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Relatório de Inflação ISSN 1517-6576 Junho 2016 Volume 18 | Número 2 ISSN 1517-6576 Junho 2016 Volume 18 | Número 2

Relatório de Inflação...consumo privado também se contrai, em linha com os dados de crédito, emprego e renda. Entretanto, para o Comitê, à medida que a confiançade firmase

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Relatório de Inflação

ISSN 1517-6576

Junho 2016

Volume 18 | Número 2

ISSN 1517-6576

Junho 2016

Volume 18 | Número 2

Relatório de Inflação

Junho 2016

Volume 18 | Número 2

Relatório de Inflação Brasília v. 18 nº 2 jun. 2016 p. 1‑104

ISSN 1517‑6576CNPJ 00.038.166/0001‑05

Relatório de InflaçãoPublicação trimestral do Comitê de Política Monetária (Copom), em conformidade com o Decreto nº 3.088, de 21 de junho de 1999.

Os textos, os quadros estatísti cos e os gráficos são de responsabilidade dos componentes nomeados a seguir.

– Departamento Econômico (Depec) (E-mail: [email protected])

– Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep) (E-mail: [email protected])

– Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) (E-mail: [email protected])

É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Inflação, volume 18, nº 2.

Convenções estatísticas

... dados desconhecidos. - dados nulos ou indicação de que a rubrica assinalada é inexistente.0 ou 0,0 menor que a metade do último algarismo, à direita, assinalado. * dados preliminares.

O hífen (‑) entre anos (1970‑1975) indica o total de anos, incluindo‑se o primeiro e o último.A barra (/) entre anos (1970/1975) indica a média anual dos anos assinalados, incluindo‑se o primeiro e o último, ou, se especificado no texto, o ano‑safra ou o ano‑convênio.

Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamento.

Não é citada a fonte dos quadros e dos gráficos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil.

Central de Atendimento ao Público

Banco Central do BrasilDepartamento de Atendimento Institucional (Deati)Divisão de Atendimento ao Cidadão (Diate)SBS – Quadra 3 – Bloco B – Edifício‑Sede – 1º subsolo70074‑900 Brasília – DFTelefone: 145 (custo de ligação local)Internet: http//www.bcb.gov.br/?FALECONOSCO

Sumário

Apresentação 5

Sumário executivo 7

Nível de atividade 131.1 Comércio _____________________________________________________________________131.2 Produção _____________________________________________________________________15 Produção industrial _____________________________________________________________15 Serviços ______________________________________________________________________16 Índice de atividade do Banco Central _______________________________________________161.3 Mercado de trabalho ____________________________________________________________171.4 Produto Interno Bruto ___________________________________________________________181.5 Investimentos _________________________________________________________________191.6 Conclusão ____________________________________________________________________19

Preços 292.1 Índices gerais __________________________________________________________________292.2 Índices de preços ao consumidor __________________________________________________302.3 Núcleos ______________________________________________________________________312.4 Expectativas de mercado _________________________________________________________322.5 Conclusão ____________________________________________________________________32

Políticas creditícia, monetária e fiscal 373.1 Crédito _______________________________________________________________________37 Taxas de juros e inadimplência ____________________________________________________383.2 Agregados monetários ___________________________________________________________39 Taxas de juros reais e expectativas de mercado _______________________________________40 Mercado de capitais _____________________________________________________________403.3Políticafiscal __________________________________________________________________41 Necessidadesdefinanciamentodosetorpúblico ______________________________________42 Operações do Banco Central no mercado aberto ______________________________________44 Dívida mobiliária federal ________________________________________________________45 Dívida Líquida do Setor Público ___________________________________________________45 Dívida Bruta do Governo Geral ___________________________________________________463.4 Conclusão ____________________________________________________________________46

Economia internacional 474.1 Atividade econômica ____________________________________________________________474.2Políticamonetáriaeinflação ______________________________________________________494.3Mercadosfinanceirosinternacionais ________________________________________________514.4 Commodities __________________________________________________________________52

4.5 Conclusão ____________________________________________________________________53

Setor externo 555.1 Movimento de câmbio ___________________________________________________________555.2 Comércio de bens ______________________________________________________________565.3 Serviços e renda _______________________________________________________________585.4Contafinanceira ________________________________________________________________595.5 Indicadores de sustentabilidade externa _____________________________________________605.6 Conclusão ____________________________________________________________________61

Perspectivas para a inflação 656.1Determinantesdainflação ________________________________________________________666.2 Riscos associados e implementação da política monetária _______________________________716.3Pressupostoseprevisãodeinflação ________________________________________________78

Boxes Revisão da Projeção do PIB para 2016 ______________________________________________21 EvoluçãodosCoeficientesdeExportaçãoeImportaçãodaIndústriadeTransformação ________23 EvoluçãoRecentedaInflaçãodeAlimentos __________________________________________34 Projeção para o Balanço de Pagamentos de 2016 ______________________________________62

Anexo 83

Apêndice 99

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Apresentação

ORelatóriode Inflaçãoépublicado trimestralmentepeloBanco Central do Brasil e tem o objetivo de avaliar o desempenhodoregimedemetasparaainflaçãoedelinearcenário prospectivo sobre o comportamento dos preços, explicitando as condições das economias nacional e internacional que orientaram as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) em relação à condução da política monetária.

Este Relatório é constituído de seis capítulos: Nível de atividade;Preços;Políticas creditícia,monetária efiscal;Economia internacional; Setor externo; e Perspectivas para ainflação.Emrelaçãoaoníveldeatividade,sãoanalisadosevolução das vendas no varejo, estoques, produção, mercado de trabalho e investimento. No capítulo seguinte, a análise sobre o comportamento dos preços focaliza os resultados obtidos no trimestre, em função das decisões de política monetária e das condições reais da economia que independeram da ação governamental. No capítulo relativo àspolíticascreditícia,monetáriaefiscal,aanáliseécentradanodesempenhodocréditoedomercadofinanceiro,assimcomo na execução orçamentária. No capítulo sobre economia internacional, apresenta-se análise do desempenho das principaiseconomias,procurandoidentificarascondiçõesquepodeminfluenciaraeconomiabrasileira,notadamentenas suas relações com o exterior. Em seguida, o capítulo sobre o setor externo enfoca a evolução das transações econômicas com o exterior, com ênfase no resultado comercial e nas condições de financiamento externo. Finalmente, analisam-seasperspectivasparaaevoluçãodainflação.

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Sumário executivo

No âmbito internacional, o Copom avalia que, no horizonte relevante, o cenário é de crescimento global moderado, com a depreciação ocorrida do real em relação a moedas de importantes parceiros comerciais nos últimos anos contribuindo no sentido de tornar a demanda externa mais favorável ao crescimento da economia brasileira.

A atividade global mostrou tendência de maior moderação ao longo do horizonte relevante para a política monetária. A esse respeito, as evidências apontam taxas de crescimento mais modestas e abaixo do crescimento potencial nas economias maduras. Destacam-se também a continuada preocupação com a economia chinesa e os desdobramentos para outras economias, somada a incertezas quanto às perspectivas para a economia dos Estados Unidos e às implicações de movimentos políticos em economias maduras, com aumento da aversão ao risco eimpactoadversosobreativosfinanceiros.Nosmercadosinternacionais, as perspectivas indicam moderação na dinâmica dos preços de commodities, apesar da valorização no período recente. Em relação aos riscos, o Comitê considera que o ambiente externo permanece desafiador.

No âmbito interno, o Copom reitera que os indicadores disponíveis mostram que as taxas de crescimento da absorção interna e do Produto Interno Bruto (PIB) continuam em terreno negativo em função de incertezas diversas. O investimento tem-se retraído em função dessas incertezas e o consumo privado também se contrai, em linha com os dados de crédito, emprego e renda. Entretanto, para o Comitê, à medidaqueaconfiançadefirmasefamíliassefortaleça,oritmo de atividade tende a se recuperar.

Ainda sobre atividade interna, o Comitê avalia que, no médio prazo, mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta agregada. Os investimentos tendem a ganhar impulso e o consumo tende a crescer em ritmo moderado. Na visão do Copom, essas mudanças, somadas a outras ora em curso, antecipam uma composição do crescimento da

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demanda agregada no médio prazo mais favorável ao crescimento potencial. O Comitê ressalta, contudo, que a velocidade de materialização dessas mudanças e dos ganhos delas decorrentes depende, fundamentalmente, da implementação demedidas fiscais estruturais queconsolidem a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público, além da redução de incertezas que cercam o ambiente doméstico e internacional. Ressalte-se a importância de se estabilizar e, posteriormente, reduzir o endividamento público em relação ao PIB, medida crucial para reforçar a percepção positiva sobre o ambiente econômico,paramelhoraraconfiançadosagenteseparacontribuirparaaancoragemdasexpectativasdeinflação.

Relativamente à oferta, o Comitê avalia que, em prazos mais longos, emergem perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria e da agropecuária. O setor de serviços, por sua vez, tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes.

O Copom destaca que o cenário central contempla moderação do crédito, o que já havia sido observado e tende a persistir. A esse respeito, importa destacar que, após anos em forte expansão, o mercado de crédito voltado ao consumo passou por moderação, de modo que, nos últimos trimestres, observaram-se, de um lado, redução de exposição por parte de bancos e, de outro, desalavancagem das famílias. No agregado, portanto, infere-se que os riscos no segmento de crédito ao consumo vêm sendo mitigados.

Nesse contexto, as operações de crédito permaneceram em desaceleração no trimestre encerrado em maio, evolução compatível com o cenário de retração da atividade econômica, elevação do custo médio das contratações, aumento da inadimplência e patamar reduzido dos indicadoresdeconfiançadosagenteseconômicos.

Noâmbitodapolíticafiscal,aalteraçãoaprovadanaLeideDiretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016 considerou, entre outros fatores, parâmetros macroeconômicos semelhantes aos de mercado e, em especial, o impacto da retração da atividade econômica sobre a arrecadação.

O Comitê entende que esforços para mudar a perspectiva do balanço do setor público são fundamentais para criar uma percepção positiva sobre o ambiente macroeconômico nomédioenolongoprazo.Umapolíticafiscalconsistenterepercutirá favoravelmente sobre o custo de capital de modo geral, o que, por sua vez, estimulará o investimento privado no médio e no longo prazo.

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Considerando que o ajuste fiscal também possui suas próprias defasagens entre a discussão e a adoção das medidas e seus resultados, quanto mais tempestiva for a implementação do processo em curso, mais rápida será a retomada de uma trajetória favorável para a dívida pública e para a confiança de famílias e empresas, ajudando narecuperaçãodaeconomiaenocombateàinflação.

A literatura e as melhores práticas internacionais indicam que umapolíticafiscalconsistenteesustentávelcontribuiparareduzirasexpectativasdeinflaçãodeformaqueoprocessodedesinflaçãosejamaisrápidoemenoscustoso.

Relativamente ao setor externo, as trajetórias favoráveis da balança comercial e das despesas líquidas de serviços e de rendas levaram a redução expressiva do deficit nas transações correntes – de 4,42% do PIB em maio de 2015, para 1,70% do PIB em maio de 2016, considerados intervalos de doze meses.Esse desempenho, refletindoos efeitos defasadosda desvalorização cambial e a retração ora observada na atividade econômica doméstica, tende a continuar nos próximos trimestres.

Os ingressos líquidos de investimentos diretos no país, mesmo em cenário de redução no resultado da conta financeira, persistiram em patamar confortável para o financiamentododeficit em transações correntes. Ressalte-se adicionalmente que, em maio, o estoque de reservas internacionais, no conceito de liquidez, representou 30 meses de importações de bens e 3,4 vezes o valor das amortizações da dívida externa vincendas nos próximos doze meses.

Sobre preços, a inflaçãomedidapela variaçãodo ÍndiceNacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 0,61%emabrile0,78%emmaio.Dessaforma,ainflaçãoem doze meses alcançou 9,32% em maio, 0,85 ponto percentual (p.p.) acima da registrada até maio de 2015. De um lado, os preços livres acumularam variação de 8,82% em doze meses, ante 6,82% até maio de 2015; de outro, os preços administrados variaram 10,90%, comparativamente a 14,09% até maio de 2015.

Noquese refereaprojeçõesde inflação,deacordocomos procedimentos tradicionalmente adotados e levando-se em conta o conjunto de informações disponíveis até 17 de junho de 2016 (data de corte), o cenário de referência, que pressupõe manutenção da taxa de câmbio constante no horizonte de previsão em R$3,45/US$, e a meta para a taxa Selicem14,25%aoano(a.a.),projetainflaçãode6,9%em2016, 4,7% em 2017 e de 4,2% no segundo trimestre de 2018.

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No cenário de mercado, que incorpora dados da pesquisa realizada pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) com um conjunto significativodeinstituições,asprojeçõesapontaminflaçãode 7,0% em 2016, 5,5% em 2017 e de 5,5% no segundo trimestre de 2018.

No que corresponde ao crescimento do PIB, a projeção para 2016, de acordo com o cenário de referência, é de -3,3%, sendo 0,2 p.p. maior do que a estimativa considerada no RelatóriodeInflaçãoanterior.

O Copom ressalta que a evidência internacional, no que é ratificadapela experiênciabrasileira, indicaque taxasdeinflaçãoelevadasgeramdistorçõesque levamaaumentodos riscos e deprimem os investimentos. Essas distorções se manifestam, por exemplo, no encurtamento dos horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos, bem como na deterioração da confiança de empresários. O Comitê enfatiza, também,que taxasde inflaçãoelevadassubtraem o poder de compra de salários e de transferências, comrepercussõesnegativassobreaconfiançaeoconsumodas famílias.Por conseguinte, taxas de inflação elevadasreduzem o potencial de crescimento da economia, bem como o de geração de empregos e de renda.

Nesse contexto, como de resto indicam as projeções apresentadas neste Relatório, o Comitê considera, conforme antecipado, queo ainda elevadopatamarda inflação emdozemeses é reflexodosprocessosde ajustes depreçosrelativos ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano, além dos choques temporários de oferta no segmento de alimentação. Ao tempo em que reconhece que esses processos têm impactos diretossobreainflação,oComitêreafirmasuavisãodequea política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes.

O Copom reitera que a demanda agregada continuará a se apresentar moderada no horizonte relevante para a política monetária. De um lado, o consumo das famílias tende a ser influenciadoporfatorescomoemprego,rendaecrédito;deoutro, a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre outros, tendem a favorecer os investimentos. Por sua vez, as exportações líquidas apresentam melhor resultado,sejapeloaumentodasexportações,beneficiadaspela depreciação do real, seja pelo processo de substituição de importações em curso.

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Para o Comitê, a aprovação e a implementação de ajustes naeconomiabrasileira,inclusivedeordemfiscal,alémdeoutros fatores como a dinâmica dos preços administrados, o processo de distensão no mercado de trabalho e a perspectiva de umhiato do produto desinflacionário sãofatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergênciadainflaçãoparaametade4,5%estabelecidapelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em 2017.

O Comitê ressalta, portanto, que há avanços no combate àinflação,masquesuacontinuidadedependedeajustes–principalmentefiscais–naeconomiabrasileira.Alémdisso,outros fatores interferemno combate à inflação, como ainércia derivada do processo de realinhamento de preços relativos, a confluência de fenômenos climáticos sobrea produçãomundial de alimentos,mais especificamentede grãos, e seus efeitos sobre os preços domésticos, e as incertezas em relação ao comportamento da economia mundial. Nesse contexto, o Comitê buscará circunscrever a inflação aos limites estabelecidos peloCMNem2016e adotará as medidas necessárias de forma a assegurar a convergênciada inflaçãoparaametade4,5%,em2017.Dessa forma, o cenário central não permite trabalhar com a hipótesedeflexibilizaçãodascondiçõesmonetárias.

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1Nível de atividade

O PIB variou -0,3% no primeiro trimestre de 2016, relativamente ao quarto trimestre de 2015, quando recuou 1,3% na mesma base de comparação, representando o quinto período de decréscimo consecutivo. No âmbito da oferta sobressaíram os recuos da atividade na indústria e no setor de serviços, enquanto sob a ótica da demanda destacaram-se os impactos negativos das retrações nos gastos com investimentos e no consumo das famílias, sensibilizado pelo aprofundamento do processo de distensão no mercado de trabalho e pela maior rigidez no mercado de crédito. Adicionalmente, prosseguiu a contribuição positiva do componente externo, compatível com o desempenho recente da demanda interna, com a retomada moderada da atividade econômica global e com os efeitos defasados do ajuste da taxa de câmbio ocorrido em 2015.

Ressalte-se que o arrefecimento da variação negativa do PIB no primeiro trimestre de 2016 e a evolução de diversos indicadores de atividade no início do segundo trimestre do ano sugerem, de forma preliminar, perspectivas de acomodação da trajetória contracionista da atividade. Essa trajetória segue dependente, entretanto, da efetiva reversão da tendência dos indicadores de confiança dosconsumidores e empresários, que poderá ser favorecida, em parte, pela melhora de percepção em relação ao ambiente doméstico após a implementação de ajustes na política macroeconômica,principalmentedeordemfiscal.

1.1 Comércio

As vendas do comércio ampliado diminuíram 1,6% no trimestrefinalizadoemabril,emrelaçãoaoterminadoemjaneiro, quando haviam apresentado a mesma retração, neste tipo de comparação, segundo dados dessazonalizados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro deGeografiaeEstatística(IBGE).Houvedecréscimosnasvendas em todos os dez segmentos pesquisados, destacando-se os registrados em livros, jornais, revistas e papelaria (6,6%); tecidos, vestuário e calçados (6,2%) e outros artigos

Tabela 1.1 – Índice de volume de vendasVariação percentual

Discriminação 2016

Jan Fev Mar Abr

No mês1/

Comércio varejista -2,0 1,2 -0,9 0,5 Combustíveis e lubrificantes -2,7 0,4 -1,2 0,0 Hiper, supermercados, prod. alimentícios -0,9 0,8 -1,4 1,0 Tecidos, vestuário e calçados -0,2 -3,5 -4,7 3,7 Móveis e eletrodomésticos -5,5 5,9 -1,2 -1,8 Artigos farmacêuticos, médicos -0,3 0,1 0,4 -2,9 Livros, jornais, revistas e papelaria -0,4 -4,0 -0,9 -3,4 Equipamentos e materiais para escritório 2,0 -3,0 6,3 -4,9 Outros artigos de uso pessoal -3,7 0,1 -1,9 2,8 Comércio ampliado -2,0 1,4 -1,3 -1,4 Materiais de construção -5,1 2,8 -0,5 -4,0 Veículos, motos, partes e peças -2,2 3,6 -1,2 -6,6

Trimestre/trimestre anterior1/

Comércio varejista -1,2 -3,0 -3,0 -1,6 Combustíveis e lubrificantes -3,1 -2,3 -2,6 -2,0 Hiper, supermercados, prod. alimentícios -1,4 -1,9 -2,1 -0,8 Tecidos, vestuário e calçados -0,9 -2,8 -5,3 -6,2 Móveis e eletrodomésticos -2,3 -6,9 -6,2 -2,5 Artigos farmacêuticos, médicos 1,9 1,4 0,5 -0,7 Livros, jornais, revistas e papelaria -3,0 -4,3 -5,1 -6,6 Equipamentos e materiais para escritório 3,8 -2,3 0,4 -3,0 Outros artigos de uso pessoal -1,6 -4,6 -6,0 -4,4 Comércio ampliado -1,6 -1,7 -2,0 -1,6 Materiais de construção -2,5 -1,3 -2,1 -1,7 Veículos, motos, partes e peças -1,6 0,4 0,3 -0,8

No ano Comércio varejista -10,6 -7,6 -7,0 -6,9 Combustíveis e lubrificantes -13,8 -9,2 -9,5 -9,8 Hiper, supermercados, prod. alimentícios -5,8 -3,7 -2,8 -3,2 Tecidos, vestuário e calçados -12,9 -12,3 -13,3 -12,2 Móveis e eletrodomésticos -24,7 -18,5 -17,0 -15,4 Artigos farmacêuticos, médicos -0,2 2,7 2,5 1,5 Livros, jornais, revistas e papelaria -13,0 -14,4 -14,9 -15,5 Equipamentos e materiais para escritório -24,9 -21,0 -16,7 -16,2 Outros artigos de uso pessoal -14,8 -13,3 -12,8 -12,2 Comércio ampliado -14,1 -10,1 -9,4 -9,3 Materiais de construção -18,0 -14,8 -14,8 -14,3 Veículos, motos, partes e peças -21,3 -14,8 -13,5 -13,6

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

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de uso pessoal e doméstico (4,4%). As vendas do comércio varejista, excluídos os recuos nos segmentos veículos e motos, partes e peças (0,8%) e material de construção (1,7%), retraíram 1,6% no trimestre, destacando-se os decréscimos no Centro-Oeste (2,4%) e no Norte (1,8%).

Indicadores coincidentes apontam acomodação na tendência de retração das vendas no varejo no início do segundo trimestre de 2016. Essa perspectiva baseia-se, em parte, na estabilidade das vendas reais do setor supermercadista no trimestrefinalizadoemabril,emrelaçãoaoencerradoemjaneiro, segundo dados dessazonalizados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

No mesmo sentido, estatísticas dessazonalizadas da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que as vendas de automóveis e comerciais leves diminuíram 2,2% no trimestre encerrado em maio, em relação ao terminado em fevereiro, quando recuaram 4,6%, no mesmo tipo de análise. No mesmo período, o índice Serasa Experian de Atividade do Comércio, de abrangência nacional, construído a partir de consultas mensais realizadas pelos estabelecimentos comerciais, registrou estabilidade, comparativamente a recuo de 2,6% no trimestre encerrado em fevereiro, considerados dados dessazonalizados.

Os indicadores de confiança do consumidor, embora persistam em patamar historicamente reduzido, registraram, na margem, desempenho mensal favorável em maio, especialmente no componente que avalia as expectativas1. Nesse contexto, o Índice deConfiança doConsumidor(ICC), da Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 0,2% notrimestreencerradoemmaio,emrelaçãoaofinalizadoem fevereiro, dados dessazonalizados. O Índice da Situação Atual (ISA) variou -3,0% e o Índice de Expectativas (IE), 1,7%, no período. O ICC recuou 10,0% em relação ao mesmo trimestre de 2015 (ISA, -16,0%; IE, -4,9%).

O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), aumentou 0,9% no trimestre até maio, em relação a igual intervalo de 2015, destacando-se as variações respectivas de 18,8% e 15,4% nos componentes que avaliam as expectativasquantoàinflaçãoeaodesemprego.Ressalte-se que o indicador registrou variação mensal positiva após sequência de 36 meses de resultados negativos, nessa base de comparação.

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Jan2014

Abr Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Fonte: IBGE

Gráfico 1.1 – Índice de volume de vendas no varejo –Conceito ampliadoDados dessazonalizados2011 = 100

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859095

100105110115120125130

Jan2014

Abr Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Móveis e eletrodomésticos Hipermercados e supermercados

Fonte: IBGE

Gráfico 1.2 – Índice de volume de vendas no varejo –Segmentos selecionadosDados dessazonalizados2011 = 100Móveis e eletrodomésticos Hipermercados e supermercados

70

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Jan2014

Abr Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Gráfico 1.3 – Índice de volume de vendas no varejo –Veículos e motos, partes e peçasDados dessazonalizados2011 = 100

Fonte: IBGE

1/ Importanteressaltarquearecuperaçãomensaldemaionãoésuficienteparapromoveralteraçõesrelevantesnosresultadostrimestrais.

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Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai

INC ICCFontes: ACSP/IPSOS e FGV

Gráfico 1.4 – Índice Nacional de Confiança (INC/ACSP) e Índice de Confiança do Consumidor (ICC/FGV)

ICCSet/2005 = 100INC

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O Índice Nacional de Confiança (INC), elaborado pela Ipsos Public Affairs para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), diminuiu 37,9% no trimestre finalizado emmaio, em relação a igual período de 2015.Houveretrações nos indicadores de todas as regiões: Sudeste, 41,1%; Sul, 37,8%; Nordeste, 31,5% e Norte/Centro-Oeste, 38,4%.

O Índice deConfiança doComércioAmpliado (ICOM),divulgadopelaFGV,aumentou1,4%notrimestrefinalizadoem maio, em relação ao terminado em fevereiro. Essa evolução repercutiu variações respectivas de -1,8% e 4,1% no Índice de Situação Atual (ISA-COM) e no Índice de Expectativas (IE-COM).

1.2. Produção

Produção industrial

A produção física da indústria diminuiu 1,5% no trimestre finalizadoemabril,emrelaçãoaoterminadoemjaneiro,quando havia decrescido 3,9%, nessa base de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE. Houverecuosrespectivosde1,0%ede1,2%nasindústriasextrativa e de transformação, que registrou declínio da produção em doze das 23 atividades incluídas na pesquisa (informática, eletrônicos e ópticos, -9,9%; outros equipamentos de transportes, -8,5%; veículos automotores, -7,8%; madeira, 7,0%; fumo, 7,0%; produtos têxteis, 5,6%).

A análise por categorias de uso evidencia o desempenho desfavorável da indústria de bens de consumo duráveis, que recuou 7,4% no trimestre. A produção de bens intermediários diminuiu 0,9%, a de bens de consumo semi e não-duráveis apresentou estabilidade e a de bens de capital cresceu 1,9%.

O nível médio de utilização da capacidade instalada (NUCI) da indústria de transformação atingiu 73,9% no trimestrefinalizadoemmaio,ante74,2%noencerradoem fevereiro, considerados dados dessazonalizados da Sondagem da Indústria da FGV. O recuo refletiu as retrações registradas nos indicadores das indústrias de bens de consumo duráveis (3,9 p.p.) e de bens intermediários (0,9 p.p.), e os aumentos nos relativos às indústrias de bens de capital (1,5 p.p.) e de bens de consumo não duráveis (1,2 p.p.).

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Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai

Fonte: CNI

Gráfico 1.5 – Índice Nacional de Expectativa do Consumidor2001 = 100

Tabela 1.2 – Produção industrialTrimestre/trimestre anterior1/

%

Discriminação 2016

Jan Fev Mar Abr

Indústria geral -3,9 -3,3 -2,2 -1,5

Por seção

Indústria extrativa -12,5 -9,5 -6,1 -1,0

Indústria de transformação -3,4 -2,9 -1,8 -1,2

Por categoria de uso

Bens de capital -8,4 -9,6 -3,2 1,9

Bens intermediários -4,1 -2,3 -1,3 -0,9

Bens de consumo -2,1 -2,4 -2,5 -2,4

Duráveis -4,6 -0,2 -3,4 -7,4

Semi e não duráveis 0,0 0,0 0,4 0,0

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

80

85

90

95

100

105

110

115

Abr2014

Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Gráfico 1.6 – Produção industrial1/

Indústria geral e seções2012 = 100

Indústria geral Indústria extrativaIndústria de transformação

Fonte: IBGE1/ Séries com ajuste sazonal.

556065707580859095

100105110

Abr2014

Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Gráfico 1.7 – Produção industrial1/

Bens de consumo 2012 = 100

Duráveis Semi e não duráveisFonte: IBGE1/ Séries com ajuste sazonal.

16 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

O índice de estoques da indústria, calculado pela FGV, registrou média de 111,1 pontos2 no trimestre encerrado em maio(118,2pontosnofinalizadoemfevereiro),consideradosdados dessazonalizados. Destacaram-se a retração de 17,7 pontos, para 100,4 pontos, no indicador dos estoques de bens intermediários, e o aumento de 3,3 pontos, para 108,6 pontos, no relacionado aos estoques de bens de consumo não duráveis.

O Índice de Confiança da Indústria3 (ICI) apresentou média de 77,3 pontos no trimestre encerrado em maio, ante 75,5 pontos no finalizado em fevereiro, segundodados dessazonalizados da FGV. Essa trajetória decorreu de aumentos nos indicadores das indústrias de bens intermediários (4,7 pontos), bens de capital (3,5 pontos) e de bens de consumo duráveis (0,1 ponto), e recuo de 2,1 pontos no ICI da indústria de bens de consumo não duráveis.

Serviços

A Atividade no segmento de serviços recuou 4,8% no trimestre encerrado em abril, em relação a igual período de 2015, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE. Destacaram-se os decréscimos nos segmentos serviços profissionais, administrativos e complementares(5,5%) e transporte e serviços auxiliares ao transporte (5,4%). Após dessazonalização, o indicador decresceu 1,4% em relaçãoao trimestrefinalizadoem janeiro (transportee serviços auxiliares ao transporte, -2,2%; serviços de informação e comunicação, -0,6%).

OÍndicedeConfiançadeServiços(ICS)variou1,2%notrimestrefinalizadoemmaiode2016,emrelaçãoaoterminadoem fevereiro, de acordo com dados dessazonalizados da FGV. O Índice de Situação Atual (ISA-S) recuou 0,3% e o Índice de Expectativas (IE-S) cresceu 2,8%, no período. O ICS diminuiu 6,9% em relação a igual período de 2015 (ISA-S, -11,2%; IE-S, -2,0%).

Índice de atividade do Banco Central (IBC-Br)

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil (IBC-Br) retraiu 1,03% no trimestre encerrado em abril,

2/ Complemento de 200 pontos do índice original divulgado pela FGV. Valores acima de 100 pontos indicam estoques acima do planejado.3/ Valores acima de 100 pontos indicam sentimento de otimismo.

85

90

95

100

55

65

75

85

95

105

115

Abr2014

Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Gráfico 1.8 – Produção industrial1/

Bens de capital e intermediários 2012 = 100Bens de capital

Bens de capital Bens intermediáriosFonte: IBGE1/ Séries com ajuste sazonal.

Bens intermediários

70

75

80

85

Mai2014

Jul Set Nov Jan2015

Mar Mai Jul Set Nov Jan2016

Mar Mai

CNI FGVFontes: CNI e FGV1/ Séries com ajuste sazonal.

Gráfico 1.9 – Utilização da capacidade instalada1/

Indústria de transformação%

Tabela 1.3 – Volume de serviçosTrimestre ante mesmo trimestre do ano anterior (%)

Discriminação 2016

Jan Fev Mar Abr

Total -5,5 -4,7 -5,0 -4,8

Serviços prestados às famílias -6,0 -4,5 -3,1 -2,7

Serviços de informação e comunicação -2,2 -2,4 -4,4 -4,7

Serviços profissionais, administrativos -8,2 -7,5 -6,7 -5,5

e complementares

Transportes, serviços auxiliares do -7,1 -5,1 -5,2 -5,4

transporte e correios

Outros serviços -8,7 -8,3 -3,8 -2,2

Fonte: IBGE

60

70

80

90

100

110

Mai2013

Ago Nov Fev2014

Mai Ago Nov Fev2015

Mai Ago Nov Fev2016

Mai

Fontes: FGV

Gráfico 1.10 – Índice de confiança de serviços - ICSDados dessazonalizados

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 17

emrelaçãoaofinalizadoemjaneiro,quandohaviarecuado1,56%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados4. O IBC-Br decresceu 5,39% em relação a igual trimestre de 2015 e 5,41% em doze meses.

1.3 Mercado de Trabalho

A taxa de desemprego, divulgada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, atingiu 11,2% no trimestre encerrado em abril (9,5% no encerrado em janeiro e 8,0% no terminado em abril de 2016). O nível de ocupação – relação entre população ocupada e população em idade ativa – atingiu 54,6%, menor percentual da série, iniciada em 2012 (55,5% e 56,3%, respectivamente, nos demais períodos mencionados).

O mercado de trabalho registrou a eliminação de 286,2 mil postos formais no trimestre encerrado em abril de 2016 (81,0 mil em igual período de 2015), segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). Os cortes mais acentuados ocorreram no comércio (128,0 mil), na indústria de transformação (67,0 mil), na construção civil (57,4 mil) e nos serviços (37,8 mil). Foram extintas 385,9 mil vagas nos quatro primeiros meses do ano.

Os dados da PNAD Contínua indicam reversão do movimento de formalização do mercado de trabalho. Nesse sentido, no trimestre encerrado em abril, foram eliminados 631 mil postos de trabalho no setor privado com carteira de trabalho assinada (excluindo trabalhadores domésticos), contribuindo para que o número de trabalhadores nesta categoria diminuísse 1,8% em relação ao trimestre encerrado em janeiro e 4,3% comparativamente a igual período de 2015.

O rendimento médio habitual de todos os trabalhos diminuiu 0,8% no trimestre encerrado em abril, em relação ao terminado em janeiro (-3,3% comparativamente a igual período de 2015), considerados dados da PNAD Contínua. A massa salarial real habitual de todos os trabalhos recuou, na ordem, 1,5% e 4,3%, nas mesmas bases de comparação.

4/ OIBC-Brpassouasercalculadodeacordocomnovametodologia,descritanoboxe:RevisãometodológicadoIBC-BR,divulgadonoRelatóriodeInflaçãode março de 2016.

133

135

137

139

141

143

145

147

149

151

Jan2013

Abr Jul Out Jan2014

Abr Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Gráfico 1.11 – Índice de Atividade Econômica do Banco Central Dados dessazonalizados

6,06,57,07,58,08,59,09,5

10,010,511,011,512,0

Jan2013

Abr Jul Out Jan2014

Abr Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Gráfico 1.12 – Taxa de desemprego aberto%

Fonte: IBGE (PNADC).

Tabela 1.4 – Evolução do emprego formalNovos postos de trabalho (em mil)

Discriminação 2015 2016

Trim2/ Ano3/ Trim2/ Ano3/

Total -81,0 -162,7 -286,2 -385,9

Indústria de transformação -66,5 -39,1 -67,0 -83,6

Comércio -48,6 -146,4 -128,0 -197,8

Serviços 98,5 91,4 -37,8 -54,9

Construção civil -67,1 -76,8 -57,4 -60,0

Agropecuária -7,3 2,1 -7,7 1,0

Serviços ind. de util. pública 0,3 0,5 -1,8 -2,7

Outros1/ 9,7 5,5 13,5 12,1

Fonte: MTPS.

1/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.2/ Trimestre encerrado em abril/2016.3/ Acumulado no ano até abril/2016.

- 6- 5- 4- 3- 2- 1 0 1 2 3 4 5 6

Abr2013

Jul Out Jan2014

Abr Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Ocupação Empregados no setor privado com carteira

Gráfico 1.13 – Empregados com carteiraVariação interanual no trimestre – %

Fonte: IBGE (PNADC).

18 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

1.4 Produto Interno Bruto

O PIB decresceu 0,3% no primeiro trimestre de 2016, em relação ao trimestre anterior, de acordo com dados dessazonalizados do IBGE. A retração repercutiu, sob a ótica da oferta, recuos respectivos de 0,3%, 1,2% e 0,2% na agropecuária, na indústria e no segmento de serviços. O resultado negativo da indústria foi condicionado, em especial, pelos desempenhos das indústrias de transformação (-0,3%) e extrativa (-1,1%), e da construção civil (-1,0%). A produção e distribuição de eletricidade, gás e água cresceu 1,9% no trimestre.

No âmbito da demanda, destacaram-se os recuos de 1,7% no consumo das famílias (quinta retração consecutiva nessa base de comparação), que acumulou retração de 8,6% em relação ao último trimestre de 2014; e de 2,7% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). O consumo do governo cresceu 1,1% no trimestre. Em relação aos componentes do setor externo, as importações recuaram 5,6% – evolução consistente com a redução da atividade na indústria e com o desempenho negativo do consumo privado – e as exportações cresceram 6,5%.

O PIB diminuiu 5,4% comparativamente ao primeiro trimestre de 2015, trajetória determinada, sob a ótica da oferta, por retrações na indústria (7,3%), na agropecuária (3,7%) e no setor de serviços (3,7%). A evolução desfavorável do segmento industrial evidenciou o impacto dos resultados negativos da indústria extrativa (9,6%), da indústria de transformação (10,5%) e da construção civil (6,2%), mitigado pelo efeito do crescimento de 4,2% no setor de distribuição de eletricidade, gás e água. No setor terciário, destacaram-se os recuos nas atividades comércio (10,7%), transporte, armazenagem e correio (7,4%) e outros serviços (3,4%).

Considerada a ótica da demanda agregada, o componente interno contribuiu com -10,2 p.p. para o crescimento interanual do PIB (-3,1 p.p. no primeiro trimestre de 2015), destacando-se os impactos dos recuos no consumo das famílias (6,3%) e na FBCF (17,5%). O setor externo, refletindo variações respectivas de 13,0% e -21,7%nasexportações e nas importações foi responsável por 4,8 p.p. da variação interanual do PIB no período.

- 12- 10- 8- 6- 4- 2 0 2 4 6 8

10 12

Abr2013

Jul Out Jan2014

Abr Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Ocupação

Rendimento real habitual

Massa de rendimentos – real

Gráfico 1.14 – Ocupação, rendimento e massaVariação interanual no trimestre – %

Fonte: IBGE (PNADC).

Tabela 1.5 – Produto Interno BrutoTrimestre ante trimestre imediatamente anteriorDados dessazonalizados

Variação %

Discriminação 2015 2016

I Tri II Tri III Tri IV Tri I Tri

PIB a preços de mercado -1,2 -2,0 -1,6 -1,3 -0,3

Agropecuária 4,9 -3,7 -3,2 2,9 -0,3

Indústria -1,2 -3,7 -2,0 -1,6 -1,2

Serviços -1,1 -1,0 -1,0 -1,5 -0,2

Consumo das famílias -2,6 -2,1 -1,6 -0,9 -1,7

Consumo do governo -0,5 0,3 0,3 -2,9 1,1

Formação Bruta de

Capital Fixo -3,9 -7,2 -3,9 -4,8 -2,7

Exportação 12,6 3,4 -2,3 0,1 6,5

Importação -1,2 -7,8 -6,9 -5,5 -5,6

Fonte: IBGE

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 19

1.5 Investimentos

Os investimentos, excluídas as variações de estoques, decresceram 17,5% no primeiro trimestre de 2016, em relação a igual período do ano anterior, segundo as Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Considerados dados dessazonalizados, a FBCF recuou 2,7% em relação ao quarto trimestre de 2015 – décima retração consecutiva nessa base de comparação – e acumulou retração de 27,1% desde o terceiro trimestre de 2013.

A absorção de bens de capital diminuiu 30,7% nos quatros primeiros meses de 2016, em relação ao mesmo período de2015.Houvevariaçõesrespectivasde-25,8%,-28,0%e13,3% na produção, importação e exportação desses bens, ressaltando-se que o recuo acentuado na produção repercutiu, em grande parte, o desempenho negativo das indústrias produtoras de bens destinados à construção e à agricultura, e de uso misto. A produção de insumos típicos da construção civil recuou 16,2% no período.

Os desembolsos do sistema BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES), Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) e BNDES Participações S.A. (BNDESpar) – atingiram R$18,1 bilhões no primeiro trimestre de 2016. O recuo de 45,7% em relação ao período correspondente de 2015 foi condicionado, em especial, pelas reduções nas destinações aos segmentos comércio e serviços (50,9%) e indústria de transformação (42,3%), que representaram, na ordem, 52,4% e 29,9% do total de desembolsos no período.

1.6 Conclusão

OPIB recuounoprimeiro trimestrede2016, ratificandotrajetória de retração da atividade que persiste desde o início de 2015. O ciclo contracionista repercute incertezas econômicas com impacto sobre as expectativas dos agentes econômicos e suas decisões de consumo e investimento. Esseambientefoiintensificadopelocenáriodeincertezastambém derivadas de eventos não econômicos.

Prospectivamente, devem ser consideradas expectativas preliminares de retomada gradual da atividade, em ambiente de recuperação dos indicadores de confiançae de estabilização, na margem, de indicadores de produção, notadamente no setor industrial, e a redução

Tabela 1.6 – Produto Interno BrutoTrimestre ante mesmo trimestre do ano anterior

Variação %Discriminação 2015 2016

I Tri II Tri III Tri IV Tri I Tri

Agropecuária 5,4 2,2 -2,0 0,6 -3,7

Indústria -4,4 -5,7 -6,7 -8,0 -7,3 Extrativa mineral 12,5 8,2 4,2 -4,1 -9,6 Transformação -7,3 -8,1 -11,3 -12,0 -10,5 Construção civil -8,3 -10,6 -6,3 -5,2 -6,2 Produção e distribuição de eletricidade, gás e água -6,6 -1,6 1,5 1,4 4,2

Serviços -1,4 -1,8 -2,9 -4,4 -3,7 Comércio -5,9 -7,1 -9,9 -12,4 -10,7 Transporte, armazenagem e correio -4,0 -5,2 -7,7 -9,0 -7,4 Serviços de informação 3,5 -0,1 -1,5 -3,0 -5,0 Intermediação financeira, seguros, previdência com- plementar e serviços 0,7 0,1 0,4 -0,4 -1,8 relacionados Outros serviços -1,2 -2,0 -3,5 -4,4 -3,4 Atividades imobiliárias e aluguel 0,1 0,8 0,3 0,0 0,0 Administração, saúde e educação públicas -0,4 0,5 0,9 -1,2 -0,8

Valor adic. a preços básicos -1,7 -2,5 -3,8 -5,0 -4,6

Impostos sobre produtos -3,8 -5,9 -8,3 -11,0 -10,4

PIB a preços de mercado -2,0 -3,0 -4,5 -5,9 -5,4

Consumo das famílias -1,5 -3,0 -4,5 -6,8 -6,3Consumo do governo -0,5 -0,3 -0,4 -2,9 -1,4Formação Bruta deCapital Fixo -10,1 -12,9 -15,0 -18,5 -17,5Exportação 3,3 7,7 1,1 12,6 13,0Importação -5,0 -11,5 -20,0 -20,1 -21,7

Fonte: IBGE

Tabela 1.7 – Produção industrialTrimestre ante mesmo trimestre do ano anterior (%)

Discriminação 2016

Jan Fev Mar Abr

Insumos da construção civil -19,5 -18,8 -17,4 -15,0

Bens de capital -32,8 -31,1 -28,4 -22,2

Tipicamente industrializados -13,4 -18,3 -13,5 -9,0

Agrícolas -29,9 -34,0 -33,2 -32,4

Peças agrícolas -29,1 -23,3 -18,0 -10,3

Construção -55,4 -55,1 -51,3 -42,7

Energia elétrica -17,4 -20,0 -13,3 -4,2

Equipamentos de transporte -35,1 -31,7 -28,7 -22,1

Misto -38,7 -37,2 -34,5 -28,8

Fonte: IBGE

20 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

do impacto negativo de eventos não econômicos sobre a atividade. No médio prazo, a consolidação dos ajustes macroeconômicos, tende a traduzir-se em alocação mais eficientedosfatoresdeproduçãodaeconomiaeemganhosde produtividade.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 21

Revisão da projeção do PIB para 2016

A projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, incorporando os resultados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o primeiro trimestre do ano e estatísticas disponíveis para o segundo trimestre, foi revisada de -3,5%, no Relatório anterior, para -3,3%. O PIB recuou 3,8% em 2015.

Estima-se recuo de 1,1% para a produção agropecuária, ante expansão de 0,2% em março, reversão decorrente de revisões para baixo nas projeções do IBGE para as safras de soja, cana-de-açúcar e milho, que deverão diminuir 0,4%, 2,6% e 14,1%, respectivamente, no ano.

A projeção para a retração da indústria diminuiu de 5,8%, emmarço,para4,6%.Amelhorarefleteodesempenhoacima do esperado para o setor no primeiro trimestre e a evolução de indicadores coincidentes no segundo trimestre. Destaque para as revisões nas projeções para os segmentos indústria de transformação (de -8,0% para -6,1%) e distribuição de eletricidade, gás e água (de 1,0% para 4,1%). A estimativa para o recuo na indústria extrativa aumentou de 4,7% para 4,8%, enquanto a taxa esperada para o setor de construção civil passou de -5,0% para -5,5%, alteração consistente com o aprofundamento da distensão no mercado de trabalho, com a piora das condições no mercado de crédito e com o patamar reduzidodaconfiançadosagenteseconômicos.

A estimativa para o recuo no setor terciário em 2016 manteve-se em 2,4%, com recuos mais pronunciados para as atividades comércio (6,5%), transportes, armazenagem e correio (5,0%) e outros serviços (2,3%). Apenas o segmento atividades imobiliárias e de aluguel não deverá apresentar desempenho negativo no ano, mas estabilidade.

No âmbito dos componentes domésticos da demanda agregada, projeta-se recuo de 4,0% para o consumo das famílias (-3,3% em março), piora consistente com o desempenho do componente no primeiro trimestre

22 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

e com o processo de distensão em curso no mercado de trabalho. O consumo do governo deve recuar 0,8% (-0,7% em março) e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), 11,6% (-13,0% em março), terceira retração anual consecutiva, impactada pelos desempenhos negativos projetados para a construção civil e para a absorção de bens de capital.

As exportações e as importações de bens e serviços devem variar 7,5% e -14,0%, ante 6,0% e -15,0%, respectivamente, no Relatório de março, alteração em linha com os resultados do primeiro trimestre e com indicadores coincidentes referentes ao segundo trimestre. A evolução projetada para as exportações, em ambiente de retomada moderada da atividade econômica global, refleteodesempenhopositivodascategoriasdeprodutosbásicos e de industrializados, este influenciadopelosganhos de competitividade decorrentes da depreciação do real. O desempenho das importações é consistente com o ambiente de retração da atividade interna. Nesse cenário, as contribuições da demanda interna e do setor externo para a evolução do PIB em 2016 estão estimadas em -6,3 p.p. e 3 p.p., respectivamente (-6,4 p.p. e 2,9 p.p., na ordem, no relatório de março).

Tabela 1 – Produto Interno BrutoAcumulado em 4 trimestres

Variação %Discriminação 2015 2016

IV Tri IV Tri1/

Agropecuária 1,8 -1,1

Indústria -6,2 -4,6 Extrativa mineral 4,9 -4,8 Transformação -9,7 -6,1 Construção civil -7,6 -5,5 Produção e dist. de eletricidade, gás e água -1,4 4,1

Serviços -2,7 -2,4 Comércio -8,9 -6,5 Transporte, armazenagem e correio -6,5 -5,0 Serviços de informação -0,3 -2,8 Interm. financeira e serviços relacionados 0,2 -1,0 Outros serviços -2,8 -2,3 Atividades imobiliárias e aluguel 0,3 0,0 Administração, saúde e educação públicas 0,0 -0,8

Valor adicionado a preços básicos -3,3 -2,8

Impostos sobre produtos -7,3 -6,0

PIB a preços de mercado -3,8 -3,3

Consumo das famílias -4,0 -4,0Consumo do governo -1,0 -0,8Formação Bruta de Capital Fixo -14,1 -11,6Exportação 6,1 7,5Importação -14,3 -14,0

Fonte: IBGE1/ Estimativa.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 23

Evolução dos coeficientes de exportação e importação da Indústria de Transformação

A taxa média de câmbio efetiva real1 aumentou 20,4% em 2015, maior depreciação anual desde 1999, quando a variação atingiu 32,9%. Tendo em vista que os ganhos de competitividade associados a esse movimento exercem, potencialmente, desdobramentos favoráveis sobre a produção da indústria, este boxe analisa o impacto da evoluçãodocoeficientedeexportação(CE)edoíndicede penetração das importações (PI) da indústria sobre o desempenho recente do segmento.

O mercado externo não é, historicamente, o principal destino da produção da indústria de transformação do país.Nessesentido,oCEdestaatividade–definidocomoa relação entre o valor das exportações e o valor total da produção2 – recuou de 18,2%, em 2004, para 15,5%, em2015,apóssituar-seem11,4%,em2010(Gráfico1).

No âmbito das importações, o PI na oferta doméstica de produtosdaindústriadetransformação,édefinidocomo:

50

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2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Gráfico 1 – CE e PI da Indústria de transformação e taxa de câmbio real

Coeficiente de exportação Penetração de importação Câmbio Real

Fonte: IBGE, Funcex e BCB

Câmbio real (2000=100)CE e PI(%)

1/ Taxadecâmbioefetiva,utilizaoIPA-DIcomodeflatordomésticoecorrespondentesnospaísesconsiderados.2/ O valor nominal da produção da atividade tem como fonte as Tabelas de Recursos e Usos (TRU) das Contas Nacionais do IBGE até 2013, sendo

evoluído pelo valor adicionado das Contas Nacionais Trimestrais para 2014 e 2015. Já o valor das exportações e das importações tem como fonte os dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

24 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

Observe-se que o indicador aumentou em todos os anos desde2009,atingindo17,9%em2015(Gráfico1).

AdinâmicadosCEePI,definidoscombasenosvaloresem reais de exportações e importações, carrega efeitos nominais da variação no câmbio. Nesse contexto, é importante a construção de indicadores a preços constantes que anulem o efeito da depreciação cambial e permitam a melhor avaliação dos efeitos da evolução de CE e PI sobre a produção física da indústria.

O ano base escolhido para o cálculo dos indicadores a preços constantes foi 2013, último período em que a Tabela de Recursos e Usos (TRU), fonte dos dados do valor de produção de cada setor da indústria de transformação, encontra-se disponível. A evolução a preços constantes do valor produzido pela indústria de transformação e por suas divisões foi calculada segundo seus respectivos índices de produção física medida pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, conforme a fórmula:

Onde:

:valor produzido, a preços de 2013, no mês M do ano A;

: valor produzido em 2013 segundo a TRU;

: índice da produção física na Pesquisa Industrial Mensal do IBGE (PIM-IBGE) do mês M do ano A.

O valor das exportações a preços constantes de cada divisão da Indústria de Transformação (IT) foi construído a partir dos índices de quantum das exportações calculados pela Funcex:

Onde:

: valor exportado, a preços de 2013, no mês M do ano A;

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 25

: valor exportado em 2013:

: índice de quantum das exportações do mês M do ano A.

Procedimento análogo é realizado para o cálculo das importações a preços constantes ( ). Ressalte-se que os valores a preços constantes para o agregado da Indústria de Transformação foram construídos pelo Banco Central através da soma dos valores a preços constantes das divisões da IT.

Após a construção das séries de produção, exportação e importação, a preços de 2013, foram calculados CE e PI a preços constantes3:

e

A evolução da média móvel de três meses dos indicadores mencionados, com ajuste sazonal4, encontra-se no Gráfico 2. Note-se que CE cresce de 11,8%, em novembro de 2014, para 16,9%, em

50

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15

17

19

abr/02 abr/03 abr/04 abr/05 abr/06 abr/07 abr/08 abr/09 abr/10 abr/11 abr/12 abr/13 abr/14 abr/15 abr/16

Gráfico 2 – CE e PI da Indústria de transformação a preços constantes e taxa de câmbio real

Coeficiente de exportação Penetração de importação Câmbio Real

Fonte: IBGE, Funcex e BCB

Câmbio real (2000=100)CE e PI - MM3M da série com ajuste sazonal (%)

3/ Dados disponíveis até abril de 2016.4/ Amédiamóvelfazcomqueadetecçãodepontosdeinflexãosejamaisdemorada,porém,énecessáriaparaevitarfalsospositivos.Oajustesazonal

foirealizadoutilizandoométodoX13ARIMA-SEATSnasuaconfiguraçãopadrão.

26 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

abril de 2016, evolução decorrente de aumentos nos coeficientes de todos os setores da indústria detransformação (Tabela 1). Os maiores crescimentos, em pontos percentuais, ocorreram nos setores de metalurgia (12,3 p.p.), veículos automotores (11,3 p.p.) e máquinas e equipamentos (7,9 p.p.), atividades fortementeligadasàformaçãobrutadecapitalfixoea bens duráveis.

A resposta de PI à depreciação cambial foi mais defasada: o indicador registrou trajetória acentuadamente decrescente de março de 2015, quando se situou em 17,2%, até outubro daquele ano, ao atingir 14%. A partir de então, manteve aumento relativamente moderado registrando 15,3% em abril deste ano. No período compreendido entre março de 2015 e abril de 2016 destacaram-se as retrações nas atividades máquinas e material elétrico (7,2 p.p.), produtos têxteis (5,0 p.p.), artigos de vestuário e acessórios (4,6 p.p.) e couro e calçados (3 p.p.), e a elevação no PI de farmoquímicos e farmacêuticos (2 p.p.).

Média móvel de 3 meses da série com ajuste sazonal em pontos percentuais

Nov/2014 Abr/2016 Diferença Mar/2015 Abr/2016 Diferença

Indústria de Transformação 11,8 16,9 5,1 17,2 15,3 -2,0

Alimentos 18,7 23,2 4,5 3,5 3,4 -0,1

Bebidas 1,6 1,8 0,2 4,0 4,0 0,0

Têxteis 12,3 17,7 5,4 18,5 13,5 -5,0

Artigos de vestuário e acessórios 0,7 1,0 0,3 10,4 5,8 -4,6

Couro e calçados 21,6 27,2 5,6 8,8 5,9 -3,0

Produtos de madeira 19,6 24,1 4,4 1,5 1,2 -0,3

Celulose e papel 25,3 31,0 5,8 7,2 5,4 -1,9

Refino e derivados de petróleo 2,5 3,8 1,2 13,8 13,7 0,0

Químicos 10,6 12,5 1,9 27,6 27,5 -0,1

Farmoquímicos e farmacêuticos 6,8 7,2 0,3 31,4 33,5 2,0

Produtos de borracha e plástico 6,9 9,0 2,2 13,2 11,0 -2,2

Produtos de minerais não-metálicos 5,9 7,9 2,0 5,2 3,1 -2,1

Metalurgia 31,6 43,9 12,3 19,1 16,6 -2,5

Produtos de metal 6,3 7,7 1,3 11,8 9,2 -2,6

Equipamentos de informática e eletrônicos 4,2 6,5 2,4 43,4 41,4 -2,0

Máquinas e materiais elétricos 9,5 11,9 2,4 27,0 19,8 -7,2

Máquinas e equipamentos 14,2 22,1 7,9 30,8 28,7 -2,2

Veículos automotores 10,8 22,1 11,3 19,3 19,3 0,0

Móveis 2,3 3,2 0,9 2,7 1,8 -0,8

Móveis e produtos diversos 5,6 7,2 1,6 14,4 13,6 -0,8

Fonte: Cálculos próprios

Tabela 1 - Evolução recente do CE e da PI da Indústria de Transformação e suas divisões

Setor

Coeficiente de exportação Penetração de importação

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 27

Em resumo, a trajetória da taxa média de câmbio efetiva real tem-se caracterizado como vetor positivo para a evolução da produção da indústria de transformação, tanto pelo aumento da parcela de sua produção destinada às exportações, quanto pela redução da penetração de importações, com efeitos na maior parte dos setores da indústria. Ressalte-se que, embora o impacto do ajuste em curso na demanda doméstica sobre a trajetória da produção da indústria venha superando o exercido pelo novo patamar da taxa de câmbio, a evolução de CE e de PI sugere perspectivas mais favoráveis para a atividade industrial no médio prazo.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 29

2Preços

Ainflaçãoaoconsumidordesacelerounotrimestreencerradoemmaio,emrelaçãoaofinalizadoemfevereiro,trajetóriainfluenciadapeloarrefecimentodapressãodospreçosdeprodutos in natura, pela dissipação dos efeitos de reajustes de mensalidades escolares e de tarifas de ônibus urbano, e pela diminuição nos preços de combustíveis e das tarifas de energia elétrica.

Ressalte-se que a alta recém observada nos preços de grãos (sojaemilho)emníveldeprodutor,refletindo,sobretudo,condições climáticas adversas em abril e maio, constituiu vetor de risco para os preços futuros da cadeia de proteína animal, com eventuais desdobramentos negativos sobre a evolução dos preços de alimentação.

Astaxasdeinflaçãoaoconsumidoracumuladasemdozemeses registraram importante redução no trimestre, evolução relacionada,emespecial,aorecuodainflaçãodospreçosmonitorados e dos serviços.

A variação dos índices de preços ao produtor, a despeito da elevação observada em maio, manteve-se em desaceleração em bases trimestrais, destacando-se os efeitos da recente apreciação cambial sobre os preços de produtos industriais e agropecuários.

2.1 Índices gerais

A variação do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela FGV, atingiu 1,94% no trimestreterminadoemmaiode2016(2,79%nofinalizadoem fevereiro). A variação do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) recuou de 2,82% para 2,16% e a do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), de 3,46% para 1,63%, contrastando com o aumento, de 1,04% para 1,27%, na variação do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).

AdesaceleraçãodoIPArefletiuoarrefecimentodainflaçãodos produtos industriais, de 1,46% para 0,63% (álcool, de

-4

-2

0

2

4

6

8

Mai2014

Jul Set Nov Jan Mar Mai2015

Jul Set Nov Jan Mar Mai2016

Agrícola Industrial

Gráfico 2.1 – Evolução do IPA (10, M e DI) – Agrícola e industrial Variação % mensal

Fonte: FGV

Tabela 2.1 – Índices gerais de preçosVariação % mensal

Discriminação 2016

Jan Fev Mar Abr Mai

IGP-DI 1,53 0,79 0,43 0,36 1,13

IPA 1,63 0,84 0,37 0,29 1,49

IPC-Br 1,78 0,76 0,50 0,49 0,64

INCC 0,39 0,54 0,64 0,55 0,08

Fonte: FGV

30 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

14,33% para -21,96%; celulose, de 6,27% para -18,80%; açúcar, de 12,02% para -3,23%); e dos agropecuários, de 6,24% para 5,83% (mandioca, de 25,42% para -27,51%; milho, de 31,95% para 23,68%; bovinos, de 2,82% para -2,97%). Considerados períodos de doze meses, os preços industriais e os agropecuários aumentaram 8,46% e 24,56%, respectivamente, em maio (11,20% e 18,83%, na ordem, em fevereiro).

A evolução trimestral do IPC repercutiu, em especial, reduções nas variações de preços dos itens hortaliças e legumes, de 28,27% para 0,92%; tarifa de eletricidade residencial, de 0,79% para -4,99%; cursos formais, de 10,31% para 0,08%; e tarifa de ônibus urbano, de 8,60% para1,02%.OdesempenhodoINCCrefletiuosimpactosdo aumento na variação dos preços de mão de obra (de 0,85% para 1,79%) e da redução na dos preços de materiais e serviços (de 1,24% para 0,68%).

Considerados intervalos de doze meses, o IGP-DI variou 11,26% em maio (11,93% em fevereiro de 2016 e 4,83% em maio do ano anterior).

2.2 Índices de preços ao consumidor

O IPCA, divulgado pelo IBGE, variou 1,83% no trimestre encerrado em maio (3,16% no terminado em fevereiro), resultado de arrefecimento dos preços livres (de 3,32% para 1,85%) e dos monitorados (de 2,69% para 1,73%). Considerados períodos de doze meses, a variação do IPCA passou de 10,36%, em fevereiro, para 9,32%, em maio, reflexo de desacelerações dos preços monitorados, de 14,94% para 10,90%, e dos livres, de 8,97% para 8,82%.

A evolução dos preços livres no trimestre decorreu de reduções nas variações dos preços dos bens comercializáveis, de 2,92% para 2,09% (etanol, de 10,86% para -12,18%; carnes, de 3,33% para -1,37%) e dos não comercializáveis, de 3,65% para 1,66% (cursos regulares, de 7,43% para 0,62%; tubérculos, raízes e legumes, de 26,45% para 4,92%).

Os preços dos serviços aumentaram 1,19% no trimestre encerradoemmaio(2,70%nofinalizadoemfevereirode2016), com destaque para a redução nos preços de passagem aérea e para o esgotamento dos efeitos de reajustes sazonais

-1,0-0,50,00,51,01,52,02,53,03,54,0

Mai2014

Ago Nov Fev Mai2015

Ago Nov Fev Mai2016

Gráfico 2.2 – Evolução do IPCA Variação % mensal

IPCA Monitorados Livres

Fontes: IBGE e Banco Central

Tabela 2.2 – Preços ao consumidor Variação % mensal

Discriminação 2016

Jan Fev Mar Abr Mai

IPCA 1,27 0,90 0,43 0,61 0,78

Livres 1,12 1,06 0,68 0,58 0,58

Comercializáveis 0,92 1,06 0,89 0,48 0,71

Não comercializáveis 1,28 1,07 0,51 0,67 0,47

Serviços 0,66 1,05 0,24 0,58 0,37

Monitorados 1,75 0,39 -0,36 0,69 1,40

Fontes: IBGE e Banco Central

Tabela 2.3 – IPCA – Itens monitoradosVariação % mensal

Discriminação Pesos 2016

Jan Fev Mar Abr Mai No ano

IPCA 100,00 1,27 0,90 0,43 0,61 0,78 4,08

Livres 75,90 1,12 1,06 0,68 0,58 0,58 4,08

Monitorados 24,10 1,75 0,39 -0,36 0,69 1,40 3,92

Principais itens

Gás encanado 0,07 4,10 -0,35 -0,07 0,00 -1,05 2,57

Ônibus urbano 2,69 5,61 2,61 0,19 0,69 0,00 9,32

Água e esgoto 1,46 0,94 1,72 -0,43 1,51 10,37 14,54

Plano de saúde 3,35 1,06 1,06 1,06 1,06 1,06 5,41

Gasolina 4,07 1,88 0,55 0,59 -0,14 -0,85 2,03

Pedágio 0,11 0,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,10

Remédios 3,35 0,28 0,27 0,31 6,26 3,10 10,50

Energia elétrica 3,62 1,61 -2,16 -3,41 -3,11 2,28 -4,84

Gás veicular 0,11 0,29 -0,37 0,30 0,66 0,28 1,16

Gás de bujão 1,17 -0,09 -0,57 -0,42 -0,07 -0,74 -1,88

Óleo diesel 0,15 0,95 0,50 -0,18 0,11 -0,40 0,98

Fontes: IBGE e Banco Central

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 31

de cursos regulares. Em doze meses, a variação dos preços dos serviços recuou de 7,85%, em fevereiro, para 7,51%, em maio, desaceleração associada, principalmente, a reduções nas variações dos preços nos itens alimentação fora do domicílio, de 10,15% para 9,14%; aluguel, de 7,05% para 5,88%; e conserto de automóvel, de 9,75% para 8,63%.

Adesaceleraçãotrimestraldospreçosmonitoradosrefletiu,em grande parte, a redução do impacto associado aos aumentos nos itens ônibus urbano, gasolina e energia elétrica residencial,mitigado pelos efeitos do fim do programade incentivo à redução do consumo de água, na região metropolitana de São Paulo, e pelo reajuste nos preços de produtos farmacêuticos.

A média mensal do índice de difusão do IPCA atingiu 66,40% no trimestre encerrado em maio (76,50% no trimestrefinalizadoemfevereiroe71,58%emigualperíodode 2015).

2.3 Núcleos

O núcleo do IPCA, que exclui dez itens do subgrupo alimentação no domicílio e combustíveis, variou 1,87% notrimestreencerradoemmaio(2,57%nofinalizadoemfevereiro de 2016). A variação do núcleo atingiu 8,23% no período de doze meses terminado em maio (9,15% no encerrado em fevereiro).

O núcleo que exclui os itens monitorados e todos os itens do subgrupo alimentação no domicílio variou 1,36% no período (2,50% no trimestre terminado em fevereiro) e 7,25% no intervalo de doze meses até maio (7,40% até fevereiro).

O núcleo calculado por médias aparadas com suavização5 variou2,02%notrimestrefinalizadoemmaio(2,38%noencerrado em fevereiro), e o sem suavização, 1,65% (2,28% em fevereiro). Em doze meses até maio, esses núcleos variaram 8,70% e 7,47%, respectivamente (8,94% e 7,91%, na ordem, até fevereiro).

O núcleo de dupla ponderação6 aumentou 2,08% no trimestre (2,39% no encerrado em fevereiro). O indicador acumulou

5/ O critério utilizado para o cálculo desse indicador exclui os itens cuja variação mensal se situe, na distribuição, acima do percentil 80 ou abaixo do percentil 20,alémdesuavizaraolongodedozemesesaflutuaçãodeitenscujasvariaçõessãoconcentradasempoucosperíodosdoano.

6/ O critério utilizado para o cálculo desse indicador consiste na reponderação dos pesos originais – baseados na importância de cada item para a cesta do IPCA – pelos respectivos graus de volatilidade relativa, um procedimento que reduz a importância dos componentes mais voláteis.

52

55

58

61

64

67

70

73

76

79

Mai2014

Jul Set Nov Jan Mar Mai2015

Jul Set Nov Jan Mar Mai2016

Gráfico 2.3 – Índice de difusão do IPCAProporção do número de subitens com aumentosMédia móvel trimestral%

Fonte: IBGE

5

6

7

8

9

10

11

Mai2014

Ago Nov Fev Mai2015

Ago Nov Fev Mai2016

Gráfico 2.4 – Núcleos de inflaçãoVariação % em 12 meses

IPCA Exclusão

Médias aparadascom suavização

Dupla ponderação

Fontes: IBGE e Banco Central

Tabela 2.4 – Preços ao consumidor e seus núcleosVariação % mensal

Discriminação 2016

Jan Fev Mar Abr Mai

IPCA (cheio) 1,27 0,90 0,43 0,61 0,78

Exclusão1/ 0,62 1,00 0,42 0,43 0,50

Exclusão2/ 0,93 0,86 0,23 0,65 0,98

Médias aparadas com suavização 0,84 0,73 0,61 0,67 0,73

Médias aparadas sem suavização 0,87 0,69 0,48 0,54 0,62

Dupla ponderação 0,86 0,78 0,48 0,78 0,81

IPC-Br (cheio) 1,78 0,76 0,50 0,49 0,64

Médias aparadas 0,89 0,76 0,63 0,60 0,61

Fontes: IBGE, Banco Central e FGV

1/ Itens excluídos: monitorados e alimentação no domicílio.2/ Itens excluídos: 10 itens da alimentação no domicílio e combustíveis (domésticos e veículos).

32 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

variaçãode8,73%noperíododedozemesesfinalizadoemmaio, ante 8,85% no encerrado em fevereiro.

OnúcleodeinflaçãodoIPCdaFGV,calculadopelométododas médias aparadas com suavização, aumentou 1,85% no trimestre finalizado em maio (2,46% no terminado em fevereiro). Considerados períodos de doze meses, o indicador variou 8,32% em maio e 8,53% em fevereiro.

2.4 Expectativas de mercado

De acordo com a Pesquisa Focus Relatório de Mercado de 17 de junho, a mediana das projeções para a variação anual do IPCA em 2016 diminuiude7,29%,aofinaldemarço,para 7,25%, e a mediana das projeções para 2017 recuou de 6,00% para 5,50%. A mediana das expectativas para a inflaçãodozemesesàfrente–suavizada– passou de 6,47% para 5,93%, no mesmo período.

As medianas das estimativas para as variações do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em 2016 e em 2017 situaram-se, na ordem, em 8,34% e 5,60% em 17 de junho (7,67% e 5,71%, respectivamente, ao final de março), e as relativas ao Índice de Preços ao Produtor Amplo – Disponibilidade Interna (IPA-DI) atingiram 8,51% e 5,55% (7,40%e5,50%,respectivamente,aofinaldemarço).

As medianas das expectativas para o aumento dos preços administrados ou monitorados por contratos em 2016 e em 2017 atingiram, na ordem, 6,99% e 5,50% (7,40% e 5,50%, respectivamente,aofinaldemarço).

As medianas da taxa de câmbio projetada pelo mercado para osfinaisde2016ede2017atingiram,naordem,R$3,60/US$ e R$3,80/US$ , em 17 de junho (R$4,00/US$ e R$4,10/US$ , respectivamente, aofinal demarço).Asmedianasdas projeções para a taxa de câmbio média de 2016 e de 2017 situaram-se, na ordem, em R$3,62/US$ e R$3,75/US$ (R$3,83/US$ e R$4,03/US$ , respectivamente, em 31 de março).

2.5 Conclusão

Ainflaçãoaoconsumidorregistroudesaceleraçãonotrimestre encerrado em maio, trajetória decorrente de diminuição de pressões sazonais do grupo educação, do esgotamento do impacto do processo de realinhamento

Tabela 2.5 – Resumo das expectativas de mercado

2016 2017 2016 2017 2016 2017

Em percentual

IPCA 6,87 5,20 7,29 6,00 7,25 5,50IGP-M 6,51 5,20 7,67 5,71 8,34 5,60IPA-DI 6,64 5,00 7,40 5,50 8,51 5,55Preços administrados 7,50 5,50 7,40 5,50 6,99 5,50Selic (fim de período) 15,25 12,50 13,75 12,38 13,00 11,25Selic (média do período) 15,38 12,85 14,19 12,71 13,97 11,67PIB -2,95 1,00 -3,71 0,30 -3,44 1,00Em R$/US$

Câmbio (fim de período) 4,21 4,20 4,00 4,10 3,60 3,80Câmbio (média do período) 4,13 4,10 3,83 4,03 3,62 3,75

31/03/2016 17/06/201631/12/2015

Gráfico 2.5 – IPCA Medianas (%)

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

30/09/2015 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

2016 2017

Gráfico 2.6 – IGP-M e IPA-DIMedianas (%)

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

30/09/2015 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

IGP-M IPA-DI

Gráfico 2.7 – CâmbioMedianas (R$/US$)

3,50

3,70

3,90

4,10

4,30

4,50

30/09/2015 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Fim de período Média

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 33

de preços monitorados e da evolução mais favorável da inflação de serviços.

Ainda que a inércia represente risco relevante, assim como a eventual elevação dos preços da cadeia produtiva animal, o arrefecimento dos preços monitorados, a reversão da alta de preços de produtos in natura, o menor dinamismo da atividade econômica e os efeitos defasados dos ajustes já implementados na política monetária deverão favorecer a continuidade da desaceleração da inflação nos próximos meses.

34 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

Evolução recente da inflação de alimentos

A evolução dos preços do subgrupo alimentação no domicílio registrou aceleração acentuada nos últimos trimestres, exercendo impacto relevante sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Dentre os fatores que condicionaram esse movimento, destacam-se a depreciação cambial e o evento climático El Niño1, que impactaram, direta ou indiretamente em 2015 e nos primeiros meses de 2016, as condições de oferta da maioria dos produtos alimentícios consumidos pelas famílias. Nesse contexto, considerando a importância do subgrupo alimentação no domicílio na cesta de referência do IPCA2, este boxe analisa os principais determinantes da trajetória recente dos preços dos alimentos e as implicações desse contexto adverso nadinâmicainflacionáriadoméstica.

O atual ciclo de aceleração dos preços de alimentos se iniciou no segundo trimestre de 2015, quando a taxa em doze meses passou de 6,64%, em abril, para 9,33%, em junho, atingiu o pico em abril de 2016 (15,50%) e apresentou sinais de arrefecimento em maio (14,66%), conformeoGráfico1.Essemovimentofoiinfluenciado,em grande parte, pela variação de preços dos itens frutas; açúcares e derivados; farinhas, féculas e massas; óleos e gorduras; cereais, leguminosas e oleaginosas; leites e derivados;eaveseovos(Gráfico2).

AinfluênciadaaceleraçãodospreçosdealimentossobreainflaçãoéilustradapelacomparaçãoentreoIPCAeuma medida de núcleo – o IPCA exceto alimentação no domicílio(Gráfico1).Nessesentido,ocorreimportantedescolamento entre esses dois indicadores de dezembro de 2015 a maio de 2016, período em que a variação em doze meses do IPCA ex-alimentos recua 1,9 p.p. e a do IPCA cheio, 1,2 p.p., repercutindo aceleração de 2,8 p.p. nainflaçãodealimentosnoperíodo.

4

6

8

10

12

14

16

18

mai2013

nov mai2014

nov mai2015

nov mai2016

IPCA Alimentação no domicílioIPCA ex-alimentos

Gráfico 1 - IPCA e Alimentação no domicílio% em 12 meses

Fonte: IBGE e BCB

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

Frutas Açúc.e deriv.

Farinhaféculasmassas

Óleose

gord.

Cereais,legum. oleag.

Leite e deriv.

Avese

ovos

Tubérc.raízes elegum.

abr-15 mai-16

Gráfico 2 - Componentes da inflação de alimentos% em 12 meses

Fonte: IBGE

1/ Além desses fatores, aumentos de tributos sobre alguns produtos e redução da área plantada de algumas lavouras também contribuíram para a alta dos preços de alimentos, porém com menor intensidade.

2/ Em maio de 2016, o peso do subgrupo alimentação no domicílio foi 17,08%.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 35

A trajetória recente dos preços de alimentos foi influenciadapeladepreciaçãodataxadecâmbio,queregistrou média mensal de R$4,05/US$ em janeiro de 2016,anteR$2,63/US$,emjaneirode2015(Gráfico3). A depreciação cambial tende a impactar os preços de alimentos no IPCA tanto de forma direta, como no caso dos itens comercializáveis, quanto indireta, por intermédio da elevação dos custos com insumos, como matérias primas brutas agropecuárias, fertilizantes e defensivos agrícolas.

A evolução recente dos preços de alimentos foi pressionada, adicionalmente, pelo fenômeno climático El Niño, que alterou o regime de chuvas em importantes regiões agropecuárias, prejudicando a oferta do setor3. A estimativa de redução de 6,5% para a safra brasileira de grãos em 20164, cujo plantio iniciou-se no segundo semestre de 2015, ilustra a magnitude dos efeitos das condições climáticasadversassobreaproduçãoagrícola(Gráfico4).

Para avaliar os efeitos da depreciação cambial e do El Niñosobrea inflaçãodealimentos, foiestimadaaseguinte equação:

onde:

éainflaçãodosubgrupoalimentaçãonodomicíliodo IPCA;

é a variação da taxa nominal de câmbio;

é a variação do segmento de commodities agropecuárias do Índice de Commodities – Brasil (IC-Br) (medido em dólares);

é uma variável dummy para a ocorrência de El Niño5;

é o hiato do produto;

4

6

8

10

12

14

16

2,0

2,3

2,6

2,9

3,2

3,5

3,8

4,1

mai2013

nov mai2014

nov mai2015

nov mai2016

Taxa de câmbio (eixo esquerdo)

Alimentação no domicílio (eixo direito)

Gráfico 3 - Taxa de câmbio vs. alimentos

Fonte: IBGE e BCB

R$/US$ % 12 meses

120130140150160170180190200210220

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015* 2016*

Gráfico 4 - Produção de grãos (LSPA)milhões de toneladas

Fonte: IBGE*Estimativa

3/ ParamaioresdetalhessobreosimpactosinflacionáriosdoElNiño,verboxe“ElNiño,ChuvasePrincipaisImpactosInflacionários”noRelatóriodeInflaçãodedezembrode2015.

4/ De acordo com o Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA) de maio.5/ FoitestadaainclusãodeumavariáveldummyparaaocorrênciadofenômenoLaniña,cujocoeficientenãosemostrouestatisticamentesignificativo

paraaespecificaçãoapresentada.OsefeitosdoLaniñasobrea inflaçãodealimentosnoBrasil sósemostraramestatisticamentesignificativosquandoosegmentoagropecuáriodoIC-Brfoiretiradodaequação,oquesugerequeosimpactosdoeventoclimáticosobreainflaçãobrasileirasãopredominantemente indiretos, via aumento dos preços internacionais de commodities agropecuárias.

36 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

são dummies sazonais; e

é um termo de erro.

A equação foi estimada com dados trimestrais, cobrindo o período do primeiro trimestre de 2000 ao primeiro trimestre de 2016, pelo método de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO)6.

OGráfico5mostraqueaequaçãoapresentaaderênciasatisfatória, dado que a projeção dentro da amostra captagrandepartedosciclosinflacionáriosdosubgrupoalimentação no domicílio no período da estimação. Em particular,oscoeficientesestimadosforamcapazesdeprojetar aceleraçãoda inflaçãode alimentos bastantesimilar à observada em 2015/2016.

O resultado da estimação permite ainda testar, por meio de um exercício contrafactual, se a recente aceleração dainflaçãodealimentosreflete,defato,osefeitosdadepreciação cambial e do fenômeno El Niño.OGráfico6 mostra a comparação entre a projeção original do modelo com estimativas obtidas por meio de hipóteses alternativas para taxa de câmbio, El Niño e hiato do Produto Interno Bruto (PIB).

De acordo com os resultados obtidos, a inflação de alimentos no primeiro trimestre de 2016 estaria em patamar menor caso a taxa de câmbio tivesse permanecido na média do primeiro trimestre de 2015 e/ou o evento El Niño não tivesse ocorrido. Por outro lado, caso o hiato do produto, ao invés de negativo, fosse nuloapartirdosegundotrimestrede2015,ainflaçãodealimentos teria sido maior.

-5

0

5

10

15

20

25

30

2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016

Observado Projeção na amostra

Gráfico 5 - IPCA - Alimentação no domicílio% em 4 trimestres

Fonte: IBGE e BCB

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Mar2014

Jun Set Dez Mar2015

Jun Set Dez Mar2016

Projeção Modelo Contrafactual CâmbioContrafactual El Niño Contrafactual Hiato

Gráfico 6 - Exercício contrafactual% em 4 trimestres

Fonte: BCB

6/ Oscoeficientesestimadossemostraramestatisticamentesignificativosaonívelde10%eaanálisedosresíduosnãoindicaapresençadeautocorrelaçãoserial.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 37

3Políticas creditícia, monetária e fiscal

7/ Inclui empréstimos com recursos livres e direcionados, para pessoas jurídicas dos setores privado e público.

Asoperaçõesdecréditodosistemafinanceiromantiveram-se em trajetória de arrefecimento no trimestre encerrado em maio, evolução consistente com o ambiente de retração do nível da atividade econômica, patamar ainda reduzido dos indicadoresdeconfiançadeempresárioseconsumidores,eevolução das condições de crédito – aumentos das taxas de juros, no segmento de pessoas físicas, e dos indicadores de inadimplência, no segmento de pessoas jurídicas.

3.1 Crédito

Osaldo das operações de crédito do sistemafinanceiro,incluindo recursos livres e direcionados, atingiu R$3.145 bilhões em maio, variando -1,2% no trimestre e 2,0% em doze meses (1,9% e 10,2%, respectivamente, em igual trimestre de 2015). A carteira de pessoas físicas totalizou R$1.526 bilhões, elevando-se 0,6% no trimestre e 4,8% em doze meses, e a de pessoas jurídicas atingiu R$1.619 bilhões, variando -2,8% e -0,5%, respectivamente, nas mesmas bases de comparação. A relação crédito/PIB atingiu 52,4% em maio, menor patamar desde novembro de 2014.

Asparticipaçõesdas carteirasdas instituiçõesfinanceiraspúblicas, privadas nacionais e privadas estrangeiras no total docréditodosistemafinanceirosituaram-seem56,7%,29,0%e 14,3%, respectivamente, em maio (54,9%, 30,5% e 14,5%, na ordem, em maio de 2015). Essas carteiras registraram recuos respectivos de 0,7%, 1,9% e 1,7%, no trimestre.

A análise da carteira de crédito7 por atividade econômica do tomador mostra a ocorrência de recuos trimestrais importantes nos saldos dos empréstimos para os segmentos comércio (4,3%), transportes (3,4%), indústria de transformação (3,2%) e construção (3,2)%. Em sentido inverso, o estoque de crédito para serviços industriais de utilidade pública aumentou 0,5% no trimestre, com destaque para o crescimento de 2,6% no setor de geração de energia elétrica.

Gráfico 3.1 – Saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro por controle de capital%

10

20

30

40

50

60

Público Privado nacional Estrangeiro

Mai 2015 Mai 2016

Tabela 3.1 – Evolução do créditoR$ bilhões

2016 Variação %

Fev Mar Abr Mai 3 meses

12 meses

Total 3 182,7 3 160,9 3 140,2 3 144,7 -1,2 2,0Pessoas jurídicas 1 666,7 1 640,3 1 621,5 1 619,2 -2,8 -0,5 Recursos livres 801,5 792,0 780,3 779,7 -2,7 -1,9 Direcionados 865,2 848,3 841,2 839,5 -3,0 0,8Pessoas físicas 1 516,0 1 520,6 1 518,7 1 525,5 0,6 4,8 Recursos livres 801,8 800,4 796,2 800,0 -0,2 1,4 Direcionados 714,2 720,2 722,4 725,5 1,6 8,9

Participação %: Total/PIB 53,6 53,2 52,6 52,4 P. jurídicas/PIB 28,1 27,6 27,2 27,0 P. físicas/PIB 25,5 25,6 25,4 25,4 Rec. livres/PIB 27,0 26,8 26,4 26,3 Rec. direc./PIB 26,6 26,4 26,2 26,1

Gráfico 3.2 – Crédito para atividades econômicasComposição % no saldo

* Serviços Industriais de Utilidade Pública.

0

5

10

15

20

25

30

Indú

stria

trans

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ação

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serv

iços

Mai 2015 Mai 2016

38 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

O total de crédito ao setor privado totalizou R$2.887 bilhões em maio. A retração trimestral de 1,1% repercutiu variações de -3,0% na carteira de pessoas jurídicas e de 0,6% na de pessoas físicas. O crédito ao setor público somou R$257 bilhões, com recuo trimestral de 1,9% decorrente de reduções respectivas de 2,0% e 1,7% nas esferas do governo federal e dos estados e municípios.

O saldo das operações de crédito com recursos livres totalizou R$1.580 bilhões em maio (50,2% da carteira do sistemafinanceiro),variando -1,5%no trimestree -0,2%em doze meses. A carteira de pessoas jurídicas diminuiu 2,7% no trimestre, para R$780 bilhões, com ênfase nas reduções na modalidade capital de giro (3,8%) e nas carteiras referenciadas em moedas estrangeiras8 (1,2%), essa repercutindo a apreciação cambial observada no trimestre. A carteira de pessoas físicas (R$800 bilhões) recuou 0,2% no trimestre, destacando-se as retrações nas modalidades aquisição de veículos (4%) e cheque especial (3,1%).

As operações contratadas com recursos direcionados somaram R$1.565 bilhões em maio, oscilando -0,9% no trimestre e 4,4% em doze meses. A carteira de pessoas físicas cresceu 1,6%, para R$726 bilhões, com destaque para as elevações respectivas de 2,4% e 1,6% nas modalidades crédito rural e crédito imobiliário. A carteira de pessoas jurídicas contraiu 3,0% no trimestre, para R$840 bilhões, ressaltando-searetraçãode3,9%nosaldodosfinanciamentosparainvestimentosdoBNDES,influenciadaprincipalmentepela redução de 38,4% nos desembolsos no período.

Taxas de juros e inadimplência

A taxa média de juros das operações de crédito do sistema financeironacionalatingiu32,7%a.a.emmaio,elevando-se0,9 p.p. no trimestre e 5,6 p.p. em doze meses. O crescimento trimestral repercutiu variações de 1,7 p.p. nas operações com recursos livres e de 0,4 p.p. nas realizadas com recursos direcionados, que registraram taxas médias de juros de 52,3% a.a. e 11,0% a.a., respectivamente.

A taxa média de juros atingiu 42,0% a.a. no segmento de pessoas físicas (elevações de 2,1 p.p. no trimestre e de 7,2 p.p. em doze meses). A variação trimestral repercutiu crescimento de 3,8 p.p., para 71,7% a.a., nas contratações com recursos livres (cheque especial, 17,4 p.p.; crédito pessoal não consignado, 7,1 p.p.; cartão de crédito rotativo,

8/ Incluiadiantamentossobrecontratosdecâmbio(ACC),repassesexternos,financiamentosaexportaçõeseaimportações.

Gráfico 3.3 – Taxas de juros – Crédito a pessoasfísicasRecursos livres (%) Recursos direcionados (%)

7,5

8,0

8,5

9,0

9,5

10,0

10,5

50

55

60

65

70

75

Mai2015

Jul Set Nov Jan2016

Mar Mai

Recursos livres Recursos direcionados

Tabela 3.2 – Crédito a pessoas físicasR$ bilhões

2016 Variação %

Fev Mar Abr Mai 3 meses

12 meses

Recursos livres 801,8 800,4 796,2 800,0 -0,2 1,4 Crédito pessoal 383,8 386,2 388,8 389,8 1,6 5,6 Consignado 277,4 279,5 280,8 282,1 1,7 6,9 Aq. de veículos 157,3 155,5 152,9 151,0 -4,0 -14,0 Cartão de crédito 166,0 165,2 162,9 167,2 0,7 6,7 Cheque especial 27,5 27,1 26,2 26,6 -3,1 -1,3 Demais 67,2 66,4 65,5 65,4 -2,7 7,4Recusos direcionados 714,2 720,2 722,4 725,5 1,6 8,9 BNDES 47,4 47,8 48,1 47,1 -0,6 5,9 Imobiliário 504,9 509,0 509,6 513,1 1,6 10,2 Rural 154,7 156,5 158,1 158,5 2,4 6,9 Demais 7,1 6,9 6,7 6,7 -5,5 -12,5

Tabela 3.3 – Crédito a pessoas jurídicasR$ bilhões

2016 Variação %

Fev Mar Abr Mai 3 meses

12 meses

Recursos livres 801,5 792,0 780,3 779,7 -2,7 -1,9 Capital de giro 367,3 363,3 358,8 353,3 -3,8 -8,9 Conta garantida 40,5 39,4 39,1 38,0 -6,1 -15,6 ACC 68,5 70,0 70,3 74,3 8,5 18,8 Financ. a exportações 68,5 66,2 65,4 66,2 -3,3 11,5 Demais 256,7 253,1 246,7 247,9 -3,4 3,5Recusos direcionados 865,2 848,3 841,2 839,5 -3,0 0,8 BNDES 626,7 608,1 601,1 601,1 -4,1 -1,7 Imobiliário 72,3 72,4 72,6 72,5 0,4 5,8 Rural 75,5 77,7 77,5 76,4 1,2 4,2 Demais 90,7 90,2 90,0 89,4 -1,4 12,3

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 39

27,4 p.p.); e de 0,8 p.p., para 10,4% a.a., nas realizadas com recursos direcionados.

A taxa média de juros situou-se em 21,9% a.a. no segmento de pessoas jurídicas, variando -0,8 p.p. no trimestre e 3,1 p.p. em doze meses. A trajetória trimestral repercutiu redução de 1,3 p.p., para 30,6% a.a., no segmento de recursos livres (capitaldegiro,-2,4p.p.;financiamentosaexportações,-1,7p.p) e estabilidade, em 11,8% a.a., no segmento de recursos direcionados.

O spread das operaçõesde créditodo sistemafinanceiroatingiu 22,8 p.p. em maio, elevando-se 2 p.p. no trimestre e 5,4 p.p. em doze meses. O indicador aumentou 3,1 p.p., para 32 p.p., no segmento de pessoas físicas e 0,4 p.p., para 12,2 p.p., no de pessoas jurídicas. O spread atingiu 39,7 p.p. nas operações com recursos livres e 4,1 p.p. nas efetuadas com recursos direcionados, variando 3,9 p.p. e 0,2 p.p., respectivamente, no trimestre.

A inadimplência do sistema financeiro, consideradas operações com atraso superior a noventa dias, atingiu 3,8% em maio (aumentos de 0,3 p.p. no trimestre e de 0,8 p.p. em doze meses). A taxa situou-se em 4,3% no segmento de pessoas físicas (estabilidade no trimestre e elevação de 0,5 p.p. em doze meses) e em 3,2% no de pessoas jurídicas (aumentos respectivos de 0,4 p.p. e 0,9 p.p., nos mesmos períodos). A inadimplência atingiu 5,9% no segmento de crédito livre e 1,7% no de crédito direcionado, elevando-se 0,4 p.p. e 0,2 p.p., respectivamente, no trimestre.

3.2 Agregados monetários

O saldo médio diário dos meios de pagamento restritos (M1) atingiu R$302,7 bilhões em maio, recuando 2,4% no trimestre e 1,2% em doze meses, e o da base monetária totalizou R$238,4 bilhões, com variações respectivas de -2,4% e 2,7% nos períodos mencionados.

Consideradossaldosemfinaldeperíodo,abasemonetáriatotalizou R$240 bilhões em maio. A retração trimestral de5,0%refletiuo impactocontracionistadosajustesnasoperações com derivativos (R$52 bilhões), neutralizado, em parte, pelos efeitos expansionistas das operações com títulos públicos federais (R$15,2 bilhões), das compras líquidas de divisas pelo Banco Central (R$7,6 bilhões), dos recolhimentos compulsórios (R$7 bilhões) e das operações do Tesouro Nacional (R$8,1 bilhões).

Gráfico 3.4 – Taxas de juros – Crédito a pessoasjurídicasRecursos livres (%) Recursos direcionados (%)

7,58,08,59,09,510,010,511,011,512,012,5

24

25

26

27

28

29

30

31

32

Mai2015

Jul Set Nov Jan2016

Mar Mai

Recursos livres Recursos direcionados

Gráfico 3.5 – Spread médio das operações de créditop.p. - Total e PF p.p. - PJ

Fontes: BM&FBOVESPA, Dow Jones e Nasdaq

8,5

9,0

9,5

10,0

10,5

11,0

11,5

12,0

12,5

16

18

20

22

24

26

28

30

32

Mai2015

Jul Set Nov Jan2016

Mar Mai

Total PF PJ

Gráfico 3.6 – Taxa de inadimplência1/

%

1/ Percentual da carteira com atraso superior a noventa dias.

1,5

2,5

3,5

4,5

Mai2015

Jul Set Nov Jan2016

Mar Mai

Total PJ PF

Gráfico 3.7 – Base monetária e meios de pagamento –Média dos saldos diáriosR$ bilhões

180

210

240

270

300

330

360

Mai2013

Set Jan2014

Mai Set Jan2015

Mai Set Jan2016

Mai

Base monetária M1

40 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

Os meios de pagamento, no conceito M2, totalizaram R$2,2 trilhões em maio (variações de 0,1% no trimestre e de 4,5% em doze meses), destacando-se a expansão de 1,1% no estoque de títulos privados e a contração de 1,0% nos depósitos de poupança. O M3 atingiu R$4,9 trilhões, ampliando-se 2,4% no trimestre e 10,0% em doze meses, e o agregado M4 somou R$5,8 trilhões, com acréscimos respectivos de 3,9% e 11,3%.

Taxas de juros reais e expectativas de mercado

As taxas dos contratos de swap DI x pré de 30 dias e de 360 dias registraram, na ordem, estabilidade e recuo de 1,4 p.p. no trimestre encerrado em maio, situando-se em 14,1% a.a. e 13,2% a.a., respectivamente.

A expectativa do mercado para o IPCA nos próximos doze meses, com base na pesquisa realizada pelo Banco Central com analistas domercado financeiro, recuou de 6,61%a.a., em 11 de março, para 5,96% a.a., em 27 de maio. Considerado como cenário base a meta atual de 14,25% a.a. para a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), projeta-se taxa de juros real de 7,82% a.a. para os próximos doze meses (7,17% a.a. em 11 de março).

Mercado de capitais

O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) atingiu 48.471pontos aofinal do trimestre encerrado emmaio,registrando valorização de 13,3% e volume médio diário negociado de R$8 bilhões, no período.

A rentabilidade do Ibovespa avaliada em dólares, influenciada, parcialmente, pela apreciação de 9,7%dataxa de câmbio, atingiu 25,4% no trimestre, ante variações respectivas de 7,7% e de 8,6% nos índices Dow Jones e Nasdaq.

As emissões de ações, debêntures, notas promissórias, certificados de recebíveis imobiliários e recebíveis emdireitos creditórios totalizaram R$42,7 bilhões nos cinco primeiros meses do ano, recuando 34,8% em relação a igual período de 2015. Desse total, R$3,5 bilhões referem-se a rendavariáveleR$39,2bilhões,arendafixa(R$31,2bilhõesem emissões de debêntures).

Gráfico 3.8 – Meios de pagamento ampliadosVariação percentual em 12 meses%

0

5

10

15

20

Mai2013

Set Jan2014

Mai Set Jan2015

Mai Set Jan2016

Mai

M2 M3 M4

10

11

12

13

14

15

16

5.112014

18.12 2.22015

18.3 4.5 16.6 28.7 9.9 22.10 4.12 19.12016

3.3 15.4 31.5

% a.a.Gráfico 3.9 – Taxas de juros

Selic Swap DI x Pré 30 diasSwap DI x Pré 360 dias

Fontes: BM&FBOVESPA e Banco Central

36 000

40 000

44 000

48 000

52 000

56 000

60 000

29.12015

31.3 1.6 28.7 24.9 25.11 28.12016

31.3 31.5

Gráfico 3.11 – IbovespaPontos

Fonte: BM&FBOVESPA

3,03,54,04,55,05,56,06,57,07,58,08,5

Mar2014

Mai Jul Set Nov Jan2015

Mar Mai Jul Set Nov Jan2016

Mar Mai

Gráfico 3.10 – Taxa de juros ex-ante deflacionada pelo IPCA para 12 meses% a.a.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 41

3.3 Política fiscal

ALeinº13.291,promulgadaemmaio,modificouaLDOde 2016 (Lei nº 13.242, de 30.12.2015), que previa meta de superavit primário de R$30,6 bilhões, sendo R$24 bilhões de responsabilidade do Governo Central, e estipulava a possibilidade de descontos em função de frustração de receitas e de pagamento de despesas específicas.Comamudança, foi autorizado deficit primário de até R$170,5 bilhões para o Governo Central e mantida, em R$6,6 bilhões, a meta de superavit primário para os governos regionais. A nova meta do Governo Central excluiu receitas previstas originalmente que dependiam de aprovação legislativa e assume, na estimativa de receitas e despesas primárias, parâmetros macroeconômicos semelhantes aos de mercado. Também foram considerados, na nova meta, o impacto fiscaldarenegociaçãodedívidasregionaiseopagamentode passivos e despesas já contratadas.

A Medida Provisória nº 727, editada em maio, autorizou a criação do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), destinado à ampliação e fortalecimento da interação entre estado e iniciativa privada, por meio da celebração de contratos de parceria para a execução de empreendimentos públicos de infraestrutura e de outras medidas de desestatização.

A nova equipe econômica do Governo Federal anunciou, em 24 de maio, diversas medidas de ajuste, entre as quais:

a) devolução de R$100 bilhões ao Tesouro Nacional de empréstimos feitos ao BNDES, sendo R$40 bilhões em 2016 e R$60 bilhões no biênio 2017-2018;

b) o resgate de R$2 bilhões do Fundo Soberano do Brasil (FSB);

c) criaçãodenovoregimefiscal,cujaPropostadeEmendaConstitucional (PEC) nº 241/2016 foi encaminhada ao Congresso Nacional em 15 de junho. A PEC propõe, em síntese,afixaçãodelimiteindividualizadoparaadespesaprimáriatotal,emcadaexercíciofinanceiro,paratodosos Poderes da União. São incluídas no limite todas as despesas que afetam o resultado primário no exercício, inclusive restos a pagar a elas associados. Durante vinte exercícios financeiros, a despesa primária total paradeterminado ano será limitada à despesa primária total doanoanteriorcorrigidapelainflação(IPCA).

Além dessas medidas, o governo instituiu grupo de trabalho – composto por integrantes do governo e do setor privado – para discutir proposta de reforma na Previdência Social e anunciou o compromisso de continuar envidando esforços

0

10

20

30

40

Ações Notaspromissórias

FDIC CRI Debêntures

2015 2016Fonte: ANBIMA

Gráfico 3.13 – Emissões primárias no mercado de capitaisR$ bilhões – acumulado até maio

40

60

80

100

120

140

160

Jan2014

Mai Set Jan2015

Mai Set Jan2016

Mai

Gráfico 3.12 – Bolsas de valoresJun/2013 = 100

Ibovespa (US$) Dow Jones Nasdaq

Fontes: BM&FBOVESPA, Dow Jones, Nasdaq

42 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

9/ I Incluindo as receitas primárias do Banco Central do Brasil.10/ Incluindo as despesas primárias do Banco Central do Brasil.

para elevar as receitas públicas mediante a concessão e venda de ativos.

A Câmara dos Deputados aprovou em segundo turno, em oito de junho, a Proposta de Emenda à Constituição que prorroga até 2023 o mecanismo de desvinculação parcial de receitas da União (PEC 4/2015). A medida permite ao governo redirecionar livremente 30,0% dos impostos, contribuições e taxas que, por determinação constitucional ou legal, são destinadas a órgãos, fundos ou despesas específicas.A desvinculação não incidirá sobre a parcela dos tributos destinada a estados e municípios e tampouco suprimirá recursos destinados ao Regime Geral da Previdência Social.

A Câmara também aprovou quinze projetos de lei que dispõem sobre o reajuste dos vencimentos de diversas categorias de servidores integrantes dos poderes Executivo, LegislativoeJudiciário.Osimpactosfinanceirosdecorrentesestão previstos na LDO e na Lei Orçamentária Anual de 2016. Ressalte-se que a maior parte dos projetos ainda será apreciada no Senado Federal.

Necessidades de financiamento do setor público

O setor público consolidado registrou superavit primário de R$4,4 bilhões no primeiro quadrimestre do ano (superavit de R$32,4 bilhões em igual período de 2015). O Governo Central e as empresas estatais registraram deficit respectivos de R$5,8 bilhões e R$1,2 bilhão, e os governos regionais, superavit de R$11,4 bilhões.

A receita total do Tesouro Nacional9 totalizou R$334,3 bilhões nos quatro primeiros meses de 2016, elevando-se 4,1% em relação ao mesmo período de 2015. Destaque para o crescimento de R$11,8 bilhões (1.129%) nas receitas de concessões, impactado pelo recolhimento de bônus de outorga referente à concessão de usinas hidrelétricas, sem contrapartida no ano anterior, e para as reduções na arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (12,3%),influenciadapelareduçãonaproduçãoindustrial,enacotapartedecompensaçõesfinanceiras(32,9%).

As despesas do Tesouro Nacional10 atingiram R$236,6 bilhões no primeiro quadrimestre de 2016. A expansão de 10,5% em relação a igual período de 2015 repercutiu

Tabela 3.4 – Necessidades de financiamento do setor público – Resultado primário Acumulado em 12 meses

Segmento 2014 2015 Abr 2016

R$ % R$ % R$ %

bilhões PIB bilhões PIB bilhões PIB

Governo Central 20,5 0,4 116,7 2,0 137,9 2,3

Governos regionais 7,8 0,1 -9,7 -0,2 -3,9 -0,1

Empresas estatais 4,3 0,1 4,3 0,1 5,2 0,1

Total 32,5 0,6 111,2 1,9 139,3 2,3

321,3

110,4

431,7

334,3

114,1

448,4

0

200

400

600

Receita do TesouroNacional

Arrecadação Líquida doRGPS

Total

2015 2016

Gráfico 3.14 – Receita total do Governo CentralAcumulado até abrilR$ bilhões

Fonte: Ministério da Fazenda/STN1/ Inclui Banco Central.

1/

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 43

elevações nas despesas obrigatórias (20,5%), nos gastos com pessoal e encargos (7,3%) e nas despesas discricionárias (6,2%). Entre as despesas obrigatórias, destaque para o crescimento de 52,5% nos pagamentos de Abono e seguro desemprego,influenciadopeloaumentododesempregonopaís e, em especial, pelo calendário de pagamento do Abono salarialdefinidonaResoluçãoCodefatnº748/2015;ede140% nos gastos com subsídios, subvenções e Proagro, decorrente da nova sistemática de pagamento estabelecida em conformidade com os Acórdãos do Tribunal de Contas da União (TCU) nº 825/2015 e nº 3.297/2015.

O deficit da Previdência Social atingiu R$37,5 bilhões nos quatro primeiros meses do ano. O crescimento de 77,2% em relação a igual período de 2015 repercutiu elevações de 15,2%, para R$151,6 bilhões, nas despesas com benefícios previdenciários – resultado de aumentos respectivos de 11,9% e 2,2% no valor médio e na quantidade dos benefícios emitidos –, e de 3,3%, para R$114,1 bilhões, na arrecadação líquida.

As receitas e as despesas do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registaram elevações respectivas de 3,9% e 12,3% no primeiro quadrimestre de 2016, em relação ao mesmo período de 2015.Emtermosreais,consideradooIPCAcomodeflator,as variações de receitas e despesas atingiram, na ordem, -4,1% e 2,2%. A trajetória das receitas evidenciou o impacto da retração da atividade econômica sobre a arrecadação, enquantoodesempenhodasdespesasrefletiu,emparte,airredutibilidadedegastosespecíficos.

As transferências para os governos regionais somaram R$68,7 bilhões no primeiro quadrimestre de 2016, reduzindo-se 3,9% em relação a igual período do ano anterior.Houve recuos nas transferências relacionadasaos fundos de participação de estados e municípios (4,4%), impactado pela redução na arrecadação de tributos compartilhados,eàcotapartedecompensaçõesfinanceiras(16,9%),influenciadopelaretraçãodopreçointernacionaldo petróleo. As transferências relacionadas à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - Combustíveis (Cide-Combustíveis), evidenciando a elevação de alíquotas, a partir de maio de 2015, atingiram R$735 milhões (R$7,8 milhões no primeiro quadrimestre de 2015).

O resultado primário dos estados e municípios foi superavitário em R$11,4 bilhões nos primeiros quatro meses de 2016 (superavit de R$17,2 bilhões no mesmo período de 2015). As arrecadações do Imposto sobre a Circulação

-10

-5

0

5

10

15

20

Jan2014

Abr Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Receita líquida Despesas

Gráfico 3.15 – Crescimento real (IPCA) das receitas e despesas do Governo CentralAcumulado no ano%

Fonte: MF/STNFonte: MF/STN

60,3

11,2

71,5

58,5

10,2

68,7

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Constitucionais Demais Total

2015 2016

Gráfico 3.16 – Transferências para estados e municípiosAcumulado Jan-abrR$ bilhões

Fonte: MF/STN

Tabela 3.5 – Despesas do Governo CentralJaneiro-abril

Discriminação 2015 2016

R$ % do R$ % do

milhões PIB milhões PIB

Total 345 599 18,0 388 170 19,4

Benefícios previdenciários 131 558 6,8 151 576 7,6

Tesouro Nacional1/ 214 041 11,1 236 593 11,8

Pessoal e encargos 73 750 3,8 79 125 3,9

Outras despesas obrigatórias 59 261 3,1 71 428 3,6

Abono e Seg. Desemprego 14 631 0,8 22 313 1,1

Subsídio e subvenções 5 301 0,3 12 720 0,6

Loas/RMV 14 053 0,7 16 042 0,8

Despesas discricionárias 81 030 4,2 86 040 4,3

PAC 13 299 0,7 14 162 0,7

Fonte: Ministério da Fazenda/STN

1/ Inclui Banco Central

44 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) atingiram R$102,3 bilhões e R$19,7 bilhões, respectivamente, no primeiro trimestre de 2016, aumentando, na ordem, 5,9% e 4,5% em relação a igual período de 2015.

O deficit primário das empresas estatais passou de R$273 milhões, nos quatro primeiros meses de 2015, para R$1,2 bilhão, em igual intervalo de 2016, evolução associada, em especial, à reversão, de superavit de R$939 milhões, para deficit de R$891 milhões, registrada no âmbito das empresas estatais estaduais.

Os juros nominais somaram R$108,7 bilhões no quadrimestre encerrado em abril, ante R$146,1 bilhões no mesmo período de 2015, destacando-se a contribuição do resultado favorável de R$50 bilhões das operações de swap cambial, que haviam registrado resultado desfavorável de R$19,2 bilhões no primeiro quadrimestre de 2015.

O resultado nominal do setor público, que agrega o resultado primárioeosjurosnominaisapropriados,foideficitárioemR$104,3 bilhões no quadrimestre (deficit de R$113,6 bilhões noperíodoequivalenteem2015).Esseresultadofoifinanciadomediante expansão da dívida mobiliária interna, neutralizada, parcialmente, por reduções na dívida bancária líquida, pelo financiamento externo líquido e pelas demais fontes de financiamentointerno,queincluemabasemonetária.

Operações do Banco Central no mercado aberto

As operações primárias do Tesouro Nacional com títulos públicos federais resultaram em resgates líquidos, com impacto monetário expansionista, de R$27,5 bilhões no trimestre encerrado em abril, resultado de colocações de R$149,4 bilhões e resgates de R$176,9 bilhões. As operações de trocas somaram R$0,3 bilhão, todas realizadas com Notas do Tesouro Nacional – Série B.

Osaldomédiodiáriodasoperaçõesdefinanciamentoedego around realizadas pelo Banco Central atingiu R$1.070,5 bilhões em abril, aumentando 2,6% em relação a janeiro. Esse desempenho repercutiu elevações nas operações de duas semanas a três meses (de R$507,6 bilhões para R$696,9 bilhões) e nas de três meses a sete meses (de R$161,8 bilhões para R$174,3 bilhões), e redução nas operações de curtíssimo prazo (de R$374,2 bilhões para R$255,6 bilhões).

10,0

10,5

11,0

11,5

12,0

12,5

13,0

13,5

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

Jan2014

Abr Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Superavit primário

Superavit primário Dívida líquida

Dívida líquida

Gráfico 3.17– Governos regionais: superavit primário acumulado em doze meses e dívida líquida% PIB

4,454,68

5,48

8,50

7,76

4,4

4,8

5,2

5,6

6,0

6,4

6,8

7,2

7,6

8,0

8,4

8,8

2012 2013 2014 2015 2016

% PIBGráfico 3.18 – Juros nominais apropriados

1/

1/ Acumulado em doze meses até abril.

Tabela 3.6 – Necessidades de financiamento do setor público

Discriminação 2014 2015 Abr 20161/

R$ % PIB R$ % PIB R$ % PIB

bilhões bilhões bilhões

Usos 343,9 6,0 613,0 10,4 603,7 10,1

Primário 32,5 0,6 111,2 1,9 139,3 2,3

Juros 311,4 5,5 501,8 8,5 464,4 7,8

Fontes 343,9 6,0 613,0 10,4 603,7 10,1

Financiamento interno 334,9 5,9 631,5 10,7 618,6 10,3

Dívida mobiliária 434,3 7,6 559,1 9,5 512,6 8,6

Dívida bancária -118,7 -2,1 74,4 1,3 92,1 1,5

Outros 19,3 0,3 -2,0 0,0 14,0 0,2

Financiamento externo 9,0 0,2 -18,5 -0,3 -14,9 -0,2

1/ Acumulado em 12 meses.

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan2013

Abr Jul Out Jan2014

Abr Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

R$ bilhões

Gráfico 3.19 – Posição líquida de financiamento dos títulos públicos federais – Média diária

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 45

Dívida mobiliária federal

A dívida mobiliária federal interna, avaliada pela posição de carteira, atingiu R$2.670,2 bilhões em abril (44,6% do PIB), aumentando 0,5 p.p. do PIB em relação a janeiro e 4,2 p.p. do PIB em doze meses. O crescimento no trimestre repercutiu resgates líquidos de R$24,5 bilhões no mercado primário, incorporação de R$90,5 bilhões de juros nominais e o impacto negativo de R$2,8 bilhões decorrente da apreciação cambial de 14,7% no período.

As participações, no total da dívida mobiliária federal, dos títulos indexados à taxa Selic e a índices de preços aumentaram, na ordem, 1 p.p., e 0,7 p.p. em relação a janeiro, contrastando com os recuos nas representatividades dostítulosprefixados(1,3p.p.)edasoperaçõesdomercadoaberto (0,3 p.p.).

O cronograma de amortização da dívida mobiliária federal interna emmercado, excetooperaçõesdefinanciamento,registrou a seguinte estrutura de vencimentos em abril: 9,8% do total em 2016; 13,0% em 2017; e 77,2% a partir de janeiro de 2018. Os títulos vincendos em doze meses representaram 16,2% do total da dívida mobiliária em mercado (20,3% em janeiro) e o prazo médio de vencimento da dívida atingiu 55,6 meses (55,4 meses em janeiro).

O estoque líquido das operações de swap cambial atingiu R$237,1 bilhões em abril (R$422,3 bilhões em janeiro). O resultado no trimestre (diferença entre a rentabilidade do DI e a variação cambial mais cupom) foi favorável ao Banco Central em R$66,8 bilhões, no conceito caixa.

Dívida líquida do setor público

A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) atingiu R$2.356,6 bilhões em abril de 2016 (39,4% do PIB). O aumento de 3,2 p.p.doPIBemrelaçãoadezembrode2015refletiuvariaçõesde 4,1 p.p. do PIB no endividamento líquido do Governo Central e de -0,9 p.p. do PIB no dos governos regionais.

O crescimento da relação DLSP/PIB nos quatro primeiros meses do ano repercutiu as contribuições da apreciação cambial de 11,6%, no período (2,3 p.p.); dos juros nominais apropriados (1,8 p.p.); do superavit primário (-0,1 p.p.); do ajuste de paridade da dívida externa líquida (-0,4 p.p.); e do crescimento do PIB nominal (-0,5 p.p.).

050

100150200250300350400450500550600650

Jan2015

Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan2016

Fev Mar Abr

Até 2 semanas De 2 semanas a 3 meses 3 meses ou mais

Gráfico 3.20 – Operações compromissadas do Banco Central – Volume por prazo – Média dos saldos diáriosR$ bilhões

0

10

20

30

40

Over/Selic Prefixado Índices depreços

Câmbio TR Mercadoaberto

Dez 2014 Dez 2015 Abr 2016

Gráfico 3.21 – Composição da dívida mobiliária federal1/

%

1/ Não inclui swap.

0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0

100,0

Jan2013

Abr Jul Out Jan2014

Abr Jul Out Jan2015

Abr Jul Out Jan2016

Abr

Até 1 ano Entre 1 e 2 anos Acima de 2 anos

Gráfico 3.22 – Perfil de vencimentos da Dívida Mobiliária%

46 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

As principais alterações na composição da DLSP ocorreram na parcela credora vinculada ao câmbio (10,7 p.p.), na parcelapré-fixada(-10,5p.p.)enaparcelavinculadaàTaxade Juros de Longo Prazo (TJLP) (2,5 p.p.). O prazo médio dos títulos federais atingiu 55,6 meses em abril de 2016, elevando-se 2,4 meses em relação a dezembro de 2015.

A taxa de juros implícita da DLSP, acumulada em doze meses, atingiu 26,1% em abril de 2016, ante 29,7% em dezembro de 2015, evolução influenciada pelo resultadofavorável obtido nas operações de swap cambial.

Dívida Bruta do Governo Geral

A Dívida Bruta do Governo Geral (Governo Federal, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), governos estaduais e governos municipais) atingiu R$4.039,3 bilhões (67,5% do PIB) em abril, elevando-se 0,9 p.p. do PIB em relação a dezembro de 2015. O aumento repercutiu os impactos dos resgates líquidos de dívida (-0,4 p.p.), da incorporação de juros nominais (2,8 p.p.), da apreciação cambial acumulada no ano (-0,6 p.p.) e do crescimento do PIB nominal (-0,9 p.p.).

3.4 – Conclusão

As operações de crédito permaneceram em desaceleração no trimestre encerrado em maio, evolução compatível com o cenário de retração da atividade econômica, elevação do custo médio das contratações, aumento da inadimplência e patamarreduzidodosindicadoresdeconfiançadosagenteseconômicos.

Noâmbitodapolíticafiscal,aalteraçãoaprovadanaLDOde 2016 considerou, entre outros fatores, parâmetros macroeconômicos semelhantes aos de mercado e, em especial, o impacto da retração da atividade econômica sobre a arrecadação. Nesse contexto, a reversão do deficitfiscal,no médio prazo, está condicionada pela adoção de medidas de ajuste que contribuam para o reequilíbrio entre receitas edespesas,eparaarecuperaçãodaconfiançadosagenteseconômicos sobre a trajetória da atividade econômica.

Tabela 3.7 – Evolução da dívida líquidaFatores condicionantes

Discriminação 2014 2015 Abr 2016R$ % R$ % R$ %

milhões PIB milhões PIB milhões PIB

Dívida líquida total – Saldo 1 883 147 33,1 2 136 888 36,2 2 356 611 39,4

Fluxos acumulados no ano

Variação DLSP 256 812 2,5 253 741 3,1 219 723 3,2

Fatores 256 812 4,5 253 741 4,3 219 723 3,7 NFSP 343 916 6,0 613 035 10,4 104 291 1,7 Primário 32 536 0,6 111 249 1,9 -4 411 -0,1 Juros 311 380 5,5 501 786 8,5 108 702 1,8

Ajuste cambial -96 075 -1,7 -385 743 -6,5 139 597 2,3

Dívida interna1/ -2 835 0,0 -16 568 -0,3 2 913 0,0

Dívida externa -93 239 -1,6 -369 175 -6,3 136 685 2,3

Outros2/ 12 481 0,2 21 830 0,4 -21 325 -0,4

Reconhecimento de dívidas -3 511 -0,1 4 619 0,1 -2 840 0,0 Privatizações 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Efeito crescimentoPIB -2,0 -1,2 -0,5

1/ Dívida mobiliária interna indexada ao dólar.2/ Paridade da cesta de moedas que compõem a dívida externa líquida.

-75-60-45-30-15

0153045607590

Selic Prefixada IPCA Câmbio Outros

2011 2012 2013 2014 2015 Abr 2016

Gráfico 3.23 – DLSP – Participação percentual por indexadoresPercentual

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 47

4Economia internacional

A intensidade da recuperação da atividade global seguiu condicionada, nos primeiros meses de 2016, pelo cenário de incertezas em relação ao ritmo de crescimento de importantes áreas econômicas, em especial Área do Euro, Japão e China. Nos Estados Unidos da América (EUA), após registrar resultados favoráveis no decorrer do primeiro trimestre do ano, os indicadores de emprego arrefeceram nos meses seguintes, aumentando as incertezas em relação à retomada do ciclo de alta da taxa básica de juros.

Na China, a adoção de medidas governamentais destinadas a favorecer o desempenho da economia local contribuiu para a redução da volatilidade nos mercados acionários e para o aumento nas cotações das commodities, em especial metálicas. Nesse contexto, em que o risco soberano de mercados emergentes recuou e o dólar registrou depreciação em relação às moedas de países exportadores de matérias-primas, a recuperação nos preços do petróleo e a redução dos receios em relação ao setor bancário, em especial na Europa, contribuíram para a diminuição da aversão ao risco nosmercadosfinanceiros.

Em sentido oposto, ressalte-se que fatores geopolíticos, a exemplo das eleições nos EUA e, mais recentemente, da decisão do Reino Unido em relação à União Europeia (Brexit), aumentaram as incertezas em relação ao cenário econômicoefinanceiroglobal,comdesdobramentossobreavolatilidadenosmercadosfinanceiros.

4.1 Atividade econômica

A taxa de crescimento trimestral anualizada do PIB dos EUA atingiu 0,8% no primeiro trimestre de 2016 (1,4% no quarto trimestre de 2015), considerados dados dessazonalizados. Destacaram-se as contribuições do consumo das famílias (1,3 p.p.), que aumentou 1,9% no período, e do investimento residencial (0,6 p.p.). O setor externo exerceu impacto negativo de 0,2 p.p., reflexo de variações de -2,0%nasexportações e de 0,2% nas importações.

Tabela 4.1 – Maiores economiasComponentes do PIB1/

Variação % anualizadaDiscriminação 2014 2015 2016

III IV I II III IV I

PIB Estados Unidos 4,3 2,1 0,6 3,9 2,0 1,4 0,8 Área do Euro 1,2 1,5 2,2 1,5 1,3 1,7 2,2 Reino Unido 2,6 2,7 1,8 2,4 1,8 2,4 1,4 Japão -2,7 2,1 5,2 -1,7 1,7 -1,8 1,9 China 7,8 7,0 5,7 7,4 7,4 6,1 4,5

Consumo das famílias Estados Unidos 3,5 4,3 1,8 3,6 3,0 2,4 1,9 Área do Euro 1,7 2,3 1,6 1,3 2,2 1,3 2,2 Reino Unido 2,0 2,1 3,4 3,3 1,9 2,4 2,7 Japão 0,2 2,4 0,8 -3,1 1,9 -3,2 2,6

Formação Bruta de Capital Fixo das empresas Estados Unidos 9,0 0,7 1,6 4,1 2,6 -2,1 - 6,2

Área do Euro2/ 1,9 1,9 6,2 0,3 2,0 5,9 3,4

Reino Unido2/ 7,5 0,5 6,2 5,5 1,5 -4,4 2,0 Japão -1,8 -0,2 13,5 -4,6 3,2 5,2 - 2,6

Investimento residencial Estados Unidos 3,4 10,0 10,1 9,3 8,2 10,1 17,1

Área do Euro3/ nd nd nd nd nd nd nd Reino Unido 15,7 -1,2 1,8 17,9 -8,0 6,3 -0,8 Japão -25,5 -1,0 8,7 9,0 6,8 -4,1 -2,9

Exportações de bens e serviços Estados Unidos 1,8 5,4 -6,0 5,1 0,7 -2,0 - 2,0 Área do Euro 6,7 4,8 6,3 6,5 1,6 2,7 1,7 Reino Unido 1,6 15,9 -0,5 11,5 -1,9 0,2 -1,1 Japão 6,1 14,2 8,9 -17,8 10,8 -3,1 2,4

Importações de bens e serviços Estados Unidos -0,8 10,3 7,1 3,0 2,3 -0,7 - 0,2 Área do Euro 6,3 4,7 9,4 3,5 5,2 5,6 3,0 Reino Unido 8,3 11,8 14,6 -9,6 12,1 3,6 3,3 Japão 4,0 4,6 5,9 -9,8 6,9 -4,3 -1,6

Gastos do Governo Estados Unidos 1,8 -1,4 -0,1 2,6 1,8 0,1 1,2

Área do Euro4/ 1,3 0,5 2,1 1,1 1,2 2,0 2

Reino Unido4/ 1,1 -1,4 1,7 3,0 2,7 1,3 1,6 Japão 2,2 1,0 -0,6 3,2 -1,3 -0,4 2,0

Fontes: Thomson, Bloomberg, BEA, Cabinet Office, ONS e Eurostat

1/ Informações referentes à China disponíveis apenas para o PIB.2/ Formação Bruta de Capital Fixo total (inclui governo).3/ Formação Bruta de Capital Fixo.4/ Somente consumo do governo.

48 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

A produção industrial registrou expansão mensal de 0,6% em abril, dados dessazonalizados, ressaltando-se que o crescimentode0,2%nosetormanufatureirofoiinfluenciado,em especial, pelo aumento de 3,4% na indústria de máquinas. Na mesma base de comparação, as encomendas de bens de capital cresceram 7,3% (7,8% em março). O Índice Gerente de Contas (PMI) do setor, calculado pelo Institute for Supply Management (ISM), atingiu 51,3 pontos em maio (50,8 pontos em abril), situando-se pelo terceiro mês consecutivo em patamar superior a 50 pontos, indicativo de expansão.

A economia dos EUA gerou 347 mil postos de trabalho no trimestre encerrado em maio, ante 672 mil no trimestre finalizado em fevereiro, dados dessazonalizados.A taxade desemprego atingiu 4,7% em maio, ante 5,0% no mês anterior.Oíndicedeconfiançadoconsumidor,medidopeloConference Board, recuou 2,1 pontos, para 92,6 pontos, em maio, mantendo-se, no entanto, em patamar relativamente elevado quando considerado o período pós-crise.

As variações anualizadas dos gastos pessoais com consumo e da renda pessoal disponível real atingiram 2,5% e 3,5%, respectivamente, no trimestre encerrado em abril, período em que a taxa média de poupança das famílias situou-se em 5,6%.

Na Área do Euro, a variação anualizada do PIB, após ajuste sazonal, atingiu 2,2% no primeiro trimestre de 2016 (1,7% no quarto trimestre de 2015), destacando-se as expansões na Espanha (3,1%), Alemanha (2,7%) e França (2,6%). A taxa de desemprego manteve-se em trajetória declinante, situando-se em 10,2% em abril, menor patamar desde agosto de 2011. O PMI manufatura totalizou 51,5 pontos em maio (51,7 pontos em abril), permanecendo em território indicativo de expansão da atividade pelo 35º mês consecutivo.

O PIB do Reino Unido, considerados dados dessazonalizados, registrou crescimento anualizado de 1,4% no primeiro trimestre do ano (2,4% no quarto trimestre de 2015), destacando-se, no âmbito da oferta, a expansão de 2,6% no setor de serviços. A taxa de desemprego atingiu 5,0% no trimestre encerrado em abril (5,5% em igual período de 2015). O PMI da manufatura atingiu 50,1 pontos em maio (49,4 pontos em abril).

No Japão, a variação trimestral anualizada do PIB atingiu 1,9% no primeiro trimestre de 2016 (-1,8% no quarto trimestre de 2015), de acordo com dados dessazonalizados. Destacaram-se, no âmbito da demanda, os impactos positivos do consumo privado (1,5 p.p.), que aumentou

May2014

Jun

Jul Aug2014

Sep

Oct

Nov

Dec

Jan

Feb

40

45

50

55

60

65

Mai2014

Ago2014

Nov Fev Mai Ago2015

Nov Fev Mai

Gráfico 4.1 – PMI manufaturaMaiores economias

EUA Área do Euro Japão

Reino Unido ChinaFonte: Bloomberg

2

4

6

8

10

12

14

Mai2014

Ago2014

Nov Fev Mai2015

Ago Nov Fev Mai2016

EUA Área do Euro Japão Reino Unido

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.2 – Evolução das taxas de desempregoMaiores economias desenvolvidas%

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 49

2,6% no período, e do setor externo (0,7 p.p.), decorrente de variações de -1,6% nas importações e de 2,4% nas exportações. Considerados intervalos de doze meses, a produção industrial e as vendas no varejo recuaram 3,3% e 0,9%, respectivamente, em abril. O PMI do setor industrial, em trajetória decrescente, atingiu 47,7 pontos em maio, menor patamar desde janeiro de 2013.

Na China, a variação anualizada do PIB atingiu 4,5% no primeiro trimestre de 2016, ante 6,1% no quarto trimestre de 2015 (dados dessazonalizados), menor expansão registrada pela série histórica, iniciada em 201011. Consideradas variações interanuais, o PIB cresceu 6,7% e 6,8%, respectivamente, nos mesmosperíodos.Emmaio, confirmando a continuidadedo processo de acomodação da economia local, as taxas de crescimentointeranualdosinvestimentosemativosfixos,dasvendas no varejo e da produção industrial situaram-se em 9,6, 10,0% e 6,0%, respectivamente (10,5%, 10,1% e 6,0%, no mês anterior). Ainda em maio, o saldo da balança comercial somou US$50,0 bilhões, com reduções respectivas de 4,1% e 0,4% nas exportações e nas importações. O PMI Caixin do setor industrial, em trajetória declinante, atingiu 49,2 pontos em maio, situando-se pelo décimo-quinto mês em patamar inferior a 50 pontos.

4.2 Política monetária e inflação

A inflação anual ao consumidor nosEUA,medida peloIPC, atingiu 1,1% em abril (0,9% em março), período em os preços da energia variaram -8,9% e os dos alimentos, 0,9%. A variação anual do núcleo do IPC, que exclui energia e alimentos, atingiu 2,1% no período.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve (Fed) decidiu, na reunião de junho, manter o intervalo da meta para os juros básicos dos EUA (taxa dos Fed funds) entre 0,25% a.a. e 0,5% a.a., sustentando, dessa forma, o patamar estabelecido na reunião de dezembro de 2015, quando o intervalo foi elevado pela primeira vez desde dezembro de 2008. Segundo o Comitê, as próximas decisões para os juros básicos dependerão das condições econômicas realizadas e esperadas frente aos objetivos de máximoempregoedeinflaçãode2,0%a.a.Aexpectativado

-3

-1

1

3

5

7

Abr2012

Out Abr2013

Out Abr2014

Out Abr2015

Out Abr2016

EUA Área do Euro JapãoReino Unido China

Gráfico 4.3 – Inflação ao consumidorVariação anual%

Fontes: BLS, Eurostat, Bloomberg e ONS

-30

-20

-10

0

10

20

Abr2012

Out Abr2013

Out Abr2014

Out Abr2015

Out Abr2016

EUA Área do EuroJapão Reino Unido

Gráfico 4.4 – Preços de energiaVariação anual%

Fonte: Thomson

11/ Vale ressaltar que, no início de março, o governo chinês anunciou medidas de suporte ao crescimento, com ênfase em investimentos em infraestrutura, em especial, à construção de estradas e em projetos de conservação de água e geração de energia nuclear. Essa política expansionista repercutiu nas expectativas dosmercadosfinanceiroseexerceudesdobramentossobreascotaçõesdascommoditiesmetálicas.

50 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

FOMC é de que as condições econômicas evoluam de modo ajustificaraumentosgraduaisnastaxasdejuros.

Na Área do Euro, a variação anual do Índice de Preços ao ConsumidorHarmonizado(IPCH)atingiu-0,2%emabril(estabilidade em março), enquanto as dos preços de energia e de alimentos, bebidas alcoólicas e fumo situaram-se em -8,7% e 0,8%, respectivamente. A variação anual do núcleo doIPCH,queexcluienergiaealimentos,bebidasalcoólicase fumo, atingiu 0,7% no período.

O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) manteve, nas reuniões de abril e junho, a taxa de juro de referência (main refinancing rate) em 0,00% a.a.; a taxa de depósito (deposit facility), em -0,40% a.a.; e a taxa marginal de empréstimo (marginal lending facility), em 0,25% a.a., níveis estipulados em março. As compras mensais de ativos foram mantidas em €80 bilhões, até março de 2017, ou até que a trajetória dos preços seja consistente comametadeinflaçãoabaixo,porémpróxima,de2,0%a.a.Adicionalmente, em sua última reunião, o BCE anunciou que o programa de compras do setor corporativo (CSPP12) e a primeira operação da nova série de refinanciamentodirecionadas de longo prazo (TLTRO13), anunciados em março, serão iniciados ainda em junho.

No Reino Unido, a variação anual do IPC atingiu 0,3% em abril (0,5% em março), período em que os preços de energia recuaram 5,6% e os de alimentos, 2,6%. A variação anual do núcleo do IPC, que exclui energia, alimentos, bebidas alcoólicas e fumo, atingiu 1,2% no período.

O Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra (BoE) manteve, nas reuniões de abril e maio, a taxa de juros que remunera as reservas dos bancos comerciais (Bank rate) em 0,5% a.a., e o estoque do programa de compra de ativos, em £375 bilhões. O Comitê destacou, em ambas as reuniões, que o cenário de elevação da taxa de juros é mais provável do que a perspectiva de não elevação, ao longo do período de projeção.

No Japão, a variação anual do IPC atingiu -0,3% em abril (-0,1% em fevereiro), com os preços de alimentos variando 1,3% e os de energia, -12,6%. No mesmo intervalo, o núcleo do IPC, que exclui alimentos in natura, recuou 0,3%.

O Comitê de Política Monetária do Banco do Japão (BoJ) decidiu, na reunião de abril, manter as principais diretrizes

-1

0

1

2

3

4

Abr2012

Out Abr2013

Out Abr2014

Out Abr2015

Out Abr2016

EUA Área do Euro Japão Reino Unido

Gráfico 4.6 – Núcleo da inflação ao consumidorVariação anual%

Fontes: BLS, Eurostat, Bloomberg e ONS

-4

-2

0

2

4

6

8

10

Abr2012

Out Abr2013

Out Abr2014

Out Abr2015

Out Abr2016

EUA Área do Euro JapãoReino Unido China

Gráfico 4.7 – Preços dos alimentos1/

Variação anual%

Fonte: Thomson 1/ Para a Área do Euro, inclui bebidas alcoólicas e tabaco.

12/ Corporate Sector Purchase Programme13/Targetedlonger-termrefinancingoperations

Período

jan 1999

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

-101234567

Mai2012

Nov Mai2013

Nov Mai2014

Nov Mai2015

Nov Mai2016

EUA Área do Euro Japão*

Reino Unido China

Fontes: Fed, BCE, BoJ, BoE e PBoC.Desde abril de 2013, o BoJ adota meta de agregado monetário.

Gráfico 4.5 – Taxas de juros oficiaisTaxa anual%

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 51

das três dimensões do Programa de Relaxamento Monetário Quantitativo e Qualitativo (QQE), introduzido na reunião de janeiro. Na dimensão quantidade, o BoJ continua com a orientação de conduzir as operações de mercado aberto de modo a aumentar a base monetária ao ritmo anual de aproximadamente ¥80 trilhões. Na dimensão qualidade, o BoJ manteve, entre outras, a diretriz de conduzir compras de bônus do governo japonês (JGB) de maneira a aumentar seu saldo em aproximadamente ¥80 trilhões por ano. Na dimensão taxa de juros, as taxas de remuneração de cada uma dastrêscamadasdereservasqueasinstituiçõesfinanceirasmantêm junto ao BoJ não sofreram ajustes, permanecendo em 0,1%, 0% e -0,1%.

NaChina,ainflaçãoanualaoconsumidoratingiu2,3%emabril, mesmo patamar de março, com os preços de alimentos variando 7,4% e os de energia, -1,1%. O Banco do Povo da China (BPC) manteve, no segundo trimestre do ano, a taxa de juros de referência de empréstimo de um ano em 4,35% e as taxas de recolhimento compulsório sobre os depósitos deinstituiçõesfinanceirasem15,0%,parabancospequenos,e em 17,0%, para bancos grandes.

4.3 Mercados financeiros Internacionais

A aversão ao risco arrefeceu no trimestre encerrado em maio, em cenário de recuperação nos preços das commodities, notadamente petróleo, e redução da percepção dos riscos associados ao sistema bancário, em especial na Europa. Nesse ambiente de redução da volatilidade, ocorreram aumentos, no período, nos rendimentos anuais dos títulos de dez anos da Alemanha (3 p.b., para 0,14%), do Reino Unido (9 p.b., para 1,43%) e dos EUA (11 p.b., para 1,84%). Em sentido oposto, os rendimentos dos títulos japoneses recuaram 5 p.b., para -0,11%, no trimestre.

Nos mercados emergentes, o indicador de risco soberano Emerging Markets Bond Index Plus (Embi+)–refletindooambiente de redução da aversão ao risco e de recuperação nos preços das commodities – recuou 42 p.b., para 396 p.b., no trimestre encerrado em maio. Destacaram-se as reduções nos indicadores do Brasil (98 p.b., para 404 p.b.), Rússia (44 p.b., para 212 p.b.), México (38 p.b., para 224 p.b.) e África do Sul (35 p.b., para 303 p.b.).

80

96

112

128

144

160

3.62014

2.9 2.12 3.32015

2.6 1.9 1.12 1.32016

31.5

EUA Alemanha Japão Reino Unido

Gráfico 4.10 – Bolsas de valores: EUA, Europa e Japão 3.6.2014 = 100

Fonte: Bloomberg

-0,5

0,3

1,1

1,9

2,7

3,5

3.62014

2.9 2.12 3.32015

2.6 1.9 1.12 1.32016

31.5

EUA Alemanha Japão Reino Unido

Gráfico 4.8 – Retorno anual sobre títulos governamentais – 10 anos% a.a.

Fonte: Bloomberg

100

200

300

400

500

600

3.62014

2.9 2.12 3.32015

2.6 1.9 1.12 1.32016

31.5

EMBI+ Rússia TurquiaBrasil México África do Sul

Gráfico 4.9 – Emerging Markets Bond Index Plus(Embi+) p.b.

Fonte: Thomson Reuters

5

13

21

29

37

45

3.62014

2.9 2.12 3.32015

2.6 1.9 1.12 1.32016

31.5

Gráfico 4.11 – VIX – Índice de volatilidadepontos

Fonte: Blomberg

52 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

Após registrarem volatilidade acentuada no início do ano, os mercados acionários acumularam ganhos no trimestre encerrado em maio, trajetória consistente com o cenário de recuperação nos preços das commodities, em especial do petróleo, maior otimismo em relação à economia chinesa e continuidade das políticas monetárias expansionistas em importantes economias maduras. O índice S&P 500, dos EUA, variou 8,5%; o índice DAX, da Alemanha, 8,1%; e o índice Nikkei, do Japão, 7,5%, no período.

O Chicago Board Options Exchange Volatility Index (VIX) recuou 30,9% no trimestre encerrado em maio, totalizando 14,2pontosaofinaldoperíodo.Oindicadorregistroumédiade15pontosnotrimestre(21,3pontosnotrimestrefinalizadoem fevereiro).

As bolsas de valores de importantes mercados emergentes registraram ganhos no trimestre, com destaque para as variações dos índices BSE SENSEX 50, da Índia (15,9%); Ibovespa, do Brasil (13,3%); e Shanghai Composite, da China (8,5%).

O dólar registrou depreciação em relação às moedas das principais economias, no trimestre encerrado em maio. No âmbito das economias maduras, ocorreram recuos em relação à libra (3,9%), ao euro (2,3%) e ao iene (1,7%), enquanto nos mercados emergentes, destacaram-se as desvalorizações em relação ao rublo russo (11,3%) e ao real brasileiro (9,7%).

4.4 Commodities

O Índice de Commodities – Brasil (IC-Br), calculado pelo Banco Central, recuou 6,0% em maio, em relação a fevereiro14, com variações respectivas de -7,6%, -6,1% e 7,8% nos segmentos de commodities agropecuárias, metálicas e energéticas.

Medido em dólares, o IC-Br variou 5,3% no período. Consideradas médias trimestrais, o IC-Br recuou 5,9% em relação ao trimestre encerrado em fevereiro de 2016.

A média do índice S&P e Goldman Sachs Spot aumentou 23,1% em maio, em relação a fevereiro, resultado de valorizações nos segmentos de commodities agropecuárias (9,6%), metálicas (2,9%) e energéticas (40,6%).

14/ O indicador considera médias mensais de observações diárias. Portanto, o recuo mencionado é impactado pelas taxas diárias de câmbio de maio e de fevereiro de 2016.

60

100

140

180

220

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3.62014

2.9 2.12 3.32015

2.6 1.9 1.12 1.32016

31.5

China Índia África do SulTurquia Indonésia Brasil

Gráfico 4.12 – Bolsas de valores: mercados emergentes3.6.2014 = 100

Fonte: Bloomberg

85

95

105

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125

135

3.62014

2.9 2.12 3.32015

2.6 1.9 1.12 1.32016

31.5

Euro IeneLibra esterlina Índice Dólar "Major" (ICE)

Gráfico 4.13 – Cotações do dólar3.6.2014 = 100

Fonte: Bloomberg

90

120

150

180

210

240

3.62014

2.9 2.12 3.32015

2.6 1.9 1.12 1.32016

31.5

Real brasileiro Rublo russoLira turca Peso mexicanoRande sul-africano Peso colombiano

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.14 – Moedas de economias emergentesversus dólar dos EUA3.06.2014 = 100

110

130

150

170

190

Mai2012

Set Jan2013

Mai Set Jan2014

Mai Set Jan2015

Mai Set Jan2016

Mai

Gráfico 4.15 – Índice de Commodities – Brasil (IC-Br) Dez/2005 = 100 (média mensal – R$)

Fonte: BCB

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 53

Ressalte-se que, em meados de abril, incorporadas as primeiras informações a respeito da safra 2016/2017 e as expectativas em relação ao consumo, as cotações de algumas commodities agrícolas, especialmente, soja, milho e açúcar, passaram a apresentar valorização acentuada. Nesse cenário, as cotações médias de trigo, algodão, café, milho, soja e açúcar aumentaram, na ordem, 1,2%, 4,9%, 6,2%, 6,6%, 21,4% e 25,4%, em maio, em relação a fevereiro.

A trajetória das cotações das commodities metálicas foi influenciadapelasexpectativasquantoaodesempenhodaeconomia chinesa nos próximos trimestres. Nesse sentido, as médias mensais das cotações do cobre, alumínio, níquel e zinco aumentaram 2,2%, 2,7%, 4,9% e 9,8%, respectivamente, em maio, em relação a fevereiro. A cotação do chumbo recuou 2,8%, no período.

A cotação média do minério de ferro de teor 65% no mercado à vista chinês cresceu 22,4% em maio, em relação a fevereiro. O preço da commodity foi impulsionado pelos estímulos a investimentos em infraestrutura no país, o que provocou aumento das importações chinesas de minério. Adicionalmente, houve aumento da produção de aço no país no bimestre encerrado em abril, ante o mesmo período de 2015.

As cotações médias do barril de petróleo dos tipos Brent e West Texas Intermediate (WTI) atingiram US$47,13 e US$46,73, respectivamente, em maio, elevando-se, na ordem, 42,0% e 53,8% em relação a fevereiro, quando o WTI registrou o menor valor desde 2004. A evolução refletiusinaisdemaiorequilíbrioentreofertaedemanda,consequência da redução na produção dos EUA e de interrupções na produção na Nigéria e no Canadá.

4.5 Conclusão

A dinâmica da recuperação da economia global permanece frágil. Nesse contexto, observa-se, em importantes áreas econômicas, o aprofundamento do caráter acomodatício das políticas monetárias, que preservam a continuidade dos respectivos programas de compras de ativos e a manutenção de taxas de juros negativas. Nos EUA, a expectativa do FOMC é de que ascondiçõeseconômicasevoluamdemodoajustificaraumentos graduais nas taxas de juros. Adicionalmente, persistem riscos para o crescimento global associados, principalmente,anovosepisódiosdeintensificaçãoda

70

90

110

130

150

170

190

210

230

Mai2012

Set Jan2013

Mai Set Jan2014

Mai Set Jan2015

Mai Set Jan2016

Mai

IC-Br Agropecuária IC-Br Metal IC-Br Energia

Gráfico 4.16 – IC-Br segmentos Dez/2005 = 100 (média mensal – R$)

Fonte: BCB

100

140

180

220

260

300

340

380

420

Mai2012

Set Jan2013

Mai Set Jan2014

Mai Set Jan2015

Mai Set Jan2016

Mai

Trigo Milho SojaFonte: S&P GSCI

Gráfico 4.17 – Commodities: trigo, milho e sojaDez/2005 = 100 (média mensal – US$)

50

100

150

200

250

300

Mai2012

Set Jan2013

Mai Set Jan2014

Mai Set Jan2015

Mai Set Jan2016

Mai

Açúcar Café AlgodãoFonte: S&P GSCI

Gráfico 4.18 – Commodities: açúcar, café e algodãoDez/2005 = 100 (média mensal – US$)

25

35

45

55

65

75

4.3 23.4 12.6 3.8 22.9 11.11 31.12 19.2 11.4 31.5

Brent WTIFonte: Bloomberg

Gráfico 4.19 – Petróleo – Mercado à vistaUS$ por barril

54 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

volatilidadenosmercadosfinanceiros,comooocorridoem janeiro e os associados, mais recentemente e em menor escala, a fatores geopolíticos, como a eleição nos EUA e a recente decisão do Reino Unido em relação à União Européia; à redução maior do que a esperada no crescimento da China; e à persistência de riscos deflacionáriosemmercadosmaduros.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 55

5Setor externo

Osresultadosdobalançodepagamentosconfirmaram,noscinco primeiros meses de 2016, a perspectiva de continuidade dereduçãosignificativanodeficit em transações correntes iniciada no ano anterior. Em ambiente de depreciação da taxa de câmbio, em termos interanuais, e de retração da demanda interna, a trajetória do deficit em transações correntes repercutiu a reversão no resultado da balança comercial e as reduções nas despesas líquidas de serviços e de rendas, com destaque para os decréscimos nos gastos líquidos com viagens e nas despesas líquidas de juros. Ressalte-se que, embora o resultado da contafinanceiraapresenteretraçãoem relação ao registrado nos cinco primeiros meses de 2015, os investimentos diretos no país situam-se em patamar amplamentesuperioraonecessárioparaofinanciamentododeficit em transações correntes.

5.1 Movimento de câmbio

O deficit do mercado de câmbio contratado atingiu US$6,8 bilhões nos cinco primeiros meses de 2016 (superavit de US$15,8 bilhões em igual período de 2015). O segmento comercial apresentou saldo positivo de US$21,5 bilhões, com recuos de 7,8% nas contratações de exportações e de 29,3%nasdeimportações.OsegmentofinanceiromostroudeficitdeUS$28,3bilhões,reflexodereduçõesde26,0%nas compras e de 10,7% nas vendas de moeda estrangeira.

A atuação do Banco Central no mercado de câmbio, no período considerado, resultou em compras líquidas de US$1,1 bilhão em operações de linha com recompra, que registraramestoquedeUS$11,2bilhõesaofinaldemaiode 2016. No mercado a vista, a posição vendida dos bancos passoudeUS$20,1bilhões,aofinalde2015,paraUS$27,0bilhões,aofinaldemaiode2016.

Tabela 5.1 – Movimento de câmbioUS$ bilhões

Discriminação 2015 2016

Mai Jan- Ano Mai Jan-

mai mai

Comercial 3,5 6,9 25,5 8,4 21,5

Exportação 17,1 77,1 181,7 18,2 71,1

Importação 13,6 70,3 156,2 9,8 49,6

Financeiro1/ -5,6 8,9 -16,1 -11,4 -28,3

Compras 37,9 237,9 522,7 28,9 176,1

Vendas 43,4 229,0 538,8 40,3 204,4

Saldo -2,1 15,8 9,4 -3,0 -6,8

1/ Exclui operações interbancárias e operações externas do Banco Central.

Tabela 5.2 – Balança comercial – FOBJaneiro-maio

US$ milhões

Discriminação 2015 2016 Var. %

Exportação 74 701 73 533 -1,6Importação 77 008 53 835 -30,1Saldo -2 307 19 698 ...Corrente de comércio 151 708 127 367 -16,0

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 5.3 – Exportação por fator agregado – FOBMédia diária – Janeiro-maio

US$ milhões

Discriminação 2015 2016 Var. %

Total 739,6 720,9 -2,5Básicos 341,6 327,7 -4,1Industrializados 378,4 377,4 -0,3 Semimanufaturados 104,4 101,6 -2,6 Manufaturados 274,1 275,7 0,6Operações especiais 19,6 15,9 -19,0

Fonte: MDIC/Secex

Gráfico 5.1 – Exportações por grupo de produtosJaneiro-maio – 2016/20151/ – %

Fonte: MDIC/Secex1/ Variação do valor sobre igual período do ano anterior.

-25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25

Soja

Mat. de transporte

Carnes

Minérios

Químicos

56 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

5.2 Comércio de bens

O superavit da balança comercial somou US$19,7 bilhões nos cinco primeiros meses de 2016 (deficit de US$2,3 bilhões em igual período de 2015). As exportações totalizaram US$73,5 bilhões e as importações, US$53,8 bilhões, recuando 1,6% e 30,1%, respectivamente, no período. A corrente de comércio diminuiu 16,0%, para US$127,4bilhões.

As exportações médias diárias recuaram 2,5% nos cinco primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2015. Houvereduçõesnasvendasexternasdeprodutosbásicos,4,1% (petróleo em bruto, -38,7%; minério de ferro, -26,4%), e de produtos semimanufaturados, 2,6% (semimanufaturados de ferro e aço, -25,3%; couros e peles, -16,2%), e aumento de 0,6% nas de bens manufaturados (automóveis, 54,8%; aviões, 27,3%). As representatividades dos embarques dessas categorias nas exportações totais atingiram 45,5%, 14,1% e 38,3%, respectivamente, no período (46,2%, 14,1% e 37,1%, na ordem, nos cinco primeiros meses de 2015). A menor participação das vendas de produtos básicos foi determinada, em parte, pela contração nos preços internacionais de commodities importantes para a pauta do país, como minério de ferro, petróleo e café, enquanto o aumento da participação demanufaturadosfoiinfluenciadopelaexportaçãodeumaplataforma de exploração de petróleo.

A média diária das importações recuou 30,8% nos cinco primeiros meses do ano, em relação a igual intervalo de 2015. Ocorreram retrações nas compras em todas as categorias de uso:combustíveiselubrificantes,48,7%,consistentecomaredução nos preços internacionais de petróleo, gás natural e derivados, e com a redução da demanda por combustíveis para geração de energia termoelétrica; bens de consumo duráveis, 47,9% (automóveis de passageiros, -50,4%); bens de capital, 29,0% (equipamentos de transporte industrial, -48,0%; demais bens de capital, -25,3%); matérias-primas e bens intermediários, 28,1% (peças e acessórios para bens de capital, -33,9%; insumos industriais elaborados, -29,7%); e bens de consumo semiduráveis e não duráveis, 18,7% (vestuário: -51,1%; calçados, -39,6%). As participações das importações dessas categorias de produtos nas aquisições externas do país atingiram 9,8%, 3,2%, 13,7%, 60,4% e 12,8%, respectivamente, nos cinco primeiros meses de 2016 (variações respectivas de -3,4 p.p., -1,1 p.p., 0,4 p.p., 2,2 p.p. e 1,9 p.p. em relação a igual intervalo de 2015).

A média diária da corrente de comércio do país com os principais parceiros comerciais apresentou retração acentuada nos cinco primeiros meses de 2015. Destacaram-

Tabela 5.4 – Importação por grandes categoriaseconômicas – FOBMédia diária – Janeiro-maio

US$ milhões

Discriminação 2015 2016 Var. %

Total 762,5 527,8 -30,8

Bens de capital 102,0 72,4 -29,0Bens intermediários 443,7 318,8 -28,1Bens de consumo 116,0 84,7 -27,0 Duráveis 32,7 17,0 -47,9 Automóveis de passageiros 22,2 11,0 -50,4 Semiduráveis e não duráveis 83,2 67,6 -18,7Combustíveis e lubrificantes 100,5 51,6 -48,7 Petróleo 23,6 12,8 -45,8 Demais 76,8 38,8 -49,6Bens não especificados 0,3 0,3 -9,3

Fonte: MDIC/Secex

Gráfico 5.2 – Importação de matérias-primas x produção industrial – Média móvel de 3 mesesÍndices dessazonalizados2006 = 100Importação Produção

Fontes: Funcex e IBGE

96

100

104

108

112

116

120

133

146

159

172

185

Abr2011

Out Abr2012

Out Abr2013

Out Abr2014

Out Abr2015

Out Abr2016

Importação de matérias-primas Produção industrial

Gráfico 5.3 – Importação de bens de capital x produção industrial – Média móvel de 3 mesesÍndices dessazonalizados2006 = 100Importação Produção

Fontes: Funcex e IBGE

96

100

104

108

112

116

170

190

210

230

250

270

Abr2011

Out Abr2012

Out Abr2013

Out Abr2014

Out Abr2015

Out Abr2016

Importação de bens de capital Produção industrial

Gráfico 5.4 – Importações por grupo de produtosJaneiro-maio– 2016/20151/ – %

Fonte: MDIC/Secex1/ Variação do valor sobre igual período do ano anterior.

-60 -45 -30 -15 0

Equipamentos mecânicos

Eletroeletrônicos

Combustíveis e lubrificantes

Químicos orgân./inorgânicos

Veículos e partes

Farmacêuticos

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 57

se as reduções nas transações comerciais com os EUA (17,7%), Mercosul (16,2%), União Europeia (14,3%) e China (12,4%).

A Ásia persistiu como principal destino das vendas externas brasileiras no período (35,3% do total), seguindo-se América Latina e Caribe (19,3%), União Europeia (17,9%) e EUA (11,8%). Ressalte-se que apenas a representatividade das exportações para a Ásia aumentou no período (3,1 p.p.), influenciadapelocrescimentodasexportaçõesdecereaispara a China.

As importações realizadas pelo Brasil nos cinco primeiros meses do ano foram provenientes, em especial, da Ásia (30,8% do total), União Europeia (23,3%), EUA (17,3%) e América Latina e Caribe (16,1%). Destaque para a retração de3,9p.p.dasaquisiçõesorigináriasdaÁsia, reflexoderecuo nas compras de produtos, partes e componentes eletrônicos e de informática provenientes da China.

De acordo com a Funcex, o recuo de 1,6% registrado nas exportações nos cinco primeiros meses de 2016, em relação a igual período de 2015, repercutiu variações de 17,1% no quantum e de -16,2% nos preços.

Houve reduções de preços em todas as categorias defator agregado: produtos básicos (19,3%), impactada por decréscimos nas cotações de minério de ferro, petróleo e café; bens semimanufaturados (16,8%), influenciada pela redução nas cotações de açúcar bruto, alumínio e siderúrgicos; e bens manufaturados (11,9%), repercutindo recuosdepreçosnositensaçúcarrefinado,etanol,sucodelaranja, siderúrgicos e derivados de petróleo. O aumento no volume exportado repercutiu as elevações observadas nas categorias de produtos básicos (18,6%), semimanufaturados (18,6%) e manufaturados (15,5%).

A redução de 30,1% registrada no valor das importações, nos cinco primeiros meses, repercutiu recuos de 21,7% no volumeadquiridoede10,8%nospreços.Houvediminuiçõesnas quantidades importadas em todas as categorias de uso: bens de consumo duráveis (43,4%), bens de capital (25,5%), bens intermediários e matérias-primas (21,0%) e combustíveis (17,5%). Os preços também recuaram de forma generalizada, destacando-se os decréscimos nas categorias de bens de consumo duráveis (8,1%) e de bens intermediários e matérias-primas (7,9%).

Tabela 5.5 – Exportação e importação por áreageográfica – FOBMédia diária – Janeiro-maio

US$ milhões

Discriminação Exportação Importação Saldo2015 2016 Var.

%2015 2016 Var.

%2015 2016

Total 193

A.Latina e Caribe 54

Mercosul-51/ 29 Argentina 18 Demais 10 Demais 25

EUA2/ -6UE 6Rússia 2Oriente Médio 20Ásia 92 China 63 Outros 29África 10Demais 15

Fonte: MDIC/Secex1/ Inclui Venezuela.2/ Inclui Porto Rico.

740 721 762 528

83 73 -11,6 57

-23-2,5

153 139 -9,1 122 85 31

-30,8

-30,2

31 21 -33,0 13 10 19

44 2552 52 1,3 45 34 7

-22,7-24,4-16,8

96 85 -11,8 118 91 -2170 66 -6,0 64 41 6-36,8

-22,5

9 8 -9,8 11 6 -1136 129 -5,5 158 123 -21-22,0

-40,5

239 255 6,7 265 162 -2639 36 -6,6 18 16 21-12,4

-38,6

103 101 -1,8 122 72 -19136 154 13,2 143 90 -7-36,7

-40,9

36 39 8,6 37 24 -131 29 -5,3 34 19 -4-44,1

-34,4

Gráfico 5.5 – Exportações – Índices de preços e de quantumJaneiro-maio– 2016/2015 – %

Fonte: Funcex

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

Total Básicos Semimanufatur. Manufaturados

Preços Quantum

Gráfico 5.6 – Importações – Índices de preços e de quantumJaneiro-maio– 2016/2015 – %

Fonte: Funcex

-45

-35

-25

-15

-5

Tota

l

Bens

de

capi

tal

Mat

éria

sPr

imas

Dur

ávei

s

Sem

i e N

ãoD

uráv

eis

Com

bust

ívei

se

Lubr

ifica

ntes

Preços Quantum

58 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

5.3 Serviços e renda

O deficit em transações correntes atingiu US$6,0 bilhões nos cinco primeiros meses de 2016 (US$35,3 bilhões em igual período de 2015). O recuo de 83,1% observado no período repercutiu a reversão registrada no resultado da balança comercial e as reduções nas despesas líquidas de serviços e de rendas. Considerados intervalos de doze meses, o deficit totalizou US$29,5 bilhões em maio (1,70% do PIB).

As despesas líquidas de serviços somaram US$11,2 bilhões nos cinco primeiros meses do ano. A retração de 34,0% em relação a igual período de 2015 repercutiu, em grande parte, asreduçõesnosaldodeficitáriocomviagensinternacionais(58,5%), decorrente de recuo de 37,8% nos gastos de turistas brasileiros no exterior e aumento de 10,2% nos gastos de turistas estrangeiros no país; e com transportes (58,9%), repercutindo a retração na corrente de comércio e nos gastos com passagens internacionais. As despesas líquidas com aluguel de equipamentos, após apresentarem trajetória crescente nos anos recentes, recuaram 9,8% no período.

O déficit em rendas primárias diminuiu 8,8%, para US$14,7 bilhões, nos cinco primeiros meses de 2016. As remessas líquidas com juros recuaram 10,3%, para US$8,3 bilhões, resultado de variações respectivas de -7,8% e 5,9% nos pagamentos de juros ao exterior e nas receitas de juros, que totalizaram US$10,2 bilhões e US$1,8 bilhão, respectivamente. As receitas provenientes da remuneração das reservas internacionais aumentaram 15,9%, para US$1,2 bilhão, no período.

As despesas líquidas de lucros e dividendos atingiram US$6,5 bilhões, ressaltando-se que o decréscimo de 7,3% em relação a igual intervalo de 2015 repercutiu, fundamentalmente, os impactos da depreciação da taxa de câmbio e da retração da atividade econômica doméstica. As empresas do setor de serviços e do setor industrial foram responsáveis, na ordem, pelo envio de 51,5% e 44,9% das remessas brutas de lucros e dividendos de Investimentos Diretos no País (IDP) nos cinco primeiros meses do ano, com ênfase nas efetuadas pelossegmentosserviçosfinanceiros,bebidas,eletricidadee gás, máquinas e equipamentos, produtos alimentícios e metalurgia.

A renda secundária somou ingressos líquidos de US$1,2 bilhão nos cinco primeiros meses de 2016. Os ingressos brutos de transferências pessoais, estimulados pela depreciação do real, cresceram 5,3% no período.

Tabela 5.6 – Transações correntesUS$ bilhões

Discriminação 2015 2016

Mai Jan- Ano Mai Jan- Ano1/

mai mai

Transações correntes -3,4 -35,3 -58,9 1,2 -6,0 -15,0

Balança comercial 2,5 -3,1 17,7 6,3 18,7 50,0

Exportações 16,7 74,3 190,1 17,5 73,2 190,0

Importações 14,2 77,3 172,4 11,2 54,5 140,0

Serviços -3,4 -17,0 -36,9 -2,5 -11,2 -28,3

Transportes -0,5 -2,9 -5,7 -0,2 -1,2 -3,0

Viagens internacionais -1,0 -5,8 -11,5 -0,7 -2,4 -6,0

Computação, inform.

e telecomunicações -0,2 -0,8 -1,8 -0,1 -0,6 -1,7

Aluguel equipamentos -2,0 -9,2 -21,5 -1,7 -8,3 -20,0

Demais 0,3 1,7 3,6 0,1 1,3 2,4

Renda primária -2,7 -16,1 -42,4 -2,8 -14,7 -39,7

Juros -0,8 -9,3 -21,9 -1,1 -8,3 -21,0

Lucros e dividendos -1,9 -7,0 -20,8 -1,7 -6,5 -19,0

Salários e ordenados 0,0 0,2 0,3 0,0 0,1 0,3

Renda secundária 0,2 0,8 2,7 0,3 1,2 3,0

1/ Projeção.

Tabela 5.7 – Conta financeiraUS$ bilhões

Discriminação 2015 2016

Mai Jan- Ano Mai Jan- Ano1/

mai mai

Conta financeira -2,7 -34,8 -54,7 1,7 -2,3 -14,7

Investimentos diretos -5,8 -15,8 -61,6 -2,8 -23,9 -60,0

No exterior 0,9 9,8 13,5 3,3 6,0 10,0

No país 6,6 25,5 75,1 6,1 29,9 70,0

Participação 6,0 17,6 56,4 5,4 20,1 50,0

Op. intercompanhias 0,6 7,9 18,7 0,7 9,8 20,0

Investimentos em carteira -3,2 -28,3 -22,0 6,6 11,2 12,8

Ativos -0,1 -0,9 -3,5 -0,2 -0,6 -

Passivos 3,1 27,4 18,5 -6,8 -11,8 -12,8

Derivativos 1,4 2,3 3,4 -0,2 -0,5 -

Outros investimentos 1,2 0,1 23,9 -5,6 7,8 17,2

Ativos -3,0 10,7 44,0 -3,8 12,5 29,8

Passivos -4,2 10,6 20,1 1,8 4,7 12,6

Ativos de reserva 3,7 6,9 1,6 3,8 3,1 15,3

1/ Projeção.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 59

5.4 Conta financeira

As captações líquidas superaram as concessões líquidas em US$2,3 bilhões nos cinco primeiros meses de 2016 (US$34,8 bilhões em igual intervalo de 2015), destacando-se o aumento nos ingressos líquidos de investimento direto no país.

As concessões líquidas de capital sob a forma de investimentos diretos no exterior atingiram US$6,0 bilhões (aplicações líquidas de US$9,8 bilhões nos cinco primeiros meses de 2015), distribuídos em participação no capital, incluídos os lucros reinvestidos (US$6,3 bilhões) e retorno líquido de empréstimos intercompanhias (US$294 milhões).

Os ingressos líquidos de investimento direto no país somaram US$29,9 bilhões nos cinco primeiros meses de 2016 (US$25,5 bilhões em igual intervalo de 2015), dos quais US$20,1 bilhões relativos a aumento de participação em capital de empresas, incluídos lucros reinvestidos, e US$9,8 bilhões, a empréstimos intercompanhias. Considerados intervalos de doze meses, o ingresso de investimento direto no país totalizou US$79,4 bilhões em maio (4,57% do PIB).

Os investimentos ativos em carteira no exterior registraram retorno líquido de US$553 milhões (US$881 milhões nos cinco primeiros meses de 2015), destacando-se o aumento nas vendas em ações.

Os investimentos passivos em carteira apresentaram redução líquida de US$11,8 bilhões nos cinco primeiros meses de 2016 (aumento líquido de US$27,4 bilhões em igual período de 2015), destacando-se as saídas líquidas em títulos de rendafixanegociadosnopaís(US$12,5bilhões)eemtítulosde longo prazo negociados no mercado externo (US$3,7 bilhões). A taxa de rolagem dos títulos de longo prazo negociados no exterior situou-se em 38% (52% nos cinco primeiros meses de 2015). Os ingressos líquidos de bônus da República somaram US$492 milhões, com destaque para a emissão do Global 26, US$1,5 bilhão, e para a continuidade de operações de recompra no mercado secundário. O Tesouro Nacional, no âmbito da política de melhoria do perfildoendividamentoexternodosetorpúblico,resgatouantecipadamente US$274 milhões de bônus no período, dos quais US$262 milhões referentes a valor de face dos títulos de US$12 milhões, a ágio.

Os outros investimentos ativos aumentaram US$12,5 bilhões, destacando-se as concessões líquidas de US$12,2 bilhões em créditos comerciais e adiantamentos (US$6,2

Tabela 5.8 – Capitais estrangeirosFluxos líquidos – Itens selecionados

US$ bilhões

Discriminação 2015 2016

Mai Jan- Ano Mai Jan- Ano1/

mai mai

Capitais de LP -1,9 -2,6 -2,8 -1,4 -16,2 -18,7

Títulos soberanos 0,0 -1,8 -3,4 0,0 0,5 0,4

Demais títulos 0,0 -2,5 -4,7 -0,8 -3,7 -4,7

Emprést. diretos -1,9 1,7 5,3 -0,5 -12,9 -14,4

Emprést. de CP2/ 0,5 -1,1 -7,1 -0,1 9,2 6,0

Títulos de CP 0,1 0,4 0,3 0,0 0,1 0,0

Títulos no país, ações

totais e fundos de inv. 3,1 31,3 26,3 -5,9 -8,6 -8,5

Taxas de rolagem3/

Total: 68% 98% 101% 55% 46% 60%

Títulos 96% 52% 69% 16% 38% 60%

Emprést. diretos 64% 106% 113% 74% 48% 60%

1/ Projeção.2/ Inclui empréstimos diretos e linhas tomadas por bancos.3/ Equivale à razão entre desembolsos e amortizações de longo prazo.

Tabela 5.9 – Demonstrativo de reservasUS$ bilhões

Discriminação 2014 2015 2016

Ano Jan-mai Ano Jan-

mai Ano1/

Posição das reservas no

período anterior 358,8 363,6 363,6 356,5 356,5

Intervenções do Bacen 6,5 5,5 -1,8 1,1 12,3

A termo - - - - -

Spot - - - - -

Linhas com recompra 6,5 5,5 -1,8 1,1 12,3

Empréstimos em m.e. - - - - -

Ingressos2/ 0,4 0,1 0,2 0,1 0,1

Amortizações - - - - -

Despesas de Juros - - - - -

Receitas de Juros 3,0 1,0 2,6 1,2 3,0

Variações por preço 1,7 1,2 -0,8 1,8 1,8

Variações por paridades -7,8 -5,0 -7,9 2,0 2,0

Demais3/ 1,0 0,3 0,5 0,7 0,7

Variação total 4,7 3,1 -7,1 7,0 19,9

Posição das reservas – Caixa 363,6 366,6 356,5 363,4 376,4

Saldo de linhas com recompra 10,5 5,1 12,3 11,2 -

Saldo de empréstimo em m.e. - - - - -

Posição das reservas – Liquidez4/ 374,1 371,7 368,7 374,6 376,4

1/ Projeção.2/ Inclui ingressos de organismos.3/ Compreende pagamentos/recebimentos do Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR), ágio/deságio, pagamento de comissões, reclassificações,

alocações de DES e variação de derivativos financeiros (forwards).

4/ Inclui estoque de linhas com recompra e de empréstimos em moeda estrangeira.

60 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

bilhões no mesmo período de 2015) e o aumento de US$5,9 bilhões em depósitos de propriedade de empresas não financeiras.HouvereduçãodeUS$6,8bilhõesnosdepósitosmantidos por bancos brasileiros no exterior (US$972 milhões no mesmo intervalo no ano anterior).

Os outros investimentos passivos – créditos comerciais, depósitos, empréstimos diretos com bancos e demais empréstimos contratados junto a organismos internacionais e agências bilaterais – somaram ingressos líquidos de US$4,7 bilhões nos cinco primeiros meses de 2016 (US$10,6 bilhões em igual período de 2015). Os desembolsos líquidos de créditos comerciais de curto prazo junto a fornecedores atingiram US$7,5 bilhões e as amortizações líquidas de empréstimos de longo prazo, US$12,8 bilhões. Destaque para as amortizações líquidas relativas a empréstimos diretos (US$12,9 bilhões), com taxa de rolagem de 48%. Os empréstimos de curto prazo apresentaram ingressos líquidos de US$9,2 bilhões (saídas líquidas de US$1,1 bilhão de janeiro a maio de 2015). Esse comportamento sugere opção dos tomadores por prazos mais curtos, ante eventual redução de custos de captação no futuro.

As reservas internacionais totalizaram, em maio, US$363,4 bilhões no conceito caixa e US$374,6 bilhões no conceito liquidez (variações respectivas de US$7,0 bilhões e US$5,9 bilhões, em relação a dezembro de 2015). Nos cinco primeiros meses de 2016, a colocação líquida de operações de linhas com recompra exerceu impacto negativo de US$1,1 bilhão na sua posição. A receita de juros que remuneram os ativos de reservas somou US$1,2 bilhão e os impactos de variações de preço e de paridades atingiram, na ordem, US$1,8 bilhão e US$2,0 bilhões.

Considerando o impacto de eventos antecipáveis, as reservas internacionais totalizariamUS$376,4 bilhões aofinal de2016. Estão previstas, para o ano, receitas de remuneração de reservas de US$3,0 bilhões.

5.5 Indicadores de Sustentabilidade Externa

Considerada a posição estimada para maio de 2016, o serviço da dívida externa recuou 2,9% em relação à posição apurada de dezembro de 2015. As exportações de bens diminuíram 0,6% e a razão entre esses indicadores atingiu 64,1% (65,6% em dezembro de 2015). A dívida bruta

Tabela 5.10 – Indicadores de sustentabilidade externa1/

US$ bilhões

Discriminação 2013 2014 2015 2016

Dez Dez Dez Mar Mai2/

Exportações de bens 241,6 224,1 190,1 187,9 189,0

Exportações de bens

e serviços 279,6 264,1 223,9 221,1 222,1

Serviço da dívida 85,1 66,7 124,6 125,8 121,1

Dívida externa bruta 312,6 352,8 334,7 334,6 331,4

Dívida externa líquida -90,4 -45,7 -57,8 -62,5 -65,1

Reservas internacionais (liquidez) 375,8 374,1 368,7 375,2 374,6

Reservas internacionais (caixa) 358,8 363,6 356,5 357,7 363,4

PIB 2 461 2 416 1 769 1 749 1 740

Indicadores

Dívida bruta/PIB (%) 12,7 14,6 18,9 19,1 19,0

Dívida líquida/PIB (%) -3,7 -1,9 -3,3 -3,6 -3,7

Dívida bruta/exportações 1,3 1,6 1,8 1,8 1,8

Dívida bruta/exportação

de bens e serviços 1,1 1,3 1,5 1,5 1,5

Dívida líquida/exportação -0,4 -0,2 -0,3 -0,3 -0,3

Dívida líquida/exportação

de bens e serviços -0,3 -0,2 -0,3 -0,3 -0,3

Serviço dívida/exportação (%) 35,2 29,8 65,6 66,9 64,1

Serviço dívida/exportação

de bens e serviços (%) 30,4 25,3 55,7 56,9 54,5

Reservas (liquidez) / dívida externa

bruta (%) 120,2 106,0 110,2 112,1 113,0

Reservas (caixa) /dívida externa

bruta (%) 114,8 103,0 106,5 106,9 109,7

1/ Exclui estoque de principal, amortizações e juros relativos a intercompanhias.

2/ Dados estimados.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 61

diminuiu 1,0% e o PIB em dólares recuou 1,6%, resultando em elevação de 0,1 p.p., para 19,0%, na relação dívida bruta/PIB. A relação dívida líquida/PIB diminuiu para -3,7% no período.

As relações dívida bruta/exportações e dívida líquida/exportações de bens e serviços mantiveram-se estáveis em 1,8 e -0,3, respectivamente. A relação entre as reservas internacionais (conceito liquidez) e a dívida bruta subiu de 110,2% para 113,0%, no período.

5.6 Conclusão

As trajetórias favoráveis da balança comercial e das despesas líquidas de serviços e de rendas implicaram redução expressiva do deficit nas transações correntes – de 4,42% do PIB em maio de 2015, para 1,70% do PIB em maio de 2016, considerados intervalos de doze meses. Esse desempenho, refletindoosefeitosdefasadosdadesvalorizaçãocambialea retração ora observada na atividade econômica doméstica, tende a continuar nos próximos trimestres.

Os ingressos líquidos de investimentos diretos no país, mesmo em cenário de redução no resultado da conta financeira, persistiram em patamar confortável para o financiamentododeficit em transações correntes. Ressalte-se adicionalmente que, em maio, o estoque de reservas internacionais, no conceito de liquidez, representou 30 meses de importações de bens e 3,4 vezes o valor das amortizações da dívida externa vincendas nos próximos doze meses.

62 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

Este boxe apresenta a revisão das projeções para o balanço de pagamentos de 2016, considerando os dados ocorridos desde o Relatório de Inflação de março, alterações nos cenários econômicos doméstico e internacional e as estatísticas mais recentes relativas ao estoque e ao serviço do endividamento externo do país.

A projeção para o deficit em transações correntes em 2016 foi reduzida de US$25 bilhões (1,48% do Produto Interno Bruto (PIB)), no relatório anterior, para US$15 bilhões(0,87%doPIB).Arevisãoreflete,principalmente,a elevação de US$10 bilhões, para US$50 bilhões, na estimativa do superavit comercial, decorrente de manutenção da projeção para as exportações e recuo de US$10 bilhões, para US$140 bilhões, na estimativa para as importações, alteração consistente com o cenário de contração da demanda doméstica e depreciação da taxa de câmbio.

A projeção para o deficit da conta de serviços em 2016 foi reduzida de US$28,6 bilhões, no Relatório de Inflaçãoanterior,paraUS$28,3bilhões.Asestimativaspara as despesas líquidas com aluguel de equipamentos recuaram US$1 bilhão, para US$20 bilhões, e a estimativa do deficit de viagens manteve-se em US$6 bilhões. As despesas líquidas projetadas para a conta de transportes retraíram de US$3,5 bilhões para US$3 bilhões, acompanhando o recuo previsto para a corrente de comércio.

As despesas líquidas com rendas primárias estão projetadas em US$39,7 bilhões (US$39,3 bilhões anteriormente). As estimativas para as despesas líquidas com juros passaram de US$21,7 bilhões para US$21,0 bilhões e as relativas a lucros e dividendos aumentaramUS$1bilhão,paraUS$19bilhões,refletindoa expectativa de redução das receitas obtidas no exterior. As estimativas de receitas líquidas referentes a rendas secundárias, compostas principalmente por transferências pessoais, aumentaram US$100 milhões, para US$3,0 bilhões.

Projeção para o Balanço de Pagamentos de 2016

Tabela 1 – Projeções do balanço de pagamentosUS$ bilhões

Discriminação 2015 2016

Mai Jan- Ano Mai Jan- Ano1/

mai mai

Transações correntes -3,4 -35,3 -58,9 1,2 -6,0 -15,0

Balança comercial 2,5 -3,1 17,7 6,3 18,7 50,0

Exportações 16,7 74,3 190,1 17,5 73,2 190,0

Importações 14,2 77,3 172,4 11,2 54,5 140,0

Serviços -3,4 -17,0 -36,9 -2,5 -11,2 -28,3

Viagens -1,0 -5,8 -11,5 -0,7 -2,4 -6,0

Demais -2,4 -11,2 -25,4 -1,8 -8,8 -22,3

Renda primária -2,7 -16,1 -42,4 -2,8 -14,7 -39,7

Juros -0,8 -9,3 -21,9 -1,1 -8,3 -21,0

Lucros e dividendos -1,9 -7,0 -20,8 -1,7 -6,5 -19,0

Salários 0,0 0,2 0,3 0,0 0,1 0,3

Renda secundária 0,2 0,8 2,7 0,3 1,2 3,0

Conta capital 0,0 0,1 0,4 0,0 0,1 0,3

Conta financeira -2,7 -34,8 -54,7 1,7 -2,3 -14,7

Investim. ativos2/ -2,2 19,6 54,0 -0,7 17,9 39,8

Inv. direto no ext. 0,9 9,8 13,5 3,3 6,0 10,0

Ativos de bancos -5,6 -2,1 -1,1 -8,5 -6,3 0,8

Demais ativos 2,5 11,9 41,5 4,5 18,3 29,0

Investim. passivos 5,5 63,5 113,7 1,2 22,8 69,8

IDP 6,6 25,5 75,1 6,1 29,9 70,0

Ações totais3/ 2,1 10,0 10,0 -0,7 3,8 4,0

Títulos no país 1,1 21,2 16,3 -5,3 -12,5 -12,5

Emprést. e tít. LP -1,4 -2,1 -3,6 -1,5 -16,0 -21,1

Títulos públicos -0,0 -1,8 -3,4 -0,0 0,5 0,4

Títulos privados -0,0 -2,5 -4,7 -0,8 -3,7 -4,7

Empréstimos dir. -1,9 1,7 5,3 -0,5 -12,9 -14,4

Demais4/ 0,5 0,5 -0,8 -0,1 0,1 -2,4

Emprést. e tít. CP 0,6 -0,8 -6,8 -0,1 9,3 6,0

Demais passivos5/ -3,4 9,5 22,7 2,7 8,3 23,4

Derivativos 1,4 2,3 3,4 -0,2 -0,5 -

Ativos de reserva 3,7 6,9 1,6 3,8 3,1 15,3

Erros e omissões 0,7 0,4 3,7 0,5 3,6 -

Memo:

Transações corr./PIB (%) -4,8 -3,3 -0,8 -0,9

IDP / PIB (%) 3,4 4,2 4,2 4,1

1/ Projeção.2/ Inclui investimentos diretos, investimentos em carteira e outros investimentos.3/ Inclui ações negociadas em bolsas brasileiras e no exterior. 4/ Inclui créditos de organismos, agências e compradores.5/ Inclui crédito comercial passivo e outros passivos.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 63

Noâmbitodacontafinanceira,estima-sequeascaptaçõeslíquidas superem as concessões líquidas em US$14,7 bilhões, ante US$24,7 bilhões no Relatório anterior. A alteração repercute, dentre outras contas, a expansão de US$10 bilhões na projeção de ingressos líquidos de investimentos diretos no país (IDP), que deverão atingir US$70 bilhões, total superior ao necessário para ofinanciamentododeficit projetado para as transações correntes. A projeção para investimentos diretos no exterior (IDE) aumentou US$3 bilhões, para US$10 bilhões,repercutindoaevoluçãorecentedessesfluxos.

Em relação a investimentos em carteira passivos, foram mantidas as projeções para ingressos líquidos de US$4 bilhões em ações e fundos de investimentos. A nova projeção de saídas líquidas de US$12,5 bilhões para papéisderendafixanegociadosnomercadodoméstico(ingressos nulos, anteriormente) coincide com o resultado ocorrido nos primeiros cinco meses do ano. A projeção para a taxa de rolagem dos empréstimos diretos etítulosderendafixanegociadosnoexteriorrecuoude100% para 60%. A taxa de rolagem atingiu 46% nos cincomeses iniciais do ano, fortemente influenciadapor operações renovadas no curto prazo. A partir de junho, a menor quantidade de vencimentos e as melhores condições de mercado devem contribuir para evolução positiva desse indicador.

Ohiatofinanceirodobalançodepagamentoséprevistosuperavitário em US$13,1 bilhões para 2016 (superavit de US$20,1 bilhões no Relatório anterior), permitindo aos bancos liquidar seus compromissos de linha com recompra junto ao Banco Central (US$12,3 bilhões) e elevar o saldo de ativos mantidos no exterior (US$800 milhões).AposiçãodosbancosdeveráfinalizaroanovendidaemUS$27,5bilhões(US$28,3bilhõesaofimde 2015).

64 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

Tabela 2 – Balanço de pagamentos – Hiato financeiro1/

US$ bilhões

Discriminação 2015* 2016*

Mai Jan-mai Ano Mai Jan-mai Ano2/

Transações correntes -3,4 -35,3 -58,9 1,2 -6,0 -15,0

Juros de títulos de renda fixa negociados no país – despesas -0,1 -3,4 -6,9 -0,1 -2,7 -5,8

Juros de remuneração de reservas – receitas 0,2 1,0 2,6 0,3 1,2 3,0

Lucros reinvestidos – receitas 0,3 1,9 4,5 0,1 0,2 3,0

Lucros reinvestidos – despesas -0,7 -2,2 -7,1 -0,8 -4,2 -5,0

Transações correntes – hiato financeiro -3,2 -32,7 -51,9 1,8 -0,5 -10,2

Conta financeira -1,0 -36,0 -49,1 7,0 4,8 -23,3

Ativos 3,1 19,7 50,2 7,7 24,0 36,0

Investimento direto no exterior, exceto lucros reinvestidos 0,5 7,9 9,0 3,2 5,8 7,0

Investimento em carteira, exceto bancos 0,1 0,2 -0,4 -0,2 -1,1 -

Outros investimentos, exceto bancos 2,4 11,6 41,6 4,7 19,3 29,0

Passivos 4,8 57,9 99,7 0,3 15,9 59,0

Investimento direto no país, exceto lucros reinvestidos 5,9 23,3 67,9 5,3 25,7 65,0

Investimento em carteira, exceto reinvestimento de juros no país 3,0 24,0 11,6 -6,9 -14,5 -18,6

Outros investimentos -4,2 10,6 20,1 1,8 4,7 12,6

Demais 0,7 2,1 0,3 -0,5 -3,4 -0,3

Hiato financeiro3/ -2,2 3,4 -2,8 -5,1 -5,2 13,1

Intervenções líquidas do Banco Central4/ 3,5 5,5 -1,8 3,3 1,1 12,3

Bancos – variação de ativos no exterior5/ -5,6 -2,1 -1,1 -8,5 -6,3 0,8

1/ Exclui transações liquidadas via reservas internacionais, à exceção de intervenções no mercado de câmbio, e transações domésticas em reais. 2/ Projeção. 3/ + = superavit no mercado cambial; - = deficit no mercado cambial.4/ + = aumento de reservas internacionais; - = redução de reservas internacionais.5/ + = aumento de ativos de bancos; - = redução de ativos de bancos.* Dados preliminares.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 65

6Perspectivas para a inflação

Este capítulo do Relatório de Inflação apresenta a avaliação feita pelo Copom sobre o comportamento da economia brasileira e do cenário internacional desde a divulgação do Relatório de março de 2016. O capítulo tambémapresentaanálisedasperspectivasparaainflaçãoaté o segundo trimestre de 2018 e para o crescimento do PIB até o quarto trimestre de 2016. As projeções para a inflaçãosãoapresentadasemdoiscenáriosprincipais.Oprimeiro, denominado cenário de referência, supõe que a taxa Selic será mantida inalterada durante o horizonte de previsão, em 14,25% a.a., valor decidido pelo Copom em sua última reunião, em 7 e 8 de junho, e que a taxa de câmbio permanecerá em R$3,45/US$. O segundo cenário, denominado cenário de mercado, utiliza as trajetórias para a taxa Selic e para a taxa de câmbio que constam da pesquisa realizada pelo Gerin do Banco Central com analistas independentes. É importante ressaltar que esses cenários servem apenas para balizar as decisões de política monetária, e que suas hipóteses não constituem e nem devem ser vistas como previsões do Copom sobre o comportamento futuro das taxas de juros e de câmbio. Deve-se observar ainda que as previsões aqui divulgadas utilizam o conjunto de informações disponíveis até a data de corte em 17 de junho de 2016.

As projeções de inflação e de crescimento do PIB divulgadas neste Relatório não são pontuais, ou seja, explicitam intervalos de probabilidade que ressaltam o grau de incerteza presente na supracitada data de corte. As previsõesdeinflaçãodependemnãoapenasdashipótesessobre taxas de juros e de câmbio, mas também de um conjunto de pressupostos sobre o comportamento de variáveis exógenas. O conjunto de hipóteses considerado mais provável pelo Copom é utilizado para construir os cenários a que o Comitê atribui maior peso na tomada de decisão sobre a taxa de juros. Ao expô-las, o Copom procura dar maior transparência às decisões de política monetária,contribuindoparasuaeficácianocontroledainflação,queéseuobjetivoprecípuo.

66 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

6.1 Determinantes da Inflação

A inflaçãomedidapela variaçãodo IPCAatingiu0,61%emabril e 0,78%emmaio.Dessa forma, a inflação emdoze meses alcançou 9,32% em maio, 0,85 p.p. acima da registrada até maio de 2015. De um lado, os preços livres acumulam variação de 8,82% em doze meses, ante 6,82% até maio de 2015; de outro, os preços administrados variaram 10,90%, comparativamente a 14,09% até maio de 2015. No conjunto dos preços livres, a variação dos itens não comercializáveis atingiu 8,19% em doze meses, ante 7,79% até maio de 2015, e a dos comercializáveis, 9,55%, e 5,71% até maio de 2015. Note-se ainda que no segmento dealimentosebebidasa inflação registrou12,72%,3,92pontospercentuaisamaisqueaverificadaatémaiode2015(8,80%), e no de serviços – cerca de um terço da cesta que compõe o IPCA – alcançou 7,51% (8,23% até maio de 2015), segmento que já mostra alguma desaceleração.

Amédia das variaçõesmensais dasmedidas de inflaçãosubjacente calculadas pelo Banco Central deslocou-se de 0,61% em abril para 0,73% em maio, com o acumulado em doze meses situando-se em 8,08% (0,85 p.p. acima do registrado emmaiode 2015).Especificamente, o núcleopor médias aparadas sem suavização passou de 0,54% para 0,62%; o núcleo por exclusão, que descarta dez itens de alimentação no domicílio, bem como combustíveis, passou de 0,65% para 0,98%; o núcleo por dupla ponderação passou de 0,78% para 0,81%; o núcleo por médias aparadas com suavização deslocou-se de 0,67% para 0,73%; e o núcleo por exclusão de monitorados e de alimentação no domicílio passou de 0,43% para 0,50%. O índice de difusão do IPCA alcançou 63,0% em maio, 7,24 p.p. abaixo do registrado em maio de 2015, e 66,4% na média dos últimos três meses, ficando5,2p.p.abaixodamédiaobservadaentremarçoemaio de 2015.

O IGP-DI, que se caracteriza pela maior volatilidade quando comparado ao IPCA, avançou 0,36% em abril e 1,13% em maio. Assim, a variação em doze meses atingiu 11,26%, comparados aos 4,83% até maio de 2015. O principal componente do IGP-DI, o IPA, atingiu 12,92% em doze meses até maio, 24,56% no segmento agropecuário e 8,46% no industrial. Por sua vez, a variação do IPC, segundo componente mais importante do IGP-DI, alcançou 9,15% em doze meses, ante 8,63% até maio de 2015. O INCC, componente com menor peso no IGP-DI, aumentou 6,36% em doze meses (5,74% até maio de 2015), com variação de 7,81% no custo de mão de obra e de 4,75% no custo de materiais, equipamentos e serviços.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 67

O indicador coincidente de atividade econômica, IBC-Br, que fornece estimativa para a produção mensal dos três setores da economia, apresentou estabilidade (0,03%) em abril, em relação ao mês anterior, de acordo com a série dessazonalizada. A taxa de crescimento do IBC-Br nos últimos doze meses foi de -4,99%. Por seu turno, o índice de produção consolidado para o Brasil, com dados agregados do PMI, registrou recorde de baixa em maio (38,3) indicando acentuada redução na atividade do setor privado (39,0 em abril).

O ICI, o ICS e o ICC, da Fundação Getulio Vargas, avançaram 1,7, 1,2 e 3,5 pontos, respectivamente, entre abril e maio.

A atividade fabril manteve-se estável em abril, expandindo 0,1% ante o mês anterior, de acordo com a série livre de influências sazonais, divulgada pelo IBGE, e acumula variação negativa de 9,6% em doze meses. Na série sem ajuste sazonal, a produção industrial diminuiu 7,2% em abril, em relação ao mesmo mês de 2015, com resultados negativos em três das quatro categorias de uso e em 21 dos 26 ramos pesquisados. Entre as categorias de uso, comparando-se a produção de abril com a de março, de acordo com a série com ajuste sazonal, observou-se redução na de bens de consumo duráveis (-4,4%) e na de bens de consumo semi e não duráveis (-0,6%), enquanto os segmentos de bens de capital e de bens intermediários registraram resultados positivos de, respectivamente, 1,2% e 0,5%. Comparando-se a produção de abril com a do mesmo mês de 2015, houve redução em três das quatro categorias: bens de consumo duráveis (-23,7%), bens de capital (-16,5%), bens intermediários (-7,5%) e bens de consumo semi e não duráveis (1,9%). De acordo com dados divulgados pela CNI, o faturamento real da indústria de transformação caiu 0,6% de março para abril de 2016, de acordocomasérielivredeinfluênciassazonais,eencontra-seem nível 9,9% menor do que o registrado em abril de 2015.

O Nuci da indústria de transformação, calculado e dessazonalizado pela FGV, alcançou 73,8% em maio. Em termos de distribuição setorial, o Nuci se apresenta mais elevado no segmento de bens de consumo não duráveis (77,2%,deacordocomasérielivredeinfluênciassazonais),e menos no de bens de capital (66,0%). O indicador de nível de estoques para a indústria de transformação, calculado e dessazonalizado pela FGV, sugere recuo desde a divulgação do Relatório anterior. Em maio, 15,4% dos estabelecimentos pesquisados apontavam estoques excessivos, ante 17,7% em fevereiro, e 5,4%, insuficientes (5,7%em fevereiro),deacordocomasérielivredeinfluênciassazonais.Aindade acordo com a consulta da FGV, dados padronizados e

68 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

dessazonalizados indicam que os estoques permanecem elevados, em particular, no setor de bens intermediários.

O volume de vendas do comércio varejista recuou 6,7% em abril, em relação ao mesmo mês do ano anterior, enquanto no comércio ampliado as vendas diminuíram 9,1% (variações mensais de 0,5% e -1,4%, respectivamente, com séries dessazonalizadas). Dessa forma, a taxa de variação das vendas em doze meses foi de -6,1% para o comércio varejista e de -9,7% para o ampliado. Em abril, houve redução no volume de vendas em seis dos dez segmentos pesquisados, considerando os índices sazonalmente ajustados.

O PIB a preços de mercado recuou 0,3% no primeiro trimestre de 2016, comparado com o trimestre imediatamente anterior, após queda de 1,3% no quarto trimestre de 2015, de acordo com dados dessazonalizados pelo IBGE. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, houve retração de 5,4% no primeiro trimestre de 2016, ante retração de 5,9% no quarto trimestre de 2015. Em quatro trimestres, o PIB contraiu 4,7% (redução de 4,0% no valor adicionado e de 8,9% nos impostos diretos). Em termos de componentes, a produção agropecuária recuou 1,0% em quatro trimestres; a do setor de serviços 3,2%; e a industrial diminuiu 6,9%.

Sob a ótica da demanda agregada, o consumo das famílias – o maior componente – recuou 1,7% ante o trimestre anterior, de acordo com dados dessazonalizados, e 6,3% em relação ao mesmo trimestre de 2015. O consumo do governo registrou aumento de 1,1% na margem e recuou 1,4% na comparação interanual. Já a FBCF recuou 2,7% em relação ao trimestre anterior e 17,5% em relação ao primeiro trimestre de 2015. No que se refere ao setor externo, as exportações de bens e serviços aumentaram 6,5%, enquanto as importações recuaram 5,6% em relação ao último trimestre de 2015, de acordo com a série dessazonalizada. Na comparação interanual, as exportações aumentaram 13,0%, enquanto as importações caíram21,7%, ambas influenciadas peladesvalorização cambial registrada no período, bem como pelo nível da atividade doméstica.

De acordo com a PNADC do IBGE, a taxa de desocupação no trimestre móvel encerrado em abril de 2016 foi estimada em 11,2%, com aumento de 3,2 p.p. em relação ao mesmo período do ano anterior. No que se refere ao emprego formal celetista, segundo dados divulgados pelo MTPS, houve redução de 62,8 mil postos de trabalho formais em abril de 2016 e fechamento de 1,83 milhão de vagas no acumulado dos últimos doze meses.Emsuma,dadosdisponíveisconfirmamintensificaçãodo processo de distensão no mercado de trabalho.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 69

Sobre o mercado de crédito, o saldo total de crédito às pessoas físicas alcançou R$1.519,9 bilhões em abril, com crescimento nominal de 5,0% em relação a abril de 2015. Em particular, o crédito habitacional a pessoas físicas, financiado com recursos direcionados, cresceu 10,7% eatingiu R$509,6 bilhões, o que corresponde a 8,5% do PIB. Os indicadores de inadimplência, em geral, têm mostrado estabilidade na margem e se posicionam em patamares compatíveis com a fase do ciclo.

O saldo de crédito às pessoas jurídicas totalizou R$1.623,0 bilhões em abril, sendo 0,5% superior ao observado em abril de 2015, e a taxa de juros média alcançou 22%, aumentando 3,5 p.p. em doze meses. Em particular, o saldo deempréstimosefinanciamentosconcedidospeloBNDESàs pessoas físicas e jurídicas somou R$649,6 bilhões, com redução de 0,1% em relação a abril de 2015.

Em relação ao mercado de capitais, o volume de emissões primárias de ações registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de acordo com os dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), atingiu R$ 0,6 bilhão em doze meses até maio de 2016, comparativamente a R$16,5 bilhões até maio de 2015. Por sua vez, os lançamentos de debêntures, excluídas emissões por empresas de arrendamento mercantil (leasing), alcançaram R$29,9 bilhões em doze meses até maio de 2016, ante R$ 62,8 bilhões no mesmo período doanoanterior.Nototal,ofinanciamentodasempresasno mercado de capitais, mediante emissões de ações, debêntures, notas promissórias e recebíveis de direito creditório, atingiu R$43,3 bilhões nos doze meses até maio de 2016, comparados a R$116,1 bilhões no mesmo período em 2015.

No que diz respeito ao comércio exterior, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o superavit na balança comercial acumulado em doze meses atingiu US$41,7 bilhões em maio, ante deficit de US$1,5 bilhão em maio de 2015. Concorreram para esse resultado US$190,0 bilhões em exportações e US$148,3 bilhões em importações, com recuos de 9,4% e 29,8%, respectivamente, em relação ao período de doze meses encerrado em maio de 2015. Em doze meses até abril de 2016, o quantum exportado avançou 12,8% e o preço médio das exportações diminuiu 21,4%, enquanto o quantum importado recuou 20,9% e o preço médio das importações diminuiu 12,0%.

70 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

O deficit acumulado em doze meses nas transações correntes atingiu US$34,1 bilhões em abril de 2016, equivalente a 2,0% do PIB. As remessas de lucros e dividendos somaram US$14,6 bilhões em termos líquidos, comparativamente a US$22,6 bilhõesemabrilde2015,easdespesassobarubrica“alugueldemáquinaseequipamentos”–emgrandepartedestinadasà exploração de petróleo e de minerais –, US$21,1 bilhões, ante US$23,3 bilhões em abril de 2015. Cabe notar ainda que as importações de petróleo e derivados alcançaram US$13,9 bilhões em doze meses até maio de 2016, comparados a US$29,1 bilhões até maio de 2015, ao passo que as receitas com exportações desses produtos, acumuladas em doze meses, reduziram-se para US$14,2 bilhões até maio de 2016, ante US$23,5 bilhões até maio de 2015.

Os investimentos diretos no país têm sido a principal fonte definanciamentodobalançodepagamentosetotalizaramUS$79,9 bilhões em doze meses até abril, equivalente a 4,6% do PIB.

A atividade global deve continuar crescendo moderadamente ao longo do horizonte relevante para a política monetária, conforme indicadores antecedentes. Na Europa, as altas taxasdedesemprego,aconsolidaçãofiscal,easincertezaspolíticas, em especial a relacionada a possível saída do Reino Unido da União Europeia, continuam contribuindo para contenção dos investimentos e do crescimento econômico. Nos Estados Unidos, a tendência é de recuperação da economia, entretanto antecipa-se algum arrefecimento na dinâmica de crescimento. Nas economias emergentes, o ritmo de atividade tem sido constantemente revisado para baixo, em cenário cercado de incertezas quanto aos desdobramentos da perda de dinamismo na China e suas implicaçõesparaaeconomiamundial.Astaxasdeinflaçãopermanecem baixas nas economias maduras e relativamente elevadas nas emergentes.

O preço do barril de petróleo do tipo Brent avançou desde a divulgação do Relatório anterior, atingindo patamares em torno de US$50. A complexidade geopolítica que envolve o setor do petróleo tende a acentuar o comportamento volátil dospreços,queéreflexo,também,dabaixaprevisibilidadede alguns componentes da demanda e da oferta global. Em relação às demais commodities, observou-se aumento de 4,96% nos preços das metálicas e de 7,49% nos preços das agrícolas. Nesse contexto, na data de corte de 17 de junho, o índice de preços baseado em vinte e duas commodities, divulgado pelo Commodity Research Bureau (CRB), avançou 4,80% em relação ao registrado na data de corte do Relatório anterior (18 de março).

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 71

A mediana das expectativas dos analistas de mercado para a taxa de crescimento do PIB em 2016 deslocou-se de -3,60% para -3,44%, entre 18 de março de 2016, data de corte do Relatório anterior, e 17 de junho de 2016, data de corte deste Relatório. Para 2017, a taxa de crescimento se deslocou de 0,44% para 1,00%. Nesse mesmo período, a mediana dasexpectativasparaainflação,medidapelavariaçãodoIPCA, deslocou-se de 7,43% para 7,25%, para 2016; e de6,00%para5,50%,para2017. Jáa inflaçãoprojetadapara os próximos doze meses registrou queda de 0,68 p.p., deslocando-sede6,65%para5,97%,comoilustraoGráfico6.1. Desde a divulgação do Relatório de março de 2016, houve queda da dispersão em torno das medidas de tendência centraldasexpectativasdeinflaçãopara2016,comomostraoGráfico6.2.Odesviopadrãodessasprojeçõespassoude0,46% para 0,30%.

6.2 Riscos associados e implementação da política monetária

O Copom trabalha com um conjunto de hipóteses sobre o comportamento das principais variáveis macroeconômicas. Esse conjunto de pressupostos, bem como os riscos a eles associados, compõem o cenário central com base no qual o Comitê toma decisões.

Aevidênciainternacional,noqueératificadapelaexperiênciabrasileira, indica que taxas de inflação elevadas geramdistorções que levam a aumento dos riscos e deprimem os investimentos. Essas distorções se manifestam, por exemplo, no encurtamento dos horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos, bem como na deterioração daconfiançadeempresários.OComitêenfatiza,também,que taxas de inflação elevadas subtraem o poder de compra de salários e de transferências, com repercussões negativassobreaconfiançaeoconsumodasfamílias.Porconseguinte,taxasdeinflaçãoelevadasreduzemopotencialde crescimento da economia, bem como o de geração de empregos e de renda.

À vista disso, o Copom avalia que a política monetária deve contribuir para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Nesse sentido, reitera que, no regime de metas para a inflação, orienta suasdecisõesdeacordo com os valores projetadosparaainflaçãopeloBancoCentralecombasena análise de cenários alternativos para a evolução das

Gráfico 6.1 – Evolução das expectativas de mercadoe das metas referentes à inflação doze meses à frente

3,50

4,50

5,50

6,50

7,50

Jun2015

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan2016

Fev Mar Abr Mai Jun

%

Meta Gerin

Gráfico 6.2 – Dispersão das expectativas de inflação para 2016Frequência relativa

0

10

20

30

40

5,8 6,2 6,6 7 7,4 7,8 8,2 8,6 9 9,4

%

17/jun/16 18/mar/16

72 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

principais variáveis que determinam a dinâmica dos preços. OComitêentende,também,quemanterainflaçãobaixaeestável reduz incertezas na economia e permite a retomada daconfiança.Cabe,especificamente,àpolíticamonetáriamanter-se vigilante, para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos. Outras ações de política macroeconômica são relevantesepodeminfluenciarexpectativassobreatrajetóriadospreçosecontribuirnocombateainflação.

Relativamente à economia internacional, desde o Relatório anterior, a atividade global mostrou tendência de maior moderação ao longo do horizonte relevante para a política monetária. A esse respeito, as evidências apontam taxas de crescimento mais modestas e abaixo do crescimento potencial nas economias maduras. Destacam-se também a continuada preocupação com a economia chinesa e os desdobramentos para outras economias, somada a incertezas quanto às perspectivas para a economia dos Estados Unidos e às implicações de movimentos políticos em economias maduras, com aumento da aversão ao risco e impacto adverso sobreativosfinanceiros.Nosmercados internacionais,asperspectivas indicam moderação na dinâmica dos preços de commodities, apesar da valorização no período recente. Sobre a economia doméstica, o cenário central contempla baixo ritmo de expansão da atividade combinado com inflação ainda elevada, em decorrência do processo deajustes de preços relativos ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano além dos choques temporários de oferta no segmento de alimentação.

No âmbito internacional, as perspectivas recentes indicam modesta recuperação da atividade nas economias maduras. Nos Estados Unidos, em linha com o arrefecimento na dinâmica de crescimento, números desfavoráveis recentes do mercado de trabalho apontam para uma lenta e gradual recuperação da economia, sugerindo maiores chances de acomodação adicional no processo de normalização das condições monetárias. No Japão, o banco central prossegue com o programa de estímulo monetário com vistas a aumentar a taxa de expansão de sua economiaeevitaroriscodeumaespiraldeflacionária.Alémde adotar juros nominais negativos, o Banco do Japão se comprometeu recentemente, condicionado à volatilidade nos mercados internacionais de moedas, a expandir o seu programa de estímulos. Na Área do Euro, o Banco Central Europeu (BCE), além de expandir o seu balanço com a compra de títulos soberanos, também acrescentou ativos de empresas privadas ao seu programa de compras, tentando assim estimular a atividade econômicaereduzirosriscosdedeflação.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 73

Os índices agregados de preços de commodities, medidos em dólares, mostram recuperação na margem, após tendência de queda iniciada no segundo semestre de 2014.

O Copom avalia que os desenvolvimentos nas economias maduras se transmitem para a demanda agregada nas economias emergentes em intensidade proporcional, entre outrosfatores,àcorrentedecomércioeaosfluxosdecapitais.Nesse sentido, eventos recentes – de um lado, a melhora gradual no ritmo de atividade de importantes parceiros comerciais; de outro, focos de volatilidade nos mercados financeirosinternacionais–sãoforçasquesecontrapõem.O Comitê também destaca a relevância da transmissão via canal de expectativas, que afeta investimentos, no caso dos empresários; e consumo, no caso das famílias. O Comitê ainda observa que importantes economias emergentes experimentam período de transição. Nesse contexto, de redução no ritmo de atividade, destaca-se a continuada preocupação com a economia chinesa e seus desdobramentos para outras economias.

Em resumo, o Comitê avalia que, no horizonte relevante, o cenário é de crescimento global moderado, com a depreciação ocorrida do real em relação a moedas de importantes parceiros comerciais nos últimos anos contribuindo no sentido de tornar a demanda externa mais favorável ao crescimento da economia brasileira. O Copom consideraqueoambienteexternopermanecedesafiador. No âmbito interno, o Copom reitera que os indicadores disponíveis mostram que as taxas de crescimento da absorção interna e do PIB continuam em terreno negativo em função de incertezas diversas. O investimento tem-se retraído em função dessas incertezas e o consumo privado também se contrai, em linha com os dados de crédito, emprego e renda. Entretanto, para o Comitê, à medidaqueaconfiançadefirmasefamíliassefortaleça,o ritmo de atividade tende a se recuperar. Além disso, o Comitê avalia que, no médio prazo, mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta agregada. O consumo tende a crescer em ritmo moderado e os investimentos tendem a ganhar impulso. No que se refere ao componente externo da demanda agregada, a depreciação observada do real milita no sentido de torná-lo mais favorável ao crescimento da economia brasileira. Pelo lado da oferta, o Comitê avalia que, em prazos mais longos, emergem perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria e da agropecuária. O setor de serviços, por sua vez, tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes.

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Na visão do Copom, as mudanças citadas no parágrafo anterior, somadas a outras ora em curso, antecipam uma composição do crescimento da demanda agregada no médio prazo mais favorável ao crescimento potencial. Nesse contexto, o Comitê entende que, em prazos mais longos, emergem bases para ampliação da taxa de investimento da economia, paraumaalocaçãomaiseficientedosfatoresdeproduçãoe,consequentemente, para que as taxas de crescimento do PIB potencial e efetivo retomem patamares mais elevados. O Comitê ressalta, contudo, que a velocidade de materialização dessas mudanças e dos ganhos delas decorrentes depende, fundamentalmente, da implementaçãodemedidasfiscaisestruturais que consolidem a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público, além da redução de incertezas que cercam o ambiente doméstico e internacional. Ressalte-se a importância de se estabilizar e, posteriormente, reduzir o endividamento público em relação ao PIB, medida crucial para reforçar a percepção positiva sobre o ambiente econômico, paramelhoraraconfiançadosagenteseparacontribuirparaaancoragemdasexpectativasdeinflação.

No mercado de fatores, como antecipado, a margem de ociosidade no mercado de trabalho encontra-se elevada, com dados confirmando a intensificação da distensão esperada nesse mercado. No entanto, o Comitê pondera que ainda prevalece risco relacionado à possibilidade de concessão de reajustes de salários nominais incompatíveis com o crescimento da produtividade e com a meta de inflação.Nesteponto,cumpreregistrarqueateoria–noque é respaldada pela experiência internacional – indica que crescimento de salários reais compatíveis com crescimento da produtividade constitui elemento-chave para a obtenção de um ambiente macroeconômico com estabilidade de preços e, consequentemente, ganhos de renda mais permanentes.

Existem também riscos decorrentes da presença, na economia brasileira, de mecanismos que favorecem a persistência da inflação, derivados da possibilidade de negociaçõesatribuírempesoexcessivoàinflaçãopassada,emdetrimentodainflaçãofutura.

Sobre o fator capital, a taxa de investimento da economia em doze meses, calculada a partir das Contas Nacionais do IBGE, apresentou, no primeiro trimestre de 2016, redução pelo oitavo trimestre consecutivo. Especificamente nosegmento empresarial, vários fatores poderiam estar associados ao desempenho insatisfatório da formação brutadecapitalfixo,entreosquais,aincertezaelevada,não somente no campo econômico, a queda das vendas

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e o estreitamento das margens de lucro. Ainda sobre o fator capital, note-se que a utilização da capacidade instalada, divulgada pela CNI, apresentou nova redução no trimestre terminado em abril, mantendo-se, em termos dessazonalizados, em níveis significativamenteinferiores aos observados durante a fase aguda da crise de 2008/2009. Esse movimento ocorreu em conjunto com a redução da heterogeneidade da utilização setorial, na comparação com os níveis observados no Relatório de Inflaçãoanterior,indicandomaiornúmerodesetorescomelevada ociosidade.

Em termos do conjunto de indicadores de ociosidade da economia, o Copom nota que medidas convencionais de hiatodoprodutoencontram-seemterritóriodesinflacionário,em linha com taxas negativas de expansão da atividade – menores do que as estimativas de crescimento potencial da economia. Considerando as perspectivas de crescimento (conforme consta na seção 6.3), o Comitê avalia que nos próximos trimestres essas medidas de hiato tendem a permaneceremterritóriodesinflacionário.

No que se refere à políticafiscal, oComitê entendequeesforços para mudar a perspectiva do balanço do setor público são fundamentais para criar uma percepção positiva sobre o ambiente macroeconômico no médio e nolongoprazo.Umapolíticafiscalconsistenterepercutiráfavoravelmente sobre o custo de capital de modo geral, o que, por sua vez, estimulará o investimento privado no médio e no longo prazo.

Considerando que o ajuste fiscal também possui suas próprias defasagens entre a discussão e a adoção das medidas e seus resultados, quanto mais tempestiva for a implementação do processo em curso, mais rápida será a retomada de uma trajetória favorável para a dívida pública e para a confiança de famílias e empresas, ajudando narecuperação da economia e no combate àinflação.

A literatura e as melhores práticas internacionais indicam que umapolíticafiscalconsistenteesustentávelcontribuiparareduzirasexpectativasdeinflaçãodeformaqueoprocessodedesinflaçãosejamaisrápidoemenoscustoso.

De fato, as expectativasde inflação têm sido impactadas negativamente esse ano pelo nível elevado da inflaçãocorrente, pelo aumento recente observado nos preços de alimentos, pelos efeitos residuais do processo de ajuste de preços relativos observado em 2015, mas também pelas incertezasfiscaiscriadasnopassado.

76 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

O Copom destaca que o cenário central contempla moderação do crédito, o que já havia sido observado e tende a persistir. A esse respeito, importa destacar que, após anos em forte expansão, o mercado de crédito voltado ao consumo passou por moderação, de modo que, nos últimos trimestres, observaram-se, de um lado, redução de exposição por parte de bancos e, de outro, desalavancagem das famílias. No agregado, portanto, infere-se que os riscos no segmento de crédito ao consumo vêm sendo mitigados. Em outra dimensão, a exemplo de ações implementadas, o Comitê considera oportuno continuar reforçando as iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito.

O Copom ressalta que, desde o Relatório anterior, os preços de ativos domésticos evoluíram de acordo com mudanças na percepção de risco da economia brasileira. Mesmo em cenário de aumento na aversão ao risco global, repercutindo incertezas associadas ao ritmo de atividade global e a desenvolvimentos políticos de economias maduras afetando os mercados de moedas,osprêmiosderiscodomésticosflutuaramdeacordocom desenvolvimentos locais. No horizonte relevante para a política monetária, o Comitê ressalta que as incertezas referentes ao processo de recuperação dos resultados fiscais e aodesenvolvimentode eventosnão econômicosinfluenciaram,econtinuarãoa influenciar,mesmoqueemmenorgrau,ospreçosdosativosfinanceiros.Dessaforma,importa destacar, mais uma vez, que eventuais aumentos de volatilidade e de aversão ao risco nos mercados internacionais tendem a ser transmitidos aos ativos domésticos, de maneira discreta e incremental,masquepode ser amplificadaoureduzida em função da percepção da solidez macroeconômica efinanceiradoméstica. O Copom destaca que, nas economias de mercado, no longo prazo os preços tendem a apresentar taxas de crescimento relativamente próximas. Nesse sentido, em linha com as projeções constantes na próxima seção, o Comitê reitera os efeitos do processo de realinhamento entre preços administrados e preços livres ocorrido, principalmente, em 2015. Em outra perspectiva, o Comitê nota que, a despeito da recente valorização, o real se depreciou nos últimos três anos em relação às moedas de importantes parceiros comerciais do Brasil e, dessa forma, também reitera os efeitos da ocorrência do processo de realinhamento entre preços domésticos e preçosinternacionais.Prospectivamente,oComitêreafirmaque uma das funções da política monetária é fazer com queos efeitos desses realinhamentos sobre a inflação secircunscrevam ao curto prazo e não se transmitam para horizontes mais longos.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 77

Nesse contexto, como de resto indicam as projeções apresentadas na próxima seção, o Comitê considera, conforme antecipado, que o ainda elevado patamar da inflaçãoemdozemeseséreflexodosprocessosdeajustesdepreços relativos ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano, além dos choques temporários de oferta no segmento de alimentação. Ao tempo em que reconhece que esses processos têm impactos diretossobreainflação,oComitêreafirmasuavisãodequea política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes.

Nas reuniões de abril e junho, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés.

Em abril e em junho, votaram pela manutenção da taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés, os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.

O Copom reitera que a demanda agregada continuará a se apresentar moderada no horizonte relevante para a política monetária. De um lado, o consumo das famílias tende a ser influenciadoporfatorescomoemprego,rendaecrédito;deoutro, a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre outros, tendem a favorecer os investimentos. Por sua vez, as exportações líquidas apresentam melhor resultado,sejapeloaumentodasexportações,beneficiadaspela depreciação do real, seja pelo processo de substituição de importações em curso.

Para o Comitê, a aprovação e a implementação de ajustes naeconomiabrasileira,inclusivedeordemfiscal,alémdeoutros fatores como a dinâmica dos preços administrados, o processo de distensão no mercado de trabalho e a perspectiva de umhiato do produto desinflacionário sãofatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergênciadainflaçãoparaametade4,5%estabelecidapelo CMN, em 2017.

O Comitê ressalta, portanto, que há avanços no combate àinflação,masquesuacontinuidadedependedeajustes–principalmentefiscais–naeconomiabrasileira.Alémdisso,outros fatores interferem no combate à inflação, como ainércia derivada do processo de realinhamento de preços relativos, a confluência de fenômenos climáticos sobre

78 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

a produçãomundial de alimentos,mais especificamentede grãos, e seus efeitos sobre os preços domésticos e, as incertezas em relação ao comportamento da economia mundial. Nesse contexto, o Comitê buscará circunscrever a inflação aos limites estabelecidos peloCMNem2016e adotará as medidas necessárias de forma a assegurar a convergência da inflaçãoparaametade4,5%,em2017.Dessa forma, o cenário central não permite trabalhar com a hipótesedeflexibilizaçãodascondiçõesmonetárias.

6.3 Pressupostos e previsão de inflação

De acordo com os procedimentos tradicionalmente adotados, levando em conta o conjunto de informações disponíveis até 17 de junho de 2016 (data de corte), o cenário de referência pressupõe manutenção da taxa de câmbio constante no horizonte de previsão em R$3,45/US$, e a meta para a taxaSelic em14,25%a.a. – valor fixado na reunião doCopom de junho de 2016 – ante R$3,70/US$ e 14,25% a.a. consideradosnoRelatóriodeInflaçãodemarçode2016.

O cenário de mercado, por sua vez, incorpora dados da pesquisa realizada pelo Gerin com um conjunto significativo de instituições até a data de corte.Nessecenário, as expectativas para a evolução da taxa de câmbio média recuaram para 2016, 2017 e 2018, em comparação aos valores divulgados no Relatório anterior. Para o último trimestre de 2016, a taxa média passou de R$4,15/US$ para R$3,58/US$.Paraofinalde2017, a taxamédiapassoudeR$4,30/US$paraR$3,80/US$.Paraofinalde2018,os participantes do mercado projetam taxa de câmbio de R$3,90/US$, ante R$4,30/US$, valor considerado no último Relatório.

No que se refere à evolução da taxa Selic média, as expectativas para o quarto trimestre de 2016 reduziram-se de14,25%a.a.para13,44%a.a.e,paraofinalde2017,deslocaram-sede12,50%a.a.para11,25%a.a.Paraofinalde 2018, as expectativas deslocaram-se de 11,50% a.a. para 10,50% a.a. Essa trajetória para a taxa Selic média é consistente com spreads para o swap pré-DI de 360 dias de -43 p.b. e -293 p.b, em relação à atual meta para a taxa Selic (14,25% a.a.), no quarto trimestre de 2016 e de 2017, respectivamente.

A projeção para a variação do conjunto dos preços administrados por contrato e monitorados, em ambos os

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 79

cenários, é de 6,7% para 2016, ante 6,1% considerados no Relatório anterior. Entre outros fatores, essa projeção considera, para o acumulado de 2016, reajuste médio de 12,1% nas tarifas de ônibus urbano e redução de 4,7% nos preços da energia elétrica. Para 2017, considera-se variação de 5,3%, ante 5,0% considerados no Relatório anterior. Cabe destacar que, no caso de itens para os quais se dispõe de mais informações, as projeções são individualizadas; nos demais, as projeções se baseiam em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram, entre outras variáveis, componentes sazonais, inflação de preços livres e inflaçãomedida pelo ÍndiceGeral de Preços (IGP).

Considera-se como indicadorfiscal o resultadoprimárioestrutural que deriva das trajetórias de deficit primário de 2,6% do PIB para 2016 e de 0,9% do PIB para 2017, de acordo com o projeto de alteração da LDO 2016 aprovado pelo Congresso Nacional e com o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) 2017. Dessa forma, em determinado período,oimpulsofiscalequivaleàvariaçãodoresultadoestrutural em relação ao observado no período anterior.

Com base nos pressupostos acima e utilizando o conjunto de informações disponíveis até a data de corte, foram construídas projeções para a variação acumulada do IPCA em quatro trimestres, compatíveis com as trajetórias de juros e de câmbio que caracterizam os cenários de referência e de mercado.

A previsão central associada ao cenário de referência indicainflaçãode6,9%em2016,0,3p.p.acimadovalorconsiderado no Relatório de março de 2016 e acima da meta de 4,5%fixada peloCMN. Em 2016, de acordocomoGráfico6.3eaTabela6.1,aprojeçãodeinflaçãoacumulada em doze meses para o segundo trimestre é de 8,8%. No terceiro trimestre de 2016, a projeção recua para 8,2% e encerra o ano em 6,9%. Em 2017, a projeção para o primeiro trimestre é de 5,9%, desloca-se para 5,2% e 5,0% no segundo e terceiro trimestres, respectivamente, e encerra o ano em 4,7%. Em 2018, a projeção para o primeiro trimestre é de 4,4%, deslocando-se para 4,2% no segundo trimestre.

Ainda no cenário de referência, a probabilidade estimada deainflaçãoultrapassarolimitesuperiordointervalodetolerância da meta em 2016 situa-se em torno de 69% e, em 2017, de 18%.

Nocenáriodemercado,aprojeçãoindicainflaçãode7,0%em 2016, 0,1 p.p. acima do valor projetado no cenário de

Gráfico 6.3 – Projeção da inflação medida pelo IPCA, com juros constantes de 14,25% a.a. (Cenário de referência) Leque de inflação

Obs.: inflação acumulada em 12 meses (% a.a.).

0

2

4

6

8

10

12

II2015

III IV I2016

II III IV I2017

II III IV I2018

II

%

(Cenário de referência)Intervalo de probabilidade

Período Projeção

central

2016 2 8,7 8,8 8,8 8,9 8,9 9,0 8,8

2016 3 7,8 7,9 8,1 8,2 8,4 8,6 8,2

2016 4 6,3 6,6 6,8 7,0 7,3 7,5 6,9

2017 1 5,1 5,5 5,8 6,0 6,3 6,7 5,9

2017 2 4,2 4,6 5,0 5,3 5,7 6,1 5,2

2017 3 4,1 4,5 4,8 5,2 5,5 5,9 5,0

2017 4 3,8 4,2 4,5 4,9 5,2 5,6 4,7

2018 1 3,4 3,8 4,2 4,5 4,9 5,3 4,4

2018 2 3,2 3,6 4,0 4,3 4,7 5,1 4,2

Obs.: inflação acumulada em 12 meses (% a.a.).

Tabela 6.1 – Inflação do IPCA, com juros constantes de 14,25% a.a.

50%

30%

10%

80 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

referência e da projeção constante do Relatório anterior. Conforme o Gráfico 6.4 e a Tabela 6.2, as projeções indicaminflaçãoacumuladaemdozemesesde8,8%parao segundo trimestre de 2016. Para o terceiro trimestre de 2016, a projeção recua para 8,2%, encerrando o ano em 7,0%.Em2017,aprojeçãode inflaçãorecuapara6,1%no primeiro trimestre, desloca-se para 5,6% no segundo e terceiro trimestres encerrando o ano em 5,5%. Em 2018, a projeção de inflação encontra-se em 5,5% nos dois primeiros trimestres.

No cenário de mercado, a probabilidade estimada de a inflação ultrapassar o limite superior do intervalo detolerância da meta em 2016 situa-se em torno de 72% e, em 2017, de 35%.

A comparação das trajetórias apresentadas neste Relatório com as divulgadas no Relatório anterior – as últimas constantes da Tabela 6.3 –, no cenário de referência, mostra elevaçãodaprojeçãodeinflaçãodosegundotrimestrede2016 ao primeiro trimestre de 2017. Isso se deve, em parte, à inflaçãoocorrida noperíodomaior doque a projetadano Relatório anterior, além da mudança nas projeções de preços administrados. Para o segundo trimestre de 2017, a projeção encontra-se estável, passando a recuar no terceiro e no quarto trimestre de 2017. Para o primeiro trimestre de 2018, a projeção encontra-se ligeiramente abaixo daquela apresentada no Relatório anterior. No cenário de mercado, a comparação das trajetórias mostra uma ligeira elevação na projeção do segundo trimestre de 2016 ao primeiro trimestre de 2017, devida aos mesmos fatores acima, contrabalançados, em parte, pela maior apreciação cambial considerada neste cenário para 2016, na comparação com o Relatório anterior. No segundo e no terceiro trimestre de 2017, a projeção de inflação no cenário demercadoencontra-se ligeiramente abaixo da considerada no Relatório de Inflação anterior, encerrando o ano pouco acima dovalor considerado em março. Para o primeiro trimestre de 2018, a projeção encontra-se acima daquela apresentada no Relatório anterior.

OGráfico6.5mostraaevoluçãodainflaçãoacumuladaemdoze meses, de acordo com os cenários de referência e de mercado, até o segundo trimestre de 2018, e a trajetória de metasaté2017.Osvaloresreferem-seàinflaçãoocorridaatémaio de 2016 e, a partir de então, as trajetórias consideram projeções associadas aos respectivos cenários para a construção dos valores acumulados. Nos dois cenários, as projeçõesindicamqueainflaçãoacumuladaemdozemeses,já no segundo trimestre de 2016, entra em declínio até o

Gráfico 6.4 – Projeção da inflação medida pelo IPCA, com expectativas de mercado para taxas de câmbio e de juros Leque de inflação

Obs.: inflação acumulada em 12 meses (% a.a.).

0

2

4

6

8

10

12

II2015

III IV I2016

II III IV I2017

II III IV I2018

II

%

Tabela 6.2 – Projeção da inflação medida peloIPCA, com expectativas de mercado para as taxas de câmbio e de juros 1/

Intervalo de probabilidade

50%

Período 30% Projeção

10% central

2016 2 8,7 8,8 8,8 8,9 8,9 8,9 8,8

2016 3 7,8 8,0 8,1 8,2 8,4 8,5 8,2

2016 4 6,4 6,7 6,9 7,1 7,3 7,6 7,0

2017 1 5,4 5,7 6,0 6,2 6,5 6,9 6,1

2017 2 4,7 5,1 5,4 5,7 6,1 6,5 5,6

2017 3 4,7 5,1 5,5 5,8 6,2 6,6 5,6

2017 4 4,5 4,9 5,3 5,6 6,0 6,4 5,5

2018 1 4,5 4,9 5,3 5,6 6,0 6,4 5,5

2018 2 4,6 5,0 5,3 5,7 6,0 6,4 5,5

Obs.: inflação acumulada em 12 meses (% a.a.).1/ De acordo com o Gerin.

Período Cenário dereferência

Cenário demercado

2016 I 9,5 9,5

2016 II 8,7 8,7

2016 III 8,0 8,1

2016 IV 6,6 6,9

2017 I 5,6 6,0

2017 II 5,2 5,7

2017 III 5,2 5,7

2017 IV 4,9 5,4

2018 I 4,5 5,0

Tabela 6.3 – Projeções do Relatório de Inflação de março de 2016

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 81

último trimestre de 2016, permanece relativamente estável no primeiro trimestre de 2017, apresentando ligeira tendência dequeda,nocenáriodereferência,atéofinaldohorizontede projeção; e estabilidade, no cenário de mercado, ao longo do mesmo período.

A média das estimativas geradas pelos modelos de Vetores Autorregressivos(VAR)paraainflaçãoacumuladaemdozemesesconstadoGráfico6.6.Atémaiode2016,osvaloressereferemàinflaçãoocorridae,apartirdeentão,aprevisões.Segundoessesmodelos,aprojeçãode inflaçãoapresentatendência declinante ao longo de 2016, convergindo para valorpróximoàmédiaincondicionalaofinaldohorizontede projeção.

OGráfico6.7mostraolequedecrescimentodoprodutoconstruído com base nas hipóteses do cenário de referência. Tendo em vista que o exercício de projeção do PIB utiliza duas variáveis não diretamente observáveis – produto potencial e hiato do produto –, os erros de previsão associados a essas projeções são consideravelmente maioresdoqueoserroscontidosnasprojeçõesdeinflação. De acordo com esse cenário, o crescimento projetado do PIB acumulado em quatro trimestres é de -3,3% para 2016, 0,2 p.p. maior do que a estimativa considerada no Relatório deInflaçãoanterior.

Gráfico 6.6 – Previsão de inflação: modelos VAR

Obs.: Inflação acumulada em 12 meses (% a.a.).Média das projeções dos modelos.

4

5

6

7

8

9

10

11

Jun2015

Set Dez Mar2016

Jun Set Dez Mar2017

Jun Set Dez Mar2018

Jun

%

Gráfico 6.5 – Trajetória das metas e projeções referentes à inflação acumulada em doze meses

3456789

1011

Jun2015

Set Dez Mar2016

Jun Set Dez Mar2017

Jun Set Dez Mar2018

Jun

%

Meta Cenário de mercadoCenário de referência

Gráfico 6.7 – Variação do PIB com juros fixos em 14,25% a.a. (Cenário de referência)Leque do produto

-8

-6

-4

-2

0

2

I2015

II III IV I2016

II III IV

%

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 83

Anexo

Notas da 198ª Reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil

Data: 26 e 27/4/2016Local: Sala de reuniões do 8º andar (26/4) e do 20º andar (27/4) do Edifício-Sede do Banco Central do Brasil – Brasília – DFHorário de início: 16h15 (26/4) e 16h11 (27/4)Horário de término: 19h21 (26/4) e 19h33 (27/4) Presentes:Membros do CopomAlexandre Antonio Tombini – PresidenteAldo Luiz MendesAltamir LopesAnthero de Moraes MeirellesLuiz Edson FeltrimOtávio Ribeiro DamasoSidnei Corrêa MarquesTony Volpon Chefes de Departamento (presentes em 26/4)Bruno Walter Coelho Saraiva – Departamento de Assuntos InternacionaisEduardo José Araújo Lima – Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente em 27/4)Flávio Túlio Vilela – Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de PagamentosJoãoHenriquedePaulaFreitasSimão–DepartamentodeOperaçõesdoMercadoAbertoRenato Jansson Rosek – Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos EspeciaisTulio José Lenti Maciel – Departamento Econômico Demais participantes (presentes em 26/4)Alan da Silva Andrade Mendes – Chefe Adjunto do Departamento das Reservas InternacionaisGustavo Paul Kurrle – Assessor de ImprensaMaurício Costa de Moura – Chefe de Gabinete da Presidência Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economiainternacional,nocontextodoregimedepolíticamonetária,cujoobjetivoéatingirasmetasfixadaspelogovernoparaainflação.

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Evolução recente da economia 1. A inflaçãomedidapelavariaçãodo ÍndiceNacionaldePreçosaoConsumidorAmplo (IPCA)atingiu

0,43%emmarço,0,47pontopercentual(p.p.)abaixodaregistradanomêsanterior.Dessaforma,ainflaçãoacumulada em doze meses registrou 9,39% em março (8,13% em março de 2015), com os preços livres aumentando 8,95% (6,59% em março de 2015), e os administrados, 10,80% (13,37% em março de 2015). Especificamente sobre preços livres, os de itens comercializáveis aumentaram9,80%emdozemesesaté março (5,68% em março de 2015), e os de não comercializáveis, 8,22% (7,40% em março de 2015). Note-se, ainda, que os preços no segmento de alimentação e bebidas variaram 13,25% em doze meses até março (8,19% em março de 2015), e os dos serviços, 7,48% (8,03% em março de 2015). Em síntese, as informaçõesdisponíveisrefletem,emparte,adinâmicademaiorpersistênciadospreçosnosegmentodeserviços – mas que já mostram alguma desaceleração –, os processos de realinhamento de preços relativos e choques temporários de oferta no segmento de alimentação e bebidas.

2. Amédiadasvariaçõesmensaisdasmedidasdeinflaçãosubjacente,calculadaspeloBancoCentral,deslocou-

se de 0,81% em fevereiro para 0,44% em março, e, assim, a variação acumulada em doze meses atingiu 8,03% (1,07 p.p. acima da registrada em março de 2015). O núcleo por dupla ponderação deslocou-se de 0,78% em fevereiro para 0,48% em março; o núcleo por médias aparadas sem suavização, de 0,69% para 0,48%; o núcleo por médias aparadas com suavização, de 0,73% para 0,61%; o núcleo por exclusão, que descarta dez itens de alimentação no domicílio, bem como combustíveis, de 0,86% para 0,23%; e o núcleo por exclusão de monitorados e de alimentação no domicílio, de 1,00% para 0,42%. O índice de difusão situou-se em 69,4% em março (4,0 p.p. abaixo do registrado em março de 2015).

3. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) aumentou 0,43% em março, com variação

acumulada em doze meses de 11,07% (3,46% em março de 2015). O principal componente do IGP-DI, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), variou 12,38% em doze meses até março (1,00% em março de 2015), 17,88% no segmento de produtos agropecuários e 10,21% no de produtos industriais. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), segundo componente mais importante do IGP-DI, aumentou 9,37% em igual período (8,59% em março de 2015), e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), componente de menor peso no IGP-DI, variou 7,20% (7,34% em março de 2015), com os custos de mão de obra crescendo 8,31% no período. Por sua vez, o Índice de Preços ao Produtor/Indústria de Transformação (IPP/IT),calculadopeloInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística(IBGE),recuou0,57%emfevereiro,com variação em doze meses de 9,70%. O Copom avalia que os efeitos do comportamento dos preços no atacadosobreainflaçãoaoconsumidordependerãodascondiçõesatuaiseprospectivasdademandaedasexpectativasdosformadoresdepreçosemrelaçãoàtrajetóriadainflação.

4. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) incorpora estimativas para a produção mensal

dos três setores da economia, bem como para impostos sobre produtos, e constitui importante indicador coincidente da atividade econômica. Em fevereiro de 2016, o IBC-Br recuou 4,54% em relação ao mesmo mês do ano anterior e, ajustado sazonalmente, contraiu 0,29% em relação a janeiro. O índice de produção consolidado para o Brasil, com dados agregados do Purchasing Managers’ Index (PMI), apesar de ter variado do recorde de baixa de 39,0 em fevereiro para 40,8 em março, sazonalmente ajustado, continua indicando acentuadareduçãonaatividadedosetorprivado.OsíndicesdeConfiançadaIndústria(ICI)edeServiços(ICS)avançaram0,4e0,1ponto,respectivamente,entrefevereiroemarço.JáoÍndicedeConfiançadoConsumidor (ICC) caiu 2,7 pontos entre março e abril. No que se refere à agricultura, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, projeta para 2016 um crescimento de 0,2% na safra anual de grãos, em comparação à safra de 2015.

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5. Aatividadefabrilrecuou2,5%emfevereiro,anteomêsanterior,deacordocomasérielivredeinfluênciassazonais divulgada pelo IBGE. Assim, o setor industrial acumula, nos últimos doze meses, variação de -9,0% em fevereiro de 2016. Na série sem ajuste sazonal, a produção industrial recuou 9,8% em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano anterior, com resultados negativos nas quatro categorias de uso e em 21 dos 26 ramos pesquisados. De acordo com dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o faturamento real da indústria de transformação aumentou 1,6% em fevereiro de 2016, em relação aomêsanterior,deacordocomasérielivredeinfluênciassazonais,masencontra-seemnível9,9%menordo que o registrado em fevereiro de 2015. O indicador PMI do setor industrial, por seu turno, subiu de 44,5 em fevereiro para 46,0 em março, apontando, ainda que de forma mais branda, para uma desaceleração, corroborada pela retração observada no mercado de bens de investimento.

6. Entre as categorias de uso, comparando-se a produção de fevereiro com a de janeiro, de acordo com a série

com ajuste sazonal, bens de consumo duráveis (-5,3%) mostrou a redução mais acentuada. Os segmentos de bens intermediários (-2,0%) e de bens de consumo semi e não duráveis (-0,6%) também registraram recuo. Por outro lado, o setor de bens de capital (0,3%) registrou o único resultado positivo no mês. Comparando-se a produção de fevereiro com a do mesmo mês de 2015, houve redução nas quatro categorias: bens de consumo duráveis (-29,3%), bens de capital (-25,8%), bens intermediários (-8,5%) e bens de consumo semi e não duráveis (-2,0%).

7. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), a taxa de desocupação

no trimestre móvel encerrado em fevereiro desse ano foi estimada em 10,2%, 2,8 p.p. acima da aferida no trimestre móvel encerrado em fevereiro do ano passado. De acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que abrange seis regiões metropolitanas, a taxa de desocupação situou-se em 8,2% em fevereiro, com aumento de 0,6 p.p. em relação ao mês anterior e aumento de 2,4 p.p. em relação a fevereiro de 2015. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) mostram redução de 118,8 mil postos de trabalho formais em março e fechamento de 1,85 milhão de vagas nos últimos doze meses. Emsuma,dadosdisponíveisconfirmamintensificaçãodoprocessodedistensãonomercadodetrabalho.

8. De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, o volume de vendas

do comércio varejista recuou 4,2% em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Por sua vez, o volume de vendas do comércio ampliado, que inclui o setor automobilístico e o setor de materiais de construção, diminuiu 5,6% em fevereiro, na mesma base de comparação. Já as variações mensais indicaram aumento de 1,2% e de 1,8%, respectivamente, de acordo com as séries dessazonalizadas, com elevação em seis dos dez segmentos pesquisados. Em doze meses, o comércio varejista registrou queda de 5,3%, e oampliado,reduçãode9,1%novolumedevendas.OÍndicedeConfiançadoComércio(ICOM),medidopela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 1,7 ponto em março e atingiu 67,1.

9. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) na indústria de transformação, calculado pela FGV,

sem ajuste sazonal, alcançou 72,6% em março e, na série dessazonalizada, 73,7%. Entre as categorias de uso da indústria, de acordo com as séries com ajuste sazonal, as que mostram Nuci mais elevado são as de bens de consumo não duráveis (77,9%) e de bens consumo (75,5%), seguidas pelas de bens intermediários (73,6%), bens de consumo duráveis (68,6), e de capital (65,0%). Por sua vez, a absorção de bens de capital recuou 27,3% no período de doze meses encerrado em fevereiro.

10. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a balança

comercial registrou superavit de US$33,6 bilhões em doze meses até março de 2016. Esse resultado adveio de exportações de US$188,9 bilhões e de importações de US$155,3 bilhões, com recuo de 13,4% e de 30,0%, respectivamente, em relação ao acumulado até março de 2015. Por sua vez, o deficit em transações

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correntes acumulado em doze meses atingiu US$41,4 bilhões em março de 2016, equivalente a 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Já os investimentos diretos no país totalizaram US$78,9 bilhões na mesma base de comparação, equivalentes a 4,6% do PIB.

11. Sobre a atividade global, indicadores antecedentes apontam tendência de moderação no horizonte relevante

para a política monetária, com taxas de crescimento relativamente mais homogêneas nas economias maduras, aindaquebaixaseabaixodocrescimentopotencial.EspecificamentesobreaEuropa,emquepesemaçõesdepolíticamonetáriarecentes,altastaxasdedesemprego,aliadasàconsolidaçãofiscaleaincertezaspolíticas,seguem como elementos de contenção de investimentos e do crescimento. Nos Estados Unidos, a tendência é de recuperação da economia, entretanto antecipa-se algum arrefecimento na dinâmica de crescimento. Nas economias emergentes, o ritmo de atividade tem sido constantemente revisado para baixo, em cenário cercado de incertezas quanto aos desdobramentos da perda de dinamismo na China e suas implicações para a economia mundial. Em relação à política monetária, de modo geral, nas economias maduras e emergentes prevalecem posturas acomodatícias, reforçadas por sinais de um processo mais gradual de normalização dascondiçõesmonetáriasnosEUA.Astaxasdeinflaçãopermanecembaixasnaseconomiasmaduraserelativamente elevadas nas emergentes.

12. O preço do barril de petróleo do tipo Brent avançou desde a reunião anterior do Copom, atingindo valores em

torno do patamar de US$45. Cabe ressaltar que a complexidade geopolítica que envolve o setor de petróleo tendeaacentuarocomportamentovolátildospreços,queéreflexo,também,dabaixaprevisibilidadedealguns componentes da demanda global, acentuada pelos efeitos da desaceleração da economia chinesa, e daoferta,influenciadapelareduçãodosinvestimentosnoprocessodeprodução.Desdeareuniãoanteriordo Copom, os preços internacionais das commodities agrícolas e das metálicas avançaram 9,5% e 14,5%, respectivamente. Por sua vez, o Índice de Preços de Alimentos, calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), recuou 12,0% em doze meses até março de 2016.

Avaliação prospectiva das tendências da inflação 13.Oschoquesidentificados,eseusimpactos,foramreavaliadosdeacordocomonovoconjuntodeinformações

disponível. 14. Para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados, projeta-se variação de 6,8% em 2016,

ante 5,9% considerados na reunião do Copom de março. Entre outros fatores, essa projeção considera reajuste médio de 19,0% nas tarifas de água e esgoto, de 12,8% nos preços dos medicamentos e redução de 3,2% nos preços da energia elétrica, consideradas as alterações anunciadas relativamente a bandeiras tarifárias. Para 2017, considera-se variação de 5,0%, mesmo valor da reunião de março. Os itens para os quais se dispõe de mais informações foram projetados individualmente e, para os demais, as projeções se baseiam em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram, entre outras variáveis, componentes sazonais,inflaçãodepreçoslivreseinflaçãomedidapeloÍndiceGeraldePreços(IGP).

15. A trajetória estimada para a taxa do swap pré-DI de 360 dias indica spread sobre a taxa Selic, no cenário de

referência, de 62 pontos base (p.b.) e de 6 p.b. para o quarto trimestre de 2016 e de 2017, respectivamente. 16.Considera-secomo indicadorfiscalo resultadoprimárioestruturalquederivadas trajetóriasdedeficit

primário de 1,6% do PIB para 2016 e de 0,9% do PIB para 2017, de acordo com o projeto de alteração da LDO 2016 e com o PLDO 2017, consideradas as deduções previstas nos respectivos projetos. Cabe destacar,ainda,que,emdeterminadoperíodo,oimpulsofiscalequivaleàvariaçãodoresultadoestruturalem relação ao observado no período anterior.

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17. Desde a última reunião do Copom, a mediana das projeções coletadas pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) para a variação do IPCA, para 2016, deslocou-se de 7,57% para 6,98% e, para 2017, reduziu-se de 6,00% para 5,80%.

18. O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em R$3,55/US$ e

da taxa Selic em 14,25% ao ano (a.a.) em todo o horizonte relevante. Nesse cenário, houve redução da projeçãoparaainflaçãoemrelaçãoaovalorconsideradonareuniãoanterior,tantopara2016quantopara2017. A projeção para 2016 se situa acima da meta de 4,5%, enquanto a projeção para 2017 encontra-seaoredordametade4,5%,ambasfixadaspeloConselhoMonetárioNacional(CMN).Nocenáriode mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pelo Gerin com analistas demercado,noperíodoimediatamenteanterioràreuniãodoCopom,aprojeçãodeinflaçãopara2016reduziu-se em relação ao valor considerado na reunião de março. A projeção para 2017, por sua vez, elevou-se em relação à projeção da reunião anterior. Tanto para 2016 quanto para 2017, as projeções encontram-se acima da meta de 4,5%.

Implementação da política monetária 19.OCopom ressalta que a evidência internacional, no que é ratificada pela experiência brasileira,

indicaquetaxasdeinflaçãoelevadasgeramdistorçõesquelevamaaumentodosriscosedeprimemos investimentos. Essas distorções se manifestam, por exemplo, no encurtamento dos horizontes de planejamentodasfamílias,empresasegovernos,bemcomonadeterioraçãodaconfiançadeempresários.OComitêenfatiza,também,quetaxasdeinflaçãoelevadassubtraemopoderdecompradesaláriose de transferências, com repercussões negativas sobre a confiança e o consumo das famílias. Porconseguinte,taxasdeinflaçãoelevadasreduzemopotencialdecrescimentodaeconomia,bemcomoo de geração de empregos e de renda.

20. À vista disso, o Copom avalia que a política monetária deve contribuir para a consolidação de um ambiente

macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Nesse sentido, reitera que, no regime de metas para a inflação,orientasuasdecisõesdeacordocomosvaloresprojetadosparaainflaçãopeloBancoCentralecombase na análise de cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dospreços.OComitêentende,também,queriscosbaixosparaainflaçãosubjacentenocurtoprazotendemareduzirincertezasemrelaçãoaocomportamentofuturodainflaçãoplena,facilitamaavaliaçãodecenáriospor parte da autoridade monetária, assim como auxiliam no processo de coordenação de expectativas dos agentes econômicos, em particular dos formadores de preços. Note-se, adicionalmente, que riscos baixos paraainflaçãosubjacentenocurtoprazotendemapotencializarosefeitosdasaçõesdepolíticamonetária,fazendocomqueelaspossamafetar,deformamaisduradoura,adinâmicadainflaçãoplenanofuturo.Emborareconheçaqueoutrasaçõesdepolíticamacroeconômicapodeminfluenciaratrajetóriadospreços,oCopomreafirmasuavisãodequecabeespecificamenteàpolíticamonetáriamanter-sevigilante,paragarantirquepressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.

21. O Copom considera que o ambiente externo permanece especialmente complexo. Entretanto, em que

pese a ocorrência de episódios de maior volatilidade afetando importantes economias emergentes, o Comitêidentifica,ainda,baixaprobabilidadedeocorrênciadeeventosextremosnosmercadosfinanceirosinternacionais. Para o Comitê, a atividade global mostra tendência de maior moderação ao longo do horizonte relevante para a política monetária. As perspectivas recentes indicam modesta recuperação da atividade nas economias maduras, enquanto importantes economias emergentes experimentam período de transição. Nesse contexto, de redução no ritmo de atividade, destaca-se a continuada preocupação com a economia chinesa e seus desdobramentos para outras economias.

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22.Ainda sobre osmercados financeiros internacionais, oCopomdestacamoderação na dinâmica dospreços de commodities, apesar de alguma valorização no período recente. Sobre o petróleo, o Comitê assinala que, independentemente do comportamento dos preços domésticos da gasolina, a evolução dos preços internacionais tende a se transmitir à economia doméstica por meio de cadeias produtivas, como a petroquímica. Adicionalmente, deve-se ressaltar o aumento das incertezas geradas pelos baixos preços do petróleo e suas implicações para empresas do setor e países produtores, bem como para os mercados financeirosemgeral,comriscosparaaestabilidadefinanceiraglobal.

23. O Copom reitera que, em conformidade com o processo de ajuste macroeconômico em curso, os indicadores

disponíveis mostram que as taxas de crescimento da absorção interna e do PIB continuam a se ajustar, indicando ritmo de expansão da atividade doméstica neste ano inferior ao previsto anteriormente. Esse processo está sendo especialmente intensificado pelas incertezas oriundas do efeito de eventos nãoeconômicos.Emparticular,oinvestimentotem-seretraído,influenciado,principalmente,pelaocorrênciadesses eventos, e o consumo privado também se contrai, em linha com os dados de crédito, emprego e renda. Entretanto, para o Comitê, depois de um período necessário de ajustes, que se tem mostrado mais intenso e maislongoqueoantecipado,àmedidaqueaconfiançadefirmasefamíliassefortaleça,oritmodeatividadetendeaseintensificar.Alémdisso,oComitêavaliaque,nomédioprazo,mudançasimportantesdevemocorrer na composição da demanda e da oferta agregada. O consumo tende a crescer em ritmo moderado e os investimentos tendem a ganhar impulso. Essas mudanças, somadas a outras ora em curso, antecipam uma composição do crescimento da demanda agregada no médio prazo mais favorável ao crescimento potencial. No que se refere ao componente externo da demanda agregada, a depreciação do real milita no sentido de torná-lo mais favorável ao crescimento da economia brasileira. Pelo lado da oferta, o Comitê avalia que, em prazos mais longos, emergem perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria e da agropecuária. O setor de serviços, por sua vez, tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes.

24.Para oComitê, é plausível afirmar que esses desenvolvimentos traduzir-se-ão numa alocaçãomais

eficientedosfatoresdeproduçãodaeconomiaeemganhosdeprodutividade.Entretanto,avelocidadede materialização dessas mudanças e dos ganhos delas decorrentes depende, fundamentalmente, de uma trajetória de superavit primários que fortaleça a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público, além da redução de incertezas que cercam o ambiente doméstico e internacional. Ressalte-se a importância deseperseverarnapromoçãodereformasestruturaisdeformaaasseguraraconsolidaçãofiscalemprazosmais longos.

25.OCopom reitera queo cenário central para a inflação leva emconta amaterializaçãodas trajetórias

anunciadasparaasvariáveisfiscais.Relativamenteaoresultadofiscalestruturaleadependerdocicloeconômico, o Comitê pondera que o balanço do setor público encontra-se em zona expansionista. O Comitê ressaltaqueindefiniçõesealteraçõessignificativasnatrajetóriadegeraçãoderesultadosprimários,bemcomonasuacomposição,impactamashipótesesdetrabalhocontempladasnasprojeçõesdeinflaçãoecontribuem para acentuar a percepção negativa sobre o ambiente macroeconômico, além de impactarem negativamenteasexpectativasdeinflação.Sobreocombateàinflação,oComitêdestacaquealiteraturaeasmelhorespráticasinternacionaisrecomendamumdesenhodepolíticafiscalconsistenteesustentável,de modo a permitir que as ações de política monetária sejam plenamente transmitidas aos preços.

26. O Copom destaca que o cenário central contempla moderação do crédito, o que já havia sido observado e

tende a persistir. A esse respeito, importa destacar que, após anos em forte expansão, o mercado de crédito voltado ao consumo passou por moderação, de modo que, nos últimos trimestres, observaram-se, de um lado, redução de exposição por parte de bancos e, de outro, desalavancagem das famílias. No agregado, portanto,

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infere-se que os riscos no segmento de crédito ao consumo vêm sendo mitigados. Em outra dimensão, a exemplo de ações implementadas, o Comitê considera oportuno continuar reforçando as iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito.

27. No mercado de fatores, como antecipado em Notas anteriores, o Copom observa que a margem de ociosidade

nomercadodetrabalhoencontra-seelevada,comdadosconfirmandoaintensificaçãodadistensãoesperadanessemercado.Noentanto,aindaprevaleceriscosignificativorelacionado,particularmente,àpossibilidadedeconcessãodeelevadosaumentosdesaláriosnominais,comrepercussõesnegativassobreainflação.Nãoobstante a ocorrência mais recente de variações reais de salários condizentes com as estimativas de ganhos de produtividade do trabalho, o Comitê avalia que a dinâmica salarial permanece originando pressões inflacionáriasdecustos.

28.OCopomconsideraqueo aindaelevadopatamarda inflaçãoemdozemeses é reflexodosprocessos

de ajustes de preços relativos ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas tributáriasobservadonosníveisfederaleestadual,noiníciodesteano,equefazemcomqueainflaçãomostreresistência.Aotempoemquereconhecequeessesprocessostêmimpactosdiretossobreainflação,oComitêreafirmasuavisãodequeapolíticamonetáriapode,deveeestácontendoosefeitosdesegundaordem deles decorrentes.

29.OComitêreconheceosavançosnapolíticadecombateàinflação,emespecialacontençãodosefeitosde

segundaordemdosajustesdepreçosrelativos.Noentanto,consideraqueonívelelevadodainflaçãoemdozemeseseasexpectativasdeinflaçãodistantesdosobjetivosdoregimedemetasnãooferecemespaçoparaflexibilizaçãodapolíticamonetária.

30. Dessa forma, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés. Votaram

por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.

31. O Copom reitera que a demanda agregada continuará a se apresentar moderada no horizonte relevante para a

políticamonetária.Deumlado,oconsumodasfamíliastendeaserinfluenciadoporfatorescomoemprego,renda e crédito; de outro, a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre outros, tendem a favorecer os investimentos. Por sua vez, as exportações líquidas apresentam melhor resultado, seja pelo aumento dasexportações,beneficiadaspeladepreciaçãodoreal,sejapeloprocessodesubstituiçãodeimportaçõesemcurso.ParaoComitê,osefeitosconjugadosdesseselementos,odesenvolvimentonosâmbitosfiscal,parafiscale no mercado de ativos e, neste ano, a dinâmica dos preços administrados, o processo de distensão no mercado detrabalhoeaperspectivadeumhiatodoprodutomaisdesinflacionárioqueoinicialmenteprevistosãofatoresimportantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergênciadainflaçãoparaametade4,5%estabelecidapeloCMN,em2017.

32.OComitêressaltaque,apesardosavançosnocombateàinflação,háincertezasassociadasaobalançode

riscos,principalmente,quantoaoprocessoderecuperaçãodosresultadosfiscaisesuacomposição,equeo processo de realinhamento de preços relativos mostrou-se mais demorado e mais intenso que o previsto. Adicionalmente, que remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial. Nesse contexto, o Comitê reitera que adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivosdoregimedemetas,ouseja,circunscreverainflaçãoaoslimitesestabelecidospeloCMN,em2016,efazerconvergirainflaçãoparaametade4,5%,em2017.Nessecontexto,ressaltaqueocenáriocentralnãopermitetrabalharcomahipótesedeflexibilizaçãodascondiçõesmonetárias.

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Notas da 199ª Reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil

33.Aofinal da reunião, foi registradoqueoComitê voltará a se reunir em7de junhode2016, para asapresentações técnicas e, no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado nº 28.079, de 26 de junho de 2015.

Data: 7 e 8/6/2016Local: Sala de reuniões do 8º andar (7/6) e do 20º andar (8/6) do Edifício-Sede do Banco Central do Brasil – Brasília – DFHorário de início: 16h24 (7/6) e 16h51 (8/6)Horário de término: 18h55 (7/6) e 19h53 (8/6) Presentes:Membros do CopomAlexandre Antonio Tombini – PresidenteAldo Luiz MendesAltamir LopesAnthero de Moraes MeirellesLuiz Edson FeltrimOtávio Ribeiro DamasoSidnei Corrêa MarquesTony Volpon Chefes de Departamento (presentes em 7/6)Ariosto Revoredo de Carvalho – Departamento das Reservas InternacionaisBruno Walter Coelho Saraiva – Departamento de Assuntos InternacionaisEduardo José Araújo Lima – Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente em 8/6)Flávio Túlio Vilela – Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de PagamentosRenato Jansson Rosek – Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos EspeciaisTulio José Lenti Maciel – Departamento Econômico Demais participantes (presentes em 7/6)Gustavo Paul Kurrle – Assessor de ImprensaLilian Carla dos Reis Arquete – Chefe de Subunidade do Departamento EconômicoLuiz Donizete Felício – Chefe Adjunto do Departamento de Operações do Mercado AbertoMaurício Costa de Moura – Chefe de Gabinete da Presidência Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economiainternacional,nocontextodoregimedepolíticamonetária,cujoobjetivoéatingirasmetasfixadaspelogovernoparaainflação. Evolução recente da economia 1. AinflaçãomedidapelavariaçãodoÍndiceNacionaldePreçosaoConsumidorAmplo(IPCA)atingiu0,78%

emmaio,0,17pontopercentual(p.p.)acimadaregistradanomêsanterior.Dessaforma,ainflaçãoacumulada

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em doze meses registrou 9,32% em maio (8,47% em maio de 2015), com os preços livres aumentando 8,82% (6,82%emmaiode2015),eosadministrados,10,90%(14,09%emmaiode2015).Especificamentesobrepreços livres, os de itens comercializáveis aumentaram 9,55% em doze meses até maio (5,71% em maio de 2015), e os de não comercializáveis, 8,19% (7,79% em maio de 2015). Note-se, ainda, que os preços no segmento de alimentação e bebidas variaram 12,72% em doze meses até maio (8,80% em maio de 2015), eosdosserviços,7,51%(8,23%emmaiode2015).Emsíntese,asinformaçõesdisponíveisrefletem,emparte, a dinâmica de maior persistência dos preços no segmento de serviços – mas que já mostram alguma desaceleração –, os processos de realinhamento de preços relativos e choques temporários de oferta no segmento de alimentação e bebidas.

2. Amédiadasvariaçõesmensaisdasmedidasdeinflaçãosubjacente,calculadaspeloBancoCentral,deslocou-

se de 0,61% em abril para 0,73% em maio, e, assim, a variação acumulada em doze meses atingiu 8,08% (0,85 p.p. acima da registrada em maio de 2015). O núcleo por dupla ponderação deslocou-se de 0,78% em abril para 0,81% em maio; o núcleo por médias aparadas sem suavização, de 0,54% para 0,62%; o núcleo por médias aparadas com suavização, de 0,67% para 0,73%; o núcleo por exclusão, que descarta dez itens de alimentação no domicílio, bem como combustíveis, de 0,65% para 0,98%; e o núcleo por exclusão de monitorados e de alimentação no domicílio, de 0,43% para 0,50%. O índice de difusão situou-se em 63% em maio (7,24 p.p. abaixo do registrado em maio de 2015).

3. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) aumentou 1,13% em maio, com variação

acumulada em doze meses de 11,26% (4,83% em maio de 2015). O principal componente do IGP-DI, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), variou 12,92% em doze meses até maio (3,29% em maio de 2015), 24,56% no segmento de produtos agropecuários e 8,46% no de produtos industriais. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), segundo componente mais importante do IGP-DI, aumentou 9,15% em igual período (8,63% em maio de 2015), e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), componente de menor peso no IGP-DI, variou 6,36% (5,74% em maio de 2015), com os custos de mão de obra crescendo 7,81% no período. Por sua vez, o Índice de Preços ao Produtor/Indústria deTransformação (IPP/IT), calculado pelo InstitutoBrasileiro deGeografia eEstatística (IBGE),recuou 0,71% em abril, com variação em doze meses de 5,03%. O Copom avalia que os efeitos do comportamento dos preços no atacado sobre a inflação ao consumidor dependerão das condiçõesatuais e prospectivas da demanda e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória dainflação.

4. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) incorpora estimativas para a produção

mensal dos três setores da economia, bem como para impostos sobre produtos, e constitui importante indicador coincidente da atividade econômica. Em março de 2016, o IBC-Br recuou 6,31% em relação ao mesmo mês do ano anterior e, ajustado sazonalmente, contraiu 0,36% em relação a fevereiro. O índice de produção consolidado para o Brasil, com dados agregados do Purchasing Managers’ Index (PMI), após ajuste sazonal, atingiu em maio o nível mais baixo na história da pesquisa, 38,3, indicando acentuada reduçãonaatividadedosetorprivado.OsíndicesdeConfiançadaIndústria(ICI),deServiços(ICS),edoConsumidor (ICC) avançaram 1,7, 1,2 e 3,5 pontos, respectivamente, entre abril e maio. No que se refere à agricultura, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, projeta para 2016 uma retração de 1,9% na safra anual de grãos, em comparação à safra de 2015.

5. O Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado recuou 0,3% no primeiro trimestre de 2016, comparado

com o trimestre imediatamente anterior, após queda de 1,3% no quarto trimestre de 2015, de acordo com dados dessazonalizados pelo IBGE. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, houve retração de 5,4% no primeiro trimestre de 2016, ante retração de 5,9% no quarto trimestre de 2015. Sob a ótica da

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demanda agregada, o consumo das famílias recuou 1,7% ante o trimestre anterior, de acordo com dados dessazonalizados, e 6,3% em relação ao mesmo trimestre de 2015. Por sua vez, o consumo do governo avançou 1,1% na margem, mas recuou 1,4% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Já a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) recuou 2,7% em relação ao trimestre imediatamente anterior e 17,5% em relação ao primeiro trimestre de 2015.

6. A atividade fabril manteve-se estável em abril, expandindo 0,1% ante o mês anterior, de acordo com a

sérielivredeinfluênciassazonaisdivulgadapeloIBGE.Assim,osetorindustrialacumula,nosúltimosdoze meses, variação de -9,6% em abril de 2016. Na série sem ajuste sazonal, a produção industrial recuou 7,2% em abril, em relação ao mesmo mês do ano anterior, com resultados negativos em três das quatro categorias de uso e em 21 dos 26 ramos pesquisados. De acordo com dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o faturamento real da indústria de transformação caiu0,6%emabrilde2016,emrelaçãoaomêsanterior,deacordocomasérielivredeinfluênciassazonais, e encontra-se em nível 9,9% menor do que o registrado em abril de 2015. O indicador PMI do setor industrial, por seu turno, reduziu-se de 42,6 em abril para 41,6 em maio, menor valor desde a crise de 2008, apontando para forte desaceleração, corroborada pela retração observada no mercado de bens de investimento.

7. Entre as categorias de uso, comparando-se a produção de abril com a de março, de acordo com a série

ajustada sazonalmente, os setores de bens de consumo duráveis (-4,4%) e de bens de consumo semi e não duráveis (-0,6%) registraram recuo. Por outro lado, os setores de bens de capital (1,2%) e o de bens intermediários (0,5%) registraram resultados positivos no mês. Comparando-se a produção de abril com a do mesmo mês de 2015, houve redução em três das quatro categorias: bens de consumo duráveis (-23,7%), bens de capital (-16,5%), bens intermediários (-7,5%) e bens de consumo semi e não duráveis (+1,9%).

8. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), a taxa de desocupação

no trimestre móvel encerrado em abril desse ano foi estimada em 11,2%, 3,2 p.p. acima da aferida no trimestre móvel encerrado em abril do ano passado. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) mostram redução de 62,8 mil postos de trabalho formais em abril e fechamento de1,83milhãodevagasnosúltimosdozemeses.Emsuma,dadosdisponíveisconfirmamintensificaçãodo processo de distensão no mercado de trabalho.

9. De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, o volume de vendas

do comércio varejista recuou 5,7% em março de 2016, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Por sua vez, o volume de vendas do comércio ampliado, que inclui o setor automobilístico e o setor de materiais de construção, diminuiu 7,9% em março, na mesma base de comparação. Já as variações mensais indicaram queda de 0,9% e de 1,1%, respectivamente, de acordo com as séries dessazonalizadas, com recuo em oito dos dez segmentos pesquisados. Em doze meses, o comércio varejista registrou queda de 5,8%, e o ampliado,reduçãode9,6%novolumedevendas.OÍndicedeConfiançadoComércio(ICOM),medidopela Fundação Getulio Vargas (FGV), avançou 4,3 pontos em maio e atingiu 70,9 pontos,o maior nível desde junho de 2015.

10. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) na indústria de transformação, calculado pela FGV,

sem ajuste sazonal, alcançou 73,1% em maio e, na série dessazonalizada, 73,8%. Entre as categorias de uso da indústria, de acordo com as séries com ajuste sazonal, as que mostram Nuci mais elevado são as de bens de consumo não duráveis (77,2%) e de bens consumo (74,7%), seguidas pelas de bens intermediários (74,1%), bens de consumo duráveis (68,9), e de capital (66,0%). Por sua vez, a absorção de bens de capital recuou 22,7% no período de doze meses encerrado em abril.

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11. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a balança comercial registrou superavit de US$41,7 bilhões em doze meses até maio de 2016. Esse resultado adveio de exportações de US$190,0 bilhões e de importações de US$148,3 bilhões, com recuo de 9,4% e de 29,8%, respectivamente, em relação ao acumulado até maio de 2015. Por sua vez, o deficit em transações correntes acumulado em doze meses atingiu US$34,1 bilhões em abril de 2016, equivalente a 2,0% do Produto Interno Bruto (PIB). Já os investimentos diretos no país totalizaram US$79,9 bilhões na mesma base de comparação, equivalentes a 4,6% do PIB.

12. Sobre a atividade global, indicadores antecedentes apontam tendência de moderação no horizonte relevante

para a política monetária, com taxas de crescimento relativamente mais homogêneas nas economias maduras, aindaquebaixaseabaixodocrescimentopotencial.EspecificamentesobreaEuropa,emquepesemaçõesdepolíticamonetáriarecentes,altastaxasdedesemprego,aliadasàconsolidaçãofiscaleaincertezaspolíticas,seguem como elementos de contenção de investimentos e do crescimento. Nos Estados Unidos, a tendência é de recuperação da economia, entretanto antecipa-se algum arrefecimento na dinâmica de crescimento. Nas economias emergentes, o ritmo de atividade tem sido constantemente revisado para baixo, em cenário cercado de incertezas quanto aos desdobramentos da perda de dinamismo na China e suas implicações para a economia mundial. Em relação à política monetária, de modo geral, nas economias maduras e emergentes prevalecem posturas acomodatícias, reforçadas por sinais de um processo mais gradual de normalização dascondiçõesmonetáriasnosEUA.Astaxasdeinflaçãopermanecembaixasnaseconomiasmaduraserelativamente elevadas nas emergentes.

13. O preço do barril de petróleo do tipo Brent avançou desde a reunião anterior do Copom, atingindo valores em

torno do patamar de US$52. Cabe ressaltar que a complexidade geopolítica que envolve o setor de petróleo tendeaacentuarocomportamentovolátildospreços,queéreflexo,também,dabaixaprevisibilidadedealguns componentes da demanda global, acentuada pelos efeitos da desaceleração da economia chinesa, e daoferta,influenciadapelareduçãodosinvestimentosnoprocessodeprodução.Desdeareuniãoanteriordo Copom, os preços internacionais das commodities agrícolas e das metálicas avançaram 2,7% e 1,7%, respectivamente. Por sua vez, o Índice de Preços de Alimentos, calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), recuou 6,8% em doze meses até maio de 2016.

Avaliação prospectiva das tendências da inflação 14.Oschoquesidentificados,eseusimpactos,foramreavaliadosdeacordocomonovoconjuntodeinformações

disponível. 15. Para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados, projeta-se variação de 6,8% em 2016, mesmo

valor da reunião do Copom de abril. Entre outros fatores, essa projeção considera reajuste médio de 19,7% nas tarifas de água e esgoto, de 13,6% nos planos de saúde e redução de 3,5% nos preços da energia elétrica. Para 2017, considera-se variação de 5,0%, mesmo valor das três últimas reuniões. Os itens para os quais se dispõe de mais informações foram projetados individualmente e, para os demais, as projeções se baseiam em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram, entre outras variáveis, componentes sazonais, inflaçãodepreçoslivreseinflaçãomedidapeloÍndiceGeraldePreços(IGP).

16. A trajetória estimada para a taxa do swap pré-DI de 360 dias indica spread sobre a taxa Selic, no cenário de

referência, de 49 pontos base (p.b.) e de 8 p.b. para o quarto trimestre de 2016 e de 2017, respectivamente. 17.Considera-secomo indicadorfiscalo resultadoprimárioestruturalquederivadas trajetóriasdedeficit

primário de 2,8% do PIB para 2016 e de 0,9% do PIB para 2017, de acordo com o projeto de alteração

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da LDO 2016 aprovado pelo Congresso Nacional e com o PLDO 2017. Cabe destacar, ainda, que, em determinadoperíodo,oimpulsofiscalequivaleàvariaçãodoresultadoestruturalemrelaçãoaoobservadono período anterior.

18. Desde a última reunião do Copom, a mediana das projeções coletadas pelo Departamento de Relacionamento

com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) para a variação do IPCA, para 2016, deslocou-se de 6,98% para 7,12% e, para 2017, reduziu-se de 5,80% para 5,50%.

19. O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em R$3,60/US$ e

da taxa Selic em 14,25% ao ano (a.a.) em todo o horizonte relevante. Nesse cenário, houve, em relação ao valorconsideradonareuniãoanterior,elevaçãodaprojeçãoparaainflaçãoem2016,quesesituaacimadametade4,5%,fixadapeloConselhoMonetárioNacional(CMN).Jápara2017,houvereduçãodaprojeçãonocenáriodereferência,queatingeametade4,5%fixadapeloConselhoMonetárioNacional(CMN).No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pelo Gerin com analistasdemercadonoperíodoimediatamenteanterioràreuniãodoCopom,aprojeçãodeinflaçãopara2016 elevou-se em relação ao valor considerado na reunião de abril. A projeção para 2017, por sua vez, reduziu-se em relação à projeção da reunião anterior. Entretanto, as projeções encontram-se acima da meta de 4,5%, tanto para 2016 quanto para 2017.

Implementação da política monetária 20.OCopomressaltaqueaevidênciainternacional,noqueératificadapelaexperiênciabrasileira,indicaque

taxasdeinflaçãoelevadasgeramdistorçõesquelevamaaumentodosriscosedeprimemosinvestimentos.Essas distorções se manifestam, por exemplo, no encurtamento dos horizontes de planejamento das famílias, empresasegovernos,bemcomonadeterioraçãodaconfiançadeempresários.OComitêenfatiza,também,quetaxasdeinflaçãoelevadassubtraemopoderdecompradesaláriosedetransferências,comrepercussõesnegativassobreaconfiançaeoconsumodasfamílias.Porconseguinte,taxasdeinflaçãoelevadasreduzemo potencial de crescimento da economia, bem como o de geração de empregos e de renda.

21. À vista disso, o Copom avalia que a política monetária deve contribuir para a consolidação de um ambiente

macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Nesse sentido, reitera que, no regime de metas para ainflação,orientasuasdecisõesdeacordocomosvaloresprojetadosparaainflaçãopeloBancoCentrale com base na análise de cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmicadospreços.OComitêentende,também,queriscosbaixosparaainflaçãosubjacentenocurtoprazotendemareduzirincertezasemrelaçãoaocomportamentofuturodainflaçãoplena,facilitamaavaliaçãodecenários por parte da autoridade monetária, assim como auxiliam no processo de coordenação de expectativas dos agentes econômicos, em particular dos formadores de preços. Note-se, adicionalmente, que riscos baixosparaainflaçãosubjacentenocurtoprazotendemapotencializarosefeitosdasaçõesdepolíticamonetária,fazendocomqueelaspossamafetar,deformamaisduradoura,adinâmicadainflaçãoplenanofuturo.Emborareconheçaqueoutrasaçõesdepolíticamacroeconômicapodeminfluenciaratrajetóriadospreços,oCopomreafirmasuavisãodequecabeespecificamenteàpolíticamonetáriamanter-sevigilante,para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.

22. O Copom considera que o ambiente externo permanece especialmente complexo. Entretanto, em que

pese a ocorrência de episódios de maior volatilidade afetando importantes economias emergentes, o Comitêidentifica,ainda,baixaprobabilidadedeocorrênciadeeventosextremosnosmercadosfinanceirosinternacionais. Para o Comitê, a atividade global mostra tendência de maior moderação ao longo do horizonte

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 95

relevante para a política monetária. As perspectivas recentes indicam modesta recuperação da atividade nas economias maduras, enquanto importantes economias emergentes experimentam período de transição. Nesse contexto, de redução no ritmo de atividade, destaca-se a continuada preocupação com a economia chinesa e seus desdobramentos para outras economias, somada a incertezas quanto às perspectivas para a economia dos Estados Unidos.

23.Ainda sobre osmercados financeiros internacionais, oCopomdestacamoderação na dinâmica dos

preços de commodities, apesar da valorização no período recente. Sobre o petróleo, o Comitê assinala que, independentemente do comportamento dos preços domésticos da gasolina, a evolução dos preços internacionais tende a se transmitir à economia doméstica por meio de cadeias produtivas, como a petroquímica.

24. Adicionalmente, deve-se ressaltar o aumento das incertezas geradas pelos baixos preços do petróleo e suas

implicaçõesparaempresasdosetorepaísesprodutores,bemcomoparaosmercadosfinanceirosemgeral,comriscosparaaestabilidadefinanceiraglobal.

25. O Copom reitera que, em conformidade com o processo de ajuste macroeconômico em curso, os indicadores

disponíveis mostram que as taxas de crescimento da absorção interna e do PIB continuam a se ajustar, indicando baixo ritmo de expansão da atividade doméstica neste ano. Esse processo está sendo especialmente intensificadopelasincertezasoriundasdoefeitodeeventosnãoeconômicos.Emparticular,oinvestimentotem-seretraído,influenciado,principalmente,pelaocorrênciadesseseventos,eoconsumoprivadotambémse contrai, em linha com os dados de crédito, emprego e renda. Entretanto, para o Comitê, depois de um período necessário de ajustes, que se tem mostrado mais intenso e mais longo que o antecipado, à medida queaconfiançadefirmasefamíliassefortaleça,oritmodeatividadetendeaseintensificar.Alémdisso,oComitê avalia que, no médio prazo, mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta agregada. O consumo tende a crescer em ritmo moderado e os investimentos tendem a ganhar impulso. Essas mudanças, somadas a outras ora em curso, antecipam uma composição do crescimento da demanda agregada no médio prazo mais favorável ao crescimento potencial. No que se refere ao componente externo da demanda agregada, a depreciação do real milita no sentido de torná-lo mais favorável ao crescimento da economia brasileira. Pelo lado da oferta, o Comitê avalia que, em prazos mais longos, emergem perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria e da agropecuária. O setor de serviços, por sua vez, tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes.

26.Para oComitê, é plausível afirmar que esses desenvolvimentos traduzir-se-ão numa alocaçãomais

eficientedosfatoresdeproduçãodaeconomiaeemganhosdeprodutividade.Entretanto,avelocidadede materialização dessas mudanças e dos ganhos delas decorrentes depende, fundamentalmente, de uma trajetória de superavit primários que fortaleça a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público, além da redução de incertezas que cercam o ambiente doméstico e internacional. Ressalte-se a importância de se garantir uma trajetória de resultados primários que permita a estabilização e a posterior redução do endividamento público em relação ao PIB, medida crucial para reforçar a percepção positiva sobre o ambiente econômico,paramelhoraraconfiançadosagenteseparacontribuirparaaancoragemdasexpectativasdeinflação.

27.OCopom reitera queo cenário central para a inflação leva emconta amaterializaçãodas trajetórias

recentementeanunciadasparaasvariáveisfiscais.Relativamenteaoresultadofiscalestruturaleadependerdo ciclo econômico, o Comitê pondera que o balanço do setor público encontra-se em zona expansionista. OComitê ressalta que indefinições e alterações significativas na trajetória de geração de resultadosprimários, bem como na sua composição, impactam as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de

96 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

inflação.Sobreocombateàinflação,oComitêdestacaquealiteraturaeasmelhorespráticasinternacionaisrecomendamumdesenhodepolíticafiscalconsistenteesustentável,demodoapermitirqueasaçõesdepolítica monetária sejam plenamente transmitidas aos preços.

28. O Copom destaca que o cenário central contempla moderação do crédito, o que já havia sido observado e

tende a persistir. A esse respeito, importa destacar que, após anos em forte expansão, o mercado de crédito voltado ao consumo passou por moderação, de modo que, nos últimos trimestres, observaram-se, de um lado, redução de exposição por parte de bancos e, de outro, desalavancagem das famílias. No agregado, portanto, infere-se que os riscos no segmento de crédito ao consumo vêm sendo mitigados. Em outra dimensão, a exemplo de ações implementadas, o Comitê considera oportuno continuar reforçando as iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito.

29. No mercado de fatores, como antecipado em Notas anteriores, o Copom observa que a margem de ociosidade

nomercadodetrabalhoencontra-seelevada,comdadosconfirmandoaintensificaçãodadistensãoesperadanessemercado.Noentanto,aindaprevaleceriscosignificativorelacionado,particularmente,àpossibilidadedeconcessãodeelevadosaumentosdesaláriosnominais,comrepercussõesnegativassobreainflação.Nãoobstante a ocorrência mais recente de variações reais de salários condizentes com as estimativas de ganhos de produtividade do trabalho, o Comitê avalia que a dinâmica salarial permanece originando pressões inflacionáriasdecustos.

30.OCopomconsideraqueoaindaelevadopatamardainflaçãoemdozemeseséreflexodosprocessosde

ajustes de preços relativos ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano, além dos choques temporários de oferta no segmentodealimentação,equefazemcomqueainflaçãomostreresistência.Aotempoemquereconhecequeessesprocessostêmimpactosdiretossobreainflação,oComitêreafirmasuavisãodequeapolíticamonetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes.

31.OComitêreconheceosavançosnapolíticadecombateàinflação,emespecialacontençãodosefeitosde

segundaordemdosajustesdepreçosrelativos.Noentanto,consideraqueonívelelevadodainflaçãoemdozemeseseasexpectativasdeinflaçãodistantesdosobjetivosdoregimedemetasnãooferecemespaçoparaflexibilizaçãodapolíticamonetária.

32. Dessa forma, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés. Votaram

por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.

33. O Copom reitera que a demanda agregada continuará a se apresentar moderada no horizonte relevante para a

políticamonetária.Deumlado,oconsumodasfamíliastendeaserinfluenciadoporfatorescomoemprego,renda e crédito; de outro, a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre outros, tendem a favorecer os investimentos. Por sua vez, as exportações líquidas apresentam melhor resultado, sejapeloaumentodasexportações,beneficiadaspeladepreciaçãodoreal,sejapeloprocessodesubstituiçãode importações em curso. Para o Comitê, os efeitos conjugados desses elementos, o desenvolvimento nos âmbitosfiscal,parafiscalenomercadodeativose,nesteano,adinâmicadospreçosadministrados,oprocessodedistensãonomercadodetrabalhoeaperspectivadeumhiatodoprodutomaisdesinflacionárioqueoinicialmente previsto são fatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serãotomadas,comvistasaasseguraraconvergênciadainflaçãoparaametade4,5%estabelecidapeloCMN, em 2017.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 97

34.OComitêressaltaque,apesardosavançosnocombateàinflação,háincertezasassociadasaobalançoderiscos,notadamenterelacionadasaogradualprocessoderecuperaçãodosresultadosfiscais,equeoprocesso de realinhamento de preços relativos mostrou-se mais demorado e mais intenso que o previsto. Adicionalmente, que remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial. Nesse contexto, o Comitê reitera que adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivosdoregimedemetas,ouseja,circunscreverainflaçãoaoslimitesestabelecidospeloCMN,em2016,efazerconvergirainflaçãoparaametade4,5%,em2017.Nessecontexto,ressaltaqueocenáriocentralnãopermitetrabalharcomahipótesedeflexibilizaçãodascondiçõesmonetárias.

35.Aofinalda reunião, foi registradoqueoComitêvoltará a se reunir em19de julhode2016,para as

apresentações técnicas e, no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado nº 28.079, de 26 de junho de 2015.

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 99

Apêndice

Administração do Banco Central do Brasil

Membros do Comitê de Política Monetária

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 101

Administração do Banco Central do Brasil

Diretoria Colegiada

Ilan GoldfajnPresidente

Aldo Luiz MendesDiretor

Altamir LopesDiretor

Anthero de Moraes MeirellesDiretor

Luiz Edson FeltrimDiretor

Otávio Ribeiro DamasoDiretor

Sidnei Correa MarquesDiretor

Tony VolponDiretor

102 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

Membros do Comitê de Política Monetária

Membros

Ilan GoldfajnPresidente

Aldo Luiz MendesDiretor

Altamir LopesDiretor

Anthero de Moraes MeirellesDiretor

Luiz Edson FeltrimDiretor

Otávio Ribeiro DamasoDiretor

Sidnei Correa MarquesDiretor

Tony VolponDiretor

Demais participantes

Tulio José Lenti MacielChefe do Departamento Econômico – Depec

Eduardo José Araújo LimaChefe do Departamento de Estudos e Pesquisas – Depep

João Henrique de Paula Freitas SimãoChefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto – Demab

Flávio Túlio VilelaChefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos – Deban

Ariosto Revoredo de CarvalhoChefe do Departamento das Reservas Internacionais – Depin

Renato Jansson RosekChefe do Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais – Gerin

Bruno Walter Coelho SaraivaChefe do Departamento de Assuntos Internacionais – Derin

Junho 2016 | Banco Central do Brasil | Relatório de Inflação | 103

Siglas

a.a. Ao anoAbras Associação Brasileira de SupermercadosACC Adiantamento de Contratos de CâmbioACSP Associação Comercial de São PauloAnbima Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de CapitaisBCE Banco Central EuropeuBNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e SocialBNDESpar BNDES Participações S. A.BoE Banco da InglaterraBoJ Banco do JapãoBPC Banco do Povo da ChinaCaged Cadastro Geral de Empregados e DesempregadosCE CoeficientedeExportaçãoCide Contribuição de Intervenção no Domínio EconômicoCMN Conselho Monetário NacionalCNI Confederação Nacional da IndústriaCopom Comitê de Política MonetáriaCRB Commodity Research BureauCSPP Programa de Compras do Setor CorporativoCVM Comissão de Valores MobiliáriosDAX Deutscher AktienindexDI DepósitoInterfinanceiroDLSP Dívida Líquida do Setor PúblicoEmbi+ Emerging Markets Bond Index PlusEUA Estados Unidos da AméricaFBCF Formação Bruta de Capital FixoFed Federal ReserveFenabrave Federação Nacional da Distribuição de Veículos AutomotoresFGV Fundação Getulio VargasFiname Agência Especial de Financiamento IndustrialFOMC Comitê Federal de Mercado AbertoFSB Fundo Soberano do BrasilFuncex Fundação Centro de Estudos do Comércio ExteriorGerin Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos EspeciaisIBC-Br Índice de Atividade Econômica do Banco Central – BrasilIBGE InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatísticaIbovespa Índice BovespaIC-Br Índice de Commodities – BrasilICC ÍndicedeConfiançadoConsumidorICI ÍndicedeConfiançadaIndústriaICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

104 | Relatório de Inflação | Banco Central do Brasil | Junho 2016

ICOM ÍndicedeConfiançadoComércioICS ÍndicedeConfiançadeServiçosIDE Investimento Direto no ExteriorIDP Investimentos Diretos no PaísIE Índice de ExpectativasIGP Índice Geral de PreçosIGP-DI Índice Geral de Preços – Disponibilidade InternaIGP-M Índice Geral de Preços – MercadoINC ÍndiceNacionaldeConfiançaINCC Índice Nacional de Custo da ConstruçãoInec Índice Nacional de Expectativa do ConsumidorINSS Instituto Nacional do Seguro SocialIPA Índice de Preços ao Produtor AmploIPA-DI Índice de Preços ao Produtor Amplo – Disponibilidade InternaIPC Índice de Preços ao ConsumidorIPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor AmploIPCH ÍndicedePreçosaoConsumidorHarmonizadoIPVA Imposto sobre a Propriedade de Veículos AutomotoresISA Índice da Situação AtualISM Instituto de Gerenciamento de SuprimentosIT Indústria de TransformaçãoJGB Títulos do Governo JaponêsLDO Lei de Diretrizes OrçamentáriasLSPA Levantamento Sistemático da Produção AgrícolaMDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ExteriorMQO Mínimos Quadrados OrdináriosMTPS Ministério do Trabalho e Previdência SocialNuci Nível de Utilização da Capacidade Instaladap.b. Pontos basep.p. Pontos percentuaisPI Penetração das ImportaçõesPIB Produto Interno BrutoPIM Pesquisa Industrial MensalPIM-PF Pesquisa Industrial Mensal – Produção FísicaPLDO Projeto de Lei de Diretrizes OrçamentáriasPMC Pesquisa Mensal do ComércioPMI Índice Gerente de ComprasPMS Pesquisa Mensal de ServiçosPNAD Contínua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios ContínuaPPI Programa de Parcerias e InvestimentosQQE Programa de Relaxamento Monetário Quantitativo e QualitativoSelic Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaTCU Tribunal de Contas da UniãoTJLP Taxa de Juros de Longo PrazoTLTRO TargetedLonger-TermRefinancingOperationsTRU Tabelas de Recursos e UsosVAR Vetor AutorregressivoVIX Chicago Board Options Exchange Volatility IndexWTI West Texas Intermediate