos especia-listas do BCE. As projeções macroeconómicas são uma ferramenta analítica que condensa um conjunto alargado de informação sobre os desenvolvimentos económicos correntes e futuros. Permitem elaborar o cenário para a economia da área do euro que será mais provável vir a materializar-se, num horizonte de dois anos7. A preparação das projeções macroeconómicas implica uma interação complexa envolvendo o BCE e os BCN.

2. Aconselhamento de política ao Governador do Banco de Portugal

Como explicado na “Caixa 1”, o Eurosistema é dirigido pelos órgãos de decisão do BCE: o Conselho e a Comissão Executiva. O Governador do Banco de Portugal é membro do Conselho. Nessa qua-lidade o Governador age com total independência de acordo com o mandato e objetivos do BCE.

De entre as tarefas do DEE destaca-se a tarefa de proporcionar ao Governador do Banco de Por-tugal um aconselhamento de elevada qualidade em matéria de política monetária e financeira. A qualidade e relevância dos argumentos produzidos é elemento fundamental para a atuação do Governador no Conselho.

O Conselho do BCE reúne normalmente duas vezes por mês. Na primeira reunião de cada mês analisa a evolução económica e monetária e toma decisões de política monetária. Na segunda, discute assuntos relacionados com outras atribuições e responsabilidades do BCE e do Eurosiste-ma8. Adicionalmente, o Conselho do BCE também agenda debates de orientação sobre temas de fundo. A título de exemplo refira-se o exame da estratégia de política monetária em 2003.

As atividades de aconselhamento de política que o DEE desempenha podem dividir-se em ati-vidades que são realizadas no âmbito da preparação das reuniões do Conselho do BCE e num conjunto heterogéneo de outras atividades de aconselhamento de política. Estas últimas podem ser consideradas no âmbito do aconselhamento do Governo em matéria económica e financeira.

De entre as atividades do DEE para apoiar a participação do Governador no Conselho do BCE destacam-se: (i) o briefing mensal de política monetária, (ii) a discussão bimestral de tópicos de política monetária e (iii) a discussão trimestral das projeções para a economia portuguesa.

Mensalmente é realizado um briefing ao Governador, no âmbito da preparação das reuniões de política monetária do Conselho do BCE. Nesta reunião, o DEE sintetiza os desenvolvimentos do último mês e sugere a orientação a seguir na condução da política monetária. A apresentação tem

7. Este horizonte foi alargado para 3 anos em março de 2014.8. Em julho de 2014 o BCE ajustou o calendário de reun ões do Conselho. Deste modo as reun ões do Conselho do BCE consagradas à política monetária passarão a realizar-se com uma periodicidade de seis semanas, a partir de janeiro de 2015. As reun ões não dedicadas à política monetária continuarão a ter lugar, pelo menos, uma vez por mês.

21Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

por base uma nota designada por Euro area policy brief e um caderno com um anexo estatístico (Background information), que inclui um conjunto alargado de indicadores económicos. Na versão atual, o formato do briefing permite ainda, um debate entre o Governador e os técnicos do DEE. Com efeito, na sequência de uma orientação do Governador9, desde fevereiro de 2012, ocorreu uma alteração significativa na organização do debate técnico sobre política monetária. Assim, este passou a incluir sessões especialmente dedicadas a tópicos de política monetária. Atualmente estas sessões são realizadas seis vezes por ano.

Entrevistas realizadas aos Governadores e membros do Conselho de Administração do Banco de Portugal permitiram concluir que o briefing mensal realizado pelo DEE é um contributo valioso. Os documentos de apoio são produzidos de forma atempada e bem organizada.

Em alguns casos específicos o contributo do DEE para o debate de política foi particularmente relevante. Podem destacar-se dois exemplos: (i) a crítica ao papel do agregado monetário M3 na estratégia de política monetária do BCE e (ii) a metodologia de avaliação de riscos associada com as projeções macroeconómicas para a área do euro.

O DEE realiza também uma apresentação e discussão trimestral de projeções sobre a economia portuguesa ao Administrador com o pelouro do DEE e, depois, ao Governador. Esta discussão tem por base um “Relatório de previsão”. Este documento apresenta as hipóteses de enquadramento internacional do exercício de projeção e a revisão face ao exercício anterior. Adicionalmente, o documento expõe as projeções atuais e as projeções do exercício anterior (e a diferença entre estas) para um conjunto de variáveis macroeconómicas e orçamentais.

Entre as outras atividades de aconselhamento de política incluem-se: (a) o reporte semanal da evolução da conjuntura económica e das finanças públicas, (b) a apresentação trimestral dos tex-tos não assinados do Boletim Económico, (c) a discussão de tópicos sobre a economia portuguesa, (d) a discussão dos artigos apresentados em Jackson Hole e (e) a apresentação do Relatório Anual do Conselho de Administração – A Economia Portuguesa.

O reporte semanal sobre a evolução da conjuntura económica e das finanças públicas é realizado na Reunião Interna de Mercados com o Conselho de Administração. Este reporte tem por base um conjunto de dados que são atualizados sempre que há divulgação de nova informação. O caderno “Informação de conjuntura” é atualizado com dados que são divulgados pelo INE, entre outras fontes. A atualização do caderno “Informação sobre finanças públicas” é feita com base no boletim mensal da Direção Geral do Orçamento e nas Contas Nacionais trimestrais e anuais do INE.

Para a apresentação trimestral dos textos não assinados dos Boletins Económicos e para a apre-sentação Relatório Anual do Conselho de Administração – A Economia Portuguesa o DEE prepara documentos, em formato Powerpoint, que sintetiza as principais ideias dos textos. Estas apresen-tações são realizadas, respetivamente, ao Administrador com o pelouro do DEE e à Administração do Banco de Portugal.

A discussão de tópicos sobre a economia portuguesa ocorre duas a três vezes por ano.

9. A introdução destas reun ões deveu-se ao facto de as reun ões mensais de briefing de política monetária serem insuficientes para debater questões relevantes de política monetária.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal22

3. Estudos

Os trabalhos analíticos do DEE assumem diferentes formas. Alguns estão estreitamente ligados aos debates de política na ordem do dia e são melhor descritos como trabalhos de política, uma vez que fornecem dados para a função de aconselhamento de política. A sua qualidade é, em par-te, avaliada pela utilidade desta análise para outras áreas do Banco de Portugal. Outros consistem em estudos aplicados a Portugal, estreitamente relacionados com o papel de consultor do Gover-no em matéria de políticas económicas e financeiras. Grande parte destes estudos acaba por ser divulgada em publicações académicas, embora o seu objetivo final seja o desenvolvimento do conhecimento da economia portuguesa. Por último, os estudos académicos têm como intenção primordial o desenvolvimento do conhecimento económico e, portanto, o seu sucesso é medido pela divulgação em publicações científicas sujeitas a peer-review e posteriores citações. Os estudos académicos contribuem para estabelecer a reputação do Banco, proporcionam frequentemente os fundamentos para os outros dois objetivos dos estudos, permitem ao DEE atrair investigadores de elevada craveira que podem desempenhar as outras funções e constituem um bem público importante para o país. Além disso, é de salientar que a devoção à investigação proporciona uma perspetiva deontológica que une todo o Departamento nas suas múltiplas funções.

Todos estes tipos de estudos analíticos encontram-se indiferenciadamente distribuídos no DEE. Não existe uma clara distinção entre os técnicos envolvidos num ou outro tipo de trabalho, nem entre as formas como as várias atividades deverão ser incentivadas de forma diferenciada. Em muitos aspetos, trata-se de uma boa organização, sendo seguramente ótimo algum nível de mixing. Os bancos centrais são efetivamente instituições em que deve existir e ser promovida a interação entre as três vertentes de estudos, com ganhos para a qualidade de cada um deles.

Além disso, no inquérito realizado aos economistas do Banco, 90 % dos inquiridos responderam que as publicações regulares do Banco de Portugal são essenciais ou importantes para o seu tra-balho. Uma grande maioria disse consultar estas publicações, fazendo-o com bastante frequên-cia. Assim, mesmo internamente, existe uma grande procura pelas publicações do Banco, sendo reconhecida a sua utilidade.

Para efeitos do presente relatório, classificámos a investigação em sentido restrito como estudos analíticos destinados a cumprir os requisitos impostos por publicações académicas prestigiadas. Por conseguinte, nesta secção, concentramo-nos na divulgação em publicações académicas e working papers. Isto cria algumas dificuldades na avaliação do DEE, uma vez que muitos dos téc-nicos desempenham trabalhos analíticos que acabam por não ser divulgados em publicações académicas. Por não haver uma clara separação no Departamento entre investigadores e restan-tes técnicos, é difícil medir a produção de estudos por investigador, ao contrário da produção de estudos por economista, que se fará a seguir.

3.1. Divulgação em publicações académicasEntre 2000 e 2013, os economistas do DEE publicaram 172 artigos em publicações de referência. O Gráfico 3.110 mostra a evolução destas publicações ao longo do tempo, quer em termos abso-lutos, quer ponderando cada publicação de acordo com a notação de qualidade, das diferentes publicações, utilizada pelo BCE. A Caixa 3 descreve sucintamente o sistema de classificação do BCE. O Gráfico 3.1 mostra uma tendência ascendente, em que desde 2008 se tem verificado um aumento significativo de artigos publicados. Em média, o rácio entre o número de publicações e o número de técnicos com doutoramento está de acordo com os resultados no BCE.

10. Ver Gráficos e Quadros.

23Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Caixa 3: Sistema de pontuação do BCE para as publicaçõesO BCE adotou um sistema de pontuação para as publicações. A divulgação em publi-cações consideradas de elevado interesse geral recebe uma classificação de grau 1*, sendo-lhe atribuídos 12 pontos (6 publicações), enquanto as publicações de topo espe-cializadas em áreas centrais de política e outras áreas de muito bom nível de interesse geral recebem uma classificação de grau 1, sendo-lhes atribuídos 10 pontos (7 publica-ções). Seguidamente, uma publicação com uma classificação de grau 2 recebe 5 pontos e inclui outras publicações de bom nível de interesse geral, bem como publicações de topo sobre matérias ou políticas em áreas relevantes (24 no total), a classificação de grau 3 atribui 2 pontos a outras publicações em áreas não centrais e outras matérias e publi-cações de interesse geral, e por último 1 ponto para a classificação de grau 4, que inclui todas as restantes publicações. Nos Gráficos e Quadros apresenta-se uma lista completa com a classificação das publicações económicas. As classificações são revistas em cada 3 anos (utilizámos as categorias de 2011) e a coautoria é descontada ponderando os pontos por 2/(1+N), em que N representa o número de autores. Acresce que papers and proceedings ou os contributos não relevantes ou pouco relevantes para publicações têm uma classificação um grau abaixo da própria publicação. A lista de publicações económi-cas e financeiras é apresentada no Quadro 3.1.

Existem várias publicações de elevada qualidade, sendo que 19 dos 172 artigos foram disponi-bilizados em publicações com classificação de grau 1 e 1*. Além disso, muito menos de metade dos artigos (62) foram publicados em publicações com classificação de grau 4. Os economistas do Banco mostram uma ambição adequada, e enviam os seus trabalhos principalmente para publicações com visibilidade, em vez de ceder à tentação de os publicar sem critério.

No que se refere às medidas de impacto destes trabalhos, conseguimos encontrar na Web of Science citações de 63 % destes artigos publicados, uma vez mais um número respeitável. O número total de citações é de 767, mas apenas 32 artigos tiveram mais de 5 citações, e só 10 mais de 20 citações. Este padrão não é incomum em departamentos de estudos, incluindo departamentos académicos.

Podemos também analisar os artigos mais citados por ano após a sua publicação, a fim de asse-gurar que se debruçam sobre tópicos de relevância para o Banco. Verificamos que avaliam a taxa de desemprego (Blanchard e Portugal), a distribuição da entrada de empresas (Mata e Portugal) e a utilização de um único ou de vários bancos pelas empresas (Farinha e Santos)11. Todos estes utilizam dados portugueses e prestam informações sobre debates de política importantes em Portugal. São também excelentes exemplos do que pode e deve produzir a investigação com origem num banco central.

Uma avaliação alternativa do impacto é fornecida pelo IDEAS, um repositório de investigação na Internet. Este atribui classificações às instituições de topo que produzem estudos económicos em Portugal, com base no número e qualidade das publicações, e nos downloads e citações rea-lizadas. O Banco de Portugal surge consistentemente como uma das duas instituições de topo em Portugal, juntamente com a Nova School of Business and Economics, ficando a instituição classificada em terceiro lugar a uma distância considerável.

11. O artigo Blanchard e Portugal foi divulgado como Working Paper 1998-03 e publicado na American Economic Review, 2001; o artigo por Mata e Portugal foi Working Paper 2001-01 e publicado no Strategic Management Journal em 2002; o artigo por Farinha e Santos nunca foi divulgado como Working Paper e foi publicado no Journal of Financial Intermediation.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal24

Em termos das áreas abrangidas por estas publicações, o Gráfico 3.2 mostra que, sem surpresa, a macroeconomia e a economia monetária são as principais áreas de investigação. A área estrei-tamente relacionada da matemática e métodos quantitativos surge em segundo lugar, mostran-do ainda o Banco de Portugal um dinamismo específico na área da economia do trabalho, que é menos típico em bancos centrais. Este dinamismo é também notório quando se analisam as palavras-chave nos artigos publicados, onde, depois dos termos econometric / statistical, as palavras-chave mais frequentes foram employment / unemployment. Quando inquiridos sobre as principais áreas de influência e utilidade dos working papers, os funcionários do Banco sinaliza-ram três áreas principais: emprego / desemprego, macroeconomia e finanças públicas.

Avaliando a distribuição por autor, em vez de área, o Gráfico 3.3 revela uma elevada concentra-ção da produção de investigação. Como habitualmente, alguns economistas representam uma percentagem considerável do número total de publicações e citações do Departamento: Pedro Teles, Pedro Portugal e Isabel Horta Correia, em conjunto, são responsáveis por 136 do total de 393 pontos na escala do BCE para todo o DEE. Tal não deverá ser motivo de preocupação, uma vez que é sabido que o mercado de resultados de investigação tem uma estrutura de “estrelas”. Em termos da organização interna do Departamento, os 10 economistas de topo (dos quais nem todos são predominantemente investigadores) são responsáveis por 56 % de todas as citações identificadas na Web of Science.

O facto de 28 dos 76 economistas que trabalharam no Departamento no período em análise não terem publicado um único artigo merece alguma atenção. Ainda que seja normal que alguns colaboradores estejam mais dedicados a outras tarefas, ou se encontrem numa fase diferente das suas carreiras, não é desejável que uma tão elevada percentagem de economistas não publi-que trabalhos num departamento de estudos económicos.

3.2. Working PapersA série de Working Papers do DEE publicou 227 working papers entre 2000 e 2013. O Gráfico 3.4 mostra a evolução do número de working papers publicados por ano. A tendência ascendente não é tão pronunciada como no caso das publicações sujeitas a peer-review, indicando uma ligei-ra aceleração no número de working papers que acabam por ser publicados.

Em comparação com o que acontece tipicamente no Federal Reserve Bank, o número de publica-ções é menor, mas por pouca margem: num extremo temos o Federal Reserve Bank of New York, que produziu regularmente mais de 60 working papers por ano ao longo da última década, e no outro extremo o Banco da Reserva Federal de Atlanta, com aproximadamente 24, e o de Kansas City com cerca de 14. Por seu turno, em confronto com os outros bancos centrais do Eurosiste-ma, o desempenho é bastante bom. Nos países com dimensão não muito diferente em termos de população, o Suomen Panki – Finlands Bank produziu 31 working papers em média ao longo da última década, o Nationale Bank van België / Banque Nationale de Belgique 18, o Bank of Greece 16, o Oesterreichische Nationalbank 10, e o De Nederlandsche Bank 9. Com aproximadamente 20 working papers por ano, por pouco menos de 50 economistas, em média, o DEE produz um working paper por cada economista, em cada dois anos e meio. Em comparação, a recente avaliação do Banco de España manifestou alguma preocupação quanto ao facto de ser produzido em média um working paper por investigador em cada 2 anos. Na opinião da Comissão, isso sugere não tanto a baixa produtividade dos economistas do DEE, mas antes que não estão a publicar todo o seu trabalho de investigação na série de Working Papers.

Desagregando os working papers em termos das publicações onde são divulgados, surgem dois padrões que merecem alguma atenção. Em primeiro lugar, menos de metade (75) das publica-

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ções, sujeitas a peer-review, de economistas do DEE (172) foram incluídas na série de working papers do Banco de Portugal. Os working papers deverão ser o principal resultado da produção académica do DEE, devendo constituir uma métrica natural para avaliar a sua produção em tem-po real, dado que são mais imunes a atrasos na publicação.

Em segundo lugar, 92 dos 211 working papers da série nunca foram publicados noutras publi-cações sujeitas a peer-review, nem em outras publicações do Banco, e, excluindo a publicação em outras séries de working papers, o número aumenta para 102. Como o próprio nome indica, um working paper deve refletir os trabalhos em curso a publicar em breve como produto final. Porém, alguns economistas no DEE utilizam os working papers como objetivo final da sua inves-tigação. É de realçar, no entanto, que este não é um problema apenas do DEE. O mais recente relatório de avaliação do FMI concluiu também que apenas cerca de um terço dos seus working papers eram publicados num período de 3 anos após a sua divulgação. Os números comparáveis no BCE ou nos Federal Reserve Banks dos Estados Unidos são significativamente superiores.

A Comissão selecionou uma amostra aleatória de working papers e leu-os a fim de avaliar o seu contributo. A qualidade era variável, sendo alguns dos trabalhos de elevada qualidade, como parte de investigação quer académica quer aplicada, enquanto alguns outros working papers eram de qualidade claramente inferior, não sendo publicáveis em publicações académicas nem no Boletim Económico. Os papers são aceites para publicação na série de working papers sem serem sujeitos a um processo de avaliação e após algum trabalho de edição por parte de um editor externo ao Banco.

Com base nas conversas e entrevistas entre a Comissão e diversos técnicos do Banco, ficou claro que existe alguma confusão quanto ao papel dos working papers. Alguns criticaram-nos por versarem tópicos que não são relevantes para Portugal. Contudo, pela sua própria natureza, alguns trabalhos exploratórios na investigação académica podem ser mais teóricos, ou mesmo aplicáveis a outros países, à medida que se vão acumulando conhecimentos numa matéria antes de se atingir a fase em que esses conhecimentos podem ser aplicados aos problemas do país. Outros técnicos revelaram a preocupação de que as conclusões dos working papers podem por vezes entrar em contradição com as políticas oficiais do Banco. Mais uma vez, isso é expectável na vertente mais académica dos trabalhos, não devendo ser desencorajado, sob risco de se perder o importante papel do DEE no sentido de explorar alternativas de política. Por último, alguns técnicos revelaram a preocupação de que os working papers não tinham qualquer impac-to relevante sobre os debates públicos. Tal está relacionado com a utilização de working papers como objetivo final da investigação. Se, como seria desejável, a publicação de um working paper fosse apenas uma fase intermédia no processo de investigação antes da sua divulgação noutra publicação, este comentário não teria relevância.

4. Publicações regulares e comunicação

4.1. Publicações regularesO DEE produz várias publicações regularmente, com diferentes audiências em mente. Nesta secção avaliamos o impacto destas publicações nestas diversas audiências, e a contribuição do DEE para elevar a qualidade da informação económica e do debate público na sociedade portuguesa.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal26

4.1.1. Publicações regulares produzidas pelo DEENo período em análise, o DEE foi responsável pela produção das seguintes publicações regulares (i) Relatório Anual do Conselho de Administração – A Economia Portuguesa12 (doravante designado por “Relatório Anual” ou “RA”), (ii) Boletim Económico (doravante também designado por “BE”) (iii) Relatório de Estabilidade Financeira (doravante também designado por “REF”) e (iv) Indicadores de Conjuntura (doravante também designado por “IC”). A divulgação destas publicações é feita online no sítio institucional do Banco de Portugal. São também produzidas edições em formato papel nos casos do BE e RA. Os IC são, desde janeiro de 2014 divulgados apenas na versão eletrónica.

O Relatório Anual apresentava uma análise detalhada da evolução anual da economia portuguesa no ano anterior, procurando enquadrar essa evolução numa perspetiva estrutural e de compa-ração com outras economias.

O Boletim Económico é uma publicação com uma periodicidade trimestral que visa a apresenta-ção de análises regulares sobre a economia portuguesa, incluindo “Temas em Destaque” e Caixas que versam sobre tópicos de relevância e atualidade em matéria de política económica. O BE contém ainda artigos assinados, frequentemente de caráter mais analítico.

Em 2014, foram introduzidas alterações no Boletim Económico de abril e no Relatório Anual. O Boletim Económico de abril de 2014, inclui um texto detalhado sobre a evolução da economia portuguesa em 2013, substituindo o texto mais extenso que tradicionalmente constava do RA. Adicionalmente, a divulgação das projeções para 2014-16 foi antecipada para março13, de modo a garantir a conformidade com as regras de divulgação do Eurosistema14. O BE de abril limitou-se, assim, a reproduzir as projeções de março.

Por seu turno, o Relatório Anual, publicado no final de maio, aborda essencialmente temas estru-turais, na medida em que os desenvolvimentos em 2013 já tinham sido objeto de análise no Boletim Económico de abril. Numa primeira parte procura-se explicar o reduzido crescimento tendencial da economia portuguesa no período recente, para além de se apresentarem três temas particularmente relevantes no atual contexto nacional: o processo de desalavancagem, o funcionamento do mercado de trabalho e as recentes reformas institucionais na União Euro-peia. Na segunda parte faz-se um balanço do processo de ajustamento em curso na economia portuguesa.

Os Indicadores de Conjuntura são uma publicação de periodicidade mensal. Inclui um texto sínte-se. Integra ainda quadros e gráficos que cobrem os indicadores mais relevantes para Portugal e para a economia internacional (em especial para a área do euro).

Até 2013 o DEE produzia também o Relatório de Estabilidade Financeira. Contudo, com a criação do DES esta responsabilidade transitou para este novo departamento, embora contando com a colaboração do DEE. Esta publicação inclui a avaliação de riscos no sistema financeiro português.

12. Até à edição de 2010, era produzido um único relatório anual do Conselho de Administração, contendo duas partes: uma primeira parte sobre a evolução da economia Portuguesa, elaborada pelo DEE, e uma segunda parte sobre a atividade e contas do Banco de Portugal, compilada pelo Gabinete de Apoio ao Governador a partir de contributos departamentais no que respeitava à atividade e da responsabilidade do Departamento de Contabilidade na parte respeitante às contas. A partir da edição de 2011, passaram a ser produzidos dois relatórios do Conselho de Administração: Relatório de Atividade e Contas e A Economia Portuguesa. O DEE mantém a responsabilidade pela produção do relatório sobre a economia portuguesa.13. Em março deste ano, o DEE publicou um documento autónomo com projeções para a economia portuguesa para o ano corrente e dois anos seguintes. Este documento passará a ser publicado anualmente.14. As regras do Eurosistema não permitem que os Bancos Centrais Nacionais publiquem projeções no período compreendido entre dois meses antes da publicação do Eurosystem Staff Board Macroeconomic Projection Exercise (BMPE) e um mês após a sua publicação (salvo se as publicações coincidirem com as do BMPE).

27Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

4.1.2. Divulgação e impacto das publicações do DEE nos meios de comunicação socialCom o objetivo de aferir o impacto e a avaliação que os utilizadores fazem das publicações do DEE, a Comissão de Avaliação promoveu um estudo das notícias nos meios de comunicação social, rea-lizado pela empresa Manchete, lançou um questionário junto dos utilizadores das publicações, recolheu informação sobre o número de acessos online das publicações no sítio institucional do Banco de Portugal e abordou o tema das publicações nas entrevistas que realizou15. O estudo realizado pela empresa Manchete incidiu sobre publicações do Banco de Portugal e abrange o período de outubro de 2006 a dezembro de 201316. O questionário aos utilizadores das publica-ções teve como objetivo conhecer uma amostra selecionada de utilizadores das publicações do DEE e abrangeu as publicações do DEE e algumas publicações do Departamento de Estatística (doravante designado por “DDE”)17. Os dados dos acessos online são relativos às publicações pro-duzidas pelo DEE e abrangem o período de janeiro de 2012 a 30 de abril de 201418.

Refira-se que os dados reportados e as conclusões delas retiradas devem ser lidos com cautela, na medida em que a análise contém algumas limitações importantes19. Ainda assim, da análise da informação recolhida, podemos retirar algumas conclusões relevantes.

Em primeiro lugar, as publicações do DEE têm um impacto elevado, que aumentou de forma expressiva no período em análise. O número total de notícias sobre as publicações do DEE dupli-cou de cerca de 950, em 2007, para aproximadamente 1900, em 2013 (Gráfico 4.120).

O número de acessos online superou, em 2012, os 100 000 acessos para o RA, BE, REF e IC. No conjunto do período, as opportunities-to-see (doravante designado por “OTS”)21, uma medida sumária da imprensa escrita, atingiu 119 milhões.

15. Nas entrevistas realizadas algumas das questões colocadas incidiram sobre a frequência da utilização e relevância das publicações do DEE e sobre possíveis sugestões para melhoria das publicações.16. Note-se que o último trimestre de 2006 foi excluído da análise para que esta apenas abrangesse anos completos. O estudo inclui publicações da responsabilidade do DEE e do DDE. As publicações do DEE abrangidas foram: o BE, o RA, os IC, o REF, o Inquérito aos bancos sobre mercado de crédito e Estudos / Documentos de Trabalho / Working Papers. Nas publicações do DDE incluíram-se o Boletim Estatístico e os Estudos da Central de Balanços. Algumas publicações do Banco de Portugal não foram cobertas pelo estudo da Manchete: Relatório de Supervisão Comportamental, Relatório dos Siste-mas de Pagamentos, Boletim Notas e Moedas, entre outras. O estudo da Manchete visa compreender a evolução da exposição das publicações do Banco de Portugal nos meios de comunicação avaliando, entre outros aspetos, a evolução de notícias produzidas no período em análise, o impacto das notícias produzidas e o tipo de meios de comunicação de notícias utilizados.17. No questionário foram incluídas questões sobre as seguintes publicações: BE, RA, IC, REF, Boletim Estatístico (publicação do DDE), artigos do BE e do REF e Working Papers. As questões colocadas procuraram conhecer a frequência de utilização das publicações, suporte utilizado para consulta, relevân-cia, informação consultada, entre outros aspetos. Neste questionário foram também colocadas algumas questões sobre as Conferências e Seminários realizados pelo DEE e sobre o relacionamento do DEE com outros Departamentos. Note-se que, paralelamente a este questionário, foram enviadas, a um conjunto de colaboradores do Eurosistema, algumas questões sobre a participação do DEE nos Comités e grupos de trabalho em que está integrado.

O número total de questionários enviados foi de 249 e o número agregado de respostas aos mesmos ascendeu a 71.18. Foi analisada informação sobre: BE, RA, REF, IC e Indicador Coincidente. Foi contemplada informação das publicações com um ano completo de acessos. Entre as datas de 16 de fevereiro de 2012 e 30 de março de 2012 não existem dados disponíveis sobre os acessos.19. As limitações dos dados reportados abrangem o inquérito da Manchete, os questionários enviados e os dados dos acessos online.

Relativamente ao inquérito da Manchete destaca-se o facto de (i) a medida OTS apenas constituir um indicador sumário da imprensa escrita e de não medir o impacto dos outros meios de comunicação e de (ii) o estudo apenas contemplar publicações do Banco de Portugal que são da responsabilidade do DEE e DDE, excluindo publicações de outros Departamentos.

No que respeita aos questionários enviados salienta-se o facto (i) de a dimensão do conjunto de respostas ser reduzido (71 em 249 questionários envia-dos) e (ii) de um número muito significativo de respostas ser proveniente de colaboradores do DEE (33 respostas) e do meio académico (15 respostas).

Relativamente aos dados dos acessos online a informação apenas se encontra acessível desde janeiro de 2012, não havendo dados disponíveis entre as datas 16 de fevereiro e 30 de março de 2012.20. Ver Gráficos e Quadros.21. As OTS são calculadas através do valor de circulação de imprensa escrita (dados da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação). Os dados de circulação de imprensa escrita são uma estimativa do número de exemplares vendidos (número de assinaturas adicionadas do número de vendas em banca).

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal28

De acordo com o questionário aos utilizadores das publicações, estas são usadas de forma mais frequente para obter informação geral sobre assuntos económico financeiros, para realização de relatórios e para investigação. Importa salientar que cerca de 90 % dos inquiridos neste questio-nário atribuem uma importância elevada ou média às publicações regulares do Banco de Portu-gal para a realização do seu trabalho.

Em segundo lugar concluímos que, em termos relativos, o Boletim Económico destaca-se clara-mente como a publicação de referência. A sua importância aumentou ao longo do tempo, em todos os meios de comunicação (Gráfico 4.2). O BE é objeto de maior número de notícias quando comparado com as outras publicações regulares (67 % do total, em 2013, face a 41 %, em 2007) (Gráfico 4.3); regista um elevado número de acessos online (cerca de 7000 por BE) (Gráfico 4.4); e é também referido pelos utilizadores como a publicação mais frequentemente consultada, de acordo com o questionário realizado aos utilizadores das publicações do Banco de Portugal (85 % dos inquiridos utiliza o BE pelo menos trimestralmente) (Gráfico 4.5). Da análise dos OTS conclui-se também que o BE é a publicação com o maior impacto, com 47 % das OTS associadas às notícias na imprensa escrita, relacionadas com publicações do DEE (Gráfico 4.6). Do estudo e inquéritos realizados pode concluir-se que o Boletim Económico é bastante utilizado por um con-junto vasto de leitores, designadamente, pela imprensa, pelo público em geral, por economistas profissionais e por investigadores.

Uma terceira conclusão prende-se com o facto de o impacto das restantes publicações regulares parecer ser bastante inferior ao do Boletim Económico. Esta conclusão resulta quer do número inferior de notícias publicadas, quer do menor valor de OTS das outras publicações.

Especificamente no que respeita ao Relatório Anual, é ainda de referir a diminuição significativa das notícias publicadas, atingindo nos últimos anos um nível relativamente reduzido (Gráfico 4.7). Contudo, quando avaliado pelo número de acessos online, no sítio institucional do Banco de Portugal, o RA detém uma posição de relevo. O número de acessos excedeu os 11 000 para o RA de 2011. Sendo assim, o número reduzido de notícias publicadas, associadas ao RA, poderá estar relacionado com o facto de o seu conteúdo se centrar na descrição e análise da evolução económica do ano anterior e de ser uma publicação divulgada tardiamente no ano. Neste senti-do, a relevância para os meios de comunicação é diminuta. Em contraste, o número elevado de acessos online poderá relacionar-se com o facto de o RA realizar tradicionalmente uma análise detalhada da evolução anual da economia portuguesa, o que o torna um repositório de infor-mação útil para consulta e, consequentemente, um documento de referência. De acordo com o questionário realizado aos utilizadores das publicações do Banco de Portugal, mais de 70 % dos inquiridos utiliza o RA pelo menos anualmente. Com a alteração das publicações do Banco de Portugal, especificamente do RA e do BE de abril, passará a ser este BE a realizar esta análise sobre o ano anterior.

Nos Indicadores de Conjuntura, o número de notícias manteve-se razoavelmente estável, a um nível diminuto por publicação (Gráfico 4.8) mas, ainda assim, superior, em termos agregados, ao das restantes publicações (com exceção do Boletim Económico). O questionário realizado aos utilizadores das publicações confirma a menor relevância relativa dos IC face ao BE (50 % dos inquiridos utiliza os IC pelo menos trimestralmente). O número de acessos online também é mais diminuto, mas ainda assim relevante (Gráfico 4.9). Nos IC o número de acessos é de quase 3000, por publicação. A repartição é equilibrada entre as edições em português e inglês. Esta composição contrasta com o RA e o BE em que os acessos em português predominam. Anali-sando a média mensal das consultas individualizadas do Indicador Coincidente verificamos que é superior à média das consultas da publicação Indicadores de Conjuntura (Gráfico 4.10). Adicio-nalmente, observa-se que as consultas do Indicador Coincidente são realizadas, na sua grande maioria, à versão em inglês do sítio institucional do Banco de Portugal. Pode inferir-se que muitos

29Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

utilizadores têm preferência por consultar exclusivamente o Indicador Coincidente, não chegan-do a realizar uma consulta à publicação Indicadores de Conjuntura.

Relativamente ao Relatório de Estabilidade Financeira o número de notícias seguiu uma tendência de ligeiro aumento22 (Gráfico 4.11). Os acessos online ao REF atingem, em média, cerca de 5000 acessos, por publicação (Gráfico 4.12).

Uma quarta conclusão é a de que, no período em análise, observou-se uma importância cres-cente da internet quer como meio de divulgação de notícias sobre as publicações (Gráfico 4.13), quer como meio de consulta das próprias publicações. Em 2013, quase 60 % das notícias sobre as publicações do DEE foram divulgadas através da internet (Gráfico 4.14). Das respostas ao questionário aos utilizadores das publicações conclui-se que cerca de 2/3 dos inquiridos utiliza exclusivamente a versão eletrónica da publicação (Gráfico 4.15).

Ao peso crescente da internet tem correspondido uma redução do peso da imprensa escrita. Nesta destaca-se, ainda assim, a predominância da imprensa especializada23 (o top 6 dos produ-tores de notícias sobre o Banco de Portugal pertence a canais de imprensa especializada, abran-gendo 26 % das notícias produzidas sobre as publicações abrangidas pelo estudo da Manchete).

Importa ainda salientar que nas entrevistas realizadas, a vários dos atuais e alguns dos antigos responsáveis e colaboradores do Banco de Portugal, foram também retiradas algumas conclu-sões relevantes sobre as publicações.

De um modo geral, os responsáveis entrevistados referem o facto de as publicações do DEE serem um importante veículo de comunicação do Banco de Portugal.

Alguns dos responsáveis e colaboradores inquiridos referiram a necessidade de simplificar a terminologia e a mensagem transmitida nas publicações, tornando a redação mais clara para o leitor24. Houve ainda algumas referências à necessidade de os textos serem mais analíticos e menos descritivos. Neste sentido, quer para o Boletim Económico, quer para o Relatório Anual, foi pontualmente evidenciada a existência de um potencial de melhoria através da produção de um texto mais sintético, incluindo um sumário executivo informativo.

Relativamente ao Boletim Económico foi destacada, por vários dos responsáveis entrevistados, a importância que esta publicação tem na divulgação de projeções económicas sobre a economia portuguesa. Alguns dos responsáveis referiram a necessidade de melhorar a comunicação da incerteza que caracteriza um exercício de previsão. Foi ainda sugerida por alguns inquiridos a possibilidade de os artigos publicados, em cada BE e REF, passarem a ser divulgados numa publi-cação autónoma. Relativamente ao Relatório Anual concluiu-se que esta publicação é relevante para um público vasto por apresentar uma evolução da economia portuguesa no ano anterior. No que respeita aos Indicadores de Conjuntura foi salientado por vários inquiridos o facto de conter informação estatística importante, em particular os indicadores coincidentes. No entanto, em diversas entrevistas foi mencionado que a publicação poderia ser substituída por formas simplificadas de difusão da informação. Relativamente ao Relatório de Estabilidade Financeira foi mencionado ser uma publicação particularmente relevante para o acompanhamento e análise do sistema bancário português.

22. Note-se que o REF passou a ser uma publicação bianual desde 2010.23. Note-se, contudo, que, no total de notícias, os meios de comunicação generalista têm um peso muito superior à imprensa especializada uma vez que o número de meios generalistas é superior ao de imprensa especializada.24. Refira-se que no questionário aos utilizadores das publicações uma das sugestões mais referidas consiste na elaboração de publicações para um público não técnico.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal30

4.2. Outras publicações institucionais do DEENo conjunto de publicações institucionais que são da responsabilidade do DEE constam ainda o Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito, o Inquérito à Situação Financeira das Famí-lias, os Occasional Papers da série editada pelo Banco de Portugal e a Newsletter de Investigação. O DEE produziu ainda o livro com o título “A Economia Portuguesa no Contexto da Integração Económica, Financeira e Monetária”, publicado pelo Banco de Portugal (ver Caixa 4).

O Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito, de periodicidade trimestral, enquadra-se no inquérito aos bancos realizado pelo Eurosistema (exercício denominado por Bank Lending Survey) e visa obter informação mais detalhada sobre o mercado de crédito.

O Inquérito à Situação Financeira das Famílias, iniciado em 2010, integra-se no projeto europeu Household Finance and Consumption Survey25, realizado no âmbito do Eurosistema. Este projeto tem como objetivo caracterizar detalhadamente a situação financeira das famílias nos países da área do euro, numa base comparável. Em Portugal, o Inquérito à Situação Financeira das Famí-lias é da responsabilidade do Banco de Portugal e do Instituto Nacional de Estatística. Em 2015, serão novamente publicados os resultados deste inquérito (conduzido em 2013) e, doravante, esta publicação será bianual.

A série de Occasional Papers tem como objetivo a apresentação de tópicos relevantes em termos de política económica. Estes documentos contêm trabalhos desenvolvidos por técnicos do Ban-co de Portugal. Até à data foram apresentados seis estudos nesta série.

A newsletter de investigação, designada por Spillovers, é divulgada duas vezes por ano através do sítio institucional do Banco de Portugal. Foi produzida pela primeira vez em outubro de 2013 e apresenta sumários de estudos selecionados, uma lista dos artigos recentemente publicados, novos títulos na série de working papers do Banco de Portugal e sumários de conferências reali-zadas. Adicionalmente, anuncia também as próximas conferências e seminários e inclui breves entrevistas com alguns dos economistas do Departamento. O impacto da newsletter é inferior ao das publicações regulares do DEE, mas ainda assim relevante, tendo os acessos online à 1.ª edição superado ligeiramente os 2000 acessos.

25. Note-se que em 1994, 2000 e 2006/2007 foi publicado o Inquérito ao Património e Endividamento das Famílias, percussor do Inquérito à Situação Financeira das Famílias. O Inquérito ao Património e Endividamento das Famílias era conduzido apenas a nível nacional sendo, também, da responsabi-lidade do Banco de Portugal e do INE.

31Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Caixa 4: Livro A Economia Portuguesa no Contexto da Integração Económica, Financeira e MonetáriaEm 2009, o DEE editou um livro com o título “A Economia Portuguesa no Contexto da Inte-gração Económica, Financeira e Monetária”. Esta obra abrange um vasto conjunto de temas sobre a economia portuguesa e sobre a sua integração económica, monetária e financeira na área do euro e na UE.

A utilização deste livro estende-se a um elevado número de leitores. Um indicador que permite aferir a frequência das consultas recentes do livro é o número de acessos online, ao sítio institucional do Banco de Portugal. Na sua análise observamos que no conjunto de 2013 os acessos foram superiores a 20 000 (Gráfico 4.16).

O livro é um exemplo de mobilização das valências de um vasto leque de economistas do DEE, com perfis muito diferenciados em termos analíticos. Esta publicação reflete, assim, a relação de complementaridade que deve existir entre a investigação e o aconselhamento de política.

Os capítulos do livro baseiam-se num conjunto alargado de trabalhos que foram sendo publi-cados pelo Banco de Portugal. Algumas destas contribuições originais foram publicadas nas melhores revistas científicas internacionais: The American Economic Review, The Review of Econo-mic Studies, Journal of Economic Theory e Journal of Labor Economics, entre outras.

No livro é salientada a grande alteração registada pela economia portuguesa na sequência da integração económica originada pela participação na UE e pelo processo de globaliza-ção. Destaca-se o facto de a economia portuguesa ter registado uma rápida integração financeira, com a participação na área do euro. Publicado em 2009 o livro precede a frag-mentação financeira que viria a ocorrer após 2010. No que respeita à análise da economia portuguesa são desenvolvidos os seguintes temas: a formação dos preços e salários, a evolução do produto e do desemprego, o comércio externo, finanças públicas, o sistema financeiro e as condições de financiamento das famílias e empresas.

Na apresentação do livro são identificados três objetivos fundamentais: (i) transmitir uma visão abrangente da economia portuguesa nas duas últimas décadas, (ii) apresentar, de forma integrada, contributos empíricos e teóricos e um conjunto vasto de informação esta-tística que resulta da análise de bases de dados já existentes e de novas bases de dados e (iii) fomentar o debate académico e investigação futura.

Na mesma apresentação são destacadas três questões horizontais abrangidas pelos capí-tulos do livro: (1.º) a importância das mudanças de regime e do enquadramento de incen-tivos dos agentes económicos, (2.º) a importância de conjugar as análises micro e macroe-conómicas e (3.º) o desafio do crescimento económico em Portugal. No que respeita à primeira questão o livro ilustra quatro dimensões que revelam a importância da alteração de regime e mudanças de incentivos: decisões de política monetária do BCE, decisões de política orçamental, mudança das vantagens comparativas da economia portuguesa e a mudança de regime no seguimento da entrada na área do euro. Relativamente à segunda questão são identificados no livro vários exemplos, nomeadamente: o estudo da rigidez de preços e salários (Capítulo 3), a análise da decisão dos mercados exportadores das empre-sas (Capítulo 5), a comparação entre os salários do setor privado e setor público (Capítulo 6) e a avaliação do balanço de empresas e famílias e consequência para a estabilidade macroeconómica (Capítulo 7). A terceira questão do livro, o crescimento económico em Portugal, é considerada como envolvendo uma complexidade significativa, constituindo um desafio futuro fundamental.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal32

4.3. Seminários, cursos, conferências e workshopsO DEE organiza periodicamente diversos seminários, cursos, conferências e workshops.

Relativamente ao conjunto de seminários e cursos efetuados pelo Departamento, observa-se que, durante o período em análise, os seminários externos tiveram um peso de cerca de 50 %, os seminários internos de aproximadamente 43 % e os cursos de cerca de 7 %.

Nos últimos cinco anos observou-se uma estabilização do número de seminários e cursos reali-zados, com uma média anual de 40 (Gráfico 4.17).

Os seminários externos são dirigidos a técnicos do Banco de Portugal e de outras instituições nacionais e internacionais, com destaque para docentes universitários e jornalistas, entre outros.

O conjunto de seminários internos é composto pelos seminários dirigidos aos economistas do DEE26. As apresentações podem ser realizadas por técnicos do Departamento, investigadores visitantes ou com bolsa de investigação e candidatos a recrutamento27. Note-se que, desde 2009 houve uma redução no número de seminários internos, verificando-se uma menor regularidade na realização dos mesmos. Esta evolução terá estado, parcialmente, associada a um maior volu-me de atividade no DEE na sequência da crise económico-financeira e do início do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal. Em fevereiro de 2014 foi iniciada uma série de seminários internos, com uma frequência semanal, denominados de Exchange, reservados aos colaboradores do Departamento e investigadores visitantes. Estes seminários visam fins diversos: apresentação de papers, discussão de tópicos específicos, apresentação prévia de artigos que serão publicados no Boletim Económico e apresentação da agenda de investigação dos econo-mistas, entre outros. Das entrevistas realizadas aos colaboradores do DEE concluiu-se que estes seminários foram positivamente recebidos pelos técnicos do DEE tendo contribuído para um incremento significativo da troca de informação e da discussão de ideias.

Os cursos realizados têm normalmente a duração de uma semana e são apresentados por aca-démicos estrangeiros essencialmente nas áreas da macroeconomia, microeconomia, econome-tria e sistema financeiro. São abertos a técnicos do DEE, a técnicos de outros departamentos do Banco de Portugal, a docentes universitários e a economistas de outros bancos centrais. Ao permitirem a participação de um conjunto alargado de colaboradores do Banco de Portugal têm--se revelado uma forma muito eficiente de formação avançada.

Durante o período de 2000 a 2013 foram organizadas pelo DEE um total de trinta e sete confe-rências e workshops, em que a participação é em número limitado e sujeita a convite. No conjunto dos eventos organizados destacam-se as Conferências sobre Mercado de Trabalho e Conferên-cias sobre Economia Monetária, cada uma delas realizada de dois em dois anos, de forma inter-calada. Adicionalmente, é também organizada, com uma periodicidade bianual, a Conferência “Desenvolvimento Económico Português no Espaço Europeu”. As conferências e workshops con-tam com a participação de colaboradores do Banco de Portugal e de outras instituições nacio-nais e internacionais.

No questionário realizado a utilizadores das publicações regulares foram também colocadas algumas questões sobre a participação em conferências e seminários. Pode concluir-se que uma maioria de inquiridos assiste frequentemente a conferências e seminários organizados pelo Banco de Portugal. A informação obtida nestes eventos é utilizada, principalmente, quer para investigação quer para obter informação geral sobre assuntos económico financeiros. Uma das

26. Pontualmente, estes seminários poderão ser abertos a outros colaboradores do Banco de Portugal.27. Os seminários de recrutamento são uma das fases do processo de recrutamento no Ph.D. Job market de recém doutorados e visam a apresentação do PhD Job market Paper por um conjunto restrito de candidatos pré selecionados por responsáveis do Departamento.

33Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

principais sugestões realizadas foi a de proceder à organização de seminários e conferências sobre temas económico-financeiros da atualidade, como forma de melhorar a informação divul-gada ao público.

4.4. Comunicação interna do DEEUma das formas utilizadas para comunicação dentro do Departamento pelos economistas do DEE são os seminários internos (ver ponto 4.3). Adicionalmente, têm também lugar contactos informais regulares entre economistas, no sentido de partilha de informação e discussão de trabalhos em curso. Existem ainda diversas parcerias no quadro de projetos de investigação envolvendo economistas do DEE e de outras instituições.

Atualmente é realizado um planeamento anual das atividades do DEE o qual se encontra aces-sível aos colaboradores do Departamento num documento denominado “Plano de Atividades”. Contudo, das entrevistas aos economistas do DEE foi possível concluir que existe a necessidade de uma comunicação mais regular sobre os projetos de investigação em curso. Esta divulgação periódica permitiria um maior conhecimento da atividade do DEE pelos seus colaboradores e, por sua vez, a utilização mais generalizada de técnicas que vão sendo desenvolvidas por outros colegas.

5. Cooperação institucional

No exercício da sua atividade o DEE mantém um contacto direto com diversos departamentos do Banco de Portugal e com diferentes instituições nacionais e internacionais.

5.1. Outros departamentos do Banco de PortugalNo que respeita ao relacionamento com outros departamentos do Banco de Portugal, existe uma cooperação muito significativa, com os que estão ligados a aspetos centrais da missão da instituição, em particular na perspetiva de assegurar a estabilidade de preços e de contribuir para a estabilidade do sistema financeiro. Neste sentido, atualmente existe uma colaboração regular, por um lado, com o Departamento de Mercados e Gestão de Reservas (doravante desig-nado por “DMR”) e, por outro lado, com o DES.

A colaboração com o DMR envolve a preparação dos briefings de política monetária, apresenta-dos mensalmente ao Governador. Adicionalmente, existe também uma colaboração regular do DEE com o DMR em termos de representação externa, nos Comités em que ambos os depar-tamentos participam no âmbito do Eurosistema. Há ainda uma partilha de informação de base por parte do DMR, para realização de alguns estudos no DEE e a realização conjunta de notas de política. Com a crise financeira foi evidente um aumento da colaboração entre os dois departa-mentos, havendo uma necessidade acrescida de partilha de informação.

A colaboração do DEE com o DES e, em menor escala, com o Departamento de Supervisão Prudencial (doravante designado por “DSP”) encontra-se ligada a atividades relacionadas com a estabilidade do sistema financeiro. A cooperação com o DES está principalmente associada à análise dos desenvolvimentos económicos e financeiros, no âmbito da discussão de previsões macroeconómicas, dos stress tests e dos riscos para o sistema bancário. Há ainda uma participa-ção conjunta regular em reuniões com investidores e, caso haja necessidade, em grupos técnicos do Comité Europeu do Risco Sistémico. Adicionalmente, o DEE contribui com instrumentos analí-ticos relevantes para a atividade regular do DES. No âmbito do REF, a participação do DEE realiza-

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal34

-se através dos artigos assinados. Para os relatórios de acompanhamento do sistema bancário o DEE contribui com estudos empíricos, havendo frequentemente a colaboração entre técnicos dos dois departamentos na sua realização. Com o DSP a interação é atualmente mais esporádica, havendo, pontualmente, contributos do DEE na análise de alguns temas.

O DEE tem ainda uma forte interação com o DDE, havendo uma utilização dos dados compilados pelo DDE e uma colaboração no sentido de promover a qualidade das estatísticas produzidas. A interação entre os dois departamentos dá-se ao nível de bases de dados e estatísticas, nomeada-mente, a Central de Balanços, a Central de Responsabilidades de Crédito, estatísticas do merca-do de crédito, estatísticas de finanças públicas, estatísticas relacionadas com o sistema bancário e estatísticas da balança de pagamentos, entre outras.

A colaboração com o Departamento de Relações Internacionais é realizada essencialmente ao nível da preparação do briefing ao Governador e de ações de cooperação internacional, nome-adamente com os PALOP. Com o Gabinete de Apoio ao Governador existe uma interação em termos de preparação de material de apoio sobre economia portuguesa, tendo em vista apre-sentações em seminários, conferências e outros eventos.

Com a Delegação do Banco de Portugal no Porto existe uma colaboração com o DEE no sentido de desenvolver, nesta delegação, o Laboratório de Investigação em Microdados (designado por BPlim). Esta estrutura será uma parceria entre vários departamentos: DDE, DEE, DES e DSP.

O DEE colabora ainda com outros departamentos do Banco de Portugal, embora de forma menos regular, como seja o Departamento de Sistemas de Pagamentos.

Dos questionários enviados obtiveram-se respostas de alguns elementos de Direção. As respos-tas referem que existe uma colaboração com o DEE em várias vertentes, designadamente em tarefas de briefing e grupos de trabalho, prestação de esclarecimentos técnicos bilaterais e de representação externa conjunta. Foram apontadas algumas áreas em que o DEE poderá refor-çar a colaboração com os departamentos. Entre estas constam a organização de conferências e seminários, a realização de cursos de formação e a participação em projetos de investigação conjuntos.

5.2. Instituições nacionaisO DEE relaciona-se com diversas instituições ao nível nacional, mantendo de longa data uma colaboração próxima, com o INE e com o Ministério das Finanças. Em 2012, estabeleceu uma cooperação alargada com o recém-criado Conselho de Finanças Públicas.

A colaboração do DEE com o INE é frequente, designadamente ao nível da participação em gru-pos de trabalho técnicos, como sejam o Grupo de Estatísticas do Mercado de Trabalho e o Gru-po de Estatísticas Macroeconómicas que funcionam junto do Conselho Superior de Estatística. Existe ainda um relacionamento formal e informal muito intenso com o Departamento de Contas Nacionais, em matérias relevantes para o acompanhamento das finanças públicas e dos desen-volvimentos macroeconómicos, incidindo em particular sobre informação estatística compilada pelo INE.

No Ministério das Finanças, o DEE mantém uma colaboração próxima com o Gabinete de Planea-mento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI). Esta contempla alguma partilha de informação e de opiniões técnicas relativamente à análise e projeção da evolução macroeco-nómica e orçamental. O DEE participa ainda em representações internacionais conjuntas com o Ministério das Finanças, nomeadamente no Comité de Política Económica da UE28 e na OCDE.

28. Note-se que na representação no Comité de Política Económica, na União Europeia, a representação principal pertence ao Ministério das Finanças.

35Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

A interação do DEE com o Conselho de Finanças Públicas inclui trocas de pontos de vista e de informação sobre a evolução das finanças públicas em Portugal, bem como o apoio à formação de técnicos do Conselho de Finanças Públicas.

O DEE tem também uma interação pontual com o Ministério da Economia, ao nível da partilha de dados necessários a projetos de investigação ou da colaboração em projetos conjuntos. Des-taca-se também a interação do DEE com as Universidades sendo de destacar a participação em conferências, seminários externos e cursos organizados pelo DEE e o acolhimento de estudantes que realizam estágios no Departamento.

Dos questionários enviados obtiveram-se respostas de elementos de algumas instituições nacio-nais. As respostas referem uma colaboração próxima em várias vertentes, nomeadamente, na participação em grupos de trabalho conjuntos, na análise de desenvolvimentos económicos, na colaboração em representações externas e na realização de esclarecimentos bilaterais. Foi refe-rido que poderá haver um intercâmbio de recursos humanos e cursos de formação com o DEE, assim como, uma maior participação em projetos de investigação conjuntos, como formas de reforçar as relações de cooperação com outras instituições.

5.3. Instituições internacionaisNo que respeita ao relacionamento com instituições internacionais, destaca-se a colaboração com o FMI, a Comissão Europeia (doravante designada por “CE”) e a OCDE.

A colaboração do DEE com o FMI decorre, em condições normais, nos termos do Artigo IV29 e no âmbito do Financial System Assessment Programme (ou FSAP)30. Neste contexto, o DEE disponibiliza a informação e presta os esclarecimentos considerados relevantes aos técnicos do FMI. Com o agravamento da crise económica e financeira e, depois, no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira, as missões do FMI a Portugal tornaram-se mais frequentes envolven-do um esforço adicional do DEE. De referir ainda que o DEE comenta textos e intervenções do representante permanente português junto do FMI. Adicionalmente, comenta alguns documen-tos produzidos pelos técnicos da organização (nomeadamente staff reports).

Na relação com a CE, o DEE participa em grupos de trabalho relacionados, nomeadamente, com contas nacionais e previsões de curto prazo. Adicionalmente o DEE participa, de forma esporá-dica, em alguns seminários organizados pela CE e produz comentários a textos que são produ-zidos pelos serviços da CE.

No que respeita à OCDE o DEE colabora no âmbito da representação portuguesa nos Exames de Portugal31, Grupo de Trabalho N.º132 e Comité de Política Económica.

O DEE interage ainda frequentemente com os técnicos do FMI, da CE e da OCDE que acompa-nham a economia portuguesa.

29. Ao abrigo do Artigo IV do seu Convénio Constitutivo, o FMI mantém discussões bilaterais com os países membros, normalmente com uma periodi-cidade anual.30. O FSAP é realizado com uma periodicidade quinquenal ou sexenal.31. A OCDE produz um relatório bianual sobre Portugal havendo uma discussão prévia dos tópicos escolhidos para análise com as autoridades nacionais.32. O Grupo de Trabalho n.º1 do Comité de Política Económica da OCDE (WP1) reúne semestralmente, discutindo estudos de natureza estrutural e de análise macroeconómica produzidos pelos economistas da OCDE. Este grupo de trabalho analisa também as recomendações transmitidas aos países no âmbito da identificação das melhores práticas de política económica, designadamente o Going for Growth.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal36

PARTE 2. Tópicos especiais

6. A economia portuguesa

Uma função crucial do DEE é aumentar o conhecimento sobre a economia portuguesa. Fazê-lo requer estudos académicos da economia, como discutido anteriormente na secção 3, mas tam-bém o reporte da evolução recente da economia, previsões sobre o seu futuro próximo e acon-selhamento ao Governador sobre questões estruturais que colocarão desafios de política para Portugal a nível da área do euro. Estas funções são parcialmente concretizadas através de três produtos individuais: os Indicadores de Conjuntura, as previsões frequentes da evolução macroe-conómica e os estudos sobre tópicos da economia portuguesa desenvolvidos pelo Departamento.

6.1. Indicadores económicosQualquer análise da economia portuguesa pressupõe a existência de dados adequados, fiáveis e frequentes sobre agregados macroeconómicos. O DEE desempenhou um papel importante na construção de séries trimestrais para a economia portuguesa, indispensáveis para os inves-tigadores nesta área. O DEE disponibilizou igualmente sérias monetárias e financeiras longas que abrangem diversas décadas, e que são também muito importantes. Além disso, ao compilar todos os meses os Indicadores de Conjuntura, o DEE contribui para que dados importantes se tornem facilmente acessíveis aos restantes economistas do Banco e a investigadores externos e membros do público informado. Esta é das publicações do Banco mais frequentemente procu-radas online, com quase 3000 downloads por relatório.

Outro importante produto são os indicadores coincidentes da atividade e do consumo. Estes são largamente citados pela imprensa e acompanhados de perto pela maioria dos observadores da economia portuguesa. A sua produção numa base regular terá de se manter uma função do DEE. Os dados são já divulgados de forma bastante amigável para os utilizadores, mas os esforços para a melhoria da sua acessibilidade têm de ser contínuos.

Uma prioridade mais importante é continuar a investigar e aprofundar o conhecimento sobre quais os melhores indicadores coincidentes e como construir novos indicadores. Na última década registou-se um grande progresso nesta área da economia e estatística. Os indicadores utilizados pelo DEE não estão na fronteira do conhecimento atual, mas estão suficientemente próximo para poderem ser significativamente melhorados com algum esforço e recursos. Alguns exemplos específicos são as novas abordagens de nowcasting, métodos para detetar pontos de viragem, e novos filtros eficientes para utilizar em grandes conjuntos de dados, que o DEE ainda não adotou. Dado o sucesso dos indicadores coincidentes em Portugal, e a procura evidente dos mesmos por parte do setor privado, há uma certa urgência em investir algum tempo de investi-gação na atualização e inovação dos métodos utilizados.

O tempo para esta investigação pode ser obtido eliminando o texto que acompanha os Indica-dores de Conjuntura, uma vez que, na sua maioria, este apenas repete a informação dos quadros, sem qualquer análise significativa. Uma vez que os utilizadores da publicação sublinham que estão interessados sobretudo nos indicadores coincidentes, um comunicado de uma página que discuta a sua evolução, que o DEE já produz, afigura-se suficiente. Segundo os técnicos do DEE, a preparação dos indicadores absorve uma grande quantidade de tempo, e simplesmente publicar valores descontinuando a respetiva análise pouparia recursos valiosos. Estes seriam mais bem direcionados para investigação geradora de novos estimadores.

37Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

6.2. PrevisõesO DEE produz as principais previsões da economia portuguesa para o curto e para o médio prazo. Estas são publicadas regularmente no Boletim Económico. A edição de abril sintetiza os desenvolvimentos do ano anterior e as suas implicações para o ano corrente, enquanto o Boletim Económico de junho elabora as projeções para os dois anos seguintes, que são depois atualiza-das na edição de dezembro. As previsões são especialmente pormenorizadas para a inflação, como é normal nos bancos centrais.

A produção de previsões é uma função essencial de um banco central. O DEE dá contributos essenciais para os exercícios de previsão do Eurosistema, necessárias quer para orientar as opções de política monetária, dados os desfasamentos entre as decisões e os seus efeitos na economia, quer para assegurar que o BCE é transparente quanto às suas opções e responsável perante o público que tem de servir. As previsões fornecem também um bem público aos agen-tes privados, reduzindo a incerteza na economia. Mesmo no Banco, para os funcionários que responderam ao inquérito, conhecer as previsões económicas foi a razão mais frequentemente mencionada para a leitura das publicações da instituição. As previsões do DEE inserem-se nas duas seguintes categorias: previsões de curto prazo e previsões do ciclo económico. Os modelos de DSGE são atualmente utilizados para exercícios de longo prazo e análise de simulações.

As previsões de curto prazo são efetuadas através da construção de modelos bridge-equation, onde diversas séries macroeconómicas são relacionadas através de relações na forma reduzida, utilizando dados passados, para tentar maximizar o sucesso das previsões de curto prazo. Os modelos utilizados pelo DEE desempenham a sua missão principal de forma satisfatória.

Ao mesmo tempo, estas previsões podem ser melhoradas em termos dos métodos utilizados. Não utilizam de forma eficiente toda a informação disponível em qualquer momento, e apa-rentemente a avaliação das previsões carece de mais trabalho. O DEE não adotou modelos de fatores dinâmicos, comuns em diversos bancos centrais, e não dá um contributo relevante na disponibilização das distribuições com as previsões, juntamente com uma análise mais completa dos riscos. Além disso, não há uma interação clara entre a inserção de juízos de valor, a atualiza-ção de modelos e a verificação da consistência das diferentes variáveis objeto da previsão face a modelos económicos básicos.

O DEE efetua projeções do ciclo económico recorrendo a um modelo estrutural macroeconomé-trico. Estes modelos são utilizados com frequência, assumindo um papel proeminente no debate económico em Portugal. São encarados talvez como as estimativas mais fiáveis e credíveis da evolução da economia portuguesa. O desempenho do modelo em previsões desde 2008 foi avaliado recentemente na edição de abril de 2013 do Boletim Económico, e comparado com as previsões da CE, do FMI e da OCDE. Os erros de previsão revelaram-se relativamente grandes, como aconteceu com a maioria dos modelos durante a crise de 2008-2009. Mas as previsões do Banco têm um melhor desempenho do que as das instituições referidas embora por uma pequena margem.

Aqui, novamente, os métodos utilizados no DEE poderiam ser melhorados. Ao longo dos últimos 15 anos, as previsões em diversos bancos centrais passaram dos modelos macroeconométricos clássicos para modelos que incluem elementos mais comuns à construção de modelos de DSGE. A fronteira da investigação, representada talvez pelo trabalho realizado na Federal Reserve, recor-re a uma interação entre juízos de valor e modelos, que assegura que as projeções entre séries e ao longo do tempo são consistentes a nível interno. Além disso, os modelos são cruciais para considerar cenários alternativos de forma sistematizada.

Os técnicos do DEE construíram um modelo de DSGE, denominado PESSOA. É um bom modelo neoKeynesiano para uma pequena economia aberta, que se baseia em larga medida no Global

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal38

Integrated Monetary and Fiscal model (GIMF) desenvolvido no FMI por Michael Kumhof e Douglas Laxton. Foi adaptado e aplicado a Portugal de forma sensata, o que implicou um esforço con-siderável, pelo qual o DEE merece reconhecimento. Uma aplicação útil recente do modelo foi calcular os multiplicadores orçamentais para Portugal, quando houve um extenso debate sobre este tópico a nível nacional e internacional.

Paralelamente, embora o PESSOA tenha sido um bom primeiro passo, atualmente não está na vanguarda na literatura. Isto torna-se evidente na comparação entre o PESSOA e os DSGE utili-zados noutras pequenas economias abertas (por exemplo, o Reserve Bank of New Zealand ou o Bank of Canada) ou na Europa (o Banco de España ou o BCE). Para começar, o PESSOA é calibrado, não estimado, para se adaptar à economia portuguesa. Além disso, o PESSOA não tem um setor financeiro operacional, nem uma avaliação do papel das restrições em termos de garantias ou outras fricções ao contrair empréstimos no exterior, tendo por isso dificuldade em justificar as interrupções súbitas de capital que constituem alguns dos maiores desafios de política para o Banco. Tal como a maioria dos DSGE há 6 ou 7 anos, mas menos atualmente, o PESSOA omite os bancos e os determinantes dos diferenciais de crédito e de taxas de juro. Um exemplo resulta da aplicação do PESSOA à avaliação de multiplicadores orçamentais. Ao modelo falta a interação entre os desenvolvimentos nas finanças públicas e as taxas de juro que o país tem de pagar ao exterior. Assume igualmente que os impostos sobre os rendimentos do trabalho são a principal ferramenta de ajustamento para o pagamento da dívida, apesar de os dados revelarem que alte-rações no IVA têm sido importantes.

Tão importante quanto a atualização do PESSOA é o desenvolvimento de modelos alternativos a nível do Banco. A combinação de previsões provenientes de diferentes perspetivas é frequen-temente uma forma eficaz de gerar previsões de qualidade superior, existindo técnicas para o fazer de forma disciplinada. Na fronteira das práticas dos bancos centrais, a diversidade de modelos é essencial.

Um ponto de partida profícuo poderá ter como base a investigação feita noutras áreas do DEE. Não haver mais interação entre os economistas que desenvolvem modelos e os responsáveis pelas previsões é negativo para ambas as partes. A título exemplificativo, o Banco tem uma posi-ção comparativamente forte na economia do trabalho. Modelos pormenorizados de fluxos no mercado de trabalho podem, e devem, ser utilizados para produzir ou disciplinar previsões acer-ca do mercado de trabalho. As previsões para o desemprego produzidas pelo DEE parecem rudimentares quando comparadas com os modelos que o DEE utiliza para estudar a evolução do desemprego nas suas publicações mais académicas. De igual modo, o DEE produz já uma quan-tidade significativa de investigação sobre o setor financeiro, que irá provavelmente aumentar. Incorporar esse conhecimento nas previsões deverá melhorar a sua qualidade, ao mesmo tempo que explora sinergias de forma eficaz.

Em suma, o DEE tem todos os ingredientes para produzir boas previsões que conjuguem análise de dados atuais com previsões a curto prazo, que utilizem diversos modelos, e que combinem juízos de valor com a consistência interna dos modelos. Para cada um destes ingredientes, os trabalhos atuais não se encontram propriamente na fronteira da investigação, e não parecem conjugar as diferentes partes da análise e previsões correntes de forma ótima. Ao mesmo tem-po, como se pode observar a partir dos working papers produzidos pelos economistas do Banco, estes estão conscientes destas questões, e alguns deles produziram inclusivamente boa inves-tigação sobre os mesmos. Entre as publicações regulares do Banco de Portugal há bons artigos que desenvolvem modelos de fatores dinâmicos para a previsão do PIB em Portugal, que inte-gram alguns fatores financeiros no PESSOA, e que trabalham para desenvolver alguns outros modelos de DGSE no contexto do Eurosistema e do seu novo modelo EAGLE. Alguns técnicos

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estão conscientes das limitações dos atuais modelos de previsão, tendo a capacidade para traba-lhar na direção certa no sentido de os melhorar. O passo que falta é afetar mais recursos e impor uma maior exigência na aplicação de parte deste conhecimento de forma sistemática à produção de melhores previsões regulares. Por conseguinte, com mais orientação e esforço, a Comissão está otimista de que as previsões poderão ser melhoradas de forma significativa.

6.3. Estudos estruturaisO DEE deve disponibilizar estudos sobre aspetos estruturais da economia portuguesa que aler-tem o Banco para os desafios emergentes e informar sobre as suas opções de política neste contexto. Tal é feito através de diversos produtos, no fulcro dos quais estão os working papers, mas também publicações ocasionais e conferências regulares organizadas pelo Banco. A Comis-são optou por avaliar estas publicações questionando de que forma a investigação no Banco deu resposta a três questões fulcrais ao longo da última década.

A primeira questão, que remonta ao início do euro e que mostrou ser crucial durante a crise recente, é se os desequilíbrios da balança corrente são importantes numa união monetária. Como Portugal acumulou grandes défices da balança corrente nos primeiros anos do euro, esta questão foi talvez das mais importantes que o Banco de Portugal enfrentou entre 2000 e 2007. O Governador proferiu discursos sobre este tópico, e o Banco organizou uma conferência onde Olivier Blanchard apresentou o agora célebre paper segundo o qual os elevados défices da balan-ça corrente portuguesa eram motivo de preocupação. No entanto, há pouca evidência no Boletim Económico ou em working papers que mostre resultados significativos da investigação do DEE sobre este tópico. Segundo os técnicos, tem havido discussões regulares, mas há poucos resul-tados em termos de investigação para apresentar.

Uma segunda questão que se tornou particularmente relevante entre 2007 e 2014 foi o papel dos desenvolvimentos financeiros na economia, e especialmente a sua interação com os proble-mas orçamentais. Neste aspeto, os resultados do trabalho do DEE são satisfatórios. Em 2007, no contexto do Programa de Assistência Financeira do FMI, o Banco de Portugal começou a usar microdados sobre empréstimos bancários para estudar as flutuações do crédito e o incumpri-mento a nível de empréstimos. Mesmo anteriormente, havia já alguns estudos teóricos sobre a interação entre política monetária e fatores financeiros. Depois da crise de 2008, existem muitos trabalhos de investigação de grande qualidade sobre a forma como os fatores financeiros afetam o financiamento das empresas, ou como a participação numa união monetária pode restringir a política monetária mas não a política orçamental. O DEE tem também produzido de forma sistemática boa investigação sobre o estado das finanças públicas em Portugal, e sobre a evolu-ção esperada do sistema da Segurança Social. Por último, os programas da conferência bianual sobre economia monetária e da conferência de investigação do Banco de Portugal incluíram diversas apresentações de elevada qualidade sobre estes tópicos.

Uma terceira questão estrutural é saber em que medida se pode utilizar microdados para res-ponder a questões macroeconómicas sobre a evolução do mercado de trabalho em Portugal ou o comportamento da inflação. Aqui, o desempenho do Banco é extremamente positivo. Quer em termos da compreensão dos fluxos de emprego, quer a compreensão da forma como os preços são fixados pelas empresas portuguesas, os economistas do Banco anteciparam-se à maioria dos bancos centrais no que respeita à utilização de microdados pormenorizados para informar sobre questões importantes de política. Tal resultou em conclusões úteis e claras para a política, como compreender a forma como a expansão da rede de segurança social em Portugal ao longo dos últimos 25 anos poderá ter afetado o desemprego, ou quantificar os hiatos das remunera-ções entre géneros e setores.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal40

7. Criação de uma nova Área de Intermediação Financeira no DEE

Tradicionalmente, os bancos centrais estão associados à condução da política monetária. A recente crise financeira mostrou que também são úteis pelo seu papel de manutenção da estabilidade financeira. A crise financeira veio sublinhar a importância da supervisão micro- e macroprudencial ao nível dos bancos centrais. Demonstrou também o valor de dispor de capa-cidade analítica avançada em termos de estabilidade financeira.

O estabelecimento da União Bancária tornou ainda mais importante para os bancos centrais na UE promover a sua capacidade em termos de estabilidade financeira. A União Bancária moldará a intermediação financeira na UE e contribuirá para o avanço da integração financeira europeia. Além disso, ao estabelecer um Mecanismo Único de Supervisão e ao colocar o Conselho do BCE no centro do processo de tomada de decisão, a União Bancária transformará a arquitetura das instituições responsáveis pela estabilidade financeira na UE e na área do euro.

Como resultado, o papel dos bancos centrais nacionais nas diferentes áreas de estabilidade financeira ficará mais próximo da prática atual na área da política monetária, tornando essen-cial que os bancos centrais, em particular os de países de menor dimensão, complementem as suas capacidades ao nível micro- e macroprudencial com uma forte capacidade analítica na área da intermediação financeira. A excelência da análise financeira e da investigação contribuirá para a reputação dos bancos centrais, proporcionando-lhes os necessários conhecimentos e estratégias, a fim de preservar a influência na conceção de políticas de estabilidade financeira, apoiando-os em termos das suas responsabilidades micro- e macroprudenciais. Por último, dada a crescente evidência da importância do setor financeiro para a economia em geral, apoiará os bancos centrais nas suas responsabilidades mais abrangentes.

7.1. Anteriores atividades do DEE relacionadas com a Intermediação FinanceiraAo longo dos anos, o DEE tem dado um magnífico contributo para o Banco de Portugal, na área da estabilidade financeira. Isso é visível no volume e importância do trabalho desenvolvido, como se documenta adiante. É também notório no papel pioneiro desempenhado pelo Departamento em várias iniciativas (por ex. o lançamento do Relatório de Estabilidade Financeira) e na sua capa-cidade para abordar novos problemas e desafios, como indicam os contributos para a estratégia de ajustamento do sector bancário português na sequência da crise de dívida soberana. As prin-cipais atividades do DEE na área financeira nos últimos anos passaram por:

• Informar o Governador, outros membros da Administração e altos quadros, incluindo o mem-bro do Comité Técnico Consultivo (CTC) (o Diretor do Departamento ou, como suplente, o coordenador da Área de Estabilidade Financeira) e o Diretor do DEE, relativamente a diversos tópicos relacionados com a estabilidade financeira.

• Contribuir para as publicações do Banco de Portugal, em tópicos relacionados com questões financeiras, incluindo o Relatório de Estabilidade Financeira, o Relatório Anual, o Boletim Económi-co, os Indicadores de Conjuntura e o Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito.

• Participar em iniciativas do Comité Europeu do Risco Sistémico e da Autoridade Bancária Euro-peia, incluindo reuniões do Grupo de Trabalho de Análise e reuniões do Grupo de Trabalho sobre Instrumentos, e em reuniões e atividades relacionadas com os stress tests da Autoridade Bancária Europeia.

• Participar em grupos de trabalho e task-forces do Eurosistema, incluindo a Network de Investiga-ção Macroprudencial, a Network sobre o Financiamento e o Consumo das Famílias, o Inquérito

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aos Bancos sobre o Mercado de Crédito e task-forces ad-hoc constituídas para a preparação do Relatório sobre Questões Estruturais.

• Organizar a conferência bianual do Banco de Portugal sobre Intermediação Financeira, partici-par em conferências académicas, e elaborar textos de cariz académico para serem publicados em revistas com peer-review.

• Outras atividades: Implementar e acompanhar os planos trimestrais de financiamento e capi-talização dos oito maiores grupos bancários portugueses, exigidos nos termos do Programa de Assistência Económica e Financeira; implementar e redigir os relatórios sobre os stress tests trimestrais dos oito maiores grupos bancários portugueses, exigidos nos termos do Programa de Assistência Económica e Financeira; implementar, em Portugal, o inquérito do Eurosistema ao financiamento e consumo das famílias.

Com a criação do DES33 no Banco de Portugal, e a atual transformação na UE relativamente à atribuição institucional de responsabilidades quanto à manutenção da estabilidade financeira e à conceção da política financeira, é o momento certo para o Banco de Portugal reconsiderar as suas capacidades analíticas na área financeira.

7.2. Proposta de criação de uma Área de Intermediação Financeira no DEENo passado, a maioria dos contributos do DEE relacionados com questões financeiras eram dados pela Área de Estabilidade Financeira. Com a criação do DES, algumas das responsabili-dades do DEE relacionadas com questões financeiras foram transferidas para o novo depar-tamento. Apesar desta transferência de responsabilidades, devido à crescente importância da capacidade analítica e de investigação relacionada com questões financeiras, como se salientou acima, a Comissão recomenda que o Banco de Portugal deve criar no DEE uma nova área – a Área de Intermediação Financeira – com o conjunto de responsabilidades descritas adiante. Na nossa opinião, o estabelecimento desta área é fundamental para o Banco de Portugal, pelas seguintes razões:

• Como se referiu atrás, as atuais alterações na área do euro exigem uma participação mais ativa do Banco de Portugal nos debates de política ao nível da área do euro sobre tópicos relaciona-dos com a intermediação e a estabilidade financeiras. Uma participação efetiva nestes debates requer um nível elevado de apoio analítico e de investigação sobre questões crescentemente complexas. Acima de tudo, exigirá ainda o desenvolvimento de estratégias destinadas especi-ficamente a apoiar o Banco de Portugal na prossecução dos seus objetivos. Estas funções, em virtude da sua exigência e complexidade técnica e devido à sua dependência de estratégias ade-quadamente concebidas, são mais bem desempenhadas por economistas com conhecimentos especializados e experiência de investigação em intermediação e a estabilidade financeiras.

• A dinâmica dos ajustamentos macroeconómicos na área do euro tem sido, e continuará pro-vavelmente a ser, dominada por fatores financeiros. Da mesma forma, os desafios que Por-tugal continuará a enfrentar por muitos anos, como resultado dos elevados níveis de dívida pública, empresarial e das famílias, colocam os fatores financeiros no centro do ajustamento

33. Conforme já referido, no âmbito da missão do Banco de Portugal de promover e salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro foi decidido, em 2013, criar o Departamento de Estabilidade Financeira que passou a coordenar as atividades relacionadas com a definição de política na área de estabilidade financeira.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal42

macroeconómico do país. Além disso, a intermediação financeira em Portugal continuará a ser um fator determinante muito importante das condições monetárias e do mecanismo de trans-missão monetária. A colocação de economistas com conhecimentos especializados no DEE dará origem a sinergias entre a análise e o acompanhamento da intermediação financeira e a análise e previsão macroeconómicas, fazendo assim face aos referidos desafios de forma mais eficaz.

• A colocação de economistas com conhecimentos especializados e experiência de investigação em questões financeiras no DEE também facilitará a contratação de economistas financeiros, uma vez que muitos economistas das melhores escolas, em particular no mercado de recém--doutorados, estão mais dispostos a ser colocados em departamentos onde possam prosseguir os seus trabalhos de investigação.

• A investigação financeira e as publicações que dela resultam darão ao Banco de Portugal uma reputação de instituição capaz de produzir investigação de primeira qualidade nas áreas da intermediação e estabilidade financeiras. Tal contribuirá para que o Banco de Portugal prossiga a sua agenda no que se refere a objetivos relacionados com a estabilidade financeira a nível quer interno quer da área do euro. Ajudará também o DEE a prestar apoio técnico de elevada quali-dade a outros departamentos do Banco sobre questões relacionadas com a intermediação e a estabilidade financeiras. Os benefícios das sinergias com outros economistas e da peer pressure sugerem que a colocação de economistas financeiros no DEE contribuirá para a sua investigação e terá externalidades positivas para os outros economistas no DEE.

• A colocação de economistas financeiros numa nova área do DEE aumentará a probabilidade de sucesso destes objetivos. Intensificará a proeminência de economistas financeiros no DEE, colocando-os em pé de igualdade com as outras áreas do Departamento, com efeitos positi-vos sobre os seus incentivos de trabalho. Ampliará as hipóteses de os economistas financeiros explorarem as sinergias com origem em interesses e conhecimentos especializados idênticos, com efeitos positivos sobre o seu desempenho e contributo para o Banco. Por último, facilitará a gestão dos economistas financeiros e melhorará as suas perspetivas de carreira, o que terá tam-bém um efeito positivo sobre o seu desempenho e compromisso perante o Banco de Portugal.

7.3. Proposta de responsabilidades da Área de Intermediação Financeira

A Comissão recomenda que a nova Área de Intermediação Financeira a estabelecer no DEE seja dotada dos necessários recursos humanos (em termos de quantidade, qualidade e com o perfil de qualificação adequado) de modo a satisfazer a lista que se segue de responsabilidades rela-cionadas com a intermediação e a estabilidade financeiras.

(i) Prestação de apoio analítico ao Governador e à Administração

A passagem do Conselho do BCE para o centro da decisão de política em matéria de estabili-dade financeira é um importante desafio. O mesmo se aplica à criação do Mecanismo Único de Supervisão. Estas importantes transformações colocam novas exigências e desafios ao Banco de Portugal, em geral, e ao Governador, enquanto membro do Conselho do BCE. Uma partici-pação eficaz no quadro destes novos arranjos institucionais exige não só grande apoio técnico, mas também o desenvolvimento de estratégias especificamente concebidas para proporcionar ao Banco de Portugal a oportunidade de ser um interveniente ativo e influente no processo de tomada de decisão a adotar para fazer face a questões na área financeira. A Comissão reco-

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menda que o Banco de Portugal estabeleça processos que incluam uma participação conjunta dos departamentos relevantes do Banco, mas sob a liderança da Área de Intermediação Finan-ceira, com o objetivo de desenvolver o apoio técnico e pensamento estratégico acima referidos, disponibilizando-os ao Governador e à Administração.

(ii) Contribuição ativa para o Relatório de Estabilidade Financeira

A preparação do Relatório de Estabilidade Financeira é da responsabilidade do Departamento de Estabilidade Financeira. Contudo, uma vez que a capacidade analítica e de investigação sobre questões relacionadas com a intermediação e a estabilidade financeiras permanecerá no DEE, a Comissão é de opinião que o DEE, e em particular a Área de Intermediação Financeira, deverão participar ativamente na produção do relatório. Com esse objetivo, a Comissão propõe que seja adotado um processo formal para a produção do relatório, e que esse processo dê ao DEE a oportunidade não só de contribuir com conteúdos mas também de comentar o relatório na sua totalidade. Além disso, a Comissão sugere que o referido processo inclua a criação de um comité editorial presidido pelo DES mas com representantes do DEE (e outros departamentos). O comi-té editorial supervisionaria a produção do REF.

(iii) Prestação de apoio técnico a outros departamentos do Banco de Portugal

A Área de Intermediação Financeira deverá poder proporcionar apoio técnico a outros departa-mentos do Banco de Portugal sobre questões relacionadas com a intermediação e a estabilidade financeiras. Em geral, este apoio deverá ser prestado face a solicitações específicas e dependen-do da aprovação do Coordenador da Área de Intermediação Financeira / Direção do DEE. Porém, nos casos da micro-supervisão das instituições financeiras e da supervisão macroprudencial, em virtude da complexidade destas funções e das crescentes exigências e escrutínio do Mecanismo Único de Supervisão, a Comissão recomenda que sejam adotados processos formais, promo-vendo uma participação ativa de economistas da Área de Intermediação Financeira nestas ativi-dades. Estas parcerias proporcionarão uma oportunidade para o Banco de Portugal melhorar a capacidade analítica constituída na Área de Intermediação Financeira.

(iv) Análise de política em tópicos considerados importantes pelo Banco de Portugal

Existe um interesse crescente em compreender as implicações das atuais alterações ao nível quer da atribuição institucional de responsabilidades pela estabilidade financeira, quer da arqui-tetura da intermediação financeira na Europa. Da mesma forma, há um interesse crescente em compreender os desafios colocados aos decisores de política na Europa pelos elevados níveis de endividamento dos setores público e privado. Estes são apenas alguns exemplos de questões importantes que carecem de análise. O Banco de Portugal, e em particular a Área de Intermedia-ção Financeira que a Comissão propõe criar no DEE, está singularmente posicionado para dar um contributo valioso no sentido de responder a estas questões. O Banco dispõe do incentivo para investigar estas matérias, uma vez que estão estreitamente relacionadas com a sua mis-são. Dispõe da independência e credibilidade fundamentais para participar nestes debates. Tem acesso às fontes de informação essenciais a estas análises e, com a criação da Área de Interme-diação Financeira, estará devidamente equipado com a capacidade intelectual necessária para lhes fazer face, bem como a outras questões de política na área financeira consideradas impor-tantes pelo Banco.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal44

A Comissão é de opinião que o Banco de Portugal deverá dar um valioso contributo para estes debates, produzindo um livro sobre a estrutura, integração e estabilidade financeiras. Este proje-to proporcionaria também a oportunidade de promover uma cooperação horizontal no seio do Banco de Portugal, uma vez que teria por base os contributos dos diferentes departamentos do Banco. Este trabalho de cooperação poderia ser liderado pelo DES. Além disso, proporcionaria a oportunidade de o Banco de Portugal identificar as áreas chave em que deverá desenvolver estratégias, a fim de desempenhar um papel ativo e influente no contexto dos novos arranjos institucionais na UE e na área do euro.

(v) Acompanhamento das condições financeiras em Portugal

A Área de Intermediação Financeira deverá acompanhar as condições financeiras em Portugal, em particular a concessão de crédito aos vários setores da economia. A Área de Intermediação Financeira deverá cooperar também com outras áreas do DEE na análise da relevância das con-dições financeiras para os desenvolvimentos económicos em Portugal. A criação de modelos macrofinanceiros é uma das áreas onde as sinergias deverão ser mais fortes.

(vi) Investigação

A Área de Intermediação Financeira deverá realizar investigação sobre tópicos relacionados com a intermediação e a estabilidade financeiras, tendo como objetivo a sua publicação em revistas académicas, em particular revistas de topo. Esta atividade é extremamente profícua, devendo por conseguinte ser incentivada. Melhora a reputação do Banco de Portugal, atribuindo cre-dibilidade às suas opiniões e reforçando o seu poder negocial quer internamente quer com o exterior. Coloca pressão sobre os economistas da Área de Intermediação Financeira no sentido de que os seus conhecimentos especializados e o conjunto de capacidades técnicas sejam não só mantidos atualizados, mas também elevados aos mais altos níveis na profissão. Os economis-tas envolvidos terão assim capacidade para prestar melhor aconselhamento e apoio técnico ao Governador, à Administração e a outros departamentos do Banco. Por último, a investigação aca-démica apoiará o DEE no mercado de trabalho, dado que os economistas das melhores escolas, em particular no mercado de recém-doutorados, não consideram favoravelmente as instituições que não valorizam a investigação.

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PARTE 3. Organização e recursos humanos

8. Organização

A atividade e o modo de funcionamento do DEE estão intimamente ligados à missão do Banco de Portugal. Neste sentido, em termos de organização da sua atividade, o DEE segue alguns dos objetivos do plano estratégico trienal definido para o Banco de Portugal.

No âmbito do plano estratégico 2014-2016 o DEE encontra-se particularmente envolvido em dois dos objetivos estratégicos: (1) participação influente no Eurosistema e nos outros fora onde o Banco de Portugal intervém e excelência na operacionalização das decisões de política mone-tária e (2) contribuição para uma sociedade mais informada sobre a realidade económica e finan-ceira do país e a atividade do Banco de Portugal.

Relativamente ao primeiro objetivo estratégico o enfoque do DEE prende-se principalmente com o reforço da qualidade analítica e a pertinência dos estudos económicos envolvidos. Adicional-mente, o DEE deverá contribuir para a melhoria do apoio à participação do Governador e dos representantes do Banco de Portugal nas reuniões do Eurosistema e dos outros fora onde o Banco intervém e da coordenação dessas participações. No que respeita ao segundo objetivo estratégico o DEE deverá participar no processo de racionalização da comunicação externa e na promoção da abertura do Banco ao exterior.

Num sentido mais operacional, é estabelecido um plano de atividades para o Departamento. Este plano de atividades tem como base a missão do DEE. Esta missão tem três objetivos prin-cipais: (i) análise da situação e perspetivas económicas nacionais e internacionais, (ii) aconselha-mento de política e (iii) investigação.

No planeamento de atividades do Departamento procura-se listar as principais atividades e pro-jetos que os colaboradores do DEE desenvolverão ao longo do ano. Este plano abrange (i) as atividades regulares do Departamento, definindo, sempre que possível, a calendarização e o res-ponsável pela realização da tarefa, assim como (ii) o conjunto dos estudos que irão ser realizados futuramente, que se encontram em desenvolvimento, ou ainda em fase de conclusão, procuran-do estabelecer os prazos de execução e os objetivos em termos de publicação.

Em termos de estrutura orgânica atual, o DEE integra (i) dois elementos de Direção, (ii) três áreas de estudos, a Área de Conjuntura e Previsão, a Área de Finanças Públicas e Estudos Estruturais e a Área de Política Monetária, (iii) um Núcleo de Tratamento de Dados e Documentação e (iv) um Gabinete de Apoio.

As três áreas de estudos desenvolvem em paralelo um conjunto de atividades de caráter mais operacional e regular e seguem um programa de investigação. No conjunto de atividades de caráter operacional é comum às três áreas a produção de textos para as publicações regulares do DEE assim como a representação externa do Banco de Portugal no âmbito do Eurosistema e junto de instituições nacionais e / ou outras instituições internacionais.

A Área de Conjuntura e Previsão tem como missão o acompanhamento, análise e projeção dos desenvolvimentos macroeconómicos em Portugal. Neste sentido a Área de Conjuntura e Previ-são é responsável, para além das funções já referidas, (i) pela elaboração de estimativas e pre-visões macroeconómicas, em colaboração com a Área de Finanças Públicas e Estudos Estrutu-rais, (ii) pelo desenvolvimento de modelos macroeconómicos e elaboração de simulações, (iii) pela sistematização e análise da informação de conjuntura da economia portuguesa, incluindo

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal46

o desenvolvimento de indicadores coincidentes e avançados e (iv) pela manutenção das séries longas trimestrais para a economia portuguesa.

A Área de Finanças Públicas e Estudos Estruturais tem a função de elaborar estudos sobre a efici-ência da despesa pública, comércio externo e mercado de trabalho. Cabe-lhe ainda acompanhar a execução das finanças públicas, tanto em Portugal como na União Europeia e de proceder ao desenvolvimento dos instrumentos analíticos de simulação e de previsão dos efeitos da política orçamental, em colaboração com a Área de Conjuntura e Previsão. Além das funções já mencio-nadas a Área de Finanças Públicas e Estudos Estruturais participa nos exercícios regulares de previsão do Eurosistema e projeções internas do DEE na área das finanças públicas.

A Área de Política Monetária tem como principal função o aconselhamento em questões de política monetária na área do euro. Em particular, é dada especial atenção ao comportamento dos preços, à transmissão das decisões de política monetária à economia e, mais recentemente, às implicações da política monetária para a economia portuguesa. Uma das principais funções do Área de Política Monetária, além das já mencionadas, envolve a preparação do briefing mensal de política monetária. Nos últimos anos a Área de Política Monetária passou a ter também a ter atribuídas funções relacio-nadas com as condições monetárias e financeiras da área do euro e de Portugal.

O Gabinete de Apoio e o Núcleo de Tratamento de Dados e Documentação integram funções de suporte à atividade do DEE.

9. Demografia

Nos últimos 10 anos, o número de técnicos do DEE situou-se, em média, em 77. O valor corres-pondente para os economistas foi de 51. Em 2013, o número de economistas diminuiu de 59 para 54 sobretudo devido a algumas saídas de técnicos para o DES (Quadro 9.134). Em termos de composição por graus académicos, a grande maioria dos economistas que trabalham no Departamento tem um mestrado. A percentagem de economistas com doutoramento aumentou substancialmente, de 20 % em 2000 para 33 % em 2013. No mesmo período, houve uma redu-ção substancial do número de técnicos administrativos de 20 elementos para apenas 8 em 2013.

50 % dos técnicos têm menos de 41 anos de idade. A faixa etária predominante situa-se no inter-valo 41-45 anos, o que denota um Departamento bastante maduro. Cerca de 57 % dos técnicos está no DEE há mais de 10 anos, e 33 % trabalham no DEE há pelo menos 15 anos. Contudo, em 2013, 30 % dos técnicos estavam no Departamento há menos de 5 anos.

10. Processo de recrutamento

Tradicionalmente, o DEE recruta os seus economistas através de três canais diferentes:

• Programas de estágio profissional direcionados sobretudo a jovens com licenciatura / mestra-do de universidades portuguesas de referência.

• Concursos externos para economistas e concursos externos para economistas com doutora-mento.

• Transferências internas de economistas de outros departamentos do Banco de Portugal.

34. Ver Gráficos e Quadros.

47Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Os canais de recrutamento mais relevantes são os estágios e os concursos externos para econo-mistas com doutoramento (que representam 66 % dos recrutamentos no período 2000-2013).

O programa de estágios consiste, essencialmente, no preenchimento de posições remuneradas por de seis meses, sendo uma fonte muito importante de seleção e recrutamento de indivíduos com elevado potencial. Após seis meses de experiência em contexto de trabalho no Departa-mento, os estagiários com o melhor desempenho recebem ofertas de trabalho, para integrar o Departamento com contratos permanentes. Até 2009, o recrutamento de estagiários era efe-tuado de entre os licenciados com as melhores notas do seu curso. Atualmente, devido ao pro-cesso de Bolonha, este recrutamento é feito a nível de mestrado. No período 2000-2013, 37 % dos técnicos do DEE foram contratados através deste processo de estágio.

Em 2006, o DEE introduziu algumas alterações no processo de recrutamento de economistas com doutoramento. Seguindo as melhores práticas internacionais, o DEE começou a recrutar jovens doutorados no job market. Até 2006, o recrutamento de economistas com doutoramento era feito através de um concurso externo essencialmente direcionado ao mercado interno e a indivíduos de nacionalidade portuguesa. Com a nova política de recrutamento, o Departamento passou a conseguir atrair investigadores internacionais com doutoramento provenientes de universidades de referência a nível mundial. A mudança na política de recrutamento constituiu um marco importante no Departamento, contribuiu para a sua internacionalização, aumentou a diversidade entre os seus técnicos e reforçou o grupo de investigadores capaz de realizar investigação académica. Entre os economistas que atualmente integram o departamento, 12 % foram recrutados no job market.

O processo de recrutamento no job market segue a prática habitual: o DEE publicita, a nível internacional e nacional, o convite à apresentação de candidaturas às vagas para jovens douto-rados. Em geral, três economistas do DEE (um ou dois membros da Direção do Departamento e um ou dois economistas mais experientes) participam no job market dos EUA e entrevistam e selecionam uma lista reduzida de candidatos, que são convidados a apresentar um seminário no DEE. Um comité, que inclui economistas com mais experiência pertencentes à mesma área científica dos candidatos e alguns investigadores mais experientes, seleciona os candidatos que receberão uma oferta de emprego. Esta oferta é basicamente um contrato permanente. Desde 2006, 41 candidatos foram convidados a apresentar um seminário no Banco de Portugal; des-ses, 9 investigadores (7 não portugueses) aceitaram a oferta.

A outra modalidade através da qual o DEE recruta economistas são as transferências internas. No período 2000-2013 apenas 15 % dos novos economistas do DEE foram recrutados desta forma.

A política de recrutamento parece ser adequada. Contudo, há alguns aspetos no processo de implementação que gostaríamos de realçar.

No que se refere ao programa de estágios, nos últimos anos aparentemente foi oferecido emprego a quase todos os estagiários, o que sugere que o Departamento não exerce a opção de escolha das pessoas mais qualificadas. Poder-se-ia argumentar que este é o resultado de um processo de seleção ex-ante bastante exigente (seguindo os mesmos procedimentos de teste e entrevistas de um recrutamento normal) que garante estagiários de elevada qualidade. Con-tudo, tal pode também ocorrer porque o conjunto de candidatos não tem dimensão suficiente ou os critérios de seleção ex-post não são muito exigentes. Na nossa opinião, o programa de estágios é uma boa prática para atrair pessoas com talento. Não obstante, o número de esta-giários deverá exceder largamente o número de vagas para permitir uma seleção exigente no processo de contratação pós-estágio.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal48

No que respeita ao processo de recrutamento no job market, o DEE deverá prestar mais aten-ção à informação que transmite aos candidatos. De acordo com os dados que recolhemos das entrevistas aos técnicos, os candidatos não têm uma ideia muito clara sobre as regras do jogo. Alguns aspetos do processo de contratação são muito claros: é oferecido aos candidatos um contrato permanente e são-lhes prestadas informações sobre as condições de remuneração. É-lhes também dito que, após cinco anos, terão a oportunidade de receber um aumento de salário substancial caso obtenham uma avaliação muito satisfatória de um comité de avaliação externa. O mesmo pode ocorrer após um período subsequente de cinco anos. De acordo com as cláusulas do contrato, espera-se que os investigadores dediquem 70 % do seu tempo a inves-tigação académica e 30 % a questões de política. Contudo, há falta de informação e transparên-cia no que respeita às expetativas de desempenho: os investigadores deverão ser informados sobre o que deverão produzir durante, digamos, os primeiros cinco anos, antes de serem ava-liados por um comité externo. Deverão também receber informações claras acerca da carreira a que poderão aspirar no DEE. Recomendamos ao Departamento que esclareça estas questões e estabeleça regras muito claras e transparentes que deverão ser apresentadas aos candidatos durante o processo de entrevista no job market.

Uma outra limitação da atual política de recrutamento prende-se com o contrato permanente oferecido aos investigadores. De acordo com a política de recrutamento geral do Banco de Por-tugal (e com a lei do trabalho portuguesa), após um período experimental normalmente de seis meses, qualquer pessoa passa a integrar os quadros (incluindo os técnicos menos experientes que tenham sido admitidos após terem completado o programa de estágios). Consideramos que esta política vai contra as melhores práticas, uma vez que não fornece os incentivos ade-quados aos investigadores. Com base no sistema tradicional de tenure track nos meios acadé-micos, sugerimos que se ofereça, quando as circunstâncias e o enquadramento legal o permi-tirem, aos jovens investigadores (recrutados no job market) um contrato inicial de três anos (a duração máxima permitida por lei para um contrato a termo), definindo de forma muito clara os objetivos em termos de publicações de alto nível e contributos de política. Após este período de três anos, o investigador deverá ser avaliado por um comité externo que inclui especialistas internacionais nesta área científica. Se a avaliação for positiva, o investigador deverá passar à situação de contrato sem termo, caso contrário o contrato expira. Esta política de tenure track fornece os incentivos certos para que os jovens doutorados produzam investigação de elevada qualidade e publiquem em revistas de topo e, ao mesmo tempo, reduz o risco para o DEE, uma vez que existe uma grande incerteza face ao seu potencial para realizar investigação académica de alto nível (apesar do facto de poderem ser graduados por universidades de referência a nível mundial) ou de se integrarem adequadamente na instituição.

11. Carreiras

De acordo com o Departamento de Recursos Humanos (doravante designado por “DRH”), existe uma carreira técnica única que se aplica a todos os técnicos do Banco de Portugal. Não existe o conceito de uma carreira de investigação. A carreira de cada colaborador que trabalha na insti-tuição é gerida de acordo com o conjunto de regras e procedimentos compilados no Acordo de Empresa e noutras regras internas.

A grande maioria dos economistas do DEE segue uma carreira semelhante à de outros econo-mistas do Banco de Portugal. Estes técnicos dedicam-se a trabalhos de política analíticos e a tra-balhos de apoio às decisões de política, que normalmente fazem parte das atividades correntes

49Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

do Banco de Portugal, como por exemplo, preparar relatórios periódicos e sessões de reporte ao Governador ou responder a questões de outros departamentos. Estes documentos de análise podem ser publicados como working papers ou nos relatórios do Banco de Portugal como artigos, o que envolve algum trabalho analítico de apoio a discussões de política, podendo igualmente ser occasional papers com base em análises sem teor técnico. Uma grande parte dos técnicos elabora igualmente trabalhos académicos para publicação sujeita a peer-review, sendo que alguns publicam inclusivamente em revistas de referência. De notar, contudo, que alguns economistas com mais experiência, particularmente envolvidos em aconselhamento de política e represen-tação institucional, têm na realidade pouco tempo para dedicar à investigação académica ou mesmo à investigação aplicada.

Os técnicos do DEE têm a expectativa de uma evolução regular das suas carreiras, seguindo um percurso de promoções que representam pequenos passos no sentido ascendente na tabela salarial. A velocidade da evolução na carreira depende da avaliação anual de desempenho. Con-tudo, a progressão salarial é bastante lenta e os técnicos apenas recebem um aumento salarial significativo se forem nomeados para coordenar uma unidade específica (coordenador de grupo ou coordenador de núcleo). A este nível, os coordenadores não possuem muitas responsabilida-des de gestão, apenas sendo responsáveis pela coordenação de um grupo no desempenho de uma tarefa bem definida. O passo seguinte na carreira, coordenador de área, recebe igualmente um aumento salarial, mas o incremento não é tão significativo como ao nível do coordenador de grupo ou do coordenador de núcleo. O coordenador de área é, de facto, o passo crucial para se assumir claramente uma posição de gestão que envolve, entre outras tarefas, a definição de obje-tivos e a avaliação de técnicos. No que respeita à evolução nas carreiras, sugerimos uma maior diferenciação entre economistas, de acordo com o seu desempenho e as regras de promoção.

De acordo com o nosso entendimento da situação atual, não existem padrões de qualidade cla-ros nem processo uniforme de apreciação que sirva de suporte à avaliação do desempenho dos técnicos que procedam a trabalhos de política e analíticos. Trata-se de uma fragilidade da atual situação, uma vez que não existe uma avaliação sistemática da qualidade do produto nem meca-nismos que evitem a produção de papers de fraca qualidade. A única informação que consegui-mos obter relativamente à qualidade dos trabalhos analíticos de política (por exemplo, artigos do Boletim Económico), dos trabalhos de apoio às decisões de política e dos briefings foi obtida através de entrevistas que envolveram diversas pessoas (incluindo anteriores Governadores).

Um outro aspeto relaciona-se com o processo formal de avaliação anual do desempenho dos economistas do DEE. Apesar da existência de planos anuais, é crucial que haja uma definição cla-ra dos objetivos de médio e curto prazo para que se estabeleçam indicadores-chave de desem-penho para os técnicos e o Departamento no seu todo. A maior parte dos trabalhos analíticos produzidos pelos técnicos é altamente descentralizada e em larga medida resultado de iniciati-vas individuais. A relevância da investigação não é avaliada de acordo com o estabelecimento de prioridades ou padrões de qualidade formais. Além disso, nem a qualidade da produção orien-tada para a política nem a relevância das sessões de reporte ao Governador são avaliadas for-malmente, o que pode introduzir ineficiências no processo anual de avaliação dos técnicos, uma vez que não existem as ferramentas necessárias a uma avaliação transparente do desempenho.

É importante sublinhar que a definição da investigação entre os técnicos do DEE é um conceito algo confuso. Os técnicos do DEE não distinguem entre investigação académica e trabalho ana-lítico e tendem a utilizar o conceito de investigação como uma definição lata. Consideramos da maior relevância a clarificação do que constitui investigação e trabalho de política e a inclusão desta classificação na definição dos objetivos pessoais. Os padrões de qualidade estabelecidos

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal50

para a avaliação de cada categoria também devem ser definidos e comunicados aos técnicos. Deve clarificar-se igualmente que a avaliação anual de desempenho individual basear-se-á na avaliação da qualidade de todas as categorias de trabalho: trabalho analítico de política, trabalho de suporte a decisões de política, briefings e investigação.

Além disso, não existe um processo formal de gestão de carreiras no DEE. Assim sendo, os técni-cos não são geridos de acordo com uma perspetiva de carreira, mas sim com o objetivo de suprir necessidades urgentes do Departamento. Esta situação tem como desvantagem o facto de, em muitos casos, as pessoas serem levadas a aceitar posições de gestão a fim de obterem salários mais elevados. Muitas vezes esta situação é ineficiente porque pode acontecer que a pessoa nomeada efetue trabalhos técnicos excecionais mas não tenha o perfil adequado para gestor. Nestas ocasiões, a instituição perde um economista competente e ganha um gestor fraco.

Frequentemente os técnicos mais experientes têm uma carga administrativa excessiva ou estão extremamente ocupados com trabalhos analíticos de rotina que poderiam ser desempenhados por técnicos menos experientes. Dados os recursos limitados do DEE, seria desejável aliviar a carga de trabalho dos técnicos mais experientes através do recrutamento de assistentes de investigação para executarem tarefas que, sendo analiticamente exigentes não exijam conheci-mentos aprofundados ou uma ampla experiência. Os assistentes de investigação poderiam ser contratados, por um período de dois anos, quando as circunstâncias e o enquadramento legal o permitirem, entre os graduados em programas de mestrado de universidades de topo. Este procedimento proporcionaria ao Departamento uma bolsa de jovens talentosos que poderia contribuir para a melhoria da qualidade da produção em algumas áreas e, simultaneamente, permitir aos técnicos mais experientes dedicarem-se a trabalhos analíticos de alto nível. Sugeri-mos igualmente que seja dada aos assistentes de investigação e estagiários a oportunidade de serem recrutados por outros departamentos do Banco de Portugal, caso não sejam escolhidos pelo DEE.

Os técnicos que trabalham no DEE devem igualmente satisfazer os pedidos de outros departa-mentos, por exemplo, fornecendo informações sobre a economia portuguesa e contribuindo com análises e relatórios relativos a questões de política. No entanto, a interação e colaboração entre os técnicos do DEE e os técnicos de outros departamentos é muito limitada. As exceções baseiam-se muito frequentemente em relações pessoais.

Os economistas orientados para a investigação académica formam um grupo nitidamente distin-to no seio do Departamento, tendo, em certa medida, um tratamento diferenciado em termos de evolução na carreira. Atualmente, existem cerca de 15 economistas distribuídos pelas diferentes áreas do Departamento que se dedicam essencialmente a este tipo de investigação. Destes, 9 foram recrutados através do job market, estando preparados para se submeter a uma avaliação formal a fim de serem promovidos. De acordo com o DRH do Banco de Portugal, estes investi-gadores não se encontram formalmente integrados numa carreira de investigação (por esta não existir já que a investigação é considerada uma função e não uma carreira), beneficiando, todavia, de um regime de evolução a apreciar de forma casuística.

Tipicamente estes economistas dedicam 70 % do seu tempo de trabalho à produção de investi-gação de alto nível e alguns têm vindo a ter cada vez mais sucesso à luz dos padrões académi-cos, publicando em revistas de referência sujeitas a peer-review. Estes economistas devem gerar novos conhecimentos e técnicas a fim de expandir e aprofundar a compreensão do enquadra-mento das políticas e apoiar o desenvolvimento de estratégias de política e o processo de toma-da de decisão. Contudo, as atividades de investigação são altamente descentralizadas. De facto, não existe um mecanismo que garanta uma ligação coerente entre os resultados da investigação

51Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

e as questões de política que fazem parte do programa de trabalho do Banco de Portugal. Os projetos de investigação são predominantemente estabelecidos de uma forma bottom-up, com uma breve discussão com a Direção do Departamento e a aprovação final pelo Conselho de Administração.

Espera-se que estes economistas dediquem os restantes 30 % do seu tempo a trabalhos de apoio às decisões de política. Tem havido um esforço crescente no sentido de envolver estes investigadores nas atividades correntes das diferentes áreas onde estão integrados, mantendo--os simultaneamente centrados em atividades orientadas para a investigação. Tradicionalmente tem havido uma interação muito limitada entre este grupo de investigadores e os outros técnicos do DEE. Por exemplo, estes investigadores não têm participado em reuniões sobre política, nem têm tido reuniões de debriefing com a Direção do Departamento. Esta situação era de alguma forma ineficiente, uma vez que os investigadores e os técnicos orientados para as decisões de política poderiam beneficiar de uma comunicação nos dois sentidos: por um lado, os investiga-dores podem dar um contributo relevante para a discussão e preparação do aconselhamento de política, por outro, o debate sobre questões de política pode suscitar questões muito interessan-tes, que podem inspirar e motivar novos projetos de investigação, e contribuir para aumentar a relevância, em termos de política, dos trabalhos de investigação. Esta interação limitada pode ser explicada pela falta de alinhamento dos incentivos: os investigadores tendem a centrar-se mais na sua investigação, uma vez que serão avaliados com base na sua produção científica. Por forma a ultrapassar esta situação, a avaliação dos investigadores deveria incluir, explicitamente, a sua participação em atividades orientadas para a política. Atualmente, o Departamento reconhece a importância de organizar seminários internos nos quais os investigadores, bem como outros técnicos do DEE, participam no debate de questões de política. No nosso entender, é importante clarificar a carreira dos investigadores no DEE e estabelecer regras muito transparentes rela-tivamente à gestão da sua carreira. Um jovem doutorado, recrutado no job market, deve estar ciente do que lhe exige o Departamento em termos de produção: no primeiro período de cinco anos, estas pessoas devem concentrar 70 % do seu tempo em investigação e 30 % em questões relacionadas com política. Recomenda-se, no caso dos doutorados recrutados no job market, a definição de um período inicial durante o qual deverão estar concentrados (quase) exclusiva-mente na sua investigação, por forma a garantir a publicação dos trabalhos das suas teses de doutoramento. A primeira avaliação por um comité externo ocorrerá no final do período de cinco anos. Caso o investigador receba uma avaliação positiva, é promovido com um aumento salarial substancial, e a Direção do Departamento, na sequência das recomendações do comité externo, pode decidir manter 70 % do tempo do investigador dedicado à investigação nos 5 anos seguin-tes. Contudo, o investigador deve ter presente que a instituição espera um maior envolvimento por parte dos investigadores com mais experiência nos trabalhos orientados para as decisões de política. Assim sendo, desde que atinjam patamares avançados na sua carreira, os investigadores deverão aumentar gradualmente o seu contributo para os trabalhos orientados para a política.

Caso a primeira avaliação não seja satisfatória, ou seja, o investigador não tenha sido capaz de atingir o nível exigido de publicações, a Direção deve alterar o perfil do investigador e aumentar o peso dos trabalhos analíticos orientados para formulação e implementação de políticas para, pelo menos, 50 % do seu tempo.

Atualmente, uma vez que não existe uma carreira em investigação, a promoção dos investigado-res depende do poder discricionário do diretor do Departamento. É urgente clarificar a situação atual, especialmente para os investigadores que foram recrutados no job market. Alguns estão à espera de uma avaliação formal, não sendo claro quando ocorrerá. A avaliação e possível pro-moção do primeiro grupo de investigadores são cruciais para a consolidação da maturidade do sistema que se encontra em vigor desde 2006.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal52

12. Formação

No DEE não existe qualquer programa de formação formal destinado aos seus colaboradores nem um programa de mentoring para recém-recrutados.

Embora o Banco ofereça cursos de línguas, no DEE, apenas os investigadores que não são portu-gueses se inscrevem em cursos de língua portuguesa. Também se encontram disponíveis ações de formação em informática mas a participação dos funcionários do DEE é praticamente nula, o que se deve claramente ao elevado nível académico e de especialização das pessoas do Departamento.

Existem outras ofertas de formação institucional, como Gestão e Liderança, Trabalho em Equipa, Comunicação, Gestão do Tempo, Técnicas de Apresentação, etc., mas não são apelativas para os funcionários altamente qualificados do DEE (com algumas exceções, como a ação de formação em Ética) ou outras ações de formação específicas, como Registo de Incidentes, Integração Insti-tucional e o Novo Acordo Ortográfico.

Registou-se uma maior participação dos técnicos do DEE em iniciativas internas específicas cen-tradas em questões técnicas (Quadro 12.135).

No que se refere à formação externa, no período 2011-2013, os técnicos do DEE participaram principalmente em conferências académicas, workshops, escolas de verão e outras ações de for-mação oferecidas por outros bancos centrais e em universidades portuguesas e internacionais (Quadro 12.2).

No que se refere à formação, os técnicos do DEE dispõem igualmente da oportunidade de inscri-ção numa pós-graduação em Banking, Financial Regulation and Supervision, com duração de um ano letivo, oferecida pela Nova School of Business and Economics e patrocinada pelo Banco de Portugal.

De acordo com o DRH, o número médio de horas de formação é significativamente inferior no DEE (18,2 horas em 2013) face ao Banco no seu conjunto (33,3 horas). No entanto, o DRH não procede ao registo das participações em seminários de investigação internos ou noutros seminários especializados organizados pelo Departamento, os quais representam um número significativo de horas e contam com uma elevada participação por parte dos técnicos do DEE. Recomendamos a definição de sistemas de medição adequados ao cálculo do número de horas de formação, os quais devem incluir a participação em seminários de investigação internos e noutras iniciativas especializadas, uma vez que estes são os fora de formação adequados aos economistas do DEE. Os referidos sistemas de medição devem ser comunicados ao DRH.

Recomendamos igualmente que se exija aos técnicos do DEE com responsabilidades de gestão a participação em ações de formação em gestão e liderança, visto que os economistas normal-mente não têm formação nestas áreas.

13. Mobilidade

De acordo com o DRH, 17 pessoas foram transferidas do DEE para outros departamentos no período 2011-2013. Em 2013, por motivos de reorganização interna, 6 economistas foram trans-feridos do DEE para o DES (Quadro 13.136). Durante o mesmo período, apenas uma pessoa – um técnico administrativo – foi transferida para o DEE.

35. Ver Gráficos e Quadros.36. Ver Gráficos e Quadros.

53Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

De acordo com as informações fornecidas pelo DRH, registaram-se algumas transferências intra--departamentais no DEE no período 2012-2013: 7 economistas foram transferidos para outra área (mobilidade horizontal). No mesmo período, foram atribuídas novas funções a 7 técnicos (incluindo a atual Diretora do DEE), entre as quais 6 subiram de escalão salarial.

Em termos de mobilidade externa, o DEE recrutou 13 novos técnicos no período 2011-2013. Nesse mesmo período, 5 pessoas regressaram ao Departamento após algum tempo a exercer funções noutra instituição pública (por cedência / requisição) ou após licença sem vencimen-to (Quadro 13.2). Por conseguinte, o Departamento beneficiou da entrada de 18 economistas. Simultaneamente, 3 técnicos saíram do DEE por motivos de reforma e um total de 10 técnicos estão em regime de licença (sem vencimento ou por cedência / requisição de outras instituições públicas). Em geral, a diferença entre as entradas e saídas externas ascende a 5 técnicos, o que representa um saldo positivo para o DEE.

Em suma, o DEE possui uma estrutura interna relativamente estável, não existindo uma grande mobilidade de técnicos. Os técnicos do DEE não seguem a prática de exercer funções em outros departamentos do Banco. Os técnicos do DEE, incluindo investigadores, devem ser encorajados a exercer por períodos curtos funções noutros departamentos do Banco de Portugal ou noutros bancos centrais europeus, uma vez que estas podem proporcionar experiências de aprendiza-gem muito positivas.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal54

PARTE 4. Recomendações e sugestõesNesta secção apresenta-se a lista completa de recomendações e sugestões da Comissão.

Lista de recomendações e sugestões

1.ª Recomendação principal. Estabelecer um quadro de programação e avaliação.

Recomendações associadas:

1.1. Desenvolver um quadro de programação e avaliação, abrangendo o ciclo completo de ativi-dades: planeamento, acompanhamento, avaliação e comunicação.

1.2. Comunicar a todos os colaboradores do DEE o planeamento e a programação das atividades.

1.3. Tomar em consideração os objetivos e os indicadores-chave de desempenho definidos no acompanhamento do quadro de programação e avaliação.

1.4. Definir indicadores-chave de desempenho (key performance indicators – KPI).

1.5. Executar e avaliar o planeamento e a programação das atividades tendo por base o plano estratégico do Banco de Portugal.

1.6. Realizar periodicamente avaliações externas independentes ao DEE.

2.ª Recomendação principal. Melhorar a gestão de recursos humanos.

Recomendações associadas:

2.1. Alinhar a gestão de recursos humanos com o quadro de programação e avaliação.

2.2. Definir objetivos claros e indicadores-chave de desempenho para os colaboradores, com base no quadro de programação e avaliação.

2.3. Realizar a avaliação de desempenho do DEE com base nos indicadores-chave definidos.

2.4. Clarificar quais as tarefas, desenvolvidas no DEE, que se incluem nas categorias (i) aconse-lhamento de política, (ii) briefings, (iii) trabalho de suporte a decisões de política, (iv) trabalho analítico de política e (v) investigação.

2.5. A definição dos objetivos anuais e a avaliação individual anual de desempenho deve ser feita com base nas categorias de trabalho listadas na recomendação 2.4.

2.6. Definir e comunicar ao DEE os padrões de qualidade para a aferição de cada uma das cate-gorias de trabalho.

2.7. Definir perfis para os colaboradores de acordo com o trabalho a desenvolver.

2.8. Determinar que a investigação produzida no Departamento tem como objetivo a produção de peças de análise para publicação em revistas científicas de topo. (Recomendação comum à secção da 4.ª Recomendação principal)

2.9. Adotar um sistema de pontos para classificação das publicações científicas e para quantificar o trabalho de investigação, similar ao sistema utilizado no BCE (ver Caixa 3). (Recomendação comum à secção da 4.ª Recomendação principal)

2.10. Estabelecer um procedimento para avaliar o trabalho analítico, o trabalho de suporte a deci-sões de política e os briefings ao Governador.

2.11. Avaliar o trabalho analítico, o trabalho de suporte a decisões de política e os briefings ao Governador, restantes membros do Conselho de Administração e elementos seniores da

55Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

gestão com base (i) na sua relevância para a análise do tema de política em causa, (ii) na ade-quação dos instrumentos analíticos, (iii) na relevância dos dados utilizados, (iv) na clareza da redação e adequada estrutura do documento, (v) na adequação da informação para a forma-ção de uma opinião e (vi) na pertinência das conclusões para decisões de política.

2.12. A avaliação mencionada em 2.11 poderá ser feita através de inquéritos aos utilizadores do trabalho produzido no DEE nos quais se incluem o Governador, outros departamentos do Banco de Portugal e até a entidades externas que utilizem os relatórios do banco central como contributos para as suas decisões de política.

2.13. Poderia considerar-se o estabelecimento de um prémio anual para os melhores artigos publi-cados no Boletim Económico e no Relatório de Estabilidade Financeira.

2.14. O Banco de Portugal poderá considerar uma revisão da política de recursos humanos nomea-damente através de um processo formal de gestão e desenvolvimento de carreiras.

2.15. No contexto da análise integrada de carreiras que se está a iniciar no Banco de Portugal, poderá considerar-se a possibilidade de um colaborador seguir uma carreira alternativa à de que permite o acesso aos níveis salariais mais elevados sem que, para tal, tenha de assumir funções de gestão: a carreira de consultor.

2.16. Os candidatos à carreira de consultor seriam colaboradores com aptidões excecionais, por exemplo, técnicos com contributos notáveis para áreas de política ou investigadores com níveis de excelência em termos de publicações científicas.

2.17. A seleção dos candidatos à carreira de consultor deverá ser feita por um comité que integre elementos externos e deverá obedecer a critérios muito exigentes que devem ser definidos de uma forma transparente.

2.18. Estabelecer um plano estratégico de recrutamento de jovens doutorados para os próximos cinco anos, definindo para cada área do Departamento as necessidades em termos de núme-ro de investigadores e respetivos perfis de investigação.

2.19. Realizar a seleção anual de candidatos no job market de acordo com o plano estratégico de recrutamento.

2.20. Rever o atual processo de recrutamento no job market estabelecendo regras claras e trans-parentes sobre a carreira e o sistema de avaliação dos jovens doutorados no job market. Estas regras deverão ser comunicadas aos candidatos durante o processo de entrevista do job market.

2.21. A coordenação do processo de recrutamento no job market deverá ser da responsabilidade da Direção do DEE, em articulação com o DRH.

2.22. O comité de recrutamento do job market deverá integrar os economistas mais ativos ao nível da investigação.

2.23. Poderá ser considerado incluir no comité de recrutamento do job market, investigadores de diferentes áreas e, se visto como apropriado, colaboradores especializados de outros depar-tamentos do Banco de Portugal.

2.24. O contrato inicial dos jovens investigadores doutorados recrutados no job market deverá, quando as circunstâncias e o enquadramento legal o permitirem, ser de três anos.

2.25. No processo contratual deverão ser estabelecidos de uma forma muito clara os objetivos em termos de publicações científicas e contribuições de política a realizar pelos investigadores em início de carreira.

2.26. No fim dos três anos do contrato inicial o investigador deverá ser avaliado por um comité externo que integre especialistas internacionais na sua área científica.

2.27. Se o resultado da avaliação for positivo deve ser oferecido ao investigador um contrato sem termo; se a avaliação for negativa o contrato deve terminar.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal56

2.28. Recomenda-se, no caso dos doutorados recrutados no job market, a definição de um período inicial durante o qual deverão estar concentrados (quase) exclusivamente na sua investiga-ção, por forma a garantir a publicação dos trabalhos das suas teses de doutoramento.

2.29. Criar a posição de assistente de investigação.

2.30. Contratar, quando tal for possível dentro do quadro legal aplicável, assistentes de investiga-ção com elevada competência analítica por um período de dois anos.

2.31. Considerar a possibilidade de o número de estagiários recrutados exceder largamente o número de vagas disponíveis por forma a aumentar a capacidade de seleção do Departamento.

2.32. Promover a mobilidade interna e externa, num contexto de gestão das carreiras.

2.33. Definir métricas adequadas para avaliação das horas de formação no DEE as quais devem considerar os seminários internos de investigação e outras iniciativas como conferências e workshops de natureza científica. Essas métricas devem ser comunicadas ao DRH.

2.34. Promover ações de formação de gestão e liderança para os colaboradores do DEE com res-ponsabilidades de gestão.

2.35. Rever o programa de investigadores visitantes (visitors) para prever que, durante a sua perma-nência, participem num projeto que seja do interesse do Departamento.

3.ª Recomendação principal. Identificar a intermediação financeira e a integração finan-ceira europeia como prioridades para os próximos três anos e criar uma Área de Inter-mediação Financeira.

Recomendações associadas:

3.1. Identificar a intermediação financeira e a integração financeira europeia como prioridades chave para os próximos três anos.

3.2. Criar uma Área de Intermediação Financeira no DEE.

3.3. Estabelecer processos que incluam uma participação conjunta dos departamentos relevan-tes, sob a liderança da Área de Intermediação Financeira, com o objetivo de desenvolver o apoio técnico e o pensamento estratégico necessário ao Governador e ao Conselho de Administração.

3.4. Manter no DEE capacidade analítica e de investigação sobre questões relacionadas com a inter-mediação e a estabilidade financeiras. A Área de Intermediação Financeira deverá concentrar capacidade de investigação nesta área, que permita publicação em revistas científicas de topo.

3.5. O DEE deve contribuir para a análise de política em tópicos considerados importantes pelo Banco de Portugal, nomeadamente sobre (i) as implicações das atuais alterações ao nível quer da atribuição institucional de responsabilidade pela estabilidade financeira, quer da arquitetura da intermediação financeira na Europa e (ii) os desafios colocados aos decisores de política na Europa pelos elevados níveis de endividamento dos setores público e privado.

3.6. Preparar um livro sobre estrutura, integração e estabilidade do sistema financeiro em Portu-gal, sob liderança do DES e promovendo a cooperação dos vários departamentos do Banco de Portugal envolvidos nestas áreas.

3.7. A Área de Intermediação Financeira deverá acompanhar as condições financeiras em Portu-gal, em particular a concessão de crédito aos vários setores da economia. Esta Área deverá cooperar também com outras Áreas do DEE na análise da relevância das condições financei-ras para os desenvolvimentos económicos da economia portuguesa.

3.8. Disponibilizar apoio técnico, através da Área de Intermediação Financeira, a outros depar-tamentos do Banco sobre questões relacionadas com a intermediação e a estabilidade

57Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

financeiras. Em geral, este apoio será prestado a pedido e dependendo da aprovação da Coordenação da Área / Direção do DEE.

3.9. Nos casos da supervisão-micro das instituições financeiras e da supervisão macroprudencial, poderá considerar-se a adoção de processos formais no sentido de promover uma participa-ção ativa de economistas da Área de Intermediação Financeira nestas atividades.

3.10. Estabelecer um protocolo de cooperação entre o DEE e o DES, com três áreas fundamen-tais de atuação: (i) redação das publicações do Banco de Portugal, quer sejam regulares ou ocasionais, (ii) preparação de briefings de política no domínio da estabilidade financeira e (iii) atividades analíticas e / ou de investigação.

4.ª Recomendação principal. Procurar a excelência na investigação.

Recomendações associadas:

4.1. Determinar que a investigação produzida no Departamento tem como objetivo a produção de peças de análise para publicação em revistas científicas de topo. (Recomendação comum à secção da 2.ª Recomendação principal)

4.2. Separar mais claramente o trabalho de investigação do trabalho analítico dentro das tarefas de cada economista no DEE, de forma a poder estabelecer expectativas claras e diferenciadas sobre cada um dos tipos de trabalho para cada economista individualmente.

4.3. Adotar um sistema de pontos para classificação das publicações científicas e para quantificar o trabalho de investigação, similar ao sistema utilizado no BCE (ver Caixa 3). (Recomendação comum à secção da 2.ª Recomendação principal)

4.4. Identificar as áreas prioritárias de investigação para o Banco de Portugal, mas de uma forma geral e abrangente, dando considerável liberdade para que diferentes investigadores explo-rem diferentes questões dentro destas áreas.

4.5. Comunicar regularmente aos colaboradores a atividade desenvolvida no Departamento, em particular no que respeita aos projetos de investigação em curso com apresentações regula-res, de forma a estimular o trabalho conjunto e a fertilização de ideias entre equipas.

4.6. Assegurar tempo de investigação livre para os investigadores, premiando os investigadores mais bem-sucedidos, dentro de uma janela temporal alargada de forma a ter em conta os prazos de publicação em revistas científicas.

Sobre modelação:

4.7. Atualizar, rever e aprofundar os modelos de previsão de curto prazo incorporando novas ferramentas, em particular, dedicar tempo de investigação à atualização e inovação dos métodos utilizados na produção de Indicadores Coincidentes e Avançados.

4.8. Inovar nos métodos de previsão utilizados nas projeções do ciclo económico, em parte usando de forma mais ativa e eficiente o trabalho de investigação já desenvolvido dentro do DEE.

4.9. Aumentar o nível de exigência aplicado às tarefas de previsão, comparando a sua execução e desempenho com a de outros bancos centrais, e integrando as tarefas de previsão nos objetivos de investigação sujeitos a avaliação regular.

4.10. Integrar melhor o trabalho de previsão com o trabalho de investigação, potenciando as sinergias entre ambos, e inovando no uso de modelos e dados.

4.11. Desenvolver um conjunto diversificado de instrumentos de previsão.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal58

5.ª Recomendação principal. Reconsiderar a comunicação.

Recomendações associadas:

5.1. Identificar o Boletim Económico como publicação âncora.

5.2. Nomear um economista sénior como editor do Boletim Económico.

5.3. Associar o processo de produção do Boletim Económico a procedimentos internos que visem o debate prévio das principais ideias.

5.4. Tornar os artigos do Boletim Económico acessíveis a um público vasto.

5.5. Autonomizar, no sítio institucional do Banco de Portugal, os acessos eletrónicos aos seguintes produtos: projeções económicas, artigos assinados, temas em destaque, economia portu-guesa, mantendo, contudo, o Boletim Económico como uma publicação una.

5.6. Considerar a possibilidade de difundir as projeções económicas alguns dias antes da divulga-ção do Boletim Económico, com um comunicado específico.

5.7. Os textos dos “temas em destaque”, publicados no Boletim Económico, deverão ser assinados.

5.8. Considerar a possibilidade de alterar o Relatório Anual para um formato-padrão de Relatório e Contas.

5.9. Suprimir o texto associado aos Indicadores de Conjuntura e limitar esta publicação a tabelas e quadros.

5.10. Divulgar os Indicadores Coincidentes juntamente com um comunicado de imprensa específico.

5.11. Tornar claro que os Working Papers são uma série e estabelecer que, em regra, serão subme-tidos para publicação a revistas científicas com referee.

5.12. Definir os Working Papers como uma medida de avaliação da produção académica do DEE em tempo real.

5.13. Manter a série de Working Papers do Banco de Portugal na responsabilidade do DEE, possibi-litando a publicação de trabalhos de colaboradores de outros departamentos.

5.14. Criar as Staff Technical Notes, para divulgar trabalho de análise associado, nomeadamente, aos textos do Boletim Económico.

5.15. Descontinuar os Occasional Papers.

5.16. Realizar ações de divulgação da newsletter de investigação, Spillovers, de forma a aumentar a sua visibilidade.

5.17. Repensar o contributo do DEE para a comunicação externa, devendo ser efetuada uma iden-tificação dos públicos-alvo, das suas necessidades e dos objetivos de comunicação.

6. Outras recomendações relevantes:

6.1. Promover a diversidade de perspetivas e instrumentos analíticos no debate do DEE.

6.2. O Banco de Portugal poderá considerar equipar-se com processos e instrumentos de gestão que permitam uma gestão matricial entre Departamentos e entre as diversas áreas no mes-mo Departamento.

6.3. Disponibilizar informação atempada e detalhada sobre os modelos utilizados no DEE, quer para aumentar a transparência do Banco de Portugal, quer para expor estes modelos à salu-tar crítica externa por parte de outros investigadores.

6.4. O Banco de Portugal poderá considerar o alargamento do acesso às bases de dados criadas na instituição.

6.5. Não descurar a atualização permanente e a expansão das ferramentas de apoio às atividades de investigação, incluindo o suporte informático e a aquisição de software (por exemplo, licen-ças adicionais de STATA e MATLAB).

59Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Gráficos e Quadros

Quadro 1.1 Representação institucional internacional do Banco de Portugal em 2013

N.º reuniões presenciais Teleconferências

SEBC / Eurosistema 480 275

União Europeia 358 72

Das quais:

Comissão Europeia e Eurostat 60 1

Autoridades Europeias de Supervisão 174 31

ESRB 39 34

Países de língua portuguesa 15 3

FMI 2 -

BIS 13 -

OCDE 15 1

Outros 34 6

Total 917 357

Fonte: Banco de Portugal.

Quadro 1.2 Representação institucional internacional do DEE em 2013

N.º reuniões presenciais Teleconferências

SEBC / Eurosistema 39 2

Das quais:

Comité de Política Monetária 35 2

Competitiveness Research Network 4 -

União Europeia 10 -

OCDE 4 -

Total 53 2

Fonte: Banco de Portugal.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal60

Gráfico 3.1 Evolução do número total de artigos publicados em revistas com peer-review e dos artigos ponderados pelo ranking do BCE

0

70

140

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Nº de Artigos Nº de Artigos aplicando o ponderador do BCE

Fonte: Banco de Portugal.

Gráfico 3.2 JEL CODES dos artigos publicados em revistas com peer-review (em número de artigos)

0 45 90 135 180

Economic History

Health, Education and Welfare

Regional, Real Estate and Transportation Economics

Business Administration and Business Economics, Marketing, Accounting

Public Economics

Economic Development, Technological Change and Growth

Industrial Organization

Microeconomics

Financial Economics

International Economics

Labor and Demographic Economics

Mathematical and Quantitative Methods

Macroeconomics and Monetary Economics

Agricultural and Natural Resource Economics, Environmental and Ecological Economics

Fonte: Banco de Portugal.

61Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Gráfico 3.3 Concentração do número de artigos (por economista)

0%

50%

100%

0 10 20 30 40 50 60 70

n.º de artigos em % do total*

n.ºde economistas

* Para o total foram contabilizados os artigos publicados no período 2000-2014.Fonte: Banco de Portugal.

Gráfico 3.4 Working Papers publicados na série do Banco de Portugal

0

15

30

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Fonte: Banco de Portugal.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal62

Tabela 3.1 Lista de publicações de acordo com o sistema de pontos do BCE

TIER 1*American Economic ReviewEconometricaJournal of Political EconomyQuarterly Journal of EconomicsJournal of FinanceReview of Economic Studies

TIER 1Journal of Business and Economic StatisticsJournal of International EconomicsJournal of Monetary EconomicsJournal of European Economics AssociationJournal of Financial EconomicsReview of Financial StudiesReview of Economics and Statistics

TIER 2American Economic Journal – MacroeconomicsBiometrikaEconomic JournalFrontiers of...: Berkeley electronic journalsGames and Economic BehaviourInternational Economic ReviewInternational Journal of Central BankingInternational Journal of ForecastingJournal of Applied EconometricsJournal of Development EconomicsJournal of Economic PerspectivesJournal of Economic TheoryJournal of EconometricsJournal of Financial EconometricsJournal of Financial IntermediationJournal of Financial Quantitative AnalysisJournal of Human ResourcesJournal of Labour EconomicsJournal of Money Credit and BankingJournal of Public EconomicsJournal of the American Statistical AssociationQuantitative EconomicsRand Journal of EconomicsReview of Economic Dynamics

TIER 3Advances…: Berkeley Electronic journalsAmerican Economic Journal – MicroeconomicsAmerican Economic Journal – Applied EconomicsAmerican Economic Journal – Economic PolicyTier 3 (continuação)Annals of statisticsApplied EconomicsBrookings Papers on Economic ActivityCambridge Journal of EconomicsCanadian Journal of EconomicsEconomic InquiryEconomics LettersEconomic TheoryEconometric TheoryEconometric reviewsEconometrics JournalEconomic Modelling

Tier 3 (continuação)European Economic ReviewEuropean Financial ManagementEuropean Journal of FinanceFinancial ManagementIMF Economic ReviewIndustrial and Labor Relations ReviewInternational Journal of Industrial RelationsJournal of Banking and FinanceJournal of Common Market StudiesJournal of Comparative EconomicsJournal of Economic Behaviour and OrganisationJournal of Economic Dynamics and ControlJournal of Economic GrowthJournal of Economic HistoryJournal of Economic LiteratureJournal of Empirical FinanceJournal of Financial MarketsJournal of Financial Services ResearchJournal of Financial StabilityJournal of ForecastingJournal of Futures MarketsJournal of Industrial EconomicsJournal of International Money and FinanceJournal of Law and EconomicsJournal of Law Economics and OrganisationJournal of MacroeconomicsJournal of Mathematical EconomicsJournal of Policy ModellingJournal of Risk and UncertaintyJournal of Time Series AnalysisJournal of Urban EconomicsJournal of Population EconomicsJournal of Portfolio ManagementJournal of the Royal Statistical Society (series A)KyklosLabour EconomicsLand EconomicsMacroeconomic DynamicsMathematical FinanceNBER Macro AnnualOxford Bulletin of Economics and StatisticsOxford Economic PapersOxford Review of Economic PolicyPublic ChoiceReview of Income and WealthReview of FinanceScandinavian Journal of EconomicsScottish Journal of Political EconomyStudies in Nonlinear Dynamics and EconometricsTheoretical EconomicsEconomicaEmpirical EconomicsWeltwirtschaftliches Archiv

TIER 4All other journals in EconLit, including…German Economic ReviewNational Tax JournalRisk Magazine

63Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Gráfico 4.1 Evolução do número total de notícias associadas ao DEE e desagregação por publicação

0

1000

2000

0

800

1600

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Total (esc. dir.) BE IC RA REF Outras publicações

Fonte: Manchete.

Gráfico 4.2 Evolução do número total de notícias associadas ao Boletim Económico e desagregação por meio de divulgação

0

750

1500

0

400

800

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Total (esc. dir.) Internet Imprensa escrita Televisão Rádio

Fonte: Manchete.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal64

Gráfico 4.3 Divisão do total de notícias associadas às publicações do DEE (para 2013)

127467%

27515%

201%

19210%

1287%

BE

IC

RA

REF

Outras publicações

Fonte: Manchete.

Gráfico 4.4 Número de acessos ao Boletim Económico através do sítio institucional do Banco de Portugal (desde 2012; dados por publicação)

0

5 000

10 000

Mar. 12 Jun. 12 Set. 12 Dez. 12 Mar. 13

Inglês Português

Fonte: Banco de Portugal.

65Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Gráfico 4.5 Frequência de consulta das publicações regulares do DEE

0

50

100

Semanal Mensal Trimestral Anual Esporadicamente Nunca

BE REF RA IC

Fonte: Questionário a utilizadores de publicações do Banco de Portugal.

Gráfico 4.6 Divisão das OTS por publicação do DEE

5647%

2521%

98%

108%

2016%

BE

IC

RA

REF

Outras publicações

Fonte: Manchete.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal66

Gráfico 4.7 Evolução do número total de notícias associadas ao Relatório Anual e desagregação por meio de divulgação

0

70

140

0

40

80

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Total (esc. dir.) Internet Imprensa escrita Televisão Rádio

Fonte: Manchete.

Gráfico 4.8 Evolução do número total de notícias associadas aos Indicadores de Conjuntura e desagregação por meio de divulgação

0

180

360

0

100

200

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Total (esc. dir.) Internet Imprensa escrita Televisão Rádio

Fonte: Manchete.

67Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Gráfico 4.9 Número de acessos aos Indicadores de Conjuntura através do sítio institucional do Banco de Portugal (desde 2012; dados por publicação)

0

2000

4000

Jan. 12 Mai. 12 Set. 12 Jan. 13 Mai. 13 Set. 13 Jan. 14

Inglês Português

Fonte: Banco de Portugal.Nota: Entre as datas 16 de fevereiro de 2012 e 30 de março de 2012 não existem dados disponíveis.

Gráfico 4.10 Número de acessos ao Indicador Coincidente através do sítio institucional do Banco de Portugal (desde 2012; dados por mês de calendário)

0

3500

7000

Jan. 12 Mai. 12 Set. 12 Jan. 13 Mai. 13 Set. 13 Jan. 14

Inglês Português

Fonte: Banco de Portugal.Nota: Entre as datas 16 de fevereiro de 2012 e 30 de março de 2012 não existem dados disponíveis.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal68

Gráfico 4.11 Evolução do número total de notícias associadas ao Relatório de Estabilidade Financeira e desagregação por meio de divulgação

0

125

250

0

70

140

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Total (esc. dir.) Internet Imprensa escrita Televisão Rádio

Fonte: Manchete.

Gráfico 4.12 Número de acessos ao Relatório de Estabilidade Financeira através do sítio institucional do Banco de Portugal (desde 2012; dados por publicação)

0

3000

6000

Mai. 12 Nov. 12 Mai. 13

Fonte: Banco de Portugal.

Inglês Português

69Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Gráfico 4.13 Evolução do número total de notícias associadas ao DEE e desagregação por meio de divulgação

0

1125

2250

0

600

1200

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Total (esc. dir.) Internet Imprensa escrita Televisão Rádio

Fonte: Manchete.

Gráfico 4.14 Peso de cada tipo de meio de comunicação nas notícias associadas ao DEE (para 2013)

59%24%

13%

4%

Internet

Imprensa escrita

Televisão

Rádio

Fonte: Manchete.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal70

Gráfico 4.15 Peso de cada tipo de suporte utilizado na consulta das publicações do DEE

3%

66%

31%Papel

Internet

Papel e Internet

Fonte: Questionário a utilizadores de publicações do Banco de Portugal.Nota: As publicações abrangidas neste gráfico são: BE, REF e RA.

Gráfico 4.16 Número de acessos ao Livro A Economia Portuguesa no Contexto da Integração Económica, Financeira e Monetária através do sítio institucional do Banco de Portugal (desde 2012; dados por mês de calendário)

0

1750

3500

Jan. 12 Mai. 12 Set. 12 Jan. 13 Mai. 13 Set. 13 Jan. 14

Inglês Português

Fonte: Banco de Portugal.Nota: Entre as datas 16 de fevereiro de 2012 e 30 de março de 2012 não existem dados disponíveis.

71Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Gráfico 4.17 Seminários e cursos organizados pelo DEE

0

35

70

2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012

Seminários Externos Seminários Internos Cursos

Fonte: Banco de Portugal.

Quadro 9.1 Evolução dos efetivos do DEE (a 31 de dezembro de cada ano)

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Total 65 72 74 77 74 71 74 75 79 82 80 80 79 73

Direção 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2

Técnicos 42 51 53 57 56 54 57 58 63 67 66 66 68 63

Economistas 35 43 45 47 46 43 46 47 52 55 54 55 56 52

Licenciados 6 8 9 8 9 7 8 7 8 9 9 6 6 5

Mestrados ou equiv. 22 26 25 28 26 26 27 28 29 29 29 31 31 30

Doutorados 7 9 11 11 11 10 11 12 15 17 16 18 19 17

Outros 7 8 8 10 10 11 11 11 11 12 12 11 12 11

Funç. Espec. / Secret. 3 4 4 3 3 3 3 3 2 3 4 4 3 2

Téc. Administrativos 15 12 12 12 10 9 9 10 10 8 6 6 5 5

Pessoal de Apoio 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 0 1

Fonte: Banco de Portugal.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal72

Quadro 12.1 Exemplos de iniciativas internas específicas centradas em questões técnicas

• Annual Meeting of the Banco de Portugal

• Workshop on top-down stress tests

• The Dog that didn’t bark

• Seminar on PPP’s

• Orçamento do Estado para 2014

• Iceland’s experience regarding financial crisis

• Global Financial Stability Report FMI

• Financial Systemic Risk, Basel III, SIFIs

• Encontro de Lisboa

• Desarollo de la economia de Colombia

• Dealing with Household Debt

• Annual Summer Conference – CIRSF

• Conference on Financial Supervision Basel III

• Banking Crises and Remedies

Fonte: Banco de Portugal.

Quadro 12.2 Formação externa do DEE (2011-2013)

Ano Curso Entidade fornecedora

2013 Economic Modelling and Forecasting Banco Central de Malta

2012 Applied Bayesian econometrics for central bankers Banco de Inglaterra

2012 Euro Area Business Cycle Network Training School Banco de Itália

2013 Financial Stability and Macroprudential Policy Bank of Korea

2013 2013 Econometrics Summer School using STATA CEMAPRE / ISEG

2011 Macroprudential Regulation of Banks Centro Estudios Monetarios Y Financieros

2013 Panel Data Econometrics Centro Estudios Monetarios Y Financieros

2011 The Econometric Analysis of Mixed Frequency Data EABCN – Euro Area Business Cycle Network

2011 Unemployment and Matching EABCN – Euro Area Business Cycle Network

2012 Euro Area Business Cycle Network Training School EABCN – Euro Area Business Cycle Network

2012 Forecasting Inflation EABCN – Euro Area Business Cycle Network

2012 Global VAR Modeling GVAR Toolbox 1.0 EcoMod Modeling School

2012 Stress Testing 2.0 Event Production s.r.o.

2013 A Course on Panel Data Models Faculty of Economics, Cambridge Univers

2012 Financial Stability, Systemic Risk, and Macro-Prudential Policy FMI

2012 Financial Stability, Systemic Risk, and Macro-Prudential Policy FMI

2013 Empirical Banking Methodological Aspects Barcelona Graduate School of Economics

2013 Simulation and Estimation of DSGE Models ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão

2013 PET13 Universidade Católica

2013 PET13 Universidade Católica

2011 Spring Course on Labor Econometrics Universidade de Coimbra

2012 Spring Course Nonstationary P.T.S.Method Universidade de Coimbra

2013 Spring Course Bayesian Econometrics Universidade de Coimbra

2012 The Science and Art of DSGE Modelling Universidade do Minho

2013 Discrete Choice Models For Cross Section Universidade do Minho

73Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Quadro 13.1 Mobilidade Interna DEE (2011-2013)

Ano Entradas Saídas Total

2013 1 9 -8

2012 0 6 -6

2011 0 2 -2

Total 1 17 -16

Fonte: Banco de Portugal.

Quadro 13.2 Mobilidade Externa DEE (2011-2013)

Entradas SaídasDiferença

entradas / saídasAdmissões Regresso requisitado

Reformas / exonerações

Início requisições

2013 6 0 0 4 2

2012 3 3 2 3 1

2011 4 2 1 3 2

Total 13 5 3 10 5

Fonte: Banco de Portugal.

Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal74

Anexos

Anexo I. Mandato da Comissão independente de avaliação das atividades do DEE

O Banco de Portugal tem o objetivo de criar e manter no seu Departamento de Estudos Econó-micos capacidade analítica e capital humano capazes de contribuir para as suas atribuições e tarefas como membro do Eurosistema e Banco Central da República Portuguesa. Com esse pro-pósito o Banco de Portugal deve ter capacidade de atrair e de reter talento ao nível dos melhores departamentos de estudos em organizações responsáveis pela condução de política económica.

Para fundamentar orientações estratégicas para o Departamento de Estudos Económicos, o Conselho de Administração do Banco de Portugal, decidiu solicitar uma avaliação independente das atividades do Departamento de Estudos Económicos, a uma Comissão especialmente cons-tituída para esse efeito. A Comissão será presidida por Vítor Gaspar. Para além do Presidente a Comissão integrará mais três membros.

A Comissão beneficiará do apoio do Departamento de Estudos Económicos no acesso aos dados e documentos necessários à avaliação, bem como do apoio de um técnico sénior para a compi-lação da informação recolhida. A Comissão está autorizada a entrevistar profissionais do Depar-tamento de Estudos Económicos e contrapartes exteriores ao Departamento. Esta avaliação abrangerá os seguintes domínios:

• a qualidade, a relevância e o impacto do aconselhamento de política no quadro do Eurosistema;

• a qualidade, a relevância e o impacto do aconselhamento de política no quadro do Eurosistema;

• a qualidade, a relevância e o impacto dos estudos sobre economia Portuguesa;

• a qualidade e quantidade da investigação publicada em publicações científicas;

• o impacto e relevância no quadro das estruturas do Eurosistema e do Sistema Europeu de Bancos Centrais;

• a qualidade dos modelos, instrumentos analíticos e análise para a atividade de outros departa-mentos do Banco de Portugal;

• a contribuição do Departamento para a comunicação do Banco de Portugal nomeadamente no domínio da divulgação de informação e análise económica;

• a contribuição do Departamento para a capacidade do Banco de Portugal atrair, reter e desen-volver talento profissional relevante ao nível das melhores organizações do sector a nível internacional.

Com base na análise desenvolvida, a Comissão produzirá um conjunto de recomendações. A aná-lise e recomendações da Comissão serão publicadas após recebidos comentários por parte do Departamento de Estudos Económicos e do Conselho de Administração do Banco de Portugal.

O relatório final da Comissão deverá ser submetido ao Conselho de Administração do Banco de Portugal até 30 de junho de 2014.

75Relatório de avaliação e reflexão sobre as atividades do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal

Anexo II. Acrónimos e abreviaturas

BCE Banco Central Europeu

BCN Bancos Centrais Nacionais

BE Boletim Económico

CE Comissão Europeia

Comissão Comissão de Avaliação do Departamento de Estudos Económicos

DDE Departamento de Estatística

DEE ou Departamento Departamento de Estudos Económicos

DES Departamento de Estabilidade Financeira

DMR Departamento de Mercados e Gestão de Reservas

DRH Departamento de Recursos Humanos

DSP Departamento de Supervisão Prudencial

Estatutos Estatutos do Sistema Europeu de Bancos Centrais e do Banco Central Europeu

FMI Fundo Monetário Internacional

IC Indicadores de Conjuntura

INE Instituto Nacional de Estatística

MPC Comité de Política Monetária

OCDE Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos

OTS Opportunities-to-see

RA ou Relatório Anual Relatório Anual do Conselho de Administração – A Economia Portuguesa

REF Relatório de Estabilidade Financeira

SEBC Sistema Europeu de Bancos Centrais

UE União Europeia

Anexo III. Fontes de informação utilizadas• Tratado da União Europeia, Estatutos do Sistema Europeu de Bancos Centrais e do Banco

Central Europeu, Constituição da República Portuguesa, Lei Orgânica do Banco de Portugal;

• Acordo de Empresa do Banco de Portugal; Regras e Regulamentos Internos do Banco de Portu-gal; Documentos de programação e planeamento estratégico do BCE e do Eurosistema; Docu-mentos de programação e planeamento estratégico do Banco de Portugal;

• Informação prestada pela Direção e outros responsáveis do DEE e do Banco de Portugal;

• Entrevistas presenciais a atuais e antigos membros do Conselho de Administração do Banco de Portugal, da Direção do DEE e de alguns departamentos do Banco de Portugal, aos Coordena-dores de Área e Coordenadores de Núcleo do DEE e ao staff do DEE;

• Questionário escrito aos principais interessados internos e externos;

• Estudo sobre o impacto das publicações nos meios de comunicação realizado pela empresa Manchete;

• Inquérito às publicações científicas produzidas por colaboradores do DEE;

• Consulta a publicações científicas;

• Consulta a publicações institucionais;

• Relatórios de avaliação de bancos centrais e outras entidades envolvidas na condução de políticas.