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I FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas Relatório de Estágio Profissionalizante Farmácia Atlântico Janeiro de 2014 a Maio de 2014 Sílvia Raquel Fernandes do Cubo Orientador: Dr.ª Marta ________________________________ Tutor FFUP: Professora Doutora Helena Vasconcelos ________________________________ Setembro de 2014

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I

FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Atlântico

Janeiro de 2014 a Maio de 2014

Sílvia Raquel Fernandes do Cubo

Orientador: Dr.ª Marta

________________________________

Tutor FFUP: Professora Doutora Helena Vasconcelos

________________________________

Setembro de 2014

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº __________,

aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na elaboração deste

documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo por

omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro

que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram

referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte

bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

Assinatura: ______________________________________

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III

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família, por todo o apoio e incentivo sempre demonstrado ao longo de todo este

tempo, pela compreensão e atenção sempre dada em todos os momentos ao longo destes anos.

Aos professores por me terem transmitido todo o conhecimento no decorrer destes 6 anos e por me

terem ajudado a crescer pessoal e profissionalmente.

Agradeço também à minha tutora, Dr.ª Helena Vasconcelos, pela disponibilidade e ajuda sempre

demonstrada, quer na realização deste trabalho, como por todo o acompanhamento, dedicação,

correções e sugestões relevantes durante toda a orientação.

À equipa da Farmácia Atlântico, pelo tempo que dispensaram para me ajudarem a crescer como

farmacêutica e por toda a paciência e amizade demonstradas ao longo de quatro meses.

À Dr.ª Marta Fernandes, por todo o apoio, toda a disponibilidade sempre demonstrada, todas as

oportunidades recebidas pelo convívio com o seu exemplo de excelente conhecimento académico e

humano.

A todos um muito obrigada!

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IV

RESUMO

No decorrer deste relatório tentei expor todas as actividades desenvolvidas durante o

período de estágio em Farmácia Comunitária (FC).

Sendo a FC um estabelecimento de saúde pública, onde o utente recorre muitas vezes,

cabe aos profissionais de farmácia assegurar a prestação de serviços de saúde à comunidade, o

que não passa somente pela dispensa de medicamentos, mas também aconselhamento e

esclarecimento de dúvidas expostas.

Vejo este estágio como algo fundamental para o estudante uma vez que só assim este pode

ser preparado para a sua actividade profissional futura.

O meu estágio foi realizado na cidade de Bragança, na Farmácia Atlântico (FA), entre os

meses de Abril e Julho. Durante este período tentei responder da melhor maneira aos objectivos e

desafios propostos pela minha orientadora Dr.ª Marta Fernandes, expondo sempre as minhas

dúvidas, tentando ultrapassar as minhas maiores dificuldades e refletindo sempre sobre os meus

erros.

“O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete.”

Aristóteles

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ABREVIATURAS

ANF Associação Nacional das Farmácias

DA Dermatite Atópica

FA Farmácia Atlântico

FC Farmácia Comunitária

FEFO “First Expired, First Out”

Ig Imunoglobulina

IMC Índice de Massa Corporal

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

IVA Imposto Sobre o Valor Acrescentado

mL Mililitros

MNSRM Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM Medicamento Sujeito a Receita Médica

PA Princípio Ativo

PCHP Produto Cosmético e de Higiene Pessoal

PV Prazo de Validade

PVF Preço de Venda à Farmácia

PVP Preço de Venda ao Público

RCM Resumo das Características do Medicamento

SGQ Sistema de Garantia de Qualidade

SQOF Sistema de Qualidade da Ordem dos Farmacêuticos

ULSNE Unidade Local de Saúde do Nordeste

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Disfunção da barreira cutânea 26

Figura 2 - Ciclo vicioso da dermatite atópica 26

Figura 3 - Disfunção imunitária em doentes com dermatite atópica 27

Figura 4 - Dermatite atópica extrínseca 28

Figura 5 - Marcha atópica 29

Figura 6 - Eczema heperticum 30

Figura 7 - Eczema agudo e cronico 30

Figura 8 - Zonas de aparecimento de eczema em crianças e bebés 32

Figura 9 - Pitiríase alba e hiperlinearidade palmar 33

Figura 10 - Queratoconjuntivite primaveril 33

Figura 11 - Fotoprotetor mineral da Avène 40

Figura 12 - Produtos da linha A Derma Exogema 40

Figura 13 - Produtos da linha Uriage Xémose 41

Figura 14 - Produtos da linha Avène Xeracalm 41

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VII

ÍNDICE DE TABELAS

ÍNDICE DE ANEXOS

Tabela 1 – Cronologia de actividades de estágio 24

Tabela 2 – Classificação da Dermatite Atópica segunda a gravidade 31

Anexo 1 – Horários de trabalho 46

Anexo 2 – Espaço físico da Farmácia Atlântico, área de atendimento ao público 47

Anexo 3 – Panfleto sobre o colesterol 48

Anexo 4 – Panfleto sobre a Dermatite Atópica 50

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ÍNDICE

Parte 1 - Experiência adquirira na Farmácia Comunitária ............................................................... 1 1. Introdução ........................................................................................................................................... 1 2. Organização do espaço físico e funcional da Farmácia ......................................................................... 1

2.1. Localização e Horário de Funcionamento ............................................................................................. 1 2.2. Recursos Humanos ................................................................................................................................ 2 2.3. Espaço Físico Exterior ............................................................................................................................ 2 2.4. Espaço Físico Interior ............................................................................................................................. 2

Zona de atendimento ao público .............................................................................................................................. 3 Área de atendimento personalizado ao utente ........................................................................................................ 3 Área de receção de encomendas e aviamento ........................................................................................................ 3 Laboratório ............................................................................................................................................................... 4 Armazém .................................................................................................................................................................. 4 Escritório ................................................................................................................................................................... 5 Instalações Sanitárias ............................................................................................................................................... 5 Quarto ...................................................................................................................................................................... 5

2.5. Caracterização dos Utentes ................................................................................................................... 5 3. Fontes de informação na Farmácia ...................................................................................................... 6 4. Gestão de stock ................................................................................................................................... 6

4.1. Generalidades ........................................................................................................................................ 6 4.2. Sistema informático ............................................................................................................................... 6

5. Encomendas e aprovisionamento ........................................................................................................ 7 5.1. Encomendas: critérios de aquisição e fornecedores ............................................................................. 7 5.2. Realização de encomendas ................................................................................................................... 7 5.3. Receção e conferência de encomendas ................................................................................................ 8 5.4. Marcação de preços .............................................................................................................................. 9 5.5. Devoluções ............................................................................................................................................ 9 5.6. Armazenamento .................................................................................................................................. 10 5.7. Controlo dos prazos de validade ......................................................................................................... 10

6. Produtos existentes na Farmácia: Definições e quadro legal .............................................................. 11 6.1. Medicamentos sujeitos a receita médica obrigatória (MSRM) ........................................................... 11 6.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) .................................................................... 11 6.3. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos ...................................................................................... 12 6.4. Medicamentos homeopáticos ............................................................................................................. 12 6.5. Produtos para alimentação especial ................................................................................................... 13

Leites e Farinhas ..................................................................................................................................................... 13 Suplementos dietéticos .......................................................................................................................................... 13 Suplementos nutricionais, nutracêuticos e nutricosméticos ................................................................................. 13

6.6. Produtos fitoterapêuticos ................................................................................................................... 14 6.7. Produtos e medicamentos de uso veterinário .................................................................................... 14 6.8. Dispositivos médicos ........................................................................................................................... 15

7. Dispensa de medicamentos ............................................................................................................... 15 7.1. Quadro legal ........................................................................................................................................ 15 7.2. Dispensa de MSRM .............................................................................................................................. 15 7.3. Dispensa de MNSRM ........................................................................................................................... 17

8. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ................................................................................. 17

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8.1. Enquadramento Legal de psicotrópicos e estupefacientes ................................................................. 17 8.2. Aquisição e receção de psicotrópicos e estupefacientes .................................................................... 18 8.3. Prescrição e dispensa de psicotrópicos e estupefacientes ................................................................. 18

9. Medicamentos e produtos manipulados ............................................................................................ 18 9.1. Definições sobre Medicamentos e Produtos Manipulados ................................................................ 18 9.2. Preparação de Medicamentos Manipulados ...................................................................................... 19 9.3. Regulamento Geral de Preços ............................................................................................................. 20

10. Farmácia Clínica ............................................................................................................................... 20 10.1. Determinação de Parâmetros Fisiológicos e Bioquímicos ................................................................ 20

Determinação da Pressão Arterial .......................................................................................................................... 20 Determinação da Glicemia ..................................................................................................................................... 21 Determinação do Colesterol Total .......................................................................................................................... 21 Determinação do Peso Corporal e Índice de Massa Corporal ................................................................................ 21

11. Contabilidade e Gestão .................................................................................................................... 21 11.1. Processamento de Receituário e Faturação ...................................................................................... 21

12. Farmácia na comunidade ................................................................................................................. 22 12.1. VALORMED ........................................................................................................................................ 22

13. A qualidade na farmácia .................................................................................................................. 22 13.1. Normas de Qualidade na Farmácia ................................................................................................... 22 13.2. Implementação de Procedimentos de Qualidade ............................................................................. 23

14. Formação contínua .......................................................................................................................... 23 15. Cronologia de estágio ...................................................................................................................... 24

Parte II – Trabalhos práticos e casos de estudo ............................................................................ 25 1. Dermatite Atópica ............................................................................................................................. 25

1.1. Introdução ........................................................................................................................................... 25 2. Fisiopatologia .................................................................................................................................... 25

2.1. Disfunção da Barreira Cutânea ............................................................................................................ 25 1.2. Disfunção do sistema imunitário ......................................................................................................... 26 1.3 Classificação fisiopatológica ................................................................................................................. 27

2. Epidemiologia .................................................................................................................................... 28 3. Fatores predisponentes e desencadeantes ........................................................................................ 28

3.1. Fatores predisponentes ....................................................................................................................... 28 Fatores hereditários ............................................................................................................................................... 28 Marcha Atópica ...................................................................................................................................................... 28 Factores Ambientais ............................................................................................................................................... 29

3.2. Factores desencadeantes .................................................................................................................... 29 Alergénios alimentares ........................................................................................................................................... 29 Aeroalergénios........................................................................................................................................................ 29 Agentes infecciosos ................................................................................................................................................ 29

3.3. Outros Factores Desencadeantes ........................................................................................................ 30 4. Manifestações Clínicas ....................................................................................................................... 30

4.1. Classificação ......................................................................................................................................... 30 Classificação segundo a Morfologia ....................................................................................................................... 30 Segundo a Gravidade .............................................................................................................................................. 31 Classificação Segundo a Localização ....................................................................................................................... 31 Classificação segundo a Faixa Etária ....................................................................................................................... 31

4.2. Estigmas da Atopia .............................................................................................................................. 32 4.3. Complicações ....................................................................................................................................... 33

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4.4. Evolução .............................................................................................................................................. 33 5. Indicações Para Referenciação ao Dermatologista ............................................................................. 34 6. Papel Do Farmacêutico – Tratamento ................................................................................................ 34

6.1. Medidas Gerais .................................................................................................................................... 34 6.2. Hidratação Cutânea ............................................................................................................................. 35 6.3. Limpeza De Pele................................................................................................................................... 36 6.4. Tratamento Tópico .............................................................................................................................. 36

Corticóides .............................................................................................................................................................. 36 Imunomoduladores ................................................................................................................................................ 36

6.5. Tratamento sistémico .......................................................................................................................... 37 6.6. Outros .................................................................................................................................................. 37 6.7. Perguntas Frequentes ......................................................................................................................... 37

7. Caso de estudo .................................................................................................................................. 38 8. Considerações finais .......................................................................................................................... 42 Referências bibliográficas ...................................................................................................................... 43 Anexos .................................................................................................................................................. 46

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PARTE 1 - EXPERIÊNCIA ADQUIRIDA NA FARMÁCIA COMUNITÁRIA

1. INTRODUÇÃO

Mais de metade dos farmacêuticos exerce atualmente a sua atividade profissional em farmácia

comunitária.

A forma discreta com que o farmacêutico desempenha a sua tarefa, mascara a eficácia e o

profissionalismo da sua intervenção. Por isso a importância desta intervenção passa despercebida

e, na maior parte das vezes, não é reconhecida a importância ao serviço prestado pela farmácia e

pelo farmacêutico, enquanto especialista do medicamento, tanto em terapia humana como em

terapia animal.

A farmácia comunitária é muitas vezes o primeiro recurso ao qual os utentes recorrem, e

assim a porta de entrada do utente no sistema de saúde, por isso é tão importante o farmacêutico

desenvolver uma relação próxima com a população e contribuir para a melhoria da saúde pública e

para o bem-estar dos seus utentes.

Na atualidade, a farmácia comunitária é mais do que um simples fornecedor de

medicamentos à comunidade, os utentes esperam encontrar na farmácia também um espaço de

diálogo e informação sobre a sua saúde, no qual podem ser aconselhados e esclarecidos

relativamente às suas dúvidas.

Este relatório pretende descrever a minha primeira experiência com a realidade profissional

ao nível de farmácia comunitária, tentado contextualizar algumas situações e experiencias, sempre

tendo em mente o conhecimento teórico que adquiri ao longo do curso.1,2

2. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E FUNCIONAL DA FARMÁCIA

2.1. Localização e Horário de Funcionamento

A Farmácia Atlântico situa-se na Avenida Abade de Baçal, nº 57, na cidade de Bragança.

Fica relativamente próxima da Unidade Hospitalar de Bragança e da sede do Centro de Saúde de

Bragança, ambas integradas na ULSNE – Unidade Local de Saúde do Nordeste, E.P.E.,

encontrando-se estas duas unidades de saúde na sua área de influência direta.

A Farmácia Atlântico funciona de segunda a sexta-feira das 08.30 às 20.00 horas (sem

pausa para almoço) e aos sábados das 08.30 às 13.00 horas.3

De referir ainda que a Farmácia Atlântico presta serviço permanente durante a noite, de

acordo com uma escala de turnos definida para todas as farmácias da cidade de Bragança.4

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Durante o meu estágio, tive o meu horário definido (Anexo 1), tendo ficado apenas uma vez

para o encerramento da farmácia (saída às 20h), na qual tive oportunidade de ver os

procedimentos e cuidados a ter no encerramento da farmácia.

2.2. Recursos Humanos

Durante o estágio, tive a oportunidade de trabalhar com uma equipa de trabalho dinâmica,

motivada e competente.

O quadro técnico farmacêutico na FA é constituído pela proprietária e Diretora Técnica, Dr.ª

Isabel, as Farmacêuticas Dr.ª Marta Fernandes, Dr.ª Carla, Dr.ª Maria João e o farmacêutico Dr.

Humberto. Do quadro não farmacêutico faz parte a assistente operacional Marta Sofia que está

encarregue por todo o trabalho de retaguarda (receção de encomendas, etiquetagem de produtos,

organização de lineares).

É ainda relevante referir que todos os funcionários recebem formações periódicas (internas

e externas) para que se mantenham atualizados.

A parte de contabilidade e escritório é da responsabilidade do Engenheiro Pedro. A limpeza

e higienização da farmácia é permanentemente assegurada pela Dª Ermelinda, auxiliar de

manutenção.

2.3. Espaço Físico Exterior

Conforme o Decreto-lei nº307/2007, de 31 de Agosto, as farmácias devem dispor de

instalações que promovam a segurança, conservação e preparação dos medicamentos, mas

também com acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e do pessoal.5

A farmácia está identificada por um letreiro com a inscrição “FARMÁCIA ATLÂNTICO” e com

o símbolo “cruz verde”, que estão iluminados durante a noite quando a farmácia está de serviço. O

nome da farmácia e do diretor técnico está bem visível para os utentes à entrada da farmácia, bem

como a informação sobre o seu horário de funcionamento.

A farmácia possui ainda uma montra, essencial para a comunicação com o utente. A montra

é organizada de forma temporária e rotativa, de modo a expor e promover determinados produtos

de saúde, produtos sazonais ou produtos novos para os quais se pretenda chamar a atenção.

Durante o meu estágio realizei montras, com a Dr.ª Marta (minha orientadora de estágio), de

produtos da Avène (solares) e um produto que recebemos pela primeira vez na farmácia, o

“Conceive Plus”, entre outros.

2.4. Espaço Físico Interior

A Farmácia Atlântico, encontra-se adequadamente iluminada e ventilada, apresentando

igualmente boas condições de limpeza e higiene. Em toda a farmácia as superfícies de trabalho,

armários e prateleiras são lisos, laváveis e em material adequado. 6

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A farmácia apresenta as seguintes divisões:

• Área de atendimento ao público (Anexo 2);

• Área de atendimento personalizado ao utente;

• Área de receção de encomendas e aviamento;

• Laboratório;

• Armazém;

• Escritório e zona de economato;

• Instalações sanitárias;

• Quarto.

Zona de atendimento ao público

A Farmácia Atlântico possui uma zona ampla de atendimento ao público, onde estão

localizados quatro balcões independentes, constituindo a interface farmacêutico-utente. Os balcões

possuem ainda algumas gavetas de apoio, onde se encontram medicamentos não sujeitos a receita

médica (MNSRM) e algumas amostras de produtos dermofarmacêuticos e dermocosméticos.

O atendimento aos utentes é feito através de um sistema de senhas, através de

equipamento específico colocado à entrada da farmácia. Existem algumas cadeiras no espaço de

atendimento ao público para garantir o conforto dos utentes durante o período de espera

Existe ainda uma balança eletrónica que permite a determinação do peso corporal.

Na zona de atendimento ao público existem vários expositores, onde são expostos produtos

de saúde variados (nomeadamente na área da Dermofarmácia e da Puericultura), de forma rotativa

e, de certo modo, sazonal. Sobre os balcões estão ainda colocados expositores mais pequenos,

vocacionados para a exposição de gamas mais específicas de produtos farmacêuticos.

Área de atendimento personalizado ao utente

Esta área destina-se à realização de determinações bioquímicas, através de senha

específica para o efeito. Estas determinações bioquímicas foram realizadas por mim, nos primeiros

tempos, enquanto ainda não me sentia segura para o atendimento ao público. Durante este

período, determinei IMC, colesterol total e glicémia. Foi também durante este tempo, que aprendi a

criar uma certa empatia com o utente, a deixa-lo a vontade para tirar as suas dúvidas e muitas

vezes para ouvir os seus desabafos.

O utente também é direcionado para esta área específica da farmácia sempre que solicite

uma conversa particular com o farmacêutico, de modo a ter um aconselhamento farmacêutico

reservado.

Área de receção de encomendas e aviamento

Aqui encontram-se os seguintes equipamentos:

• Módulos com gavetas deslizantes, onde estão armazenados os medicamentos sujeitos a

receita médica (MSRM), por ordem alfabética e por forma farmacêutica, e ainda produtos

buco-dentários e outros produtos de saúde;

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• Armário de psicotrópicos, numa zona menos acessível;

• Unidade central do sistema informático que controla a rede;

• Impressoras (normal e de etiquetas), telefone, fax e fotocopiadora.

No primeiro mês, esta foi a minha “área de eleição”. Fui percebendo como estavam

organizados todos os produtos na farmácia, envio e receção de encomendas, onde se guardavam

produtos já pagos ou encomendados, como se corrigiam ou organizavam receitas por lotes,

etiquetagem dos MNSRM e de parafarmácia, controlo de prazos de validade, entre outros. . É uma

área por excelência de gestão de stocks. Só primeiro percebendo todo o trabalho de retaguarda

poderia ter sucesso no trabalho final, o de atendimento ao público.

Numa zona mais interior encontram-se arrumados os medicamentos de ação tópica,

produtos de alimentação (papas, leites, soluções de reidratação) e dois frigoríficos, onde se

armazenam produtos de saúde que exigem temperaturas mais baixas de conservação (vacinas,

insulinas, algumas gotas e injetáveis). Nesta área, a temperatura (2 – 8ºC) e a humidade (inferior a

60%) são rigorosamente controladas, de modo a respeitar as condições de conservação legalmente

definidas. Este controlo é feito através de registo diário da temperatura e humidade.

Laboratório

O laboratório é a zona onde se preparam os medicamentos manipulados. Na Farmácia

Atlântico, o laboratório situa-se numa zona interior, contiguamente à zona dos frigoríficos.

É uma zona bem iluminada onde existe uma balança digital semi-analítica, um banho e uma

banca para lavagem do material. O material de laboratório encontra-se guardado nos móveis

localizados por cima da bancada de trabalho.

As matérias-primas estão situadas num outro armário por cima da bancada e encontram-se

ordenadas pela ordem alfabética do seu nome químico.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de preparar uma pomada salicilada a 0,3%, uma

solução electrolítica de hidróxido de sódio e presenciem a preparação de uma solução de minoxidil

a 3%.

É também nesta zona que se procede a preparação de antibióticos em suspensão oral,

aquando da dispensa, se o utente assim o pretender. Durante o meu estágio tive a oportunidade de

preparar uma suspensão oral de amoxicilina e ácido clavulânico.

Armazém

Aqui são armazenados os medicamentos que não cabem nas gavetas da zona de

atendimento e outros produtos que, pela sua dimensão ou menor rotatividade, não têm stock na

zona de aviamento. Os produtos estão distribuídos por categorias, de forma a facilitar a sua

localização:

• Medicamento Sujeito a Receita Médica (MSRM) e Medicamentos Não Sujeitos a Receita

Médica (MNSRM) administrados por via oral;

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• Medicamentos administrados por outras vias;

• Produtos de dermofarmácia e cosmética;

• Dispositivos Médicos.

Na farmácia existe ainda uma segunda zona de armazenamento, situada num piso inferior,

destinada à arrumação de encomendas de grande volume e de alguns produtos específicos

salientando-se os leites e testes de gravidez.

Escritório

É a área da farmácia reservada às tarefas de administração e gestão farmacêutica.

Este espaço serve também como sala de arquivo de diversos documentos, encontrando-se

ainda no seu interior variada bibliografia de interesse farmacêutico.

Instalações Sanitárias

A farmácia possui instalações sanitárias no seu interior, destinadas a ser utilizadas tanto

pelos seus colaboradores como por utentes que o necessitem.

Quarto

Na Farmácia Atlântico existe um quarto, com vista a assegurar os turnos de serviço

permanente. Nesta divisão encontram-se ainda os cacifos dos colaboradores, onde podem arrumar

os seus bens pessoais.

2.5. Caracterização dos Utentes A Farmácia Atlântico é frequentada por uma população com idades diversificadas, diferentes

níveis de instrução e condições sócio-económicas também distintas.

Por um lado, é frequentada por idosos, utentes habituais, geralmente com terapêuticas

polimedicamentosas, que se deslocam à farmácia com a finalidade de adquirir a sua medicação

habitual e/ou determinar parâmetros bioquímicos, mas também de obter algum apoio humano.

Por outro lado, e devido à sua proximidade ao Serviço de Urgência da Unidade Hospitalar

de Bragança, recebe muitos utentes pontuais, que vêm aviar a terapêutica instituída após o

episódio de urgência.

Existe ainda um conjunto de utentes mais jovens, proveniente do Instituto Politécnico de

Bragança (também próximo da farmácia) e que procuram outro tipo de produtos de saúde como

MNSRM, produtos de dermofarmácia e cosmética.

Uma vez que se localiza ao lado de um ginásio, a farmácia recebe também uma população

regular para medição do índice de massa corporal (IMC), % de gordura visceral e corporal, % de

músculo-esquelético, dados estes, fornecidos por uma balança que funciona por impedância

eléctrica.

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3. FONTES DE INFORMAÇÃO NA FARMÁCIA

Embora o farmacêutico possa não saber de imediato a resposta a todas as perguntas

colocadas, ele deve ter a capacidade de, em tempo útil, aceder a informação científica completa e

atualizada, para satisfazer as necessidades do utente. Daí a necessidade de a farmácia dispor de

fontes de informação credíveis e de fácil acesso por parte dos seus colaboradores.

No processo de dispensa de medicamentos, o farmacêutico deve obrigatoriamente dispor de

acesso físico ou eletrónico a informação sobre indicações terapêuticas, posologia, interações,

precauções de utilização e contra-indicações dos medicamentos. Para tal as farmácias dispõem

obrigatoriamente nas suas instalações da Farmacopeia Portuguesa, edição de papel ou formato

eletrónico, a partir da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P (INFARMED).

Para além disso, a farmácia deve possuir ainda Prontuário Terapêutico e acesso ao Resumo

das Características do Medicamento (RCM). (Boas Práticas de Farmácia, 2009).

A Farmácia Atlântico, além das publicações obrigatórias, possui ainda bibliografia adicional

(publicações periódicas e livros técnico-científicos) para esclarecimento de situações

potencialmente mais complexas, bem como acesso a fontes de informação oficiais na internet (por

exemplo, página do INFARMED).

4. GESTÃO DE STOCK

4.1. Generalidades

A gestão de stock é essencial para o bom funcionamento de uma farmácia e pode ser

definida como o conjunto de atividades que visam a racionalização de todos os recursos, de modo

a garantir a sua disponibilidade e funcionalidade. Esta gestão compreende a seleção, aquisição,

receção, armazenamento e dispensa de produtos farmacêuticos. A adesão à terapêutica e o seu início, são fatores bastante importantes o que torna

extremamente necessário uma correta gestão de maneira a que a farmácia apresente um stock que

vá de encontro às necessidades do utente, tentando ao máximo evitar a rutura e o excesso de

stock que, além de ser um empate de capital, leva a aumento do espaço necessário para o seu

armazenamento e a possíveis perdas por expiração do prazo de validade.

4.2. Sistema informático

A Farmácia Atlântico utiliza o SIFARMA2000ᴿ, um programa informático fornecido pela

Associação Nacional das Farmácias (ANF), atualizado de forma bissemanal. O SIFARMA2000ᴿ

apresenta muitas vantagens relativamente a outros sistemas informáticos farmacêuticos, e

nomeadamente em relação ao seu antecessor (SIFARMAClássicoᴿ), das quais se destacam:

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• Maior facilidade na gestão de stocks, verificação de prazos de validade e realização de

inventários;

• Diminuição dos erros no processamento informático da receita, na distribuição de

receitas por lotes e na realização da faturação;

• Gestão mais eficaz de encomendas e devoluções;

• Consulta da ficha de produto, com toda a informação técnico-científica, para

praticamente todos os produtos existentes na farmácia.

5. ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO

5.1. Encomendas: critérios de aquisição e fornecedores

A elaboração de uma encomenda deve basear-se num conjunto de fatores que concorram

para uma gestão eficaz dos stocks:

• Incidência de receituário;

• Rotatividade e sazonalidade dos produtos;

• Disponibilidade financeira da farmácia;

• Área disponível para o armazenamento;

• Capacidade de entrega por parte do fornecedor.

A aquisição de produtos de saúde por parte da farmácia pode ser feita através de

distribuidores grossistas ou diretamente aos laboratórios produtores. A escolha dos fornecedores

deve ser feita tendo em conta os seguintes aspetos:

• Preço dos produtos;

• Tempo de entrega;

• Qualidade do serviço prestado;

• Condições de pagamento e possíveis bonificações.

A Farmácia Atlântico é fornecida habitualmente por três distribuidores grossistas, não sendo

necessário um stock muito elevado de todos os produtos, uma vez que a sua reposição é rápida.

Alguns produtos são encomendados diretamente aos laboratórios, devido às melhores condições

financeiras e também devido ao fato de um número significativo de produtos se encontrar hoje

esgotado nos distribuidores grossistas. Contudo, as encomendas diretas aos laboratórios

apresentam normalmente o inconveniente da demora na entrega da encomenda.

5.2. Realização de encomendas

Como já mencionado, a informatização simplificou o processo da realização de

encomendas: quando um produto atinge o stock mínimo no sistema, é colocado numa proposta de

encomenda diária, que depois é validada pelo farmacêutico responsável, podendo ser adicionados

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ou removidos produtos. Para pedidos urgentes, existe a possibilidade de pedido por telefone ou de

encomenda instantânea (no caso da Alliance Healthcare).

Geralmente, na Farmácia Atlântico são efetuadas duas encomendas ao fornecedor principal

(Cooprofar) e uma ao fornecedor secundário (Alliance Healthcare), de modo a permitir a reposição

dos stocks da farmácia, evitando situações de rutura. É ainda frequente a realização de uma

encomenda para a OCP Portugal, que apresenta produtos com descontos financeiros.

No caso de encomenda direta aos laboratórios, a encomenda é realizada através do

preenchimento de uma nota de encomenda pelos delegados de venda (ficando o duplicado na

farmácia).

5.3. Receção e conferência de encomendas A receção e conferência de encomendas são duas etapas cruciais na gestão de stocks.

Uma encomenda mal rececionada pode levar a repercussões no stock existente e,

consequentemente, na gestão financeira da farmácia. A Farmácia Atlântico adotou normas de

receção e conferência de encomendas (bem como da notificação de não-conformidades) no âmbito

do seu Sistema de Gestão da Qualidade.

O transporte da encomenda até à farmácia é da responsabilidade do fornecedor. Quando

esta chega às instalações da farmácia (acondicionada em contentores próprios), é recebida pela

assistente operacional ou um dos farmacêuticos, que conferem os dados da fatura ou da guia de

remessa, passando em seguida à receção da encomenda propriamente dita:

• Inspeção visual do estado geral da embalagem;

• Conferência qualiquantitativa dos produtos: designação do produto, forma farmacêutica,

dosagem, estado físico, quantidade (através da leitura ótica do código de barras de cada

uma das embalagens) e respetivos bónus (se existirem), lotes, prazos de validade

(alterando sempre que necessário) e preço unitário;

• Conferência do preço final e do número de embalagens da fatura/guia de remessa.

No caso de existirem produtos de frio na encomenda, deve dar-se prioridade à sua receção,

de modo a serem armazenados logo que possível no frigorífico. Relativamente aos psicotrópicos e

estupefacientes, é necessário referir o número da guia ou fatura que se lhes refere. No

SIFARMA2000® isto acontece automaticamente.

Os produtos referidos como “esgotados” são assinalados pelo computador após a entrada

da encomenda. Perante isto, pode o pedido ser transferido para outro fornecedor ou proceder-se ao

abate do produto.

No caso de encomendas diretas a laboratórios, como não é efetuado registo informático, é

necessária a criação de uma proposta de encomenda fictícia ao respetivo fornecedor (encomenda

manual enviada em papel), uma vez que esta é elaborada após a entrega na farmácia. Em seguida,

a proposta é aprovada, confirma-se a receção dos produtos e procede-se como anteriormente

mencionado para uma encomenda de um distribuidor grossista.

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Todas as faturas são arquivadas por ordem cronológica e por fornecedor. Posteriormente é

enviada uma fatura-resumo, na qual constam o número e a data das faturas desse mês. Após o

pagamento, de acordo com as condições acordadas com o fornecedor, é enviado o recibo

correspondente para a farmácia.

No primeiro mês do meu estágio, rececionei as encomendas, e arrumei a medicação que

chegava nas mesmas.

5.4. Marcação de preços De acordo com a legislação em vigor, todos os produtos da farmácia devem ser marcados

com o respetivo preço de venda ao público (PVP). O PVP pode variar em função do fornecedor, do

preço de venda à farmácia (PVF) e da existência de promoções ou bónus.

No entanto, são vários os produtos que chegam à farmácia sem PVP, como vários MNSRM,

produtos de dermofarmácia e cosmética, leites e farinhas, dispositivos médicos, entre outros.

Os MNSRM são considerados de “venda livre”, sendo a margem de lucro definida pela

farmácia. Relativamente aos MSRM, a legislação atual prevê um sistema de margens regressivas,

isto é, à medida que o PVP aumenta diminui a margem de lucro da farmácia.8

Na Farmácia Atlântico a marcação de preços é efetuada logo após a receção das

encomendas, com recurso a uma impressora específica, ligada ao sistema informático, que permite

a impressão de etiquetas contendo o nome dos produtos, código de barras, preço e valor do IVA.

Durante o meu estágio, juntamente com a minha orientadora, Drª Marta, tive oportunidade

de participar na decisão de preços de certos produtos.

5.5. Devoluções As devoluções resultam do fato de se verificarem não-conformidades no processo de

receção de encomendas:

• Número errado de embalagens;

• Preços incorretos;

• Produtos danificados;

• Proximidade dos prazos de validade;

• Produtos faturados não encomendados ou não enviados;

• Existência de notificações de retirada do mercado pelo INFARMED.

Para proceder à devolução, elabora-se uma nota de devolução onde se refere o produto a

devolver, o preço, o número da fatura onde está debitado e o motivo da devolução. Depois de

aprovada, são enviadas duas cópias ao fornecedor junto com os produtos devolvidos, mantendo-se

outra na farmácia. Posteriormente procede-se, à sua regularização através da substituição de

produtos ou da emissão de notas de crédito, sendo emitido um comprovativo de regularização.

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Pode ocorrer o caso de a devolução não ser aceite (nomeadamente no caso de prazos de

validade a expirar). Nesta situação, compete à farmácia assumir o prejuízo e regularizar a situação

do ponto de vista contabilístico e de existências.

Após resolução do problema, é anotado em folha própria, o tempo que o mesmo demorou a

ser resolvido, atribuindo-se assim uma pontuação de acordo com uma escala, em linha com o

Sistema de Garantia de Qualidade (SGQ).

Durante o meu estágio, tive oportunidade de ver algumas vezes como se procedia uma

devolução, relativamente a um soro que se encontrava a verter, ampolas partidas, entre outros.

5.6. Armazenamento

O armazenamento de medicamento é feito segundo a sua designação (comum internacional

ou comercial), por ordem alfabética e sentido crescente de dosagem. Para além disso, estão ainda

agrupados segundo a forma farmacêutica (comprimidos e cápsulas, pós, ampolas, soluções), a via

de administração (rectal, vaginal e tópica) ou o grupo farmacoterapêutico em que se enquadram

(produtos para a Diabetes, produtos de veterinária, produtos buco-dentários), num sistema de

gavetas e armários deslizantes, eficaz e de fácil acesso, permitindo a otimização do espaço.

Os produtos termossensíveis (vacinas, insulinas, alguns colírios, calcitonina) estão

guardados nos dois frigoríficos, com temperaturas controladas entre 2 e 8º C, isentos de

condensação e humidade. O parâmetro temperatura é registado diariamente de forma a manter a

qualidade.

Os produtos cosméticos encontram-se na zona de atendimento, organizados em lineares,

de acordo com as diferentes linhas dos laboratórios.

O armazenamento é feito com base no princípio “first expired, first out” (FEFO), de modo a

serem utilizados em primeiro lugar os produtos com data de validade inferior, permitindo a rotação

de stocks, devendo retirar-se ordenadamente as embalagens da frente para trás, da direita para a

esquerda e de cima para baixo.

Como já referi, o meu estágio começou a atividade de armazenamento e receção de

encomendas, permitindo me uma rápida familiarização com os diferentes produtos, com as suas

diferentes designações (comum internacional e comercial) e com o local de armazenamento. Tal

facto veio a constituir uma mais-valia na fase de atendimento ao público, com ganhos de tempo e

eficiência na tarefa da dispensa de medicamentos e outros produtos de saúde.

5.7. Controlo dos prazos de validade

O controlo dos prazos de validade (PV) na farmácia é fundamental para garantir a dispensa

dos produtos em boas condições aos utentes. Este controlo é feito de forma diária, através da

actualização informática durante a receção de encomendas. Para além disso, é emitida

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mensalmente uma lista dos produtos com PV a expirar, nos dois meses seguintes, facilitando a sua

recolha do stock.

A maioria dos produtos da farmácia deverão ser devolvidos até três meses antes da data de

expiração, através de nota de devolução, para conseguir a reposição de produtos sem prejuízo.

Para alguns produtos, existem condições de devolução por validade definidas pelos laboratórios.

No caso das matérias-primas, pode proceder-se à sua utilização enquanto estiverem dentro

do PV. Após essa data devem ser entregues a empresas especializadas na sua destruição.

No final do meu primeiro mês de estágio, fiz a recolha de produtos, mediante uma lista de

produtos com prazo de validade a expirar e observei o procedimento de devolução de alguns deles,

verificando que este varia conforme o laboratório.

6. PRODUTOS EXISTENTES NA FARMÁCIA: DEFINIÇÕES E QUADRO LEGAL

6.1. Medicamentos sujeitos a receita médica obrigatória (MSRM)

De acordo com a legislação portuguesa, estão sujeitos a receita médica os medicamentos

que preencham uma das seguintes condições:9

• Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo

quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância

médica;

• Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados

com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se

destinam;

• Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou

reações adversas seja indispensável aprofundar;

• Destinem-se a ser administrados por via parentérica (injetável).

• Este tipo de medicamentos só pode ser vendido nas Farmácias, mediante a

apresentação de uma receita médica. Para tal, terá que ter PVP.

6.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM)

Qualquer medicamento que não se enquadre nas condições descritas para ser MSRM pode

ser MNSRM. Contudo, estes medicamentos têm que conter indicações terapêuticas que se incluam

na lista de situações passíveis de automedicação.

Os MNSRM não comparticipados são dispensados nas Farmácias e nos Locais de Venda

autorizados para o efeito, sendo o seu PVP sujeito ao regime de preços livres, ou seja, fixado ao

nível dos canais de distribuição e comercialização.

Fora das unidades de saúde, a dispensa dos MNSRM comparticipados pelo Serviço

Nacional de Saúde pode ser efetuada nas Farmácias ou nos Locais de Venda de Medicamentos

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Não Sujeitos a Receita Médica, sendo o seu PVP fixado. Caso sejam dispensados nos Locais de

Venda, não há lugar a comparticipação.10

6.3. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos

Define-se por produto cosmético e de higiene corporal (PCHC) como qualquer substância ou

preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo

humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais

externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente,

os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os

odores corporais.

Muitas vezes, estes produtos, são prescritos por médicos para o tratamento de várias

patologias. Mas o mais comum a procura por parte dos utentes sem qualquer prescrição médica ou

indicação de um profissional de saúde habilitado. Neste sentido, será importante o farmacêutico

estar apto a diferenciar entre um problema estético e outro que implique consulta médica.

Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos estão sujeitos a um regime de preços livre. À

semelhança dos medicamentos, as reações adversas deverão ser comunicadas ao INFARMED

(cosmetovigilância).11

A Farmácia Atlântico possui uma vasta gama de PCHC, para vários tipos de pele (peles

oleosas, atópicas, secas, maduras), em diversas formas farmacêuticas (cremes, emulsões, loções,

leites, geles, óleos) e destinados a nichos de mercado específicos (protetores solares, produtos pré

e pós-maternidade, produtos de puericultura, queda capilar, sabonetes e geles de banho,

desodorizantes).

Durante o meu estágio tive a oportunidade de ir a formações de algumas marcas com as

quais a farmácia Atlântica trabalha, a “La Roche Posay” e “Inneov”. Na minha opinião estas

formações são bastante rentáveis, uma vez que existindo uma vasta gama de produtos, permite, ao

farmacêutico estar a vontade com todas elas e assim poder aconselhar de modo adequado e

seguro qualquer tio de produto. Pessoalmente, senti grande diferença após as formações, uma vez

que, ao me sentir segura nessa área conseguia com toda a credibilidade aconselhar qualquer tipo

de utentes, obtendo sucesso nas minhas escolhas e ficando o utente satisfeito.

6.4. Medicamentos homeopáticos

Um medicamento homeopático é um medicamento obtido a partir de substâncias ou

matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia

europeia. Na sua falta, na farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro, podendo ter

vários princípios.

A preparação de medicamentos homeopáticos envolve a utilização de quantidades mínimas

de substâncias ativas.9

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13

Por regra, na Farmácia Atlântico, não existem em stock produtos homeopáticos. Contudo,

existe capacidade de resposta a pedidos específicos de utentes, através de encomenda para os

distribuidores grossistas.

6.5. Produtos para alimentação especial

A Farmácia Atlântico possui uma considerável variedade de produtos destinados à

alimentação especial, tendo em vista a satisfação das necessidades de populações específicas de

utentes: lactentes, pessoas com condições fisiológicas especiais ou indivíduos com alteração dos

seus processos de absorção e/ou metabolização.

Leites e Farinhas

A Farmácia Atlântico possui uma gama variada de leites e farinhas, destinadas a bebés

saudáveis. Deste modo, podemos distinguir os leites adaptados (para os primeiros meses de vida,

com composição semelhante à do leite materno) e os leites de transição (na passagem do leite

inicial para o leite de vaca).12

Existem ainda vários produtos destinados a bebés prematuros, aos que apresentam

intolerância a algum constituinte alimentar (por exemplo, a lactose ou o glúten) e ainda àqueles que

apresentem algumas patologias específicas (cólicas, regurgitação, obstipação).

Suplementos dietéticos

Os suplementos dietéticos permitem satisfazer carências nutricionais específicas dos

utentes, apresentando fórmulas mais ou menos completas.

Um dos principais suplementos dispensados na Farmácia Atlântico é o Fortimelᴿ, um

suplemento nutricional hiperproteico, rico em vitaminas, minerais e oligoelementos. É usado quando

o utente tem um aporte reduzido ou uma necessidade aumentada em proteínas (idade avançada,

pós-operatório, gravidez e aleitação). Apresenta-se em embalagens de 200 mililitros (mL), sendo

recomendado num máximo de três embalagens por dia.

Este tipo de suplementos, é muito dispensado para a Obra social Padre Miguel OSPM), a

qual a farmácia Atlântico é responsável de fornecer todas as quartas e sextas-feiras. Durante o

estágio realizei muitas vendas a credito neste sentido. Depois de toda a medicação pronta e

etiquetada com o nome dos utentes, um responsável da Obra vai buscar os produtos e leva consigo

as receitas para assinar.

Suplementos nutricionais, nutracêuticos e nutricosméticos

Estes suplementos surgem para amenizar e prevenir os desequilíbrios causados pelo stress,

fadiga, má alimentação ou outras agressões.

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A maioria destes produtos é constituída por extratos de plantas ou por associação de várias

vitaminas ou nutrientes, com composições e doses variadas. O farmacêutico deve explicar ao

utente que um uso correto destes suplementos pode constituir uma mais-valia terapêutica, desde

que ajustados às características específicas de cada doente, e que em nenhum caso substitui uma

alimentação rica e variada.13

Durante o meu estágio, aconselhei alguns suplementos nutricionais, nomeadamente para a

queda de cabelo de homem (Inneov densidade capilar), preparadores solares (Inneov, sensibilidade

solar), suplemento á base de vitaminas do complexo B (Bencozyme) a uma idosa que apresentava

falta de apetite, entre outros. Também desaconselhei, por assim dizer, um suplemento de

emagrecimento a uma utente que tinha problemas gastro-intestinais (BioActivo LipoExit Xtra), entre

outros.

6.6. Produtos fitoterapêuticos

A fitoterapia caracteriza-se pela utilização de plantas com atividade farmacológica.

Muitos utentes são atraídos por esta opção devido ao facto de se tratar de produtos

naturais, pensando que não apresentam qualquer contra-indicação ou efeito adverso. O

farmacêutico deve desmitificar esta ideia, alertando que muitos destes compostos podem interferir,

por exemplo, com as terapêuticas crónicas do utente.

A Farmácia Atlântico dispõe de uma gama de produtos terapêuticos constituída por algumas

infusões e por produtos de aplicação tópica.

6.7. Produtos e medicamentos de uso veterinário

Define-se medicamento veterinário como toda a substância ou associação de substâncias,

apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos

seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal, com vista a estabelecer um

diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica,

a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas.

Estão identificados com a inscrição “uso veterinário” e armazenados num armário

fisicamente separado dos outros medicamentos.14

A Farmácia Atlântico não dispõe de uma gama muito significativa de produtos veterinários;

todavia, é bastante frequente a cedência de desparasitantes (Frontline®) e antibióticos de uso

veterinário (Terramicina®), o qual um utente frequente da farmácia designou por “Terra Medicina”.

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6.8. Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos são importantes instrumentos de saúde que englobam um vasto

conjunto de produtos. São destinados, pelo seu fabricante, a serem utilizados para fins comuns aos

dos medicamentos, ou seja, prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença humana. Estes produtos

devem atingir os fins para os quais se destinam através de mecanismos que não se traduzam em

ações farmacológicas, metabólicas ou imunológicas. Desta forma, distinguem-se dos

medicamentos.15

Atualmente, existe uma vasta diversidade de dispositivos médicos no mercado, sendo difícil

abranger toda a variedade de gamas disponíveis. Na Farmácia Atlântico a dispensa de alguns

dispositivos médicos é frequente, nomeadamente material de penso, sacos coletores de urina e

preservativos.

7. DISPENSA DE MEDICAMENTOS

7.1. Quadro legal

É aqui o último contacto do paciente com um profissional de saúde, devendo portanto ficar

com as suas dúvidas totalmente esclarecidas.

Devemo-nos certificar que o utente sabe a posologia, a finalidade do medicamento, que

efeitos secundários podem apresentar, entre outros aspetos que possam ser relevantes para

determinado medicamento. Além dos aspetos relativos à medicação, devemos aconselhar medidas

não farmacológicas para complementar o tratamento.

A cedência de medicamentos e aconselhamento por parte do farmacêutico são diferentes

consoante se trate do aviamento de uma receita médica ou então de uma ida ‘voluntária’ à farmácia

por parte do utente. Temos então de ter em conta se estamos perante um MSRM ou de um

MNSRM.

7.2. Dispensa de MSRM

Para a dispensa de MSRM é necessário que o utente apresente uma receita médica. A

Portaria n.º 198/2011 aprova o modelo de receita médica, sendo esta validada pelo farmacêutico se

respeitar as seguintes definições legais:

• Número da receita;

• Local de prescrição;

• Identificação do médico prescritor, com a indicação do nome profissional, especialidade

médica, se aplicável, número da cédula profissional e contacto telefónico;

• Nome e número de utente e, sempre que aplicável, de beneficiário de subsistema;

• Entidade financeira responsável;

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• Regime especial de comparticipação de medicamentos, representado pelas siglas «R»;

• Designação do medicamento, sendo esta efetuada através da denominação comum da

substância ativa, da marca e do nome do titular da autorização de introdução no

mercado;

• Código do medicamento representado em dígitos;

• Dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens e

posologia;

• Identificação do despacho que estabelece o regime especial de comparticipação de

medicamentos, se aplicável;

• Data de prescrição;

• Assinatura manuscrita do prescritor. 16

No caso de receita manual, o prescritor tem de mencionar na receita qual a situação de

exceção abrangida, caso contrário, a Farmácia não pode aceitar a receita pois não recebe a

comparticipação pelo Estado. Durante o meu estágio, sempre que surgia uma receita

manual pedia a confirmação da medicação a algum dos profissionais que estivesse presente

uma vez que as receitas manuais nem sempre são de leitura fácil.

Quando se verifica alguma não conformidade na receita, como a presença de rasuras, ou

validade ultrapassada, os profissionais podem recusar a dispensa dos medicamentos ao utente.

Após este processo de validação feito no ato da dispensa, todas as receitas são novamente

verificadas o mais brevemente possível. Este processo serve para corrigir eventuais erros de

aviamento. Para tal, deve ser verificado em cada receita se:

• O medicamento dispensado corresponde ao prescrito quanto à dosagem, número de

embalagens e respetiva dimensão;

• Está dentro da validade;

• Tem a assinatura do médico;

• Foram cumpridas as excepções referentes a cada medicamento;

• Foi atribuído o organismo responsável pela comparticipação, corretamente.

No que respeita à comparticipação dos medicamentos, existem vários regimes, destacando-

se o regime geral, o regime especial e o regime de complementaridade.

Os regimes especiais de comparticipação estão definidos através de legislação própria e

aplicam-se a doenças específicas, devendo estar expressos na receita médica. São exemplos de

patologias com direito a comparticipações especiais: paramiloidose, lúpus, doença de Alzheimer,

dor crónica (oncológica ou não oncológica), entre outras.

Nos regimes de complementaridade, a comparticipação dos medicamentos é feita de forma

complementar por mais de um organismo de comparticipação. Para tal, o utente deve apresentar o

cartão do sistema de saúde complementar, que é fotocopiado com a receita médica.

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O processamento da receita termina com a emissão da fatura e a impressão dos códigos de

barras dos medicamentos no verso da receita, onde o utente assina. A receita é carimbada, datada

e assinada pelo farmacêutico.

Durante o meu estágio o primeiro erro que cometi foi dispensar um MSRM cujo prazo de

validade da respetiva receita tinha expirado. Ao longo do meu estágio em que fiz atendimento ao

público por vezes enganava-me na impressão do verso da receita quando fazia muitas receitas em

conjunto. Em relação a dispensar medicação errada nunca aconteceu, uma vez que, aconselhado

pela minha orientadora Dr.ª Marta seguia mecanicamente passos que o sistema SIFARMA®

permite, de modo a verificar mais que uma vez se estaria a dispensar a medicação certa.

No caso dos genéricos lia o código na receita e de seguida o código de barras na

embalagem, de modo a ver se correspondia aos demais que poderia dispensar e no caso dos

medicamentos de marca, antes de finalizar o atendimento, em F8 confirmava na receita pela leitura

dos códigos de barras se correspondiam aos medicamentos dispensados.

7.3. Dispensa de MNSRM

O farmacêutico deve tentar avaliar o problema do utente de forma a esclarecer a gravidade

do problema:

• Queixas e sintomas do utente;

• Persistência temporal dos sintomas;

• Co-morbilidades e medicação concomitante;

• Medidas (farmacológicas e não-farmacológicas) tomadas para a tentativa de resolução

do problema.

Se o farmacêutico verificar que se trata de um transtorno menor, deve proceder à indicação

farmacêutica, ou seja, selecionar um MNSRM e/ou indicação de medidas não farmacológicas.

Se a avaliação farmacêutica julgar que se trata de um problema mais grave, o utente deverá

ser encaminhado ao médico para avaliação clínica.17

Durante o meu estágio o que mais frequentemente aconselhei, foram utentes que se

queixavam de dores de garganta com irritação e/ou rouquidão, crises diarreicas, azia, gases,

pernas cansadas, entre outros.

8. MEDICAMENTOS PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES

8.1. Enquadramento Legal de psicotrópicos e estupefacientes

O seu uso é feito de forma rigorosa e limitada a situações específicas, podendo apontar-se

como exemplo o tratamento da dor severa (nomeadamente da dor oncológica, enquadrada por

legislação especial), uma vez que os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes exercem a sua

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18

atividade ao nível do sistema nervoso central, provocando, na sua maioria, tolerância e

dependência (física e psicológica), bem como efeitos relevantes de privação.18

8.2. Aquisição e receção de psicotrópicos e estupefacientes

A aquisição de psicotrópicos e estupefacientes é feita de modo semelhante à de outros

medicamentos; contudo, a sua receção é ligeiramente diferente: os psicotrópicos vêm embalados

separadamente da restante medicação, enquanto as benzodiazepinas vêm juntamente com os

restantes medicamentos.

Os psicotrópicos e estupefacientes fazem-se acompanhar da requisição de estupefacientes

e psicotrópicos, em duplicado. O original da requisição fica armazenado por três anos na farmácia.

A receção destes medicamentos é feita por leitura ótica, à semelhança dos outros

medicamentos. O sistema informático emite ainda um número de registo que deve corresponder ao

da requisição, de modo a facilitar o controlo dos psicotrópicos e estupefacientes.18

8.3. Prescrição e dispensa de psicotrópicos e estupefacientes

A prescrição de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes é efetuada em receita

normal ou informatizada, não podendo constar nela outros medicamentos. Podem ser prescritos até

quatro medicamentos distintos, não ultrapassando o total de quatro embalagens, nem o limite de

duas por medicamento.

Aquando da dispensa, o sistema informático reconhece o medicamento como

estupefaciente e obriga ao preenchimento de vários dados relativos ao doente, ao prescritor e ao

adquirente, nomeadamente a sua identificação. Caso não seja possível obter os dados referentes

ao bilhete de identidade ou cartão de cidadão do adquirente, o farmacêutico pode servir-se de

outros elementos seguros de identificação, como a carta de condução ou o passaporte.

9. MEDICAMENTOS E PRODUTOS MANIPULADOS

9.1. Definições sobre Medicamentos e Produtos Manipulados

Define-se legalmente medicamento manipulado como qualquer fórmula magistral

(medicamento preparado em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares

segundo receita médica que especifica o doente a quem o medicamento se destina ou preparado

oficinal (qualquer medicamento preparado segundo as indicações compendiais, de uma

farmacopeia ou formulário, em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares),

destinado a ser dispensado diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia ou serviço,

preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico.

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19

Cabe ao médico e ao farmacêutico a garantia da segurança e eficácia das preparações,

devendo ainda o farmacêutico assegurar a qualidade da preparação, observando as boas-práticas

de preparação de medicamentos manipulados.19

9.2. Preparação de Medicamentos Manipulados

Os medicamentos manipulados obedecem a legislação específica e exigem um controlo

rigoroso por parte das autoridades de fiscalização no que respeita à conservação de matérias-

primas e respetivo registo, uma vez que elas devem estar armazenadas no laboratório em

prateleira isolada de outros produtos, estando devidamente arquivados os respetivos certificados de

análise. O prazo de validade deve ser controlado, à semelhança dos medicamentos.

Depois de preparado o medicamento, faz-se o registo numa ficha de manipulado,

descrevendo todas as operações e cálculos. Preenche-se também a ficha de movimentos das

matérias-primas.20

Devem constar na ficha de preparação de medicamentos manipulados:

• Denominação do medicamento manipulado;

• Número de lote atribuído ao medicamento preparado;

• Composição do medicamento, indicando as matérias-primas, respetivas quantidades e

lotes;

• Descrição do modo de preparação;

• Verificação da qualidade do medicamento manipulado (nomeadamente características

organoléticas);

• Rubrica do operador e do supervisor.

A rotulagem deve indicar os seguintes pontos:

• Nome do doente;

• Fórmula do manipulado;

• Lote atribuído;

• PV;

• Condições de conservação;

• Instruções especiais de utilização;

• Via de administração;

• Posologia;

• Identificação da farmácia e do

diretor-técnico.

Durante o meu estágio na Farmácia Atlântico foi possível colaborar na realização de

alguns medicamentos manipulados, dos quais refiro: “Solução Alcoólica de Minoxidil”, “Pomada

Salicilada” e “Suspensão Oral de Trimetoprim”.

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20

9.3. Regulamento Geral de Preços

O PVP dos medicamentos manipulados é composto por três vertentes distintas: valor

dos honorários (A), valor das matérias-primas (B) e valor dos materiais de embalagem (C),

sendo o PVP calculado pela fórmula [(A + B + C) x 1,3] + IVA.

No que respeita ao valor dos honorários, optou-se pela definição de um fator F, de valor

fixo, multiplicado em função das formas farmacêuticas e quantidades preparadas, da

complexidade e exigência técnica, e do tempo de preparação dos medicamentos manipulados

em causa. Este fator é atualizado anualmente na proporção da inflação do ano anterior,

segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.

Aos valores de aquisição de matérias-primas e materiais de embalagem a usar no

cálculo é previamente deduzido o imposto sobre o valor acrescentado (IVA) respetivo. Os

valores referentes às matérias-primas são determinados pelo valor de aquisição multiplicado

pelo fator matemático correspondente à maior das unidades em que forem usadas ou

dispensadas.

Os valores referentes aos materiais de embalagem são determinados pelo valor de

aquisição, multiplicado pelo fator 1,2.

As comparticipações nos manipulados apenas se aplicam nas receitas com substâncias

ativas não incorporadas em sistemas pré-preparados industrialmente, com a menção

“manipulado” ou outras siglas como “f.s.a.”. A comparticipação atual corresponde a 30% do

preço do manipulado.21

Durante o meu estágio tive oportunidade de colaborar na preparação e preenchimento

da ficha de preparação assim como no cálculo do PVP.

10. FARMÁCIA CLÍNICA

10.1. Determinação de Parâmetros Fisiológicos e Bioquímicos

Determinação da Pressão Arterial

A medição da pressão arterial (PA) é feita na zona de atendimento com o auxílio de um

aparelho de medição automática.

Durante a medição os utentes devem manter uma postura confortável, não falar, não

mexer, nem ter os membros inferiores sobrepostos. É nesta altura que os utentes aproveitam também para desabafar e tirar algumas

dívidas com o farmacêutico. Há que saber criar empatia com o utente, deixa-lo a vontade e

tentar esclarecê-lo ao máximo.

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Determinação da Glicemia

A determinação da glicémia era procurada por utentes que a partida já sabiam ser

diabéticos ou ter valores fora do normal, ao contrário do que acontece com a determinação do

colesterol total.

Determinação do Colesterol Total

É um procedimento simples e rápido, feito com auxílio de um aparelho próprio. Com

uma lanceta pica-se o dedo do doente, recolhe-se uma pequena quantidade de sangue para

uma tira e insere-se no aparelho

Como já referi, a determinação do colesterol, é mais procurada pelos utentes do que a

glicemia. A população preocupa-se mais com este parâmetro, penso eu, por associa-lo, e muito

bem, ao principal factor de risco cardiovascular. Nesse sentido, durante o meu estágio procedi

á realização de um panfleto sobre o colesterol total (ver anexo 3), no qual utilizei uma

linguagem simples, com informação útil e dirigida ao utente em termos de alimentação e estilo

de vida saudável.

Determinação do Peso Corporal e Índice de Massa Corporal

Este tipo de determinação é mais procurado por pessoas que praticam exercício físico

regular e têm objectivos bem definidos. Como tal, procuram este serviço regularmente para

poderem comparar com valores anteriores e constatar se os objectivos estão a ser cumpridos.

Na FA, há uma balança que funciona por impedância eléctrica que dá,

automaticamente, os valores de % de gordura visceral, % músculo-esquelético, % massa

gorda, IMC e metabolismo em repouso.

Durante o meu estágio, realizei muitas vezes este tipo de determinação. Durante o

atendimento tentava perceber quais as razões da procura deste serviço e os objectivos

pretendidos. Após a determinação, explicava o que significava cada um dos parâmetros e se

os valores estavam dentro do normal, se assim não o fosse, aconselhava relativamente em

termos de estilo de vida saudável.

11. CONTABILIDADE E GESTÃO

11.1. Processamento de Receituário e Faturação

O processamento de receituário inicia-se pela conferência da receita médica, aquando

do processo de dispensa, visando detetar alguma irregularidade para proceder à sua rápida

resolução. Nesta fase, o principal foco de atenção prende-se com as questões administrativas

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(nome e número de utente, data e validade, assinatura do médico, vinhetas) e com a

confirmação das dosagens e dos medicamentos prescritos.

Na Farmácia Atlântico, o processamento de receituário é efetuado ao longo do mês,

sendo as receita conferido na manhã seguinte à da dispensa por outro colaborador que não o

responsável por aquela dispensa. As receitas conferidas são separadas por organismo e

agrupadas por lotes. Cada lote é constituído por 30 receitas do mesmo organismo.

Quando um lote se encontra completo e devidamente conferido, emite-se um Verbete

de Identificação através do sistema informático, que depois de carimbado é anexado ao

conjunto de receitas do mesmo lote. No verbete estão incluídas várias informações: número de

lote, número de receitas, organismo, importância total do lote, valor pago pelo utente e valor a

comparticipar.

No último dia de cada mês fecham-se os lotes dos respetivos organismos, incluindo o

último lote, mesmo que incompleto. São emitidos dois documentos: o Resumo de Lotes e a

Fatura Mensal de Medicamentos, que acompanham os lotes enviados à Administração

Regional de Saúde. Depois de efetuados estes procedimentos, os lotes são remetidos para as

diferentes entidades.

12. FARMÁCIA NA COMUNIDADE

12.1. VALORMED

O Sistema Integrado de Recolha de Embalagens e Medicamentos Fora de Uso da

Valormed é efetuado no sentido de se evitar a contaminação ambiental com medicamentos,

contaminação essa que pode acarretar perigos para a saúde pública.

Os utentes devem ser sensibilizados para a entrega de medicamentos que já não usem

ou que estão fora de validade na farmácia. Os medicamentos entregues são colocados numa

caixa de cartão específica da ValorMed, que quando se encontra cheia é pesada e selada. É

feito um registo do peso da caixa numa ficha própria, indicando também o código da farmácia e

o responsável pela selagem. Após a recolha na farmácia, os resíduos são enviados para

tratamento.22

13. A QUALIDADE NA FARMÁCIA

13.1. Normas de Qualidade na Farmácia

Como qualquer outro estabelecimento de saúde os objetivos devem estar claramente

definidos. O principal objetivo da farmácia comunitária é a cedência de medicamentos em

condições que possam minimizar os riscos do uso dos medicamentos e que permitam a

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avaliação dos resultados clínicos dos medicamentos de modo a que possa ser reduzida a

elevada morbilidade e mortalidade associada aos medicamentos. Coloca-se assim o doente

como o centro da atividade do farmacêutico.

13.2. Implementação de Procedimentos de Qualidade

O Sistema da Qualidade da Ordem dos Farmacêuticos (SQOF) baseia-se numa

estrutura documental em que as Boas Práticas de cada área de atividade são o ponto de

partida para a elaboração de Procedimentos Operativos Normalizados.

A Farmácia Atlântico era uma farmácia certificada pela ISO 9000:2008, tendo

implementado diversos procedimentos normalizados, com vista à melhoria contínua da

qualidade do seu serviço aos utentes, que ainda hoje em dia são praticados Para tal, foram

envolvidos todos os elementos da equipa da farmácia, bem como se procurou otimizar a

utilização dos recursos físicos e materiais, de modo a diminuir os erros, uniformizar

procedimentos e, consequentemente, melhorar os resultados em saúde dos utentes.6

14. FORMAÇÃO CONTÍNUA

• Formação do “Programa Contacto”, ministrada pela “La Roche Posay e Progman- About

people”, no dia 8 de Maio.

• Participação no Workshop “A importância do Nutrinegocio na Farmácia” da marca

Innéov que decorreu no dia 23 de Abril

• Participação no evento Workshop “O perfume como veículo de negócio na Farmácia” da

marca Roger&Gallet no dia 23 de Abril.

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15. CRONOLOGIA DE ESTÁGIO

Tabela 1 – Cronologia das atividades desenvolvidas durante o estágio

Datas Atividades Desenvolvidas

1ª semana de Abril

Integração na equipa de trabalho;

Conhecimento dos diferentes espaços da

farmácia e da organização dos produtos e

medicamentos existentes.

2ª semana de Abril

Ajuda na determinação de parâmetros

bioquímicos;

Receção de encomendas e conferência de

receitas.

3ª semana de Abril

Observação de atendimento ao balcão de

aprendizagem do modo de funcionamento do

sistema informático (SINFARMA 2000)

4ª semana de Abril

Acção de formação; preparação de

manipulados; noção de gestão de stocks;

verificação do procedimento de venda de

medicamentos com legislação especial.

Mês de Maio

Realização das actividades do mês anterior

com maior liberdade de acção e autonomia

no atendimento ao público; acção de

formação.

Mês de Junho

Realização das actividades dos meses

anteriores; atendimento ao público de

maneira autónoma, com cumprimento de um

horário de trabalho e com caixa própria.

Mês de Julho Realização das actividades do mês anterior.

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PARTE II – TRABALHOS PRÁTICOS E CASOS DE ESTUDO

1. DERMATITE ATÓPICA

1.1. Introdução

A atopia é uma condição geneticamente determinada, que faz com que haja uma

predisposição para o desenvolvimento de conjuntivite alérgica, rinite alérgica, asma e

dermatite atópica. Assim sendo, é comum que num indivíduo com dermatite atópica, exista

um historial familiar de atopia e é muito provável que no decorrer da sua vida desenvolva

outras patologias de cariz atópico. 23,24

A Dermatite Atópica (DA) é uma patologia que afeta cerca de 10% da população geral, sendo que 90% dos casos aparecem nos primeiros 5 anos de vida.

Caracteriza-se por ser geralmente, hereditária, com expressão variável e

influenciada por fatores ambientais, é não contagiosa e exprime-se numa sensibilidade

cutânea exagerada. Tem períodos de remissão e de exacerbação, sendo estes por vezes

sazonais.25,26,27,28

É uma patologia que pode causar um impacto negativo na qualidade de vida dos

indivíduos que a possuem assim como nos seus familiares.29

Entre várias mutações que foram identificadas para esta patologia, várias se referem ao gene que codifica para a filagrina. Esta é uma proteína estrutural da pele, fundamental para a manutenção de uma barreira normal.24,29

Apesar de a DA poder permanecer na idade adulta, ao longo deste trabalho vou dar

realce à DA no bebé, uma vez que eram os casos que mais frequentemente apareciam na

farmácia com mães a pedir aconselhamentos.

Esta patologia exige o conhecimento de algumas medidas que ajudam a prevenir as

agudizações, sendo a farmácia o local de eleição para prestar esse aconselhamento.

2. FISIOPATOLOGIA

2.1. Disfunção da Barreira Cutânea

A pele é composta pela epiderme, derme, hipoderme (tecido adiposo subcutâneo). A

epiderme corresponde à barreira cutânea, e a sua camada mais superficial é constituída pela

camada córnea cujos principais elementos são os queratinócitos e os lípidos extracelulares,

sendo estes, fundamentalmente compostos por ceramida, colesterol e ácidos gordos livres.

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Uma das principais funções da barreira cutânea é o controlo da permeabilidade. Os

queratinócitos e os lípidos extracelulares formam o “muro” que protege o nosso organismo das

agressões físicas, químicas e biológicas do meu ambiente.

A alteração dos elementos da camada córnea é o defeito básico da DA levando a um

aumento da permeabilidade a alérgenos e irritantes.

O prurido desempenha um papel fundamental na DA pois o ato de coçar lesiona os

queratinócitos diminuindo a função protectora da barreira cutânea. Sendo assim, o prurido e a

lesão da barreira cutânea são a base do ciclo vicioso que perpetua as lesões da DA.31

1.2. Disfunção do sistema imunitário A disfunção imunitária é consequente à mutação de genes envolvidos na produção de

citoquinas (grupo de moléculas envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o

desencadeamento das respostas imunes).

Na maioria dos casos ocorre uma hiperatividade imunitária aos alergénios do meio

ambiente com superprodução de eosinófilos e imunoglubolinas (Ig) E.

Figura 2 – Ciclo vicioso do prurido e lesão da barreira cutânea (adaptado de 32).

Figura 1 – Disfunção da barreira cutânea (adaptado de 31)

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Os alergénios que penetram na derme devido à diminuição da função de barreira

cutânea protectora, são capturados pelas IgE que se ligam aos mastócitos e promovem assim

desgranulação com consequente libertação de mediadores responsáveis pelos sintomas de

DA.31

1.3 Classificação fisiopatológica

A dermatite atópica é classificada, segundo o ponto de vista fisiopatológico, em

dermatite atópica extrínseca (alérgica) ou intrínseca (não alérgica). Na dermatite atópica extrínseca, a lesão primária ocorre ao nível da barreira cutânea,

permitindo uma sensibilização aos alérgenos do meio ambiente. Esta atinge a maioria dos

doentes com pele atópica, e observa-se eosinofilia periférica e hiperprodução de Ig E.

Figura 3 – Disfunção imunitária em doentes com DA (adaptado de 32).

Figura 4 – DA extrínseca (adaptado de 32).

Page 38: Relatório de Estágio Profissionalizante · Figura 5 - Marcha atópica 29 Figura 6 Eczema heperticum- 30 Figura 7 - Eczema agudo e cronico 30 Figura 8 - Zonas de aparecimento de

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Na dermatite atópica intrínseca, a lesão primária ocorre ao nível do sistema imunitário,

sem identificação de sensibilizações aos alérgenos do meio ambiente (minoria dos doentes) e

observam- se níveis normais de IgE.

A disfunção da barreira cutânea e a disfunção do sistema imunitário são os dois

principais mecanismos envolvidos na fisiopatologia da dermatite atópica.

Observa-se uma diminuição da filagrina (proteína que promove coesão dos

queratinócitos), ceramidas e/ou ácidos gordos livres na pele dos doentes com DA.31,32,33

2. EPIDEMIOLOGIA

A Da é uma patologia que afeta cerca de 10% da população geral, sendo que 90% dos

casos aparecem nos primeiros 5 anos d vida. Afecta ambos os sexos por igual e esta

frequentemente associada a crianças com história pessoal ou familiar de doenças atópicas (ex:

asma, rinite alérgica).

Na maioria dos casos desaparece durante a infância, noutros pode permanecer até à

idade adulta.30,32,34

3. FATORES PREDISPONENTES E DESENCADEANTES

3.1. Fatores predisponentes

Fatores hereditários

A DA ocorre em indivíduos geneticamente predispostos. História familiar de atopia em

familiares de 1º grau constitui um importante fator de risco para o desenvolvimento da DA.

Caso ambos os pais tenham DA existe 70% de probabilidade do filho a desenvolver, e as

doenças atópicas tendem a ser do mesmo tipo em cada família.33,32

Marcha Atópica

O conceito de marcha atópica refere- se à evolução natural das doenças atópicas, que

partilham características genéticas e fisiopatológicas comuns, em que a dermatite atópica

corresponde à primeira manifestação de atopia. Alergias alimentares, rinite alérgica e asma

aparecem mais tardiamente.32

Page 39: Relatório de Estágio Profissionalizante · Figura 5 - Marcha atópica 29 Figura 6 Eczema heperticum- 30 Figura 7 - Eczema agudo e cronico 30 Figura 8 - Zonas de aparecimento de

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Factores Ambientais

A DA é mais frequente em famílias pequenas, de nível sócio-económico elevado,

geralmente em filhos de pais com maior grau de escolaridade a viver em meios urbanos. Estes

achados apoiam a “hipótese da higiene” que atribui a maior frequência das doenças alérgicas

ao estilo de vida adotado em cidades ocidentais, assim, um contacto precoce das crianças com

determinados vírus e bactérias está associado a uma menor incidência de doenças

alérgicas.30,32

3.2. Factores desencadeantes

Factores desencadeantes da dermatite atópica incluem: alergénios alimentares agentes

infecciosos, aeroalergénios e outros factores.

Alergénios alimentares

As alergias alimentares podem estra envolvidas no agravamento da DA em até 30%

das crianças pequenas com DA grave a moderada. Em crianças maiores, adolescentes e

adultos isto não se tem mostrado relevante.

A clara do ovo é o alergénio alimentar mais comum, seguido pelo leite de vaca, o

amendoim, trigo e a soja.35

Aeroalergénios

Os alergénios transportados pelo ar têm sido implicados no agravamento da DA.

O Dermatophagoides pteronyssinus (ácaro do pó) é o principal aeroalergénio implicado

no agravamento da DA. A exposição precoce a elevadas concentrações de aeroalergénios de

ácaros na infância associa-se a um maior risco de DA nos 3 primeiros anos de vida.32

Agentes infecciosos

A pele atópica é mais susceptível a infecções por bactérias, fungos e vírus.

O Staphylouscocus Aureus é encontrado na pele sã ou lesada da maioria dos doentes

com dermatite atópica podendo manter ou agravar as lesões.36

Figura 5 – Marcha atópica (adaptado de 32).

Page 40: Relatório de Estágio Profissionalizante · Figura 5 - Marcha atópica 29 Figura 6 Eczema heperticum- 30 Figura 7 - Eczema agudo e cronico 30 Figura 8 - Zonas de aparecimento de

30

O herpes simples pode provocar uma exacerbação generalizada e potencialmente

grave da DA (eczema herpeticum).27,30,32

3.3. Outros Factores Desencadeantes

Muitos factores ambientais podem piorar a DA, entre ele destacam-se calor e o contacto

com agentes irritantes tal como sabões e detergentes. Vestuário justo de textura áspera origina

incómodo e determina eritema com prurido, sendo também sabido a intolerância à lã. A secura da pele e o stress emocional também podem agravar a DA.23,26

4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

4.1. Classificação

Classificação segundo a Morfologia

A DA pode ser classificada em eczema agudo ou crónico. No eczema agudo observam-

se papulovesículas exsudativas. No eczema crónico, a pele fica espessada, seca e

descamativa, processo conhecido por liquenificação.23

Figura 6 – Eczema Herpeticum (adaptado de 37).

Figura 7 – Eczema agudo e crónico respectivamente (adaptado de 32).

Page 41: Relatório de Estágio Profissionalizante · Figura 5 - Marcha atópica 29 Figura 6 Eczema heperticum- 30 Figura 7 - Eczema agudo e cronico 30 Figura 8 - Zonas de aparecimento de

31

Segundo a Gravidade

Classificação Segundo a Localização

Segundo a localização a DA pode ser classificada em eczemas das mãos e dos pés

(polpites atópicas e dermatite plantar juvenil), das pálpebras e dos mamilos.23

Classificação segundo a Faixa Etária

As características clínicas da DA variam conforme a faixa etária do doente, sendo que

os locais mais frequentemente atingidos pelas lesões mudam em lactentes, crianças,

adolescentes e adultos.23,32

Assim temos:

• DA do lactente

• DA da criança

• DA do adolescente e adulto

• DA do idoso

Como já referi, neste trabalho vou dar realce à DA no lactente e criança que eram os

casos que mais frequentemente apareciam na farmácia com mães a pedir aconselhamentos e

pelo facto de na FA termos acompanhado mais de perto um caso de uma mãe com um filho de

14 meses que frequentemente nos procurava para pedir ajuda em vários tipos de questões

relacionados com o melhoramento da qualidade de vida do seu bebé.

DA NO LACTENTE

A maioria dos primeiros casos clínicos de DA no lactente inicia-se durante o primeiro

ano de vida (primeiros 3 meses de vida).23

TABELA 2 - CLASSIFICAÇÃO DA DERMATITE ATÓPICA SEGUNDO A GRAVIDADE (ADAPTADO DE 32)

Grau de gravidade Manifestações clínicas Impacto na qualidade de vida DERMATITE ATÓPICA LIGEIRA XEROSE

PRURIDO OCASIONAL PEQUENAS ÁREAS ERITEMATOSAS

PEQUENO IMPACTO NAS ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA SONO NORMAL

DERMATITE ATÓPIA MODERADA XEROSE PRURIDO FREQUENTE ESCORIAÇÕES

IMPACTO MODERADO NAS ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA PERTURBAÇÕES DO SONO

DERMATITE ATÓPICA GRAVE XEROSE PRURIDO CONSTANTE ATINGIMENTO CUTÂNEO EXTENSO

GRANDE IMPACTO NAS ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA

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32

O prurido é geralmente intenso, como tal, a criança está agitada e irá dormir mal. Tudo

isto, interfere com o dia-a-dia da criança, e também dos pais, que dormindo mal de noite,

apresentam menor rendimento durante o dia.29

As complicações infecciosas, neste caso, são frequentes e a resolução completa pouco

habitual.27

As lesões, na DA no lactente, são frequentemente exsudativas- eczema agudo (húmido

na linguagem popular).

Em crianças com idade inferior a dois anos, as lesões podem atingir qualquer parte da

pele mas surgem preferencialmente pela face, couro cabeludo, joelhos, cotovelos, punhos e

mãos, não surgindo geralmente na zona da fralda.

A DA do lactente atinge predominantemente a face e a região extensora dos membros

(padrão extensor) ao contrário da dermatite atópica em crianças mais velhas, adolescentes e

adultos em que se observa um atingimento das pregas dos cotovelos e dos joelhos (padrão

flexural).32,34

DA NA CRIANÇA

A fase infantil abrange o período dos 2 aos 12 anos de idade. Nesta faixa etária é

frequente ocorrer a resolução completa das lesões.

A pele espessa-se e fica mais escura com superfície descamativa (eczema crónico ou

eczema seco na linguagem popular).

Na DA da criança são frequentemente atingidas as regiões flexoras dos membros. 23,32

4.2. Estigmas da Atopia

O estigma mais frequentemente observado é a secura da pele (xerose) que os doentes

referem como constante e incomodativa. A xerose cutânea esta associada à disfunção da

barreira cutânea com perda de hidratação e aumento da permeabilidade a alergénios e/ou

irritantes.

Figura 8 –Zonas de aparecimento de eczema em crianças (a) e bebés (b) (adaptado de 37 e 38).

Page 43: Relatório de Estágio Profissionalizante · Figura 5 - Marcha atópica 29 Figura 6 Eczema heperticum- 30 Figura 7 - Eczema agudo e cronico 30 Figura 8 - Zonas de aparecimento de

33

Sendo um ciclo vicioso, secura da pele, que leva ao prurido, que provoca escoriações

e lesões ao coçar, favorecendo a penetração das bactérias, pode-se então assim originar

uma sub-infeção, levando a uma liquenificação da pele, que consequentemente a torna seca

e rugosa.23,26

A palidez facial, queratose pilar, pitiríase alba (máculas hipopigmentdas arredondadas)

e hiperlinearidade palmar são outros estigmas de atopia.31

4.3. Complicações

O Staphylococcus aureus pode ser responsável por complicações infecciosas graves da

dermatite atópica. Deve-se suspeitar de superinfecção bacteriana quando se observam crostas

amareladas sobre as placas eczematosas habituais do doente.36

As infecções vírias observadas mais frequentemente nos doentes são infecções do trato

respiratório superior e herpes simples que pode dar origem a uma erupção cutânea difusa,

eczema herpético.34

A queratoconjuntivite primaveril é uma complicação ocular comum em crianças e

caracteriza-se por uma pálpebra com aspecto de “pedra d calçada”.39

4.4. Evolução

O curso da DA é crónico, apresentado períodos de remissão e agudização. A maioria

das crianças melhora quando cresce e a completa resolução das lesões é geralmente

observada na segunda infância. Contudo, a DA pode persistir na vida adulta, sendo o início

Figura 9 –Pitiríase alba e Hiperlinearidade palmas (adaptado de 32).

Figura 10 – Queratoconjuntivite primaveril (adaptado de 40)

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34

precoce e a associação com asma brônquica factores de risco para persistência da DA em fase

adulta.23,34

A DA pode ser problemática para pessoas cujos empregos as façam entrar em contacto

com materiais irritantes (área de restauração, cabeleireiros, entre outros).32

5. INDICAÇÕES PARA REFERENCIAÇÃO AO DERMATOLOGISTA

O farmacêutico deve aconselhar o utente a ir ao médico especialista sempre que tiver

dúvidas no diagnóstico. Se o utente apresentar infecções bacterianas frequentes ou eczema

herpeticum deve aconselhar uma visita ao médico para iniciação de tratamento antibacteriano

ou anti-vírico respectivamente.

6. PAPEL DO FARMACÊUTICO – TRATAMENTO

6.1. Medidas Gerais

O farmacêutico deve aconselhar o utente a adotar uma série de medidas gerais que

ajudam no controlo dos sinais e sintomas de DA tais como:

• Banhos rápidos e de água morna (32-34ºC), sem fricção da pele;

• Evitar banhos de imersão;

• Utilizar roupas 100% algodão;

• Utilizar detergentes de roupa neutros;

• Evitar a utilização de amaciadores na roupa;

•  Lavar a roupa nova antes de a usar para reduzir a concentração de formaldeído e

outros irritantes;

• Manter uma temperatura fresca no quarto;

• Cortar as unhas;

• Como manutenção os doentes devem aplicar um creme bastante hidratante, que

não possua perfume;

• Em fase aguda, de forma a evitar ao máximo os corticóides tópicos, deve-

se aplicar um bálsamo igualmente sem perfume;

• Em fase aguda aplicar um corticóide, prescrito pelo médico, 1x por dia

• Utilizar geles de banho sem sabão (syndets, ou óleos de banho).23,32 O farmacêutico também pode aconselhar relativamente ao controlo dos aeroalergénios

e dos alergénios alimentares. Relativamente aos aeroalergénios é importante referir ao utente

que este deve limpar frequentemente os quartos, diminuir o número de objectos em cima das

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35

comodas e debaixo das camas, lavar frequentemente a roupa da cama e os brinquedos das

crianças e se possível usar colchões e almofadas com protecção anti-ácaros.

Relativamente aos alergénios alimentares o aleitamento materno deve ser encorajado,

(embora dados recentes revelem que a amamentação não interfere com a evolução da

dermatite atópica).35

6.2. Hidratação Cutânea

Em termos de aconselhamento farmacêutico é muito importante esclarecer o utente em

termos de hidratação cutânea, visto que é um fator essencial na prevenção e controlo da DA.31

A acção primária consiste em restabelecer a barreira cutânea evitando a perda

exagerada de água pela epiderme. O uso intensivo de emolientes é, então importante, uma vez

que está comprovado que reduz a necessidade de corticóides tópicos.

Devido ao facto dos produtos mais específicos para peles atópicas serem

dispendiosos, nos casos em que se torna impossível para algumas famílias comprar alguns

desses, aconselha-se a utilização de emolientes mais em conta, como a parafina liquida ou

o óleo de amêndoas doces. Consoante o estado em que a pele se encontra pode ser

necessário mais ou menos vezes a aplicação de emolientes.23,31

Dar a conhecer os principais factores agravantes da xerose no doente atópico também

é importante para o utente poder evitar certos comportamentos como:

• Banhos quentes e prolongados;

• Uso excessivo de sabonetes;

• Banhos em piscinas cloradas;

• Emolientes inadequados;

• Exposição ao ar condicionado;

• Utilização de certo tipo de medicação (retinóides);

• Situações de stress emocional;

• Contacto com produtos químicos irritantes.

Os produtos emolientes para a hidratação estão disponíveis sobre as formas de

emulsões, cremes, leites, pomadas, loções, suspensões ou óleos. Apresentam um efeito

lubrificante pois atuam através da deposição lipídica, e um efeito hidratante uma vez que

induzem a retenção de água ao nível da camada córnea.31,41

O efeito lubrificante dos emolientes consegue- se à custa de compostos

hidrocarbonados (vaselina, parafina, esqualeno), silicone e os seus derivados, lanolina, entre

outros. O efeito hidratante consegue-se com recurso a substâncias que retêm água como

glicerina, ureia, gelatina, sorbitol, ácido hialurónico, entre outros. Obtém-se também efeito

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36

hidratante significativo com substâncias macromoleculares designadas como matrizes

hidrofílicas de que são exemplo a aveia coloidal e o ácido hialurónico.

Aquando do aconselhamento de um emoliente, o farmacêutico deve ter em atenção o

facto de, em casos de xerose cutânea intensa, uma emulsão A/O será a mais indicada e que

as loções são geralmente ineficazes.

A aplicação do emoliente deve ser diária, abundante e preferencialmente depois do

banho ainda com a pele molhada. Devem ser evitados emolientes com perfumes,

conservantes, álcool, lactato de amónia ou ureia, tal como os cremes naturais à bases de

ervas, porque podem causar reacções alérgicas e irritações de pele.41

6.3. Limpeza De Pele

Devem-se utilizar produtos de limpeza suave, tipo syndets ou óleos de banho, com já foi

referido.

Nas crianças com menos de 12 meses de idade está recomendada a utilização de um

único produto de limpeza suave, sem sabão, ou perfume para limpeza do couro cabeludo, rosto

e corpo. Em crianças mais velhas pode ser utilizado um champô sem perfume. A opção de

utilizar produtos de limpeza com anti-sépticos são uteis em doentes com história de infecções

cutâneas recorrentes.27,32

6.4. Tratamento Tópico

Corticóides

Os corticóides tópicos são fundamentais no controlo da inflamação e do prurido da

dermatite atópica. Eles devem ser aplicados 1x/dia, preferencialmente após o banho (antes do

emoliente). A eleição de um determinado corticóide depende das características morfológicas,

localização, gravidade e extensão das lesões.

O uso prolongado de corticóides tópicos quando usados correctamente, é seguro, sem

riscos de complicações grave. Contudo, é importante ter em atenção o facto de que o uso de

corticóides de potência moderada a grave em zonas frágeis tal como a face, as axilas e a

região genital, poderá levar ao aparecimento de efeitos laterais tais como acne, atrofia cutânea,

hipopigmentação e estrias uma vez que há um maior risco de absorção sistémica.42

Imunomoduladores

Os imunomoduladores tópicos (tacrolimus e pimecrolimus) são de segunda linha no

tratamento da dermatite atópica. Estes últimos não induzem os efeitos laterais cutâneos dos

corticóides tópicos. Estes imunomoduladores inibem a calcineurina impedindo a transcrição de

interleucinas transitórias e a activação das células T que desempenham uma função primordial

no transtorno imunológico da DA.

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37

É importante o farmacêutico aconselhar a um utente que esteja a fazer tratamento com

imunomoduladores tópicos, a aplicação de um protector solar durante o uso do mesmo, de

forma a reduzir o risco de neoplasias cutâneas, além disso, estes não devem ser aplicados na

pele infectada.

A utilização destas formulações a longo prazo tem segurança comprovada a nível

mundial, embora existam relatos de uma possível relação destes inibidores com certos

cancros (linfomas e cancro cutâneo).43,45,46

6.5. Tratamento sistémico

É controversa a eficácia dos anti- histamínicos orais no controlo do prurido em doentes

com DA. Quando usados anti-histamínicos, são geralmente preferidos os com efeito sedativos

como a hidroxizina.44

Os corticóides orais também podem ser usados mas por pequenos períodos de tempo

para o tratamento de exacerbações graves.

Os antibióticos orais são usados quando existe sobre-infecção bacteriana, geralmente

devido ao Staphylococcus aureus, devendo nesta situação serem tratadas com antibioterapia

sistémica, sendo os antibióticos de eleição as cefalosporinas de 1ª geração ou as

penicilinas resistentes às penicilinases.

Como já foi referido ao longo deste trabalho, os antivíricos orais estão recomendados

para o tratamento de eczema herpeticum.51

Por fim, em casos de DA grave podem ser usados imunossupressores orais tais como,

ciclosporinas, com bons resultados.23,27

6.6. Outros

Não está recomendada a toma de suplementos alimentares, uma vez que estes, não

demonstram ter efeito protector contra a DA.

Os probióticos embora pareçam ter algum efeito protector desconhece-se as doses

adequadas para tal efeito.

Para doentes com DA moderada a grave, a fototerapia é vantajosa.47

6.7. Perguntas Frequentes

“Dr.ª aquele sabão de barro que se usava antigamente será o melhor para banho do meu bebé não?”

O Farmacêutico terá de esclarecer que os sabões tradicionais são produtos grosseiros

de acentuada alcalinidade. Os sabões tradicionais são compostos por misturas de sais de

sódio ou potássio, com cadeias longas hidrocarbonadas, resultantes de ácidos gordos. Assim o

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38

uso destes, em pele fina e sensível induz o eczema de contacto traumático que agrava a

xerose.26 É aqui que o farmacêutico deve apresentar como melhor opção o uso de produtos de

limpeza suaves, tipo syndets (detergentes sintéticos com pH neutro a ácido que exercem

menos efeitos prejudiciais que os sabões e detergentes) que são melhor tolerados pela pele

atópica.23,32

“Devo evitar dar muitos banhos à minha bebé, certo?”

Esclarecer que não é a água que faz mal à pele do bebé mas sim o uso frequente de

sabões ou sabonetes que podem retirar a camada de oleosidade necessária para a

manutenção de integridade da pele, causando xerose e agravando a dermatite atópica.23,31

“A DA é hereditária?”

A DA, assim como a asma e a rinite alérgica, são patologias hereditárias, logo, se um

dos pais ou ambos sofrem desta patologia é provável que um dos filhos também sofra.23,33

“Vamos de férias e o meu filho sofre de DA, se calhar não devíamos ir com ele para a praia, correto?”

Neste caso a praia não deve ser evitada, pelo contrário, pois desde que a exposição

solar seja criteriosa, por norma, a DA melhora com o sol. Aqui o farmacêutico deve aconselhar

um protector solar adequado e alertar para o facto de evitar as horas de maior calor e o uso de

roupa protectora adequada (os cuidados normais que teria com o filho caso ele não sofresse

dessa patologia).

“A DA é contagiosa?”

A DA é uma doença atópica em que há uma reacção exacerbada do sistema imunitário

aos alergénios do meio ambiente e como tal não é contagiosa.23

7. CASO DE ESTUDO

A mãe deste menino de 14 meses, recorria frequentemente aos farmacêuticos da FA,

devido ao problema do seu filho, para se esclarecer em várias dúvidas e pedir

aconselhamentos. Procurava a FA por ser a farmácia mais próxima de sua casa e por

encontrar nesse mesmo local a atenção e disponibilidade que precisava.

Menino de 14 meses de idade com história de DA, filho de pais jovens

com poucas possibilidades financeiras.

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39

Durante o meu estágio, acompanhei algumas das questões colocadas por esta utente e

tentei ajudar, juntamente com o resto da equipa da FA, com os conhecimentos que adquiri

durante os anos que frequentei o curso, e com as ideias que assimilei devido ao facto de ter

um primo que quando tinha a idade desta criança, sofrer da mesma patologia. O facto de ter

um caso na família, ajudou-me desde logo a ter a percepção que os aconselhamentos e ajuda

que poderíamos dar a essa mãe seriam muito importantes para melhor a qualidade de vida do

bebé e dos seus pais, pois, de facto, esta patologia interfere com o dia-a-dia de todos os

membros de uma família.

De seguida, apresento, de forma sucinta, algumas das questões e dúvidas mais

pertinentes que me foram colocadas, durante o meu período de estágio, assim como os

esclarecimentos dadas às mesmas.

No primeiro contacto que tive com a utente (mãe do menino de 14 meses que sofria de

DA), esta pediu-me um hidratante para o seu filho.

“ Queria um hidratante para o rosto do meu bebé”

O bebé apresentava placas eczematizadas das bochechas que poupava a região

central da face (lesões típicas de DA). Os emolientes devido às suas propriedades

humectantes (retém água na pele) e oclusivas (impedem que água evapore), assim como

a presença de lípidos na sua composição possibilitam a reposição do filme hidrolipídico

da pele, hidratando-a. Assim os emolientes indicados são emulsões O/A sem perfume ou

conservantes Também se sugeriu uma visita ao médico para iniciar um corticóide tópico e anti-

histamínico oral se necessário.41

“Gostei muito do hidratante que me recomendou Drª. O meu bebé já iniciou o corticóide tópico e o anti-histamínico oral. Será que posso fazer mais alguma coisa para prevenir o agravamento das lesões?”

Neste caso, pode-se aconselhar algumas medidas que já foram faladas ao longo do

trabalho como:

- Tomar banhos rápidos e tépidos sem friccionar a pele;

- Vestir preferencialmente roupa confortável de algodão;

- Cortar as unhas do bebé para evitar maiores lesões na altura de coçar;

- Sempre que notar que o bebé tem mais comichão massajar a pele com hidratante.23

“Dr.ª, amanha estamos a pensar ir para o Azibo, que protector me aconselha?”

Quando se fala de exposição solar , devemos alertar que apesar de na maioria dos

casos a DA melhorar, esta deve ser cautelosa e progressiva. A forma galénica depende da

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40

zona a que se pretende aplicar, sendo os cremes bem adaptados à face e os leites ao restante

corpo. Aconselhei um fotoprotetor mineral com protecção máxima, sem perfume e resistente à

água, o da Avène.48

“Recentemente as lesões do meu filho têm agravado, que posso fazer DRª?”

Na altura quando observamos a criança, parecia apresentar erupção cutânea

variceliforme do pescoço sugestiva de eczema herpeticum, como tal, aconselhamos que o

menino fosse ver o seu médico para iniciar o tratamento antivírico oral. 51

Em termos de produtos, específicos, na FA o que mais aconselhávamos eram as linhas:

• A-Derma Exomega - Peles atópicas têm carência de ácidos gordos essenciais

(AGE), fundamentais à estrutura da camada hidrolipídica da pele que, entre outras funções,

exerce a função de barreira e de defesa. Exomega compensa a pele com Omega 6 (ácido

gordo essencial) e vitaminas B, dando-lhe emoliência e capacidade de defesa.49

Figura 11 – Protetor solar da Avène (adaptado de 48)

Figura 12 – A-Derma Exomega, peles atópicas, cuidados de banho (adaptado de 49)

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41

• Uriage Xémose - A linha Xémose da Uriage, esta especialmente indicada para:

peles muito secas normais ou com tendência atópica, bebés, crianças e adultos, rosto e

corpo.50

• • • • • • • • • Avène Xeracalm A.D. - Linha de cuidados especialmente desenvolvida para dar

resposta às peles atópicas com secura severa e prurido do bebé, da criança e da pele adulta.

Os laboratórios Avène desenvolveram os primeiros cuidados emolientes que actuam

directamente no prurido, para que a pele se sinta confortável, nutrida e suavizada.48

No sentido de informar acerca de algumas atitudes relativamente simples que podem

ajudar no dia-a-dia da criança com DA e os respectivos pais, elaborei um panfleto apresentado

em anexo (ver anexo 4).

Figura 13 – Uriage Xémose, nutrição de pele com tendência a atópica (adaptado de 50)

Figura 14 – Avène XeraCalm A.D., pele atópica com secura severa e prurido (adaptado de 48)

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42

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio na FA foi, sem dúvida alguma, uma experiência essencial no meu percurso

académico. Permitiu-me tomar consciência da realidade do sector e verificar que as farmácias

não são apenas um local de dispensa de medicamentos, mas sim espaços de saúde que

oferecem uma enorme diversidade de serviços.

Durante este quatro meses foi-me possível observar a confiança que os utentes têm no

farmacêutico, que é o profissional de saúde mais próximo e com o qual se sentem mais à

vontade para partilhar problemas de saúde, tornando ainda mais estimulante o estágio e a

vontade de aprender para poder corresponder a tudo isto.

Relativamente à DA, tema desenvolvido ao logo deste trabalho, sabe-se que ao

nascimento a pele ainda se encontra imatura estando mais sujeita as agressões externas,

no entanto, existem vários produtos e várias medidas que devem ser adotadas de modo a

evitar situações recorrentes.

Neste estágio, além de aplicar conhecimentos adquiridos na faculdade, todos os dias

me deparava com situações com as quais aprendia, situações essas que me enriqueceram não

só a nível profissional mas também a nível humano

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ANEXOS

Anexo 1 - Horários de trabalho

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Anexo 2 - Espaço físico da Farmácia Atlântico, área de atendimento ao público

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Anexo 3 - Panfleto sobre o colesterol

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Anexo 4 - Panfleto sobre Dermatite Atópica

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I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Atlântico

Janeiro de 2014 a Maio de 2014

Sílvia Raquel Fernandes do Cubo

Orientador : Dr.(a)Marta

____________________

Tutor FFUP: Prof. Doutor (a) Helena Vasconcelos

________________

SETEMBRO DE 2014

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II

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº

__________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de

Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na

elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo por

omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais

declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores

foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação

da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de

______

Assinatura: ______________________________________

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III

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família, por todo o apoio e incentivo sempre demonstrado ao longo de

todo este tempo, pela compreensão e atenção sempre dada nos meus desabafos diários e

por me ter possibilitado tirar este curso.

Aos professores por me terem transmitido todo o conhecimento ao longo destes 6 anos e

por, de uma maneira ou de outra, me terem ajudado a crescer.

À equipa dos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de Bragança pelo tempo que

dispensaram para me ajudarem a crescer como farmacêutico e por toda a paciência e

amizade demonstrados ao longo destes dois meses

À Dr.ª Ângela Aragão, por todo o apoio, toda a disponibilidade sempre demonstrada, todas

as oportunidades recebidas pelo convívio com o seu exemplo de excelente conhecimento

académico e humano.

A todos um muito obrigada!

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IV

ÍNDICE

1. Introdução ................................................................................................................................................ 1

2. Unidade Local de Saúde Do Nordeste, E.P.E. ................................................................................. 1

3. Serviços Farmacêuticos Hospitalares ............................................................................................. 2

3.1. Definições, competências e organização dos Serviços Farmacêuticos ..................................... 2

3.2. Responsabilidades e funções dos Serviços Farmacêuticos ........................................................... 2

3.3. Organização e localização do espaço físico e funcional dos Serviços Farmacêuticos ......... 2

3.5. Horário e funcionamento ............................................................................................................................. 4

3.6. Recursos Humanos ......................................................................................................................................... 4

4. Seleção, Aquisição e armazenamento de produtos farmacêuticos ...................................... 4

4.1. Gestão de stocks .............................................................................................................................................. 4

4.2. Seleção e aquisição ......................................................................................................................................... 5

4.3. Aquisição de estupefacientes ..................................................................................................................... 5

4.4. Produtos derivados do plasma humano ................................................................................................ 5

4.5. Medicamentos sujeitos a autorização casuística ............................................................................... 5

5. Sistema de distribuição de medicamentos ................................................................................... 8

5.1. Distribuição clássica ...................................................................................................................................... 9

5.2. Reposição de stocks por níveis .................................................................................................................. 9

5.3. Distribuição personalizada ...................................................................................................................... 11

5.4. Sistema de Distribuição individual diária em dose unitária ...................................................... 11

5.5. Distribuição automatizada de medicamentos .................................................................................. 13

5.6. Distribuição de medicamentos a doentes em ambulatório ........................................................ 14

5.7. Medicamentos sujeitos a um controlo especial ............................................................................... 15

6. Farmotecnia: Produtos e controlo de medicamentos ............................................................. 17

6.1.Preparação de formas farmacêuticas não estéreis ......................................................................... 18

6.2. Rembalagem de medicamentos ............................................................................................................. 19

7. Informação sobre medicamentos e outras actividades de Farmácia clinica .................. 20

7.1. Formulário Hospitalar Nacional de medicamentos ....................................................................... 21

7.2. Farmacovigilancia ........................................................................................................................................ 21

7.3. Farmacocinética clinica ............................................................................................................................. 22

7.4. Comissões ........................................................................................................................................................ 23

8. Considerações Finais .......................................................................................................................... 24

Referências bibliográficas ..................................................................................................................... 25

Anexos .......................................................................................................................................................... 27

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V

LISTA DE ABREVIATURAS

AVAC Aquecimento, Ventilação, Ar condicionado

BO Bloco Operatório

DCI Denominação Comum Internacional

FC Farmácia Comunitária

FHNM Formulário Hospitalar Nacional do Medicamento

Ig Imunoglobulina

RAM Reações Adversas do Medicamento

SDDDIU Sistema de Distribuição Diária em Dose Individual Unitária

SF Serviços Farmacêuticos

SNS Serviço Nacional de Saúde

UHB Unidade Hospitalar de Bragança

ULSNE Unidade Local de Saúde do Nordeste, E.P.E.

URF Unidades Regionais de Farmacovigilância

RCM Resumo de Características do Medicamento

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VI

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo I - Modelo de requisição que acompanha a nota de encomenda no caso

das substâncias Estupefacientes e Psicotrópicas 27

Anexo II - Impresso de uso obrigatório para Autorização Especial de

Medicamentos de Uso Humano 28

Anexo III - Algumas condições de armazenamento asseguradas nos Serviços

Farmacûticos da Unidade Hospitalar de Bragança 29

Anexo IV - Etapas do processo do SDDDIU 30

Anexo V - Benefícios operacionais do sistema de distribuição automatizada Pyxis 32

Anexo VI - Modelo de requisição/distribuição/administração de medicamentos

hemoderivados – “Via Farmácia” 34

Anexo VII - Modelo de requisição/distribuição/administração de medicamentos

hemoderivados – “Via Serviço” 35

Anexo VIII - Modo de funcionamento do Sistema Abbott Architect i2000sr System 36

Anexo IX - Trabalho realizado no âmbito do estágio em Farmácia Hospitalar

37

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1

1. INTRODUÇÃO

O farmacêutico hospitalar, como o próprio nome indica, é o especialista do medicamento

a nível hospitalar.

O estágio curricular em farmácia hospitalar surge como uma etapa fundamental na

formação do jovem farmacêutico, pois antecede a introdução no mercado de trabalho além de

nos oferecer um primeiro contacto com a realidade. Para além de cimentar todo o conhecimento

adquirido ao longo do curso, proporciona também uma preparação técnica, deontológica,

cientifica, ética e humana para o futuro.

Relativamente ao circuito do medicamento, o farmacêutico hospitalar é responsável pela

seleção, aquisição, supervisão do armazenamento e conservação dos medicamentos, assim

como de matérias-primas e outros produtos farmacêuticos. A manipulação e a preparação de

medicamentos são também áreas que competem ao farmacêutico hospitalar. A criação e

seleção de sistemas eficazes de distribuição de medicamentos recaem também sobre o

farmacêutico hospitalar assim como o controlo da documentação legalmente exigida tal como a

dispensa de acordo com a legislação em vigor.

É também responsável pela orientação de doentes internos e de ambulatório, ansiando

sempre a eficácia terapêutica e racionalização e custos.

No presente relatório descrevo, de forma sucinta, todas as actividades desenvolvidas ao

longo do estágio nos Serviços Farmacêuticos da Unidade Local de Saúde do Nordeste, E.P.E.-

Unidade Hospitalar da Bragança, que teve início no dia 1 de Fevereiro e terminou dia 31 de

Março, com carga horaria média diária de 8 horas.

2. UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DO NORDESTE, E.P.E.

As unidades locais de saúde são constituídas por centros de saúde e hospitais permitindo

a prestação de cuidados primários e cuidados diferenciados, respetivamente.

A Unidade Local de Saúde Do Nordeste (ULSN), E.P.E., foi criada pelo Decreto-Lei n.º

67/2011, de 2 de Junho e veio substituir o Centro Hospitalar do Nordeste, E.P.E. A criação da

ULSN surge no seguimento de um processo a nível nacional, iniciado em 1999 com a

constituição da Unidade local e saúde de Matosinhos, E.P.E.

A ULSN é formada nos cuidados especializados pelas Unidades Hospitalares de

Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela, e nos cuidados primários por todos os centros de

saúde do distrito de Bragança e o centro de saúde de Vila Nova de Foz Côa, sendo que este iria

deixar de fazer parte da ULSN, na altura do término do meu estágio.

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2

O meu estágio realizou-se nos Serviços Farmacêuticos da Unidade Hospitalar de

Bragança, Unidade esta composta por cerca de duzentas e sessenta camas distribuídas por

diversos serviços clínicos.

3. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS HOSPITALARES

3.1. Definições, competências e organização dos Serviços Farmacêuticos “Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares são o serviço que, nos hospitais, assegura a

terapêutica medicamentosa aos doentes, a qualidade, eficácia e segurança dos medicamentos,

integra as equipas de cuidados de saúde e promove acções de investigação científica e de

ensino.”

Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares são departamentos com autonomia técnica e

científica, sendo dirigidos por uma farmacêutica, com funções de directora técnica de serviço, a

Dr.ª Cristina Neto, sujeitos à orientação geral dos Órgãos de Administração dos Hospitais,

perante os quais respondem pelos resultados do seu exercício.1

3.2. Responsabilidades e funções dos Serviços Farmacêuticos Aos SF da ULSNE, compete uma boa prestação dos cuidados de saúde, assegurando a

qualidade, eficácia e segurança dos medicamentos. Aos SF cabem, então garantir o

fornecimento de medicamentos e outros produtos farmacêuticos a todos os doentes.

O Farmacêutico Hospitalar deve estar habilitado a assumir actividades clínico-

assistenciais, através da participação em equipas multiprofissionais de saúde, contribuindo para

a racionalização administrativa com consequente redução de custos.1,2

3.3. Organização e localização do espaço físico e funcional dos Serviços Farmacêuticos

Dependendo das actividades desenvolvidas pelos Serviços Farmacêuticos de cada

hospital, estes são constituídos por áreas funcionais: Seleção e Aquisição; Receção e

Armazenagem; Preparação; Controlo; Distribuição; Informação; Farmacovigilância,

Farmacocinética e Farmácia Clínica.

É importante uma correta organização e localização do espaço físico e funcional dos SF

pois permitirá uma maior rentabilização de tempo e uma diminuição de funcionários

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3

intervenientes no circuito medicamento, levando, isto, a uma melhoria na gestão financeira dos

serviços.

Tendo como linha orientadora o Manual de Boas Práticas de Farmácia Hospitalar, os SF

da Unidade Hospitalar de Bragança (UHB) concederam e planearam a localização e estrutura

física dos serviços, de forma a garantir uma gestão eficaz de todo o circuito do medicamento,

permitindo a sua distribuição rápida e ao mesmo tempo as condições básicas para a receção e

armazenagem dos mesmos.

A estrutura física dos SF da UHB divide-se em diversas áreas:

• Sala de receção e conferência de encomendas

• Armazém principal;

• Armazém dos soros;

• Armazém de produtos inflamáveis;

• Laboratório e sala de reembalagem- farmacocinética

• Sala de distribuição de dose unitária

• Sala de distribuição em ambulatório

• Gabinete da directora dos SF

• Serviços administrativos

• Câmara frigorifica

• Sala de reuniões

• Outros, como copa, zona de arrumação, instalações sanitárias e zona de vestiário.

É importante referir que o sistema AVAC ( "aquecimento, ventilação e ar condicionado"),

que mantém e permite controlar as condições ideais de conservação dos produtos, existe em

todos os locais destinados ao armazenamento de medicamento, ou produtos farmacêuticos, de

acordo com as Boas Praticas.

Relativamente à organização dos produtos, estes, encontram-se organizados em

prateleiras ou no frigorífico, ordenados por ordem alfabética da Denominação Comum

Internacional (DCI) e obedecendo ao princípio “First expired-First out”, dentro de cada secção.

Assim, existem secções diferentes de acordo com as características dos produtos farmacêuticos.

Por exemplo, temos a secção da Nutrição, dos medicamentos mais usados no Bloco Operatório,

dos antídotos, dos antimicrobianos, das Formas Farmacêuticas de aplicação tópica, Material de

Penso, Métodos Contraceptivos; benzodiazepinas, entre outros.

A sala de distribuição em dose unitária é o local onde se prepara as malas de medicação

em dose unitária aos doentes em regime de internamento, sendo que os medicamentos se

encontram embalados individualmente e guardados em gavetas por ordem alfabética do

princípio ativo, dose, e forma farmacêutica.

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4

Todos os requisitos da cadeia de frio são assegurados e os estupefacientes estão

armazenados num cofre ao qual apenas têm acesso as Farmacêuticas do Serviço, sendo

registados em impressos próprios todas as acções relativamente a estes.

3.5. Horário e funcionamento De segunda a sexta-feira das 9h-18h e sábado das 10h às 16h.

Existe um regime de prevenção, no qual um farmacêutico assegura uma eventual

necessidade de algum medicamento fora do normal horário de funcionamento.

3.6. Recursos Humanos Os Recursos Humanos são a base essencial dos SF hospitalares, pelo que são

necessários meios humanos, quer em quantidade, quer em qualidade, para que haja uma

otimização da gestão e um bom funcionamento do serviço.

Na UHB a equipa de profissionais dos SF é constituída por cinco farmacêuticas: Dr.ª

Ângela Aragão, Dr.ª Carla Martins, Dr.ª Cristiana Machado, Dr.ª Luísa Cristovão e Dr.ª Cristina

Neto (directora técnica); três técnicos de Diagnóstico e Terapêutica: D. Manuela, Sr. Miguel, Sr.

Nelson; duas Assistentes Técnicos: D. Raquel e D. Filomena e ainda três assistentes

Operacionais: D. Jacinta, D. Lurdes e Sr. André.

4. SELEÇÃO, AQUISIÇÃO E ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS

FARMACÊUTICOS

4.1. Gestão de stocks A gestão de medicamentos é o conjunto de procedimentos realizados pelos SF, que

garante o bom uso e dispensa dos medicamentos em perfeitas condições aos doentes do

hospital, tanto em quantidade como em qualidade mas também com o menor custo global.1

SF são responsáveis pela manutenção de um equilíbrio de existências que permita

satisfazer as necessidades terapêuticas dos doentes. Este equilíbrio evita assim a rutura de

stocks, que coloca em causa a qualidade do tratamento prestado aos doentes, assim como a

sua acumulação, que leva a um empate de capital, aumento dos custos de armazenamento e

conservação dos medicamentos e dos riscos de perda por validade expirada.

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Os SF da UHB são responsáveis pela aquisição, seleção, armazenamento e distribuição

de todos os produtos farmacêuticos destinados às unidades de cuidados primários de todo o

distrito de Bragança.

4.2. Seleção e aquisição A seleção de medicamentos e produtos farmacêuticos utilizados em meio hospitalar é

realizada com o objetivo de adquirir produtos da melhor qualidade, ao menor custo e que melhor

se adequem às necessidades terapêuticas dos doentes de internamento ou de ambulatório.1,3

Esta seleção, competência dos SF, deve ter por base o Formulário Hospitalar Nacional de

Medicamentos (FHNM)

Na UHB, esta função é assegurada pela Diretora dos SF.

A aquisição de produtos farmacêuticos é realizada em articulação entre os Serviços

Farmacêuticos e o Departamento de Compras e Logística.

4.3. Aquisição de estupefacientes A aquisição de psicotrópicos e estupefacientes obedece a normas próprias, segundo o

Decreto-Lei n.º 61/94 de 12 de Outubro, que regulamenta o Decreto de Lei n.º 15/93, de 22 de

Janeiro.

Os SF elaboram um pedido de compra, com base na média mensal de consumos e stocks

existentes. Esta aquisição implica que seja enviado, juntamente com a nota de encomenda, o

original e duplicado do Anexo VII-modelo n,º 1506 da INCM (ver anexo I), carimbado e assinado

pela Diretora dos SF. Após ter sido carimbado e devolvido, o documento original é arquivado e o

duplicado fica na pose do fornecedor.

Cada requisição só pode ser utilizada para um tipo de substância.4,5

4.4. Produtos derivados do plasma humano Os medicamentos derivados do Plasma Humano como por exemplo a albumina,

imunoglobulinas e concentrados de fatores de coagulação de origem humano, normalmente

estão associados a elevados custos, logo, é frequente recorrer-se a concursos.6,7,8

4.5. Medicamentos sujeitos a autorização casuística Uma vez que se trata de um processo a nível interno irá depender das características de

cada hospital.

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Na UHB, os medicamentos com mais representatividade são os antibióticos, cujo uso

pouco controlado poderá levar ao aumento da resistência aos antibióticos, e os medicamentos

associados a elevados custos de aquisição. Neste sentindo, durante o estágio desenvolvi um

trabalho sobre anti-infeciosos, no qual tiver de ver todos os anti-infeciosos que se usavam na

UHB e trata-los, individualmente, relativamente às suas vias de administração,

incompatibilidades físico-químicas, espectro bacteriano, uso clinico, reacções adversas, contra-

indicações, reconstituição, diluição/administração e estabilidade após reconstituição, (ver

segunda parte do relatório).

Apesar de alguns medicamentos serem mais controlados devido a uma racionalização de

custos, em nenhuma situação é posta em causa o acesso por partes dos doentes à

farmacoterapia que melhor se adeque à situação clínica.

Alguns exemplos de medicamentos que só podem ser adquiridos sob consentimento do

Diretor Clínico da UHB são; Meropenem, Tenofir, Etecavir, Golimubab, entre outros.

4.5.1. Medicamentos de autorização de utilização especial

Por vezes é necessário adquirir medicamentos que não são comercializados em Portugal,

para o tratamento de determinadas patologias, sendo necessário uma Autorização de Utilização

Especial (AUE). Os medicamentos não sendo comercializados a nível nacional não possuem

Autorização de Introdução no Mercado (AIM), no entanto, encontram-se autorizados noutros

países sendo necessária a sua importação. Para tal, é necessário que a Instituição Hospitalar

envie ao INFARMED um pedido de AUE do medicamento de uso humano devidamente

autorizado pelo Diretor Clínico (Anexo II). Após avaliação do pedido, o INFARMED emite uma

AUE sendo o medicamento encomendado ao laboratório consignatário ou diretamente ao país

de origem. Exemplos destes medicamentos são o Metoprolol 5mg IV, a Metilergotamina 200μg

IV e o Nitroprussiato de Sódio 50mg IV.9,10

Da AUE deve constar a identificação do estabelecimento de saúde autorizado a utilizar o

medicamento, bem como a identificação deste, incluindo a composição quantitativa e qualitativa

e forma farmacêutica, bem como o prazo de validade e o número de unidades autorizadas. Esta

autorização poderá ser atribuída a um medicamento caso não existam em Portugal

medicamentos similares aprovados com composição qualitativa e quantitativa semelhante de

substância ativa, forma farmacêutica; ou, caso existam e não estejam a ser comercializados

conforme declaração do titular de AIM. A AUE pode também ser atribuída caso o medicamento

seja necessário para dar resposta à propagação atual ou potencial, de agentes patogénicos,

toxinas, agentes químicos, ou de radiação nuclear, susceptíveis de causar efeitos nocivos; e

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ainda em casos excecionais em que medicamento é adquirido pelos SF e dispensados a um

doente específico.10,11 As AUE têm um prazo de utilização de 12 meses.

4.5.2. Aquisição de produtos urgentes

Por vezes, devido a rutura de stocks (prescrição elevada de um determinado medicamento

ou atraso na entrega por parte do fornecedor), leva a aquisição por este processo, no qual se faz

pedido de empréstimo a outro Hospital ou compra-se o produto a uma farmácia Comunitária, de

modo a assegurar a maior rapidez o medicamento necessário.

4.5.3. Receção, conferência e armazenamento de encomendas/produtos farmacêuticos

Aquando do momento da entrada dos produtos farmacêuticos nos SF, é imperioso garantir

que os produtos satisfazem os requisitos de qualidade, segurança e eficácia. Estes processos

são feitos pelos TDT (Técnicos de Diagnostico e Terapêutica), excetuando os psicotrópicos que

no ato da receção da encomenda, o farmacêutico deve verificar, se juntamente com o produto

encomendado vem o original do Anexo VII-modelo nº1506 da INCM- (Anexo I), devidamente

carimbado pelo laboratório fornecedor e assinado pelo Diretor Técnico, o qual, é, posteriormente,

arquivado em dossier próprio. Quando o original do impresso não vem com a encomenda, o

laboratório fornecedor envia-o posteriormente pelo correio. Também os derivados do plasma ou

sangue humanos são conferidos por um farmacêutico. Este deve verificar sempre se a

encomenda de Hemoderivados se faz acompanhar da Guia de Remessa/Fatura e do Certificado

de Autorização de Utilização de Lote de Fabrico emitido pelo INFARMED. É fundamental

verificar ainda se o lote enviado corresponde ao lote referido no respetivo certificado emitido pelo

INFARMED. Estes documentos são arquivados em pasta própria, nos SF. Neste processo, os

produtos termolábeis tem prioridade.

Durante o estágio, tive a oportunidade de realizar a conferência de encomendas, com

supervisão superior. Este processo consiste em várias etapas: inicialmente verifica-se se o

produto é destinado à UHB através do nº da nota de encomenda no programa informático,

seguidamente confirma-se se o produto recebido corresponde ao pedido e a integridade das

embalagens. Posteriormente, deve-se quantificar os produtos (à unidade) e verificar o lote e

prazo de validade, sendo que estes três últimos parâmetros são registados na fatura/guia de

remessa assim como a data e a assinatura de quem fez a conferência das encomendas, para

posteriormente os serviços administrativos procederem ao seu registo informático e actualização

do stock.

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Por fim, o original da fatura/guia de remessa é enviado para o Departamento de Compras e

Logística para posterior liquidação pelos Serviços Financeiros.

O armazenamento de medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos deve

ser feito de modo a garantir as condições necessárias de espaço, luz, temperatura, humidade e

segurança. As condições ambientais adequadas incluem a temperatura inferior a 25°C, proteção

da luz solar direta e humidade inferior a 60%. Os medicamentos termolábeis devem estar

armazenados a uma temperatura entre 2°C e 8°C. (Manual de Farmácia Hospitalar).

O controlo da temperatura e humidade é feito diariamente pela farmacêutica responsável,

pelo registo dos valores destes parâmetros (sob a forma de gráficos), das diversas divisões dos

SF que contenham medicamentos: ambulatório, laboratório de farmacotecnia, sala de unidose,

armazém, receção de encomendas, sala de soros, armazém dos produtos inflamáveis e todos os

equipamentos de refrigeração, a câmara frigorífica e mais dois frigoríficos. Existem produtos que

necessitam de condições especiais de armazenamento, quer seja pelas características físico-

químicas, ou por razões de segurança. Nos SF da Unidade Hospitalar de Bragança são

asseguradas algumas condições de armazenamento (ver anexo 3).

Em todos os locais de armazenamento, os produtos farmacêuticos estão ordenados por

ordem alfabética, segundo a denominação comum internacional, dosagem e forma farmacêutica.

A disposição dos medicamentos no seu local de armazenagem tem por base a regra “First

expired - First out”, cujo cumprimento assegura uma correta gestão dos stocks tendo em contas

os prazos de validade. Neste contexto, são feitas auditorias mensais para avaliar os prazos de

validade. A fim de evitar uma perda económica, em caso de prazo de validade expirado, os SF

contactam o laboratório fornecedor para pedir crédito corresponde ao valor do produto, ou então

troca do mesmo. Caso tal solução não se verifique, procede-se à inutilização da totalidade do

produto de prazo de validade ultrapassado o que acarreta um prejuízo monetário.

Durante o estágio realizei controlo mensal dos prazos de validade de alguns

medicamentos do armazém, dos carros da Unidade de Doente Crítico e Bloco Operatório,

registando numa folha própria o prazo de validade mais baixo de cada e retirando os

medicamentos prestes a passar de validade.

5. SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS

A distribuição de medicamentos é a função central dos SF hospitalares, sendo o elo de

ligação deste serviço com os restantes serviços clínicos do hospital, como tal, é um longo

processo que deve ser estudado em parceria com o serviço clínico, de acordo com as suas

características de forma a assegurar as exigências específicas de cada tipo de serviço e permitir

uma racionalização da terapêutica.3

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De acordo com o Manual de Farmácia Hospitalar, a distribuição de medicamentos tem

como objetivos:

• Garantir o cumprimento da terapêutica prescrita;

• Racionalizar a distribuição dos medicamentos;

• Assegurar a correta administração do medicamento;

• Diminuir os erros associados à medicação (troca da via de administração, erros de

doses, etc.);

• Monitorizar a terapêutica;

• Reduzir o tempo dispensado pelo pessoal de enfermagem às tarefas administrativas e

manipulação de medicamentos;

• Racionalizar os custos com a terapêutica.1

Na distribuição de medicamentos a nível hospitalar, segundo as Boas Práticas em

Farmácia Hospitalar (1999) do Colégio da Especialidade da Ordem dos Farmacêuticos devem

ser consideradas:

1. A distribuição a doentes em regime de internamento (Sistema de Reposição de Stocks

Nivelados, Sistema de Distribuição Individual Diária em Dose Unitária);

2. A distribuição a doentes em regime de ambulatório;

3. A distribuição de medicamentos sujeitos a legislação especial, (estupefacientes,

psicotrópicos, benzodiazepinas, hemoderivados e medicamentos em ensaio clínico).

5.1. Distribuição clássica A distribuição clássica foi o primeiro sistema de distribuição a ser adotado no meio

hospitalar. Este sistema consiste na reposição de um stock não fixo de medicamentos ou outros

produtos farmacêuticos, cujas quantidades são preestabelecidas com base nas necessidades do

serviço requisitante, para um determinado período de tempo. Isto, é controlado pelos

enfermeiros sendo estes os responsáveis por fazer o pedido dos produtos em falta que será

depois aviado pelos SF.

5.2. Reposição de stocks por níveis Este sistema assenta na existência de um stock qualitativo e quantitativo fixo, em que há

reposição de stocks nivelados de medicamentos, que é estabelecido de acordo com as

patologias habitualmente tratadas nesse serviço clínico e em comunicação entre o farmacêutico,

o enfermeiro chefe. A quantidade é definida em função do consumo médio e deve ser suficiente

para o período de tempo compreendido entre duas reposições. A periocidade de reposição é

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acordada entre os vários profissionais de saúde e deve ser estabelecida em função do consumo

de stocks, ou seja, das características do serviço clínico.

5.2.1. Armazenamentos de recursos

Os armários de recurso estão localizados nas enfermarias de cada serviço clínico e

contêm um determinado stock predefinido de medicamentos.

Quando há um consumo de algum destes medicamentos, o pessoal de enfermagem

preenche em impresso próprio a quantidade consumida por doente e envia para os SF, para

procederem à reposição dos medicamentos em falta.

5.2.2. Bloco operatório

Este serviço clínico possui dois carros, encontrando-se sempre um nos SFH e outro no

respetivo serviço. A contagem e reposição dos stocks dos medicamentos existentes nestes

carros são feitas três vezes por semana pela farmacêutica responsável. Durante o estágio fiz

contagem e reposição dos stocks de medicamentos de ambos os carros. Esta atividade permitiu

familiarizar-me com os medicamentos existentes nos SFH, conhecer melhor o armazém, e

compreender a medicação mais habitual para cada um dos serviços.

5.2.3. Carros de emergência

Os “carros de emergência” são estruturas móveis onde se encontra um conjunto de

equipamentos, fármacos e outros materiais, indispensáveis para a reanimação cardio-

respiratória. Devem existir em todas as salas de emergência de todos os serviços de urgência da

Rede (Despacho nº 5414/2008 de 28 de Fevereiro) bem como em todas as unidades do sistema

de saúde que lidam com doentes agudos ou com doenças crónicas que possam agudizar.

A organização dos fármacos e do material deverá ser adaptável às características físicas

do “carro de emergência”, considerando-se, sempre, a facilidade de acesso rápido e com menor

probabilidade de erro.

Os carros devem permanecer selados e, quando são abertos, os medicamentos utilizados

devem ser imediatamente repostos, e os carros selados novamente. Esta situação deve ser

registada em Folha de Controlo de Registo, preenchida cada vez que o carro é aberto. Após a

administração de medicação existente no carro de emergência, a enfermagem envia uma

requisição discriminando os produtos em falta aos SF. Estes fazem a reposição da medicação o

mais rapidamente possível.

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Aos SF compete a responsabilidade pela auditoria periódica dos “carros de emergência” e

seus registos, sem pré-aviso e com registo dos resultados e também o controlo dos prazos de

validade dos medicamentos os integram.

Quando se verifica que existe medicação próxima do limite da validade, é retirada e

reposta. Uma vez que o carro foi aberto, esta situação fica também registada na Folha de

Controlo de Registo. Acompanhei este procedimento no final do mês de Fevereiro, em carros de

emergência de diversos serviços clínicos, nomeadamente, Unidade do Doente Crítico, Urgência

Pediátrica e Consultas Externas.

5.3. Distribuição personalizada Esta distribuição tem por base o preenchimento de folha própria, com indicação do doente,

serviço clínico e justificação do seu uso, devidamente assinada pelo médico. Uma vez recebida

pelos SF, estes procedem à sua dispensa. Este método permite relacionar o doente com a

terapêutica, vigiar o cumprimento de protocolos e utilizar o sistema de justificação para

medicamentos com características especiais (como por exemplo, extra-formulários e

antibióticos).

5.4. Sistema de Distribuição individual diária em dose unitária Este sistema de distribuição permite racionalizar a distribuição dos medicamentos, diminuir

os erros relacionados com a medicação, incluindo interações medicamentosas, reduzir o tempo

dispensado pelos enfermeiros na gestão dos medicamentos e custos associados ao processo.

Assim, a distribuição individual diária em dose unitária é o sistema de eleição e imperativo legal

em qualquer hospital não só pela sua segurança, mas também por ser mais rápido para o

doente e por reduzir os custos para a instituição No sistema de distribuição individual os

medicamentos são dispensados em dose unitária, por doente e de acordo com o seu perfil

farmacoterapêutico para um período, normalmente, de 24 horas durante a semana, 48 horas se

feriado e fins-de-semana, sendo centralizado o processo de preparação.2

Permite uma participação ativa do Farmacêutico com a equipa hospitalar de saúde.

Pretende-se que o medicamento chegue ao doente certo, na dose, via e hora correta levando

assim uma redução dos erros de medicação, maior racionalização da terapêutica, garantia do

cumprimento da prescrição, maior controlo da duração da terapêutica por parte do Farmacêutico,

redução dos custos e dos desperdícios contribuindo para uma melhoria da qualidade de vida. É

um sistema de distribuição muito vantajoso para um hospital, pois neste sistema há um maior

controlo dos medicamentos.

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Este sistema de distribuição permite que o farmacêutico intervenha na farmacoterapia e de

certa forma na farmacovigilância, uma vez que é responsável pela interpretação e validação da

prescrição médica online, originando a elaboração do perfil farmacoterapêutico.

No processo de validação, o farmacêutico deve estar atento a diversos fatores como

interações medicamentosas, alergias, à posologia prescrita de forma a garantir a segurança,

eficácia e qualidade da terapêutica instituída. Por outro lado, os antibióticos merecem especial

atenção no que diz respeito à justificação para a sua prescrição. Contudo, os SF não têm

acessos a dados clínicos e laboratoriais do doente, como por exemplo, antibiogramas. Em caso

de qualquer dúvida, o problema deve ser resolvido por contacto direto com o médico prescritor.

Muitas são as tarefas da responsabilidade do farmacêutico que este tipo de distribuição

impõe: o controlo da medicação prescrita (presença ou não dos medicamentos no FHNM ou

respetiva Adenda); a verificação da medicação prescrita (dose, frequência de administração,

duração do tratamento) de modo a evitar a ocorrência de erros; revisão dos tratamentos

farmacoterapêuticos para a identificação de casos de duplicação terapêutica; procura de

interações alertando, se necessário, o médico para que proceda às respetivas alterações

farmacológicas e promover o uso racional dos antibióticos. Deste modo, o Farmacêutico

desempenha um papel interventivo, podendo participar nas decisões terapêuticas.

Na Unidade Hospitalar de Bragança, este sistema abrange todos os serviços clínicos,

exceto a Urgência, a Unidade do Doente Crítico e Bloco Operatório. Este sistema pressupõe

várias etapas (ver anexo IV).

É importante referir que existem alguns medicamentos que, pelas suas caracteristicas, não

são distribuidos por este sistema, como soros, produtos de frio, material de penso, entre outros.

Este sistema apresenta vantagens como:

Acesso ao perfil farmacoterapêutico do utente e monitorização da terapêutica;

Participação ativa do Farmacêutico no circuito do medicamento, para deteção de falhas e

comunicação com o médico prescritor do serviço.

Utilização racional do medicamento com benefícios quer para a saúde do utente, quer

para o próprio hospital, que sofre uma redução de custos;

Monitorização da terapêutica, alertando o médico do serviço, para possíveis alterações

de dosagens e de tempos de prescrição;

Maior disponibilidade dos enfermeiros no acompanhamento ao utente (não há perda

tempo com a preparação de medicamentos, nem com transcrição de prescrições).

Contudo existem também algumas desvantagens entre as quais: necessidade de meios

tecnológicos e informáticos, exigência de maior número de profissionais de saúde qualificados e

necessidade de um grande espaço físico.

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Durante o estágio, acompanhei diversas vezes as farmacêuticas nas validações das

prescrições médicas e durante alguns dias ficou a meu encargo a preparação das malas de

cirurgia homens e mulheres, efectuando, todos os dias, o descrito no passo 3. Estas atividades

foram, sem dúvida, muito enriquecedoras, pois permitiram-me perceber o perfil

farmacoterapêutico do doente, em cada situação clínica, aplicando conhecimentos que me foram

transmitidos durante o curso.

5.5. Distribuição automatizada de medicamentos A distribuição automática de medicamentos é tida, atualmente, como uma ferramenta para

garantir a qualidade, segurança e eficácia do medicamento, em todo o seu circuito num hospital,

desde a sua receção até à administração ao doente. Desde logo, a automatização requer a

existência de prescrição eletrónica de modo a permitir uma intercomunicação entre o profissional

prescritor, os serviços farmacêuticos e o profissional responsável pela administração.

Na ULSNE, no âmbito da distribuição automática de medicamentos recorreu-se aos

armários informatizados para o armazenamento e distribuição de medicamentos - Pyxis®.

O sistema Pyxis® MedStation® é um sistema de gestão automatizada de medicação que

permite a retirada da medicação após prescrição médica, e identificação do enfermeiro através

de biometria.

Os Pyxis® são armazéns semiautomáticos dos SF que se encontram distribuídos pelos

serviços clínicos, havendo uma consola central nos SF que controla todos os outros. Estes

armazéns compreendem um conjunto de gavetas e armários controlados eletronicamente,

constituindo assim um sistema inovador na dispensa de medicamentos. Cada armazém possui

um determinado stock fixo de medicamentos, tendo em conta os consumos dos serviços

abrangidos.

Cada armário é constituído por um conjunto de gavetas que permitem a gestão de

medicamentos com diferentes tipos de segurança – máxima, média e mínima. As gavetas de

segurança máxima são utilizadas em medicamentos como os estupefacientes e psicotrópicos,

em que o profissional de saúde só tem acesso ao medicamento de acordo com o número de

unidades prescritas. No que diz respeito às gavetas de segurança média, o profissional de saúde

tem acesso ao medicamento e à quantidade existente no momento. Por último, nas gavetas de

segurança mínima o profissional de saúde tem acesso a todos os medicamentos e às

quantidades existentes.

A utilização do Pyxis®, além de possibilitar o conhecimento do perfil farmacoterapêutico do

doente, melhora substancialmente o circuito do medicamento, no que diz respeito a gestão de

stocks. Esta gestão revela-se como ferramenta útil para o aumento da segurança e da qualidade

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do processo de distribuição de medicamentos, contribuindo para a melhoria da gestão clínica

farmacoterapêutica e logística do circuito do medicamento.12

Durante o meu estágio tomei conhecimento de todo o funcionamento do Pyxis® assim

como realizei a reposição diária dos Pyxis®.

5.6. Distribuição de medicamentos a doentes em ambulatório A dispensa de medicamentos em regime de ambulatório pelos SF resulta da necessidade

de vigilância e controlo de determinadas patologias crónicas e respetivas terapêuticas

medicamentosas, de uso hospitalar, devido aos efeitos secundários graves, da necessidade de

garantir a adesão à terapêutica e ainda pelo fato da comparticipação de certos fármacos só ser

total se estes forem dispensados pelos SF.1 Para além disto, este sistema de distribuição de

medicamentos é essencial para a redução do tempo de internamento, assim como dos custos a

ele associados, funciona também como uma plataforma de transição entre o internamento e o

tratamento domiciliário.3

Por outro lado, os SF podem dispensar medicamentos ao público em geral em casos de

emergência, em que esta dispensa não é assegurada pelas farmácias comunitárias, como seja

um medicamento esgotado. Desde que não seja um medicamento de uso exclusivo hospitalar,

os serviços farmacêuticos hospitalares podem vender o medicamento a preço de custo ao

doente. Nesta situação, a receita deve ser carimbada por, pelo menos, duas Farmácias

Comunitárias referindo que o medicamento está esgotado.

Durante o meu estágio, relativamente a este tipo de distribuição, estive na observação em

relação ao modo como é prestada a informação e feito o aconselhamento ao doente, métodos

usados utilizados para promover a adesão à terapêutica, e procedimentos administrativos

necessários. Ainda neste campo, pesquisei relativamente à em vigor que dá suporte a este tipo

de distribuição, como, factores que justificam esta vigilância (características da patologia, maior

potencial de efeitos secundários dos fármacos utilizados no seu tratamento e elevado valor

económico), situações em que se procede à dispensa gratuita de medicamentos, situações em

que se procede à venda de medicamentos.

Na Unidade Hospitalar de Bragança, os casos abrangidos pelo regime especial de

comparticipação são:

• Artrite Reumatóide, Espondilite Anquilosante, Artrite psoriática, artrite idiopática juvenil

poliarticular e psoríase em placas

• Doentes insuficientes renais crónicos

• Esclerose lateral aminotrófica (ELA)

• Hepatite B e C

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• Esclerose múltipla

• Planeamento familiar

• Oncologia/urologia

A dispensa de medicamentos é efetuada mediante prescrição médica, em suporte

informático, conforme o modelo de receita médica obrigatória para cada tipo de patologia. Por

exemplo, as receitas destinadas à dispensa de medicamentos a insuficientes renais crónicos

devem conter a inscrição “Doente Renal Crónico”. Por outro lado, no caso de artrite reumatóide,

espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite idiopática juvenil poliarticular e psoríase em

placas, a receita deve fazer referência ao Despacho n.º 17503-A/2011, de 29/12 e Despacho n.º

14242/2012, de 25/10 e deve ser prescrita por um médico especialista e certificado. Durante o

estágio procedi à dispensa de medicamentos a doentes em regime de ambulatório, sob

supervisão superior.

No âmbito da Circular normativa 01/CD/2012, no ato da dispensa o farmacêutico deve

confirmar a identidade do utente, o nº do cartão do utente e este deve assinar o termo de

responsabilidade, bem como a receita. Por outro lado, quando não é o próprio doente que

levanta a medicação, deve-se confirmar igualmente o nº do cartão de utente e proceder à

identificação da pessoa presente pelo respetivo nº do cartão de cidadão e este assina a receita

caso não esteja assinada pelo próprio doente.

Aquando da dispensa nos SF da UHB procede ao registo em folha própria de alguns

medicamentos, como no caso de Artrite Reumatóide, ELA, Hepatite C, Esclerose Múltipla e

medicamentos do foro oncológico, como leuprorrelina e triptorrelina. Além disso, este é o

momento ideal para o farmacêutico hospitalar prestar informação ao doente sobre a sua

terapêutica e esclarecimento de dúvidas deste.

5.7. Medicamentos sujeitos a um controlo especial Os medicamentos que, por força da legislação, tenham condições especiais de segurança

encontram-se sujeitos a controlo especial durante as várias fases do seu circuito seja devido as

suas especificidades, quer seja por possibilidade de uso ilícito, por elevado impacto económico

ou por toxicidade elevada. Entre esses medicamentos destacam-se os Estupefacientes,

Psicotrópicos e Hemoderivados.

5.7.1. Estupefacientes e psicotrópicos

Estupefacientes e Psicotrópicos (E/P) são medicamentos com ação sobre o Sistema

Nervoso Central que, por criarem fenómenos de tolerância, dependência física e psíquica e

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alteração comportamental, estão sujeitos a legislação especial durante todo o circuito do

medicamento, assim como fiscalização por parte do INFARMED.13-17

Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos encontram-se regulamentados por

legislação específica, que torna muito apertada a sua dispensa e controlo, de modo a evitar o

seu uso abusivo e atividades ilícitas a eles associadas.

O Decreto Regulamentar nº 61/94 de 12 de Outubro regulamenta a utilização destes

produtos em termos de saúde. A Portaria nº 981/98 permite a execução de medidas de controlo

na aquisição e dispensa de produtos estupefacientes e psicotrópicos, através da implementação

de um conjunto de formulários que permitem o controlo da circulação deste tipo de produtos.18

No Serviço Clínico existe um stock fixo previamente estabelecido entre o Diretor do Serviço

Clínico, o Chefe de Enfermagem e o Responsável dos Serviços Farmacêuticos. A reposição do

stock é feita de acordo com a quantidade administrada mediante as necessidades do serviço. A

requisição destes produtos para administração dentro do hospital carece de requisição escrita

através do Anexo X - modelo nº 1509 da Imprensa Nacional da Casa da Moeda, cujo formato se

encontra especificado na Portaria 981/98 de 18 de Setembro, com as alterações introduzidas

pela portaria nº 1193/99 de 6 de Novembro.14

A requisição destina-se apenas a uma especialidade farmacêutica e pode incluir um ou

mais doentes aos quais foi prescrito o mesmo fármaco. Esta requisição quando chega aos SF

deverá estar devidamente preenchida com a identificação do Serviço (nome ou código

informático), identificação do medicamento (por DCI e com indicação da respetiva forma

farmacêutica e dosagem), identificação do doente, quantidade requisitada por utente e

quantidade requisitada no total, rubrica do Enfermeiro que a administra, data, assinatura e

número mecanográfico do Diretor do Serviço ou seu legal substituto e data. Quando as

requisições chegam aos SF, o Farmacêutico confere a conformidade da prescrição, registando

para cada fármaco: Nº de registo; quantidade fornecida numericamente e por extenso;

assinatura e nº mecanográfico do farmacêutico responsável pela dispensa e a data.

A numeração, feita de forma sequencial, bem como o nome, código e quantidade do

medicamento dispensado, a data e o serviço são transcritos para folha própria. Esta permite

assegurar um maior controlo e debitar informaticamente os medicamentos dispensados no stock

da farmácia pelos serviços administrativos.

Nos Serviços requisitantes, o Enfermeiro confirma a receção dos produtos assinando no

local próprio indicando também o seu número mecanográfico e a data. A requisição é depois

devolvida e arquivada nos SFH. A requisição é sempre feita em duplicado e estes documentos

são arquivados nos Serviços Farmacêuticos. Os medicamentos sujeitos à requisição referida

mais usados na UHB são: Fenobarbital, Fentanilo, Morfina, Petidina e Remifentanil, sendo que

durante o estágio tive oportunidade de acompanhar este processo.

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17

No caso do sistema Pyxis®, esta requisição não é necessária, pois este sistema permite a

impressão de relatórios sobre os movimentos dos estupefacientes que são armazenados em

pasta própria pelos SF. Este procedimento é realizado apenas sob a devida autorização do

Infarmed, que assim exclui a necessidade de usar o Anexo X - modelo nº 1509 da INCM.

5.7.2.Hemoderivados

Hemoderivado é um medicamento preparado à base de componentes de sangue,

nomeadamente a albumina, os concentrados de factores de coagulação e as imunoglobulinas de

origem humana.11 O facto de estes medicamentos poderem ser vetores de doenças infeciosas

transmissíveis pelo sangue, faz com que a sua dispensa seja realizada de uma forma muito

controlada e regulamentada por legislação muito específica.19

Como forma de averiguar uma possível relação de causalidade entre a administração de

Hemoderivados e a deteção de doença infeciosa transmissível pelo sangue estabeleceu-se que

seria indispensável um registo de todos os atos de requisição clínica, distribuição aos serviços e

administração aos doentes dos medicamentos derivados do plasma humano. Assim, e de acordo

com o Despacho conjunto n.º 1051/2000, de 14 de Setembro, sobre o Registo de medicamentos

derivados de plasma, todos os atos de requisição clínica, distribuição aos serviços e

administração aos doentes de todos os medicamentos derivados do plasma humano utilizados

nos estabelecimentos de saúde devem ser registados num impresso próprio, modelo nº 1804

INCM, constituída por duas vias "Via farmácia" (Anexo VI) e "Via serviço" (Anexo VII). Assim o

clínico responsável deve proceder à requisição de Hemoderivados, preenchendo os Quadros A e

B do referido impresso. A requisição é depois enviada aos Serviços Farmacêuticos para estes

procederem à dispensa e o Farmacêutico que deve preencher o Quadro C. Seguidamente a

receção da medicação é validada com a assinatura e nº mecanográfico do elemento da

enfermagem responsável pela mesma, sendo que aquando da administração desta medicação

ao doente o enfermeiro deve ainda preencher o Quadro D. A “via farmácia” é, depois, arquivada

nos Serviços Farmacêuticos sendo a “via serviço” enviada para a enfermaria e arquivada no

processo clínico do doente.19

6. FARMOTECNIA: PRODUTOS E CONTROLO DE MEDICAMENTOS

A Farmacotecnia é o sector dos SF onde é efectuada a preparação de formulações de

medicamentos necessários a Unidade Hospitalar e que não se encontram disponíveis no

mercado.

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18

A existência do sector de farmacotecnia permite assegurar e garantir em linhas gerais

uma:

1. Maior qualidade e segurança na preparação de medicamentos para administrar aos

doentes;

2. Resposta às necessidades específicas de determinados doentes, colmatando situações

onde não existe disponibilidade por parte do mercado fornecedor – ex. componentes

medicamentosos não tolerados pelo doente; dosagens inadequadas; formas

farmacêuticas inexistentes e associações de substâncias ativas não disponíveis nos

mercados.

3. Redução significativa no desperdício relacionado com a preparação de medicamentos;

4. Uma gestão mais racional de recursos.

Atualmente, a preparação de manipulados nos SF destina-se a resolver situações

específicas que não são solucionadas com as especialidades farmacêuticas comercializadas,

serve assim como uma forma de personalização da terapêutica, de acordo com as necessidades

de determinado doente.20

As preparações supra enunciadas dirigem-se na sua grande maioria a:

Recém-nascidos.

Doentes pediátricos.

Doentes idosos.

Doentes com patologias especiais – nomeadamente Oncológicas.

Atualmente a produção de medicamentos nos SF da UHB é realizada em pequena escala,

limitando-se à manipulação de formas farmacêuticas não estéreis e reembalagem de

medicamentos.

6.1.Preparação de formas farmacêuticas não estéreis O Farmacêutico ao preparar um medicamento manipulado deve assegurar-se da qualidade

da preparação, observando para o efeito as boas práticas e ainda verificar a segurança do

medicamento, no que respeita às doses da ou das substâncias ativas e à existência de

interações que ponham em causa a ação do medicamento ou a segurança do doente, segundo o

Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de Abril, que Regula a prescrição e a preparação de

medicamentos manipulados.

Aquando da preparação de uma fórmula farmacêutica é necessário que o Farmacêutico

preencha: a ficha de Preparação de Manipulados, a ficha de Registo de Movimento de Matérias

Primas, a ordem de registo de medicamentos manipulados e o registo de movimentos.

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19

É fundamental referir que todas as matérias-primas se devem fazer acompanhar por um

Certificado de Análise nos quais os parâmetros analisados deverão estar conforme o

estabelecido. Durante a manipulação são adotadas medidas mínimas de higiene, como

utilização de luvas e máscara. Geralmente, são os Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica que

procedem à preparação dos manipulados, contudo sempre sob a supervisão de um

Farmacêutico.20

Nos SF da UHB os manipulados que mais se fazem são: álcool a 50% e 60%, Soluto de

Lugol, Solução Aquosa de Ácido Acético 3%,Solução Aquosa de Ácido Tricloroacético, Colutório

para Gargarejar -“Saliva artificial” e Solução Oral de Trimetoprim 1% e papéis farmacêuticos de

Sulfato de Magnésio.

No decorrer do estágio assisti e participei na preparação de Suspensão Oral de

Trimetropim a 1% e papéis farmacêuticos de Espiramicina.

6.2. Rembalagem de medicamentos A reembalagem de medicamentos sólidos orais (comprimidos, inteiros e fraccionados,

drageias, cápsulas) é essencial ao sistema de distribuição de medicamentos individual diária em

dose unitária. Tem como objectivo permitir aos SF disporem do medicamento, na dose prescrita,

de forma individualizada (i.e. na dose unitária – dose de medicamentos que não necessita de

mais manipulações para ser administrada aos doentes), permitindo, assim, reduzir o tempo de

enfermagem dedicado à preparação da medicação a administrar, reduzir os riscos de

contaminação do medicamento, reduzir os erros de administração e rastreabilidade, bem como

uma maior economia.1,21 Para tal, é fundamental que a reembalagem garanta a identificação

adequada do medicamento reembalado (nome genérico, dose, lote, prazo de validade) e o

proteja dos agentes ambientais., devendo ser efetuada de maneira a assegurar a segurança e

qualidade do medicamento.

Existem dois tipos de reembalagem do medicamento: com blister e sem blister. No primeiro

caso, o prazo de validade é igual ao prazo estabelecido pelo laboratório. Já no segundo o prazo

de validade é um período máximo de seis meses após a reembalagem. Neste caso é também

fundamental adotar medidas de higiene, como o uso de luvas e máscara.22

A reembalagem é efectuada de forma semi-automática, utilizando uma máquina

embaladora de marca Sargent, Auto-Print™ Unit Dose Systems, Medical Packaging INC.,

segundo as instruções de funcionamento do fornecedor. Esta máquina embaladora tem

acoplado um sistema informático que possibilita a programação prévia de cada operação de

reembalagem, incluindo a rotulagem dos medicamentos reembalados.

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20

Reembala-se um medicamento de cada vez, não sendo permitido outros medicamentos na

área de reembalagem para evitar erros e contaminação cruzada.

No programa informático acoplado à máquina de reembalagem são introduzidos os dados

necessários à rotulagem dos medicamentos reembalados e rotulados por esta máquina. Esta

máquina possibilita a inscrição no rótulo dos seguintes elementos informativos:

• DCI/nome genérico;

• Dose;

• Forma farmacêutica;

• Laboratório fabricante;

• Nº de lote da reembalagem;

• Prazo de validade atribuído pelos SF;

• Nome da instituição onde se realiza a reembalagem e rotulagem.

É de salientar que este processo de reembalagem é registado em folha própria nos SF ,

sendo que durante o estagio assisti a este processo.

7. INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS E OUTRAS ACTIVIDADES DE

FARMÁCIA CLINICA

O Farmacêutico é o especialista do medicamento e tendo em conta a sua formação base é

o profissional de saúde ideal para solicitar e obter todo o tipo de informação relacionada com o

medicamento.1 A realidade hospitalar caracteriza-se actualmente por doentes internados ou em regime de

ambulatório com terapêuticas de alto risco e pela existência de várias etapas e intervenientes

entre o momento da prescrição e o da administração dos medicamentos. Hoje em dia cada vez

mais os profissionais de saúde e os doentes se preocupam com as consequências dos erros na

terapêutica, e com as possíveis Reacções Adversas com Medicamentos (RAMs).

Estudos desenvolvidos revelaram que a presença de farmacêuticos nas equipas clínicas

permitiu:

1. Reduzir os erros com a medicação e melhorar significativamente os resultados que os

doentes obtêm com a terapêutica;

2. Aumentar a relação custo-efectividade do plano terapêutico;

3. Ajudar a mudar os padrões de qualidade da prescrição em populações especiais de

doentes;23

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O conceito de Farmácia Clínica tem por base o desenvolvimento da actividade do

farmacêutico centrada no doente com o objectivo de optimizar a terapêutica farmacológica

promovendo a cura e/ou prevenção da doença. 1

A sua implementação passa pela inclusão do farmacêutico na equipa multidisciplinar,

devendo parte do seu tempo de trabalho ser desenvolvido nos serviços clínicos, junto do doente

e dos outros profissionais de saúde, aportando com os seus conhecimentos de farmacodinamia,

farmacocinética, interacções, monitorização da adesão e dos resultados da terapêutica, um

significativo contributo:

Na elaboração do plano terapêutico;

No desenvolvimento e implementação de protocolos clínicos;

Em acções de formação sobre a utilização racional dos medicamentos.

A crescente complexidade e número de novos medicamentos resultaram na criação de

centros de informação de medicamentos (CIM), nos Serviços Farmacêuticos Hospitalares, que

compilam e tratam a informação científica sobre medicamentos e a transmitem a outros

profissionais de saúde. Os SF da ULSN não dispõem de um Centro de Informação de

Medicamentos, como seria desejável. Assim, a pesquisa de informação é feita em livros como:

FHNM, Prontuário Terapêutico, Índice Nacional Terapêutico, Simposium Terapêutico,

Farmacopeia Portuguesa, Mapa Terapêutico e no site do INFARMED.

7.1. Formulário Hospitalar Nacional de medicamentos O Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos (FHNM) consiste numa publicação

oficial da autoria de uma comissão técnica especializada do INFARMED que seleciona os

medicamentos considerados mais aconselháveis para a generalidade das situações clínicas

hospitalares, tendo em conta a eficácia, a segurança, a qualidade e o custo. O seu objetivo é

conduzir a uma terapêutica limitada, servindo como veículo de educação e racionalização na

escolha de medicamentos.24

O despacho nº 13885/2004, de 25 de Junho, obriga à utilização do FHNM pelos

prescritores nos Hospitais integrados no SNS.

7.2. Farmacovigilancia Farmacovigilância entende-se como a ciência e o conjunto de actividades relativas à

deteção, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou qualquer outro problema

relacionado com medicamentos. 25

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Como reação adversa, segundo a Diretiva 2010/84/EU do Parlamento Europeu e do

Conselho de 15 de Dezembro, considera-se todo o efeito nocivo em qualquer tipo de exposição

a medicamentos, incluindo abuso, mau uso, erros de medicação e exposição ocupacional.26

Sendo o farmacêutico o profissional de saúde especialista do medicamento, é notória a

sua importância no que diz respeito à detecção de interações e reacções adversas a

medicamentos (RAM’s) ou produtos de saúde, que não se encontrem descritos no resumo de

características do medicamento (RCM). Assim sendo, os farmacêuticos são parte integrante do

Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF), competindo-lhes reportar ao INFARMED, tão

rapidamente quanto possível, as reacções adversas graves ou inesperadas decorrentes do uso

de determinado medicamento.

Em Portugal, o Sistema Nacional de Farmacovigilância foi criado em 1992 e é constituído

por Unidades Regionais de Farmacovigilância (URF): Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, e

Sul. Os Farmacêuticos Hospitalares, tal como os demais profissionais de saúde, integram a

estrutura do Sistema Nacional de Farmacovigilância, e como tal têm a obrigação notificar

reações adversas que ocorram com o uso de medicamentos, mesmo que estas estejam

descritas. Os hospitais constituem unidades de Farmacovigilância, sendo de extrema

importância pela inovação e agressividade de muitos dos fármacos usados em meio hospitalar.

Assim, sempre que verifique uma reação adversa deve haver de imediato recolha e registo

adequado dessa reação e notificar o Serviço Nacional de Farmacovigilância. Esta notificação

pode ser efetuada de várias formas, nomeadamente via online no Portal RAM do Sistema

Nacional de Farmacovigilância.11,27

Concluindo, a Farmacovigilância Hospitalar apresenta uma relevância acrescida devido

não só à complexidade e pluralidade de medicamentos utilizados nos diferentes serviços

clínicos, mas também à utilização de novos medicamentos no mercado.

7.3. Farmacocinética clinica “A farmacocinética clínica consiste na aplicação de princípios farmacocinéticos e

parâmetros farmacodinâmicos à prática clínica, com o fim de otimizar a terapêutica individual dos

doentes.”

A prestação de cuidados farmacêuticos pauta-se, entre outros, pela eficácia e segurança

toxicológica do perfil farmacoterapêutico associado a cada doente. Neste contexto, o

farmacêutico hospitalar apresenta um papel fundamental no cumprimento destas premissas,

nomeadamente a nível da monitorização terapêutica de fármacos. Esta tem como base a

individualização da terapêutica, sendo que a inter e intra-variabilidade, nomeadamente a nível de

polimorfismos genéticos, afetam grandemente a resposta à terapêutica. Desta forma, através da

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monitorização terapêutica de fármacos pela determinação das concentrações séricas de dado

fármaco, o farmacêutico é capaz de individualizar a terapêutica a cada doente de acordo com as

suas características, bem como avaliar a resposta do mesmo à farmacoterapia instituída.28

Na UHB este setor ainda não esta muito desenvolvido e está centrado no Laboratório de

Análises Clínicas, com qual tive a oportunidade de ter um breve, mas enriquecedor contacto.

Aqui faz-se o doseamento de alguns fármacos inseridos na terapêutica do doente como, a

vancomicina, digoxina, fenitoina, benzodiazepinas, canabinóides, opiáceos, anfetaminas, entre

outros. Nesta visita ao laboratório tive oportunidade de ver como funcionava o Sistema Abbott

Architect (ver anexo VIII), o analisador usado para efectuar as determinações quantitativas dos

parâmetros pretendidos.

Na minha opinião, este é um setor no qual a ULSN, em parceria com os Serviços

Farmacêuticos devem apostar e desenvolver de forma a proporcionar um ajuste individualizado

à terapêutica de cada doente, contribuindo para o uso racional do medicamento, diminuição de

possíveis efeitos secundários, bem como do tempo de internamento do doente.

7.4. Comissões O decreto regulamentar nº 3/88 de 22 de Janeiro obriga à criação de comissões de apoio

técnico designadas por “Comissões Técnicas”, as quais são órgãos consultivos indispensáveis

para a implementação de regras, normas e procedimentos de utilização de medicamentos e

outros produtos farmacêuticos.29

Na ULSN as comissões que integram farmacêuticos são: Grupo de Nutrição Artificial,

Comissão de Feridas, Comissão de Farmácia e Terapêutica, Comissão de Controlo e Infeção,

Comissão de Antibioterapia, Comissão de Percurso do Doente e Comissão de Catástrofe.

É através destas Comissões Técnicas que o farmacêutico tem possibilidade de reafirmar o

seu contributo na melhoria da qualidade dos serviços prestados ao doente, no planeamento de

procedimentos de qualidade e segurança a adotar em situações críticas ou de risco para a

saúde pública.3

7.4.1.Comissões de farmácia e terapêutica

A Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) é das comissões com mais importância a

nível hospitalar, atuando como órgão de assessoria, consulta, coordenação e informação

relacionada com os medicamentos a nível hospitalar.

A Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) surge na tentativa de assegurar uma

comunicação efetiva entre os diversos profissionais de saúde. Deste modo, a CFT permite a

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ligação entre os Serviços Farmacêuticos e Serviços Médicos, funcionando como órgão

consultivo.

Esta Comissão tem como missão a seleção dos medicamentos mais adequados às

necessidades farmacoterapêuticas dos doentes tendo em conta a qualidade, segurança, eficácia

e economia, a criação de protocolos terapêuticos, assumir uma política responsável do

medicamento e racionalização do medicamento, bem como harmonização da terapêutica no

hospital.3

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o estágio percebi que nos dias de hoje, a notoriedade e importância dos

medicamentos não só a nível clínico como também económico, reitera a valorização da

actividade farmacêutica, concedendo ao Farmacêutico, como especialista do medicamento, um

papel primordial e nuclear em todos os processos, devendo-se assumir activamente em áreas

hospitalares no âmbito da gestão, aprovisionamento, distribuição, farmacotecnia e análises

clínicas, sendo também crucial a integração em equipas multidisciplinares como assessoria

técnica onde o objetivo final é a prestação individualizada de cuidados de saúde ao doente, com

qualidade e eficiência.

Também pude compreender que a solicitação destes conhecimentos é feita diariamente,

pelo que os Farmacêuticos devem estar sempre conscientes da sua responsabilidade e da

necessidade da constante atualização na sua formação. O Farmacêutico acarreta várias

responsabilidades no ambiente hospitalar, incluindo um acompanhamento de todo o circuito

interno do medicamento, desde o processo de aquisição até à dispensa aos doentes internados

ou em regime de ambulatório. A ação do Farmacêutico deve contribuir para melhoria de estado

de saúde e posterior qualidade de vida do doente, passando pela participação na escolha do

perfil farmacoterapêutico mais adequado em cada situação clínica. Isto permite assegurar a

eficácia e segurança da terapêutica, minimizando os riscos associados ao seu uso.

O estágio permitiu-me adquirir uma visão geral, relativamente à atividade farmacêutica e

sua importância no meio hospitalar. Desta forma, o farmacêutico surge como membro de uma

equipa multidisciplinar, que deve ser consultado em tudo o que diz respeito ao medicamento.

Com este estágio adquiri conhecimentos e competências que me serão muito úteis para a minha

atividade profissional futura.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- Ministério da Saúde (2005), Manual de Farmácia Hospitalar;

2- Decreto-Lei nº 44 204, de 2 de Fevereiro de 1962;

3- Despacho nº 1083/2004, de 2 de Dezembro de 2003

4- Decreto-Lei nº 15/93, de 22 de Janeiro;

5- Portaria nº 981/98, de 8 de Junho;

6- Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de Agosto;

7- Despacho nº 28356/2008, de 13 de Outubro;

8- Despacho nº 5/95, de 25 de Janeiro;

9- http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MEDICAMENTOS_USO_HUMAN

O/AUTORIZACAO_DE_INTRODUCAO_NO_MERCADO/AUTORIZCAO_DE_UTILIZA

CAO_ESPECIAL (Acedido a 1 de Março, 2014)

10- Deliberação nº 105/CA/2007;

11- Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de Agosto;

12- Pereira Rodrigues M.M.; (2009); Implementação e impacto económico do sistema de

distribuição de medicamentos automático-pyxis® no serviço de urgência e no bloco

operatório do Hospital Geral do Centro Hospitalar de Coimbra, EPE, Revista de la

Organización de Farmacèuticos Ibero-Latinoamericanos, 19 (3):50-54;

13- Decreto-Lei nº 15/93, de 22 de Janeiro;

14- Portaria nº 981/98, de 8 de Junho;

15- http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/SAI

BA_MAIS_SOBRE/SAIBA_MAIS_ARQUIVO/22_Psicotropicos_Estupefacientes.pdf

(Acedido a 9 de Março, 2014);

16- Lei nº 30/2000, de 29 de Novembro;

17- Deliberação nº 292/2005, de 17 de Fevereiro

18- Portaria n.º 981/98, de 8 de Junho, Execução das medidas de controlo de

estupefacientes e psicotrópicos;

19- Despacho Conjunto nº 1051/2000, de 14 de Setembro

20- Decreto-Lei nº 95/2004, de 22 de Abril;

21- USP Pharmacist’s Pharmacopeia, The Standart of Quality. 2005;

22- Formulário Galénico Português. 2008;

23- Schneide Helmut (2012), Pharmaceutical supply chain specifics and inventory

solutions for a hospital case, Operations Research for Health Care,

24- Despacho n.º 13885/2004, de 25 de Junho, Formulário Hospitalar Nacional de

Medicamentos - Obrigatoriedade de utilização;

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25- http://www.who.int/medicines/areas/quality_safety/safety_efficacy/pharmvigi/n/index.ht

ml (Acedido a 15 de Março, 2013);

26- Norma Diretiva 2010/84/EU;

27- Decreto Regulamentar nº 3/1988, de 22 de Janeiro;

28- Rocha, M. J., (2006)- Caracterização do perfil cinético da gentamicina e vancomicina

em recém-nascidos prematuros. Coimbra,

29- Decreto regulamentar nº 3/88 de 22 de Janeiro

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ANEXOS

Anexo I

Modelo de requisição que acompanha a nota de encomenda no caso das substâncias Estupefacientes e Psicotrópicas

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Anexo II

Impresso de uso obrigatório para Autorização Especial de Medicamentos de Uso Humano

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Anexo III

Algumas condições de armazenamento asseguradas nos SF da Unidade Hospitalar de Bragança.

• Estupefacientes: estão armazenados num cofre ao qual apenas têm acesso as

farmacêuticas do serviço.

• Citotóxicos: estão armazenados num armário próprio, com o kit de emergência

facilmente acedível e um protocolo de atuação em caso de derrame.

• Injetáveis de grande volume: espaço próprio e de grandes dimensões, devidamente

climatizado.

• Inflamáveis: estão localizados num espaço exterior com as condições exigidas por lei,

nomeadamente porta corta-fogo e detetor de fumo.

• Produtos de frio: existem três equipamentos disponíveis para o armazenamento de

produtos de frio. Dois de dimensões mais reduzidas localizados no armazém principal e no

ambulatório e uma câmara frigorífica de grandes dimensões localizada num espaço próprio,

adquirida recentemente face à necessidade de armazenar uma grande quantidade de

medicamentos destinados essencialmente às Unidades de Cuidados Primários, como as

vacinas.

• Matérias-primas: estas encontram-se armazenadas no laboratório, separados dos

demais medicamentos.

É de referir que atualmente, os gases medicinais não estão sob a alçada dos SF da

Unidade Hospitalar de Bragança.

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Anexo IV

Etapes do processo do SDDDIU

1. O médico efetua a prescrição eletrónica, a qual fica disponível nos SFH;

2. A farmacêutica acede a esta informação e procede à validação da terapêutica.

Depois de validar a medicação para cada doente, procede à impressão dos mapas terapêuticos

que contêm o serviço, o nome do doente, o número da cama, a medicação que ele vai fazer por

tomas e outras informações relevantes. É nesta altura que, cas caso exista alguma dúvida ou

incorreção em relação à prescrição, a farmacêutica entra em contacto com o médico prescritor

de modo a estabelecer-se uma concordância entre os dois profissionais de saúde.

3. Os Técnicos efetuam a distribuição dos medicamentos de acordo com o mapa

impresso, por serviço de internamento e por doente. Aquando da distribuição, os técnicos

verificam também a existência de revertências de medicamentos que não foram administrados,

devido a altas, medicamentos em SOS não administrados, falecimentos, ou transferência de

serviço, de modo a posteriormente se atualizar o stock da farmácia.

4. A medicação é administrada aos doentes, pelos enfermeiros, de acordo com a

prescrição médica.

5. Como desde a impressão dos mapas terapêuticos até ao transporte das malas

para cada serviço decorre um espaço de 24 horas, no dia seguinte à impressão dos mapas e

respetiva preparação das malas, são tiradas as eventuais alterações ao início da manha e ao

inicio da tarde, após sua validação. Estas alterações podem dever-se a alteração da prescrição

médica, com acréscimo ou retirada de determinado medicamento, alta do doente, transferência

de serviço, ou falecimento do doente. Assim, assegura a correta medicação individualmente para

cada doente.

6. Repetição deste ciclo diariamente.

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Anexo IV

Etapes do processo do SDDDIU

7. O médico efetua a prescrição eletrónica, a qual fica disponível nos SFH;

.

8. A farmacêutica acede a esta informação e procede à validação da terapêutica.

Depois de validar a medicação para cada doente, procede à impressão dos mapas terapêuticos

que contêm o serviço, o nome do doente, o número da cama, a medicação que ele vai fazer por

tomas e outras informações relevantes. É nesta altura que, cas caso exista alguma dúvida ou

incorreção em relação à prescrição, a farmacêutica entra em contacto com o médico prescritor

de modo a estabelecer-se uma concordância entre os dois profissionais de saúde.

9. Os Técnicos efetuam a distribuição dos medicamentos de acordo com o mapa

impresso, por serviço de internamento e por doente. Aquando da distribuição, os técnicos

verificam também a existência de revertências de medicamentos que não foram administrados,

devido a altas, medicamentos em SOS não administrados, falecimentos, ou transferência de

serviço, de modo a posteriormente se atualizar o stock da farmácia.

10. A medicação é administrada aos doentes, pelos enfermeiros, de acordo com a

prescrição médica.

11. Como desde a impressão dos mapas terapêuticos até ao transporte das malas

para cada serviço decorre um espaço de 24 horas, no dia seguinte à impressão dos mapas e

respetiva preparação das malas, são tiradas as eventuais alterações ao início da manha e ao

inicio da tarde, após sua validação. Estas alterações podem dever-se a alteração da prescrição

médica, com acréscimo ou retirada de determinado medicamento, alta do doente, transferência

de serviço, ou falecimento do doente. Assim, assegura a correta medicação individualmente para

cada doente.

12. Repetição deste ciclo diariamente.

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Anexo V

Benefícios operacionais do sistema de distribuição automatizada Pyxis®

Benefícios operacionais

• Reduz a mobilização do pessoal de enfermagem e farmácia em tarefas logísticas e

administrativas.

• Optimiza a gestão de medicamentos:

• Pedidos;

• Rupturas de stock;

• Gestão das datas de validade.

• Gestão de estupefacientes, psicotrópicos e substâncias controladas:

Contagem de estupefacientes;

Monitorização da utilização de estupefacientes;

Gestão do acesso;

Documentação.

• Aumenta a segurança e o cumprimento das políticas do hospital:

• Identificação física do utilizador antes de permitir o acesso;

• Controlo do acesso à medicação por hardware e software;

• Aumenta a responsabilidade na utilização do medicamento através da monitorização

electrónica;

• Incentiva o seguimento das directrizes de uso do medicamento: rastreabilidade.

Benefícios clínicos • Ajuda na fase inicial da terapia, reduzindo o intervalo até à primeira dose.

• Assegura a disponibilidade de medicamentos nas zonas de prestação de cuidados ao

doente, incluindo fora do horário da farmácia.

• Minimiza os riscos desde o início do processo de medicação, alertando o pessoal médico

para potenciais erros antes da administração ao doente.

• Limita o acesso a doses unitárias e disponibiliza informação sobre a administração.

Benefícios financeiros Reúne registos precisos para ajudar o centro hospitalar a melhorar a informação das

despesas do paciente e a optimizar a gestão dos custos.

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Contribui para a padronização de processos com informação e ferramentas destinadas a

melhorar a segurança e a produtividade.

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Anexo VI

Modelo de requisição/distribuição/administração de medicamentos hemoderivados – “Via Farmácia”

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Anexo VII

Modelo de requisição/distribuição/administração de medicamentos hemoderivados – “Via Serviço”

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Anexo VIII

Modo de funcionamneto do Sistema Abbott Architect i2000sr System

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Anexo IX

Trabalho realizado no âmbito do estágio em Farmácia Hospitalar