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Presidência da República Controladoria-Geral da União Secretaria Federal de Controle Interno Unidade Examinada: PREFEITURA MUNICIPAL DE JOAO NEIVA Introdução 1. Introdução Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida em função de situações presumidamente irregulares, ocorridas em PREFEITURA MUNICIPAL DE JOAO NEIVA, apontadas à Controladoria-Geral da União - CGU, que deram origem ao Processo nº 00207.000113/2015-83. A fiscalização teve como objetivo analisar a demanda encaminhada pela Câmara Municipal de João Neiva, por meio do Ofício CMJN 050/2015, de 12 de março de 2015. Os trabalhos de campo foram realizados no período de 24 a 26 de agosto de 2015 e de 19 a 20 de outubro de 2015, sobre a aplicação de recursos federais do programa 2030 - Educação Básica / 8744 - Apoio à Alimentação Escolar na Educação Básica no município de João Neiva/ES. Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação de questionários. Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados, por meio do Ofício CGU 24.794/2015-CGU REGIONAL-ES/CGU/PR, de 26 de outubro de 2015, tendo se manifestado em 10 de dezembro de 2015, cabendo ao Ministério supervisor, Relatório de Demandas Externas Número: 00207.000113/2015-83

Relatório de Demandas Externas - auditoria.cgu.gov.br · Federal - gestores federais dos programas de execução descentralizada. A princípio, tais fatos demandarão a adoção

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Presidência da República

Controladoria-Geral da União

Secretaria Federal de Controle Interno

Unidade Examinada: PREFEITURA MUNICIPAL DE

JOAO NEIVA

Introdução

1. Introdução

Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida em função de situações

presumidamente irregulares, ocorridas em PREFEITURA MUNICIPAL DE JOAO NEIVA,

apontadas à Controladoria-Geral da União - CGU, que deram origem ao Processo nº

00207.000113/2015-83.

A fiscalização teve como objetivo analisar a demanda encaminhada pela Câmara Municipal de

João Neiva, por meio do Ofício CMJN 050/2015, de 12 de março de 2015.

Os trabalhos de campo foram realizados no período de 24 a 26 de agosto de 2015 e de 19 a 20

de outubro de 2015, sobre a aplicação de recursos federais do programa 2030 - Educação

Básica / 8744 - Apoio à Alimentação Escolar na Educação Básica no município de João

Neiva/ES.

Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao

Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e

registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação de

questionários.

Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados,

por meio do Ofício CGU 24.794/2015-CGU REGIONAL-ES/CGU/PR, de 26 de outubro de

2015, tendo se manifestado em 10 de dezembro de 2015, cabendo ao Ministério supervisor,

Relatório de Demandas

Externas

Número: 00207.000113/2015-83

nos casos pertinentes, adotar as providências corretivas visando à consecução das políticas

públicas, bem como à apuração das responsabilidades.

1.1. Informações sobre a Ação de Controle

Ordem de Serviço: 201504025

Município/UF: João Neiva/ES

Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO

Instrumento de Transferência: Não se Aplica

Unidade Examinada: PREFEITURA MUNICIPAL DE JOAO NEIVA

Montante de Recursos Financeiros: R$ 243.040,00

Prejuízo: R$ 5.200,00

2. Resultados dos Exames

Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito responsável pela

tomada de providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela existência

de monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.

2.1 Parte 1

Os fatos apresentados a seguir destinam-se aos órgãos e entidades da Administração Pública

Federal - gestores federais dos programas de execução descentralizada. A princípio, tais fatos

demandarão a adoção de medidas preventivas e corretivas por parte desses gestores, visando

à melhoria da execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente Tomada

de Contas Especial, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.

2.1.1. Irregularidades na aquisição de gêneros alimentícios por meio da Chamada

Pública 02/2014.

Fato

A Câmara Municipal de João Neiva apurou, por meio do Processo Administrativo 018/2015,

supostas irregularidades na aquisição de gêneros alimentícios, em particular filé de tilápia,

adquiridos por meio da Chamada Pública 02/2014, da Prefeitura Municipal de João Neiva,

com recursos oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), para

compor o cardápio escolar.

Consta do Processo que:

- Os fornecedores contratados pela prefeitura não teriam participado da cotação de preço;

- A empresa que cotou o menor preço não foi a contratada – empresa Cooperativa dos

Agricultores Familiares (CAF) de Colatina;

- O fornecedor contratado não apresentou documento hábil para comprovar a qualificação de

produtor de tilápia;

- De acordo com o selo das embalagens os produtos foram adquiridos no município de

Linhares/ES.

- Houve superfaturamento no valor do produto.

Analisando o processo 3359/2014, referente à Chamada Pública 02/2014, destaca-se os

seguintes acontecimentos:

Fls. 6

Em 22 de setembro de 2014 foi editada a Portaria 8.821, constituindo Comissão para Chamada

Pública para aquisição de alimentos da agricultura familiar do Programa Nacional de

Alimentação Escolar, conforme solicitação da Secretaria Municipal de Educação e Desporto

– SEMED.

Fls. 39

Em 22 de outubro de 2014 consta informação sobre dotação orçamentária, citando como fonte

de recursos: 110700000 – Recursos do FNDE.

Fls. 87

Edital da Chamada Pública 002/2014, a se realizar no dia 03 de novembro de 2014. Consta do

item 4 que a fonte de recursos é do FNDE.

Fls. 95

Consta do item 19, do Lote 1 (Verduras), do Anexo I, a previsão de aquisição de 1.450 Kg de

filé de tilápia (íntegro eviscerado sem osso).

Fls. 179 a 206

Propostas dos fornecedores:

Fls. 210 (03.11.2014)

Ata da Sessão Pública de Abertura da Chamada Pública 002/2014, sendo que foram

classificados os seguintes fornecedores para aquisição do filé de tilápia:

Quadro: Fornecedores classificados na Chamada Pública 002/2014, para fornecimento de

filé de tilápia.

Agricultor Produto Unidade Valor Unitário Valor Total Quantidade

***.899.077-** Filé de tilápia Kg R$ 30,00 R$ 19.980,00 666

***.705.847-** Filé de tilápia Kg R$ 30,00 R$ 13.020,00 434

TOTAL 1.100

Fonte: Ata da sessão pública da Chamada Pública 02/2014.

Fls. 217

Dispensa de Procedimento Licitatório, firmada em 07 de novembro de 2014, pela Presidente

da CCP, tendo em vista que o procedimento foi realizado para aquisição de gêneros

alimentícios da agricultura familiar para alimentação escolar, com recursos do FNDE/PNAE,

conforme Lei 11.947, de 16 de junho de 2009 e resolução CD/FNDE nº 26, de 17 de junho de

2013.

Fls. 219

Contrato 002/2014, firmado em 10 de novembro de 2014, entre o município de João Neiva e

A.M.P. (Grupo Informal CAF Colatina), no valor de R$ 19.980,00, tendo como fonte de

recurso: 11070000 (Recursos do FNDE), e prazo até 30 de dezembro de 2014. Cabe destacar

que consta da cláusula oitava a vedação de subcontratação total ou parcial do fornecimento

do objeto deste contrato.

Fls. 243

Contrato 002/2014, firmado em 10 d novembro de 2014, entre o Município de João Neiva e

Grupo Informal – individual (CPF ***.705.847-**), no valor de R$ 19.954,00, tendo como

fonte de recurso: 11070000 (Recursos do FNDE), e prazo até 30 de dezembro de 2014. Cabe

destacar que consta da cláusula oitava a vedação de subcontratação total ou parcial do

fornecimento do objeto deste contrato.

Constam deste processo os seguintes pagamentos, referentes à compra de filés de tilápia:

Quadro: Filés de tilápia adquiridos por meio da Chamada Pública 02/2014:

Fls. NF Valor

(R$) Data Emitente

Quantidade

(Kg)

Possui identificação de quem

recebeu?

255 39 2.520,00 14/11/2014 A.M.P. 84 não

261 38 930,00 14/11/2014 A.M.P. 31 não

267 37 360,00 14/11/2014 A.M.P. 12 não

273 36 990,00 14/11/2014 A.M.P. 33 não

Fonte: Documentos constantes do processo 3.359/2014.

Da análise da conta corrente específica 10794-8, agência 3680-3 do Banco do Brasil, constata-

se que não houve pagamento de filé de tilápia com recursos do FNDE, apesar de constar do

edital da chamada pública e dos contratos que a fonte de recurso para pagamento das despesas

seria do FNDE.

Feita a análise do processo, passa-se a análise dos fatos:

-QUE OS FORNECEDORES CONTRATADOS PELA PREFEITURA NÃO TERIAM

PARTICIPADO DA COTAÇÃO DE PREÇO;

Os seguintes fornecedores apresentaram orçamento para esta Chamada Pública:

Quadro: Propostas apresentadas pelos fornecedores na Chamada Pública 02/2014:

Fls. Fornecedor CPF/CNPJ Valor (R$) por kg

(filé de tilápia)

20 a 22 L. A. P. ***.865.847-** 30,00

23 a 25 Cooperativa dos Agricultores Familiares de

Colatina (CAF Colatina) 05.642.134/0001-20 20,00

26 a 28 Ind. Com. De Doces Walman Ltda 27.988.633/0001-06 40,00

29 a 31 V. A. B. ***.446.507-** Não cotou

32 a 34 K. B. ***.525.247-** Não cotou

Fonte: Documentos constantes do processo 3.359/2014.

Portanto os fornecedores contratados pela Prefeitura não participaram da cotação de preços

da Chamada Pública 02/2014.

-QUE A EMPRESA QUE COTOU O MENOR PREÇO NÃO FOI A CONTRATADA

(EMPRESA CAF DE COLATINA);

A fornecedora CAF – Colatina apresentou sua proposta de preços às fls. 184 a 186. Dentre os

produtos cotados por ela não consta filé de tilápia.

-QUE O FORNECEDOR CONTRATADO NÃO APRESENTOU DOCUMENTO HÁBIL

PARA COMPROVAR A QUALIFICAÇÃO DE PRODUTOR DE TILÁPIA;

O edital da Chamada Pública 002/2014 prevê, em seus itens 7, 8 e 9, os documentos a serem

apresentados para habilitação dos fornecedores.

No caso de fornecedores individuais, não organizados em grupo, o item 9.1 exige a

apresentação dos seguintes documentos:

“a) prova de inscrição no Cadastro de Pessoa Física – CPF;

b) o extrato da DAP (Declaração de Aptidão do Pronaf) Física do agricultor familiar

participante, emitido nos últimos 30 dias;

c) a prova de atendimento de requisitos previstos em lei específica, quando for o caso; e

d) a declaração de que os gêneros alimentícios a serem entregues são oriundos de produção

própria, relacionada no projeto de venda.”

Essas exigências estão previstas no artigo 27 da Resolução FNDE 26/2013, que prevê ainda:

“III- Projeto de Venda de Gêneros Alimentícios da Agricultura Familiar e/ou Empreendedor

Familiar Rural para Alimentação Escolar com assinatura do agricultor participante.”

Os fornecedores credenciados para fornecimento do filé de tilápia apresentaram os seguintes

documentos:

Quadro: Documentos apresentados por A.M.P.: Documento Fls

declaração de que os gêneros alimentícios a serem entregues são oriundos de produção própria 119

o extrato da DAP Física do agricultor familiar participante, emitido nos últimos 30 dias; 120

prova de inscrição no Cadastro de Pessoa Física – CPF 124

Projeto de Venda de Gêneros Alimentícios da Agricultura Familiar e/ou Empreendedor Familiar

Rural para Alimentação Escolar com assinatura do agricultor participante.

202 a

204

Fonte: Documentos constantes do processo 3.359/2014.

Quadro: Documentos apresentados por L.L.: Documento Fls

declaração de que os gêneros alimentícios a serem entregues são oriundos de produção própria 142

o extrato da DAP Física do agricultor familiar participante, emitido nos últimos 30 dias; 144

prova de inscrição no Cadastro de Pessoa Física – CPF 143

Projeto de Venda de Gêneros Alimentícios da Agricultura Familiar e/ou Empreendedor Familiar

Rural para Alimentação Escolar com assinatura do agricultor participante.

178 a

180

Fonte: Documentos constantes do processo 3.359/2014.

Desta forma, foram apresentados todos os documentos exigidos pela Resolução 26/2013 do

FNDE e pela Chamada Pública 02/2014. Entretanto, consta às fls. 147 do processo 18/2015

da Câmara Municipal de João Neiva, depoimento do fornecedor L.L. que não possui licença

do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF) e da Vigilância

Sanitária para comercializar o filé de tilápia.

-QUE DE ACORDO COM O SELO DAS EMBALAGENS OS PRODUTOS FORAM

ADQUIRIDOS NO MUNICÍPIO DE LINHARES.

Consta às fls. 95 do processo 18/2015, da Câmara Municipal de João Neiva, foto tirada na

Escola Teresita Borrini Farina, no dia 06 de março de 2015, que comprova que o selo de

inspeção do produto é do município de Linhares/ES.

-QUE HOUVE SUPERFATURAMENTO NO VALOR DO PRODUTO.

Realizando pesquisa de preços no site

http://www.seger.es.gov.br/seger/index.php/inicio/tabelas-de-precos-referenciais, verificou-

se que o preço do filé de tilápia no mês de novembro era de R$ 27,90.

Pesquisando o site http://www.comprasgovernamentais.gov.br/, não se identificou a

existência de compra de filé de tilápia.

Tendo em vista que a variação foi menor que 10%, não é possível afirmar que houve

superfaturamento.

Há que se ressaltar que não houve pagamento de filé de tilápia com recursos do FNDE,

conforme análise dos pagamentos efetuados com recursos da conta específica do fundo.

##/Fato##

2.1.2. A Prefeitura Municipal de João Neiva não observa o parâmetro numérico de

nutricionistas estabelecido na Resolução CFN 465/2010.

Fato

Segundo informado, por meio do Ofício GP/PMJN 490, de 09 de setembro de 2015, a PMJN

tem um total de 2.377 alunos em 2014 e 2.489 alunos em 2015, sendo:

Quadro: Total de alunos matriculados no Município de João Neiva:

Modalidade Nº alunos em 2014 Nº de alunos em 2015

Creche 271 322

Pré-escola 375 346

Ensino Fundamental 1.677 1.740

Pestalozzi 54 81

TOTAL 2.377 2.489

Fonte: Ofício GP/PMJN 490, de 09.09.2015.

O artigo 10º da Resolução CFN 465/2010 estabelece um parâmetro numérico mínimo de

referência, de nutricionistas, por entidade executora, para a educação básica. De 1001 a 2500

alunos, deve existir 1 responsável técnico (nutricionista habilitado que assume o

planejamento, coordenação, direção, supervisão e avaliação na área de alimentação e nutrição)

e 2 nutricionistas do Quadro Técnico (nutricionistas habilitados, que desenvolverão as

atividades definidas na Resolução CFN 465/2010 e nas demais normas baixadas pelo CFN,

em consonância com as normas do FNDE).

O mesmo artigo impõe, em seu parágrafo único:

“Na modalidade de educação infantil (creche e pré-escola), a Unidade da Entidade

Executora deverá ter, sem prejuízo do caput deste artigo, um nutricionista para cada 500

alunos ou fração, com carga horária técnica mínima semanal recomendada de 30 horas.”

Conforme informação da PMJN, contida no item 6 do Ofício GP/PMJN 490, de 09 de

setembro de 2015, o município dispõe de apenas um nutricionista:

Quadro: Nutricionistas contratados pela Prefeitura Municipal de João Neiva:

PERÍODO CPF

Janeiro a dezembro/2014 ***.419.367-**

Janeiro a abril/2015 ***.045.507-**

25/05/2015 a 31/12/2015 ***.419.367-**

Fonte: Ofício GP/PMJN 490, de 09.09.2015 (item 6).

Sendo assim, a PMJN não está atendendo ao contido na Resolução CFN 465/2010, visto que

possui apenas 1 nutricionista contratado.. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Em atendimento ao Ofício CGU 24.794/2015-CGU REGIONAL-ES/CGU/PR, de 26 de

outubro de 2015, que encaminhou o Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de João

Neiva informou, por meio do Ofício GP/PMJN 689, de 10 de dezembro de 2015 (item 2):

“Conforme consta no relatório, a Prefeitura Municipal de João Neiva não contém em seu

quadro de servidores o número mínimo de profissionais de Nutrição habilitados, em

cumprimento ao artigo 10º da Resolução CFN 465/2010. Visando dar cumprimento à

legislação, a Secretaria Municipal de Educação e Desporto (SEMED) está realizando

Processo Seletivo nº 002/2015 para contratação de profissionais diversos, dentre eles

nutricionista, conforme edital anexo (DOC 01).”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Foi disponibilizado o edital do processo seletivo simplificado 002/2015, onde consta a oferta

de 3 vagas para o cargo de nutricionista.

Desta forma, assim que os novos nutricionistas forem contratados, a impropriedade será

afastada. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

Recomendação 1: Verificar no parecer técnico referente à análise da prestação de contas do

PNAE se o fato apontado foi corrigido.

2.1.3. Ausência de informações sobre o per capita e sobre o valor nutricional dos

alimentos nos cardápios elaborados pelos nutricionistas.

Fato

O parágrafo 7º do artigo 14 da Resolução FNDE 26/2013 estabelece:

“Os cardápios, elaborados a partir de Fichas Técnicas de Preparo, deverão conter

informações sobre o tipo de refeição, o nome da preparação, os ingredientes que a compõe e

sua consistência, bem como informações nutricionais de energia, macronutrientes,

micronutrientes prioritários (vitaminas A e C, magnésio, ferro, zinco e cálcio) e fibras. (...)”

Analisando os cardápios disponibilizados por meio do item 7 do Ofício 490, de 09 de setembro

de 2015, da PMJN, verifica-se que os mesmos contem apenas a descrição dos pratos a serem

servidos dia a dia.

Por exemplo, consta do cardápio EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil), para o dia

06 de abril de 2015:

-arroz/escondidinho de frango com milho e batata palha/feijão/suco de maracujá.

Não há a quantidade de alimento que será servido para uma pessoa em uma refeição levando

em consideração a faixa etária correspondente, nem as informações nutricionais dos

alimentos.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Em atendimento ao Ofício CGU 24.794/2015-CGU REGIONAL-ES/CGU/PR, de 26 de

outubro de 2015, que encaminhou o Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de João

Neiva informou, por meio do Ofício GP/PMJN 689, de 10 de dezembro de 2015 (item 3):

“De acordo com o relatório, os cardápios disponibilizados nas Unidades de Ensino trazem

apenas a descrição dos alimentos servidos naquele dia. Contudo, vale dizer que é realizado

um trabalho por parte da Nutricionista na fase de elaboração do cardápio, que leva em

consideração a faixa etária daqueles que irão consumir os alimentos, de acordo com a

Resolução FNDE 26/2013 e o valor nutricional a ser consumido, baseado na Tabela

Brasileira de Composição de Alimentos – TACO, elaborada pelo Núcleo de Estudos e

Pesquisa em Alimentos – NEPA/UNICAMP. Não obstante os trabalhos já realizados, a

SEMED se compromete a realizar adequações nos cardápios para suprir as exigências

mencionadas.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Tendo em vista a falha apontada, o Gestor se compromete a realizar adequações nos cardápios

a fim de que conste a quantidade de alimento por pessoa e as informações nutricionais dos

mesmos. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

Recomendação 1: Verificar no parecer técnico referente à análise da prestação de contas do

PNAE se o fato foi corrigido.

2.1.4. Aquisição dos gêneros alimentícios sem a elaboração de pauta de compras por

nutricionistas, com as quantidades a serem adquiridas.

Fato

O artigo 19 da Resolução FNDE 26/2013 estabelece:

“A aquisição de gêneros alimentícios, no âmbito do PNAE, deverá obedecer ao cardápio

planejado pelo nutricionista (...)”

A fim de verificar se as aquisições realizadas pela PMJN, no âmbito do Programa de

Alimentação Escolar (PAE) estão de acordo com as pautas de compras elaboradas pelos

nutricionistas do Município, solicitou-se, por meio do SF 201504025-01, de 18 de agosto de

2015 (item 7), que fossem disponibilizados os cardápios vigentes assim como as pautas de

compras correspondentes.

Em resposta, a PMJN disponibilizou, por meio do Ofício 490, de 09 de setembro de 2015, os

cardápios vigentes, sem contudo disponibilizar as pautas de compras correspondentes.

Analisando os processos referentes às Chamadas Públicas 001/2014 e 002/2014, verificou-se

que não constam do processo, pautas de compras, elaboradas pelo nutricionista do município,

com as quantidades a serem adquiridas.

Desta forma, não há parâmetros e quantitativos estimados para as aquisições realizadas. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Em atendimento ao Ofício CGU 24.794/2015-CGU REGIONAL-ES/CGU/PR, de 26 de

outubro de 2015, que encaminhou o Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de João

Neiva informou, por meio do Ofício GP/PMJN 689, de 10 de dezembro de 2015 (item 4):

“Quanto à ausência de pauta de compras elaboradas pela Nutricionista, segue em anexo

(Doc 02) planilha elaborada pela mesma com a descrição e quantidades dos produtos a serem

adquiridos pelo Município.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

O documento disponibilizado foi uma relação das quantidades a serem adquiridas (não consta

a que licitação se refere) iguais aos que estavam nos processos referentes às Chamadas

Públicas 001 e 002/2014.

Não foi disponibilizado documento preparado pelo nutricionista, com os cálculos das

quantidades a serem adquiridas de acordo com os cardápios planejados. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

Recomendação 1: Verificar no parecer técnico referente à análise da prestação de contas do

PNAE se o fato foi corrigido.

2.1.5. Aquisição de gêneros alimentícios com preços acima da média de mercado.

Fato

A Prefeitura Municipal de João Neiva adquiriu, por meio da Chamada Pública nº 002/2014,

produtos para a alimentação escolar.

Dentre esses produtos está a aquisição de mel em sachê (também chamado de flaconete de

mel). Foram adquiridos 26.000 sachês de 10 g cada, ou seja, 260.000g de mel.

O produto em questão foi adquirido da agricultura familiar ao preço de R$ 0,60/sachê de 10g,

ou seja, R$ 0,06/g (NF nºs 00031 e 00028, datadas de 20/11/2014).

A tabela a seguir demonstra a pesquisa de preço efetuada pela equipe de fiscalização em 07

de outubro de 2015:

Tabela – Pesquisa de preço efetuada em 08 de outubro de 2015.

Empresa Marca Preço p/

Caixa

Preço

Unitário

Preço p/

grama

ARCA PRODUTOS

NATURAIS

Apimel (Cx 75 unid. ou 350g) R$ 14,00 R$ 0,19 R$ 0,04

DELÍCIAS DA NATURA Saúde Gel (Cx 75 unid. ou

350g)

R$ 14,00 R$ 0,19 R$ 0,04

VIVA SAÚDE Saúde Gel (Cx 75 unid. ou

350g)

R$ 9,00 R$ 0,12 R$ 0,03

MÉDIA ARITMÉTICA R$ 0,04

Conclui-se que os preços praticados estão 67% acima da média de mercado, o que resultou

em um prejuízo de R$ 5.200,00. Informa-se que, desse valor, R$ 1.124,00 são provenientes

do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Oficio nº GP/PMJN N 0689/2015, de 10 de dezembro de 2015, a Prefeitura

Municipal de João Neiva/ES apresentou a seguinte manifestação:

“Quanto ao fato do valor do mel em sache adquirido pela prefeitura Municipal de 3oão Neiva

estar acima da média de mercado, justifica-se em razão do fornecedor ser da agricultura

familiar, e ainda ter que incluir no valor do produto o custo do frete, sendo que as entregas

são realizadas nas Unidades de Ensino, uma vez que a Secretaria Municipal de Educação e

Desporto não possuí local para estoque.

Ademais, nos termos do §4°, do art. 29 da Resolução N^ 4, de 2 de abril de 2015, ""Na

impossibilidade de realização de pesquisa de preços de produtos agroecofógicos ou

orgânicos, a EEx. poderá acrescer aos preços desses produtos em até 30% (trinta por cento)

em relação aos preços estabelecidos para produtos convencionais, conforme Lei nº 12.512,

de 14 de outubro de 2011."

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

A legislação em questão estabelece que na impossibilidade de realização de pesquisa de preços

poderá acrescer em até 30% em relação aos preços estabelecidos para produtos convencionais.

Entretanto, como demonstrado pela Equipe, os preços praticados ficaram em 67% acima da

média de mercado, motivo pelo qual não foram acatadas as justificativas.

##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

Recomendação 1: Adotar as medidas administrativas necessárias ao ressarcimento dos valores

relativos a despesas com preços acima da média de mercado e, caso não obtenha êxito,

instaurar a tomada de contas especial.

2.1.6. Inadequações verificadas durante visita a escolas municipais de João Neiva.

Fato

A fim de verificar as condições físicas e dos equipamentos das escolas municipais de João

Neiva, selecionou-se duas, das 13 escolas existentes no Município, que foram visitadas no dia

19 de outubro de 2015.

As inadequações verificadas estão relacionadas a seguir.

ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL E FUNDAMENTAL CAVALINHO

PISO

Verificou-se que o piso é de material liso, resistente, impermeável, lavável, de cores claras,

entretanto há partes do piso danificadas e vazamento embaixo da pia da cozinha, o que

dificulta a correta higienização (lavagem e desinfecção).

EMEIF Cavalinhos, João Neiva-ES, 19 de outubro

de 2015. EMEIF Cavalinhos, João Neiva-ES, 19 de outubro de

2015.

PAREDES

Verificou-se a existência de mofo nas paredes onde estão armazenados os alimentos.

EMEIF Cavalinhos, João

Neiva-ES, 19 de outubro de

2015.

EMEIF Cavalinhos, João

Neiva-ES, 19 de outubro de

2015.

EMEIF Cavalinhos, João Neiva-ES, 19 de

outubro de 2015.

ARMAZENAMENTO DE UTENSÍLIOS

Constatou-se que falta espaço para acondicionar utensílios de cozinha, face a existência de

panelas guardadas em cima de botijões de gás e bacia no chão do depósito.

EMEIF Cavalinhos, João Neiva-ES, 19 de outubro de 2015.

REFEITÓRIO

Verificou-se que o refeitório fica num corredor, próximo à cozinha, ficando a mesa encostada

à parede que apresenta reboco solto, sem pintura adequada.

Conforme informado, as crianças se revezam no local, uma vez que não cabem todas de uma

só vez.

EMEIF Cavalinhos, João Neiva-ES, 19 de outubro de 2015.

ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL PEDRO NOLASCO

TETO E PAREDES

Verificou-se a existência de mofo no teto e paredes onde estão armazenados os alimentos.

EMEF Pedro Nolasco, João Neiva-ES, 19 de outubro de 2015.

JANELAS

Constatou-se que as janelas não possuem telas para ventilação/proteção contra vetores. Uma

das janelas estava sem vidro, tampada com um papelão.

EMEF Pedro Nolasco, João Neiva-ES, 19 de outubro de 2015.

GUARDA DE ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS QUE NÃO TENHAM SIDO

UTILIZADOS TOTALMENTE

Identificou-se sobras de alimentos guardados em embalagem original após o preparo. Estes

alimentos deveriam ser retirados da embalagem original, colocados em embalagens adequadas

e identificados por etiquetas, respeitando prazos e métodos de validade e métodos de preparo.

EMEF Pedro Nolasco, João

Neiva-ES, 19 de outubro de 2015. EMEF Pedro Nolasco, João

Neiva-ES, 19 de outubro de 2015. EMEF Pedro Nolasco, João

Neiva-ES, 19 de outubro de

2015.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Em atendimento ao Ofício CGU 24.794/2015-CGU REGIONAL-ES/CGU/PR, de 26 de

outubro de 2015, que encaminhou o Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de João

Neiva informou, por meio do Ofício GP/PMJN 689, de 10 de dezembro de 2015 (item 16):

“Em se tratando do estado em que se encontram os depósitos e demais situações nas cozinhas

das Unidades de Ensino, informamos que estamos com solicitação em andamento para que

sejam realizadas ações de adequação nas nossas instalações, porém, no momento, não há

recurso disponível para tais reformas.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

A existência de recipientes para acondicionar sobras de alimentos industrializados, telas nas

janelas para ventilação e para evitar a entrada de vetores e pragas, e ausência de mofo em tetos

e paredes são essenciais para boa higiene e conservação dos alimentos que são servidos na

merenda escolar, devendo, logo que possível, ser providenciada a adequação desses

ambientes. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

Recomendação 1: Verificar no parecer técnico referente à análise da prestação de contas do

PNAE se o fato foi corrigido.

2.2 Parte 2

Nesta parte, a competência primária para adoção de medidas corretivas dos fatos

apresentados a seguir pertence ao executor do recurso federal descentralizado. Esclarece-

se que as situações relatadas são decorrentes de levantamentos necessários à adequada

contextualização das constatações relatadas na primeira parte.

Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de

recursos federais, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas

ministeriais. Destinam-se, ainda, para ciência dos Órgãos de Defesa do Estado com vistas à

tomada de providências no âmbito das respectivas competências. Esta Controladoria não

realizará o monitoramento isolado das providências saneadoras relacionadas a estas

constatações.

2.2.1. Falta de capacitação do CAE.

Fato

A Prefeitura Municipal de João Neiva não realizou treinamento para os membros do CAE.

De acordo com o Inciso IV do artigo 17 da Lei nº 11.947/2009 cabe ao município realizar, em

parceria com o FNDE, a capacitação dos recursos humanos envolvidos na execução do PNAE

e no controle social.

Informa-se que a manifestação a seguir foi apresentada à equipe durante os trabalhos de

campo:

“Segundo a Secretaria Municipal de Educação e Desporto - SEMED, ainda não houve

treinamento especializado para os membros do Conselho de Alimentação Escolar - CAE.”

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Oficio nº GP/PMJN N 0689/2015, de 10 de dezembro de 2015, a Prefeitura

Municipal de João Neiva/ES apresentou a seguinte manifestação:

“Consta no relatório que Prefeitura Municipal de João Neiva não ofereceu treinamento para

os membros do CAE. O que não é verdade. Conforme documentos anexos, em junho/2014 foi

oportunizado aos membros do CAE e a Nutricionista do Município uma Formação no

Programa Nacional de Alimentação do Escolar, promovido pelo Centro Colaborador em

Alimentação e Nutrição do Escolar – CECANE no município de Vitória-ES - Certificados e

programação anexos.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Foram apresentados apenas dois certificados de participação: um relativo à nutricionista, que

não é membro do CAE. O outro certificado é relativo a um dos membros do CAE (sociedade

civil). Portanto deixou-se de acatar a manifestação, por não ter havido treinamento aos 13

demais membros do CAE, ou seja, 93% dos membros não participaram de treinamento.

##/AnaliseControleInterno##

2.2.2. Ausência de reuniões do CAE.

Fato

O CAE, no exercício de 2014 realizou somente uma reunião ordinária (mês de abril) e no

exercício de 2015 não se reuniu, quando deveria reunir-se ordinariamente uma vez por mês,

conforme previsto no § 6º do artigo 4º da Lei nº 2117/2009, que dispõe sobre o CAE de João

Neiva/ES.

Informa-se que a manifestação a seguir foi apresentada à equipe durante os trabalhos de

campo:

“Segue anexo somente as atas do exercício de 2014, uma vez que em 2015 ainda não

houveram reuniões.”(sic) ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Oficio nº GP/PMJN N 0689/2015, de 10 de dezembro de 2015, a Prefeitura

Municipal de João Neiva/ES apresentou a seguinte manifestação:

“Segundo o relatório, o CAE realizou apenas uma reunião no ano de 2014 e nenhuma no ano

de 2015. A fim de sanar eventuais dúvidas, segue anexo Atas de outras reuniões realizadas

em 2014 (Doe.05). No que diz respeito ao ano de 2015, vale dizer que as reuniões não a

despeito de terem ocorrido, não foram registradas em ata, em virtude da ausência da

secretária executiva.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

As necessidades e irregularidades diárias que ocorrem nas escolas do município, as

impropriedades verificadas na aquisição, armazenamento e distribuição dos produtos que

compõem a alimentação escolar reforçam a necessidade de o Conselho estar se reunindo

mensalmente, registrando em ata, todas as discussões e encaminhamentos, pois assim ficam

registradas a atuação do CAE. Sem esses elementos não há como mensurar a atuação do

conselho, mesmo sendo este operante. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.3. Ausência de divulgação dos recursos do PNAE.

Fato

A Prefeitura Municipal de João Neiva-PMJN-ES não vem divulgando em locais públicos

informações acerca do quantitativo de recursos financeiros recebidos para execução do PNAE

estando, portanto, em desacordo com o Inciso VIII do artigo 17 da Lei nº 11.947/2009 e fere,

principalmente, um dos cinco princípios basilares da Administração Pública tratado no artigo

37 (caput) da Constituição Federal: a Publicidade.

Informa-se que a manifestação a seguir foi apresentada à equipe durante os trabalhos de

campo:

“A Secretaria Municipal de Educação e Desporto – SEMED informa que não há divulgação.”

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Oficio nº GP/PMJN N 0689/2015, de 10 de dezembro de 2015, a Prefeitura

Municipal de João Neiva/ES apresentou a seguinte manifestação:

“No que diz respeito à ausência de divulgação quanto a utilização de recursos do PNAE,

cumpre informar que os editais de licitação e procedimentos de chamada pública trazem em

seu âmago a informação de que utilizam recursos oriundos do PNAE.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Pelo princípio da publicidade, a Administração Pública não deve cometer atos obscuros, à

revelia da sociedade e dos órgãos de controle, devendo divulgar suas ações de forma ética e

democrática. Para tanto, a doutrina tem apostado no entendimento majoritário de que um dos

principais objetivos do princípio da publicidade é mostrar a toda a sociedade os atos praticados

pelos gestores públicos.

##/AnaliseControleInterno##

2.2.4. Índice de aceitabilidade inferior ao estabelecido no programa.

Fato

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, responsável pelo Programa

Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, ao publicar a Resolução FNDE nº 15, de 25 de

agosto de 2000 e posteriormente revisada pela Medida Provisória nº 2178-36 de 2001

estabeleceu como um dos procedimentos para o controle de qualidade da alimentação servida

aos escolares a aplicação de testes de aceitabilidade por parte das entidades executoras.

A Resolução FNDE/CD nº 26/2013 traz novas situações para aplicação dos testes, citando que

estes devem ser aplicados sempre que ocorrer no cardápio: a introdução de alimento atípico

ao hábito alimentar local; quaisquer outras alterações inovadoras, no que diz respeito ao

preparo, e para avaliar a aceitação dos cardápios praticados frequentemente.

Deste modo, a Prefeitura Municipal de João Neiva-PMJN/ES introduziu, no final do exercício

de 2014, alimentos atípicos ao hábito alimentar local, justificando que tais alimentos seriam

adquiridos por meio da agricultura familiar.

Abaixo demonstra-se o índice de aceitabilidade por escola do município. Esclareça-se que

nem todas as escolas participaram do teste:

Quadro: Escola e índice de aceitabilidade.

NOME ESCOLA CARDAPIO INTRODUZIDO INDICE DE ACEITABILIDADE

POR ESCOLA (%)

EMEF-PEDRO NOLASCO TAIADELA 80,40

FILÉ DE TILÁPIA 78,13

MEL (SACHÊ) 57,63

EMEIF-DR. ORLINDO

FRANCISCO BORGES

TAIADELA 85,19

FILÉ DE TILÁPIA 55,70

MEL (SACHÊ) 68,29

EMEF-BARÃO DE

MONJARDIM

TAIADELA 95,33

FILÉ DE TILÁPIA 65,09

MEL (SACHÊ) 81,56

EMEIF-CAVALINHO TAIADELA 41,30

FILÉ DE TILÁPIA 55,77

MEL (SACHÊ) 78,85

NOME ESCOLA CARDAPIO INTRODUZIDO INDICE DE ACEITABILIDADE

POR ESCOLA (%)

EMEIF-SANTO AFONSO TAIADELA 76,56

FILÉ DE TILÁPIA 80,00

MEL (SACHÊ) 76,27

EMEI-BORRINI FARINA TAIADELA 75,25

FILÉ DE TILÁPIA 61,54

MEL (SACHÊ) 82,69

EMEIF-JOSE REBUZZI

SARCINELLI

TAIADELA 87,06

FILÉ DE TILÁPIA 82,93

MEL (SACHÊ) 73,26

EMEF-PROFª Mª OLIRIA

SARCINELLI CAMPAGNARO

TAIADELA 84,33

FILÉ DE TILÁPIA 89,55

MEL (SACHÊ) 84,33

EMEIF-GUILHERME

BAPTISTA

TAIADELA 83,74

FILÉ DE TILÁPIA 72,17

MEL (SACHÊ) 80,60

Fonte: Ofício GP/PMJN 490, de 09.09.2015 (item 8).

Verifica-se que o produto “TAIADELA” foi aceito em três das nove escolas onde foi aplicado

o teste de aceitabilidade, quais sejam: EMEIF Dr. Orlindo Francisco Borges, EMEF-Barão de

Monjardim e EMEIF-Jose Rebuzzi Sarcinelli.

Já o produto “FILÉ DE TILÁPIA” foi aceito somente na escola EMEF-Profª Mª Oliria

Sarcinelli Campagnaro.

O “MEL EM SACHÊ” foi rejeitado em todas as escolas onde ocorreu o teste de aceitabilidade.

Outra impropriedade foi a aplicação dos testes de aceitabilidade após a compra desses

produtos. Os testes foram aplicados nas escolas nas seguintes datas: 19, 24, 26, 27 e 28 de

novembro e 01, 12, 24 e 25 de dezembro de 2014. A finalização da Chamada Pública nº

002/2014 ocorreu com a dispensa de licitação, que foi publicada em 10 de novembro de 2014.

Consequentemente a compra desses produtos deveria ter sido descartada se os testes tivessem

sido aplicados antes da aquisição.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Oficio nº GP/PMJN N 0689/2015, de 10 de dezembro de 2015, a Prefeitura

Municipal de João Neiva/ES apresentou a seguinte manifestação:

“No que diz respeito ao desrespeito ao mínimo 85% de aceitabilidade para introdução

produto atípico ao hábito alimentar ou alterações inovadoras no preparo, de fato se observa

que alguns itens não atingiram o patamar mínimo.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

A manifestação da prefeitura veio a corroborar o fato de que não houve a observância, por

parte dessa, quanto à obediência ao índice mínimo de aceitabilidade.

##/AnaliseControleInterno##

3. Consolidação de Resultados

Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está

adequada e exige providências de regularização por parte dos gestores federais.

Foram identificadas irregularidades na aquisição de gêneros alimentícios, entretanto,

conforme informado no item 2.1.1 deste relatório, não houve pagamento de despesas

irregulares com recursos do FNDE.

Destacam-se, a seguir, as situações de maior relevância quanto aos impactos sobre a

efetividade do Programa/Ação fiscalizado:

-A Prefeitura Municipal de João Neiva não observa o parâmetro numérico de nutricionistas

estabelecido na Resolução CFN 465/2010.

-Ausência de informações sobre o per capita e sobre o valor nutricional dos alimentos nos

cardápios elaborados pelos nutricionistas.

- Aquisição dos gêneros alimentícios sem a elaboração de pauta de compras por nutricionistas,

com as quantidades a serem adquiridas.

- Utilização de recursos próprios para pagamento de despesas realizadas por meio de Chamada

Pública.

- Falta de capacitação do CAE.

- Ausência de reuniões do CAE.

- Ausência de notificação aos partidos políticos.

- Ausência de divulgação dos recursos do PNAE.

- Ausência de prestação de contas.

- Índice de aceitabilidade inferior ao estabelecido no programa.

- Aquisição de gêneros alimentícios com preços acima da média de mercado.

- Inadequações verificadas durante visita a escolas municipais de João Neiva..