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Apresentação Entenda como a Barragem do Rio Ipojuca foi pensada e como ela pode interferir na região, positiva e negativamente. Seja bem-vindo ao Relatório de Impacto Ambiental.
Impactos e Medidas Qualquer obra gera impacto no meio ambiente. Uma barragem não é diferente. Porém, para minimizar essa questão algumas medidas são propostas. Conheça-as neste capítulo.
Dados Básicos A união faz a força. A Compesa e a ABF Engenharia são as empresas responsáveis pelos Estudos realizados para o empreendimento que serão, por fim, avaliados pela CPRH.
Programas Ambientais Com os impactos identificados e as medidas propostas, é hora de definir os programas de monitoramento ambiental que garantirão o cumprimento do que foi definido no EIA.
O Empreendimento O que é uma barragem? Por que construir uma barragem? Como está planejado todo empreendimento? As respostas para essas perguntas você encontra neste capítulo.
Prognóstico O que esperar no futuro com o crescimento cada vez maior de nossas cidades? Haverá água para todos? A barragem do rio Ipojuca é uma alternativa para essa questão.
Áreas Afetadas Com 324Km de extensão, o rio Ipojuca percorre terras de 24 municípios de Pernambuco. Sendo assim, a construção da barragem irá influenciar não só as cidades de Escada e Ipojuca, mas toda uma região.
Conclusão E então, o que concluiu o EIA da Barragem do rio Ipojuca? É realmente viável a obra em termos ambientais? Esta é a alternativa certa para o abastecimento d’água? Após todos esses capítulos, tire você mesmo suas conclusões.
Diagnóstico Ambiental A fim de conhecer a região influenciada pela barragem, 17 especialistas estudaram a área, coletando amostras e entrevistando a população. O resultado é um verdadeiro diagnóstico da situação atual.
Glossário Ficou em dúvida em algumas palavras do texto? Confira aqui o significado de alguns termos técnicos utilizados no EIA/RIMA aproveitando para aprender mais um pouco.
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Rima Barragem Ipojuca ›› 4
Barragem Ipojuca – Engenho Maranhão, é um projeto hídrico do Governo do Estado de
Pernambuco que desde a década de 70 já previa sua construção para atender a futura
demanda do Complexo Industrial e Portuário de Suape.
Em 2001, a Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA), considerando o
empreendimento também como alternativa para reforçar o abastecimento de água na Região
Metropolitana do Recife (RMR), encomendou estudos complementares na área e a elaboração do
projeto engenharia da barragem, que agora será analisado sua viabilidade com o Estudo de
Impacto Ambiental – EIA. É a partir do EIA/RIMA que a Agência Estadual de Meio Ambiente
e Recursos Hídricos (CPRH) vai autorizar ou não a construção da barragem.
Sendo uma obra de contenção de água, uma barragem provoca a inundação de terras
produtivas, afetando localmente a fauna e a flora que vive em íntima dependência com o rio,
além de deslocar moradores das áreas ribeirinhas. Para se entender essa interferência no meio
ambiente e consequentemente propor medidas para diminuir ou anular os impactos, o EIA da
Barragem do Rio Ipojuca – Engenho Maranhão analisou o meio físico (clima, qualidade da água,
recursos minerais, geologia), o meio biótico (plantas e animais), o meio socioeconômico
(atividades econômicas, condições de vida, patrimônio histórico cultural, saúde, educação, entre
outros) e o projeto de engenharia em si.
Este Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) apresenta de forma resumida os estudos
técnicos disponíveis no EIA. Elaborado em linguagem acessível e objetiva, nele são apresentadas
as principais características do Projeto e da região, assim como as recomendações destinadas a
evitar, mitigar ou compensar seus possíveis impactos negativos e fortalecer os benefícios sociais e
ambientais que o empreendimento trará para a região.
A
A construção de uma barragem é uma decisão muito importante, que precisa ser bem estudada. É necessário ouvir o poder público, o órgão ambiental, os moradores da região, as entidades e representantes da sociedade civil. Nesse sentido, o RIMA traz as informações necessárias para que você forme sua própria opinião sobre o empreendimento.
Rima Barragem Ipojuca ›› 5
A COMPESA
A proponente do projeto da Barragem Rio Ipojuca – Engenho Maranhão, a COMPESA,
é uma empresa estatal do tipo sociedade anônima, de economia mista, de utilidade pública, criada
em 1971. Vinculada à Secretaria de Recursos Hídricos do Estado de Pernambuco, a empresa tem
como missão prestar, com efetividade serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário,
de forma sustentável, conservando o meio ambiente e contribuindo para a qualidade de vida da
população.
Tendo como meta a universalização sustentável dos serviços de abastecimento de água e
esgotamento sanitário no âmbito de sua atuação, a COMPESA atualmente possui um sistema de
abastecimento que contempla 5,6 milhões de habitantes, o que representa 90% da população
urbana do estado de Pernambuco. No total, são 171 (de 185) sedes municipais atendidas pelos
serviços, e mais 97 distritos ou povoados.
COMPANHIA PERNAMBUCANA DE SANEAMENTO – COMPESA
Inscrição CNPJ: Nº 09.769.035/0001-64. Inscrição Municipal: Nº 18.1.001.0014398-2
Endereço: Av. Cruz Cabugá, 1387 – Santo Amaro - Recife
Telefone: (81) 3421-1048 Endereço Eletrônico: www.compesa.com.br
(A) Barragem de Jucazinho – Rio Capibaribe (B) Barragem de Belo Jardim – Rio Ipojuca (C) Barragem Pirapama – Rio Pirapama, são exemplos de empreendimentos da COMPESA.
Rima Barragem Ipojuca ›› 6
Números da COMPESA
Interior de Pernambuco:
13.000.000m3
Região Metropolitana do
Recife: 27.000.000m3
Total: 40.000.000m3
Capacidade de Produção Mensal
Abastecimento de Água
COMPESA
195 Barragens
18 Captações Diretas
250 Poços Profundos
500 Estações Elevatórias
185 Estações de
Tratamento
2.000Km de Adutoras
10.700Km de Redes
Distribuidoras
Rima Barragem Ipojuca ›› 7
A Empresa Consultora
A ABF Engenharia, Serviços e Comércio Ltda. é uma empresa brasileira de prestação de
serviços especializados de engenharia nas áreas de Projetos e Consultoria, Construção e Operação
de Sistemas de Infra-estrutura.
Com sede em Paulista, a empresa possui filial em Recife (local do Centro Administrativo),
Belo Jardim, Caruaru, Garanhuns, Petrolina e mais doze escritórios em igual número de cidades
do estado de Pernambuco, além de filiais nas cidades de Vitória/ES, Timon/MA e Natal-RN.
Desde sua fundação em 1995, a ABF tem o foco para serviços de engenharia, com ênfase
em empreendimentos voltados à água, particularmente abastecimento e esgotamento sanitário de
cidades, drenagem urbana, projetos de irrigação, obras e operação de Sistemas de Infra-estrutura
urbana.
Com foco na qualidade dos serviços prestados e no treinamento da sua equipe, a ABF já
realizou mais de 70 obras dos mais diversos tipos. Entre suas realizações estão obras de estação
de tratamento de água e esgotos, estações elevatórias de água e esgoto e adutoras e redes de
distribuição de água.
No que se refere aos trabalhos realizados para a COMPESA, a ABF tem no currículo 22
participações em projetos e consultorias, 21 obras como responsável técnico e ainda participou
em 18 oportunidades na operação e manutenção de sistemas de infra-estrutura como responsável
técnico.
ABF Engenharia, Serviços e Comércio Ltda.
Inscrição CNPJ: Nº 00.376.507/0001.
Inscrição Estadual: Nº 18.1.170.0210207-8 Inscrição Municipal: Nº 26793 Endereço: Rua José Ferrão, nº 34 – Pau Amarelo – Paulista-PE. CEP 53433-630
Telefone: (81) 3236-8484 FAX: (81) 3228-1300
Endereço Eletrônico: www.abfengenharia.com.br Sócios/Diretores: Abelardo José de Andrade Baltar; Fernando Medicis Pinto; Luiz de
Gonzaga Bompastor
Rima Barragem Ipojuca ›› 8
O que é uma Barragem?
uma barreira artificial construída em um trecho do rio.
A água então é represada por um grande muro, que é
chamado de barragem. A construção desse muro fará com
que o rio transborde e crie um extenso lago tendo como
limite as áreas mais elevadas do terreno (morros). Com a água
represada, é hora de se construir uma adutora (sistema com
tubulações), que levará a água até uma estação de tratamento
de água (ETA). Após o tratamento adequado, essa água
seguirá então para a rede de distribuição das cidades
beneficiando a população.
Por que construir uma Barragem Quando as cidades crescem, a demanda por água encanada também aumenta. Nos
últimos dez anos, a Região Metropolitana do Recife vem passando por um desenvolvimento
econômico acima da média histórica, principalmente com os grandes investimentos que ocorrem
no Complexo Industrial e Portuário de Suape (CIPS). Atualmente, são mais de 160 investimentos
no CIPS, e com a chegada da Refinaria a expectativa é que esse número cresça ainda mais.
Ainda na década de 70 foram elaborados estudos para implantação de uma barragem no
baixo rio Ipojuca, que serviria como manancial para abastecimento de água. Neste período foram
realizados estudos e elaborado um projeto básico para uma barragem para atender a demanda
futura do CIPS.
É
Com a construção da Barragem do rio Ipojuca – Engenho Maranhão, a COMPESA busca uma garantia de suprimento hídrico, não só às indústrias que estão surgindo no Complexo de Suape, mas também uma complementação ao sistema produtor Pirapama, que hoje está em fase
de implantação.
Rima Barragem Ipojuca ›› 9
No final da década de 90, devido a uma seca prolongada, a COMPESA voltou a
considerar o aproveitamento do rio Ipojuca como alternativa para o reforço ao abastecimento de
água na RMR e realizou estudos complementares para viabilizar a idéia.
Alternativas Consideradas
Para se chegar à certeza de que a construção da Barragem no rio Ipojuca, na
localidade do Engenho Maranhão, é a alternativa mais consistente para o
fornecimento garantido e adequado de água à região, foram estudadas outras 3
hipóteses:
• Alternativa 1 - A montante da cidade de Ipojuca, mas a jusante da confluência do
Ipojuca com o Rio Piedade (Alternativa contida no Plano Diretor do Município de
Ipojuca).
• Alternativa 2 - A montante da Cidade de Escada.
• Alternativa 3 - A montante do Engenho Maranhão.
Nenhuma das alternativas estudadas apresentou melhores resultados do que a do projeto
atual (a montante do Engenho Maranhão – Alternativa 3). O local onde será construída a
barragem apresenta condições ideais, se caracterizando como um vale simétrico, com ombreias
íngremes e estáveis e com o leito do rio cortado em rocha. Preservando o Engenho Maranhão
bem como a BR-101, as terras alagadas corresponderão primordialmente à cana-de-açúcar,
restringindo a perda de solo ao aspecto econômico. Dessa forma, considera-se que a alternativa é
a indicada, não tendo sido identificada nenhuma restrição ambiental ou legal relevante que
pudesse inviabilizar a área.
Por outro lado, deslocar a barragem para jusante (alternativa 1), por exemplo, no intuito
de ganhar volume de armazenamento não é possível, haja vista alagaria por completo o Engenho
Maranhão, bem como a PE-042 que comunica a BR-101 com a PE-060, representando uma
perda significativa de patrimônio cultural além da necessidade de deslocar a população.
Já em relação à alternativa 2, futuramente existe a possibilidade de implantação de uma
segunda barragem a montante de Escada para aproveitamento do excedente de vazão do rio
Ipojuca e complemento do sistema de abastecimento da RMR. Porém, essa opção tem seu
reservatório ainda mais limitado pela infra-estrutura urbana da cidade de Primavera e
proporcionaria uma vazão regularizável bem inferior em termos das outras duas alternativas.
Rima Barragem Ipojuca ›› 10
É uma mistura de concreto de consistência rígida, com baixo consumo de aglomerante, cujo adensamento deverá ser efetuado em camadas, devidamente controlado, usando rolos vibratórios ou compactadores manuais.
CCR
Alternativas consideradas para o local da construção da Barragem do rio Ipojuca
» Alternativa Técnica
Para a construção do barramento foi
escolhida a técnica de Concreto Compactado com
Rolo (CCR) na porção central da barragem que
receberá o vertedouro, com transição para maciços de
solo nas laterais e ombreiras. O CCR é uma
metodologia construtiva que por seu baixo custo e
velocidade de construção, tem se desenvolvido
rapidamente, tanto em nível nacional quanto internacional. Nas obras hidráulicas com CCR, vem-
se constatando uma significativa economia em relação ao uso de concreto convencional e, em
alguns casos, até mesmo em relação ao uso de terra e enrocamento.
A experiência brasileira na aplicação do CCR em barragens teve início em 1976, com a
usina hidrelétrica de Itaipu e atualmente está amplamente difundida no país. No nordeste e no
Estado de Pernambuco a utilização desta técnica não é novidade, a COMPESA e o
Departamento Nacional Contra a Seca (DNOCS) já contam com estruturas construídas com
CCR.
Rima Barragem Ipojuca ›› 11
Falando da Barragem do Rio Ipojuca O projeto consiste na construção de uma barragem na calha do rio Ipojuca, num trecho
que fica a 25Km da sua foz no Oceano Atlântico. O ponto do barramento localiza-se
especificamente em terras do engenho Maranhão, com acesso através da PE-042, chegando tanto
pela BR-101 quanto pela PE-060.
No eixo do rio será construído um muro de concreto compactado com aproximadamente
370m de comprimento e 24m de altura. O barramento criará um reservatório que inundará uma
área aproximada de 607,8 hectares, dos quais 80% localizam-se no município de Ipojuca e 20%
no município de Escada, e acumulará cerca de 50,5 milhões de metros cúbicos de água. A
profundidade média do lago será de 6,5m e a máxima de 19m.
O reservatório criado pelo barramento estará limitado ao Norte em toda a sua extensão
pela BR-101, servindo inclusive de limite Oeste, próximo à cidade de Escada; ao Sul, as
limitações estão relacionadas com a existência da PE-042 e o Engenho Maranhão.
O projeto de engenharia da barragem foi elaborado pela COTEC Consultoria Técnica
Ltda, em 2001, mas devido ao avanço tecnológico verificado no tema de barragens nas últimas
décadas ganhou algumas mudanças importantes. O tipo de
barragem previsto inicialmente, de gravidade em concreto
convencional, foi substituído por uma barragem construída
com a técnica de Concreto Compactado com Rolo.
A construção da Barragem do Rio Ipojuca está entre as
obras requeridas para a ampliação do fornecimento de água
para as populações, assim como para a realização de atividades
Rima Barragem Ipojuca ›› 12
produtivas localizadas na porção sul da Região Metropolitana do Recife.
Os custos de implantação da Barragem do rio Ipojuca foram estimados pela COTEC em
2001. Realizando a correção monetária para os dias atuais, a obra está orçada em
R$ 24.170.446,81 (vinte e quatro milhões, cento e setenta mil, quatrocentos e quarenta e seis reais
e oitenta e um centavos).
O empreendimento vai além de desenvolvimento econômico, representa
desenvolvimento social e melhoria na qualidade de vida, através do fornecimento de água para o
abastecimento humano e atividades industriais. Com o projeto, a água acumulada no reservatório
poderá ser usada de forma mais eficiente para atender às necessidades do uso humano,
estimulando o crescimento e o desenvolvimento social e econômico, com melhorias consistentes
na indústria e na infra-estrutura local.
O Projeto se insere como uma obra estruturante que, associada à Barragem Pirapama e
aos sistemas de distribuição existentes e em implementação, poderá melhorar substancialmente o
panorama da RMR. A região passará a ter a segurança hídrica necessária ao desenvolvimento
sustentável de sua população.
O Projeto também está vinculado a outros empreendimentos. Ele foi planejado de
maneira a complementar uma série de iniciativas já realizadas e outras ainda em análise. Conceber
este Projeto como parte de uma série de ações para garantir os investimentos aportados CIPS
significa unir forças para resolver o problema do desenvolvimento harmônico da região.
Com a perspectiva da necessidade de se assegurar o acesso da população à água potável e
a serviços de saneamento, que constitui um dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio,
definidos pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, essa obra também pode ser
pontuada como um meio de buscar esse fim. Para que o verdadeiro desenvolvimento sustentável
aconteça, mostra-se imprescindível a superação das desigualdades no fornecimento e na
distribuição da água.
Compatível com a legislação brasileira, o empreendimento apresenta, por exemplo,
interface com objetivos expressos na Constituição Federal de 1988, como o de garantir o
desenvolvimento nacional e reduzir as desigualdades sociais e regionais. No que se refere ao meio
ambiente, o projeto da Barragem do Rio Ipojuca, como um todo, foi planejado considerando o
exposto no Art. 225, caput, que garante a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo,
tornando obrigatório, no inciso IV do seu §1º a elaboração do estudo prévio de impacto
ambiental e sua publicidade para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente.
Rima Barragem Ipojuca ›› 13
À vista da legislação federal, o empreendimento tem como guia a Política Nacional do
Meio Ambiente (Lei 6.938/81), a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9433/97), o
Estatuto das Cidades (Lei 10.257/01), o Código Florestal (Lei 4.771/65), Política Nacional da
Biodiversidade (Decreto Presidencial 4.339/02), resoluções do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA, entre outras.
Em nível estadual, destaca-se a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Plano Estadual
de Recursos Hídricos (Lei 11.426/97) que estabelece como fundamentos, dentre outros, o de que
a água é um bem de domínio público, é recurso natural limitado, dotado de valor econômico.
Elege como princípios dentre outros, o acesso aos recursos hídricos como um direito de todos; a
adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de planejamento e gerenciamento de
recursos hídricos; a compatibilização do gerenciamento dos recursos hídricos com o
desenvolvimento regional e local, bem como com a proteção ambiental; a prevenção e combate
às causas e efeitos adversos das estiagens, das inundações, da poluição, da erosão do solo e do
assoreamento dos corpos d'água.
Por fim, no plano municipal, é clara a compatibilidade do empreendimento com as Leis
Orgânicas dos Municípios de Ipojuca e Escada, além ter apoio legal nos Planos Diretores,
respectivos, que garantem a Barragem do Rio Ipojuca – Engenho Maranhão, dentro do
planejamento estratégico estadual.
» Vertedouro Está previsto a construção de um
sangradouro (estrutura destinada a regular a
saída da água excedente na barragem) em dois
níveis: o primeiro com limite na cota de 77m e
90m de extensão, funcionará como vertedouro
de serviço e será capaz de escoar a cheia
máxima secular, com máximo de 945m3/s; o
segundo, com soleira na cota 79,50m estará dividido em dois trechos de 60m de extensão
situados em cada lado do sangradouro de serviço.
O conjunto de vertedoros foi dimensionado seguindo as normas nacionais e
internacionais de segurança de barragens, que exigem a capacidade de evacuar a cheia
denominada “decamilenar”, que para o caso de estudo ficou definida com um pico de 2.150m3/s,
Rima Barragem Ipojuca ›› 14
com o nível de água do reservatório atingindo a cota 81m. A parte não vertedoura da barragem
terá seu coroamento na cota 82m, o que garante uma folga de 1m.
A definição das cotas dos vertedouros, tanto o de serviço como o auxiliar, foram
pensadas considerando os níveis do rio na cidade de Escada, bem como os níveis mínimos da
BR-101, para garantir que não fossem afetados.
Mãos à Obra Dando início às obras da barragem,
será realizada a mobilização de pessoal, de
fornecedores de materiais e
equipamentos necessários à construção,
e em seguida será instalado o canteiro
de obras com ambulatório,
galpões, entre outros
equipamentos. A previsão é
que cerca de duzentas pessoas,
entre operários, técnicos e
engenheiros estejam envolvidas nas obras.
Os trabalhos preparatórios constam ainda da melhoria das condições de acessibilidade.
Inclui-se aí a implantação de caminhos de serviço, corte e destocamento de árvores e arbustos
que sejam necessários para facilitar a execução das obras.
Na primeira etapa de construção da barragem, ocorrerão as escavações da área até
alcançar à superfície da rocha que servirá de fundação para as estruturas. Logo em seguida será
montado um sistema de desvio do rio constando de um canal com 35m de largura, situado na
margem direita, e ensecadeiras de montante e jusante.
Com o desvio pronto, inicia-se o processo de fundação bem como a concretagem da
barragem e construção da tomada d’água e descarga de fundo. Para a extração dos materiais
necessários às obras serão utilizadas quatro áreas de empréstimo, localizadas num raio de 5Km
do ponto do barramento, sendo: duas pedreiras, uma jazida de terra e um areal.
Na terceira fase da construção, considerando que estará no verão, será fechado o canal de
desvio á montante e destruída a ensecadeira de jusante, uma vez que o rio neste período deverá
estar com vazões inferiores 10 m3/s, o que será possível serem descarregadas pelas tubulações. A
Rima Barragem Ipojuca ›› 15
partir desta fase a barragem poderá ser construída normalmente, devendo-se sempre deixar um
trecho de cerca de 150m com mais ou menos 1,5m rebaixado, para o caso de uma cheia eventual.
Outros serviços complementares também serão executados com o desmatamento e
limpeza da bacia hidráulica, a construção da cerca de proteção envolvendo toda a área da bacia
hidráulica e da área de preservação permanente, além de desvio do rio no início da construção.
O prazo estimado para a conclusão da obra é de 12 meses, com a previsão de 200 trabalhadores
em atividade no pico da obra..
Cronograma de Implantação do Empreendimento
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
(*) O sistema de desvio projetado, previu o início das obras para o começo do período seco do ano. Caso a obra for iniciada em época do ano não adequada, os custos poderão quadruplicar
8.0
9.0
MESESITEM SERVIÇOS
CRONOGRAMA FÍSICOCOMPESA - Companhia Pernambucana de Saneamento
OBRA: BARRAGE IPOJUCA
TOMADA D'ÁGUA E DESCARGA DE FUNDO
EQUIPAMENTOS HIDROMECÂNICOS
SERVIÇOS DE ACABAMENTOS
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
TRABALHOS PRELIMINARES
ENSECADEIRA E DESVIO DO RIO(*)
ESCAVAÇÃO DO LEITO DO RIO E OMBREIRAS
BARRAGEM EM CCR
BARRAGEM EM TERRA E ATERROS COMPLEMENTARESINJEÇÃO DE CIMENTO E DRENAGEM DA FUNDAÇÃO E PARAMENTO
Rima Barragem Ipojuca ›› 17
Enchimento do Reservatório
Considerando que as obras terminarão no final do verão e que o enchimento começará
no mês de maio, ou seja, início do período chuvoso, a expectativa é que o reservatório possa
atingir o seu nível máximo em cerca de 2 meses. Por outro lado, caso o processo se inicie em
outubro, o tempo médio calculado para o enchimento é de 7 meses. Vale lembrar que estes
números refletem uma média histórica do rio, considerando sua vazão média, e não há certeza se
os próximos anos serão mais úmidos ou mais secos.
Uma importante informação na análise de reservatórios é a taxa de sedimentação na área
inundada. O que acontece é que com a criação do reservatório, o material sólido transportado
naturalmente pelo curso d'água irá se acumular pouco a pouco devido à diminuição da velocidade
das águas. Este acúmulo de sedimentos provoca redução da capacidade de acumulação do
reservatório ao longo dos anos. Dessa forma, com a avaliação da taxa de sedimentação na área
será possível prever a vida útil do reservatório. O final da sua vida útil, do ponto de vista
sedimentológico, é considerado quando os depósitos passam a perturbar a operação habitual do
reservatório, ou seja, é o tempo para que o sedimento alcance a soleira da tomada d’água.
Os dados levantados no Estudo Ambiental indicam que em 50 anos o reservatório da
Barragem do Rio Ipojuca – Engenho Maranhão perderá 3% do seu volume máximo acumulado.
Considerando o volume morto do reservatório (ou seja, a parcela de volume do reservatório que
não está disponível para uso e corresponde ao volume de água no reservatório quando o nível é
igual ao mínimo operacional) de 3.8 milhões de metros cúbicos (cota 64m), durante a vida útil da
barragem 75% desse volume serão perdidos, sendo exigido, eventualmente, dragagens pontuais
nas proximidades do muro do barramento.
No documento anexo ao EIA relativo à revisão dos estudos hidrológicos, item 12,
Estimativa do Assoreamento do Reservatório da Barragem do Rio Ipojuca – Engenho Maranhão
chegou-se, com um volume máximo normal de acumulação de 50,5 milhões de m³ (cota 77) e
um volume morto de 2.3 milhões de m³ (cota 63), a um volume assoreado da ordem de 2.5
milhões de m³ em 50 anos, ou seja, de 4.6% do volume máximo normal de acumulação, ou de
102% do volume morto. Considerando o diferente valor admitido para o volume morto e a
margem de erro associada à metodologia de cálculo de sedimentos capturados por reservatórios,
esses números corroboram a ordem de grandeza esperada dos valores anteriormente verificados
quando do projeto do reservatório.
Rima Barragem Ipojuca ›› 18
Tudo Pronto para a Operação
Com o reservatório cheio, para ter inicio a operação da
adutora deverão ser abertas as comportas do nível 1 até o
enchimento da torre. Só então se abrirá a adutora, a qual
retirará 8m³/s ou o volume que for desejado, sendo este
volume reposto pelas três comportas do nível 1.
Caso a saída de água seja maior que a quantidade de
reposição do rio, o reservatório irá baixando e as comportas
do nível 1 atenderão com uma vazão menor até o nível onde o
reservatório atingir a cota 74,45m. Se o reservatório continuar baixando de nível os registros
serão fechados pouco a pouco até se atingir o limite de cota de 63m. Abaixo disso, fica apenas o
volume de porão e a adutora paralisa a captação da água até que o nível do reservatório se
restabeleça. Neste caso para manter o rio perene até a sua foz, se abrirá controladamente a
válvula difusora.
Para se conhecer a operação real do reservatório no futuro, foram efetuadas simulações
mensais, considerando a retirada de água constante de 3,4m³/s (99% de confiança de
atendimento pleno); de 4,8m³/s (95% de confiança de atendimento pleno), e de 5.9m³/s (90% de
confiança de atendimento pleno), considerou-se ainda uma vazão ecológica permanente para
jusante de 2m³/s; um volume morto de 2,3 milhões de m³; um volume máximo normal de
acumulação de 50,5 milhões de m³ (cota 77m).
Características Técnicas Gerais da Barragem
Cota de armazenamento d’água: 77m Acumulação: 50.536.100,00m³ Extensão total do barramento: 370m Área inundada (cota 77,00) 607,8 ha.
Sangradouros De serviço: soleira cota 77m Extensão 90m Auxiliar: soleira cota 79,5m – Extensão 120m
Trecho não vertedor: Em CCR: Cota da crista: 82m – Extensão 100m Em aterro compactado: Cota do coroamento 82m – Extensão 60m
Tomada d’água: tubo 2m de diâmetro Descarga de fundo: tubo 1,1m de diâmetro Vazão Regularizada – 8,0m³/s para 95% de nível de garantia.
Rima Barragem Ipojuca ›› 19
A Barragem Influenciando a Área
Os estudos realizados para a construção da Barragem do
Rio Ipojuca consideraram quatro áreas diferentes para avaliação
dos impactos: as áreas das obras e do reservatório, as áreas
vizinhas, as áreas que estão mais distantes da barragem e, por fim, a
área de abrangência total da bacia hidrográfica do rio Ipojuca.
• As áreas das obras são aquelas que vão ser ocupadas pelas
estruturas principais de engenharia e por toda a parte de infra-
estrutura necessária para a construção da barragem, como o muro
propriamente dito, os canteiros de obra, as estradas de acesso e
áreas de botafora, considerando também as áreas de inundação.
Essas áreas são chamadas de ADA – Área Diretamente Afetada.
• As áreas vizinhas são aquelas que ficam em volta da barragem e do reservatório, chamadas de
AID – Área de Influência Direta. Elas incluem não só as terras que vão ser transformadas pelas
obras e o futuro reservatório, mas também aquelas que vão sofrer interferências diretas, negativas
ou positivas, do empreendimento.
• As áreas mais distantes são aquelas que podem sofrer modificações indiretas, a partir das
alterações que acontecerão nos ecossistemas e/ou sistemas socioeconômicos adjacentes ao
empreendimento. Nos estudos, essas áreas são chamadas de AII – Área de Influência Indireta.
A área de influência de um empreendimento para um estudo ambiental pode ser descrita como o espaço passível de alterações em seus meios físico, biótico e socioeconômico, decorrentes da sua implantação e/ou
operação.
Rima Barragem Ipojuca ›› 20
Área Diretamente Afetada – ADA
Corresponde a toda área do reservatório, ou seja, alcança a cota 77m (cota máxima de
operação do reservatório), compreendendo área de alagamento de 7,2 km2,
acrescida da faixa de preservação permanente de 6,5 km2, considerando-se
uma faixa de 100m envolta do reservatório. Portanto, considerando a
área alagada pelo reservatório mais o leito natural do
rio, a ADA terá uma extensão de 13,7 km2.
Área de Influência Direta – AID
A AID foi delimitada para os meios físico, biótico, baseando-se na abrangência dos
fatores ambientais diretamente afetados pela barragem considerando uma faixa de 2Km no
entorno do reservatório medidos a partir em sua cota máxima (77m).
Para o meio antrópico foi considerada AID as cidades, sede dos municípios do Ipojuca e
Escada, onde podem ser esperados efeitos conjuntos para as atividades socioeconômicas, tanto
na fase de instalação quanto na fase de operação.
Área de Influência Indireta – AII
A AII foi demarcada para os meios físico, biótico e antrópico (socioeconômico/cultural),
baseando-se na abrangência dos fatores ambientais indiretamente afetados pelo empreendimento.
Ela corresponde a à largura da bacia hidrográfica desde a foz até 10km, a montante da localização
da barragem. Para a AII do Meio Antrópico serão considerados os municípios do Ipojuca e
Escada.
Área de Influência Regional – AIR
A AIR corresponde à área de abrangência total da bacia hidrográfica do Rio Ipojuca,
integrada pelos municípios diretamente relacionados. O ponto de partida para definir essa área
vem da própria inserção regional do empreendimento, por isso envolve toda extensão da bacia
hidrográfica do rio Ipojuca.
Rima Barragem Ipojuca ›› 22
Figura da Área de Influência Indireta
Figura Área de Influência Regional
Rima Barragem Ipojuca ›› 23
Conhecendo a Região
onhecer a região, através de uma análise específica, é fundamental para embasar a
identificação dos impactos que poderão acontecer em função da construção do
empreendimento. Nesse sentido, o EIA/RIMA da Barragem do Rio Ipojuca – Engenho
Maranhão contou com uma equipe multidisciplinar formada por 23 especialistas
em diferentes áreas, que examinaram a situação atual, analisando
documentos, visitando o local, coletando amostras,
entrevistando a população, e produziu ao final o Diagnóstico
Ambiental.
A análise completa das condições físicas,
biológicas e socioeconômicas de toda a Área de
Influência do Projeto da Barragem do Rio Ipojuca
encontra-se no Estudo de Impacto Ambiental. Para uma melhor abordagem deste capítulo, as
temáticas foram divididas em Meio Físico, Biológico e Antrópico, sendo cada um dos
componentes desses meios analisado de modo a permitir uma visão geral da área de implantação
da Barragem. A seguir, você ficará por dentro dos principais aspectos dessa análise.
C
O Diagnóstico Ambiental é uma das etapas mais importantes do EIA, onde é feito um estudo detalhado sobre as características da área do empreendimento. O conhecimento adquirido nesta fase é fundamental para definição de uma política de inserção do projeto no plano local, beneficiando socialmente a região e interferindo o mínimo possível no ecossistema.
Rima Barragem Ipojuca ›› 24
O rio Ipojuca
Com uma extensão de 324Km, o rio Ipojuca
nasce nas encostas da serra do Pau d’Arco, no
município de Arcoverde, a uma altitude de 876m. Da
nascente a foz o Ipojuca banha várias
cidades, dentre as
quais se destacam:
Pesqueira, Belo
Jardim, São Caetano,
Caruaru, Bezerros e
Gravatá (no Agreste),
Primavera, Escada e
Ipojuca (na Zona da
Mata).
As características físicas da bacia estão
condicionadas às regiões fisiográficas interceptadas no percurso. Os trechos superior,
médio e sub-médio da bacia estão localizados nas regiões do Sertão (pequena porção) e Agreste
do Estado, enquanto que o trecho inferior (menor parcela) tem a maior parte de sua área situada
na Zona da Mata, incluindo a faixa litorânea do Estado.
Na maior parte de seu trajeto, o Ipojuca é um rio de regime temporário, tornando-se
perene apenas na Zona da Mata. Já na área próxima à Usina Ipojuca, há uma ampla planície
fluvial, na quase totalidade ocupada com cana-de-açúcar até a altura da Usina Salgado onde, aos
poucos, o canavial vai cedendo lugar ao manguezal que se extende para o norte e para o sul,
interligando-se ao rio Merepe, com o qual forma um amplo estuário. Exatamente no trecho
previsto para a construção da barragem, o rio apresenta o leito cortado em rocha e ausência de
terraço aluvial.
O principal afluente do Ipojuca é o riacho Liberal, com nascentes na Serra do Buco e que
deságua no Ipojuca a cerca de 6Km do município de Sanharó. Na bacia hidrográfica do rio já
existem as barragens de Pão de Açúcar, Bituri e Belo Jardim. As duas primeiras são utilizadas
exaustivamente pela COMPESA para abastecimento de algumas cidades do agreste semi-árido e a
Rima Barragem Ipojuca ›› 25
ultima, apesar da baixa qualidade da água, vem sendo utilizada para complementar outros
sistemas do Agreste, inclusive o da própria cidade de Belo Jardim.
Um dos grandes problemas do rio é o volume de poluentes que recebe por onde passa. A
atividade agroindustrial (usinas, destilarias e canaviais) localizada em sua bacia também contribui
negativamente para a qualidade de suas águas. Tal carga de detritos industriais e domésticos faz
com que o Ipojuca seja considerado um rio em alguns trechos um rio poluído.
Clima
A bacia do Ipojuca está localizada numa área de clima tropical, com chuvas
de monção e verão seco. A precipitação anual varia de 500mm a 2140mm ao longo
da bacia. O Agreste Pernambucano, onde se insere 70% da bacia do Ipojuca, é uma
região que possui o clima quente e seco, e o período mais chuvoso vai de fevereiro a
junho (chuvas de verão/outono).
Já no trecho sub-médio (mais próximo da Zona da Mata), a estação chuvosa
se estende de março a julho (chuvas de outono/inverno). Como características marcantes desta
região do Agreste estão as altas taxas de evaporação que são umas das mais altas do mundo,
superando quase em dobro a média registrada de precipitação.
O trecho inferior da bacia (cuja maior parte se localiza na Zona da Mata, nela incluída a
faixa litorânea) apresenta características de clima quente e úmido, com médias pluviométricas
superiores a 1.000mm anuais, alcançando mais de 2.000mm nas áreas litorâneas. O período
chuvoso dura seis meses, indo de março a agosto (outono/inverno).
As informações da estação meteorológica de Escada, situada no baixo Ipojuca, na
Zona da Mata, mostram que chove em média cerca de 200 dias no ano e somente em 55
dias ocorrem chuvas maiores que 10mm. A precipitação média anual fica da ordem de
1700mm.
Em relação às temperaturas observadas naquela estação, há uma variação
entre 35.8 e 14.0ºC, ao longo do ano. Os meses mais frios são agosto e setembro,
quando termina a estação de chuvas. Já a umidade relativa é muito elevada ao
longo de todo ano ficando entre 76 a 86%.
Rima Barragem Ipojuca ›› 26
Relevo
O relevo na AID está subdividido em duas unidades morfológicas: os tabuleiros (terraços
aluviais), que ocorrem na ADA e os morros, que se encontram individualizados no cristalino.
Os morros representam as colinas individualizadas de topos mais arredondados e declives
suaves em forma de meia-laranja, feições típicas de relevo cristalino, correspondem
geologicamente ao embasamento, que apresentam processos de intemperismo químico
predominantes. São formas que foram individualizadas por ação intensa da drenagem,
provocando o recuo das vertentes e pelo escoamento superficial, devido à ação do clima úmido
atuante na região.
Na área de estudo as encostas retratam uma
evolução influenciada principalmente pela ação climática.
A litologia constitutiva é do espesso manto de
intemperismo, que recobrem a maior parte da área e
embasamento.
Essa unidade vai da quebra de relevo dos
tabuleiros até os limites com as planícies fluviais e a
unidade morros. Os declives suavizados predominam
nas áreas que estão voltadas para as planícies aluviais dos
principais cursos d’água da área, onde os vales são
abertos e de fundo chato.
Nas áreas mais a montante dos vales fluviais, e nos pequenos vales escavados por águas
pluviais, ocorrem as encostas com maior declividade, formando vales em forma de “V” com
baixa acumulação de sedimentos, devido a grande energia utilizada no transporte, provocada pelo
alto gradiente.
Geologia e Hidrogeologia
Tendo como referência a origem das rochas, as unidades presentes na área de influência
da Barragem do Rio Ipojuca são: Complexo Belém de São Francisco e Sedimentos Quaternários.
O grupo de rochas pertencente ao Complexo Belém de São Francisco possui uma
representação muito ampla, estando presente em praticamente toda área de influência direta da
Barragem, formado por ortognaisses e migmatitos.
Rima Barragem Ipojuca ›› 27
Os sedimentos quaternários são
encontrados nas margens do rio Ipojuca e
afluentes como depósitos de origem
fluvial, constituídos de areias, limos, siltes
e argilas das planícies de inundação. O
material que existe ao longo do eixo
barrável é constituído por areias de
granulação fina a grossa. Ocorrem ainda pedregulhos de quartzo e fragmentos de rocha de
coloração cinza. Esta camada apresenta ao longo do eixo barrável uma espessura média da ordem
de 3 metros e uma largura de aproximadamente 75 metros.
Analisando diretamente a ADA, percebe-se que as rochas que lá se encontram são de
certa forma homogêneas, com espesso capeamento de solo residual do migmatito. Já ao longo do
leito do rio, verifica-se um depósito aluvial que se alterna com afloramentos de migmatitos pouco
alterados.
Devido às características das rochas da AID e ADA, em termos hidrogeológicos tem-se
um aqüífero do tipo fissural na área da barragem. Nesse aqüífero, a água subterrânea encontra-se
limitada aos espaços fendilhados e/ou fraturados, daí ser toda a circulação da água subterrânea
efetuada através das fraturas e/ou fissuras, resultando na denominação de aqüífero fissural ou
fraturado, para as litologias que armazenam e possibilitam a extração da água por tal meio.
A produtividade desse aqüífero fissural é fraca, com poços de vazões na ordem de a 2,58
m3/h. A qualidade química da água em geral é boa, com predominância de cloretos, e resíduo
seco médio abaixo de 200 mg/L.
Na área há ocorrências de cacimbas e poços escaváveis por processos manuais (pá e
picareta) que captam água do manto de alteração. Também existem perfurações mecanizadas
(poços tubulares) com profundidades em torno de 50 metros captando água em meios fissurados
de rocha sã.
Embora o aqüífero fissural nesta área não
desempenhe papel importante em potencialidade,
quando comparado a aqüíferos porosos da Região
Metropolitana do Recife (aqüífero Beberibe e Cabo),
ele representa um recurso valioso para o abastecimento de
água da população local através de poços rasos.
Rima Barragem Ipojuca ›› 28
Solos
Com relação aos sedimentos que ocorrem na bacia hidrográfica do rio Ipojuca, percebe-se
que dominam os depósitos aluviais recentes, seguidos de afloramentos da Formação Cabo, que se
apresentam através de conglomerados, arenitos com matriz argilosa, siltitos e argilas, além de
vulcanitos sob a forma de diques.
Refletindo a ação do clima sobre os demais componentes do meio físico, os solos da
AID e da ADA variam desde os arenosos até os de textura argilosa que recobrem os morros e
colinas e constituem a associação Latossolo Amarelo, Podzólico Vermelho Amarelo e Gleissolos,
típicos dos Tabuleiros Costeiros.
Nestas duas áreas também predominam os solos aluviais. Como características, esses são
pouco desenvolvidos, formados por deposições fluviais recentes, profundos a moderadamente
profundos, de textura média e argilosa e drenagem comumente imperfeita ou moderada.
No trecho inferior da bacia do rio Ipojuca, que se localiza inteiramente na Zona da Mata
e na faixa litorânea, o padrão de ocorrência dos solos é bastante diferenciado, registrando-se,
além dos Podzólicos Amarelo e Vermelho-Amarelo, a significativa presença de Latossolos e
Gleissolos.
Rima Barragem Ipojuca ›› 29
Geomorfologia
A paisagem da área de influência
da barragem é formada por rochas que
sofrem efeitos do intemperismo o que
fica evidente quando visto o espesso
manto de decomposição em relevo
colinoso. As características mais
marcantes são morros de topos
arredondados, vertentes ligeiramente
convexas e côncavo-convexa, declividades e vales em V. As altitudes alongadas, constituindo
cristas, esculpidas em rochas de composição predominantemente quartzíticas, ainda são
preservadas, bem como inselbergs construídos sobre rochas graníticas.
Os morros representam as colinas individualizadas de topos mais arredondados e declives
suaves em forma de meia-laranja. Eles são feições típicas de relevo cristalino e correspondem
geologicamente ao embasamento que apresentam processos de intemperismo químico
predominantes. São formas que foram individualizadas por ação intensa da drenagem,
provocando o recuo das vertentes e pelo escoamento superficial, devido à ação do clima úmido
atuante na região.
Já os Tabuleiros são formados com base nas superfícies planas ou quase planas dos
interflúvios que ocorrem na maior parte da área. Apresentando-se com uma forma alongada, eles
se encontram limitados pela unidade denominada de Vertentes, que está localizada entre os
tabuleiros e as planícies aluviais.
A forma de relevo predominante na AID é o modelado cristalino, enquanto que a maior
parte da AII estará associada à unidade de relevo morro baixo, sendo encontrado na porção mais
oeste dessa área um relevo de maior altura.
Rima Barragem Ipojuca ›› 30
Recursos Hídricos
Dentre os diversos usos da água da bacia do Ipojuca, o aproveitamento do curso principal
do rio não vai para o abastecimento humano. O que ocorre com freqüência é a utilização de
açudes alimentados por tributários menores do Ipojuca, localizados em sua maioria na região do
Agreste.
Dados da CPRH mostram que a bacia do rio Ipojuca contém 66 açudes em toda a sua
área. Desse total, 33 possuem capacidade de acumulação abaixo de 100 mil metros cúbicos; 22
deles entre 100 mil e 500 mil m³, 5 na faixa de 500 mil e 1 milhão de metros cúbicos, e 6 têm
capacidade máxima acima de 1 milhão de metros cúbicos. Os principais açudes, por ordem
decrescente de capacidade são: Pão de Açúcar (Pesqueira), Pedro Moura Júnior (Belo Jardim),
Engº Severino Guerra/Bitury (Belo Jardim), Manuíno (Bezerros), Brejão (Sairé) e Taquara
(Caruaru).
A rede hidrográfica do Rio Ipojuca dentro da AID é altamente simplificada, o rio recebe
pela margem esquerda o seu único tributário neste trecho, notadamente o Riacho Cabromena que
nasce nos divisores de água da bacia, ao noroeste da cidade de Escada, e se encaminha em
sentido noroeste-sudoeste em direção ao rio Ipojuca, desaguando em um ponto a 2,4 km a
montante do ponto de barramento.
O Riacho Cabromena perfaz um percurso entorno de 8 km, drenando uma área
expressiva de aproximadamente 12,6 km². Como ponto notável destaca-se o cruzamento sob a
BR-101, uma vez que será através deste curso de água que o reservatório terá sua máxima
aproximação à referida infra-estrutura. O riacho, igual ao que toda a bacia, vem sendo impactado
pela supressão da vegetação nativa, restando uma única mancha de mata atlântica na sub-bacia,
que atualmente protege suas nascentes, localizadas em torno da cota 200 m.
O restante da rede hídrica do Rio Ipojuca no segmento definido como AID, é
conformado por linhas de drenagem e tributários difusos alimentados pelas surgências de água
subterrânea.
Rima Barragem Ipojuca ›› 31
» Qualidade da Água
O Ipojuca recebe forte carga poluidora, pois nenhuma das cidades da sua bacia possui
sistema adequado de esgoto sanitário havendo, em algumas, pequenas extensões de redes
coletoras com inadequada disposição final.
O impacto predominante sobre a qualidade da água do rio Ipojuca está
representado pela contaminação através de esgotos domésticos e o cultivo de
cana-de-açúcar na área de captação da bacia. Estudos sobre o uso do vinhoto
para fertilização das plantações de cana e seu efeito sobre o rio,
demonstraram um forte impacto com o aumento da turbidez,
diminuição do pH e do oxigênio dissolvido e uma elevação no
número de coliformes fecais.
De acordo com os monitoramentos realizados pela CPRH,
o Ipojuca enquadra-se na categoria de poluído e muito poluído, ou seja o
rio está entre os corpos de água que apresentam condições de qualidade de água compatíveis com
os limites estabelecidos para a classe 4 das águas doces (Resolução CONAMA n° 357/05. Estes
corpos d’água apresentam qualidade da água ruim,. A poluição apresentada pelas águas do rio
Ipojuca tem como maior fonte os dejetos domésticos, correspondentes à mais de 67% da carga
poluidora.
A presença de valores elevados de cianobactérias no rio Ipojuca, sugere a possibilidade de
grandes florações desses organismos após a construção do barramento, ou seja, quando o
ambiente de água lótico se transformar em ambiente lêntico na área da represa. Como forma de
combater tal problema será preciso investir em tratamento e diminuição de descargas de esgotos
domésticos na área.
Recursos Minerais
Na área do empreendimento, de acordo com o mapa de títulos minerários, as ocorrências
minerais presentes são os depósitos de origem fluvial constituídos de: areias, limos, siltes e argilas
das planícies de inundação, de idade quaternária e granitos das suítes mesoproterozóicas
(embasamento cristalino), todos voltados para construção civil.
Rima Barragem Ipojuca ›› 32
Em termos de ocorrências minerais na bacia do Ipojuca, a Agência CONDEPE/FIDEM
destaca as seguintes possibilidades:
• Argila – é explorada nos municípios de Caruaru, Escada e Ipojuca, sendo utilizada na
produção de cerâmica, telha, tijolo e artesanato;
• Calcário – o calcário metamórfico é explorado basicamente em Gravatá e São Caetano; o
sedimentar no município de Ipojuca;
• Feldspato – é explorado no município de Caruaru;
• Água mineral – ocorrências localizadas em Gravatá, Escada, Primavera e Caruaru;
• Rochas Cristalinas (ornamentais e britais) – são exploradas em Caruaru, podendo ser
encontradas ao longo da bacia o granito e o granodiorito.
Areia – explorada nos aluviões do rio Ipojuca, nas proximidades da Usina Ipojuca.
Rima Barragem Ipojuca ›› 33
Vegetação
Seguindo o rio Ipojuca desde sua nascente, encontraremos diferentes tipos de vegetação.
De Arcoverde até Gravatá, a vegetação nessa área se enquadra no bioma das Caatingas, no seu
fácies de Sertão, do município de Arcoverde até Sanharó, gradativamente passando para o fácies
Agreste até Vitória de Santo Antão. Após a descida da serra das Russas chegamos no domínio da
Floresta. De início vem a Floresta sub-perenifólia cedendo lugar a Floreta Perenifólia Ombrófila
Costeira até chegar finalmente ao bioma Manguezal já próximo à foz do rio.
A Área de Influência Direta da Barragem do Rio Ipojuca está inserida justamente no
bioma das Florestas, que em Pernambuco encontra-se representado pelos
ecossistemas das Florestas Tropicais ou Florestas Costeiras, também conhecido
por Mata Atlântica e seus associados, Complexo das Restingas e Floresta Paludosa
Costeira ou Manguezal.
Em função do desmatamento, desde o tempo do Brasil Colônia, a Mata
Atlântica encontra-se hoje extremamente reduzida, sendo uma das florestas
tropicais mais ameaçadas do globo. Na AID os poucos remanescentes deste
ecossistema ocupam as partes altas da paisagem mamelonar da “formação
Barreiras”. A paisagem é mesmo dominada pelos canaviais, os remanescentes
florestais ainda existentes na AID, se apresentam quando muito em seu segundo
estágio de regeneração. Em locais onde a cana-de-açucar não se encontra presente
predominam as ervas invasoras.
Três fragmentos de mata foram identificados e estudados na área de
influência do empreendimento. Ao todo, 74 espécies de vegetação foram
identificadas nesses fragmentos, destacando-se: Sucupira (Bowdichia virgilioides),
Aticum-apé (Annona salzmannii DC.), Ingá (Ingá edulis Mart.), Visgueiro (Parkia
pendula), Cipó-imbé (Philodendron imbe), Barriguda (Ceiba glaziovii) e Embaúba
(Cecropia pachystachya Trec.).
Rima Barragem Ipojuca ›› 34
Foram encontradas
13 espécies de
mamíferos, 110 de
aves, 22 de répteis e
12 espécies de
anfíbios na AID.
O maior fragmento de mata está localizado a cerca de 6Km de Escada, na direção Leste, a
aproximadamente 60m da BR 101, medindo 900m de extensão e cerca de 300m de largura. A
diversidade florística nessa área é pequena, tendo sido encontradas 37 espécies. Este número,
além de ser baixo para os melhores fragmentos ainda encontrados na mata atlântica do sul de
Pernambuco, se caracteriza por um elevado número de espécies típicas de fragmentos
intensamente explorados, contudo em regeneração.
Um outro desses fragmentos está inserido dentro da ADA. Em virtude de sua localização,
uma parte de sua vegetação será atingida pelo lago e em conseqüência disso deverá ser retirada
para amenizar os efeitos da eutrofização no lago. Embora esse seja o maior dos três fragmentos
de mata, ele é o que se apresenta mais impactado, tendo sido quase que totalmente explorado em
sua parte interior, ficando apenas as margens preservadas o que dá a impressão que está
conservado.
Uma das espécies indicadoras de qualidade ambiental encontrada na Área de Influência
Direta da barragem foi o “Pau-cardoso” (Cyathea microdonta), que embora não esteja na lista de
plantas ameaçadas de extinção organizada pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal (MMA) pode ser considerada uma espécie rara na mata atlântica
do estado de Pernambuco.
Fauna Terrestre
De uma maneira geral, a fauna vertebrada e ribeirinha na Área de Influência da barragem
Ipojuca está representada por espécies comuns e generalistas, ou seja, adaptadas a viver em
formações vegetais abertas (canaviais e capoeiras) e fechadas (pequenos fragmentos de mata);
apresentando ampla distribuições geográfica, ocorrendo também em outros biomas brasileiros e
em outras áreas urbanas.
A partir dos estudos de campo realizados pelo EIA foi possível perceber que a fauna da
AII é menos diversificada do que à presente na ADA e na AID,
onde estão localizados os fragmentos maiores de mata,
aparentemente mais homogêneos e com maior diversidade
florística. No geral, na AID predominam espécies residentes
(não migratórias), de médio e pequeno porte. O levantamento
sobre as espécies que habitam essa área registrou a ocorrência
de 13 espécies de mamíferos, 110 de aves, 22 de répteis e 12
espécies de anfíbios, sem contar com aquelas que a população
Rima Barragem Ipojuca ›› 35
local afirma existir na região. Nenhuma das espécies anotadas está incluída nas categorias de rara,
ameaçada e endêmica.
» Mamífefos
O grupo dos mamíferos é particularmente importante, pois abriga
espécies cujos indivíduos utilizam enormes áreas para viver. Assim, a ocorrência
de felinos e de primatas indica vastas regiões com potencial de existência de
diversas outras espécies, pelo simples fato da extensão territorial conter diversos
habitats.
A maioria das espécies identificadas são semi-dependentes das florestas
residuais da área. A raposa (Cerdocyon thous), por exemplo, é um desses animais
bastante dependente dos ambientes florestados, e aparentemente vem tendo
sucesso na sua sobrevivência e dispersão na área. O morcego–de-focinho
(Rhynchonyc t eris naso), que foi encontrado sob pontes da BR-101, utiliza
regularmente troncos de árvores altas para abrigo diurno. Já o Tatu-peba
(Euphractus sexcinctus) é outro representante da fauna local que também pode ser
encontrado nas Caatingas. A lontra (Lontra long icaud is ) é um animal aquático
tem sido vista recentemente nos rios Sirinhaém e Ipojuca pela população local.
Os outros mamíferos registrados na área de influência do
empreendimento foram: Guaxinim (Procyon canc rivorus ) , Morcego-de-telhado (Molossus
molossus ) , Saguim (Call ithrix jac chus ) , Timbu (Dide lphis alb iventris ) e Ratos-de-cana
(Rattus norveg icus e Oryzomys subf lavus ) .
» Aves
As aves, devido ao seu caráter bioindicador,
normalmente são utilizadas com destaque em diagnósticos
faunísticos. As 86 espécies registradas na área são
características de formação vegetal aberta, podendo utilizar
os fragmentos de mata, capoeirões e capoeiras. Dentre
aquelas ribeirinhas, estão a Viuvinha (Arundin ico la
leucoc ephala) , o João-de-barro (Furnar ius f i gulus ) ,