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RELATÓRIO DE ESTÁGIO DO ENSINO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA SUPERVISIONADA Mafalda Cabral Lopes Sant’Ana Provas destinadas à obtenção do grau de Mestre para a Qualificação para a Docência em Educação Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS Fevereiro de 2012

RELATÓRIO DE ESTÁGIO DO ENSINO DA PRÁTICA … · O estágio na valência de 1º Ciclo do Ensino Básico realizou-se no Colégio Mira Rio, em Lisboa, com uma turma do 1º ano, ao

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RELATRIO DE ESTGIO DO

ENSINO DA PRTICA PEDAGGICA

SUPERVISIONADA

Mafalda Cabral Lopes SantAna

Provas destinadas obteno do grau de Mestre para a Qualificao para a

Docncia em Educao Pr-Escolar e 1 Ciclo do Ensino Bsico

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAO E CINCIAS

Fevereiro de 2012

II

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAO E CINCIAS

Unidade Cientfico Pedaggica de Cincias da Educao

Relatrio de estgio no mbito do 2 Ciclo de Estudos

RELATRIO DE ESTGIO DO ENSINO DA PRTICA

PEDAGGICA SUPERVISIONADA

Autor: Mafalda Cabral Lopes SantAna

Orientadora: Mestre Maria de Ftima Santos

Fevereiro de 2012

I

Educar conseguir que a criana ultrapasse as fronteiras que, tantas vezes, lhe

foram traadas como destino, pelo nascimento, pela famlia ou pela sociedade. Hoje, a

realidade da escola obriga-nos a ir para alm da escola.

Antnio Nvoa

II

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer em primeiro lugar s minhas supervisoras, Mestre Fernanda

Rodrigues e Mestre Maria de Ftima Santos, pela enorme disponibilidade, exigncia e

rigor com que realizaram a superviso a nvel pedaggico e didctico, dando desta

forma um enorme contributo para o meu crescimento, quer profissional, quer mesmo a

nvel pessoal.

As docentes cooperantes, Educadora Emlia Cabral e Professora Maria Fernanda

Martins, representaram para mim exemplos de grande profissionalismo, que atravs de

uma atitude regular, de crtica construtiva, disponibilidade e acompanhamento

permanente, ajudaram na construo da minha identidade profissional.

Na elaborao deste relatrio foi fundamental o apoio do Professor Doutor Nuno

Amado, cuja disponibilidade e rigor permitiram concluir esta etapa com sucesso.

s professoras Mestre Amlia Mestre, educadoras dos meus filhos, Ema Simes e

Mafalda Pereira, s colegas Andreia Francisco, Lucrcia Santos, Elizamar Freitas e

Margarida Prazeres que o longo da licenciatura e tambm do mestrado, foram essenciais

na motivao para prosseguir e alcanar o meu objectivo, a nvel pessoal e tambm

profissional, partilhando experincias, apoiando nas decises e nos momentos de

insegurana.

minha me que j no est presente, mas que sempre muito me apoiou e continua

a ser o meu maior exemplo de auto-superao e de positivismo.

Ao meu marido, Eduardo e aos meus quatro filhos: Joo, Gonalo, Carlota e

Gabriela que so uma verdadeira e deliciosa inspirao para a minha vida.

Aos alunos dos 3 anos do Colgio Planalto Infantil, da sala da Educadora Mila, e s

alunas do 1B do Colgio Mira Rio. Agradeo a estes alunos pela experincia

profissional que me proporcionaram e me levaram a descobrir a vertente da profissional

que quero ser.

III

RESUMO

O presente relatrio de estgio do Ensino da Prtica Pedaggica Supervisionada

tem por base a apresentao dos estgios curriculares realizados nas valncias de

Educao Pr-Escolar e do 1 Ciclo do Ensino Bsico, na sequncia da realizao do

respectivo Mestrado de Qualificao para a docncia. Ambos os estgios decorreram em

instituies particulares, sem fins lucrativos, pertencentes Cooperativa Fomento de

Centros de Ensino.

O estgio na valncia de Educao Pr-Escolar decorreu no Colgio Planalto,

em Lisboa, com uma turma na faixa etria dos 3 anos, ao longo de 2 manhs por semana

dos dois semestres ano lectivo 2010/2011. No mbito deste estgio foi feita uma

caracterizao inicial da instituio, do meio e do grupo, que serviram de base

elaborao de um plano curricular anual que norteou a prtica pedaggica ao longo do

ano. Na sequncia de uma dificuldade detectada no estgio, que se designou por

dilema, foi feita uma breve investigao sobre o ensino da matemtica no pr-escolar.

O estgio na valncia de 1 Ciclo do Ensino Bsico realizou-se no Colgio Mira

Rio, em Lisboa, com uma turma do 1 ano, ao longo de 4 manhs por semana do

primeiro semestre do ano lectivo 2011/2012. Novamente foi feita uma contextualizao

da prtica que permitiu a elaborao de um projecto pedaggico que teve por temtica a

aprendizagem da leitura e da escrita.

Em ambos os estgios foi feita uma reflexo final ao modo como estes se

desenrolaram, quais as dificuldades sentidas, como foram superadas, quais as aquisies

mais importantes que foram conseguidas. Por fim feita uma breve concluso sobre o

papel dos estgios na formao inicial dos docentes e de como importante a

aprendizagem ao longo da vida.

IV

ABSTRACT

The present report respects to the training that was carried out within the

Supervised Pedagogical Teaching Practice subject, in the valences of Preschool and

Elementary School Education, necessary for the conclusion of the Masters regarding

teaching in both valences. Both trainings took place in private schools that belong to

Fomento Cooperative of Teaching Centers.

The training in Preschool Education took place at Colgio Planalto, in Lisbon,

with a three year old class, during two mornings per week, in both semesters of

2010/2011. Within this training, an initial characterization of the school, of the

surroundings, and of the class was done, that were the basis of an Annual Curricular

Planning that guided the interventions during the training. Following a difficulty or

handicap detected after the training, a dilemma was identified, and was the base of a

brief investigation over the theme Maths teaching in Preschool Education.

The training in Elementary School Education took place at Colgio Mira Rio, in

Lisbon, with a first grade class, during four mornings per week, within the first semester

of 2011/2012. Again, an initial contextualization was made, that allowed the

development of a pedagogical project regarding the theme of Reading and Writing

Learning.

In both trainings a final conclusion was done, considering their development, the

problems that came out, how they were solved, which were the most significant

knowledge acquisitions. By the end a global analysis is done regarding the importance

of the teachers initial training, as well as continuous formation and learning over the

life.

V

NDICE

INTRODUO ..................................................................................................... 1

CAPTULO I PRTICA DO ENSINO SUPERVISIONADA I E II ................... 4

1. APRESENTAO DA PRTICA PROFISSIONAL NO EPE ......................... 4

1.1. Caracterizao da comunidade envolvente ............................................... 4

1.2. Caracterizao da Instituio.................................................................... 5

1.2.1. Localizao da Instituio .................................................................... 5

1.2.2. Tipo de Instituio................................................................................ 6

1.2.3. Breve Histria da Instituio ................................................................ 6

1.2.4. Caractersticas do Edifcio .................................................................... 6

1.2.5. Vrias Valncias Existentes .................................................................. 7

1.2.6. Pessoal Docente, No Docente, Nmero de Crianas ............................ 8

1.2.7. Funcionamento: Horrios; Perodo Lectivo........................................... 8

1.2.8. Projecto Educativo ............................................................................... 9

1.2.9. Articulao da Instituio com a Comunidade/Famlia ......................... 9

1.3. Caracterizao do grupo de crianas ...................................................... 10

1.4. Trabalho pedaggico em sala ................................................................. 11

1.4.1. Organizao do espao ....................................................................... 13

1.4.2. Organizao do tempo ........................................................................ 14

1.5. Trabalhos mais significativos em contexto de sala ................................. 15

2. DILEMA EM CONTEXTO DE ESTGIO .................................................. 16

3. REFLEXO ................................................................................................. 22

CAPTULO II PRTICA DO ENSINO SUPERVISIONADA III..................... 27

1. APRESENTAO DA PRTICA PROFISSIONAL NO 1 CEB ................ 27

1.1. Caracterizao da comunidade envolvente ............................................. 27

1.2. Caracterizao da Instituio.................................................................. 28

VI

1.2.1. Localizao da Instituio .................................................................. 28

1.2.2. Tipo de Instituio.............................................................................. 28

1.2.3. Breve Histria da Instituio .............................................................. 29

1.2.4. Caractersticas do Edifcio .................................................................. 29

1.2.5. Vrias Valncias Existentes ................................................................ 30

1.2.6. Pessoal Docente, No Docente, Nmero de Crianas .......................... 31

1.2.7. Funcionamento: Horrios; Perodo Lectivo......................................... 31

1.2.8. Projecto Educativo ............................................................................. 32

1.2.9. Articulao da Instituio com a Comunidade/Famlia ....................... 32

1.3. Caracterizao do grupo de crianas ...................................................... 32

1.4. Trabalho pedaggico em sala ................................................................. 33

1.4.1. Organizao do espao ....................................................................... 35

1.4.2. Organizao do tempo ........................................................................ 35

1.5. Trabalhos mais significativos em contexto de sala ................................. 36

2. PROJECTO EM CONTEXTO DE ESTGIO ................................................. 37

3. REFLEXO .................................................................................................... 41

CONCLUSO .................................................................................................... 44

SUPORTE DOCUMENTAL ............................................................................... 46

VII

NDICE DE FIGURAS

Figura 1- Organizao administrativa e por valncias do Colgio Planalto........... 8

Figura 2- Distribuio fsica das valncias no Colgio Mira Rio... 31

NDICE DE GRFICOS

Grfico 1- Nmero de abordagens por rea de contedo . 12

Grfico 2- Percentagem de reas curriculares trabalhadas ... 34

NDICE DE ANEXOS

ANEXO I- Ficha do Meio .. 51

ANEXO II- Entrevista Educadora Cooperante e Respostas .. 59

ANEXO III- Entrevista Coordenadora Pedaggica e Respostas.. 63

ANEXO IV- Ficha da Instituio... 71

ANEXO V- Projecto Educativo do Colgio Planalto .. 79

ANEXO VI- Iderio dos Colgios Fomento.. 85

ANEXO VII- Check-List de Competncias no EPE 89

ANEXO VIII- Ficha da Classe.. 91

ANEXO IX- Distribuio dos alunos por idade e gnero no EPE.. 99

ANEXO X Planta da Sala do EPE .. 101

ANEXO XI- Horrio das actividades no EPE 103

ANEXO XII- Actividade desenvolvida no dia 12/4/2011. 105

ANEXO XIII- Actividade desenvolvida no dia 31/5/2011.. 109

ANEXO XIV- Actividade desenvolvida no dia 3/5/2011.. 113

ANEXO XV- Actividade desenvolvida no dia 10/5/2011... 117

ANEXO XVI- Actividade desenvolvida no dia 24/5/2011.. 121

ANEXO XVII- Concluso Reflexiva Estgio Pr-Escolar . 143

VIII

ANEXO XVIII- Quadro de actividades desenvolvidas na rea da matemtica 147

ANEXO XIX- Projecto Educativo do Colgio Mira Rio... 149

ANEXO XX- Projecto Curricular do Colgio Mira Rio.. 151

ANEXO XXI- Regulamento Administrativo do Colgio Mira Rio.. 153

ANEXO XXII- Planta da Sala do 1 CEB. 157

ANEXO XXIII- Horrio do 1 CEB. 159

ANEXO XXIV- Actividades desenvolvidas de 8 a 13 de Janeiro de 2012 161

ANEXO XXV - Guio de Entrevista Professora Cooperante 165

IX

ABREVIATURAS

CEB- Ciclo do Ensino Bsico

EPE- Educao Pr-Escolar

OCEPE- Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar

PCA- Plano Curricular Anual

1

INTRODUO

O Mestrado de Qualificao para a Docncia em Ensino Pr-Escolar e do 1Ciclo

do Ensino Bsico surge na sequncia da Licenciatura em Educao Bsica, que de

acordo com o DL n43/2007, de 22 de Fevereiro, no habilita para a docncia sendo

necessria a frequncia do referido mestrado, num segundo ciclo de estudos.

O mestrado inclui no 1 e 2 semestres a realizao de uma componente de estgio

na valncia de Pr-Escolar e no 3 semestre em 1 Ciclo do EB.

No final, e para a obteno do grau de Mestre, deve ser apresentado um relatrio

final de estgio que englobe os trs semestres.

Com a realizao da componente de prtica pedaggica e do respectivo relatrio

final, pretende-se que as discentes reconheam o papel fundamental do saber

profissional na sua formao, resultado da articulao entre o conhecimento cientfico e

outros saberes, a importncia da prtica profissional, inicial e contnua, e a capacidade

de anlise e de reflexo, como estruturantes no processo de ser educadora/professora. S

com a prtica, devidamente confrontada e articulada com a teoria, resulta o verdadeiro

conhecimento.

O estgio fundamental por proporcionar um contacto privilegiado com a prtica

docente, com as instituies, com as educadoras/professoras, com os recursos e

sobretudo, pela possibilidade de intervir directamente com o grupo.

O presente relatrio consiste num documento, dividido em dois captulos,

correspondentes a cada uma das valncias em que estagiou.

O estgio em Educao Pr-Escolar realizou-se ao longo do ano lectivo 2010/2011,

no Colgio Planalto Infantil, com uma turma na faixa etria dos trs anos, durante duas

manhs por semana, com uma carga horria semanal de nove horas. O trabalho

desenvolvido pela estagiria teve por base as OCEPE, as Metas de Aprendizagem para a

EPE, os perfis especfico e geral dos educadores e professores, respectivamente os

Decretos-Lei n 240/2001 e 241/2001, e outros documentos considerados essenciais

para a organizao e gesto do currculo, como o Iderio do Colgio, o Projecto

Educativo de Escola e o Regulamento Administrativo. As intervenes foram norteadas

por um Plano Curricular Anual (PCA) de actividades e respectivas perspectivas

educacionais para o grupo de crianas, que a discente elaborou em articulao com a

2

educadora cooperante e de acordo com os documentos atrs referidos, no final do

primeiro trimestre de aulas.

Com o captulo dedicado neste relatrio ao estgio na valncia de pr-escolar

pretende-se numa primeira parte fazer uma breve contextualizao da prtica,

caracterizando o meio envolvente, a instituio, o grupo de crianas, o projecto

pedaggico que orientava a prtica e de que modo este se concretizava, no tempo e no

espao. Para estas caracterizaes foram utilizados vrios instrumentos e metodologias

que sero referidos ao longo do texto. Ainda, nesta primeira parte, so analisadas

globalmente as actividades desenvolvidas e feita uma descrio muito breve das

consideradas mais significativas.

Na segunda parte do mesmo captulo, faz-se uma anlise terico-prtica sobre um

aspecto menos positivo, ou que tenha representado uma dificuldade ao longo do estgio,

designado por dilema, cuja temtica eleita foi o ensino da matemtica.

Na terceira e ltima parte, reflecte sobre o seu percurso, ao longo de todo o estgio,

de que modo realizou aquilo a que se tinha proposto, que dificuldades foram

encontradas, como foram superadas e em que aspectos a prtica pedaggica nesta

valncia foi importante para o seu desenvolvimento profissional futuro.

O estgio em 1 CEB realizou-se no primeiro semestre do ano lectivo 2011/2012,

no Colgio Mira Rio, com uma turma do 1 ano, durante quatro manhs por semana,

com uma carga horria semanal de dezasseis horas. Neste estgio o trabalho

desenvolvido teve por base os Programas e Competncias Essenciais para o 1 CEB, os

padres de desempenho docente e novamente outros documentos, como o Iderio do

Colgio, o Projecto Educativo de Escola, o Projecto Curricular de Escola e o

Regulamento Administrativo. As intervenes basearam-se num projecto pedaggico

que definiu, de modo articulado com os documentos atrs referidos, com a programao

prevista pela sua professora cooperante e com sugestes da sua supervisora.

Tambm na primeira parte do captulo feita uma breve contextualizao da

prtica, nos mesmos moldes do estgio em pr-escolar, utilizando instrumentos

semelhantes, colocados em anexo e que sero referidos ao longo do texto.

Numa segunda parte apresentado de modo sucinto o projecto pedaggico

desenvolvido e implementado, assim como a sua avaliao.

3

Por fim, na terceira e ltima parte, so feitas as reflexes finais sobre o percurso da

estagiria nesta ltima etapa do seu mestrado, as dificuldades encontradas, e de que

modo este estgio contribuiu para o seu desenvolvimento como futura professora.

De seguida, no terceiro e ltimo captulo realizada uma concluso geral aos dois

estgios, de que modo a prtica pedaggica fundamental para a formao de um futuro

educador/professor e que aprendizagem retirou para o seu desempenho profissional

futuro.

Por fim, j fora do corpo principal deste trabalho, pode ser encontrado o suporte

documental, assim como os anexos que suportam e complementam a informao do

presente relatrio.

4

CAPTULO I PRTICA DO ENSINO SUPERVISIONADA I E II

1. APRESENTAO DA PRTICA PROFISSIONAL NO EPE

O estgio desenrolou-se ao longo de duas manhs por semana (3 e 4feira), das

8:30 s 13:00, nos dois semestres do ano lectivo 2010/2011, no Colgio Planalto, tendo

iniciado a 19 de Outubro de 2010 com uma etapa inicial de dez sesses de observao,

tendo-se seguido, a partir de 23 de Novembro de 2010, as intervenes da discente que

se prolongaram at 15 de Junho de 2011. O estgio foi supervisionado pela Mestre

Fernanda Rodrigues, tendo recebido o apoio da Educadora Cooperante Emlia Cabral.

O grupo era constitudo por vinte crianas, na faixa etria dos trs anos (feitos at

31/12/2010), que segundo a teoria dos estdios de Piaget (Papalia, Olds & Feldman,

2001) se encontram no estdio pr-operatrio (dos dois aos sete anos). Os principais

progressos cognitivos em relao ao estdio anterior, sensrio-motor, so a funo

simblica (capacidade para usar smbolos ou reapresentaes mentais), a compreenso

do conceito de identidade, a compreenso da causa-efeito, a capacidade para classificar

e a compreenso do nmero. Como limitaes estas crianas mostram incapacidade para

distinguir a fantasia da realidade, centrao (centram-se num aspecto e negligenciam os

outros), irreversibilidade (incapacidade para compreender que uma operao se pode

fazer em dois ou mais sentidos), animismo (atribuir vida a objectos inanimados) e

egocentrismo (incapacidade para ver as coisas de um ponto de vista que no o prprio).

1.1. Caracterizao da comunidade envolvente

A caracterizao da comunidade envolvente instituio fundamental pois esta

pode terinfluncia directa na educao das crianas (DEB, 1997, p.33), razo pela

qual indispensvel conhecer a comunidade e os recursos existentes que podero ser

usados na prtica pedaggica do educador. O DL n240/2001 refere o papel essencial do

educador ao integrar na sua prtica saberes e prticas sociais da comunidade, dando-lhes

importncia educativa.

Atravs de anlise a vrios sites citados no suporte documental e observao e

registo na ficha do meio (Anexo I) foi possvel determinar que o Colgio est situado

numa zona habitacional do Bairro de Telheiras, Freguesia do Lumiar, Concelho de

Lisboa, que das mais populosas do Concelho, e est limitada geograficamente pelo

5

concelho de Odivelas e freguesias de Campo Grande, S. Joo de Brito, Santa Maria dos

Olivais, Charneca do Lumiar, Ameixoeira e Carnide.

A populao de Telheiras fundamentalmente activa e jovem, de classe

socioeconmica mdia-alta, os adultos com escolaridade mdia acima ou ao nvel do 3

ciclo, e todas as crianas em idade escolar frequentam a escola. A populao habita

maioritariamente em apartamentos de tipologias que vo do T1 ao T4, em prdios de

altura geralmente inferior a 8 andares, existindo uma pequena zona de vivendas, e

tambm alguns condomnios privados

Trata-se de uma zona com bastantes recursos de apoio comunidade, desde

transportes pblicos, estabelecimentos de ensino, zonas comerciais, equipamentos de

sade ou desportivos, entre outros.

As ruas, avenidas e azinhagas do Bairro de Telheiras encontram-se em bom estado

de conservao e de limpeza, razoavelmente iluminadas, muitas delas dispondo de

pequenos canteiros ou jardins, e mesmo alguns pequenos parques infantis ou zonas de

lazer. A sinalizao existente permite chegar facilmente a qualquer instituio de

servio pblico e algumas de servio privado, situadas no Bairro. tambm muito fcil

sair do Bairro, existindo boas vias de acesso devidamente sinalizadas.

1.2. Caracterizao da Instituio

A caracterizao da Instituio importante no sentido em que mais do que o meio

que nem sempre tem influncia directa na criana, dentro desta que a criana se

desenvolve e atravs dos recursos nela existentes que so promovidas, diversificadas e

alargadas as oportunidades educativas das crianas.

Para a caracterizao da instituio foi feita anlise documental ao site da

instituio, complementada com informao obtida atravs de entrevista e conversas

informais com a educadora cooperante e a coordenadora pedaggica (Anexo II e III),

assim como por observao directa e registo na ficha da instituio (Anexo IV)

1.2.1. Localizao da Instituio

O Colgio Planalto, situa-se na Rua Armindo Rodrigues, n 28, no Bairro de

Telheiras, Freguesia do Lumiar, Concelho de Lisboa.

6

1.2.2. Tipo de Instituio

O Colgio Planalto uma instituio particular e sem fins lucrativos, propriedade

da Cooperativa Fomento de Centros de Ensino.

1.2.3. Breve Histria da Instituio

O Colgio Planalto uma instituio de carcter pedaggico, criada em 1978 por

um grupo de pais, liderados pelo Eng. Jorge Jardim Gonalves e esposa, a professora

Dr. Maria da Assuno Jardim Gonalves, com a finalidade de proporcionar s famlias

uma educao integral e completa, no mbito de uma estreita colaborao das famlias

com o centro educativo. A Cooperativa Fomento, que administra os quatro Colgios -

Planalto e Mira Rio, em Lisboa, Cedros e Horizonte, no Porto - props-se lanar em

Portugal o estilo de educao personalizada, idealizada e promovida pelo pedagogo e

professor catedrtico da Universidade Complutense de Madrid, Victor Garcia Hoz.

O Colgio iniciou as suas actividades em instalaes no Bairro do Restelo no dia 6

de Outubro de 1978 com cerca de 80 alunos do 1 ao 6 ano. Em Outubro de 1983,

transferiu as suas instalaes para as actuais em Telheiras, onde actualmente possui

todos os nveis de ensino, desde o pr-escolar (incluindo berrio) at ao 12 Ano. O

Ensino Pr-Escolar iniciou no outro Colgio de Lisboa, o Mira Rio, e em 1997 iniciou

tambm no Colgio Planalto, apenas com a valncia de Jardim-de-Infncia, tendo a

Creche comeado a funcionar mais tarde em 2008, aps algumas obras de ampliao e

melhoria das instalaes.

1.2.4. Caractersticas do Edifcio

Os edifcios, instalaes e equipamentos ao servio do Colgio pertencem

Cooperativa SOCEI que os disponibiliza Fomento para uso do Colgio.

O Colgio est separado do meio circundante por gradeamentos e muros

intransponveis, sendo necessrio passar por uma portaria equipada com sistemas de

videovigilncia 24 horas para aceder ao estacionamento privativo do colgio e

posteriormente por portas de acesso com vigilantes para aceder s instalaes

propriamente ditas.

Dentro do permetro das instalaes, o Colgio est dividido em duas reas

administrativa e fisicamente separadas: Planalto Infantil (tambm conhecido por

Planaltinho) que engloba a Creche e o Jardim-de-Infncia e Planalto (que inclui o EB

7

e Secundrio). Existem alguns servios e instalaes que so comuns, tais como a

Capelania e o servio de confeco de refeies, mas as restantes instalaes lectivas e

administrativas so independentes uma da outra, possuindo inclusive elementos da

direco distintos.

O Planalto Infantil, onde se desenrolou o estgio adjacente ao Edifcio Principal

do Colgio, criado h menos de dez anos, onde se situa a Capela do Colgio. O acesso

feito por uma escadaria que se desce e as instalaes do pr-escolar encontram-se

divididas em vrias zonas:

- Zona da creche com trs salas, respectivas instalaes sanitrias, e um recreio

coberto;

- Zona do jardim-de-infncia com sete salas e respectivas instalaes sanitrias

para as crianas, um recreio parcialmente coberto;

- Zonas comuns da Creche e do Jardim-de-Infncia: gabinetes das coordenadoras

administrativa e pedaggica, uma sala de educadoras, trs salas de atendimento de pais,

duas arrecadaes, instalaes sanitrias para as educadoras e para as auxiliares;

- no 1 piso; um refeitrio da creche e pr-escolar que adjacente ao do Planalto e

onde so confeccionadas e servidas as refeies;

As instalaes e reas ajardinadas circundantes encontram-se cuidadas e em bom

estado o que demonstra uma preocupao evidente com a qualidade dos espaos fsicos.

Apesar de o Colgio ter pouco mais de 30 anos as instalaes encontram-se em

bom estado de conservao, sendo no entanto possvel distinguir que as instalaes da

rea do Pr-Escolar so bastante mais recentes e modernas.

1.2.5. Vrias Valncias Existentes

O Colgio actualmente dispe de todas as valncias desde a creche at ao final do

secundrio que funciona com Bacharelato Internacional (Bilingue). O Planalto Infantil,

no qual se desenrolou o estgio, est dividido em creche e jardim-de-infncia.

8

Figura 1: Organizao administrativa e por valncias do Colgio Planalto

Colgio Planalto

Planalto Infantil

Creche

Jardim-de-Infncia

Planalto

1CEB

2CEB

3 CEB

Bacharelato Internacional

1.2.6. Pessoal Docente, No Docente, Nmero de Crianas

No total o Colgio possui cerca de 600 alunos, representando o Planalto Infantil

cerca de um tero desse valor, ou seja, 184 crianas das quais 33 em creche e 151 em

jardim-de-infncia.

No que respeita ao pessoal docente e no docente do Planalto Infantil, este tem

actualmente uma directora, uma coordenadora pedaggica, uma coordenadora

administrativa, dez educadoras, dez auxiliares de aco educativa e trs auxiliares

gerais, totalizando 26 pessoas.

1.2.7. Funcionamento: Horrios; Perodo Lectivo

O horrio de funcionamento do Colgio de 2 a 6 feira, das 8:00 s 19:00.

As actividades das crianas do Pr-Escolar desenrolam-se das 9:00 s 16:00 e o

perodo depois das 17:00 considerado como de componente de apoio famlia.

O calendrio escolar do Planalto Infantil prev o seu funcionamento durante todo o

ano encerrando apenas para frias no ms de Agosto.

Nos perodos de frias escolares (Natal, Carnaval, Pscoa e Praia) as instalaes

esto abertas mas as actividades no se desenvolvem de acordo com o projecto

pedaggico que orienta as mesmas, sendo nesses perodos menos orientadas e partindo

da iniciativa de cada educadora.

9

1.2.8. Projecto Educativo

O Projecto Educativo do Colgio Planalto (Anexo V) manifesta-se em trs grandes

reas:

A educao personalizada, em que o Preceptor a figura-chave. Cada aluno a

partir do 1CEB tem um preceptor, i.e., um professor que, atravs das entrevistas, dos

passeios, das visitas de estudo ou do convvio quotidiano, estabelece metas (acadmicas

e de formao pessoal) para o aluno, de acordo com a idade, num dilogo permanente

com a famlia e os restantes professores.

A educao diferenciada por sexo, ou seja, a separao entre rapazes e raparigas

tem a inteno de usar abordagens educativas especficas que fomentam um melhor

desempenho acadmico, um desenvolvimento harmonioso da personalidade e, que

melhoram o processo de socializao.

A educao integral, ligada a um Programa de Formao de Alunos que se

organiza em torno de virtudes nucleares que cada membro do Colgio procura exercitar

e fomentar durante um perodo concreto. Todos os professores procuram incluir essas

virtudes na sua aco educativa (na aula, mas tambm na relao pessoal com cada

aluno) de modo a fomentar um ambiente de desejo de melhoria.

O Projecto Educativo fundamenta-se numa viso crist da pessoa, como ser nico e

irrepetvel, que leva a que cada um seja tratado de modo individual.

1.2.9. Articulao da Instituio com a Comunidade/Famlia

Segundo (DEB, 1997, p.22) Os pais ou encarregados de educao so os

responsveis pela criana e tambm os seus primeiros e principais educadores.

O Iderio do Colgio (Anexo VI) refere o mesmo, por outras palavras, nesta que se

diz Uma escola de Pais, sendo desenvolvidas no mbito de promover esta ligao,

vrias iniciativas, ao longo do ano, cujo detalhe se obteve atravs de anlise aos

documentos afixados nos placares da instituio, conversas com educadora e posterior

registo, e anlise do boletim informativo mensal que publicado pelo Planalto Infantil.

Estas actividades englobam Entrevistas/reunies trimestrais individuais com as

Educadoras e os Pais de cada aluno; Reunies trimestrais gerais de pais, designadas por

Sesses Trimestrais; quatro a seis sesses de formao especficas para Pais,

organizadas pela Cenofa- Centro de Orientao Familiar; Publicao mensal de um

10

boletim informativo sobre as actividades do Colgio, que enviado a todas as famlias;

Para alm das festas tradicionais (de Natal, de final do ano lectivo) so promovidas

outras actividades com o objectivo de trazer os Pais ao Colgio como as Missas de

abertura e fecho do ano lectivo, a Missa de Natal, Dia da Me, Dia do Pai, Dia de

recepo aos Novos Alunos, Arraial das Famlias, Dia do Colgio, entre outros. Por

ltimo, em cada turma so designados Pais como Casais Encarregados da Colaborao

Familiar dessa turma e que desenvolvem diversas actividades para os pais, e com os

pais, que visam o estabelecimento de laos de amizade entre as famlias dos alunos do

Colgio, para um harmonioso desenvolvimento dos alunos e suas famlias.

Da observao feita ao longo do estgio e pela participao em algumas actividades

realizadas, estas iniciativas traduzem-se num maior envolvimento dos pais/encarregados

de educao na vida da escola promovendo uma melhor relao escola-famlia.

1.3. Caracterizao do grupo de crianas

Segundo DEB (1997) importante observar cada criana e o grupo de modo a

conhecer as suas capacidades, interesses e dificuldades, assim como o seu contexto

familiar, com o intuito de adequar o processo educativo s suas necessidades. Assim,

atravs de registos de observao, de check-lists de competncias (Anexo VII), de

conversas informais com a educadora e posterior registo na ficha da classe, (Anexo

VIII), foram obtidos os dados que a seguir se detalham.

O grupo era uma classe homognea, do Ensino Pr-Escolar, constituda por 20

crianas, com idade de trs anos feitos at final de Dezembro de 2010. A classe era

composta por nove meninas e por onze meninos (Anexo IX)

Segundo informao obtida pela educadora do total de crianas apenas cinco

vinham de casa, ou seja, no frequentaram previamente um estabelecimento de EPE.

Atravs de observao, estas crianas que vinham de casa pareciam indiciar algumas

dificuldades de socializao, algum atraso na fala e demonstravam muitas dificuldades

na higiene e na alimentao, sendo muito pouco autnomas. Em termos gerais eram

crianas curiosas, interessadas, no havendo nenhuma que se destacasse neste grupo,

parecendo todas estar a evoluir normalmente. Evidenciava-se o interesse das crianas

pelas narrativas, quer tradicionais, quer lengalengas, trava-lnguas, entre outras.

11

Ao nvel de comportamento, as crianas que ainda no tinham feito trs anos eram

aquelas que demonstravam mais dificuldades em realizar actividades em grande grupo e

em interagir com os outros, havendo uma dessas crianas que frequentemente se

envolvia em conflitos com outras duas. A Educadora tinha de intervir muitas vezes e

excepcionalmente ficava de castigo. Os restantes conflitos que se registavam eram raros

e bem geridos, e as crianas tendiam a promover menos este tipo de situao dado o

clima de harmonia na classe, derivado em grande parte da atitude serena, afectuosa,

justa e atenta da Educadora.

1.4. Trabalho pedaggico em sala

No Colgio Planalto Infantil, e nos outros trs Colgios Portugueses que pertencem

Cooperativa Fomento de Centros de Ensino, toda a prtica pedaggica do Jardim-de-

Infncia orientada de acordo com o Projecto Optimist, importando de Espanha e

adaptado em situaes especficas cultura portuguesa. Trata-se de uma metodologia

que tem por objectivo proporcionar s crianas uma estimulao rica e orientada, para

que alcancem, de acordo com as condies pessoais de cada um, nveis de maturidade,

desenvolvimento e aprendizagem excelentes. O Optimist o guio de trabalho de

cada Educadora e devido ao planeamento dirio, semanal, mensal e trimestral que

realizado, todas as Educadoras da mesma faixa etria esto a trabalhar exactamente os

mesmos temas nos mesmos dias.

De acordo com o site do Colgio, alguns dos programas especficos/linhas

orientadoras do Projecto Optimist so na rea do desenvolvimento neuro-motor, na

deteco e tratamento precoce das dificuldades de aprendizagem, na aprendizagem da

leitura e da escrita, na aprendizagem do ingls, no desenvolvimento lgico-matemtico ,

assim como no desenvolvimento religioso na criana em formao.

Depois das semanas iniciais de observao e de algumas intervenes planeadas

conjuntamente com a educadora, contextualizadas de acordo com os temas mensais e

com o projecto Optimist a discente elaborou em Janeiro de 2011 as perspectivas

educacionais para o grupo de crianas que estava a ser considerado e o Plano Curricular

Anual (PCA) baseada no projecto e nas necessidades identificadas. Esse PCA foi

seguido at ao final do estgio, em coordenao com a educadora cooperante e sofrendo

alguns ajustes, sempre que necessrio.

12

Das planificaes elaboradas, todas foram cumpridas, tendo sido em alguns casos

includas actividades extra no planeadas, que partiram da iniciativa das crianas (como

uma cano sobre determinada temtica que a discente estava a trabalhar e de que no

se tinha lembrado).

Apresenta-se abaixo um grfico que espelha a percentagem de abordagens

realizadas em cada rea de contedo/domnio ao longo de todas as suas intervenes.

Apesar de terem sido realizadas 51 intervenes, em alguns casos a discente conseguiu

na mesma interveno abordar mais do que uma rea/domnio, que se resumiram a um

total de 87 abordagens. Tal deve-se ao facto de, apesar de discente dispor apenas de

meia hora de interveno, dada a faixa etria das crianas, estas terem perodos de

ateno e concentrao muito reduzidos, pelo que com muita frequncia a discente

realizou duas actividades na mesma meia hora, intercaladas com uma cano, uma

dana ou movimentos orientados/livres. A organizao das OCEPE e das metas de

aprendizagem em reas de contedo/domnios no significa que as actividades a

desenvolver em cada uma delas tenham de ser estanques, antes pelo contrrio, estas

devero ser concebidas de forma articulada, para que se cumpra o desenvolvimento

integral da criana, sendo que a concretizao das actividades deve ser planeada,

organizada e realizada de forma a pr em prtica os diferentes objectivos da EPE

promulgados pela Lei-Quadro da EPE.

24

68

1820

29

0

5

10

15

20

25

30

35

Nmero de abordagens por rea de contedo

Grfico 1- Nmero de abordagens por rea de contedo

13

Considerando a ordem decrescente do nmero de vezes que foram trabalhadas as

reas temos que: a rea da Expresso Plstica foi trabalhada 29 vezes (33%), a rea do

Conhecimento do Mundo 20 vezes (23%), a rea da Linguagem Oral Abordagem

Escrita 18 vezes (21%), a rea da Matemtica 8 vezes (9%), a rea da Expresso

Musical 6 vezes (7%), a rea da Expresso Dramtica 4 vezes (5%) e a rea da

Expresso Motora, 2 vezes (2%).

As reas da Expresso Plstica e do Conhecimento do Mundo foram as mais

trabalhadas, j que nestas a discente considerou, que dada a faixa etria, conseguiria

proporcionar mais aquisies novas s crianas e por outro proporcionar-lhe-iam mais

desafios, dado o estdio em que as crianas se encontravam. Na Expresso Motora

registou o menor nmero de intervenes, devido ao espao fsico (sala polivalente ou

recreio exterior) de que no dispunha na maior parte do tempo, estando este disponvel

apenas da parte da tarde.

1.4.1. Organizao do espao

Os dados que a seguir se apresentam foram obtidos atravs de registos de

observao e da ficha da classe (Anexo VIII). Atravs de uma anlise detalhada foi

possvel verificar que as salas do jardim-de-infncia cumprem os requisitos pedaggicos

e tcnicos de instalao e funcionamento de acordo com a Legislao em vigor.

Todas as salas se encontram organizadas do mesmo modo: possuem quatro mesas

de cores diferentes, e respectivas cadeiras, separadas e colocadas no centro da sala onde

so trabalhados, respectivamente, no perodo do dia designado por cantinhos as

seguintes reas: amarelo (leitura/escrita), azul (matemtica), vermelho (plstica) e verde

(experincia). A rea da experincia tem muitas vezes a ver com a expresso plstica

desde que represente uma actividade que as crianas ainda no experimentaram.

Adjacente as cada uma destas mesas est sempre uma estante ou armrio onde so

colocados os materiais pedaggicos relacionados com a rea (por exemplo: livros e

domins de letras junto mesa da leitura e da escrita), assim como o respectivo placar

onde periodicamente so afixados os trabalhos das crianas ou posters com os temas

que esto a ser abordados.

Todas as salas possuem uma zona mais ampla em frente a um quadro de ardsia ou

de canetas, em que a educadora faz as suas exposies orais, em que as crianas se

14

sentam em grande grupo, de pernas cruzadas, no cho, sobre marcas desenhadas no

cho.

De acordo com o projecto Optimist todos os meses so tratados temas base, tais

como os Animais da Quinta, a Praia, entre outros e em cada sala existe um cantinho

temtico ou placar que usado para divulgar junto das famlias o tema mensal, e que

construdo pela educadora com a colaborao das crianas que durante esse ms

emprestam materiais escola (como por exemplo pequenos animais de brinquedo,

um balde e p de praia, etc.).

No Anexo X possvel analisar uma planta da sala.

1.4.2. Organizao do tempo

Todas as salas do Jardim-de-Infncia possuem devidamente programadas as

actividades e as rotinas dirias, e as horas exactas em que devem iniciar e terminar, no

havendo sobreposies entre as salas das vrias idades, nos perodos destinados

realizao de exerccios motores na sala polivalente, nas aulas de ingls e mesmo nos

horrios de almoo.

A sala onde a discente se encontrava a estagiar possua uma distribuio de

actividades dirias, cujo detalhe pode ser visualizado no Anexo XI . As actividades

iniciavam pontualmente s 9:00 com o acolhimento das crianas e o mdulo da manh,

que inclua vrias actividades, em diferentes reas curriculares. A seguir s 9:30 e at s

10:00 seguia-se o tema mensal em que a educadora realizava uma actividade

relacionada com a temtica mensal numa rea de contedo diferente em cada dia. Das

10:00 s 10:30 as crianas tinham aula de ingls com uma professora e depois iam para

o recreio regressando s 10:45, fazendo a rotina da higiene antes de regressar sala. A

seguir e at s 11:30 o tempo era dedicado a actividades diversas de leitura e escrita,

quer individuais, quer colectivas. Seguia-se a higiene e o almoo, a que se seguia nova

higiene e sesta.

s 13:30 as crianas eram acordadas para a realizao do circuito neuro-motor at

s 14:00. Das 14:00 at s 15:00 faziam actividades nas mesas designadas cantinhos

como j se referiu atrs. Das 15:00 s 15:20 faziam uma breve reviso do mdulo da

manh, seguida de um passeio de aprendizagem de 10 minutos, pelo recreio, pelas

instalaes ou mesmo pela prpria sala. s 15:30 lanchavam e depois ficavam no

recreio at os encarregados de educao as virem buscar.

15

Neste programa dirio a discente possua unicamente meia hora para intervir, das

9:30 s 10:00, com excepo dos perodos de frias escolares em que o projecto

Optimist no era praticado, assim como no havia aulas de ingls. Nesses perodos a

discente podia intervir toda a manh. Nos perodos escolares, salvo algum imprevisto, o

programa era rgido e inflexvel e as restantes salas de trs anos estavam a trabalhar

exactamente os mesmos temas, do mesmo modo, embora em perodos do dia diferentes.

1.5. Trabalhos mais significativos em contexto de sala

Das 51 intervenes realizadas, algumas actividades podem ser destacadas, em dois

extremos opostos.

Uma das que considera ter sido mais gratificante desenvolveu-se na semana das

frias da Pscoa (Anexo XII) em que pelas razes expostas atrs, teve toda a manh

para a pr em prtica, quando habitualmente s dispe de meia hora. Neste dia foi

confeccionado um mini-folar da Pscoa com cada criana, assim como elaborada em

grande grupo e afixada a respectiva receita (num painel gigante com os ingredientes

reais, que foram tocados, cheirados e mesmo saboreados), tendo conseguido que ficasse

terminada para no final do dia as crianas levarem o produto do trabalho realizado para

casa para partilharem com as famlias. Esta actividade foi importante por ter seguido um

encadeamento lgico das vrias actividades necessrias para concluir a tarefa. Desde a

preparao da massa, moldagem dos mini-folares, ao cozer no forno, deixar arrefecer

e embalar em caixas decoradas pelas crianas. E no meio disto a criao do painel com

a receita para divulgar aos restantes membros da comunidade educativa. Na maioria das

intervenes a discente sentiu uma falta de ligao com o resto do dia e com as famlias,

que neste dia foi possvel.

Outra actividade que considera ter sido muito significativa para a sua prtica

desenvolveu-se perto do final do ano (Anexo XIII) em que a discente trabalhou a rea

do Conhecimento do Mundo, mais concretamente os conceitos de curto/comprido

usando como base a histria do Macaco de Rabo Cortado, verso de Antnio Torrado,

que contou usando objectos relacionados com a histria e com bastante expresso oral e

corporal que entusiasmou as crianas, seguida de um jogo em que era necessrio colocar

adereos (curtos ou compridos) num macaco gigante fixado no quadro e feito em papel

de cenrio pintado a guache e que foi extremamente til e eficaz para introduzir os

conceitos pretendidos.

16

No extremo oposto temos duas actividades, em semanas seguidas, que se

destacaram pelo desenvolvimento de actividades, de classificao e correspondncia,

inadequadas para a faixa etria. Ao trabalhar a temtica das frutas e dos legumes, a

discente props numa semana (Anexo XIV) uma actividade muito difcil para a faixa

etria, com dez legumes e dez frutas, que implicava conhecer cerca de seis legumes e

duas frutas novas, e na semana seguinte (Anexo XV) em oposio, ter realizado uma

actividade muito fcil para a faixa etria, utilizando apenas dez imagens mas todas bem

conhecidas pelas crianas. Segundo Zabala (1998) para que o aluno aprenda, devem ser-

lhe apresentados desafios que o ajudem a avanar e que estejam ao seu alcance, no se

limitando ao que o aluno j sabe, questionando os seus conhecimentos prvios, mas que

o conduzam aquisio de novos conhecimentos, colocando-o em situaes que o

obriguem a um esforo de compreenso e trabalho.

Um dos trabalhos relevantes realizado pela discente foi, no final do estgio, uma

reflexo global (Anexo XVI) s actividades desenvolvidas, por rea de contedo, e nos

seus aspectos positivos e negativos, que constrangimentos ou aprendizagens

implicaram. Tal permitiu uma reflexo mais aprofundada do trabalho desenvolvido,

nomeadamente na reformulao de estratgias para o desenvolvimento de actividades.

Os aspectos negativos podem desta forma ser minimizados e os problemas resolvidos.

Durante o estgio foi sendo feito pela discente esta anlise reflexiva sobre o trabalho

diariamente realizado e ao feedback dado pelos alunos s mesmas tendo em conta os

resultados pretendidos.

2. DILEMA EM CONTEXTO DE ESTGIO

A palavra dilema vem do grego dilemma que significa proposio dupla e do

latim dilemma que significa idem.

De acordo com o dicionrio Prinberan de Lngua Portuguesa, disponvel on-line, o

termo dilema pode ter vrios significados: 1) Alternativa em que no h opo

satisfatria, 2) Conjuntura difcil (sem sada conveniente) e 3) Argumento formado por

duas proposies que se contradizem mutuamente. J o dicionrio Porto Editora da

Lngua Portuguesa acrescenta a definio de 4) raciocnio em que, posta uma alternativa

ou disjuno, qualquer dos termos das alternativas leva mesma concluso.

17

Se consultarmos os dicionrios procura de sinnimos para a palavra dilema

aparecem-nos os termos conflito, embarao, dvida e irresoluo.

Foi dentro deste mbito que foi proposto s discentes a identificao de um

dilema relacionado com a sua prtica no ensino pr-escolar, com posterior trabalho de

breve investigao sobre o mesmo. A investigao surge neste trabalho como uma

tentativa de resposta s questes, no sentido em que representa um processo estruturado

(Tuckman, 2000) de identificao de um ou mais problemas, construo de uma

hiptese e apresentao de algumas concluses, novamente muito curtas dada a natureza

deste trabalho.

A temtica seleccionada foi o ensino e aprendizagem da matemtica no pr-escolar,

em particular no incio desta etapa. Esta seleco foi feita por vrios motivos, que se

detalham em seguida.

Ao longo da licenciatura em educao bsica, existiram vrias cadeiras, e

bastante diversas, sobre os conceitos base da matemtica, assim como no mestrado

sobre a didctica da matemtica no ensino pr-escolar e no 1 ciclo. Nestas cadeiras a

estagiria teve a possibilidade de contactar com os contedos a leccionar, actividades,

estratgias e materiais mais adequados a utilizar, e realizou ainda, alguns trabalhos

prticos, de construo de materiais especficos para serem utilizados no ensino de

determinados contedos. Apesar de ser um dos objectivos das cadeiras da didctica da

matemtica, no foi possvel testar os materiais produzidos com as crianas, quer em

estgio, quer noutro contexto.

Segundo Portugal (2009) desejvel dar aos profissionais inexperientes, a

oportunidade de testemunhar e experimentar os efeitos de abordagens correctas ou

incorrectas, pelo que a natureza de uma interveno e de um currculo em EPE deve ser

explorada, desde os primeiros anos de formao, permitindo aos futuros educadores

aprender a observar e a pensar sobre a adequabilidade de um programa para crianas.

Para alm do aspecto anteriormente referido, a estagiria raramente observou a sua

educadora cooperante a trabalhar a matemtica, para alm das noes de quantidade e

nmero, atravs da visualizao de cartes com smbolos e com quantidades (em

bolinhas desenhadas), recorrendo repetio oral, em grande grupo, do que era

visualizado. Tal teve a ver com os contedos previstos no projecto Optimist e tambm

porque o trabalho individual com as crianas, mais especfico, era realizado da parte da

tarde, no tempo dedicado aos cantinhos. Nas duas nicas ocasies em que

18

permaneceu no local de estgio da parte da tarde, esteve a intervir com o grupo no

cantinho da expresso plstica e no se conseguiu aperceber do trabalho que foi

desenvolvido em simultneo no cantinho da matemtica. Em resumo, foram raras as

oportunidades em que pde, num contexto prtico e no exclusivamente terico,

observar a educadora cooperante a trabalhar a rea de contedo j referida.

Considerando as perspectivas educacionais e o PCA que definidos, a estagiria

planificou semanalmente as suas intervenes com a educadora cooperante e verificou,

no final do ano, que trabalhou a matemtica em apenas oito de 51 intervenes.

Tero sido muito provavelmente os aspectos atrs descritos que motivaram a to

curto nmero de intervenes na referida rea e que levaram a discente, a posteriori e

nesta breve exposio, a aprofundar o ensino e aprendizagem da matemtica no pr-

escolar, assim como a questionar-se sobre o modo como, nesta etapa to precoce do

desenvolvimento das crianas, desenvolveu actividades, com as respectivas estratgias,

com os recursos disponveis (materiais e humanos), que tenham efectivamente

proporcionado aprendizagens s crianas.

A matemtica uma cincia que lida com objectos e com relaes abstractas, sendo

ainda, segundo Ponte, Serrazina et al (2007), uma linguagem que permite criana a

compreenso e representao do mundo que a rodeia e um instrumento, na medida em

que permite resolver problemas com que esta se confronta, prever e controlar os

resultados de aces que realiza. Espontaneamente, as crianas vo construindo noes

matemticas a partir das suas vivncias dirias.

Aos trs anos de acordo com Piaget (1984), as crianas encontram-se num estdio

de desenvolvimento cognitivo pr-operatrio que de um modo geral se caracteriza pelo

uso gradual e cada vez mais sofisticado do pensamento simblico.

Alguns dos processos cognitivos, relacionados com a matemtica e associados a

este estdio so a funo simblica, a compreenso da causa-efeito, a capacidade para

classificar e a compreenso do nmero. Segundo Papalia, Olds e Feldman (2001), a

funo simblica traduz-se entre outros, pela capacidade da criana em usar smbolos

ou representaes mentais - palavras, nmeros ou imagens, e a compreenso da causa-

efeito na capacidade de explicar os porqus das crianas mais novas, no sentido de

perceberem que elas podem provocar os acontecimentos. Por seu lado, a capacidade

para classificar traduz-se no agrupamento e/ou ordenao de objectos, pessoas e

19

acontecimentos, com base em semelhanas e diferenas. Por ltimo, a compreenso dos

conceitos numricos bsicos, parece comear, segundo as mesmas autoras, logo nos

primeiros dois anos de vida, conseguindo aos trs anos contar e lidar com pequenas

quantidades.

Esta caracterizao leva-nos a um dilema colocado por Lleix Arribas et al (2004)

de podermos estar a ensinar cedo demais (e as crianas no disporem ainda dos

esquemas que as permitam interpretar os contedos matemticos) ou por outro lado,

termos esperado demais e estas j terem construdo os esquemas. Tal situao prende-se

com o facto de, nesta etapa do desenvolvimento das crianas, os contedos matemticos

estarem muito prximos da vida real, havendo uma diferena entre o que a criana pode

aprender autonomamente em contacto com o ambiente, de forma pouco cientfica, e o

que pode aprender com uma interveno didctica, intencional e sistemtica do

educador.

A questo atrs colocada do cedo demais pode conduzir a um falso

conhecimento matemtico, baseado na repetio mecnica (algumas vezes observado ao

longo do estgio), enquanto a oposta, de j no ser preciso ensinar, poder restringir a

interveno didctica do educador. Efectivamente, como referem Ponte e Serrazina

(2000, p.113) A actividade resultante de tarefas de rotina contribui para consolidar

cognitivamente conhecimentos e destrezas j adquiridos, mas no para o

desenvolvimento de novo conhecimento.

O papel da matemtica na estruturao do pensamento, as suas funes na vida

corrente e a sua importncia para aprendizagens futuras, determina a ateno que lhe

deve ser dada na EPE, cujo quotidiano oferece mltiplas possibilidades de

aprendizagens matemticas, pelo que cabe ao educador partir dessas vivncias dirias e

de modo intencional proporcionar momentos de consolidao e sistematizao de

noes matemticas(DEB,1997, p.73).

Segundo Sprinthall e Sprinthall (1993) e voltando a referir o estdio pr-operatrio,

nesta etapa do-se importantes progressos, o modo de aprendizagem da criana

essencialmente intuitivo, e esta realiza espontaneamente fantasias, livres associaes e

significados nicos ilgicos. Isto conduz por exemplo a criana na prova Piagetiana da

conservao dos lquidos a escolher o copo alto e fino e no o baixo e largo, por este

intuitivamente lhe parecer que tem mais gua. Se se explicar a esta criana as razes

20

para a quantidade de gua ser igual em ambos os copos, ela repete tudo de volta, sem a

menor compreenso.

No entanto, de acordo com os mesmos autores, fazer algum ensino num sentido

formal no prejudica as crianas, o que tambm no significa que os professores devam

estruturar uma parte substancial do dia do pr-escolar para a aprendizagem de letras e

nmeros. no entanto fundamental a articulao entre a EPE e o 1 CEB, contrariando

aqueles, que no incio da era pr-escolar diziam deixem estar as crianas no jardim: a

escola pode esperar.(Ribeiro, 2002, p.9).

Actualmente esta articulao existe (ou est em curso), no s devido s OCEPE,

de 1997, mas mais recentemente pela publicao, em 2011, das Metas de Aprendizagem

para a EPE.

Existem 30 metas, na rea da matemtica, definidas para o final da EPE, cujo

incumprimento no consiste num obstculo entrada para o 1 ciclo mas constituem um

referencial para o educador das condies para que cada criana tenha uma

aprendizagem com sucesso na fase seguinte (DEB, 1997, p.28).

Sem citar as referidas metas, que esto divididas por trs domnios e analisando o

primeiro deles, Nmeros e Operaes, vemos que logo a primeira meta se refere a dois

processos matemticos fundamentais: Classificar e Ordenar (ou seriar).

De acordo com Ponte e Serrazina (2000), Classificar incluir ou no um objecto

num determinado conjunto de acordo com as suas propriedades (por exemplo: os

grandes). Ordenar dispor um dado conjunto de objectos numa ordem segundo

determinada qualidade. Classificar e ordenar so os processos matemticos mais bsicos

e que servem de base a muitos outros, pelo que, os educadores/professores devem

propor aos alunos actividades que os ajudem a desenvolver estas importantes

capacidades.

Analisando a opinio de Carvajal e Rabanal (1997), estas autoras consideram que o

desenvolvimento lgico e a elaborao progressiva de estruturas cognitivas na criana

em idade pr-escolar devem partir da identificao e categorizao da realidade, atravs

das propriedades e relaes entre os objectos, com o objectivo de desenvolver as

funes de agrupamento, classificao, seriao e ordem que permitam a formao de

conjuntos.

21

Consideram que, antes do conhecimento do nmero e dado o carcter global e

concreto das percepes destas crianas, deve ser iniciada a manipulao de conjuntos.

Neste mbito, os objectos representam o material base: ao agrup-los ao classific-los, a

criana organiza o material, estabelece relaes, no modo como identifica as

propriedades que estes tm em comum.

As mesmas autoras concluem que s ento, ao considerar o uso de vocabulrio

relacionado com as noes de quantidade (mais, menos, igual a, entre outras), em

simultaneidade com a formao de conjuntos, o educador introduz a noo de nmero.

Esta noo a base do pensamento matemtico e das actividades posteriores, de

contagem, de seriao numrica e mais tarde das operaes aritmticas. DEB (1997,

p.74) refere exactamente o mesmo, realando que as oportunidades de classificao e de

seriao so tambm fundamentais para que a criana v construindo a noo de

nmero, como correspondendo a uma srie (nmero ordinal) ou a uma hierarquia

(nmero cardinal) .

A sequncia a adoptar na introduo dos contedos, atrs descrita por vrios

autores, coincidia tambm com aquela que se encontrava definida mensalmente pelo

projecto Optimist e, em concordncia, pelo PCA elaborado. Efectivamente, as

actividades foram em nmero bastante reduzido mas o seu desenvolvimento, aps toda

esta exposio, faz agora todo o sentido.

Logo em Novembro, ao iniciar as intervenes, a discente realizou a primeira

actividade na rea da matemtica, utilizando materiais concretos: agasalhos, peas de

vesturio, calado e acessrios ligados ao frio, chuva e ao vento. Nesta actividade as

crianas tiveram de classificar as peas que retiravam de um grande saco e agrup-las

segundo caractersticas que elas mesmas definiram (Esse para a cabea, esse para

tapar as mos, ).

Poucas semanas depois, realizou outra actividade, usando blocos lgicos, que

restringiu a quadrados e crculos. Trabalhou as questes da classificao, por cor, por

forma e por tamanho e ainda realizou algumas sries. As crianas revelaram muitas

dificuldades na realizao destas actividades, pelo que a discente se questiona se teria

sido cedo demais? De modo a colmatar esta dificuldade, realizou, com bastante sucesso,

pouco tempo depois uma actividade mais simples, usando apenas tringulos, de papel,

que as crianas puderam manusear e comparar em termos de cor e tamanho.

22

Seguiram-se mais actividades de classificao, com animais, outra com frutos e

legumes, seguida de uma de seriao de frutos pois a anterior no correu novamente

muito bem.

Depois de mais algumas actividades, j perto do final do ano, realizou uma

actividade bastante mais complexa, em termos de competncias a adquirir. Usando a

cano dos cinco patinhos, (Anexo XVII) que foram elaborados em cartolinas

coloridas, que fixou no quadro, trabalhou vrios aspectos; classificou a me pata e os

patinhos, agrupou-os, ordenou-os conforme entravam e saam de cena, contou-os

juntamente com as crianas mais do que uma vez e por fim ainda realizou algumas

operaes bsicas de adio e subtraco, escondendo ou fazendo aparecer um patinho.

As crianas aderiram e participaram com imenso entusiasmo nesta actividade e as

competncias que a discente tinha previsto, foram adquiridas, o que confirma o que foi

exposto atrs, quanto importncia do papel do educador ao proporcionar s crianas

experincias diversificadas, de um modo sequencial e que progressivamente lhes

permitam ir construindo noes matemticas.

Um quadro resumo das actividades desenvolvidas na rea da matemtica pode ser

visualizado no anexo XVIII.

Aps esta breve exposio a discente fica na expectativa de aprofundar

posteriormente o tema analisado, com vista a uma maior e melhor articulao entre os

contedos a abordar, com melhores resultados no processo de ensino-aprendizagem.

3. REFLEXO

De acordo com DEB (1997), o processo educativo deve passar por vrias fases,

interligadas, que se vo sucedendo e aprofundando o que pressupe observar, planear,

agir, avaliar, comunicar e articular.

Observar as crianas e o grupo de 20 crianas, na faixa etria dos trs anos, foi uma

etapa fundamental, que permitiu discente, atravs dos instrumentos j referidos atrs,

recolher informaes sobre as capacidades, interesses e dificuldades das crianas, que

lhe permitiram delinear o PCA e as perspectivas educacionais para o grupo de crianas.

Este PCA levou em conta o projecto Optimist que orienta a prtica pedaggica do

Colgio Planalto Infantil e que consiste numa metodologia que promove de modo

intencional uma grande estimulao das crianas em vrias reas, tentando prevenir

23

dificuldades de aprendizagem futuras, assim como d um especial enfoque formao

humana das crianas.

O planeamento dirio e semanal das actividades foi sempre feito considerando o

PCA, assim como trs outros aspectos: O primeiro, tentando ir para alm do j bastante

estimulante e variado projecto Optimist, ao empenhar-se em diversificar o tipo de

actividades, de estratgias e de materiais utilizados, de modo a motivar e desafiar as

crianas para as suas propostas. O segundo, considerando as reas nas quais pensava ter

mais dificuldades em criar actividades estimulantes: na rea da Expresso Plstica, pois

possua muito pouca formao acadmica e experincia nesse mbito, e na rea do

Conhecimento do Mundo, pois considerava difcil implementar estratgias estimulantes

e diversificadas, com actividades com o grau de dificuldade adequado para crianas da

faixa etria considerada. O terceiro e ltimo aspecto, e bastante importante, o facto de

s ter meia hora de interveno com as crianas. Todos estes aspectos contriburam para

uma reflexo sobre as intenes educativas e o modo de as concretizar, considerando os

constrangimentos/desafios atrs expostos.

No que concerne aco, a estagiria conseguiu concretizar todas as actividades a

que se tinha proposto, com materiais sempre antecipadamente preparados, e

adicionalmente em alguns casos conseguiu incluir propostas imprevistas que surgiram,

das crianas e por vezes da educadora, ao longo das suas intervenes. Sentiu no

entanto algumas dificuldades, que se traduziram em alguns casos em actividades menos

bem sucedidas. Uma delas foi o curto espao de tempo de que dispunha, que no lhe

permitia desenvolver actividades mais longas e com continuidade ao longo da manh,

ao contrrio do que sucedeu por exemplo num dos dias sem projecto Optimist,

referido no ponto 1.5., em que pde elaborar com as crianas um folar da Pscoa, a

respectiva receita para afixar e divulgar aos pais, e ainda embalar para levar para casa

no final do dia, dando s crianas a ideia de articulao entre as actividades. Outro

aspecto, relacionado com este, refere-se ao tempo em estgio que se resumia a duas

manhs e que parecia descontextualizar as actividades realizadas, mais do que a referida

meia hora de interveno. O facto de no estar todo o dia, nem ao longo de toda a

semana, no permitia avaliar em que medida as aprendizagens evidenciadas ao longo

das actividades, tinham ficado devidamente consolidadas, ou mesmo conseguir inter-

relacion-las com outras actividades realizadas pela educadora.

24

No entanto, o aspecto de tempo curto, quase cronometrado, representou para si

duas vantagens importantes: a primeira fez com que tivesse de se empenhar bastante na

gesto do tempo e a segunda fez com que o resto da manh fosse destinado a

observao directa e reflexo sobre as prticas da Educadora Cooperante, o que

representou para si momentos fundamentais e insubstituveis de aquisio de

conhecimentos quanto a estratgias, actividades, tcnicas, organizao da sala, do grupo

e do tempo, que de outro modo no teria adquirido.

Segundo Alarco e Roldo (2009), o envolvimento pessoal fundamental na

construo da profissionalidade, no no sentido de individualismo, mas emergindo da

partilha de experincias e saberes, como elemento formativo basilar. Na formao

contnua esta dimenso referente ao trabalho de equipa, mas na formao inicial das

educadoras-estagirias, esta aparece associada ao apoio e exemplo das educadoras

cooperantes, e influncia do feedback gerado na interaco.

A intencionalidade do educador pressupe tomar conscincia da aco para ir

adequando o processo s necessidades das crianas e do grupo, assim como sua

evoluo, ou seja, avaliar a aco e os seus efeitos. De acordo com a circular n4/2011

de 11 de Abril, a avaliao em EPE um processo formativo, mais centrado nos

processos do que nos resultados finais, que se baseia na observao contnua da criana

e do grupo, dos seus progressos, como suporte planificao e reajuste da aco

educativa. Segundo Braga et al. (2004) a funo da avaliao essencialmente de auto-

regulao, para se analisar o que est a correr bem ou mal e, a partir da introduzir

melhorias no prprio processo de ensino/aprendizagem.

No que respeita avaliao das competncias das crianas, foi utilizada no incio e

no final do ano uma check-list que permitiu concluir a progresso destas ao nvel

curricular e psicossocial.

Ao longo do estgio realizou semanalmente uma auto-reflexo e auto-avaliao

sobre as suas prticas, reflectidas no seu porteflio de estgio. Estas permitiram-lhe

concluir que todas as crianas participaram com entusiasmo nas actividades propostas,

com excepo de algumas intervenes em que a actividade desenvolvida no foi

adequada faixa etria, quer por falta, quer por excesso, no nvel de exigncia

requerido, quer as estratgias utilizadas se revelaram inadequadas, por necessitarem de

grandes tempos de ateno, serem demasiadamente expositivas ou pouco estimulantes.

Como j foi referido a gesto do tempo foi tambm em alguns casos um

25

constrangimento, que no permitiu desenvolver a actividade como previsto, o que fez

por vezes com que a discente acelerasse o ritmo, concentrando-se em conseguir

concluir as actividades previstas dentro do tempo. Esta situao levou algumas vezes a

que no conseguisse observar as crianas e as suas reaces, motivando um controlo

inadequado do grupo, ou mesmo perda total de controlo, que levou a que tivesse de

intervir na sua resoluo.

A discente tem ainda conscincia de que em alguns momentos de insegurana,

utilizou estratgias repetidas, por saber previamente do seu sucesso em termos de

interesse das crianas e de gesto adequada do tempo reduzido que tinha para cada

actividade.

No que respeita comunicao e articulao com os restantes membros da

comunidade educativa, a discente manteve sempre uma excelente relao de cooperao

com todos, apostando no trabalho em equipa, excepo dos pais, com quem apenas

contactava de modo muito breve no acolhimento das crianas.

Este Estgio foi essencial para ver como a prtica se articula com a teoria, assim

como a perceber que o trabalho de equipa fundamental para um bom ambiente

educativo e a articulao das funes de cada elemento da comunidade educativa, da

Educadora Auxiliar, s colaboradoras do refeitrio, at aos Pais, todos so importantes

na educao e formao das crianas.

Neste momento, se pudesse voltar atrs no tempo, com a experincia que adquiriu

ao longo de todo o ano lectivo e o nvel de conhecimento do grupo que obteve,

certamente reformularia parte das actividades que foram previstas e/ou realizadas, na

medida em que iria utilizar (ou adequar) as estratgias que atesta serem aquelas que

mais impacto e melhores resultados teriam nas crianas, ao nvel do desenvolvimento

das competncias previstas, da sua valorizao e motivao. Segundo Fisher in Siraj-

Blatchford (2004, p.3) O educador reflecte sobre a avaliao do planeamento e do

ensino que lhe permite identificar, neste processo de auto-avaliao, as suas prprias

reas de desenvolvimento pessoal e profissional, que se analisadas com o devido rigor,

conduziro a alteraes que beneficiaro as crianas nos seus planeamentos futuros, de

modo a fazer o prximo ciclo ainda melhor. E articulando com a investigao que

realizou sobre o ensino da matemtica no ensino pr-escolar, na caracterizao do seu

dilema, posterior realizao do estgio, iria certamente dar outro rumo s

26

intervenes nesta rea, que lhe permitissem comprovar as leituras que fez, com um

nmero mais elevado de intervenes.

At agora tudo o que foi referido, poder-se-ia articular com o DL n240/2001

referente ao Perfil Geral de Desempenho do Educador de Infncia e do Professor do 1

Ciclo, no que se refere s suas primeiras trs dimenses: profissional, social e tica; de

desenvolvimento do ensino e da aprendizagem; da participao na escola e de relao

com a comunidade.

Referindo-se quarta e ltima dimenso, de desenvolvimento profissional ao longo

da vida, a discente considera que o estgio lhe permitiu comprovar a necessidade de

uma permanente reconstruo do conhecimento, pessoal e profissional, s possvel

atravs de uma prtica auto-reflexiva, pesquisas, muitas leituras, aces de formao

contnua e partilha de saberes e experincias com os pares.

Terminado o estgio em ensino pr-escolar, a discente considera que esta etapa foi

bastante enriquecedora mas no est finalizada, que se encontra num processo contnuo,

que requer tempo, dedicao e aprendizagem permanente ao longo da vida. Segundo

Arends (1999, p.19) Tornar-se competente, no interessa em qual actividade, leva

muito tempo pois aprender a ensinar um processo de aperfeioamento e crescimento,

que se desenvolve ao longo de toda a vida, durante o qual se vai gradualmente

descobrindo um estilo prprio, atravs de reflexo e pesquisa crticas.

A discente considera ainda que o estgio na valncia de pr-escolar foi importante,

no sentido de lhe permitir visualizar uma continuidade educativa com o estgio na

valncia seguinte, no 1 Ciclo do EB, que ser apresentado a seguir.

27

CAPTULO II PRTICA DO ENSINO SUPERVISIONADA III

1. APRESENTAO DA PRTICA PROFISSIONAL NO 1 CEB

O estgio desenrolou-se ao longo de quatro manhs por semana (3 a 6feira), das

8:30 s 12:30, do primeiro semestre do ano lectivo 2011/2012 no Colgio Mira Rio com

um grupo de 16 crianas do 1 ano do 1 Ciclo do EB.

Iniciou a 4 de Outubro de 2011 com uma etapa inicial de 2 semanas de observao,

tendo-se seguido, a partir de 18 de Outubro de 2011, as intervenes da discente que se

prolongaram por 12 semanas, at 20 de Janeiro de 2012. O estgio foi supervisionado

pela Mestre Ftima Santos, tendo sido apoiado pela Professora Cooperante Maria

Fernanda Martins.

O grupo de crianas era constitudo por crianas que no final do ano teriam todas 6

anos e grande parte faria 7 anos ainda antes do final do ano lectivo. Segundo a teoria

dos estdios de Piaget (Papalia, Olds & Feldman, 2001) estas crianas esto a entrar no

estdio das operaes concretas realizando tarefas a um nvel mais elevado do que no

estdio anterior, nomeadamente, j compreendem melhor a diferena entre a fantasia e a

realidade, aumenta a sua capacidade de classificao, de realizar raciocnios lgicos por

induo e deduo, fazer juzos acerca de causas e efeitos, compreender, visualizar e

usar as relaes espaciais, operar com nmeros, assim como a conservao (a

quantidade de uma coisa permanece igual mesmo quando se muda o recipiente). No

entanto o seu raciocnio ainda muito limitado ao aqui e agora.

1.1. Caracterizao da comunidade envolvente

Como j foi referido no captulo anterior, fundamental caracterizar o meio

envolvente instituio e os seus recursos, que possam, eventualmente, ser

aproveitados na prtica pedaggica do professor.

De acordo com informaes recolhidas de sites, citados no suporte documental,

assim como de observao directa e registo na ficha do meio (Anexo I), o Colgio Mira

Rio fica localizado no Bairro do Restelo que uma zona essencialmente residencial da

freguesia de So Francisco Xavier, concelho de Lisboa.

Trata-se de uma zona de baixa densidade populacional, em que a populao da

freguesia cobre todos os escales etrios e nveis scio-econmicos, existindo pessoas a

28

residir em habitaes sociais e outras em moradias de luxo. Os apartamentos, com

excepo da zona das Torres do Restelo so de pouca altura, em geral menos de 6

pisos. Na zona do bairro do Restelo, outrora ocupada por vivendas de famlias com

posses, esto actualmente instaladas algumas empresas.

Existem alguns estabelecimentos comerciais de apoio aos residentes como cafs,

pequenos supermercados, mercearias e talhos, entre outro pequeno comrcio, mas

sempre de pequena dimenso, dado o baixo nmero de residentes. necessrio os

residentes deslocarem-se s freguesias adjacentes de Santa Maria de Belm, Ajuda ou

Algs, para terem acesso a estabelecimentos mais diversificados e de maior dimenso.

A freguesia possui recursos de apoio comunidade como transportes pblicos,

estabelecimentos de ensino, de sade e outros mas em pequeno nmero, sendo por

vezes necessrio utilizar os das freguesias prximas.

As ruas encontram-se limpas, bem cuidadas e em bom estado de conservao,

razoavelmente iluminadas, existindo algumas zonas onde passa to pouca gente que

existe receio por parte dos residentes em circular a p, mesmo durante o dia. Os acessos

a esta zona so bons, apesar de no estarem adequadamente sinalizados, assim como

grande parte dos servios de apoio comunidade sinalizados.

1.2. Caracterizao da Instituio

Ser professor compreender os sentidos da Instituio(Nvoa, 2009, p.30),

permitindo adequar a prtica da estagiria aos seus ideais, s suas intenes educativas.

1.2.1. Localizao da Instituio

O Colgio est situado em duas instalaes em ruas adjacentes, na Av. do Restelo,

n9, e na Av. Dom Vasco da Gama, n17, numa zona habitacional do Bairro do Restelo,

Freguesia de So Francisco Xavier, Concelho de Lisboa. A primeira morada destina-se

ao ensino pr-escolar, ao 1 CEB e ao 5 ano do 2 CEB. A segunda abrange os restantes

anos e ciclos at ao final do secundrio.

1.2.2. Tipo de Instituio

O Colgio Mira Rio uma instituio particular e sem fins lucrativos, propriedade

da Cooperativa Fomento de Centros de Ensino

29

1.2.3. Breve Histria da Instituio

O Colgio Mira Rio, pertence mesma Cooperativa de Ensino que o Colgio

Planalto, em que a discente estagiou na valncia de pr-escolar, tendo sido fundados

ambos os colgios em 1978, numa vivenda no Bairro do Restelo. Em 1983 o Planalto

transferiu-se para Telheiras e o Mira Rio, uns anos depois adquiriu outra vivenda de

modo a conseguir abranger todas as valncias desde o pr-escolar ao final do

secundrio.

O crescimento e o desenvolvimento do Colgio Mira Rio cruza-se desde o incio

com a histria das muitas famlias que o compem, havendo actualmente no corpo

docente antigas alunas das primeiras geraes formadas no Colgio, assim como muitas

mes das actuais alunas foram igualmente antigas alunas do Colgio.

O lema gravado no escudo do Colgio Mirare impetum fluvii (Olhai o mpeto do

Rio) remete para o Rio Tejo que se avista do Colgio e para a motivao e energia com

que cada aluna dele sai para contagiar a sociedade com os valores humanos e

profissionais em que foi formada.

1.2.4. Caractersticas do Edifcio

Os edifcios, instalaes e equipamentos ao servio do Colgio pertencem

Cooperativa SOCEI que os disponibiliza Fomento para uso do Colgio.

Atravs de observao e registo na ficha do meio (Anexo I) foi possvel concluir

que o Colgio est separado do meio circundante por gradeamentos e muros

intransponveis, sendo necessrio passar por um porto e uma porta permanentemente

vigiada e fechados para aceder s instalaes.

Segundo informao recolhida junto da Coordenadora do 1Ciclo o Colgio est

dividido em duas instalaes, totalmente separadas e que distam entre elas cerca de 800

metros. No Mira Rio 1 funciona o Ensino Pr-Escolar, o 1CEB e ainda o 5 ano do

2CEB, enquanto no Mira Rio 2 funciona o 6 ano do 2 CEB, o 3 CEB e Secundrio.

Existem servios administrativos de apoio em ambas as instalaes.

Cada uma das instalaes teve origem numa antiga vivenda que foi totalmente

remodelada e adaptada para o fim a que se destina actualmente. As instalaes

encontram-se em bom estado de conservao, derivado de obras de beneficiao que

30

so realizadas anualmente, no entanto evidente a idade das mesmas, pelo tipo de

construo e algum desgaste natural.

A rea do 1Ciclo onde se desenrolou o estgio, no Mira Rio 1, constitui os pisos

trreos e primeiro piso dessa vivenda, sendo o 1 ano leccionado no piso zero, no qual

se localizam tambm a capela, a sacristia, uma sala do 5 ano (neste momento s existe

uma turma a funcionar), as casas de banho das alunas e das Professoras e a

recepo/apoio administrativo.

Os 2, 3 e 4 anos so leccionados nas salas do 1 piso onde se localiza ainda a

Sala das Professoras.

No piso -1 funciona o Ensino Pr-Escolar com uma sala para cada idade (trs,

quatro e cinco anos) e as respectivas casas de banho. Adjacente ao piso -1 existe o

acesso ao jardim exterior, que possui um grande telheiro e uma zona descoberta, sendo

na globalidade uma zona onde todos os nveis de ensino convivem livremente nos

intervalos. Nesta zona exterior est localizado um pequeno pavilho onde so

leccionadas as aulas de Motricidade do EPE j que a Educao Fsica actualmente

leccionada, por falta de espao, nas instalaes do Sport Algs e Dafundo, em Algs,

assim como existem casas de banho para as alunas. Existe ainda outro pequeno pavilho

onde funciona a cozinha e o refeitrio.

As instalaes e reas ajardinadas circundantes encontram-se cuidadas e em bom

estado de conservao, existindo algumas zonas cobertas, por tapumes plsticos, para os

dias de chuva ou de muito sol.

1.2.5. Vrias Valncias Existentes

Existem, como j foi referido, duas instalaes (vivendas) nas quais funcionam as

diferentes valncias, cuja distribuio pode ser vista na figura seguinte.

31

Figura 2- Distribuio fsica das valncias no Colgio Mira Rio

Colgio Mira Rio

Mira Rio 1

Pr-Escolar (s J.I.)

1 Ciclo

5ano do 2ciclo

Mira Rio 2

6ano do 2ciclo

3ciclo

secundrio

1.2.6. Pessoal Docente, No Docente, Nmero de Crianas

No colgio Mira Rio 1 existem actualmente oito professoras de 1 ciclo, trs

educadoras de jardim-de-infncia, trs auxiliares de aco educativa, uma secretria de

apoio administrativo, duas auxiliares gerais e cinco auxiliares de refeitrio.

Dado existir outra instalao, a coordenadora pedaggica do 1 ciclo, a directora, a

subdirectora, os trs capeles e as professoras da turma do 5ano dividem-se ao longo

do dia entre as duas moradas.

No que respeita ao nmero de crianas, o pr-escolar possui 62 crianas, o 1 CEB

tem 135 alunas e o 5ano do 2 CEB tem 27 alunas, totalizando 224 crianas no colgio

Mira Rio 1.

1.2.7. Funcionamento: Horrios; Perodo Lectivo

O horrio de funcionamento do Colgio de 2 a 6 feira, das 8:00 s 19:00.

As actividades das alunas do 1 ciclo desenrolam-se das 8:30 s 16:15 e o perodo

depois das 17:00 considerado como de componente de apoio famlia.

O calendrio escolar do Colgio prev o seu funcionamento durante todo o ano

encerrando apenas para frias escolares no ms de Agosto, estando tambm encerrados

os servios administrativos da Infantil, mas os do Colgio apenas encerram uma semana

em Agosto.

32

Nos perodos de frias escolares (Natal, Pscoa, Praia) as instalaes esto abertas,

apenas para os alunos do pr-escolar.

1.2.8. Projecto Educativo

O Projecto Educativo do Colgio Mira Rio (Anexo XIX) integra trs aspectos:

A Educao Personalizada em que a Preceptora tem um papel fundamental e

permite uma ateno singular e individual em todo o processo educativo, ajudando a

aluna num processo de auto-conhecimento que lhe permita superar as suas dificuldades

e conhecer as suas competncias e virtudes. A Preceptora e a aluna constroem um plano

de estudo personalizado, tendo em conta o tempo disponvel, o contexto familiar da

aluna, as suas dificuldades e os seus pontos fortes.

A Educao Diferenciada cujo modelo respeita a diferena entre os ritmos de

aprendizagem, desenvolvimento cognitivo e maturidade dos rapazes e das raparigas.

Esta separao, segundo o Colgio, permite um melhor e mais harmnico

desenvolvimento da personalidade, melhora o processo de socializao, incrementa a

excelncia e aumenta a auto-estima.

A ligao Famlia-Colgio, no sentido em que pretende ser um prolongamento e

complemento da famlia tendo em conta que esta a primeira escola de formao

1.2.9. Articulao da Instituio com a Comunidade/Famlia

Tal como o Colgio Planalto, tambm o Colgio Mira Rio refere, no seu site, no

Projecto Educativo (Anexo XVIII), a ligao entre a Escola e a Famlia como uma das

suas vertentes fundamentais. Considera que a educao uma responsabilidade e um

direito irrenuncivel dos pais com os quais o Colgio colabora, sem os substituir. O

Colgio considera que s possvel uma educao de qualidade quando a famlia e o

colgio partilham valores e princpios educativos.

So desenvolvidas vrias actividades, semelhantes s que foram descritas para o

Colgio Planalto, que tambm se reflectem na melhoria da relao escola-famlia.

1.3. Caracterizao do grupo de crianas

Atravs de observao, entrevista e conversas informais com a professora

cooperante e posterior preenchimento da ficha da classe (Anexo VIII) foi possvel

33

concluir que o grupo uma classe homognea, do 1 ano do 1 CEB, constituda por 16

crianas, do sexo feminino, com seis anos feitos at final de Dezembro de 2011.

Com os dados atrs recolhidos foi possvel concluir que se tratava de uma turma

com bastante potencial de aprendizagem, com boa capacidade de concentrao e de

trabalho, possuindo bases bastante slidas nas vrias reas curriculares que foram

adquiridas no ensino pr-escolar, que todas frequentaram em diversas instituies.

Atravs de observao foi evidenciado muito interesse e entusiasmo por aprender a ler e

escrever, assim como em tudo o que fossem novas aprendizagens, independentemente

da rea curricular. As alunas demonstraram tambm estar bastante motivadas para a

aprendizagem das rotinas dirias, desde a orao da manh, orao do almoo, s

vrias rotinas de higiene e de arrumao da sala e das suas coisas.

data de incio do estgio, a 4 de Outubro, apenas duas alunas ainda tinham cinco

anos, sendo estas as que se destacavam menos bem ao nvel da concentrao e de saber

estar sentadas. Existiam alguns conflitos entre as alunas, que eram geridos de modo

bastante eficaz pela professora cooperante. Uma aluna em particular destacava-se pela

atitude de oposio e desafio ao adulto, situao essa que se pensava ser devida a

alguma instabilidade familiar que estava a viver, mas que tinha vindo a evoluir,

encontrando-se no final do estgio, bastante bem controlada.

Tratando-se de uma turma exclusivamente feminina os seus interesses centravam-

se nas histrias de encantar, de princesas, de pequenas heronas, competindo entre si

quem trazia mais livros, tal como as suas brincadeiras se orientavam para a famlia, a

maternidade, as pequenas coisas bonitas que tinham e guardavam com muito cuidado

(conchinhas, fitas de porta-chaves, pulseiras,).

1.4. Trabalho pedaggico em sala

O Projecto Curricular (Anexo XX) aplicado no Colgio apoiava-se no Projecto

Educativo sendo elaborado a partir das opes tomadas pelos diversos rgos colegiais

(Direco e Conselho Pedaggico), tendo em conta os contributos dos Departamentos,

das Equipas Educadoras e da Colaborao Familiar. Tinha como referncia o currculo a

nvel nacional, as aprendizagens fundamentais a ter em conta nas diversas reas, a

populao alvo do Colgio com as suas caractersticas prprias e as expectativas de

educandas e professoras.

34

Este Projecto Curricular tinha igualmente como referncia o Iderio da Fomento

(Anexo VI) e o Regulamento Interno (Anexo XXI).

Existem alguns aspectos que se destacam no Projecto Curricular: tais como o

Projecto Mira Cincia, cujo objectivo principal o de melhorar a qualidade do ensino

da cincias; o Estudo Acompanhado, com planos de apoio educativo e de estratgias de

aprendizagem; a Formao Cvica baseada no Programa para a Educao dos Valores

Humanos, elaborado pelo colgio; o desenvolvimento de competncias, que se devero

concretizar nos respectivos Projectos Curriculares de Turma, em cada disciplina, rea

ou ciclo.

data de elaborao deste relatrio o Projecto Curricular da Turma ainda se

encontrava em construo, apesar de a docente cooperante ter informado atravs de

entrevista, que o tema da sua sala era a Reciclagem dos Plsticos. No entanto, este

ainda se encontrava a ser articulado com o Projecto Curricular do Colgio.

Ao longo das 12 semanas de estgio, foram realizadas actividades com as alunas

fundamentalmente na rea da Lngua Portuguesa, devido a dois aspectos: o primeiro, o

seu projecto ser nessa rea e por outro, dado se estar com uma turma do 1 ano, a

professora titular ter colocado esta rea em 1 plano e como tal a trabalhar unicamente

de manh, ao passo que as reas da matemtica e do estudo do meio eram sempre

trabalhadas da parte da tarde. Tal